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DIREITO PATRIMONIAIS
• As relações familiares, em teoria, não teriam o aspecto patrimonial, mas agora se está
trazendo essa questão também de violação de deveres, que não eram deveres patrimoniais, a família tem um dever
de solidariedade, dever de afetuosidade, aí o pai foi condenado, porque tinha passado a vida, e ele só dava o dinheiro
para a filha para sobreviver, para os alimentos, mas ela se sentia abandonada já que não tinha convivência do pai.
• Obs. Há uma regra legal em que a criança adotada perde o vínculo familiar anterior, então, os
pais biológicos legalmente não é mais familiar dela.
• As obrigações elas têm a característica de patrimonialidade, dano civil, são relações que vão
está cingidas pela patrimonialidade.
OBRIGAÇÃO CIVIL
*obs. dizer que eu vou pagar se a pessoa fizer alguma coisa, e aí não tem contrato, porque vale
independentemente da vontade, porque sempre tem que contrato, eu tenho que ter pelo menos duas
vontades, o ato unilateral só precisa de uma vontade, e ele já existe. Ex. No momento em que eu boto
que eu vou entregar 500 reais para quem devolver o meu cachorro, a promessa de recompensa já existe
juridicamente independente de alguém entregar o cachorro ou não, já o contrato só existe
juridicamente depois que eu tenho duas ou mais vontades concordantes (princípio da consensualidade).
BRASIL:
• No direito civil brasileiro, a responsabilidade civil é regulada, é prevista, mas de forma esparsa,
e muitas vezes sintética.
• Nas questões da responsabilidade civil, o legislador do código civil foi breve.
• Há legislações esparsas de outras áreas, que não é de direito civil, que tratam da
responsabilidade civil, como a responsabilidade de relação administrativa, de relação ambiental, de relação de
trabalho.
• O que nós vamos ter no código como principal são esses três artigos: art. 186, art. 187 e art.
927. Que trazem a base da ideia de dever de reparar, da ideia da responsabilidade civil. E o primeiro que diz o que é
ato ilícito.
• Obs. Nós temos uma característica hoje de ter dado uma grande prevalência para o dano
moral, cada vez mais nós reconhecemos que eventos causam dano moral. E durante muito tempo ficava aquele
debate de como provar o dano moral, e nós temos consolidado na jurisprudência que alguns fatos são tão relevantes
e socialmente relevantes e não aceitos que a simples prática do ato independentemente de se provar que houve ou
não prejuízo psicológico, reconhecemos o dano moral pelo próprio fato, e só de ter ocorrido o fato, nós já
reconhecemos que existiu dano. Ex. matam alguém da tua família, o próprio fato já é prova de que existiu um dano
moral. Mas durante muito tempo se tinha um debate muito grande, inclusive se o dano moral existia, e se poderia ser
tutelado, se eu poderia tutelar a ideia de uma coisa que não era material. A constituição de 88 foi lá e colocou a
previsão de dano moral, dizendo que o dano moral poderia ser tutelado, e o código civil de 2002 quando veio, já se
tinha varias decisões judicias defendendo dano moral, e código veio para tentar retirar essa dúvida.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência (aqui pode se acrescentar
imperícia também. A imperícia enquanto elemento culposo também pode ensejar responsabilidade civil), violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
• Antes se tinha esse debate se dano moral poderia ou não ser deferido, se poderia ou não
tutelar uma coisa que não é objetiva, que não tinha como aferir objetivamente, eu não tenho calcular o dano moral
de cada um, de como quanto ficou transtornado com determinado fato no seu psicológico. Mas o CC foi lá e tirou
essa dúvida, e disse que o dano tem que ser reparado ainda exclusivamente moral.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
• Qual é o instituto jurídico que está positivado no art. 187? Abuso de direito. Todo mundo tem
direitos e garantias, e eu posso me excede na hora de exercer o meu direito. Nós tipificamos um outro instituto
jurídico que era bastante debatido que era a questão do abuso de direito, se eu tenho direito a praticar um
determinado ato, mas pratico esse determinado ato com vistas não na garantia a preservar o meu direito, mas com
vistas a prejudicar alguém, com vistas a extrapolar isso aqui agindo de má-fé. Nesse caso aqui também cabe
indenização, também é passível de responsabilidade civil.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
• Aquele que comete atos ilícitos, os arts. 186 e 187 dizem o que são os atos ilícitos, vai ficar
obrigado a reparar o dano. Ele é o fundamento principal para responsabilidade civil. Aqui diz que o dano tem que ser
reparado.
• PRESSUPOSTOS:
1) CONDUTA: um ato ilícito ou por responsabilidade por determinação legal
• O primeiro pressuposto para muitos é um ato ilícito, e outros vão chamar o mais genérico, que
é de conduta, porque as vezes o ato ilícito não quer dizer que teve algum tipo de ilícito penal, nem de direito civil, as
vezes é só uma quebra, um descumprimento contratual, o descumprimento contratual é uma conduta, mas que não
tinha ali um ilícito. Então para não ficar esse debate, alguns autores colocam como pressuposto conduta, e outros
preferem utilizar como pressuposto sempre o ato ilícito.
• É uma conduta que gera dano, e se essa conduta que gera dano tiver um nexo da conduta
entre o dano, eu tenho o dever de indenizar.
• Então, o nosso pressuposto da reponsabilidade civil é a conduta, que essa ideia do ato ilícito
que fere o direito positivado. Ou também vamos ter a hipótese que mesmo eu não quebrando nenhuma regra de
direito, eu vou ser obrigado a indenizar, porque eu tenho uma responsabilidade legal por aquilo.
• A responsabilidade tem a objetiva, onde eu não considero a culpa, se ele tinha intenção ou
não, nada disso eu vou entrar nesses mérito. E a responsabilidade subjetiva, que para muitos ainda é a geral, que eu
tenho que analisar aquilo que é o está previsto no art. 927, PU, onde há culpa.
2) DANO:
• Também é um pressuposto para responsabilidade civil.
• Tirando o dano moral, os outros danos têm que ser provados, eu vou ter que aferir-los
objetivamente, eu tenho que demonstrar como é que esse dano ocorreu, qual é a extensão dele.
• Dividimos o dano em material, moral, e estético.
• Obs. No dano estético- fica o debate também antigo sobre se o dano estético deveria ou não
ser previsto em separado. Começaram a se discutir o dano estético em casos de pessoas em que a sua remuneração
era com base na utilização da sua imagem. Posso dispor da minha imagem comercialmente, como fazem os atores,
jogadores de futebol. Aí o que acontecia... o cara por algum motivo fazia uma cirurgia, e ficava deformado, ou um
acidente que alguém tivesse causado, e aí falava para o judiciário que quando eu ele perdi a sua característica
estética, ele não teve um dano emergente mediato, mas ele não vai mais poder trabalhar com isso, então, isso o gera
o dano, porque ele trabalhava com isso. Mas nós separamos o dano material em dois tipos: lucro cessante e dano
emergente. Então, dano material já inclui lucro cessante, então, quando eu digo que iria ganhar o dinheiro, e não vou
mais ganhar, isso se parece muito com dano material nessa faceta do lucro cessante, aí se dizia lá que isso não é um
dano estético, o que ele está pedindo é um lucro cessante, porque ele vivia da sua imagem, e agora ele vai perder
esse dinheiro que ele iria ganhar com a utilização da sua imagem. Mas também o caso da pessoa que não vendia o
seu direito de imagem, p. ex., o cara era um estudante, ele nunca fez um trabalho publicitário ou assinou um acordo
comercial que utilize a imagem dele, nunca ganhou um centavo com direito de imagem, aí ele vai e sofre um acidente
de consumo que deixa ele deformado, aí ele pedia, além do dano moral pelo acidente, do dano material para custear
os danos emergentes que foram dos tratamentos que ele teve que fazer, e no final do tratamento, ele não consegue
ficar recuperado, ficou deformado esteticamente, e pedia dano moral e dano estético, aí as pessoas que isso não era
dano estético, que o que ele estava pedindo era um dano moral pelo transtorno que ele estava sofrendo de ter ficado
com essa sequela. Então, o cara que não vive com o direito de imagem, o dano causado por ele ter ficado deformado
parece muito com o dano moral, com aquele ideia de que isso é um transtorno psicológico, etc. Assim, ora se
comparava o dano estético com o dano moral, e ora comparava ele com o lucro cessante, que seria o dano material.
