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Língua Portuguesa 1

2 Língua Portuguesa

SUMÁRIO DO VOLUME
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Inversão ou mudança 5
Texto e interpelação (No retiro da figueira, Moacyr Scliar) 5
Cotexto e contexto (Elementos da comunicação) 9
Do conceito à prática (Conto) 15
Análise linguística (Noções de fonética e fonologia) 22
Exercícios propostos 31
2. Inter(agindo) 35
Texto e interpelação (Os loucos, os normais e o Estado, Eliane Brum) 35
Cotexto e contexto (Intertextualidade tipológica, intergenericidade) 41
Do conceito à prática (Dissertação argumentativa) 46
Análise linguística (Elementos mórficos) 52
Exercícios propostos 58
3. Palpites, opiniões e escolhas 62
Texto e interpelação (A Vaga, Rodrigo Hayashi) 62
Cotexto e contexto (Implícitos — pressupostos e subentendidos) 64
Do conceito à prática (Dissertação argumentativa — ENEM) 68
Análise linguística (Pronome relativo) 74
Exercícios propostos 78
4. Panela de pressão 82
Texto e interpelação (Gato gato gato, Otto Lara Resende) 82
Cotexto e contexto (Coerência) 85
Do conceito à prática (Manifesto) 88
Análise linguística (Pronome relativo) 91
Exercícios propostos 95
Língua Portuguesa 3

SUMÁRIO COMPLETO
Volume 1

1. Inversão ou mudança
• Elementos da comunicação; noções de fonética e fonologia; conto
2. Inter(agindo)
• Intertextualidade tipológica, intergenericidade; elementos mórficos; dissertação argumentativa
3. Palpites, opiniões e escolhas
• Implícitos — pressupostos e subentendidos; pronome relativo; dissertação argumentativa — ENEM
4. Panela de pressão
• Coerência; pronome relativo; manifesto

Volume 2

5. Dúvidas e certezas
• Coesão; verbo; editorial
6. Na minha época...
• Vícios de linguagem; verbo; artigo de opinião
7. Círculo vicioso
• Ambiguidade, polissemia; sintaxe do período simples; artigo de opinião
8. Será?
• As diferentes gramáticas; morfossintaxe; seminário

Volume 3

9. Apreender e aprender
• Motivação icônica; regência verbal e nominal; entrevista
10. Não foi assim que sonhei
• Manifestações artísticas não verbais; crase; comentário crítico
11. Valentes e valentões
• Construção do humor; colocação pronominal; resenha
12. Não fale; não, fale
• Sonoridade; colocação pronominal; relatório
4 Língua Portuguesa
Língua Portuguesa 5
Inversão ou mudança

1. INVERSÃO OU MUDANÇA

Texto e interpelação
Você e sua família já pensaram em se mudar de casa, de bairro para um lugar mais seguro, tentando se
afastar da violência? A família descrita neste conto de Moacyr Scliar se rendeu à promessa de tranquilidade
e de paz de um condomínio fechado. Será que conseguiram ficar protegidos da violência? Será que isso é
possível?

