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DIREITO CIVIL I – Parte Geral
Nessa disciplina vemos os conceitos e institutos básicos de todo Direito Civil e de outros ramos Direitos.
Direito: conjunto de normas para ordenar a sociedade. O Direito se liga intimamente ao fenômenos social. O
homem, afinal é um ser que se agrega e vive em sociedade, relacionando-se com outros homens. Nesse
intercâmbio, conflitos aparecem. Como forma de ordenar esse caos, há no Direito a função ordenadora, de
ordenar(organizar) essa sociedade de modo a possibilitar a existência pacífica e harmônica de diversas
pessoas. O Direito é, portanto, um fenômeno cultural, é uma construção, e por isso sofre influêncais do
contexto histórico/momento e local, sendo portanto histórico e dinâmico(mutável).
Direito Público(parte do direito destinada a regulamentar as relações da coletividade, portanto ele disciplina
os interesses gerais da coletividade. Direito Privado(regula as relações jurídicas dos particulares entre si: o
cerne do Direito Privado é o Direito Civil). No Direito privado temos a prepoderância da autonomia da
vontade, havendo um campo mais livre para que a pessoa possa ser autônoma.
pessoas: sendo o Direito feito por pessoas e para pessoas, elas são o centro e o fim de todo o ordenamento
jurídico. São o primeiro pilar do Direito Civil.
bens: coisas/objetos que acabam sendo objetos das relações jurídicas entre as pessoas. Bens podem ser
materiais ou imateriais(direitos autorais, por exemplo).
Histórico do D. Civil
Quando colonizado por Portugal, vigorava no Brasil as Ordenações Filipinas. Em 1850, contratou-se Augusto
Teixeira de Freitas para que ele fizesse a Consolidação das Leis Civis. Ele não produziu leis, apenas
consolidou/sistematizou as já existentes. Não sendo ainda suficientes, depois de algumas tentativas, tivemos
o Código Civil de 1916, tendo sido esse projeto elaborado por Clóvis Bevilaqua.
Esse Código foi totalmente revogado e substituído por Miguel Reale em 2002. Apresentado no Congresso na
década de 70, foi aprovado em 2002. Ficou 30 anos tramitando no Congresso. Possuidor de 2046 artigos, tem
a tentativa de ser completo e sistemático. Ele é dividido em duas grandes partes: parte geral e parte especial.
A parte geral é dividida em 3 livros: das pessoas/dos bens/das ações
1. Introdução
● Essa Lei trata do Decreto Lei 4657 de 1942. Essa Lei ordinária não faz parte, na verdade, do
Código Civil. No seu texto, ela traz disposições relacionadas à aplicabilidade das normas em
nosso ordenamento jurídico. São aspectos gerais não só das normas do Direito Civil, mas do
Direito Brasileiro. Essa norma se relaciona não só ao ramo do Direito Privado(em que se
encontra o Direito Civil) mas também ao ramo do Direito Público.
● O primeiro ascpeto que essa lei trata é a respeito da vigência das leis. Para uma lei existir, ela
passa por um processo de elaboração. Se a lei, depois de votada no Congresso e aprovada
pelo Presidente da República, ela é promulgada pelo Presidente da Repúblicada. Após a
publicação, ela será publicada. A publicação é a forma oficial de declarar que a lei existe e é
válida, que começa a produzir efeitos e ter o seu prazo de vigência. Vigência, portanto, seria a
‘‘vida da lei’’, prazo dentro do qual a lei será eficaz e produzirá efeitos. O artigo 1º da Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro diz que ‘‘salvo disposição contrária, a lei começa a
vigorar em todo país 45 dias depois de oficialmente publicada’’. Esse prazo de 45 dias é o
que a gente chama de ‘‘vacatio legis’’, vacância da lei. Esse período de vacância seria um
período em que ela existe mas é parada, estática. Isso acontece para que exista um período
de adaptação para que a população se adeque ao que a lei determina. O Código Civil, por
exemplo, teve um prazo de vacância de UM ano devido a sua complexidade.
● Mas uma lei também perde a vigência. Uma lei pode trazer expressamente no seu texto o fim
da sua vigência (ex. Lei da Copa do Mundo: permissão da venda de bebidas alcóolicas em
estádio APENAS durante o período da Copa das Copas). Uma lei também perde a vigência
quando ocorre a sua revogação, ou seja, cessação da vigência de uma norma legal pelo
advento de uma nova lei. O artigo 2º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro diz
que a lei terá vigor até que outra a modifique ou a revogue. Há, portanto, revogação
expressa(a própria lei expressamente revoga outra(s) anterior) e tácita(a lei posterior revoga a
anterior quando seja com ela incompatível ou quando regule com ela matéria semelhante e
não há possibilidade de coexistência). A revogação, portanto, pode ser total(integralmente
revogada) ou parcial(revogação de parte dessa lei).
● Vedada a repristinação: ‘’salvo disposição contrária, a lei revogada não se restaura perdido a
lei revogadora a vigência’’. Repristinação seria voltar a ter vigência => fenômeno não
existente, SALVO DISPOSIÇÃO CONTRÁRIA. OBS desuso não revoga lei.
● Em algumas situações específicas, uma lei revogada pode continuar produzindo efeitos para
atingir uma situação que se consolidou antes de sua revogação.
1. Obrigatoriedade das normas
Artigo 3º: ninguém se exclusa de cumprir a lei alegando que não a conhece. Uma vez que a lei foi
PUBLICADA, há a ficção de que todas as pessoas estão a par de sua existência. Ninguém pode, portanto,
alegar seu desconhecimento para não cumrpi-la. Isso acontece para gerar segurança jurídica.
Não existe leis pra todos os fatos, dada a complexidade e o dinamismo da realidade, o poder Judiciário
precisa, no entanto, pacificar um caso e dar uma decisão. Como a inexistência de leis, o juiz recorre à
jurisprudência e às outras fontes do direito, chamada integração das normas. O artigo IV da Lei de
Introdução diz que, havendo lacunas das leis, devem-se buscar fontes do Direito como
1. Analogia: quando pega uma lei criada para determinada situação e a aplica em outra situação
semelhante para a qual não há disposição legal
2. Costumes: normas criadas socialmente. Práticas reiteradas de tal modo que se criou um
sentimento de obrigatoriedade por essa prática. Ex clássico: cheque pré datado.
1. Interpretação
‘’Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum’’ – O
juiz, portanto, não pode se ater aos interesses individuais colocados naquele caso. Ele olha também um
contexto global, da coletividade. Ex: direito de propriedade. Exerce-se seu direito pensando também no
contexto da coletividade. Extensas áreas totalmente improdutivas, por exemplo, podem ser desapropriadas.
O juiz tem que se ater para os fins SOCIAIS da norma.
( A lei em vigor terá efeito imediato e geral… ver texto integral). Em regra, a lei NÃO retroage: princípio da
irretroatividade. A lei não retroage, produz efeitos dali pra frente. Há, no entanto, exceções, como Direito
Penal, no qual uma lei pode retroagir para BENEFICIAR o réu. Mesmo retroagindo, ela não pode ofender 3
institutos:
● o ato jurídico perfeito (parágrafo 1º, artigo VI): ‘‘reputa-se ato jurídico perfeito o já
consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou’’. É, portanto, aquele que já se
consolidou. Já tá pronto/acabado/perfeito/consolidado e não pode mais ser atingido por uma
lei posterior.
● o direito adquirido ( parágrafo 2º, artigo VI) : é aquele que o titular já adquiriu e não pode
mais ser alterado. é um direito que já se incorporou e o efeito de uma lei
● coisa julgada (parágrafo 3º, artigo VI) : decisão judicial que não pode mais ser recorrida ou
alterada. Decisão que transitou em julgado é inalterável. A decisão da qual não cabe mais
recurso também não pode ser atingida por uma lei nova.
Não estudaremos os demais artigos pois fazem parte do Direito Internacional Privado, falando da eficácia das
leis no espaço e do princípio da territorialidade(lei federal é eficaz no Brasil, lei estadual é eficaz no estado
em que foi criado). O princípio da extraterritorialidade traz situações extremamente complexas.
Nosso primeiro objeto de estudo no Direito Civil é a pessoa. Aprenderemos um conceito elaborado/técnico
de pessoa. Sendo o centro e o fim de todo o ordenamento jurídico, é importante que a estudemos.
Na primeira concepção de pessoa, traçada por Boécio no século VI (per-sonare => máscara) temos a ideia de
que pessoa possui um papel de agente, de um ser capaz de ação e de um ser sujeito (e não objeto). Ela
possui, portanto, uma dimensão social. Boécio conclui que pessoa é ‘‘substância individual de natureza
racional’’: existir de maneira autônoma e capaz de agir.
No século XIII, Tomás de Aquino desenvolveu a ideia da pessoa humana análoga à pessoa divina, possuindo
três características: a) imanência (a pessoa se autopertence) ; b) transcendência (interação/exterioridade); c)
perseidade (que a distingue de um objeto).
Depois, no Iluminismo, século XVIII, alguns iluministas radicais como Condorcet, Cabanis, D’Holbach e La
Mettrie buscaram cortar as raízes metafísicas e, pautados em dissecações, descobriram que o corpo humano
é biológico e palpável, desenvolvendo a ideia de homem-máquina.
● poder se autodeterminar
● não é autossuficiência
Alteridade:
● interação
Dignidade:
● autorrealização em sociedade.
Ideia de dignidade
A ideia de dignidade está relacionada à ideia de valores: valores morais compartilhados socialmente e que
constituem a personalidade, que as pessoas merecem e devem ter. São valores considerados pela sociedade
como importantes/relevantes pra formação da própria pessoa.
O último ponto de pessoa seria o corpo, que sustenta a pessoa e é mutável, extremamente plástico.
Pessoa
1. Artigo Iº, CC: ‘‘toda pessoa é capaz de direitos e deveres no Código Civil’’. A partir disso, a
pessoa seria o ser que tem aptidão para ser sujeito de direitos e deveres, que é o que a
gente chama de personalidade. Seria, portanto, aptidão pra agir no cenário jurídico.
Pode-se enquadrar 2 tipos de pessoas: pessoa natural/física(seres-humanos, espécie homo sapiens) e pessoa
jurídica(construções/abstrações do Direito). Na Constituição, artigo 225, parágrafo primeiro inciso sétima,
estão vedadas práticas que submetem os animais à crueldade, mas isso não equivale dizer a que ele tenha o
direito à vida ou à integridade física. O animal, por fim, não é TITULAR de direitos, mas OBJETO de proteção.
1. Pessoa natural: todo ser humano é pessoa. Ser pessoa NÃO depende do estado de
consciência.
Artigo 2º: ‘’a personalidade civil da pessoa começa com a vida, mas a lei põe a salvo desde a concepção
direitos do nascituro’’. Nascimento com vida (Lei 6015/73): Lei de Registros Públicos. No artigo 53, parágrafo
2º, essa lei declara a respiração como critério da vida. A partir da RESPIRAÇÃO, portanto, temos
personalidade.
Natimorto
Nascituro= ser concebido, mas não nascido (ser no ventre da mãe). NASCITURO NÃO TEM DIREITOS
PATRIMONIAIS.
Teorias da personalidade:
● Lei de Alimentos Gravídicos (Lei 11.804/2008): essa lei confirme a possibilidade de que a
gestante pleiteie alimentos. Há diferenças teóricas: para quem é o alimento? Para a mãe, para
o nascituro ou para os dois.
● Células-tronco: Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005). Artigo 5º: permissão da pesquisa com
células tronco embrionárias. Assim que a Lei entrou em vigor foi proposta uma ADI, a ADI
3510
Portanto, resumo da aula: NASCITURO NÃO É PESSOA, EMBORA TENHA PROTEÇÃO, MAS HÁ DIVERGÊNCIA
QUANTO AO TIPO DE PROTEÇÃO(concepcionista, natalista e personalidade condicional). EMBORA POSSA TER
DIREITO À VIDA/SAÚDE/INTEGRIDADE(em certa análise) JAMAIS terá direitos patrimoniais.
O artigo 6º do Código Civil: ‘’a existência da pessoa natural termina com a morte…’’. O fim da pessoa é,
portanto, a morte. Conclui-se que a partir do nascimento, portanto, a criança adquiriu personalidade. O
código civil não traz o conceito de morte.
Um critério utilizado hoje é incluído na Lei de Transplantes ( Lei 9434/97 ) – artigo 3º ‘’a retirada pós mortem
de tecidos/órgãos ou partes do corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser
precedida de diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos…’’
Portanto, o critério adotado hoje pra se testar a morte de alguém é a morte encefálica.
A resolução 1480/97, editada pelo CFM(Conselho Federal de Medicina) traz a definição da morte encefálica,
que em linhas gerais é a parada total e irreversível de todas as funções do encéfalo.
● Anencefalia: má formação fetal em que o feto não tem encéfalo. O bebê – que nasce – não
tem capacidade de viver fora do útero, vivendo pouco tempo após a gestação. Com o discutir
dessa questão, o STF discutiu uma ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental).