Só que o STJ depois de alguns processos, que ele deferiu o lucro cessante, deferiu dano emergente, deferiu dano
moral, e em separado dano estético, ele acabou editando uma súmula, e hoje em dia está sumulado pelo STJ de que
eu posso exigir esses três tipos de dano independentes. Dano moral, material e estético seriam coisas independentes.
• O dano material seria lucro cessante (o que a vitima deixou de lucrar com o dano) e o dano
emergente (prejuízo que emerge do dano, que advém diretamente do dano), seria essa questão de quanto eu tenho
parâmetro objetivo para aferição, eu tenho que dar parâmetros/formas para calcular esse lucro cessante e dano
emergente.
• O dano estético tem sido entendido como possível de indenizar quando eu tenho um dano que
prejudica a imagem, ou seja, tem que ser um dano que seja visível, e que ele seja não reparável, porque senão eu
posso exigir a reparação, e enquadraria em um dano emergente, queria seria o valor da cirurgia. Dano corporal,
visível, que seria perene ou que vai perdurar muito tempo, e seria passível de indenização separado do transtorno do
ato.
3) NEXO CAUSAL:
• Relação entre a conduta (ato) e o dano gerado.
• Como em algumas hipóteses eu considero que esse nexo não existe, porque a ideia de quanto
o nexo existe ela basicamente departe de lógica.
• Excludentes: culpa exclusiva da vítima (ex. o cara está dirigindo no limite de velocidade da
pista, e não está infringindo nenhuma lei de trânsito, e aí tem um cara parado na beira olhando a rodovia, e na hora
que ele chega perto, ele pula na frente do carro, o carro bate nele, e ele morre. Aqui não importa se o cara está
cometendo um ilícito ou não, o que importa é se esse ilícito dele foi o ocasionamento/ o que ocasionou o- do dano,
ou seja, se aquele ato é um fato determinante para que o dano ocorra. Nesse exemplo não teria um nexo de
causalidade, porque a conduta e o dano existem, mas o dano não se liga a conduta, gerando a responsabilidade,
porque quando ela se ligou, ela se ligou dessa forma, pela culpa exclusiva da vitima, que praticou uma conduta
também que determinou que o dano ocorresse, a conduta que foi determinante para o dano foi da vitima, e não a
conduta praticada pelo motorista, então, ele não vai dever de indenizar); fato de terceiro (ex. o caminhão ia
passando, e o colega empurra o outro na frente do caminhão. Nesse caso, eu tenho a conduta e o dano, mas da
conduta não decorre o dano, a conduta que leva ao dano é a conduta do terceiro); caso fortuito e força maior.
• São excludentes por quebrar o nexo de causalidade.
• Caso fortuito ou força maior: não sabe se distinguir os conceitos. A corrente majoritária atribui
a força maior a questões naturais, que eu possa até prever que vão acontecer, mas eu não consigo controlar. Caso
fortuito: eu não tenho como prever quando isso vai acontecer. Ex. uma empresa de ônibus faz uma rota em uma
estrada que é acidentada, como na serra do ceara que tem uma linha de ônibus do dia de uma certa empresa, mas
certo dia, tem lá 20 pessoas no ônibus, o motorista perde o controle do ônibus, desce a ribanceira, e morre todo
mundo. Faz uma pericia e descobre que a barra de direção do ônibus se rompeu, aí nesse caso, a empresa de ônibus
é obrigada a indenizar ou não? O ônibus estava com manutenção em dia na própria concessionária fabricante. A
barra de direção estava nova, no período de utilização regular, e que tudo estava com manutenção em dia. Tem que
indenizar! Se eu conseguisse provar que a minha empresa ônibus não era a responsável pela falha, porque era uma
falha de construção, de projeto, aí, em teoria, o fabricante também é responsável, mas tem uma regra de direito do
consumidor que o fornecedor direto é obrigado a reparar e a exigir regresso. Mas por que o cara da empresa de
ônibus é obrigado mesmo que não tenha prova de que tenha qualquer tipo falha na construção? Devido ao caso
fortuito interno e externo. Caso fortuito seria uma questão que eu não tenha como prever, logo, se eu não tenho
como prever, é muito difícil de me resguardar contra isso, aí ele afasta/ quebra o nexo, e não há o dever de reparar.
Só que se começou a perceber de que quanto eu estou no mercado praticando aquele ato, eu consigo ter uma
responsabilidade muito maior, e que algumas coisas seriam inerentes a atividade que eu pratico, c. p. ex., o cara que
trabalha com ônibus saber que peça de ônibus pode quebrar por estrada ruim, ou por falta de manutenção, ninguém
sabe o que foi que aconteceu, mas rompeu, e morreram, e aí começou a se separar o caso fortuito interno e externo.
O caso fortuito interno que seria aquele que faz parte da atividade, ele não quebra o nexo de causalidade.
• Obs. A empresa de transporte responde por caso fortuito interno se há algum prejuízo durante
o transporte, algum erro, mesmo que não se prove qual foi o erro, se há algum prejuízo no produto, ela vai ter que
indenizar! Dever de incolumidade no transporte.
• Alguns julgados antigos do STJ chamava o acidente natural de caso fortuito, e o que eu não
conseguia prever de força maior. Mas o STJ nesse julgado de 2008, ele colocou que a corrente majoritária era o que
chamava caso fortuito o que eu não conseguia prever, e força maior o que eu não conseguia controlar, que seriam os
eventos naturais. Mas na doutrina até hoje que defendem o contrário, mas o STJ já pacificou.
• Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior,
se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
• DISTINÇÕES:
• Hoje, não se pode mais atacar a liberdade do sujeito, e muito menos o próprio sujeito, não
pode mais torna-la escravo para pagar indenização, então, nós criamos uma regra da patrimonialidade, e o judiciário
se atem muito a isso. Só a uma exceção a essa regra de patrimonalidade: que é o caso de alimentos. Então, em regra,
nós não vamos mais privar a liberdade de ninguém por conta de débito civil, vai só se atacar o patrimônio do sujeito.
• Tem-se a preocupação em separar em que seria a esfera abrangida pela responsabilidade civil,
e o que não é. E até porque nós separamos as coisas muito bem dentro do direito, nós temos uma necessidade, uma
intenção de separar essas coisas.
• Quando nós estamos tratando de responsabilidade civil, nós temos que ter em mente, que nós
estamos tratando de responsabilidade que são jurídicas, e não decorrentes de questões morais, apesar do direito civil
mais moderno tem uma problemática de alguns institutos abertos, ‘’ato ilícito contra os bons costumes’’, gera uma
preocupação do seria que esses bons costumes, e como seriam violados juridicamente, mas é difícil nós vemos algum
tipo de processo baseado em ato ilícito por conta de violação de bons costumes, geralmente se vai se ater muito mais
as questões que violam regras mais explicitas do que essa, essa uma regra que fica meio na moita (meio sóbrio).
• Há atos que tinham tipificação legal, e hoje em dia, e nós ainda continuamos dando
indenização.
• A nossa responsabilidade civil é jurídica, ela não é baseada em questões morais, salvo essas
exceções em que direito internalizou alguma questão moral, como essa questão dos bons costumes.
• Diferenças das responsabilidades jurídicas para a responsabilidade civil X da responsabilidade
penal: nós também separamos isso, e separamos em várias esferas de responsabilidade. Nós separamos muito bem o
que é um ilícito civil do que é um ilícito penal. Inclusive, algumas vezes o ilícito penal vai me gerar também um ilícito
civil que merece reparação. Um delito pode gerar dano, se ele gera dano, eu vou ter também a possibilidade de pedir
responsabilidade civil, mas elas são independentes.
