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Lisboa
2012
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Agradecimentos
Eva
António
Sem eles, nada teria sido feito.
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Resumo
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Abstract
Sustainability or bioclimatic are becoming more popular issues each day since the
beginning of XXI century and at a global scale. These subjects have been approach by several
ways and sometimes without the proper knowledge of meaning or origin.
The bioclimatic concept in urban planning is relatively new and in the present thesis it
intents to introduce the right tool to establish new paths to city planning and urban design.
Bioclimatic is both associated into nature resources advantages and human being comfort in
his own habitat.
If homes and services inside comfort levels are easily to recognize due for institutions
like ASHRAE (American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers),
others circumstances are implicit by it’s own climate in urban space. Like The World Banks
report LGDB 2009 – Little Green Data Book – urban density and urban blocks or single
buildings shapes can lead to significant energetically losses, besides all natural expenses as
infrastructures or public buildings. In spite of human beings still the core of bioclimatic in
urban spaces, other facts can be strong-minded to cities welfare and own sanity, like is own
ecosystem, from birds to bugs.
It seems that in a way there’s a greater concern on saving energy improvements, which
can be effective by controlling buildings volume, shape of the blocks and all materials used,
and in another way, there shall be a strong will to provide and keep citizen quality of life,
which is now threatened by presume political efficient decisions on trimming edges.
At the end, all instruments follow three essential factors: Environment involving,
constructive materials and general shape. The city can endure to a urban design rebuild
process, that presumes a progressive shrinking in suburbs desertification or recovering natural
landscapes, adapting better to contingency energy process needs that we’re are just start to
living it.
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Índice
Introdução -----------------------------------------------------------------------------------------------10
Conceitos e questões prévias: Energia, Sustentabilidade, Bioclimática e
Urbanismo/Desenho Urbano ----------------------------------------------------------------------10
Introdução ao estado de arte. Como tudo começa. -------------------------------------------17
Descrição da investigação segundo o objetivo e o método (Reto e Nunes, 1999)--------31
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3.01 O clima, a energia e todos os seus complementos no espaço urbano ----------------- 142
3.01.01 Os corpos de edifícios e o clima mediterrânico ------------------------------------ 142
3.01.02 As ilhas de calor urbanas (ICU)------------------------------------------------------ 147
3.01.03 Urban Canyon----------------------------------------------------------------------------- 153
3.01.04 Qualidade do ar e ruído – o papel dos espaços verdes --------------------------- 156
3.01.05 Túneis do vento -------------------------------------------------------------------------- 159
3.01.06 Infraestruturas – complementos de um plano------------------------------------ 161
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Introdução
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esclarecida, embora esta seja apresentada como um objeto de construção de qualquer PMOT –
Plano Municipal de Ordenamento do Território – na respetiva regulamentação legal.
Por último, na presente investigação elaboram-se cálculos e simulações do
comportamento térmico/climático, nomeadamente de edifícios inseridos em conjuntos de
bairros e determinados modelos de urbanizações, casos reais e também casos simulados,
visando determinar-se trajetos e medidas essenciais a ter em consideração nas ações de
planeamento. É de destacar, de todos os elementos que condicionam o desempenho térmico, a
preponderância do fator volumetria, com uma importância bastante relevante.
Atualmente, a maioria da população residente em áreas urbanas é já relativamente
atenta aos programas de racionalização energética, entendidos como uma necessidade
económica, uma questão ecológica ou como imperativo de redução das emissões de gases
com efeito de estufa. Nesta investigação visa-se também questionar e averiguar se a
população portuguesa possui consciência concreta das necessidades nominais de climatização
e de conforto, de modo a manter um nível adequado de qualidade de vida, seja no domínio da
educação, do trabalho, da saúde ou dos demais problemas económicos que a sociedade
industrializada atravessa ou desencadeia. Até meados da década de 1970 as preocupações
desta natureza eram ainda incipientes. O princípio era produzir e consumir sempre mais, e não
«utilizar e desperdiçar menos». Nas décadas de 50 e 60 tais preocupações eram rudimentares
ou inexistentes e certas linhas orientadoras – que organizações como a ONU foram definindo
– aplicavam-se aos países ditos de «terceiro mundo» ou em situação de grandes níveis de
pobreza ou instabilidade social.
Em Portugal, ao abordarmos a sensibilidade da população e as políticas sobre a
racionalização energética, temos de tomar em consideração outros problemas e
especificidades relacionados com a conjuntura específica do país. Além de problemas
estruturais de modernização e desenvolvimento específicos, só atenuados com a entrada do
país para a Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, o processo de racionalização
energética em âmbito nacional não se iniciou nos anos 70, como na maioria dos países
ocidentais, mas praticamente na viragem de milénio.
O expoente máximo da massificação da produção e consumo, ainda sem restrições de
ordem económica ou ecológica – que no restante mundo ocidental ocorreu do pós II Guerra
Mundial à década de 70 (Schumacher, 1973) – em âmbito nacional ocorreu tardiamente, após
a adesão à CEE, num clima de alguma prosperidade e crescimento económico, de otimismo e
generalização do financiamento ou crédito bancário, que favoreceram um nível de consumo
sem precedentes na sociedade portuguesa. Apesar disso, a população nacional nunca sentiu
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necessidade perante a guerra de Yom Kippur. Esta ofensiva egípcia, no dia 6 de outubro de
1973 e a pesada contra resposta da parte de Israel, apoiada e financiada pelos países
ocidentais, fez a OPEP reagir e colocar o petróleo num patamar mais temido e respeitado.
Tornou-se evidente a realidade e a tomada de consciência de que a maior parte dos países
mais desenvolvidos dependiam efetivamente de países ditos em vias de desenvolvimento,
como os países associados da OPEP. Passou a considerar-se, pela primeira vez, a real
importância da energia.
O ano de 1973 constituiu efetivamente um marco, um momento de viragem da
economia e sociedade industrial, dando-se início uma nova etapa, com a ênfase agora
colocada no capital da informação e tecnologia, na racionalização e na busca de outras fontes
de energia, mencionando apenas alguns dos seus aspetos, fase denominada de Sociedade Pós-
industrial, Sociedade da Informação ou Terceira Vaga (Toffler, 1980). Como Toffler
explicitamente refere, “estrangulando a oferta mundial de petróleo bruto [a OPEP] lançou
toda a economia da Segunda Vaga numa queda estrebuchante” (Toffler, 1980, p. 130)
A confusão que a OPEP cria, ou talvez o enorme pânico gerado nos países ocidentais
dependentes do aquecimento central dos edifícios e dos automóveis e demais meios de
transporte, atingiu proporções gigantes. As ações subsequentes deram início a várias medidas
políticas sensatas, pois, apesar da falta de sucesso das atividades de grupos ambientalistas,
pela primeira vez o mundo industrializado apercebeu-se de que os recursos naturais eram
efetivamente limitados, independentemente da sua eventual abundância, colocando-se novos
paradigmas e hipóteses para a economia, indústria e sociedade consumidora, tal como a
racionalização e otimização de recursos.
Apesar dos seguintes momentos serem muito próximos, ainda antes do período da
guerra de Yom Kippur, surgiu um termo que veio a ser vulgarizado e utilizado de forma nem
sempre precisa ou adequada à sociedade atual: o conceito de sustentabilidade. Entre 5 e 16 de
junho de 1972, durante o governo de Olof Palme, a cidade de Estocolmo foi anfitriã da
Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano, organizada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo Clube de Roma, no sentido de sensibilizar o
mundo para problemas atuais e futuros de desenvolvimento, como a energia, ambiente,
poluição, tecnologia e crescimento populacional, entre outros. Aí se definiu o termo
‘desenvolvimento sustentável, que veio a refletir-se em estudos científicos ulteriores com
grande ênfase: “Sustainable development is development that meets the needs of the present
without compromising the ability of future generations to meet their own needs.” (United
Nations, 1987). De destacar, como marco, a publicação nesse mesmo ano do relatório Os
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Limites do Crescimento, em que são abordados as já expressas questões, cruciais para o futuro
desenvolvimento das sociedades (Meadows, Meadows, Randers, & Behrens, 1972).
Não foi aquela Conferência que causou todavia suficiente impacto e conduziu
diretamente à adoção de programas na eficiência, racionalização ou conservação da energia.
Mas permitiu sem dúvida um momento de viragem, sendo utilizada como pretexto, alguns
anos mais tarde, conjuntamente com os receios perante a subida do preço dos combustíveis ou
a ameaça pendente do esgotamento dos recursos naturais. Por outro lado, todos os Estados e
organizações que participaram no âmbito da Conferência de Estocolmo, como ficou
conhecida, futuramente desenvolveram esforços e ações em vista a atingir «sustentabilidade»
nas relação entre as comunidades humanas e o meio ambiente, passando a designar-se
«desenvolvimento sustentável» quinze anos mais tarde, com o relatório Our Common Future,
também conhecido como ‘Relatório Brundtland’, elaborado pela World Commission on
Environment and Development, em 1987.
Após alguns anos de investigação e discussão, a sustentabilidade é associada com
maior especificidade ao ramo do urbanismo, particularmente com a declaração do CEU –
Conselho Europeu de Urbanistas – acabando por determinar a necessidade de um «plano
sustentável», enquadrado por ciências aparentemente divergentes, mas cuja combinação
surgiria como uma receita adequada, como ocorreu com a sinergia entre a Economia, a
Ecologia e a Sociologia.
Face a toda esta evolução, onde entram os programas de racionalização energética? Na
Conferência de Estocolmo, os programas de racionalização eram dedicados ou aplicados às
porções de arroz e às matérias-primas suficientes à sobrevivência de determinados povos do
chamado terceiro mundo, de modo a evitar catástrofes humanas.
Após a guerra de Yom Kippur, em 1973, grande parte das decisões tomadas pelos
países ocidentais foram em prol de uma crescente autoprodução de energia. Ou seja, se ainda
nos anos 60 as sociedades mais industrializadas e os países emergentes necessitavam de cada
vez mais recursos energéticos e outras matérias-primas, principalmente provenientes do
exterior, sobretudo dos países em vias de desenvolvimento. Ainda nas vésperas de o mundo
ocidental se dedicar à conceção de sistemas de conservar os recursos, pensou-se
obstinadamente numa produção mais acentuada, utilizando alternativas como a própria
energia nuclear. Apesar da chegada da terceira geração do tipo de central nuclear, considerada
segura, cedo ou tarde, devido aos custos internos e impactos ambientais que alguns países
apresentariam, como o acidente nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, verificou-se a adesão
maciça a programas de racionalização energética.
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Todo este processo tem tido um desenvolvimento periclitante pelo mundo. Na Europa,
apenas atingiu um consenso entre os países da União Europeia a partir de 2002, quando
começaram a surgir diversos programas de eficiência energética, dos eletrodomésticos às
habitações, serviços e indústrias. Presentemente, os países europeus possuem já programas de
eficiência energética para os edifícios de habitação e comerciais/serviços, relativamente
rígidos, passando este a ser um tópico prioritário dos governos europeus.
Do paradigma de uma produção e consumo crescente e obstinado de energia e
recursos, passou a considerar-se que a energia deverá, antes de mais, ser conservada ao
máximo com o duplo benefício económico e ecológico – bem como o uso dos demais
recursos naturais deverá ser equilibrado, numa perspetiva orientada não a curto mas a longo
prazo. Apesar dessa tomada de consciência, ainda é comum existir alguma confusão nos
decisores políticos, dado que a preocupação prioritária não se centra na total conservação ou
redução obsessiva de recursos, mas antes na qualidade da sua utilização otimizada.
Este problema é um dos assuntos fulcrais desta investigação, e é expresso pelo
engenheiro Peixeiro Ramos, que defende a «conservação das fontes de energia» em vez da
«redução da utilização de energia» (Climatização [C], 2011). Ao falarmos de racionalização,
eficiência energética ou sustentabilidade, remetemos para um conceito integrado no título
desta tese: bioclimática. A utilização do termo bioclimática, mesmo na arquitetura, ainda é
relativamente nova, o suficiente para ser devidamente explicitada, mas afirmando-se
genericamente em três aspetos fundamentais: a envolvente climática, os materiais de
construção utilizados e a forma.
A envolvente climática é um conceito muito abrangente. Começa na simples
localização, do clima ou microclima específico de dado local, na orientação das fachadas, até
à integração no seu espaço natural ou artificial. Os materiais de construção respeitam
diretamente à arquitetura, mas no plano urbanístico abrangem elementos físicos relevantes ou
outros fatores naturais como os espaços verdes, ou os pavimentos do espaço público urbano,
pois apesar de tudo têm sempre uma forte importância no comportamento térmico dos
edifícios. Por outro lado e em terceiro lugar, a própria forma/volumetria dos edifícios possuí
uma grande influência nas perdas energéticas, independentemente da aplicação dos materiais
isolantes ou mesmo da sua pré-disposição – por exemplo, um plano urbano essencialmente
constituído por edifícios residenciais unifamiliares (moradias) poderá ter uma despesa
energética agravada até 50% relativamente a edifícios multifamiliares (apartamentos) com
formas geométricas de quarteirões, com elevada densidade populacional. No entanto, salienta-
se que o primeiro ponto referido determina desde logo as exigências urbanísticas, dado que a
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orientação solar, tal como o clima, colocam de imediato condicionantes a ter em conta nas
soluções bioclimáticas. Se têm constituído erros urbanísticos algumas das ações de arquitetos
ao construírem peças arquitetónicas sem irem ao local onde são implantadas ou sem estarem
cientes de que a construção estaria contextualizada na China, em Portugal ou no Zimbabué,
obriga-nos a lembrar que se torna impossível agir, do ponto de vista bioclimático, sem
respeitar este primeiro ponto, ou seja respeitar a localização e o seu clima, independentemente
da forma atingida ou da estrutura física e funcional estudada. O terceiro aspeto é igualmente
uma das principais preocupações desta tese, dado que a forma de um objeto é fundamental na
conservação das fontes de energia, cujo impacto é bastante significativo.
No planeamento urbano, o conceito de bioclimática é ainda muito recente e menos
definível. Conforme foi já referido, se na arquitetura pode parecer ainda pouco explícito, o
conceito no urbanismo é muitas vezes confundido com o desenvolvimento sustentável. O
conceito de sustentabilidade é inerente e constitui o cerne desta pesquisa, mas a bioclimática
pode eventualmente distinguir-se pelas diferenças, embora ambos sofram os efeitos da
ambiguidade, devido ao facto de serem termos recentes e polissémicos. O mais lógico seria
dizer que bioclimática é um conceito integrado no universo da ciência que define a
sustentabilidade, mas os caminhos poderão não ser exatamente os mesmos, dado que a
prioridade dos conceitos bioclimáticos é o homem e na sustentabilidade é a natureza, sentido
lato, em si. Apenas poderemos referir que os percursos expressos se cruzam facilmente logo
que passamos ao plano urbano pois, obrigatoriamente, o espaço público integra também o
espaço natural e alguma da biodiversidade respetiva.
Torna-se mais difícil definir bioclimática no âmbito do urbanismo, dado que enquanto
na arquitetura é possível contabilizar uma série de ações pontuais passivas ou ativas, no
planeamento essa quantificação nem sempre ganha forma, além do âmbito urbanístico ser
mais amplo e complexo do que o «simples» edifício, ao passo que colocar painéis solares em
todos os telhados não é necessariamente uma ação bioclimática urbanística mas arquitetónica,
em grande escala. Na verdade, a forma já tem um papel fundamental, muito antes de se
definirem situações mais pontuais como caixilharia e isolamentos térmicos ou acústicos. Mas,
antes da forma, a envolvente climática é sem dúvida o início de todas as ações. Neste sentido,
estes dados são desenvolvidos no segundo capítulo, especificamente as características
climáticas da cidade mediterrânica, os seus atributos, qualidades e defeitos.
O clima mediterrânico é bastante especial e deverá ser bem compreendido. Não é
apenas semelhante a outros locais do mundo com temperaturas parecidas. Da história das
civilizações à agricultura específica, como o cultivo da vinha e oliveira, há que aceitar e
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compreender um equilíbrio entre duas estações. Esta palavra «equilíbrio» tem um sentido
polissémico, não se fixa apenas nas temperaturas. As duas estações são um inverno longo,
«enervante», húmido, mas não muito rigoroso e um verão curto e seco, mas muito forte. Esta
relação é de extremamente importância dado que o aquecimento de um é o sobreaquecimento
incorrigível de outro e o arrefecimento de um período quente é o desconforto absoluto de um
período frio.
Houve uma mudança muito rápida em relação às noções de clima, que por vezes nem
sempre a sociedade acompanha. Vejamos a definição do Professor Orlando Ribeiro,
referência inolvidável nesta matéria: “Entre a Europa recortada e a África maciça, o
Mediterrâneo aparece como um dos traços mais antigos e permanentes da fisionomia humana
do Globo.” (Ribeiro, 1987, p. 1). Assim como, “esta pequena parcela de terras e de mares,
apenas cerca de um centésimo da superfície terrestre, desempenhou portanto, na história do
Planeta e na da Humanidade, papel dos mais relevantes.” (ibidem, p. 1). E por fim, «há um
clima mediterrâneo, a que liga a noção de temperatura média elevada, de verão longo, quente
e sem chuva, de inverno moderado, com um total de precipitações atmosféricas relativamente
baixo.” (ibidem, p. 2).
Nesta última frase, percebemos sem dúvida o que quer dizer o insigne geógrafo, mas
tal não contempla as necessidades de saúde e de conforto do cidadão de hoje. A explicação é
simples: para uma sociedade eminentemente rural, que está mais habituada à agricultura,
pecuária e indústria, onde o movimento permite o próprio aquecimento do corpo, um inverno
mediterrânico poderá até parecer «doce». Mas hoje adquirimos outras necessidades dado a
maiorias das profissões ser sedentária e estar ligada ao setor dos serviços, que também
infelizmente determina outros tipos de fragilidades.
Por outro lado, a palavra expressa de «equilíbrio» é apresentada como uma metáfora
às perspetivas ou opiniões pouco precisas sobre o clima nos países do Sul da Europa, como o
próprio geógrafo Orlando Ribeiro refere, com ironia, como parte de um papel da humanidade
e história muito relevante. Face a tudo isto, questiona-se – respeitando a definição do distinto
geógrafo, mas entendendo que o inverno é difícil de passar no que respeita ao conforto e o
verão é insuportável durante umas semanas – se será ou não pertinente a minimização das
variações radicais de temperatura entre estações do ano, ou mesmo das amplitudes térmicas
diárias sentidas nos aglomerados urbanos de modo a permitir o mesmo nível de conforto que a
ASHRAE exige no interior das frações?
Conforme referido, a envolvente climática deverá ser entendida com relativa
abrangência. Esther Higueras utiliza essa medida de referência quando apresenta o conceito
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estruturas. Mas simplesmente ao usá-la não se garante que sua origem/proveniência seja
Portugal, e este aspeto nem sequer é relevante para o desempenho do material. Raramente é
de Portugal, Espanha ou de outro país mediterrânico. Inversamente, no caso de conceitos
como sustentabilidade ou ecologia, a preocupação da localização ou origem do material já é
pertinente.
Os materiais dividem-se em capítulos na construção, como os isolamentos,
envidraçados, caixilharias, tijolos, pedras e betões, entre outros. Mas no caso do urbanismo
bioclimático estas categorias são menos relevantes; destacam-se situações mais pontuais
como, por exemplo, sistemas de jardins verticais ou nas coberturas, a disposição geral das
fachadas de envidraçados e suas dimensões ou a integração de sistemas ativos nas fachadas e
apenas mais concretamente ao desenho urbano, ou estrutura física.
Há, no entanto, algo mais substancial a considerar no espaço urbano no capítulo dos
materiais, que emerge e integra um tipo de cidade – pesada, leve, espelhada, verde com
plantas, cinzenta de betão,etc. – com elementos urbanos que distinguem determinados níveis
de conforto passíveis de quantificar, como as dimensões dos jardins por bairros ou quarteirões
à base de prédios revestidos por envidraçados, dando uma ideia de cidade espelhada. Neste
tipo de exemplos, sem efetuar quaisquer cálculos, é possível perceber que numa cidade cujos
bairros têm equilibradamente jardins adequados e dimensionados à população residente não se
constituirá decerto uma ilha de calor urbano (ICU), como o constituirá quase por certo uma
«cidade espelhada», ou seja, uma cidade composta de edifícios com envolventes opacas
essencialmente à base de grandes envidraçados ou cortinas de vidro. É assim possível
entender que o material de construção, tal como a cor, embora mais direcionado para um fase
de pormenor, tem sempre um papel importante no planeamento, mesmo não sendo
diretamente evidente ou percetível.
É necessário também esclarecer o que distingue sistemas ativos e passivos de
climatização. Os sistemas ativos são todos os meios mecânicos que permitem a climatização e
cujo rendimento é bastante eficiente. Como melhor exemplo temos os painéis solares térmicos
que captam a energia calorífica para aquecimento de águas e cujo rendimento anual é bastante
eficiente. Os sistemas passivos são os previstos em fase de projeto ou no desenho urbano.
Uma das características dos sistemas ativos é não serem integrados nos processos
construtivos, opinião sustentada por vários autores, como Lanham, Gama e Braz (2004); não
são assim parte integrante nem obrigatória para atingir os níveis desejados, no caso da
arquitetura. No urbanismo, a existência de sistemas passivos é apenas uma consequência da
própria arquitetura e não uma ação urbanística enquanto desenho urbano de fachadas ou dos
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sistemas de climatização combinados para bairros onde se exigem, por exemplo, pequenas
centrais de mini-geradores.
Os meios passivos são considerados sistemas preventivos, visto que procuram tirar
partido do desenho urbano e dos rendimentos da sua envolvente climática. Porém, um dos
pontos que se sublinham na presente tese, com o intuito de fundamentar que é possível tirar
mais rendimento dos sistemas passivos (sem necessidade de recorrer a sistemas ativos), é a
zona climática, tendo em conta o conforto e o equilíbrio entre as estações de arrefecimento e
aquecimento. A título de exemplo podem indicar-se os envidraçados, que são sem dúvida
sistemas passivos, permitindo captar e aproveitar um bom rendimento de energia calorífica
para o interior dos edifícios. O simples facto de se defender que os ângulos das cérceas entre
bairros devam ser até 30º de amplitude, de modo a permitir a entrada de radiação solar em
todas as frações durante todo o ano, abre um precedente urbanístico relativamente complicado
no que diz respeito à gestão das suas áreas de influência. Há que entender que a luz solar é
diferente da irradiação solar e, apesar de permitir um rendimento energético muito relevante,
poderá não ser adequada ao conforto global dos edifícios e espaço urbano.
Na segunda parte deste trabalho é abordada a influência da volumetria dos corpos
edificados nos consumos energéticos. Este capítulo tem como objetivo principal determinar a
importância decisiva da volumetria nas práticas bioclimáticas, onde se torna menos relevante
a localização ou mesmo a orientação solar. O tipo de volume, a forma regular ou irregular, a
dimensão ou altura são características que dependem mais de princípios da física, como a
própria lei da conservação da energia, do que de princípios de sustentabilidade, que partem do
pressuposto de que a interação com a zona é prioritária. Partindo de uma esfera como a forma
mais perfeita do ponto de vista bioclimático, terminamos na irregularidade total. Mas, mais do
que isso, a união de corpos e as dimensões das formas conjuntas (como patente nos centros
históricos) é climaticamente vantajosa face a corpos isolados uns dos outros, como situações
de moradias unifamiliares. A localização determina um fator decisivo: além das necessidades
de aquecimento no período do inverno, como no resto da Europa, existe sobreaquecimento no
clima mediterrânico, embora de controlo mais acessível, situação que não acontece nos países
mais equatoriais.
Na presente tese, o estudo volumétrico de vários modelos de bairros de Lisboa e
Castelo Branco, assim como de modelos virtualmente simulados, independentemente dos
materiais de construção utilizados, permite objetivar a ideia de que a modelação da cidade
poderá sofrer uma enorme mutação devido às necessidades de eficiência térmica exigidas pela
população e pela grande dificuldade dos países mediterrânicos produzirem ou importarem
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energia em quantidade suficiente. Para tanto são apresentados inclusive alguns planos de
retorno do investimento, no caso de um cenário exagerado de implosão das cidades ou
encolhimento das zonas mais marginais, ou concelhos/freguesias periféricas, aumentando-se
por sua vez a densidade urbana e diminuindo diversas despesas energéticas, não apenas
térmicas.
Na sequência deste tema, a terceira parte da investigação integra princípios
fundamentais do urbanismo com as práticas bioclimáticas adequadas à «forma» (corpos dos
edifícios) e à «função» da cidade enquanto unidade em si. É neste sentido que se aborda a
questão das ilhas de calor urbanas (ICU). As ICU constituem um tema cada vez mais atual e
decerto – como referido, os corpos edificados mais densos proporcionam melhores
comportamentos térmicos nas suas frações – surgirá um novo conflito a resolver. As
investigações correntes neste domínio têm apontado o índice Sky View Fator (SVF) como
fundamental para determinar os níveis das ICU nas zonas das cidades. O índice SVF mede o
céu disponível numa rua e está dependente da altura e largura dos edifícios, ou seja, quanto
maiores/mais altos forem os edifícios e mais estreita for a via, menor o índice de SVF e
maiores os valores das ICU. Estes fenómeno poderá todavia ser mais complexo, pois depende
de outros eventuais fatores, como os túneis de vento, vegetação e poluição existente nos
arruamentos respetivos.
De qualquer modo, as ICU constituem, sem dúvida, um problema dos grandes
aglomerados urbanos, nunca em cidades pequenas ou médias, como Castelo Branco. O forte
aumento de temperatura diária e sazonal numa cidade, em contraste com a sua zona climática,
pode ser um fator que intervém com alguma gravidade para a sociedade e para todo o seu
ecossistema, além da inevitabilidade do desconforto criado. O combate por via de ações
pontuais, como a integração de espaços verdes e o aumento da humidade, é relativamente
eficaz para descer os níveis de temperatura, além do controlo exercido através de barreiras
arquitetónicas que impedem os ventos de efetuarem a ventilação natural. Mas estas medidas
têm de ser convenientemente calculadas. Há, no entanto, outras características a ter em conta,
para as quais a presente investigação também adverte. Trata-se da recomendação de estudos
futuros de impactos ambientais, a fim de estudar aprofundadamente estes fenómenos e evitar
interpretações menos enviesadas, como o possivelmente o próprio SVF.
Existem dois regulamentos legais particularmente pertinentes no âmbito da presente
investigação, ainda que a ligação entre ambos seja relativa: a regulamentação dos Planos
Municipais de Ordenamento do Território (PMOT), Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de
setembro, e o Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios
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o nível de conforto existente nos espaços interiores tem diretamente muito que ver com saúde
e educação. De igual modo é considerada a localização, a exposição solar e a própria região
também é fulcral, apenas para relembrar que todo o seu tipo de construção divulgado, assim
como a maior parte dos temas concernentes à Roma Clássica, dizem respeito diretamente ao
clima, no caso especifico desta tese, o clima mediterrânico.
Os exemplos da história não abundam porquanto se trata de analisar a situação
conjuntural socioeconómica que os países industrializados atravessam. Alvin Toffler referiu e
previu muitas das alterações das sociedades contemporâneas, nas obras O Choque do Futuro,
publicada em 1970, e A Terceira Vaga, em 1980. A partir da revolução industrial, as cidades
começam a desenvolver-se em sistemas de aglomerados devidos aos intensos êxodos de
população rural. Dos primeiros aglomerados urbanos como Çatal Huyuk, Sanaa ou Shibam,
até aos centros históricos medievais da Europa, a densidade populacional é sem dúvida muito
elevada em relação à maior parte dos bairros com menos de 50 anos na Europa do presente. A
própria Alfama chega a ter zonas cujas cérceas atingem facilmente os seis pisos. A densidade
demográfica surge como uma atitude ou ferramenta de rentabilizar e maximizar o espaço, mas
também de conservar perdas e ganhos em matéria de energia calorífica, princípio este sempre
presente na civilização desde os alvores da cidade – fatores como o crescimento económico
acelerado dos países industrializados, a ideia de que o dinheiro e a produção de energia
resolveriam todos os problemas, fizeram com que se omitisse, ainda que temporariamente, os
ideais e teorias subjacentes.
Outra questão muito pertinente, discutida com regularidade pelos urbanistas, é a
situação atual de «caos urbanístico» (Bordalo, Mateus e Moutinho, 2005). O crescimento
desordenado verificado nos últimos cinquenta anos não se coaduna com a promoção da
verdadeira qualidade de vida numa cidade. Compreende-se que não é a inexistência de
qualidade de vida que trava o crescimento urbano, se não cidades como Lagos, na Nigéria,
não cresceriam exponencialmente. A qualidade urbanística é um instrumento e uma meta
fundamental para um crescimento económico, social e humano da cidade. Nesse sentido, o
conforto e qualidade de vida são elementos portadores e condutores dos conceitos
bioclimáticos, logo partes relevantes da qualidade urbanística. A atual crise económica e do
setor da construção civil poderá revelar-se uma oportunidade, no sentido de permitir a
reflexão antes de se executar precipitadamente quaisquer medidas ou intervenções,
promovendo ao invés estudos e planeamento concertado. Os contributos que o presente
trabalho pretende adicionar à qualidade de vida são, nesta perspetiva, fundamentais.
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lado, o caso de estudo mais influente é Masdar pela a sua dimensão e variáveis utilizadas em
todo o seu estudo científico.
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“We, cities & towns, understand that the idea of sustainable development helps us
to base our standard of living on the carrying capacity of nature. We seek to
achieve social justice, sustainable economies, and environmental sustainability.
Social justice will necessarily have to be based on economic sustainability and
equity, which require environmental sustainability.” (Charter of European Cities
& Towns Towards Sustainability, p. 1)
Noutra perspetiva, até 1972, os países mais industrializados não demonstravam muito
interesse na gestão de recursos energéticos, que possuíam em abundância e a baixo custo.
Toda a política económica desse período se centrava no aumento de produção de energia e
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“The 1973 gasoline lines are gone, and our homes are warm again. But our
energy problem is worse tonight than it was in 1973 or a few weeks ago in the
dead of winter. It is worse because more waste has occurred, and more time has
passed by without our planning for the future.” (Carter, 1977)
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“World consumption of oil is still going up. If it were possible to keep it rising
during the 1970s and 1980s by 5 percent a year as it has in the past, we could use
up all the proven reserves of oil in the entire world by the end of the next
decade.” (Carter, 1977)
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americano a Cuba, iniciado em 1962. Mas aquela que nos diz mais respeito, por todo o
desenvolvimento tecnológico que entretanto já existia e pelo forte impacto nas maiores
potências mundiais, foi a referida por Alvin Toffler na obra intitulada A Terceira Vaga.
Iniciou-se em 17 de outubro de 1973, através de uma decisão destemida dos países árabes da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP, que até à data era uma instituição
praticamente invisível nos meios de comunicação social internacionais, que anunciara o corte
de exportação de petróleo a todos os países militarmente envolvidos na guerra de Yom
Kippur, iniciada em 6 outubro de 1973, tendo ocorrido o cessar-fogo, mediado pela
Organização das Nações Unidas, em 25 de outubro de 1973. Um momento de embargo que
durou precisamente cinco meses, num período aparentemente de paz mundial, que criou pela
primeira vez na história algum pânico ou receio em relação às dependências energéticas,
nomeadamente das fontes de energia externas e esgotáveis, como as fósseis, assistindo-se a
um aumento do preço da energia em geral e sobretudo do petróleo e seus derivados, que
nunca diminuiu até à atualidade – conferir figura 1. Mesmo que esta preocupação de
contenção seja mais notória nos nossos dias, foi a partir de 1973 que, pela primeira vez, os
países mais industrializados passaram a conceber e aplicar planos de racionalização da
energia.
