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Análise Ambiental do Plano Diretor Urbano (PDU) do município do Conde,

Litoral Norte da Bahia


¹Marcos Paulo Souza Novais

1. Introdução

A área objeto desta análise está localizada no Litoral Norte do Estado da Bahia, no setor
costeiro da bacia hidrográfica do rio Itapicuru, a sede do município do Conde dista cerca
de 180 km da capital do Estado (Salvador) pela Ba–099 (Linha Verde). Sua sede está
limitada geograficamente pelas seguintes coordenadas geográficas: 11º 48’ de latitude sul
e 37º 35’ de longitude oeste. Este município faz limites ao Norte com o município de
Jandaíra a Oeste com o município de Rio Real, a Sul com o município de Esplanada e a
Leste com o Oceano Atlântico (figura 1). Em termos de superfície, a área de estudo ocupa
aproximadamente 964,637 km².

Figura 1 – Localização da área de estudo. Fonte: Esquivel, 2006.

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¹Pos-graduando do PPGF/USP, e-mail: marpano@gmail.com/marpano@usp.br


Parte do município do Conde está associado a planície quaternária da foz do rio Itapicuru.
A planície costeira do Conde é aquela que apresenta a maior largura do Litoral Norte do
Estado da Bahia (figura 2).

Figura 2 – Vista aérea da cidade de Conde as margens do rio Itapicuru. Fonte: Landim, 2007.
De acordo com Esquivel (2006) a maior parte planície costeira do Conde encontra-se sob
jurisdição do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental Litoral Norte, como
também da legislação ambiental (federal, estadual e municipal), onde podemos citar o
Plano de Desenvolvimento Urbano do município do Conde, que visa proteger, limitar ou
restringir a ocupação e uso do solo urbano e dos ecossistemas costeiros.
De acordo com Dominguez et. al. (2007) de todo o litoral da Bahia, o registro mais
completo da história de mudanças ambientais no Quaternário é encontrado na planície
costeira de Conde.
Esta planície apresenta uma grande variedade de ecossistemas, resultando em um
complexo mosaico de unidades biofísicas: restingas em cordões litorâneos, cordão-duna,
terraços arenosos marinhos, dunas, zonas úmidas (brejos e pântanos), manguezais,
depósitos arenosos de delta intralagunar e de leques aluviais (Dominguez et. al. 1999).
Este cenário ecossistêmico confere a esta região um caráter diferenciado dentro do Litoral
Norte da Bahia, tornando esta área particularmente sensível as intervenções de natureza
antrópica.
A área do Conde foi individualizada em unidades geológico-geomorfológicas de acordo
Esquivel (2006): EMBASAMENTO CRISTALINO (Pe); GRUPO BARREIRAS
(Tabuleiros Costeiros) (Tb); DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS PLEISTOCÊNICOS
(Depósitos Aluviais, Areais Litorâneas Regressivas, Depósitos Eólicos Não-
Diferenciados; DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS HOLOCÊNICOS (Areias Litorâneas
Regressivas, Pontais Recurvos, Depósitos Eólicos, Terras Úmidas, Mangue, Delta Intra-
Estuarino e Paleocanais, Depósitos Fluviais Não-Diferenciados, Praias Atuais, Arenitos
de Praia).
Os ecossistemas originais encontrados na área de análise são: Floresta Ombrófila (Mata
Atlântica); Mata Ciliar; Manguezal; Restinga e Terras Úmidas. Pode-se ainda mencionar
as praias arenosas, o cordão rochoso representado pelos arenitos de praia que bordejam
um trecho da linha de costa e as numerosas lagoas.
O principal rio a drenar o município do Conde é o Itapicuru, nasce na região Centro-Norte
do Estado no embasamento cristalino das Serras de Jacobina, tendo sua foz localizada
neste município. Este em sua zona de foz apresenta um imenso manguezal, fonte de
sobrevivência para as comunidades de pescadores e base econômica do município.
O município do Conde é caracterizado como uma área quente e úmida, de relativa
homogeneidade, apresentando médias térmicas elevadas e altos índices pluviométricos,
com exceção de alguns anos, com estiagem mais acentuada, o volume total anual de
chuvas oscila entre 1.600 e 1.800 mm (Bahia, 2003).
De acordo com Lyrio (1996), o município apresenta variações mensais e anuais de
temperatura de 23 a 25º C, com amplitudes térmicas entre 3 e 6º C. Os valores de
insolação são normalmente superiores a 2000 horas anuais e os índices de umidade
relativa do ar são superiores a 70%. Segundo Gonçalves (1991) os ventos dominantes são
de Sudeste (SE), registrando ainda no verão ventos Leste (E) e Nordeste (NE) (Bahia,
2003).
O município do Conde apresenta algumas restrições ambientais associada ao substrato
geológico-geomorfológico e ao comportamento dinâmico dos sistemas naturais da zona
costeira, podendo configurar em desastres naturais, como os riscos de inundação. De
acordo com Esquivel (2006) o modelo numérico do terreno da planície costeira do Conde
apresentou uma grande área deprimida correspondente ao trecho litorâneo do grande vale
formado pelo rio Itapicuru, está unidade apresenta altitude média de 3,5 metros, portanto
vulnerável a eventos extremos de cheia do rio Itapicuru, como ocorrido no verão de 2016
(figura 3 e 4), onde está unidade foi completamente inundada. As áreas que estão sob
risco de inundação é cerca de 164,2 km², significando 52,2% da planície quaternária do
município e 17,4% de seu território municipal.

