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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do RN.

Turma: ___________/ DATA: _____________ Disciplina:


Língua Portuguesa. Profa. Tatiani Novaes. Conteúdos: crônica, interpretação de texto, coesão, enumeração, verbo
haver, verbo fazer, pronomes, reticências, dois-pontos, parênteses, travessão, acentuação, análise de recursos
estilísticos intencionais para modalizar, enfatizar, contrastar.
Referência: FARACO. C.A. Português: Língua e Cultura.
ALUNO/A: ___________________________________________________________________________

Histórias que a vida conta


Mar - Rubem Braga
A primeira vez que eu vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando enorme de meninos. Nós tínhamos
viajado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de
mar: o mar mesmo, a maré, que é menor que o mar, e a marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia idéia de um lago
enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. A marola vinha e
voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda mais a imagem. Três
lagoas mexendo, esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de espumas, tudo isso muito salgado, azul,
com ventos.
Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito: o mar! Era qualquer coisa de largo, de inesperado.
Estava bem verde perto da terra, e mais longe estava azul. Nós todos gritamos, numa gritaria infernal, e saímos correndo para o
lado do mar. As ondas batiam nas pedras e jogavam espuma que brilhava ao sol. Ondas grandes, cheias, que explodiam com
barulho. Ficamos ali parados, com a respiração apressada, vendo o mar...
Depois o mar entrou na minha infância e tomou conta de uma adolescência toda, com seu cheiro bom, os seus ventos,
suas chuvas, seus peixes, seu barulho, sua grande e espantosa beleza. Um menino de calças curtas, pernas queimadas pelo sol,
cabelos cheios de sal, chapéu de palha. Um menino que pescava e que passava horas e horas dentro da canoa, longe da terra, atrás
de uma bobagem qualquer - como aquela cianea de franjas azuis que boiava e afundava e que, afinal, queimou sua mão... Um
rapaz de 14 ou 15 anos que nas noites de lua cheia, quando a maré baixa e descobre tudo e a praia é imensa, ia na praia sentar
numa canoa, entrar numa roda, amar perdidamente, eternamente, alguém que passava pelo areal branco e dava boa noite... Que
andava longas horas pela praia infinita para catar conchas e búzios crespos e conversava com os pescadores que consertavam as
redes. Um menino que levava na canoa um pedaço de pão e um livro, e voltava sem estudar nada, com vontade de dizer uma
porção de coisas que não sabia dizer – que ainda não sabe dizer.
Mar maior que a tenra, mar do primeiro amor, mar dos pobres pescadores maratimbas, mar das cantigas do Catambá, mar
das festas, mar terrível daquela morte que nos assustou, mar das tempestades de repente, mar do alto e mar da praia, mar de pedra
e mar do mangue... A primeira vez que sai sozinho numa canoa parecia ter montado num cavalo bravo e bom, senti força e perigo,
senti orgulho de embicar numa onda um segundo antes da arrebentação. A primeira vez que estive quase morrendo afogado,
quando a água batia na minha cara e a corrente do "arrieiro" me puxava para fora, não gritei nem fiz gestos de socorro; lutei
sozinho, cresci dentro de mim mesmo. Mar suave e oleoso, lambendo o batelão. Mar dos peixes estranhos, mar virando a canoa,
mar das pescarias noturnas de camarão para isca. Mal diário e enorme, ocupando toda a vida, uma vida de bamboleio de canoa, de
paciência, de força, de sacrifício sem finalidade, de perigo sem sentido, de lirismo, de energia; grande perigoso mar fabricando um
homem...
Este homem esqueceu, grande mar, muita coisa que aprendeu contigo. Este homem tem andado por aí, ora aflito, ora
chateado, dispersivo, fraco, sem paciência, mais corajoso que audacioso, incapaz de ficar parado e incapaz de fazer qualquer
coisa, gastando-se como se gasta um cigarro. Este homem esqueceu muita coisa mas há muita coisa que ele aprendeu contigo e
que não esqueceu, que ficou, obscura e forte, dentro dele, no seu peito. Mar, este homem pode ser um mau filho, mas ele é teu
filho, é um dos teus, e ainda pode comparecer diante de ti gritando, sem glória, mas sem remorso, como naquela manhã em que
ficamos parados, respirando depressa, perante as desses em grandes ondas que arrebentavam - um punhado de meninos vendo pela
primeira vez no mar...
Compreensão de texto

1) Observe que o texto de Rubem Braga trata de um grande tema (a relação do autor com o mar) e pode ser dividido em três

subtemas. Identifique os subtemas.