Este pânico perante a falta de petróleo desencadeou toda uma forma de estar e de
encarar os recursos naturais por parte dos cidadãos, sobretudo dos países da Europa e da
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“Il y avait en effet chez les dirigeants africains la conviction que l’industrialisation était nécessaire pour assurer
l’autosuffisance et réduire la dépendance vis-à-vis des pays avancés. On attendait en outre de l’industrialisation
qu’elle accélère le passage des pays africains d’une économie agricole à une économie moderne, qu’elle crée des
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consequências do choque petrolífero nos países industriais como exemplo a ter em conta em
todo o processo de industrialização, como se preocupa também em entender os problemas
principais que a passagem de um sistema baseado numa economia agrícola para um sistema
industrializado podem trazer. Além da dificuldade de competitividade no mercado mundial e
os obstáculos dos países economicamente mais fortes, graves problemas do ponto de vista
ambiental são causados pelos países que ainda hoje são genericamente mais poluentes, como
o caso dos Estados Unidos da América.
O estudo adequado às circunstâncias resultantes da intervenção humana deverá
obedecer a princípios de natureza científica cuja metodologia, objeto e finalidade tem de ser
presente de modo a poder ser alcançado o fim proposto, nomeadamente o desenvolvimento
equilibrado das sociedades, incluindo a reorganização do setor energético no atual estado de
desenvolvimento demográfico que, nos séculos XX e XXI, foi exponencial, havendo
triplicado praticamente a população do globo, o que coloca novos desafios. A expansão
acelerada do ritmo de crescimento demográfico e do consumo de recursos criou problemas
novos, provocou uma revisão menos nostálgica das teorias consolidadas e o aparecimento de
novas teorias cuja aplicabilidade carece de fundamentação científica. O raciocínio neo-
malthusiano assente na existência de limites ao crescimento indefinido foi alvo de grande
discussão quando pôs em causa as perspetivas a longo prazo do consumo de matérias-primas
ou de energia; é também o caso do carvão vegetal, não só utilizado na indústria, mas
sobretudo no uso doméstico para aquecimento das casas, fenómeno que é especialmente
pernicioso nos países do Hemisfério Sul.
“A ciência permite questionar com sentido crítico os factos presumidos e constitui por
isso uma base da democracia”, assim considera o geneticista Josef Penninger, referido pelo
emplois, qu’elle améliore les revenus et les niveaux de vie et qu’elle réduise la vulnérabilité à la détérioration des
termes de l’échange résultant d’une trop forte dépendance vis-à-vis des exportations de produits primaires. Mais
dans les années 1970, avec les chocs pétroliers successifs et l’apparition de problèmes d’endettement il est
devenu clair que l’industrialisation par le remplacement des importations n’était tout simplement pas viable.
Avec l’introduction des programmes d’ajustement structurel dans les années 1980, les pays africains ont délaissé
les actions spécifiques pour promouvoir l’industrialisation, au profit de l’élimination des facteurs faisant obstacle
aux exportations et d’une spécialisation plus poussée en fonction de l’avantage comparatif. L’idée était que les
pressions concurrentielles dynamiseraient l’activité économique en favorisant la survie des plus forts. Mais si
l’on entendait certainement que ces politiques aient des effets structurels, elles n’ont pas dopé l’industrialisation
dans la région, selon les tenants de la thèse classique. Ces dernières années, les pays africains se sont de nouveau
engagés en faveur de l’industrialisation dans le cadre d’un plus vaste programme pour diversifier leur économie,
mieux résister aux chocs et se doter de capacités productives qui permettent une croissance économique forte et
durable, la création d’emplois et une réduction notable de la pauvreté. En janvier 2007 par exemple, le
Gouvernement sud-africain a adopté un cadre national de politique industrielle visant à diversifier la structure de
la production et des exportations, à promouvoir une industrialisation à forte intensité de main-d’oeuvre, à passer
progressivement à une économie du savoir et à contribuer au développement industriel de la région. Il a
également dévoilé des plans d’action pour la politique industrielle aux fins de la mise en oeuvre du cadre
national”. (ONUDI, 2011, pp. 9-10)
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jornal austríaco Der Standard na sua edição de 11 de julho de 2011.2 Quando Josef Penninger
menciona uma “nossa maneira de viver em conjunto”, o médico austríaco introduz-nos numa
situação em que diversos termos e conceitos, longe de ser negligenciáveis antes constituem o
sintoma de um apelo à nossa boa consciência para ser crítica, porque o momento atual é de
grandes transformações não só sociais, mas também genéticas. Na verdade, tenta colocar-nos
perante a necessidade do espírito crítico para agir cientificamente, mesmo que isso signifique
pouco mais do que um apelo já elaborado séculos atrás por René Descartes quanto à «dúvida
metódica» e às «ideias claras e distintas». O cartesianismo está ainda imbricado como método
do pensar na atualidade, apesar do peso da filosofia crítica de Kant e da dialética hegeliana.
Vejamos também as condições impostas pela economia política. Há cinquenta anos
John Kenneth Galbraith, prestes a tornar-se o farol da economia norte-americana, muito antes
do grande choque petrolífero do último quartel do século XX, debruçou-se também sobre a
necessidade de educadores e cientistas assumirem uma posição crítica perante o sistema
industrial. Galbraith tornou-se numa personagem incontestável no domínio da metodologia
da análise científica, quando pôs em questão toda a estrutura social e política norte-americana
ao revelar que, na hora em que se desencadeava o fatal auxílio norte-americano ao Vietname,
apenas quinhentas empresas eram responsáveis por mais de metade da produção industrial
dos EUA – ou seja, a economia do país estava longe do modelo concorrencial que
aparentemente advogava. Embora incida sobre os Estados Unidos, na prática John Kenneth
Galbraith implicava todos os países e toda a produção industrial incluindo a explosão operada
na construção civil, a ocupação obsessiva de novos espaços industriais, a edificação de
«cidades-colmeia» para receber uma população nova sob o signo da abundância, cidades
novas com as suas avenidas e torres características em redor das «velhas», cidades cujos
problemas só décadas mais tarde teriam de ser encarados com outro realismo.
Porém, ainda houve que transpor algumas barreiras, até que se começou a falar
abertamente em globalização e economia global, o que aconteceria poucos anos depois, em
1967, com uma nova obra de Galbraith intitulada O Novo Estado Industrial (The New
2
“A ciência permite questionar com sentido crítico os factos presumidos e constitui por isso uma base
da democracia. Para mim, a ciência desenvolveu-se ao ponto em que devemos ser levados a sério. Vivemos
numa era de revolução genética e de desenvolvimento de novas tecnologias que transformam fundamentalmente
a nossa vida, as nossas indústrias, a nossa maneira de viver em conjunto (…)” estou convencido de que devemos
aprender certas coisas da ciência e aplicá-las à sociedade: um dos princípios mais importantes é ser aberto face à
novidade, debater os avisos contrários e a partir daí tomar uma decisão apoiada numa base fundamentada –
mesmo quando essa decisão é impopular. A ciência fornece o método para resolver os problemas e por em causa
de maneira crítica factos aparentes mais do que acreditar em tudo o que nos é apresentado. Estas qualidades não
são a base da democracia e duma sociedade tolerante no seio da qual se pode ter uma opinião diferente e ser
respeitado?”. (Eurotopics, 11.7.2011).
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Industrial State) na qual demonstra que o poder, anteriormente associado ao capital, foi
transferido para as grandes organizações e tecnocracia, resultando daí uma promiscuidade
entre o poder político e as grandes corporações. A grande questão que se colocou com esta
teoria ou modelo tecnocrático, sobre o qual assenta a remodelação e renovação da produção
industrial, é a aplicação à produção de uma tecnologia cada vez mais elaborada e complexa e
a substituição da mão de obra por maquinaria (segundo Porcher, 1972, p. 21). Essas normas
exigiram uma definição rigorosa de tecnologia e da sua extensão em todos os ramos da
atividade humana:
sociais que se operaram e têm operado por toda a parte. O conhecimento concreto da
«dimensão humana» à escala mundial na sociedade industrial alterou-se profundamente em
relação aos séculos anteriores, conforme verificamos através de Le Corbusier, no Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna, em 1933 (art.º 76):
“A medida natural do homem deve servir de base a todas as escalas que estarão
relacionadas à vida e às diversas funções do ser. Escala de medidas, que se
aplicarão às superfícies ou às distâncias; escala das distâncias que serão
consideradas em sua relação com o ritmo natural do homem; escala dos horários
que devem ser determinados considerando-se o trajeto quotidiano do sol.”
“O urbanismo exprime a maneira de ser de uma época. Até agora ele só atacou um
único problema, o da circulação. Ele se contentou a traçar ruas, constituindo assim
quarteirões edificados cuja destinação é abandonada à aventura das iniciativas
privadas. Essa é uma visão estreita e insuficiente da missão que lhe está
destinada.” (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, 1933, art.º 77).
A ideia contida na resposta que nos oferece adquire hoje uma dimensão menos
fortuita visto que, além da enunciada missão do urbanismo, pressupõe-se explicitamente o
compromisso com a sociedade e o seu desenvolvimento, um controlo efetivo da atividade
privada que condiciona a grande maioria do espaço urbano; em suma, perspetivar o
urbanismo de forma ampla e integrada. Porém, a dimensão humanista herdeira do
pensamento clássico grego-latino, influenciada pelos juízos filosóficos de várias épocas, está
sempre presente. Com efeito, quem constrói um edifício ou concebe um plano urbano, fá-lo
objetivamente para alguém, pessoa ou comunidade, com certos objetivos e finalidades, seja
uma entidade pública ou privada.
Desta forma conseguimos entender a necessidade de perguntar como pensa ou
perspetiva o cidadão a sua cidade ideal e qual a importância do conforto térmico, de modo a
relacionarmos as temáticas científicas abordadas com o “senso comum” e com a consciência
da história. E não esquecendo o essencial, que o objetivo das comunidades políticas, dos
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“A maioria das cidades estudadas oferece hoje a imagem do caos. Essas cidades
não correspondem, de modo algum à sua destinação, que seria satisfazer as
necessidades, primordiais, biológicas e psicológicas da sua população (...)
Embora as cidades estejam em estado de permanente transformação, seu
desenvolvimento é conduzido sem precisão nem controle e sem que sejam
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Por alguma razão as palavras em epígrafe, produzidas numa data que coincide com os
apelos a uma «ordem nova» – não se podia prever que esta terminaria num caos verdadeiro,
como foi a Segunda Grande Guerra, após outra grande guerra já por si bastante arrasadora,
com o abate de dezenas de milhões de habitantes, civis, nas suas cidades e aldeamentos, por
sua vez completamente arrasadas – ainda se tornam mais pertinentes. Obrigam a pensarmos a
relação da cidade com o habitante, que faz parte da sua paisagem humana, que dela frui e nela
se abriga, e com a própria função essencial da cidade, que “deve assegurar, nos planos
espiritual e material, a liberdade individual e o benefício da ação coletiva.” (Congresso
Internacional de Arquitetura Moderna, 1933, art.º 75).
A cidade testemunha o desenvolvimento da sociedade e tal ideia seria apenas uma
banalidade se o seu desenho/forma não fosse uma forte condicionante das relações sociais,
comerciais, cultuais e culturais. A cidade identifica o povo que nela habita, a sua situação
presente e a sua história. Portanto, se é permitido partir desta premissa, pese embora o seu
pendor conclusivo, a identidade de um meio urbano não é apenas o desenho ou a força das
suas linhas singulares, mas o que nelas está contido. Tanto quanto as políticas ou a
regulamentação legal que condiciona as relações dos interesses públicos e privados, dos seus
habitantes e do seu espaço e território envolvente, dos polos industriais, comerciais, vias de
comunicação, a proteção dos solos produtivos, os espaços verdes e locais de lazer, a
manutenção do património e monumentos, a seleção e preservação do passado, a construção
de novas edificações; em suma, múltiplas questões se entrecruzam com a vivência urbana e
com a gestão da cidade.
No sentido de estudar o urbanismo e os seus meios de intervenção, segundo os
princípios da Carta das Cidades Europeias para a Sustentabilidade, realizada em Aalborg, na
Dinamarca, em 27 de maio de 1994, parece-nos relevante entendermos em que perspetiva se
faz uso do senso-comum, enquanto forma de saber ou conhecimento não científico. O
objetivo essencial é tentar evitar o hiato entre os interesses da comunidade científica e os da
sociedade em geral – ou como referiu Boaventura Sousa Santos, criar uma nova ciência,
aberta, que comunique as suas descobertas e contribua positivamente para a sociedade, e um
novo senso-comum reabilitado e informado, essencial para o livre exercício da cidadania
(Santos, 1988). É sensato acreditar que não é desejável impor melhorias que não sejam
aceites ou compreendidas pelas populações. Tal ambição impõe uma ampla conjugação de
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Ainda estabelecendo uma diminuição de escala, desta vez partindo do corpo humano,
o mesmo se sucede, por mais microscopicamente que avancemos. Por exemplo, poderíamos
dizer que um elemento químico como um átomo é composto por um sistema perfeitamente
definido e sem qualquer alteração, logo hipoteticamente estável e isolado do plano da sua
vizinhança. No entanto, no plano real, todos os elementos estão sujeitos a uma mudança de
estado; logo, só poderíamos dizer que um átomo era um sistema isolado (logo um universo
sustentável) enquanto não houvesse interferência da vizinhança e assim conseguisse
permanecer.
Por irónico que aparente ser, nesta perspetiva científica tudo aponta que é mais fácil
um corpo designar-se por sustentável quanto menor for a sua massa corporal, o que não ajuda
em nada os objetivos científicos do planeamento. Devemos então tomar em consideração que
nenhuma cidade com mais de um milhão de habitantes poderá, alguma vez, ser sustentável?
Neste campo, torna-se necessário recordar Cristhopher Alexander, quando refere que
cada sistema devidamente organizado que não permita a troca de matéria e energia apresenta
os seus primeiros sinais de destruição, ou seja: “In any organised object, extreme
compartmentalisation and the dissociation of internal elements are the first signs of coming
destruction.” (Alexander, 1966, p. 17).
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de consumos de uma casa, nem das alterações de tipos de equipamento, como lâmpadas e
eletrodomésticos mais eficientes –, apenas foram reportados dados genéricos e em parte com
base em pressupostos. Mas é interessante verificar que os meios de comunicação social têm
constantemente destacado o preço elevado dos combustíveis para veículos imposto pelas
gasolineiras e a contenção dos portugueses em reduzir o consumo, verificando-se no entanto
uma tendência contrária no período em questão, como comprova o relatório do INE, expresso
na figura 3. Torna-se difícil de entender ou avaliar determinados fenómenos que nos são
disponibilizados contendo imprecisões, erros científicos, ou por intermédio de análises
intuitivas ou pouco aprofundadas (como, lastimavelmente, é comum por parte dos órgãos de
comunicação social).
Em sequência deste dados, este relatório do INE referiu que a despesa em aquecimento
e arrefecimento constituía em 2010 apenas 8% de toda a energia consumida nas habitações,
sendo as despesas relacionadas com a alimentação (cozinha) equivalentes a 37%, seguindo-se
as águas quentes sanitárias com 31,3%, a climatização com 8%, equipamentos elétricos com
16% e a iluminação com 6,7%. É significativo que se tenha referido neste relatório que o
consumo médio anual por alojamento era de 317 Kgep/ano, pois o valor nominal médio de
climatização para uma fração de um apartamento de Lisboa, construído nos anos 1970 e 80, é
superior a 1000 Kgep e a maioria dos apartamentos construídos a partir do ano 2000
apresentam necessidades mínimas com valores aproximados a partir dos 300 Kgep. Isto
significa que estes valores de despesa térmica de 8%, que deveriam ser superiores
teoricamente a 50%, são apenas a prova de que os portugueses não têm as suas casas
climatizadas.
Figura 3 – Consumo de energia nos veículos referente aos anos 1989, 1996 e 2010 (Destaque
[D], 2010)
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Figura 4 – Inquérito sobre conceitos urbanísticos e conforto térmico. Esta questão pretende
determinar uma perspetiva/conceção de modelo de cidade segundo o cidadão português.
Salienta-se, com alguma surpresa, que esta pergunta revelou que pouco mais de
metade dos inquiridos prefere uma cidade constituída por moradias, ou seja, uma cidade em
plano horizontal, conforme se verifica na figura 4. Um quarto dos questionados prefere
prédios baixos e apenas 13% da mesma amostra aceita quarteirões de prédios relativamente
baixos. Mas, além disso, sublinhe-se, nenhum dos inquiridos manifestou interesse na
existência de arranha-céus na cidade – o que também não é de estranhar, visto que é uma
solução praticamente ausente das cidades em âmbito nacional. A densidade de edificado é por
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Figura 5 – Inquérito sobre conceitos urbanísticos e conforto térmico. Cores nas fachadas
urbanas.
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Figura 6 – Inquérito sobre conceitos urbanísticos e conforto térmico. Cores nas fachadas dos
espaços rurais.
Nas figuras 7 e 8 verifica-se que a relevância do Sol foi alvo de escolha maioritária,
sendo as localizações predominantes mencionadas a Este e Sul, nomeadamente onde nasce e
“impera” o Sol. Todos os inquiridos alegaram ser fundamental saber onde se posiciona o Sol
quando adquirem uma casa, em alguns casos revelaram ser um fator mais importante do que a
própria vista.
relação dos espaços verdes com uma dimensão semelhante à dos quarteirões foi aceite por
cerca de um quinto dos inquiridos (22%), idêntico ao desejo da existência de grande parques
urbanos circundantes aos bairros. Uma pequena parte da amostra é, no entanto, ainda
resistente quanto à necessidade de existência de espaços verdes nas cidades, contentando-se
com “algo” verde, como canteiros de flores ou árvores nos passeios e ao longo da estrada.
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libertando todos estes elementos gasosos de volta para a atmosfera após o trabalho de fixação
por parte da planta, aumentando consideravelmente o processo de efeito de estufa.
Este inquérito acaba por demonstrar não só que as pessoas envolvidas ainda estão
pouco sensibilizadas e informadas, tanto acerca do significado de conforto térmico, como dos
demais assuntos tratados. Apesar de constituírem parte dos programas de biologia do ensino
secundário (hoje escolaridade obrigatória), alguns conceitos sobre a natureza e biologia não
são sempre bem divulgados enquanto «conhecimento comum», como deveriam. Como
exemplo, sabe-se hoje que a maior parte do oxigénio é produzido pelas algas, sobretudo as
algas verdes dos oceanos (Vidotti e Rollemberg, 2004, p. 140); muito inferior impacto tem a
floresta amazónica nesse campo, inversamente ao comummente pensado. Tal como o
problema não estará de certo na existência de carbono em demasia ou na falta de ozono, mas
na sua localização – estratosfera, troposfera ou no solo – e no seu estado – sólido, líquido,
gasoso. Muito por culpa dos sistemas de comunicação social, estes problemas globais
tornam-se muitas vezes mal divulgados e interpretados, por vezes orientados para
determinações políticas específicas, como a do desenvolvimento dos biocombustíveis –
situações extremamente prejudiciais para aquilo que se defende como sustentabilidade, à
conservação da natureza ou mesmo da simples redução de dióxido carbono.
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Retornando aos inquéritos, foi perguntado aos sujeitos qual era temperatura média da
sua habitação durante o período de inverno. E assim se verifica, na figura 11, que cerca de
metade dos inquiridos respondeu entre 10 e 15 ºC, e cerca de um terço, entre os 20 e 25 ºC.
conforto térmico, de acordo com o quadro da ASHRAE, que podemos observar na figura 14
(ASHRAE, 1985).
De facto, a temperatura média das casas em Portugal no período de aquecimento
(inverno) encontra-se entre 10 e 15 ºC. Com o aquecimento a temperatura deveria melhorar.
Contudo verifica-se uma diversidade de opções, nas casas das pessoas, no que se refere ao
apoio ao aquecimento e na necessidade de evitar a sua utilização de forma a diminuir a
despesa energética. Aqui entende-se que as pessoas pouco entendem o que é de facto o
conforto térmico. Colocada diretamente a questão, mais de metade dos inquiridos não soube
responder.
Figura 14 – 1985, ASHRAE transactions, Vol. 91, Part 1, Criteria for human exposure to
humidity in occupied buildings
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Figura 15 – Inquérito sobre conceitos urbanísticos e conforto térmico. Noção sobre a zona de
conforto térmico.
A presente investigação visa estabelecer que, por mais elementar que esta ideia
aparente ser, a «simples» modelação da forma da cidade tem um impacto real nos gastos e
consumos energéticos, permitindo reduzi-los pronunciadamente. Contudo, pelo facto de os
edifícios possuírem climatização e por mais eficiente que esta seja, o consumo energético
sofrerá um crescimento (já notório nos últimos anos), relacionado também com a
consciencialização da população para a qualidade de vida e saúde, em não querer dispensar
dos níveis adequados de conforto térmico – obviamente e inversamente, se os edifícios não
forem climatizados não se gastará energia. É precisamente aqui que os conceitos
bioclimáticos e a eficiência energética adquirem sentido e relevância para, através do desenho
e modelação dos edifícios e sobretudo da própria forma da cidade, se conseguir minorar os
crescentes consumos energéticos mantendo boas condições de conforto e de habitabilidade.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
económica).
Os programas de eficiência energética só farão de facto sentido enquanto as famílias
estiverem sensibilizadas neste âmbito (figura 17), de que é importante terem as suas casas
climatizadas e que disso depende inteiramente os níveis de saúde, mas também de rendimento
na educação (e também no trabalho, no caso de edifícios de comércio ou serviços), conforme
demonstrou a investigação publicada pela ASHRAE e realizada por David P. Wyon, Pawel
Wargocki, intitulada Indoor Environmental Effects On The Performance Of School Work By
Children (1257-TRP).
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ambiental; mas, acima de tudo, percebeu desde logo que qualquer falha no controlo dos
recursos energéticos tornava o país vulnerável e inseguro, dependente de exterior. Mais do
que isso, o pânico na sociedade gerou-se, pela primeira vez, face à possibilidade de
esgotamento do próprio recurso em si: “You may be right, but suspicions about oil companies
cannot change the fact that we are running out of petroleum.” (Carter, 1977).
Nesse período, destaca Jimmy Carter, os Estados Unidos da América consumiam 75%
de combustíveis importados. Resumindo, nesse contexto de estratégia, é percetível que quem
controlasse a energia facilmente poderia controlar o mundo ou poderia evitar a futura
dependência excessiva de outros países. “We simply must balance our demand for energy
with our rapidly shrinking resources. By acting now, we can control our future instead of
letting the future control us.” (Carter, 1977).
Todavia, foram precisos cerca de 30 anos para que outro presidente norte-americano
voltasse a citar os mesmos princípios, no seu livro The audacity of hope: thoughts on
reclaiming the american dream, ao referir “A nation that can't control its energy sources can't
control its future” (Obama, 2006, p. 101).
Não se trata apenas de simples indicadores, mas do fundamento de uma teoria
balizada e condicionada pelo seu desenvolvimento autónomo no âmbito da qualidade de vida
e aspirações da sociedade no seu todo, cuja legitimidade é indesmentível. A construção do
homem e da sociedade passa pela construção da qualidade do seu ambiente. Esta inter-relação
não é de modo algum fortuita. As variáveis que incidem neste projeto de Jimmy Carter nem
sempre se evidenciam pela clareza tecnológica. Mas temos exemplos por vezes dramáticos do
uso que dessas variáveis foi feito em tempos não muito recuados. Privilegiar as vertentes
objetivas e subjetivas que condicionam a conceção urbanística e a sua exequibilidade prática
torna-se um dever primordial no âmbito das políticas públicas. Talvez o próprio gérmen da
necessidade de desenvolvimento, na relação do homem com o seu meio ambiente – sobretudo
o espaço urbano – a civilização e a tecnologia, a cultura e a ciência. Nesta conformidade de
ideias, há que conjugar e conciliar níveis tão dispares e complexos como as características
bioclimáticas, o planeamento urbanístico e a capacidade de integração técnica e tecnológica
num espaço interior delimitado do espaço exterior, orientação solar, necessidades e
expectativas sociais. Sem dúvida que existe também um impacto fulcral dos espaços verdes
na qualidade do ambiente urbano, que merece uma atenção especifica visto que é esse o
espaço natural e cultural de intervenção direta do homem.
Afinal, o conforto térmico toma lugar como preocupação desde que o homem sente a
diferença entre a sensação de calor e a de frio, distinguindo os períodos de verão dos de
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
inverno. O seu estado de consciência muda, adapta-se e acomoda-se, partindo para uma
necessidade de se aquecer ou arrefecer (climatização); função aliás concomitante com a
função da habitação e com função primordial da própria cidade, albergadora de comunidades
humanas. Com o desenvolvimento e complexização das necessidades de habitabilidade e das
sociedades em geral, as fontes de energia passam a ser também bens essenciais à própria
vivência quotidiana – este desenvolvimento socioeconómico urbano obriga à existência de
critérios de construção e de climatização cada vez mais rigorosos e exigentes. Se
transpusermos essa ideia para a possibilidade de não existir no planeta energia disponível
para esse fim, como resultado teremos, logicamente, uma reação de pânico instalado.
E isto sucede-se pela primeira vez em 1973, quando ocorre a primeiro crise de
restrição ao abastecimento petrolífero nos países ocidentais. O pânico instala-se
particularmente nas grandes cidades, perante a escassez e mesmo ausência de combustíveis.
Não é despiciendo relembrar, em contexto nacional e nesse mesmo ano de 1973, a publicação
da breve mas significativa obra de ficção literária O Embargo, conto de José Saramago que
relata de forma intensa como este episódio afetou o quotidiano urbano, relatando com alguma
ironia a dependência extrema do homem moderno da tecnologia e dos combustíveis fósseis.
Todo o período das quatro décadas que observamos em seguida passou a constituir, embora
de forma lenta e gradual, um novo capítulo nas políticas e medidas de racionalização de
energia, desde os veículos até aos edifícios e, futuramente, as cidades no seu todo.
Segundo os dados da EPBD (Energy Performance Building Directive da União
Europeia), a Finlândia criou requisitos mínimos exigíveis na construção desde 1976,
acompanhando e mesmo antecedendo a Alemanha nas suas práticas de eficiência energética,
apresentando uma exigência superior às medidas e valores que Portugal regulamentou apenas
30 anos antes. Essa atitude foi de tal modo eficaz que apenas em 2003 a Finlândia voltaria a
aumentar, com maior ênfase, as exigências dos referidos requisitos mínimos em 25%,
novamente em 2007 e por último em 2010, em 30%. Esta preocupação pioneira da Finlândia
foi encarada como paradigma e modelo, dado que a própria tutela dos programas de
eficiência energia ou das direções-gerais de energia, não foi concedida, como habitualmente,
a um ministério da energia, trabalho ou economia, mas antes ao ministério do ambiente
finlandês, estando muito mais próxima das necessidades de se adequar a soluções ambientais
e ecológicas.
O sistema alemão, neste âmbito, também foi iniciado relativamente cedo, em 1977,
com o Thermal Insulation Ordinance, que obrigou a uma redução de 25% dos requisitos
mínimos exigíveis, de 300 kWh/m2.ano das necessidades nominais anuais. Em 1984 reduziu-
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se mais 25%, para 170 kWh/m2.ano e em 1995 voltou a reduzir-se uma parcela idêntica, para
120 kWh/m2.ano. Em Portugal, nesse período, as casas consideradas de boa construção
apresentavam essas mesmas condições, mas inseridas evidentemente numa região climática
muito distinta – o clima mediterrânico (comparativamente muito mais favorecido no que se
refere a gastos de climatização). Em 2002, com a Diretiva EPBD, da União Europeia, os
valores mínimos das necessidades nominais foram determinados em 75 kWh/m2.ano, muito
próximos dos valores mínimos atuais do RCCTE português. Com a entrada plena em vigor
deste regulamento, em 2009, os valores dos requisitos exigíveis passaram a ser cada vez mais
exigentes, com a aposta no nearly zero energy building, inferior a 50 kWh/m2.ano e mesmo
aproximando-se de 0 kWh/m2.ano como meta.
Com as necessidades de obtenção de conforto térmico e as de racionalização
energética, nem todas as opções, determinações teóricas e regulamentares têm resultados
práticos. Por vezes, determinadas técnicas como os sistemas de paredes tipo «trombe» ou as
«fachadas verdes» podem tornar-se totalmente impróprios pela falta de manutenção ou
desconhecimento da sua correta aplicabilidade, resultando num contrassenso nada estético e,
sobretudo, nada funcional. É muito importante que haja uma intenção fortemente empírica,
prática e adequada às necessidades, finalidades e metas a atingir, intenção fundamentada pela
investigação e assente em princípios rigorosos de planeamento que determinem as ações e
medidas concretas a executar – princípios relevantes no planeamento urbano que as decisões
e políticas públicas deveriam igualmente respeitar. Mas não se deverá utilizar de forma
acrítica esta visão «pragmática», a experiência científica requer todavia um estatuto e uma
atuação prática que não se fixe meramente no experiencialismo.
São de mencionar também iniciativas de outros países europeus, como Espanha,
promotora do projeto científico-tecnológico denominado PSE-ARFRISOL, iniciado em 2005
e coordenado pelo CIEMAT – Centro de Investigaciones Energéticas, Medioambientales y
Tecnológicas – entidade adstrita ao Ministério da Ciência e Inovação espanhol. Este projeto é
resultado de uma ampla parceria do governo espanhol com uma série de outras entidades, de
construtores à sociedade civil e empresas diversas (de climatização/energia solar, etc.),
universidades e centros de investigação que em conjunto desenvolvem um amplo projeto
inter e multidisciplinar – onde interagem a arquitetura e planeamento urbano com várias áreas
científicas e tecnológicas: engenharia, energias renováveis, física, geografia, construção civil,
materiais de construção, etc. Este projeto permitiu a diversificação das exigências com a
correspondente diversidade de contributos, devidamente planeada e cientificamente
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
«The way to get into these concepts, is by getting many different sectors involved
in the construction process (politics, architecture, urbanism, construction and of
course population, which are finally the consumers) aware of the importance of
simple things like orientation, climate conditions, comfort sensation, materials,
solar energy, ventilation, etc.» (Bosqued et al., 2006, p. 3)
O objetivo central deste projeto consistiu, grosso modo, em reduzir cerca de 60% dos
gastos energéticos associados à construção dos edifícios, bem como reduzir o consumo de
energia para apenas 10 a 20% do consumo convencional; tudo isto através de um plano
concertado que se desenvolveu em múltiplas etapas, desde a escolha da localização para a
implantação, o desenho/conceção dos edifícios, o controlo e monitorização rigorosa da obra.
A aplicação de estratégias bioclimáticas, além da otimização dos recursos/energia no
processo de construção e na utilização final dos edifícios, começa antes disso, logo no início
da conceção do projeto.
A questão da racionalização energética e do design bioclimático não é somente uma
questão de sustentabilidade e otimização do consumo ou utilização recursos, mas também de
conforto e de bem-estar, ao visar a habitabilidade e funcionalidade dos edifícios e a
diminuição dos vários tipos de poluição, entre outros fatores. Além de todos estes aspetos, é
de realçar também os efeitos positivos da boa construção para a própria cidade e para a
qualidade de vida dos seus habitantes, no plano ecológico, económico, da saúde e do
conforto. O projeto PSE-ARFRISOL teve também como benefício a capacidade empírica de
demonstrar como uma nova imagem (física) da cidade depende da aplicação de princípios do
planeamento e de conceitos e práticas bioclimáticas.
Apesar do aumento dos preços e do previsível esgotamento dos combustíveis fósseis,
responsáveis em parte pela estagnação do crescimento económico no espaço europeu (fator
influenciador da inflação, ao condicionar a maioria das atividades económicas), bem como
dos custos económicos associados à execução de algumas medidas já expressas, existem
fortes motivos para apostar na sustentabilidade e na eficiência energética em todos os setores
da sociedade, tanto ao nível de estratégias nacionais, internacionais e mesmo globais, como
também e especialmente à escala regional e local – “Local authorities have an important role
to play by providing and promoting sustainable construction in their cities, in particular in
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
veículos poluidores aos centros urbanos. Estas serão certamente medidas de largo impacto se
forem encaradas e aplicadas, não numa perspetiva meramente local, mas concertadamente e à
escala da economia global.