• Obs. porém há prevalência do penal, nós temos a noção de que o juízo penal deveria ter uma
produção de prova mais precisa, já que trata da liberdade das pessoas. Então, por entender que o direito penal tem
essa preocupação maior com a prova, o que muitos chamam de busca da verdade real, por mais que nós acreditamos
que não exista verdade real, nós reconhecemos que o processo penal tem uma preocupação maior com a produção
de provas, então, nós vamos ter alguma interferência do penal no civil, que seria a que está no art. 935 que vai dizer
lá que a responsabilidade civil é independente, mas em contraponto ele dar essa prevalência para o penal em alguns
aspectos. Eu não posso questionar sobre a existência ou quem seja o autor se isso for decidido no juízo criminal,
então, nós damos essa credibilidade para o juízo criminal, e isso vai ter consequências na esfera civil. Nao quer dizer
que se não tem crime, não pode ter responsabilidade civil, são coisas totalmente diferentes, algumas vezes possa ser
que o sujeito não seja condenando criminalmente, porque se entendeu que não teve dolo, e os tipos penais, quando
não tem previsão de forma culposa, não é crime, mesmo assim vai constituir ilícito civil. E algumas situações que se
tira a possibilidade de percepção criminal por presença de uma excludente de ilicitude, como p. ex,., a legitima
defesa, isso retira a ilicitude do penal se ele acertar o outro, e vier a matar, mas se ele acertar um terceiro, ele não
pode alegar para o terceiro de que ele não vai indenizar, já que não houve crime, porque ele atirou no outro, mas ele
está atirando em legítima defesa. Ele vai indenizar aquele terceiro que foi alvo daquele ação dele, a ação dele retira a
ilicitude na esfera penal, mas não vai tirar a responsabilidade civil, ele vai ter que reparar o dano que ele tiver
causado a terceiros.
• Só vai ter essa interferência do penal no civil quando no juízo criminal ficar assentado que o
sujeito é o autor ou não autor, foi um terceiro OU que o fato não existe, aí a gente não consegue mais transportar
isso para o civil. Ex. se eu tentar uma ação civil por dano moral, porque fulano de tal matou alguém da família do meu
cliente, e no juízo criminal ficar assentado não matou o familiar do meu cliente, que foi uma terceira, aí não tenho
como eu prosperar no juízo civil. Não adianta nenhum eu trazer outras provas, isso vai ser imutável, não vai ser
possível de alterar no juízo civil, tinha que tentar fazer isso penal, e aí eventualmente no civil.
• Agora, se eu tenho a condenação no criminal, eu posso transportar isso para o civil para eu
pegar a indenização, inclusive, essa intercepção é tão comum que tem até uma ação civil ex delicto, e se eu tenho
uma condenação criminal, ele me gerou um dano, eu posso pegar aquela condenação criminal, e ir no juízo civil, eu
não vou mais discutir a necessidade de indenização, eu vou discutir no juízo civil só o quanto vai ser pago de
indenização. Ex. um assassino matou alguém, a família do morto vai pegar aquela condenação criminal, e vai
ingressar no juízo civil apenas para discutir o quanto de dano moral e dano material é para ser pago, mas o dever de
indenizar já está assentado, porque se entende quando mata um família gera um dano moral e material, e não se
pode mais discutir a autoria e nem a existência, porque já assentado no juízo criminal.
• Quando o agente é culpado no penal, no civil, discutimos basicamente as quantificações do
dano, pois o dever de reparar já está afirmado, o que nós vamos discutir, quando já tem uma condenação criminal, é
o quanto que se deve.
• As esferas de responsabilidade são totalmente diferentes, distintas. Posso entrar uma ação
civil, e penal ao mesmo tempo pelo mesmo fato.
• Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais
sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal. (CC2002)
• Ex. dano ambiental- uma empresa que tenha descumprido alguma regra administrativa, ela vai
ser mutada administrativamente, e pode ser que aquele descumprimento tenha enquadrado também em um ilícito,
então, ela vai responder criminalmente, e mesmo assim ela vai ter que pagar indenização por responsabilidade civil.
Pode ser responsabilizado em várias esferas.
• Por mais que não tenha uma necessária vinculação, é muito difícil em algumas situações,
depois de passado pelo criminal, onde não há assentado a possiblidade de ter havido um crime, quanto o próprio fato
fica dificilmente provado. Pode ser que eu não tenha provas suficientes de que ele aconteceu, aí nesse caso é muito
difícil eu conseguir uma reparação civil, porque se eu não conseguir provar isso no penal, eu tenho poucas chances de
conseguir provar isso no civil, mas ela é possível.
• Obs. como o juiz penal tem prevalência, se a ação civil indeniza o agente pagar, e na ação penal
ele não é condenado, caberia aí uma ação rescisória.
• Se executa direto a reparação civil? Em regra, não, se entrar com ação de conhecimento
novamente para liquidar o quanto se deve pagar. Mas no caso, pode se executar direto é quando eu tenho crimes de
menor potencial ofensivo, o juiz criminal quando ele faz a transação ele tem que também, dentro da transação incluir
a reparação civil, aí essa executa direto, porque ele já fixou a reparação civil, ele já disse qual dano casou o crime, e já
fixa que se não for paga a transação, execução direto, já tem um valor a ser executado.
• A responsabilidade civil e a administrativa também são distintas. Posso ser indenizado
civilmente pelo dano, e não ser obrigado a pagar multa administrativa, ou vice-versa, ou posso ser indenizada em
ambas esferas.
• Discussão: a reparação civil se constitui uma sanção ou não? Alguns autores colocam o
seguinte: a ideia de sanção seria gênero do qual a pena é uma espécie, a pena não deixa de ser uma sanção, mas
nem toda sanção vai ser uma pena. E mesmo para quem vê essa sanção como uma coisa genérica, tem alguns
autores que tem resistência, que diz o seguinte: a sanção seria uma imposição em decorrência da conduta errada,
uma coisa que sanciona é uma coisa que visa que ofensor não faça mais aquele ato. E para muitos autores a
responsabilidade civil seria meramente reparatória, ela não teria função de sanção, mas ela teria função apenas de
reparar o dano causado. Para alguns autores mais modernos, como Stolzen, vai dizer que a responsabilidade civil tem
três funções: reparadora (compensa a vítima pelo dano que ela sofreu), sancionatória (sancionar o causador do dano)
e ainda teria uma função pedagógica (para a sociedade percebesse que aquela conduta era reprovável, e deixasse de
praticá-la. Influência do direito americano, lá a ideia da função pedagógica é muito forte).
• Obs. há essa dificuldade de firmar valores, de codificar os valores da responsabilidade civil
decorrente do dano, dificuldade de como fixar a indenização. Judiciário não consegue ter parâmetro para fixar a
indenização.
• Temos totalmente, salvo algumas exceções, independência entre as esferas de
responsabilidade. Uma empresa pode ser multada administrativamente, multa tributária, responsabilidade civil e
criminal concomitantemente, por cada uma são esferas distintas de responsabilidade.
• NOÇÕES GERAIS:
• Natureza da sanção civil: a condenação e indenização, ela é reparadora ou não? Stolzen diz que
ela vai ter as três funções: a função principal que é de reparação, ou seja, compensar o dano da vítima, mas que
também teria outras duas funções, que era, punitiva do ofensor, e desmotivação social da conduta lesiva. E vai ter
outras autores que não aceitam isso, inclusive, o judiciário, como regra, não aceita, segundo este a responsabilidade
civil deve ter função pedagógica, e ele demonstra muitas vezes isso explicitamente nas suas decisões. Ter uma função
pedagógica me faz eu ter uma melhoria social, porque as pessoas vão deixar de praticar a conduta para não serem
obrigadas a indenizar.
• A responsabilidade civil decorre de uma situação anterior, uma situação contratual ou não,
mas ela, geralmente, vai decorrer de um outro fato jurídico (fato que tem relevância jurídica), ou de uma outra
relação jurídica anterior, como contratual, ou trabalhista. Então, dentro de responsabilidade civil, nós estudamos o
direito civil, mas veremos depois o direito do trabalho na responsabilidade civil, porque há coisas aqui que tem
relação com o direito do trabalho; obs. inclusive, o direito do trabalho criou o dano existência, não é dano moral, é
pior, é a empresa ter prejudicado o sujeito a progredir na sua vida, é como se prejudicasse a sua própria existência.
• Função principal e funções acessórias: “três funções podem ser facilmente visualizadas no
instituto da reparação civil: compensatória do dano à vítima; punitiva do ofensor; e desmotivação social da conduta
lesiva” (Stolze)
• Relação interdisciplinar (interdisciplinaridade da responsabilidade civil com outras áreas)-
sempre estar tirando de outras áreas. Vai ter sempre essa relação da responsabilidade civil com outras áreas do
direito, e as vezes até uma área bem diferente do que o meio jurídico, como essas questões de saúde onde cada área
da saúde tem suas especificidades que acaba influenciando na responsabilidade civil, porque cada área tem suas
regras específicas. Teremos responsabilidade civil decorrente de quebra de contrato, o fundamento ali vai ser a
discussão de relação contratual.
