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A inclusão de alunos com deficiência no ensino superior: uma análise de seu acesso e permanência
ROCHA, TB., and MIRANDA, TG. A inclusão de alunos com deficiência no ensino superior: uma
análise de seu acesso e permanência. In: DÍAZ, F., et al., orgs. Educação inclusiva, deficiência e
contexto social: questões contemporâneas [online]. Salvador: EDUFBA, 2009, pp. 27-37. ISBN: 978-
85-232-0928-5. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.
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A INCLUSÃO DE ALUNOS COM
DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR:
uma análise de seu acesso e permanência
Telma Brito Rocha
Theresinha Guimarães Miranda
INTRODUÇÃO
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desenvolvimento de novas práticas a partir das tecnologias, para que se possa
experimentar práticas pedagógicas mais democráticas e plurais.
A sociedade, no seu dia-a-dia, precisa se adaptar às necessidades das pes-
soas com deficiência, dividindo espaços com igualdade e, principalmente, com
respeito e aceitação às diferenças. As formas limitadas como as escolas e insti-
tuições ainda atuam, têm levado parcela considerável dos alunos à exclusão,
principalmente das minorias – sejam elas sociais, sexuais, de grupos étnicos ou
de pessoas com deficiência. A base da inclusão consiste no conceito de que toda
pessoa tem o direito à educação e que esta deve levar em conta seus interesses,
habilidades e necessidades de aprendizagem.
De acordo com estudos de Fortes (2005) é através de instituições de ensi-
no regular que as atitudes discriminatórias se devem combater, propiciando
condições para o desenvolvimento de comunidades integradas, que é a base da
construção da sociedade inclusiva e consequentemente obtenção de uma real
educação para todos.
Embora, a implementação dessa sociedade inclusiva esteja apenas co-
meçando, a consecução do processo de inclusão de todos os alunos na escola
básica ou na universidade não se efetua apenas por decretos ou mesmo leis,
pois requer uma mudança profunda na forma de encarar a questão e de pro-
por intervenções e medidas práticas com a finalidade de transpor as barreiras
que impedem ou restringem o acesso e permanência de pessoas com deficiên-
cia.
O presente trabalho apresenta o diagnóstico das condições de acesso e
permanência do total de 15 alunos que possuem deficiência numa universidade
federal e discute ainda as tecnologias computacionais para apoio às pessoas com
deficiência, afim de que elas possam desenvolver suas atividades didático-peda-
gógicas na instituição, proporcionando à pessoa com deficiência maior autono-
mia, qualidade de vida e inclusão social.
A proposta metodológica para desenvolvimento desta pesquisa foi reali-
zada através da abordagem qualitativa, através do estudo de caso. Segundo
Ludke e André (1995, p. 44) “essa abordagem de pesquisa tem preocupação
maior com o processo do que com o produto [...].”
Inicialmente foi realizada pesquisa bibliográfica, e documental, a respei-
to da legislação sobre inclusão e necessidades educativas especiais. Logo após foi
realizada a identificação dos alunos com deficiência, através de cadastro da uni-
versidade, em seguida foram entrevistados 15 alunos com deficiência matricu-
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lados, e 15 coordenadores de cursos, com os quais foram aplicados questionári-
os semiestruturados.
As categorias de análise foram: caracterização da pessoa com deficiência,
caracterização da escolaridade anterior do estudante, condições de ensino e apren-
dizagem na educação superior e de acesso às TIC, em especial às Tecnologias
Assistivas.
A Tecnologia Assistiva (TA) é um termo ainda novo, é utilizado para
identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporci-
onar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e
consequentemente promover vida independente e inclusão. Ela vem dar supor-
te para efetivar o novo paradigma da inclusão na escola e na sociedade para
todos, que tem abalado os preconceitos que as práticas e os discursos anteriores
forjaram sobre e pelos deficientes.
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- Lei n. 10.098/00 - Estabelece normas gerais e critérios básicos para promo-
ção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida e dá outras providências;
- Lei n. 10.172/01 - Aprova o Plano Nacional de Educação e estabelece obje-
tivos e metas para a educação de pessoas com necessidades educacionais espe-
ciais;
- Decreto n. 5.296/04 - Regulamenta as Leis n. 10.048/00, que dá priorida-
de de atendimento às pessoas com deficiência, e 10.098/00, que estabelece
normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pes-
soas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras pro-
vidências.
