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INTRODUÇÃO AO ESTUDO ORTODOXO


DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO

ÍNDICE
Prefácio..............................................................................................

O Pentateuco

O Livro de Gênesis.......................................................................................
O Livro de Êxodo..........................................................................................
O Livro de Números......................................................................................
O Livro de Levítico.................................................................................
O Livro de Deuteronômio...............................................................................

Os Livros Históricos:

O Livro de Josué...........................................................................................
O Livro dos Juízes.........................................................................................
O Livro de Ruth............................................................................................
Os Livros de Samuel I e II.............................................................................
Os Livros dos Reis I e II.................................................................................
O Livro das Crônicas......................................................................................
Os Livros de Esdras e Neemias........................................................................
O Livro de Esdras I........................................................................................
Os Livros de Tobias, Judite e Ester...................................................................
O Livro de Tobias..........................................................................................
O Livro de Judite..........................................................................................
O Livro de Ester...........................................................................................
Os Livros dos Macabeus................................................................................

Prefácio
(...) Para nós, cristãos ortodoxos, (...) a Bíblia, ou melhor dizendo, as Sagradas Escrituras,
como preferimos chamar-lhe porque a Tradição assim o ensina, não pode ser um simples “objeto
cultural”, um conjunto de Livros a tomar como modelos literários, um repositório inesgotável de
citações apropriadas para todas as ocasiões.
Se, existe como sabemos uma educação do olhar, conseqüência de uma mutação espiritual,
que nos ensina a ver um Ícone com olhos bem diferentes daqueles com os quais vemos um quadro
ou uma pintura de vaga inspiração religiosa, também temos que falar de um outro modo de ler a
Sagrada Escritura, bem diferente daquele que empregamos na vulgar leitura de outros livros . E
isso é assim porque estamos diante de um conjunto de textos que são obra divino-humana, e não
apenas fruto da criação humana.
Ou seja, textos propostos à nossa meditação como ponto de partida essencial para que,
através da oração, se erga o edifício da Teologia. A Sagrada Escritura é "o guia da razão" e "o
critério da Verdade", afirmou São Gregório de Nissa. E, como ele, todos os Padres da Igreja,

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nossos faróis no caminho da vida crista, tornaram esses livros como marcos milenares que os não
deixaram perder-se no labirinto das múltiplas bibliotecas que a civilização helênico-romana foi
inventando. “A Sagrada Escritura é para nós a norma e a medida de todos os dogmas. Aprovamos
apenas aquilo que pudermos harmonizar com a intenção destes escritos" (São Gregório de Nissa, "De
Anima et Ressurrectione").
Estas palavras de ontem são, obviamente, verdadeiras também para os tempos de hoje. Se
possível, ainda mais verdadeiras. E, sobretudo, elas significam uma atitude fundamental para nós,
numa época em que todos os dias surgem textos que procuram por tudo em causa e trazer,
finalmente, a resposta certa às dúvidas e angústias do homem contemporâneo.
Mas então, se é assim, se a Escritura é realmente Sagrada, como acreditamos, torna-se
impossível tomá-la no seu todo como um aglomerado de texto que se dissecam, se torcem e
distorcem à medida que isso convém às nossas fantasias de “análise” literária ou histórica. (...)
Por outro lado, não podemos encarar a Sagrada Escritura como simples arquivos ou
depósitos de informações históricas e culturais. Recordemos o que Santo Inácio de Antioquia
escrevia aos Filadelfianos (VIII, 2 e IX, 1): “Para mim, os meus arquivos são Jesus Cristo, os meus
arquivos invioláveis são a Sua Cruz e a Sua Morte, e a Sua Ressurreição, e a Fé que d’Ele vem. Ele
é a Porta do Pai, pela qual entram Abraão, Isaac e os Profetas, e os Apóstolos e a Igreja ”. E o
comentário oportuno de Vladimir Lossky a esta passagem: “Se, pela Encarnação, as Escrituras
não são arquivos de verdade, mas sim o seu corpo vivo, não se poderá possuir as Escrituras senão
na Igreja que é o Corpo único de Cristo”.
Para nós, cristãos ortodoxos, o Antigo e o Novo Testamento formam uma unidade,
sabemos que é assim porque reconhecemos essa evidência pela Tradição, à luz do Espírito Santo
comunicado a todos os membros da Igreja. Citemos novamente Vladimir Lossky (“À l’Image et
Ressemblance de Dieu”, p. 153): “Os livros do Antigo Testamento, constituídos com o intervalo de
vários séculos, escritos por autores diferentes que muitas vezes compilaram e fundiram
tradições religiosas diferentes, só têm uma unidade acidental, mecânica, aos olhos de um
historiador das religiões. A sua unidade com os escritos do Novo Testamento parecerá fictícia e
artificialmente. Mas um filho da Igreja saberá reconhecer a unidade de inspiração e o único
objeto da fé nestes escritos heteróclitos, tecidos pelo mesmo Espírito que, depois de ter falado
pelos Profetas, precedeu o Verbo, tornando a Virgem Maria apta a servir de meio à Encarnação
do Verbo”. Ou, como dizia São João Chrisóstomo, o Antigo e o Novo Testamento são as duas
Alianças com o mesmo Legislador, devendo-se ver no Antigo Testamento a preparação e profecia
do Novo Testamento.
Por esse motivo conforme refere Sua Beatitude Dom Gabriel I, na parte referente ao
Pentateuco podemos, por exemplo, ver a vida de Abraão como “ a Grande Aventura da Fé ”,
“renunciando a toda a segurança para viver da única certeza que lhe dá a Palavra ”; ou a história
de José como anúncio da paixão e glorificação de Cristo; ou todo o Gênesis como “ o início
espiritual de uma humanidade nova”. Por seu turno, Moisés surge aos olhos da Tradição como
imagem, no Êxodo, de Cristo, só, incompreendido e rejeitado. E a Lei é, então, um anúncio do
Reino e como um pedagogo que nos conduz ao Cristo.
Ao contrário dos que querem ler o Pentateuco como uma narrativa das atormentadas
relações entre Deus e o Povo Eleito, aqui se afirma claramente que a “ Tora gira em torno de
‘segredo de amor’ Deus ama a humanidade revela-o elegendo Israel, fazendo o convite a todos os
homens a entrarem na corrente do Seu Amor contagioso ” (pág. 12).
Mas este segredo de Amor descobre-se através da oração, que Orígenes chamava “ o mais
necessário à inteligência das coisas divinas ”.

Arcipreste Atanásio

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Introdução Ortodoxa aos Livros do Antigo Testamento
A TORA – PENTATEUCO
A Tora (Pentateuco) deveria ser lida inteiramente ao povo judeu pela festa dos
Tabernáculos, de sete em sete anos (Dt 31, 10-13).
Os livros do Pentateuco têm os seguintes nomes em hebraicos:
- Bereshit (no princípio) – Gênesis
- Shemot (os nomes) – Êxodo
- Vaykra (Ele chama) – Levítico
- Bemibdar (no deserto) – Números
- Devarim (As Palavras) – Deuteronômio

O Livro do Gênesis
Quando o povo hebraico põe à cabeça do Pentateuco este livro, por volta do século IV
antes da nossa era, não está de forma alguma interessado no conteúdo deste livro em função do
passado, narração da pré-história do homem, mas em função daquilo que ele é agora e no futuro,
o povo de Deus, Aleph e Tav.
É porque Israel conhece o Deus vivo face a face, Lhe deve tudo, que Israel confessa
YHVH (Yhavhé).
A Sagrada Escritura não parte de uma afirmação mais ou menos deísta, mas fundamenta-
se na Aliança com Deus para afirmar que a Criação não é nem um absurdo nem um acaso, mas uma
Criação de Deus “ex-Nihilo”, coberta pela graça que a sustenta e informa.
Tomados os dois relatos da Criação (Gn 1 a 2, 4a; 2, 4b a 25) parece-nos haver entre eles
uma certa contradição: ou Deus envia água a mais e origina o dilúvio; ou Deus não envia água
alguma e o povo herda o deserto. Ou homem é o coroamento de toda a obra e aparece no sexto
dia, já prenúncio do Sabat; ou então ele aparece no princípio de tudo, solitário e isolado e Deus
vai-lhe dando, pouco a pouco, plantas e animais por companhia. Ou homem e a mulher são criados
juntos; ou há entre eles, entre Adão e Eva a densidade de toda a Criação.
O autor não dá uma visão sobre estas contradições e nós também não iremos tomar
posição; o que conta é o que a fé nos comunica. Não pode haver conflito entre a ciência e a fé. O
que nós afirmamos é que: “No princípio Deus fez....”. A ciência vai tentar penetrar a Criação e
dizer como aconteceu isto e aquilo. Todavia não pode, porque não é o seu campo de ação, dizer
quem fez; são dois planos diferentes.
O Gênesis não foi escrito para explicar as origens, mas para pôr em relevo as relações
entre o homem e o Deus Criador. O seu clímax não é histórico, mas existencial;(...)
Nem fatalismo nem dualismo nestes textos: mas um Deus vivo e um homem livre; uma
Palavra criadora e uma palavra responsável. Em suma, uma relação vertical feita de escuta e
oração; e uma relação horizontal feita de amor e de serviço comum.
No capítulo III descreve-se como o povo da Aliança decepciona (...) a Deus, apesar da
graça que Deus lhe confere não é a origem do mal que aqui é descrita, mas a sua intervenção no
mundo e, singularmente, no centro da Revelação de Deus e àqueles a quem Ele Se faz conhecer.
Não podemos fazer uma leitura dualista desta passagem; o Tentador (a Serpente, a mentira, o
ardil) não pode fugir (...) ao poder de Deus, ele é também condenado.
Colocando o conteúdo do cap. III na seqüência dos dois primeiros capítulos, o redator do
Gênesis quis dar a todos os leitores um aviso solene.(...). O povo de Deus é uma comunidade de
pecadores gratificados.
O fim do cap. III mostra parabolicamente como o mal cometido pelo homem e a desgraça
do mundo estão secretamente ligados um ao outro.