• Culpa na responsabilidade civil: alguns autores dizem que ela é pressuposto, e outros dizem
que ela não é mais, que ela é um elemento acidental. Um dos autores que dizem que ela é um elemento acidental, é
Stolzen, ele diz que a culpa não é mais um pressuposto (elemento essencial), mas que ela é agora um elemento
acidental, porque ele reitera o entendimento de que os pressupostos são apenas os três: a conduta humana, o dano,
e o nexo de causalidade. Então, a regra na responsabilidade civil é responsabilidade objetiva, e não mais subjetiva, a
subjetiva é exceção.
• A culpa, portanto, não é um elemento essencial, mas sim acidental, pelo que reiteramos nosso
entendimento de que os elementos básicos ou pressupostos gerais da responsabilidade civil são apenas três: a
conduta humana (positiva ou negativa), o dano ou prejuízo, e o nexo de causalidade. (Stolze)
• O código civil trata a responsabilidade subjetiva como se fosse regra, já que ele coloca que só
quem pratica atividade perigosa é quem tem responsabilidade objetiva. Mas temos tanta legislação com a
responsabilidade objetiva, que na prática, acabamos vendo mais hipóteses de responsabilidade objetiva do que
subjetiva, mas no CC trata como regra a responsabilidade subjetiva.
• INIMPUTÁVEIS:
• Como a responsabilidade funciona em relação aos incapazes.
• A responsabilidade civil tem muita relação historicamente com a questão da subjetividade,
quando nós tínhamos a responsabilidade civil basicamente subjetiva, se tinha grande dificuldade de se
responsabilizar os inimputáveis, porque o inimputável não tinha ali nem condição de entender a lesividade da sua
conduta, logo ele estava retirado dele a questão da culpa. Então, nós tínhamos esse problema, e o código anterior
trata isso com um termo que se evita utilizar, se chamava de os ‘’amentais’’ (incapazes mentalmente), e a ideia é que
eles não poderiam manifestar vontade, logo, não teriam obrigação de indenizar já que eles não teriam o elemento
subjetivo, o elemento subjetivo não estaria configurado, não haveria como caracterizar culpa de uma pessoa que a
grosso modo não entende a gravidade dos seus atos, o que os seus atos podem representar de lesão para outros.
• Pessoas que eram caracterizados como portadores de alguma patologia, que caracterizavam
eles como amentais, ou então, as próprias crianças sempre foram configuradas como não possuidoras de vontade
própria. Mas eles estão convivendo em sociedade, e acabam, por ventura, causando um dano a outrem, esse dano
iria ficar inressarcido? O judiciário começou a construir uma ideia de que os pais tinham responsabilidade não pelo
ato direto do filho, mas pelo ato de não vigiar, seria uma quebra do dever de vigilância dos pais pelos filhos. E se for
um tutor, em relação ao tutelado, e o curador em relação ao curatelado. A ideia, no começo, é de que eles seriam
responsáveis não pelo ato específico da criança ou de qualquer outro que fosse incapaz, não seria ali culpável no
sentido legal, mas como aquele ato tinha gerado um dano, a culpa era caracterizada pela falta de vigilância dos pais,
ou de tutores, ou curadores. Eles teriam que pagar quando houvesse a falha no dever de vigilância. Só que mesmo
assim se ficava com um problema, é muito difícil se dizer até onde vai o dever de vigilância do pai, do curador, ou do
tutor. Ex. o pai trancou o filho em caso, algemado, mesmo assim ele saiu, e quebrou alguma coisa de outra pessoa.
• O responsável podia provar que não houve falha no dever de vigilância; neste caso a vítima
ficaria sem reparação dos danos.
• Para não ficar sem reparação, esses atos da criança, o pai era responsável por essa falha do
dever de vigilância.
• Isso começou a ser codificado em vários outros países bem antes do nosso. Isso era tão forte
na codificação alienígena, nos outros países, no direito comparado, que o Brasil acabou sendo influenciado para
aceitar, ainda que não tivesse codificação, nós aceitávamos que os países eram responsáveis, então, ex. A Rússia já
tinha codificação nesse sentido 23 (época de união soviética); Portugal em 66. Todos já trazendo títulos que
trouxessem a responsabilidade para os pais e para os responsáveis legais em relação as pessoas que teriam
incapacidade, que não teriam, por alguma questão fática, a condição de expressar a sua vontade, não teriam as
faculdades mentais completas.
• Por conta dessa necessidade, o judiciário já vinha aplicando em relação a isso.
• O código de 16 era silente em relação a isso, mas a doutrina e a jurisprudência acabaram
criando essa ideia de responsabilidade com falha no dever de vigilância, que levaria a obrigação de indenizar, então,
se o meu filho causa dano, eu terei que pagar, não porque tenho obrigação legal do pai responder pelo filho, mas
porque eu, enquanto pai, tinha falhado no dever de vigilância, teria que vigar o filho para que ele não causasse dano
para ninguém.
• Como a doutrina falava do incapaz, do amental “a atividade da pessoa privada de
discernimento é uma força cega, comparável às forças naturais, assimilável ao caso fortuito, e, assim, a ninguém
vincula se, porventura, não ocorre infração do dever de vigilância”. Seria essa a ideia geral, que os pais teriam o dever
de vigilância, por isso, eles são obrigados a pagar.
• Só que o código de 2002 trouxe uma inovação com base no que nós já fazíamos através da
jurisprudência, e influenciado pelo que víamos no direito comparado os outros países, então, nós começamos a
trazer a possibilidade de indenização, e nós temos o art. 932 que é o que trata da responsabilidade por ato de
terceiro, e ele já fala que o pai é responsável pelos atos dos filhos. Mas nós continuamos tendo outro problema que
era o problema que as vezes o incapaz tinha patrimônio, e o responsável legal não tinha patrimônio, e aí o Código já
colocou lá que eu poderia eventualmente, nessa situação excepcional, pegar o patrimônio do incapaz. Essa é a
disposição do art. 928 que diz que o incapaz responde pelo prejuízo causado se as pessoas por eles responsáveis não
tiverem a obrigação de fazê-lo ou não dispuser de meios suficientes, então, tem a possibilidade atualmente de tanto
responsabilizar os pais, tutores, ou curadores, como se responsáveis legais não tiverem patrimônio e o menor ou
incapaz tiver, ou seja, se esses responsáveis não tiver dinheiro, e o incapaz tiver, eu posso conseguir atingir o
patrimônio do incapaz. Agora, nós teremos uma quebra da regra de reparação geral, porque o próprio código no PU
diz nesse tipo de caso quando eu tento atingir um patrimônio de um incapaz, eu vou quebrar a regra da reparação
geral da responsabilidade civil, que diz que se alguém causa dano, ele tem que reparar a integralidade do dano, há
vários dispositivos legais que dizem que tem que pagar o dano com juros, correção monetária, e honorário (tudo que
foi em decorrência do dano, e que ele necessitou para conseguir ser ressarcido), mas quando vou atingir o dinheiro/
patrimônio do incapaz, NÃO, a regra da reparação integral é mitigada, porque o próprio código diz que essa
indenização vai ser de forma equitativa. Equitativa- refere a questão do senso de justiça. E essa equitatividade seria
medida de forma que eu não posso tirar do incapaz ou das pessoas que dele dependem o que necessário para a vida
dele. O que é bastante vago, o que é necessário?
• Ex. o incapaz de um patrimônio de um milhão, eu posso pegar quanto do patrimônio dele para
indenizar? É muito vago. Ex 2. O cara tem 500 mil de patrimônio, e ele causou um dano de 2 milhões, quanto se
pegaria de patrimônio? Ele é incapaz, mas ele tem um filho que depende dele, menor de idade. E ele é incapaz por
algum tipo de doença mental que ele teve já depois de ter constituído família. O que é deixar o necessário? É muito
difícil de se quantificar no caso concreto. É muito vago!
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.Parágrafo único. A indenização prevista neste
artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele
dependem.
•
• Obs. o código limita pela necessidade dele incapaz, e não pela necessidade do outro que sofreu
o dano.
• Os responsáveis legais tem obrigação de indenizar os danos causados pelos seus tutelados,
curatelados. Não é mais pela questão da vigilância, é porque a responsabilidade objetiva pelo ato de terceiro.
