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A madeira do banco
geme sob a pressão dos corpos,
que formam um só
no abraço do prazer do amor.
afasta-os,
para de novo mais intimamente ainda
se entregarem um ao outro.
E tu,
afasta-te desse tão indigno quadro.
Eis um quadro
cujo pintor é o doce amor.
Que mulher!
A tempestade devasta
tudo quanto se chamou,
Basta!
Morta,
é isso que estou e sempre estive.
Perdoa-me,
querida imagem de lnverno, tu,
Perdoa ao amor
por te ter tirado do caixão,
Olha, olha!
Agora que estou viva, deitas-me fora
como se morta estivesse!
Mas porquê?
Diz-me, porquê?
Canalha, tu?
Isso nunca!
Como? Excita-te mais os sentidos?
Os teus sentidos?
para fugires,
como uma corça assustada,
Eu fico e sorrio,
Então, tu viras
a tua querida cabeça fiel para mim
Recomenda-me à Rainha.
Recomendar-te à Rainha?
Devo-lhe amor
e através de ti o amor a saudará.
Diz-lhe que lhe perdoo.
Transmite-lho então,
ao descair, como um rebuçado,
e nota a graciosidade
com que aquiesce,
a ti,
ao teu beijo ardente, oferece a mão,
Não importa.
Vai, peço-te. Deixa sozinha a flor,
que só na solidão
floresce em toda a sua plenitude.
E ao infame caçador
irei pedir-lhe explicações,
Está inquieto,
e a mim recomenda-me calma,
que, aliás,
tenho em muito maior grau do que ele.
cala-se,
engole a angústia, e assim faço eu.
Se fosse fingimento,
Esqueci, perdoai.
Deixai-me ser
a filha da vossa bondade,
Aqui o pensamento
é o único pecado existente.
Só sinto!
O sentimento é arguto a pensar.
Sabe exactamente
todos os pontos da coisa.
Porém, perdoai,
Por isso,
não gosto do que venha do pensamento.
Cheio de importantíssimos
conceitos e poses,
depois diz
que as coisas se passaram assim,
O seu julgamento
tem dores de estômago,
De todo o pecado
o meu sentimento vos absolve,
A maçã envenenada
fui eu quem ta enviou.
nobre, sim,
mas horrivelmente pequeno,
Ah, do pecado,
que está de joelhos diante de vós,
querida pecadora.
Tu mentes
e inventas para ti própria um conto.
Responde claramente.
Porque tremeis?
Não me odiais?
Outrora odiei-te,
invejava-te a beleza,
rendia homenagens,
enquanto a mim,
a Rainha, me olhava de lado.
comia, sonhava,
jogava, dormia por mim.
Deitava-me triste,
fazia o que ele fazia.
O amor odeia-se
por não amar com mais força.
Vai e diz-lhe!
Como?
Graciosa?
Branca de Neve
não quer ser minha noiva.
que parecíeis
com desamor ter esquecido.
Caçador!
Não é um canalha.
e pensai naqueles
a quem a vossa fúria toca de perto.
Ah, eis-te!
Que mandais?
E tu, menina,
foge como se fosse a sério.
instigando-me a isso
com ternos beijos.
Nada, continuai.
Estais a representar muito bem.
Príncipe, príncipe!
Não acredito.
O teu olhar é doce e bom,
Já estou a ver,
a piedade faz-te baixar a arma.
Oh, mata-a,
traz-me o seu falso coração,
O ar da primavera,
passeatas à sombra no parque,
Conversas
ao longo das áleas saibrentas,
E vós, príncipe,
permiti que lhe chame filha do coração.
Sim, os papéis
foram bem desempenhados.
quem é o canalha?
Sim, Rainha.
estás amarga,
olhas-me com olhos tristes.
O príncipe
já se virou outra vez para ti.
Não, não.
Tão pura,
que mergulhávamos ali adormecidos,
para o mundo,
onde um coração tem de murchar,
Pois lá
nunca uma palavra dura me atingiu,
Se lá havia amor,
não sei, sinceramente.
Ao desejar amor
tenho plena consciência dele.
Não,
Ponham-me no caixão.
É o desejo de Branca de Neve.
Apenas no caixão,
onde jaz minha alegria,
Depois sussurra:
O príncipe é um caçador.
A vida, morte.
Anda, diz.
grava-o
em troncos de árvores frondosas,
inflamei-o
com os meus beijos venenosos.
beijo-te
e proclamo-te o homem mais amado,
Puxa do punhal.
Se abafar o sim,
o não apressa-se logo a dizer-me sim.
Assim seja.
Sim, sim, acredito em ti.
e tortura os outros
que por amor se lhe rendem.
só diz mentiras
inventadas e venenosas,
Oh, sim,
e porque não sim a tudo quanto dizes?
Acredito em ti.
Oh, obrigado.
Mas, menina,
acredita que te minto sem pudor.
Acredito em ti.
Oh, esta confiança é certa,
nunca errou ao confiar.
Acreditas nisto?
Se acredito?
Acredito. Continua.
Acredito. Vá, segue galhardamente.
Continua, eu acredito.
é mentira.
seria capaz
de criar imagem tão feérica.
Continua.
Como vês, concordo contigo.
Logo à partida
tocou-me a doce súplica pueril
Apunhalei a corça
que se atravessou no caminho.
Venenosa
é a mentira que assim o afirma,
Aceitai um beijo e,
como mensageiro de paz,
afastai do terreno
esta querela invejosa.
Já não há luta.
Palavras para rir, apenas.
Só irritação
levada por demais a sério,
Bravo homem,
Apertai as mãos,
esquecei a culpa num aperto amigável.
Devo esquecer
que o maldito biltre venenoso,
Fazei-me esquecer
que sou príncipe ungido e soberano,
E à pecadora a quem,
em criança leal, beijo a mão,
suplico que cometa tantos
e tão amáveis pecados.
Haveis esquecido
a vossa promessa ainda fresca,
repudiada, odiada.
atira o pecado ao ar
e brinca com ele como com flores.
Estai alegres,
pois podeis ser alegres.
E é próprio
de um homem assim tão nobre?
Eu, nunca.
Um dia, uma vez, disse sim.
Acabou.
Adaptação e Legendagem
Rui Cruz / CRlSTBET, Lda.