NO RETIRO DA FIGUEIRA

Sempre achei que era bom demais. O lugar, principalmente. O lugar era... era maravilhoso. Bem como
dizia o prospecto: maravilhoso. Arborizado, tranquilo, um dos últimos locais – dizia o anúncio – onde você
pode ouvir um bem-te-vi cantar. Verdade: na primeira vez que fomos lá ouvimos o bem-te-vi. E também
constatamos que as casas eram sólidas e bonitas, exatamente como o prospecto as descrevia: estilo moderno,
sólidas e bonitas. Vimos os gramados, os parques, os pôneis, o pequeno lago. Vimos o campo de aviação.
Vimos a majestosa figueira que dava nome ao condomínio: Retiro da Figueira.
Mas o que mais agradou à minha mulher foi a segurança. Durante todo o trajeto de volta à cidade – e
eram uns bons cinquenta minutos – ela falou, entusiasmada, da cerca eletrificada, das torres de vigia, dos
holofotes, do sistema de alarmes – e sobretudo dos guardas. Oito guardas, homens fortes, decididos – mas
amáveis, educados. Aliás, quem nos recebeu naquela visita, e na seguinte, foi o chefe deles, um senhor tão
inteligente e culto que logo pensei: “ah, mas ele deve ser formado em alguma universidade”. De fato: no
decorrer da conversa ele mencionou – mas de maneira casual – que era formado em Direito. O que só fez
aumentar o entusiasmo de minha mulher.
Ela andava muito assustada ultimamente. Os assaltos violentos se sucediam na vizinhança; trancas e
porteiros eletrônicos já não detinham os criminosos. Todos os dias sabíamos de alguém roubado e espancado;
e quando uma amiga nossa foi violentada por dois marginais, minha mulher decidiu – tínhamos de mudar de
bairro. Tínhamos de procurar um lugar seguro.
Foi então que enfiaram o prospecto colorido sob nossa porta. Às vezes penso que se morássemos num
edifício mais seguro o portador daquela mensagem publicitária nunca teria chegado a nós, e, talvez... Mas isto
agora são apenas suposições. De qualquer modo, minha mulher ficou encantada com o Retiro da Figueira.
Meus filhos estavam vidrados nos pôneis. E eu acabava de ser promovido na firma. As coisas
todas se encadearam, e o que começou com um prospecto sendo enfiado sob a porta
transformou-se – como dizia o texto – num novo estilo de vida.
Não fomos os primeiros a comprar casa no Retiro da Figueira. Pelo contrário;
entre nossa primeira visita e a segunda – uma semana após – a maior parte
das trinta residências já tinha sido vendida. O chefe dos guardas me apresentou
a alguns dos compradores. Gostei deles: gente como eu, diretores de empresa,
profissionais liberais, dois fazendeiros. Todos tinham vindo pelo prospecto. E quase
todos tinham se decidido pelo lugar por causa da segurança.
Naquela semana descobri que o prospecto tinha sido enviado apenas a uma
quantidade limitada de pessoas. Na minha firma, por exemplo, só eu o tinha recebido. Minha
mulher atribuiu o fato a uma seleção cuidadosa de futuros moradores – e viu nisso mais um motivo
de satisfação. Quanto a mim, estava achando tudo muito bom. Bom demais.
Mudamo-nos. A vida lá era realmente um encanto. Os bem-te-vis eram
pontuais: às sete da manhã começavam seu afinado concerto. Os
pôneis eram mansos, as aleias ensaibradas estavam sempre
limpas. A brisa agitava as árvores do parque – cento e doze,
bem como dizia o prospecto. Por outro lado, o sistema
de alarmes era impecável. Os guardas compareciam
periodicamente à nossa casa para ver se estava tudo bem –
sempre gentis, sempre sorridentes. O chefe deles era uma
pessoa particularmente interessada: organizava festas e
torneios, preocupava-se com nosso bem-estar. Fez uma
lista dos parentes e amigos dos moradores – para qualquer
6 Língua Portuguesa
Inversão ou mudança