• No novo código civil de 2002 não há previsão de exoneração de responsabilidade, assim não
adianta o pai tentar provar que ele não violou o dever de vigilância, ele vai ter que pagar indenização civil. Não existe
mais essa discussão, apesar de ter outra: se um pai tem um filho problemático, um menor de idade que é usuário de
drogas, e vem dando problemas para ele, ele assalta, e o pai acaba sendo responsável, ele pratica infrações, e o pai
pode ser obrigado a reparar o dano pela infração se tiver patrimônio, ou se ele causa pequenos acidentes, o pai vai
responsável, aí se um pai levar essa criança para uma clinica, até onde está a responsabilidade da clínica se ele foge
da clínica e causar dano? Discussão mais atual! Eu consigo transferir minha responsabilidade ou não... esse pai vai ser
responsável até o menino fazer 18 anos, ele vai continuar tendo que pagar por todos os atos dele. É bem
problemático tirar a responsabilidade dos pais, por conta da vinculação muito mais direta que o pai tem com o filho
do que essas instituições. Temos uma tendência de tirar as responsabilidades, e tentar passar para outro tipo de
instituição.
• Aquela regra que nós vimos, que é uma exceção de pode pegar o patrimônio daquele incapaz,
ela só vai ter sentido quando os responsáveis legais do incapaz tiverem uma impossibilidade financeira- material de
ressarcir o dano. E pode ser acontecer do responsável legal ter algum patrimônio penhorável, pode pegar, mas se o
dano for muito alto, o dano pode ser compartilhado.
• Se os pais forem incapazes? Designa alguém como tutor, ou passa a guarda para os avós.
• O menor ou incapaz se causar prejuízo para alguém, e o responsável não tiver capacidade
financeira, o patrimônio desse menor poderia ser atingido. Incapaz só responde em caso de impossibilidade por
partes dos responsáveis.
• A indenização nesse casos dos inimputáveis vai se quebrar a regra da reparação integral, ela vai
ser equitativa, já que, ela não pode prejudicar a subsistência do incapaz e das pessoas que deles dependem (no caso
aqui ele teria um dependente que seria, p. ex., o filho menor, e por mais que não seja ele, por ser incapaz, o
representante legal, o filho necessita do dinheiro dele para subsistir, então, isso também deveria ser levado em
consideração pelo juiz na hora de fixar o quanto de indenização ele poderia suportar, ele seria obrigado a pagar).
• Menores e emancipação: “Se os pais emancipam o filho, voluntariamente, a emancipação
produz todos os efeitos naturais do ato, menos o de isentar os primeiros da responsabilidade pelos atos ilícitos
praticados pelo segundo, consoante proclama a jurisprudência. Tal não acontece quando a emancipação decorre do
casamento ou das outras causas previstas no art. 5º, parágrafo único, do Código Civil” (Carlos Roberto Gonçalves). A
emancipação: tem alguns disposições legais que tornam a pessoa emancipada, o que leva a emancipação?
Casamento, concurso público, colação de grau, quando a pessoa completa 18 anos (pela maioridade). O mais comum
e regular é pela maioridade, é a regra. E também a emancipação voluntária, quando o sujeito entre 16-18, os pais
podem conceder a emancipação aquele adolescente, e ela vai ser legalmente maduro, que vai ser tratado como
capaz. Tem que ser dado pelos dois pais, ou se um se recusar infundadamente, pode ser feito com autorização
judicial. Ex. os pais tem um filho problemático, e já tinha dado um monte de prejuízo para eles, e ele descobriu lá com
um advogado se o filho fosse emancipado, ele não era mais obrigado a pagar pelos danos que o filho causa, aí ele
chegava para mulher, e diz que tinha a solução para se livrar desse menino mais cedo, nós vamos emancipar ele. Aí
vão lá, pai e mãe, e emancipam o rapaz, e ele causa dano, os pais continuam responsáveis ou não? A emancipação é
voluntária, os pais emancipam os filhos com 16 anos, voluntariamente, e ele causa dano, os pais respondem? A
emancipação voluntária não gera a exoneração do dever de responsabilidade dos pais, porque seria contrária a
disposição legal. Tem-se esse entendimento de que se os pais emancipam os filhos voluntariamente, a emancipação
produz todos os efeitos naturais do ato, menos os de responsabilidade civil. Isso não tem previsão legal, mas é
consolidado no STJ a bastante tempo.
• A emancipação voluntária, quantos os pais, por ato voluntário tenta tornar o filho capaz, o filho
se torna capaz para todos os efeitos, menos o de tirar a responsabilidade dos pais. Para evitar a má-fé dos pais de
tentar se exonerar da responsabilidade. Então, essa emancipação voluntária não quebraria a responsabilidade dos
pais, os pais continuam responsáveis. Só no caso da voluntária!
• Isso também não quer dizer que não possa pegar o patrimônio dele, se esse cara que foi
emancipado voluntariamente, tiver patrimônio, ele é capaz, então, eu posso pegar o patrimônio dele, mas ele não
tiver patrimônio, eu continuo pode pegar o patrimônio dos pais, se ele tiver causado antes de completar os 18.
• Ele é emancipado, eu posso pegar o patrimônio dele, embora os pais continuam responsável.
Posso utilizar os dois como polo passivo.
• RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA:
- CASOS ESPECIAIS DE RESPONSABILIDADE POR ATO PRÓPRIO:
• Algumas hipóteses que a doutrina trata como responsabilidade civil por ato próprio, onde o
critério aí seria da responsabilidade civil subjetiva.
• É necessário que tenha uma ação ou omissão, que caracterize uma infração a um dever legal, e
por outro lado, é essencial que a ação ou omissão seja controlável, dominável pela vontade do homem, tem que ter o
caráter da subjetividade, não pode ser uma coisa tão difícil de prever que não me caracterize uma culpa por uma
imprudência, tem essa característica, quando nós trabalhamos responsabilidade civil, de ter que olhar o elemento da
culpa.
• Fato voluntário equivale a fato controlável ou dominável pela vontade do homem.
• Tinha algumas hipóteses que eram tuteladas no código de 16 que não são mais, mas nós
continuamos dizendo que elas podem gerar responsabilidade.
• A ação ou omissão do agente, que dá origem à indenização, geralmente decorre da infração de
um dever, que pode ser legal (disparo de arma em local proibido), contratual (venda de mercadoria defeituosa, no
prazo da garantia) e social (com abuso de direito: denunciação caluniosa)
• Ex. motorista que atropela alguém, se ele se omite a prestar o socorro, se o socorro for a causa
da morte, ele pode ser culpado pelo evento mesmo que o acidente seja culpa exclusiva da vítima. Ex. se eu estou
dirigindo regularmente a 60 km/h, que é o limite da via, eu estou na linha correta, mas o cara pulou na frente do meu
carro, eu não sou responsável pelo acidente, não tem nexo de causalidade, seria culpa exclusiva da vítima, mas o
código determina que sempre que eu me envolva em um acidente, eu tenho que tentar prestar socorro. Sempre que
eu me envolva ou tenha ciência de algum acidente, tenho que prestar socorro. E as pessoas muitas vezes com medo
de violência, mesmo assim ele tem que prestar socorro ligando para autoridade. Ele tem que prestar socorro, se ele
não prestar socorro, e ficar caracterizado que a vítima morreu, por conta da omissão dele em prestar socorro, se
conseguir comprovar esse nexo ali, ele vai por conta de uma conduta omissiva, que ele deveria agido por
determinação legal, e houve dano, vai ter o dever de indenizar.
• Vamos ver várias espécies que são decorrentes de questões legais ou que a jurisprudência
firmou de deveres que a pessoa tinha que observar na vida em sociedade, se não observa, aquela conduta,
eventualmente, pode ter gerado um dano.
• Vamos ver algumas hipóteses que são tratadas como de ato próprio. Ex. infração de dever
legal, como disparo de arma de fogo, tem um dispositivo lá na lei de desarmamento que eu não posso sacar arma, é
um tipo legal, e disparar arma em local público, é outro tipo, e se aquilo causar dano, eu vou ter responsabilidade
pelo ato do próprio sujeito. Contratual: se o cara vende mercadoria defeituosa, ou fora do prazo de garantia, seria
uma responsabilidade recorrente do próprio ato. O abuso de direito, e a denunciação caluniosa, a difamação, a
injuria, também são elementos que podem levar a responsabilidade civil.
Art. 42, Parágrafo único, CDC- O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por
valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.
Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará
obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora
estipulados, e a pagar as custas em dobro. (exceção prevista no art. 333, CC/2002
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir
mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no
segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Ex., duas empresas que tinham contrato de
parceira de uma coisa, aí ficou um saldo devedor muito grande para um delas, e esta disse ‘’me paga esse saldo
devedor de 1 milhão em 20 vezes’’, termina a 20 x e a outra empresa diz que não foi pago uma parcela, um valor
ainda que não identificou o pago, e ela sem buscar os registros para saber se ela recebeu ou não, ela vai cobrar a
outra empresa judicialmente, e esta prova que esse valor já tinha sido pago e mesmo assim ela acionou no judiciário,
em teoria, pela interpretação antiga desse dispositivo, deveria ser pago a indenização direta, cabe a indenização
equivalente ao dobro, mas o judiciário entendia que esse dispositivo era prejudicial para as empresas.
O próprio CC dizia quando não iria incidir essa multa, que seria essa responsabilidade civil objetiva. Quando eu
desistisse da ação, e antes de completada a lide, então, se o cara se defender, contestou, e o depois o juiz já viu que
essa demanda já tinha sido paga, eu tinha o direito a exigir a reparação em dobro.
Não parece pelo dispositivo legal nenhuma referencia a dolo, nenhuma intenção de lesar, e nem de violação a boa-fé,
ele não fala desses critérios para eu poder aplicar os 940, mas o STF criou a súmula 159 dizendo que a cobrança
excessiva, mas de boa-fé não dar lugar as sanções do art. 1531, o 1531 tem a mesma redação do art. 940, então, a
súmula seria aplicável ao código civil atual, então, o cara que demanda o outro judicialmente, e eles não conseguirem
demonstrar que ele agiu de má-fé, e ele sempre vai dizer que agiu de boa-fé. Sabe-se que má-fé não se presume, é
provado. Então, eu que fui demandado, tenho que me defender, e depois cobrar que o cara me cobrou de má-fé. Se
presume só a boa-fé.
Na hora que o STF produziu essa sumula, ele criou a dificuldade de aplicar esse dispositivo, porque ele disse que se
for boa-fé não pode ganhar a indenização em dobro, se não pode ser for de boa-fé, eu tinha que provar que ele agiu
de má-fé, e é muito difícil de provar que ele agiu de má-fé.
Segundo a súmula do STF, “a cobrança excessiva, mas de boa-fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531”. Isso é
hipótese de responsabilidade civil objetiva decorrente de disposição legal. Tem que provar que ele não fez a cobrança
de boa-fé, tem que provar que ele fez aquela cobrança de má-fé para aplica-se esse art. 940.
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada
a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido.
• Obs. se ele cobra a mais, ele ficar só pelo excesso, não pelo todo. E pelo excesso, quando ele
cobrar fora do que é permitido, ele só fica pagando custas em dobro, p. ex., eu tinha uma dívida de 50 mil, e ele
cobrou 60, se eu tivesse pago o 50, e ele demandasse pelos 50, eu iria receber 100, mas se ele cobrasse a mais, p.
e.x., você devia 50, e ele te cobrava 60, você só tinha direito a 10, que é esse segundo caso, o equivalente do que dele
exigir, aí eu só tenho direito ao que me foi exigido.
• Diferença entre cobrar dívida já paga ou cobrar dívida superior ao que era devido: o superior
ao que era devido, gera indenização equivalente ao que foi exigido, e a cobrança de dívida já paga, gera a indenização
equivalente ao dobro.
• E na cobrança de dívida vencida: suspensão dos juros, e ele tem que esperar o tempo que
faltava para o vencimento e descontar os juros correspondentes aquele período, o prejuízo para quem faz isso é
perder os juros, e ele perde o direito a custas em dobro.
Abuso de direito:
• O abuso de direito também é um ato próprio que vai gerar responsabilidade civil. O art. 187 já
disciplina a questão do abuso de direito.
• “o abuso de direito ocorre quando o agente, atuando dentro das prerrogativas que o
ordenamento jurídico lhe concede, deixa de considerar a finalidade social do direito subjetivo e, ao utilizá-lo
desconsideradamente, causa dano a outrem. Aquele que exorbita no exercício de seu direito, causando prejuízo a
outrem, pratica ato ilícito, ficando obrigado a reparar. Ele não viola os limites objetivos da lei, mas, embora os
obedeça, desvia-se dos fins sociais a que esta se destina, do espírito que a norteia” (Silvio Rodrigues)
• Silvio Rodrigues é um autor de clássico do direito civil, e tido como um dos primeiros que
tentavam trazer para o direito a necessidade de refletir sobre quando eu exerço o meu direito, mas eu exerço o meu
direito de forma abusiva, eu exagero no exercício do meu direito na intenção de lesar a minha contraparte, o meu
vizinho, o meu inquilino. Aí ele começa a exercer o seu direito, e ele pensa que se ele está dentro da legalidade, eu
não vou está sujeito a nenhum tipo de sanção, só que se institui que as medidas legais que você pode tomar elas tem
limites, então, mesmo uma medida legal, se você legar ela a uma certa consequência, se você pratica ela de uma
determinada forma tentando causar dano, isso vai ser caracterizado como abuso de direito, com uma possibilidade
de reparação, de aplicação de responsabilidade civil.
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes” esse artigo tem um problema que é
muito difícil caracterizar, dar um conceito fechado sobre o que é abuso de direito. Muitas clausulas abertas nesse
dispositivo.
• Tudo isso limita o exercício do meu direito.
• Ex. tenho um direito a repelir a utilização da minha propriedade por terceiro, e inclusive
semoventes, o cara que afugenta o boi do vizinho que está no pasto dele dando tiros no cara, ou machucando o
animal. Ele tem o direito de tirar, mas ele não tinha o direito de tirar daquela forma, ele está abusando do seu direito.
• O abuso de direito é uma coisa relativamente ampla que vai depender da analise no caso
concreto, já que, vai bem para o legislador e para o interprete do direito na hora de analisar aquele caso, se houve ou
não abuso de direito. Há relações que vão ser abusivas, e que vão ser ato ilícito por conta disso, e que é mais difícil de
provar.
• Ex: Retirar o gado de outrem da minha propriedade com tiros;
• Requerimento sem necessidade (como de busca e apreensão, de arresto de bens, de falência).
Medidas processuais podem gerar responsabilidade civil, e são consideradas de certa forma abuso de direito, como
exigir uma busca e apreensão que eu não necessitava, eu só tinha interesse de prejudicar a outra parte; como o cara
que pede uma tutela antecipada da qual, ele não necessitava, ele só tinha o interesse de lesar a outra parte, e essas
medidas podem então ser comprovadas de que eu estava agindo para tentar lesar, pode caracterizar um abuso de
direito que poderia ser indenizável. Ex. se eu entrar com um processo de falência contra o cara, e eu não tiver como
comprovar de que eu tinha necessidade de dar falência para receber meu crédito, cabe indenização, ou seja, se eu
ingresso com ação pedindo a decretação de falência de uma determinada empresa, e ficar comprovado de que eu
estava agindo daquela forma para tentar prejudicar a empresa, isso é um abuso de direito, eu tenho direito a exigir
meu crédito, mas não posso fazer isso só com intuito de prejudicar , ou seja, um abuso do meu direito de exigir
falência..
• O abuso do direito na legislação: Exercício arbitrário do poder de propriedade, violando
direitos dos vizinhos; Abusos no exercício do poder familiar, com sanções na área de família.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente
houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
• O código civil de 2002 trouxe aquelas hipóteses de responsabilidade objetiva, e o maior rol de
responsabilidade objetiva é do art. 932. Rompe com a necessidade de prova da culpa, presente no CC/1916:
• Pela codificação de 16 tinha aquela dificuldade de que para tudo eu tinha que provar a culpa,
inclusive, provar culpa de que o pai para pagar a indenização para o menor, ele teve a negligência no dever de
cuidado do filho, e depois de tudo tempo, o judiciário começou a mudar isso, e se presume culpa para o pai se o filho
causa dano, como aquela ideia de culpa presumida deu errado, o legislador preferiu no código de 22 tratar isso como
responsabilidade objetiva.
• Quando a vítima tinha de provar a culpa ou negligência do responsável indireto.
• A ideia antigamente do CC passado eu tinha que provar a culpa, e agora, eu não preciso mais.
Se tinha o entendimento jurisprudencial de que a culpa poderia ser presumida, o legislador acabou resolvendo isso, e
agora o que nós temos é a responsabilidade objetiva onde presume-se culpa, não precisa mais discutir isso, ou seja,
presumidamente o pai é responsável pelo filho, porque a lei obriga.