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No cap. IV é o relato da história dos dois irmãos, talvez gêmeos. Caim, homem forte e
orgulhoso, descobre que o Deus da Aliança ama seu irmão mais pobre e mais fraco: Abel. Para
Deus, a eleição é outra coisa que para os homens. Israel, seu povo, é o menor, o mais pobre e o
mais indefeso entre os grandes e poderosos Reinos do Oriente. Nada tinha de invejável aos olhos
dos outros povos; todavia, ele era o povo de Deus. Tal é Abel, tal é o Messias, desde o presépio
de Belém até à Cruz no Gólgota. Como diz Isaías do eleito de Deus: “ Ele não tem nem beleza, nem
brilho, nem nada que possa atrair o olhar de alguém. Objeto de desprezo e dejeto da
humanidade....” (Is 53, 2-3).
Caim não compreende a ação de Deus; (...). Só o poder, a força, a riqueza lhe são
familiares. Abel será imolado no altar da mediocridade humana, como os profetas e como Cristo o
será.
Do cap. VI ao cap. IX desenrola-se o relato do julgamento da humanidade, que pela sua
incredulidade é mergulhada no caos. Todavia, do Dilúvio destruidor um homem se agiganta: Noé.
Noé andava com Deus (Gn 6-9) e é símbolo do povo da Aliança que, enraizado na fé, atravessa
todas as tempestades da História e é mantido pelo Deus vivo, assegurado, desta forma, a
continuidade do testemunho e do serviço. A Torre de Babel mostra como o orgulho e a idolatria
nacionalista destroem a sociedade dos homens e atraem sobre eles a ruína e a divisão.
Se insistirmos nos capítulos I a XI do Gênesis é porque eles constituem o que se poderia
chamar a pré-história do povo da Aliança; eles são também o catecismo de toda a Sagrada
Escritura; eles são o que Oscar Kulman chama, e bem, a História da Salvação.
Se nos capítulos anteriores falava-se do amor e misericórdia divinos, apesar da fraqueza
do homem, agora fala-se da resposta positiva que o homem dá a este Deus.
O Gênesis continua e termina com a história dos Patriarcas. Muito se disse, muito se
escreveu e afirmou sobre esta parte do Gênesis. Apesar dos elementos míticos, sem importância
relevante, Abraão existiu mesmo por volta do ano dois mil antes de Cristo; Judeus haviam já se
implantado no delta do Nilo por volta de 1800 a.C.
Abraão é um descendente de Noé; originário de Ur, na Mesopotâmia, fixado em Haran, na
Síria. O que importa reter de Abraão é que ele era pagão e que o chamamento de Deus vai pô-lo
em marcha; é a Palavra que constitui o povo contido em gérmen nesta Família patriarcal. De notar
que, além de ser pagão, Abraão não tem descendência Sara, sua mulher, é infecunda.
A Palavra que se dirige a Abraão convida-o a um duplo ato de fé: pôr-se em marcha para
um lugar somente de Deus conhecido e esperar um filho (Gn 12, 1ss). À esta Palavra, totalmente
desconhecida de Abraão, responde o Patriarca arriscando tudo na Fé; entre Deus e ele é
restabelecida uma relação de justiça (Gn 15, 6). Abraão está profundamente de acordo com o
Deus vivo. Em tudo Abraão corresponde àquilo que Deus dele espera. A vida de Abraão pode ser
considerada a Grande Aventura da Fé: renuncia a toda a segurança para viver da única certeza
que lhe dá a Palavra.
O Sacrifício de Isaac (Gn 22) aparece como o chamamento definitivo da Palavra, na
certeza que a lei de Israel não pode ser conforto religioso e poder estável; é preciso que aquele
que crê aprenda que Deus lhe basta e somente Deus. (...)
(...) Isaac, seu nome em hebreu quer dizer “Loucura”, quem não riria quando do anúncio da
gravidez da velha Sara? Porém, a Palavra não é nem plausível nem lógica; Ela só pode causar
suspeita e dúvida a quem não quer correr o risco da Fé.
Depois, vem Jacob, o “Enganador”, vivendo apaixonadamente a “benção do Pai” e que aqui
está para recordar a todos que não há nenhuma justa medida entre a virtude moral, a
respeitabilidade humana e a Fé. Todavia, Jacob terminará a sua vida, quebrado pela luta com
Deus (Gn 32); tal como a esperteza, a força não se pode apoderar da graça; Jacob lutará com o

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Anjo (Rafael), perderá a luta e confessará: “ É Deus o mais forte”. E, porque finalmente se
relacionou com Deus com humildade, ser-lhe-á dado o nome de Israel (Gn 32, 28).
O livro do Gênesis termina pela espantosa história de José (Gn 37-50) história
transparente, onde se vêem anunciadas já a paixão e a glorificação do “Cristo”.
José é o filho amado de seu pai, tal como Abel, e por isso desperta a inveja dos outros;
assim, os irmãos desembaraçam-se dele, vendendo-o. É considerado morto. Da cisterna para a
escravatura, da escravatura para a prisão, José chega a Primeiro-Ministro do Faraó do Egito - o
Escravo senta-se à direita do Rei!
À falta de trigo, o pai ordena aos irmãos que vão ao Egito. Os irmãos não o reconhecem;
José reconhece os irmãos. Porém, não tem nenhuma atitude de vingança. Recebe-os, dá-lhes o
que pedem e se revela. O amor fraterno volta a instalar-se na casa de Israel. (...)
O Gênesis não é o começo folclórico de uma história nacional, mas sim o início espiritual de
uma humanidade nova.

O Livro do Êxodo
No Gênesis falou-se dos Patriarcas; no Êxodo fala-se do povo. A família de Jacob (Israel)
tornou-se tão numerosa no Egito que acarretaram: “Eles são numerosos, são ricos, ameaçam a
segurança da Nação...” (Ex 1-9).
Neste momento, o povo lembra-se que aquilo que ele é deve-o tão somente ao Senhor e só
a Ele (Dt 6, 21ss) e é na saída do Egito que a Aliança com Deus vai ser concluída.
É normal que o plano do livro corresponda a estes dois acontecimentos: cap. 1-15: a
libertação do povo; cap. 15-40: a promulgação da Aliança e a sua realização na construção de um
Santuário que será desde agora, o lugar de encontro entre Deus e o Seu Povo.
O tema principal do Êxodo é “a passagem do povo da servidão ao serviço”. Moisés vai ser a
personagem principal; todavia, é o Senhor, invisível, que é o coração da história e do livro.
Deus vai revelar através do Verbo, que Se revela na Sarça ardente a Moisés, pela
primeira vez na história, o Seu Nome: o Senhor chama-Se YHVH (Yhavhé) – Nome inefável,
Nome que exprime ao mesmo tempo em que Ele Se dá a conhecer ao homem (pois se atribui a Si
mesmo um Nome) e que permanece o “Todo Outro” – pois não se pode conter nem uma linguagem
religiosa nem numa prática cultual. A imanência de Deus através da revelação do Seu Nome deixa
intacta a transcendência do Seu Ser.
Esta dinâmica perpassa em todo o livro; certo é: Deus conosco, Deus por nós, mas nunca
Deus à medida da nossa humanidade. YHVH é uma variante do verbo ser, em hebraico – o Nome
de Deus é um apelo à vida: Ele É – Ele é, era e será, como nos diz o Apóstolo João o Teólogo, no
seu livro, o Apocalipse (Ap 1, 4-8).
“Eu Sou... enviou-me a vós ” (Ex 1, 14) – tal é a frase de passe que creditará Moisés junto
ao Povo Eleito. Sob a proteção do Nome de Deus (Eu Sou Aquele que É), se porá em movimento o
povo e seguirá em frente triunfando dos seus inimigos. (Ex 17, 8-16).
Ser chamado por YHVH é tornar-se Homem Livre; o Deus que É só pode conferir o Ser
aos homens que O encontram (Gn 1-2). Não há liberdade sem libertação; esta a mensagem do
povo de Israel vivida no seu seio como uma certeza e transmitida a todos os outros povos. E não
há libertação sem abandono da escravidão antiga.
Quando toda a esperança humana está perdida – nada há a esperar dos homens – o Anjo
exterminador do Senhor passa, fere a morte todos os primogênitos dos incréus do Egito, mas os
que foram marcados com o sangue do cordeiro (porque esperaram confiantes na Palavra), serão
salvos (Gn 12-14). O sangue de um cordeiro imolado dará a vida a todos aqueles que com ele
forem marcados.

