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Silvana De Nardin (1); Alex Sander Clemente de Souza (2), Ana Lucia H. C. El Debs (3)
Resumo
Um elemento estrutural formado por aço e concreto é denominado elemento misto
de aço e concreto somente quando ocorre o comportamento conjunto entre os dois
materiais. Como, na grande maioria das vezes, a aderência natural entre aço e
concreto não é suficiente para garantir o comportamento conjunto, são utilizados
dispositivos mecânicos que têm a função de resistir aos esforços de cisalhamento na
interface aço-concreto. Dentre estes dispositivos, o conector tipo pino com cabeça,
também denominado stud bolt, é o mais comumente empregado, sobretudo em
vigas mistas. Entretanto, há uma infinidade de possibilidades e dispositivos
mecânicos que podem ser empregados para desempenhar tal função. Neste
trabalho são descritas, detalhadamente, as diversas formas de promover o
comportamento conjunto aço-concreto nos elementos mistos, destacando a
utilização de barras de armadura como dispositivo mecânico, associados ou não a
conectores tipo pino cabeça.
1. INTRODUÇÃO
O comportamento conjunto aço-concreto é condição imprescindível para que um
elemento que reúne componentes em aço e em concreto possa ser classificado
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como misto. Os elementos mistos mais comuns são as lajes, vigas e pilares mistos
de aço e concreto e, para cada um destes, há formas variadas de limitar os
deslocamentos relativos entre os componentes. Por exemplo, nas lajes mistas com
fôrma de aço incorporada (Figura 1a), o comportamento conjunto é fruto da
geometria da fôrma e de reentrâncias e saliências estrategicamente posicionadas na
superfície interna. Já nas vigas mistas de aço e concreto, são necessários
dispositivos mecânicos para evitar o escorregamento relativo longitudinal e a
separação vertical (uplift) dos componentes da seção mista (Figura 1b). Por fim, nos
pilares mistos, apenas na região de introdução de cargas pode ser necessário
utilizar conectores mecânicos para resistir ao cisalhamento na interface aço-
concreto. Ao longo do pilar, a simples transferência de forças de atrito é suficiente
para promover o comportamento conjunto (Figura 1c).
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facilidade de execução e custo. Alguns dispositivos mecânicos já são largamente
utilizados como conectores de cisalhamento e, por isso, comportamento e modos de
falha são conhecidos e considerados na etapa de dimensionamento da viga mista. É
o caso dos conectores tipo pino com cabeça, que constituem o dispositivo mecânico
mais amplamente utilizado nas vigas mistas. Na literatura técnica é possível
encontrar uma grande diversidade de conectores de cisalhamento, mas muitos deles
resultam em inconvenientes quanto ao comportamento estrutural, dificuldades de
produção industrial e de instalação.
Figura 2: Conector tipo pino com cabeça e expressões para cálculo da capacidade resistente
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s
Lc
tfcs
Figura 3: Conector tipo U e expressão para cálculo da capacidade resistente
2
Hanaor (2000).
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Figura 5: Conector X-HVB parafusado à viga de aço3
3
Patenteado pela Empresa Hilti - http://www.hilti.co.uk/
4
Fonte: Vellasco et al. (2007).
5
Fonte: Veríssimo et al. (2006)
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A capacidade resistente e a ductilidade da ligação aço-concreto advindas do pefil
perfobond são fortemente influenciadas pela resistência do concreto da laje e pela
quantidade de armadura que atravessa os furos do perfobond (Oguejiofor & Hosain,
1996). Isto constitui uma vantagem em relação aos conectores tipo pino com
cabeça, pois, a utilização do perfobond permite controlar a capacidade resistente da
ligação aço-concreto variando a resistência do concreto e a armadura passante
(Veríssimo et al., 2006).
Estudos experimentais e teóricos têm indicado que a resistência da ligação aço-
concreto recebe contribuição dos seguintes componentes (Oguejiofor & Hosain,
1996; Andrade et al., 2007; Vellasco, et al. 2007): laje de concreto ao cisalhamento,
armadura transversal e volume de concreto que atravessa os furos, provocando
efeito de pino. Estes três parâmetros foram considerados na elaboração de uma
expressão para estimar a capacidade resistente de conectores tipo perfobond
(Oguejiofor & Hosain, 1996).
(
qu = φ × 4,5 × h × t × fck + 0,91 × A tr × f y + 3,31× η 1 × D 2 × fck )
φ: coeficiente de resistência igual a 0,8 h, t: altura e espessura do perfil perfobond
D e η1: diâmetro e número de furos Atr: área das barras transversais que atravessam
os furos
fck: resistência do concreto à compressão fy: resistência à tração do aço do perfil perfobond.
2.5 Perfis CR
Os perfis CR são caracterizados por cortes em forma de C ou S, através dos quais é
possível passar tanto as armaduras positivas quanto negativas (Figura 7). A
influência do tipo de abertura foi investigada por Hauke (2006), que fez tal avaliação
utilizando furos com 70 mm, e comparou aberturas em S, em C e em O, como no
perfil perfobond.
