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MULTIPLEXAGEM EM VEÍCULOS
2006
ã 2006. SENAI-SP
Multiplexagem em Veículos
Publicação organizada e editorada pela Escola SENAI Conde José Vicente de Azevedo
E-mail senaiautomobilistica@sp.senai.br
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 5
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 9
REDE CAN 15
PROTOCOLO VAN 28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
INTRODUÇÃO
Quarenta anos depois, no ano 2000, um veículo mais luxuoso necessitava em torno de 2
mil metros de fios para manter seus sistemas eletrônicos funcionando. O número de cabos
aumentou para acompanhar a quantidade de acessórios, que daqui a dez anos será duas
vezes maior, o que transformará o automóvel em um novelo de fios ambulante.
Foi por esse motivo que a engenharia automobilística buscou a multiplexagem para reduzir
o custo de produção (se tomarmos como base um veículo luxuoso atual, ele tem mais de
40 kg de cobre em fios e cerca de 15% de seu custo vem de sua arquitetura eletroeletrônica)
e otimizar o espaço do veículo para a implantação dos sistemas e cabos elétricos, além de
aumentar a confiabilidade dos produtos e facilitar ao reparador o diagnóstico de falhas e
reparação dos sistemas.
Dos veículos fabricados no Brasil, um dos primeiros dotados deste sistema foi o Fiat Palio,
por volta do ano 2000, e também o Peugeot 206. Depois vários outros modelos como o VW
Golf, Pólo, como o GM Corsa, Meriva, Zafira, Omega e outros.
Atualmente, quase a totalidade dos veículos produzidos conta com o sistema, inclusive
caminhões e ônibus, devido sua confiabilidade.
Os primeiros sistemas multiplexados para automóveis foram desenvolvidos por volta dos
anos 80. Em 1980, foi desenvolvido pela BOSCH um sistema multiplexado denominado
CAN (Controller Área Network), sendo as primeiras aplicações do sistema nos automóveis
Mercedes-Benz em 1992. Porém em 1985, a PSA/Renault criou um sistema denominado
VAN (Vehicle Área Network), sendo as primeiras aplicações no Citroen XM em 1993.
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO
Fazendo uma analogia com a Internet, para um buscar uma informação em um determinado
site, o internauta deverá possuir meios físicos (computador, linha telefônica), acesso a um
provedor e também um código de acesso, chamado de endereço eletrônico.
Em um veículo a rede multiplexada está interligada por meio de uma central eletrônica que
centraliza, processa e difunde as informações na rede (esta central possui diversas
denominações de acordo com a montadora) que são provenientes de sensores, atuadores
e unidade de comando .
Todas as informações que circulam pela rede multiplexada estão na forma digital, ou seja,
em código binário. A central eletrônica pode ser comparada com o provedor da Internet. As
informações que chegam nas unidades de comando (internauta) são codificadas, isto é,
comparando-as ao endereço eletrônico da Internet. É como se as unidades de comando
acessassem as informações de um sensor (site) através da central eletrônica (provedor da
Internet) e as redes propagam o código digital (endereço eletrônico).
Vejamos a seguir, um exemplo de rede multiplexada, na qual temos um único cabo chamado
de bus de dados, composto por dois fios. Um bus de dados compõe uma rede.
No sistema eletroeletrônico de um veículo pode existir apenas uma rede ou várias redes
interligadas, de acordo com a montadora, sendo denominadas:
VENICE (Vehicle Network with Integrated Control Eletronics) - veículos Fiat da família
Palio, Doblo, Idea.
FLORENCE - veículos Fiat da família Stilo.
Rede CAN BUS ou Sistema Gateway - veículos Volkswagen como Golf, Passat, Bora,
New Beetle, Pólo.
Peugeot, Citroën, Renault, GM, Ford são basicamente denominadas de rede multiplexada.
No entanto o que realmente nos interessa é entender o sistema e diagnosticar falhas, pois
essas denominações variam muito entre as montadoras.
As vias de comunicação da rede multiplexada podem ser de fios de cobre, fibra óptica,
ondas de rádio, etc., por onde trafegarão sinais elétricos (tensão, corrente), ondas
eletromagnéticas ou luz.