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Assim será também com os cristãos na Eucaristia – Sangue do Cordeiro que marca todos
aqueles que acreditam em Cristo. Eucaristia, passagem da morte à Vida eterna.
A passagem do Mar Vermelho é para o povo de Israel como um Batismo que sela a Aliança
– verdadeira passagem das trevas para a Luz, da morte à Ação de graças (Ex 14-15).
Depois.... vem o deserto onde a fidelidade a Deus é posta à prova. (...) O povo,
definitivamente, não quer esperar (Ex 13, 21-22).
Moisés dialoga com Deus na montanha; e o povo, inseguro e de certa forma arrependido
por haver confiado no Invisível, faz um bezerro que adora – símbolo de fertilidade, de força e
riqueza (Ex 32).
A marcha no deserto, que começa com alegria, entusiasmo e esperança, pouco a pouco
decai. O povo não consegue viver a espiritualidade do deserto: silêncio, obediência e esperança –
tendo como alimento único a Palavra de Deus (Ex 15, 1-21).
Apesar de Moisés ter instaurado um ministério colegial, não democrático (Ex 18, 13-23) e
rejeitado a impaciência e a idolatria de todo o povo, ele encontra-se sozinho, ponto de encontro
entre a vontade de Deus e o povo; transportando aos seus ombros todos os desvios do povo que
apresenta a Deus e transmitindo àquele a palavra do Invisível – Moisés é a imagem de Cristo, só,
incompreendido e rejeitado por todos aqueles para quem é ao mesmo tempo, servo e mestre (Ex
20, 1ss).
O Senhor, todavia, não ordenou nada a Israel enquanto esteve no Egito; agora que o Mar
Vermelho já faz parte do passado, Ele confere a este povo livre uma Lei que quer ser princípio de
vida para todos, que liberta e não subjuga; esta Lei começa com o que se poderá chamar o Credo:
“Escuta ó Israel, Eu sou o Senhor teu Deus que faz sair do país do Egito, da casa da servidão ”.
A Tora – Lei é o coração da Aliança; e o coração da Aliança é a liberdade. A Lei não é rígida e
desumana; a Lei é fruto da Eleição gratuita do povo de Israel como povo de Deus e baseada na
ação de graças que este povo dá a Deus que o libertou e quer ensinar a viver sempre livre.
O Povo Eleito não é chamado ao serviço de Deus (quatro mandamentos da primeira tábua
da Lei) e ao serviço do próximo (seis mandamentos da segunda tábua da Lei) senão porque, antes,
foi por Deus libertado. A totalidade da Lei não é baseada no TU DEVES, mas sempre no TU
PODES. A Lei não pode ser vista como regra, simplesmente, para um comportamento atual, ainda
que desejável, mas anuncia, sobretudo, o Reino onde, a plenitude dos tempos e da presença
divina, quando o Senhor será tudo em todos e a Lei perfeitamente realizada.
O Decálogo é, ao mesmo tempo, convite para o presente e promessa escatológica. Cristo
aparece como o perfeito cumpridor de cada mandamento e de todos ( o Meu Alimento é fazer a
vontade do Pai), tornando-Se por isto a Cabeça deste corpo que é o povo da Nova Aliança,
assembléia de pecadores santificados pela total e absoluta fidelidade d’Aquele que no Batismo
Se tornou para eles (os pecadores) em Caminho, Verdade e Vida.
A Lei é uma Pedagoga para nos levar ao Cristo, como disse São Paulo (Gl 3, 24). Enfim, o
Êxodo conta como Deus instituiu no meio do Seu povo um Santuário: lugar vazio, pois só a
presença invisível do Senhor o enchia na plenitude; e como “Sacramento” pediu que fosse feita a
Arca da Aliança onde foram colocadas as Tábuas da Lei.
Este Santuário (Tenda da Reunião) será o lugar de encontro entre Deus e o seu povo; não
haverá mais para o homem necessidade de subir às montanhas para encontrá-lo. Deus abaixa-Se,
desce dos Céus e habita no meio dos homens. Todavia, não é nem a Tenda nem a Arca que contam ,
que são importantes, elas são provisórias. Só a Palavra e a presença de Deus enchem tudo, são
definitivamente tudo, presentes que devem de estar sempre em todos.

O Livro dos Números

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Como o Levítico, este Livro, reunindo preceitos e textos legislativos, não somente à
entrada do povo na Palestina, mas ainda no exílio é, todavia, situado pelo seu redator na estada
feita por Israel no sopé do Monte Sinai.
O povo nômade dedica o seu Santuário e põe-se novamente em marcha. Israel explora a
Terra Prometida (cap. 13) e, diante dos perigos que o esperam, canta de novo o velho refrão do
medo incrédulo e da fé incômoda, lastimando a perda da segurança que tinha no Egito.
Consternado, Moisés intercede junto de YHVH a fim de que Este não destrua o Povo, o
que seria mal visto aos olhos dos outros povos (cap. 14). Então, o Senhor YHVH decide castigar
os infiéis Israelitas sem, todavia renunciar ao Seu plano: eles não entrarão na Terra da
Promessa; e uma geração morrerá no deserto antes que a Promessa se cumpra.
Desde agora o povo vai andar as voltas; conduzido pela graça e retido pelo julgamento,
Israel será lançado às víboras vermelhas da areia (cap. 21), apresentadas como dragões
maléficos, cuja mordedura mortal será unicamente curada pela elevação, no meio do campo, de
uma espécie de caduceu, sinal da vitória sobre o mal (símbolo da medicina) e no qual o Novo
Testamento vê a prefiguração da Cruz de Cristo: “ Moisés elevou a serpente no deserto, é
necessário que o Filho do Homem seja elevado, a fim de que todos os que n’Ele crêem não
morram mas tenham a Vida Eterna” (1 Jo 3, 14-15).
O Livro termina por uma série de textos legislativos, onde se vê claramente o caráter
composto do Pentateuco atual (cap. 26-35).
Antes, porém, é narrada a admirável história de Balaão, Profeta sírio do Deus Vivo, que,
enviado pelo rei de Moab para amaldiçoar Israel, acaba por se pôr ao caminho sobre a sua burra
e, advertido por uma visão noturna, por uma predição da sua burra e pela palavra de um Anjo,
finda abençoando aqueles que deveria amaldiçoar. Neste episódio está contido um precioso
ensinamento sobre a liberdade do Povo de Deus em relação ao poder político (cap. 22-24).
Por fim, aprendemos que o sucessor de Moisés é Josué, cujo nome é o mesmo que Jesus e
que significa: “O Senhor liberta”.

O Livro do Levítico
O Povo da Aliança atravessa os desertos da História em marcha que o leva à Terra
Prometida – o Reino. Avança de etapa em etapa, em contato com as nações pagãs, em contato com
as culturas estrangeiras, ao mesmo tempo em que é tentado por elas e pelos seus próprios
demônios.
Este Povo necessita de uma estaca à qual se agarre, se fixe, para poder caminhar a
direito; esta estaca, necessária, será o culto que o Levítico determina com algum realce e grande
minúcia.
A Liturgia descrita no Levítico é uma Força do Deus que Se comunica ao Seu Povo para lhe
dar a Vida; a santidade não é colocada acima ou à frente do povo, ela é dada ao povo.
Desta forma, o Deus Santo, comunicando a Sua Vida, dá-Se ao Seu Povo e nisto santifica-
o; o Senhor não constitui diante d’Ele uma comunidade fechada, uma “ilhota santa”, isolada no
meio da grande massa da perdição humana.
O Povo é santificado para que, dando-se comunique essa santidade. É na missão que se
verifica a autenticidade da sua vida e operacionalidade do seu culto.
Não há razão alguma em organizar uma comunidade egoísta “de consumidores” diante do
Deus Vivo, preocupados, em primeiro lugar, com o seu bem-estar religioso.
À imitação do seu Deus, Israel é santo para comunicar aos povos o melhor que d’Ele
recebeu.
O Levítico gira em torno do Mistério litúrgico pelo qual o Povo é reunido com Deus para
ser enviado. O coração da Sagrada Liturgia é o Sacrifício, do qual todas as variantes são

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descritas neste livro: holocausto e oblação, pelo qual o Povo exprime o seu reconhecimento e a
sua pertença ao Deus da Aliança.
A Liturgia para o Povo Hebraico é Sacrifício de Comunhão, Sacrifício de reparação para o
pecado, cujo fim é restabelecer com Deus as relações destruídas pela infidelidade incrédula.
Uma Vítima santa e pura é imolada, cuja morte representa a que mereceria o Povo; e a
Misericórdia de Deus, aceitando este Sacrifício, devolve ao Povo pecador, mas arrependido, a
Sua santidade, restabelecendo o diálogo.
Todas as descrições da Sagrada Liturgia, no Levítico, são estranhas à nossa mentalidade
atual; todavia, é nestas categorias que o Novo Testamento descreve a Morte de Cristo: não
sendo nenhum sacrifício suficiente, Jesus oferece-Se ao Pai como Vítima e Sumo Sacerdote –
“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). O centro de todo o Evangelho é a
substituição do culpado pelo Inocente.
A Liturgia torna-se, para Israel, o centro privilegiado de toda a sua vida; o Levítico
organiza o Sacerdócio na Tribo de Levi, que será o intermediário entre Deus e o Povo;
encarregado de falar a Deus da parte do Povo e chamado a falar a este da parte de Deus,
comunicando-lhe a Sua vontade permanente sem um finalismo religioso, que os Profetas
combaterão, todos e sempre, com a maior energia!
O culto e o tabernáculo podem tornar-se armadilhas onde à fé desaparece no ritualismo,
onde o Sagrado substitui o Dom da Vida, onde a palavra substitui o Verbo, onde a magia toma o
lugar da graça.
É por isto que o Antigo Testamento põe constantemente em guarda o povo contra os
sacerdotes que perderam o conhecimento da Verdade e se consideram adivinhos e notáveis (Os
4, 4-6). Nada de mais perigoso que um clero que se olha a si mesmo como um “poder” e se torna
numa casta dirigente que oprime mais o Povo que o liberta.
O Povo tem de se lembrar, ao instituir sacerdotes, que ele foi “escolhido por Yhavhé como
um Povo de sacerdotes” (Ex 19, 6) e guardar indefectivelmente a “esperança de um tempo onde
todos os salvos serão chamados sacerdotes de Yhavhé e servos de Eloim” (Is 61, 6).
Desta forma, se precauções não forem tomadas, o sacerdote pode tornar-se numa
armadilha para Israel, se ele fizer do Povo eleito uma comunidade ritualista em que a fé se
esgota no cumprimento da cerimônia. O sacerdote não cumpre a sua missão se não enviar
constantemente todo o Povo para a sua missão universal.
Todas as prescrições levíticas que dizem respeito à santidade, à pureza de vida, às festas
e aos anos sabáticos, mostram que o Povo santo é feito à imagem de Deus, para ser um sinal de
vida total, recapitulada no seio de todas as nações que, olhando Israel, o vêem marchando sobre
a estrada justa, como um convite a todos entrarem na plenitude da vida da Aliança: tal é, em
particular, o significado das espantosas leis sociais do capítulo 25.