emergência, explicou, com um sorriso tranquilizador. O primeiro mês decorreu – tal como prometido no
prospecto – num clima de sonho. De sonho, mesmo.
Uma manhã de domingo, muito cedo – lembro-me que os bem-te-vis ainda não tinham começado a cantar
– soou a sirene de alarme. Nunca tinha tocado antes, de modo que ficamos um pouco assustados – um
pouco, não muito. Mas sabíamos o que fazer: nos dirigimos, em ordem, ao salão de festas, perto do lago.
Quase todos ainda de roupão ou pijama.
O chefe dos guardas estava lá, ladeado por seus homens, todos armados de fuzis. Fez-nos sentar,
ofereceu café. Depois, sempre pedindo desculpas pelo transtorno, explicou o motivo da reunião: é que havia
marginais nos matos ao redor do Retiro e ele, avisado pela polícia, decidira pedir que não saíssemos naquele
domingo.
– Afinal – disse, em tom de gracejo – está um belo domingo, os pôneis estão aí mesmo, as quadras de
tênis...
Era mesmo um homem muito simpático. Ninguém chegou a ficar verdadeiramente contrariado.
Contrariados ficaram alguns no dia seguinte, quando a sirene tornou a soar de madrugada. Reunimo-nos
de novo no salão de festas, uns resmungando que era segunda-feira, dia de trabalho. Sempre sorrindo, o
chefe dos guardas pediu desculpas novamente e disse que infelizmente não poderíamos sair – os marginais
continuavam nos matos, soltos. Gente perigosa; entre eles, dois assassinos foragidos. À pergunta de um
irado cirurgião o chefe dos guardas respondeu que, mesmo de carro, não poderíamos sair; os bandidos
poderiam bloquear a estreita estrada do Retiro.
– E vocês, por que não nos acompanham? – perguntou o cirurgião.
– E quem vai cuidar da família de vocês? – disse o chefe dos guardas, sempre sorrindo.
Ficamos retidos naquele dia e no seguinte. Foi aí que a polícia cercou o local: dezenas de viaturas com
homens armados, alguns com máscaras contra gases. De nossas janelas nós os víamos e reconhecíamos: o
chefe dos guardas estava com a razão.
Passávamos o tempo jogando cartas, passeando
ou simplesmente não fazendo nada. Alguns estavam
até gostando. Eu não. Pode parecer presunção dizer
isto agora, mas eu não estava gostando nada daquilo.
Foi no quarto dia que o avião desceu no campo de
pouso. Um jatinho. Corremos para lá. Moacyr Jaime Scliar
nasceu a 23 de março
Um homem desceu e entregou uma maleta ao chefe de 1937. Seus pais,
dos guardas. Depois olhou para nós – amedrontado, José e Sara Scliar,
pareceu-me – e saiu pelo portão da entrada, quase vieram da Rússia e
chegaram ao Brasil
correndo. em 1904. Filho mais
O chefe dos guardas fez sinal para que não nos velho do casal, desde
pequeno demonstrou
aproximássemos. Entrou no avião. Deixou a porta
inclinações literárias. O próprio nome Moacyr já
aberta, e assim pudemos ver que examinava o é resultado dessa afinidade com as letras. Sua
conteúdo da maleta. Fechou-a, chegou à porta e fez mãe o escolheu após a leitura do livro Iracema,
de José de Alencar. Ele próprio dizia: “os nomes
um sinal. Os guardas vieram correndo, entraram todos são recados dos pais para os filhos e são como
no jatinho. A porta se fechou, o avião decolou e sumiu. ordens a serem cumpridas para o resto da
Nunca mais vimos o chefe e seus homens. Mas vida”. Mas em 2011 perdemos um dos escritores
mais representativos da literatura brasileira
estou certo que estão gozando o dinheiro pago por contemporânea, autor de mais de 74 livros dos
nosso resgate. Uma quantia suficiente para construir mais variados gêneros.
dez condomínios iguais ao nosso – que eu, diga-se de Segundo o escritor gaúcho Luiz Antônio Assis
Brasil, “Cada leitor da obra do Scliar tem seu
passagem, sempre achei que era bom demais. gênero preferido. Mas todos reconhecem nele,
Texto de Moacyr Scliar. acima de tudo, seja na ficção, no ensaio ou na
LADEIRA, Julieta de Godoy. Contos Brasileiros crônica, um estilo altamente humanista, que o
Contemporâneos. São Paulo. Salamandra, 2005. torna dono de valores universais.”

CUIDADO
CERCA
ELÉTRICA
Língua Portuguesa 7
Inversão ou mudança

1 a) Identifique no texto de Scliar:


• o tipo de narrador e o foco narrativo.

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• o espaço em que se passa a maioria dos fatos.