Outro elemento de grande impacto no ambiente, nas cidades e na maioria dos
consumos energéticos, concerne aos edifícios. A Diretiva do Comportamento Energético dos
Edifícios (2002/91/CE) obriga ao estabelecimento, por parte dos estados-membros, de
metodologias e ferramentas de cálculo do desempenho energético, de requisitos de
construção e, finalmente, à certificação dos edifícios. A aplicação desta Diretiva é também
relevante no caso da renovação do edificado existente (estudos revelam um enorme potencial
de aplicação), em que medidas para reabilitar e melhorar o desempenho energético deverão
ser aplicadas; bem como a aposta na eficiência energética dos edifícios públicos, grandes
consumidores de recursos, com elevados gastos de manutenção e desperdícios energéticos.
Por último, mas igualmente preponderante, é de salientar o impacto positivo destas
medidas na economia, através da redução do consumo energético, da melhoria da construção
e da renovação urbana, como da promoção de emprego qualificado ao nível local (nas
diversas áreas ligadas à construção e reabilitação, urbanismo e planeamento, energias
renováveis, etc.). E não esquecendo o facto de cidades dinâmicas e equilibradas serem um
grande atrativo para o investimento económico e para a fixação de novos residentes, que
poderá porventura inverter a atual conjuntura europeia e nacional de retração demográfica.
A aplicação das diversas medidas expressas, além das disposições normativas e
legislativas, implica a sensibilização e educação do cidadão enquanto consumidor de
recursos, de forma a promover-se efetivamente a eficiência energética, como expressa o
Concelho Europeu de Urbanistas:
“Energy saving in the overall sense also derives from a change in consumer
behaviour. This means, for example, a policy of making public transport more
attractive and thereby encouraging car users to take the bus or train instead; or
educating people on how to reduce heat losses from their house, notably through
correct use of thermostats.” (CEC, 2005, p. 38).
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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“Growth in consumption has a direct impact on the deterioration of the environment and on climate
change. Air quality is a major environmental concern for the EU. The Commission is currently
elaborating the EU Clean Air Programme (CAFE), where the harmful effects of ozone and especially
particulates are revealed for human health, the ecosystems and agricultural crops. This situation will be
improved by 2020 in the first place by the implementation of current emission standards, but increased
energy efficiency could equally improve air quality dramatically by avoiding burning of fossil fuels.
Effects of reduced energy consumption have been estimated in environmental models to be in the order
of thousands of avoided premature deaths and billions of euros” (CEC, 2005, p. 42).
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
sobretudo a norte do distrito de Almada, entre os rios Tejo e Douro (em contraste com o
interior e o Alentejo menos urbanizado e habitado), é de notar o número relativamente
elevado de cidades para a dimensão do território, mas de cidades com valores médios de
população relativamente baixos (inferiores a 30 mil habitantes). Constituem exceção apenas
as cidades de Lisboa e Porto e respetivas áreas metropolitanas, grandes aglomerados de
população, serviços e diversas infraestruturas.
Sobretudo nas últimas quatro décadas, o país é marcado por profundas mudanças nas
áreas urbanas, impacto sentido sobretudo na denominada faixa litoral, onde a população
(vinda do interior) tem vindo tendencialmente a concentrar-se. Os problemas já existentes,
decorrentes da degradação do edificado, das más práticas de construção e da especulação
imobiliária, da inexistência ou da falta da aplicação dos meios de planeamento e ordenamento
do território, foram desta forma acentuados, degradando a qualidade de vida das populações
urbanas.
Na própria estrutura e características fundamentais da cidade profundas alterações se
fizeram sentir. Contrapondo-se à «tradicional» cidade, herança cultural do passado,
monocêntrica, com continuidade e coerência espacial, a cidade «contemporânea» manifesta-
se pela fragmentação e descontinuidade no espaço, constituindo uma entidade policêntrica
com grande diversidade de espaços e usos. Estes dois modelos, que conjugam grosso modo a
tradição e a modernidade, perpassam as atuais cidades, criando situações complexas e
matizadas, para as quais os tradicionais modelos de análise se revelam insuficientes e
desfasados. O próprio modelo metropolitano, definindo a oposição centro-periferia,
manifesta-se ultrapassado quando aplicado a estas novas realidades (Soares, 2005).
As condições climatéricas, geográficas, topográficas, de orientação solar, bem como
os fatores socioculturais, são preponderantes na implantação e nas características tipológicas
dos edifícios. Mendonça, na sua tese de Doutoramento, em 2005, à qual concede um
sugestivo título – Habitar Sob uma Segunda Pele. Estratégias para a Redução do Impacto
Ambiental de Construções Solares Passivas em Climas Temperados – estuda diversas
questões bioclimáticas. A finalidade desta investigação consiste em obter soluções
construtivas que permitam minorar o impacto ambiental, em sentido lato, relacionado com a
construção do edificado nacional, através da melhoria de todos os procedimentos afetos à
construção, desde o estudo das condições bioclimáticas de dada região, o planeamento e a
conceção do projeto de arquitetura, aos materiais de construção e técnicas utilizadas. O autor
confere um relevo particular ao conceito de «pele exterior», ou seja, às fachadas e coberturas
dos edifícios – ou em termos científicos e segundo os critérios designados pela ADENE
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
(Agência para Energia), a envolvente opaca exterior – procedendo ao seu estudo histórico
numa perspetiva diacrónica e em diversas áreas geográficas e culturais. Mendonça comprova
ainda que as soluções dos métodos construtivos podem muitas vezes substituir elementos
construtivos pesados e dispendiosos, desde que a alteração assegure além do conforto
térmico, as devidas condições higrométricas, a segurança estrutural, acústica e a iluminação
natural. Subjacente está uma razão cultural indesmentível fundada na variedade tipológica
nacional, destacando-se a influência dos aspetos climáticos:
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
deveremos precipitar, concluindo que o betão e a terra crua são as únicas alternativas nas
estruturas da construção. A relação da construção e planeamento com os materiais tem sem
dúvida uma importância fundamental, embora bastante evitada tanto no ato de planeamento
como no ato de projeto. O desconhecimento do material é por vezes o maior motivo de
divergência entre profissionais, como arquitetos e engenheiros nas suas obras, por vezes mais
preocupados com a última moda, ou com os novos materiais comercializados, do que os
sistemas técnicos e materiais mais adequados.
Não me parece, todavia, que devamos afastar os urbanistas da ligação com os
materiais, dado que a constituição de volumes e meios urbanos depende inteiramente dos
materiais que utilizamos e não o contrário. Por outro lado, abordando a temática da
construção e os preconceitos sem fundamentação real, há um problema de desinformação que
começa por alguns «materiais inovadores», no caso específico da bioclimática, promovidos
por vezes com o nome de «produtos milagrosos» que resolverão simples problemas de
estética, de aplicabilidade ou de gestão do espaço. Os isolamentos térmicos são os materiais
com maior destaque nesta área, dado que são sobretudo estes que resolvem os problemas
legais e técnicos (requisitos mínimos exigíveis) de forma mais eficiente, dado o seu ótimo
rendimento térmico e preço. É este um dos pontos essenciais que Mendonça defende na sua
Tese, de que é possível baixar o «peso» da construção em prol de sistemas mais simples e
mais eficazes e sem diminuir as devidas condições e qualidade do edificado. No entanto, estas
experiências e práticas estão ainda ausentes do planeamento – apenas o aglomerado negro de
cortiça, entre poucas experiências, traz uma ligação ao visual urbano conciliando a sua forma
e função.
O vidro é outra matéria que tem tido bastante influência na bioclimática, mas também
possuí características ambivalentes, pois tanto é um elemento de perda de energia como de
ganhos por irradiação. No fundo, a ideia é integrar na construção materiais e sistemas, como
caixilharias, capazes de captar para o interior o máximo de irradiação solar, mas também
evitar ao máximo as transferências por condução de energia. Esta questão tem sido alvo de
controvérsia, tanto numa vertente científica como empírica, pois a entrada nos edifícios de luz
natural é fundamental. Mas discute-se se a irradiação solar terá uma importância
preponderante para a climatização de uma casa, dado que as densidades elevadas são mais
eficientes e o controlo por intermédio de sistemas mais isolantes permite que a climatização
artificial seja menos dispendiosa e, por último, seja qual for a disposição da casa (no nosso
clima mediterrânico ou mais noutro frio) será provavelmente impossível de evitar a existência
de sistemas de apoio de aquecimento.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
A descrição que o autor faz do país é o sintoma teórico de uma época cuja arquitetura
e subsequente forma da cidade o refletem igualmente. Este manifesto revela um momento
histórico muito concreto de Portugal e da arquitetura cuja carga emotiva negativa é manifesta,
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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“Despite differences in definitions perspetives and priorities, sustainability remains a critical challenge for
everyone. In general, the problem is this: traditional patterns of industrial and economic activities are no longer
viable, but alternative models are not yet developed. The historical trajectory of the industrial west cannot serve
as a model for the development of the industrializing countries, but it cannot be discarded entirely. Ecological
systems are severely strained by the cumulative effects of past industrialization and can scarcely support added
strains due to future patterns of growth, but there are major uncertainties about what must be done and how
”Choucri, N. (1998).
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bioclimáticas no domínio do urbanismo. Pelo cariz pioneiro desta obra, vai conferir-se-lhe
alguma atenção – esta possui uma estrutura tripartida, cada parte subdividindo-se em vários
capítulos, encadeando-se segundo uma sequência lógica e complementar, na qual o autor
toma como ponto de partida a interpretação climática e a sua influência no homem, em
seguida aplica a abordagem bioclimática ao planeamento arquitetónico e, por último, aplica
os pressupostos anteriores, exemplificando com casos concretos de aplicação na arquitetura e
urbanismo.
O meio urbano é estudado, nesta obra, numa ótica multidisciplinar e em interação com
o meio natural, juntamente com a análise geográfica e as influências sócio-culturais. Além
dos aspetos técnicos e tipológicos da construção, os contributos da climatologia, da biologia,
da engenharia e tecnologias, entre outros, são valorizados e aplicados na arquitetura e
planeamento urbano, numa ótica interdisciplinar. Para tanto propõe-se uma atenção às
origens: “El control del entorno y la creación de condiciones adecuadas a sus necesidades y al
desarrollo de sus atividades son cuestiones que el hombre se ha planteado desde sus orígenes”
(Olgyay, 1998, p. IX)
Um elemento sempre presente ao longo da história humana, mais especificamente da
história da arquitetura e do urbanismo, é a adaptação das construções às condições climáticas
da zona geográfica em que se inserem; encontramos estes aspetos bastante destacados nesta
obra. Essa conceção exige uma postura quase radical sobre a noção de arquitetura e da
preparação preliminar, na qual a arquitetura possui menor prioridade perante outros fatores
prioritários – “El proceso constructivo de una vivienda climáticamente equilibrada puede
dividirse en cuatro etapas, la última de las cuales es la expresión arquitetónica. Ésta debe
estar precedida por el estudio de las variables climáticas, biológicas y tecnológicas” (Olgyay,
1998, p. 10)
Para outro exemplo neste sentido, nomeia-se a obra do romano Vitruvio, quando
menciona expressamente que a diferentes climas e regiões correspondem diferentes tipos de
edifícios (Vitruvio, s.d.). Olgyay refere, sucintamente, as quatro etapas que precedem o
processo de construção de um edifício que são, respetivamente, a análise das características
climáticas do local de implantação, a relação entre as condições climáticas e as necessidades
biológicas, porquanto o homem constitui a referência da arquitetura enquanto utilizador dos
espaços construídos, a ponderação da melhor solução técnica adequada às condicionantes
bioclimáticas específicas e, por último, o projeto de arquitetura propriamente dito, que se
deve desenvolver harmoniosamente conjugando os dados das etapas anteriores.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
O autor confere ainda particular destaque aos estudos sobre o efeito do clima no
homem uma vez que, como referido, aquele constitui o elemento principal na arquitetura.
Reconhece-se que tanto as características do interior do edifício como a envolvente influem
na sensação de conforto térmico. Olgyay constituiu também metodologias e modelos de
análise, definindo e medindo os elementos principais que influenciam o conforto humano,
nomeadamente a temperatura atmosférica, a radiação solar, o vento e a humidade, que
interagem com o meio e com o metabolismo humano. O objetivo destes cálculos é o
estabelecimento de parâmetros de conforto, adequados a cada clima, criando tipologias e
critérios, transformados em medidas concretas a aplicar na construção.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
“Building technology has changed a great deal over the last few decades.
Primarily, developments have been driven by the need to meet more stringent
demands concerning energy performance. This means that external structural
elements now have improved thermal insulation and there are requirements that
must be met regarding air tightness” (Abel & Elmoth, 2007, p. 56).
pluridimensional aos sentidos, sintomas que tornam necessária a obra de arte enquanto
produto destinado a fruição estética.
Kevin Lynch procura respostas na história e oferece-nos diversas perspetivas dessa
característica. As cidades são lugares para habitar, mas também para fruir esteticamente.
Gente de todo o mundo passeia-se por Paris, Veneza, Amsterdão, Buenos Aires, Nova Iorque,
mas também pelas grutas hititas da Capadócia, vão a Atenas à procura dos mistérios de
Elêusis, ao templo de Delfos para se reconhecerem a si mesmos na marca epigráfica tão
diversa e semelhante à de Borobodur, no centro de Java, a Santorini, ao Cairo, a Petra, a
Jerusalém, a Saigão, a Marraquexe, a Lisboa, a Joanesburgo, a Singapura, a Viena, Madrid,
Moscovo, Deli, Samarcanda, Leninegrado, Barcelona, Túnis, Pequim, Shangai, Havana, Rio
de Janeiro, a tantas outras cidades... O que procuram esses milhões de pessoas em transito
efémero nesses lugares de peregrinação? Durante alguns dias ou mesmo semanas passam
algumas horas do dia num hotel igual a outros hotéis e o resto do tempo à procura de espaços
que lhes são apontados como “históricos” ou únicos. Que imagem trazem desses lugares?
Salvo uma ou outra impressão pessoal, o grande impacto desses lugares – por vezes já vistos
na televisão, nos filmes, na internet – é necessariamente a arrumação dos seus edifícios, as
fachadas, o respirar quotidiano dos povos nesses e não noutros espaços.
O conceito de herança cultural está patente na responsabilidade de quem planeia e de
quem constrói, como sublinha Kevin Lynch. Uma cidade é sempre mais do que ela própria e
se, de uma primeira visão se pode colher um testemunho que não e apenas um somatório de
perceções, mas uma vivência complexa com identidade, a sua construção pressupõe esse
resultado, uma interferência profunda e determinante na vida das populações, em regra
atribuída de forma arbitrária ao ato político.
A construção da imagem será então um apelo à emanação de um espírito identitário
de natureza cultural e social conjugado com o espaço natural. Este redimensionamento
psicológico da urbe, que emerge da história, vem ao encontro do repensar a cidade na sua
multiplicidade transversal e vertical da análise. A metáfora da árvore como um sistema e a
polarização numa unidade de vetores que cruzam todas as áreas numa clara relação de
equilíbrio, indispensável, a partir da proposta da Carta de Atenas acerca do conceito de casa
como célula (elemento biológico primordial), cuja construção está rodeada de vicissitudes,
completando uma unidade própria. Somos levados a pensar e atribuir à cidade, considerada à
escala humana, a expressão psicossomática de uma unidade psíquica coletiva. A cidade hoje
deverá ser vista com a dimensão objetiva própria, mas também na sua mesma grandeza
subjetiva cultural e humana. A evolução técnica/tecnológica introduziu as qualidades e
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
melhorias que a história reconhece, mas a sua consumação prática obedece cada vez mais a
propósitos como a educação e a atividade cívica.
Neste sentido, parece de bastante utilidade lembrar a recomendação de Ester
Higueras, quando refere: “La ciudad bioclimática no es exclusivamente la suma de edifícios
que incorporen técnicas de acondicionamiento pasivo”. (Higueras, 2007, p. 9). Um conceito
não se limita a ser o somatório de diversas qualidades. Seja qual for a linguagem que se
utilize, procura-se organizar e consumar um projeto de unidade num mundo urbano que pode
ser visto como caótico, dividido, assimétrico, separado, desinteressante nos seus elementos
em bruto. Através da linguagem procura-se dimensionar uma unidade de cor, de volume, de
ação própria, sem destruir a natureza íntima das coisas, pelo contrário. Prosseguir no mundo
diáfano da estética e da identidade cultural significa assumir um princípio essencial: têm de
ser materialmente cumpridas numa unidade orgânica em termos de qualidade de vida
proporcionada aos sentidos.
Os espaços públicos são locais destinados às pessoas para interagirem em liberdade. A
hospitalidade e o conforto urbano dos espaços públicos determinam a forma como as pessoas
se relacionam e este aspeto não pode perder-se de vista no planeamento urbano, são o
resultado das preocupações de quem os concebeu. Criados de forma planeada ou resultado de
uma transformação evolutiva não intencional, os espaços públicos da cidade exprimem
sempre uma identidade cultural. A própria integração social é influenciada ou determinada
pelo contexto urbano, o que origina um conjunto de problemas que os utilizadores sentem
tanto na área social como na esfera íntima. Quem olha a cidade no seu todo, ou as habitações,
os monumentos e os diversos espaços, apreciando as formas do desenho, do empedrados ao
betão, de facto é nestes que vê e identifica (consciente ou inconscientemente) a cultura e as
características da sociedade que representam e constituem produto.
Klas Tham (2010), urbanista sueco, notou que a diversidade é uma característica
determinante na cidade. Mantém estímulos e a interatividade do indivíduo com o meio. Os
conceitos encontrados procuram contribuir para a maior identificação das pessoas com o
espaço que utilizam, aumenta a sua integração social, a qualidade de vida, bem como a forma
como interagem. Nesta área levantam-se vários desafios à escala do planeamento urbano, o
que promove a criação de contextos urbanos atrativos e comunidades que se desenvolvem
rumo à sustentabilidade.
Aproximando-se do futuro e encarando o presente de forma mais consciencializada, a
população europeia, pelo menos, não só estará sensibilizada da relevância dos programas de
eficiência energética, como totalmente dependente do conforto climático enquanto elemento
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
imprescindível da qualidade de vida. E este futuro não é relativamente longínquo, dado que a
União Europeia já apontou 2020 como o ano-meta das ações concertadas, designado pelo já
expresso Programa 20-20-20, além do consenso geral dos líderes europeus na redução de
20% de emissões de gases com efeito de estufa, entre outras matéria. Neste sentido de
carência energética e da necessidade de diminuir consumos, tendência acentuada nas últimas
décadas, com os objetivos e metas da União Europeia (através das suas medidas,
regulamentos e diretivas), aliados ao clima e ao planeamento urbano – através de uma forma
da cidade que possa reduzir despesas energéticas –, aplicados e coordenados com as normas
urbanísticas e conceitos de sustentabilidade, há sem dúvida um trajeto inegável e irreversível:
a racionalização energética terá de existir, por razões ecológicas, tanto quanto económicas e
sociais.
A introdução do conceito de eficiência energética não foi, sem dúvida, muito bem-
sucedida no âmbito dos países mediterrânicos dado, como referido, não existirem hábitos ou
consciencialização da sociedade face ao conforto térmico. Todo o processo apontou, na
generalidade dos países europeus, para uma eficiência térmica e não genérica dos edifícios. É
importante ter também em conta que as decisões tomadas e a construção dos regulamentos
dependeu, de um certo modo, de características e fundamentos derivados da opinião científica
dos estados da Europa Central, mais que dos restantes países. Tal como o regulamento
térmico português, a maioria dos países adaptou conceitos já definidos nos regulamentos
térmicos da Alemanha, por exemplo, cuja perda térmica nos edifícios representa valores
bastante mais consideráveis do que as restantes despesas, como a iluminação ou a preparação
de refeições (cozinha), estas duas últimas com maior peso nas habitações portuguesas.
Persiste a ideia genérica de que a eficiência perfeita consistiria no corte em absoluto
do consumo energético, o que o engenheiro mecânico e professor na Universidade de Évora,
Ernesto Peixeiro Ramos, criticou num artigo da revista Climatização, publicado em
novembro de 2011. Ramos abordou, desde logo, o ridículo da execução do processo de
certificação energética baseada em medidas de eficiência térmica, conforme cito: “muita
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
da maior parte das atividades económicas se realizar nas grandes cidades, isso não constitui
necessariamente um desequilíbrio, mas apenas que as sociedades urbanas desempenham um
papel fundamental em temas como o aquecimento global. Enquanto as cidades possam ser
mais vulneráveis no que diz respeito às suas condições, o simples facto de serem mais densas
oferece mais oportunidades e maior qualidade de vida: “mass-targeting options that provide
access to water, sanitation, and solid waste management more cost-efficiently than rural areas
can.” (World Bank, 2009, p. vii). Em sequência da ideia da eficácia antes da eficiência (e
aliando estas duas dimensões), segundo o LGDB 2009, todos os investimentos em
infraestruturas realizados nos meios urbanos apresentam custos muito mais controlados e
abrangentes, logo, mais eficazes.
Assim, antes de passarmos para a segunda parte desta investigação, entendemos desde
já que o mundo – seja visto por Toffler ou mesmo um governante de um país emergente ou
industrializado – está a sofrer um processo de mudança onde a racionalização, os cortes ou
restrições monetárias são tópicos prioritários, sobrepondo-se ao próprio desenvolvimento e
melhoria da qualidade de vida das sociedades (ironicamente, confundindo-se meios e fins).
Sendo a energia um dos pontos essenciais na contenção mencionada, e onde os países mais
desenvolvidos tendem a querer economizar, o LGDB 2009 deixa-nos uma chave que tem
passado despercebida: “Compact cities tend to be more sustainable than sprawling cities.
Urban form can be important in determining land and energy use and the cost of
infrastructure and municipal services.” (World Bank, p. ix, 2009).
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
O presente capítulo tem por objetivo comprovar a efetiva influência do tipo de forma
ou de volumetria, elemento determinante nas perdas ou ganhos energéticos
independentemente dos materiais de construção empregados ou da envolvente climática. O
estudo tem como principal suporte científico-técnico o atual Regulamento das Características
do Comportamento Térmico dos Edifícios, Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de abril (RCCTE), e
apresenta dois tipos de análises: o primeiro com base nos dados fornecidos pela ADENE
(Agência da Energia) e pelo INE (Instituto Nacional de Estatística), e o segundo através de
simulações de tipologias de quarteirões.
Os cálculos térmicos do atual RCCTE integram já vários fatores bioclimáticos, como
o impacto e perdas energéticas, quer por zonas expostas, quer por zonas mais densas ou
frações de prédios e moradias. O Regulamento definiu diferentes classes e níveis para cada
zona climática através de dados de temperatura e insolação, entre outros elementos. Este
carece apenas de um fator que nos parece muito importante, o cálculo por corpo de edifício,
limitando toda a ação a cálculos por frações independentes. Esta situação fez com que se
calculassem todas as frações e se somasse o total no segundo tipo de análise, de modo a obter
um valor global de cada modelo de quarteirão.
Seguindo o princípio do LGDB 2009, conforme está citado no final do capítulo
anterior, estes estudos demonstram que, apesar de tudo, e antes de uma relação específica
com o clima mediterrânico, é possível resolver um grande problema na conservação das
fontes de energia através do simples domínio de um tipo de volumetria urbana.
Este cálculo alicerça-se na análise das envolventes opacas e das variações térmicas
induzidas pelas configurações do edificado face à sua localização num espaço mediterrânico,
nomeadamente no território nacional. Estes estudos de análise são realizados com dados
estatísticos reais – fornecidos pela ADENE e pelo INE – e também com base em valores
simulados segundo os métodos de calculo do RCCTE.
Defende-se nesta investigação que o tipo de volumetria, isto é, o tipo de
configuração geométrica dos corpos dos edifícios, pode ser um elemento determinante nos
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
materiais típico de desse período, com edificado predominante entre três e quatro pisos, é de
137 kW/m2.ano.
Se fizermos uma análise de ocupação sobre as células I e II, temos um terreno com
470 000 m2 ocupado por 2066 fogos, numa média de 86,8 m2/fogo, logo teríamos uma
despesa energética anual prevista de 11891 kW/ano/fogo, ou seja 1545 €/ano/fogo. Se por
cada metro quadrado de construção são precisos 17,81 € anuais, para 2066 fogos equivale 24
567 MW/ano, ou seja 3 193 684 €/ano.
Aplicando uma medida corretiva comum, a alternativa imediata de colocação de
bombas de calor teria um impacto de minimização para cerca de 6 €/m2.ano, ou seja cerca de
500 €/ano/fogo ou cerca de 1 000 000 € no total de 2066 fogos.
de cálculo do RCCTE não são uniformes em todos os pisos de um edifício, existindo fatores
agravantes de frações localizadas em últimos ou primeiros pisos, onde existem mais
perdas/ganhos térmicos, independentemente da estrutura e dos materiais de construção do
prédio.
O número de pisos é relativamente constante, entre dois e quatro pisos, mas tal como
em Alfama a volumetria e o pé direito apresentam diversas configurações. No plano climático
estes bairros não são muito divergentes, nem no que respeita aos materiais e técnicas de
construção. A sua diferença essencial pressupõe-se na exposição volumétrica mais estável e
racional (quarteirão), que difere do conceito mais «orgânico» do bairro de Alfama. Dos
valores cedidos pela ADENE foi possível calcular uma média de 163,76 kW/m2.ano para um
total de 45 frações estudadas.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Figura 21 – Bairro de Santa Cruz de Benfica (integrando o parque Silva Porto). Imagem
retirada do Google Earth.
Foram escolhidos os três zonas dos planos da antiga Expo 98 (Sul, Centro, Norte).
Todos foram concebidos no mesmo período e para serem concretizados com os
mesmos propósitos, revitalizando aquilo que a própria exposição internacional iniciara. Todo
o plano geral da Expo abrangeu, pela primeira vez, um sistema de geração de aquecimento e
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furado. A caixilharia varia entre madeira e alumínio (este último mais recente) sendo difícil
de encontrar um padrão geral ou uniforme.
O estudo em Elvas foi relativamente diferente dos anteriores. Não houve
elementos disponibilizados pela ADENE e foi efetuado um levantamento no local do número
de pisos, a fim de determinar um padrão de todo centro histórico. Esse padrão é referente a
uma fração-tipo de modo a calcular-se um valor médio de despesa térmica por todo o
aglomerado urbano. Foi ainda efetuado um estudo da área coberta, que envolve em média
50% da área total apesar das ruas sinuosas, mas este só está apresentado em complemento à
terceira fase de análise desta tese. A terceira fase de análise teve em conta as normas
urbanísticas e conceitos urbanísticos, desde Lynch e Alexander; de modo que um caso de
estudo como o centro histórico de Elvas, entre muitos centros históricos, se tornaram
fundamentais.
Todo o edificado apresenta não só números de pisos diversificados, de um a seis,
mas também pés direitos diferentes. Há situações que um prédio de três pisos pode ser
superior a um prédio de quatro pisos. De qualquer modo, apesar das diferenças, encontrou-se
um valor médio de 2,60 metros (a maior parte das habitações variam entre 2,2 e 3 metros)
De acordo com a figura 22, estão identificados três grupos de análise. O primeiro diz
respeito a uma área de sete hectares, dos quais cinco são cobertos (cerca de 71,5%) com um
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moda de dois pisos e uma média de 2,5 com uma cércea máxima de 6,5 metros. O segundo
grupo, apesar de ter uma moda de três pisos e média de 3,3 com uma volumetria de padrão de
dez metros, apresenta prédios de um a cinco pisos e uma área coberta de cerca 66%. O
terceiro grupo tem uma área coberta inferior com apenas 33% em dez hectares e com uma
moda de 2 pisos e média de 2,3, com uma cércea média máxima de 6,2 metros.
Concluído este levantamento, verificou-se que numa área total de cerca 500.000 m2
obtêm-se uma área coberta média de 60%, uma cércea máxima de 7,5 metros de altura e o
equivalente a 2,9 pisos.
Foram efetuados quatro análises particulares de certificados energéticos cedidos pela
ADENE confidenciais de peritos qualificados com resultados bastante diferentes. Deste
modo, estabeleceu-se um valor médio de 373,91 kW/m2.ano, aparentemente muito elevado
face a outros exemplos.
Este caso em especial, envolvendo centros históricos e que utilizam materiais
maioritariamente pouco eficientes do ponto de vista térmico, deve ser visto como uma
situação peculiar, todavia a necessitar de ser bem estudada, dado que a configuração ou
morfologia destes bairros é de enorme importância para o planeamento e gestão urbanística.
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com características iguais, mas localizados noutras regiões do país com características
climáticas distintas.
Foi efetuado o calculo térmico de modo idêntico ao dos casos reais, ou seja, de
acordo com os critérios da legislação atualmente em vigor (RCCTE), especificamente das
necessidade nominais de aquecimento (Nic) e de arrefecimento (Nvc) que determinam
diretamente a despesa energética da envolvente opaca, sendo valores de referência do
consumo anual por metro quadrado.
Dado que a incidência e resultados deste estudo centram-se no impacto da
volumetria do meio urbano edificado, definiu-se como regra a utilização de materiais e
técnicas de construção idênticas para todos os edifícios, de acordo com as normas de boa
prática do projeto e cálculo térmico.
A simulação prevê um cálculo de habitantes com uma taxa de ocupação a 100% e
cada fogo é calculado com quatro assoalhadas, no que respeita aos apartamentos, referentes a
uma família de quatro pessoas e nas moradias são calculadas cinco assoalhadas, respeitantes a
uma família de cinco pessoas.
Visando obter resultados de análise tendo em conta essencialmente a estratificação
física das urbanizações, nomeadamente a influência do número de pisos no desempenho
térmico e conforto climático, pressupôs-se uma volumetria perfeitamente simples, poliédrica
regular (paralelepipedal), com a área de implantação em forma de um quadrado idêntica para
todos os imóveis. Foi efetuado um calculo médio do conjunto de frações referente aos valores
dos corpos edificados com várias frações, como as torres e quarteirões, dado que cada fração
tem um valor diferente entre si, principalmente as frações dos primeiros e últimos pisos.
Moradia:
NIC = 45,57 e NVC = 9,02 TOTAL anual de 54,59 kWh/m2.ano
Apartamentos (3 pisos):
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A diferença entre corpos de edifícios de seis e mais pisos deixa de ser praticamente
relevante, pois entre um apartamento num prédio de seis e outro num prédio de oito pisos a
divergência é apenas de 1,5% de redução da despesa energética. Numa primeira análise sente-
se que a relação da envolvente opaca com o exterior, em especial as coberturas e pavimentos,
pode ser minimizada com o aumento dos isolamentos, mas continua a existir um impacto
agravante que só poderá ser reduzido construindo-se frações intermédias. No entanto,
também se verifica que a partir de uma determinada cércea deixa de ser muito relevante ou
inexistente o agravamento da despesa térmica.
Simulou-se a despesa de acordo com o preço de referência da energia elétrica, tendo
em conta o preço médio da eletricidade em 2010, cerca de 0,13 €:
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Os dados são conclusivos: existindo uma redução muito substancial no valor do fator
de forma, a maior diferença nas perdas energéticas encontra-se sempre entre os edifícios
isolados e os edifício com mais de duas frações sobrepostas, independentemente da
quantidade/número de pisos. Há que ter em conta que podemos minimizar os valores de
impacto de despesa energética, mas que apesar de conseguirmos assim tornar os edifícios
mais eficientes, não conseguimos dispensar as ações ativas (são considerados sistemas ativos
todos os aparelhos de climatização) Estas são tão importantes como as ações passivas, dado
que por mais bem pensada que seja a construção bioclimática, esta nunca dispensará a
climatização adequada.
