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ATLAS DAS INFRAESTRURAS PÚBLICAS

EM COMUNIDADES DE INTERESSE SOCIAL DO RECIFE


EXPEDIENTE
Geraldo Júlio de Melo Filho Sâmya Desireé Jaques Magalhães Torreão
Prefeito Gerente de Administração e Finanças da Autarquia de
Saneamento do Recife - SANEAR
Luciano Roberto Rosas de Siqueira
Vice-Prefeito Carolyne Albuquerque Bezerra Gonçalves Costa
Gerente de Administração e Finanças da Secretaria de
Maria Cândida dos Santos Carmo Saneamento
Secretária Municipal de Saneamento
Presidente da Autarquia de Saneamento do Recife Maria Ângela Oliveira Souza
SANEAR Gerente de Desenvolvimento Socioambiental

Fabrício Antonio Couto Fidel Castro de Araújo


Secretário Executivo da Secretaria de Saneamento Gerente Geral de Saneamento e Obras – Zona Norte

Alcindo Salustiano Dantas Filho Josivaldo de Lemos do Nascimento


Diretor Executivo da Autarquia de Saneamento do Recife Gerente Geral de Saneamento e Obras – Zona Sul
– SANEAR
Plínio Antonio Leite Pimentel Filho
Virgínia Lopes Carneiro de Albuquerque Gestor Jurídico da Autarquia de Saneamento do Recife –
Gerente Geral de Monitoramento SANEAR

Gustavo Costa de Oliveira Edrise Aires Fragoso Júnior


Gerente Geral de projeto e Ambiente Gestor Jurídico da Secretaria de Saneamento

EQUIPE TÉCNICA
Hélio Machado Pessoa Filho Carmem Pontual Angela Souza
Coordenador Geral Cláudio Queiroz Jan Bitoun
Eduardo Barbosa Lívia Miranda
Francisco Lopes Everton Barros Consultores Especialistas
Coordenador Executivo Fátima Coutinho
Francielle Araújo Cristina Cardoso
Daniel Andrade Lima Gabriela Medeiros Assistente de Coordenação
Coordenador do Apoio ao Germana Santiago
Gerenciamento Guilherme Guerra Equipe de Apoio
Jadilene Almeida (Técnicos e Auxiliares)
Gleidson Dantas João Gabriel Nascimento Cleane Silva
Coordenador do Mapeamento e Luis Augusto Campos Edna Tenório
do Gabinete de Geoinformação Marcos Abreu Inaldo Carneiro
Messias Filho Lucineide Ramos
Carolina Brito Nilvânia Souza Nilson Galindo
Coordenadora dos Estudos de Rafael Silva Rolison Ferreira
Concepção Preliminar Rafaela Vasconcellos Silvia Carla Gomes
Sofia Mahmood
Antônio Relvas Sergio Ribeiro Benoit Peeters
Coordenadora dos Projetos de Vera Chamie Tarciso Guimarães Jr
Saneamento Integrado Mapeamento das Áreas Críticas Programação Visual e Diagramação
(Equipe de Campo)
Adriana Rodrigues Paulo Maia
Bruno Carvalho Aline Chaves Fotos
Dário Alves Júnior Ana Borborema
Michely Tavares Arthur Melo Francisco Lopes
Elaboração do Sistema de Informações Bruna Alencar Revisão Final
Geográficas - SIG Catarina Vila Nova
(Equipe de Desenvolvimento) Edla Farias
Joyce Arruda
Abel Passos Marcelo Xavier
Aline Chagas Marcondes Marroquim
Amanda Martinez Gabinete de Geoinformação
Bárbara Garcia (Equipe de Geoprocessamento e
Análises Socioeconômicas)
CARTOGRAMAS, FIGURAS, GRÁFICOS, QUADROS E TABELAS

CARTOGRAMAS
Cartograma 2.1:  ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 23

Cartograma 3.2:  Mapa 3.1: Renda média do Responsável pelo Domicílio por setor censitário em Recife - 2010..................................................................................................................45

Cartograma 3.3:  % de Domicílio Particular Permanente sem Pavimentação por setor censitário em Recife - 2010.......................................................................................................... 47

Cartograma 4.1:  ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 57

Cartograma 4.2:  ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................59

Cartograma 4.3:  .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 60

Cartograma 4.4:  ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................62

Cartograma 4.5:  ...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................64

Cartograma 5.1:  ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................77

Cartograma 5.2:  Recife – Pontos de Risco nas Áreas de Morros da Cidade do Recife.......................................................................................................................................................................81

Cartograma 5.3:  Recife – Formas de Abastecimento de Água, segundo Censo 2010..................................................................................................................................................................... 86

FIGURAS
Figura 2.6:  Gráfico de dispersão das CIS............................................................................................................................................................................................................................................................. 32

Figura 5.1:  Recife – Coeficientes de aproveitamento, 2003......................................................................................................................................................................................................................... 75

Figura 5.2:  Recife – Croqui do Sistema de Abastecimento de Água........................................................................................................................................................................................................85

GRÁFICOS
Gráfico 3.1:  Densidade demográfica das capitais do Brasil..........................................................................................................................................................................................................................36

Gráfico 3.2:  Densidade demográfica das capitais do Brasil.........................................................................................................................................................................................................................36

Gráfico 3.3:  Taxa de analfabetismo 18 anos ou mais por capitais brasileiras - 2010......................................................................................................................................................................... 37

Gráfico 3.4:  % de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo por capitais brasileiras – 2000 e 2010................................................................................................................... 37

Gráfico 3.5:  Esperança de vida ao nascer das capitais brasileiras – 2000 e 2010..............................................................................................................................................................................38

Gráfico 3.6:  Mortalidade Infantil das capitais brasileiras – 2000 e 2010...............................................................................................................................................................................................38

Gráfico 3.7:  Renda domiciliar per capita capitais brasileiras – 2000 e 2010.........................................................................................................................................................................................39

Gráfico 3.8:  IDHM capitais brasileiras – 2000 e 2010.....................................................................................................................................................................................................................................41

Gráfico 5.10:  Distância a Equipamentos de Educação................................................................................................................................................................................................................................. 98

Gráfico 5.11:  Distância a Equipamentos de Saúde.......................................................................................................................................................................................................................................... 99

QUADROS
Quadro 5.2:  Exemplos de Comunidades por índice menor, intermediário e maior de precariedade.......................................................................................................................................... 98

Quadro 5.3:  Exemplos de Comunidades por melhor, regular e mais precária situação encontrada.......................................................................................................................................... 99

TABELAS
Tabela 3.1:  Tabela 3.1: IDEB observado em 2007, 2009 e 2011 para Pernambuco e capitais do Nordeste................................................................................................................................ 37

Tabela 3.2:  Percentual da renda total apropriada pelos 80% da população com menor renda domiciliar per capita em 1991, 2000 e 2010.........................................................39

Tabela 3.3:  Finanças Públicas Municipais............................................................................................................................................................................................................................................................41

Tabela 3.4:  PIB 2007-2011 a preços correntes e PIB per capita 2011........................................................................................................................................................................................................ 42

Tabela 5.4:  Mananciais de abastecimento de Água da RMR no ano de 1960.....................................................................................................................................................................................84

Tabela 5.5:  Mananciais de Abastecimento de Agua da RMR no ano de 1970......................................................................................................................................................................................84

Tabela 5.6:  ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 89

Tabela 5.7:  .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................94

Tabela 5.8:  ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................95


SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................................................................................................................................... 12
2. Referências e Bases Metodológicas.......................................................................................................................................... 18

2.1 Os cadastros anteriores de referência.......................................................................................................................................................................................20

2.2 Atlas das Infraestruturas Públicas em Comunidades de Interesse Social:


Metodologia Operacional ..............................................................................................................................................................................................................26

2.2.1. Cartografia e Geofinformação............................................................................................................................................................................................ 27

2.2.2. Levantamento de Campo.................................................................................................................................................................................................... 27

2.2.3. Sistematização dos dados................................................................................................................................................................................................. 30

3. Recife em Números

3.1 Aspectos Populacionais..................................................................................................................................................................................................................36

3.2 Desenvolvimento................................................................................................................................................................................................................................ 37

3.2.1. Educação.................................................................................................................................................................................................................................... 37

3.2.2. Longevidade e Saúde............................................................................................................................................................................................................38

3.2.3. Renda e Pobreza.....................................................................................................................................................................................................................39

3.2.4. DH..................................................................................................................................................................................................................................................41

3.3 Breve caracterização Econômica de Recife.........................................................................................................................................................................................41

3.4 Uma cidade desigual....................................................................................................................................................................................................................................41

4. As Comunidades de Interesse Social no Território do Recife: Caracterização Geral..................................................

4.1 Comunidades de Interesse Social e Unidades de Paisagem do Recife....................................................................................................................... 50

4.2 Comunidades de Interesse Social e Centralidades Econômicas....................................................................................................................................58

4.3 Comunidades de Interesse Social e Sistema Viário no Recife.........................................................................................................................................63

5. A infraestrutura e os serviços públicos urbanos nas comunidades de interesse social do recife....................69

5.1 Recife: uma cidade em permanente construção...................................................................................................................................................................70

5.1.1. Recife: núcleo central da Região Metropolitana........................................................................................................................................................... 72

5.1.2. Recife: urbanização e desigualdade social.................................................................................................................................................................... 72

5.1.3. Uso e ocupação do solo........................................................................................................................................................................................................ 74

5.1.4. As áreas de risco....................................................................................................................................................................................................................... 79

5.2 Infraestruturas: saneamento básico ..........................................................................................................................................................................................82

5.2.1. Infraestrutura: abastecimento de água...........................................................................................................................................................................82

5.3 infraestrutura urbanísticas............................................................................................................................................................................................................. 88

5.3.1. Pavimentação.......................................................................................................................................................................................................................... 88

5.3.2. Iluminação................................................................................................................................................................................................................................ 94

5.3.3. Proximidade Transporte Público......................................................................................................................................................................................95

5.4 Infraestrutura públicas sociais (escolas, unidades de saúde e ZEIS)........................................................................................................................... 98

5.4.1. Proximidade Equipamentos Públicos Sociais: Escolas municipais.................................................................................................................... 98

5.4.2. Proximidade Equipamentos Públicos Sociais: Unidades municipais de Saúde


VOZ OFICIAL

Mapeamento das Áreas Críticas: conhecer, planejar e intervir


A Prefeitura apresenta nas próximas páginas o ATLAS DAS INFRAETRUTURAS PÚBLICAS NAS COMUNIDADES DE INTE-
RESSE SOCIAL DO RECIFE. Executado pela Autarquia de Saneamento do Recife – SANEAR, com coordenação da Secre-
taria de Planejamento o mapeamento das áreas críticas da cidade levantou às condições de infraestrutura e dos serviços
públicos urbanos, dando ênfase às condições de saneamento básico dessas localidades. Foram 576 comunidades áreas
de interesse social, distribuídas em 2.573 micros áreas, totalizando 4.460 hectares do território municipal.

Esse projeto desvendou as condições de infraestrutura e serviços públicos de 2.573 micros áreas do Recife. Esse mape-
amento irá traçar prioridades para combater a pobreza na nossa cidade, em sua forma mais visível, através da oferta
de infraestrutura e serviços urbanos. Mais de 30% do nosso território está submetido à pobreza.

Há muito tempo a municipalidade padecia de um planejamento de longo prazo, e com esse trabalho podemos avaliar
quantos anos serão necessários para enfrentar estas dificuldades.

O estudo vai resultar em um censo completo das famílias residentes nas áreas de interesse social e apontar as condições de
moradia, saneamento, coleta de lixo, iluminação, abastecimento de água, drenagem, além da presença ou não de equipa-
mentos públicos municipais (área de lazer, posto de saúde, escola, creche e outros). Com essas informações sistematizadas
iremos priorizar os investimentos sociais da gestão até dezembro de 2016.

O projeto foi dividido em quatro etapas: mapeamento das áreas de baixa renda; cadastramento censitário das áreas
críticas de interesse social; estudos de concepção urbanística das áreas críticas e elaboração de um projeto de sanea-
mento integrado.

Essa primeira etapa, que tem no Atlas sua principal entrega, construiu um banco de dados dos aspectos físicos territoriais,
como esgotamento sanitário, abastecimento de água, drenagem, acessibilidade, padrão construtivo, índice de pavimentação
e iluminação pública, além dos aspectos socioeconômicos das comunidades de interesse social.

Esses dados serão utilizados por todas as pastas municipais, é deverá ser atualizado de forma permanente. Sem dúvida
é um trabalho estruturante.

Outra ferramenta construída nessa primeira etapa é a matriz de criticidade das comunidades de interesse social, onde cada
problema de infraestrutura e serviços urbanos corresponde a um peso.

Esses pesos são agrupados por índice de criticidade e de facilidade de intervenção. Com essa ferramenta vamos poder
analisar não só a criticidade, mas, também os fatores, que facilitam a intervenção, e dessa forma priorizar as ações ao
longo do tempo. Esse é um legado que iremos deixar para o planejamento municipal.

Vale destacar que a conclusão do Atlas é apenas um passo. A segunda fase consiste em fazer o cadastramento das
famílias das áreas que foram consideradas críticas. Concluído o cadastramento, a terceira etapa de estudos de con-
cepção urbanística irá corrigir a situação identificada em campo, sempre respeitando a especificidade do problema
dos moradores.

Por último, a quarta fase do projeto será a implantação dos Projetos de Saneamento Integrado – PSI. Nessa fase serão
elaborados projetos mais eficientes nas áreas de esgotamento sanitário e abastecimento de água, implantação de sistemas
viários e de acessibilidade, contenção de encostas e recuperação de áreas. As intervenções contemplarão ainda, projetos
paisagísticos de praças e equipamentos urbanos e a construção de conjuntos habitacionais.

Este trabalho é um dos focos principais dessa gestão. Sabemos que a cidade do Recife ainda carrega muita pobreza e
vamos estabelecer uma metodologia voltada para os resultados. Conhecer o problema; planejar a solução; intervir de
forma integrada e monitorar as ações é o lema de todos que fazemos a SANEAR. Para essa gestão tornar a cidade um
lugar melhor para todos é mais que um pré-requisito legal estabelecido pelo Estatuto das Cidades, é uma obrigação de
todos nós que trabalhamos na Prefeitura do Recife.

Maria Cândida dos Santos Carmo


Secretária Municipal de Saneamento
Presidente da Autarquia de Saneamento
1
Introdução
O
Atlas das Infraestruturas Públicas em engenharia coletiva, portanto pública, que não Assumir neste Atlas, como ponto de partida do
Comunidades de Interesse Social reú- estavam ao alcance das famílias. Estas foram conhecimento sobre essas numerosas, extensas
ne e sistematiza na forma de mapas, construindo suas casas mobilizando seus recur- e populosas comunidades que configuraram, ao
croquis, material iconográfico e textos sos, dependentes das condições do mercado de lado de outros agentes, o espaço urbano do Reci-
de acompanhamento conhecimentos acumula- trabalho, no decorrer da vida para melhorar equi- fe, o diagnóstico da condição das infraestruturas
dos sobre uma temática crucial para a qualidade par e ampliar seus domicílios à medida que cres- públicas existentes representa uma inovação em
do espaço urbano recifense. A iniciativa da Prefei- ciam as famílias e que surgiam oportunidades relação às abordagens anteriores. É reconhecer
tura do Recife de colocar este Atlas à disposição de geração de renda por meio de implantação que uma cidade mais justa, no sentido de uma
da sociedade e do corpo técnico especializado, de pequenos empreendimentos de comércio e coletividade coesa, depende em primeiro lu-
vem do reconhecimento da centralidade dessa serviço ou de relações no mercado informal imo- gar da distribuição equânime em quantidade e
temática para o planejamento urbano da cidade. biliário de compra, venda e aluguel. Esses dois qualidade dessas redes públicas no mais amplo
mercados aquecem-se em conjunturas econô- território possível. No Recife, como em muitas
O executivo municipal retoma assim, após lon-
micas de crescimento tal como vivido nos últi- outras cidades do país, significa romper com a
gos anos de interrupção, uma tradição de estu-
mos anos na cidade do Recife, posteriormente acomodação histórica que levou à constituição
dos sistematizados, lançando mão de novas fer-
ao último levantamento sistemático realizado de áreas construídas onde se conjugam ausên-
ramentas técnicas atualmente disponíveis, sobre
em 1998. Assim, essas áreas construídas amplia- cia ou precariedade das infraestruturas públicas
aspectos importantes das condições de vida de
ram-se e adensaram-se, tornando mais do que e limitações enfrentadas por famílias de baixa
muitas famílias de baixa renda. Desde sempre,
nunca necessário o conhecimento detalhado da renda em melhorar suas habitações por meio
no decorrer da história da cidade, estas foram
condição das redes de infraestruturas públicas de investimentos domésticos. Devido à perma-
agentes da sua construção por meio de iniciati-
que as atendem. Estas sempre foram implanta- nência dessa problemática, desde pelo menos
vas individuais ou coletivas de autoconstrução e
das após a edificação das casas e em condições o início do século XX, havendo registros ante-
melhorias paulatinas das suas mora-
dias, conquanto eram pouco ou pre- riores, não faltaram levantamentos
cariamente alcançadas por redes de e cadastros. Mas esses, sobretudo a
infraestruturas públicas definidoras
da qualidade do morar para além do
O Atlas das partir dos anos 30 do século XX, de-
ram prioridade ao estado das casas,

Infraestruturas Públicas
espaço privado domiciliar. considerando-as como responsáveis
das baixas condições sanitárias da
Levantar em campo o estado dessas cidade, contribuindo a estigmatizar

14 infraestruturas, sistematizar esses le-


vantamentos por meio das técnicas
em Comunidades de seus moradores e norteando práti-
cas de erradicação que nunca foram
modernas de geoinformação e divul-
gar amplamente os resultados desse
Interesse Social abrange compensadas por construção públi-
ca de moradias em escala suficiente
e localização adequada à manuten-
diretamente 1/3
trabalho são passos imprescindíveis
para tomadas de decisão no âmbito ção dos moradores, citadinos inseri-
do planejamento urbano de modo a dos em relações sociais e de trabalho
superar uma visão partida, excessi-
vamente localizada, da cidade, e a
do espaço construído do em diversos cantos da cidade. Desse
modo, a abordagem remetia a uma
promover uma sequência virtuosa de
intervenções no amplo universo das território municipal. Questão Social – a pobreza - ou a
uma Questão Habitacional traduzida
áreas autoconstruídas no passado em números de habitações a serem
e no presente pelo esforço contínuo edificadas pelo poder público, não
das famílias de baixa renda em todos os cantos raro em localizações periféricas.
da cidade. Em todos eles, considerando a diver- tecnicamente difíceis, já que, quando vieram, o
sidade das situações que este Atlas revela, me- foram depois da construção das casas num es- Desde o final dos anos 70, cadastros sucessivos
lhorar decisivamente as redes de infraestruturas paço edificado já configurado, não raro com ar- objetivaram dimensionar e caracterizar o univer-
envolve decisão política, mobilização de amplos ruamentos irregulares, dificultando o acesso aos so dessas áreas visando não mais a erradicação
domicílios, situação de drenagem e manejo das mas a urbanização desses espaços autocons-
recursos e criatividade técnica para adequar as
águas pluviais comprometida, retardando a su- truídos reconhecendo a permanência e a dinâmi-
intervenções à natureza do meio urbano que se
peração das carências acumuladas nos sistemas ca destes na cidade do Recife. Ponto alto nessa
configurou no decorrer do processo contínuo, an-
de abastecimento d’água, de esgotamento sani- trajetória foi o reconhecimento na década de 80
tigo ou recente, de autoconstrução e das inicia-
tário, de coleta de resíduos sólidos, de iluminação de muito dessas áreas como de Interesse Social
tivas públicas que alcançaram essas áreas, por
pública e de sistemas de mobilidade. Superar es- no zoneamento da cidade (Zonas Especiais de
meio de intervenções anteriores num determina-
sas carências demanda então, além da melhoria Interesse Social – ZEIS) e nas práticas de plane-
do momento das suas dinâmicas construtivas.
das redes especializadas, a inserção destas num jamento, gestão e intervenção visando a regulari-
O ponto comum em todas as áreas é que essa projeto urbanístico tratando das áreas edificadas zação fundiária e urbanística, exigindo novos co-
sequência se iniciou pela ocupação do solo, conforme concepção do saneamento integrado, nhecimentos técnicos e sociais, numa interação
geralmente em ambientes de alagados ou de adotada pela SANEAR, com base em experiên- entre as comunidades, organizadas no decorrer
vertentes de colinas exigentes de recursos de cias de intervenções. da luta contra as práticas de erradicação, e o po-
“A história real da vida dos lugares mostra que
os objetos são inseridos num meio segundo uma
ordem, uma sequência, que acaba determinando
um sentido àquele meio. É diferente se, numa rua,
15
criamos primeiro um edifício ou se a asfaltamos,
se criamos antes a rua asfaltada e depois
melhoramos as infraestruturas subterrâneas, se
estabelecemos primeiro a escola ou o hospital, o
hospital ou o banco. O resultado das combinações
não é o mesmo, segundo a ordem verificada.
SANTOS Milton, 1996
der público. É no âmbito dessa interação que o • Levantar dados sobre as condições das posta por informações relacionadas aos aspec-
termo comunidade foi na prática ativado, para infraestruturas públicas nessas Comuni- tos populacionais, educação, saúde e renda, por
além do seu sentido antropológico ou sociológi- dades, por Unidades de Coleta de Infor- exemplo, os quais formam os pilares para enten-
co, bem como foi adotado pela mídia para efeito mações, a partir de visitas realizadas por der o desenvolvimento de um território.
de denúncias da precariedade da qualidade das profissionais de engenharia, de urbanismo
e da área social e que, além de coletar O capítulo 4 apresenta o universo geral das Co-
infraestruturas públicas. Adotando para estas
informações de campo procederam a le- munidades de Interesse Social no território da
áreas, a denominação de Comunidades de Inte-
cidade, de modo a fazer entender como a situa-
resse Social, o Atlas inscreve-se nessa trajetória vantamentos fotográficos.
ção geográfica dessas comunidades se relaciona
salientando a necessária interação pública/pri-
• Sistematizar, analisar e validar os dados com a diversidade desse território, apreendido
vada na superação em primeiro lugar de carên-
levantados com o uso de Sistema de infor- nas suas dimensões natural – expressa pelas
cias nas redes de infraestruturas públicas como
mações Geográficas (SIG), a partir do qual unidades de paisagem decorrentes do ambiente
meio de promover uma melhor qualidade do es-
foram selecionadas as informações mais natural sobre o qual se assentou a cidade, eco-
paço urbano.
significativas para construção de mapas nômica – expressa por sucessivas centralidades
Para essa finalidade, o objetivo geral do Atlas é e escolha do material iconográfico que - e de relações com o sistema viário que estrutu-
de apresentar um conjunto de informações atua- constam neste Atlas. rou a expansão urbana. Os mapas e textos desse
lizadas sobre as condições das infraestruturas capítulo que privilegiam uma perspectiva histó-
• Elaborar os textos que, com base nesses
públicas em áreas de autoconstrução por famí- rica objetivam combater uma visão partida da
mapas e material iconográfico, apresentam
cidade e demonstrar o quão essas Comunidades
lias de baixa renda, as Comunidades de Interes- aos usuários do Atlas um novo e inédito
de Interesse Social são partes integrantes da di-
se Social, situação essa levantada em campo e patamar de conhecimento sistematiza-
nâmica urbana mais geral.
sistematizada por técnicas de geoinformação, do sobre as condições das infraestruturas
de modo a fornecer um instrumento de apoio à públicas nas Comunidades de Interesse É no capítulo 5 que o Atlas aborda diretamente
decisão, levando em conta a diversidade dessas Social. a problemática central da condição das infraes-
condições existentes entre Comunidades e den- truturas públicas nas Comunidades de Interesse
tro das próprias Comunidades. O Atlas das Infraestruturas Públicas em Comuni-
Social, elegendo sucessivamente os temas das
dades de Interesse Social compõe-se de quatro
infraestruturas de saneamento ambiental, das
Para atingir esse objetivo, foi necessário: capítulos além dessa Introdução.
demais infraestruturas urbanísticas e de algu-
• Atualizar o reconhecimento, a delimitação O capítulo 2 detalha os procedimentos metodo- mas infraestruturas sociais para, com base nas
16 e o dimensionamento do universo das Co- lógicos empregados em campo e em escritório informações reunidas e sistematizadas, verificar
munidades de Interesse Social por meio para reunir as informações necessárias à elabo- diversos patamares de condição de existência e
de levantamento sistemático em ortofo- ração deste Atlas, que as consolida; apresenta qualidade dessas infraestruturas nas Comunida-
tos mosaicadas ;e definição de Unidades também estudos antecedentes que tratando des, revelando ainda o quão podem apresentar
da problemática das Comunidades de Interesse diferenças internas. Esse capítulo apresenta en-
de Coleta de Informações em dimensões
Social, serviram de fontes inspiradoras seja para tão, por cada um dos temas que se desdobram
compatíveis com levantamentos a serem
incorporar conhecimentos já acumulados, seja em diversos subtemas, mapas do conjunto das
realizados em campo.
para destacar as diferenças de abordagem entre comunidades recifenses por patamares de con-
• Situar essas Comunidades no território o Atlas e essas fontes.
dições de infraestruturas, resultante do trata-
recifense, considerando as características mento estatístico dos dados levantados e a re-
naturais, econômicas e viárias do Recife O capítulo 3 traz o Recife em sua forma mais am- lação entre essas condições e o espaço concreto
demonstrando que essas áreas são partes pla, apresenta a cidade em um nível mais geral, onde se desenvolve o cotidiano dos lugares.
integrantes da dinâmica urbana geral que antes de adentrar no universo das comunidades
influencia as dinâmicas locais. de interesse social. Tal parte deste Atlas é com-
2
Referencial e
Bases Metodológicas
O
Recife tem longa tradição em levan- 2.1 Os cadastros anteriores dos quais 73 (58%) concentram-se na cidade
tamentos e cadastros dos espaços de referência do Recife. Serviu de referência para a seleção, em
onde reside a população pobre. Já na 1980, das 27 Áreas Especiais de Interesse Social
primeira década do século XX, foram 1978-80. Cadastro dos Assentamentos de Bai- (AEIS), das quais 26 foram gravadas na Lei de
identificados mais de 40% dos domicílios em xa Renda da Região Metropolitana do Recife Uso e Ocupação do Solo no. 14.511/1983 como
“mocambos” (Recenseamento de 1913). Na quarta Realizado pela Fundação de Desenvolvimento Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), con-
década do mesmo século, registram-se mais de Metropolitano (FIDEM), mediante demanda e solidando uma ação de vanguarda do governo
60% de mocambos entre os domicílios da cidade financiamento do Banco Mundial, o cadastro de municipal do Recife no processo de legalização
(Censo dos Mocambos de 1939). Estes levanta- 1978 considerou como “assentamentos de baixa urbanística e fundiária dos assentamentos pobres,
mentos foram motivados pelo objetivo político, renda ”aqueles que se caracterizavam por “acen- antecipando em 18 anos a instituição das ZEIS no
predominante até os anos 70, de erradicar os mo- tuada desordenação espacial, elevada densidade Estatuto das Cidades (Lei Federal no. 10.257/2001).
cambos, justificado pela promessa de remoção
para conjuntos habitacionais financiados, seja
pela Liga Social Contra os Mocambos (posterior- 1977 A Arquidiocese de Olinda e Recife divulga que cerca
mente Liga Social Agamenon Magalhães), entre
as décadas de 40 a 60, seja pelo Banco Nacional
de 58 mil famílias da RMR, totalizando mais de 300 mil
de Habitação (BNH), a partir da década de 60. pessoas, estavam ameaçadas de expulsão.
Os movimentos sociais locais de luta pelo acesso
Barros e Silva, 1985
à terra e à moradia, apoiados pela Comissão Jus-
tiça e Paz, tendo à frente o Arcebispo Dom Helder
Câmara, somados ao interesse dos organismos habitacional, deficiente dimensões de habitações, As AEIS serviram, também, de base para a seleção
internacionais pela pobreza nos países subde- reduzida frequência de acessos e pela inexistência das comunidades de interesse social a ser objeto
senvolvidos, impulsionaram, no final dos anos 70, ou precariedade dos serviços de infraestrutura de implantação do Programa de Erradicação de
mudanças nos objetivos políticos, que se voltaram básica e social”. (FIDEM, 1979, p. 17)
Sub-habitação – PROMORAR (1979), do Banco
para a consolidação das comunidades nos seus
O levantamento dos assentamentos inicia pela Nacional de Habitação (BNH), cujo objetivo con-
locais de moradia, por meio da intervenção urba-
análise fotográfica, obtida no voo aerofotogramé- templava a urbanização dos assentamentos de
nística e da regularização da situação fundiária.
Os levantamentos e cadastros realizados, desde trico de 1971/72 que deu origem às ortofotocartas baixa renda ou seu reassentamento em face da
20 então, foram motivados por esses novos objetivos. de 1974, na escala de 1:10.000, onde foram de- impossibilidadede urbanização no local. Como
marcados (em meio analógico) os perímetros dos exemplo, pode-se citar o PROMORAR dos Coelhos
A partir do final da década de 1970, utilizando tecno- assentamentos identificados. A área dos assenta-
logias de informação cada vez mais avançadas, foram Realizado pela Secretaria de Habitação e Desen-
mentos foi calculada a partir dos respectivos perí-
realizados três levantamentos gerais, extensivos a volvimento Urbano do Governo de Pernambuco, o
metros (computador da FIDEM tipo VAX 11-750) e a
todas as comunidades identificadas, sob promoção cadastro de 1988 adota o termo “assentamentos
estimativa do número de moradias e da população
de instituições públicas e realizados com periodicidade populares”, para designar aqueles com mais 10
foi obtida por meio de superposição dos setores
decenal (1978, 1988 e 1998). Esses levantamentos imóveis concentrados que apresentassem baixo
censitários inseridos – integral ou parcialmente -
foram consolidados em cadastros de referência, pos- padrão construtivo das edificações, morfologia
nos perímetros delimitados (Censo 1970). Foram
teriormente consolidados em uma Base de Dados urbana densa, diferenciada de seu entorno, com
realizadas visitas de campo para complementa-
Espaciais (BDE), que compõe o Sistema de Infor- traçado viário irregular e/ou pouco permeável.
ção das informações – denominação, condições
mações Geográficas dos Assentamentos Populares Contempla “os assentamentos precários passí-
geomorfológica do sítio geográfico, tipologia das
da Região Metropolitana do Recife – SIGAP-RMR, veis de serem reabsorvidos na malha urbana por
edificações, entre outras.
desenvolvido pelo Observatório Pernambuco de Po- meio de melhorias na urbanização e nas habi-
líticas Públicas e Práticas Socioambientais [Obser- O Cadastro de 1978-80 registra 126 assentamentos tações; aqueles passíveis de remoção;os que se
vatório PE (UFPE/FASE-PE)], cuja atualização, em de baixa renda na Região Metropolitana do Recife, encontram em processo de urbanização; além
2011, contempla as novas áreas identificadas após o
cadastro de 1998 (Cartograma 2.1).