A intenção era que o aborto de anencéfalos não fosse considerado como aborto (como no
Código Penal). Um forte argumento a favor da permissão desse ‘aborto’ seria a desenvoltura
psicológica da gestante: haveria um grande desgaste emocional imposto à mulher gestante.
Os ministros decidiram pela possibilidade de antecipação teraupêtica do parto. Sequer
enquadraram no crime de aborto pois foi entendido que esse feto seria um natimorto.
1. Morte Real
1. Morte Presumida
artigo 7º do Código Civil. (ler) – situação de risco// guerra
O artigo 7º exige pra sua configuração a situação de perigo. Não é o caso ‘‘saiu pra comprar pão e não voltou
mais’’.
1. Comoriência
(Duas ou mais pessoas que morrem na mesma ocasião). Em comoriência presume-se simultaneamente
mortos. (Quando não dá pra prevenir quem morreu antes/depois)
Critério que o Direito usa como fim da pessoa, a morte, e critério de morte é morte encefálica. Mas em
nenhum lugar tá escrito que a pessoa natural termina com a morte encefálica. Pode-se fazer uma analogia
com o critério pensado para o transplante de órgãos. (Colidência expressiva)
Capacidade e Incapacidade
Capacidade de direito (aptidão genérica pra ser titular de direitos e deveres na ordem civil) é diferente de
capacidade de fato(aptidão para exercer pessoalmente os atos da vida civil).
A incapacidade seria uma restrição legal ao exercício dos atos da vida civil imposta aos que não possuem o
pleno discernimento, necessitando de proteção. Incapacidade é, portanto, uma restrição, prevista em lei, ao
exercício dos atos da vida civil.A restrição acontece, dessa forma, à capacidade de fato. A finalidade do regime
de capacidades é sempre a PROTEÇÃO do incapaz. Sendo a restrição legal, ela decorre da lei, que estabelece
os casos em que a pessoa é incapaz.
A pessoa incapaz CONTINUA sendo pessoa, devendo ser possibilitado a ela a possibilidade de ter autonomia
na medida da pessoa. Deve-se preservar o espaço para que o incapaz seja ouvido na medida do grau de sua
capacidade de discernimento.
– menores de 16 anos – representados pelos pais (artigo 1634, inciso 5 / artigo 1690). Na falta deles, por um
tutor (artigo 1728 do CC)
1. Incapacidade Relativa
● Artigo 180, CC
2. Excepcionais
1. Cessa a incapacidade
A incapacidade cessa quando cessa o motivo que a motivou, o que obriga que o curador movimento o poder
judiciário para cancelar. Em virtude da idade, cessa com a maioridade (Artigo 5º do Código Civil — > cessa a
incapacidade quando cessa o motivo que a determinou
1. Emancipação
Parágrafo único do artigo 5º: ‘‘cessará para os menores a incapacidade’’. Muito embora seja menor, essa
incapacidade vai cessar antes dos 18 anos:
● a) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro mediante instrumento público
independentemente de decisão judicial. EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA . Todas as
emancipações são irrevogáveis, e os pais só podem revogar a partir dos 16 anos.
Direitos de personalidade
1.2 – Origem
A Constituição vai no mesmo sentido do Código Civil: em caso de violação aos direitos de personalidades
temos a hipótese de responsabilidade civil extracontratual. A responsabilidade civil extracontratual é a que
não deriva de um contrato. Ex de responsabilidade civil extracontratual: o que aconteceu com a Jennifer
Lawrence (hacker divulgou fotos íntimas dela). A partir disso nasce o direito da Jennifer Lawrence de
reparação. Se fosse no Brasil, exigir-se-ia que CESSE a violação ao direito (retirando a imagem pelo menos de
sites) e pleitear uma indenização tanto por danos morais e materiais. Danos morais são danos a uma esfera
psicológica/emocional: dor, sofrimento, angústia, raiva, vergonha.
● Artigo 11 do Código Civil: o exercício do direito de personalidade não pode ser limitado, nem
mesmo por vontade das partes. (Ex: BBB). –> parece mais dever que direito. No entanto,
pode-se renunciar ao exercício do seu direito durante determinado período de tempo.
● Personalíssimos e intransmissíveis: o direito de personalidade pertence À PESSOA. O direito
não pode ser transferido, mas sim o seu uso.
● Oponíveis erga omnes : posso opor o meu direito de personalidade a todas as pessoas .
Todos têm o dever de respeitar os meus direitos de personalidade. Por isso que a
responsabilidade é extracontratual: independente de contrato, se alguém violou, pode-se
punir a quem violou.
● Não são numerus clausus : Numerus clausus seriam ‘‘números fechados’’. Têm-se mais
direitos de personalidade do que apenas aqueles previstos por lei. Pode-se ter outros direitos
de personalidade de acordo com a cultura/costumes.
● Imprescritíveis : Imprescritível é o que não prescreve. O Direito coloca prazos para que se
exerça certos direitos. Situações não podem ficar em aberto por tempo indefinido. O Direito
de personalidade não prescreve. Já o direito de pedir indenização, esse prescreve.
● Extrapatrimoniais:
‘’ O exercício dos direitos de personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente
nem geral ‘’ – Tentaram ‘‘temperar’’ o artigo 11, dizendo que não dá pra dizer que não pode renunciar ao
exercício desse direito, desde que não seja permanente nem geral. Não se pode abolir da imagem, mas pode
renunciar por algum momento desse tipo de direito(dever). Os direitos de personalidade são, portanto,
disponíveis e renunciáveis. (Em concurso usa-se ‘‘indisponíveis e irrenunciáveis’’)
Rosenvald, Farias: ‘‘Mesmo que alguém manifeste, expressamente, sua vontade, não será possível ceder o
exercício de um direito de personalidade com afronta à dignidade’’ – Dignidade seria limite?
João Batista Villela: ‘’O Código Civil, em seu artigo 11, agrilhoou(prendeu) as pessoas naturais aos seus
direitos, ao invés de proteger a sua liberdade, e que isso parte de uma concepção estática da personalidade, o
que não pode se sustentar’’
Ascenção: ‘’A personalidade é um projeto, que o homem deve realizar em comunhão mas também em
autonomia. E, mais, todo direito da personalidade desemboca na garantia do desenvolvimento da
personalidade de cada um.’’
Stancioli: ‘’A participação ativa da pessoa na constituição, interpretação e aplicação dos direitos constitutivos
da personalidade é tão importante quanto à afirmação, sob a forma da lei, dos direitos da personalidade.’’
‘‘direitos subjetivos que põem em vigor, através de normas cogentes, valores constitutivos da pessoa
natural e que permitem a vivência de escolhas pessoais(autonomia), segundo a orientação do que significa
vida boa, para cada pessoa, em um dado contexto histórico-cultural e geográfico’’ (STANCIOLI)
Paulo Motta Pinto: decorre do próprio reconhecimento da dignidade da pessoa humana como valor no qual
se baseia o Estado o
1 – Integridade Física
● Art. 13 do Código Civil: é defeso, é proibido o ato de disposição do corpo quando importar
diminuição permanente da integridade física, ‘‘Não posso fazer o que quiser com meu corpo,
há limites: contrariar os bons costumes ou importar diminuição permanente da integridade
física’’. Ex: atletas mma/cirurgias plásticas/
Título XIII
‘‘Toda pessoa, de qualquer qualidade que seja, que pecado de sodomia por qualquer maneira cometer, seja
queimado, e feito por fogo em pó, para que nunca de seu corpo e supultura possa haver memória, e todos
os seus bens sejam confiscados para a Coroa do nosso Reino, posto que tenha descendentes; pelo mesmo
caso seus filhos e netos ficarão inábiles e infames, assim como os daqueles que cometeram o crime de Lesa
Majestade. E esta Lei queremos que também se entenda, e haja lugar nas mulheres que umas com as outras
cometem pecado contra a natureza[…].
Corpo na Atualidade:
● Lei 9434/97
● Artigo 14 do CC.
O artigo 14 do CC, ao afirmar a validade de disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou
altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida
prevalece sobre a vontade dos familiares; portanto, a aplicação do art 4º da Lei 9.434/1997 ficou restrita à
hipótese de silêncio do potencial doador.
__________
● Fila de Transplantes
● Artigo 15 do CC
● Consentimento Informado
● Testemunhas de Jeová
Artigo 1º: Definir diretivas antecipadas de vontade como o conjunto de desejos, prévia e expressamente
manifestados pelo paciente, sobre cuidados e tratamentos que quer, ou não, receber no momento em que
estiver incapacitado de expressar, livre e autonomamente, sua vontade.
● livin will(estamento vital) – documento no qual o paciente dispõe em vida acerca dos
tratamentos ou da recusa deste para quando estiver em estado de inconsciência;
● durable power of attorney for heatl care(poder duradouro do representante para cuidados
com a saúde) – documentos no qual, por meio de um mandato, se estabelece um
representante para decidir e tomar providências em relação ao paciente
Eutanásia = prática ativa de se interromper a vida de um paciente com doença em estado irreversível.
Distanásia = adiamento da morte por meio de medicamentos e aparelhos, em muitos casos provocando
sofrimento desnecessário.
Artigo 1º É permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do
doente em fase terminal, de enfermidade grave e incurável, respeitada a vontade da pessoa ou de seu
representante legal.
O segundo direito de personalidade é o nome, previsto no artigo 16 do Código Civil. O nome é um elemento
de identidade da pessoa, sendo uma parte integrante da personalidade.
● Oficial do registro civil não registrará nomes suscetíveis de expor a pessoa ao ridículo – Artigo
55, parágrafo único da Lei 6015/73.
3. ação de retificação de nome – Artigo 57, LRP (nome esdrúxulo; sobrenome do(a)
padrasto/madastra; transexual, etc.).
4. estrangeiro
1. Direito à Imagem
● Artigo 5º, V e X da CF e artigo 20 do CC
● Imagem: imagem-retrato
imagem atributo
Há uma proteção constitucional e civil à imagem. Imagem abrange 3 aspectos. A imagem-retrato pode ser
estática (foto) ou dinâmica(filme) –> divulgação de aspectos fisiológicos que permitem identificar a pessoa. A
voz humana caracteriza a imagem da pessoa também(Artigo xviiii,CF). A imagem atributo é a representação
social que a pessoa tem: a maneira como as pessoas enxergam esse indivíduo, a maneira pela qual a pessoa
passou a ser vista na sociedade.
Ex: – Amor Estranho Amor, 1982 – proteção à imagem como atributo. X Rainha dos baixinhos.
● Utilização da imagem de uma pessoa de maneira indevida, mesmo sem afronta à honra ou
ainda que não seja para fins comerciais, já impõe o dever de reparar. Artigo 20 CC (pacificado:
para ter a indenização basta a utilização da imagem de uma pessoa de maneira indevida).
● STJ: ‘’o retrato de uma pessoa não pode ser exposto ou reproduzido sem o consentimento
dela, em decorrência do direito à própria imagem’’
● Direito à imagem pode ser cedido a título gratuito ou oneroso, de maneira expressa ou tácita.
● Local público: interesse jornalístico pode tirar uma foto, por exemplo, com geral.
● Consentir em ser fotografado ou filmado não abrange o direito de publicação dessa imagem.
Ex: Fran
● Direito à imagem pode ser relativizado face ao interesse público. Ex: foragido da justiça.
Nenhum direito é absoluto.
‘’A situação do recorrido é especial, pois se trata de pessoa pública, por isso os critérios para caracterizar
violação da privacidade são distintos daqueles desenhados para uma pessoa cuja profissão não lhe expõe.
Assim, o direito de informar sobre a vida íntima de uma pessoa pública é mais amplo, o que, contudo, não
permite tolerar abusos.
No presente julgamento, o recorrido é artista conhecido e a sua imagem foi atingida pela simples publicação,
até porque a fotografia publicada retrata o recorrido, que é casado e em público beijava uma mulher que não
era sua cônjuge’’. (caso do Marcos Pasquim)
liberdade de imprensa x direito à imagem /\ : abusos serão coibidos
● Artigo 21, CC
● Privacidade e Intimidade
● Direito pode ceder face ao interesse público. Ex: quebra de sigilo bancário
O nosso ordenamento jurídico considera a privacidade como um valor essencial pro desenvolvimento do
direito de personalidade da pessoa. Em prol desse direito de privacidade, temos uma série de dispositivos
legais que, por exemplo, impedem a invasão de domicílio (ninguém pode entrar esse núcleo de privacidade
meu), ninguém pode violar a minha correspondência, ninguém pode ler minhas conversas sigilosas, ninguém
pode grampear minhas ligações.
A própria pessoa em alguns casos pode ABRIR a sua vida privada, até mesmo expondo fatos íntimos. Ex: Xuxa
abriu sua intimidade pro Fantástico por decisão dela.