Mas esta investigação, como já referido, não tem por interesse específico determinar
quanto uma pessoa gasta na climatização da sua casa, mas a despesa genérica global de
acordo com os bairros e morfologias urbanas. Deste modo, neste estudo tivemos como
pressuposto uma colocação de 1000 fogos, pressupondo que esta seria uma dimensão
aceitável de um bairro tipicamente português:
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Apartamentos (prédio de três pisos): Despesa de 310 860 €, ou seja 6 903 000
kWh/ano
Apartamentos (prédio de seis pisos): Despesa de 295 000 €, ou seja 6 537 000
kWh/ano
Apartamentos (prédio de oito pisos): Despesa de 291 040 €, ou seja 6 445 500
kWh/ano
1- Moradias
2- Moradias geminadas
3- Prédios de dois pisos
4- Prédios de quatro pisos
5- Prédio de oito pisos
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por 75 metros e 12 lotes de 375 m2, ou seja uma área coberta de 4500 m2/ha, ou seja 45% de
área coberta. Em relação às frações, a urbanização de dois pisos foi composta por 24 frações,
a de quatro pisos por 48 e a de oito pisos por 96 frações.
A eventual ironia urbanística será ainda uma relação entre o espaço público e o
privado, que em todos estes casos se mantem relativamente idêntica, existindo apenas a
possibilidade dos corpos de edifícios de quarteirões abrirem o seu interior a outros usos
funcionais.
No caso das urbanizações compostas por moradias unifamiliares, a despesa térmica
por fração manteve-se exatamente com as mesmas características, 54,59 kWh/m2.ano (NIC =
45,57 kWh/m2.ano e NVC = 9,02 kWh/m2.ano). As urbanizações compostas por bandas de
moradias geminadas têm por sua vez uma despesa anual de 51,65 kWh/m2.ano (NIC = 43,07
e NVC = 8,58 kWh/m2.ano). No caso dos quarteirões temos uma despesa anual de 45,76
kWh/m2.ano para dois pisos, 42,11 kWh/m2.ano para quatro pisos e 40,29 kWh/m2.ano para
situações de oito pisos.
Calculando a despesa térmica anual das frações com 150 m2, verifica-se que as
moradias apresentam uma despesa de referência de 8188,5 kWh/ano e que os apartamentos
dos corpos de oito pisos consomem menos 26% do que aquelas, ou seja menos 2145
kWh/ano, conforme observamos no seguinte quadro.
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Moradias:
NIC = 45,57 e NVC = 9,02 TOTAL anual de 54,59 kWh/m2.ano
Moradias Geminadas:
NIC = 43,07 e NVC = 8,58 TOTAL de 51,65 kWh/m2.ano
Prédios (2 pisos):
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 35,26 e NVC = 8,58, sendo o total de 43,84 x 8
= 350,72 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 35,26 e NVC = 9,20 sendo o total de 44,46 x 4
= 177,84 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
9,04, sendo o total de 44,30 x 2 = 88,60 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
8,73, sendo o total de 43,99 x 2 = 87,98 kWh/m2.ano
TOTAL = 705,14/16
MÉDIA de fração térrea = 44,07 kWh/m2.ano
Último Piso
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 38,64 e NVC = 8,58, sendo o total de 47,22 x 8
= 377,76 kWh/m2.ano
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 38,64 e NVC = 9,20 sendo o total de 47,84 x 4
= 191,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
9,04, sendo o total de 47,68 x 2 = 95,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
8,73, sendo o total de 47,37 x 2 = 94,74 kWh/m2.ano
TOTAL = 759,22/16
MÉDIA das últimas frações = 47,45 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 91,52/ 2 = 45,76 kWh/m2.ano
Prédios (4 pisos):
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 35,26 e NVC = 8,58, sendo o Total de 43,84 x
8 = 350,72 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 35,26 e NVC = 9,20 sendo o Total de 44,46 x
4 = 177,84 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
9,04, sendo o total de 44,30 x 2 = 88,60 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
8,73, sendo o total de 43,99 x 2 = 87,98 kWh/m2.ano
TOTAL = 705,14/16
MÉDIA de fração térrea = 44,07 kWh/m2.ano
Último Piso
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 38,64 e NVC = 8,58, sendo o Total de 47,22 x
8 = 377,76 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 38,64 e NVC = 9,20 sendo o Total de 47,84 x
4 = 191,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
9,04, sendo o total de 47,68 x 2 = 95,36 kWh/m2.ano
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
8,73, sendo o total de 47,37 x 2 = 94,74 kWh/m2.ano
TOTAL = 759,22/16
MÉDIA das últimas frações = 47,45 kWh/m2.ano
2º e 3º Pisos
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 29,66 e NVC = 8,58, sendo o Total de 38,24 x
8 = 305,92 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 29,66 e NVC = 9,20 sendo o Total de 38,86 x
4 = 155,44 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 29,66 e NVC =
9,04, sendo o total de 38,70 x 2 = 77,40 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 29,66 e NVC =
8,73, sendo o total de 38,39 x 2 = 76,78 kWh/m2.ano
TOTAL = 615,54/16
MÉDIA de frações intermédias = 38,47 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 168,46/ 4 = 42,11 kWh/m2.ano
Prédios (8 pisos):
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 35,26 e NVC = 8,58, sendo o Total de 43,84 x
8 = 350,72 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 35,26 e NVC = 9,20 sendo o Total de 44,46 x
4 = 177,84 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
9,04, sendo o total de 44,30 x 2 = 88,60 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
8,73, sendo o total de 43,99 x 2 = 87,98 kWh/m2.ano
TOTAL = 705,14/16
MÉDIA de fração térrea = 44,07 kWh/m2.ano
Último Piso
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 38,64 e NVC = 8,58, sendo o total de 47,22 x 8
= 377,76 kWh/m2.ano
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 38,64 e NVC = 9,20 sendo o total de 47,84 x 4
= 191,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
9,04, sendo o total de 47,68 x 2 = 95,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
8,73, sendo o total de 47,37 x 2 = 94,74 kWh/m2.ano
TOTAL = 759,22/16
MÉDIA das últimas frações = 47,45 kWh/m2.ano
2º a 7º Pisos
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 29,66 e NVC = 8,58, sendo o total de 38,24 x 8
= 305,92 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 29,66 e NVC = 9,20 sendo o total de 38,86 x 4
= 155,44 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 29,66 e NVC =
9,04, sendo o total de 38,70 x 2 = 77,40 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 29,66 e NVC =
8,73, sendo o total de 38,39 x 2 = 76,78 kWh/m2.ano
TOTAL = 615,54/16
MÉDIA de frações intermédias = 38,47 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 322,34/ 8 = 40,29 kWh/m2.ano
Resumindo:
Confirma-se que quanto maior for a união das envolventes opacas das frações, isto é,
quanto maior for a densidade dos corpos de edifícios compostos por um número maior de
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
fogos, melhor será o seu comportamento térmico, pela razão que se reduz o número de
transferências de energia. Neste caso, verifica-se uma diferença de 15 kWh/m2.ano entre o
primeiro e o último caso, ou seja, se uma moradia de 150 m2 tem uma despesa anual de mais
de 8000 kWh/ano, um prédio de oito pisos com os mesmos sistemas construtivos tem pouco
mais de 6000 kWh/ano, logo, menos 25% de consumo. Verificou-se também que é muito
menos significativa a diferença dos consumos térmicos em corpos de edifícios a partir de
quatro pisos.
120
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Resumindo:
121
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
metros de largura por 15 metros de profundidade) com 4 frações em cada um destes lotes de
150 m2 (quarteirão de 90x80 metros). Enquanto nos casos anteriores foram dados os
espaçamentos para arruamentos do espaço público (eixos viários e pedonais) com dotações
suficientes, nestes casos o espaço público deixou de ser importante dado o interesse de obter
resultados bioclimáticos melhores. Determinadas necessidades funcionais arquitetónicas
foram também consideradas irrelevantes, como um mínimo de iluminação interior em
determinadas frações, nomeadamente nos gavetos. Todas as frações passaram a ter uma única
frente de exposição solar e a relação de área coberta subiu para os 60%.
No segundo caso, o mais denso, conforme a figura 25, aumentou-se ainda mais o
exagero do corpo do edifício para 12 pisos e 30 metros por 30 metros, com um aumento de
área coberta para os 72% e uma possibilidade de 10 metros de larguras de vias para todas as
orientações (largura idêntica à das vias de uma faixa de rodagem com os dois sentidos
rodoviários e um arruamento de 1,5 metros, sem possibilidade de estacionamento ou de
utilização de outros meios de locomoção, como a bicicleta). As frações, de ponto vista
arquitetónico, passaram a sofrer impasses funcionais (e legais) e cada lote de implantação de
900 m2 passou a ter cinco frações por piso.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Figura 27 – Resumo das diferenças energéticas entre diferentes frações dos edifícios densos
de 8 pisos.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Figura 28 – Resumo das diferenças energéticas entre diferentes frações dos edifícios densos
de 12 pisos
Figura 29 – Resumo das diferenças energéticas entre diferentes frações dos edifícios
esféricos de 10 pisos
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Lisboa
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 35,26 e NVC = 8,58, sendo o total de 43,84 x 8
= 350,72 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 35,26 e NVC = 9,20 sendo o total de 44,46 x 4
= 177,84 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
9,04, sendo o total de 44,30 x 2 = 88,60 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 35,26 e NVC =
8,73, sendo o total de 43,99 x 2 = 87,98 kWh/m2.ano
TOTAL = 705,14/16
MÉDIA de fração térrea = 44,07 kWh/m2.ano
Último Piso
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 38,64 e NVC = 8,58, sendo o total de 47,22 x 8
= 377,76 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 38,64 e NVC = 9,20 sendo o total de 47,84 x 4
= 191,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
9,04, sendo o total de 47,68 x 2 = 95,36 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 38,64 e NVC =
8,73, sendo o total de 47,37 x 2 = 94,74 kWh/m2.ano
TOTAL = 759,22/16
MÉDIA das últimas frações = 47,45 kWh/m2.ano
2º a 7º Pisos
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 29,66 e NVC = 8,58, sendo o total de 38,24 x 8
= 305,92 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 29,66 e NVC = 9,20 sendo o total de 38,86 x 4
= 155,44 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 29,66 e NVC =
9,04, sendo o total de 38,70 x 2 = 77,40 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 29,66 e NVC =
8,73, sendo o total de 38,39 x 2 = 76,78 kWh/m2.ano
TOTAL = 615,54/16
MÉDIA de frações intermédias = 38,47 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 322,34/ 8 = 40,29 kWh/m2.ano
Porto
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 50,65 e NVC = 1,35, sendo o total de 52,0 x 8
= 408,00 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 50,65 e NVC = 1,51 sendo o total de 52,16 x 4
= 208,64 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 50,65 e NVC =
1,49, sendo o total de 52,14 x 2 = 104,28 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 50,65 e NVC =
1,38, sendo o total de 52,03 x 2 = 104,06 kWh/m2.ano
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
TOTAL = 824,98/16
MÉDIA de fração térrea = 51,56 kWh/m2.ano
Último Piso
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 55,25 e NVC = 1,35, sendo o total de 56,6 x 8
= 452,8 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 55,25 e NVC = 1,51 sendo o total de 56,76 x 4
= 227,04 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 55,25 e NVC =
1,49, sendo o total de 56,74 x 2 = 113,48 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 55,25 e NVC =
1,38, sendo o total de 56,63 x 2 = 113,26 kWh/m2.ano
TOTAL = 906,58/16
MÉDIA das últimas frações = 56,66 kWh/m2.ano
2º a 7º Pisos
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 43,01 e NVC = 1,35, sendo o total de 44,36 x 8
= 354,88 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 43,01 e NVC = 1,51 sendo o total de 44,52 x 4
= 178,08 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 43,01 e NVC =
1,49, sendo o total de 44,5 x 2 = 89,0 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 43,01 e NVC =
1,38, sendo o total de 44,39 x 2 = 88,78 kWh/m2.ano
TOTAL = 710,74/16
MÉDIA de frações intermédias = 44,42 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 374,74/8 = 46,84 kWh/m2.ano
Castelo Branco
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 52,54 e NVC = 5,71 sendo o total de 58,25 x 8
= 466,0 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 52,54 e NVC = 6,17 sendo o total de 59,71 x 4
= 238,84 kWh/m2.ano
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 52,54 e NVC =
6,09 sendo o total de 58,63 x 2 = 117,26 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 52,54 e NVC =
5,79 sendo o total de 58,33 x 2 = 116,66 kWh/ m2.ano
TOTAL = 938,76/16
MÉDIA de fração térrea = 58,67 kWh/m2.ano
Último Piso
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 57,26 e NVC = 5,71, sendo o total de 62,97 x 8
= 503,76 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 57,26 e NVC = 6,17 sendo o total de 63,43 x 4
= 253,72 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 57,26 e NVC =
6,09 sendo o total de 63,35 x 2 = 126,7 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 57,26 e NVC =
5,79 sendo o total de 63,05 x 2 = 126,1 kWh/m2.ano
TOTAL = 1010,26/16
MÉDIA das últimas frações = 63,14 kWh/m2.ano
2º a 7º Pisos
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 44,71 e NVC = 5,71 sendo o total de 50,42 x 8
= 403,36 kWh/m2.ano
Frações Este/Oeste são 4, logo NIC = 44,71 e NVC = 6,17 sendo o total de 50,88 x 4
= 203,52 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 44,71 e NVC =
6,09 sendo o total de 50,8 x 2 = 101,6 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 44,71 e NVC =
5,79 sendo o total de 50,5 x 2 = 101 kWh/m2.ano
TOTAL = 809,48/16
MÉDIA de frações intermédias = 50,59 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 425,37/ 8 = 53,17 kWh/m2.ano
Oleiros
(Encontro de médias de fração)
Piso térreo
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 80,79 e NVC = 5,71 sendo o total de 86,50 x 8
= 692,0 kWh/m2.ano
Frações Este/ Oeste são 4, logo NIC = 80,79 e NVC = 6,17 sendo o total de 86,96 x 4
= 347,76 kWh/.m2 ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 80,79 e NVC =
6,09 sendo o total de 86,88 x 2 = 173,76 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 80,79 e NVC =
5,79 sendo o total de 86,58 x 2 = 173,16 kWh/m2.ano
TOTAL = 1386,68/ 16
MÉDIA de fração térrea = 86,67 kWh/m2.ano
Último Piso
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 87,23 e NVC = 5,71, sendo o total de 92,94 x 8
= 743,52 kWh/m2.ano
Frações Este/ Oeste são 4, logo NIC = 87,23 e NVC = 6,17 sendo o total de 93,40 x 4
= 373,60 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 87,23 e NVC =
6,09 sendo o total de 93,32 x 2 = 186,64 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 87,23 e NVC =
5,79 sendo o total de 93,02 x 2 = 186,04 kWh/m2.ano
TOTAL = 1489,8/16
MÉDIA das últimas frações = 93,11 kWh/m2.ano
2º a 7º Pisos
Frações Norte/Sul são 8, logo NIC = 70,07 e NVC = 5,71 sendo o total de 75,78 x 8
= 606,24 kWh/m2.ano
Frações Este/ Oeste são 4, logo NIC = 70,07 e NVC = 6,17 sendo o total de 76,24 x
4 = 304,96 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Sul são 2, logo NIC = 70,07 e NVC =
6,09 sendo o total de 76,16 x 2 = 152,32 kWh/m2.ano
Frações de Gaveto com uma das orientações Norte são 2, logo NIC = 70,07 e NVC
= 5,79 sendo o total de 75,86 x 2 = 151,72 kWh/m2.ano
TOTAL = 1215,24/16
MÉDIA de frações intermédias = 75,95 kWh/m2.ano
Média Final de todas as Frações = 635,50/ 8 = 79,44 kWh/m2.ano
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Lisboa é classificada como uma zona climática I1 V2 Sul, Porto como I2 V1 Norte,
Castelo Branco como I2 V3 Norte e Oleiros como I3 V3 Norte.
No caso das moradias, os valores médios obtidos foram de 54,59 kWh/m2.ano em
Lisboa, 65,85 kWh/m2.ano no Porto, 72,61 kWh/m2.ano em Castelo Branco e 105,38
kWh/m2.ano em Oleiros. No plano financeiro/monetário e de percentagens de consumo,
existe um acréscimo de 220 € (9 877,5 kWh/ano) equivalente a um agravamento de 20% de
Lisboa para o Porto, cerca de 350 € (10 891,5 kWh/ano) e equivalente a 33% de Lisboa para
Castelo Branco, e cerca de 990 € (15 807 kWh/ano) e equivalente a 93% de Lisboa para
Oleiros.
Do ponto vista do impacto climático, foi verificado que os edifícios/frações
localizadas em zonas como Vila Real, Bragança, Guarda ou Oleiros apresentam quase o
dobro da despesa energética do que nas áreas climáticas da área metropolitana de Lisboa (na
perspetiva climática, comparando com as regiões de Portugal continental verifica-se que
Lisboa é uma região climática mais amena do que as restantes).
Figura 30 – Resumo das diferenças energéticas entre zonas climáticas de Portugal (edifícios
de construção e comportamento termicamente idêntico).
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
A comparação dos valores dos consumos energéticos dos edifícios demonstra que,
independentemente da sua localização, existe uma agravante de 25 a 30% do rendimento de
moradias em relação a apartamentos. Ou seja, enquanto no caso de Lisboa a diferença de
gastos entre moradias e frações de quarteirões de oito pisos é de cerca de 280 € anuais, no
caso de Oleiros ou de Vila Real essa mesma percentagem passa para um valor superior a 500
€ anuais.
Ou seja, dado que os valores climáticos nesses últimos locais são mais acentuados, a
relevância da forma volumétrica dos aglomerados dos edifícios aumenta. No entanto, como é
conhecido, quanto mais nos afastamos de grandes cidades como Lisboa e Porto até aos
concelhos do interior, o sistema de aglomerados tende a ser composto por planos (ordenados
ou desordenados) predominantemente de moradias.
Na sequência dos valores anteriores, o mesmo ocorre nas percentagens das frações
de urbanizações com oito pisos no Porto, Castelo Branco e Oleiros, com um agravamento de
20%, 33% e 93%, respetivamente, em relação aos valores de Lisboa.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
cerca de 100 Wh de calor. Isto significa que a presença ou a inexistência do corpo humano
nas frações ou edifícios é influenciador do edificado contíguo e respetivo comportamento e
consumo energético.
Um estudo de impacto da taxa de ocupação populacional das urbanizações iria criar
(mais) um índice de agravamento energético. Por norma, uma fração apresenta sempre mais
despesas se a envolvente opaca estiver em contacto com o exterior do que em contacto com
uma fração devoluta. Isso não impede que os valores se mantenham com uma percentagem
tão elevada conforme se verificou nestes estudos. A população tem uma relação fundamental
com o espaço urbano em diversos domínios, a referência à influência energética seria apenas
mais um dado comprovado. É importante ter em conta que uma taxa de ocupação na ordem
dos 50% – como ocorre frequentemente em urbanizações e bairros nacionais – é sempre mais
grave quanto maior for a dispersão de frações ocupadas. Ou seja, situação com impacto tanto
nos casos de moradias, moradias geminadas ou quarteirões baixos. No caso de grandes torres,
as frações ocupadas só se tocam entre as suas lajes (envolvente horizontal interior), que é
normalmente a área de envolvente maior. Do mesmo modo, se tivermos uma situação de uma
taxa de ocupação de 50% em quarteirões com corpos de edifícios com oito pisos, mas cuja
maioria de frações ocupadas esteja nos primeiros quatro pisos, a taxa de agravamento é muito
pouco expressiva.
O fator de forma e as pontes térmicas lineares só apresentam um verdadeiro
benefício direto enquanto a sociedade urbana funcionar de forma perfeita, ou pelo menos
equilibrada, com as taxas de ocupação dos edifícios superiores a 90%, situação que hoje não
é frequente, nem sequer nas cidades europeias mais cosmopolitas. Basta o simples facto de
famílias residentes em zonas mais densas de grandes cidades trabalharem mais horas, estarem
ausentes de casa ou simplesmente possuírem mais do que uma residência. Logo, a realidade
demonstra que, apesar de tudo, todos estes estudos reais e simulados podem sempre carecer
de algum rigor puramente teórico, mas futuramente possível de resolver e completar,
englobando os “verdadeiros” impactos energéticos, com apoio de um estudo mais cauteloso
da taxa de ocupação das grandes cidades nacionais.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
2.07 Síntese dos casos de estudo: os três fatores que definem bioclimática
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
São estes os três fatores, morfologia, localização e materiais, que de facto têm um
impacto fundamental no conforto e no comportamento térmico dos edifícios na perspetiva da
bioclimática (ou na perspetiva mais técnica designada por sistemas passivos).
Contudo, esta análise preliminar não responde nem distingue ainda o contexto
fundamental desta investigação, ou seja, o urbanismo bioclimático mediterrânico. Afinal,
entende-se que a envolvente climática tem uma influência fundamental, mas porquê o
«urbanismo mediterrânico»? O que difere doutros conceitos urbanísticos e como isso
influencia o corpo exterior dos edifícios? Além disso, como poderemos associar as práticas
bioclimáticas mediterrânicas ao planeamento e gestão urbana?
Estas questões terão resposta no terceiro capítulo, ao abordar-se o clima no espaço
urbano, as respetivas normas urbanísticas aplicadas e concebidas pela comunidade científica
e o estudo de conceitos e efeitos bioclimáticos nas cidades, como, a título de exemplo, os
problemas gerados pelas ilhas de calor urbanas e as usas repercussões, como os canyon
effects.
No entanto, este capítulo serve fundamentalmente para determinar a influência dos
três fatores enunciados, mas sobretudo da modelação construtiva que os edifícios têm entre
sistemas urbanos de planos mais horizontais (planos cujos corpos edificados são
essencialmente moradias unifamiliares, apresentam grandes extensão e um índice
populacional muito reduzido por metro quadrado) e de planos mais verticais (cujos corpos
edificados compõem quarteirões, com cérceas mais elevadas, acima dos quinze metros, sendo
o índice populacional mais elevado por metro quadrado e as suas extensões de implantação
de fogos bastante menores), até ao exagero de se construírem grandes torres de arranha-céus
ou esferas gigantes. Significa que o futuro é previsível no que respeita aos modelos
urbanísticos de cidades de média dimensão, já que 25% da redução dos gastos de energia
pode ser aplicada simplesmente pela forma ou morfologia dos edifícios.
O território urbano das grandes cidades possuí maiores densidades do que o
território das pequenas e médias cidades. Este pormenor é relativamente importante pelo
facto dos edifícios e frações localizados no interior do país estarem maioritariamente
agravados do ponto vista climático, fator ao qual associamos ainda a classe de exposição ao
vento (rugosidade), que é maior (mais agravada) quanto menor a área urbana. Nas zonas
urbanas menos expostas – como na área metropolitana de Lisboa – os elementos climáticos
têm impactos muito mais moderados.
Por outro lado, devido ao fluxo natural de êxodo demográfico para as grandes
cidades, os edifícios habitacionais, e não somente, localizados no interior do país são
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por metro quadrado de área útil (609,80 €/m2) para calculo do valor atualizado do fogo de
acordo com a portaria 143/2011 de 6 de abril, ou os dados calculados da portaria 1172/2010
de 10 de novembro, para os preços de construção da habitação por metro quadrado de área
útil para determinação do valor do fogo (743,70 €/m2), neste caso para edifícios na Área
Metropolitana de Lisboa como bases de referência, podemos estimar um possível retorno
financeiro no processo de reconstrução, unicamente com sistemas termicamente adequados.
Em primeiro lugar, a região de Lisboa pertence à zona I, de três zonas diferentes
sendo esta a mais cara do país e climaticamente das zonas onde a temperatura é menos
agressiva. A região de Lisboa, do ponto de vista de análise do quadro climático por concelho,
segundo o decreto-lei 80/2006 de 4 de abril, RCCTE, tem o clima mais ameno de Portugal.
Sendo assim, além do preço de construção ser mais barato na maioria dos restantes concelhos
nacionais, os seus dados climáticos, inversamente proporcionais, são mais agravados. Logo,
os valores de referência de retorno financeiro aplicados e simulados para a região de Lisboa
determinam-se como um modelo e como valores mínimos para cálculos típicos de payback
period – retorno do investimento realizado.
As frações de bairros como Alvalade apresentam valores médios de 137 kW/m2.ano.
Se considerarmos um valor de referencia de 0,13 € (relativo ao preço em 2010 de
eletricidade) o custo anual é de 17,81 €/m2.ano, quando a diferença entre a despesa energética
de uma prédio construído nos moldes de quarteirões com pelo menos 8 pisos, termicamente
já preparados, é de cerca 40,29 kWh/m2.ano a diferença de custo anual é de 12,57 €/m2.ano
logo o equivalente a 2,6 % segundo a Portaria 1330/2010 de 31 de dezembro, ou 2,06 %
segundo a Portaria 143/2011 de 6 de abril, ou então 1,7 % segundo a Portaria 1172/2010 de
10 de novembro. O cálculo de retorno financeiro sem ter em conta o acréscimo do preço da
energia nem dos valores de inflação, que iria permitir apenas o aumento de percentagem, é de
38 anos para o primeiro caso, 49 anos para o segundo caso e 58 anos para o terceiro caso,
unicamente por intermédio do benefício de racionalização energética térmica, sem ter em
conta outros meios como a iluminação e o aproveitamento das águas pluviais, de acordo com
a figura 32.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Se colocarmos estas mesmas situações para outros concelhos fora de Lisboa verifica-
se uma diminuição muito grande e no caso de concelhos como Oleiros, sendo um concelho
essencialmente composto por moradias cujas perdas energéticas, dado a sua zona climática
ser um I3 V3, são por vezes superiores a 300 kW/m2.ano ou seja, podemos estimar uma
diferença de despesa térmica com uma fração de apartamento a 80 kW/m2.ano é de cerca de
25 €/m2, de sendo inserido numa zona III de acordo com qualquer uma das três portarias, no
caso da 1172/2010 de 10 de novembro, o valor referente é de 588,98 €/m2, sendo, deste
modo, a percentagem estimada entre os 4 %, ou seja, a 25 anos de retorno financeiro, apenas
tendo em conta os benefícios na construção para uma eficiência térmica.
Associando a outros conceitos de bioclimática na construção que se tomam em
consideração cada vez mais na construção hoje em dia como o aproveitamento de águas
pluviais ou mesmo situações ativas como os coletores solares, os valores podem
simplesmente duplicar.
As três fases de análise demonstraram que há uma grande diferença nos modelos de
quarteirões compostos por moradias unifamiliares ou geminadas ou mesmo prédios
relativamente mais baixos. Também se verificou com os dados disponíveis pela ADENE que
grande parte dos edifícios de Lisboa, anteriores às últimas duas décadas pelo menos, não
apresentam materiais adequados ao bom desempenho térmico.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Também se verificou que uma forma volumétrica incomum, mas mais propícia a um
bom desempenho térmico – como uma esfera ou um volume de quarteirões com implantações
de 30x30 metros – apresenta bons resultados do ponto de vista energético, mas não determina
necessariamente uma melhoria surpreendente ou muito evidente perante conceções
volumétricas que determinam corpos de edificados com oito pisos.
Há que ter em conta que o preço de quilowatt é um valor de referência de 2010, e
que o preço dos combustíveis e da eletricidade têm vindo a aumentar todos os anos, e assim
se prevê que continue nas próximas décadas.
No âmbito de se desenvolver a melhor forma da cidade, estas análises fornecem
valores de referência de modelos volumétricos do edificado urbano, convenientes do ponto de
vista da habitabilidade e conforto e sobretudo na redução do consumo energético. Apenas a
forma, ou morfologia ou volumetria de um conjunto de edifícios, num território urbano, tem
um impacto direto quantificável de 25% de redução da despesa energética de moradias para
apartamentos, e mais de 50% de diminuição de consumos de moradias para edifícios de
formato esférico. Torna-se fundamental que se tenha em consideração o desenho e a
modelação das urbanizações na constituição de um plano urbano, muito antes da intervenção
de outros meios bioclimáticos passivos, como «telhados verdes», ou da aplicação de
isolamentos adequados. A forma volumétrica da cidade torna-se um fator fundamental no ato
do planeamento e do desenho urbano.
Não serão somente as diretivas comunitárias nem o interesse geral de poupar
recursos que diminuirão os consumos energéticos. Muitas destas medidas poderão ser
realizadas no ordenamento e planeamento, no urbanismo e na construção. Basta observar o
peso ou impacto que os consumos energéticos têm nas sociedades atuais, ao multiplicarmos
as diferenças entre consumos de um apartamento e moradias energeticamente eficientes por
um milhão, esses 25% ou 50% de poupança deixarão de ser apenas 15 ou 30 kW/m2.ano para
serem 1500 GWh/ano ou 3000 GWh/ano. A EDP comercializou 30.581 GWh no ano de
2010, de acordo os dados de referencia facultados pela própria empresa. De acordo com a
revista anual Destaque, publicação do INE, referente ao consumo de energia, apenas pouco
menos de 50% foram direcionados para o parque habitacional e conforme verificado no na
primeira parte, nomeadamente no ponto 1.03, estima-se apenas 8% dessa energia elétrica no
aquecimento e arrefecimento das casas, equivalente a menos de 1500 GWh/ano. Ou seja, em
suma, o incremento da eficiência energética dos edifícios residenciais, em substituição de
parques habitacionais constituídos essencialmente por moradias ou prédios baixos e
dispersos, equivalerá apenas a um poupança de 5 a 10% de toda a energia elétrica consumida
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
em Portugal, caso se interaja pelo menos num milhão de frações e que os seus habitantes
respetivos tenham todo o interesse na despesa em conforto térmico. É preciso ter m conta que
a presente investigação, tal como tem vindo a ser referido, pouca relevância traz na contenção
de despesa enquanto não existir a total adaptação ao conforto térmico.
Se, por ventura, todas as frações em Portugal estivessem ocupadas e aquecidas nas
temperaturas de conforto, de acordo com os dados do INE em 2003 onde foram estimadas
entre 5,3 milhões de frações habitacionais, logo, os valores estimados seriam muito
superiores a toda energia produzida em Portugal, ou seja, cerca de 50.000 GWh, duplicando
as necessidades energéticas, passando a fazer total sentido a racionalização dos edifícios a
circunstâncias mais eficazes. A diferença como foi anteriormente referida entre frações de
apartamentos e moradias tem um impacte médio entre os 15 ou 30 kW/m2.ano, idêntico entre
7500 a 15000 GW/ano.
É fundamental que se mantenham os padrões e exigências de conforto exterior e
interior como qualidade de vida e ao mesmo tempo entender a preocupação corrente face às
limitações energéticas atingidas. Não só foi assim referido no início desta tese como será
assim defendido na terceira parte em diversos estudos relativos. A energia deve ser um
matéria preocupante e considerada como um recurso limitado mesmo que esta possa ser
produzida por fontes renováveis e autónomas. A incapacidade de gerar energia suficiente é
totalmente problemática para o funcionamento de grandes sistemas como são as cidades. A
grande maioria das cidades mediterrânicas, tem uma percentagem de sistemas de
climatização implementados bastante semelhante a Portugal. O conceito cultural e a má
análise climática em considerar o mediterrânico como zonas mais temperadas, comparando
com os restantes países e as suas temperaturas médias diárias, fez afastar esta preocupação.
Associando ao facto das atuais gerações, bastante mais voltadas para o setor terciário e com a
escolaridade obrigatória mais prolongada, o conforto térmico é uma preocupação contrastante
com os limites financeiros e energéticos que os povos mediterrânicos dispõem.
Apenas será possível combater todo este sentido inversamente proporcional entre o
conforto e a restrição energética através do planeamento urbano, controlando a gestão e
autonomia das cidades a começar pela forma e sem deixar perder os níveis de qualidade que
tanto a população se esforçou a atingir.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
economia e tradição marcadamente rural, pelo fraco impacto da revolução industrial, bem
como pelo acentuado movimento emigratório. Mais recentemente salientaram-se as
significativas alterações socioculturais e económicas, visíveis na alteração dos estilos de vida
e nas formas de organização espacial da própria cidade. Relativamente ao clima, o inverno no
Mediterrânico não será propriamente “doce” nem “amargo”, é longo mas não muito robusto.