O Atlas das Infraestruturas Públicas em Comuni-


1978-1980 Cadastros dos Assentamentos de Baixa
dades de Interesse Social do Recife adota o último Renda da Região Metropolitana do Recife
cadastro geral de 1998 e sua atualização em 2011
como referência, contando com a contribuição do Número de assentamentos: 73
Plano Municipal de Redução do Risco (PMRR-Recife, Área ocupada: 17,71 km2 (8,1 % da área total e 13% da
2007). Representa uma nova iniciativa pública pro-
tagonizada pela Prefeitura do Recifee pela SANEAR
área ocupada do território municipal)
de, após 15 anos, realizar novo levantamento geral, Moradias: 103.700 (42% das moradias do Recife)
extensivo e sistemático das áreas onde residem as
comunidades de interesse social, com o objetivo de População: 518.600 (43,1% da população do Recife)
mapear e conhecer para intervir.
Mapa:Comunidades de Interesse Social e Histórico dos Cadastros Existentes no Recife

22
GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA
BREJO DE
BEBERIBE

DOIS
UNIDOS

NOVA
DESCOBERTA

BEBERIBE
DOIS
CORREGO DO PORTO DA
IRMAOS
JENIPAPO MADEIRA
LINHA
DO TIRO

VASCO CAJUEIRO

SITIO DOS MACAXEIRA DA GAMA


PINTOS ALTO JOSE FUNDAO
BONIFACIO
AGUA
FRIA
ALTO STA.
TEREZINHA CAMPINA DO
BARRETO
APIPUCOS MORRO DA PEIXINHOS
CONCEICAO
BOMBA DO
HEMETERIO
ALTO DO ALTO JOSE
MANDU DO PINHO

MANGABEIRA ARRUDA
CASA
AMARELA
CAXANGA
MONTEIRO PONTO DE CAMPO
PARADA GRANDE
TAMARINEIRA
ROSARINHO
HIPODROMO
CASA
FORTE PARNAMIRIM

POCO ENCRUZILHADA
IPUTINGA
JAQUEIRA

SANTANA AFLITOS TORREAO

ESPINHEIRO
TORRE

GRACAS

VARZEA SANTO
AMARO
CORDEIRO
CIDADE
UNIVERSITARIA
RECIFE
ZUMBI MADALENA

DERBY
ENGENHO
DO MEIO SOLEDADE

PRADO BOA
VISTA
PAISSANDU SANTO
TORROES ILHA DO ANTONIO
RETIRO ILHA DO
BONGI LEITE

COELHOS

SAN
MARTIN ILHA JOANA
BEZERRA
MUSTARDINHA
CURADO
SAO JOSE

MANGUEIRA
AFOGADOS

BRASILIA
CABANGA TEIMOSA
JARDIM
TOTO SAO PAULO ESTANCIA

SANCHO

COQUEIRAL
JIQUIA

TEJIPIO

AREIAS
PINA

CACOTE
BARRO
IMBIRIBEIRA

Legenda IPSEP

Histórico de Ocupação
Ano
Cadastro Geral 1978 IBURA
COHAB

Cadastro Geral 1988


BOA
VIAGEM

Cadastro Geral 1998


JORDAO
Cadastro das Novas Áreas 2011

Cadastro Geral 2014

Convenções
Bairros Modelo digital de Terreno
Quadras Variação em metros (m)
High : 118
Corpos d'água
Low : 0

2 1 0 2 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 2.1:  XXXX


Fonte:  XXXXX
23

Mapa: Comunidades de Interesse Social e Histórico dos Cadastros Existentes no Recife


dos assentamentos de promoção governamental
para reassentamento de famílias removidas de
assentamentos precários.” (SOUZA, M.A., 1990)

O levantamento, apesar do objetivo inicial de abran-


ger toda a região metropolitana, limitou-se ao mu-
nicípio do Recife. A exemplo do cadastro anterior
(1978), procedeu inicialmente sua atualização por
meio da análise fotográfica, obtida no voo aerofo-
togramétrico de 1986-87, apoiado pelo cadastro de
logradouros da Prefeitura do Recife, na escala de
1:5.000, onde foram demarcados (em meio analó-
gico) os perímetros dos “assentamentos populares”.
Foi, também, calculada a área dos assentamentos
(computador da FIDEM tipo VAX 11-750), tendo sido
realizada a estimativa da população e do número
de moradias mediante análise da densidade dos
assentamentos e tendo como referência o levan-
tamento de alguns assentamentos realizados pela
COHAB-PE ou URB-Recife.

A distinção metodológica deste cadastro em


relação ao anterior envolve dois aspectos im-
portantes: um se refere à pesquisa de campo
realizada em cada um dos assentamentos iden-
tificados, contemplando entrevista com quatro
moradores – dois mais antigos e duas lideranças
Foto 2.1:  Imagem de uma rua do Conjunto PROMORAR, na comunidade dos Coelhos. comunitárias - visando caracterizar o processo
de ocupação; as condições fundiárias e jurídicas
e possíveis conflitos; as características físicas do
24
assentamento; e o processo organizativo das co-
1988-1980 Cadastros dos Assentamentos Populares munidades; o outro aspecto refere-se à conferên-
cia do perímetro pré-identificado na cartografia,
do Recife alterado pelas comunidades que delimitaram as

1978-1983 Ocorreram na RMR mais de 80 invasões, distintas localidades que habitavam no interior de
um mesmo assentamento pré-identificado. Disso
envolvendo cerca de 150 mil pessoas (Pesquisa resulta um acréscimo significativo do número de
assentamentos, em relação ao cadastro anterior,
da FUNDAJ; FALCÃO NETO, J.,1984). decorrente não somente do número de novas ocu-

1987-1989 A COHAB-PE registramais de 200 pações no período, que ampliam em 87% a área
anteriormente ocupada pelos assentamentos
invasões na RMR, envolvendo cerca de 80 mil de baixa renda (17,7 km2, em 1978, para 33,1 km2,
pessoas, concentrando-se dois terços destas em 1988), mas também da subdivisão de alguns
assentamentos, a exemplo dos “Morros de Casa
no município Amarela” – registrado como um assentamento
do Recife (SOUZA, M.A., 1991). no cadastro de 1978, que foi subdividido em 101
comunidades no cadastro de 1988 – Alto José do
Pinho, Córrego do Euclides, Morro da Conceição,
1988-1991 Cadastros dos Assentamentos Vasco da Gama, etc.

Populares do Recife Um Banco de Dados Informatizado reuniu as infor-


mações sistematizadas dos 489 assentamentos
RECIFE: Número de assentamentos: 489 populares, que constitui um dos quatro cadastros
Área ocupada: 33.10 km2 (15.1 % da área total e interligados a partir do assentamento – cadastro
dos assentamentos populares, das entidades re-
cerca de 25% do território construído do munício) presentativas, das reinvindicações das comunida-
Moradias: 166.170 (54,3% das moradias do Recife) des e das intervenções governamentais. Pesquisas
em órgãos públicos complementam os dados para
População: 630.850 (48.3% da população do Recife)
elaboração desses cadastros.
O cadastro de 1988 deu suporte à implantação da foram contemplados dados do Censo do IBGE O Cadastro de 1998 serviu de referência para a
Política Estadual de Habitação, no período 1988- (1991), além de dados de pesquisas realizadas alaboração do Banco de Dados das Zonas Es-
91, que privilegiou os assentamentos populares nas Secretarias Municipais de Saúde e de Educa- peciais de Interesse Social (BD-ZEIS) do Recife
com programas que foram concebidos para atu- ção. Considerando que o critério renda, por si só, [Observatório PE (UFPE/FASE-PE), 2004, 2007];
arem de forma isolada ou combinada, conforme não seria capaz de diferenciar a pobreza em sua do Atlas de Desenvolvimento Humano do Recife
as condições específicas das áreas de atuação, particularidade, essa matriz deu grande enfoque (PCR/PNUD, 2005) e do Atlas de Desenvolvimen-
envolvendo: Implantação de Lotes Urbanizados; aos dados de configuração urbana e infraestrutura to Humano da Região Metropolitana do Recife
Financiamento de Materiais de Construção para local levando em conta que a qualidade do espaço (Agência Condepe/Fidem/PCR/PNUD, 2008).
construção e melhoria de habitações através do físico onde habita a população mais pobre é um A partir de 2000. Sistema de Informações Geo-
regime de autoconstrução, tendo sido para isso forte indicador de pobreza e se constitui elemento gráficas dos Assentamentos Populares da Região
implantado um Banco de Materiais de Construção;
capaz de evidenciar diferenças, uma vez que os Metropolitana do Recife (SIGAP-RMR)
Urbanização de Favelas; e Legalização Fundiária.
indicadores sociais de educação, saúde e renda se
O SIGAP-RMR, elaborado pelo Observatório PE
1998-2000, Cadastro das Áreas Pobres da Região apresentam semelhantes entre as comunidades.
(UFPE/FASE-PE, 2007), consolida em uma Base
Metropolitana do Recife Como exemplo, pode-se comparar o Conjunto de Dados Espaciais (BDE) única, para toda a RMR,
O destaque dado à questão ambiental, a partir da Habitacional da Asa Branca (ZEIS Torrões) e áreas os três cadastros (1978, 1988 e 1998), a partir de:
ECO 92, levou o setor de saneamento a ser objeto de palafitas nos Coelhos, que apesar de apresen- fusão das cartas de nucleação da FIDEM (sul,
da atenção do poder público estadual e municipal. tarem padrão aproximado de renda, conforme norte e centro) em um único arquivo, no ambiente
O Banco Mundial financiou junto ao Governo de dados do IBGE de 1991, possuíam condições de ArcGIS; vetorização das cartas analógicas dos ca-
Pernambuco o “Programa Qualidade das Águas - habitabilidade bem distintas. dastros de 1978 e 1988 para esta base; digitação
PQA”, com investimentos no setor de saneamento,
especialmente nas áreas mais precárias, reque-
rendo para isso o diagnóstico prévio da pobreza
urbana da região. Nesse contexto, o Cadastro das
Áreas Pobres da Região Metropolitana do Recife,
foi contratado pela FIDEM, com recursos do Banco
Mundial, no âm bito do Projeto PROMETRÓPOLE,
contando com a participaçãoda Prefeitura do Re-
cife, que promoveu o ajuste deste cadastro para o 25
Recife até o ano de 2004.

O cadastro de 1998 atualizou o anterior (1988),


adotando metodologia semelhante. Parte do le-
vantamento das fotografias aéreas (voo 1997-98)
da FIDEM, utilizando tecnologia mais avançada
da cartografia digital; realiza pesquisa de campo,
com entrevistas aplicadas a moradores antigos Foto 2.2:  Conjunto habitacional de Asa Branca na ZEIS Torrões. Boas condições de Habitabilidade.
e lideranças comunitárias em cada comunidade;
adota o critério similar para identificação de uma
área pobre, que consiste em “mais de 10 imóveis
aglutinados com tipologia habitacional de baixo
padrão construtivo, morfologia urbana densa com
tecido predominantemente irregular e pouco per-
meável, resultando em espaços insalubres e/ou
descontextualizados de seu entorno.” (LEITE, 2000).

Distinguiu-se metodologicamente dos cadastros


anteriores na tarefa de classificar a pobreza metro-
politana, por meio de uma matriz de classificaçãona
qual: uma área pobre corresponde àquela onde a
população residente está na linha de pobreza; uma
área muito pobre representa aquela onde a popula-
ção se encontra abaixo da linha de pobreza; e uma
área de pobreza crítica, corresponde àquela em que
os residentes se encontram em condições miseráveis
de sobrevivência, onde nem as condições básicas
para a vida e nem o local onde vivem são dignos.
Foto 2.3:  Conjunto habitaciona de Asa Branca – ZEIS Torrões. Precárias condições de Habitabilidade.
Para a elaboração dessa matriz de classificação
de todas os dados analógicos dos cadastros de
1978 e 1988, inclusive as fichas da pesquisa de
campo de 1988; importação da base vetorizada 1998-2000 Cadastros das Áreas Pobres da Região
do cadastro de 1998, ajustada à base única. Metropolitana do Recife.
Esse sistema serviu de base para a Pesquisa Ti- RECIFE: Número de assentamentos: 420
pologia e Caracterização Socioeconômica dos Área ocupada: 34,2 km2 (15.6 % da área total e
Assentamentos Precários: Região Metropolitana
cerca de 26% do território construído do município)
do Recife, realizada em 2008-10 pela FUNDAJ/
Observatório PE, por encomenda do IPEA.
Moradias: 191.450 (50,9% das moradias do Recife)
População: 727.510 (51,1% da população do Recife)
A atualização do SIGAP-RMR em 2011, pelo Ob-
servatório PE, contemplou a inserção de 28 novas
áreas no Recife, com seus respectivos cadastros
a intervenção propriamente dita nessas comuni- propiciasse um padrão uniforme de cobertura das
obtidos em pesquisa de campo.
dades: o cadastramento censitário das comuni- CIS, para obter informações referentes às infra-
dades selecionadas; os estudos de concepção de estruturas públicas com ênfase no saneamento,
2.2 Atlas das Infraestruturas urbanização em algumas dessas comunidades; o especialmente informações não disponíveis no
Públicas em Comunidades projeto de saneamento integrado (PSI), conforme censo domiciliar do IBGE, acerca do abastecimento
de Interesse Social: esquema apresentado na Figura 4. d’água (como, por exemplo, a intermitência no
Metodologia Operacional Para fins práticos de operação da etapa 1 – ma-
abastecimento) e do escoamento dos esgotos (já
que o IBGE reúne na mesma variável o escoamento
O Atlas das Infraestruturas Públicas em Comu- peamento e cadastro não censitário das CIS - e
domiciliar na rede de coleta de esgoto e na rede
nidades de Interesse Social do Recife apresenta considerando a diversidade de tamanhos das co-
de galerias pluviais).
os resultados do mapeamento e do cadastro não munidades, estas foram subdivididas em micro
censitário das informações levantadas em campo áreas correspondentes a Unidades de Coleta (UC), A agregação das informações por unidades de co-
e em órgãos públicos sobre 545 comunidades de cujos polígonos configuraram áreas de aproxima- leta possibilitou caracterizar o nível de precariedade
interesse social que ocupam 45,13 km2, com ta- damente 2 ha, delimitados a partir de morfologia das infraestruturas públicas por comunidade, por
manho e características diferenciadas, resultante de ocupação urbana semelhante (Figura 5), de meio de uso de modelagem matemática basea-
das condições históricas, sociais e físicas de sua modo a permitir que o levantamento de campo da no conceito da análise de multicritérios, que
implantação e expansão.
26
O Atlas incorpora acúmulos dos cadastros an-
teriores, mas se distingue deles no seu objetivo
central. Enquanto para o cadastro de 1978 foi
prioritário identificar, mapear e cadastrar os as-
sentamentos de baixa renda, até então nunca
registrados na cartografia da cidade; para o ca-
dastro de 1988 foi fundamental a atualização
desse registro e mapeamento, associado ao
resgate em pesquisa de campo do processo de
ocupação dos assentamentos populares; e para
o cadastro de 1998 a finalidade foi a classificação
da pobreza a partir da caracterização das áreas
pobres por meio de vários indicadores sociais e
urbanísticos; este Atlas, parte do entendimento
da cidade como um conjunto de infraestruturas
públicas distribuídas de forma equânime no
espaço urbano e, portanto, tem como objetivo
central o levantamento das infraestruturas pú-
blicas de saneamento, urbanísticas e sociais,
considerando as características naturais, eco- Figura 2.1:  Etapas do processo de intervenção nascomunidades de interesse social
nômicas e viárias do Recife e demonstrando que
essas áreas são partes integrantes da dinâmica possibilitou a caracterização de cada unidade de ciliar; etapa 3 - estudos de concepção urbanística;
urbana. coleta e de cada Comunidade de Interesse Social. etapa 4 - Projeto de Saneamento Integrado.
Esta matriz multicritérios serviu de referência para
Além do Atlas, que representa uma primeira etapa A metodologia operacional de construção do Atlas,
a elaboração dos mapas temáticos que compõem
da iniciativa da Prefeitura do Recife e da SANEAR
o capítulo 4 deste Atlas, bem como subsidiará as que consolida a etapa 1, compõe-se de três linhas
de mapear e conhecer para intervir as comunida-
des de interesse social, na perspectiva de “uma etapas seguintes: etapa 2 - diagnóstico das CIS básicas: cartografia e geoinformação, levantamen-
cidade igual para todos”, outras etapas antecedem selecionadas com cadastramento censitário domi- to de campo e sistematização dos dados.
2.2.1 Cartografia e Geofinformação
O contexto tecnológico atual permitiu ao mapea-
mento e cadastro das comunidades de interesse
social do Recife ouso intensivo das Tecnologias da
Geoinformação no: mapeamento, na sistematiza-
ção de informações geográficas, na produção de
novos dados e na realização de análise espaciais
apoiadas em dados de alta precisão (voo foto-
gramétrico e perfilhamento a lazer), bem como a
incorporação de dados de ou outros bancos.

O conjunto de dados espaciais sistematizados com-


pôs um Mapa Urbano Básico – MUB que se tornou
a referência cartográfica para a realização de todos
os mapeamentos. O mesmo é compatível com o
referencial cartográfico fornecido pela Prefeitura do
Recife (PCR), que utiliza o Sistema de Referência
Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000) e
a Universal Transversa de Mercator (UTM) como
Sistema de Projeção Cartográfico com as caracte-
rísticas técnicas respectivas a posição geográfica
do município (Zona UTM 25S).