• Obs. a segunda hipótese legal de responsabilidade objetiva por ato de terceiro é o empregador
em relação aos atos do empregado. P. ex. empregado da globo causou dano para uma pessoa, mas a globo é
responsável pelo dano, ela pode exigir reparação direta da globo.
• Baseado objetiva, com base no risco: Pais pelo atos do filho; Empregador pela atividades dos
seus empregados; Donos dos hotéis por seus hóspedes;
• Coobrigado, responsabilidade solidária (942, p.ú., CC/2002): Se o agente responsável direto
pelo dano causal, e o terceiro responsável, é responsável porque a lei diz, se o cara tem responsabilidade pessoal, vai
ter responsabilidade solidária, responsabiliza eles dois. Isso não vai acontecer sempre, pode ter responsabilidade por
fato de terceiro quando o 3o que causa o dano não é imputável, ou seja, se o que causa o dano diretamente é
inimputável, a responsabilidade será do responsável legal, mas o inimputável não vai ser devedor solidário, porque
ele não pode ser atacado, salvo se o responsável por ele não tiver capacidade para pagar, e ele estiver.
- Possibilidade de ação de regresso contra o causador.
• Então, nos casos em que o causador direto do dano é imputável, eles são devedores solidários,
e quem paga diretamente pode exigir do outro, então, quem é responsável por ato de terceiro, ele paga o réu, p. o
dono da hospedaria (empregador) que paga a vítima, mas ele pode exigir do funcionário dele o dano em regresso.
• A ideia de trazer um mais responsável não é tirar a responsabilidade do causador direto, pois
ele continua sendo responsável, é só de aumentar a possibilidade de reparação do dano, então, se pede do 3o
responsável, não por deixar de ser responsável o causador direto do dano, mas porque ele tem maior probabilidade
de ter capacidade de reparar. Indicar o coobrigado com maior potencial financeiro.
• Responsabilidade dos pais: Por que dos pais serem responsáveis? A regra seria a ideia da
teoria do risco, e a teoria do risco está ligada a ideia do risco proveito. E os autores divergem sobre essa ideia de os
pais terem risco proveito em relação aos filhos, ter filho se enquadraria em uma atividade que te gera um risco
proveito? Ter filho é um risco, mas depois você vai ter proveito disso? Antes se tinha a ideia da teoria subjetiva, de
que a responsabilidade dos pais decorre do dever deles legal de vigiar os filhos, apesar de ser uma teoria
ultrapassada, ainda tem gente que acha que os pais são responsáveis não por uma ideia de risco proveito, mas por
uma ideia de que a legislação obriga os pais a cuidar do filho, o que se fez só retirar o elemento da culpa, mas ainda
seria um dever subjetivo dos pais de cuidar dos filhos, e cuidar para que os filhos não causem dano.
• Teoria subjetiva: Responsabilidade dos pais decorre de culpa na vigilância, omissão no
dever de vigilância;
• Teoria objetiva: Fundamentada pela teoria do risco
• Nessa ideia de responsabilizar os pais, é necessário que o filho tenha cometido um ato ilícito,
ou seja, os atos dele devem se enquadrar no ato que geraria a responsabilidade civil. Não é qualquer ato do filho que
vai gerar responsabilidade civil, p. ex. se um menor para salvar alguém causar algum tipo de dano para essa mesma
pessoa, não vai gerar responsabilidade civil, a pessoa quer se matar, e você empurra ela para fora da pista, e causa
um arranhão nela, não vai gerar responsabilidade. Para poder responsabilizar terceiro, que a lei diz traz a
responsabilidade de forma objetiva, tem que ter havido um ato ilícito cometido pelo causador do dano direto, então,
se a atitude da criança foi baseada em um estado de necessidade, ou até para afastar um perigo sobre a pessoa, ela
não teria responsabilidade, e não vai ter responsabilidade para o pai.
• Responsabilidade dos pais e a emancipação: a emancipação voluntária não retira a
responsabilidade dos pais, as outras hipóteses sim. Isso não tem previsão legal, foi um entendimento jurisprudencial
que se consolidou de que os pais não poderiam um ato voluntário como beneficio próprio, como o a ideia de não se
beneficiar da sua própria torpeza.
• Filho maior; Ausência de responsabilidade: Se eu tenho um filho MAIOR, não tenho mais a
responsabilidade dos pais, regra. Mas se o filho maior for relativamente incapaz, aí os pais podem voltar a se
responsável, o pai pode ser curador do filho, ou voltar a ser responsável legal no caso de um a pessoa que não tem as
suas faculdades mentais, ou no caso de uma criança que nunca vai ter juridicamente a capacidade plena por conta de
uma patologia psicológica, aí nesses casos, os pais continuam responsáveis. Exceto: Filho maior, mas alienado mental:
a responsabilidade persiste, mantém-se o dever de vigilância; a ideia de um pai ser responsável pelo filho, na
responsabilidade civil, é a incapacidade, e um cara que tem 18 anos é absolutamente capaz.
• Filho de 16 anos e emancipado; responsabilidade solidária entre pai e filho: o filho de 16, e é
emancipado, a responsabilidade seria solidária, e nesse caso, se o pai pagar, ele poderia exigir do filho. Mas tem-se
um debate sobre essa possibilidade do regresso do pai pelo filho: temos a ideia de que se o pai é responsável é
porque o filho seria inimputável, então, ele não teria que pagar nada, mas a jurisprudência criou uma hipótese nova,
em que o filho é responsável, mas eu não tem a responsabilidade do pai, cabe regresso ou não?
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua
autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente
houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou,
salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
• Qual o problema? Se o meu filho foi emancipado, ele é capaz. O cara que é emancipado é
legalmente capaz, mas a justiça foi e diz, que ele é capaz, mas mesmo assim o pai tem que pagar por ele, mas se o pai
tem que pagar por ele, então, é porque a justiça está dizendo que ele é de alguma maneira ainda incapaz? Porque se
ele for incapaz, não poderia o pai exigir do filho, porque o ascendente não pode pedir do ascendente. Mas se dizer
que ele mantem a capacidade, e mesmo assim o pai pagar, aí caberia o regresso.
• O CC diz assim que quem pagou dano que não causou, pagou, porque a legislação o obriga a
pagar por outra pessoa, eu pode reaver o que for houver pago daquele por quem pagou, regra. SALVO, se o causador
do dano for descendente seu, absoluto ou relativamente incapaz, então, se o pai que pagou um dano que um filho
causou, ele não pode exigir do filho depois que o filho tiver patrimônio. Mas aí surge a duvida: quando o filho for
emancipado, ele é capaz para tudo, a justiça entendeu de que quando a emancipação é voluntária, é como se ela não
fizesse os efeitos dela completos, o pai continua sendo responsável pelo filho, essa responsabilidade do pai advém de
um reconhecimento de uma incapacidade relativa? Se eu digo que essa responsabilidade se mantém por conta de um
incapacidade relativa, eu não poderia cobrar do meu filho. Se eu digo que essa responsabilidade se mantém por
algum outro motivo, poderia cobrar dele, porque ele é capaz, a emancipação gera a capacidade.
• O pai tem que pagar pelo filho, e sempre quando alguém paga por outro pode-se exigir
regresso, menos quando é os ascendentes ao descendentes (os ascendentes não podem cobrar dos descendentes), e
poderia se fazer uma exceção da exceção, que é o ascendente pode cobrar do descendente quando ele mesmo
capaz, o ascendente for responsável por ele?
• Para o filho emancipado com 16, é passivo a ideia de que eu posso responsabilizar qualquer
um dos dois, mas há uma certa controvérsia sobre: o pai pagando o dano que o filho gerou, ele pode exigir regresso
ao filho ou não? Difícil dizer.
• Fora isso, a responsabilidade será exclusivamente do pai, ou exclusivamente do filho, se aquele
não dispuser de meios suficientes para efetuar o pagamento e este puder fazê-lo, sem privar-se do necessário
(responsabilidade subsidiária e mitigada). O pai que não tem capacidade de pagar, é subsidiária. A ideia da subsidiária
é que só transfere quando implementar aquela situação de fato de não ter capacidade. O filho menor que causa dano
para alguém, ele pode vir a ser obrigado a pagar o dano, mas essa responsabilidade só é subsidiária, só se o pai não
tiver capacidade e ele tiver, tem que implementar essa situação fática. A solidária não, eu posso pedir de qualquer
um dos dois. O cara que tem 16 anos, e é emancipado, ele é maior, eu posso pedir dele, então, mas o judiciário
entendeu que isso não isenta os pais, então, posso pedir dos dois, mas não se sabe se pode regresso ou não. Em
regra, responsabilidade solidária, cabe regresso.