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Na fase de serviço os conectores tipo pino com cabeça têm comportamento menos
rígido que os perfis perfobond e CRbond (Figura 8a). Depois de atingida a força de
pico, o comportamento do perfil com abertura em O (perfobond) tende a ser elasto-
plástico perfeito, apenas com suave queda da relação F/Fu em função do aumento
do escorregamento na interface (Figura 8b). Quanto à capacidade resistente, os
perfis com abertura em O, C e S apresentam o dobro da capacidade registrada para
os conectores tipo pino com cabeça (Hauke, 2006).
a) abertura em S b) abertura em C
Figura 7: Conector mecânico tipo CRbond com abertura em C e em S
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Figura 8: Resultados de push-out para avaliação da influência do tipo de abertura do conector
CRbond: aberturas C, S e O (Fonte: Hauke, 2006)
A ruptura dos conectores tipo pino com cabeça foi caracterizada pelo cisalhamento
na base do conector sem sinais de esmagamento do concreto nas proximidades.
Nos perfis com abertura em S o concreto também não apresentou danos
expressivos e o comportamento dúctil do conector pode ser atribuído a dois fatores:
ao efeito de pino no concreto e ao dente de aço do perfil, que apresentou grande
deformação. Nos perfis com abertura em O e C, foi constatado dano intenso no
concreto e deformação acentuada no perfil. O concreto danificado encontra-se
concentrado na face mais próxima da aplicação da força e ocorreu devido à pressão
de contato (Figura 8c).
Figura 9: Barras de aço promovendo o comportamento conjunto aço-concreto (Ju & Kim, 2005)
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2.7 Adesivos
Uma interessante alternativa em estudo consiste na utilização de adesivos para
promover o comportamento conjunto aço-concreto em vigas mistas (Bouazaoui et
al., 2007; Larbi et al., 2007). Diferentemente dos dispositivos apresentados
anteriormente, os adesivos têm a vantagem de promover uma superfície contínua
para transferência de tensões de cisalhamento, eliminando os problemas oriundos
da concentração de tensões em conectores como os do tipo pino com cabeça.
Outras vantagens atribuídas aos adesivos são (Bouazaoui et al., 2007):
Podem ser aplicados em camadas de pequena espessura reduzindo consideravelmente o
peso da ligação aço-concreto, se comparada aos dispositivos metálicos de utilização usual;
Não há necessidade de soldar conectores de cisalhamento;
São impermeáveis e têm grande durabilidade frente à corrosão, aspecto importante,
sobretudo em pontes;
A utilização de elementos com alto grau de industrialização, como as lajes pré-fabricadas é
favorecida pela utilização dos adesivos, que agregam facilidade de execução, rapidez,
qualidade e resistência.
Entretanto, a utilização de adesivos para promover o comportamento conjunto
requer que a superfície de aplicação seja adequadamente preparada, procedimento
que demanda tempo e custo elevado. O estudo experimental desenvolvido por Larbi
et al. (2007) avaliou, via ensaios de push-out, a influência de parâmetros como:
tratamento da superfície, tipo e espessura da camada de resina. Ao longo do estudo,
foram consideradas resinas epóxi com espessuras de 1,2 e 3,0 mm e resinas de
poliuretano com 0,2 e 3 mm de espessura. Quanto à superfície de contato, após
tratamento com jato de areia, a superfície de aço foi limpa com acetona ou com uma
combinação de primer e corundum, que é um mineral abrasivo de grande dureza.
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Figura 10: Resultados de ensaios de push-out com adesivos na interface aço-concreto 6
Alguns dos resultados obtidos nos ensaios de push-out são reproduzidos na Figura
10 e mostram que a camada do adesivo polyuretano tem que ser o mais delgada
possível, caso contrário a ruptura ocorre na interface, para baixos valores de força
aplicada. No caso do adesivo epóxi, as variáveis espessura da camada e tratamento
da superfície não tiveram grande influência sobre a resistência ao deslizamento
(Larbi et al. 2007).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo são apresentadas opções variadas para promover o comportamento
conjunto aço-concreto, em elementos mistos de aço e concreto. Como foi
demonstrado, as alternativas vão desde a utilização dos tradicionais conectores tipo
pino com cabeça até os adesivos, que são a opção mais recentemente apresentada
pelos pesquisadores. A cada uma das opções são associadas vantagens e
desvantagens, cabendo ao engenheiro de estruturas a escolha da opção mais
adequada a cada situação. No processo de escolha, devem ser considerados
custos, comportamento estrutural e processo construtivo.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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6
Fonte: Larbi et al. (2007).
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Vellasco, P.C.G.S.; Andrade, S.A.L.; Ferreira, L.T.S.; Lima, L.R.O. (2007). Semi-rigid composite
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Veríssimo, G.S.; Valente, I.; Paes, J.L.R.; Cruz, P.J.S.; Fakury, R.H. (2006). Análise experimental de
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