O MUB está armazenado em um banco de dados


geográfico (geodatabase) que contém os dados
vetoriais e raster das camadas de base (hidrografia, Figura 2.2:  Delimitação das UC por padrões de morfologia urbana semelhantes.
sistema viário, relevo, cobertura vegetal, ortofotos,
as etapas do mapeamento forneceu à caracte- campo compreendem duas atividades, esquema-
etc.) que são o pano de fundo do Sistema de In-
rização das comunidades de interesse social os tizadas na Figura 6:
formações Geográficas (SIG). A confecção destas
elementos de estudo iniciais, que favoreceram a 27
camadas seguiu um planejamento baseado no en- • Delimitação das Unidades de Coleta no
coleta de dados em campo, em um primeiro mo-
cadeamento de ações necessárias para apoiar as interior de cada comunidade;
mento e, em seguida,com o uso da geoinformação,
análises dos dados e o mapeamento: aquisição dos
atuando sobre os dados levantados e tratados, • Confecção dos instrumentos de coleta,
dados gráficos e descritivos (atributos), análise da
possibilitou o conhecimento do território mapea- compreendendo a elaboração dos cro-
qualidade dos dados, atualização de dados, corre-
do, por meiodo uso de diversas análises espaciais quis, com delimitação do perímetro das
ções topológicas, validação e inserção de metadados.
realizadas no ambiente do SIG, que variaram desde CIS e das unidades de coleta no interior
Para a captura e armazenamento de dados pro- a produção de mapas temáticos qualitativos e de cada comunidade (Anexo 1); e a im-
venientes de campo, que caracterizam as comu- quantitativos até a produção de novos dados e pressão das fichas de campo com as
nidades, foram criadas camadas operacionais seus derivados, tais como: declividade, densidade informações a serem obtidas referentes
(unidades de coleta-UC e indícios/evidências do: de situações de risco com a técnica da análise à infraestrutura, ao urbanismo e ao social
social, engenharia e urbanismo), que sofreram por Kernel, a análise de proximidades a linhas de (Anexos 2 a 4).
atualizações diárias, hora em suas geometrias, ônibus, porcentagens de área da UC ou da CIS em iii. Ida à Campo
hora em seus atributos, ou ainda em ambos. A áreas non aedificandi, fossem de ordem natural
atualização contínua dessas camadas operacio- (corpos d’água e relevo) ou de ordem construída As atividades de campo para coleta de informa-
nais estava intrinsecamente ligada ao trabalho (linhas ferroviárias,rodovias, entre outras). ções das UC que compõem as CIS foram desem-
de campo, em um processo de coleta de dados penhadas por quatro (04) equipes compostas
distribuídos em três etapas: (1) Elaboração dos 2.2.2 Levantamento de Campo por: um urbanista (arquiteto ou geógrafo), um
dados preliminares para o levantamento de cam- engenheiro (civil ou ambiental), um técnico so-
i. O levantamento de campo para mapeamento e
po, que inclui delimitação de áreas e geração de cial e um motorista. A definição os profissionais
diagnóstico urbano social das CIS compreende
croquis impressos; (2) Levantamento de campo, para compor a equipe de campo teve como
três momentos: (1) Antes da Ida à Campo (pla-
no qual os dados preliminares são conferidos e objetivo contar com o olhar especializado nos
nejamento e preparação para ida a campo), (2)
novos dados são coletados através das fichas de temas pesquisados – urbanismo, infraestrutura
Ida à Campo (atividades de campo propriamen-
campo e desenhos nos croquis; (3) Validação dos e social.
te ditas), e (3) Pós – Ida à Campo (tratamento
dados de campo. Este processo envolve correção
e validação das informações coletadas). Quatro etapas distintas e complementares com-
de limites de micro áreas e atributos como, por
preendem as atividades de ida à campo: (1) Progra-
exemplo, o nome das localidades após recebi- ii. Antes da Ida à Campo
mação das atividades; (2) Coleta das informações
mento do material de campo.
O planejamento e a preparação de materiais e de campo; (3) Controle do material; (4) Validação
A cartografia, que assim se fez presente em todas instrumentos para viabilizar o levantamento de da produção. (Figura 7)
Etapa 1: Programação das atividades nas fichas, ou, em alguns casos, a porcentagem e visualização das informações possibilitando a
daquela ocorrência em relação ao todo da UC. criação de mapas temáticos, relatórios, painéis
A programação das atividades de campo corres-
Cada ficha corresponde a uma comunidade e de indicadores e gráficos.
ponde ao processo de planejamento da coleta de
contém as várias UC que a compõe.
informações no território. O planejamento foi feito Etapa 3: Controle do material
periodicamente, tendo em vista as metas gerais • Registro dos indícios e coleta de evidências
O controle do material foi realizado por meio do
do projeto e a meta de produtividade da equipe. com o uso do tablet
preenchimento de uma planilha de acompanha-
As comunidades foram distribuídas igualmente No percurso de observação em campo, os pesquisa- mento e controle da produção, alimentada dia-
entre as equipes, considerando a quantidade de UC dores buscaram registrar indícios e coletar evidências riamente a partir da conferência de chegada de
a serem visitadas dentro de um dado setor (agru- referentes aos campos temáticos do levantamento material (por produto) - croquis, fotos, ficha de
pamento de comunidades por proximidade), bem – urbanismo, infraestrutura e social – de modo que infraestrutura, ficha de urbanismo e ficha social –
como a segurança dos pesquisadores, privilegian- embasassem sua avaliação da realidade. Utilizaram garantindo assim o controle do material levantado,
do-se a concentração de todas as equipes numa para isso o tablet com aplicativo de geoprocessa- bem como do status em que cada comunidade
mesma região da cidade. Além da proximidade, mento que possibilitou registrar com coordenadas – e suas respectivas unidades de coleta – se en-
outros elementos compuseram os critérios para de GPS as fotos que comprovavam tais indícios contravam no dado momento. O andamento das
o agrupamento e/ou separação de comunidades e evidências, além de uma pequena descrição do atividades foi monitorado diariamente através da
em setores: acessibilidade, limites físicos existen- registro. Este foi pautado em uma relação prévia validação da produção por equipe. Os técnicos
tes, tais como vias expressas, vias férreas, corpos de possíveis ocorrências a serem encontradas nas também preencheram um diário de campo, onde
d’água, áreas de vegetação e relevo, dentre outros. CIS, como apresenta o exemplo abaixo referente à colocaram ocorrências que por ventura vieram a
Comunidade Carangueijo/Tabaiares, no Bairro de interferir no andamento das atividades. Após a
O material de campo consistiu em croquis (equipe
Afogados, Recife-PE. (Figuras 8, 9, 10 e 11). conferência do material, o mesmo foi arquivado.
de Geoprocessamento) e fichas de pesquisa de
urbanismo, da infraestrutura e do social. As informações de cada UC nos tablets foram sin- Etapa 4: Validação da produção
cronizadas para o Geodatabase (banco de dados
Etapa 2: Coleta das informações de campo O material entregue após o levantamento das
geográfico) do servidor. A inserção dessas infor-
informações em campo passou por um processo
A coleta de dados sobre as características urbanas, mações no SIG permitiu o cruzamento, integração
de validação, que foi dividida em duas partes:
de infraestrutura e sociais de cada comunidade
uma mais objetiva, que englobou as fichas de
visitada foi realizada a partir da observação de
infraestrutura e urbanismo, e que exigiu apenas
campo feita pelos técnicos, em duas etapas: A elaboração das fichas de a conferência da forma de preenchimento e a
Percurso de observação e preenchimento das campo resultou de análise pertinência das informações apontadas, a partir 29
fichas de campo
inicial das fichas aplicadas da análise comparativa com as anotações feitas
Os técnicos chegaram à comunidade de carro e/ou nos croquis; e outra mais subjetiva, relativa à fi-
nos levantamentos de cha social, que exigiu maior tempo e pesquisa.
a pé, buscando percorrer a maior extensão possí-
vel – e a mínima necessária – para caracterizar a campo dos cadastros A coordenação de campo realizou uma primeira
avaliação do material produzido, com o intuito de
comunidade nas suas condições de infraestrutura anteriores, somada às identificar possíveis falhas no preenchimento e/
pública, observadas sob o aspecto urbanístico, de
engenharia e social. contribuições do corpo ou registro dos dados; e a validação definitiva foi
realizada pela equipe de campo. A validação do
As fichas de campo foram preenchidas em função técnico da Prefeitura do
urbanismo, da infraestrutura e do social processou-
da realidade encontrada em cada UC, apontando Recife e da SANEAR. -se de modo interdependente, sobretudo no que
a existência e/ou ausência das condições listadas tange a delimitação dos limites das comunidades.

Figura 2.3:  Figura 6. Organograma da etapa 1 do Figura 2.4:  Organograma da etapa 2do levantamento de campodas CIS
levantamento de campo das CIS.
iii. Pós – Ida à Campo

A etapa “pós-ida à campo” consistiu na consolidação de todo material produzido


para que pudesse ser processado com base em uma matriz multicritério, que objetiva
caracterizar o nível de precariedade das infraestruturas públicas por comunidade.
Tal consolidação exigiu um trabalho minucioso de conferência e compatibilização
em cada uma das 2.600 UC que compõem as diversas CIS do Recife.

As atividades pós-ida à campo compõe-se de quatro etapas: (1) revalidação da


produção, (2) digitação, (3) validação da digitação e (4) finalização. (Figura 12)

Etapa 1: Revalidação da produção - corresponde às alterações nos desenhos


das comunidades quando constatada qualquer alteração em termos de deli-
mitação do seu território: alteração de limites das unidades de coleta; adição
e/ou subtração de UC; remoção de comunidades; surgimento de novas comu-
nidades; surgimento de novas ocupações dentro ou próximas de comunidades
Figura 2.5:  Mapa dos indícios/evidências de Caranguejo-Tabaiares já existentes.

Consolidadas as alterações, procederam-se as validações das fichas de urbanis-


mo, de infraestrutura e do social, bem como a validação dos indícios/evidências
registrados em campo.

Etapa 2: Digitação – corresponde ao trabalho de digitação das fichas de urbanismo


e infraestrutura e do social.

Etapa 3: Validação da digitação – corresponde à conferência do preenchimento


das fichas após a digitação.

Etapa 4: Finalização – corresponde ao arquivamento do material de campo.

2.2.3 Sistematização dos dados


Nesta etapa de sistematização dos dados produzidos pela equipe de geopro-
30 Foto 2.4:  Evidências de Engenharia: Coletor de esgoto entupido cessamento e dos dados obtidos pelo levantamento de campo, procedeu-se a
análise, seleção, classificação e sistematização dos dados através de uma mo-
delagem matemática baseada no conceito da análise de multicritérios, de forma
a resultar em índices de caracterização para cada Unidade de Coleta e para cada
Comunidade de Interesse Social mapeada.

Os procedimentos e critérios adotados nesta fase de sistematização dos dados


compreendem quatro etapas:

Etapa 1: Seleção e Classificação das Variáveis

Para a construção da matriz multicritérios foram estabelecidos dois eixos de


variáveis a serem trabalhados,

(i) variáveis indicativas da precariedade da infraestrutura pública, con-


templando aquelas diretamente associadas ao saneamento e drenagem
Foto 2.5:  Evidências do Urbanismo: Beco com pavimentação precária
(alagamentos), iluminação, pavimentação e aquelas relacionadas a serviços
públicos e equipamentos sociais.

(ii) variáveis indicativas da facilidade de intervenção, considerando a densidade;


a permeabilidade (sistema viário);  a  existência de espaços não edificados
(na comunidade ou próximos dessa); a institucionalidade enquanto ZEIS,
legitimando o processo de urbanização e regularização fundiária; a presença
no entorno de uma dinâmica imobiliária (indicador de interesse e/ou pressão
para ocupação da área da comunidade).

As variáveis de cada eixo foram classificadas, em função do nível de impacto


gerado, como variáveis discriminantes (alto impacto) e suplementares (médio
impacto) da precariedade ou da facilidade de intervenção.

O Quadro 1 a seguir apresenta o resultado das variáveis selecionadas e das res-


Foto 2.6:  Evidências do Social: Vulnerabilidade Social – Criança no esgoto pectivas classificações adotadas.
Quadro 2.1:  Classificação e Descrição das variáveis utilizadas na sistematização dos dados coletados e produzidos.
NATUREZA

IMPACTO
NÍVEL DE
VARIÁVEL DESCRIÇÃO ORIGEM DA INFORMAÇÃO

Abastecimento de Água Forma (canalizada ou não canalizada) e frequência do abastecimento de água Levantamento de Campo

Esgotamento Sanitário Existência de infra estrutura de coleta de esgoto e destinação dos resíduos. Levantamento de Campo
Discriminante

Drenagem Artificial Existência de sistema de drenagem artificial estruturada Levantamento de Campo

Condições da infraestrutura de iluminação pública ((estruturada, improvisada


Iluminação Pública Levantamento de Campo
ou inexistente)
Indicativa de Precariedade

Pavimentação (Vias ou Escadas) Existência e condições de pavimentação das vias e escadarias Levantamento de Campo

Acesso a Transporte Público Disponibilidade (quantidade de linhas) de ônibus num raio de 400m Escritório Geoprocessamento

Densidade de pontos de riscos de desabamento e deslizamento, em função


Risco de Escorregamento Defesa Civil
do grau de risco (R1, R2, R3 e R4)

Risco de Alagamento Evidências de alagamento nas áreas mapeadas Levantamento de Campo


Suplementar

Coleta de Lixo Forma e frequência da coleta de lixo e destino dos resíduos não coletados Levantamento de Campo

Distância a equipamentos de Disponibilidade de equipamentos de educação, medida em função da distân- 31


Escritório Geoprocessamento
Educação cia da área mapeada aos equipamentos existentes

Distância a equipamentos de Disponibilidade de equipamentos de saúde, medida em função da distância


Escritório Geoprocessamento
Saúde. da área mapeada aos equipamentos existentes

Condição em ZEIS Percentual da área mapeada contida em ZEIS Escritório Geoprocessamento


Indicativa de Facilidade de Intervenção

Condição em Terreno de Marinha Percentual da área mapeada contida em terrenos de marinha Escritório Geoprocessamento
Discriminante

Nível de dinâmica imobiliária no entorno da área mapeada, medida a partir da


Dinâmica Imobiliária do Entorno Escritório Geoprocessamento
densidade de edifícios com mais de 6 pavimentos.

Proporção de Espaços Não Edi-


Proporção de espaços não edificados em relação à área total mapeada Escritório Geoprocessamento
ficados

Áreas Aedificandi - Infraestrutura Percentual da área mapeada não contida nas faixas de domínio legal de linhas
Escritório Geoprocessamento
Pública de transmissão, rodovias e ferrovias
Suplementar

Áreas Aedificandi - Fatores Percentual da área mapeada não contida na faixa de domínio legal de cursos
Escritório Geoprocessamento
naturais d’água e/ou com declividade inferior a 45o

Etapa 2: Cálculo dos índices de precariedade e de final para avaliação e apoio na tomada de decisão, seguida calcular os índices gerais de precariedade
facilidade de intervenção, para cada UC e com o objetivo de preservação do máximo de e de facilidade de intervenção, para cada Unidade
detalhamento possível dos níveis de precariedade de Coleta, conforme sequência de procedimentos
Com base no conceito da análise de multicrité-
e de facilidade de intervenção, optou-se por cal- indicados a seguir:
rios, no qual diversas variáveis são relacionadas
e ponderadas com o objetivo de gerar um índice cular índices específicos para cada variável e em • Atribuição de pesos aos parâmetros coletados
em campo e produzidos pelo geoprocessa- • Agregação dos índices de precariedade e de
mento, em função do seu impacto provocado facilidade de intervenção das UC, de modo
na respectiva variável; a comporem os índices para cada CIS.

• Cálculo dos índices específicos de cada variável, Para facilitar a análise e apoiar a tomada de deci-
com base nos pesos dos parâmetros associados; são em relação a futuras intervenções, foi calculado
um índice composto para cada CIS, correlacionan-
• Atribuição de pesos relativos entre as variáveis
do o nível de precariedade ao nível de facilidade
de cada natureza, considerando-se o grau de
de intervenção, bem como foi elaborado um grá-
importância da variável na composição do
fico de dispersão com as 543 comunidades, cujos
índice de precariedade ou de facilidade de in-
eixos são o Índice de Precariedade e o Índice de
tervenção, bem como o nível de confiabilidade
Facilidade de Intervenção, conforme apresentado
dos parâmetros coletados ou produzidos;
na Figura 13.
• Cálculo dos índices de precariedade e de fa-
Etapa 4: Elaboração dos mapas temáticos
cilidade de intervenção para cada UC, através
da ponderação das respectivas variáveis, em A matriz multicritérios resultou em mapas temá-
função dos pesos associados. ticos que compõem o capítulo 4 deste Atlas, que
apresenta a tipologia das comunidades de interes-
Etapa 3: Cálculo dos índices de precariedade e de
se social por temas relacionados às infraestruturas
facilidade de intervenção, para cada CIS
públicas. Após a caracterização do tamanho do
Com o objetivo de consolidar as informações por desafio, ao mensurar a área e estimar a população
Comunidade de Interesse Social, foram calculados das CIS no território da cidade, os mapas temáticos
índices agregados para cada variável e índices apresentam, em sequência, com base nas infor-
agregados gerais de precariedade e de facilidade mações da matriz multicritérios: os patamares de
de intervenção. Neste procedimento, os índices precariedade das CIS, explicitando a condição de
de cada UC foram ponderados em função da área existência ou de qualidade das infraestruturas de
territorial para em seguida serem agregados e saneamento, de infraestruturas urbanísticas e de
comporem os índices de cada CIS. Cada UC cor- algumas infraestruturas sociais; e, os patamares
respondeu a um “pixel” espacial, que foi agregado de facilidade de intervenção nas CIS, destacando
para a composição das informações de cada CIS, alguns aspectos dessas comunidades, tais como
32
conforme sequência dos passos a seguir: a sua institucionalização como Zona Especial de
• Cálculo do peso de cada UC em sua res- Interesse Social (ZEIS), ou a proximidade de equi-
pectiva CIS com base na área territorial pamentos sociais de educação e saúde.
(Área da UC / Área da CIS);

• Cálculo do índice ponderado de cada va-


riável de precariedade e de facilidade de
intervenção para cada UC;

Figura 2.6:  Gráfico de dispersão das CIS.


3
Recife
em Números
3.1 Aspectos Populacionais dinâmicas da população. A oferta de infraestrutura percebe-se uma involução da taxa entre os dois
e serviços está diretamente ligada à compreensão períodos considerados: enquanto a taxa de cres-
Intervir na cidade prescinde conhecê-la
dos contingentes populacionais. cimento no intervalo 1991-2000 foi de 1,02%, no
em seus diversos aspectos: econômico,
período posterior, 2000-2010, a taxa decresce
social, cultural. Nesse sentido, o conhe- O percentual de crescimento médio anual da
para 0,78%. Pernambuco obteve taxas supe-
cimento e a análise de determinadas população é apresentado através da taxa de
riores nos dois períodos: 1,19% em 1991-2000, e
variáveis são de fundamental importân- crescimento geométrico. Por meio dos dados
1,06% em 2000-2010. No âmbito regional, Recife
cia para um planejamento urbano que (resultados) obtidos é possível analisar as varia-
aponta as menores taxas de crescimento entre
busca o desenvolvimento da e na cidade. ções espaciais e temporais da população, assim
as capitais: no período 1991-2000 Maceió apre-
Destacam-se a seguir alguns importantes como realizar estimativas para períodos curtos.
senta a maior taxa da região, 2,68%, na década
indicadores que retratam a realidade e condições No gráfico 3.1 acima estão expostas as taxas de
seguinte esse posto é assumido por Aracaju, com
de vida da população de Recife. Entre os mais im- crescimento das capitais nordestinas nas duas
uma taxa de 2,15%.
portantes destacam-se aqueles relacionados às últimas décadas. Analisando Recife isoladamente
No gráfico 3.2 apresentam-se os números relativos
à densidade demográfica das capitais brasileiras
2000-2010 1991-2000
3,0 agrupadas em suas respectivas macrorregiões.
Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geo-
2,5 grafia e Estatísticas (IBGE), resultado do seu último
Censo Demográfico, Recife, que possui uma área
2,0 de 218,435 km², apresenta a quarta maior densi-
dade demográfica do país, com exatos 7.039,64
1,5 hab-km². A sua frente estão Fortaleza (7.786,44
hab/km²), São Paulo (7.398,26 hab/km²) e Belo
1,0 Horizonte (7.167 hab/km²), com destaque para
capital cearense.
0,5

0,0
Recife Salvador Aracaju Maceió João Natal Fortaleza Teresina São Luís
Recife, que possui uma
36 Pessoa
Gráfico 3.1:  Densidade demográfica das capitais do Brasil
área de 218,435 km²,
Fonte:  Censo 2010, IBGE. Elaboração: Engeconsult 2014.
apresenta a quarta
maior densidade
8000
demográfica do país,
7000
com exatos
6000
7.039,64 hab-km²
5000
A posição ocupada por Recife em nível nacional
4000 merece destaque por superar três importantes
capitais: Rio de Janeiro (5.265,82 hab/km²), Curi-
3000 tiba (4.027,04 hab/km²) e Porto Alegre (2.837,53
hab/km²). Quando a referência passa ser a re-
2000 gião Nordeste, a importância da capital pernam-
bucana aumenta significativamente. Superada
1000 apenas pela já mencionada Fortaleza, Recife
é aproximadamente (30%) mais densa que a
0 terceira colocada Natal (4.805,24 hab/km²) e 12
Porto Velho
Rio Branco
Boa Vista
Macapá
Palmas
Manaus
Belém
Campo Grande
Cuiabá
Brasília
Goiânia
Florianópolis
Porto Alegre
Curitiba
Vitória
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
São Paulo

São Luís
Maceió
Aracaju
João Pessoa
Salvador
Natal
Recife
Fortaleza
Teresina

vezes mais densa que a última colocada, Teresina


(584,94 hab/km²). Salvador (3.859,44 hab/km²),
importante capital da região, aparece apenas na
quarta colocação, cerca de 50% menos densa
Gráfico 3.2:  Densidade demográfica das capitais do Brasil que Recife.
Fonte:  Censo 2010, IBGE. Elaboração: Engeconsult 2014.
3.2 Desenvolvimento polis, capital que registra a menor taxa, com 2,14%. as variações das capitais brasileiras, agrupadas
No Nordeste, ocupa uma colocação intermediária nas suas respectivas macrorregiões, com base
3.2.1 Educação (5ª posição), abaixo de Maceió (12,51%), capital no Censo Demográfico. Observado em separado
com maior taxa do país, Teresina (9,66%), Natal verifica-se que Recife evoluiu no intervalo de dez
Referente à educação, o gráfico 3.3 apresenta
(8,73%) e João Pessoa (8,54%). Completam a anos. Se em 2000 a taxa registrada foi de 52,59%,
a taxa de analfabetismo no grupo dos habitan-
região: Fortaleza (7,30%), Aracaju (6,93%), São esse percentual elevou-se para 66,35% em 2010.
tes com 18 anos ou mais das capitais brasileiras
Luís (4,92%) e Salvador (4,12%). Taxas superiores às médias nacional (39,76% em
também agrupadas nas suas respectivas macror-
2000, e 54,92% em 2010) e estadual (32,58% em
regiões. No contexto nacional, Recife aparece na Mantendo-se no grupo dos habitantes com 18
2000, e 47,01% em 2010). Num hipotético ranking
sexta posição, com 7,44%, ficando abaixo da média anos ou mais, mas analisando os que possuem
entre as capitais nacionais, Recife despenca do
nacional que é de 10,19%, e bem acima de Florianó- o ensino médio completo, o gráfico 3.4 exibe
décimo sexto lugar, em 2000, para o vigésimo,
12 em 2010. Nos dois períodos encontra-se distante
de Florianópolis, capital que registra as maiores
taxas: 67,52% em 2000, e 80,03% em 2010. Res-
10
tringindo a análise para as capitais nordestinas,
Recife não altera sua colocação, mantendo-se
8 em quarto lugar nos dois períodos considera-
dos, acima de João Pessoa (52,59% em 2000
6 e 66,25% em 2010), Natal (51,83% em 2000 e
65,89% em 2010), Fortaleza (49,67% em 2000
4 e 65,83% em 2010), Teresina (48,71% em 2000
e 64,21% em 2010) e Maceió (44,61 em 2000 e
2 59,10% em 2010).