Esse direito pode ceder face ao interesse público. Ex: quebra de sigilo bancário. Entende-se que existe o
direito a subsistência e uma vida digna de acordo com o patrimônio do pai. Tem se autorizado essa ingerência
na vida privada desse pai em prol da defesa do interesse de um incapaz. Ex: interesse público em invadir a
privacidade de alguém em prol de alguma investigação de um crime após decisão judicial.
Celebridades: aplica-se aqui tudo o que foi comentado sobre o direito a imagem. Deve-se fazer uma
ponderação entre liberdade de imprensa e direito à privacidade. Quando a pessoa tem uma imagem de
dimensão pública, os parâmetros são diferentes, devendo haver um tolerância maior, mas ainda assim elas
tem uma esfera sobre a qual não se pode ultrapassar.
Questão polêmica: veio à tona quando o Fantástico quando começou a focalizar pessoas e fazer uma leitura
labial de suas conversas em Estádios de Futebol. Há possibilidade sim de se defender uma esfera de
privacidade ainda que em local público. Fazer uma leitura labial pode sim ser configurado como uma invasão
ao direito de privacidade.
● Projetos de Lei:
Artigo 20
Parágrafo 2º: A mera ausência de autorização não impede a divulgação de imagens, escritos e informações
com finalidade biográfica de pessoa cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública
ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade.’’
1. Honra
O último direito de personalidade é o direito à honra. Honra seria prestígio social, bom nome, boa fama,
networking. A honra subjetiva seria a visão que você tem de si mesmo, sua estima pessoal. A honra objetiva,
por sua vez, seria a sua reputação perante a sociedade: o que as pessoas pensam a seu respeito, seu bom
nome e boa fama perante a sociedade. A violação de qualquer uma delas já enseja o direito à reparação.
A honra é um valor tido como muito relevante do nosso ordenamento jurídico e que merece muita proteção.
Ex: Sílvia sempre pagou suas contas. VIVO erra e coloca no sistema que ela não pagou e colocou seu nome no
SPC/SERASA como mal pagadora. Depois, ao tentar comprar uma televisão nas casas bahia, a Sílvia não pode
fazê-lo. Ali foi colocada em cheque o seu bom nome, a sua boa fama. Se isso acontece já tem jurisprudência
totalmente pacificada de que isso gera dano moral e a retirada do nome do indivíduo nesse tipo de cadastro.
As violações ao direito à honra (quanto aos direitos de personalidade) geram tanto indenização +
compensação não pecuniária do dano à honra.
Existem outros dispositivos que protegem à honra, no próprio Direito Penal há os crimes de
difamação/calúnia/injúria. Quem faz isso pode responder não só no campo civil como também no campo civil.
No próprio Direito Civil há dispositivos que protegem a honra, ex 953 e 557.
A mera divulgação de um fato acontecido (ex: alguém é acusado de ter feito algo) não configura lesão à
honra. No entanto, de acordo com a abordagem pode sim se configurar.
(FIM DA MATÉRIA)
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Ausência
Essa ausência também demanda um procedimento longo e bem detalhado, disciplinado pelo Código de
Processo Civil. Pode-se dividir esse processo de ausência em 3 fases:
1º fase: curatela dos bens dos ausentes. (Se o juiz acreditar que a pessoa realmente está desaparecida, o juiz
nomeará um curador para administrar os bens do desaparecido! Nesse período se tenta localizar o
desaparecido)
Se o ausente reaperece nessa primeira fase o curador perde o poder de curador e pronto, o caso se encerra.
2º fase(após 1 ano): fase da sucessão provisória (Artigo 26): juiz chama os herdeiros dos desaparecidos e
começa a fazer a partilha dos bens, mas de forma provisória (sabendo que se a pessoa voltar elas tem a
obrigação de fazer com que os bens retornem à pessoa => série de fatores limitadores para garantir segurança
jurídica tendo em vista a possibilidade da volta do ausente)
3ª fase(após 10anos da sucessão provisória): sucessão definitiva (Art 37), artigo 38. Os herdeiros
efetivamente herdam os bens do desaparecido.
Artigo 39: se ele aparece 10 anos depois da sucessão definitiva, ele vai ter direito aos bens no estado em que
se encontram. Ou então bens sobre rogado(ex: com o dinheiro da casa do ausente comprou-se o
apartamento, esse apartamento seria um bem rogado).
Uma crítica feita ao Instituto da Ausência é que ele se pensou apenas para disciplinar os bens do ausente,
esquecendo-se de valores e da importância do ausente.
1. Introdução: comentamos que toda pessoa natural/humana para alguns mesmo antes do
nascimento é pessoa e dotado do direito de aptidão de direitos e deveres. Possuindo
personalidade, capacidade de direito. Nem só as pessoas humanas, no entanto, podem ser
sujeitos de direitos e deveres. Existem outros entes aos quais o ordenamento jurídico atribui a
personalidade jurídica, dizendo serem eles pessoas.São criações técnicas do Direito aos quais
o ordenamento atribui personalidade e passarão a integrar o diálogo jurídico. Poderão,
portanto, serem titulares de direitos e até mesmo infratores. Ex: FIAT adquire direito de
obtenção das peças pela ETRA que adquire o direito de receber por isso.
As pessoas jurídicas se tornam mais relevantes devido à complexidade da vida em sociedade. Passa-se a
perceber que a pessoa sozinha em muitos casos não consegue atingir alguns objetivos. A pessoa jurídica surge
pra viabilizar a ordem dentro desse mundo cada vez mais complexo e dinâmico.
Vai haver a manifestação da vontade de uma ou várias pessoas naturais de criar determinada entidade com o
objetivo de realizar um determinado fim específico, e após essa criação há a personificação
jurídica(reconhecimento desse ente como sujeito de direitos e deveres).
Desde agora deve-se ter a ideia de SEPARAÇÃO. A ‘‘grande sacada’’ da pessoa jurídica é a ideia de separação.
Ao falar em pessoa jurídica fala-se de um ente que tem personalidade jurídica SEPARADA da personalidade de
seus membros/criadores/instituidores. Portanto, a personalidade jurídica do ente é destacada da
personalidade da pessoa natural.
Uma vez criada, a pessoa jurídica pode participar das atividades jurídicas, podendo celebrar contratos, emitir
cheques, etc. No entanto, ela não poderá ter TODOS os direitos da pessoa natural: há direitos próprios à
pessoa humana. A personalidade jurídica é pensada inicialmente às questões patrimoniais. A pessoa jurídica,
obviamente, por exemplo, não possui direito de família.
● Artigo 52 do Código Civil e Súmula 227 do STJ. Ex: danos morais (imagem da empresa
prejudicada por algum motivo).
1. Objetivos
2. Continuidade. Ao se pensar na ideia de separação, isso significa dizer que a pessoa jurídica
não precisa coexistir com a existência das pessoas físicas que criaram-na.
● patrimônio próprio
Artigo 40 CC.
Tem-se pessoas jurídicas de
b)Direito Privado
Pra haver pessoa jurídica deve ter manifestação da vontade (1 ou mais pessoas naturais), objetivando criar
uma pessoa jurídica para fins lícitos e para tal há uma série de formalidades, de modo que poder-se-ia colocar
2º fases pra criação de uma pessoa jurídica
1º fase: manifestação da vontade (ou das vontades convergentes) e a redação dos atos
constitutivos(documento no qual se coloca tudo o que é necessário pra criação/gestão/organização da pessoa
jurídica a ser criada: há aqui uma liberdade de estipulação, muito embora existam requisitos mínimos
pré-estabelecidos para essa redação)
2º fase: levar os atos constitutivos a REGISTRO. Isso é essencial à formação da pessoa jurídica, pois o registro
é constitutivo, e é a partir dele que será criada a pessoa jurídica. Todas elas precisam de serem registradas, e é
a partir dele que haverá o início da pessoa jurídica. É o registro que constitui a pessoa jurídica. Artigo 45. –
Art 986/ 990 (existência de limitação PARA A LIMITAÇÃO DE RESPONSABILIDADES).
Pessoa Jurídica
Recapitulando: No momento em que há o registro há a atribuição da pessoa jurídica, a qual vai poder adquirir
direitos e contrair obrigações. Essa pessoa jurídica, por ter PERSONALIDADE vai ter capacidade de direito
(Aptidão pra ser sujeita de direitos e deveres) mas não tem capacidade de fato(não consegue, sozinha,
manifestar sua vontade/intenção). A pessoa jurídica age no cenário jurídico VIA representantes.
2 momentos:
⇢ momento em que alguém atua pelo nome da pessoa jurídica: os atos constitutivos dizem QUEM
delibera/representa a pessoa jurídica.
1. Responsabilidade
-Artigo, 47 CC
Quando um representante pratica um determinado ato representando a pessoa jurídica, a pessoa jurídica SE
OBRIGA por esse compromisso assumida pelo representante em seu nome e seu interesse (artigo 47 do CC).
Esse artigo diz que os administradores/representantes AGEM em nome da pessoa jurídica e tudo o que por
eles for celebrado OBRIGAM à PESSOA JURÍDICA, e não a eles. Portanto, quem responde pelos compromissos
assumidos pelos administradores da pessoa jurídica é a própria pessoa jurídica.
A princípio, a doutrina dizia que não, já que, afinal de contas, quem comete os crimes é a pessoa física. No
entanto, a questão divide opiniões e a Constituição Federal trouxe uma inovação no sentido de permitir a
responsabilização de pessoas jurídicas no âmbito penal especialmente em questões ambientais. (Artigo 225,
parágrafo 3, CF). Penas pra pessoa jurídica: multa, prestação de serviços à comunidade, interdição das
atividades durante certo período de tempo. Dependendo do caso a pessoa física poderia ser penalizada junto
com a pessoa jurídica.
(Vimos a regra geral: a separação entre pessoa física e pessoa jurídica. Isso começou a ser utilizado para a
prática de atos fraudulentos, com nítido intuito de causar prejuízos a terceiros de boa fé, sobretudo credores,
sabendo que seus bens pessoais não seriam atingidos) Para evitar condutas fraudulentas/ de má fé a
jurisprudência começou a pensar mecanismos pra se evitar essas condutas. Portanto, a ideia da
desconsideração da personalidade jurídica é a ideia da desconsideração do princípio da separação, de modo
que o credor pode buscar diretamente no patrimônio dos sócios os bens suficientes pra satisfazer seu
crédito.
Metáfora da desconsideração: ‘’é como se se levantasse o véu da pessoa jurídica, viabilizando o alcance aos
bens pessoais dos sócios’’
Detalhes importantes quanto à desconsideração: desconsideração da personalidade jurídica NÃO tem como
requisito a falência(mais dívidas que patrimônio). Da mesma maneira, a falência por si só não autoriza a
desconsideração da personalidade jurídica. (ex de maus gestores, porém que agem de boa fé). Portanto,
nem todo processo de falência vai ter como consequência a desconsideração.
Dessa forma, a desconsideração não leva à DESCONSTITUIÇÃO da pessoa jurídica, muito embora a falência o
faça. Até agora vimos a desconsideração prevista no CÓDIGO CIVIL, mas há hipóteses de desconsideração de
pessoa jurídica em outras leis(ex: CDC – pagina 567, artigo 28)
O artigo 44 do Código Civil estabelece o rol dessas pessoas. Veremos algumas características principais:
1. Sociedade: artigo 981 do CC. Tem fins lucrativos e, mais do que isso, partilhará os lucros
obtidos no fim do exercício social.
EIRELI é uma pessoa jurídica com personalidade própria diferente da pessoa que a constitui, mas é
unipessoal, mesmo não possuindo sócios. É uma conquista recente (2011). Encontrar um sócio era complexo
e isso veio para desburocratizar essa questão. (980A do CC)
Na aula passada estudamos os tipos de pessoa jurídica de Direito Privado, e vimos a sociedade e a EIRELI.
Microempreendedor individual NÃO É pessoa jurídica, muito embora tenha CNPJ. É pessoa física que tem um
regime jurídico/tributário diferenciado.
c)Associações
artigo 53. A grande diferença das associações para as sociedades é que as associações NÃO TEM fins
econômicos. Elas não buscam lucros. Elas podem eventualmente ter o aumento de patrimônio: ex –> Clube,
cobra dos seus associados uma certa mensalidade, muito embora a finalidade não seja ter lucro e seja
proporcionar um bom agrado aos associados. Verificando no fim do mês que entrou mais do que saiu, tendo
sobrado dinheiro em caixa, tudo bem. O que não pode acontecer é a divisão desses lucros com os associados.
Assim, não há divisão de lucros. O ‘‘lucro’’ deverá ser reinvestido dentro da própria associação. As
associações podem ter aumento de patrimônio, portanto, e não podem dividir o patrimônio.
orfanatos
finalidade estudantil
comissão de formatura
Essa associação deverá ser regida por um estatuto, que disciplina os assuntos relevantes a essa associação.
Artigo 54. Entra a autonomia da vontade dos associandos de regulamentar o estatuto, a lei apenas traz aquilo
que deverá obrigatoriamente conter.