O Livro do Deuterônomio
Este livro da Sagrada Escritura, o Deuteronômio, é uma composição do século VII a.C,
dado como uma recapitulação da Lei. Este Livro serviu de base às reformas do Rei Josias e foi o
ponto de partida para a pregação do Profeta Jeremias; também pode ser a justo título, chamado
“Livro da Recordação”. É posta na boca de Moisés, antes de morrer, esta frase que ele vai
repetindo: “Recorda-te, ó Israel..... não esqueças....... reconhece ”. Mais do que uma lembrança, um
aviso ao povo, que a sua vida é toda ela uma “Liturgia de ação de graças” (vertente principal do
povo de Deus), ela consiste em fazer a Anamnese dos atos salutares e viver num estado de
permanente louvor a Deus que seja como que o nervo de cada um dos atos da vida quotidiana do
homem.

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No âmbito das exortações gerais e da reformulação da Lei aparece o “Schema Israel”:
“Escuta, ó Israel, o Senhor nosso Deus é o verdadeiro e último Senhor. Tu amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e com todas as tuas forças ” (Dt 6, 4). (...)
Dando ao texto tradicional do “schema” o complemento necessário tirado do Levítico 19,
18: “Tu amarás o teu próximo como a ti mesmo ”, a Igreja Apostólica manifesta já um espantoso
conhecimento e uma profunda intuição do Antigo Testamento.
A Tora, esta parte da Sagrada Escritura tão misteriosa e tão desconhecida, gira em torna
deste “Segredo de Amor”. Deus ama a humanidade – revela-o elegendo Israel, fazendo o convite
a todos os homens a entrarem na corrente do Seu Amor contagioso.
As Leis que dizem respeito ao culto têm qualquer coisa contra a idolatria e manifestam a
preocupação dos profetas em restabeleceram o culto na sua pureza primitiva – todavia, este
trabalho vai-lhes ser dificultado pelos povos idólatras, vizinhos.
Dentre as passagens mais significativas é necessário salientar aquelas que dizem
diretamente respeito a uma realeza que ainda não existe – cada Rei deverá copiar um exemplar
da Lei ditado por um sacerdote (Dt 17, 14-20), da mesma forma que este é posto de sobreaviso
contra os “adivinhos” e os “encantadores”, contra todos aqueles que invocam a morte e predizem
o futuro e são eles próprios a negação dos profetas que Deus enviou (Dt 18, 9-14). As
prescrições sobre a crucificação e a sua maldição serão lembradas quando da Crucifixão de
Jesus (Dt 21, 22-23; Gl 3, 13).
O estilo deste livro torna-se mais simples na medida em que nos aproximamos do seu fim.
A repetição constante das bênçãos serve de bens à afirmação que a Lei não é impossível de
cumprir (Dt 30, 11 ss) e quanto é bom para o homem escolher a Lei como regra de vida (Dt 30, 15
ss; 32, 45 ss).
Depois das exortações feitas a Josué e de um admirável cântico pronunciado por Moisés
(Dt 32), este livro termina pela Benção dada às doze Tribos de Israel (Dt 33) e pelo relato da
morte do grande Profeta, apresentando-o como o maior que jamais Israel teve (Dt 34, 10-12).
O livro encerra ainda a promessa de que um dia virá um outro Moisés. A partir desta
altura, deste momento histórico, toda a escatologia de Israel está ligada à espera desse “Novo
Moisés”. É por esta razão que o Evangelho de São João o Teólogo faz notar que, tendo “chegado
os tempos”, não hesita em fazer o paralelo: “A Lei foi dada por Moisés; a Graça e a Verdade
vieram-no por Jesus Cristo” (Jo 1, 17).

Introdução aos Livros Históricos do Antigo Testamento


Para além do Pentateuco, por sua vez narrativo e legislativo, o Antigo Testamento conta
ainda 14 livros históricos: Josué, os Juízes, Ruth, Samuel I e II, os Reis I e II, as Crônicas,
Esdras I e Neemias, Esdras II, Tobias, Judite, Ester, os três Macabeus e Esdras III.
Os quatro primeiros livros denominam-se na Sagrada Escritura Hebraica de Profetas
Anteriores, por oposição aos Profetas Posteriores, a saber os Grandes e Pequenos Profetas. Esta
apelação justifica-se, se considerarmos que os Hebreus designavam os seus autores pelo termo
de “profetas”, tomado no seu sentido geral, isto é, de “inspirados por Deus”. Com efeito, como os
seus livros o permitem comprovar, estes homens receberam o Espírito e a visão profética da
história.

Livro de Josué
O livro de Josué tem o nome da personagem central da história que ele narra. Originário
da tribo de Efraim, Josué, filho de Num, teve papel importantíssimo e primordial na história do
seu povo depois da saída do Egito.

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Um dos principais auxiliares de Moisés é aquele que podemos considerar como o seu braço
direito (Ex 17; Nm 27, 18) e aquele a quem Moisés tinha confiado a missão de conduzir o povo de
Israel para a terra prometida por Deus aos seus Pais: “ Moisés, Meu servidor, morreu, diz Deus, é
tempo de agir e passar o Jordão, tu e todo este povo, para o País que Eu dou aos filhos de Israel.
Todo o lugar que a planta dos vossos pés pisar, Eu vo-lo dou, como o declarei a Moisés. Desde o
deserto e o Líbano até o grande rio, o Eufrates, e até ao grande mar, para o sol poente, tal será
o vosso território....” (Js 1, 2ss).
Neste livro segue-se a história da Revelação divina contida no Pentateuco, e a teocracia
israelita, depois da morte de Moisés até aos primeiros dias que se seguem à morte de Josué. O
autor expõe aqui, duma forma geral, a conquista da Terra Prometida levada a cabo sob a chefia
de Josué graças ao socorro divino e após duros combates (Js 1-12); segue-se a repartição do
território entre as tribos de Israel (Js 13-21). Em conclusão, são narradas às últimas exortações
de Josué, a renovação da Aliança de Deus com o Seu povo, a sepultura de Josué e a do sumo
Sacerdote Eleazar (Js 22-24).
O objetivo do livro é mostrar a fidelidade de Deus no cumprimento das promessas que Ele
fez ao Seu povo, fidelidade à qual deve corresponder a de Israel para com o seu Deus. A
tradição judaica, relatada no Talmude, atribui à personagem principal, central, da qual o livro tem
o nome, a composição do mesmo livro. Teólogos antigos, medievais e modernos sustentaram
igualmente esta tese, à qual se opõem vários comentadores contemporâneos. O mais verossímil
parece, pois, que darmo-nos pelo meio termo, isto é, concentrarmo-nos na tese segundo a qual o
livro tiraria a sua origem do próprio Josué, não tendo, contudo, tomado a sua forma atual senão
após algumas modificações (arranjos e consertos) na elaboração do texto e de novos
aditamentos. Diversos dados testemunham em favor desta tese: em algumas partes do próprio
livro respeitantes ao próprio Josué (Js 24, 1-26), o autor parece ser contemporâneo dos fatos
que narra e neles provavelmente haver tomado parte (Js 5, 1-6; 3, 7-8; 15, 4), como nos detalhes
que ele precisa o permitem supor. Alguns dos partidários da teoria das quatro fontes do
Pentateuco pretendem que este se verifica igualmente no livro de Josué. Esta tese fora,
contudo, abandonada há pouco tempo após um exame filológico do livro que demonstrou a sua
independência e, sobretudo, após Noth ter publicado os seus últimos trabalhos sobre esta
questão. Por outro lado, um tal Hexateuco (o Pentateuco mais o livro de Josué) é ignorado pelos
historiadores do texto dos Samaritanos, que receberam um Pentateuco e não um Hexateuco.
No que concerne à autenticidade deste livro, ela é confirmada por certas passagens
através de recentes descobertas arqueológicas feitas no Egito e na Palestina (tábuas da Tell El
Amarna no Egito Central, descobertas de Jericó e outras cidades da Palestina).
A personalidade de Josué é já posta em evidência na “Sabedoria de Bem Sirac” (Sb 46, 1-
6). Paralelamente ao conteúdo histórico do livro, a Igreja primitiva procurou desde o princípio
significações tipológicas e proféticas escondidas, respeitantes ao novo Israel, significações de
que a pessoa de Rahab fornece os indícios no próprio Novo Testamento. A Fé desta mulher é
celebrada na Epístola aos Hebreus (Hb 11, 31) e na de Tiago (Tg 2, 25); ela torna-a digna de
figurar na genealogia do Messias (Mt 1, 5). O próprio nome de Josué já foi considerado como a
figura “tipológica” da Salvação trazida por Jesus Cristo, o Messias. A partir desta interpretação,
foi justamente notado que Josué era mais honrado na Igreja primitiva do que na Sinagoga
judaica. A Igreja viu na sua pessoa o símbolo do Salvador, bem como, na passagem miraculosa do
Jordão sob a sua chefia, o símbolo do batismo cristão e do triunfo da Igreja.