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• o tipo de tempo empregado (cronológico ou psicológico).

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• os principais personagens.

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b) Sintetize o enredo do conto lido.

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2 Indique o motivo que levou a família retratada no conto a se interessar pelo anúncio.

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3 É muito comum, para atender a algumas necessidades, indeterminar o sujeito das formas verbais.
a) Explique por que esse recurso foi utilizado neste trecho: “Foi então que enfiaram o prospecto colorido
sob nossa porta.”

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b) Crie um diálogo em que o sujeito tenha sido indeterminado, mas agora por outro motivo.

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4 Alguns autores comparam o conto a uma fotografia, pois ele preza o essencial, capta somente um
momento, despreza os excessos, os pormenores. Explicite o tema da vida moderna que é “fotografado”
pelo contista.

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5 Explique por que se pode dizer que o retiro representa um local antitético. Complemente sua resposta
pensando na mensagem do dito popular “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.”

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8 Língua Portuguesa
Inversão ou mudança

6 Fazendo uma análise histórica, comente e exemplifique esta afirmativa: A violência está enraizada no
próprio processo de colonização brasileiro.
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7 Os personagens desse conto representam moradores de uma cidade grande que enfrentam problemas
de violência. Será que o problema vivenciado por essas famílias, que tiveram de se mudar para tentar se
proteger, é hoje restrito às cidades de grande porte? Justifique.
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Saiba mais

Não é tão simples definir a palavra violência. Segundo sociólogos e pesquisadores desse tema, as
definições desse termo variam conforme suas fontes: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
o termo significa impor um grau intenso de dor e de sofrimento que não se pode evitar. Para os militantes
dos direitos humanos, é entendido como a violação dos direitos civis. Mas é importante ter cautela ao se
definir essa palavra. Os estudiosos acreditam que seu significado é muito mais complexo. A violência urbana,
retratada no texto, é apenas um tipo, e ela pode ser exemplificada como fruto da vida em sociedade na esfera
urbana: a influência do crime organizado, o tráfico de drogas, roubos, assaltos, assassinatos, etc.

A ESCALADA DA VIOLÊNCIA NA GRANDE SP


Onda de violência assusta os paulistanos e mostra uma escalada nos crimes em São Paulo

PANORAMA

MORTES NA GRANDE SÃO PAULO CRIMES VIOLENTOS REGISTRADOS


(2012) (de janeiro a setembro)

MÉDIA
ATUAL MORTES NO
FIM DE SEMANA
MÉDIA ATÉ

31
SETEMBRO
ENTRE 10 E 11
DE NOVEMBRO 185 990 171 531
10,6 6
DIA DIA
2012 2011
VÍTIMAS DE HOMICÍDIO CULPOSO
(de janeiro a setembro)
O QUE SÃO CRIMES VIOLENTOS?
12 1 843
20
HOMICÍDIO DOLOSO, ROUBO, LATROCÍNIO, ESTUPRO
11 E EXTORÇÃO MEDIANTE SEQUESTRO
20 1 616

Disponível em: <http://exame.abril.com.br>. (Adaptado) Acesso em: 20 jun. 2013.


Língua Portuguesa 9
Inversão ou mudança

8 Você certamente já comentou algum texto, infográfico ou gráfico na Internet. Analise o infográfico
apresentado e escreva sobre ele um comentário. Considere que o site com que você está interagindo é
o da revista Exame e não se esqueça de se identificar.

Comentários (2)
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Termos de uso Comentários sujeitos à moderação

Cotexto e contexto
Você já sabe que interlocutores são aqueles que participam de um dado processo comunicativo e que
a posição de locutor e de locutário pode alternar-se. Além desses dois elementos, há outros envolvidos em
um processo de comunicação. Leia atentamente o texto a seguir.