Artigo 56: a qualidade de associado, em regra, é intransmissível. Como não tem com fins o lucro, por isso a
qualidade de associado é, em regra, intransmissível. Ex: academia brasileira de letras. (parágrafo único) O
herdeiro até pode herdar o valor da cota, mas isso não atribui a ele, de automático, a qualidade de associado.
Artigo 55: em regra todos os associados são iguais, mas pode haver categorias diferentes. Um clube pode
colocar a qualidade de associado e de associado proprietário. É possível, portanto, estabelecer categorias de
associados.
Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais: os direitos fundamentais, a princípio, foram pensados pra valer
na relação cidadão/Estado, tanto é que a primeira geração foi pensada de acordo com o contexto de um
Estado Liberal (liberdade/propriedade). Assim, afasta-se o Estado e defende-o de ingerência. Aí tem-se uma
eficácia vertical. NO ENTANTO, os direitos fundamentais se aplicam e devem ser aplicados nas relações
entre particulares. O Estatuto de uma associação é também fonte de Direitos, não podendo se sobrepor à
Constituição Federal. A finalidade da associação passa pelo controle de constitucionalidade. Como local de
DISCUSSÃO, ela pode por exemplo discorrer acerca da possibilidade de ‘’só haver voto para pessoas com
curso superior completo’’.
1. Fundações
A grande diferença entre uma associação e uma fundação é que a associação é uma reunião de pessoas para
realização de uma finalidade específica. Na fundação, a característica principal é a dotação de um conjunto de
patrimônio ao qual atribuir-se-á personalidade jurídica. A fundação não se trata de reunião de pessoas, e sim
da atribuição de personalidade jurídica a um patrimônio.
Processo de criação:
2. redação dos Estatutos (o próprio instituidor pode elaborar o Estatuto, mas também pode
indicar alguém que vai fazê-lo. Se ele não o faz, o Ministério Público realizará essa função.)
Há um interesse público de que ela seja constituída e funcione, por isso é que o Ministério
Público, na ausência de outra pessoa.
Fundação também não visa lucro e não pode dividir lucros entre seus administradores/diretores. Além de não
poder ter fins lucrativos, a própria lei coloca pra quais finalidades se pode criar uma fundação. (Artigo 62 –
parágrafo único). No entanto, a interpretação desse parágrafo é mais extensiva.
Pessoas naturais são sujeitas de direitos e tem aptidão pra agir no cenário jurídica. As pessoas jurídicas
também o são. Nem só pessoa natural e pessoa jurídica podem ser sujeitos de direitos: há entes que não são
pessoas jurídicas que podem ser sujeitos de alguns direitos.
não são pessoas jurídicas, mas podem ser titulares de algumas relações jurídicas. Ex: tem capacidade
processual, seja como autor ou réu de um processo; podem firmar contratos; podem ser contribuintes.
Exercem, portanto, atividades típicas de sujeitos de direito. O ordenamento jurídico NÃO elenca esses entes
como pessoas jurídicas Ex:
1. Condomínio Edilício. O condomínio é representado pelo síndico, tem CNPJ, abre conta no
banco em nome do condomínio, contrata empregado. Ele NÃO É pessoa jurídica, muito
embora participe de uma série de atividades jurídicas.
3. Massa falida: é o espólio pra pessoa jurídica. Acerva de bens do falido após a sentença
declaratória de falência. À semelhança do espólio, há alguém – nomeado por juiz – que
representará a massa falida. Apura-se os créditos/débitos até que se pague o que se consegue
pagar e dê o calote nos demais.
4. Herança jacente ou vacante: pessoa falece com bens mas não se tem conhecimento de
nenhum herdeiro nem fez testamento, seus bens vão pro Estado. Só que isso não vai de
imediato. Nesse período, esse grupo de bens é chamado de herança jacente ou vacante.
Durante esse período, um curador é nomeado para administrar esse bem.
Essas situações não nascem de uma VONTADE, mas sim de uma NECESSIDADE prática de que esses entes
sejam titulares de alguns direitos/deveres.
Bens
1. Introdução
● filosófico: ‘‘tudo quanto satisfaz os nossos desejos’’. Ex: Comida; Carro; Saúde; Casa; Roupa;
Viagem; Livros; Felicidade; Amor; Integridade Física; Amor… TUDO.
Sob o ponto de vista jurídico, no entanto, temos definição um pouco mais estreita de bens
Ainda dentro dessa distinção, os autores distinguem Bem x Coisa. Bem seria gênero(utilidade que seria objeto
de direito subjetivo) e coisa seria espécie de bem que corresponde aos bens corpóreos ou materiais,
suscetíveis de valoração econômica. Dentro da espécie coisa, então, só entrariam, portanto, alguns bens
específicos.(Ex: pincel). => Carlos Alberto fala o contrário. (adotar posição do laptop. Há divergência entre os
autores).
A matéria relativa aos bens é tratada a partir do Código Civil a partir da classificação desses bens. No caso dos
bens, a classificação é de suma importância porque dependendo de sua categoria o tratamento jurídico dado
é diferente. As normas aplicadas serão diferentes. Essas classificações serão relevantes.
A1) Imóveis Artigo 79 CC Ex árvore, raiz, lago, casa, apartamento, curral, cerca. São aqueles que não podem
ser transportados. (artigo 80: ignorar –> faltam buracos para entendê-los). Artigo 81
A2) Móveis Artigo 82: Podem ser transportados sem alteração do seu valor/etc. Semoventes=animais.
Animais são bens móveis.
B1) Fungíveis: Artigo 85: são aqueles que podem ser substituídos. Ex: dinheiro.
B2) Infúngíveis
Bens
Na aula passada começamos o estudo dos bens, vimos o conceito e vimos as classificações dos bens
considerados em si mesmos. Agora começamos o segundo grande grupo de classificações.
F3) Pertenças (Artigo 93): são bens que não são acessórios! São bens usados para melhorar o uso do bem
principal que não perdem a sua individualidade. Há uma relação da pertença com o bem principal mas não há
uma relação de subordinação. Ele conserva a sua individualidade. (Ex tb: quadro na parede). Artigo 94: no
contrato, não é preciso que se coloque expressamente que o quadro, a mesa, a cadeira, a geladeira e a cama
não estão incluídos no contrato, porque a regra é que eles não estão incluídos no contrato MESMO!
(armário embutido: tende a ser acessório mas pode ser argumentado como pertença
1. Frutos: utilidade que o bem produz com determinada periodicidade sem que isso diminua a
substância da coisa. Ex:
artigo 95. (a princípio o fruto pregado na árvore é acessório mas as partes podem, por exemplo, estabelecer
um tipo especial de acordo, e a partir do momento em que o fruto é retirado ele se torna um bem principal).
G1) Produtos: Utilidade que, retirada da coisa principal, acarreta a diminuição da sua substância ou essência.
Ex: mineração.
H1) Benfeitorias: são obras, reformas, melhorias. São obras que se realiza em determinada coisa para sua
conservação, melhoramento ou embelezamento.
benfeitoria voluptuárias: desnecessário. Não é algo necessário. Fins de deleite. ‘‘Tornar mais agradável’’.
Em alguns casos essa diferença pode ser sutil. => ao analisar casos nesse sentido, lembrar-se da finalidade do
bem(em geral, imóvel) no qual se faz a obra!
H2) Acessões: construo algo inteiramente novo. Lote vago: constroi-se um prédio. Este prédio não é
benfeitora, e sim acessão. Plantação é acessão.
1. Introdução
1. Fato
Fato é todo acontecimento, no espaço ou no tempo que provoca uma mudança, seja ela objetiva ou
subjetiva.
Há fatos perante os quais o Direito não reage, mas fatos jurídicos, fatos que provocam determinada reação
no ordenamento jurídico, tratando-se estes de fenômenos que provocam reação no ordenamento jurídico. .
1. Fatos jurídicos
Nosso Direito Civil vem em grande civil do Direito Português, afinal. A Teoria Geral, portanto, é a mesma.
Esse autor diz para que se possa saber que um fato é jurídico ou não parte-se de uma perspectiva
hermenêutica: o Direito olha pra realidade e pensa alguns para os quais se atribui consequência jurídica.
Deve-se olhar para o fato e para a norma. Ele fala que essa perspectiva é circula, pois parte-se do fato a partir
da norma e depois da norma a partir do fato, DENTRO DO ORDENAMENTO: o ordenamento reage a partir
dessa fato? há alguma consequência jurídica a partir desse fato?
fatos jurídicos: não voluntários –> strictu sensus (sem participação da vontade: é relevante ao Direito mas não
contou com participação humana. Ex: fenômeno natural) – Artigo 1250, CC, Artigo 1284 CC
1. Ato jurídico
● gradação da vontade
1. Ato-fato
DIREITO CIVIL I
Domicílio
1. Conceito 70, CC
2. Requisitos (objetividade/subjetividade)
4. Domicílio Aparente
5. Classificação: PN x PJ
6. Espécies
domicílio convencional
‘’ necessário 76 E 77 CC
1. Domicílio P5
3. Domicílio na LINQB
o domicílio é o local em que a pessoa natural estabelece sua residência com ânimo definitivo. É a sede da
pessoa. É, portanto, onde contrai-se obrigações e onde se terá direitos.
Se a pessoa tiver mais de uma residência, qualquer uma delas será considerada DOMICÍLIO.
Domicílio(onde se estabelece com ânimo DEFINITIVO: vontade de estar naquele lugar, bem como há a
definitividade) > Residência(faz parte do conceito de domicílio. A diferença entre eles é que na residência se
está habitualmente, mas não se objetiva ali MORAR.: habitualidade) > Morada (esporádica, como motel).
Residência: se alguém for de fora de BH e ter mudado pra BH pra estudar e a mãe ter ficado na cidade, a
pessoa veio pra BH e a família continuou morando em JF. A pessoa tem a casa em BH mas o domicílio dela
permanece em JF.
1. Domicílio Aparente : ‘’ficção legal’’ que ajuda a definir o ‘‘domicílio’’ de pessoas que não
possuem domicílio certo. Pela teoria do domicílio aparente, a pessoa que não tem domicílio
certo, o domicílio dela será onde ela será encontrada. Artigo 73.
5) Pessoa jurídica não tem domícilio como a pessoa natural. O domicílio da pessoa jurídica é a sede da pessoa,
que é estabelecida no contrato social ou no Estatuto. Powerpoint. Do mesmo jeito da pessoa natural, a
pessoa jurídica possui domicílio. A pessoa jurídica possui um domicílio, muito embora trate-se de ato
contratual.
1. Espécies
2. especial 78, cc e 111 cpc -> especial ‘‘elege o foro de’’ : por alguma razão defiro o domicílio
diferente daquele que era determinado a princípio. fala que nos contratos poderão os
contratantes… já o 111 do cpc diz que muito embora havendo a competência territorial,
havendo o estabelecimento disso no contrato, não se pode contrariar isso.
3. necessário: ‘’ inês mais meu pai saíram ‘’ INMMPS incapaz militar marítimo preso servidor
NÃO IMPORTA onde tenham vontade de viver, estão condicionados por lei. Militar/servidor
por exemplo, lotado em Minas, é domiciliado EM MINAS. Marítimos são pessoas que
trabalham na marinha mercante. O incapaz(absoluta ou relativamente incapaz) terá domicílio
no lugar onde morar seu representante legal. Enquanto for menor. No necessário pode-se
falar também do agente diplomático: o diplomata deve mudar de tempos em tempos de país
Domicílio na LINDB: Estatuto pessoal –> domicílio. Para o Brasil hoje não interessa a idade, e sim o domicílio.
(Artigo 7º)!
Títulos e Notas
Registro de Imóveis
Títulos
Negócio Jurídico
1. Conceito
‘‘Atos de autonomia privada 1, que põem em vigor uma regulamentação jurídica para seus autores 2 , com
o conteúdo que eles quiserem 3, nos limites da autonomia privada 4’’. (Pedro Pais de Vasconcelos)
Do fato ao negócio jurídico. Vimos que o fato pode ter repercussão no plano do Direito ou não.
1 Negócio jurídico é uma ação que provoca uma mudança. (Quem pode praticar atos são os sujeitos de
direitos: pessoa física/pessoa jurídica/entes despersonalizados). O negócio jurídico é um instrumento por
excelência da autonomia privada. Ex de negócio jurídico: casamento –> autonomia privada, muito embora
existam algumas imposições legais/limites.
2 Os negócios jurídicos criam normas entrem as partes que os celebram. Dentro da sua autonomia privada, o
que uma pessoa combina com a outra é algo que parte de sua vontade, manifestando-se de sua vontade.
Existe a chamada obrigatoriedade. As normas criadas no meio de um negócio jurídico se tornam obrigatórias.
‘‘pacta sunt servanda’’. É um ato de autonomia privada que põe em vigor esse caráter vinculatório que
obriga as partes envolvidas
3 Desde que não se viole nenhuma lei, as partes têm liberdade e autonomia para criar um contrato específico
para aquela situação. Há uma liberdade para se decidir acerca daquele conteúdo.