Figura 3 – Enchente e inundação na cidade do Conde - BA. Fonte: Domingos, J. 2016.

Figura 4 - Planície de inundação do rio Itapicuru na cidade do Conde – BA. Fonte: Domingos, J. 2016.
2. O Plano Diretor Urbano do Município do Conde

O município do Conde possui uma população 23.620 hab. (IBGE, Censo Demográfico
2010), com população urbana de 12.129 hab., densidade demográfica de 24,49 hab/km².
A sua população em 2015 foi estimada em 26.194 hab.
O mundo hoje é urbano, mais 80% da população brasileira vive nas cidades, o Conde não
foge esta lógica, grande parte de seus habitantes vive na cidade ou em áreas urbanizadas.
Este cenário de aumento da urbanização brasileira, venho acompanhado de diversos
problemas urbanos alguns novos, outros que já fazem parte do repertório das cidades, mas
que adquirem uma nova dimensão, seja atingindo grandes centros urbanos ou cidades
médias e pequenas. Os problemas mais representativos das cidades são: periferias
longínquas e desprovidas de serviços e equipamentos urbanos essenciais; favelas,
invasões, vilas e alagados nascem e se expandem; a retenção especulativa de terrenos é
constante; o adensamento e a verticalização sem precedentes podem ser verificados com
frequência; a poluição de águas, do solo e do ar assume grandes proporções; enchentes e
inundações ganham proporções sociais e econômicas cada vez maiores, dentre outros
variados e negativos aspectos.
A partir da Constituição de 1988 a cidade foi tratada com objetivo de assegurar o exercício
dos direitos sociais e individuais, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada
na harmonia social.
A inclusão dos artigos 182 e 183, compondo o capítulo da Política Urbana foi uma vitória
da ativa participação de entidades civis e de movimentos sociais em defesa do direito à
cidade, à habitação, ao acesso a melhores serviços públicos e, por decorrência, a
oportunidades de vida urbana digna para todos Oliveira (2001).
A pressão social aliada ao debate legislativo que regulamentou os respectivos artigos
constitucionais, culminou na construção do Estatuto da Cidade com aprovação da Lei nº
10.257, de 10 de julho de 2001, que reúne importantes instrumentos urbanísticos,
tributários e jurídicos que através da sua implementação através do Plano Diretor pode
garantir a efetividade no estabelecimento da política urbana na esfera municipal e no
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, como
preconiza o artigo 182.
Para Oliveira (2001) O Plano Diretor assume a função de, como instrumento, interferir
no processo de desenvolvimento local, a partir da compreensão integradora dos fatores
políticos, econômicos, financeiros, culturais, ambientais, institucionais, sociais e
territoriais que condicionam a situação encontrada no Município.
A partir do Estatuto da Cidade a elaboração do Plano Diretor como instrumento da
Política Urbana municipal passou a ser obrigatório para municípios com população acima
de vinte mil habitantes, portanto, em 2004 através da Lei Municipal n.º 718, de 21 de
dezembro de 2004 foi instituído e sancionado pelo gestor público da época o Plano
Diretor Urbano (PDU) do município do Conde, Bahia, definido em seu art. 1º como
instrumento básico da política de desenvolvimento municipal e o estabelecimento de
objetivos, princípios e finalidades desta política.
O PDU do Conde apresenta 127º artigos, onde trata diversas questões relacionadas ao
planejamento urbano abrangendo questões relacionadas: I – valorização e Proteção
dos Recursos Naturais e Culturais; II – diversificação e fortalecimento da base
econômica; III – estruturação urbana; IV – desenvolvimento social e; V – gestão e
cidadania.
Este trabalho pretende analisar como as questões relacionadas das linhas de trabalho que
subsidiam o PDU serão desenvolvidas, partirmos da análise da I - valorização e Proteção
dos Recursos Naturais e Culturais, que está relacionada diretamente as questões
ambientais e culturais do município.
De acordo art. 13º do PDU, a linha “Valorização e Proteção dos Recursos Naturais e
Culturais deverá ser desenvolvida a partir dos seguintes projetos: Turismo Sustentável;
Centro de Cultura e de Produção Artesanal; Centro de Estudos e Pesquisas da
Biodiversidade e o Centro de Memória do Município. No documento não é evidenciado
a natureza destes projetos, bem como será seu desdobramento operacional e sua relação
com os problemas ambientais urbanos, principalmente as questões relacionadas as
enchentes inundações.
A linha “Diversificação e fortalecimento da base econômica” apresenta como um de seus
projetos da criação da Reserva Extrativista Flúvio-Marinha no estuário do Rio Itapicuru
e Barra do Itariri, onde mais uma vez no PDU não há detalhamento de como será
constituído essa RESEX, quais seus objetivos e sua relação com as questões ambientais
do município.
A linha estratégica “Estruturação Urbana” em sua Diretriz 17 – Promoção de
investimentos voltados para a melhoria da infraestrutura em rede e serviços urbanos,
prevê como uma das ações – Gestões e captação de recursos junto a organismo estaduais,
federais, para extensão do cais do rio Itapicuru, acompanhando o limite da área ocupada,
trecho de maior fragilidade na ocasião da enchentes – essa ação não apresenta clareza
quanto ao objetivo, pois, parte da planície de inundação do rio Itapicuru foi ocupada por
residências, como também por equipamentos urbano como Centro de Abastecimento e a
Feira Livre do Conde (figura 5).