Vinha um navio inglês em mar alto, quando a bordo os marujos avistaram uma jangada. Pensaram que
eram náufragos agarrados àquela balsa rude. Pararam, atiraram cordas e gritaram palavras em inglês.
Os jangadeiros, sem entender, apanharam as cordas.
— Que será que eles querem, compadre?
O mestre da jangada pensou, sorriu e definiu matreiramente a situação.
— Acho que eles estão querendo reboque.
Disponível em: <www.linguacomtexto.com>. Acesso em: 23 jul. 2013.

Nesse caso, além da questão cultural, os homens de uma e de outra embarcação não conseguiram se
entender por não dominarem um mesmo código linguístico (não falavam o mesmo idioma): os marujos
ingleses não foram compreendidos pelos jangadeiros.
A fim de que um processo comunicativo se efetue, são necessários os seguintes elementos:

Canal ou meio A terminologia que


transmissor envolve cada um
dos elementos da
Emissor, Mensagem comunicação é bastante
remetente, discutida nos meios
Receptor, destinatário,
acadêmicos. Todavia,
falante ou ouvinte ou locutário aqui se apresentam
locutor Código diversas nomenclaturas
com o propósito de
Assunto, referente, prepará-los para
diferentes exames.
contexto ou objeto
10 Língua Portuguesa
Inversão ou mudança

Em outros termos: tem-se um


Emissor: é aquele que envia a mensagem – uma pessoa, uma
emissor, que emite uma dada mensagem empresa, uma emissora de televisão.
Mensagem: é o conteúdo das informações transmitidas pelo
sobre um assunto para um receptor. emissor.
Esse emissor utiliza-se de um canal Assunto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
Receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada – um
específico para emitir essa mensagem. indivíduo, um grupo de pessoas, toda a sociedade.
Canal de comunicação: é o meio pelo qual a mensagem será
A fim de que ela seja decodificada pelo propagada – Internet, carta, palestra, jornal.
receptor, é preciso que este e o emissor Código: é o conjunto de signos e de regras de combinação
desses signos utilizado para compor a mensagem – linguagem
dominem o código no qual está a verbal, linguagem não verbal.
mensagem.

Dessa forma, talvez a melhor representação fosse esta, mais próxima da adotada por alguns gramáticos
contemporâneos:

código
Emissor / Receptor /
mensagem
locutor locutário

canal

Referente / contexto

É possível, ainda, afirmar que a posição do emissor e do receptor pode ser alterada em alguns gêneros,
como, por exemplo, em um debate. Veja o exemplo a seguir:

Sala de aula
(canal)

Tudo o que é dito pelo


professor durante a aula
Professor de (mensagem) Alunos
História
(receptores)
(emissor) Língua Portuguesa
(código)

Guerra fria
(assunto)

Há outros recursos que podem interferir em uma situação comunicativa, como a intencionalidade
e/ou objetivo da comunicação, a situação em que ocorre e a organização da mensagem. Pense neste
exemplo, o objetivo do professor poderia ser aquisição de um novo conhecimento ou a ativação de um
conhecimento já existente nos alunos. Ele poderia apresentar o conteúdo em uma aula expositiva, em uma
aula interativa, por meio de um texto em prosa ou de um esquema.
Língua Portuguesa 11
Inversão ou mudança

9 Identifique os elementos da cadeia comunicativa de um telejornal, como o Jornal Nacional, o Jornal da


Band ou ainda outro a que você costuma assistir.
Emissor: __________________________________________________________________________
Receptor: __________________________________________________________________________
Mensagem: ________________________________________________________________________
Assunto: __________________________________________________________________________
Código: ___________________________________________________________________________
Canal: ____________________________________________________________________________
10 Faça o que lhe é solicitado em cada alternativa.
a) A mãe conversa com a filha pelo telefone e diz que não vai conseguir ir para casa almoçar. Solicita,
então, que a menina peça comida pelo telefone e que deixe a cozinha organizada depois de feita a
refeição. Nesse caso, qual é o canal utilizado nesse processo comunicativo?
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b) Um professor é convidado a participar de uma conferência na Alemanha como palestrante. Informado
de que não haverá tradutor, acha melhor recusar o convite visto que não é fluente nem em alemão nem
em inglês. Se ele participasse dessa conferência, com qual dos elementos da comunicação o professor
teria problemas?
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c) O guarda rodoviário solicita a um motorista que pare o carro em uma blitz que está acontecendo em
uma pista interestadual. Para tanto, faz um gesto com o braço. Nesse caso, qual elemento da comunicação
representa esse gesto?
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Texto para as duas próximas questões.