O Livro dos Juízes


O título deste livro traduz o termo hebreu “Shophetim” e reporta-se às personagens que
aí tem o primeiro lugar. Esta palavra “Shophetim” indica aqui, não particularmente os homens que

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exercem o poder, como os “suffeten” que administravam Cartago, mas antes as personagens
carismáticas que aparecem periodicamente em Israel após a morte de Josué e que, reconhecidas
por um ou por várias tribos, por vezes mesmo por todo o povo, com todos os poderes militares na
mão, salvam o País dos inimigos que o oprimem. Este livro faz menção de doze Juízes; é preciso
juntar dois outros, os últimos Juízes que são citados no primeiro capítulo de Samuel I.
O livro dos Juízes compreende três partes. A primeira contém uma dupla introdução: uma,
histórica (Jz 1, 1-25), dá uma idéia do estabelecimento das tribos, após a morte de Josué; a
outra, mais doutrinal (Jz 2, 6-36), foram uma espécie de Teologia sumária da História, à luz da
qual é examinada a História de Israel, o que constitui o objetivo do livro. O plano desta Teologia
sumária, que é considerada a justo título como profética, compreende três fases: 1) o
afastamento de Yhavé, 2) a conversão e 3) a salvação graças ao socorro divino. A segunda parte,
que representa o essencial do livro (Jz 3-7-16-31), contém as narrações de extensão desigual
concernentes aos Doze Juízes e, sobretudo, aos mais importantes: Otoniel, Ehud, Débora, Baraq,
Abimélek, Jephté e Sansão. A terceira parte, que são a conclusão (Jz 17-21), contém dois
apêndices históricos descrevendo os incidentes ligados à anarquia que reinava durante o período
dos Juízes. Cada um destes episódios termina por uma espécie de refrão, constatando a causa do
mal: “Nesse tempo não havia Rei em Israel e cada um fazia o que lhe apetecia, o que lhe
agradava” (Jz 17, 6; 19, 1; 21, 25). O autor indica indiretamente, por estas palavras, a
necessidade da instituição da Realeza (Monarquia), que é descrita no início de Samuel I (8, 1ss).
O objetivo do Livro dos Juizes é o de ensinar em primeiro lugar aos Israelitas que a
apostasia dos seus pais foi punida: inimigos estrangeiros vêm submeter o povo de Israel; mas
depois que a sua libertação se opera pelos Juízes, instrumentos de Deus, eles fazem penitência e
retornam ao Seu culto.
Uma velha tradição judaica descrita no Talmud atribui a redação deste livro ao próprio
Samuel. Essa tese é aceita por vários eruditos da primitiva Igreja e da Idade Média, e mesmo
por alguns comentadores modernos. No entanto, a crítica contemporânea, apesar de reconhecer
a existência dum texto antigo na parte essencial do livro, põe de lado esta tradição e esforça-se
por estender a teoria das quatro fontes do Pentateuco igualmente a este livro. Ela procura
também uma influência deuteronômica, contestada, além do mais, pelos mais moderados.
Reconhece-se, por outro lado (Pederson), que a crítica literária chegou a conclusões mais
audaciosas do que aquelas que se poderia razoavelmente admitir. “ Em todo o caso, um exame
atento persuade-nos que será preciso fazer uma distinção entre a origem das diferentes
narrações do livro e a sua composição sob a forma atual ”.
Narrações parciais existiram que se distinguem, na sua maioria, por uma recordação muito
viva de certos detalhes, por certas colorações locais e por arcaísmos contemporâneos, segundo
parece, dos acontecimentos descritos. Estas narrações parciais são em seguida juntas por um
autor profético e colocadas em livro, em vista a formar um todo único, conforme a um plano
determinado e a um fim preciso. Um dos pedaços mais antigos do livro é o Hino de Débora (Jz 5);
considera-se que foi composto sob a impressão ainda fresca dos acontecimentos que o
provocaram e, sobretudo, logo após uma vitória, ou seja, na segunda metade do século XII antes
de Cristo; é um dos mais antigos monumentos escritos, inteiramente conservado, da filologia
israelita. O apólogo de Yotam, no cap. 9, 7-15, é também dos mais antigos.
Quanto ao valor histórico do livro, ele decorre da antiguidade fundamental das narrativas.
Em seu favor, vem a observação seguinte de Albright: “ A marcha dos acontecimentos foi mais
conforme às tradições escriturísticas do que o admite a escola racionalista contemporânea ”.
Muito importante igualmente é o valor religioso do livro que é posto em realce no A.T. e no
N.T.; o autor da Epístola aos Hebreus reconhece os Juízes como “Testemunhas” da Fé!. “... eles
que, graças à Fé, submeteram reinos, exerceram a justiça, obtiveram o cumprimento das

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promessas, fecharam as bocas dos leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da
espada, tornaram-se vigorosos de doentes que eram, mostraram valentia na guerra e repeliram
as invasões estrangeiras” (Heb 11, 33-34).

Livro de Ruth
Este pequeno livro tendo o nome da sua heroína, testemunha dum vivo espírito religioso e
de uma notável graciosidade idílica.
Ruth a Moabita, após a morte do seu marido, refugiado de Belém, consagra-se ao serviço
da sua sogra; segue-a fielmente quando do seu regresso para Belém; por instigação sua e
conforme com a lei mosaica, Ruth casa com Booz. Torna-se assim a bisavó do Rei David e um dos
antepassados do Messias. O objetivo da narrativa é por sua vez histórico – ela responde ao
interesse conferido, durante o período real, à origem da dinastia de David – e didático: o autor
propõe-se demonstrar que Deus recompensa abundantemente a Fé em si e a dedicação duma
mulher, mesmo se ela é estranha à Tribo, onde entrou pelo casamento.
Quanto ao tempo da composição, a tradição judaica do Talmud adotada por muitos
comentadores antigos e modernos, fá-la remontar a Samuel. Outros exegetas, principalmente
entre os modernos, situam a data da sua composição nos tempos que se seguiram ao cativeiro.
Razões sérias, relevando da crítica interna, confirmados pelos arcaísmos do livro e por alguns
pormenores da narração, pendem para a sua feitura antes do cativeiro.
A narrativa seria fundada sobre uma tradição oral familiar, conservada na Casa Real de
David.
Para além do seu valor literário e didático, o livro de Ruth revela um significado particular
do ponto de vista cristão. No Evangelho de São Mateus (1, 5) a genealogia do Messias menciona
David e a estrangeira Ruth, mostrando que “a carne e o sangue não são os que, em primeiro lugar,
unem alguém ao povo de Deus e do Messias”. A personagem e o papel de Ruth põem em relevo o
fato de que um “Israel segundo o espírito” era conhecido desde a mais alta Antiguidade, bem
como a idéia duma missão salvadora de Cristo unindo, abarcando todos os povos.

Os Livros de Samuel I e II
Estes escritos formam uma só obra. Mas encontram-se separados em dois livros, pela
primeira vez, na tradução grega dos Setenta. Esta distinção foi adotada não somente pela
Vulgata, mas também pela Sagrada Escritura Hebraica, como nas traduções mais recentes.
Contudo, na tradução grega do A.T. e depois dela, assim como na Vulgata, as narrativas em
questão apresentam-se sob o título comum de “Realeza”, e a justo título, uma vez que, da mesma
forma, os livros seguintes apelidados de “Os Reis”, segundo o texto hebraico, inspiram-se na
História dos Reis de Israel.
O tema principal de Samuel I e II, cuja história nos aparece muito coerente, consiste na
narração da instituição da Realeza em Israel segundo uma perspectiva teocrática, com o fim de
legitimar e de consolidar a Casa de David. A narração começa com os últimos tempos do período
dos Juízes, Pré-história da Realeza, e estende-se até os últimos dias de David, cuja morte nos é
contada no início do I livro dos Reis. Mediante as principais personagens colocadas em cena, a
narração distinguem-se em três partes: I) – história de Eli e Samuel (1Sm 1-7); II) – o
estabelecimento da Realeza por Samuel (1Sm 8-12) no qual está compreendido o desacordo entre
Samuel e Saul e a perseguição de Saul contra David (1Sm 8-31); III) – a hegemonia de David, o
seu pecado e a sua punição (2Sm 1-24). Não se trata neste livro tão pouco duma história
completa e seguida, mas de narrações por meio das quais, o escritor pensa demonstrar: a) a
origem divina da Realeza de Israel; b) a possessão legal desta Realeza por David, eleito de Deus;