2) Na construção do terceiro e quarto parágrafos, o autor se utiliza do recurso de repetição. No terceiro ele organiza suas sentenças

de forma muito semelhante (há um certo paralelismo estre elas); no quarto, ele repete várias vezes a palavra-chave do texto. Como

poderíamos justificar essas escolhas composicionais do autor, considerando o todo do texto?

3) No quinto parágrafo o autor altera a direção do texto: há uma mudança de tempo e de destinatário.
Tempo: Já não é mais um relato mais um relato de suas experiências com o mar no passado. É agora, uma reflexão do adulto de

hoje.

a)Essa reflexão se constrói explorando um contraste básico. Qual?

b) E termina com a afirmação de que este homem ainda pode comparecer diante do mar gritando (como na primeira vez) “sem

glória, mas sem remorso”. Como poderíamos interpretar essa última afirmação?

Destinatário: O autor, desde o início, vinha se dirigindo ao leitor, fazendo um relato da importância que o mar teve na sua

infância e adolescência. Passa, agora, a dirigir suas palavras diretamente ao mar. Que expressões assinalam esse novo destinatário

do texto?

Recursos estilísticos
Considerando essas mudanças de direção do texto, observe o modo como o autor costura os dois últimos parágrafos:
-ele fecha o penúltimo parágrafo com uma expressão geral – “grande e perigoso mar fabricando um homem...” – que funciona
como uma síntese de todo o relato anterior;
- e abre o último parágrafo com uma expressão “Este homem” que retoma a expressão “um homem”, que fecha o parágrafo
anterior – o homem que o mar fabricou, o adulto de hoje, que vai estar em cena neste último parágrafo com suas reflexões.

4) Com a expressão “este homem”, o autor está fazendo referência a si mesmo. Normalmente, usamos, neste caso, o pronome de
primeira pessoa (eu), como faz o próprio autor em outras partes do texto (“A primeira vez que eu vi o mar”). Mas algumas vezes,
para criar certos efeitos expressivos, usamos a terceira pessoa. Localize, no texto, outros exemplos desse uso de uma expressão de
3ª pessoa para fazer referência a quem está falando.

Crônica: o assunto é, em geral, fato do dia a dia vivenciado pelo autor, situações banais, engraçados, relevantes, inesperadas.
Tem um certo aspecto jornalístico, mas pessoal, subjetivo, ar de “conversa entre amigos”. Ela não faz o relato apenas do evento,
pode trazer reflexões sobre a vida também.