Portugal continental está integrado no seu todo numa região climática de influência
mediterrânica (com exceção do maciço central da serra da Estrela), mas sem qualquer
contacto direto com o mar Mediterrânico.
O Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios
(Decreto-lei 80/2006 de 4 de abril - RCCTE) português foi explícito no seu anexo III,
“zonamento climático”, ao definir a perspetiva geográfica e climática enunciada,
determinando classes de exposição solar e temperaturas médias anuais, criando inclusive
grupos e três níveis de divisão climática entre o Norte e o Sul, por concelho (I1,I2,I3 e
V1,V2,V3, além de uma outra divisão entre Norte e Sul do Tejo).
Deste modo, o inverno é mais facilmente entendido numa perspetiva de conforto
térmico e climático, como longo (com entre cinco a sete meses), mas não muito rigoroso. No
caso da precipitação, a determinação de “(...) um total de precipitações atmosféricas
relativamente baixo” (Ribeiro, 1987, p. 1) também não é muito correta, dado que se
compararmos com os restantes países europeus, a maior parte acaba por ter um nível anual de
precipitação inferior. Existe efetivamente uma grande assimetria sazonal na distribuição da
pluviosidade em território nacional, como descreve a geógrafa Raquel Soeiro de Brito,
discípula de Orlando Ribeiro, que a “distribuição da precipitação, bem marcada, em todo o
País é completada pelo enorme contraste entre a pluviosidade do inverno e a do verão,
contraste que mesmo nas montanhas de Noroeste se faz sentir nos clássicos meses de julho e
agosto.” (Brito, 1994, 56). Contraste percetível também pelas irregularidades e oscilações de
temperatura e precipitação durante o ano, ocorrendo por vezes em março subidas acentuadas
de calor (assemelhando-se a um verão prematuro), para depois, já em maio, a temperatura se
situar em valores de 5 a 10 ºC. “A irregularidade do tempo é uma característica do clima em
Portugal” (Brito, 1994, 56), e sem que este território deixe de se inserir numa zona climática
mediterrânica, a pluviosidade pode oscilar de 500 mm/m2, nas zonas da raia alentejana, até
3000 mm/m2, nas regiões do Norte do Minho.
Mas não devemos menosprezar de modo algum as caracterizações de Orlando Ribeiro,
apenas devemos entender e contextualizar os quadros mentais em que foram produzidas. Nas
década anteriores e até muito recentemente o controlo objetivo e efetivo das temperaturas
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dentro dos edifícios era ainda incipiente, tal como as noções de conforto térmico eram pouco
conhecidas, bem como os (atuais) conceitos de saúde e qualidade do ar – humidades relativas
de 50% e temperaturas entre os 20 e 25 ºC. A preocupação de através da construção e
climatização adequadas dos espaços se melhorar o bem-estar, saúde e educação vai-se
crescentemente enraizando nas sociedades atuais.
A população rural habituada à forte incidência solar e às intempéries invernais, visto
trabalhar um maior período de tempo ao ar livre, decerto que não considerará 15 ºC uma
temperatura demasiado baixa para as habitações durante o inverno. Mas a temperatura da pele
das mãos sente o efeito e desconforto do resfriamento abaixo dos 21 ºC., prejudicando
igualmente a capacidade de concentração e de trabalho/estudo. Por outro lado, se as
temperaturas médias portuguesas determinam um clima (exterior) moderado na perspetiva de
um habitante da Polónia, que descreverá o inverno como sendo curto e “doce” (contudo já não
descreverá decerto da mesma forma a temperatura habitual sentida no interior dos edificios),
no caso de um cidadão do Rio de Janeiro ou de Cabo Verde, será capaz de percecionar um
inverno longo e muito rigoroso.
Deste modo, para estabelecer um consenso de forma a transpor a diversidade e a
subjetividade das opiniões sobre conforto climático (que poderão ser inclusive condicionadas
por doenças ou estados de espírito), os padrões de temperatura são determinados pelos
critérios de conforto térmico assim definido pela ASHRAE, nomeadamente pela obra Criteria
for human exposure to humidity in occupied buildings (Sterling e Sterling, 1985).
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mais frios. Mat Santamouris vai bastante mais longe nos cálculos específicos que realiza ao
referir que as ilhas de calor apresentam valores instáveis de descidas de temperatura e
convergência da fluidez do ar.
A ideia-mestra parece consistir, principalmente, em equilibrar os sistemas urbanos e as
suas amplitudes térmicas; mas também é necessário ter em consideração as necessidades
específicas do clima mediterrânico. A informação climática «ainda» não é considerada como
um fator de grande importância ou como um instrumento obrigatório a ter em conta na
conceção de um plano. Apesar de estarem de certa forma presentes no planeamento, os
agentes atmosféricos nem sempre são percetíveis como dados complexos e determinantes de
características indissociáveis da cidade.
A medição da ilha de calor, como mencionado, é feita através do diferencial entre a
temperatura mais alta e a mais baixa da cidade durante o mesmo período de tempo. Tal
significa que este fenómeno é caracterizado por uma importante variação espacial e temporal
relacionada com o clima, a topografia, a estrutura física e volumétrica e o tempo a curto
prazo.
Não existem dúvidas de que a humidade é um fator de estabilização da temperatura,
mas não sucede a mesma evidencia que quanto maior for a densidade do corpo edificado,
maior será o aumento de temperatura. Mas este é o vetor primordial do conceito da ICU.
Como refere Santamouris, "air temperatures in densely built urban areas are higher than then
temperatures of the surrounding rural country” (Santamouris, 2001, 48). Este facto foi
verificado e registado pela primeira vez, segundo o mesmo autor, há mais de um século –
“The phenomenon known as the heat island was first noticed by meteorologists more than a
century ago, and is the most well documented phenomenon of climatic modification."
(Santamouris, 2001, 48).
O Professor António Lopes apresenta, ainda no âmbito das abordagens climáticas em
meio urbano, um índice de referência denominado por SVF – sky view fator ou fator de visão
do céu. O autor defende que a existência de uma morfologia urbana composta “por prédios
altos e ruas estreitas reduz o SVF (sky view fator ou fator de visão do céu) e tende a alterar o
balanço de radiação tanto em grande como em pequeno comprimento de onda, contribuindo
para o aumento da temperatura do ar.” (Lopes, 2009, p. 43).
Nesse trabalho de investigação: “O Sobreaquecimento das cidades, causas medidas
para a mitigação da ilha de calor”, de Lopes é referido inclusive um gráfico demonstrativo de
que o SVF apresenta uma linha diretamente proporcional da razão da altura dos edifícios e da
largura das vias com o nível de diferencial de temperatura das ICU. Mas é necessário colocar
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Figura 33 – Relação entre a intensidade máxima da ICU e a razão H/W (Altura do edifício
com a largura da via publica). Adaptado de Oke (1987). (Lopes, 2009, p. 1).
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esta serve igualmente de barreira física face ao meio ambiente. Por outro lado, a aplicação de
quaisquer medidas ou ações concretas nas cidades deverá ser equilibrada e muito bem
planeada, de modo a serem evitados impactos agressivos e radicais – como a
“descaracterização” ou anulação das valências culturais e estéticas de edifícios, bairros,
monumentos e da sua suma (cidade, vila, aldeia, arraial/conjunto...), no que respeita à traça,
materiais e cores das construções vernáculas e tradicionais, como lastimavelmente é tão
comum e observável nos meios mais rurais (e menos) do país, representando elevado risco
para a nossa herança urbanística patrimonial e cultural.
Lopes, na obra já referida, defende como opções mais viáveis e eficazes os conceitos
de greenroofs ou ecoroofs, ou seja coberturas e/ou fachadas de edifícios compostas ou
cobertas por uma rede vegetal, com a capacidade de refrescar e aumentar a humidade
minimizando a amplitude térmica das ICU. Mas, novamente, há que compreender que não é
possível entregar às coberturas ou fachadas vegetais a totalidade do papel de minimização do
impacto térmico nos espaços exteriores das cidades.
No âmbito do planeamento urbano, não deverá existir relutância nas ações de combate
direto dos efeitos das ICU, mas antes de planearmos tais medidas devemos ter em
consideração os fatores climáticos da região em estudo e as variantes de cada micro-zona na
cidade (bairros ou quarteirões, parques urbanos, polos/zonas industriais e comerciais, entre
outros) de modo a estudar um equilíbrio bioclimático adequado.
Ao contrario dos espaços interiores, os espaços exteriores não podem estar
climatizados a uma temperatura anual e diariamente constante, tal como definido pela
ASHRAE. Os espaços exteriores devem ser estudados e concebidos como meios de
conciliação entre o homem e toda a biodiversidade envolvente, geridos de forma adequada ao
clima e geografia específicos em que se inserem. Sendo o clima mediterrânico perpassado por
uma característica – amplitudes diárias térmicas – que está longe de ser conciliada em padrões
equilibrados de temperaturas (entre os 20 e 25 ºC), dever-se-á trabalhar e planear mais a favor
da natureza do que intervir a favor da vontade egoísta e estrita das sociedades humanas, o que
nem sempre resulta em seu benefício.
Mas qual a relação de comportamento e conforto térmico existente entre os corpos de
edifícios com o clima mediterrânico?
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“No que respeita ás cidades, estes serão os princípios. Em primeiro lugar, a eleição
de um lugar o mais saudável possível. Este será alto e não nebuloso, sem geadas e
voltado para um quadrante que não seja nem quente nem frio, mas temperado.
Depois, evitar-se-á a vizinhança de pântanos. (…) Do mesmo modo, se as cidades
se encontrarem junto ao mar e estiverem orientadas a Sul ou para Ocidente não
serão saudáveis, porque, pelo verão, o céu meridiano queima desde o nascer do Sol
e arde ao meio-dia. Também o que está exposto a Ocidente amorna ao nascer do
Sol, aquece ao meio-dia, ferve à tarde” (Vitruvio, 2006, p. 41).
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Figura 34 – Quadro comparativo publicado por Jeff Raven, segundo Odoleye e tal., (2008).
Broadening traditional place-making urban design qualities with “sustainability supporting” qualities,
“Pois o vento é uma onda de ar que flui movido com uma incerta redundância.
Nasce quando o calor vai de encontro à humidade e o ímpeto da exalação faz sair à
força o sopro do ar. (…) Se eles não forem deixados entrar, não só o lugar ficará
saudável para os corpos sãos, como também, se eventualmente se originarem
doenças a partir de outros condicionalismos, a que em outros lugares salubres se
opõem tratamentos médicos, nestes lugares, devido à mistura de ventos na devida
proporção, essas doenças mais facilmente serão tratadas.” (Vitruvio, 2006, p. 49)
O excerto anterior reporta-se, entre outras temáticas, à noção de que se deve evitar os
corpos edificados de constituírem barreiras ou formarem «túneis de vento». O SVF é de facto
um caso a ter em consideração, mas como meio de precaução ou preventivo no planeamento
urbano, de modo a minimizar os impactos acrescidos no cálculo das ICU.
Segundo os estudos e cálculos de Santamouris, a distribuição de temperatura é
primariamente afetada pelo balanço da radiação urbana, ou seja, a radiação solar que incide na
superfície urbana, é absorvida e depois transformada em calor sensível. Grande parte do
impacto da radiação solar que incide nas fachadas e telhados dos edifícios nunca chega ao
solo. São emitidas ondas longas de radiação das superfícies diretamente para o céu. Deste
modo, a intensidade da radiação emitida depende diretamente do sky view fator: uma relação
da superfície urbana com o céu. As obstruções criadas pela morfologia e altura dos edifícios
impedem as perdas e a dissipação natural de radiação para o céu, aumentando dessa forma o
aquecimento da cidade.
Em relação ao fenómeno dos urban canyons, este tem utilidade prática no caso dos
prédios antigos e sem isolamentos térmicos, em que a energia é assim canalizada/consumida
no interior das habitações. Mas com as novas práticas de isolamento dos edifícios, ao torna-
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É difícil aceitar nos ambientes urbanos e arquitetónicos que o ar, a água e o som entre
outros elementos invisíveis ou quase invisíveis possam constituir um problema. O ar não é
visível e o hábito resolve problemas de ruído, mas não significa que o corpo se habitua na
plenitude. Há pessoas que dormem com os barulhos dos ares condicionados (bombas de calor)
em determinadas grandes cidades ou com os barulhos dos comboios ou metropolitanos de
superfície sem qualquer prevenção acústica. Ainda é comum ver pessoas a beber água dos
seus poços e furos mesmo após confirmação dos testes de análise química. Apesar de a maior
parte dessas pessoas não falecerem devido a estes fatores, não significa que conseguem viver
bem, tranquilamente ou confortavelmente com o problema. Tornam-se condições invisíveis às
pessoas que acabam por viver diariamente e que o cérebro as aciona como um hábito
perfeitamente normal, necessário de suportar.
Mas resumindo um caso real sério, ocorrido numa quinta em Castelo Branco onde se
realizou um projeto com várias funcionalidades – piscinas, restaurante, hotel, campo de tiro
aos pratos – em que proprietário, residente no local, passado um ano (e com algum sucesso do
projeto), adoeceu gravemente. Quando foi feita uma visita ao local, em pleno verão e foi
verificado a existência de um campo de tiro. Nos veios da terra que dão origem ao
escoamento das águas no inverno, até à lagoa, ainda estavam os chumbos. Antes que fosse
referida a razão da morte do proprietário, o próprio terreno já o tinha identificado. Os
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na atmosfera, estas emissões não têm impacto direto no ambiente urbano e no seu conforto
térmico, apenas no conjunto geral do seu nível climático e calculado somente como ICU.
Neste âmbito, a renovação ou reciclagem de ar puro realiza-se por duas vias
essenciais: pelo arejamento natural da cidade e por um bom plano de espaços verdes.
O papel dos espaços verdes nas cidades é sem dúvida fundamental nas três diretivas
para sustentabilidade, segundo o CEU: Sociologia, Economia e Ecologia. Mas no âmbito da
ecologia, pelo menos no que respeita ao assunto da qualidade do ar, a simples plantação de
árvores ou a criação de espaços ajardinados poderá não constituir propriamente a solução
mais adequada ou eficaz no combate à poluição urbana. O que não minora os efeitos positivos
no espaço urbano. Tal como referido por Santamouris, "trees and green spaces contribute
significantly to cooling our cities and saving energy.” (Santamouris, 2001, p. 145). As árvores
disponibilizam proteção solar às moradias unifamiliares e mesmo a prédios e outras
construções, como refere Santamouris,
É preciso ter em igualmente em atenção os potenciais efeitos negativos decorrentes
dos espaços verdes em meio urbano. Por exemplo, as árvores tem pouca evapotranspiração,
ou pelo menos insuficiente para a humidade gerada se tornar num proveito para a cidade. As
plantas que consomem mais água são naturalmente mais propícias para gerar humidade e
reduzir as temperaturas através da evapotranspiração. Foram realizadas várias experiências,
incluindo a de Santamouris, que ao medir as temperaturas entre Atenas e o seu parque urbano
nacional encontrou diferenciais de 3 ºC, mas esses máximos não são estáveis, eles podem
reduzir a temperatura mas se calhar apenas nos arruamentos circundantes além de
dependerem das alturas do ano ou do tipo de espaço verde. É conveniente recordar neste
âmbito algumas medidas propostas por Olgyay, na década de 1960, no sentido de minimizar
os efeitos do clima em meio urbano. No entanto, de qualquer modo os espaços verdes são um
elemento primordial na área da sustentabilidade e na minimização de amplitudes e
diferenciais de temperatura das ilhas de calor urbanas.
Deste modo, a utilização dos espaços verdes no desenho urbano enquanto meio de
combate à poluição urbana, seja contra a má qualidade do ar como minimizando o ruído, deve
ser estudada pontualmente, de acordo com o respetivo espaço envolvente. Um corredor de
árvores ao longo de uma avenida não será naturalmente suficiente para minimizar as
temperaturas, mas ajuda no combate à irradiação solar massiva no cidadão e nas fachadas, no
período de arrefecimento (verão). No entanto, caso o corredor seja muito denso, poderá
funcionar como uma barreira arquitetónica, logo pouco eficiente neste âmbito, podendo até ter
efeitos perniciosos.
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Os estudos do efeito de desfiladeiro ou canyon effect são por vezes confundidos com
os efeitos dos túneis de vento. Na verdade, um canyon effect pode proporcionar também um
efeito de túnel de vento, devido ao sistema natural de convecção de temperaturas associada à
corrente natural dos ventos. Há desde logo um aspeto curioso definido por Santamouris, pois
quanto maior a intensidade do vento menor será o efeito da ilha de calor. Parece uma
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conclusão evidente, mas como vamos analisar de seguida, são os sintomas normais de uma
ilha de calor urbana que causam aumentos de correntes de ar.
De acordo com o Manual de Química Física, de Gerd Wedler, a transferência de
energia é processada por três meios: irradiação, condução e convecção.
A irradiação é efetuada pelo Sol, assim denominada por irradiação solar. Conforme os
estudos de Santamouris, as ilhas de calor, quando expostas à ação dos canyon effects,
apresentam uma discrepância, nomeadamente uma redução na absorção de energia por
irradiação, visto que a energia chega com menos intensidade aos arruamentos, ficando a sua
maior parte nos telhados e nos pisos superiores dos edifícios.
A transferência por condução é a única forma de transmissão de energia entre corpos
isolados, é especificamente através deste sistema que se estuda o comportamento
(condutibilidade) térmico dos materiais aplicados nos edifícios.
Por último, existe a transferência por convecção, que se aplica aos casos entre
universos quase fechados, em que a transmissão de energia é canalizada/efetuada diretamente
pelos espaços abertos entre os universos respetivos. O sistema de convecção é visível por
exemplo nas frechas janelas mal fechadas ou em comportas de canais de levadas de água
entreabertas. Por regra, a transferência de energia por convecção transmite-se com uma
velocidade bastante maior que o processo de transferência por condução ou irradiação.
Se as correntes se processam através do choque entre diferentes temperaturas (sejam
elas aéreas ou marítimas), em determinadas urbanizações cuja morfologia assim o permite, as
transferências de energia por convecção são propícias de aumentar a velocidade dessas
correntes.
Há que explicitar que não é em absoluto a altura de urbanizações e construções que
permite evitar ou aumentar os túneis de vento – é muito mais determinante o tipo de desenho
urbano e os materiais utilizados na construção. O desenho urbano tem sido investigado e
trabalhado por muitos autores, incluindo Olgyay e Santamouris; mas os materiais de
construção possuem igualmente um papel fundamental, embora não sejam ainda diretamente
associados ao planeamento urbano.
Se a discussão sobre o revestimento opaco dos corpos edificados se restringe à
colocação de isolamento pelo exterior ou pelo interior das paredes – cuja preocupação é
centrada no conforto interior dos edifícios/frações – não nos apercebemos de que existe uma
relevância e um grande potencial na capacidade de absorção ou expulsão da energia nos
materiais das envolventes. Naturalmente que uma fachada com materiais leves terá pouca
retenção de energia e o contrario acontece nas fachadas com materiais mais pesados,
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assim sucede, o problema tem vindo a ser uma constante no próprio ramo da arquitetura. O
Arquiteto Pedro Cabrita exprime uma visão no sentido oposto desta realidade, ao dizer que
“Um bom projeto de arquitetura é sempre o resultado de uma integração plena das
especialidades” (climatização[C], 2009).
Tem sido frequente no setor do planeamento existir pouco interesse e por vezes algum
desprezo pelo trabalho conjunto com outros sistemas, considerados como especialidades ou
incumbências burocráticas, encarados apenas como algo secundário apesar de obrigatório. No
ramo do planeamento urbano, o desenho da cidade tem uma importância relativa com as
outras especialidades. Neste caso dos estudos sobre a forma da cidade, é premente entender as
necessidades dos complementos dos principais sistemas, como as redes de canalizações,
esgotos, escoamentos de águas, aquecimentos ou simplesmente a gestão dos espaços
envolventes.
Nesta sequência de ideias, pretende-se explicitar que há uma grande necessidade de
estudar todos os sistemas envolvidos num plano antes de proceder ao seu desenho e
elaboração concreta. Já Abel & Elmoth, como foi mencionado, referem que durante muito
tempo os aparelhos elétricos resolveram os problemas de climatização dos edifícios e, em
nenhum aspeto, a sua fachada era considerada determinante. O conceito de estética
relacionava-se com as opções de ligação com a envolvente, com a expressão artística pessoal
do arquiteto.
Neste momento, partiu dos próprios investigadores ligados a especialidades da
construção, como a engenharia mecânica, a determinação de que a maior parte da recuperação
energética começa sempre no edifício em si, no seu desenho e planeamento, dado que o seu
conforto prepara-se por elementos e ações tão simples como a receção ou oclusão ao da luz
solar. Estas conceções, ao conhecerem ampla difusão e aplicação, acabarão por implicar uma
nova imagem da cidade. Assim como a constituição das agências como a IEA (International
Energy Agency) e vários projetos como o AIC (Air Infiltration Centre), que depois se veio a
denominar por AIVC (Air Infiltration Ventilation Centre) após 1973.
Nesta sequência destes temas, a Arquiteta Lívia Tirone abordou no seu programa de
seminários no âmbito da iniciativa “construção sustentável” – a decorrer desde 2009 – a
capacidade integrar cada vez mais circuitos fundamentais e que até ao presente têm estado
desfasados, como as redes elétricas, nomeadamente programas como as smart grids, um
sistema de redes elétricas urbanas, que têm o intuito de proporcionar um balanço energético
mais equilibrado ao serem criados vários sistemas desde a microprodução à gestão
cuidada/equilibrada de recursos.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
O célebre artigo de Christopher Alexander, “A city is not a tree”, marcou com relativa
importância o percurso académico do planeamento urbano, sobretudo pela exposição de
conceitos derivados da arquitetura moderna e de resultados de planos urbanísticos. Ao tentar
determinar que a cidade não é passível de ser formada por sistemas sectoriais
simplificadamente definidos, pois é totalmente dependente das escolhas e desejos dos
habitantes, o autor conseguiu orientar o pensamento para conceitos urbanísticos que na altura
pouca expressão possuíam, apenas defendidos por escassos teóricos, como Jane Jacobs.
Esta referência ao texto de Alexander é essencial à critica do futuro da forma da cidade
e à necessidade de evitar velhos erros na história do planeamento. Existe um nível de
pragmatismo mecânico e elementar que se pretende evitar, mesmo sabendo que poderá
determinar eficazmente a racionalização energética.
Conforme se expôs no capítulo referente à análise do pensamento e consciencialização
sobre questões energéticas e de sustentabilidade, sendo o consenso europeu tão forte nesta
matéria, deverão ser evitados quaisquer planos ou medidas extremas no planeamento urbano e
dos recursos em prol de uma racionalização energética massiva – de forma a eventual
poupança energética não afetar negativamente as condições de habitabilidade, trabalho, bem-
estar e qualidade de vida dos cidadãos.
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“Contemplar cidades pode ser especialmente agradável, por mais vulgar que o
panorama possa ser. Tal como uma obra arquitetónica, a cidade é uma construção
no espaço, mas uma construção em grande escala, algo apenas percetível no
decurso de longos períodos de tempo. O design de uma cidade é, assim, uma arte
temporal, mas raramente pode usar as sequencias controladas e limitadas de outras
artes temporais como, por exemplo, a música. Em ocasiões diferentes e para
pessoas diferentes, as sequências são invertidas, interrompidas, abandonadas,
anuladas. Isto acontece a todo o passo.” (Lynch, 2002, p. 11)
“A força de uma imagem aumenta quando o elemento marcante coincide com uma
associação. Se o edifício em causa é cenário de um acontecimento histórico ou se a porta
notavelmente colorida é a da nossa própria casa, torna-se de facto, um elemento marcante.
Mesmo a doação de um nome tem um determinado poder, desde que esse seja um nome
conhecido e aceite.”
Se Alexander determinou que a cidade não podia ser planeada de forma puramente
sectorial e artificial, determinou também que os seus elementos físicos e funcionais não
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fossem nem muito complexos ou demasiado monótonos. Kevin Lynch vai mais longe em
estabelecer o espaço como uma identidade que nos referencia. É a resposta necessária ao
perigo da eventual “monotonia bioclimática” e mesmo aos efeitos uniformizadores da
globalização. Pontos de qualidade de uma forma enquanto morfologia, conforme define o
autor, sejam a singularidade, simplicidade de forma, continuidade, predominância, clareza de
ligação, diferenciação direcional, alcance visual, consciência de movimento, séries temporais,
nomes e significados, fazem todos parte de uma análise essencial a esse combate. Conforme
Lynch reforça com sentido mais conclusivo, “(...) Uma arte do design urbano bastante
desenvolvida está ligada à criação de uma audiência crítica e atenta. Se a arte e a audiência
crescerem juntas, as nossas cidades serão uma fonte de prazer diário para milhões de
habitantes.” (Lynch, 2002, p. 133).
Com o seu livro seguinte, A Boa Forma da Cidade, Lynch esforça-se por determinar
algumas soluções menos teóricas, conforme tinha deixado em dúvida ou suspense no seu
trabalho anterior. Qualquer urbanista entenderá que as nossas cidades devem efetivamente
representar “uma fonte de prazer diário para milhões de habitantes” (Lynch, 2002, p. 133) e
que estas devem possuir os elementos que lhe conferem qualidade, conforme Lynch define.
Mas a forma como a cidade adquire essas valências é complexa requer uma perspetiva
pragmática.
Lynch estabelece uma definição de cidade como forma espacial à volta de três teorias:
planeamento, funcional e normativa. Ao entrarmos neste novo capítulo do autor acerca da boa
forma da cidade, temos de entender que todo o conceito espacial da forma depende de uma
densidade adequada, com menos arestas, de alguma forma mais limitada. Pelo menos do
ponto de vista da gestão energética.
De facto, “a modificação do aglomerado populacional é um ato humano” salvo raras
exceções como cataclismos “ainda mais complexo, provocado por causas humanas, ainda que
obscuras e ineficazes.” (Lynch, 1999, p. 11). Acompanhando a necessidade de combate ao
pragmatismo extremo do planeamento moderno e à necessidade de repensar mais os aspetos
humanos e identitários de cada cidade, recuperam-se muitos conceitos já referidos pelo
próprio Vitruvio, como a vitalidade e salubridade das cidades, uma referência indireta à saúde
e bem-estar no espaço urbano. O que não difere essencialmente do que Santamouris e
Asimakopoulos abordam sobre a qualidade urbana.
A saúde no que se refere à qualidade do ar, interior ou exterior, tem sido um campo
muito atual de discussão. Já não possuímos os mesmos problemas do período da revolução
industrial, embora exista cada vez mais uma noção e consciência concreta do ar impuro,
totalmente invisível e altamente prejudicial. Se o aumento das impurezas traduzidas pelas
ppm (partes por milhão – unidade de medida de partículas) são motivo de redução da
esperança de vida, alguns gases como o vulgar CO2 são ainda propícios de causar outros
problemas psicológicos, como o típico e quotidiano stress (ou estado de enervamento
excessivo).
Lynch, muito antes de discutir as temáticas enunciadas, apresentou três características
fundamentais à boa forma da cidade: sustentação, segurança e consonância (com a estrutura
biológica básica). O autor defendia que as propostas – principalmente as utópicas – que
deveriam ser motivo de originalidade, pragmatismo e sucesso acabavam por não abordar a
questão do local ou da zona e da sociedade em conjunto; cruzando-se estas preocupações com
opiniões expressas por Alexander, que fortemente crítica a falta de respeito das ações
humanas, perante os ambientes físicos, no ato de conceção de planos ou projetos de grande
dimensão.
O plano regular, um sistema de quadrícula mais conhecido pelo acampamento militar
romano com os seus eixos principais, Cardus e Decumanos, foi desde há muito utilizado por
diversas civilizações em todos os períodos da história. Apenas por diversos momentos e
circunstâncias a sociedade existente não o permitiu.
Lynch questiona a existência de uma normativa geral, uma “receita perfeita”
universalmente aplicável, mas responde de seguida que o tempo, local ou culturas específicas
são propícios de ter maus resultados quando aplicados/extrapolados de um espaço para outro.
As cidades são organismos únicos e não replicáveis ou multiplicáveis. O que é bom num sítio
e num período, poderá ser péssimo mesmo ali ao lado ou mesmo somente umas décadas
depois.
No cerne destes conceitos de Lynch e de Alexander, bem como de todos os autores
referenciados, incluindo o próprio Vitruvio, expuseram-se e defenderam-se princípios e ideias
que nos nossos dias são consideradas como bioclimáticas. Antes de entrarmos numa etapa em
que possa definir de facto o urbanismo bioclimático como um conceito distante das práticas
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urbanísticas atuais, é notório que muitos destes valores e práticas têm desde há muito existido
no planeamento.
Ninguém parece duvidar quando Lynch refere que “a forma física não desempenha
qualquer valor significativo na satisfação de importantes valores humanos, inerentes às nossas
relações com outras pessoas.” (Lynch, 1999, p. 99). É inegável o papel das relações sociais ou
do caráter individual na obtenção da satisfação e bem-estar. A consonância será um dos
pontos fundamentais da vitalidade no que se reporta ao ambiente espacial e à estrutura
biológica básica do ser humano.
Deste modo, se nós pretendemos canalizar um interesse bioclimático na generalidade
do espaço urbano e densificá-lo através de uma forma volumétrica constante, relativamente
monótona e densa, só a devemos projetar enquanto respeitarmos a «estrutura biológica do ser
humano». Todas estas tarefas seria mais fáceis se o ser humano não fosse um elemento tão
imbuído de imprevistos e indecisões. Existe uma “incapacidade de definir na cidade e no
homem o comportamento programado, sendo pertinente que um programa se concentre (...)
em comportamentos gerais e previsíveis, tais como as relações sociais ou de movimento, do
que nos delicados pormenores de ação.” (ibidem, p. 148).
No período de Lynch, ou seja na segunda metade do século XX, atravessava-se um
crescimento urbano muito acentuado face a um crescimento populacional também elevado
nos países desenvolvidos. A tentativa de evitar o crescimento demográfico e urbanístico não
se coloca hoje nos países desenvolvidos, principalmente na Europa, como nesse tempo. A
construção nas cidades europeias e norte americanas encontra-se estável e na maioria em
processo de retrocesso ou desertificação.
Na atualidade, a maior parte das cidades – neste âmbito as grandes cidades
mediterrânicas – não revelam um crescimento populacional expressivo. Em Portugal, a
evolução demográfica da última década tem sido relativamente estável, bem como nos
últimos 30 anos; e embora a área metropolitana de Lisboa tenha crescido surpreendentemente,
a capital perdeu bastante população. Cidades e capitais europeias, como Lisboa, possuem
maior necessidade de se renovarem do que meramente travarem o seu crescimento, dado que
as suas fronteiras politicas já estão bem delimitadas e ocupadas por “muralhas de edifícios”
dos concelhos adjacentes.
Mas mais importante, como refere Lynch, é o perigo da taxa de mudança da dimensão
(capacidade de alterar o espaço durante um período de tempo). Esta é dominante nas decisões
de planeamento e na gestão corrente de uma cidade. Qualquer decisor político ou analista
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
técnico insensível a esta taxa não tem noções nem consciência do que representa o
planeamento urbano.