4 Não há autonomia plena, não há autonomia ilimitada. A autonomia sofre limitações. A própria lei é a maior
limitadora da autonomia. Ex: precisa-se de um rim e necessita-se comprar um rim? Pode-se fazê-lo? Não!
Existe uma lei que limita a autonomia do homem.
3) /\
4) /\
Alguns autores se referem a isso como ‘‘escada de miranda’’. Avança-se nesses degraus na escada:
1º plano: existência:
plano do ser –> para analisar o negócio jurídico, ele deve, em primeiro lugar, existir. O negócio jurídico,
portanto, deve existir. Para se comprovar a existência do negócio jurídico, deve-se haver um agente que
exteriorizará uma determinada vontade. (o mero desejo não basta).
Ex: quero comprar um pão de queijo NÃO OK x quero comprar um pão de queijo e vou lá na cantina e compro
o pão de queijo OK
2º plano: validade
significa conformidade com o ordenamento. O negócio jurídico pode existir mas não ser válido. Para ser
válido, o negócio jurídico não pode violar nenhuma norma/lei ou regra específica.
3º plano: eficácia
esse plano lida com a capacidade de produzir efeitos. Se o negócio jurídico existe e é válidos, em regra ele
está apto a produzir os efeitos que foram desejados e queridos pelas partes. Há institutos que mexem no
plano da eficácia. Há situações que por vontade das partes, por elementos acidentais não produzirão efeitos
(Vitória vou te doar uma casa se a Dilma for eleita Presidenta… pendência do resultado da eleição, elemento
que trabalha no plano da eficácia) Ex: TESTAMENTO (existe, é válido e só produzirá efeitos com a morte do
testador).
1. Requisitos de Validade
I – agente capaz: para que um negócio jurídico seja válido ele precisa ter um agente capaz. (capacidade de
fato). O agente deve ser plenamente capaz de fato: capacidade de realizar por si mesmo os atos da vida civil
(não pode se enquadrar nos artigos 3º/4º do CC)
autor x agente => autor é aquele que está no polo da relação jurídica e que sofrerá os efeitos/consequências
do negócio jurídico. O agente, por sua vez é aquele age/atua DIRETAMENTE no negócio jurídico.
Agente precisa ter capacidade de fato. Já o autor NÃO. O autor precisa apenas ter capacidade de DIREITO. O
autor não pode ser cadeira/cachorro/casa. O autor precisa ser apenas sujeito de direito.
Isso também acontece na pessoa jurídica. A pessoa jurídica age por meio de um proprietário/administrador. O
autor é a pessoa jurídica/socieidade, os agentes são os sócios.
Quando o código fala em AGENTE capaz ele quer olhar a capacidade de quem age diretamente no negócio
jurídico.
Ex: filho menor incapaz ou relativamente comprar algo na cantina do colégio –> NEGÓCIO NULO.
objeto imediato: ação(dar, fazer, não fazer, algo envolvido no negócio jurídico)
Ex: ‘‘vou alugar um galpão’’ : contrato de locação tem como objeto imediato a ação e como objeto mediato o
galpão.
maconha –> lícita ou ílicita? Não se pode fazer essa análise. Ilícita é sua produção/tráfego.
Rim –> Lícito ou ilícito ? Não se pode fazer essa análise. Ilícito é sua compra/venda.
objeto lícito –> objeto permitido por lei. (Há autores que colocam a imoralidade como ilicitude. A moralidade
se equivaleria a bons costumes)
III – A validade do negócio jurídico requer forma prescrita ou não defesa(não proibida) em lei –> pro negócio
jurídico ser válido ele precisa obedecer a forma que a lei impõem e prescreve.
1. forma: 1a acepção: maneira pela qual a vontade se exterioriza, maneira pela qual se manifesta
a vontade.
2a acepção: forma que a lei impõem. Em alguns casos a lei exige a observância de uma forma específica à qual
deve ser obedecida. Regra geral, os negócios jurídicos são informais. (107 do CC: regra geral, os negócios
jurídicos são informais: você pode fazer o negócio jurídico da forma como você quiser –> verbal, num
papelzinho, etc, fica a cargo da autonomia privada escolher a forma como se celebrará o negócio jurídico).
Ex: artigo 108–> escritura pública. Qualquer compra e venda de imóveis deve ser feita por escritura
pública(documento que se fazem perante o tabelião no cartório de notas)! direitos reais: propriedades
Ex: artigo 819–> fiança (A fiança dar-se-á por escrito e não admite interpretação extensiva).
Ex: casamento
Ex: testamento
forma ad probationem: não é da substância do ato, mas serve para fins probratórios.
A forma não é essencial ao ato, mas é interessante para fins de facilitar a geração de provas num eventual
caso jurídico no futuro.
1º Unilaterais e Bilaterais)
Ex: marido e mulher que juntam economia e decidem comprar imóvel e celembram contrato de compra e
venda com MRV. Muito embora haja 2 pessoas, os dois estão no mesmo POLO da relação jurídica, formando
um único centro de interesse(comprar um imóvel), emitindo assim uma declaração de vontade no mesmo
sentido, compondo a mesma parte. Do lado de lá há outro pólo, a vendedora, MRV, que manifesta a vontade
de vender, que é vender. Há 3 pessoas: 2 naturais e 1 pessoas; 3 sujeitos de direitos mas apenas 2 partes.
(Isso porque marido e mulher estão juntos na mesma parte).
testamento (Artigo 1857) => só tem uma parte (não deve haver concordância de outra parte).
todos os contratos (todo contrato é negócio jurídico bilateral). Teremos dois semestres pra estudar os
contratos. Contrato é acordo de vontades. É um pacto. Um consenso entre duas partes e pressupõe a
existência do acordo: deve haver vontade convergente. Todo e qualquer contrato é negócio jurídico bilateral:
exemplos –> compra e venda, locação, doação, fiança, empréstimo, prestação de serviços. Todo contrato é
bilateral, daí porque negócio jurídico não é sinônimo de contrato, muito embora eles representem a sua
maioria esmagadora: ‘‘todo contrato é negócio jurídico, mas nem todo negócio jurídico é contrato’’.
Negócio jurídico plurilateral => contrato social de uma sociedade: várias declarações de vontades
convergentes pra um mesmo fim. Vários sócios manifestando pra uma vontade convergente.
O negócio jurídico informal é aquele que tem a forma livre. Artigo 107 => as partes podem livremente
escolher sobre qual forma celebrar aquele negócio. ‘‘fazer só verbalmente? fazer por escrito? fazer por
instrumento particular?’’ ‘‘fazer por escritura?’’ Quando a forma é livre, as partes podem livremente
deliberar de que forma querem manifestar essa vontade. É livre. E essa é a regra geral.
Muito embora a forma escrita não seja a essência de muitos negócios jurídicos, sua ausência pode dificultar os
meios probatórios em eventuais processos de alguns casos concretos.
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É recomendável que se opte por uma forma solene, que garanta segurança, fins probatórios e publicidade.
1. Onerosos e Gratuitos
Onerosos: ambas as partes terão vantagens patrimoniais –> prestação e contraprestação. Há prestação e
contraprestação. (Ex: Compra e venda/Locação)
Gratuito: apenas uma das partes se beneficia. Não tem contraprestação, uma parte se beneficia à custa do
empobrecimento da outra. (Doação; Comodato)–> comodato é informal, muito embora seja aconselhado
fazê-lo por escrito.
1. Principal E Acessório
Negócio jurídico acessório: cuja existência está subordinada a outro negócio jurídico. É a mesma ideia do bem
principal e acessório.
Ex de principal e acessório: locação(principal) e fiança(acessório) –> não há como a fiança subsistir sem a
locação
Quadro:
Elementos acidentais do NJ
1. Introdução
● frutos da vontade
● eficácia
1. Condição
Artigo 121, CC
d) certo quanto à ocorrência e certo quanto ao momento (os grifados NÃO SÃO condições)
Condição suspensiva
TIPOS DE CONDIÇÃO
b) Condição resolutiva
Ex: o negócio jurídico existe, é válido e começa a produzir efeitos desde logo. Desfaz-se o negócio jurídico e as
partes voltam ao estado anterior. –> ex de locação.
Mariana aluga um imóvel em BH e fala ‘‘Rafael, vou te alugar esse imóvel e firmamos isso por um prazo de 2
anos. Hoje você pode mudar para o imóvel. O efeito pretendido para esse contrato é que o locatário vá morar
no ap. Mas Mariana tentará um concurso público cujo resultado vai sair em julho, se ela passar o negócio
jurídico se extinguirá e você deve devolver o apartamento para ela’’. Tudo isso depende de uma série de
fatores. SE-SE-SE-SE. Se essa série de condições acontecerem, o negócio jurídico vai se desfazer.
Nova situação: Mariana mora em BH e tá prestando concurso público no Amapá. Se ela passar pra lá aí ela
aluga o ap pro Rafael (CONDIÇÃO SUSPENSIVA).
Artigo 128: grifar, ler e marcar a página ‘‘ex da locação x ‘se tal candidato ganhar eleição’ ‘’. Aluguel tem
prestação continuada no tempo, é algo continuado.
1. Condição Resolutiva
● Há aquisição do direito.
Artigo 129: traduzindo –> é o Código tentando impedir a malícia das pessoas. Se alguém forçar a sua
ocorrência maliciosamente, é como se aquilo não tivesse acontecido. Ex: Mariana comprou um carro e
Matheus adorou o carro. Aí Matheus pede pra comprar um carro. Ai Mariana diz ‘’se eu perder o emprego até
o final do ano eu te vendo o carro’’. Compra e venda com condição suspensiva (entregar o carro e entregar o
dinheiro). Daí Matheus paga o patrão pra demitir a Mariana. Se Mariana provar isso, é como se essa condição
não tivesse acontecido, porque ele forçou maliciosamente implemento da condição. De fato aconteceu, mas
ela será imputada como não acontecida.
Artigo 123: condições que uma vez colocadas no negócio jurídico irão invalidá-lo:
I: as condições físicas ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas. Ex: ‘’ te doou apartamento se o sol
não brilhar mais’’; – artigo 124
II: as condições ilícitas ou de fazer coisa ilícita. Ex: ‘’te dou mil reais se você matar fulano’’ – artigo 122
(licitude: algo que não é contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes)
III: as condições incompreensíveis ou contraditórias. Ex: Te dou um livro se ele for roubado. (tipo ??? der)
Existem alguns negócios jurídicos que são incondicionados. Adoção, reconhecimento de filho. Ex: vou te
reconhecer mas se você perder média eu deixo de te reconhecer como filho. Ex: vou te reconhecer como filho
mas só se você se comportar como filho. Não se pode colocar condições no casamento.
Artigo 1808: Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo. (ou aceita tudo
ou renuncia tudo)
1. Termo
Termo é o nosso segundo elemento acidental no negócio jurídico. Ele subordina os efeitos do negócio jurídico
a um evento futuro e certo. A grande diferença do termo pra condição é a certeza quanto ao acontecimento.
O termo, dá mesma maneira que a condição, pode ser
● inicial ou final
a condição é mais difícil de ver na prática, mas o termo vemos sempre. Muitas vezes a gente ver sempre.
Ex: contrato de locação. Celebramos hoje 24 de outubro mas produzirá efeitos 24 de outubro. (Termo inicial:
estipulamos o início da vigência do nosso NJ que terá efeitos por 24 meses, que será o termo final, que põe
fim ao NJ). Termo já é absurdamente comum.
Venda: vou vender pra você daqui a tantos dias, tantos meses, etc etc.
1. Encargo
3º e último elemento assistencial. Representa um ônus colocado a uma liberalidade. É algo pesado, um ônus.
Liberalidade é algo feito de maneira gratuita. (Doação é uma liberalidade, por exemplo. Com o ônus que a
pessoa que recebeu o galpão, por exemplo, faça ali uma galeria de arte). Ex–> doa-se um imóvel da Prefeitura
para que se faça uma creche. Mas aí se não fizer há ajuíza-se uma ação para exigir o cumprimento pelo
próprio MP (Artigo 555, CC –> marcar e grifar)
o encargo acaba colocando o ônus pra alguém que recebeu uma liberalidade (pra alguém cumprir/ realizar
alguma coisa)
e a conidção condição é quando se estabelece um evento futuro incerto que caso ele se realize, o negócio
jurídico seja ele qual for vai se estabelecer(ou deixar de se estabelecer). [Ex da prova: mulher doa uma casa
pra filha mas caso ela se relacionar com o judeu o negócio jurídico deixa de existir).
1. Introdução
Ao falar em negócio jurídico, fala-se em declaração de vontade. Deve haver um agente que
declare/exteriorize a sua vontade. Mas não basta qualquer vontade. Esta vontade precisa estar em
conformidade com este ordenamento jurídico e que queira produzir efeitos jurídicos. Tenho, portanto,
declaração de vontade em conformidade com o ordenamento jurídico visando à produção de efeitos
jurídicos.