Cecília Meirelles Professores de inglês


Hoje qualquer pessoa pode aprender inglês com a maior facilidade: há institutos e cursos especializados, livros que
dispensam professor, aulas pelo rádio e pela televisão, métodos tão modernos que nem me atrevo a descrever, com medo de me
sentir inatual. Mas houve um tempo em que não era bem assim: os professores de inglês eram difíceis de encontrar, os alunos
também não pareciam muito numerosos, a literatura francesa dominava com uma encantadora prepotência, e parece que todo
brasileiro educado devia saber, em matéria de idiomas, apenas português e francês.
Mas, por ter descoberto Keats e Shelley, nem sei bem como, eu andava a procura de quem me ensinasse inglês, fosse por
que método fosse, contanto que eu pudesse chegar à poesia inglesa com a maior rapidez possível.
Comecei a freqüentar um instituto onde havia muitos cursos de arte e literatura. Parecia-me que aquele era o caminho. E
dispunha-me a uma dedicação total aos meus exercícios. Mas a boa professora, embora sem ser inglesa, mas com cursos no
estrangeiro, grande prática em aulas particulares e outras especificações, iniciou suas aulas com um pequeno discurso sobre a
absoluta necessidade de se conjugar perfeitamente os verbos “to be” e “to have”, antes de se conhecer sequer uma palavra do
vocabulário.
Ora, nem todos os estudantes haviam descoberto Keats ou Shelley, e freqüentavam as aulas por simples obrigação.
Ninguém estava pensando em versos ingleses: nem mesmo a professora. E foi um tal de recitar indicativos, condicionais e
subjuntivos, presentes, futuros e passados, ora perfeitos, ora imperfeitos, ora mais que perfeitos, afirmativa, negativa e
interrogativamente, que aqueles solos e coros me conduziam a uma irresistível sonolência.
Mas havia salas próximas em que se estudavam piano e violino. De modo que eu podia descansar na música sempre que
os verbos chegavam àquele ponto de monotonia em que só me restava ou enlouquecer ou dormir.
A minha segunda professora de inglês era inglesa mesmo. Também acreditava na eficácia dos verbos “to be” e “to have”.
Acrescentava-lhes ainda o “to get”, ao qual se referia com um sorriso tão carinhoso que até dava vontade de se começar por aí.
Mas essa professora tinha um método encantador: oferecia-me uma xícara de chá, para acompanhar as aulas. Sua sala era
absolutamente igual às que se veem nos livros ilustrados para o ensino do inglês. Exceto a lareira, tudo estava lá. E como eu já
sabia um pouco de verbos, passamos àquelas frases em que o chapéu ora é nosso, ora é da nossa prima e o gato ora está embaixo
da mesa, ora em cima da cadeira. Mas era tão difícil chegar a Keats e Shelley!
A terceira professora gostava de histórias de fantasmas, de sinos que batem à meia-noite, e em cima da sua mesa havia
uma bola de cristal, por onde ela adivinhava o futuro. Mas no meio das suas histórias levantavam-se às vezes o “to be” e o “to
have” e ela me pedia para recitar todos os seus modos e tempos acompanhando os meus esforços com um sorriso que talvez não
fosse completamente macabro, mas era bastante assustador.
Feitas essas primeiras experiências, pareceu-me melhor ir diretamente aos autores, e, de vez em quando, aperfeiçoar-me
por meio de quantos livros de “inglês sem mestre” fossem aparecendo.
Encerrando o ciclo das professoras, começou o dos professores. Um era persa, e dava-me a traduzir sentenças filosóficas,
sem se ocupar dos modos e tempos do “to be” nem do “to have”. O outro vinha da Austrália: contava histórias da feitiçaria (esse
era para o inglês falado), mas no meio das histórias ficava com tanto medo do que estava contando que era preciso tranqüilizá-lo e
mudar de assunto.
Por isso, no dia em que visitei a casa de Keats, em Roma, não pude deixar de pensar com ironia e tristeza: como são
longos, às vezes, os caminhos da vida! E quanto tempo se pode levar para se chegar a um Poeta!

Interpretação de texto
1) O que fez a autora querer estudar inglês?

2) A autora começa seu texto contrastando o presente (hoje) e o passado (um tempo que não era assim). Que diferença ela nota
nos dois mementos quanto ao ensino de inglês?

3) A autora passou por diversos profissionais sem nenhum resultado prático. Mas nos apresenta cada um deles com muito humor.
Que elementos ela vai aproveitando de cada caso para nos fazer sorrir?

4) A autora arremata sua crônica com uma breve reflexão motivada por toda a experiência que nos relatou. E diz “não pude deixar
de pensar com ironia e tristeza”. O que há de irônico e de triste em toda esta “história que a vida conta”?

No aeroporto- Carlos Drummond de Andrade


Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não
faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não
deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar
nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões pelos quais se faz entender admiravelmente. É o
seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a
sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso
especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua.
Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a
classificação.
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais,
sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores.
Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno.
Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto
de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós
mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para
violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou
descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e
vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e
(é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido
que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis — porque me esquecia de dizer que
tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer
parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse;
tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram
indiferentes à nossa amizade — e, até, que a nossa amizade lhe conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído.
De repente o aeroporto ficou vazio.
Eis aí uma crônica atravessada de lirismo: é um adulto (já vivido e puído) fazendo um relato carinhoso da visita de um bebê (um
amigo de um ano de idade). Como sabemos pelos dados bibliográficos de Drummond, o autor fala, nesta crônica, do seu primeiro
neto, Pedro.
Interpretação de texto

1) Em que momento do texto você percebeu que o amigo de que o autor fala é uma criança bem pequena?

2) Qual é a característica do Pedro que mais chama atenção do cronista?