Concernente à educação básica, a Tabela 3.1 apre-


0 senta os dados do IDEB (Índice de Desenvolvi-
Palmas
Manaus (AM)
Belém (PA)
Porto Velho (RO)
Boa Vista (RR)
Macapá (AP)
Rio Branco (AC)
Goiânia (GO)
Brasília (DF)
Campo Grande (MS)
Cuiabá (MT)
Florianópolis (SC)
Curitiba (PR)
Porto Alegre (RS)
Belo Horizonte (MG)
Rio de Janeiro (RJ)
Vitória (ES)
São Paulo (SP)
Salvador (BA)
São Luís (MA)
Aracaju (SE)
Fortaleza (CE)
Recife (PE)
João Pessoa (PB)
Natal (RN)
Teresina (PI)
Maceió (AL)
mento da Educação Básica) das capitais da região
Nordeste, e a média do estado de Pernambuco.
Observando os anos iniciais do ensino fundamen-
tal (1º ao 5º ano), verifica-se que Recife, com 4,1, 37
supera a média estadual, que é de 3,9, e quatro
capitais: Maceió (3,7), Aracaju (3,8), Salvador (4)
Gráfico 3.3:  Taxa de analfabetismo 18 anos ou mais por capitais brasileiras - 2010.
Fonte:  Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD. Elaboração: Engeconsult 2014.
  IDEB Observado 2007 2009 2011
4ª série/5º ano 3,3 3,7 3,9
Pernambuco
8ª série/ 9º ano 2,6 3 3,2
100 % de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo (2000)
4ª série/5º ano 3,8 4,1 4,1
% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo (2010) Recife
8ª série/ 9º ano 2,3 2,8 3,1
4ª série/5º ano 3,5 3,9 4,2
80 Fortaleza
8ª série/ 9º ano 3 3,5 3,6
4ª série/5º ano 4 4,3 4,3
São Luís
8ª série/ 9º ano 3,6 4 3,9
60
4ª série/5º ano 3,5 3,9 4,4
João Pessoa
8ª série/ 9º ano 3,1 3,3 3,6
4ª série/5º ano 4 4,8 5
40 Teresina
8ª série/ 9º ano 3,4 4 3,9
4ª série/5º ano 3,5 3,6 3,7
Maceió
8ª série/ 9º ano 2,6 2,6 2,4
20
4ª série/5º ano 3,4 3,6 3,8
Aracaju
8ª série/ 9º ano 3 2,7 3
4ª série/5º ano 3,5 3,6 4
0 Salvador
Brasil

Rio Branco (AC)

Porto Velho (RO)

Macapá (AP)

Manaus (AM)

Boa Vista (RR)

Belém (PA)

Maceió (AL)

Teresina (PI)

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

João Pessoa (PB)

Recife (PE)

Aracaju (SE)

Salvador (BA)

São Luís (MA)

Campo Grande (MS)

Cuiabá (MT)

Goiânia (GO)

Brasília (DF)

Porto Velho (RO)

Curitiba (PR)

Porto Alegre (RS)

Florianópolis (SC)

São Paulo (SP)

Belo Horizonte (MG)

Rio de Janeiro (RJ)

Vitória (ES)

8ª série/ 9º ano 2,7 2,7 2,7


4ª série/5º ano 3,4 3,7 3,9
Natal
8ª série/ 9º ano 2,9 3 3

Os resultados marcados em verde referem-se ao ideb que atingiu


a meta projetada.
Tabela 3.1:  Tabela 3.1: IDEB observado em 2007, 2009 e
Gráfico 3.4:  % de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo por capitais brasileiras – 2000 e 2010. 2011 para Pernambuco e capitais do Nordeste.
Fonte:  Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD. Elaboração: Engeconsult 2014. Fonte:  Fonte: Prova IDEB,INEP. Elaboração: Engeconsult 2014.
Esperança de vida ao nascer (2000)

Esperança de vida ao nascer (2010)


80

70

60

50

40

30

20

10

0
Rio Branco (AC)

Boa Vista (RR)

Porto Velho (RO)

Macapá (AP)

Belém (PA)

Manaus (AM)

Palmas (TO)

Maceió (AL)

São Luís (MA)

Teresina (PI)

Aracaju (SE)

Fortaleza (CE)

Recife (PE)
Gráfico 3.5:  Esperança de vida ao nascer das capitais brasileiras – 2000 e 2010.
Fonte:  Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD. Elaboração: Engeconsult 2014.

e Natal (3,9). A melhor média registrada nesse 3.2.2 Longevidade e Saúde No gráfico 3.5 estão dispostas as expectativas de
intervalo pertence a Teresina, com 5. Quando vida média das capitais brasileiras (agrupadas nas
38 A taxa de esperança de vida ao nascer ou ex-
a análise é realizada a partir dos anos finais suas respectivas macrorregiões) e do país. Com uma
pectativa de vida configura-se um importante
do ensino fundamental (6º ao 9º ano) Recife média de 74,50 anos, registrada em 2010, Recife ele-
indicador social, pois, entre outros aspectos,
registra uma média menor que a estadual: 3,1 vou sua expectativa de vida, que era de 68,62 anos,
fornece indícios a respeito das condições de vida
e 3,2, respectivamente. Na região, ocupa uma em 2000, melhorando, também, sua situação num
da população. É através da utilização da taxa
hipotética 5º posição, a frente de Maceió (2,4), hipotético ranking nacional, subindo da vigésima
que também é realizado o cálculo previdenciário,
Aracaju (3), Salvador (2,7) e Natal (3). São Luís primeira (21ª) para décima sétima (17ª) colocação.
além da elaboração de políticas públicas volta-
e Teresina apresentam as melhores médias, am- Em 2000 a expectativa de vida ficou muito próxima
das às necessidades da população no presente
bas com 3,9. das médias nacional (68,61 anos) e estadual (67,32
e no futuro.
anos). Em 2010 continuou próxima da média bra-
Mortalidade infantil (2000)
sileira (73,94 anos) e distanciou-se um pouco da
50 Mortalidade infantil (2010) média de Pernambuco (72,32 anos). Apresentando
as maiores expectativas de vida nos períodos men-
40 cionados estão Florianópolis, com 74,35 anos, em
2000, e Brasília, com 77,35 anos, em 2010.
30 Entre as capitais nordestinas Recife salta do sétimo
lugar (7º), em 2000, para o quarto (4º), em 2010.
20 Neste período, apresentavam as maiores expec-
tativas de vida Natal, com 70,11 anos, em 2000, e
Salvador, com 75,10 anos, em 2010.
10
A taxa de mortalidade infantil é mais um indica-
0 dor que ajuda a conhecer e avaliar as condições
Brasil

Macapá (AP)

Manaus (AM)

Palmas (TO)

Boa Vista (RR)

Porto Velho (RO)

Belém (PA)

Rio Branco (AC)

Natal (RN)

Salvador (BA)

Recife (PE)

Aracaju (SE)

Fortaleza (CE)

Teresina (PI)

João Pessoa (PB)

São Luís (MA)

Maceió (AL)

Goiânia (GO)

Brasília (DF)

Cuiabá (MT)

Campo Grande (MS)

Florianópolis (SC)

Porto Alegre (RS)

Curitiba (PR)

Vitória (ES)

Belo Horizonte (MG)

Rio de Janeiro (RJ)

São Paulo (SP)

de vida da população, assim como a qualidade


e distribuição dos serviços públicos, visto que
entre as principais causa de mortalidade são
assistência hospitalar para recém-nascidos de-
ficiente, falta de vacinação, desnutrição, conta-
Gráfico 3.6:  Mortalidade Infantil das capitais brasileiras – 2000 e 2010. minação de água e alimentos pela ausência de
Fonte:  Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD. Elaboração: Engeconsult 2014.
saneamento básico.
2000
Renda per capita (2000)

Renda per capita (2010)

1500

1000

500

Brasil

Macapá (AP)

Rio Branco (AC)

Boa Vista (RR)

Manaus (AM)

Belém (PA)

Porto Velho (RO)

Palmas (TO)

Teresina (PI)

Maceió (AL)

São Luís (MA)

Fortaleza (CE)

Natal (RN)

João Pessoa (PB)

Salvador (BA)

Aracaju (SE)

Recife (PE)

Campo Grande (MS)

Cuiabá (MT)

Goiânia (GO)

Brasília (DF)

Curitiba (PR)

Porto Alegre (RS)

Florianópolis (SC)

Rio de Janeiro (RJ)

Belo Horizonte (MG)

São Paulo (SP)

Vitória (ES)
Gráfico 3.7:  Renda domiciliar per capita capitais brasileiras – 2000 e 2010.
Fonte:  Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD. Elaboração: Engeconsult 2014.

a renda per capita em Recife era de 778,39 R$, as-   80% mais pobres
cendendo para 1144,26 R$, em 2010. Porto Alegre   1991 2000 2010
em 2000, com 1399,50 R$, e Vitória em 2010, com Recife (PE) 28,65 28,24 27,47
1866,58 R$, aparecem como as capitais com as
Salvador (BA) 30,8 31,06 32,46
maiores rendas por habitante, enquanto Teresina
Maceió (AL) 33,26 28,85 32,56
com 498,40 R$, em 2000, e Macapá com 717,88
Brasília (DF) 34,04 32,41 32,8
No gráfico 3.6 encontram-se as taxas de mortali- R$, em 2010, apresentam as menores rendas in-
São Paulo (SP) 39,12 34,85 32,81
dade infantil das capitais brasileiras, agrupadas por dividuais. Nos dois períodos a renda per capita de
suas respectivas macrorregiões, e a média nacional,
Rio de Janeiro (RJ) 35,38 35,15 33,03 39
Recife esteve acima das médias nacional (592,46
nos anos de 2000 e 2010. Numa primeira observa- Fortaleza (CE) 30,66 30,61 33,4
R$ em 2000, e 793,87 R$ em 2010) e estadual
ção nota-se que Recife registrou um decréscimo João Pessoa (PB) 33,18 33,77 33,45
(367,31 R$ em 2000, e 525,64 R$ em 2010). No
significativo entre o número de recém-nascimento Aracaju (SE) 34 32,75 33,53
contexto regional Recife apresenta os maiores
mortos no primeiro ano de vida: se em 2000 esse Belém (PA) 34,78 31,79 33,53
valores nos dois períodos pesquisados.
número foi de 29,78, diminuiu para 15,56, em 2010. Natal (RN) 35,01 31,62 33,83
Em verdade, todas as capitais registraram uma Se a renda per capita elevou-se, a desigualdade na
Teresina (PI) 32,04 30,7 33,91
diminuição entre os períodos considerados, assim cidade, não. A tabela 3.2 apresenta o percentual
São Luís (MA) 34,9 30,45 33,91
como a média nacional (30,57 em 2000, e 16,70 em de renda apropriada pelos 80% mais pobres, e
Manaus (AM) 39,5 33,43 34,65
2010). Em Pernambuco os números foram de 47,31 um olhar mais atento identificará a forte con-
Belo Horizonte (MG) 35,03 34,28 35
em 2000, e 20,43 em 2010. No ano 2000, Recife centração de renda que perdura na cidade. Em
Porto Alegre (RS) 39,62 36,41 35,69
ocupava um hipotético nono lugar (9º) nacional- 2000, Recife aparece como a capital brasileira
Rio Branco (AC) 35,51 34,28 35,96
mente, melhorando sua posição em 2010, quando onde há a maior concentração de renda: os 80%
Vitória (ES) 38,51 36,84 36,51
passou a ocupar o décimo lugar (10º). Contudo, mais pobre apropriavam-se de apenas 28,24% da
Brasil 32,79 32,44 36,6
mesmo evoluindo, ficou relativamente distante renda total da cidade. Em 2010 o resultado é ainda
das capitais que registraram os menores números: Cuiabá (MT) 35,76 32,04 36,63
mais preocupante (é ainda pior): o percentual de
Porto Alegre em 2000, com 16,04, e Florianópolis renda apropriada diminui para 27,47%, e Recife Goiânia (GO) 37,59 34,58 36,94
em 2010, com 10,81. Os números mais negativos permanece como a capital onde mais se concentra Palmas (TO) 30,64 32,34 37,17
foram registrados em Maceió (43,69 em 2000, a renda. Florianópolis registra os maiores percen- Macapá (AP) 40,24 35,6 37,22
22,02 em 2010). tuais: 39,95% em 2000, e 41,33% em 2010. Os Boa Vista (RR) 39,3 39,19 37,58

No Nordeste, Recife aparece entre as capitais números de Recife superam, também, as médias Campo Grande (MS) 36,37 34,59 38,25

com menores registros, estando a sua frente São nacional (32,44% em 2000, 36,60% em 2010) e Curitiba (PR) 40,26 36,84 39,36
Luís (27,44), em 2000, e Salvador (14,92) e Natal estadual (30,21% em 2000, 33,82% em 2010). Porto Velho (RO) 37,73 35,22 39,7
(14,35), em 2010. No Nordeste, Recife mantém uma distância signi- Florianópolis (SC) 41,07 39,95 41,33

ficativa até mesmo para a segunda capital onde Tabela 3.2:  Percentual da renda total apropriada
3.2.3 Renda e Pobreza registra-se a maior concentração, a saber, Salvador, pelos 80% da população com menor renda domiciliar
per capita em 1991, 2000 e 2010
Outro aspecto que Recife registrou evolução nos com 32,46%, em 2010 - esse posto, em 2000,
Fonte:  Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013.
últimos dez anos foi na renda per capita. Em 2000, estava ocupado por Maceió, com 28,85%. Elaboração: Engeconsult 2014.
3.2.4 DH 1,0 IDHM (2000)

Combinando três importantes variáveis (renda, IDHM (2010)

educação e longevidade), o Índice de Desenvol-


0,8
vimento Humano (IDH) tem por objetivo medir o
desenvolvimento dos países, identificando, entre
outros aspectos, a qualidade de vida oferecida à 0,6
população. O índice varia de 0 a 1, e quanto mais
próximo de 1, mais desenvolvido é considerado o país.
0,4
No gráfico 3.8 estão dispostos os índices das
capitais brasileiras em ordem crescente, tendo
como referência suas variações no ano de 2010. 0,2
Recife, que no ano 2000 apresentou um índice de
0,660, e ocupava um hipotético décimo terceiro
0,0
lugar (13º) entre todas as capitais, apontou uma

Maceió (AL)

Rio Branco (AC)

Brasil

Macapá (AP)

Porto Velho (RO)

Manaus (AM)

Belém (PA)

Teresina (PI)

Boa Vista (RR)

Fortaleza (CE)

Salvador (BA)

João Pessoa (PB)

Natal (RN)

São Luís (MA)

Aracaju (SE)

Recife (PE)

Campo Grande (MS)

Cuiabá (MT)

Palmas (TO)

Goiânia (GO)

Rio de Janeiro (RJ)

São Paulo (SP)

Porto Alegre (RS)

Belo Horizonte (MG)

Curitiba (PR)

Brasília (DF)

Vitória (ES)

Florianópolis (SC)
evolução no seu IDH, registrando, em 2010, 0,772,
mantendo-se na mesma colocação. Florianópolis
registrou os melhores índices nos dois períodos:
0,766, em 2000, e 0,847, em 2010. Maceió, em Gráfico 3.8:  IDHM capitais brasileiras – 2000 e 2010.
contrapartida, anotou os piores: 0,584, em 2000, Fonte:  Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano, PNUD. Elaboração: Engeconsult 2014.

e 0,721, em 2010.

Recife apresenta os melhores índices quando a Finanças Públicas Ano Município RD Estado
referência são as capitais da região Nordeste. Em
2000, Recife aparece com o segundo melhor índice, Receita orçamentária (R$ mil) 2012 3.457.198 6.637.562 14.172.690
superado apenas por Natal (0,664). Já em 2010
Receita corrente (R$ mil) 2012 3.437.914 6.715.607 14.222.237
tem o melhor índice entre as capitais nordestina.
Supera também, as médias nacional (0,612, em Receita tributária sobre a receita corrente (%) 2012 31,49 24,06 14,58
2000, e 0,727, em 2010) e estadual (0,544, em
2000, e 0,673, em 2010). Receita de transferências correntes 41
2012 54,06 63,38 75,69
sobre a receita corrente (%)
3.3 Breve caracterização Despesa total (R$ mil) 2012 3.171.792 6.264.495 14.080.921
Econômica de Recife
Despesas em educação (%) 2012 17,96 21,74 30,44
Conforme mencionado ao longo desse capítulo,
Recife é uma cidade com diversas variáveis que Despesas em saúde (%) 2012 22,17 22,78 21,67
sugerem um dinamismo urbano avançado, envolto
por indicadores insuficientes de desenvolvimento. Tabela 3.3:  Finanças Públicas Municipais
Fonte:  Fonte: Condepe/Fidem. Elaboração: Engeconsult 2014.
Dada a configuração do território da capital per-
nambucana, é interessante, também, trazer ao
estudo uma breve caracterização de sua economia, e Naval em Suape, dentre outros. Recife é uma 3.4 Uma cidade desigual
dito de outra forma, obter o retrato e comporta- cidade cujas atividades econômicas têm grande
mento do motor que impulsiona ou, no mínimo, Consoante citado anteriormente, Recife é um
foco no setor de serviços.
acelera a demanda urbana e social do município. município cuja concentração de renda perdura e
Apesar do potencial para o desenvolvimento exis é uma das mais fortes do Brasil. Esta seção traz
O Recife apresentou em 2011, aproximadamente, tente na capital pernambucana, Recife não vem uma análise espacial sobre essa discrepância.
um PIB nominal de 33 bilhões de reais e PIB nomi- apresentando forte dinamismo econômico, nem As variáveis aqui utilizadas, a fim de mostrar essa
nal per capita de 21.435 reais, o qual é o maior entre melhorias sociais suficientes, é uma cidade pobre desigualdade foram renda média do responsável
as capitais nordestinas. São Luís figura em segun- com grande concentração de renda. pelo domicílio e pavimentação do entorno dos
do lugar, sendo seu PIB per capita de 20.243. Em
No que diz respeito às finanças municipais, Reci- domicílios no nível dos setores censitários com
relação a sua composição, dois terços do PIB são
fe no ano de 2012 apresentou os números acima os dados do Censo IBGE, 2010.
provenientes de comércio e serviços. No mesmo
ano, a Região Metropolitana do Recife atingiu um demonstrados na tabela 3.4. Sua despesa com No que diz respeito à distribuição espacial da renda
PIB nominal de 67 bilhões de reais, o que corres- educação é aproximadamente 18% da sua despesa do responsável pelo domicílio na capital pernam-
ponde a dois terços do PIB total de Pernambuco, total, diferentemente da região metropolitana, a bucana, é possível observar no Cartograma 3.1 o
a mesma apresenta em seu território importantes qual apresenta gasto em torno de 22%. Quanto às quão dispare é essa variável. Basicamente, Recife
polos econômicos, por exemplo o Polo Digital e despesas com saúde, Recife mostra um percentual apresenta dois pontos destaques por alta renda do
médico em Recife, o Polo Farmacoquímico e Au- sobre a despesa total similar ao encontrado tanto na Responsável, sendo eles parte da RPA 3 (Casa Forte,
tomobilístico (em formação) em Goiana, Industrial sua região de desenvolvimento, quanto no estado. Parnamirim, Jaqueira, Graças, Aflitos e Espinheiro)
Produto Interno Bruto
Brasil,
Pernambuco e Per capita
A preços correntes (1 000 R$)
capitais do NE (R$)
2007 2008 2009 2010 2011 2011

Brasil 2 661 344 525 3 032 203 490 3 239 404 053 3 770 084 872 4 143 013 337 21 535

Pernambuco 62 255 687 70 440 859 78 428 308 95 186 714 104 393 980 11 776

42 Recife 20 689 607 22 470 886 24 720 436 30 176 875 33 149 385 21 435

Salvador 26 772 417 29 393 081 33 131 342 36 480 991 38 819 520 14 411

Fortaleza 24 476 378 28 769 259 31 373 473 37 130 892 42 010 111 16 963

Aracaju 6 268 972 6 759 420 7 104 252 8 748 078 9 222 818 15 913

São Luís 12 272 006 14 720 891 15 323 512 17 908 974 20 798 001 20 243

Maceió 8 510 435 9 125 210 10 257 022 12 098 885 13 743 391 14 572

Natal 8 020 993 8 858 669 10 362 496 11 532 080 12 266 519 15 129

Teresina 6 536 373 7 505 653 8 688 475 10 530 316 11 403 516 13 866

João Pessoa 6 759 232 7 658 165 8 628 421 9 790 347 10 107 596 13 786

Tabela 3.4:  PIB 2007-2011 a preços correntes e PIB per capita 2011.
Fonte:  IBGE. Elaboração: Engeconsult 2014.
e um bairro da RPA 6 (Boa viagem). Tais bairros censitários. Os setores em branco correspondem no seu entorno é baixo, contrasta com a situação do
apresentam em sua abrangência a renda do res- àqueles cuja informação não está disponível no interior da RPA, onde encontram-se os bairros do
ponsável do domicílio acima de 10 salários mínimos. IBGE, fato possivelmente justificado porque a in- Ibura, da Cohab, e do Jordão, por exemplo. Nesses
Em oposição, apesar da RP3 ter as maiores rendas, formação do Entorno do Domicílio é uma inovação bairros os percentuais variam entre 25 e 50% de
essa mesma RPA apresenta, também, os valores do Censo 2010. Com a sua leitura é possível inferir domicílios sem pavimentação no entorno.
mais baixos, isto é, média de até um salário mínimo certa representatividade acerca da situação da No centro do município, no espaço que abarca três
para a renda do responsável pelo domicílio. Alguns cidade no tocante à infraestrutura, sendo neces- RPA’s (3, 4 e 5) a situação é heterogênea. Encon-
desses bairros são Guabiraba, Passarinho, Brejo da sário, todavia, um trabalho de campo, a fim de ter tram-se bairros onde a incidência de domicílios
Guabiraba e Macaxeira. O mapa sugere, em geral, um olhar mais acurado sobre a realidade, tal qual sem pavimentação no seu entorno é baixo, como
forte concentração de rendimentos em um grande foi realizado para esse Atlas. Parnamirim, Casa Forte e Casa Amarela, outros
bairro da região Sul e alguns da Zona Norte, sendo onde 25 a 50% dos domicílios não possuem pa-
Destaca-se, de imediato, a grande mancha (em
o complemento de Recife, mais de 80%, formado vimentação, como o bairro da Iputinga, e ainda os
verde escuro) no extremo Norte do município,
por setores censitários com renda de menos de 3 que possuem os maiores percentuais, entre 50 e
mais especificamente na RPA 3. O tom utilizado
salários mínimos. 100% dos seus domicílios sem pavimentação no
indica que 75% ou mais dos domicílios não apre-
Dando continuidade à espacialidade da discre- sentam pavimentação no seu entorno. O bairro de entorno, como o bairro da Várzea.
pância no Recife, o mapa 3.2, produzido a partir Passarinho, e grande parte do bairro da Guabiraba Por conseguinte, através da distribuição espa-
dos dados do último Censo Demográfico, apre- estão incluídos nessa mancha. Observando o ou- cial dessas duas variáveis, foi possível observar o
senta a distribuição percentual da ausência de tro extremo do município, a RPA 6, a configuração quão desigual o Recife é, dito de outra maneira,
pavimentação no entorno imediato dos setores visualizada reflete uma situação diferente. A homo- sua concentração intensa em poucos lugares da
geneidade identificada no bairro de Boa Viagem, capital. É de interesse, neste momento, conhecer
cujo percentual de domicílios sem pavimentação a realidade de fato dessas áreas mais pobres e

43
44
Mapa:Renda Média do Responsável pelo Domicílio por Setor Censitário no Município de Recife -2010
45

2 Km
Renda Média do Responsável pelo Domicílio

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 3.2:  Mapa 3.1: Ren-


da média do Responsável pelo
Domicílio por setor censitário em
Recife - 2010.
Fonte:  Censo 2010, IBGE. Elaboração:
Engeconsult 2014.
0
Não se aplica

1
mais de 10
0 - 1/2

1/2 - 1

5 - 10
3-5
1-3

2
Legenda
setores2
Mapa:Comunidades de Interesse Social e Zonas de Interesse Social

46
Legenda
setores2
% Domicílio Particular Permanente - Sem pavimentação
0 - 10%

10 - 25%

25 - 50%

50 - 75%

75 - 100%

Não se aplica

2 1 0 2 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 3.3:  % de Domicílio Particular Permanente sem Pavimentação por setor censitário em Recife - 2010.
Fonte:  Censo 2010, IBGE. Elaboração: Engeconsult 2014.
47

Mapa: Comunidades de Interesse Social e Zonas de Interesse Social


4
As Comunidades de
Interesse Social no
Território do Recife:
Caracterização Geral
N
os cartogramas apresentados neste seria para quaisquer outras tipologias constru-
capítulo o território do Recife é sucessi- tivas existentes na cidade se o que se pretende
vamente caracterizado por meio de três é promover um Urbanismo de melhor qualidade
abordagens ou perspectivas centrais nas três perspectivas físico-natural, econômica e
para o planejamento urbano: de acessibilidade física.

• a perspectiva físico-natural – as Unidades de Paisagem


– remetendo à importância da dimensão ambiental que
precisa ser mais integrada na concepção e nas práticas de “Uma unidade de paisagem”...
planejamento urbano de modo a promover a qualidade da
urbanização visando uma cidade mais segura, mais saudável, “torna-se então particularmente
e mais agradável.