Essa vontade deve traduzir, no entanto, a real intenção do declarante. Esta vontade manifestada deve traduzir
aquilo que a pessoa realmente deseja. ‘‘Tenho dois filhos e quero fazer seguro de vida para eles: quero
celebrar um seguro de vida de modo que vou pagar uma quantia mensal de modo que eu venha a falecer eles
receberão uma quantia X’’ –> agentes capazes, objeto lícito, busca efeitos lícitos e houve a busca por aquilo
que se quis.
Em alguma situações, CONTUDO, a vontade declarada não traduz aquilo que o agente realmente quis. Em
alguns momentos há declaração de vontade que não traduz com o que a parte quer ou em outros casos a
parte declara o que quer mas não está de acordo com o ordenamento jurídico. Vamos estudar isso.
1. Vícios do consentimento
Como o próprio nome indica, são aqueles vícios em que a vontade declarada não traduz a real vontade do
declarante, ou seja, a vontade declarada está em dissonância com a vontade real (por algum motivo). Erro,
dolo, coação, estado de perigo, lesão (estudaremos cada um e suas especificadades). Em todos eles o agente
ou declarante manifesta sua vontade que não reflete sua real intenção: ponto de contato entre todos esses
vícios
1. Vícios sociais
A vontade declarada está em desconformidade com a lei, com o ordenamento jurídico. Há dois vícios sociais:
fraude contra credores e a simulação.
A consequência desses vícios é a invalidação do negócio jurídico. INVALIDADE. O negócio jurídico que passa
por esses vícios é INVÁLIDO.
1. Vícios do consentimento
1. Erro
‘‘Quando o agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias, age de modo que não
seria a sua vontade se conhecesse a verdadeira situação’’ – É, portanto, o engano espontâneo. O erro é
quando a própria pessoa se engana sozinha, não sendo induzida. Ela julga conhecer quando na verdade não
conhece nada. Por esse erro ela acaba emitindo uma declaração de vontade que não emitiria caso fosse mais
bem informado.’’ (Ex: fulano vai à livraria e pede o livro mais atualizado, vendedor entrega menos atualizado.
Fulano grifa o livro. Por se tratar de erro, esse contrato é nulo. Fulano tem direito de voltar à livraria, entregar
o livro e ser restituído).
Artigo 138: coloca duas exigências. O erro precisa ser substancial! Erro substancial é aquele que diz respeito à
características, substâncias essenciais. Deve ser um erro quanto a algo DETERMINANTE do negócio jurídico. É
como se fosse A CAUSA do negócio jurídico, de modo que se ela soubesse daquela questão ela não teria
celebrado aquele negócio. (Ex se eu tivesse livro do Caio Mário antigo não teria comprado o mesmo). É
diferente meramente o erro do Artigo 143 (Soma aritmética –> apenas corrige a conta e faz de volta).
Artigo 139: I – * natureza do negócio jurídico (quando celebro um negócio jurídico mas queria celebrar outro
● objeto (queria comprar quadro do Portinari, mas o quadro era de um autor que copiava o
estilo dele) –> comprei uma coisa que achava que outra. Desconhecimento da realidade.
II identidade ou a qualidade essencial a quem se refira a declaração desde que tenha influído nesta de modo
relevante. Posso errar quanto à pessoa com quem celebro negócio jurídico: quero transferir dinheiro para
Maria e transfiro para João (depósito na conta errada, por exemplo). Erro passível de envalidar negócio
jurídico que obriga a devolução. Esse inciso foi utilizado para se pedir anulação de casamento. (Hoje em dia
não acontece mais pois o divórcio é muito mais fácil: quando um não quer dois não ficam casados).
III : erro de direito: erro quanto a alguma lei, alguma norma, quanto a alguma questão de direito, e celebrou
algum negócio jurídico tendo isso em vista. (Ninguém pode evocar a lei pra se escusar de seu
desconhecimento –> artigo 3º DA LINDB) Não se pode descumprir uma lei alegando que não conhece a lei.
Aqui é quando você não conhece algum item mas celebrou um negócio jurídico tendo em base aquilo. Ex:
cidadão comprou casa tombada por patrimônio histórico – porque existia lei que protegia esses bens –
depois que ele comprou ele verificou que a lei não abarcava esse imóvel dele, porque a lei só falava de
alguns imóveis. É um erro de direito. Ele celebrou para ter o financiamento … ele pode evocar alegando aqui
um erro de direito. O objetivo não é fraudar a lei.
Mas ‘’e o lado de lá?(ex: vendedores)’’ O artigo 138 pede ainda que ‘’ poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal’’. (não significa de fato que percebeu –>deve-se analisar o caso concreto) A outra parte
poderia reconhecer que você estava em erro. Algo dentro de uma razoabilidade. A outra parte poderia
perceber que você estava em erro e, percebendo, teria a obrigação de te avisar, e, percebendo, deveria
avisá-lo. [no caso do livro –> é razoável que o vendedor tivesse percebido que ele não estava atualizado].
● verdade como consenso, construída intersubjetivamente, por meio da troca de informações,
por meio da boa-fé, de modo que eles chegam numa verdade das duas partes. Assim deve se
pautar o negócio jurídico.
1. Dolo
Engano provocado. A grande diferença do erro pro dolo é essa. O erro é engano espontâneo. No dolo uma
pessoa por malícia faz com que a outra tenha uma percepção falsa da realidade: ex ‘‘quer comprar o meu
relógio? ele é de ouro! veja! todo dourado’’. Depois o Fulano verifica que não é de ouro. O Fulano foi induzido
ao erro que maliciosamente mentiu, enganou e agiu de má fé.
Artigo 145(grifar)
Artigo 147: o dolo pode ser por ação ou por OMISSÃO. Ex: uma pessoa vende um carro que foi batido e não
conta que houve essa batida. Ex: ao comprar apartamento, deve-se trocar uma série de informações
(pensando nesse conceito da verdade construída) e pede ‘‘apartamento silencioso e corretor não fala da casa
de shows ao lado –> omissão com intuito de enganar, de induzir ao erro e de, com isso, celebrar o negócio
jurídico.) Na prática, os dois tem a mesma consequência. O dolo é mais fácil de perceber. Deve-se saber
diferenciar um do outro.
A doutrina diferenia o
dolus bonus seria apenas a exaltação do produto para a celebração do negócio jurídico (técnicas de
marketing). Isso em regra é possível, legal. Ex: produtos para emagrecimento + Luciana Gimenez –> sedução
ao consumidor para tomar o produto achando que ficará como ela. NÃO INVALIDA O NEGÓCIO JURÍDICO
dolus malus –> vende-se pílula de farinha dizendo que é pílula de emagrecendo (aí engana-se).
Artigo 146: O dolo acidental é aquele que apesar da existência do dolo, teria se celebrado. Ex do relógio
supostamente de ouro: ‘’eu descobri que você me enganou. Mas você tem sorte porque eu queria comprar
ele de todo jeito, gostei dele. Me devolva a diferença’’ –> O negócio jurídico será resolvido em perdas e danos
e não na invalidação do negócio jurídico como um todo.
Para diferenciar o dolo acidental do dolo substancial –> (comprador: teria comprado do mesmo jeito? Se não
é substancial, se sim é dolo acidental) –> resolve em perdas e danos.
Artigo 150: Se as duas agiram com dolo (troca –> um entrega um carro falando que tá ótimo e a outra entrega
o lote dizendo que tá ótimo tb), nenhuma pode anular o negócio jurídico para reclamar indenização. Cada um
arca com seu prejuízo.
Artigo 148: fala que se o dolo for praticado por um terceiro (quer vender o relógio pelo o Gustavo mas o Yago
que mente) então o Yago terá que arcar com os prejuízos.
Vimos o erro(por um falso conhecimento –> acha que conhece mas não conhece)
e o dolo (engano provocado –> pessoa induzida ao erro por outra partes)
1. Coação
Coagir alguém a alguma coisa. Na coação, alguém manifesta uma vontade que não coincide com o que ela
quer. Aqui não é um engano. Aqui a pessoa conhece bem a situação, mas ela é FORÇADA, COAGIDA a celebrar
o negócio jurídico. Há o emprego de violência para forçar a declaração de vontade. Aqui há o uso da violência
para forçar a declaração de vontade. ‘‘Sílvia, se você não me emprestar tantos reais eu te darei uma surra’’ –>
ameaça psicológica para forçar a ela celebrar o negócio jurídico de empréstimo. Se essa ameaça incute nela o
medo e o temor de que essa ameaça se concretize, ela acaba celebrando o negócio jurídico e emite uma
vontade que NÃO corresponde ao que ela quer, mesmo tendo ciência disso. Se num momento posterior a
Sílvia consegue denunciar isso que aconteceu, ela pode denunciar isso que aconteceu alegando coação e o
empréstimo será invalidado. (Campo civil. Há também o campo penal).
● coação absoluta ou irresístivel: não vai haver sequer manifestação da vontade –> a parte não
poderia sequer manifestar sua vontade, pois a outra parte valeria-se de força física para
atingir seus objetivos. Obteve-se aquela ‘‘declaração de vontade’’ usando a pessoa quase
que como um instrumento. O ato/negócio jurídico vai ser INEXISTENTE devido à AUSÊNCIA
DE VONTADE. (pois para haver o negócio jurídico deve haver vontade do declarante) => não
se fala nem em validade/invalidade.
● coação moral ou resistível: aquela que vai invalidar o negócio jurídico. O ato é inválido.
Tem-se uma manifestação de vontade imperfeita, pois não foi manifestada de maneira livre e
consciente, e sim por um receio, por uma coação sofrida, por um temor criado. Há vontade,
mas ela é imperfeita porque não foi totalmente livre, possuindo, portanto, um defeito.
Artigo 151: a coação para viciara declaração de vontade há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor
de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou ao seus parentes => ameaça séria,
grave(análise no caso concreto), atual, injusta.
Artigo 153: Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor
reverencial. (Ex: Amanda, vc me deve dinheiro, se vc n me pagar vou ajuizar ação contra você! –> exercício
regular do credor cobrar do devedor!) (Também não é coação o temor reverencial –> real receio de que dano
iminente aconteça)
A ameaça pode direcionar também aos bens ‘’se você não assinar aqui agora queimarei sua casa’’ ou até
mesmo a algum amigo(análise feita pelo juiz).
Artigo 154: Coação praticada por terceiro mas isso era conhecimento daquele que se aproveita, invalidar-se-á
do mesmo jeito.
Artigo 155: Coação praticada por terceiro mas de desconhecimento da parte que dela aproveite: autor da
coação responderá por todas as perdas e danos.
1. Estado de perigo
Artigo 156 : quando alguém, em estado de perigo, pela necessidade de se salvar (sua própria vida, e de
alguém da família ou de alguém com quem tenha forte vínculo) assuma obrigação excessivamente onerosa.
–> ‘’o filho está afogando. A mãe assina cheque de 1.000.000 pro surfista salvar o filho’’
elementos:
a) mal iminente e grave. Risco de que alguma ruim e grave venha a acontecer.
Ex: filha de 2 anos (óleo fervido), mãe leva ao médico que cobra 100.000 para procedimento. Mãe paga e
depois alega estado de perigo. Adequado.
1. Lesão
Artigo 157: A lesão acontece alguém quando alguém, por inexperiência ou por necessidade acaba assumindo
um negócio jurídico desproporcional ao valor proposto. Ex: Dona Maria tem imóvel em BH e aluga ele por
500, quando vale 2500. Pra julgar a lesão deve-se analisar um aspecto subjetivo que o artigo coloca:
inexperiência ou a necessidade. Há também o aspecto objetivo: manifesta desproporcionalidade entre
prestação e contraprestação. (Um dia Dona Maria descobre! Pode pedir a invalidade/anulação do negócio
jurídico. O Seu João(que estava lá) se se dispuser a pagar 2000 a mais tudo bem) –> vedação ao
enriquecimento ilícito(ler sobre isso)!
1. Vícios Sociais
Artigo 158
Artigo 159
A fraude contra credores ela se verifica quando o devedor insolvente(que possui mais dívidas do que o
patrimônio – mais passivo que ativo) ele pratica atos que vão reduzir as garantias do seu credor. A garantia
do credor são os bens do devedor. Quando a situação da pessoa fica no vermelho, ela não pode celebrar
alguns negócios jurídicos, como os negócios jurídicos gratuito, como uma doação. (Ex: pai tá no vermelho e
começa a doar bens para os filhos). Esse ato de doação é considera um ato de fraude contra credores pois
trata-se de uma tática de blindagem para que o credor não consiga buscá-lo. Esse negócio jurídico será
invalidado.
anterioridade do crédito (o crédito deve ser anterior ao negócio jurídico fraudulento; Doou a casa ao filho hj e
não tenho dívida: ok; doou a casa ao filho tendo dívida: não-ok)
Isso é vício social porque a pessoa faz uma vontade que ela quer, mas é contrária ao que lei determina.