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e c) as conseqüências para o povo e seus chefes desta submissão à vontade divina ou, ao
contrário, do seu afastamento de Deus.
Notar-se-á com uma atenção particular a relação que existe a personagem central do
livro, o Rei David, e o Messias esperado que, na genealogia de Jesus Cristo e noutras partes do
N.T. aparece como o descendente de David (1Sm 2, 10; 2Sm 7, 2; cf. Is 11, 1; Mt 1, 1; Lc 2, 4; Jo
7, 12; Rm 1, 3; Heb 2, 30; Ap 3, 7).
Uma tradição judaica do Talmud atribui este livro, como os dois precedentes, ao Profeta
Samuel. Parece que esta tradição repousa, por um lado, sobre o conteúdo dos primeiros capítulos
de Samuel I, onde este último surge como a personagem principal, e por outro lado, sobre uma
passagem de 1Cr 29, 29, onde é mencionada, além de outras fontes históricas, uma “história de
Samuel o vidente”, isto é, o Profeta. Uma análise atenta deste livro prova que o profeta-escritor,
que nos permanece desconhecido e que teria vivido por volta do fim do século VIII antes de
Cristo, utilizou diversas fontes antigas, orais e escritas (cf. 1Cr 29, 29). De seguida fizeram-se
adições, algumas das quais não figuravam no texto da tradução grega dos Setenta. Em favor da
autenticidade histórica do livro temos a antiguidade de certas (...) fontes essenciais, os
detalhes, a psicologia das situações, a imparcialidade que se encontra na história de David, que
apesar de tudo não está desprovida de pontos obscuros.
A arte historiográfica do autor, no que concerne às fontes do livro, foi justamente
observada pelo historiador Ed. Meyer: “ É extraordinário que tal conhecimento histórico fosse
então possível em Israel, conhecimento somente igualável ao da Grécia ”.
O livro contém também partes de uma enorme beleza literária, como as narrativas de
Samuel, sobre Ana, sua Mãe (1), sobre o ministério dele no Templo (3), a nomeação de Saul como
Rei de Israel (9-10), o combate de David e Golias (17), a lamentação de David depois da morte de
Saul (25, 1), etc.
O valor religioso e ético do livro, cuja força edificante os Padres celebraram dando-lhe
um lugar iminente entre os demais do A.T., é notável. Grandes lições se podem daí tirar, como as
palavras de Samuel a Saul: “A obediência é melhor que o melhor Sacrifício ” (1Sm 15, 22), (cf.
também Am 5, 21; Os 6, 6), ou como o anúncio dos perigos da Realeza e particularmente da sua
laicização (1Sm 8), etc. Encontram-se também vários exemplos duma profunda Fé como a de
Samuel, considerado pelos Padres da Igreja como sendo uma imagem de Cristo e aquela de David,
principalmente no seu combate com Golias (1Sm 17).
O livro põe em evidência a miséria humana, que se manifesta em quedas do Homem cheias
de conseqüências, que são denunciadas e punidas. Apesar das suas fraquezas, David é
considerado por Aquele que julga não mediante as aparências, mas segundo o coração dos
homens, como o eleito de Deus. Nele, revelam-se estritamente ligadas a profecia, a esperança e
a espera messiânicas, presentes no A.T. e N.T., onde o Messias é considerado como o
descendente de David. Se as passagens obscuras da sua vida (de David) não são passadas sob
silêncio, da mesma forma que as punições divinas, o arrependimento é exaltado, bem como o
Perdão de Deus, de acordo com uma tradição que se tornara corrente nas espiritualidades
judaica e cristã e que se exprime no Salmo 50(51).
Na Igreja Ortodoxa, a memória do Rei-Profeta David, enquanto antepassado de Cristo é
mencionada duas vezes nos dois domingos que precedem o Natal e uma terceira vez no primeiro
domingo que se segue à Natividade de Nosso Senhor, com aquela dos Santos e dos Justos, José
e Tiago, Irmão de Cristo.

Os Livros dos Reis I e II

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Os dois livros dos Reis constituíam também, primitivamente, um só livro. Aparecem
divididos pela primeira vez na tradução grega dos Setenta. Esta divisão passou depois para a
Vulgata, depois para a Sagrada Escritura Hebraica e para as traduções correntes, modernas.
Estes livros, estreitamente ligados com Samuel I e II, expõem a História das duas
Realezas desde os últimos dias de David e o reconhecimento por ele de Salomão como seu
sucessor, até aos anos que se seguem à destruição do Estado do Sul (587 a.C.).
É, pois a História de quatro séculos, aproximadamente, que aí se desenrola e
principalmente a do Reino de Judá.
Distinguem-se três períodos nesta história: 1) a história do Estado israelita unido, desde
os últimos dias de David e a entronização de Salomão até à morte deste (1Rs 1-11); 2) a história
paralela dos dois Reinos (Norte e Sul) desde a sua separação sob Roboão, sucessor de Salomão,
até à destruição do Reino do Norte (1Rs 12 a 2Rs 17); 3) a história do Reino do Sul (Judá) até à
destruição e à graça, ao perdão concedido por Evil-Mérodak (c. 562 a.C.) ao Rei encarcerado,
Joaquim ou Jeconias, isto é, até ao momento em que o povo começa a se restabelecer.
O objetivo deste livro é por sua vez didático e histórico; o autor quer nele demonstrar
que toda a sorte do povo eleito depende da sua fidelidade a Yahvé, à Sua Lei, ao Seu culto legal
em Jerusalém, de acordo com os ensinamentos do Deuteronômio. A Fé do autor na legitimidade
da Casa de David e na conservação eterna da Realeza nesta descendência surge igualmente em
filigrana nessas páginas.
Uma tradição judaica do Talmud atribui a composição do livro ao Profeta Jeremias. Vários
comentadores modernos, apoiados em provas sérias, perfilham esta opinião, enquanto outros
pensam que o autor pertence à escola de Jeremias. Sem dúvida o autor é um Profeta inspirado
pelos princípios do Deuteronômio, apoiando-se por um lado sobre as tradições proféticas e por
outro lado sobre fontes escritas. Faz apelo, explicitamente, aos “livros dos atos de Salomão”, ao
“livro dos anais dos Reis de Judá”, ao “livro dos anais dos Reis de Israel” e ao “livro dos
Cânticos”; deve também ter conhecido de perto as biografias dos profetas Elias e Eliseu. Em
todo o caso, não menciona a destruição do Reino Judá; o que permite supor que tenha escrito
antes desta ter acontecido (587 a.C.).
No que concerne à autenticidade do livro, para além do caráter vivo e pormenorizado da
exposição, podemos estar seguros que o autor se serviu de fontes muito próximas dos
acontecimentos narrados, às quais faz nítida e explicitamente apelo. Esta autenticidade é
confirmada também por testemunhos arqueológicos e por epígrafes que as pesquisas recentes
trouxeram à luz do dia.
O valor religioso do livro ressalta do seu fim mesmo, mencionado mais acima, e do
pragmatismo teocrático que o inspira, cujos princípios são enunciados na grande conclusão que
sela a descrição da queda do Reino de Judá (do Sul) (2Rs 17, 7-41). Este valor manifesta-se
também nas biografias dos Profetas Elias e Eliseu e, sobretudo, no elogio das esperanças
messiânicas ligadas à Casa de David.
O valor do livro é posto em evidência, enfim, na descrição do fim lastimável do Reino do
Sul e, com ele, da Casa de David, que conglomerava essas esperanças. Este fim do Reino do Sul e
da Casa Real, devido à violação pelo povo eleito da Aliança concluída com o seu Deus, constitui
uma preparação em vista à Nova Aliança, mais espiritual, que tinha anunciado o Profeta Jeremias,
e uma orientação mais espiritual de esperança messiânica do povo, longe das concepções pagãs e
terrestres.
Um fato característico do espírito religioso do livro é a profunda ação de graças e a
oração de Salomão no Templo, bem como a oração do Rei Ezequias (1Rs 8, 15ss; 2Rs 20, 2ss).

