Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Resumo: A história das mulheres vem sendo palco de diferentes estudos, no qual se
debruçam em analisar sua trajetória em diferentes instâncias; seja na sociedade; na
moda; no trabalho; dentro e fora do lar; na imprensa; dentre outros espaços e situações
onde se verifica a presença da figura feminina. Nessa perspectiva, o presente trabalho
traz à tona a análise sobre a representação da mulher no semanário paulista Cabrião, o
qual tinha como redator o cartunista Ângelo Agostini. O interesse na temática surgiu
através da análise de algumas caricaturas publicadas no periódico, no qual retrata a
figura da mulher como ser inferior, sendo em muitos casos comparada com um animal
(o pavão). Desse modo, a relevância do presente estudo se efetiva por trazer para a
discussão historiográfica a temática da representação da figura feminina em semanários,
um importante veículo de informação. Para tanto, a metodologia utilizada foi a
indiciária, com abordagem qualitativa, pois foram analisadas as edições que traziam
caricaturas nas quais criticavam a moda da época. Contudo, ...
1
Ver:
2
Ver:
3
Ver:
Partindo desta análise que se faz importante perceber que embora houver no
campo historiográfico diferentes debates sobre o papel da imprensa, ainda havia a
desconfiança pelos pesquisadores e alguns historiadores em relação ao seu valor como
documento histórico que os periódicos acabavam tendo em sua composição. Por esse
motivo que se faz importante destacar o trabalho desempenhado pela historiadora Maria
Helena Rolim Capelato5, no qual em seus estudos identificou que durante os primeiros
anos iniciais do século XX, muitos pesquisadores entre eles historiadores, tinham uma
dupla posição em relação da importância dos periódicos como fonte histórica, se
colocando com desprezo em considerar os jornais como uma fonte suspeita, sem
4
DE LUCA, Tania Regina. “História dos, nos e por meio dos periódicos”. IN: PINSKY, Carla Bassanezi
(Org.). Fontes Históricas. 2ºed, 1º reim. São Paulo: Contexto, 2008. p. 111.
5
CAPELATO, Maria Helena Rolim. Imprensa e História do Brasil. São Paulo: Contexto/ Edusp, 1988.
6
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e História cultural. 2º ed. 2º reimp. Belo Horizonte: Autêntica,
2008. p. 15.
Daí, então, se verifica a dificuldade dos estudos voltados para essa temática, pois
como analisá-la a partir do olhar masculino? Serão analisadas as atribuições e
imposições sofridas por estas nas relações familiares, na vida conjugal e no ambiente
das fábricas? Como ouvir os silêncios impostos por seus pais, maridos? Segundo
Michelle Perrot8, esse silêncio se efetiva durante muito tempo por serem os espaços
políticos e profissionais voltados para o poder masculino, impossibilitando assim que as
mulheres pudessem falar ou escrever sua própria história.
Alguns estudos apontam que o interesse pela História das mulheres é novo,
datam dos anos 1980 as primeiras pesquisas sobre a temática. Segundo as historiadoras
Rachel Soihet e Joana Maria Pedro, os trabalhos pioneiros que abordam a História das
mulheres antecedem a publicação dedicada “A mulher no espaço público”, da RBH
(Revista Brasileira de História):
Maria Odila Leite da Silva Dias já havia publicado, em 1984, o seu livro
Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX, e nele a
categoria‘mulheres’ estava presente. Além dela, Luzia Margareth Rago
7
PERROT, Michelle. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. 4ª ed. Rio de janeiro:
Paz e terra, 1988, p. 186.
8
Ibidem.
Durante muito tempo a história foi a história dos homens, vistos como
representantes da humanidade. Múltiplos trabalhos – só para o período
contemporâneo eles contam-se por milhares – mostraram que também as
mulheres têm uma história e são actores históricos de pleno direito. [...] 10
Porém, como bem ressaltam os autores, não é um estudo da história isolada, mas
que se proponha em uma escala global uma abordagem das relações de gênero, no
contexto das relações familiares, considerando, assim, as mulheres como atores sociais
responsáveis por sua própria história. Portanto, foi devido à aproximação da história
com a antropologia que se deu ênfase a aspectos antes não explorados pelos
historiadores, como, por exemplo: o cotidiano, as emoções, a vida privada, a vida
pública e a individual, em decorrência da História das mentalidades, a qual se propôs a
9
SOIHET, Rachel. PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das
Relações de Gênero. São Paulo: Revista Brasileira de História, vol. 27, nº 54, 2007.
10
DUBY, Georges. PERROT, Michelle. História das Mulheres no Ocidente: o século XX. Vol. 5, São
Paulo: Edições Afrontamento, 1991, p. 12.
11
THÉBAUD, Françoise. A grande guerra: o triunfo da divisão sexual. In: DUBY, Georges. PERROT,
Michelle. História das Mulheres no Ocidente: o século XX. Vol. 5, São Paulo: Edições Afrontamento,
1991, p. 07.
12
Ibidem, p. 07.
13
Ibidem. p, 49.
14
Idem.
15
PINSKY, Carla Bassanezi. Mulheres dos anos dourados. São Paulo: Contexto: 2014.
16
DEL PRIORE, Mary. Histórias e conversas de mulher. São Paulo: Planeta, 2013.
17
Ibidem, p. 03.
18
Ibidem, p. 04.
19
Ibidem, p. 05.
20
PERROT, Michelle. Os silêncios do corpo da mulher. In: MATOS, Maria Izilda Santos de. SOIHET,
Rachel. (orgs.). O corpo feminino em debate. São Paulo: Editora UNESP, 2003, p. 22.
21
SILVA, Adriana Oliveira da. Itabuna no trono da beleza nacional: discursos de progresso e idealização
feminina na imprensa itabunense, 1950-1962. In: CARVALHO, Philipe Murilo Santana de. SOUSA,
Erahsto Felício de. Entre o fruto e o ouro: escritos de história social do sul da Bahia. Ilhéus:
Mondrongo, 2014, p. 189.
22
SANT’ANNA, Denise Bermuzzi de. Corpo e beleza: “sempre bela”. In. PINSKY, Carla Bassanezi.;
PEDRO, Joana Maria. (orgs). Nova história das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2013.
23
NOVAES, Joana de Vilhena. Beleza e feiura: corpo feminino e regulação social. In: DEL PRIORE,
Mary.; AMANTINO, Márcia. (org.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Ed. Unesp, 2011.
24
Ibidem., p. 478.
25
PEDRO, Joana Maria. Mulheres honestas e mulheres faladas: uma questão de classe. Florianópolis:
Ed. Da UFSC, 1994.
26
PINSKY, Carla Bassanezi. Op. Cit., p. 10.