3) Também há nesta crônica pontos em que o autor diz coisas com certo humor. Identifique alguns deles.

4) A viagem do neto faz o cronista pensar na vida. Que sentimentos ele expressa ao final do texto?

5) Observe, por fim, as diferentes formas que o autor usou para fazer referência à cor dos olhos do neto. Observe também que

ele começa falando dos olhos e termina por referir-se ao olhar. Que efeito de sentido tem esse deslocamento na descrição que

o autor faz do neto?

Rosely Sayão- Trânsito e cidadania- Folha de São Paulo


O comportamento no trânsito, de motoristas e de pedestres, anda deplorável. A todo momento, cenas lamentáveis
ocorrem: motoristas insultam e ameaçam outros motoristas ou pedestres e usam o carro como se fosse uma arma. Parece uma
guerra.
E o problema não é só nosso: recentemente, a França realizou o "dia da cortesia no trânsito", em que manter o sangue frio
em todas as circunstâncias, sobretudo nos engarrafamentos, e respeitar pedestres, crianças e ciclistas foram orientações dos
"dez mandamentos da cortesia ao volante", divulgados nesse dia.
Um dos motivos desse caos é que as pessoas não entendem que o espaço que usam com seus veículos é público. Ao
entrar em um carro, propriedade privada, a fronteira entre o público e o privado, que já anda tênue, parece se dissipar. Ao
dirigir ou andar nas ruas, as pessoas agem como se cada uma estivesse unicamente por si: ignoram os outros ou se sentem
atrapalhadas por eles.
As regras e os sinais de trânsito, que existem para ordenar esse espaço público, são desrespeitados repetidamente. Há
movimento intenso no entorno da escola e o filho está atrasado? Poucos pais vacilam na decisão de parar em local proibido
ou em fila dupla. Poucos hesitam em fazer um retorno proibido para encurtar o caminho ou mesmo em dirigir em velocidade
maior do que a permitida para chegar mais rápido. Até parece que os sinais de trânsito são meros caprichos de um grupo
desconhecido de pessoas. Ninguém mais parece entender que as leis de trânsito -aliás, como todas- existem para proteger os
cidadãos, e não para agredi-los ou restringir suas vidas. Mas a questão é que o direito de cada um no caso do trânsito -a
segurança- só é garantido quando ele próprio respeita as leis.
Pelo jeito, o carro deixou de ser um veículo de transporte cujo objetivo é levar as pessoas de um local a outro. Virou
sinônimo de poder ou de status. Uma pesquisa britânica mostrou que dois em cada três homens trocariam suas namoradas
pelo carro de seus sonhos, vejam só!
A idéia de cidadania ganhou tom pejorativo por causa do individualismo, e isso pode ser constatado principalmente no
trânsito. Cidadania supõe se responsabilizar pelo coletivo e, sobretudo no trânsito, o que vemos são atitudes de confronto e
de competição. Creio que não é exagero afirmar que vivemos tempos de barbárie nessa questão: cada um por si, e vale tudo
para atingir a meta pessoal.
Quando os adultos se comportam assim, ignoram também que colocam os mais novos em risco. São os jovens as maiores
vítimas de acidentes de trânsito ou de brigas por desentendimentos com outros motoristas, pedestres ou motociclistas. Isso
sem falar nas lições de incivilidade e de grosseria que são passadas a eles. E os velhos? Eles que não se atrevam a dirigir ou a
andar pelas ruas. Afinal, lugar de velho e de criança não é mais na rua. Não é isso o que temos cultivado?
Precisamos continuamente lembrar -e praticar- que, no trânsito, o respeito às leis e os bons modos permitem maior
qualidade de vida a todos nós.
Recursos estilísticos
1) Note como a autora usa expressões que tem o efeito de envolver diretamente o leitor como se estivesse conversando com ele.
Uma delas (penúltimo parágrafo) é: “Não é isso que temos cultivado? ”. Localize outras expressões que tem o mesmo efeito. Qual
o sentido delas num texto de jornal?