O Livro das Crônicas

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Nas traduções dos Setenta e da Vulgata, o livro das Crônicas é assim chamado segundo um
nome dado por São Jerônimo (Cronicon). Nas Sagradas Escrituras grega e latina, este livro tem o
nome de “coisas omitidas” e é como que uma antologia, uma compilação do que os outros livros
históricos do A.T. tinham deixado de lado.
Na Sagrada Escritura hebraica, o livro das Crônicas é chamado “Palavras dos dias” e está
compreendida entre Adão e Saul. A história do Reino de Israel (do Norte) não figura neste livro.
Nesta obra, distinguem-se quatro partes: a primeira, que se refere à pré-história do Reino de
Judá, enumera os catálogos genealógicos de Adão a David (1Cr 1-9). A segunda parte retrata a
história de David e as medidas tomadas com o fim de organizar o culto e a reconstrução do
Templo (1Cr 11-29); a terceira parte abrange a história de Salomão e em particular a
reconstrução do Templo por ele (2Cr 1-9); a quarta parte, narra a história do Reino de Judá e
principalmente a dos Reis mais piedosos (2Cr 10-36). O livro acaba com uma ordem do Senhor
relativa à reconstrução do Templo de Jerusalém e ao regresso a Israel daqueles que o
entenderem.
O propósito do autor, que ora omite ora resume os fatos conhecidos pelos livros mais
antigos é, por sua vez, de exortação e de edificação. Ele pretende demonstrar, uma vez mais, a
estreita relação que existe entre a felicidade do povo eleito e a sua fidelidade às prescrições
divinas e, durante os tempos difíceis que se seguem ao cativeiro na Babilônia, propõe-se,
invocando a recordação da grandiosidade da dinastia de David, insuflar no povo a esperança
messiânica.
O objetivo do livro corresponde perfeitamente às necessidades da reorganização
religiosa da comunidade judaica durante a ocupação persa. Graças, acima de tudo, às árvores
genealógicas que aí se encontram, o autor tanta estabelecer a relação ideal que une as
comunidades judaica desde o cativeiro ao Israel dos tempos gloriosos.
Este livro duma real unidade filosófica é obra dum autor pertencente à ordem sacerdotal
que utilizou numerosas fontes escritas e talvez mesmo tradições orais. Parece que tradições
posteriores se tenham juntado ao fundo primitivo, muito provavelmente durante a segunda parte
do séc. V a.C.. O livro terá sido composto pelo Sacerdote e escriba Esdras. A favor deste ponto
de vista, para além da tradição judaica, está também o fato das prisões de Esdras concordarem
com o ideal expresso nas “Crônicas”. Menos provável parece ser a opinião, muito propagada
nestes últimos anos, que fixa o seu aparecimento no início da ocupação grega (300-250 a.C.).
Ainda que o autor persiga objetivos precisos, um estudo atento e a comparação com
descobertas arqueológicas bem recentes, demonstram a sua autenticidade histórica, mesmo o
julgamento da escola crítica é favorável. Admite-se que o autor do livro tenha empregado fontes
históricas dignas de fé, graças às quais se completa a imagem histórica deixada por outros
autores.
Reconhece-se ainda o valor religioso do livro, em particular nos discursos de David e de
Salomão, ao seu povo, a Natan (1Cr 22 ss, 28 e 29) e a Deus (1Cr 17, 10 ss) como naqueles de
Josafat (2Cr 20, 15 ss) e dos Profetas (2Cr 16, 7; 25, 7; 28, 9; 34, 22), bem como no entusiásmo
da esperança messiânica e duma Realeza ideal. O caráter essencialmente religioso do livro é
atestado igualmente pelo uso que dele faz o N.T. (Mt 23, 35) como pela influência de algumas das
suas passagens sobre o culto da Igreja Romana e da Igreja Ortodoxa.

Os Livros de Esdras e Neemias


À mesma categoria dos livros das Crônicas pertencem os livros de “Esdras” e “Neemias”,
denominado assim devido ao lugar de proeminência que aí tem Esdras, sacerdote e escriba e
Neemias, escanção do Rei persa. Não são outra coisa que o seguimento das Crônicas.

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O propósito dos livros, que não forma uma história contínua, é a restauração da
comunidade judaica durante os cem primeiros anos que se seguem ao retorno da Babilônia. O livro
de Esdras começa por recordar o édito do Rei Ciro (538 a.C.) e narra os acontecimentos que
tiveram lugar de 538 a 536 a.C.: o regresso dos exilados; a reconstrução do Templo sob a
iniciativa do governador da Judéia Zorobabel, descendente de David, em colaboração com os
profetas Ageu e Zacarias (Ed 1-6); o aparecimento e a ação de Esdras, por volta de 457 a.C. (Ed
7-10).
O livro de Neemias descreve a construção das muralhas de Jerusalém (Ne 1-7), a
renovação da Aliança de Deus com o Seu povo pela intervenção de Neemias e Esdras (Ne 8, 1 a
13, 3), a segunda estada de Neemias em Jerusalém e por fim a garantia dos direitos da nova
comunidade judaica (Ne 13, 4-31).
A narração e a seriação cronológica dos acontecimentos são, não somente entrecortadas,
mas também difíceis de verificar, sobretudo no que concerne à cronologia da ação dos chefes
relativa à organização religiosa, econômica e social da comunidade judaica novamente restaurada.
O objetivo do autor é sempre o de demonstrar a fidelidade das promessas de Deus ao
povo eleito pelo seu restabelecimento sobre a terra dos seus pais. Este livro deve ter sido
redigido por volta do ano 400 a.C. e pelo mesmo autor do livro das “Crônicas”. Vários críticos
contemporâneos, contudo, opõem-se a esta teoria fazendo recuar a composição até ao ano 400
a.C., uma vez que situam a ação de Esdras por volta do ano 398 a.C.
As dificuldades cronológicas não diminuem o valor do livro. O reconhecimento nacional e
religioso que ele descreve é duma importância significativa, não unicamente para esta época
longínqua, mas para muitas outras épocas, em que situações análogas aconteceram.
A autenticidade histórica das fontes privadas e, sobretudo, as duas importantes
memórias de Esdras e Neemias não levantam dúvida alguma aos historiadores mais célebres como
Ed. Meyer, ou aos exegetas como Eissfeldt, Schader, Cazelles, etc.
O apego do povo judeu à Lei mosaica depois do seu regresso à terra natal, as grandes
personalidades religiosas de Esdras e Neemias, de Zorobabel, marcam o valor espiritual deste
texto.

Os Livros de Esdras
O livro apócrifo de Esdras II na Sagrada Escritura dos Setenta confere uma particular
importância à personalidade de Zorobabel.
Este livro, sob o nome de Esdras III, é, contado, entre os livros deuterocanônicos na
Vulgata, mas entra no cânone da Igreja Ortodoxa.
É, pois útil reservar-lhe algumas linhas. Esdras I, segundo os Setenta, ou Esdras III,
segundo a Vulgata, apresenta um duplo interesse, histórico e filológico, por um lado, e por outro
lado, ético e religioso. O primeiro deve-se ao fato da narração começar, não pelo édito de Ciro,
mas sim pela reforma religiosa no tempo de Josué, acontecimento duma importância capital para
a restauração religiosa e nacional do judaísmo após o retorno do exílio.
O seu interesse ético e religioso advém principalmente da personalidade de Zorobabel,
guarda de corpo do Rei Dário. Tendo ganho a aposta que lhe havia sido proposta a si e a dois seus
conterrâneos, pela famosa resposta: “Grande é a Verdade e ela predomina eternamente”, fora
recompensado pelo Rei, que lhe dera a missão de ir, com cartas de recomendação, solicitar ajuda
dos governadores da Síria, da Fenícia e do Líbano para a reconstrução do Templo.
Este livro seria uma tradução dum texto hebreu ou aramaico semelhante ao livro de
Esdras-Neemias, ao qual corresponde perfeitamente a partir do capítulo 5.

Os Livros de Tobias, Judite e Ester

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Na tradução grega do Antigo Testamento estes três livros, dos quais os dois primeiros
são apócrifos, contam-se freqüentemente entre os livros históricos, outras vezes entre os livros
puramente didáticos. O terceiro existe igualmente na Sagrada Escritura hebraica, estando
incluído entre os livros ditos de “Chetubim”. Na nossa obra “Introdução ao A.T.” caracterizamo-
los como livros histórico-didáticos ou como uma narrativa edificante, respeitante a uma piedosa
personagem histórica – é o caso de Tobias – ou concernente a um fato preciso: é o caso de Judite
e Ester.

O Livro de Tobias
Este livro narra a vida, dirigida por Deus, duma família piedosa do Reino de Israel (do
Norte), fiel à Lei dos Anciãos, e de Tobias, conduzido para Nínive como prisioneiro por volta do
ano 720 a.C. O principal propósito do autor é o de mostrar que Deus permite que os homens
piedosos sejam postos à prova, jamais os abandonando e muitas vezes mesmo recompensando-os
ainda neste mundo.
O livro enquadra-se num gênero literário da narrativa edificante alicerçado sobre uma
tradição histórica bem precisa que remonta à época da personagem principal, mas que foi
elaborado com fins morais. Dados geográficos e históricos corroboram esta tese, bem como a
verdade psicológica da narração (Tb 12, 20). Terá sido escrito, este livro, no tempo da diáspora,
por volta dos séculos IV ou III a.C.
Outros exegetas não vêem neste livro senão uma falsa biografia que teria sofrido a
influência do mito, largamente propagado no Oriente, do “morto reconhecido” e da “sabedoria
d’Ahikar”. Encontram-se traços deste mito nas fábulas de Esopo. Contudo, o mito do “morto
reconhecido” está longe do contexto da narrativa de Tobias e a semelhança deste com a lenda de
Ahikar explicam-se não tanto por uma remota e larga difusão da lenda no Oriente, mas mais por
uma base histórica real que não era provavelmente desconhecida do autor do livro de Tobias.
Quanto à língua, parece ter havido um original hebreu ou aramaico, no entanto perdeu-se.
Talvez se descubram fragmentos em Qumran.
Se o livro de Tobias não figura na Sagrada Escritura hebraica, esta exclusão não significa
que o seu conteúdo edificante não tenha sido apreciado pelos judeus; constatamo-lo através dos
diversos textos semíticos ainda conservados.
Na Igreja, Tobias é freqüentemente citado pelos Padres apostólicos; aparece em Roma
nos afrescos das catacumbas. A doutrina religiosa do livro anuncia um pouco do N.T. e o seu valor
literário é tal que o podemos comparar aos mais belos livros, não só de Israel como do mundo
inteiro.

O Livro de Judite
Este livro surge também segundo o gênero literário das narrativas edificantes. Baseia-se
num fato histórico e tem o nome da mulher que detêm o primeiro lugar na história exposta,
contando como Deus salvou a sua pátria e o seu povo penitente da ameaça estrangeira. O sentido
profundo do texto revela-nos a invencibilidade de Israel, quando este recorre a Deus num
espírito de Fé e de penitência.
O caráter histórico da narração é atestado, pelo menos no essencial, por detalhes
históricos e geográficos e por uma psicologia assaz justa. O problema reside em situar o
acontecimento no quadro da História mundial. A opinião mais credível aproxima-o da expedição
do Rei persa Artaxerxes III, mencionado por Diodoro de Sicília, logo, por volta do ano 350 a.C.
Por carência de testemunhos suficientes, pode-se pensar que o livro tenha sido composto
desde o início do século IV a.C. até ao fim do século III a.C., sobre a base de uma tradição
escrita ou oral.