A textura interna de um aglomerado populacional é provavelmente mais importante
para a qualidade do seu espaço do que muitos padrões de desenho algo grosseiros que
normalmente até atraíam a atenção do seu design em esboços maquetes ou visualizações, mas
pouca utilidade serviam. Embora cada vez mais se veja uma pressão enorme sobre um
marketing de planos esteticamente atrativos, independentes dos seus benefícios. Lynch ironiza
esta grande atenção conferida ao design e à ilusão gerada por elementos urbanos utilizados
para outros fins, não sociais, quando impostos a uma cultura não preparada criticamente, ao
mostrar-se umas fotos de uma criança a servir-se de um guarda-chuva para fazer de
paraquedas ou de um homem sentado numa soleira (em vez de num banco da rua). Mas é
importante que não esqueçamos que “Nenhuma discussão sobre a forma da cidade pode
ignorar o papel do design” (Lynch, 1999, p. 263) e que, categoricamente, o “modelo mais útil
é aquele em que a dependência da situação em que vai ser aplicado é cuidadosamente
declarada, e em que também é especificada a execução pretendida para esse modelo” (Lynch,
1999, p. 265).
Um pormenor interessante é que no tempo de Lynch os edifícios já pouco utilizavam
os recursos locais, contrariamente ao que ocorreu praticamente durante toda a história. Mas a
consciência desses materiais ou matérias-primas e da sua eventual escassez ou consumo
restrito face a regras de sustentabilidade não eram questões ainda colocadas, pois não se
entendia que tal viesse a constituir um problema. Um dos principais meios atuais da
sustentabilidade é o aproveitamento dos recursos locais, embora baseada numa definição de
termodinâmica, depende muito de interpretação subjetiva. Isto porque do ponto de vista do
objeto científico os universos e os seus limites são definidos pelo observador, de acordo com
a sua pesquisa; deste modo, a definição de local do ponto de vista científico poderá ter uma
área influência com um raio de 400 metros até à dimensão de um continente. Depende sempre
da definição subjetiva do plano ou da sua envolvente ou do decisor no momento.
É preciso declarar as intenções de um modelo de plano para que este desenvolva os
seus padrões, evitando formas completas e que permitam o seu crescimento ou a sua
mudança. Lynch não teve preocupações em abordar diretamente a racionalização de energia,
mas ao evitar que determinadas intenções se sobrepusessem às necessidades de bem estar do
ser humano, fez questão que os planos e as suas modas não absorvessem esses modelos
sociais essenciais.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Por outro lado, as definições das regulamentações legais do SCE (Serviço Certificação
Energética, Decreto-lei 78/2006, de 4 de abril) e do o Urbanismo têm de se aproximar e de
comunicar, tal como se aproximaram (ou mesmo colidiram) com os regulamentos na
arquitetura como o Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU). Nota-se que o
RCCTE, de 4 de abril de 2006, determinou como agravantes as percentagens de envidraçados
superiores a 15% da área do edifício ou fração, quando o RGEU obriga a que (no ponto 1 do
artigo 71.º) “Os compartimentos das habitações serão sempre iluminados e ventilados por um
ou mais vãos nas paredes (...) cuja área total não será inferior a um décimo do
compartimento”.
É profundamente necessário que as regulamentações e normas não estejam desligadas
do planeamento e da construção; serviria de modelo se a regulamentação dos planos tivesse a
capacidade inclusivamente de agir com maior rigor no ato da execução das medidas
(acompanhando o cumprimento e seguimento do plano). E que os regulamentos legais não
entrassem em contradição entre si, dando origem a problemas e impasses legais de difícil
resolução.
Um dos impactos positivos da regulamentação atual do SCE, foi a criação de um
sistema de certificação energética e da qualidade do ar interior no ato do projeto de
construção, exigindo a elaboração de um projeto próprio, e depois uma certificação final no
fim da obra, que permitiu que os peritos qualificados – juntamente com um processo de
sensibilização da parte da ADENE (Agência para a Energia) – acompanhassem com mais
atenção a execução e cumprimento do projeto.
Num certo sentido, seria provavelmente mais sensato se os Planos Municipais do
Ordenamento do Território conquistassem a planificação nos meios urbanos na sua totalidade,
opondo-se aos “planos” de loteamento. No entanto, esta ligação necessária de determinadas
especialidades que podem aparentar ser irrelevantes no planeamento, por se considerar
específicas, são depois empurradas de forma totalmente individualista por cada construtor
limitados ao seu lote e implantação de edifício. O plano pode definir a cores de fachada mas
depois cada construtor compra tintas com pantones e marcas diferentes e na prática nunca fica
igual dando inclusive uma ideia “suja” e menos estética. Também mais relevante são as redes
de climatização que nunca são combinadas entre lotes mas sim individualizadas por fração.
O que deveria fazer sentido, fosse através dos PMOT ou dos planos de loteamento, era
obrigar à existência e implantação prévia de redes essenciais e indispensáveis como
eletricidade, água, gás, estruturas de saneamento, sistemas de climatização e de
aproveitamento de energia, desde o aproveitamento da luz solar até à captação das águas
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como o caso, por exemplo, do SCE (Serviço de Certificação Energética) que enquadra a
NP1037, norma referente aos requisitos da ventilação natural. Se o planeamento urbano
implica grandes preocupações e a gestão de sistemas muito complexos e divergentes entre si,
a própria regulamentação deveria proporcionar não só uma definição adequada de conceitos
como “sustentabilidade” – através de artigos ou alíneas nos textos legais e/ou de um glossário
anexo – como estabelecer a obrigatoriedade de estudos e a aplicação de sistemas
fundamentais, como a climatização coletiva, estudos de ventilação natural e de
comportamento do edificado.
Significa deste modo que podemos experienciar sensações térmicas contraditórias, de grande
calor durante o período do almoço, mas durante a maior parte do dia o corpo está exposto a
temperaturas muito inferiores às de conforto (20-25 ºC), sendo mais percetíveis de manhã e ao
entardecer.
O corpo humano não deve ser sujeito a um grande diferencial de temperatura por
questões relativas à própria saúde. Se o nosso corpo estiver a uma temperatura ambiente
exterior entre 20 e 25 ºC e ainda a ser irradiado pela luz solar, a sensação de temperatura
corporal poderá ultrapassar os 30 º C, ou seja muito acima dos limites de conforto climático.
A não previsão dos impactos das amplitudes térmicas é um erro muito comum na arquitetura,
principalmente em equipamentos escolares e de saúde, onde os técnicos de arquitetura,
desconhecendo os impactos dos diferenciais de temperatura e obcecados com a iluminação
natural dos espaços, concebem grandes envidraçados. Por vezes, a colocação de palas também
não permite a manipulação ou controlo da iluminação solar, dado que os seus melhores efeitos
são obtidos praticamente apenas nos envidraçados a azimute 0º (Sul) e muito bem
contabilizados.
O equilíbrio entre as duas estações não deverá contudo ser uma ponderação. Também
não deverá ser uma média, moda ou conjunto. O equilíbrio deverá constituir num percurso no
qual se encontrem muito bem definidos os seus extremos, de modo a manter-se a sua
estabilidade. Se retirarmos uma das estações ou simplesmente a enfraquecermos, não
descaracterizamos o clima, pior que isso, será destruído. A envolvente climática da cidade ou
do edifício deverá ser encarada tanto na perspetiva da sua região geral (neste caso a
mediterrânica) como na perspetiva do seu microclima e neste em particular devemos ter em
consideração a topografia, insolação, vegetação, água e ventos. A envolvente climática, que
no passado tanto seduziu e continua hoje a atrair os povos, é uma característica que não pode
ser desprezada e que determina mesmo filosoficamente a própria designação de
mediterrânico.
Depois de explicitar brevemente a envolvente climática mediterrânica será necessário
integrar e contextualizar os conceitos de urbanismo e bioclimática neste âmbito. Como temos
vindo a expor no decurso deste trabalho, as noções de conforto térmico ou climático interior
não deverão ser as mesmas dos espaços exteriores, não necessariamente por questões
fisiológicas do ser humano, mas pelo equilíbrio que se pretende manter no espaço envolvente.
Ao contrário de muitas conceções de planos integrados em conceitos bioclimáticos,
pretendendo integrar obsessivamente apenas a envolvente natural, é desde logo, fundamental
que no planeamento se respeite acima de tudo a envolvente artificial (espaço existente e
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construído, devoluto ou não mas transformado pelo homem), dado que esta faz parte do
espaço, gostemos ou não, esteja mal ou bem concebida.
A localização ideal de um edifício, de um conjunto ou aglomerado urbano deve
obedecer e ser precedida de um estudo climático correspondente; nem sempre devemos
considerar a aparentemente melhor zona climática como a mais propícia à urbanidade, como
referem muitas vezes os ensaios e trabalhos de investigação sobre bioclimática.
No campo do urbanismo é notória a existência de múltiplos fatores influenciadores e
intervenientes na composição física do espaço. Um exemplo paradigmático nos territórios
mais afastados dos centros urbanos e metrópoles, é o dos meios rurais, pois raramente os
aglomerados urbanos nos espaços rurais integram os terrenos mais protegidos dado que estes
são por vezes ótimos para a sua produção agrícola ou mesmo proteção e recinto dos animais.
É nesse sentido que se verificam estas aldeias mais históricas em pequenos montes e maciços
de pedra, locais ótimos para habitações mas impróprios à produção agrícola e rentabilização
económica.
Seja na arquitetura seja no urbanismo, o sol materializa um tema central na discussão
dos conceitos e práticas bioclimáticas na construção e no planeamento das cidades. Não
compreendendo as especificidades do clima mediterrânico, certos autores copiam ideias ou
práticas bioclimáticas de países com climas mais frios e com Verãos mais curtos e pouco
acentuados. Significa que qualquer medida passiva ou preventiva (sem recurso a aparelhos de
climatização) necessária na Europa central, será na maioria das vezes evitada nas regiões de
clima mediterrânico, que ainda no desfecho do inverno já se preparam para o verão.
O arquiteto Francisco Moita menciona na sua obra Energia Solar Passiva que “(...) a
distância mínima entre os edifícios consagrada na legislação de planeamento urbano deve ser
determinada em função da altura mínima do Sol no inverno” (Moita, 2010, 45).
Lívia Tirone sustentou a mesma posição num workshop sobre construções
sustentáveis, em 14 de abril de 2011, revelando a amplitude do Sol mínima no inverno em
Portugal, de modo a permitir uma correta insolação em todas as frações. Mas no planeamento
urbano aplicado ao clima mediterrânico não é necessariamente o conveniente pois a luz é
necessária, mas não é necessária e exclusivamente a luz solar com incidência direta, sendo os
ganhos solares menos relevantes que as necessidades de perda no inverno. Por outro lado, não
é através do Sol que conseguiremos obter o conforto térmico suficiente no interior dos
edifícios; apenas se permite um pequeno aumento do desempenho energético no inverno. Mas
poderão existir consequências pouco convenientes em meio urbano, ao criarem-se
afastamentos suficientes para permitir as cérceas necessárias à entrada da luz solar em todas
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as frações, conforme se demonstrará no texto sobre a importância das áreas de influência nas
decisões, medidas e ações bioclimáticas.
As cortinas vegetais têm constituído outra matéria controversa e são por vezes
defendidas como um sistema ou medida bioclimática ideal em âmbito urbano. As cortinas
vegetais são estruturas e espaços cobertos de plantas, implantadas em fachadas ou telhados.
Mas é necessário possuir conhecimentos aprofundados de botânica e de gestão de espaços
verdes para que tais instalações funcionem.
Numa ilha de calor urbana com uma dimensão de cerca de 10 hectares, um espaço
verde com uma dimensão de 20% da ICU e com um lago, pode criar uma diminuição de dois
ou mais graus de temperatura. O impacto da redução de 2 ºC no interior dos edifícios/frações
poderá equivaler a uma redução substancial nas necessidades nominais de aquecimento e
arrefecimento, de pelo menos 3%, dependendo da respetiva zona climática. Por exemplo,
numa zona como Almada ou Cascais (consideradas das zonas do país climaticamente mais
bem favorecidas), o impacto da redução de alguns graus da temperatura é excelente para
reduzir as necessidades nominais. Mas na Covilhã, Oleiros ou Vila Real, o referido impacto é
bastante menor, dado que se tratam de zonas climáticas bastante mais agravadas do que as
anteriores e mais distantes das temperaturas de conforto.
Por outro lado, todas as plantas requerem manutenção e aquelas que menos precisarem
menos será o impacto no clima. Como hipótese, as melhores plantas para reduzir o impacte
das ilhas de calor serão eventualmente as «algas verdes», ótimas produtoras de oxigénio e
fixadoras de carbono. No entanto, as algas exigem um consumo excessivo de água e um
controlo rigoroso do seu crescimento, mas além disso, propiciam o desenvolvimento de
diversos vírus, fungos, insetos e bactérias (entre elas a legionella) que normalmente morrem
no período de verão, com a escassez de água. E, conforme já referido, há que ter em atenção
que a diminuição dos efeitos das ilhas de calor não deve colocar em perigo a salubridade do
meio urbano.
É inegável que a vegetação tem ainda um papel fundamental nas cidades e há que
ponderar as dimensões e características dos espaços verdes, distinguindo o que é aconselhável
de eventuais exageros. Os espaços verdes devem existir e – conforme verificado no inquérito
efetuado à população (já exposto e analisado) – isto é consensual em praticamente toda a
amostra inquirida.
Além disso, as cortinas verdes são perfeitamente passíveis de serem concebidas e
implantadas em todas as cidades, mas devem também cumprir regras necessárias de acordo
com a sua manutenção, disposição social (gosto e aceitação do publico alvo) e impactos na
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qualidade do ar. As plantas, por sua vez, deverão ser adequadas à sensibilidade das pessoas
para as poderem conservar com a manutenção adequada.
Nos arruamentos, a vegetação de folhagem persistente pode funcionar como uma
barreira (ou filtro) aos túneis de vento. As barreiras poderão representar obstáculos à
renovação do ar, mas também agem como filtros. O equilíbrio numa disposição de árvores
deve ser muito bem estudado, começando por entender muito bem o tipo de folhagem (se é
caduca ou perene), mas também o tipo de crescimento da planta, o formato de copa, o período
de floração, o tipo de solo a que esta melhor se adapta e a qualidade do ar e ruído envolvente,
que por norma são consideradas circunstâncias supérfluas. É de salientar ainda que,
independentemente das nossas expectativas de pensarmos que as plantas, as árvores não
vivem apenas das regas, muitas vezes não crescem da forma que nós pretendemos, têm uma
grande taxa de mortalidade, imprevisível, e apresentam sintomas de doenças, embora não nos
comuniquem muito facilmente.
O desconhecimento da plantação de espécies vegetais e dos tipos de espaços verdes
nas áreas urbanas pode inclusive ter efeitos negativos e inverter todo o sentido bioclimático,
por vezes em atitudes simples e que consideramos óbvias, como a escolha da certa espécie
pelo tipo de folhagem. É comum a plantação de árvores de folhagem caduca, dado que
permite contrabalançar as necessidades de insolação durante o período de aquecimento
(inverno) e de ocultar a luz solar no período de arrefecimento (verão). A vegetação constitui
um grande benefício no meio urbano, mas a má compreensão ou conhecimento insuficiente
do tipo, família ou período de carência das plantas pode implicar consequências opostas às
pretendidas, como o caso típico dos jacarandás, que tratando-se de uma árvore exótica a
queda da sua folhagem é precisamente no fim do período de inverno, estando “despida” no
período de verão. Outras situações típicas consistem na implantação de magnólias em locais
inapropriados, muito expostos – estas árvores são extremamente sensíveis a determinados
ruídos e a correntes de ar, podendo não morrer muitas vezes, acabando por perder mais de
metade da sua folhagem persistente.
Apesar da importância conferida por vários autores (como por exemplo Francisco
Moita, 2010) aos princípios de bioclimática, é preciso tomar em consideração os perigos ou
inconvenientes que a inadequada escolha das espécies de plantas poderá determinar. No obra
intitulada Energia Solar Passiva, Moita apresenta um quadro com espécies botânicas – no
qual inclui os jacarandás – para aproveitamento solar passivo, sem referir contudo nenhuma
das limitações já comentadas (Moita, 2010, p. 9).
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O autor confere particular destaque aos estudos sobre o efeito do clima no homem,
uma vez que aquele constitui o principal elemento de referência. Tanto as características do
interior do edifício como a envolvente deverão proporcionar conforto térmico. O autor
constituiu metodologias e modelos de análise, definindo e medindo os elementos principais
que influenciam o conforto humano, nomeadamente a temperatura atmosférica, a radiação
solar, o vento e a humidade, que interagem com o meio e com o metabolismo humano. O
objetivo destes cálculos é o estabelecimento de parâmetros de conforto, adequados a cada
clima, transformados em medidas concretas a aplicar na construção do edificado e
planeamento urbano. Olgyay, na sua investigação, aplica os pressupostos expressos,
materializados em quatro projetos concretos de arquitetura e urbanismo, localizados em
diferentes regiões climáticas dos Estados Unidos, cada qual com características distintas
otimizadas e adaptadas aos diferentes tipos de clima, ou seja e em suma, bioclimáticos.
Talvez a maior diferença entre urbanismo bioclimático e arquitetura bioclimática – ou
simplesmente entre urbanismo e arquitetura – se centre num desfasamento social entre as duas
disciplinas, na forma em que cada edifício/fração funciona como um universo isolado,
composto por uma única família ou indivíduo, onde se permite por vezes a entrada de outros
agentes, mas que não deverão coabitar ou permanecer no espaço. No espaço urbano, por total
oposição, não existe apenas uma família ou indivíduo, mas um conjunto plural de indivíduos e
culturas que assim devem coabitar em relativa harmonia com a sua envolvente climática,
desde a ameba ao pássaro até ao ser humano.
O planeamento e gestão da cidade – e a própria construção (pública e privada) neste
meio – são tarefas complexas e com repercussões no espaço público, que não respeitam
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Por outro lado, a estranha crítica que Gonzalez imputa ao urbanismo, menosprezando
o seu papel quando aborda a sustentabilidade, bem como a opinião de que as questões
estéticas não são relevantes ou não constituem objeto do planeamento e urbanismo.
Porém, a estética já é um objeto de estudo habitual da arquitetura, o que Gonzalez
defende primeiro numa análise da obra do arquiteto José Alegria, quando refere que
“curiosamente são os padrões de status e conforto habitacional que hoje em dia conferem às
construções em terra crua um estatuto de superioridade e elegibilidade” (González, 2006,
p.29). Tudo isto, para depois referir que o cliente que recorre a este tipo de construção é de
nível médio/alto. Mas não existem dados estatísticos comprovadores de que a classe de nível
médio/alto (presume-se economicamente) seja mais entendedora do que as restantes, poderia
ser compreensível se nos reportássemos a casas de férias ou temporárias, onde circunstâncias
como o conforto interior ou a despesa energética já não são muito relevantes e a componente
estética do espaço exterior ganha relevância.
Certas contradições inerentes ao conceito da construção de terra – como a longevidade
dos materiais e o comportamento térmico, assim como a qualidade do ar interior e a
salubridade dos próprios espaços – fazem com que este, pelo menos enquanto alternativa à
habitual construção urbana, não possua grande expressão, além dos grandes encargos de
manutenção que acarreta. “Não só o aumento do ciclo de vida dos materiais tem que ser
ponderado, como também é importante que os materiais utilizados gozem de fácil reciclagem
(…)”(González, 2006, p. 30). Promovendo este conceito de construção, o autor contudo
contradiz-se na sua defesa: a terra crua, como adiante se descreve “é um material de fácil
reciclagem, muito embora a sua durabilidade esteja condicionada a encargos de manutenção”
(idem, p. 30).
A sustentabilidade implica a utilização dos recursos locais e próximos. No âmbito
ecológico e biológico, é essencial a manutenção dos recursos e espécies autóctones, contudo é
também indispensável existir algumas trocas e comunicação, senão algumas espécies poderão
perecer por degeneração genética. Foi o cruzamento de algumas espécies, sobretudo vegetais,
que determinou muitos avanços científicos consensuais entre o homem e a natureza, como o
simples enxerto das árvores de fruto.
O exemplo da construção de terra em cidades ou aldeamentos incapazes de pagar o
crescente preço do betão armado poderá ser percetível e economicamente justificável; mas
não é sensato nem sustentável que o betão ou a terra crua constituam alternativas únicas e
dicotómicas, de forma extrema, enquanto estruturas das construções.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
redução de carreiras de transportes público (e o corte dos apoios nas tarifas e passes sociais),
ou simplesmente centralizando diversas entidades e serviços públicos pela eliminação dos
departamentos regionais ou locais.
Racionalização, segundo o dicionário da língua portuguesa da Porto Editora on-line, é
definida como o “recurso à razão para resolver problemas práticos”. Essa razão é definida, por
sua vez, como a “faculdade de raciocinar, de compreender, de estabelecer relações lógicas”.
Matematicamente falando, razão é apenas a relação entre duas quantidades.
Quando transpomos esta definição para a racionalização energética ou a racionalização
nas sociedades, temos de ter em consideração os dois fatores de relação que determinam essa
mesma razão. Não será de facto a sustentabilidade um dos fatores enunciados, pois a nossa
relação lógica é sem dúvida a sustentabilidade. Os fatores (matemáticos) de quantidade serão
algo como a eficiência energética e a boa habitabilidade.
É neste sentido que se aborda o fator de forma e as áreas de influência como temas
pertinentes nesta ultima análise da corrente investigação. Relacionados com o fator de forma
estão todos os elementos que defendem um corpo de edificado – ou mesmo um plano
urbanístico – energeticamente mais eficiente. Relacionados com as áreas de influência
encontram-se todos os elementos enquadrados pelos conceitos da Química Física, entre um
universo fechado controlando as necessidades de transferência de energia com os restantes
universos. A razão entre os elementos relacionados com as áreas de influência e os elementos
relacionados com o fator forma...
Mas voltando á investigação de Lea Laursen, é realizada uma interessante comparação
entre duas tendências opostas no processo urbano contemporâneo: entre uma sociedade
emergente e em crescimento, como Shenzhen, com uma cidade e sociedade em processo de
desertificação como Berlim. “Shenzhen is one of the fastest growing cities in the world and
can be denoted the powerhouse of China” (Laursen, 2008, p.17). A sua situação é muito
paradoxal comparativamente às atuais cidades europeias, mesmo recuando à conjuntura
urbana das décadas de 50 a 80 do século XX.
“And it has to go fast, because the goal is to create more profit than already
achieved and in doing so the buildings constructed have to be bigger, better and
taller than the ones built yesterday” (Laursen, 2008, p. 17).
Em contrapartida, apesar de ser uma das cidades mais atrativas da Europa, Berlim vive
um período de decrescimento económico, pertencente ao programa German Shrinking Cities,
mesmo apesar de todo o esforço político de relançar a cidade como capital governamental
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
após a queda do muro em 1989. “Berlin, on the one hand, is a city with many cultural,
recreational and social qualities and one the other, it is a city with economical problems.”
(Laursen, 2008, p.17).
Por um lado temos uma cidade (Shenzhen) e sociedade em crescimento, sem
problemas económicos e sem olhar necessariamente a despesas ou a meios de racionalização
de recursos, apesar dos impactos ambientais e sociais negativos; “the flipside of this
development is the bad living conditions for the man in the street” (Laursen, 2008, p.20).
Por outro lado, uma cidade que perde constantemente população e relevância
económica, apesar dos esforços do governo em reestruturações e da aposta acentuada nas
atividades culturais.
As cidades mediterrânicas estão mais perto de um processo de estagnação do que de
crescimento, mesmo com o êxodo contínuo das populações rurais para os meios urbanos de
maiores dimensões. No entanto, os problemas de desertificação em grandes cidades como
Lisboa terão, provavelmente, a tendência de ocorrer nos centros históricos, em pequenos
bairros centrais ou nos subúrbios da cidade. É preciso primeiro entender que a população
portuguesa, conforme exposto no primeiro capítulo, está a começar a sensibilizar-se para
conceitos como o conforto, tanto interior como exterior. As novas gerações de famílias, mais
exigentes e com mais informação, felizmente, quando escolhem o local para residir já se
preocupam com a localização das escolas e dos transportes públicos bem como do tempo e
dos custos inerentes às deslocações. Com um processo de crescimento longe de se assemelhar
ao de Shenzhen, mas igualmente muito pouco controlado do ponto de vista urbanístico, a
cidade de Lisboa e a sua área metropolitana cresceu e foi ocupada desordenadamente, sem
preocupações sobre a existência de equipamentos, serviços, infraestruturas básicas e
transportes.
Até ao final do século XX, o investimento público pretendia resolver os problemas da
falta de infraestruturas, ou pelo menos tentou resolve-los, como a criação de transportes do
metro na margem Sul do Tejo e nos arredores de Lisboa. No início deste novo século, a
pressão para a poupança de recursos e a eficiência energética começa a obrigar a soluções e
medidas de contenção, induzidas principalmente por motivos financeiros e de restrição da
despesa pública, com consequências na supressão ou diminuição deste tipo de investimentos,
o que se repercutiu numa supressão de várias carreiras dos transportes em Lisboa, tanto
rodoviários como ferroviários, e por sua vez num aumento bastante considerável nos preços
dos serviços.
Shenzhen, neste momento, não consegue ter grandes preocupações nem soluções para
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
longínquos da história, como Çatal Huyuk, provavelmente uma das primeiras cidades ou
aglomerados da nossa história, em que as frações tocavam-se praticamente por todas as
paredes, tendo apenas a cobertura e certas vias como elemento de contacto com o exterior
(Khoshsima, Mahdavi, Rao & Inangda, 2011). Muitas cidades de civilizações posteriores
replicaram ou basearam-se neste modelo.
A particularidade daquela cidade é a intenção, ainda puramente empírica e intuitiva, de
conservar o máximo possível de energia, fosse ela térmica, na comunicação, fosse nas
necessidades de segurança ou de defesa contra de as intempéries. Çatal Huyuk, apesar do seu
exemplo pioneiro e como fonte de informação sobre práticas ou técnicas passivas
(Khoshsima, Mahdavi, Rao & Inangda, 2011), pouco nos ajudará nos dias de hoje no que se
refere às condições de saúde e exigências de vida hodiernas; são exemplos absolutamente
distintos, no tempo e no espaço, em absoluto impossíveis de comparar.
As janelas (vãos envidraçados) serão desde logo motivo de controvérsia dado que em
épocas muito recuadas nem sequer existia o vidro, nem havia a grande preocupação (como
nos nossos dias) de ter luz natural no interior dos edifícios. Mas, por outro lado, a luz solar
sempre possuiu grande relevância, enquanto característica natural inerente ao espaço
mediterrânico – tradicionalmente determinando rotinas e atividade fortemente sazonais –
contrariamente à sua presença nos restantes países da Europa e América do Norte. Os ganhos
solares podem materializar uma vantagem evidente, mas muitos outros fatores podem ser
considerados prejudiciais, como os diferenciais de temperatura. Logo, a luz natural (não
necessariamente a irradiação solar diretamente incidente) pode prevalecer à luz solar.
Pensando que se trata de uma questão típica da arquitetura, não nos devemos esquecer que um
plano de pormenor define, por diversas vezes, as características de todos os envidraçados
limitando os construtores a optarem por outras medidas.
A área de ligação com todos os setores sociais de que o cidadão necessita no seu meio
urbano poderá ser equilibrada através de uma densidade conveniente dos corpos edificados.
Neste caso, possuem características próximas da perfeição os prédios de formato esférico, que
permitem uma ocupação de apenas 10% das áreas de implantação, ficando as restantes áreas
disponíveis para todos os outros fins como arruamentos ou jardins. Mas como aceitar a
anterior perspetiva ou como podemos construir um modelo de cidade cuja volumetria seja à
base de corpos esféricos? Em certas matérias, nunca existem certezas ou previsões lineares do
futuro; possivelmente, as futuras gerações ainda poderão conceber cidades constituídas por
esferas como forma dos corpos de edifícios...
No primeiro capítulo analisaram-se as tendências do pensamento e sensibilidade das
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
as varandas onduladas entre outros pormenores de desenho urbano de modo a cortar o sentido
de monotonia. !
Voltando ao âmbito nacional, ultrapassado o problema sócio-urbano decorrente de um
urbanismo à base de planos horizontais (edifícios baixos e sem quarteirões), poderemos
aproximar-nos de conceitos da bioclimática aplicada ao espaço/clima mediterrânico, com base
nas áreas de influência e nas necessidades adequadas e equilibradas para uma boa gestão
urbanística.
Além da necessidade eventual de constituição de redes urbanas entre os pequenos e os
médios aglomerados urbanos, como por exemplo uma rede de uma cidade média capaz de
interagir urbanisticamente com todas as suas aldeias e vilas circundantes, de modo a
consolidar todas as sua energias e recursos de forma equilibrada; é possível que aos poucos e
poucos alguns edifícios, os mais deslocados dos meios urbanos e densos, são suscetíveis de
desaparecer, ocorrendo um processo de «implosão natural».
Esta «implosão natural» define-se como um primeiro ato de abandono dos edifícios até
à sua completa desertificação, seguindo de um processo normal de demolição e poderá ter
lugar tanto no interior como no exterior dos meios urbanos. Este processo já se encontra em
parte em andamento, dado que uma «fatia» muito evidente de edifícios em Portugal se
encontram devolutos, incluindo no centro de Lisboa contracenando com os factos de o parque
habitacional ser superior ao numero de famílias em Portugal conforme foi referido no
primeiro capítulo. No entanto, dadas as circunstâncias expostas de sustentabilidade e
bioclimática mediterrânica, haverá uma diferença muito substancial entre as zonas mais
densas das cidades e os seus arredores. Enquanto o processo no interior das cidades será de
implosão e reconstrução, por várias razões inclusive por motivos de eventual relançamento
económico do setor da construção; nos seus arredores ou nos meios mais rurais poderá ocorrer
simplesmente um processo de abandono total, com a destruição perpétua dos edificados em
prol de espaços verdes, turísticos ou mesmo num retorno dos espaços à agricultura ou floresta.
O processo de densificação dos aglomerados urbanos permite de facto um controlo
mais adequado das necessidades sociais, bem definidas através das áreas de influência,
permitindo a criação de bairros por si mais autónomos e bem equipados, cujas necessidades
de transferência de energia sejam equilibradas.
Um baixo índice do fator de forma numa cidade mediterrânica implica, sem dúvida, a
existência de uma cidade densa e mais semelhante à morfologia habitual de um centro
histórico, não muito diferente de cidades como Shibam, mais preocupada com a luz natural do
que com a irradiação solar e equilibrada com a sua envolvente climática; mas também
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
«protegida» com todas as leis e normas urbanísticas assim definidas pelos padrões atuais das
culturas ocidentais.
Deste modo, o novo Plano de Masdar, atrás expresso, em execução nas imediações de
Abu Dhabi, apresenta uma série de iniciativas das quais se aproximam a maioria dos critérios
discutidos, constituindo até à data o melhor caso de estudo, tanto no plano urbanístico como
do arquitetónico (e sobretudo da integração/conciliação de ambos), de uma política de
requisitos exigíveis para a sustentabilidade e bioclimática. Não necessariamente na ótica de
todos os meios materiais e financeiros (avultadíssimos) que estiveram ao dispor deste plano,
mas pelas preocupações preventivas, investigação, estudos e relacionamento completo entre o
espaço e as necessidades bioclimáticas que assim acabaram por se determinar.
O conceito de bioclimática ainda está em relativo desenvolvimento, principalmente no
âmbito do planeamento. Mas as suas distinções entre o plano exterior e o projeto interior de
edifícios são evidentes. O espaço exterior depende de uma ecologia urbana diversificada em
que o ser humano é sem dúvida o elemento privilegiado. Mas qualquer desequilíbrio pode ser
prejudicial. Atualmente, qualquer intervenção urbanística bioclimática deverá ser utilizada
como um instrumento ou ferramenta de planeamento e não como substituição de método,
ponderando as variáveis que autores como aqui referidos têm vindo a defender.