2) Embora a autora enuncie de forma incisiva “Um dos motivos desse caos é que as pessoas não entendem...”, ela suaviza várias
de suas afirmações no texto. Assim, ela não diz “É uma guerra”, mas “Parece uma guerra”; não diz “Ninguém mais entende que
as leis de trânsito existem para proteger os cidadãos” , mas “Ninguém mais parece entender que as leis de trânsito...”. Ela não diz
“Vivemos tempos de barbárie”, mas “Creio que não é um exagero afirmar que vivemos tempos de barbárie”. Localize outros
exemplos de expressões suavizadas e, depois, discuta com os colegas as razões para se fazer, numa crônica opinativa, afirmações
incisivas e outras suavizadas.

3) Observe como a autora explorou o recurso de ideias em contraste para organizar alguns parágrafos do texto:

a) O que é publico x o que é privado (3º parágrafo)

b) o coletivo x o individualismo (sexto parágrafo)

Em cada uma desses pares, o contraste é também entre o positivo (o desejável) e o negativo (o condenável). Segundo a autora, o

que é positivo e negativo em cada caso? Por quê?

Enumerações:
Note como, nos quatro textos que lemos, ocorrem construções contendo enumerações (listagens) de eventos, pessoas, objetos,
lugares.
“Depois o mar entrou na minha infância e tomou conta de uma adolescência toda, com seu cheiro bom, os seus ventos, suas
chuvas, seus peixes, seu barulho, sua grande e espantosa beleza.”

Localize alguns outros exemplos em cada um dos textos e compare as diferentes maneiras que os autores usam para apresentar
suas numerações. Em seguida, discuta as funções das numerações.

Verbo haver:
Observe agora, a ocorrência, nos vários textos que lemos, de um verbo muito especial em português: haver. Alguns exemplos:
- No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de mar (...).
- Mas havia salas próximas em que se estudavam piano e violino.
- A terceira professora gostava de histórias de fantasmas, de sinos que batem à meia-noite, e em cima da sua mesa havia uma
bola de cristal, por onde ela adivinhava o futuro.
- Este homem esqueceu muita coisa mas há muita coisa que ele aprendeu contigo e que não esqueceu (...).
- Hoje qualquer pessoa pode aprender inglês com a maior facilidade: há institutos e cursos especializados, livros que dispensam
professor, aulas pelo rádio e pela televisão, métodos tão modernos que nem me atrevo a descrever, com medo de me sentir
inatual.
A) Diante desses exemplos de uso do verbo haver, o que podemos dizer quanto ao funcionamento na nossa língua?
Aplique esse princípio completando as sentenças a seguir com uma forma de verbo haver:
1.Ontem, durante a discussão, .................várias sugestões, mas não .....................nenhuma decisão.
2. Quando eu cheguei perto da praia, vi que .............muitos banhistas, mas não ............nenhum guarda-vidas.
3. Como o próximo campeonato .................muitos jogos no mesmo dia, fica a dúvida se ..............torcedores em todos os estádios.
B) Complemente suas observações sobre o verbo haver, lendo os seguintes enunciados retirados de outros textos. Verifique se
suas hipóteses se confirmam:
a) No Brasil, há 1832 espécies de aves registradas.
b) Na seção de História da antiga biblioteca, não havia livros suficientes para todos os alunos.
c) Segundo o pesquisador, é possível que na região haja outras gravuras mais antigas.
d) Na sala Corpo Humano do museu, haverá recursos interativos, maquetes e vídeos.
Verbo fazer quando indica tempo é o mesmo caso.
Faz três anos que cheguei. Fazia duas semanas que ele não me telefonava. Vai fazer três meses que ele nasceu.

Pronomes na construção do texto:


Nos textos que lemos apareceram construções como as seguintes. Releia cada uma prestando atenção no item sublinhado:
- Nós tínhamos viajado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto.
- Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor.
- Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa).
- Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca.
- Ninguém mais parece entender que as leis de trânsito -aliás, como todas- existem para proteger os cidadãos, e não para agredi-
los ou restringir suas vidas.
Os itens sublinhados são pronomes pessoais de 3ª pessoa do singular: o, a, lo, la ou no plural: os, as, los, las. São as
formas chamadas de oblíquas (só ocorrem como complementos dos verbos) e correspondem às formas retas: ele, ela, eles, elas.
No português do Brasil, nós raramente usamos formas oblíquas de 3ª pessoa na fala, usamos as formas retas. Mas na
escrita elas são muito comuns e, no caso da escrita mais cuidada são obrigatórias (neste último caso, evitamos, por mera tradição,
as formas retas).
Observe que estas formas, assim como outros pronomes em 3ª pessoa, têm uma importante função na construção dos
nossos textos.
- Como poderíamos descrever essa função?
Essa função textual é possível porque os pronomes de 3ª pessoa são em si palavras “vazias”, isto é, isoladamente eles não
têm um sentido determinado, tornam-se palavras “cheias” (adquirem um sentido determinado) apenas no texto. Observe os
sentidos diferentes do pronome “os” neste enunciado:
Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa).
Por fim, note que as formas lo, la, los, las ocorrem num contexto específico.