• a perspectiva econômica – as Centralidades – remetendo útil para a avaliação de áreas para


às sucessivas concentrações de oportunidades econômicas
no decorrer da história da cidade e observando que essas
centralidades foram sempre destacadas na concepção e
propósitos” ... “de engenharia e para
práticas de planejamento urbano, que nessas áreas concen-
trou suas intervenções mais significativas;
o estabelecimento de classificações
• a perspectiva de acessibilidade física – a Distribuição da
Rede Viária –remetendo à uma estrutura física em rede de
voltadas para a resolução de
vias principais que orientam o crescimento e adensamento
da cidade e condicionam o sistema de mobilidade, cuja problemas, especialmente nos
transformação é um dos desafios contemporâneo mais
destacado na concepção e práticas do planejamento urbano. contextos urbanos. ”
Considerando cada uma dessas três perspectivas,
as Comunidades de interesse Social no território do 4.1 Comunidades de Interesse
50 município não estão limitadas a uma localização Social e Unidades de Paisagem do
especifica, mas se situam como demais espaços Recife
construídos em posições diversas em relação às No seu artigo “Contribuição à análise do Recife
Unidades de Paisagem, às Centralidades e à Dis- como um Geossistema Urbano” publicado em
tribuição da Rede Viária. 2006,1 Corrêa afirma que:
Essa constatação permite então rechaçar genera- “Uma unidade de paisagem”... “torna-se então
lizações abusivas segundo as quais i) as Comuni- particularmente útil para a avaliação de áreas
dades de Interesse Social se confundiriam pelas para propósitos” ... “de engenharia e para o es-
suas localizações com áreas de riscos ambientais, tabelecimento de classificações voltadas para
quando, na grande maioria das vezes, é o próprio a resolução de problemas, especialmente nos
déficit de infraestruturas públicas e não a locali- contextos urbanos. ”
zação que gerou riscos para os moradores; ii) as
Comunidades de Interesse Social corresponderiam Prossegue, indicando que no caso do Recife:
1. Corrêa, Antônio Carlos a periferias desintegradas do sistema de centra- “O relevo foi escolhido como elemento norteador
de Barros. Contribuição
à análise do Recife como lidades e desvinculadas da dinâmica econômica da subdivisão do geossistema urbano em Unida-
um Geossistema Urbano. da cidade; iii) as Comunidades de Interesse Social des Geoambientais ou unidades de paisagem.
Revista de Geografia da
UFPE, Vol.23 n.3. p.86-102
necessariamente estariam isoladas e afastadas Estas coincidem bastante com a compartimen-
Recife: UFPE, 2006 da rede viária principal. tação geomorfológica do município, mas são os
2. Cavalcanti, Roberta Me-
componentes processuais que vão lhes conferir
deiros de Souza. Indica- O Planejamento Urbano, na sua concepção e nas
dores Geomorfológicos, identidade própria. ”
Riscos e o Planejamento suas práticas, tem nas Comunidades de Interesse
Urbano: uma apreciação Social, tipologias de espaços construídos, com A identificação das Unidades de Paisagem, deu-se
teórico integradora para
a cidade do Recife - PE /
suas deficiências acentuadas de infraestruturas com base numa definição de Unidades Ambientais
Roberta Medeiros de Sou- resultando de processos de autoconstrução e de pela prefeitura do Recife após o Plano Diretor de
za Cavalcanti. – Recife: O
atraso da intervenção pública, situadas em todos 1991, presente no Atlas Ambiental da Cidade do
autor, 2012. 184 f. : il. ; 30
cm. Tese (Doutorado) - os cantos da cidade em diversas posições – am- Recife, publicado em 2000 e está presente no
Universidade Federal de artigo de Corrêa e na tese de doutorado de Ca-
biental, econômica, de acessibilidade física. Essa
Pernambuco. CFCH. Pro-
grama de Pós–Graduação diversidade de posição deve ser considerada nas valcanti: “Indicadores Geomorfológicos, Riscos e
em Geografia, 2012 diretrizes urbanísticas de intervenções como a o Planejamento Urbano: uma apreciação teórico
foto litoral
brasília teimosa
52
integradora para a cidade do Recife – PE”.2 O carto- do solo do terraço arenoso holocênico decorrente
grama Comunidades de Interesse social e Unidades da dinâmica construtiva e dos movimentos do mar.
de Paisagem apresentado no Atlas foi adaptado Essa ameaça levou de um lado o planejamento
desta última obra considerando componentes urbano a experimentar estratégia de engorda da
processuais associando dinâmicas físico-naturais praia em áreas de alto valor imobiliário a exemplo
e dinâmicas construtivas e de uso do solo. Essas de Piedade em Jaboatão. A principal comunidade
Unidades de Paisagem oferecem amenidades, de Interesse Social nessa Unidade de Paisagem
condições geotécnicas e riscos ambientais dife- é Brasília Teimosa que se expandiu em meados
renciados. No que se refere ao uso do solo e aos do século XX a partir de um assentamento de
riscos ambientais, Cavalcanti destaca os principais pescadores. A construção na primeira década do
em cada uma das seis Unidades de Paisagem século XXI da Avenida Brasília Formosa e de uma
tratadas na tese: praia seca representaoutra opção estratégica para

UNIDADE DE PAISAGEM USO DO SOLO RISCOS AMBIENTAIS

Zona semi-rural (chácaras)


Voçorocas evoluindo para desabamentos.
Tabuleiros e expansão urbana (bairros
Contaminação de aquíferos e nascentes.
populares)

Zona urbana com bairros populares Deslizamentos sob forte precipitação.


Colinas
não planejados. Mineração ilegal de areia

Zona urbana predominantemente Inundação periódica, poluição por esgoto.


Planície residencial (classe média), Contaminação e uso inadequado de
impermeabilizada. aquíferos.

Zona urbana comercial e


Inundação periódica, poluição por esgoto.
Estuarina residencial. Impermeabilização
Destruição de restos de manguezais 53
total do terreno

Área residencial e comercial de Inundação periódica, poluição por esgoto,


Litorânea alto valor especulativo. Forte emissão de eflúvios sem tratamento no
impermeabilização. mar.

Áreas de preservação mas com Poluição por esgoto e outros eflúvios


Corpos d’Água
alguma ocupação por palafitas. tóxicos. Especulação imobiliária e aterros.

Destaca-se no elenco dos riscos aqueles vincula- permitir o desfrute de equipamentos coletivos de
dos “a eventos naturais relacionados aos fluxos das amenidade e lazer pela população residente e
águas sejam elas pluviais, fluviais, subterrâneas ou visitante dessa muito populosa Comunidade de
oceânicas” conforme já afirmava o Atlas Ambiental Interesse Social, A reafirmação dessa opção estra-
publicado em 2000. Decorre desse fato que, para tégica nessa área de interseção entre Comunidade
redução do risco, é crucial a qualidade das infra- de Interesse Social e Paisagem Litorânea exige:
estruturas relacionadas a essas diversas águas,
i. O controle da pressão imobiliária, que visa a
envolvendo sistemas de engenharia de drenagem/
termo estender na área o modelo construtivo
manejo das águas pluviais, abastecimento d’água
de alto padrão predominante na orla;
e esgotamento sanitário.
ii. Investimentos na manutenção e melhoria ur-
A Unidade de Paisagem Litorânea corresponde
banística;
à fachada atlântica do município diretamente
afetada pela dinâmica costeira. Estende-se na orla Essa reafirmação é de suma importância para que
dos bairros de Brasília Teimosa, Pina e Boa Viagem se consolide no Recife um planejamento urbano
e a principal amenidade é a existência da praia, inclusivo, demonstrando que as intervenções de 3. CASTRO Josué de.
Homens e Caranguejos.
evidenciando-se nas últimas décadas uma redução agenciamento do espaço urbano se destinam a Ed. Brasiliense: São Paulo,
da faixa de areia em função da impermeabilização todos os segmentos da população. 1967.
A Unidade de Paisagem Estuarina coincide com O outro tipo de engenharia caracteriza-se pelas iv. Do Rio Jordão e tributários (comunidades da
a parte mais baixa da planície, na zona de forte práticas populares, em escala familiar ou de pe- zona sul nos bairros do Pina, Boa Viagem e
alcance das flutuações da maré e expansão la- quenos grupos, que a partir dos viveiros (um pri- Imbiribeira).
teral das águas fluviais, destacando-se os baixos meiro sistema de controle da expansão das águas
Os dois tipos de intervenções careceram de um
cursos do Rio Beberibe, Capibaribe, Tejipió (e seus fluviais para fins produtivas) constituíram o solo
planejamento sistêmico, comprometendo as con-
tributários Jiquiá e Moxotó) e Jordão. A maior parte por acumulo de material debaixo das palafitas.
dições naturais de drenagem nessa Unidade de
do solo origina-se de aterros que reduziram nas
As Comunidades de Interesse Social situadas na Paisagem sem oferecer soluções técnicas para
laterais dos cursos d’água as áreas de expansão
Unidade de Paisagem Estuarina resultam dessas manejo das águas pluviais e fluviais em escala
lateral das águas, depositando material (areia e
práticas populares, descritas por Josué de Castro suficiente considerando a extensão das áreas ater-
argila) colonizado ou não pelo mangue. Diversos
em Homens e Caranguejos3. Existem, como indi- radas e a dimensão da impermeabilização do solo.
tipos de engenharia foram mobilizados para criar o
cadas no cartograma, em todas as partes dessa Assim, quando coincidam chuvas e maré alta, há
solo: Um desses tipos caracteriza-se por interven-
Unidade de Paisagem nos baixos cursos: alagamentos em diversas partes dessa Unidade de
ções formais empreendidas em partes da cidade
Paisagem, afetando, por exemplo o trânsito mo-
sem que houvesse um planejamento sistemático: i. Do Rio Beberibe e tributários (comunidades
torizado e o deslocamento dos pedestres. Mas, no
dos bairros Campina do Barreto, Arruda, Cam-
i. Aterros associados a construção de canal de caso das Comunidades de Interesse Social, devido
po Grande, Peixinhos, Santo Amaro),
drenagem como é o caso do Canal Setúbal às características locais, esses alagamentos podem
e das obras do Projeto Cura dos anos 70 do ii. Dos braços do Rio Capibaribe e tributários chegar a ameaçar mais diretamente a integridade
século passado expandindo possibilidade de (comunidades dos bairros Coelhos, São José, dos domicílios e as condições sanitárias.Assim,
construir em Boa Viagem em alagados a oeste Ilha Joana Bezerra, Ilha do Retiro, Afogados, em geral, as intervenções de urbanização locali-
da Avenida Domingos Ferreira. Mustardinha, e diretamente nas margens do zadas nessas áreas visam reduzir essas ameaças
rio Capibaribe, mais a montante), mas continuam frágeis sem uma integração com
ii. Canalização de rios e riachos, reduzindo na
superfície a expansão laterais das águas flu- iii. Do Rio Tejipió e tributários (como nos bairros de um plano geral de drenagem e manejo das águas
viais que então ocorre na rede subterrânea de Afogados, Mangueira, Jiquiá, Estância, Areias, pluviais.
galerias pluviais geralmente subdimensionada IPSEP, Ibura, Imbiribeira.),
(exemplos: Canal do Arruda, Canal do ABC,
Canal do Jordão).

54

Foto Ilha de Deus, Canal do Jordão, Canal da


Mustardinha
A Unidade de Paisagem Planície abrange a parte Quaternário) formando essa planície por meio da para retardar a chegada da chuva ao solo. Tais
mais alta da planície, fora do alcance mais dire- deposição pelos cursos d’água de areias e argilas diretrizes aplicam-se também às intervenções
to das marés. Ao sul e sudoeste é formada pelo oriundas das colinas. Como essa formação é re- nas comunidades de interesse social situadas na
terraço pleistocênico onde fica o aeroporto dos cente e que o curso dos rios variou muito durante planície sobretudo considerando que ocupam fre-
Guararapes e o sopé das colinas dos bairros Ibura esse tempo geológico, as condições geotécnicas quentemente pequenos baixios e áreas em piores
e Tejipió. A norte abrange várzeas dos vales do Be- na planície não são uniformes, apresentando um condições de drenagem em microlocalizações
beribe e tributários a sopé das colinas dos bairros mosaico de situações (de argila mole a terraços que eram menos valorizadas e equipadas para
de Fundão, Cajueiro, Porto da Madeira, Beberibe, arenosas) a curta distância. Esse fato é bem co- a produção da cana-de açúcar, principal uso do
Linha do Tiro, Água Fria, Bomba do Hemetério e nhecido dos empreendedores de construção civil solo até o início do século XX. Observa-se o uso
(edificações e vias) que para construir precisam recorrente do termo “sítio” na toponímia de mui-
Mangabeira. Mas é nas várzeas do Capibaribe e
realizar sondagens praticamente caso a caso para tas dessas comunidades remetendo à diferença
do médio Jiquiá que, conforme pode ser verificado
averiguar as condições geotécnicas. Outro fato entre “engenhos” açucareiros e “sítio” de outros
no cartograma, se encontra o maior número de
conhecido é a proximidade das águas de subsuper- cultivos e pequeno criatório, ambos dando origem
Comunidades de Interesse Social
fície, tornando difícil a infiltração natural das águas a diversas modalidades de urbanização entre as
Diferente da Unidade de Paisagem Estuarina, o solo da chuva. Na planície seria então recomendável quais se destacam os loteamentos oriundos dos
não resulta de aterro mas do trabalho da natureza limitar a impermeabilização do solo e arborizar ao engenhos e áreas de autoconstrução em sítios na
em tempos geológicos recentes (principalmente máximo sabendo que a arborização é uma técnica margem desses.

55

Foto Sítio das Palmeiras, Sítio do


Cardoso
Na Unidade de Paisagem Colinas, as Comunida- urbana. Incrível porque não se podia ignorar que de muros de arrimo, abastecimento d’água entre
des de Interesse Social ocupam áreas de córregos, outras) sem que fosse possível reverter o quadro
i. A política pública de erradicação dos mocam-
vertentes e topos de colinas dissecadas no entorno de destruição da rede natural de drenagem e a
bos nos alagados da planície induzia famílias
da planície ao norte, oeste e sul do município e a buscar nas colinas novas localizações para consequente multiplicação dos pontos de risco
predominam sobre demais tipologias urbanísti- morar. em algumas dessas comunidades. Somente no
cas. Adotou-se a denominação de “morros” para século XX, após o diagnóstico e o manual coor-
ii. A ocorrência das grandes enchentes na planí-
designar essa área da cidade, por analogia com o denados no âmbito do Programa Viva o Morro4,
cie reforçou essa tendência, ainda mais com a
Rio de Janeiro onde o binômio “asfalto/morro” foi pela Professora Margareth Alheiros, houve por
edificação nas colinas do sul de vilas da Cohab
amplamente divulgado pela mídia no Brasil inteiro parte da Defesa Civil mapeamento sistemático
(UR’s).
em meados do século XX. Essa analogia pode das localidades nas colinas, identificação e mo-
ser enganosa já que as colinas do Recife são de iii. O forte crescimento natural e resultando de nitoramento contínuo da ocorrência de pontos de
natureza geológica e de feições geomorfológicas migrações para o Recife, sem que houvesse risco bem como algumas intervenções de maior
muito diferente dos morros do Rio. Com topos uma política habitacional pública capaz de porte abrangendo sub-bacias de drenagem e não
em altitudes bem mais baixas, escalonadas entre acolher esse crescimento acentuou ainda mais algumas barreiras isoladas. Progrediu-se então
40 e 80m,e vertentes naturalmente bem menos a ocupação das colinas por meio de práticas recentemente na concepção de modelos de in-
íngremes que no Rio de Janeiro,a multiplicação de autoconstrução. tervenção para Comunidades de Interesse Social
dos pontos de risco de deslizamento nas colinas Nas três últimas décadas do século XX, sob a em Unidade de Paisagem Colinas, salientando-se
do Recife decorre da incrível ausência do plane- pressão das comunidades já assentadas nas coli- que entre essas há comunidades com mais de
jamento urbano nas décadas de 40, 50 e 60 do nas, lentamente, ocorreram alguns investimentos cinquenta anos e outras implantadas na última
século passado, quando essa Unidade de Paisa- públicos em infraestruturas básicas (pavimenta- década em especial nos bairros de Guabiraba e
gem configurou-se como a maior área de expansão ção de vias e escadarias, construções pontuais Várzea já limítrofes de Camaragibe.

56

Foto Morro da Conceição, Cosme e


Damião, Córrego da Fortuna, nova
comunidade após Bola na Rede

4. FIDEM - Fundação de
Desenvolvimento Munici-
pal, Programa Viva o Mor-
ro: Diagnóstico, Recife:
2003 FIDEM - Fundação
de Desenvolvimento Mu-
nicipal, Manual de Ocu-
pação dos Morros da
Região Metropolitana do
Recife. Recife: 2003. 384p
Mapa: Comunidades de Interesse Social e as Unidades de Paisagem

GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA
BREJO DE
BEBERIBE
DOIS
UNIDOS

NOVA
DESCOBERTA

CORREGO DO BEBERIBE
DOIS
JENIPAPO PORTO DA
IRMAOS
MADEIRA
LINHA
VASCO DO TIRO
MACAXEIRA
DA GAMA CAJUEIRO
SITIO DOS ALTO JOSE
PINTOS BONIFACIO FUNDAO
ALTO STA. AGUA
TEREZINHA FRIA
CAMPINA DO
MORRO DA BARRETO
APIPUCOS CONCEICAO PEIXINHOS
BOMBA DO
ALTO DO ALTO HEMETERIO
MANDU JOSE DO
PINHO
ARRUDA
CASA MANGABEIRA
CAXANGA AMARELA
MONTEIRO PONTO DE
TAMARINEIRA PARADA CAMPO
ROSARINHO GRANDE
HIPODROMO
CASA
FORTE PARNAMIRIM

IPUTINGA POCO JAQUEIRA ENCRUZILHADA

57
SANTANA AFLITOS TORREAO

ESPINHEIRO
TORRE
GRACAS

VARZEA SANTO
AMARO
CORDEIRO
CIDADE
UNIVERSITARIA RECIFE
ZUMBI MADALENA

ENGENHO DERBY
DO MEIO SOLEDADE

PRADO BOA
VISTA SANTO
TORROES ILHA DO PAISSANDU
ILHA DO ANTONIO
RETIRO
LEITE
BONGI
COELHOS
SAN
MARTIN ILHA JOANA
MUSTARDINHA BEZERRA
CURADO SAO JOSE

Legenda MANGUEIRA
AFOGADOS

CABANGA BRASILIA
JARDIM TEIMOSA

Paisagem Litorânea
SAO PAULO
TOTO ESTANCIA

SANCHO
COQUEIRAL
JIQUIA

Paisagem Estuarina TEJIPIO

AREIAS PINA

Paisagem Planície
CACOTE IMBIRIBEIRA
Paisagem Colinas BARRO

IPSEP

Convenções
Bairros Modelo digital de Terreno
IBURA

Quadras Variação em metros (m) COHAB

Topo : 118 m BOA


VIAGEM

Corpos d'água
Planície : 0 m JORDAO

3 1,5 0 3 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 4.1:  XXXXX


Mapa: Comunidades de Interesse Social e as Unidades de Paisagem
Fonte:  XXX
4.2 Comunidades de Interesse capaz de atrair comércios e serviços diversi- Centro, situam-se bairros como Casa Forte,
Social e Centralidades Econômicas ficados. Engenho do Meio, Jardim São Paulo e comuni-
dades de Interesse Social como as do Morro da
Três cartogramas apresentam a relação das Co- O Cartograma Comunidades de Interesse Social e
Conceição, Vasco da Gama, Torrões e Caçote.
munidades de Interesse Social com centralidades Centro Principal do Recife permite situar as Comu-
que correspondem a áreas de concentração de nidades de Interesse Social em relação ao Centro iv. Situadas a mais de 9 km do Centro Principal,
atividades econômicas que se configuraram ao do Recife (reconhecido pela Lei de Uso do Solo de podem ser consideradas periféricas em relação
longo da história econômica da cidade: 1961) e ao Centro Expandido (instituído pela Lei de ao Centro Principal, comunidades situadas em
Uso do Solo de 1983). Em conjunto, correspondem colinas a noroeste, oeste e sudoeste, da mesma
i. O Centro Principal localizado na área portuá- forma que podem ser considerados periféricos
aos bairros Recife, Santo Antônio, São José, Boa
ria e em bairros históricos da cidade, mesmo os bairros de Dois Irmãos, Várzea, Curado.
Vista, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu, Soledade
com o crescimento desta desde o século XIX
e Santo Amaro; isto é à “Cidade” da linguagem O Cartograma Comunidades de Interesse Social
e a emergência no século XX de outras cen-
comum. Esse Centro abriga, num tecido urbano e Centros Secundários do Recife retrata a emer-
tralidades, manteve-se como lugar de maior
representativo da longa história do Recife, a maior gência na história econômica e urbana do Recife
concentração de atividades de comércio e
concentração de serviços (públicos e privados) e de uma complementaridade entre o Centro Prin-
serviço e espaço de investimentos públicos
comércios da aglomeração metropolitana e do cipal e outros Centros, configurando-se o início de
e privados.
estado de Pernambuco. um policentrismo na distribuição das atividades
ii. Os Centros Secundários emergiram em mea- econômicas. Os Centros Secundários firmaram-
i. Num raio de 3,5 km do Marco Zero, observa-se
dos do século XX no decorrer da expansão do -se, no contexto do crescimento urbano, com a
que Comunidades de Interesse Social parti-
espaço urbano e são áreas de concentração convergência de linhas de transportes públicos e a
cipam diretamente desse ambiente central e
de atividades de comércio e serviço que se es- implantação de equipamentos comerciais públicos
abrigam o maior número de população resi-
truturam a partir da convergência de linhas de e privados, destacando-se mercados.Passaram
dente no centro onde o planejamento urbano
transporte público e de equipamentos (merca- a partir dos meados do século XX a exercer um
pretende reverter a situação de esvaziamento
dos) visando estruturar uma rede hierarquizada papel de prestação de serviços para regiões da
da população. Essas comunidades situam-se
de centralidades no Recife. cidade, consideradas na época como suburbanas:
nos bairros: Recife, Santo Amaro, Campo Gran-
iii. O terceiro cartograma, Shopping Centers e de, Coelhos, São José, Ilha Joana Bezerra, Ilha Na Zona Norte, os Centros de Encruzilhada, Água
Principais Áreas de Verticalização no Recife, do Retiro, Brasília Teimosa, Pina. Fria e Casa Amarela; na Zona Oeste, os Centros de
expressa a configuração contemporânea das Afogados e Areias e, na Zona Sul, um pouco mais
ii. Num raio situado entre 3,5 e 6 km do Centro tarde (anos 60/70) o Centro de Boa Viagem. No
centralidades no Recife, mais distribuídas no
58 espaço destacando-se novas localizações de
Principal, onde se situam bairros como Torre cartograma, é possível identificar as comunidades
e Jaqueira, há um grande número de Comu- de Interesse Social localizadas próximas desses
equipamentos comerciais (Shopping Centers)
nidades de Interesse Social, que desfrutam Centros caracterizados por um ambiente mais
e áreas de concentração de investimentos
então da mesma proximidade em relação a exclusivamente popular que no Centro Principal,
imobiliários promovendo a verticalização das
essa centralidade. associando mercados, feiras e concentrações de
edificações e o consequente aumento nessas
áreas da população com poder de compra iii. Um pouco mais distantes, entre 6 e 9 km do comércios e serviços.

Foto Mercado de Água


Fria ou Afogados com
movimento
Mapa:Comunidades de Interesse Social e o Centro Principal do Recife

GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA

DOIS
UNIDOS
NOVA BREJO DE
DESCOBERTA BEBERIBE

BEBERIBE
DOIS CORREGO DO PORTO DA
IRMAOS JENIPAPO LINHA MADEIRA
DO TIRO
MACAXEIRA VASCO
CAJUEIRO
SITIO DOS DA GAMA
ALTO JOSE FUNDAO
PINTOS
BONIFACIO AGUA
ALTO STA.
FRIA
TEREZINHA
MORRO DA CAMPINA DO
APIPUCOS
CONCEICAO BOMBA DO BARRETO
ALTO DO ALTO JOSE HEMETERIO
MANDU PEIXINHOS
DO PINHO
MANGABEIRA ARRUDA
CASA
CAXANGA AMARELA
PONTO DE CAMPO
MONTEIRO
TAMARINEIRA PARADA GRANDE
ROSARINHO
CASA HIPODROMO
FORTE PARNAMIRIM
IPUTINGA ENCRUZILHADA
POCO JAQUEIRA

SANTANA AFLITOS TORREAO

TORRE
GRACAS
ESPINHEIRO
59
VARZEA SANTO
AMARO
CIDADE CORDEIRO
UNIVERSITARIA RECIFE
ZUMBI
MADALENA
ENGENHO DERBY
DO MEIO SOLEDADE

PRADO BOA

Legenda TORROES ILHA DO PAISSANDU


RETIRO ILHA DO
VISTA
SANTO
ANTONIO
BONGI LEITE
COELHOS

Centro Principal-Década 50/70 SAN


MARTIN
MUSTARDINHA
ILHA JOANA
BEZERRA
CURADO
SAO JOSE

Centro Expandido - Década de 80 MANGUEIRA


AFOGADOS
BRASILIA
CABANGA
JARDIM TEIMOSA

Dsitância ao Centro Principal - 3,5 km TOTO

SANCHO
SAO PAULO ESTANCIA

COQUEIRAL
JIQUIA

Dsitância ao Centro Principal - 6 km TEJIPIO

AREIAS
PINA
Dsitância ao Centro Principal - 9 km
BARRO CACOTE
IMBIRIBEIRA

Convenções IPSEP

Comunidades de Interesse Social Modelo digital de Terreno


Bairros Variação em metros (m) IBURA

High : 118 COHAB

Quadras BOA
VIAGEM

Corpos d'água
Low : 0 JORDAO

3 1,5 0 3 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 4.2:  XXXXX


Mapa: Comunidades de Interesse Social e o Centro Principal do Recife
Fonte:  XXX
Mapa: Comunidades de Interesse Social e os Centros Secundários do Recife

GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA

DOIS
UNIDOS
NOVA BREJO DE
DESCOBERTA BEBERIBE

BEBERIBE
DOIS CORREGO DO PORTO DA
IRMAOS JENIPAPO LINHA MADEIRA
DO TIRO
MACAXEIRA VASCO
CAJUEIRO
SITIO DOS DA GAMA
ALTO JOSE FUNDAO
PINTOS
BONIFACIO AGUA
ALTO STA.
FRIA
TEREZINHA
APIPUCOS
MORRO DA Agua CAMPINA DO
CONCEICAO BOMBA DO BARRETO
ALTO DO ALTO JOSE HEMETERIO Fria
MANDU PEIXINHOS
DO PINHO

Casa MANGABEIRA ARRUDA


CASA
CAXANGA Amarela AMARELA
PONTO DE CAMPO
MONTEIRO
TAMARINEIRA PARADA GRANDE
ROSARINHO
CASA HIPODROMO
FORTE PARNAMIRIM
IPUTINGA
Encruzilhada
POCO JAQUEIRA ENCRUZILHADA

60
SANTANA AFLITOS TORREAO
ESPINHEIRO
TORRE
GRACAS

VARZEA SANTO
AMARO
CIDADE CORDEIRO
UNIVERSITARIA RECIFE
ZUMBI
MADALENA
ENGENHO DERBY
DO MEIO SOLEDADE

PRADO BOA
VISTA
ILHA DO PAISSANDU SANTO
TORROES
RETIRO ILHA DO ANTONIO
BONGI LEITE
COELHOS
SAN
ILHA JOANA
MARTIN
MUSTARDINHA BEZERRA
CURADO
SAO JOSE