Figura 5 – Ocupação residencial na planície de inundação do rio Itapicuru. Fonte: autor.


No cap. IV do plano sobre zoneamento ambiental em seu artigo 20º é apresentado o
Zoneamento Ambiental do Município de acordo com o Zoneamento Ecológico-
Econômico elaborado para a Área de Proteção Ambiental (APA) Litoral Norte, tendo
como diretrizes conforme PDU: I – Planície Costeira; II – Áreas de Proteção Ambiental
(APAs); III – Áreas Indicadas para Usos Industriais e Equipamentos de Significativo
Impacto Ambiental.
O plano sinaliza restrição a planos de expansão e a ocupação de áreas rebaixadas
próximas as margens do rio e nas áreas rebaixadas da planície costeira sujeitas as
enchentes do rio Itapicuru, no entanto não é apresentado o limite destas áreas, os pontos
de inundação e como será operacionalizada essa restrição e atuação para aqueles que por
ventura venha ocupar ou já ocuparam essas áreas. No tocante as APAs é realizar a
compatibilização do PDU do município do Conde com o Plano de Manejo da APA Litoral
Norte e quanto as áreas de uso industrial e equipamento significativos, há indicativo de
que a implantação de aterros sanitários, estações de tratamento de esgoto, como outras
atividades geradoras de emissões atmosféricas potencialmente poluidoras ou que causem
incomodo as populações sejam instaladas a oeste de núcleos habitacionais e aglomerados
urbanos. Esse indicativo apresenta subjetividade, pois não é apresentada no PDU
descrição das correntes circulação atmosférica do município, como também critérios
pedológico, geológico e geomorfológico que delimite as áreas propensas para instalação
destes equipamentos. Quanto a instalação de equipamentos industrias apenas a restrição
de não serem instaladas em terrenos permeáveis da planície quaternária, no entanto
372,79 km² do município é de planície quaternária (Esquivel, 2006), portanto o plano
precisa evidenciar quais as áreas no territorial municipal é possível a implantação destes
equipamentos.
A abordagem das questões urbanas ambientais no PDU do Conde apresenta-se de forma
superficial e descontextualizada de intervenções no sentido de garantir o uso e ocupação
do solo urbano de forma harmônica com as características dos ambientes biofísicos do
município e em consonância com a perspectiva de um desenvolvimento econômico e
social subsidiado pela sustentabilidade ambiental.

3. Considerações Finais

O município do Conde Litoral Norte da Bahia, apresenta um imenso potencial turístico,


devido sua diversidade ecossistêmica, no entanto esta atividade precisa ser desenvolvida
com cautela, subsidiado pela sustentabilidade, a conservação dos ambientes costeiro e
fluviais e o respeito a legislação.
Os problemas relacionados as enchentes e inundações principalmente na parte urbana
estão relacionadas aos usos e a ocupação da margem do rio Itapicuru, portanto, fica
evidenciado com a análise do PDU a necessidade da revisão deste plano, tendo em vista
o acelerado processo de ocupação da planície costeira deste município para residências e
casas de veraneio em virtude desta área ser um vetor de desenvolvimento do turismo no
estado nos últimos anos.
Elaborar um zoneamento urbano a partir do PDDU do município fazendo correlação com
a legislação do gerenciamento costeiro e gestão das águas continentais apresenta-se como
uma necessidade urgente dentro de uma perspectiva do planejamento ambiental e
sustentável.
4. Referências Bibliográficas

BAHIA. Projeto de Gerenciamento Costeiro – Gestão Integrada da Orla Marítima no


município do Conde no Estado da Bahia – Diagnóstico socioeconômico e ambiental do
Conde – Salvador (BA): Disponível em:
http://www.semarh.ba.gov.br/gercom/diagnostico_socioeconomico.pdf (Acesso em:
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