Em certa ocasião, uma família inglesa foi passar férias na Alemanha. Numa pequena cidade,
repararam em uma casa de campo que lhes pareceu boa para passarem as férias de verão. Falaram
com o proprietário, um pastor protestante, e pediram que lhes mostrasse a casa. Deixaram o aviso de
que voltariam no próximo verão.
Uma vez na Inglaterra, discutindo acerca da planta da casa, a senhora se lembrou de não ter visto o
“WC”. Escreveram imediatamente ao pastor para obter tal pormenor.
A carta foi escrita assim:

“Gentil Pastor:
Sou membro da família que há pouco o visitou a fim de alugar sua propriedade no próximo
verão. Mas, como nos esquecemos de um detalhe, muito agradeceríamos se nos informasse onde
se encontra o “WC”...

Julgando o pastor tratar-se da capela da seita inglesa “White Chapel”, respondeu assim:

“Gentil Senhora:
Recebi sua carta e tenho o prazer de comunicar-lhe que o local a que se refere fica a doze
quilômetros da casa. E isto é muito cômodo, sobretudo se tem o hábito de ir frequentemente; nesse
caso, é preferível levar comida para ficar o dia todo. Alguns vão a pé, outros de bicicleta. Há
lugar para 400 pessoas sentadas e 100 em pé. O ar é condicionado para evitar inconveniências
de aglomerações. Os assentos são de veludo e recomenda-se chegar cedo para pegar lugar sentado.
As crianças sentam-se ao lado dos adultos e todos cantam em coro. Na entrada, é fornecida
uma folha de papel para cada pessoa, mas, se alguém chegar depois da distribuição, pode usar
a folha do vizinho do lado. Tal folha deverá ser restituída para ser usada todo mês. Existem
também amplificadores de som. Tudo é recolhido para as crianças pobres da região. Fotógrafos
especiais tiram fotos para os jornais da cidade de modo que todos possam ver seus semelhantes
no cumprimento de um dever tão humano.
Atenciosamente.. .”
Recebido por e-mail
12 Língua Portuguesa
Inversão ou mudança

11 Considerando o texto anterior, indique o elemento da comunicação:


a) responsável pelo equívoco no texto.
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b) privilegiado na segunda correspondência.


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12 Ruído é o nome dado a todo e qualquer elemento que interfira num processo comunicativo, que prejudique
a compreensão da mensagem, podendo provocar leves distorções ou ausência total da compreensão do
texto. Esse problema pode ser mais ou menos frequente, dependendo do tipo de canal pelo qual circula
a mensagem. Em um texto manuscrito, por exemplo, uma letra de difícil leitura pode ser considerada
um ruído; em sala de aula, a conversa paralela também pode atrapalhar o entendimento de uma dada
mensagem; o preconceito e o conhecimento de mundo também podem prejudicar a compreensão.

Uma das formas de evitar o não entendimento da mensagem é ser redundante, visto que, quanto
mais vezes repetimos as informações que almejamos transmitir, menores são as chances de
haver falhas em sua decodificação. Todavia, é preciso considerar que, em alguns gêneros, a
redundância é vista como uma falha coesiva.

a) No texto em análise, o canal usado possibilita o surgimento de ruídos? Explique.


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b) Nesse caso, a redundância ocasionaria problemas de coesão ao texto? Justifique.


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De acordo com a intencionalidade do falante, privilegia-se um ou outro elemento da comunicação.


Considere, por exemplo, esta propaganda:

Disponível em: <http://roupanovaral.files.wordpress.com>. Acesso em: 23 jul. 2013.

Nesse caso, o objetivo é convencer o emissor a tomar uma determinada atitude, a assumir uma
postura definida, por isso o texto centra-se no receptor.
Língua Portuguesa 13
Inversão ou mudança

13 Identifique o elemento da comunicação privilegiado em cada um destes textos. Justifique sua resposta.
a) página
(pá.gi.na)
sf.
1) Cada um dos lados de uma folha de livro, caderno, jornal etc. [Col.: caderno.]
2) Texto ou figura que se encontra numa página: Já li dez páginas do relatório.
3) P.ext. Fragmento de um texto; PASSAGEM; TRECHO: Este romance tem belas páginas.
4) Art.gr. Fôrma us. na impressão desse texto.
5) Fig. Período ou acontecimento importante na vida de uma pessoa, na história de um povo etc.: Aquele
concerto foi uma página gloriosa de sua carreira.
6) Inf. Documento que se pode acessar na web da Internet. [Cf. homepage e site.]
7) Bot. Qualquer dos dois lados de uma folha; FACE.
8) Pop. Narração incômoda e aborrecida; ESTOPADA; MAÇADA
[F.: Do lat. pagina, ae. Hom./Par.: página (sf.), pagina (fl. de paginar). Ideia de: pagin -.]
Disponível em: <http://aulete.uol.com.br>. Acesso em: 25 jul. 2013.

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b)

PARE
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c)
FRANK, Diário de Anne.Tradução de; CALADO,
Ivair Alves. Rio de Janeiro: Best Bolso, 2012. (Adaptado)

Quinta-feira, 6 de Janeiro de 1944.

Querida Kitty,
Meu desejo de ter alguém com quem conversar
ficou tão insuportável que , de algum modo,
enfiei na cabeça que deveria escolher Peter.
Nas poucas ocasiões em que fui até o quarto
de Peter durante o dia, sempre achei que era
um lugar bom e aconchegante . Mas Peter é
educado demais para mandar alguém
embora. (...) Sempre tive medo de que ele me
acha�e intrometida. Tive um sentimento
maravilhoso quando olhei em seus olhos
azul-escuros e vi como ele ficara retraído com
minha visita inesperada.

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14 Língua Portuguesa
Inversão ou mudança

d)

“Boi tem força no pescoço, 

cavalo tem força no espinhaço,

Não queira experimentar a força que um goiano tem no braço”.


Verso de rodeio (autoria não registrada).

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Saiba mais

Segundo Roman Jakobson, linguista russo, a linguagem deve estar adequada às diferentes situações
comunicativas, as quais se relacionam ao objetivo que o locutor de uma dada mensagem pretende atingir.
Dessa forma, de acordo com a intenção comunicativa do emissor, ela privilegia um ou outro elemento
da comunicação, ou seja, predomina uma ou outra função de linguagem. Se são seis os elementos da
comunicação, são seis as funções da linguagem, como expõe o quadro a seguir.

Se o elemento tem-se a Nesse caso, Essa função é comumente


privilegiado é função * o emissor encontrada em

volta-se para si mesmo,


emotiva ou relatando, por exemplo, poemas líricos,
o emissor,
expressiva. suas emoções, seus autobiografias, diários
sentimentos.

poemas e textos em prosa


preocupa-se com a
que realçam o som ou
a mensagem, poética. organização, a sonoridade
trabalham com linguagem
e a formatação do texto.
conotativa.

utiliza o código para verbetes, gramáticas,


o código, metalinguística. explicar ou informar algo poemas sobre o fazer
sobre o próprio código. poético.

visa iniciar, interromper,


conversas rápidas em
o canal, fática. verificar a própria
elevador, ônibus.
comunicação.

objetiva transmitir a
mensagem de modo claro reportagens, relatórios
informativa ou
o referente, e objetivo, evitando a técnicos ou científicos,
referencial.
possibilidade de mais de memorandos.
uma interpretação.

anúncios publicitários,
conativa ou busca atrair a atenção do
o receptor, discursos políticos e
apelativa. leitor, convencê-lo de algo.
religiosos.

*Essa classificação é bastante recorrente em vestibulares e no ENEM e será explorada no volume 1 da 3ª série do
Ensino Médio.
Língua Portuguesa 15
Inversão ou mudança

Do conceito à prática
As narrativas ficcionais sempre exerceram um papel significativo na vida das pessoas. São redigidas
a fim de divertir, de emocionar, de impressionar o leitor, além de levar quem as lê a uma reflexão mais
profunda, provocando diversas reações: choro, riso, suspense, medo, indignação. Apresentam-se na forma
de novela, de telenovela, de quadrinhos, de romance e, como veremos nesta seção, em forma de conto.

DOIS CORPOS QUE CAEM

Por simples acaso, dois desconhecidos encontraram-se despencando juntos do alto do Edifício Itália, no
centro de São Paulo.
— Oi — disse o primeiro, no alvoroçado início da queda. — Eu me chamo João. E você?
— Antônio — gritou o segundo, perfurando furiosamente o espaço.
E, só pra matar o tempo do mergulho, começaram a conversar.
— O que você faz aqui? — perguntou Antônio.
— Estou me matando — respondeu João. — E você?
— Que coincidência! Eu também. Espero que desta vez dê certo, porque é minha décima tentativa. Há
anos venho tentando. Mas tem sempre um amigo, um desconhecido e até bombeiro que impede. Você afinal
está se matando por quê?
— Por amor — respondeu João, sentindo o vento frio no rosto. — Eu, que amava tanto, fui trocado por um
homem de olhos azuis. Infelizmente só tenho estes corriqueiros olhos castanhos…
— E não lhe parece insensato destruir a vida por algo tão efêmero como o amor? — ponderou Antônio,
sentindo a zoada que o acompanhava à morte.
— Justamente. Trata-se de uma vingança da insensatez contra a lógica — gritou João num tom quase
triunfante. — Em geral é a vida que destrói o amor. Desta vez, decidi que o amor acertaria contas
com a vida!
— Poxa — exclamou Antônio — você fez do amor uma panaceia!
— Antes fosse — replicou João, com um suspiro.
Ima

— Duvidoso como é, o amor me provocou dores


gem

horríveis. Nunca se sabe se o que chamamos


disp

amor é desamparo, solidão doentia ou desejo


oní
vel

incontrolável de dominação. O que na verdade me


em

seduz é que o amor destrói certezas com a mesma


: <h

incomparável transparência com que o caos significante


ttp:
//sin

enfrenta a insignificância da ordem. Não, o amor não é


gra

solução para a vida. Mas é culminância. Morrer por ele me


ndo

trouxe paz.
hor

Ante o vertiginoso discurso, ambos tentaram sorrir contra a gravidade.


izon
tes

— E você, como se sente? — perguntou João a Antônio.


.blo

— Oh, agora estou plenamente satisfeito.


gsp

— Então por que busca a morte?


ot.c

— Bom — respondeu Antônio — me assustou descobrir um fiasco


om
.br>

primordial: que a razão tem demônios que a própria razão desconhece.


. Ac

Daí, preferi mergulhar de vez no mistério.


ess

— Sim, da razão conheço demasiados horrores. Mas que mistério é


oe
m:

esse tão importante a ponto de merecer sua vida?


22

— Não sei — respondeu Antônio. — Mistério é mistério.


jul.

— Mas morto você não desvendará o mistério! — protestou


201
3.

João.
— Por isso mesmo. O fundamental no mistério é aguçar
contradições, e não desvendar. Matar-me, por exemplo, é
bom na medida em que me torna parte do enigma e, de certo
modo, o agudiza. Tem a ver com a fé, que gera energias
para a vida. Ou para a história, quem sabe…
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