MANGUEIRA

Legenda
AFOGADOS
Afogados CABANGA
BRASILIA
TEIMOSA
JARDIM
TOTO SAO PAULO ESTANCIA Afogados
SANCHO
Centros Secundários COQUEIRAL
JIQUIA

TEJIPIO
Werneck
Distancia aos Centros Secundários AREIAS
PINA

BARRO CACOTE
IMBIRIBEIRA

Convenções IPSEP

Comunidades de Interesse Social Modelo digital de Terreno


Bairros Variação em metros (m) IBURA

High : 118 COHAB

Quadras BOA
VIAGEM

Corpos d'água Boa


Viagem
Low : 0 JORDAO

3 1,5 0 3 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 4.3:  XXXXX


Fonte:  XXX
Mapa: Comunidades de Interesse Social e os Centros Secundários do Recife
O Cartograma Comunidades de Interesse Social, As duas principais áreas de verticalização e valori- lidades promovido pelos grandes empreendedores
Shopping Centers e Principais Áreas de Vertica- zação imobiliária existentes desde os anos 80 do dos setores financeiros, comerciais e imobiliários
lização demonstra a explosãodas centralidades século passado em Boa Viagem e no eixo Derby- em projetos preparados desde os anos 80. Na
econômicasalém dos limites do Centro Principal -Casa Forte foram se ampliando. Em Boa Viagem última década, a melhora da renda das famílias de
e dos Centros Secundários, desde os anos 80 do essa ampliação deu-se da orla para oeste e para o segmentos de renda mais baixa gerou condições
século passado. Essa mudança deve-se a quatro Pina quando foi desativada a estação de rádio da para expansão de centralidades ancoradas em
fatores principais: i) predominância do uso do au- Marinha e foi ancorada em grandes Shopping Cen- pequenos e médios empreendimentos situados
tomóvel, especialmente por parte dos segmentos ters (Boa Viagem e Rio Mar). No eixo Derby-Casa por exemplo em bairros de colinas do sul (Ibura,
sociais de médio a alto poder de compra no modelo Forte a ampliação deu-se pela incorporação de Jordão, Cohab) e do norte (Nova Descoberta, Brejo
de transporte; ii) localização de empreendimentos novos espaços na margem direita do Capibaribe a de Guabiraba) ainda relativamente distantes das
comerciais e de serviços em espaços fechados em partir da Avenida Beira Rio (Torre, Madalena, Ilha centralidades principais. Para o planejamento
grandes centros de compras (Shopping Centers) do Retiro) e por empreendimentos lançados nos urbano, que tradicionalmente tratou do Centro
associados à disponibilidade de estacionamento bairros de Encruzilhada, Torreão, Campo Grande, Principal e do Centros Secundários, essas trans-
privados no próprio empreendimento5; iii) efeito de formações geram um duplo desafio: i) além de
Rosarinho Tamarineira e Casa Amarela. Fora des-
valorização imobiliária no entorno desses Shopping levar em conta o espraiamento promovido pelos
sas duas grandes áreas de verticalização, outras
Centers, seja em áreas sob controle do próprio grandes empreendedores, aproximar o olhar das
localizações mais descontínuas foram procuradas
empreendedor seja fora do seu controle direto; centralidades existentes em bairro populares;ii) no
por empreendedores imobiliários para promover
iv) expansão no espaço urbano das áreas onde trato das Comunidades de Interesse Social, verifi-
a verticalização residencial: No centro (beira das
predomina a concentração da população em altos car sempre o impacto dessas transformações da
bacias de Santo Amaro e do Pina) e a oeste em
edifícios residenciais destinados aos segmentos geografia econômica do Recife, nos processos de
bairros como Prado, Cordeiro, Iputinga, Engenho
de alto e médio poder de compra atraindo con- adensamento e valorização dos imóveis existentes
do Meio, Várzea, Caxangá e Tejipió.
sequentemente serviços e comércios de modo a nessas comunidades, bem como na existência de
atender essa clientela de proximidade. Houve um incontestável espraiamento das centra- empreendimentos econômicos.

61

Três fotos: CIS próxima


a Shopping, CIS próxima
a área de verticalização,
Empreendimentos comercial
em CIS

5. O cartograma apresen-
ta a localização dos seis
Shopping Centers exis-
tentes e de dois outros
em construção (Shoppin-
fgApipucos e Shopping
Metropolitano)
Mapa:Comunidades de Interesse Social, Shoppings Centers e Principais Áreas de Verticalização no Recife

GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA

DOIS
UNIDOS
NOVA BREJO DE
DESCOBERTA BEBERIBE

BEBERIBE
DOIS CORREGO DO PORTO DA
IRMAOS JENIPAPO LINHA MADEIRA
DO TIRO
MACAXEIRA VASCO
CAJUEIRO
SITIO DOS DA GAMA
ALTO JOSE FUNDAO
PINTOS
BONIFACIO AGUA
ALTO STA.
FRIA
TEREZINHA
MORRO DA CAMPINA DO
APIPUCOS
CONCEICAO BOMBA DO BARRETO
ALTO DO ALTO JOSE HEMETERIO
MANDU PEIXINHOS
DO PINHO

CASA MANGABEIRA ARRUDA

CAXANGA AMARELA
PONTO DE CAMPO
MONTEIRO
Shopping TAMARINEIRA PARADA
ROSARINHO
GRANDE

CASA HIPODROMO
Apipucos FORTE PARNAMIRIM
IPUTINGA ENCRUZILHADA
POCO JAQUEIRA

AFLITOS TORREAO
SANTANA
Shopping Plaza
62 TORRE
ESPINHEIRO

GRACAS

VARZEA SANTO
AMARO
CIDADE CORDEIRO
UNIVERSITARIA RECIFE
ZUMBI
MADALENA
ENGENHO DERBY BOA SOLEDADE
DO MEIO VISTA

PRADO
Shopping Boa Vista
TORROES ILHA DO PAISSANDU
RETIRO ILHA DO SANTO
BONGI LEITE ANTONIO

SAN
COELHOS
Paço
ILHA JOANA
MARTIN
MUSTARDINHA BEZERRA Alfândega
CURADO
SAO JOSE

Shopping Metropolitano
Legenda
MANGUEIRA
AFOGADOS
BRASILIA
CABANGA
JARDIM TEIMOSA
TOTO SAO PAULO ESTANCIA

Shopping Centers COQUEIRAL


SANCHO

JIQUIA

TEJIPIO Shopping RioMar


Principais Áreas de Verticalização AREIAS
PINA

BARRO CACOTE
IMBIRIBEIRA

Convenções IPSEP

Shopping
Comunidades de Interesse Social Modelo digital de Terreno Recife

Bairros Variação em metros (m) IBURA

High : 118 COHAB

Quadras BOA
VIAGEM

Corpos d'água
Low : 0 JORDAO

3 1,5 0 3 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 4.4:  XXXXX


Mapa: Comunidades de Interesse Social, Shoppings Centers e Principais Áreas de Verticalização no Recife
Fonte:  XXX
4.3 Comunidades de Interesse i. A 1ª Perimetral (Avenida Governador tituindo alternativa ao trecho norte da Avenida
Social e Sistema Viário no Recife Agamenon Magalhães) que está sendo com- Governador Agamenon Magalhães.
plementada a sul pelo sistema da Via Mangue
O Sistema Viário do Recife durante muito tempo iii. A. Avenida Maurício de Nassau (paralela à
e as vias margeando o Canal Setúbal e o Canal Avenida Caxangá a norte) da Torre até a BR
foi constituído por eixos radiais que tais como os do Jordão; há bastantes áreas de interseção 101, conquanto ao sul da mesma avenida entre
dedos de uma mão ligavam o Porto e o Centro
entre essa perimetral e Comunidades de In- a Madalena e o Engenho do Meio existe o eixo
aos engenhos das várzeas e às cidades vizinhas
teresse Social ao norte (Ponte do Maduro) da Rua Gomes Taborda/Rua Miguel V. Ferreira
(Estrada de Belém, Avenida Beberibe, Avenida
ao centro (Coque) e ao sul (Ilha do Destino e
Rosa e Silva/Estrada do Arraial, Avenida Caxangá/ iv. A rua 21 de Abril oferecendo alternativa à Rua
comunidades da beira do Canal do Jordão).
Avenida Joaquim Ribeiro, Rua São Miguel/Avenida São Miguel de Afogados a Avenida Recife
José Rufino/Avenida Falcão de Lacerda, Avenida ii. A 4ª Perimetral (BR 101) complementada
v. A Rua Arquiteto Luís Nunes paralela à Avenida
Marechal Mascarenhas de Morais, Avenida Antônio pela semi-perimetral Sul (Av. Recife) também
Marechal Mascarenhas de Morais
de Goes/Avenida Boa Viagem). Percorrendo essas está em boa parte do seu percurso margeada
vias, há poucas áreas de interseção direta entre por Comunidades de Interesse Social, seja Esse esforço para propiciar alternativas e as pró-
as mesmas e Comunidades de Interesse Social em trechos de colinas ao norte e sul seja em prias iniciativas dos motoristas em descobrir ca-
que, no entanto se localizam a pouca distância. trechos da planície. minhos para fugir dos congestionamentos coloca-
Outras radiais mais recentes (Avenida Norte Miguel ram muitas Comunidades de Interesse Social em
Nas últimas décadas, muitas intervenções no siste- contato mais direto com fluxos de tráfego mais
Arraes de Alencar e Avenida Abdias de Carvalho)
ma viário (sejam elas estruturais ou de engenharia intenso, podendo em certos casos gerar aciden-
já apresentam nas suas margens Comunidades
de tráfego) objetivaram oferecer alternativas às tes mas assegurando maior visibilidade a essas
de Interesse Social.
vias principais radiais e perimetrais sobrecarrega- comunidades que não podem ser mais conside-
Outro componente do Sistema Viário do Recife das. A título de exemplos podem ser elencados: radas como à margem de uma malha viária bem
é formado por vias perimetrais seguindo orienta- mais complexa e mais diversificada que o sistema
i. O eixo da semi-radial norte (Rua Jerônimo
ção norte-sul e configurando de leste para oeste Radiais/Perimetrais instituído no planejamento
Vilela/Rua da Regeneração) alternativa a um
sucessivos eixos viários concebidos na década urbano na década de 70 do século passado.
trecho da Avenida Norte.
de 70 do século passado em escala da aglome-
ração metropolitana. Entre essas perimetrais as ii. As vias margeando o Canal Vasco da Gama/
principais são6: Peixinhos da Tamarineira até Peixinhos, cons-

63

Comunidade do Canal do Arruda


com via marginal
Mapa:Comunidades de Interesse Social e o Centro Principal do Recife

GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA

BREJO DE
BEBERIBE DOIS
UNIDOS

NOVA
DESCOBERTA

DOIS CORREGO DO BEBERIBE


IRMAOS JENIPAPO
PORTO DA
VASCO LINHA MADEIRA
MACAXEIRA DO TIRO
DA GAMA CAJUEIRO
SITIO DOS ALTO JOSE
PINTOS BONIFACIO FUNDAO
AGUA
FRIA
ALTO STA.
MORRO DA TEREZINHA PEIXINHOS
CONCEICAO BOMBA DO CAMPINA DO
APIPUCOS
HEMETERIO BARRETO
ALTO DO ALTO
MANDU JOSE DO
PINHO
CASA MANGABEIRA
MONTEIRO AMARELA Est. d ARRUDA
CAMPO
CAXANGA o Arr TAMARINEIRA GRANDE
aia PONTO DE
Av l ROSARINHO PARADA
.C
ax CASA HIPODROMO
an FORTE
gá PARNAMIRIM
IPUTINGA
Av POCO ENCRUZILHADA
.C

Av
JAQUEIRA
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AFLITOS
gá SANTANA TORREAO

64

ui

Ca
ESPINHEIRO

Ba
Av TORRE
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VARZEA
SANTO
CORDEIRO GRACAS AMARO
MADALENA
RECIFE
CIDADE
UNIVERSITARIA ZUMBI
ENGENHO DERBY SOLEDADE
DO MEIO
alho
Carv
s de
TORROES

dia
PRADO BOA
. Ab VISTA
ng ILHA DO
.E ILHA DO
Av
RETIRO SANTO
LEITE
BONGI ANTONIO
SAN PAISSANDU COELHOS
MARTIN

MUSTARDINHA ILHA JOANA

Av
BEZERRA l
eria

.R
Imp
CURADO

Rua

ec
MANGUEIRA

ife
SAO JOSE

JARDIM AFOGADOS
CABANGA BRASILIA
SAO PAULO TEIMOSA
TOTO ESTANCIA

SANCHO
COQUEIRAL
JIQUIA

Av. in o
Ruf

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TEJIPIO
Dr. José

guia
Legenda
Av. Rec

AREIAS

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PINA

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e Av. R

Sistema Viário BARRO


CACOTE
ecife

IMBIRIBEIRA
IPSEP

Convenções
em
IBURA
Comunidades de Interesse Social Modelo digital de Terreno COHAB
iag
aV

Bairros Variação em metros (m)


Bo

BOA

High : 118
Av.

VIAGEM

Quadras JORDAO

Corpos d'água Low : 0 Av. Maria Irene

3 1,5 0 3 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 4.5:  XXXXX


Mapa: Comunidades de Interesse Social e o Sistema Viário
Fonte:  XXX
5
A infraestrutura e
os serviços públicos
urbanos nas
comunidades de
interesse social do
Recife
E
ste Capítulo irá tratar da sistematização vez maior de cidadãos coabitando.
do trabalho de campo. O mapeamento
Desta forma, Recife é também resultado de pro-
das comunidades de interesse social do
cessos contraditórios e desiguais de produção do
Recife foi realizado de dezembro de 2013
espaço urbano, uma cidade de muitas e diferentes
a março de 2014. Contou com uma equipe de 20
paisagens, em decorrência de uma ocupação do
técnicos de campo distribuídos em cinco equipes.
espaço, intrinsecamente relacionado aos proble-
Cada equipe contava com um engenheiro, um ar-
mas da estrutura fundiária do Nordeste e da de-
quiteto, um técnico social e um motorista.
sigualdade urbana.
O Atlas das Infraestruturas Públicas das Comuni-
Os interesses sobre o espaço urbano do Recife,
dades de Interesse Social não pretende esgotar
em especial sobre a planície, fizeram com que as
todos os problemas existentes numa cidade
populações mais pobres fossem paulatinamente
metropolitana como Recife, mas deve ser um guia
expulsas das partes planas e baixas da cidade,
na busca de soluções. Nesse sentido as próximas
as mais valorizadas pelo mercado imobiliário,
páginas irão fazer um breve relato do processo de
passando a ocupar áreas de colinas (conhecidas
urbanização da cidade e suas consequências. Em
como áreas de morro) que circundam a planície
seguida detalharemos os aspectos de infraestru-
flúvio-marinha.
turas, urbanísticos e sociais das CIS.
Um processo que também não é homogêneo, na
5.1 Recife: uma cidade em medida em que existem núcleos de resistência
permanente construção de áreas pobres na planície. Sobre o processo
histórico de produção do espaço urbano, Carlos
A cidade deveria ser entendida como resultado da (2003) nos diz que:
produção material do homem, fruto do aperfeiço-
amento da técnica e do trabalho, da necessidade O Espaço produzido pela sociedade
da busca pelo desenvolvimento territorial. Ou seja, implica desconsiderar o espaço como
como um espaço coletivo onde o homem busca uma existência real independente da
viver em uma sociedade de “cooperação”, a fim de sociedade. A reprodução do espaço
garantir facilidades e avanços científicos, técnicos (urbano) recria constantemente as
e culturais para todos. condições gerais a partir das quais
70 se realiza o processo de reprodução
Entretanto, a cidade é entendida e construída sob os
do capital, da vida humana, da socie-
parâmetros de uma sociedade de consumo, como
dade como um todo. A reprodução do
fruto de relações de troca de mercadorias, consoli-
espaço (urbano) enquanto produto
dando uma significativa situação de desigualdade.
social é produto histórico, ao mesmo
A cidade é, portanto, expressão mais tempo em que realidade presente e
incisiva do processo de produção ca- imediata. Esta se realiza no cotidiano
pitalista do espaço, aparecendo como das pessoas e aparece como forma de
produto do trabalho, da sua divisão ocupação e/ou utilização de determi-
técnica, mas também da sua divisão nado lugar, num momento específico.
social sendo a sede deste vasto pro-
Assim, o urbano reproduz-se, de um lado, de forma
cesso contraditório (LEFEBVRE, 2001).
“espontânea”, no livre jogo do mercado (no caso
Nos países pobres, ou considerados “em desen- cotidiano, como fruto da forma lógica do processo
volvimento”, as condições para a construção dos de urbanização metropolitano), e do outro, “plane-
espaços de vida dos seus segmentos sociais mais jada”, na medida em que o Estado passa a intervir
pobres são as piores possíveis. O que leva à de- cada vez mais na produção da infraestrutura ou na
gradação desses espaços a péssimas condições criação de leis de zoneamento urbano.
de vida dos seus moradores.
Recife é o núcleo da Região Metropolitana, uma
Para M. A. Souza (1999): metrópole de um país “em desenvolvimento”
(hoje considerado emergente), numa região que
O urbano é a expressão espacial do
já foi uma das mais prósperas economicamente
modo de produção: é mundial, abs-
do país.
trato. O mundo capitalista é urbano.
Indo mais além: o mundo hoje é ur- A cidade vem se constituindo numa
bano. Já a cidade é o concreto, onde “região problema”, onde as desigual-
vivem os cidadãos: é o material, o dades sociais se fazem tão marcan-
conjunto das infraestruturas públi- tes que podem ser percebidas, pron-
cas e dos equipamentos, enfim de tamente, através de sua paisagem,
toda a materialidade que permite a principalmente nas áreas habitadas
vida coletiva de um conjunto cada pelas populações mais pobres.
5.1.1 Recife: núcleo central da (esgotamento sanitário, abastecimento de água, população.
Região Metropolitana manejo das águas pluviais e dos resíduos sólidos),
As catástrofes por inundações, as dificuldades e
entre outros, não deveriam ser pensados e plane-
A partir da segunda metade do século XX, especial- a elevação do custo de captação e tratamento
jados com base no imediatismo.
mente depois dos anos 1970, os serviços urbanos adequado da água e a coleta e tratamento dos
se diversificaram muito, dinamizando a organização Desse modo, o planejamento urbano deve com- esgotos são ainda outras facetas desse problema
sócio-territorial do Recife. Como em todo lugar que preender e orientar a organização do território não de gestão ambiental urbana, sem mencionar as
conhece o crescimento populacional e econômico, apenas como limite político-administrativo, mas doenças de veiculação hídrica.
a manutenção da cidade passou a ser de funda- como espaço efetivamente usado pela sociedade.
A ocupação de áreas inadequadas, lançamento
mental importância e de difícil realização, devido Pois a compreensão do território da cidade como
de lixo e esgotos nas redes de drenagens, alte-
à intensificação do fluxo de pessoas transitando território vivido pela população. Principalmente
ração e impermeabilização do solo, entre outros
nas áreas mais dinâmicas. quanto aos seus usos nos bairros mais pobres, nos
fatores, acarretam em incrementos consideráveis
quais o acesso a serviços urbanos e a dinâmicas
No caso específico do Recife, o in- no escoamento superficial nos períodos de chu-
espaciais são bastante específicas.
tenso crescimento de ocupações em va e contribuem fortemente para o aumento do
áreas de morro, alagadas e palafitas, Se o planejamento foi levado à condição de as- número de inundações e perda de qualidade de
formaram um emaranhado de ruas, pirina para resolver um mal incurável, “com a de- vida da população.
becos, travessas e vielas, “esponta- sordem urbana”, como argumenta Almandrade
A cidade do Recife possui peculiaridades geo-
neamente”, ou seja, sem a interven- (2008), não conseguiremos enfrentar e superar
gráficas que devem ser consideradas para a sus-
ção do Estado, eximindo-o de dotar os grandes problemas sociais e urbanos, se não
tentabilidade do seu espaço urbano. As baixas
essas áreas mais pobres, recém ocu- aprofundando os problemas atinentes, em especial
cotas de seu território em relação ao nível do mar,
padas, com estruturas urbanas. aqueles relacionadas ao controle urbano e ao aces-
áreas planas, lençol freático próximo à superfície
so as infraestruturas e serviços públicos urbanos.
Nesta perspectiva, Santos (2005), alerta-nos para e aflorante na estação chuvosa, influência dos
a importância da análise do território como espaço níveis das marés, são características naturais da
5.1.2 Recife: urbanização e
vivido pelas populações, no âmbito de processos cidade. Vale ainda destacar que a canalização de
desigualdade social riachos urbanos e ocupação de suas margens por
socioeconômicos e políticos. Assim sendo:
A urbanização acelerada associada à falta de construções regulares e irregulares, a alta taxa de
O território é revelador de diferenças,
planejamento tem sido a principal responsável impermeabilização do solo, o destino inadequado
às vezes agudas, de condições de vida
pela degradação ambiental de muitos municípios dos resíduos sólidos e o baixo índice de esgota-
da população. Analisamos esses as-
brasileiros, dentre eles Recife. Esse processo de mento sanitário marcam as desigualdades do
72 pectos da realidade por meio do con-
urbanização “desordenada” afeta principalmente espaço urbano na cidade.
sumo de energia elétrica, dos equipa-
os rios, córregos e suas várzeas, poluindo os cor- Recife teve o seu processo de ocupação urbana de
mentos doméstico, equipamentos
pos hídricos que se tornam receptores de esgotos forma desordenada. A sua importância, enquanto
telefônico, da motorização, etc.
domésticos e destruindo a vegetação ciliar para capital do Estado de Pernambuco, com poten-
Também é comum em áreas metropolitanas, onde a ocupação por habitações irregulares, por ruas cialidade econômica e turística, infraestrutura de
em muitos casos os limites territoriais entre muni- e avenidas. apoio médico e educacional, fizeram com que, se
cípios são apenas ruas, os problemas de infraes- tornasse um pólo atrator. No entanto, a falta de
Além disso, na tentativa de controlar as águas,
trutura públicas serem tratados de forma pontual uma política governamental eficaz, voltada para o
sanear as cidades e ganhar novas terras para urba-
e sem nenhuma coordenação metropolitana. controle da urbanização, suprimento contínuo de
nização, as administrações públicas vem condicio-
A idéia de território passa a ter contornos apenas nando os corpos d’água a seguirem cursos cada vez água potável, esgotamento sanitário, disposição
orçamentários, e pergunta mais frequente numa menos naturais, por meio de obras de retificação, adequada dos resíduos sólidos e infraestrutura
situação de tragédia, como deslizamento de morro, canalização, tamponamento ou aterramento. para a drenagem de águas pluviais, fez com que
é esse território pertence a que município? fossem gerados grandes problemas para a popu-
Na tentativa de disponibilizar novas áreas urbanas
lação e para o meio ambiente.
A informalidade é outra questão a ser considera- e minimizar os efeitos locais das cheias, por muito
da no enfrentamento desse desafio, em especial tempo, as ações da engenharia fluvial e hidráu- No século XVI deu-se início o processo de urba-
numa cidade como Recife, onde a chamada eco- lica foram no sentido de retificar cursos d’água, nização do Recife, quando sua atual área ainda
nomia informal é fonte direta de renda para as transmitindo o mais rápido possível as vazões pertencia à Vila de Olinda. Diversos engenhos
populações mais pobres. para jusante. foram instalados na planície estuarina do rio Ca-
pibaribe, dando início aos centros de povoações.
O comércio informal nos bairros de baixa ren- A realização de obras com base na concepção de
Os primeiros núcleos urbanos surgiram nos pontos
da produz uma dinâmica espacial muito própria, retificação do leito dos rios e córregos teve con-
extremos do porto e seu processo de urbanização
áreas comerciais e mesmo pequenas fábricas se sequências não consideradas ou pouco avaliadas,
intensificou-se no século XX, com a modificação
misturam em bairros residenciais populosos e de sendo negligenciadas no planejamento, ocasio-
do espaço horizontal e vertical, acarretando trans-
baixa renda. nando uma série de transtornos cada vez maiores.
formações nos ecossistemas naturais. Na década
Do ponto de vista social, os serviços públicos ur- Esse conjunto de consequências da interferência de 1960, Recife recebeu muitos imigrantes vindos
banos representam, ou deveriam representar ga- do homem sobre o meio físico tem provocado do interior do Estado de Pernambuco e de toda
rantias básicas para melhores condições de vida. prejuízos de elevada monta dos quais se destaca RMR, com ocupação de muitas áreas ribeirinhas
Nesse sentido, serviços de saneamento básico com ênfase a diminuição da qualidade de vida da
e consequentes inundações dos bairros do centro
e do Oeste.

Vale destacar, no entanto que é no encontro das


águas dos Rios Capibaribe e Beberibe que a cidade
nasce e em torno do qual cresce, em meio a um
conjunto de ilhas, istmo e terras. É na ponta do
istmo que vem de Olinda que, ainda no século XVI,
se forma espontaneamente o Povo do Arrecife,
ou Porto dos Navios, Ribei-
ra Marinha dos Arrecifes ou
ainda São Frei Pedro Gonçal-
ves. É nesse mesmo estuário,
mas na localidade conhecida
A realização de obras com base na concepção
de retificação do leito dos rios e córregos
nesse período como a Ilha de
Antônio Vaz, que os padres
franciscanos, no início do sé-
culo XVII, instalam “em terras
sólidas e férteis” um dos seus
teve consequências não consideradas ou
primeiros conventos cons-
truídos em terras brasileiras, pouco avaliadas, sendo negligenciadas no
“olhando silenciosamente
para o Porto dos Arrecifes”.