Para que ocorra comunicação entre todos os elementos da rede multiplexada é necessário
gerar uma linguagem de comunicação comum denominada Protocolo de Dados.
INFORMAÇÃO INFORMAÇÃO
POSSÍVEL PRIMEIRO SEGUNDO REPRESENTAÇÃO
ESTADO DO VIDRO TEMPERATURA DO
VARIÁVEL BIT BIT GRÁFICA
ELÉTRICO LÍQUIDO REFRIGERANTE
na zona de início
Três 5 Volt 0 Volt 30°C
de parada
detecção do
Quatro 5 Volt 5 Volt 40°C
bloqueio superior
Quanto maior é o número de bits unidos, maior a informação pode ser transmitida. Com
cada bit adicional se duplica a quantidade de possíveis informações.
ARQUITETURA DA REDE
Uma rede multiplexada, dependendo da sua aplicação, poderá ter até centenas de módulos
conectados. O valor máximo para a conexão de módulos em um BUS de dados depende
da norma que se utiliza na dada aplicação.
A rede CAN Bus foi desenvolvido pela empresa alemã Robert BOSCH e disponibilizado em
meados dos anos 80. Sua aplicação inicial foi realizada em ônibus e caminhões. Atualmente,
é utilizado na indústria, em veículos automotivos, navios e tratores, entre outros.
Outro ponto forte deste protocolo é o fato de que todos os módulos verificam o estado da
rede, analisando se outro módulo está ou não enviando mensagens com maior prioridade.
Caso isto seja percebido, o módulo cuja mensagem tiver menor prioridade cessará sua
transmissão e o de maior prioridade continuará enviando sua mensagem deste ponto, sem
ter que reiniciá-la.
Cada um dos fios do BUS de dados tem níveis lógicos diferentes, denominados CAN_High
e CAN_Low e por isso, a soma das tensões é constante em qualquer momento e se anulam
mutuamente, minimizando os efeitos eletromagnéticos de ambos os cabos do BUS de
dados.
INTERFACE DE MULTIPLEXAGEM
Numa rede multiplexada é integrada à unidade de comando, uma interface de multiplexagem.
Essa interface está conectada ao bus de dados e ao processador da unidade de comando.
A interface de linha tem por função a recepção e a transmissão das mensagens sobre o
BUS de dados.
A recepção das mensagens feita através da interface de linha, utiliza um comparador que
realiza a medida da diferença de tensão entre os BUS de dados.
Se a tensão CAN_H > tensão CAN_L → S = 0
Se a tensão CAN_H = tensão CAN_L → S = 1
Podemos dizer então que durante o funcionamento do veículo e neste período após o
desligamento do veículo a rede está ativa. Após este período podemos dizer que a rede
está em repouso.
A rede pode ser despertada, por exemplo, pela desativação do alarme anti furto do veículo,
etc. Neste momento a rede entra em funcionamento e começa a emitir e buscar dados
entre as unidades de comando.
Por isso é muito importante tomar cuidado ao desligar a bateria de um veículo multiplexado,
deve-se esperar pelo menos cerca de 15 minutos após a chave de ignição ter sido desligada
e nenhum componente eletroeletrônico do veículo ser ativado. Isto garante que a rede
multiplexada está em repouso. É como desligar o computador, um procedimento deve ser
seguido para que nenhuma informação seja perdida.
As informações provenientes das unidades de comando interligadas entre a rede CAN são
compartilhadas na linha de comunicação. A codificação das informações é digital, a
transmissão de dados é serial e existe uma estratégia de gerenciamento de prioridades na
difusão das informações na rede.
Uma mensagem de comunicação é composta por 8 campos, sendo que cada um dos
campos são formados por um ou vários bits, dependendo da função de cada um dos campos
da mensagem, e nela pode existir dois níveis lógicos (bit 0 nível lógico baixo bit dominante,
e bit 1 nível lógico alto bit recessivo).
