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Introdução
Mapa da mensagem
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Série 5 solas da reforma - Sermão 2 2017
Cristo não é suficiente para satisfazer a vontade de Deus, 1 e por isso faz-se
necessário à observância da lei para conquistar o amor de Deus. Já outros,
tomados por um misticismo sincrético, se entregam a visões e êxtases e acreditam
no poder das “inúmeras correntes”, “campanhas”, “óleos de Israel”, “sal
ungido”, “descarrego” entre outras coisas. Por fim, há aqueles que defendem
práticas acéticas de abster-se de coisas lícitas para ganhar mérito com Deus. Por
isso, há proibição quanto às vestes, cortes de cabelo e outras práticas que são
aceitáveis biblicamente, mas que são proibidas na igreja por aqueles, que com
isso, se julgam mais “espirituais”.
1MACARTHUR, John. Nossa suficiência em Cristo. 2. ed. São José dos Campos, SP: Editora Fiel,
2007. p. 165
2THIELMAN, Frank. Teologia do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo:
Shedd Publicações, 2007. p. 453
3 Ibid
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igreja com ensinos filosóficos que o Apóstolo chama de “filosofia e vãs sutilezas”.
O ensino destes mestres era que a verdade pregada por Jesus não era suficiente.
O Evangelho de Cristo deveria ser completado por ideologias pseudo-filosóficas
alcançadas pelo intelecto.4 A fim de combater tal ensino, Paulo alerta os
Colossenses com as seguintes palavras: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar
com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos
do mundo e não segundo Cristo;” (Cl. 2.8). Para entendermos melhor este verso,
analisaremos algumas palavras chaves.
A filosofia6 em si não é má. Ela quando usada como serva das Escrituras é
de grande utilidade para o ser humano. Todavia, o que estava acontecendo na
igreja de Colossos era exatamente o contrário. Os falsos mestres estavam
tentando, através de argumentações racionais, mostrar a possibilidade de uma
espiritualidade à parte da revelação divina na pessoa de Cristo. Eles estavam
deixando de lado a sabedoria divina, isto é, Jesus o Filho de Deus encarnado, e
colocando no centro especulações humanas. Como assevera Viera, “o
conhecimento professado pelos mestres gnósticos era um conhecimento
designado para subordinar a revelação de Cristo às especulações da filosofia
humana”.7
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Por hora, precisamos entender que, o que Paulo diz aos cristãos da igreja
de Colossos se confirmou na história da igreja, isto é, nenhum pensamento filosófico
pode substituir a obra de Cristo, pois, além de ser humano, ele sempre será
“κενῆς” (“vazio”). Ao falar de “vãs sutilezas”, o apostolo enfatiza que o conteúdo
dela é “sem base”, “sem verdade”, “sem poder”, e os seus efeitos são “sem
resultados”, “sem fins lucrativos”, “sem alcançar seus objetivos”. Em outras
palavras, a sabedoria humana que estes falsos mestres queriam adicionar à
mensagem de Cristo é totalmente vazia, e sem efeito algum quando se trata de
lidar com questões que envolvem o conhecimento de Deus, para a redenção da
alma e plenitude da vida. Mas este não foi o único elemento de ataque a
suficiência de Cristo. Havia também o legalismo como veremos a seguir.
Além dos mestres do pré-gnosticismo que asseveravam que Cristo não era
suficiente para a salvação e plenitude espiritual, havia também os mestres
legalistas que ensinavam que “somente um relacionamento pessoal, vital e
pessoal com Cristo não era suficiente para satisfazer a vontade de Deus”. 8
Mascarados por uma “profunda espiritualidade” estes mestres negavam a
verdadeira fé em Cristo. Eles colocavam sua atenção mais nas formas, ritos e
cerimônias do que na pessoa e obra de Cristo. Estavam mais preocupados com a
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aparência, do que com a essência.9 Alegavam que ninguém podia ser salvo e
alcançar a perfeição a não ser pela obediência de seus preceitos legalistas, tais
como o que se devia comer e beber.