Com a construção de uma


planejamento, ocasionando uma série de
ponte se inicia a expansão
em direção à ilha de Antônio transtornos cada vez maiores
Vaz, atuais bairros de Santo
Antônio e São José. É neste
momento que a cidade co- pelo urbanismo francês do século 19. Nesta época por sua vez, vem ao encontro do Recife fundindo-
meça a crescer sobre as águas. Na área central, também foram elaborados planos de saneamento -se nos morros dos bairros de Tejipió, Coqueiral,
73
foram abertos ou fechados, conforme havia ne- para o Recife e iniciadas suas obras. Sancho, Alto da Bela Vista. Com a erradicação
cessidade, camboas, canais, ou ainda, aterrados, dos mocambos, no norte do município inicia-se a
Entre os anos 20 e 40 o Recife teve um crescimento
locais alagadiços e encharcados, incorporando ocupação dos morros da formação barreira nos
populacional da ordem de 46%; no entanto, a oferta
novos espaços à expansão urbana. No ano de Morro da Conceição, Alto José do Pinho, Alto Santa
de bens e serviços coletivos não cresceu na mesma
expulsão dos holandeses (1654), o Bairro do Re-
proporção. Em 1932 a parte central da cidade se Teresinha, do Deodato, da Esperança, Nova Des-
cife já contabiliza 300 prédios entre casas térreas,
expandia em direção a Afogados até os bairros do coberta, Vasco da Gama, Córrego do Boleiro.
sobrados e prédios públicos.
Ipiranga, Estância e Areias sempre pelo eixo das já De 1970 até hoje a cidade experimentou cresci-
No início do século XVIII, com o núcleo central bem existentes Av. José Rufino e Rua São Miguel. mento populacional (ver dados com Catarina), e
consolidado, a cidade começa a crescer lenta-
Para o Sul se expandia pela Cabanga, atingido a zona desordem urbana. Cada dia que passa a cidade
mente de forma radial, partindo do centro para o
sul o Pina com maior concentração urbana nas pro- é disputada em cada espaço disponível. Uma
interior acompanhando as vias de circulação que
se desenvolviam obedecendo aos condicionantes ximidades da Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. luta que ilustra bem os últimos acontecimentos
topos hidrográficos, bem como através de hidro- É nas margens do Capibaribe que ocorre a maior no bairro Central da cidade, com a ocupação do
vias e ferrovias (a Maxambomba). Os engenhos concentração urbana em direção ao Derby, Capun- Cais José Estelita. Essa “luta de classes” se traduz
da área central da planície foram aos poucos se ga, Ilha do Leite, Coelhos, Graças, Aflitos, Espinheiro, numa cidade desigual. Recuperar a capacidade
subdividindo em sítios e lotes que posteriormente Santo Amaro, Encruzilhada e Campo Grande, estes de planejamento urbano nunca foi tão urgente.
foram dando origem a alguns bairros como os da três últimos já mais próximos à bacia do Beberibe. “Uma cidade igual para todos” preconizado no
Várzea, Apipucos, Torre, Derby e Beberibe. A partir da década de 1950 inicia-se o processo de Estatuto das Cidades se torna ponto de partida e
conurbação entre Recife e os municípios de Jaboa- principal sonho para quem mora nas comunidades
No início do século XIX, houve um grande desen-
volvimento na cidade, em especial no bairro da tão e Olinda. Observa-se ainda a consolidação da de interesse social do Recife.
Boa Vista que crescia em direção ao Derby e Santo Zona Sul da Cidade, que além das vias próximas O Cartograma 5.1 a seguir apresenta as comuni-
Amaro. Em 1823 a vila passou a ser cidade e, final- ao mar passa a contar com a Av. Mascarenhas de dades de interesse social por faixas de tamanhos.
mente, em 1827 foi elevada à condição de capital. Morais e a malha urbana do bairro da Imbiribeira, Vale notar que essa ilustração não só apresenta
já bem definida, em função do aeroporto interna- o tamanho dessas comunidades, mas acima de
No início do século XX, o Recife sofreu a sua pri-
cional dos Guararapes.
meira reforma urbana. Todo núcleo original foi tudo o tamanho do desafio na construção das
demolido para dar lugar a um traçado influenciado A sudeste já se tinha ocupação nos bairros do infraestruturas e acesso aos serviços públicos, que
Jordão, da BR 101, e as UR 01, 02 e 03. Jaboatão, possam conferir qualidade urbana sustentável.
5.1.3 Uso e ocupação do solo crescimento inferior a 20%, sendo que o Bairro de os seguintes bairros: Passarinho (517%), Macaxeira
Santo Antônio não conheceu acréscimo de área (313%), Guabiraba (283%), Mangabeira (377%),
Estudos elaborados para o Plano Diretor, em 1991,
construída (indicando, em parte, um quadro con- Mangueira (175%), Dois Irmãos (140%), Sítio dos
apontavam que a área compreendida pelo Centro
solidado de estagnação na dinâmica imobiliária Pintos, Ponto de Parada, Porto da Madeira (cerca
Expandido (constituída pelos bairros do Recife,
dessa área central do Recife). Chama a atenção de 100%).
Boa Vista, Santo Antônio, São José, Santo Ama-
o incremento ocorrido na Ilha do Leite (163%),
ro, Ilha do Leite e Cabanga), Boa Viagem, Derby, Quanto à densidade construtiva, ou seja, a rela-
puxado, em grande medida, pelo chamado Pólo
Espinheiro, Graças e Aflitos, Torre e Madalena e ção entre a área construída e a área do conjunto
Médico e empresarial, e Ilha de Joana Bezerra, que
proximidades da Av. Caxangá abrigavam as maio- de lotes, esses estudos apontaram que o Centro
tinha uma área construída, em 1996, na ordem de
res áreas construídas. do Recife e os bairros de Boa Viagem, Espinhei-
1.500 m², passando em 2003, para 48.300 m².
ro, Derby, Graças e Aflitos detinham, em 1991, as
Em 1996, por ocasião da revisão da Lei de Uso e
Esse crescimento deve ser creditado à implantação densidades mais elevadas da cidade, superiores
Ocupação do Solo do Recife, as maiores áreas
de novos empreendimentos imobiliários como a 70%.
construídas concentravam-se nos bairros de Boa
os novos edifícios do Fórum do Recife (Fórum
Viagem (929.832 m²), seguido pela Boa Vista Essas densidades se por um lado estavam rela-
Desembargador Rodolfo Aureliano) e da sede da
(832.808 m²), Imbiribeira (576.697 m²), Santo cionadas à excessiva verticalização dessas áreas,
Associação dos Amigos com Deficiência (AACD).
Amaro (535.696 m²), Santo Antônio (676.038 m²) indicavam também a existência de áreas vazias dis-
Merece destaque ainda os acréscimos observados
e São José (537139 m²). Levando em considera- poníveis para novos empreendimentos que foram
no período 1996/2003 nos bairros de Casa Forte
ção os estudos realizados em 2003 no âmbito da sendo gradativamente ocupadas. Em muitos casos,
(283%), Arruda, Torreão e Ipsep (cerca de 150%).
revisão do Plano Diretor, o bairro de Boa Viagem as edificações com até dois pavimentos existen-
apresentou um crescimento de 43%, Imbiribeira Dentre as áreas pobres da cidade merece destaque tes nessas áreas foram demolidas para dá lugar
e Santo Amaro de 49% e os demais bairros com os acréscimos nesse mesmo período (1996/2003) a novos empreendimentos mais verticalizados.

74
foto bairro grande
Quanto ao coeficiente de aproveitamento, o es-
tudo elaborado nesse período a partir dos setores
censitários, possibilitou uma maior aproximação
com a realidade construída da cidade. Muito em-
bora a maior parte do território do Recife ainda
apresentasse nesse período um coeficiente igual
ou abaixo de um, observou-se a existência de
áreas onde esse coeficiente ultrapassou até os
coeficientes estabelecidos pela legislação vigente
no período - que variavam de 3 a 4 (à exceção dos
Centros Comerciais que atinge 7).

O Centro do Recife e parte dos bairros localizados


na margem esquerda do Rio Capibaribe e nos
morros da zona norte apresentaram, no geral,
coeficientes até um. Em porções do território dos
bairros de Boa Viagem, Pina e Paissandu foram
encontrados coeficientes acima de 4 (Figura 5.1),
a seguir.

No que se referem à verticalização, dados de ou-


tubro de 1990 apontavam que a cidade ainda
era predominantemente horizontal, uma vez que
56% do total da área construída correspondiam
às edificações de 01 pavimento. Apenas 23% das
unidades residenciais correspondiam a edificações
com mais de 05 pavimentos.

Importante assinalar que o processo de vertica-


lização intensificou-se de forma fragmentada na
cidade, alcançando partes do seu território em tem- 75
pos distintos. Considerando-se os dados de 1996,
é possível observar que o bairro de Boa Viagem
apresentava 43% de suas unidades habitacionais
em imóveis com mais de 10 pavimentos, passando
em 2003, para 57%. Dessas, 4,19% localizam-se
em edificações com mais de 20 pavimentos.

No conjunto, os bairros do Derby, Aflitos, Graças


e Espinheiro apresentavam 39% de suas unida-
des habitacionais em edificações com mais de
10 pavimentos, passando em 2003 a representar
54%, 72%, 62% e 49%, respectivamente. Nos
bairros de Casa Forte, Tamarineira, Santana, Poço,
Parnamirim, Monteiro, cerca de 18% das unidades
estavam nesse segmento, passando em 2003 a
representar, respectivamente, 44%, 31%, 34%,
24%, 62% e 42%.

No caso do bairro da Madalena, o processo de


verticalização evoluiu ao longo do tempo, uma vez
que contém unidades habitacionais em todas as
faixas. Ao contrário de outros bairros que saltam
das faixas mais baixas para as mais altas, como
foi o caso dos bairros da Ilha do Retiro e Rosarinho
que apresentaram no período estudado, 24% e
63%, respectivamente, em 1991, passando para
35% e 86% de suas unidades habitacionais em
edificações com mais de 16 pavimentos, respec- Figura 5.1:  Recife – Coeficientes de aproveitamento, 2003.
tivamente, em 2003. Fonte:  Secretaria de Planejamento / Prefeitura da Cidade do Recife, 2003 (ver com Aline).
76
Mapa:Comunidades de Interesse Social por Faixas de Tamanhos de Áreas

GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA
BREJO DE
BEBERIBE

DOIS
UNIDOS

NOVA
DESCOBERTA

BEBERIBE
DOIS
CORREGO DO PORTO DA
IRMAOS
JENIPAPO MADEIRA
LINHA
DO TIRO

VASCO CAJUEIRO

SITIO DOS MACAXEIRA DA GAMA


PINTOS ALTO JOSE FUNDAO
BONIFACIO
AGUA
FRIA
ALTO STA.
TEREZINHA CAMPINA DO
BARRETO
APIPUCOS MORRO DA PEIXINHOS
CONCEICAO
BOMBA DO
HEMETERIO
ALTO DO ALTO JOSE
MANDU DO PINHO

MANGABEIRA ARRUDA
CASA
AMARELA
CAXANGA
MONTEIRO PONTO DE CAMPO
PARADA GRANDE
TAMARINEIRA
ROSARINHO
HIPODROMO
CASA
FORTE PARNAMIRIM
POCO ENCRUZILHADA
IPUTINGA
JAQUEIRA

SANTANA AFLITOS TORREAO

ESPINHEIRO
TORRE

GRACAS

VARZEA SANTO
AMARO
CORDEIRO
CIDADE
UNIVERSITARIA RECIFE
ZUMBI MADALENA

DERBY
ENGENHO
DO MEIO SOLEDADE

PRADO BOA
VISTA
PAISSANDU SANTO
TORROES ILHA DO ANTONIO
RETIRO ILHA DO
BONGI LEITE

COELHOS

SAN
MARTIN ILHA JOANA
BEZERRA
MUSTARDINHA
CURADO
SAO JOSE

MANGUEIRA
AFOGADOS

BRASILIA
CABANGA TEIMOSA
JARDIM
TOTO SAO PAULO ESTANCIA

SANCHO

COQUEIRAL
JIQUIA

TEJIPIO

AREIAS
PINA

CACOTE
BARRO
IMBIRIBEIRA

IPSEP

Legenda IBURA
COHAB

1 Unidade de Coleta
BOA
VIAGEM

2 a 10 Unidades de Coleta
JORDAO
11 a 20Unidades de Coleta

Acima de 20 Unidades de Coleta

Convenções
Bairros Modelo digital de Terreno
Quadras Variação em metros (m)
High : 118
Corpos d'água
Low : 0

2 1 0 2 Km

Fonte: ENGECONSULT/ TECGEO 2014

Cartograma 5.1:  XXXXXXX


Fonte:  Fonte: Atlas das Infraestruturas Públicas das CIS do Recife – Engeconsult, 2014.
77

Mapa: Comunidades de Interesse Social por Faixas de Tamanhos de Áreas


fotos

78

No período estudado chama atenção a baixa verti- medida, de forma incompatível com preservação relação com o parcelamento do solo, resultando,
calização observada ainda nos bairros da Iputinga das unidades de paisagem que conferem a cidade na maioria das vezes, no confinamento dos es-
(8,16% situam-se no intervalo de 6 a 20 pavimen- a sua identidade, e mesmo com a capacidade das paços públicos, criando áreas propícias para a
tos) e da Várzea (9,5% situam-se no intervalo de infraestruturas urbanas instaladas. manifestação da violência. Além disso, no caso
16 a 20 pavimentos). específico do bairro de Boa Viagem esse intenso
Não sem razão, as comunidades das Graças e de
processo de verticalização resultou, por um lado, na
Considerando a área total construída da cidade, Casa Forte se mobilizaram nos últimos anos para
“construção de um paredão” na Avenida Beira Mar,
observa-se que a maior parte ainda corresponde exigir a redefinição por parte da gestão municipal
impossibilitando ou limitando a vista para o mar
a imóveis de 1 e 2 pavimentos, que estende-se por dos parâmetros urbanísticos estabelecidos para
daqueles que não habitam diretamente na linha
uma mancha que sai dos bairros do Recife, Santo esses bairros. No primeiro caso, em decorrência
de frente d’água, e por outro o sombreamento da
Antônio e São José, indo em direção ao bairro do muito mais da sobrecarga sobre a capacidade do
faixa de praia no período da tarde, por exemplo.
Pina. Há uma concentração em dessa tipologia em seu sistema viário de absorver um maior adensa-
grande parte do bairro de Santo Amaro, Campo mento construtivo e, no segundo, por conta, sobre- No caso das áreas formais da cidade, constata-
Grande, parte dos morros e dos bairros situados na tudo, da necessidade de preservação das unidades -se que há uma coincidência entre as manchas
margem esquerda do rio Capibaribe. Por sua vez, a que compõem a sua paisagem. A resposta da mu- com maiores densidades construtivas, maiores
área construída dos imóveis residenciais com mais nicipalidade foi à aprovação da chamada “Lei dos coeficientes de aproveitamento e maiores alturas.
de 20 pavimentos concentravam-se, sobretudo, Doze Bairros” (Lei nº 16.719 /2001), que criou a área No caso das áreas informais, mais particularmente
nos bairros de Boa Viagem e da margem esquerda de Reestruturação Urbana - ARU, composta pelos na área de morro, onde se constatou no período
do Rio, sendo inexpressiva em outros locais. bairros Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, estudado um alto coeficiente de aproveitamento,
Parnamirim, Santana, Casa Forte, Poço da Panela, verifica-se uma coincidência entre as manchas
De modo geral, pode-se afirmar que um dos gran-
Monteiro, Apipucos e parte do bairro Tamarineira, com altas densidades construtivas e com maio-
des problemas em termos do processo de vertica-
estabelece novas e específicas condições de uso res coeficientes de aproveitamento. Apesar de
lização e de adensamento construtivo do Recife é
e ocupação do solo nessa área. terem altos coeficientes de aproveitamento, não
o fato de que este processo ocorrendo de forma
intensiva em partes concentradas do território da Pode se afirmar ainda que essas estruturas ex- são verticalizados, o que indica uma maior e mais
cidade, sem levar em consideração, em grande cessivamente verticalizadas não guardam uma intensa taxa de ocupação do terreno.
fotos

5.1.4 As áreas de risco Em 1960, o número de mocambos chegou a e desaconselháveis para moradia.
79
90.000, o que representava 60% das habita-
No caso dos morros, a ocupação urbana foi realizada Atualmente encontram-se identificados cerca de
ções da cidade. Entre 1978 e 1983, mais de 80
de forma desordenada, com baixo padrão cons- 10.000 pontos de risco nas áreas de morros da
invasões coletivas e organizadas, envolvendo cerca
trutivo e uso incorreto do solo, trazendo impactos cidade do Recife (Mapa 5.2). São definidos como
de 150.000 pessoas, incorporaram-se ao cotidia-
ambientais, como erosões e ruptura de taludes e pontos de risco os locais em morros que apresen-
no da cidade. Os autores ainda reiteram que “...
supressão da vegetação, com perda de solo de tam problemas de estabilidade ou de erosão de
as ocupações ilegais dos mangues e dos morros
superfície e instabilidade de encostas, contribuindo encostas.
fazem parte da própria história do Grande Recife”.
para uma série de riscos para a população residente.
Não dispondo de recursos para comprar terre- Em função da grande proporção do problema e da
Os pioneiros que se aventuraram a subir os morros limitação dos recursos para solucioná-la, existe a
nos na planície, começaram a ocupar os morros
para construir suas moradias enfrentaram esse disseminação da prática de utilização de soluções
da zona norte da cidade. Por serem terrenos de
ambiente ainda natural. Tiveram que moldar a
topografia acidentada, são comercializados, na emergenciais, como a colocação de lonas plásticas
natureza para atender à sua necessidade de habi-
maioria das vezes, fora do mercado imobiliário sobre as barreiras expostas, para reduzir riscos
tação. Assim se iniciaram as primeiras ocupações
formal, a preços mais acessíveis pela inexistência de infiltrações e erosões superficiais e permitir
nos morros de Recife.
de infraestrutura e dificuldade de acesso. as municipalidades investirem nos pontos mais
Expulsa dos alagados e das áreas planas, a popu- críticos mediante intervenções de proteção, com
Portanto, a ocupação dos morros aconteceu, dei-
lação de baixa renda começou a ocupar os morros a utilização de técnicas diversas (Fotos 5.1 e 5.2).
xando sob a responsabilidade da população a
a partir do final dos anos 30 e início dos anos 40,
solução para o seu problema de moradia, a qual, Os esforços para minimizar as alterações na li-
durante a campanha de higienização deflagrada,
devido aos escassos recursos de que dispunha, nha da costa na região do Recife, Jaboatão dos
à época, pelo interventor federal Agamenon Ma-
construía as habitações com os materiais dispo- Guararapes, Olinda e Paulista, têm sido, também,
galhães. Morros e alagados foram os espaços que
níveis e possíveis de comprar, com as sobras da um dado importante no aspecto da intervenção
ofereceram condições de acesso a uma moradia
pequena renda mensal. nas áreas de risco ambiental da RMR. Os efeitos
compatível com a renda dessa população. Sem
condições de acesso aos programas habitacionais Assim, foram-se adensando os morros do Recife destrutivos dessas alterações remontam ao início
governamentais e sem poder construir a própria e começando também os problemas, gerados do século 20, mas os impactos mais substanciais
casa e numa conjuntura política que reprimia ou- por esta forma de ocupação, normalmente por ocorreram a partir de intervenções antrópicas,
tras formas de reivindicação, à população pobre meio de cortes e aterros, nem sempre deixando o sobretudo aquelas decorrentes da implantação
do Recife só restaram às invasões, que na década talude estável a desmoronamentos, fizeram se as do Porto do Recife assim como da implantação
de setenta, multiplicaram-se. construções, muitas vezes, em locais inadequados de loteamentos nas zonas de praia.
80
GUABIRABA

PAU
FERRO

PASSARINHO

BREJO DA
GUABIRABA

DOIS
UNIDOS
NOVA
DESCOBERTA BREJO DE
BEBERIBE
CORREGO DO
JENIPAPO BEBERIBE
DOIS
VASCO PORTO DA
IRMAOS
DA GAMA LINHA MADEIRA
MACAXEIRA DO TIRO
CAJUEIRO
SITIO DOS ALTO JOSE
PINTOS BONIFACIO FUNDAO
AGUA
ALTO STA. FRIA CAMPINA DO
TEREZINHA
BARRETO
APIPUCOS ALTO JOSE PEIXINHOS
BOMBA DO
ALTO DO DO PINHO
HEMETERIO
MANDU MORRO DA
CONCEICAO MANGABEIRA ARRUDA
MONTEIRO CASA
CAXANGA
AMARELA PONTO DE
TAMARINEIRA PARADA
CASA ROSARINHO HIPODROMO
FORTE CAMPO
PARNAMIRIM GRANDE
POCO
IPUTINGA JAQUEIRA ENCRUZILHADA

SANTANA AFLITOS TORREAO


ESPINHEIRO
TORRE
GRACAS
VARZEA SANTO
AMARO RECIFE
CIDADE
CORDEIRO
UNIVERSITARIA
MADALENA
ENGENHO DERBY
ZUMBI
DO MEIO SOLEDADE

PRADO PAISSANDU
TORROES BOA
ILHA DO VISTA SANTO
ILHA DO ANTONIO
RETIRO
BONGI LEITE
COELHOS
SAN
MARTIN ILHA JOANA
CURADO MUSTARDINHA BEZERRA
SAO JOSE
MANGUEIRA
AFOGADOS DOIS
UNIDOS BRASILIA
NOVA
JARDIM DESCOBERTA BREJO DE
CABANGA TEIMOSA
SAO PAULO BEBERIBE
TOTO CORREGO DO
ESTANCIA JENIPAPO BEBERIBE
DOIS
VASCO PORTO DA
SANCHO IRMAOS
DA GAMA LINHA MADEIRA
COQUEIRAL PASSARINHO MACAXEIRA DO TIRO
JIQUIA
CAJUEIRO
SITIO DOS ALTO JOSE
PINTOS BONIFACIO FUNDAO
AGUA
ALTO STA. FRIA CAMPINA DO
BREJO DA TEJIPIO TEREZINHA
BARRETO
GUABIRABA
APIPUCOS ALTO JOSE PEIXINHOS
BOMBA DO
ALTO DO DO PINHO
HEMETERIO
DOIS AREIAS MANDU MORRO DA PINA
UNIDOS
NOVA CONCEICAO ARRUDA
MANGABEIRA
DESCOBERTA BREJO DE
BEBERIBE
MONTEIRO CASA
CORREGO DO CAXANGA
BEBERIBE AMARELA PONTO DE
JENIPAPO
DOIS TAMARINEIRA PARADA
VASCO PORTO DA
IRMAOS ROSARINHO
DA GAMA LINHA MADEIRA CASA HIPODROMO
MACAXEIRA DO TIRO CACOTE FORTE CAMPO
CAJUEIRO PARNAMIRIM GRANDE
SITIO DOS ALTO JOSE POCO
PINTOS BARRO FUNDAO IPUTINGA JAQUEIRA ENCRUZILHADA
BONIFACIO
AGUA IMBIRIBEIRA
ALTO STA. FRIA CAMPINA DO
TEREZINHA SANTANA TORREAO
BARRETO AFLITOS
APIPUCOS ALTO JOSE PEIXINHOS
BOMBA DO ESPINHEIRO
ALTO DO DO PINHO
HEMETERIO TORRE
MANDU MORRO DA
CONCEICAO ARRUDA GRACAS
MANGABEIRA IPSEP
MONTEIRO VARZEA SANTO
CAXANGA CASA
AMARO RECIFE
AMARELA PONTO DE
TAMARINEIRA PARADA CIDADE
CORDEIRO
CASA ROSARINHO UNIVERSITARIA
HIPODROMO
FORTE CAMPO MADALENA
PARNAMIRIM GRANDE DERBY
ENGENHO ZUMBI
POCO
IPUTINGA JAQUEIRA ENCRUZILHADA DO MEIO SOLEDADE

SANTANA AFLITOS TORREAO PRADO PAISSANDU


TORROES BOA
ESPINHEIRO
TORRE
COHAB IBURA ILHA DO VISTA SANTO
ILHA DO ANTONIO
GRACAS RETIRO
BONGI LEITE
VARZEA SANTO
AMARO RECIFE COELHOS
SAN
CIDADE ILHA JOANA
CORDEIRO MARTIN
UNIVERSITARIA CURADO MUSTARDINHA BEZERRA
MADALENA
ENGENHO DERBY SAO JOSE
ZUMBI
DO MEIO SOLEDADE
MANGUEIRA
PRADO PAISSANDU AFOGADOS
Legenda TORROES BOA BOA BRASILIA
SANTO JARDIM CABANGA TEIMOSA
ILHA DO VISTA
ILHA DO ANTONIO
TOTO SAO PAULO
RETIRO ESTANCIA VIAGEM
BONGI LEITE
JORDAO
COELHOS SANCHO
SAN
COQUEIRAL JIQUIA
MARTIN ILHA JOANA
CURADO MUSTARDINHA BEZERRA
setores de Risco_PMRR SAO JOSE
TEJIPIO
MANGUEIRA
AFOGADOS AREIAS PINA
BRASILIA
JARDIM CABANGA TEIMOSA
SAO PAULO
RISCO TOTO ESTANCIA
SANCHO
COQUEIRAL JIQUIA CACOTE

R1 BARRO IMBIRIBEIRA
TEJIPIO °
AREIAS PINA
IPSEP norte
R2
CACOTE
BARRO IMBIRIBEIRA
0 0,75 1,5 3
COHAB IBURA
R3 IPSEP

R4 Legenda BOA
1:78.000
COHAB IBURA
VIAGEM
JORDAO
setores de Risco_PMRR
Legenda RISCO BOA
VIAGEM
JORDAO
setores de Risco_PMRR R1
RISCO
R1
R2
° 0 0,75 1,5
° norte
3 Km
R3 norte
R2
R4 0 0,75 1,5 3 Km 1:78.000
R3
R4 1:78.000

Cartograma 5.2:  Recife – Pontos de Risco nas Áreas de Morros da Cidade do Recife.
Fonte:  SIRGAS, 2000 – Elaborado pela Engeconsult para o PMSB do Recife, 2014 (ver com Aline).
81
5.2 Infraestruturas: por ordem de Matias de Albuquerque, resultando
saneamento básico em considerável derramamento de sangue e 43
mortes.
Este item irá apresentar as infraestruturas de
saneamento básico (abastecimento de água, A água mais abundante procedia do rio Beberibe,
esgotamento sanitário, drenagem e manejo de que banhava Olinda. Havia se levantado no Vara-
resíduos sólidos). Os dados apresentados foram douro de Olinda, um paredão barrando o rio Bebe-
sistematizados do levantamento do trabalho de ribe e ai se coletava agua, para vender no Recife e
campo, que nessa primeira etapa correspondeu ao na própria Olinda. Dentre os subúrbios do Recife de
mapeamento das comunidades de interesse social. 1710, que primeiro foram povoados, figuram Casa
Forte, Monteiro e Poço da Panela. Neste ultimo
Para facilitar compreensão dos dados fez-se a local que ia se tornando populoso, por volta de
seguinte divisão: abastecimento – situação e fre- 1750, descobriu-se excelente fonte e, escavada a
quência; esgotamento sanitário – situação (lan- cacimba, colocaram uma grande panela de barro
çamento a céu aberto e lançamento em galeria de sem fundo, para manter as paredes do poço. Dai
águas pluviais); drenagem – situação (ocorrências vem o nome de Poço da Panela.
de alagamento) e manejo de resíduos sólidos – si-
Em 1847, ficaram concluídos os serviços de capta-
tuação (áreas com precariedade de coleta de lixo).
ção de água do açude do Prata, em Dois Irmãos. A
Além da análise geral de toda a cidade do Recife, adução era feita por uma tubulação de ferro com
em todos os casos foram escolhidas localidades 300 milímetros de diâmetro, com uma vazão de
para ilustrar a análise, através de cartogramas, 75 m3/h ou 20,8 l/s. A distribuição era feita através
gráficos e fotos. As comunidades escolhidas foram: de oito chafarizes, localizados respectivamente, na
Vila Brasil, Brasília Teimosa, Cosme e Damião, Sítio Praça da Boa Vista, no Pátio do Carmo, no Pátio do
do Berardo, Pina, Jordão Alto, Totó e Mustardinha. Paraiso, na Ribeira, no Passeio Publico, na Trempe,
na Soledade e na subida da ponte da Boa Vista.
5.2.1 Infraestrutura: abastecimento de água Posteriormente, foram instalados mais 14 chafa-
As primeiras formas de abastecimento de água rizes, atingindo-se o total de 22. Nos chafarizes, a
em Recife datam dos idos de 1540. Do Engenho de água custava 20 reis o balde de 30 litros.