1. Simulação
A simulação acontece quando se tem uma declaração de vontade que é falsa, enganosa e que visa a ocultar
um outro negócio jurídico que está por trás, com a intenção de enganar terceiros ou de fraudar a lei. Há um
conluio entre os contratantes que visa fraudar a lei. Quando há uma compra e venda há uma compra e venda
paga-se um ITBI, para pagar menos imposto, alega-se que a compra foi feita por 500.000 (mas a casa valia 1/4
do terço), para pagar-se menos imposto.
Pai quer passar bem pro filho: acontece doação. Quando é doação incide ITCD. Esse imposto é estadual.
(Alíquota dele é 5%). Pra não pagar ITCD passa escritura como compra e venda. Como tentativa de pagar
menos, o pai faz a simulação. O simulado é o fingido, a aparente. (O simulado/falso é nulo, mas se o fisco
descobre, pode tributar-se para o ITCD) Artigo 167 (parágrafo 1º, inciso I, II,III).
Interpretação dos NJ
Interpretar é tentar aprender o sentido de algo. Tentar entender o que algo tem a dizer. A lei é um comando
geral abstrato. Quando o operador do direito tem diante de si um caso concreto ele deve interpretar. O
negócio jurídico carece, também, de interpretação. O negócio jurídico, por criar obrigação, deve ser
interpretado. O legislador trouxe algumas regras de interpretação dos negócios jurídicos
Artigo 112 do Código Civil: o intérprete tentará buscará a vontade REAL, aquilo que as partes REALMENTE
quiseram dizer, aquilo que coincide com aquilo que as partes efetivamente quiseram dizer. (em detrimento
daquilo que está literalmente escrito). Óbvio que essa vontade real tentará ser construída por provas
concretas. –> coerente com os defeitos do negócio jurídico (o intérprete se aterá com a real intenção
vontade do que aquilo que consta na literalidade dos termos gramaticais, em eventual ambiguidade)
Artigo 110: Reserva mental é quando alguém declara que quer alguma coisa mas faz uma ressalva de que não
quer aquilo, ou seja, o agente ressalva não querer o negócio jurídico que é objeto da declaração de vontade.
Ex. Paulo liga pra empresa dizendo ‘‘quero cancelar a conta…’’ com intuito de receber benefícios ‘’ não, Sr,
você terá bônus, etc, etc, etc, ‘’ … mas Paulo nunca teve intenção verdadeira de cancelar. => se a operadora
fala ‘’ok. cancelado’’ –> caso encerrado! Reserva mental não anula negócio jurídico.
(uso capião: pessoa que habita imóvel durante certo período de tempo torna-se proprietária. – teria que ter
feito escritura pública. Grande parte da população não sabe disso e essa pessoa, no entanto, agiu de boa-fé,
pois jura de pé junto)
Artigo 113 do Código Civil: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé:
● boa fé subjetiva (tem a ver com o estado de consciência do agente(o agente ACREDITA estar
agindo de boa fé) – agir em conformidade com a lei, a pessoa acredita estar agindo de
maneira correta, em conformidade de maneira correta) – oposto da má-fé(sabe que age de
maneira contrária ao Direito mas o faz assim mesmo).
● boa fé objetiva: boa fé que impõe um padrão de conduta. Não tem a ver com o estado de
consciência, mas com uma conduta que se exterioriza. Tem muito a ver com questões ética.
(O que é esperado de qualquer pessoa dentro daquelas circunstâncias) => agir de maneira
ética, honesta, leal, de modo a não frustar a outra parte. A boa fé impõe isso e quer que as
pessoas ajam dessa forma.
Funções da boa-fé:
1. Interpretativa:
2. Integrativa => deveres anexos. Integra deveres anexos. Integra deveres que não estavam
inicialmente anexos (ou que não estavam verbalmente combinados). Tornam-se obrigados por
outros deveres anexos integrados. Ex: o dever de prestar informações; o dever de sigilo; o
dever de prestar contas; o dever de cooperação; o dever de lealdade; honestidade; etc. Estes
deveres anexos dependerão do negócio jurídico em questão. A boa fé pode impor isso
IMPLICITAMENTE. Esse padrão de conduta pode ser imposto implicitamente pela boa fé.
3. Limitativa => limita o exercício de alguns direitos com o objetivo de evitar o abuso de direito
(ideia é o seguinte: se eu sou titular de um direito, posso exercê-lo, mas não posso exercê-lo
da maneira que quiser, mas tudo tem limite, a boa fé é um desses limites).
Artigo 114: negócio jurídico benéfico é gratuito(que só gera vantagem pra uma parte: doação, comodato) e
renúncia( renúncia à herança, à uma doação). Deve-se interpretar isso de maneira ESTRITA. Não se pode
impor um ônus ainda maior pra uma pessoa que está fazendo uma liberalidade. Ex: doou uma fazenda pra
Luísa, não se estabeleceu quem arcaria com os custos dos impostos e tal… se não falou nada, quem lidará
com isso é Luísa.
Artigo 111: anuência –> inconcordância. Essa é a regra do ‘‘quem cala consente’’. Regra geral, o silêncio não
importa manifestação da vontade. Via de regra exige-se que a vontade seja exteriorizada. No entanto, em
situações muito específicas, pode-se entender que quem cala consente. Ex: artigo 539.
Ato Ilícito
Aula passada terminamos a matéria relativa à teoria das invalidades. Vimos defeitos do negócio jurídico,
vimos a diferença entre o nulo e anulável (vimos que a diferença é só de grau e por aí vai). Há muito tempos
fizemos esqueminha:
fatos
fatos jurídicos –> atos (ato fato/ ato strito sensu / negócio jurídico/ ) –> ato ilícito.
Esse esquema foi feito anteriormente pois o ato ilícito é um negócio jurídico que provoca reação e conta com
a participação da vontade MAS os efeitos deste ato ilícito não serão aqueles efeitos queridos e desejados pela
parte, serão efeitos que a lei vai impor. São efeitos que a lei estabelece, e efeitos, normalmente, que não
eram desejados pela parte. A lei impõe uma sanção.
I) Introdução
É aquele ato que eu faço violando algo que a lei me impõe. O que todo ato ilícito tem em comum é este. É um
ato que viola o direito subjetivo e, por isto, os efeitos são impostos pela lei, não sendo queridos e desejados
pelas partes. O principal efeito de um ato ilícito é a indenização. Quase sempre um ato ilícito recai a um efeito
indenizante. Nem todo ato ilícito, contudo, gera o dever de indenizar. Há condutas contrárias ao direito que
não gera o dever de indenizar. Ex: rodovia cuja a vel máxima é 80km/h por hora e se trafega a 120km/h.
Agora, se se está a 120km/h e se atropela alguém que estava atravessando na faixa. –> indenização. Para
gerar o dever de indenização deve-se haver um dano.
Quando se fala que a ocorrência de um ato ilícito tem como principal o dever de indenizar/reparar isso entra
muito na ideia de responsabilidade.
1. Responsabilidade civil:
b)extracontratual ou aquiliana: não tem origem em uma relação contratual, a origem dela está na violação
de um dever genérico de não lesar outrem, de não causar prejuízo a outra pessoa. Existe um princípio geral
do Direito que é não lesar, não lesar outra pessoa. Deve-se pautar nossas ações segundo a ideia de que nosso
Direito termina onde começa o da outra pessoa. A responsabilidade civil aquiliana surge da violação a esse
pressuposto e sua base é o artigo 186*** do Código Civil com o artigo 927 que traz a ideia do ato ilícito.
2. culpa: abrange tanto o dolo quanto a culpa strito sensus (deve-se separar do contexto do
direito penal). Dolo é intenção deliberada, vontade direcionada para aquela determinada
finalidade. A culpa stricto sensu abrange a negligência, imprudência e a imperícia. A
negligência seria deixar de tomar os cuidados devido para evitar o dano(ex: médico deixa de
reavaliar o paciente). A imprudência está relacionada ao excesso, quando se extrapola os
limites do que é recomendável: exemplo clássico –> exceder os limites de velocidade.
Imperícia: Fazer algo para o qual você não está qualificado.
3. dano: este dano pode ser tanto moral e material(e ter ambos numa mesma ação). Ver súmula
37 do STJ. Um mesmo fato pode ensejar indenização por dano moral e dano material(Aquele
que se pode quantificar patrimonialmente). Quando fala-se em dano material, há danos
emergentes como lucros cessantes. Dano emergente é aquilo que você efetivamente perdeu:
ex –> se bateram no seu carro e o conserto é 8.000 é isso. Lucro cessante é que você deixou
de ganhar: se a batida foi no carro de um taxista e ele teve que ficar durante 30 dias na
mecânica, como ferramenta de trabalho do taxista, o dano emergente seria de 8.000 reais,
mas o lucro cessante também há. A reparação parte da ideia de tentar reparar TODO o
prejuízo.
4. Nexo de causalidade: Conseguir provar que foi aquela conduta que gerou aquele prejuízo,
aquele dano. Deve-se provar essa ligação de causalidade
Excludentes de ilicitude.
Artigo 188, CC
Ex: vem um carro em sentido contrário (contramão) e pra remover esse carro jogo esse carro no acostamento
e venho a bater no muro de uma casa(propriedade particular), gerei dano, mas não é ato ilícito pois foi
praticado segundo o inciso II do artigo 188. Não há ato ilícito pois há excludente de ilicitude. Sempre nos
limites do razoável, da lógica, do bom senso.
O ilícito penal é tipificado(se não há lei, não há crime). Por isso, por exemplo, a prostituição não é crime. O
ilícito civil NÃO é tipificado, não tem uma lista taxativa de quais são os ilícitos civis: deve-se fazer uma análise
caso a caso. O ilícito penal é uma ofensa à sociedade, em regra, pois se trata de Direito Público. O ilícito civil,
por sua vez, trata da ofensa ao particular. O ilícito penal visa punir o agente. O ilícita civil visa reparar o dano.
No ilícito penal as penas são de privação de liberdade ou multa, que vai para o Estado. No ilícito civil a pena é
pecuniária e vai para a vítima, já que o objetivo é reparar o dano(exceção: não pagamento de pensão
alimentícia). O ilícito penal, em regra, só pune a conduta dolosa. O ilícito civil, de sua vez, vê a culpa de
maneira lato sensus(conduta praticada com culpa e com dolo).
Artigo 935: independência entre a responsabilidade civil e criminal, ou seja, pode haver fatos punidos só no
campo civil e só no campo penal. Uma responsabilidade independe da outra. (Banda que não tocou na outra
–> campo civil APENAS). Há também ilícito penal sem ser ilícito civil (Falsificação de moeda que não passou
pra frente nem lesou ninguém) O criminal, como mais rigoroso, ao punir somente o crime de dano doloso e
por imperícia bateu no muro da pessoa, não responderá no penal, e somente apenas no civil. A pessoa
também pode ter uma absolvição por parte de provas ou prescrição penal, algo assim, mas que não afeta os
ilícitos civis, algo que retire a culpabilidade nos campo penal.
Se a questão já tiver decidida no campo penal, contudo, essas questões não serão rediscutidas no civil. (isso
gera uma série de discussões)
(aula normal)
Abuso de Direito
1. Introdução
Agora veremos o abuso de direito, disciplinado no CC no artigo 187**. Neste caso, fala-se que não se pode
exceder limites: impostos eles pela boa fé, bons costumes e fins econômicos e sociais.
No Estado Liberal defendia-se a liberdade exacerbada, de modo que a tarefa do Estado era garantir a
liberdade, e dentro desse contexto havia um individualismo. Havia também a ideia de que haveria direitos
absolutos. Passou-se a se perceber que essa mentalidade não se sustentava e que para evitar abusos eram
necessárias decisões paradigmáticas.
Em 1853 dois vizinhos, proprietários de móveis, um deles construiu uma chaminé com o único intuito de
prejudicar o outro –> concepção liberal (poderia fazê-lo perfeitamente: dentro do seu direito de liberdade e
propriedade privada). Esta questão chegou aos tribunais e isto foi considerado abuso de direito. ‘‘Você não
pode exercer o seu direito de maneira ilimitada’’. O vizinho foi condenado por ato ilícito.
Em 1912, havia 2 proprietários de imóveis vizinhos confinantes e numa das propriedades o propietário tinha
prática de voos e decolagens (balões) e outro vizinho construiu torres com lanças de ferros –> o tribunal
entendeu que o vizinho das lanças abusou de seu direito.
A pessoa excede os limites do exercício de um direito. Esta pessoa comete um abuso de direito. Esses limites
são definidos no artigo 187.
Se alguém comete abuso de direito deve-se retornar o estado anterior(desfazer o ato- ex chaminé) e resolver
com indenização em muitos casos, também.
II ) Boa-Fé:
● interpretativa
● limitativa: a boa fé coloca LIMITES ao exercício do Direito. Ela exige alguns comportamentos às
pessoas no momento do exercício do seu direito.
● não lesar outrem: sempre deve-se agir procurando não causar/danos prejuízos a outra parte.
Deve-se buscar causar o menor dano à outra parte.