9Cf. LOPES, Hernandes Dias. Colossenses: a suprema grandeza de Cristo, o cabeça da Igreja. São Paulo:
Hagnos, 2008. P. 142
10 CHAMPLIN, Russell Norman; BENTES, João Marques. Enciclopédia de bíblia teologia e
filosofia. 3rd ed. São Paulo: Candeia, 1995. V. 3. P. 753
11 MACARTHUR, Nossa suficiência em Cristo. p. 165
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tinham a inerente habilidade de tornar alguém justo, quando disse que nada que
entra no homem pode contaminá-lo.12
12 Ibid p. 165
13 BRUCE B., Comentarios de la Biblia del Diario Vivir (Nashville, TN: Editorial
Caribe) 1997. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword.
14HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de
Ézia Cunha de Mullins. 1. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p.388.
15 NICHOLS, Robert Hastings. História da igreja. 13. ed. rev. São Paulo: Cultura Cristã, 1997. p 45.
16 GEORGE, Timothy. Teologia dos reformadores. São Paulo: Vida Nova, 1994. p. 66.
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Este legalismo vivido na idade média é tanto uma ameaça à igreja hoje
como o foi em Colossos e ao longo dos séculos. Nunca se tentou criar tantos
atalhos para céu como nos últimos dias. Tomar a cruz e seguir a Jesus tem sido
literalmente caminhar com um madeiro. O cristianismo virou sinônimo de
legalismo para vários grupos religiosos. Em várias igrejas dos nossos dias, há
muitas pessoas cuja certeza de salvação está baseada em suas atividades
religiosas ao invés de confiarem somente no Salvador todo-suficiente. Elas
conjecturam que são cristãs porque desenvolvem atividades religiosas. Medem a
espiritualidade por meio da atuação externa em lugar do amor interno a Cristo.22
17 Apud Ibid
18 Apud Ibid
19 Ibid
20 Ibid p. 71
21 Apud Ibid
22 MACARTHUR, Nossa suficiência em Cristo. p. 169
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23 Ibid p. 168
24 Colossenses 2. 20 – 23.
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isso, ensinavam que o povo tinha que adorar aos anjos progressivamente até
alcançar a Deus.25
Como já foi disto a “heresia dos Colossos” era uma eclética mistura de
legalismo judaico, especulação filosófica grega e misticismo oriental combinados
com um sabor cristão.27 Por isso, ao que parece os mestres que negavam a
suficiência de Cristo ensinavam um sincretismo, que objetivava ensinar que era
possível, por meio de um mistério sem Cristo, subir para a sala do trono celestial.
Percebe-se, que este misticismo usava a máscara do cristianismo, mas não tinha
nada de Cristo. Usava palavras e frases cristãs, mas com significados
diferentes. Era em sua essência era uma combinação do judaísmo e do paganismo
filosófico, com o rótulo do cristianismo.
O misticismo teve seu ponto mais alto na idade média. Neste período a
prática contemplação aliada a ritos de purificação assumiram o lugar dos dogmas
ortodoxos cristocêntricos. Segundo a The Catholic Encyclopedia, para o misticismo
medieval, o perfeito conhecimento de Deus é possível nesta vida, para além das
realizações da razão, onde a alma contempla diretamente os mistérios da luz
divina. Refletindo um desejo de se elevar acima das amarras deste mundo,
almejavam uma aproximação imediata com a pessoa de Deus.
O problema é que o caminho para esta comunhão com Deus não era
somente Cristo. Assim, os místicos medievais objetivavam atingir a certeza da
salvação e chegar à verdade não pela dedução lógica revelada na palavra divina,
25 BRUCE B., Comentarios de la Biblia del Diario Vivir (Nashville, TN: Editorial
Caribe) 1997. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword.
26SAUVAGE, George. Mysticism in: The Catholic Encyclopedia. Vol. 10. New York: Robert
Appleton Company, 1911. Disponível em: <http://www.newadvent.org/cathen/10663b.htm>.
Word versão 9.
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28 SAUVAGE, George. "Mysticism." The Catholic Encyclopedia. Vol. 10. New York: Robert
Appleton Company, 1911. Disponível <http://www.newadvent.org/cathen/10663b.htm>.