- Lei n. 9.394/96 - Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional;
- Decreto n. 3.289/99 - Regulamenta a Lei n. 7.853/89, que dispõe sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, conso-
lida as normas de proteção e dá outras providências;
- Portaria MEC n. 1.679/99 - Dispõe sobre os requisitos de acessibilidade a
pessoas portadoras de deficiência para instruir processos de autorização e de
reconhecimento de cursos e de credenciamento de instituições.
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o atendimento apenas à infraestrutura espacial, não conseguem minimizar a
exclusão destes alunos no ensino superior. Aspectos como as condições didático-
pedagógica de trabalho de professores, comprometido pela falta de tecnologias
de ajuda para operacionalização de um processo de aprendizagem e inclusão
deste aluno de modo pleno, encontram-se entre os principais obstáculos verifi-
cados no referido estudo.
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[...] enquanto os alunos com deficiência física têm como critério
para sua acessibilidade a existência de espaços físicos adaptados
(rampas, corrimões, trincos de porta, banheiros, bebedouros,
telefones públicos, etc.), em relação à deficiência visual, a acessi-
bilidade depende de materiais como computadores com softwares
adequados, impressoras Braille, etc. No concernente a surdez, o
aluno deve ter direito a um intérprete em Língua Brasileira de
sinais – LIBRAS - por exemplo. (MIRANDA, 2006, p. 6).
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Santos (2001) acentua, ainda, a necessidade de se impedir que o foco nas
diferenças contribua para isolar grupos, para criar guetos e, consequentemente,
para aumentar, na sociedade, a fragmentação que se quer eliminar. É preciso
nos prevenir, sustenta, contra um novo apartheid cultural que, visando a criar
igualdade, reafirme a separação. A história mostra-nos que igual desenvolvi-
mento e separação jamais conseguiram coexistir. Com separação não há igual-
dades, há apartheids. “A igualdade só existe quando há possibilidade de se com-
pararem às coisas.” (SANTOS, 2001, p. 22).
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transporte, para aqueles que não possuem carro próprio, dentro do campus,
possibilitando ao deficiente físico/cadeirante, dirigir-se com maior facilidade
entre as diferentes unidades onde eles possuem aulas. Para o aluno que não
possui carro da família a locomoção aos diferentes espaços onde possuem au-
las é ainda muito mais difícil. Como afirma o depoimento de um aluno
cadeirante abaixo:
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Como podemos verificar, além de demandas materiais, outras questões
ligadas às práticas pedagógicas dos professores se fazem necessárias. A formação
de professores no magistério superior para áreas que não são pedagógicas, ge-
ralmente, não conta com disciplinas que preparem para o ensino em seus currí-
culos. Por isso, os professores desconhecem as questões relacionadas às necessi-
dades educativas especiais.
Quanto ao acesso às TIC, dos 15 alunos, 14 possuem computadores em
suas residências com acesso à internet banda larga, realizam a edição de todos os
seus trabalhos acadêmicos em casa, e acessam e-mail diariamente. Por outro
lado, uma das alunas relatou que, por conta da falta de acessibilidade do labora-
tório de sua unidade de ensino, ela tem que acessar a internet em lan house do
bairro onde mora, ou se deslocar até o setor Braile da Biblioteca Central do
Estado da Bahia para edição dos seus trabalhos acadêmicos.
Entrevistas com o total de 15 coordenadores de cursos onde existem es-
tudantes com deficiência, revelaram o desconhecimento, no tocante às questões
conceituais sobre Educação Especial. Os mesmos apontaram a importância de
estar discutindo legislação, diagnóstico e aprendizagem sobre a pessoa com de-
ficiência entre docentes e funcionários técnico-administrativo. Assim, poderi-
am melhor incluir os deficientes na rotina acadêmica. Sugestões de uma entre-
vistada apontam alguns caminhos:
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mas estratégias para desenvolver seu trabalho com alunos que apresentam ne-
cessidades específicas, de modo a poder oferecer-lhes respostas adequadas em
habilidades e atitudes relacionadas às situações cotidianas. O autor entende que
“[...] os objetivos da formação inicial deveria incluir dimensões relativas aos
conhecimentos, destrezas, processo de atenção à diversidade dos alunos.”
(GONZÁLEZ, 2002, p. 245).
Se esses alunos tivessem acesso aos recursos tecnológicos que estão dispo-
níveis na sociedade teriam, com certeza, uma melhor qualidade de seu processo
de aprendizagem e consequente inclusão no meio acadêmico em que circulam.
Nessa perspectiva, algumas tecnologias assistivas favorecem o atendimento edu-
cacional dos acadêmicos com deficiência na Universidade.
CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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