● Proibição do ‘’venire contra factum próprio’’ => proibido você vir contra o fato próprio. A ideia
do venire é evitar e proibir comportamentos contraditórios. Com isso, busca-se dizer
expectativas criadas, busca-se evitar que as expectativas sejam frustadas. Ex da SICA massa
de tomate (doar somente[empresa] e comprar ou não comprar dos agricultores[agricultores]
–> expectativas).
legítima confiança
*Tu quoque
Aula passada, começamos a ver o abuso de direito, tendo comentado como ato ilícito em que as pessoas
excede os limites do exercício de seus direitos(limites impostos pela boa fé, bons constumes e fins
econômicos e sociais). Começamos a ver os limites impostos pela boa fé (não lesar outrem –> exercer seu
direito de modo que esse exercício não cause prejuízio não cause prejuízo)
venire contra factum próprio –> primeiro comportamento que gera expectativa e segundo comportamento
que fruste a expectativa; o segundo comportamento será vedado.
O terceiro comportamento devido dentro da boa fé é tu quoque ou a vedação de que alguém se beneficie da
própria torpeza: NINGUÉM PODE SE BENEFICIAR DA PRÓPRIA TORPEZA. Torpeza é coisa ruim, errada,
sórdida. É vedação de alguém que pretende tirar vantagem ou proveito de uma conduta errada/equivocada.
Ex: artigo 180 do CC (ver e grifar) –> menino de 17 anos chega para celebrar determinado nj e diz ter 19 anos
e o celebra. Depois, arrependeu-se, e quer invalidar o negócio jurídico, que é ANULÁVEL. Esse menino quer se
beneficiar de uma conduta torpe e desonesta que ele mesmo praticou.
Esse comportamento é também aplicado em uma situação em que alguém deseje tirar proveito em uma
conduta torpe praticada anteriormente:
-segunda conduta que até seria devida ,mas que será afastada em virtude da primeira conduta.
* Supressio e Surrectio
Tanto o supressio quanto o surrectio tratam da inadmissibilidade de exercício de determinado direito após
longa abstenção. É como se fossem dois lados da mesma moeda. Ambas se relacionam, em certa medida, à
impossibilidade de exercício de determinado direito após um longo período sem exercê-lo. A ideia, também,
assim como os demais, é não frustar expectativas, trazendo a ideia de que se eu não exerci um direito meu, eu
não poderei mais exercê-lo a posteriori.
*supressio -> ‘’é a perda de determinada faculdade jurídica pelo decurso do tempo’’
*surrectio -> ‘’é o surgimento de uma situação de vantagem para alguém em razão do não exercício por
outrem de um determinado direito’’
Até em direitos de personalidade? Não. Para situações muito específicas e que tem aplicação específica. Se
alguém não exerce um direito da maneira como poderia exercer duramente um longo tempo isso gera na
outra parte a expectativa de que ele não vai exercer.
Não é prescrição.
1. Bons constumes
O artigo 187 também coloca os bons costumes como mais um dos limites ao exercício de todo e qualquer
direito. Mais uma vez caímos no problema: ‘‘o que são bons costumes?’’. Não dá para ter parâmetros
objetivos quanto aos bons costumes. Bons costumes são práticas sociais. Costumes são práticas reiteradas no
tempo, convicção de obrigatoriedade. Os bons costumes (adjetivação ao costume) –> costume que a
sociedade entende como bom. Seria uma prática social tida como boa pela sociedade.
Mas o que é tido como bom pela sociedade? Qual seria o parâmetro objetivo para definir o que são bons
costumes? Mas o juiz que tá julgando que julgará o que ofenderá os bons costumes ou não.
Bons costumes deveriam ser ligados à ética, e ainda assim corre-se o risco do subjetivismo do juiz, na
moralidade de quem tá julgando a causa e com ofensa aos interesses da minoria dentro de um Estado plural,
laico, com uma pluralidade de direitos.
Deve-se exercer o Direito não pensando só numa relação privada, mas sim exercendo-o de modo que ele
seja bom para a coletividade de uma maneira geral. –> ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL.
Existe função social dos contratos e das propriedades.
Ex dos imóveis–> não posso construir uma chaminé para prejudicar meu vizinho. Posso comprar um lote para
especular? A SOCIEDADE PRECISA DE LUGAR PRA MORAR, precisa de estacionamento/supermercado, precisa
que as propriedades sejam utilizadas de maneira a trazer um benefício para o todo. Uma pessoa que não
utilize a sua propriedade
Constituição prevê: exigir IPTU progressivo para propriedade não utilizada. Se mesmo assim a pessoa não dá
uma destinação útil, a pessoa pode intimar para dar uma destinação. Terceiro e mais drástico a pessoa pode
chegar ao cúmulo de perder o direito pois não o está exercendo de acordo com os fins econômicos e sociais.
Não vivemos mais em um Estado liberal!
É o que Haddad está fazendo no centro de São Paulo –> mito! (Verificando se as propriedades estão
atendendo aos fins econômicos e sociais do Direito)
Prescrição e Decadência
I – Introdução
● Fenômenos jurídicos: sempre ocorrem num dado espaço e num dado tempoou lapso de
tempo).
O tempo produz uma série de efeitos. Um dos seus efeitos é a prescrição e a decadência. A par disso, deve-se
ter a noção de segurança jurídica e estabilidade. A segurança jurídica e estabilidade são valores considerados
importantes. O Direito repele, em regra, a incerteza, buscando evitar as situações em aberto. Gosta, dessa
forma, de botar pontos finais. Tratam-se de mecanismos que atuam no tempo e que buscam
estabilidade/consolidação de certas situações.
A inércia do titular conduz, em regra, à perda do direita ou da pretensão –> ‘‘Dormientibus non sucurrit jus’’ .
(o direito não socorre aos que dormem)
Em regra, quase tudo prescreve ou decai. A prescrição e decadência atingem quase tudo. Mas há alguns
direitos que não sofre esses efeitos: um deles já vimos. São os direitos de personalidades. (indisponíveis,
irrenunciáveis; imprescritibilidade). Eles não prescrevem: direito à honra, imagem, integridade. Já o direito a
pedir ressarcimento, indenização, este prescreve em 4 anos. O direito de personalidade não prescreve.
II – Prescrição
● Meio de defesa do devedor (o devedor alega a prescrição pra se defender, pra afastar a sua
cobrança).
● Permite que a pessoa se recuse a realizar o cumprimento do dever a que ela se vinculou.
● Atinge a ação?
–> Direito de ação: direito subjetivo público independente do direito material –> Judiciário não pode eximir-se
de pronunciar –> ‘‘direito a ter tutelar jurisdicional do Estado’’!
Alguns autores chegaram a defender que a prescrição atingiria o direito de ação, mas ela não atinge o direito
de ação, já que ele é um direito fundamental garantido constitucionalmente no artigo 5º inciso XXXV.
Qualquer pessoa que se sentir lesada tem o direito de se valer do Poder Judiciário.
Mariana pode ajuizar ação contra mim, eu é que tenho direito de alegar a prescrição!
● Atinge o direito?
Não. O direito pode ser exercido, mesmo prescrito.
–> Não há repetição de indébito quando há pagamento de dívida prescrita (artigo 882, CCB) Não se pode
repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
O DIREITO NÃO SE EXTINGUE COM A PRESCRIÇÃO (ex do aluguel: Se depois de 5 anos a Mariana me cobra e
eu pago ela e só depois descubro que não precisava pagar, por desconhecimento do instituto da prescrição, e
fiquei sabendo dele depois, não posso cobrar o aluguel da Mariana).
● Ataca/neutraliza a PRETENSÃO
–> Pretensão: poder de exigir de alguém uma ação ou omissão.
Desejo de submeter os interesses de alguém ao de outrem. (Mariana perde o poder de exigir coercitivamente
o meu pagamento)
Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que
aludem os arts 205 e 206.
● Prescrição
2. Inércia do titular
–> A prescrição supõe inércia do titular –> só surge quando o direito puder ser exercido.
PRESCRIÇÃO
● Lei impede o início (causa impeditiva) ou impõe a paralisação do curso do prazo prescricional
(causa suspensiva) em dadas circunstâncias.
Agora se o prazo começou e depois a circunstância prevista em lei parou de acontecer é causa suspensiva.
(Aproveita-se o prazo que já passou antes)
–> prazo começou a correr; causa de suspensão: ficou suspenso; depois volta a correr de onde parou.
aproveita, soma de onde parou.
CRONÔMETRO do jogo de basquete: inicia. para (não zera em função de algo que aconteceu). continua
I – contra os relativamente incapazes: menores de 16, causa transitória, enferemidade: contra esses 3 não
corre a prescrição.
absolutamente
(foto tirada João e Maria) João devia 10.000 pra maria em 2003 mas casou com ela 2004 e separaram em
2013.
de 2003 pra 2004 tem 1 ano prescriocional e de 2013 pra 2014(quando ela reclamou aquela dívida) tem mais
1 ano, portanto há DOIS ANOS DO PRAZO PRESCRICIONAL. Muito embora o tempo cronológico linear seja 11
anos, o tempo útil é 2 anos, pois eles constituiram entre 2004 e 2013 uma sociedade conjugal (para mas não
zera).
1. Interrupção da Prescrição
É quando o titular do direito exerce algum ato que demonstre que ele saiu da inércia. É diferente da
suspensão porque ZERA o cronômetro. Não se aproveita o prazo anterior. Não é o jogo de basquete.
Artigo 202:
I – quando o titular ajuíza uma ação: demonstra que ele não está inerte, se valeu do poder judiciário e o
despacho do juiz interrompe a prescrição que ficará interrompida até o último ato do processo. A morosidade
da justiça não pode prejudicar.
(foto 2)
1. Lei extravagante;
Comentamos que a prescrição é um instituto do direito que acumula no tempo aliado à inércia de um titular.
Uma vez que o direito é violado nasce pra quem teve o direito violado uma pretensão de exigir uma
reparação, mas essa pretensão deve ser exercida dentro de um determinado PRAZO previamente
estabelecido. Se não for exercida neste prazo fala-se que PRESCREVEU. Faltou ver algumas questões
relevantes sobre a prescrição. Vamos vê-las agora:
● 191: pode haver renúncia à prescrição, sem prejuízos a terceiros (ler no Código) => o devedor
pode renunciar à prescrição de maneira expressa ou tácita. A tácita em que o sujeito
● 192: é vedada qualquer alteração dos prazos prescricionais (isto é uma questão de ordem
pública. Não pode ser posto no contrato. Será uma cláusula nula pois o próprio Código proíbe
isto)
● 193: a prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
aproveita (devedor, credor do precribente, outro terceiro interessado)
● 194: ARTIGO REVOGADO. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se
favor a absolutamente incapaz. (Agora o juiz pode).
● 196: se a prescrição começou a correr com o de cujus, continua com o herdeiro.
III – Decadência (Caducidade)
A prescrição então afeta a pretensão, que nasce a partir da violação do direito e é o poder de exigir do outro
uma ação/omissão, etc.
Direitos potestativos: traduzem-se na possibilidade de alterar uma situação jurídica unilateralmente; provocar
uma mudança na esfera jurídica de outra pessoa sem seu consentimento(às vezes até contra sua vontade).
Ex de direito potestativo: DIREITO DE ALTERAR O NOME AOS 18 ANOS. Está claro na lei de registros públicos
dizendo que qualquer pessoa pode alterar o nome entre 18 e 19 anos. Este é um direito potestativo, que a
própria lei já estabelece e te dá um prazo. Este prazo é decadencial.
Ex de pedir a anulação de um negócio jurídico de quem estava prejudicado: quem estava em erro, dolo, etc.
Não é algo obrigatório, é facultativo. Mas se o sujeito quiser invalidar, conseguirá, ainda que a outra parte
coloque resistência. Trata-se de um direito potestativo.
A diferença: a prescrição ataca a pretensão e a decadência ataca um direito potestativo(se você quiser exercer
NINGUÉM poderá impedir de exercê-lo).
1. Científico (Agenlo Amorim Filho): são sujeitas à prescrição as ações condenatórias, que
pretendem a imposição do cumprimento de uma prestação, pois a prescrição é a extinção da
pretensão de uma prestação. As ações constituvas protegem os direitos potestativos, que não
ensejam o nascimento de uma prestação, e por isso seriam sujeitas à decadência.
se alguém bate no meu carro, divulga foto minha na internet => sentença condenatória
O critério que ele faz é o seguinte: o que diferenciaria era que a prescrição é naqueles casos que busca uma
condenação e a decadência é para os casos em que a condenação seria para constituir ou desconstituir.
1. Formal: prescrição são só as hipóteses da Parte Geral (Artigo 205 e 206), sendo de decadência
os demais. – ignorar
1. Política legislativa (Aroldo Plínio Gonçalves): não existe distinção ontológica entre prescrição
e decadência. Quando o legislador quis que o prazo não se interrompese e nem se
suspendesse, chamou de decadência, ao contrário, tem-se a prescrição. – ignorar
Exemplos de decadência:
artigo 45 (decai…)