29 Cf. GEORGE, Teologia dos reformadores. p. 28
30 Ibid p. 46
31 Ibid
32 Ibid p. 47
33 Ibid
34 NETO, Solano Portela. Religiosidade e o Misticismo da Idade Média. Disponível em
<http://www.ipb.org.br/portal/artigos/61-artigos/428-religiosidade-e-o-misticismo-da-id
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35 HODGE, Charles Apud NETO, Solano Portela. Religiosidade e o Misticismo da Idade Média.
36 CHAMPLIN, Enciclopédia de bíblia teologia e filosofia. V. 1. p. 338
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41 WALKER, Wiliston. História da Igreja Cristã. Volumes 1. São Paulo: ASTE, 2006.
42 Ibid p. 181
Apud CAMPBELL, Thomas. "ascetismo". A Enciclopédia Católica. vol. 1. New York: Robert
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49CALVINO, João. As Institutas, II.1.2. Cf. também: COSTA, Hermisten Maia Pereira. Igreja
Reformada e os Desafios Teológicos e Litúrgicos na “Pós Modernidade”. Material não publicado
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buscada pelos judeus, segundo Bruce, é em Cristo uma pessoa viva, aquele que
alguns deles encontraram face a face.56
56BRUCE, F. F. Colossian Problems, Pt 4 : Christ as Conqueror and Reconciler, Bibliotheca sacra 141, no.
564 (1984). 291–302, deals with the cosmic reconciliation of Christ.
57 GRUDEM, Wayne. Teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 451
58Apud COELHO, Ricardo Moura Lopes; CAMPOS, Heber Carlos de. UNIVERSIDADE
PRESBITERIANA MACKENZIE (Orient.). A superioridade de Cristo no exercício de seu tríplice ofício
em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo Testamento. 2007. 158 f. Dissertação (Mestrado) -
Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper - Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo, 2007
59 CAMPOS, As duas naturezas do redentor: a pessoa de cristo. p. 182
60 BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. 3. ed. São Paulo: Aste Simpósio, 1998. p. 62.
61 HODGE, Archibald Alexander. A confissão de fé. p. 191.
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62KEATHLEY, J. Hampton, III. The Supremacy of the Person of Christ (Col. 1. 15-18). Artigo
disponível em: <http://bible.org/seriespage/supremacy-person-christ-col-115-18>
63 Cf. O’ BRIEN, Peter T.: Word Biblical Commentary: Colossians-Philemon. Dallas: Word,
Incorporated, 2002 (Word Biblical Commentary 44 - Col. 1. 15-20), Disponível na Bíblia eletrônica
Logos.
64 Ibid
65Apud LANGE, John Peter; Schaff, Philip; Braune, Karl ; Riddle, M. B.: A Commentary on the Holy
Scriptures: Colossians (Col. 1. 15-20). Bellingham, WA: Logos Research Systems, Inc., 2008,
Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
66VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible
Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon (Col. 1. 15-20). Grand Rapids, MI : Zondervan
Publishing House, 1981, Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
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Após falar sobre o criador, Paulo passa a tratar sobre a extensão da criação.
Ele afirma categoricamente que Cristo criou todas as coisas, as visíveis e as
invisíveis. O Dr. Heber Campos, falando sobre a divindade do Redentor neste
texto, assevera que “a divindade de Cristo também é provada nesta passagem
pelo fato de todas as autoridades existentes neste universo terem vindo à
existência através do seu ato criador”.69 Todos os seres criados “procedem da
agência criadora do Deus Filho”70 e devem a ele toda honra e glória.
67MELICK, Richard R.: Philippians, Colissians, Philemon. electronic ed. Nashville : Broadman &
Holman Publishers, 2001, c1991 (Logos Library System; The New American Commentary 32 -
Col. 1. 15-20), Disponível na Bíblia eletrônica Logos.
68HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Colossenses e Filemon. Tradução de
Ézia Cunha de Mullins. 1. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1993. p.95.
69 CAMPOS, As duas naturezas do redentor: a pessoa de cristo. p. 241.
70 CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. 6. reimpressão
São Paulo: Vida Nova, 2004. p. 373
71BRUCE, F. F. The ‘Christ Hymn’ of Colossians 1. 15-20. Bibliotheca sacra 141, no. 564 (1984). p.
104.