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A língua original parece ser o hebreu ou o aramaico, mediante semitismo contido na
tradução grega. É necessário referir que, desde a exclusão do livro do cânone judaico-
palestiniano, perdeu-se o protótipo semítico. Mas disseminação de textos em grego foi
constante. Na Igreja dos primeiros séculos, o livro de Judite é freqüentemente citado: por
Clemente de Roma, por Orígenes, Tertuliano, Santo Atanásio, etc.

O Livro de Ester
Este livro está unido na Sagrada Escritura hebraica aos livros chamados de “Chetubim”,
ao passo que nos Setenta e na Vulgata está inserido nos livros históricos. Do ponto de vista
filológico, pertence aos livros histórico-didáticos ou às narrativas de história edificante. Este
livro faz parte também dos cinco Megilloth e lia-se durante a festa judaica “Purim”, da qual narra
a história.
Conta, com uma grande qualidade literária, como Deus, pela intervenção de Ester a judia,
mulher do Rei persa, salvou os judeus cativos na cilada do grande Vizir Aman e como, recordando
este fato, fora instituída a festa “Purim” (14 e 15 do mês de Adar).
O livro é reconhecido pelos cânones judaico e cristão. O assunto relatado é um fato bem
preciso da diáspora judaica na Pérsia. O seu caráter histórico é confirmado, não somente pela
intenção do escritor de narrar os fatos históricos, mas igualmente pela simplicidade, precisão e
verdade psicológica do que é exposto. Tudo isto é corroborado nos anais da Corte Persa (Es 2,
23; 6, 1; 10, 2). A correspondência do texto no que concerne aos palácios persas, com as
pesquisas efetuadas em Soussa por sábios franco-judeus em finais do século XIX e a existência
da festa “Purim”, confirmam o caráter histórico do livro.
Segundo a opinião mais verossímil, o livro fora escrito na Pérsia nos finais da dominação
persa, ou ao menos no princípio da dominação grega e muito provavelmente sobre a base dos
monumentos escritos em Mardoqueia.
A contestação suscitada na Igreja dos primeiros séculos por Meliton Bispo de Sardes,
Atanásio o Grande e Gregório de Nazianzo no que concerne ao caráter canônico do livro, está
relacionada com a dos Rabinos, que consideravam o seu valor religioso de pouca relevância. O
caráter religioso do livro foi posto em questão por Lutero, enquanto que Calvino e Zwinglio
evitam mencioná-lo. Karl Barth não o cita na sua Kirchliche Bibliche Dogmatik. Ainda que o
ensinamento deste livro seja menos importante do que os demais livros do A.T., não lhe falta
apesar de tudo valor religioso, sobretudo quando lemos à luz do Evangelho. Estabelecer um
paralelismo entre, por um lado, a saída do Egito sob a chefia de Moisés, a salvação dos judeus na
Pérsia graças à ação de Ester, a festa do “Purim” e, por outro lado, a festa da Páscoa, não seria
demasiado audacioso.

Os Livros dos Macabeus


Os três livros dos Macabeus não são completamente estranhos à história do livro de
Ester. Estes livros foram inseridos na Sagrada Escritura grega do A.T., enquanto que a Vulgata
se limita aos dois primeiros.
Os dois primeiros livros dos Macabeus relatam os combates da resistência levados a cabo,
com a benção de Deus, pela fração piedosa dos Judeus da Palestina, durante o século II antes de
Cristo, contra o desejo de exterminação do Rei Antíoco IV, denominado Epifânio.
A palavra “Macabeu” tem aqui uma dupla significação: designa a família do fervoroso
Sacerdote Matatias de Modin, da Judéia, que deu o sinal de insurreição, continuada depois pelo
seu filho mais novo, Judas. Este foi, pela primeira vez, chamado “Macabeu”, da palavra hebraica
“Maccaba”, martelo, porque ele era instrumento que esmagava os inimigos. O vocábulo “Macabeu”
designa ainda outros zelosos chefes desta santa insurreição. Deve-se acrescentar aqui que o

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propósito de Antíoco IV era o de helenizar a civilização e a religião judaicas, desenraizando, pela
violência, os costumes locais dos quais a Lei mosaica era a alma.
O primeiro livro dos Macabeus narra o levantamento dos piedosos judeus contra as
perseguições de Antíoco IV Epifânio. É o Sacerdote Matatias que o desencadeia; seu filho mais
novo continua a luta após a morte de seu pai; quando da morte de Judas, seus irmãos mais velhos,
Jonatan e Simão, sucedem-lhe.
Graças aos duros combates travados pelos chefes e pelos insurrectos judeus, fiéis à Lei
do país, de 175 a 135 a liberdade religiosa e política triunfa. O sentido desta insurreição era
duplo também como o grande perigo que corria então o judaísmo metropolitano. Estava assediado
pela ameaça de perder, não somente a sua especificidade religiosa confrontado com a civilização
helênica, que uma importante fração do povo via com bons olhos, mas igualmente a sua
consciência nacional estreitamente ligada à sua consciência religiosa. Uma interdição de observar
as prescrições litúrgicas da Lei mosaica, sob pena de morte, tinha sido promulgada dando início a
revolta.
O livro fora composto em hebreu, no fim do século II a.C., sobre o modelo da
historiografia antiga e sobretudo das Crônicas. O original perdeu-se e é duma tradução grega
que provêm as traduções latinas mais antigas.
O livro apresenta um grande interesse histórico, uma vez que descreve um período muito
crítico da história judaica, durante o qual o destino religioso e nacional do povo, e em
conseqüência o papel de Israel na economia da Salvação, foram expostos a um perigo real e
iminente. O livro põe além do mais em evidência uma questão de uma particular atualidade, ao
manifestar a importância da liberdade religiosa como um direito humano digno do martírio, e
denuncia os perigos que a religião corre quando há ingerência do poder político e dos interesses
dinásticos.
O segundo livro dos Macabeus constitui, não a continuação, mas sim uma história paralela
àquela do primeiro livro. Conduz-nos até à derrota do general grego Nikanor, pouco antes da
morte de Judas Macabeus, em 161 a.C.; a narração deste livro não cobre mais do que um período
de 15 anos. O objetivo do livro era o de realçar a importância do Templo de Jerusalém, os
combates pela Fé e as leis do país e, sobretudo, a intervenção admirável de Deus nos
acontecimentos históricos. O livro fora escrito em grego, num estilo abundante de retórica,
visando a edificação mais do que a história, ao passo que o primeiro livro é de cariz mais
histórico.
O segundo livro propõe-se do mesmo modo não fazer senão o resumo da história escrita
por Jason de Cycéne, em grego, no ano 161 a.C. Este “condensado” parece ser a obra dum judeu
de Alexandria, que o teria redigido entre os anos 120 e 70 antes de Cristo.
Inferior ao primeiro livro do ponto de vista historiográfico, é-lhe superior do ponto de
vista teológico: menciona, com efeito, a ressurreição dos mortos (2 Mc 7, 9; 11, 23), as orações
pelos mortos (2Mc 12, 43-45), a intercessão dos Santos. A descrição do martírio dos Sete
Irmãos e de sua Mãe é considerada pelos Padres da Igreja como um prelúdio e um símbolo do
martírio cristão: “As mulheres recuperaram os seus mortos pela ressurreição. Alguns deixaram-
se torturar, recusando a libertação, a fim de obterem uma melhor ressurreição ” (Heb 11, 35).
Se estes dois livros foram excluídos do cânone judaico da Palestina, pelo judaísmo da
Alexandria e principalmente por Fílon, foram postos em relevo e honrados em conformidade;
também a Igreja primitiva agiu desta forma, celebrando desde o século III a festa dos Sete
Irmãos. São Gregório de Nazianzo, São João Crisóstomo, Santo Ambrósio, o Bem-Aventurado
Agostinho e outros Padres da Igreja teceram grandes elogios aos Macabeus. Quanto a São João
Damasceno, não somente qualifica o segundo livro de “escritura sagrada”, mas ainda faz apelo a

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passagens desse mesmo livro para sustentar a sua tese “para os mortos”. A memória do martírio
dos Macabeus é celebrada na Igreja Romana a 2 de Maio e na Igreja Ortodoxa a 1 de Agosto.
O terceiro livro dos Macabeus: está entre os livros apócrifos do A.T. a Igreja Ortodoxa
conta também o livro impropriamente apelidado de terceiro livro dos Macabeus.
A vida do judaísmo de Alexandria que aí se encontra exposta é anterior ao período dos
Macabeus, uma vez que ela remonta a Ptolomeu IV Filopator (221-204 a.C.). Este Rei do Egito
para se vingar dos Judeus que não o haviam deixado entrar no Santo dos Santos do Templo, quis
obter a sua apostasia, sob pena de exterminação. O seu desejo foi, contudo, contrariado pela
intervenção miraculosa de Deus. O título de Macabeus não pode, pois ser devido senão ao lugar
deste no A.T. após os dois outros Macabeus, lugar que se explica pela semelhança do assunto.
Este livro não está compreendido no cânone da Igreja Católica Romana porque não era
conhecido no Ocidente, aliás como não era também no Oriente. Terá sido escrito por um judeu de
Alexandria no primeiro século antes de nossa era.

(...)

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