Ao integrar os conceitos de bioclimática no planeamento e distinguindo-a de outros
conceitos incluindo a sustentabilidade, a presente tese pretende clarificar os métodos e ações
do Urbanista e abrindo caminhos para estudos de investigação. Deste modo, determinados
estudos poderão ser efetuados como o impacte da despesa do património edificado face à taxa
de ocupação dos edifícios, melhores estudos de impacte das ICU em vez de nos basearmos em
dados pouco concretos como o referido SVF. Futuramente, os estudos de mercado imobiliário
deverão obedecer a notações e avaliações ambientais tal como um acréscimo na importância
dos valores de AI (áreas de influência). Significa que os estudos de mercado imobiliário
deverão seguir os parâmetros de bioclimática que esta tese define. Outro dos estudos, talvez o
mais relevante, que poderá ser uma ferramenta fundamental ao planeamento será um trabalho
de investigação sobre a correta ou mais propícia adequação de dimensões e características dos
parques e equipamentos no espaço urbano de acordo com as suas zonas climáticas (definição
de indicadores em futuros estudos profundos de investigação ou impacto ambiental).
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Conclusões
Há no entanto outra curiosidade que nasce desta situação. Dado que os valores
nacionais de consumo energético total em Portugal referem que a EDP em 2009
comercializou apenas pouco mais que 30.000 GW (30.581 GW/ano) e que equivale a 44% da
energia total, associando ao facto de a maior parte dos edifícios em Portugal não terem bons
desempenhos energéticos, verifica-se que não há energia no país suficiente para
complementar o conforto térmico para todas as frações. Ou seja, que toda a população,
sensibilizada para o conforto térmico, tivesse capacidade financeira de contrair a despesa de
aquecimento e arrefecimento de modo a manter os níveis de conforto térmico, o estado era
obrigado a importar, pelo menos, mais 50% da sua energia para fornecer as habitações
criando ainda maiores dependências económicas.
Neste sentido, verifica-se que por um lado há uma necessidade muito grande de
racionalizar a energia e que parte de todos os órgãos políticos da Europa, sem exceção,
conforme se verifica pelos relatórios do Concerted Action for Energy Performance Buildings
Directive (CA-EPBD). Por outro lado, nos povos mediterrânicos como Portugal, ainda não
existe uma sensibilidade ao conforto térmico adequada, nem conhecimento dos requisitos
ASHRAE publicados em 1985 no trabalho de investigação intitulado Criteria for human
exposure to humidity in occupied buildings. Terminando com o facto de não existir ainda
energia em quantidade suficiente em todos estes países do Sul da Europa de modo a
satisfazerem as necessidades de conforto térmico.
Entende-se, deste modo, que apenas uma indecisão ou inércia dos decisores dos países
do espaço mediterrânico impede a realização efetiva de programas de eficiência energética
orientados para o conforto térmico nos edifícios; ou pelo menos a sociedade pouco se importa
(ou aparenta importar) de não ver resultados, dado que não tira proveito das necessidades de
conforto interior, mas a mudança desta atitude será apenas uma questão de tempo.
Os programas de eficiência energética têm não só repercussões nas necessidades de
contenção e de mais independência na negociação de energia com os povos exportadores de
energia, mas também apresenta benefícios ambientais na redução de gases com efeito de
estufa.
As questões ambientais não têm tido suficiente relevância nas ações concertadas de
planeamento pela parte dos decisores políticos. Servem mais num interesse de propaganda,
visto que é um assunto mediático e aliciante às culturas europeias. As atuais medidas de
racionalização energética são influenciadas diretamente pelos acontecimentos dos últimos 40
anos, em que todos países em âmbito global – mesmo os exportadores de matérias-primas e
fontes energéticas – têm vindo a sofrer aumentos constantes no preço do consumo de energia,
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
tanto elétrica como dos combustíveis fósseis. Estes acontecimentos tiveram o seu início a 17
de outubro de 1973, com a ação dos países da OPEP em cortarem apenas 5% da exportação
de petróleo. Esse pequeno corte num período em que a Europa e América do Norte se
preparavam para o inverno, fez disparar pela primeira vez o preço dos combustíveis e gerar
pânico em grandes cidades como Nova Iorque, Londres ou Tóquio. Apesar de o embargo ter
cessado cinco meses depois, o processo não foi reversível e o aumento dos preços tem-se
verificado até aos dias de hoje, criando várias constrições ou restrições orçamentais nos países
que dependem totalmente da energia térmica, como o Canadá e a Europa Central.
Apesar de tudo, não é de menosprezar o conceito de desenvolvimento sustentável
criado pela Organização das Nações Unidas e pelo Clube de Roma na Conferência de
Estocolmo, em 1972, embora num sentido mais próximo da sensibilização mundial, não
possuindo impactos diretos em ciências como o Urbanismo, ao determinar que: “Sustainable
development is development that meets the needs of the present without compromising the
ability of future generations to meet their own needs.” (United Nations, 1987).
O termo acabou efetivamente por causar algum impacto, mas não gerou nenhuma
decisão ou prioridade imediata pela parte da classe política dos países mais desenvolvidos, à
exceção de alguns estados que se destacaram nesse período, como a Suécia, devido aos
interesses políticos muito particulares do partido no poder e do seu líder nesse período, Olof
Palme. A Suécia – contrariamente à maioria dos restantes países – desenvolve programas de
hidroelétricas, rejeitando a energia nuclear, assim como evita que a expansão imobiliária ou a
exploração de recursos florestais tomasse conta da floresta e paisagem, protegendo ainda o
território lapónio, a Noroeste, perto do Círculo Polar Ártico.
Mas é preciso ter em conta que o conceito geral de desenvolvimento sustentável ainda
em 1987, após a criação do Relatório de Brundtland (Our Commom Future), é essencialmente
restrito ao âmbito de acção das Nações Unidas e de organizações não governamentais. Apesar
de coincidentes, os princípios expressos da economia, sociologia e ecologia não estavam
ainda totalmente articulados. A necessidade de não comprometer as gerações futuras residia
mais numa questão de combate à pobreza do que num combate aos desperdícios e controlo
dos recursos.
Significa, apesar de tudo, que as necessidades de racionalização energética não
começaram em momentos como a Segunda Grande Guerra Mundial ou antes disso. Antes de
1973 existia a necessidade de produzir mais energia, e não conservá-la, pois a sua escassez,
dependência ou poluição geradas não eram tidas em conta como um problema para os países
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
mais desenvolvidos, sendo a primeira grande falha neste sistema capaz de desencadear um
processo irreversível.
Como pretendemos demonstrar, a configuração volumétrica dos corpos edificados das
cidades pode determinar valores muito diferenciados de consumo de energia térmica.
Facilmente concluímos que, pela contabilização destes resultados, no âmbito das opções
políticas também existirá o interesse de conceber os planos das cidades de uma forma mais
adequada, começando por simples modelos volumétricos capazes de melhor aproveitamento,
ou desperdício, de energia, ou simplesmente, para melhor controle de conforto interior e
exterior evitando grandes amplitudes e desequilíbrios energéticos.
Deste modo, é possível propor uma futura forma específica dos corpos edificados
numa cidade. Consequentemente, no sentido de minimizar ou anular impactos negativos
através do planeamento prévio, é necessário que se tenham em conta diversos fatores,
começando pela ponderação dos perigos que os urban canyons possam representar, bem como
dos efeitos gerados pelas ICU (ilhas de calor urbano) nas cidades – tornando a utilização dos
espaços exteriores desconfortável ou simplesmente menos ligada com atividade social. Ou
seja, antes de se concluir que a solução do planeamento é conceber apenas corpos edificados
densos, elevados ou esféricos, há que entender que existem muitas outras necessidades a
considerar no âmbito do espaço exterior antes de proporcionar o bem estar interior dos
cidadãos.
A legislação não prevê qualquer das situações mencionadas, nem no âmbito dos
Sistemas de Certificação Energética (SCE) nem no dos Planos Municipais de Ordenamento
do Território (PMOT). A regulamentação legal aborda tais problemáticas com alguma leveza
e superficialidade, não permitindo que os técnicos as entendam – como acontece com o termo
“sustentabilidade”, abordado no Decreto-Lei 380/99 de 22 de setembro, mas não sendo
definindo especificamente, remetendo a interpretação à sensibilidade dos técnicos. Sendo os
significados do conceito de sustentabilidade ecléticos e mesmo vagos, a subjetividade é por
vezes demasiado flexível ou ambígua, extravasando critérios definidos pelo próprio CEU em
1994, na Carta de Aalborg.
Além das lacunas e imprecisões conceptuais da legislação, como o D.L. 380/99,
também se devia ponderar a criação de glossários anexos, como existe no Decreto-Lei
80/2006 de 4 de abril (RCCTE), onde se define com precisão termos como “eficiência
nominal”, “energia primária” ou “estação convencional de aquecimento”.
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
Neste contexto, se tem sido uma corrente comum na arquitetura, então como se afirma
o conceito de bioclimática no planeamento ou como pode ter um papel fundamental no clima
mediterrânico?
Se a envolvente climática é um dos três elementos fundamentais do conceito de
bioclimática, é indispensável um conhecimento profundo do clima mediterrânico no
planeamento urbano em regiões do Sul da Europa. Mas a especificidade do urbanismo
bioclimático reside no comportamento e conforto térmico/climático dos espaços exteriores
dos aglomerados urbanos e na influência que a forma dos corpos edificados possui no
consumo energético e conforto dos espaços interiores.
Em todos os trabalhos desenvolvidos na área da bioclimática ou eficiência energética
dos edifícios, com algumas exceções, como o projeto espanhol do CIEMAT, PSE-
ARFRISOL, existem leves preocupações com a envolvente climática, utilizando meios
simplificados como os índices de zonas de inverno e verão ou as classes de exposição,
calculadas no Regulamento das Características de Comportamento térmico dos Edifícios
(RCCTE). No entanto, existem discrepâncias como graus de disparidade e diferenciais
bastante relevantes em relação àqueles índices, devido às ilhas de calor urbanas, mas não há
cálculos concretos por zonas microclimáticas como bairros ou alguns arruamentos e estes não
são tido em conta no RCCTE.
Com a forma volumétrica propícia ao melhor desempenho energético e utilizando os
materiais adequados, há que ter em particular consideração as especificidades do clima
mediterrânico e, no caso específico desta investigação, da zona setentrional, designação de
Vitruvio das regiões a norte do Mediterrânico.
Situações como as ICU podem eventualmente aparentar a solução de problemas de
aquecimento no inverno, mas tornam-se problemas gravosos no verão, pois uma das
características do clima em análise são as fortes amplitudes térmicas, sazonais e diárias –
visando-se obter o equilíbrio entre um inverno longo, mas não muito rigoroso, e um verão
mais curto, mas bastante intenso. Isto significa que as ICU não aparentam grandes
desvantagens em regiões centrais e setentrionais da Europa, dado que o período de
arrefecimento (verão) é relativamente curto e um pouco mais ameno. Mas nos casos de
cidades de climas mais temperados, como São Paulo ou Cidade do México, aglomerados
urbanos com cerca de onze milhões e nove milhões de habitantes respetivamente, os efeitos
das ICU representam um enorme problema. Por outro lado, um aumento das temperaturas
urbanas é normalmente causa ou efeito da má qualidade do ar; logo os efeitos das ICU em
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cidades como Toronto, Londres ou Chicago não conferem efetivamente grandes benefícios
ambientais.
Tal como se sucedeu nos estudos e legislação sobre conforto térmico interior, a
qualidade do ar irá adquirir um papel fundamental no conforto dos espaços exteriores, logo no
urbanismo bioclimático, e remete para outras questões pertinentes como a existência de
espaços exteriores suficientes e adequados. Estas áreas são normalmente designadas de
espaços verdes e têm tido uma grande aceitação na cultura portuguesa, à semelhança de outros
países.
Têm sido promovidas e desenvolvidas ainda outras práticas em meio urbano, como as
cortinas verdes, integrando os espaços verdes nas fachadas e/ou coberturas de edifícios e
estruturas diversas. No entanto, a existência de um espaço verde não tem necessariamente
influência na temperatura das ICU ou mesmo no seu próprio espaço. Depende sempre do tipo
de espaço verde ou conjunto de espaços verdes e da sua extensão. Uma árvore ou planta
tipicamente mediterrânica – como uma oliveira ou alfazema – não tem capacidade para
produzir oxigénio suficiente para o seu espaço envolvente e isoladas em nada alteram a
temperatura exterior. Os espaços verdes devem deste modo ser dimensionados de acordo com
as necessidades da população, mas também devem ser calculados de acordo com a sua
capacidade de reduzir as amplitudes térmicas verificadas entre as cidades e as zonas
climáticas respetivas. Por outro lado, quanto mais eficiente for a planta na redução da
amplitude térmica, será certamente de crescimento e ciclo de vida mais rápido, necessitando
consequentemente de maior manutenção.
Este conceito de reduzir o diferencial térmico apenas ao nível da sua zona climática
tem como objetivo defender a cidade ou bairro de se tornar mais insalubre. Por irónico que
pareça, tornar o espaço urbano de um território mediterrânico mais ameno poderá interferir no
desenvolvimento de espécies que dependem da estabilidade natural do clima. Por exemplo, as
baratas são insetos que vivem habitualmente em climas amenos, mas sobretudo muito
húmidos. Se a humidade descer abaixo de 20%, estas morrem ou entram em período de
hibernação. Nos climas mediterrânicos, estes insetos vivem tranquilamente durante todo o ano
até ao período do verão. Logo, se aumentamos a humidade no sentido de amenizar a
temperatura, criamos condições excelentes para que estas espécies não só sobrevivam, como
também possam migrar de outras zonas climáticas mais rústicas sem atividade humana para
estes aglomerados urbanos. Em suma, cria-se um desequilíbrio natural tornando-se o
aglomerado urbano mais propício de adoecer. Já Vitruvio menciona a importância do
arquiteto possuir noções de medicina no sentido em se preocupar com a salubridade dos
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
terrenos, limpeza das ruas e configuração dos edifícios – a prática do urbanismo bioclimático
é assim condicionada por estes fatores e a alteração climática de uma zona poderá não parecer
um problema, mas é mais grave do que aparenta.
É neste sentido que se torna fundamental as futuras leis terem em conta a definição
dos princípios e orientações a seguir, a inclusão de glossários de conceitos e termos técnicos,
bem como a exigência da realização de estudos concretos de impacto ambiental – por
exemplo, para situações como o controlo das ICU, no sentido de amenizar as amplitudes
térmicas ao nível da sua zona climática ou microclimática.
Em parte maioritária, nesta investigação o território nacional surge como área de
estudo, embora as zonas climáticas (setentrionais) são relativamente idênticas, dado que
Portugal continental, à exceção dos picos de serra como o maciço central da Serra da Estrela,
possui características climáticas mediterrânicas. Este aspeto é uma curiosidade, dado que
atualmente o território nacional é o único país do Sul da Europa que se enquadra no clima
mediterrânico na sua totalidade.
Também é importante entender que a preservação das características climáticas poderá
ter um papel fundamental no futuro da economia dos espaços mediterrânicos, tanto pelas
atividades turísticas como pela produção agrícola e florestal muito específicas, como a
produção de vinho, azeite e cortiça. Esta preservação começa desde logo com a necessidade
de boas práticas de desenvolvimento sustentáveis, pois mal enquadradas, planeadas ou
aplicadas poderão desertificar ainda mais os (demográfica e economicamente) territórios
rurais ou urbanos.
Como exemplo de um impacto negativo temos as experiências dos biocombustíveis,
uma política criada e defendida pela União Europeia, no início deste milénio, no sentido de
minimizar a dependência de importação do petróleo e alegando como benefício associado a
redução dos gases com efeito de estufa. No entanto, as plantas utilizadas para esse fim,
gramíneas, por exemplo milho, necessitam que os terrenos sejam gradados, escarificados ou
mesmo removidos por alfaias agrícolas com ações muito invasoras, de modo a permitir que as
plantas se fixem no solo de modo rendível. Esta simples ação liberta enormes quantidades de
dióxido de carbono do solo para a troposfera. Esta ação agrícola não é nova. O ser humano,
no sentido de produzir mais para a sua sobrevivência, desenvolveu um processo de agricultura
com impactos crescentes e muito acentuados nos nossos dias, iniciado na região do «crescente
fértil» onde hoje se verificam zonas áridas, com solos totalmente erodidos e sem capacidade
de retenção das águas, onde outrora foram zonas arbustivas climaticamente muito
semelhantes a Portugal. A mudança climática ao longo do tempo desde o crescente fértil até
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
aos dias de hoje também tem tido algumas transformações, como seria de prever.
Provavelmente, se o clima de hoje fosse o mesmo que há cerca de dois mil anos, aquando a
criação de Alcácer do Sal, provavelmente a civilização romana teria desenhado a cidade do
outro lado da margem, ou seja, segundo um conceito de cidade meridional.
Qual será então o futuro da «forma» da cidade mediterrânica?
Ao observar o passado, observamos que certas práticas contraproducentes como a
simples agricultura intensiva no período dos primeiros impérios e civilizações no “crescente
fértil” desertificaram certos territórios, com climas em grande parte semelhante ao nosso, mas
com uma forte erosão do solo, tal como as cidades poderão ainda mais desertificar. A ideia
condutora reside essencialmente em como conservar a energia, mas também como saber
transferi-la. No clima mediterrânico essa conservação e transferência deve ser ponderada com
o equilíbrio dos dois estados de temperatura: inferior e superior à zona de conforto.
Por outro lado, durante muito tempo, todo o espaço mediterrânico tem sido palco de
má organização no planeamento e construção, excetuando determinadas políticas e ações com
impactos mais positivos, mais recentemente, ou outras boas ações pontuais do período
clássico ao período moderno.
Mas uma das medidas poderá partir sem dúvida de uma renovação das cidades por
intermédio da sua reabilitação ou mesmo reconstrução. A reabilitação, em questões
financeiras pode-se tornar um projeto sempre mais inviável face aos interesses culturais da
maioria do parque habitacional do século XX. A reconstrução não tem sido integrada nos
interesses culturais europeus devido a um interesse de defesa do património, que por sua vez
devia ser bastante seletivo dos objetos a preservar.
O parque habitacional, de acordo com os dados do INE relativamente aos censos 2011,
é neste momento superior a 5,8 milhões de frações, enquanto a dimensão média familiar é de
2,6 pessoas. Logo, sendo o número de famílias por alojamento de 1,44, significa que do ponto
de vista teórico existem quase 50% de famílias com uma segunda habitação, e/ou muitas
residências e edifícios não ocupados ou devolutos. Existem estatisticamente mais alojamentos
do que o necessário e não há nascimentos suficientes para uma reposição necessária nas
próximas décadas.
Por outro lado, cada vez mais se observa a desertificação progressiva de aglomerados
urbanos no interior do país ou mesmo de habitações no campo ou em explorações agrícolas.
Torna-se cada vez mais difícil manter uma sociedade estável com estruturas necessárias para
as crianças e adultos terem acesso à informação, educação, saúde, convívio, cultura e
desporto, entre outros fatores de atração ou de segurança – que cada vez mais motivam as
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
famílias a fixarem-se nas grandes cidades. Este processo também se presume que seja
irreversível e deve ser encarado com alguma naturalidade, pois poderá permitir a renovação
das cidades, com a implosão de prédios e bairros supérfluos, devolutos ou pouco práticos.
Devemos ter em consideração que um bairro de moradias com mais de cinquenta anos em
Lisboa, como o Alvito em Monsanto ou mesmo o bairro da Encarnação, apresentam solos
demasiado valiosos para serem usados como espaços privados unifamiliares e, além do mais,
de caráter socioeconómico mais humilde.
Não se trata de um processo necessariamente mais ou menos correto ou de uma ação
premeditada, mas de uma evolução natural, de uma tendência futura do desenvolvimento das
cidades mediterrânicas, concentrando-se progressivamente, aumentando a sua volumetria dos
corpos de edifícios e aproveitando melhor toda a sua energia interior. Quanto às restantes
superfícies edificadas, será provável que desapareçam as mais marginais e talvez os solos
retornem quase ao seu estado natural, uso florestal ou agrícola. Presume-se que este processo
de implosão seja natural, dependendo apenas de um estado de oportunidade e do tempo dos
decisores políticos, dado que estritamente do ponto de vista térmico existe um retorno
financeiro médio de apenas 40 anos.
De acordo com os estudos de bairros simulados, a diferença da despesa térmica anual
das habitações dos bairros existentes, sobretudo a despesa térmica das moradias sociais,
excetuando-se as habitações construídas na última década, com habitações termicamente
preparadas equivalem a um valor de entre 2,5% do preço de metro quadrado de construção,
conforme se conclui no 2.º capítulo. Se associarmos outros benefícios, incluindo renovações
sociais, infraestruturas e, acima de tudo, o relançamento económico do setor da construção,
esse retorno torna-se sem dúvida inferior a 20 anos.
Sendo todas estas contas fáceis de entender, torna-se muito importante não esquecer
que esta implosão será consequência da aplicação de critérios bioclimáticos, restando
assegurar que não seja apenas consideradas as ações mais pragmáticas e mais óbvias. É
preciso entender como a bioclimática interage com o urbanismo, que não é necessariamente
idêntica aos mesmos critérios de conforto no interior dos edifícios.
Efetivamente, estabelecemos os três conceitos sendo o primeiro e fundamental a
envolvente climática, neste caso a mediterrânica, seguindo-se os elementos físicos envolvidos
e por fim a forma, ou seja a volumetria, dos corpos edificados. A envolvente e os elementos
físicos devem ter em conta todas as necessidades funcionais urbanísticas, desde a redução de
impacte das ICU até estudos de áreas de influência de acordo com a população dos bairros e
aglomerados urbanos. É necessário compreender que além de todos estes conceitos, a meta do
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A integração de conceitos bioclimáticos no planeamento e na cidade
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PEDRO MANUEL MACHADO DA SILVA FARIA
APÊNDICES
Lisboa
2012
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
APENDICE(
!
!
1.(Introdução(a(materiais(de(construção(
Os! materiais! têm! uma! importância! indirecta! no! Urbanismo! e! costumam! ser!
relativamente!desprezados.!Devemos!no!entanto!ter!em!conta!que!os!materiais!
são!um!dos!três!pontos!fundamentais!da!bioclimática!e!associada!ao!Urbanismo!
devemos! mesmo! nos! preocupar! em! perceber! o! seu! comportamento.! Há! planos!
dependentes! de! um! tipo! de! material! tal! como! sistemas! características! de!
paliçadas!e!cidades!de!terra,!ou!adobe,!(Sanaa!ou!Shibam).!
Efectuando!uma!breve!descrição!de!materiais!e!a!sua!ligação!com!a!bioclimática!
podemos! descrever! vários! capítulos,! segundo! os! mesmos! critérios! do! ITE50,!
documento! científico! referente! aos! coeficientes! de! transmissão! térmica! de!
elementos!da!envolvente!dos!edifícios:!
Isolamentos!térmicos!
1. Pedras!
2. Betões!
3. Gessos,!argamassas!e!fibrocimentos!
4. Madeira!e!derivados!
5. Plásticos,!borrachas!e!impermeabilizações!
6. Inertes!
I!
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APENDICE 1
7. Metais!
8. Vidros!
9. Gases!!
10. Água!
Os!gases!são!excelentes!isolamentos!térmicos!dado!que!todos!eles!têm!valores!de!
condução!térmica!inferiores!aos!designados!isolamentos,!no!entanto,!carecem!de!
um!simples!problema!de!vedação.!Dadas!as!suas!características!química!e!físicas!
é! muito! difícil! de! manter! os! elementos! ou! compostos! gasosos! estáveis.! Temos!
como! exemplo! o! próprio! ar! natural,! assim! designado! no! Quadro! I.2! do! ITE50,!
associado! ao! ar! que! respiramos! no! exterior! vulgarmente,! tem! uma!
condutibilidade!térmica!melhor,!ou!seja!inferior,!que!qualquer!outro!isolamento!
térmico,! mas! a! sua! acção! enquanto! isolante! só! é! possível! caso! este! esteja!
devidamente! comprimido! sem! possibilidade! de! condução! física.! Ou! seja,!
conforme! é! designado! nos! termos! científicos:! nem! em! universos,! nem! em!
universos! fechados! mas! em! universos! isolados.! Se! a! relação! molecular! dos!
compostos! é! de! facto! muito! pequena! então! mais! difícil! é! de! criar! um! espaço!
devidamente!isolado!ao!gás!respectivo.!
II!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Como!primeira!abordagem!através!destes!dois!tipos!de!materiais!entendegse!que!
a! simples! construção! mal! conduzida! ou! executada! pode! tornar! qualquer!
edificado!originariamente!bem!planeado!numa!perspectiva!térmica!num!edifício!
com! boa! condução! de! energia,! ou! seja,! incapaz! de! criar! a! estabilidade! térmica!
necessária!ao!conforto!térmico.!
As!pedras,!betões,!metais,!madeiras!e!argamassas!são!normalmente!os!materiais!
estruturais! e! revestimentos! cuja! a! função! térmica! pode! ser! uma! das!
preocupações! principais.! As! pedras! e! os! betões! são! os! materiais! menos!
adequados! termicamente! e! por! vezes! menos! adequados! do! ponto! de! vista! de!
qualidade!do!ar.!As!argamassas!têm!diversos!casos!contraditórios!o!que!depende!
directamente! de! caso! para! caso! e! as! madeiras! têm! vindo! a! ganhar! um! enorme!
destaque! devido! à! sua! óptima! compatibilidade! estrutural! e! térmica.! Neste! caso!
em!específico!de!todos!estes!materiais!estruturais,!desde!a!pedra!à!madeira,!tem!
existido! um! problema! cultural! e! apoiado! num! senso! comum! de! alguma!
ignorância! científica! no! ramo! da! arquitectura,! engenharia! e! directamente! na!
construção.! Não! há! grande! tradição! nos! povos! mediterrânicos,! mesmo! em!
grande! parte! dos! povos! do! clima! mediterrânicos! do! norte,! na! utilização! de!
madeiras! como! estruturas! ou! revestimentos,! principalmente! desde! a! segunda!
metade!do!século!XX!com!a!entrada!industrial!do!betão!armado.!A!composição!da!
madeira,! principalmente! com! a! introdução! de! lamelados! tem! dado! provas! de!
compatibilidade! com! o! betão! armado.! A! pedra! e! o! betão! são! considerados! por!
vezes! bons! termicamente! pois! são! associados! como! materiais! frescos.! Esta!
situação,!igualmente!do!senso!comum,!devegse!ao!facto!de!serem!materiais!muito!
densos,!com!uma!massa!volumétrica!muito!elevada!logo!capazes!de!reter!melhor!
o! transporte! de! energia! mas! não! impedem! nem! expulsão! como! os! isolamentos!
térmicos.! Deste! modo,! no! período! de! Inverno! é! de! facto! extremamente! difícil!
manter! uma! temperatura! de! conforto! estável! num! edifício! de! pedra! sendo!
apenas! possível! mantêglo! estável! no! Verão! caso! a! temperatura! média! não! seja!
superior!aos!25º!durante!muitos!dias.!Por!sua!vez,!os!metais!tem!sido!igualmente!
um! grande! motivo! de! controvérsia,! pois! são! extremamente! impróprios!
termicamente!pela!sua!alta!condutibilidade!térmica.!
III!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
A!água!não!tem!aplicabilidade!estrutural!nem!térmica,!no!entanto!também!não!é!
um!condutor!de!energia!e!no!seu!estado!sólido!(gelo)!pode!ser!temporariamente!
estrutural.! Neste! caso! temos! um! exemplo! prático! abordado! nesta! tese! mais! à!
frente!nos!casos!bioclimáticos:!o!Iglo.!
IV!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
2.(CALCULOS(das(envolventes(
Como! também! foi! dos! primeiros! efectuados! e! ainda! num! periodo! de! alguma!
pesquisa!e!determinação!científica,!o!levantamento!em!Elvas!foi!um!pouco!mais!
extenso!e!complexo.!Foi!igualmente!estudado!a!densidade!e!a!área!coberta,!alem!
de! uma! determinação! do! volume.! Este! estudo! mais! complexo! apenas! resultou!
numa! determinação! de! um! cálculo! médio! de! fracção! do! centro! histórico! para!
comparar!com!os!restantes!bairros!em!estudo.!A!restante!informação,!apesar!de!
interessante,!desviavagse!um!pouco!dos!objectivos!de!análise!concreta!da!tese.!
Descrição!do!levantamento:!
A!constituição!típica!das!casas!do!centro!histórico!de!Elvas!é!em!aparelhagem!de!
xisto!e!areias,!com!misturas!de!tijolo!burro!e!algumas!intervenções!mais!recentes!
de! tijolo! furado.! A! caixilharia! varia! entre! madeira! e! alumínio! sendo! difícil!
encontrar!um!padrão!geral.!Foi!determinado!um!padrão!para!os!pisos!através!de!
um! levantamento! no! local,! estipulougse! um! pé! direito! padrão! de! 2,6! metros!
(dado! que! as! habitações! variam! entre! 2,2! e! 3! metros.! As! ruas! sinuosas! dos!
centros! históricos! a! área! coberta! acaba! por! ser! em! média! acima! dos! 50%.! No!
entanto! há! que! estudar! o! conjunto! do! tecido! urbano! dada! a! preocupação! de!
espaços!abertos!e!logradouros,!típico!de!urbanizações!de!estrutura!clássica!e/ou!
medieval.!Foram!identificados!três!pequenos!núcleos!e!feito!um!levantamento!no!
local.!
!
V!
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APENDICE 1
1ºnucleo!
A! moda! é! de! 2! pisos! mas! apresenta! uma! média! de! 2,5! pisos,! estipulougse! uma!
altura!padrão!de!6,5!metros!de!volumetria.!
Área!coberta!de!de!cerca!66%.!!
Para!7!hectares!cerca!de!5!hectare!são!cobertos.!
A!relação!da!área!volumétrica!por!metro!quadrado!será!de!6,5x66%!ou!seja!4,35!
m3/m2.!
De!acordo!com!uma!das!análise!a!uma!fracção!tipo,!tem!uma!perda!ou/e!ganho!
energético!anual!de!cerca!300kw/m2.ano!para!um!caso!específico!de!pé!direito!
de!3metros.!Deste!modo,!podemos!utilizar!a!medida!padrão!de!100kw/m3.ano.!
Significa! que! associada! a! implantação! cada! metro! quadrado! de! área! coberta!
apresenta!uma!perda!sensivelmente!de!100x4,35!ou!seja!435kw/m3.ano.!
Conclusão! do! 2º! bairro! prevê! uma! despesa! energética! térmica! de!
435kw/m3.ano.!Total!de!70000x435=!30,!450!Gw/ano!
Figura(1B(Área(coberta(do(primeiro(núcleo((
!
VI!
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APENDICE 1
2º!núcleo!
A!moda!é!de!3!pisos,!neste!caso!existem!prédios!de!1!a!5!pisos!estabelecendo!um!
padrão!de!3,3!pisos!ou!seja!uma!volumetria!de!10!metros.!
A!área!coberta!é!de!66%.!Para!cerca!de!6!hectares!cerca!de!4!são!cobertos.!
A!relação!da!área!volumétrica!por!metro!quadrado!será!de!10x66%!ou!seja!6,7!
m3/m2.!
Utilizando! a! fracção! padrão! em! análise,! com! uma! perda! ou/e! ganho! energético!
anual!de!cerca!300kw/m2.ano!para!um!caso!específico!de!pé!direito!de!3metros.,!
então! podemos! considerar! a! implantação! de! cada! metro! quadrado! de! área!
coberta!com!uma!perda!sensivelmente!de!100x6,7!ou!seja!670kw/m3.ano.!
Conclusão! do! 2º! bairro! prevê! uma! despesa! energética! térmica! de! 670!
kw/m3.ano.!Total!de!60000x670=!40,!200!Gw/ano.!
Figura(2B(Área(coberta(do(segundo(núcleo((
VII!
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APENDICE 1
3º!Bairro!
A! moda! é! de! 2! pisos,! estabeleceugse! um! padrão! de! 2,3! pisos! ou! seja! uma!
volumetria!de!6,2!metros.!
A!área!coberta!é!de!33%.!Para!cerca!de!10!hectares!cerca!de!3,3!são!cobertos.!
A!relação!da!área!volumétrica!por!metro!quadrado!será!de!10x33%!ou!seja!3,3!
m3/m2.!