72 WALLACE, Gramática grega: uma sintaxe exegética do novo testamento. p. 379.
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Após falar sobre o domínio de Cristo sobre todas as coisas ele agora fala
de maneira mais particular sobre seu senhorio na igreja. Com a menção de Cristo
como a cabeça da igreja, o texto passa a partir de uma perspectiva cosmológica
para uma soteriológica e escatológica.
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unidade viva. Um sem o outro será incompleto. Os hereges diziam que era
possível viver plenamente sem Cristo. Paulo afirma veementemente que somente
Ele é a cabeça que dá vida ao corpo.
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Ele tem supremacia sobre tudo. O texto já havia afirmado a primazia de Cristo
na criação, mas agora menciona sua primazia na ressurreição. Em ambas, criação
e nova criação, tudo vem dele e é para ele. O verbo πρωτεύω (“tendo primazia”)
ocorre apenas aqui no Novo Testamento e traz a ideia de “ter o primeiro posto”.
Moule traduz como: “que ele possa ficar sozinho supremo entre todos” ou
“cabeça única de todas as coisas”.81 Já a frase ἐν πᾶσιν (“em todas as coisas”),
poderia também ser traduzida como “entre todos os povos”. Este senhorio
universal de Cristo não é apenas uma afirmação teórica sobre a forma como o
mundo é, mas tem uma série de implicações que se estendem para a vida toda.82
A soberania de Deus aponta para o fato de ele pode nos suprir com tudo que
precisamos.
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Paulo afirma ainda que nele habita a “plenitude da divindade” (Cl. 2.9).
Nesse sentido o Filho encarnado, era e é a plenitude de Deus, isto é, possui todas
as qualidades da essência divina. A confissão de Fé de Westminster expressa essa
verdade da seguinte maneira:
83WATSON, Thomas. A fé cristã estudos: baseados no Breve Catecismo de Wetminster. São Paulo:
Cultura Cristã, 2009. p. 198.
84 HODGE, A confissão de fé. p. 185.
85 Ibid p. 197, 197.
86 A tautologia (do grego ταὐτολογία “dizer o mesmo”) é, na retórica, um termo ou texto que
expressa a mesma ideia de formas diferentes. Como um vício de linguagem pode ser considerada
um sinônimo de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de do grego tautó, que
significa “o mesmo”, mais logos, que significa “assunto”. Portanto, tautologia é dizer sempre a
mesma coisa em termos diferentes. Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tautologia
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Era necessário que ele fosse verdadeiramente Deus para que obedecesse
perfeitamente a Lei e se tornasse redentor do homem. Sendo verdadeiramente
divino, ele foi forte e poderoso o suficientemente para como o segundo Adão não
87MOO, Douglas J.: The Letters to the Colossians and to Philemon (Col. 1. 15-20). Grand Rapids, MI:
William B. Eerdmans Pub. Co., 2008 (The Pillar New Testament Commentary), Disponível na
Bíblia eletrônica Logos.
88WESTMINSTER ASSEMBLY. O catecismo maior de Westminster. 12. ed. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. (pergunta 38).
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pecar. Ele precisava ser Deus para “suportar o peso da culpa do pecado de seu
povo, bem como a ira de Deus que cairia sobre ele como representante dos eleitos,
libertando, assim, os seus da maldição decorrente do não comprimento da lei”.89
Era necessário que Cristo fosse divino a fim de apresentar-se como sacrifício
perfeito e aplicasse de forma eterna seus méritos ao seu povo redimido e assim
vencesse nosso maior inimigo, isto é, satanás. 90 As palavras de Calvino são
esclarecedoras: “Cristo sofreu como homem, no entanto, a fim de que sua morte
pudesse efetuar nossa salvação, sua eficácia fluiu do poder do Espírito. O
sacrifício que produziu a expiação eterna foi muito mais que uma obra
meramente humana”.91
Se por um lado Jesus tinha que ser Deus, por outro ele deveria ser
plenamente homem. Sua humanidade fora necessário, pois somente como
homem ele podia se submeter à Lei de Deus (obediência passiva) e obedecê-la
(obediência ativa). Também, para “arcar moral, física e espiritualmente com as
consequências do pecado de seu povo”.93 Como homem sem pecado ele pode
apresentar a si mesmo como oferta santa e imaculada (Hb 7:26-27; 9:14) e morrer
pelos pecadores eleitos, visto que somente a carne pode morrer (IPe 1:18-20).94
Assim, ele tinha que ser homem para pagar a dívida humana e ser Deus
para pagá-la perfeitamente e para sempre. Calvino esclarece este ponto ao dizer:
89COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo:
Parakletos, 2002. p. 224.