Aspectos gráficos
As palavras devem ser grafadas com a ortografia oficial, possuir espaço em branco entre elas; os textos devem ser
divididos em parágrafos e ser pontuados: tudo isso para facilitar e orientar o leitor. Seria uma confusão se esses aspectos gráficos
não fossem seguidos.

Reticências:
Volte ao texto do Rubem Braga e observe que ele usa reticências (...) várias vezes. Procure perceber intuitivamente a
função delas no texto e formule um princípio que dê conta do seu uso.
Dois pontos:
Observe agora, as seguintes construções retiradas do texto da Cecília Meireles:
“Hoje qualquer pessoa pode aprender inglês com a maior facilidade: há institutos e cursos especializados, livros que
dispensam professor, aulas pelo rádio e pela televisão, métodos tão modernos que nem me atrevo a descrever, com medo de me
sentir inatual. Mas houve um tempo em que não era bem assim: os professores de inglês eram difíceis de encontrar, os alunos
também não pareciam muito numerosos, a literatura francesa dominava com uma encantadora prepotência, e parece que todo
brasileiro educado devia saber, em matéria de idiomas, apenas português e francês”.
“Mas essa professora tinha um método encantador: oferecia-me uma xícara de chá, para acompanhar as aulas”.
“Por isso, no dia em que visitei a casa de Keats, em Roma, não pude deixar de pensar com ironia e tristeza: como são
longos, às vezes, os caminhos da vida! ”
Nessas construções, a autora faz uso de dois pontos (:). O que este sinal de pontuação está anunciando?
Parênteses e travessões:
Parênteses e travessões podem ser equivalentes, podemos optar por um ou outro, questão de estilo. Observe os exemplos
tirados da crônica de Drummond e descreva a função desses sinais de pontuação (o que eles sinalizam no texto)?
- “Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e
em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar
da falta de dentes), abonam a classificação”.

- “Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a
ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo”.

- “Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e
vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las
e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca”.

Acentuação:
A principal função da acentuação é distinguir palavras com grafias semelhantes, mas pronúncias diversas: e, é; esta, está;
avô, avó; secretária, secretaria; médico, (eu)medico. A maioria das palavras são paroxítonas (acento tônico na penúltima sílaba),
só em poucos casos recebem acento. Ou seja, a maioria das nossas palavras são têm acento gráfico, como você pode ver
facilmente relendo os textos.
Nos textos que lemos podemos encontrar algumas palavras acentuadas. Observe cada conjunto e formule uma regra que
justifique a acentuação em cada caso:
a) trânsito, lâmpada, sinônimo, britânica, xícara, música, hóspede, tínhamos, perdoaríamos, falássemos, óculos, público, vitima,
método:

b) maré, até, aliás, inglês, português:

c) nós, já, três, chá, lá, dá, só:

Depois das leituras conclua: Quais são as características da crônica? Responsa considerando os critérios: finalidade do gênero,
interlocutores, suporte, veículo, tema, estrutura, linguagem.

Agora é sua vez: escreva uma crônica, uma dessas histórias que a vida conta. Um acontecimento na rua, um evento inesquecível
da infância, um episódio em uma atividade esportiva, um encontro inesperado.

Critério de avaliação Valor Nota


Atender ao gênero textual crônica: divertir e/ou faz refletir sobre a vida e comportamentos humanos. 6,0
Linguagem pessoal, subjetiva. Tema colhido do noticiário ou do cotidiano, curto, poucas personagens, tempo
e espaço reduzidos (comparando comum romance).
Coesão, coerência e clareza. Paragrafação, progressão temática e textual. 2,0
Domínio da norma padrão da língua portuguesa: pontuação, ortografia, concordância, regência, etc.) 2,0
Total

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