- Menores e emancipação: “Se os pais emancipam o filho, voluntariamente, a
emancipação produz todos os efeitos naturais do ato, menos o de isentar os primeiros da
responsabilidade pelos atos ilícitos praticados pelo segundo, consoante proclama a
jurisprudência. Tal não acontece quando a emancipação decorre do casamento ou das
outras causas previstas no art. 5º, parágrafo único, do Código Civil” (Carlos Roberto
Gonçalves)
• Responsabilidade dos tutores e curadores: falecendo os pais, vai decair o poder familiar, mas
os filhos que são menores vão ser postos em tutela.
• Tutela é um instituto que visa a proteção de menor. Curatela é um instituto que visa a
proteção do maior incapaz.
• Falecendo os pais, sendo julgados ausentes ou decaindo do poder familiar, os filhos menores
são postos em tutela (CC, art. 1.728); É nomeado um tutor para o menor;
• Curatela: Pessoas que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para os atos da vida civil; os que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade; os
deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; os excepcionais sem completo desenvolvimento
mental; os pródigos (aquele que não tem capacidade de administrar o patrimônio dele, caminha para falência,
insolvência eminente); o nascituro e o enfermo ou portador de deficiência física (CC, arts. 1.767 e 1.779); nesses
casos vai ser instituído a curatela, e o juiz designa um curador para aquela pessoa.
• É nomeado um curador para o maior incapaz.
• Tutela é um instituto que visa a proteção de menor. Curatela é um instituto que visa a
proteção do maior incapaz.
• A ideia é bem parecido das relações com os pais: se a pessoa é maior, e ela necessita de
internação ou fica sobre cuidados médicos por um longo período de tempo, eu preciso gerir o patrimônio daquela
pessoa, ela não tem como expressar a sua vontade, como assinar um contrato, então, para movimentar o patrimônio
dessa pessoa, se precisa instituir um curador, e ele é quem vai ter a autorização legal para prover esse tipo de ato.
• Nos dois casos, vou instituir uma pessoa que vai gerar o patrimônio, que vai ser o responsável
pela aquela pessoa, que é o incapaz, que não tem mais responsável legal, OU o maior, que não tem mais capacidade
civil.
• Hipóteses que isso pode acontecer: o cara que está internado por questões de saúde ou de
acidente, que não pode mais expressar sua vontade, não tem como gerir o seu patrimônio, então, é preciso colocar
uma pessoa no seu lugar.
Obs. Sendo o maior incapaz pessoa que necessite de internação, deve o curador promover o ato
sob pena de responsabilidade civil pelos atos praticados pelo incapaz. Promovida a internação do
maior incapaz, a responsabilidade passa para a clínica ou instituto responsável pelo cuidado do
indivíduo;
• Responsabilidade dos empregadores ou comitentes pelos atos dos empregados, serviçais e
prepostos:
• obs. o dispositivo legal trata não só de empregado no sentido de vinculo formal, mas até
mesmo o cara que é um preposto, um cara que foi designado para representar, essa designação para representar,
essa imperatividade que uma pessoa tinha sobre o seu preposto gera também responsabilidade pelo ato determina.
A ideia do comitente seria o oposto do preposto, o comitente é aquela que dar ordens ou instruções ao preposto.
• Não precisa ser o cara assalariado, com vínculo formal!! - “Na fixação da exata noção do que
seja a condição de empregado, serviçal ou preposto, a doutrina destaca a subordinação hierárquica, explicada como a
condição de dependência, isto é, a situação daquele que recebe ordens, sob poder ou direção de outrem,
independentemente de ser ou não assalariado” (Gonçalves), então, esse instituto serve mesmo quando o cara não é
funcionário regular, empregado, celetista. Se o cara tem que alguém que age sobre as ordens dele de maneira
regular, formalizado ou não, como é nos casos das cartas de preposição que é uma autorização para representar a
empresa em determinado local, aí você está agindo como preposto, e se causar dano, o seu comitente pode ser
responsável.
• Esse instituto serve tanto para o empregador como para os serviçais ou preposto, que são os
antônimos do comitente, o comitente é aquela que dar ordens, e o serviçal é aquele que tem que segui-las.
• O preposto é aquele que cumpri ordens, mandatos do comitente. Comitente: aquele que tem
o direito de dar ordens e instruções ao preposto;
• Necessidade do vínculo de subordinação: para poder aplicar essa regra não é
necessário um vínculo formal, mas é necessário um vínculo de subordinação. Aquele
que age ou pode agir por vontade própria ele tem que está agindo de maneira
subordinada ao comitente, que é o responsável legal.
• A atividade do preposto deve ser em proveito do comitente: não pode ser qualquer
atividade.
• Não é necessário contrato de trabalho.
• Há a súmula 341 do STF que diz que é presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato
culposo do empregador ou preposto. Então, já presumida a culpa sabendo que ela era difícil de ser provada, se criou
a ideia da culpa presumida.
• A ideia da culpa presumida é uma falha técnica do judiciário, porque culpa presumida é dizer
que ela não existe mais, ou seja, que a responsabilidade objetiva. Então, agora não tem mais a ideia de culpa
presumida, ela não é mais necessária, assim, não cabe o cara provar de que ela não deve culpa. Porque a ideia da
culpa presumida, me possibilitaria provar que ele não teve, qualquer tipo de presunção legal permite contestação.
Agora, o cara não pode mais provar que ele não foi culpado, mas ele sempre vai ser responsável? Gonçalves diz que
para ele ser exonerado da responsabilidade ele teria que comprovar que o causador do dano não é seu empregado
ou pressuposto, ou então de que o dano foi causado no exercício do trabalho que lhe competia, ou em razão dele.
• (*) – o judiciário acabou entendo que o empregador comitente também era responsável
quando aquele que causa o dano direto não agia em proveito deles (do empregador), mas ele só conseguia agir
daquela forma em razão do emprego que ele tinha. Ex. o cara só conseguia fazer aquela fraude, porque ele tinha
acesso ao sistema do banco, aquele acesso era em razão da função dele, então, o banco tinha que se responsabilizar.
A mesma coisa acontece com o cara que usa carro da empresa – ele só tem acesso ao carro em razão do serviço dele,
então, mesmo que não haja proveito, vai ter responsabilidade do comitente. Ex. está com o carro da empresa, que a
empresa disponibiliza, mas o cara não estava agindo em proveito da empresa, a empresa será responsabilizada ser
dali houver um dano. Como ele tem acesso ao carro em razão da função dele, mesmo naquele momento que não
estaria proveito para a empresa, a empresa era responsável.
• A súmula 341 do STF é atualmente prejudicada, superada, por não haver mais a necessidade
de culpa. O código civil de 2002 mudou, trouxe a ideia da responsabilidade objetiva, então, não tem mais que se falar
em culpa presumida.
• O art. 933 deixa claro a ideia de que é independentemente de culpa, ele fala que mesmo que
não haja culpa. Essa é a ideia da responsabilidade objetiva.
• Havendo dolo ou culpa do empregado no ato que gerou dano, vai vir a responsabilidade
objetiva do empregador. A culpa só é necessário para o empregado, se o empregado tiver agindo legalmente, as
vezes um ato legal pode gerar um dano, só não gera o dever de indenizar, então, quem tem responsabilidade objetiva
é o empregador em relação ao empregado, mas para surgir a culpa do empregado a pagar tenho que analisar que
tem culpa pelo evento danoso.
• Três requisitos (hipóteses) para a responsabilidade do empregador: 1) ele ter a qualidade de
empregado, serviçal ou preposto do causador do dano (prova de que o dano foi causado por preposto); 2) existe uma
conduta culposa do serviçal, preposto ou empregado, partindo da ideia de que não tenho uma relação de consumo,
porque se eu tiver uma relação de consumo do empregado com o lesado, aí esse sofre também; 3) ideia de que ele
praticou o dano no exercício da função ou em razão dela.
• Se tiver presente esses 3 requisitos, vai ter responsabilidade do empregado. Mas se for em
relação de consumo, também a ideia de culpa do empregado.
• A responsabilidade do empregador é objetiva pelos atos do empregado. Mas para o
empregado ter causado um dano e ser obrigado a reparar, tenho que analisar se a conduta dele foi culposa.