Utilizando! a! fracção! padrão! em! análise,! com! uma! perda! ou/e! ganho! energético!
anual!de!cerca!300kw/m2.ano!para!um!caso!específico!de!pé!direito!de!3metros.,!
então! podemos! considerar! a! implantação! de! cada! metro! quadrado! de! área!
coberta!com!uma!perda!sensivelmente!de!100x3,3!ou!seja!333kw/m3.ano.!
Conclusão! do! 3º! bairro! prevê! uma! despesa! energética! térmica! de!
333kw/m3.ano.!Total!de!100000x333=!33,3!Gw/ano.!
Para! concluir! a! primeira! fase! dos! dados! vamos! ainda! relacionar! a! área! total!
500000!m2,!área!coberta!a!60%!e!um!pé!direito!padrão!de!7,5!metros!de!altura,!
temos! 0,6x500000x7,5x100! =! 225! Gw/ano! ou! seja! 100x7,5x60%=! 450!
kw/m3.ano!
Efectuando!uma!média!ponderada!dos!3!bairros!435x7!+670x6!+333,3x10!/23!=!
(3!045!+!4!020!+!3!333)!/23!=!10,!418/23!=!452,96!Kw/m3.ano!
Deste! modo,! verificagse! que! a! média! ponderada! por! ambos! os! métodos! dão!
sensivelmente!os!mesmos!valores!de!450!kw/m3.ano!
O! sistema! de! Elvas! serviu! de! exemplo! para! o! cálculo! de! metro! quadrado! por!
bairro,!dado!que!o!objectivo!principal!é!compreender!a!forma!da!cidade.!
A!necessidade!de!criar!um!metro!quadrado!por!bairro!é!fulcral,!mas!ainda!induz!
a! muitos! erros,! daí! a! necessidade! de! interligação! com! os! dados! da! população!
residente!e!população!em!máxima!ocupação.!
VIII!
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APENDICE 1
A! população! residente! pode! significar! metade! da! população! máxima! dado! que!
dependente!da!taxa!da!ocupação.!!
Ambas! são! importantes! dado! que! é! normal! hoje! em! dia! existir! flutuação! de!
famílias! de! um! bairro! para! outro,! dependentemente! das! necessidades! adversas!
que!uma!cidade!pode!criar.!No!entanto,!será!a!população!em!máxima!ocupação!a!
relevante!para!o!estudo!de!índices!finais.!!
Cruzamento!de!dados!cedidos!pela!ADENE:!
De! modo! a! colmatar! o! levantamento! efectuado! pelas! zonas! de! estudo,! foram!
igualmente! pedidos! à! entidade! responsável! pelo! SCE,! serviço! de! certificação!
energética,!a!ADENE,!Agencia!para!a!Energia.!
Em! consequência! de! um! plano! de! 1938,! Plano! Geral! de! Expansão! de! Lisboa!
(PGUEL),!o!bairro!de!Alvalade!foi!criado!com!uma!extensão!máxima!de!230!ha,!
para!12.000!fogos!e!o!número!de!habitantes!previsto!para!a!máxima!ocupação!foi!
de!45.000!habitantes,!iniciando!primeiro!47!ha!para!2066!fogos!em!302!edificios,!
nas!denominadas!células!I!e!II.!
Neste! caso,! apesar! da! existência! de! apenas! três! tipos! de! modelos! de! edifício,! o!
Bairro! de! Alvalade! apresenta! contextos! térmicos! bastante! divergentes.! Esses!
valores!não!são!aqui!demonstrados,!apenas!o!valor!médio,!mas!essa!divergência!
devegse!ao!facto!de!existirem!moradias,!prédios!e!fracções!de!último!andar!sem!
isolamento! nas! lajes.! Valores! referentes! a! 450! fracções! no! bairro! de! Alvalade,!
urbanização!de!materiais!da!época!com!edificado!predominante!entre!3!e!4!pisos!
é!de!137!Kw/m2.ano.!!
Se! fizermos! uma! análise! de! ocupação! sobre! as! células! I! e! II! temos! um! terreno!
com! 470000m2! para! 2066! fogos,! numa! média! de! 86,8! m2/fogo! logo! uma!
despesa! energética! anual! prevista! de! 11891! Kw.ano/fogo,! ou! seja!
1545€.ano/fogo.!Se!por!cada!metro!quadrado!de!construção!são!precisos!17,81!
€!anuais,!para!2066!fogos!equivale!24.567!Mw.ano,!ou!seja!3.193.684!€.ano.!!
IX!
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APENDICE 1
A! alternativa! imediata! de! colocação! de! bombas! de! calor! teria! um! impacte! de!
minimização! para! cerca! de! 6€/m2.ano,! ou! seja! cerca! de! 500€.ano/fogo! ou!
1.000.000€!no!total.!!
O!plano!de!pormenor!urbano!da!zona!da!quinta!da!granja!e!da!quinta!da!torre!foi!
aprovado!a!21!de!Agosto!de!2000!e!ainda!se!encontra,!na!presente!data,!a!metade!
da! construção! dos! seus! lotes.! O! plano! de! 371.385! m2! com! uma! área! total! de!
implantação! de! 54.968m2,! foi! constituído! com! 1508! fogos,! por! uma! zona!
maioritária! de! edifícios! entre! os! 4! e! 6! pisos! (ATC! cerca! de! 200.000! m2)! e! uma!
zona!de!moradias!(ATC!cerca!de!20.000!m2),!nomeadamente:!!
93! Moradias!
49! Prédio!6!andares!!
51! Prédio!5!andares!!
19! Prédio!4!andares!!
Devido! à! dimensão! da! cidade! de! Castelo! Branco,! este! Plano! foi! das! maiores!
intervenções!urbanísticas!e!o!maior!enquanto!Plano!de!Pormenor,!afecto!a!cerca!
de!10!a!20%!da!população.!O!inicio!da!construção!dos!lotes!não!permitiu!a!boa!
aplicabilidade!térmica,!no!entanto,!a!sua!configuração!e!face!aos!novos!materiais!
o!resultado!térmico!de!acordo!com!valores,!cedidos!pela!ADENE,!referentes!a!83!
fracções! foi! de! 78! Kw/m2.ano.! Ou! seja,! incluindo! todo! o! global! das! fracções,!
sejam!edifícios!de!4!ou!6!pisos,!sejam!moradias,!o!resultado!previsto!de!despesa!
térmica! nestas! fracções! é! de! 17.160! Mw.ano,! ou! seja! 2.230.800! €.ano.! Sabendo!
que! se! trata! de! uma! zona! climática! mais! agravada! a! configuração! e! os! novos!
materiais!têm!um!peso!determinante.!
Referente! ainda! a! esta! zona! climática,! temos! um! bairro! de! essencialmente!
moradias! unifamiliares,! Quinta! da! Pipa,! com! diversos! materiais! de! construção!
existindo! já! algumas! construções,! mas! muito! poucas,! de! acordo! com! o!
regulamento! do! RCCTE! 80/2006! com! edificado! predominante! de! 2! pisos.! De!
acordo!com!a!média!de!valores!cedidos!pela!ADENE!(14!fracções!em!análise),!a!
X!
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APENDICE 1
área! útil! média! é! de! 163! m2! e! os! valores! de! despesa! térmica! são! de! 167!
Kw/m2.ano.!
Descrição!detalhada!da!Simulação!efectuada!das!urbanizações:!
Simularamgse! cinco! tipos! de! urbanizações.! Três! delas! com! a! mesma! área! de!
implantação! com! as! diferenças! nos! números! de! pisos.! As! outras! duas! dizem!
respeito! a! fracções! unifamiliares! em! banda! geminadas! e! em! implantações!
separadas!respectivamente.!
A!simulação!prevê!um!calculo!de!população!com!uma!taxa!de!ocupação!a!100%!e!
cada! fogo! é! calculado! nos! prédios! com! quatro! assoalhadas! referente! a! uma!
família! de! quatro! pessoas! e! nas! moradias! cinco! assoalhadas! referente! a! uma!
família!de!cinco!pessoas.!
Vamos!tomar!um!exemplo!com!os!seguintes!dados!de!padrão:!
1g Definiugse!150m2!(12,25m)!de!área!de!implantação!
2g Definiugse!a!área!como!um!quadrado!perfeito,!apenas!quatro!vértices.!
3g Pressupôsgse!cada!pé!direito!com!2,7!metros!
4g Pressupôsgse! uma! quantidade! de! janelas! com! cerca! 10%! da! área! de!
pavimento,!logo!4m2!por!orientação!solar.!
5g Tomougse!a!totalidade!das!obstruções!a!70%!para!todos!os!casos.!
6g Todos!os!casos!apresentaram!uma!garagem!com!a!mesma!abertura!para!o!
exterior.!
7g Todos!os!casos!apresentaram!um!desvão!no!sótão!não!ventilado.!
8g Todos! os! casos! apresentaram! paredes,! pavimentos! e! coberturas! com!
isolamento!devido!com!a!melhor!utilização!e!exigência!regulamentar.!
9g Foram! escolhidos! envidraçados! para! todos! os! casos! de! madeira,! com!
vidro!duplo!de!16mm!e!estores!exteriores!claros!e!classe!3.!
10g A!localização!específica!foi!num!lugar!urbano!indiferente!do!concelho!de!
Lisboa!!
!
XI!
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APENDICE 1
Sistema(em(torre,(fracção(isolada:(
Moradia:!!
NIC!=!45,57!e!NVC!=!9,02!TOTAL!anual!de!54,59!KWh/m2.ano!
Apartamentos!(3!pisos):!!
1º!NIC!=!37,74!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!46,76!KWh/m2.ano!
2º!NIC!=!32,12!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!41,14!KWh/m2.ano!
3º!NIC!=!41,13!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!50,15!KWh/m2.ano!
TOTAL!(média/m2)!NIC!=!37,00!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!46,02!KWh/m2.ano!
Apartamentos!(6!pisos):!
1ºNIC!=!37,74!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!46,76!KWh/m2.ano!
2º,3º,4º!e!5º!NIC!=!32,12!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!41,14!KWh/m2.ano!
6º!NIC!=!41,13!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!50,15!KWh/m2.ano!
TOTAL!(média/m2)!NIC!=!34,56!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!43,58!KWh/m2.ano!
Apartamentos!(8!pisos):!
1ºNIC!=!37,74!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!46,76!KWh/m2.ano!
2º!ao!7º!NIC!=!32,12!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!41,14!KWh/m2.ano!
8º!NIC!=!41,13!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!50,15!KWh/m2.ano!
TOTAL!(média/m2)!NIC!=!33,95!e!NVC!=!9,02!TOTAL!de!!42,97!KWh/m2.ano!
Potencia!térmica!média!anual:!
Moradia:!8188,5!Kwh/ano!
Apartamentos!(3!pisos):!6903!Kwh/ano!(g1285,5!KWh/ano!com!a!moradia)!
XII!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Apartamentos!(6!pisos):!6537!Kwh/ano!(g1651,5!KWh/ano!com!a!moradia)!
Apartamentos!(8!pisos):!6445,5!Kwh/ano!(g1743!KWh/ano!com!a!moradia)!
Como! primeira! abordagem,! entendeugse! que! a! partir! do! 6º! piso! em! termos!
térmicos!deixava!de!ser!muito!relevante.!
Simulougse!com!o!actual!preço!da!energia!tendo!ainda!em!conta!o!preço!normal!
da!electricidade!em!2010!de!cerca!0,13€:!
Moradia:!1064,5€!(88,71€/mês)!
Apartamentos!(3!pisos):!897,39€!(74,78€/mês)!
Apartamentos!(6!pisos):!849,81€!(70,82€/mês)!
Apartamentos!(8!pisos):!837,92€!(69,83€/mês)!
Verificougse!que!a!diferença!de!habitações!isoladas!para!uma!torre!de!apenas!3!
pisos!é!de!14€/mês!e!para!8!pisos!de!quase!20€/mês.!
Moradia:!296,21€!+!70,36€!=!366,57!(30,55€/mês)!
Apartamentos!(3!pisos):!240,5€!+!70,36€!=!310,86!(25,91€/mês)!
Apartamentos!(6!pisos):!224,64€!+!70,36€!=!295!(24,59€/mês)!
Apartamentos!(8!pisos):!220,68€!+!70,36€!=!291,04!(24,25€/mês)!
XIII!
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APENDICE 1
Mas,! esta! investigação,! como! já! foi! referido,! não! tem! por! interesse! específico!
determinar!quanto!uma!pessoa!gasta!na!sua!casa,!mas!qual!a!despesa!genérica!e!
global! de! acordo! com! os! bairros! e! morfologias! urbanas.! Deste! modo,! neste!
estudo!tivemos!em!conta!uma!colocação!de!1000!fogos,!pressupondo!que!1000!
fogos!seria!uma!dimensão!aceitável!de!um!bairro!tipicamente!português:!
Moradias:!Despesa!de!366!570€!ou!seja!8!188!500!KWh/ano!
Apartamentos!(3!pisos):!Despesa!de!310!860€!ou!seja!6!903!000!KWh/ano!
Apartamentos!(6!pisos):!Despesa!de!295!000€!ou!seja!6!537!000!KWh/ano!
Apartamentos!(8!pisos):!Despesa!de!291!040€!ou!seja!6!445!500!KWh/ano!
Nesta! situação! específica! entendemos! que! a! quantidade! de! fogos! já! tinha! um!
papel! fundamental! na! despesa.! Em! vez! de! uma! diferença! de! 5€/mês! obtevegse!
diferenças!de!5000€/mês,!(sabendo!ainda!que!parte!da!despesa!respeitante!do!
cidadão!é!também!em!parte!suportada!pelos!serviços!públicos,!que!não!vem!na!
sua! factura).! Neste! caso,! só! se! estudou! a! diferença! entre! pisos! e! entre! despesa!
térmica.! Pois! alem! da! despesa! térmica,! outras! situações! como! infraestruturas! e!
relações!sociais!estão!sempre!presentes!nesta!mesma!discussão.!
Sistema(em(QUARTEIRÕES(
1g Moradias!
2g Moradias!geminadas!
3g Prédios!de!2!pisos!
4g Prédios!de!4!pisos!
5g Prédio!de!8!pisos!
Foram! aplicados! os! mesmos! critérios! construtivos! anteriores,! com! os!
quarteirões!de!orientação!predominante!Norte/!Sul.!
!
XIV!
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APENDICE 1
Moradias:!!
NIC!=!45,57!e!NVC!=!9,02!TOTAL!anual!de!54,59!KWh/m2.ano!
Moradias!Geminadas:!!
!NIC!=!43,07!e!NVC!=!8,58!TOTAL!de!!51,65!KWh/m2.ano!
Prédios!(2!pisos):!
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!43,84!
x!8!=!350,72!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!44,46!
x!4!=!177,84!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!44,30!x!2!=!88,60!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!43,99!x!2!=!87,98!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!705,14/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!44,07!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!47,22!
x!8!=!377,76!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!47,84!
x!4!=!191,36!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!47,68!x!2!=!95,36!KWh/m2.ano!
XV!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!47,37!x!2!=!94,74!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!759,22/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!47,45!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!91,52/!2!=!45,76!KWh/m2.ano!
Prédios!(4!pisos):!
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!43,84!
x!8!=!350,72!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!44,46!
x!4!=!177,84!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!44,30!x!2!=!88,60!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!43,99!x!2!=!87,98!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!705,14/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!44,07!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!47,22!
x!8!=!377,76!KWh/m2.ano!
XVI!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!47,84!
x!4!=!191,36!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!47,68!x!2!=!95,36!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!47,37!x!2!=!94,74!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!759,22/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!47,45!KWh/m2.ano!
2º!e!3º!Pisos!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!38,24!
x!8!=!305,92!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!38,86!
x!4!=!155,44!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!38,70!x!2!=!77,40!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!38,39!x!2!=!76,78!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!615,54/!16!!
MÉDIA!de!fracções!intermédias!=!38,47!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!168,46/!4!=!42,11!KWh/m2.ano!
Prédios!(8!pisos):!
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!43,84!
x!8!=!350,72!KWh/m2.ano!
XVII!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!44,46!
x!4!=!177,84!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!44,30!x!2!=!88,60!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!43,99!x!2!=!87,98!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!705,14/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!44,07!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!47,22!
x!8!=!377,76!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!47,84!
x!4!=!191,36!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!47,68!x!2!=!95,36!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!47,37!x!2!=!94,74!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!759,22/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!47,45!KWh/m2.ano!
2º!a!7º!Pisos!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!38,24!
x!8!=!305,92!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!38,86!
x!4!=!155,44!KWh/m2.ano!
XVIII!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!38,70!x!2!=!77,40!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!38,39!x!2!=!76,78!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!615,54/!16!!
MÉDIA!de!fracções!intermédias!=!38,47!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!322,34/!8!=!40,29!KWh/m2.ano!
A! primeira! conclusão! definiu! uma! diferença! de! 15! KWh/m2.ano! entre! uma!
moradia! e! uma! fracção! num! prédio! de! 8! pisos,! ou! seja! uma! diferença! cerca! de!
30%.!!
Percebeugse!também!que!é!praticamente!irrelevante!a!diferença!térmica!a!partir!
do!4º!piso.!
Cada!moradia:!1064,5€!(88,71€/mês)!
Cada!moradia!geminada:!7747,5!Kw/ano,!logo!1007,17€!(83,93€/mês)!
Apartamentos!(2!pisos):!6864!Kw/ano,!logo!892,32€!(74,36€/mês)!
Apartamentos!(4!pisos):!6316,5!Kw/ano,!logo!821,15€!(68,43€/mês)!
Apartamentos!(8!pisos):!6043,5!Kw/ano,!logo!785,66€!(65,47€/mês)!
Tudo!isto!pressupôsgse!a!o!cálculo!do!Kw!em!2011!a!0,13€,!sem!conhecimento!de!
alteração! de! valores! da! energia,! mas! prevendo! que! esta! simplesmente!
aumentasse.!Aplicougse!o!mesmo!critério!de!climatização!por!bombas!de!calor!no!
cálculo!anterior.!
Cada!Moradia:!296,21€!+!70,36€!=!366,57!(30,55€/mês)!
Cada!moradia!geminada:!280€!+!67€!=!347€!(28,92€/mês)!
Apartamentos!(2!pisos):!6864!Kw/ano,!logo!892,32€!(74,36€/mês)!
XIX!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
NIc! 36,95! +! NVc! 8,81! =! 5542,5! Kw/ano! +! 1321,5! Kw/ano! =! 1847,5! Kw/ano! +!
528,6!Kw/ano!=!308,9!€!(25,74!€/mês)!
Apartamentos!(4!pisos):!6316,5!Kw/ano,!logo!821,15€!(68,43€/mês)!
NIc! 33,31! +! NVc! 8,81! =! 4996,5! Kw/ano! +! 1321,5! Kw/ano! =! 1665,5! Kw/ano! +!
528,6!Kw/ano!=!285,23!€!(23,77!€/mês)!
Apartamentos!(8!pisos):!6043,5!Kw/ano,!logo!785,66€!(65,47€/mês)!
NIc!31,48!+!NVc!8,81!=!4722!Kw/ano!+!1321,5!Kw/ano!=!1574!Kw/ano!+!528,6!
Kw/ano!=!273,34!€!(22,78€/mês)!
Concluindo!este!levantamento,!verificougse!que!a!diferença!média!entre!torres!e!
quarteirões!é!de!cerca!2,5!kw/m2.ano.!Significa!uma!diferença!média!por!fogo!de!
400kw/ano! (6445,5! Kw/ano! g! 6043,5! Kw/ano)! e! uma! diferença! para! as!
moradias!isoladas!de!2145!Kw/ano!(8188,5!Kw/ano!–!6043,5!Kw/ano)!ou!seja!
uma!redução!superior!a!25%.!
COMPARAÇÃO(COM(OUTRAS(ZONAS(CLIMATICAS(
Conforme! foi! referido,! estes! estudos! relacionamgse! entre! fracções! com! os!
requisitos!mínimos!necessários!a!um!bom!comportamento!térmico.!Mas!não!é!o!
caso!de!uma!percentagem!muito!próximo!dos!100%!das!fracções!no!concelho!de!
Lisboa.! Por! sua! vez,! os! dados! foram! calculados! numa! área! urbana! de! Lisboa,!
longe! de! zonas! expostas! e! agressivas! ao! mar! e! ao! vento.! Por! último,! os! valores!
climáticos! mediterrânicos! em! Lisboa! são! bastante! mais! equilibrados! que! em!
grande! parte! dos! restantes! concelhos! em! Portugal,! prevendo! deste! modo! que!
todos!os!valores!nos!restantes!concelhos!são!superiores.!
Neste! sentido,! façamos! um! exemplo! de! outras! zonas,! nomeadamente! Porto,!
Castelo! Branco! e! Oleiros.! Os! níveis! climáticos! de! Portugal! segundo! o! SCE! são!
definidos! por! I1,I2! e! I3! para! o! Inverno,! sendo! o! I1! mais! ameno! e! I3! mais!
XX!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
agressivo,!assim!para!o!Verão!V1,!V2!e!V3!sendo!V1!o!mais!ameno!e!V3!o!mais!
forte.!Lisboa!é!considerado!I1!V2,!Porto!I2!V1,!Castelo!Branco!I2!V3!e!Oleiros!I3!e!
V3.!
Deste!modo,!para!moradias!obtemos!as!seguintes!diferenças:!
Lisboa!!
NIC!=!45,57!e!NVC!=!9,02!TOTAL!anual!de!54,59!KWh/m2.ano!
Porto!
NIC!=!64,65!e!NVC!=!1,2!TOTAL!anual!de!65,85!KWh/m2.ano!
Castelo!Branco!!
NIC!=!66,9!e!NVC!=!5,71!TOTAL!anual!de!72,61!KWh/m2.ano!
Oleiros!!
NIC!=!100,37!e!NVC!=!5,71!TOTAL!anual!de!105,38!KWh/m2.ano!
Significa!que!a!despesa!anual!é!de:!
Lisboa!
8188,5!KWh/ano!=!1064,5!€!
Porto!
9877,5!KWh/ano!=!1284,08!€!
Castelo!Branco!
10891,5!KWh/ano!=!1415,90!€!
Oleiros!
15807!KWh/ano!=!2054,91!€!
Numa! primeira! conclusão! entendegse! que! zonas! como! Vila! Real,! Bragança,!
Guarda! ou! Oleiros! sofrem! quase! o! dobro! da! despesa! energética! que! as! áreas!
XXI!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
climáticas! da! área! metropolitana! de! Lisboa.! Seria! um! hipotético! pressuposto!
considerar!esta!particularidade!como!uma!das!razões!do!estabelecimento!social!
maioritário!da!população!portuguesa!nesta!zona!respectiva.!!
Comparemos!agora!os!casos!de!quarteirões:!
Lisboa((
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!43,84!
x!8!=!350,72!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!44,46!
x!4!=!177,84!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!44,30!x!2!=!88,60!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!35,26!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!43,99!x!2!=!87,98!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!705,14/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!44,07!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!47,22!
x!8!=!377,76!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!47,84!
x!4!=!191,36!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!47,68!x!2!=!95,36!KWh/m2.ano!
XXII!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!38,64!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!47,37!x!2!=!94,74!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!759,22/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!47,45!KWh/m2.ano!
2º!a!7º!Pisos!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!!8,58,!sendo!o!Total!de!38,24!
x!8!=!305,92!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!9,20!sendo!o!Total!de!38,86!
x!4!=!155,44!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!=!
9,04,!sendo!o!total!de!38,70!x!2!=!77,40!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!29,66!e!NVC!
=!8,73,!sendo!o!total!de!38,39!x!2!=!76,78!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!615,54/!16!!
MÉDIA!de!fracções!intermédias!=!38,47!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!322,34/!8!=!40,29!KWh/m2.ano!
Porto(
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!50,65!e!NVC!=!!1,35,!sendo!o!Total!de!52,0!x!
8!=!408,00!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!50,65!e!NVC!=!1,51!sendo!o!Total!de!52,16!
x!4!=!208,64!KWh/m2.ano!
XXIII!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!50,65!e!NVC!=!
1,49,!sendo!o!total!de!52,14!x!2!=!104,28!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!50,65!e!NVC!
=!1,38,!sendo!o!total!de!52,03!x!2!=!104,06!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!824,98/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!51,56!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!55,25!e!NVC!=!!1,35,!sendo!o!Total!de!56,6!x!
8!=!452,8!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!55,25!e!NVC!=!1,51!sendo!o!Total!de!56,76!
x!4!=!227,04!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!55,25!e!NVC!=!
1,49,!sendo!o!total!de!56,74!x!2!=!113,48!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!55,25!e!NVC!
=!1,38,!sendo!o!total!de!56,63!x!2!=!113,26!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!906,58/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!56,66!KWh/m2.ano!
2º!a!7º!Pisos!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!43,01!e!NVC!=!!1,35,!sendo!o!Total!de!44,36!
x!8!=!354,88!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!43,01!e!NVC!=!1,51!sendo!o!Total!de!44,52!
x!4!=!178,08!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!43,01!e!NVC!=!
1,49,!sendo!o!total!de!44,5!x!2!=!89,0!KWh/m2.ano!
XXIV!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!43,01!e!NVC!
=!1,38,!sendo!o!total!de!44,39!x!2!=!88,78!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!710,74/!16!!
MÉDIA!de!fracções!intermédias!=!44,42!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!374,74/!8!=!46,84!KWh/m2.ano!
Castelo(Branco((
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!52,54!e!NVC!=!!5,71!sendo!o!Total!de!58,25!x!
8!=!466,0!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!52,54!e!NVC!=!6,17!sendo!o!Total!de!59,71!
x!4!=!238,84!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!52,54!e!NVC!=!
6,09!sendo!o!total!de!58,63!x!2!=!117,26!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!52,54!e!NVC!
=!5,79!sendo!o!total!de!58,33!x!2!=!116,66!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!938,76/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!58,67!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!57,26!e!NVC!=!!5,71,!sendo!o!Total!de!62,97!
x!8!=!503,76!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!57,26!e!NVC!=!6,17!sendo!o!Total!de!63,43!
x!4!=!253,72!KWh/m2.ano!
XXV!
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Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!57,26!e!NVC!=!
6,09!sendo!o!total!de!63,35!x!2!=!126,7!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!57,26!e!NVC!
=!5,79!sendo!o!total!de!63,05!x!2!=!126,1!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!1010,26/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!63,14!KWh/m2.ano!
2º!a!7º!Pisos!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!44,71!e!NVC!=!!5,71!sendo!o!Total!de!50,42!x!
8!=!403,36!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!44,71!e!NVC!=!6,17!sendo!o!Total!de!50,88!
x!4!=!203,52!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!44,71!e!NVC!=!
6,09!sendo!o!total!de!50,8!x!2!=!101,6!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!44,71!e!NVC!
=!5,79!sendo!o!total!de!50,5!x!2!=!101!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!809,48/!16!!
MÉDIA!de!fracções!intermédias!=!50,59!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!425,37/!8!=!53,17!KWh/m2.ano!!
Oleiros((
(Encontro!de!médias!de!fracção)!
Piso!térreo!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!80,79!e!NVC!=!!5,71!sendo!o!Total!de!86,50!x!
8!=!692,0!KWh/m2.ano!
XXVI!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!80,79!e!NVC!=!6,17!sendo!o!Total!de!86,96!
x!4!=!347,76!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!80,79!e!NVC!=!
6,09!sendo!o!total!de!86,88!x!2!=!173,76!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!80,79!e!NVC!
=!5,79!sendo!o!total!de!86,58!x!2!=!173,16!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!1386,68/!16!!
MÉDIA!de!fracção!térrea!=!86,67!KWh/m2.ano!
Último!Piso!!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!87,23!e!NVC!=!!5,71,!sendo!o!Total!de!92,94!
x!8!=!743,52!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!87,23!e!NVC!=!6,17!sendo!o!Total!de!93,40!
x!4!=!373,60!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!87,23!e!NVC!=!
6,09!sendo!o!total!de!93,32!x!2!=!186,64!KWh/m2.ano!
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Norte!são!2,!logo!NIC!=!87,23!e!NVC!
=!5,79!sendo!o!total!de!93,02!x!2!=!186,04!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!1489,8/!16!!
MÉDIA!das!últimas!fracções!=!93,11!KWh/m2.ano!
2º!a!7º!Pisos!
Fracções!Norte/Sul!são!8,!logo!NIC!=!70,07!e!NVC!=!!5,71!sendo!o!Total!de!75,78!x!
8!=!606,24!KWh/m2.ano!
Fracções!Este/!Oeste!são!4,!logo!NIC!=!70,07!!e!NVC!=!6,17!sendo!o!Total!de!76,24!
x!4!=!304,96!KWh/m2.ano!
XXVII!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
Fracções!de!Gaveto!com!uma!das!orientações!Sul!são!2,!logo!NIC!=!70,07!!e!NVC!=!
6,09!sendo!o!total!de!76,16!x!2!=!152,32!KWh/m2.ano!
Fracções! de! Gaveto! com! uma! das! orientações! Norte! são! 2,! logo! NIC! =! 70,07! ! e!
NVC!=!5,79!sendo!o!total!de!75,86!x!2!=!151,72!KWh/m2.ano!
TOTAL!=!1215,24/!16!!
MÉDIA!de!fracções!intermédias!=!75,95!KWh/m2.ano!
Média!Final!de!todas!as!Fracções!=!635,50/!8!=!79,44!KWh/m2.ano!!
Significa!que!a!despesa!anual!é!de:!
Lisboa!
6043,5!KWh/ano!=!785,66!€!
Porto!
7026!KWh/ano!=!913,38!€!
Castelo!Branco!
7975,5!KWh/ano!=!1036,81!€!
Oleiros!
11915!KWh/ano!=!1549!€!
Resumindo,!entre!zonas!climáticas!a!diferença!de!moradias!e!quarteirões!é:!
!Lisboa!
2145!KWh/ano!=!278,85€!
8188,5!KWh/ano!=!1064,5!€!
6043,5!KWh/ano!=!785,66!€!
Porto!
2861,5!KWh/ano!=!372€!
XXVIII!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
9877,5!KWh/ano!=!1284,08!€!
7026!KWh/ano!=!913,38!€!
120%!
116%!
Castelo!Branco!
2916!KWh/ano!=379,08€!
10891,5!KWh/ano!=!1415,90!€!
7975,5!KWh/ano!=!1036,81!€!
133%!
132%!
Oleiros!
3892!KWh/ano!=!505,96!
15807!KWh/ano!=!2054,91!€!
11915!KWh/ano!=!1549!€!
193%!
197%!
!
!
!
!
!
!
!
XXIX!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
APENDICE 1
!
3.(Inquérito(à(população((
O!presente!inquérito,!analisado!e!apresentado!na!tese,!foi!efectuado!
directamente!com!o!cidadão!de!modo!a!obter!uma!resposta!mais!verdadeira!sem!
que!este!pudesse!recorrer!a!ajuda!ou!motores!de!busca.!Foi!utilizado!um!sistema!
de!hardware!da!Apple!computers,!IPAD,!e!seu!software!respectivo,!Numbers.!
!
Figura(3B(Dados(do(inquérito(à(populaçao((
XXX!
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
PEDRO MANUEL MACHADO DA SILVA FARIA
ANEXOS
Lisboa
2012
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
ANEXO 1
"
ANEXOS'
"
O"referente"capítulo"do"apêndice"diz"respeito"aos"estudos"cálculos"fornecidos"
pela"ADENE"e"INE,"dos"bairros"estudados"e"apresentados"na"tese,"intitulados"de"
inicio"como"«Estudos"da"realidade"nacional"(território"mediterrânico)»."
"
"
"
Figura'1'–'Alguns'mapas'de'identificação'de'zonas'de'estudo'de'Lisboa'fornecidos'pelo'INE'
"
I"
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Pedro Manuel Machado da Silva Faria
ANEXO 1
"
Figura'2B'Dados'térmicos'fornecidos'pela'ADENE'
"
II"
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas