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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE RIO VERDE
Autos nº : 0002843-12.2015.4.01.3503
Autor : CARLOS ALBERTO GONCALVES
Réu : UNIAO/FAZENDA NACIONAL
Tipo : A1
SENTENÇA
Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei nº 9.099/95 c/c art. 1º da Lei nº 10.259/01.
Decido.
Colhe-se dos autos que o autor celebrou aos 27/11/2011 contrato de compra de veículo automotor
com a empresa Acreúna Veículos, sendo objeto do contrato o automóvel VW Gol 1.0 G IV, ano
2008/2009, placa NKK-8030, conforme contrato de fls. 16/17. Já o documento de fl. 23 indica a
anotação de restrição sobre veículo junto ao Detran-GO, referente a “termo de arrolamento de
bens”.
De início, assinalo que o arrolamento de bens e direitos está previsto nos artigos 64 e 64-A da Lei
n.º 9.532/97. Eis a redação dos referidos dispositivos:
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§ 2o Fica a critério do sujeito passivo, a expensas dele, requerer, anualmente, aos órgãos
de registro público onde os bens e direitos estiverem arrolados, por petição
fundamentada, avaliação dos referidos ativos, por perito indicado pelo próprio órgão de
registro, a identificar o valor justo dos bens e direitos arrolados e evitar, deste modo,
excesso de garantia. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)
Registro que tal medida acautelatória tem como único escopo possibilitar ao Fisco o
acompanhamento da evolução patrimonial do contribuinte, bem assim o monitoramento das
alterações desse patrimônio, a fim de averiguar se ele está se desfazendo de seus bens como forma
de elidir o pagamento da dívida, hipótese em que deverão ser adotadas medidas cabíveis.
Com efeito, em nenhum momento é imposto gravame sobre os bens arrolados que deva acompanhá-
los em sucessivas transferências de domínio. Não há qualquer restrição à sua utilização, oneração
ou alienação, podendo o proprietário deles dispor livremente, desde que, repita-se, dê ciência ao
Fisco da respectiva movimentação.
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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL PAULO AUGUSTO MOREIRA LIMA em 03/08/2016, com base na Lei 11.419 de
19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 1801403503277.
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É certo que o descumprimento da formalidade de comunicação prevista no § 3º do art. 64, da Lei n.º
9.532/97, autoriza o Fisco a requerer medida cautelar fiscal, a teor do seu § 4º, e há possibilidade de
indicação dos bens arrolados como garantia em eventual execução fiscal.
Isso porque eventual omissão do contribuinte quanto à obrigação de comunicar ao Fisco acerca da
movimentação do patrimônio constitui ilícito administrativo e gera presunção de dissipação
indevida do patrimônio, ensejando o exercício do legítimo poder-dever da Administração de
reprimir o abuso e assegurar o pagamento da dívida, por meio de medida cautelar fiscal, como
forma de tutelar o interesse público.
Ademais, eventual penhora dos bens em futura execução fiscal constitui mera possibilidade, sendo
perfeitamente admissível que o patrimônio objeto de arrolamento administrativo não venha a ser
aproveitado no processo executivo. Além do que sempre haverá a possibilidade de o executado
impugnar eventual constrição judicial.
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Dessa forma, se a antiga proprietária do bem não cumpriu com o dever de prévia comunicação ao
Fisco acerca da alienação, não pode o autor ser penalizado com a permanência do gravame sobre o
automóvel por ele adquirido, sobretudo porque a Administração dispõe da medida cautelar fiscal
como meio de reprimir a conduta da empresa devedora. Ademais, inexiste prazo assinalado para que
o órgão fazendário finalize o procedimento fiscal e constitua definitivamente o crédito tributário.
Por fim, registro que muito embora tenha sido constatada a omissão por parte da antiga proprietária
do veículo, Rental Frota Distribuição e Logística Ltda., o autor peticionou nos autos do recurso
administrativo cientificando o Fisco da alienação, conforme se vê à fl. 28.
Dispositivo
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cancelamento do arrolamento de bem incidente sobre o veículo automotor descrito às fls. 23/24,
referente ao processo administrativo nº 10120.514299/2011-33, devendo, ainda, promover a baixa
do gravame junto ao Detran-GO.
Sem custas nem honorários advocatícios nesta primeira instância decisória (art. 55 da Lei nº
9.099/1995)
Transitada a sentença em julgado, não sendo modificada, arquivem-se os autos com baixa na
distribuição, após a devida certificação, independentemente de despacho.
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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL PAULO AUGUSTO MOREIRA LIMA em 03/08/2016, com base na Lei 11.419 de
19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 1801403503277.
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