Para evitar conflitos, o procedimento definido para acesso ao barramento tem sempre que
ser executado por todos os módulos em qualquer circunstância. O que ocorre é que cada
módulo permanece à escuta enquanto faz sua própria transmissão. O módulo então coloca
um bit no barramento e logo após lê o bit que está no barramento e o compara com o que
enviou. Se forem iguais, está tudo bem e o módulo continua com a transmissão do próximo
bit, mas se forem diferentes é porque existe algum problema.
CAMPO DE COMANDO
Esse campo é composto por 6 bits, sendo que os dois primeiros são reservados a uma
futura evolução do protocolo CAN, e os quatro últimos que permitem codificar o número de
bytes de dados contidos no campo seguinte (campo de dados).
CAMPO DE DADOS
No campo de dados, os dados são transmitidos sob a forma de bytes. Este campo tem de
0 a 8 bytes de dados, com o bit mais significativo no início e o menos significativo colocado
no fim.
CAMPO DE RECEPÇÃO
O campo de recepção permite confirmar se o equipamento que se destina recebeu a
mensagem. Este campo é constituído por dois bits:
Bit de regularização do receptor
Bit delimitador de regularização
O emissor entende então que a mensagem não foi corretamente transmitida e ela é
novamente transmitida.
Toda rede CAN possui 2 resistores de fim de linha com valor de 60 ohms cada um, conectados
à rede para garantir a perfeita propagação dos sinais elétricos dos fios da rede. Estes
resistores, um em cada ponta da rede, garantem a reflexão dos sinais no BUS de dados e
o correto funcionamento da rede CAN.
PROTOCOLO VAN
A rede VAN (Vehicle Area Network) foi normalizada em 1990 na França pelo Bureau de
Normalisation de lAutomobile para operar em eletrônica embarcada. A partir de 1992 passou
a ser adotada pela Renault e pela PSA (Peugeot e Citröen). Tem como sua principal utilização
em sistemas direcionados para a área de carroceria e sistemas de conforto, devida a sua
baixa velocidade de transmissão de dados.
O fio Data Barra designa-se assim pois a tensão nos seus pinos é sempre o oposto da
tensão do fio Data.
A diferença de potencial elétrico entre estes dois fios permitirá codificar dois estados lógicos
distintos:
Se U Data U Data B > 0 → o valor do bit é 1
Se U Data U Data B < 0 → o valor do bit é 0
Com isso, evita-se as correntes parasitas nas mensagens que circulam pelo barramento.
Tomando como base um veículo Citröen C5 ou Peugeot 607 é possível verificar a interligação
de redes de características e aplicações diferentes.
Atualmente, os veículos Renault e os do grupo PSA não utilizam mais a rede VAN. Para os
sistemas de gerenciamento do motor, transmissão automática, ABS e ESP é utilizada uma
rede CAN de alta velocidade e para os sistemas de controle da carroceria e conforto é
utilizada uma rede CAN de baixa velocidade.
LEGENDA
8410 Auto-rádio
Foram atribuídas a essas centrais funções que antes eram realizadas por uma unidade de
comando específico; a denominação depende da montadora ou do fabricante do sistema
multiplexado (SIEMENS,DELPHI,BOSCH). A Peugeot/Citroën denominou essa unidade de
comando de CSI Caixa de Serviços Inteligente, a Fiat denominou de Body Computer
(BC), a GM denominou de BCM Body Control Module, a Volkswagen denominou de
Gateway, entre outras.
Com isso, há maior confiabilidade no automóvel, redução no custo das peças de reposição
e rapidez nos reparos, além de maior segurança, pois cada veículo tem um sistema único,
ou seja, cada carro tem seu DNA quanto à sua arquitetura eletrônica. As chaves de
partida têm um emissor eletrônico que aciona todo o sistema e estão relacionadas ao
número de chassi por meio de um código criptografado, sendo então inoperantes em outro
veículo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, Luiz Roberto Guimarães. Rede CAN. Escola de Engenharia da UFMG. Belo Horizonte,
2003.
JORNAL NOTÍCIAS DA OFICINA. Rede CAN - Bus de Dados (II). Agosto, 2002.