90 Ibid
91 CALVINO, João. Exposição de Hebreus. São Paulo: Paracletos, 1997. (Hb 9.14), pp. 231-232
92 WESTMINSTER ASSEMBLY. O catecismo maior de Westminster. (pergunta 39).
93 COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo:
Parakletos, 2002. p. 225.
94 Ibid
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95 WILES, Joseph Pitts. Ensino sobre o Cristianismo: uma edição abreviada de as institutas da
religião cristã. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 1984. p. 182
96VAUGHAN, Curtis: Colossians. In: Gaebelein, Frank E. (Hrsg.): The Expositor's Bible
Commentary, Volume 11: Ephesians Through Philemon (Col. 1. 15-20). Grand Rapids, MI : Zondervan
Publishing House, 1981.
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Deve-se notar também que, há outros verbos que Paulo usa na Bíblia (que
também são usados na literatura secular) que possibilita a reconciliação por meio
da ação bilateral, ou seja, duas pessoas que trabalham juntas em favor da
reconciliação. Todavia, o verbo ἀποκαταλλάξαι aponta para uma reconciliação
unilateral. Em suma, a reconciliação é a obra acabada e toda de Deus através de
Jesus Cristo, pelo qual o homem é levado da posição de inimizade para a posição
de harmonia e paz com Deus.
Paulo assevera ainda que, a cruz é o lugar, e uma parte vital e necessário
da reconciliação. Isto é evidente nas palavras, “tendo feito paz através do sangue
dele” (Col. 1:20 , cf. também Ef. 2:14-18 ). É na cruz que Cristo se tornou o
substituto do corpo que é a igreja e pagou o preço pelos pecados de cada membro
eleito. Essa mensagem da Cruz, que para os filósofos era loucura, para os
legalistas era escândalo, sempre foi o método de Deus para a reconciliação e
salvação dos que creem.
97MURRAY, John. Collected writings, p. 38. Apud COELHO, A superioridade de Cristo no exercício
de seu tríplice ofício em relação ao realizado pelos oficiais do Antigo Testamento.
98 Lição 13 da revista Nossa Fé - Atualidade, pp. 46-48, editora Cultura Cristã.
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Paulo, claramente, retira todo o mérito do homem, e mostra que ele não
pode satisfazer a justiça de Deus com os símbolos do Antigo Testamento. O
homem sem Cristo carece da glória de Deus (Rm 3.23) e que tudo o que ele
consegue por si só é a morte como salário de seu pecado (6.21-23).100 Sem Cristo
está totalmente perdido!
Como nosso Sumo Sacerdote, Cristo ofereceu seu sacrifício uma vez por
todas. Ele satisfez plenamente e para sempre a justiça de Deus. Ele é suficiente e
qualquer sacrifício extra é supérfluo. A suficiência soteriológica absoluta do
Salvador e a insuficiência do pecador de conquistar a salvação estão nitidamente
expressas nas seguintes palavras de Oscar Cullman:
Westminster Assembly. A confissão de fé de Westminster. 17. ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2005.
101
VII § V
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À luz de tudo que vimos, devemos concluir que Cristo é tudo que
precisamos. Não há nada que possa ser acrescentado à sua obra, pois ela é
completa e foi feita de uma vez por todas. Não há nenhum sacrifício humano que
seja válido no que se refere à redenção da alma ou plenitude da vida. Além disso,
um novo sacrifício implicaria a não suficiência e eficácia da obra de Cristo.
Calvino, mais uma vez estava certo ao dizer que o fato de nos acharmos sujeitos
à ira divina, qualquer remédio para livrar-nos teria resultado em nada, se Cristo,
ao sofrer de uma vez por todas, não sofresse o suficiente para reconciliar os
homens com a graça de Deus, desde o princípio do mundo e até ao fim.104 Somos
incapazes de decidir o nosso destino eterno. Cristo todo-suficiente é tudo que
precisamos. Declaremos sem medo: SOLUS CHRISTUS!
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