82 Nossa Senhora da Ajuda, bem próximo a Olinda Prevendo o aumento da população, que já chegava
e pertencente à Jeronimo de Albuquerque, vinha a 80.000 habitantes, pelo recenseamento de 1884,
agua fresca em abundancia. Era transportada a Companhia do Beberibe empreendeu o estudo
em canoas abertas, pois a agua que se tirava dos de novos projetos para ampliação do sistema de
poços era salobra e a dos rios não era potável. abastecimento de agua da cidade. Data do ano
Por volta de 1640, já se fazia muito sensível à cri- de 1891, o projeto do engenheiro Augusto Devoto,
se de habitação no Recife, onde não havia lugar que visava ao aproveitamento dos riachos Utinga
para quem chegassem da Europa, descrevendo e Pitanga.
ainda o sociólogo pernambucano Gilberto Freire, Em julho de 1909, o Governador do Estado, Her-
as condições anti-higiênicas dos sobrados, muito culano Bandeira, convida o engenheiro Francisco
abafados e sempre superlotados de moradores. Saturnino de Brito para assumir a direção dos
Onde esta o quartel das Cinco Pontas, existiam as trabalhos de saneamento do Recife, o qual estava
cacimbas públicas de Ambrósio Machado, homem na época responsável pelo saneamento da cidade
de dinheiro e senhor de um engenho no Cordeiro. de Santos. Em fevereiro de 1910, Saturnino de Brito
Também se tirava água de outros poços, onde se embarca para o Recife, iniciando em 28 de marco
captava o líquido do lençol freático. A de melhor a construção da nova rede de esgotos e os projetos
qualidade era, porém, a das cinco cacimbas de de ampliação da rede de agua.
Ambrósio Machado, das quais, duas das mais Já concluídos os estudos preliminares para o refor-
largas, tinham diâmetro de oito a dez palmos. ço do abastecimento de água, tal melhoramento
tornara-se inadiável, pois que a escassez de agua
Também se mandava buscar em canoas, pipas
no Recife atingira uma situação insuportável. Basta
ou barris, água dos rios Capibaribe, Beberibe, e
dizer que o volume de agua exigido pelas clausulas
do Apipucos, em pontos distantes do bairro do
contratuais, era de 17.000 metros cúbicos diários,
Recife, sendo vendida em domicílios pelos “agua-
e a Companhia do Beberibe, apenas conseguia
deiros”. Considerava-se nesta época, grande luxo
fornecer 10.000 m3/dia.
ter cacimba no quintal da casa; nas cacimbas de
Ambrósio Machado se abasteciam os holandeses De 1920 a 1952, foram feitas diversas pequenas
e certa feita, quando uma escolta dos invasores se obras de ampliação do sistema de abastecimen-
dirigia a busca de provisões de agua, foi atacada to de água do Recife, entre elas destacam-se: a)
Captação no rio Beberibe e tratamento em Alto do habitantes. Nesta época, Recife tinha os seguintes
Céu; b) Captação e tratamento em Jangadinha e c) mananciais:
Ampliação e modernização do sistema de Gurjaú.
De 1960 ate 1970, o Recife teve aumentado em
Em meados de 1960 A população do aproximadamente 70% a capacidade de oferta
Recife era de 530.000 habitantes, o dos seus sistemas de produção, os quais contavam
que dava, segundo relatórios do an- com os seguintes mananciais, abaixo relacionados,
tigo Departamento de Saneamento segundo a capacidade de produção:
do Estado – DSE, cerca de 160 litros
Em 1977, a COMPESA concluiu a pri-
por habitante por dia, haja vista que
meira etapa do sistema Tapacura,
a produção de água total (somando-
aumentando a produção em mais
-se todos os mananciais acima dis-
172.800 m3/dia, o que dava uma
criminados era de 82.000 m3/dia).
produção total de aproximadamen-
Entretanto, como apenas metade da
te 383.400 m3/dia. O sistema de
população do Recife recebia água
abastecimento de água do Recife
em casa, o consumo era da ordem
começa a trabalhar a partir deste ano
de 320 litros/hab/dia. Nessa época
integrado. Em 1981, a COMPESA con-
havia cerca de 80.000 casas em Re-
cluiu a segunda etapa do Sistema
cife, e apenas 38.000 dispunham de
Tapacura, e a população do Recife
ligações com a rede de distribuição
era de 1.196.000 habitantes.
de água.
Em 1984, foi iniciada a construção da 1a etapa do
Entre 1956 e 1965 foram executadas as obras de
sistema Botafogo, a qual foi concluída em abril
ampliação do sistema de abastecimento de água
de 1986, aumentando a oferta de água na RMR.
do Recife, através do sistema de Monjope, cujos
trabalhos foram coordenados pelo professor An- A situação do abastecimento de
tonio Figueiredo Lima. Já em 1958 foi colocada em água do Recife foi profundamente
funcionamento a primeira etapa do sistema, com alterada para melhor com a entrada
a construção parcial da estação de tratamento. em operação do Sistema Pirapama
em 2013. A vazão de captação deste
84 Em 1960, Recife contava com cerca de 780.000 ha-
sistema, de acordo com o projeto, é
bitantes e a RMR com aproximadamente 1.070.000
de 5,4 m³/s, ampliando em 50% a
Mananciais Vazões oferta de água para o Recife, sufi-
Rios de Monjope 20.000 m³/dia ciente ao atendimento do Município

Rio Gurjaú 60.000 m³/dia pelo menos a curto e médio prazo.


Segundo o Censo de 2010, os serviços
Rio Beberibe 30.000 m³/dia
de abastecimento d’água pratica-
Açude do Prata 10.000 m³/dia
mente mantêm a mesma condição de
Jangadinha 3.000 m³/dia
abastecimento da década anterior:
Total 123.000 m³/dia 86,7% encontram-se ligados à rede
Tabela 5.4:  Mananciais de abastecimento de Água da RMR no de água; 10,8% são abastecidos por
ano de 1960 poço ou nascente (97,5% ao todo) e
Fonte:  Fonte: COMPESA
2,5% por outras formas.

A Figura 5.2 a seguir apresenta o croqui esquemá-


Mananciais Vazões tico do atual sistema de abastecimento de água
Monjope 86.000 m³/dia do Recife. O Cartograma 5.3 apresenta as formas
Gurjaú 65.000 m³/dia de abastecimento de água, segundo os dados do
Beberibe 30.000 m³/dia Censo de 2010.

Açude do Prata/poços de 21.200 m³/dia


Dois Unidos
Poços do Totó 3.000 m³/dia
Poços do Engenho do Meio 3.000 m³/dia Figura 5.2:  Recife – Croqui do Sistema de Abastecimento de Á
Jangadinha 2.400 m³/dia Fonte:  COMPESA – Elaborado pela Engeconsult para o PMSB do Recife, 2014 (ver

Total 210.600 m³/dia


Tabela 5.5:  Mananciais de Abastecimento de Agua da RMR no
ano de 1970
Fonte:  COMPESA
85

Água
com Aline).
5.2.1.1. Infraestrutura de abastecimento de água
nas CIS

86

Cartograma 5.3:  Recife – Formas de Abastecimento de Água, segundo Censo 2010.


Fonte:  IGBE/Censo 2010 – Elaborado pela Engeconsult para o PMSB do Recife, 2014.
5.3 infraestrutura urbanísticas pavimentadas, independente se está a pé ou existência e condições de pavimentação das
utilizando algum veículo. vias e escadarias.
Em linhas gerais, pode-se conceituar infraestrutura
urbana como um sistema técnico de equipamen- Em dias de chuva em ruas onde há ausência de Merecem destaque, no entanto, as RPAs (Regi-
tos e serviços necessários ao desenvolvimento pavimentação é comum o acúmulo de água em ões Político-Administrativas) 4 e 6. São essas
das funções urbanas, podendo estas funções, por enormes poças, o que é um facilitador para prolife- parcelas do território recifense que apresentam
sua vez, serem vistas sob três aspectos: social, ração de determinadas doenças, como a dengue e o maior número de CIS com altos níveis de
econômico e institucional. a leptospirose. Pavimentar, neste caso, significa não precariedade no que tange a pavimentação
somente diminuir consideravelmente as chances urbana.
Sob o aspecto social, a infraestrutura tem em vista
de proliferação de doenças, como reduzir o número
promover adequadas condições de moradia, tra- Na RPA 4, pode-se destacar os bairros da Vár-
de acidentes, visto a dificuldade na locomoção de
balho, saúde, educação, lazer e segurança. No que zea e Iputinga, ambos a Oeste do município (o
quem está a pé.
tange o aspecto econômico, a infraestrutura urbana primeiro, no extremo Oeste), como aqueles que
visa propiciar o desenvolvimento das atividades A pavimentação contribui, também, para inte- apresentam o maior número de CIS com pavi-
produtivas, ou seja, a produção e comercialização grar diversas localidades ao conjunto da cidade. mentação precária ou inexistente. Já na RPA 6,
de bens e serviços. A infraestrutura urbana sob o Muitos bairros deixam de ser visitados e receber as CIS com elevados índices de precariedade
aspecto institucional deve proporcionar os meios determinados serviços pela precariedade ou au- aparecem com maior frequência nos bairros da
necessários ao desenvolvimento das atividades sência de pavimentação. Exemplo significativo COAHB, Ibura e parcelas dos bairros do Ipsep
político-administrativas, entre as quais se inclui a acontece quando algumas lojas deixam de realizar e Imbiribeira. Merece ressalva, também, as CIS
gerência da própria cidade. entregas pela dificuldade encontrada no acesso a localizadas no bairro do Pina. Na RPA 3, apesar
determinados locais. Essa ação, repetida algumas
Na presente seção deter-se-á ao aspecto social da grande maioria das CIS apresentar um bom
vezes, cria um estigma negativo do local, e acaba
da infraestrutura urbana, onde serão apresenta- índice de pavimentação, merecem atenção, por
isolando-o do restante da cidade.
dos alguns resultados referentes a determinados seus altos índices de precariedade, algumas CIS
elementos das Comunidades de Interesse Social Ruas pavimentadas são mais ocupadas, mais localizadas nos bairros de Passarinho, Guabiraba
(CIS), como pavimentação, iluminação pública e movimentadas. A ausência da pavimentação e Sítio dos Pintos.
acesso ao transporte público. pode vir a ser a causa de outras precariedades
A fim de demonstrar quantitativamente como se
observadas em determinados locais, como o
distribui os índices de precariedade das CIS com
5.3.1 Pavimentação aumento da criminalidade e a falta de segurança
relação à pavimentação, apresenta-se o gráfico
A rua, enquanto espaço público, constitui-se devido a pouca utilização da rua como espaço de
abaixo:
88 em um importante elemento urbano por vá- integração entre os indivíduos. Pode-se inferir,
rios aspectos. Além de servir como suporte por portanto, que a pavimentação possui um valor
onde circulam os veículos e pedestres, é o local simbólico ao conferir “vida” à rua, além do valor
de sociabilidade e de interação social. É nes- estético que confere ao local, aumentando a
se contexto, dessas significativas funções, que autoestima dos moradores.
20%
sua estruturação e conservação tornam-se tão Diante desses importantes aspectos, não é por
importantes. A pavimentação das vias públicas acaso que a pavimentação é um dos serviços 30%
cumpre um papel essencial à realização de tais públicos mais reivindicados pela população. No
funções. Recife, conforme identificado no Mapa 5.1, ainda
Quando a pavimentação é efetivamente realizada há uma carência significativa com relação a esse
serviço. 23%
contribui-se para uma melhora na qualidade de
vida dos indivíduos beneficiados. Ruas pavimen- As CIS (Comunidades de Interesse Social) onde
tadas significam, por exemplo, uma melhoria o serviço de pavimentação apresenta um alto
27%
na mobilidade, pois deslocar-se utilizando uma índice de precariedade, ou até mesmo inexiste,
via asfaltada é bem mais rápido e seguro que estão distribuídas por todo território municipal,
realizar a mesma ação em uma via carente de o que corrobora com a afirmação acima quanto
tal infraestrutura. Pode-se citar como exemplo à carência desse elemento da infraestrutura
a dificuldade encontrada para se deslocar em urbana. O nível de precariedade foi obtido atra-
Gráfico 5.9: 
dias de chuva em locais onde as ruas não são vés de trabalho de campo onde, observando a Fonte:  Engeconsult/Pavimentação
Conforme pode ser observado, os números quanto A tabela xx acima elenca as CIS de acordo com os de algumas reformas e medidas de conservação.
o nível de precariedade da pavimentação mos- níveis de precariedade com relação à pavimenta- Pode-se citar as CIS Rua do Rio e Comunidade do
tram-se muito próximos, revelando, em linhas ção das suas vias. No grupo a esquerda, com fundo Chié como exemplos.
gerais, a qualidade do serviço. Segundo os dados amarelo, estão relacionadas às comunidades que
No lado direito da tabela estão ordenadas as CIS
do gráfico, 30% do total das CIS situam-se na apresentaram os melhores índices de pavimenta-
com os maiores índices de precariedade com rela-
faixa de baixo índice de precariedade; enquanto ção, destacando-se as CIS Estrada do Curado e
ção à pavimentação das suas vias. Nessas comu-
Ilha do Destino II. No meio da tabela estão àquelas
a faixa intermediária representa 47% do total das nidades praticamente não existem vias pavimen-
que apresentaram um índice intermediário, ou
comunidades; e aquelas que possuem os índices tadas. Baixa do Jardim São Paulo e Loteamento
seja, possuem pavimentação, mas necessitam
de precariedade mais elevados representam 23%. Morada Verde são dois exemplos desse grupo.

Pavimentação
Estrada do Curado Rua do Rio Baixa do Jardim São Paulo
Ilha do Destino II Comunidade do Chié Loteamento Morada Verde
Rua Formosa Aritana Bom Clima
Macionila Alto do Carroceiro Belém de Maria
Coronel Fabriciano Alto da Jaqueira Rua Luiz Avelino de Andradre
Tabela 5.6:  XXX
Fonte:  XXX

89

Foto 5.7:  XXX Exemplo de escadaria não estruturada na comunidade Bom Clima
Fonte:  XXX
5.1.1 Iluminação Verifica-se a partir da observação do gráfico que
grande parte das CIS possuem uma boa infraes-
A iluminação pública é essencial à qualidade de vida
trutura com relação a iluminação público: 82% das
nas cidades, pois permite aos habitantes usufruir do
comunidades apresentam um baixo índice de pre-
espaço público no período noturno, seja em ativi-
cariedade, e apenas 4% um índice elevado. As co-
dades culturais, de lazer ou comércio. Além disso, a
munidade em faixa intermediária representam 14%.
iluminação pública assume papel fundamental no
que tange a segurança dos cidadãos. No Mapa 5.2 Na Tabela xx abaixo estão dispostas as principais
a seguir são apresentadas as CIS de acordo com o Comunidades de Interesse Social de acordo com
índice de precariedade referente à iluminação pública. seus índices de precariedade.

Conforme pode ser observado são muito poucas Iluminação


as comunidades que possuem o índice de preca- Loteamento Morada Verde Coelhos 2/PROMORAR Belém de Maria
riedade, com relação à iluminação pública, elevado.
Planeta dos Macacos II Chico Xavier Rua Farias Neves
O nível de precariedade foi medido a partir das
Alto Mundo Novo Capuá Rua Luiz Avelino de Andradre
condições da infraestrutura de iluminação pública
(estruturada, improvisada ou inexistente). Alto do Céu Iraque Roque Santeiro
Córrego da Fortuna / Rua
Praticamente todas as CIS apresentaram índices Dom Manuel de Medeiros Baixa do Jardim São Paulo Capilé
entre intermediário (0,81-2,80 / 2,81-6,00) e baixo Tabela 5.7:  XXX
(0,00-0,80), o que significa dizer que apresentam Fonte:  XXX
infraestrutura de iluminação pública estruturada serviço à população, contudo, em alguns pontos da
Como pode-se observar as CIS Loteamento Mo-
e satisfatória. Se o referencial de análise forem as localidade, não apresentam a estrutura adequada.
rada Verde, Planeta dos Macacos II, Alto Mundo
Regiões Político-Administrativas, duas RPAs, 4 e 5,
Novo, Alto do Céu e Córrego da Fortuna/Rua Dom
aparecem como destaques negativos, pois possuem As CIS com os maiores índices de precariedade,
Manuel de Medeiros, localizadas ao lado direito
duas Comunidades de Interesses Social, cada, onde como observado, aparecem no terceiro grupo da
da tabela, foram aquelas onde a infraestrutura de
os índices de precariedade atingem os valores mais tabela, são elas: Belém de Maria, Rua Farias Ne-
iluminação pública mostrou-se mais estruturada
altos. Os bairros onde estão localizadas estas CIS são: ves, Rua Luiz Avelino de Andrade, Roque Santeiro
e satisfatória, apresentando os menores índices
Várzea (RPA 4), Curado (RPA 5) e Afogados (RPA 5). e Capilé. A infraestrutura de iluminação pública
de precariedade.
Nas demais Regiões Político-Administrativas não nessas comunidades é extremamente deficien-
Apresentando uma infraestrutura em nível interme-
94 são identificadas Comunidades de Interesses Social te e improvisada, quando não completamente
diário aparecem as CIS Coelho 2/PROMORAR, Chico
com níveis elevados de precariedade com relação à inexistente.
Xavier, Capuá, Iraque e Baixa do Jardim São Paulo.
iluminação pública, apesar de apresentarem pontos A título ilustrativo, a seguir apresentam-se algumas
Nessas comunidades a infraestrutura de ilumina-
específicos onde a infraestrutura não é a adequada,
ção pública cumpre com seu objetivo de fornecer o imagens das CIS citadas:
como algumas localidades da RPA 2. O destaque
positivo é observado na RPA 3, onde praticamente
todas as CIS apresentam infraestrutura pública de
iluminação estruturada. Os chamados Morros de
Casa Amarela são os exemplos mais significativos,
entre eles estão os bairros de Vasco da Gama, Alto
José Bonifácio e Morro da Conceição.

O Gráfico xx a seguir é bastante representativo


por demonstrar como se distribuem as CIS no que
tange seu nível de precariedade.

4%

6%
8%

82%

Fonte:  Fonte Engeconsult: CIS Alto Novo Mundo


Fonte:  Fonte Engeconsult: Iluminação Pública
Na imagem anterior apresenta-se a CIS Alto Novo
Mundo, localizada no bairro do Vasco Gama (RPA 3),
Zona Norte da cidade do Recife. Pode-se observar na
foto a infraestrutura de iluminação pública totalmente
estruturada, ratificando seu baixo nível de precariedade.

Na imagem ao lado, da CIS Roque Santeiro, po-


de-se observar a inexistência da infraestrutura de
iluminação pública.

5.1.2 Proximidade Transporte Público


É enorme a importância do direito ao transporte
público em uma sociedade, por isso ele deve ser
cotidianamente garantido e constantemente
melhorado. Ter direito ao transporte público
Fonte:  Fonte Engeconsult: CIS Roque Santeiro
significa ter acesso a outros direitos fundamentais.
Para um indivíduo ter acesso à rede pública de
educação, por exemplo, ele precisará utilizar algum A RPA 1 abrange a área central da cidade. A área
meio de transporte. O mesmo raciocínio pode- central tem por característica concentrar as prin-
se utilizar para com a saúde, centros de cultura, cipais atividades econômicas e os principais fluxos
lazer, local de trabalho e tantos outros direitos urbanos e regionais, desta forma é o ponto mais 20%
que necessitam de deslocamentos para serem privilegiado em termos de acessibilidade, em fun-
ção das atividades que ali estão localizadas.
32%
executados e usufruídos. É diante de tal importância
que o direito ao transporte público torna-se funda- Na RPA 3 dois elementos facilitam o acesso ao
mental para os habitantes de uma cidade. transporte público: o subcentro comercial de Casa 20%
No mapa xx, apresentado na sequência do texto, Amarela, e um importante eixo viário da cidade, a
estão dispostas as CIS com relação ao acesso de Avenida Norte.
28%
seus moradores ao transporte público. O nível de A Região Político-Administrativa 5 apresenta ca-
precariedade de tal serviço foi medido através da racterísticas semelhantes, ou seja, possui o sub- 95
disponibilidade (quantidade de linhas) de ônibus centro comercial de Afogados, e é cortada por dois
num raio de 400m da Comunidade de Interesse importantes eixos viários da cidade, as Avenidas
Social. Diante disso, a seguir algumas considerações. Abdias de Carvalho e Recife. Fonte:  Fonte Engeconsult: Acesso a transporte público

É na Região Político-Administrativa 6 (RPA 6) que O Gráfico xx ao lado apresenta a distribuição ao transporte público.
encontra-se a maioria das CIS com os índices de percentual das CIS com relação ao índice de pre-
Apresentando os menores índices, o que corres-
maior precariedade com relação ao acesso ao cariedade de acesso ao transporte público:
ponde fácil acesso ao transporte público estão as
transporte público, ou seja, nessa RPA boa parte
Pode-se inferir, de acordo com a observação do CIS Jardim Petrópolis/Rua Elísio Mendrado, Beira
das comunidades estão distantes mais de 400m
gráfico, que em sua totalidade as CIS apresentam Rio, Copo Sujo, Rua da Cajazeira e Rio Corrente.
de uma linha de ônibus. Os bairros da COAHB,
dificuldade com relação o acesso ao transporte
Jordão, Ibura e Ipsep são os que concentram o Com o acesso um pouco mais difícil, mas ainda
público. 20% das comunidades estão localizadas
maior número de comunidades. dentro dos 400m de distância, estão as CIS Rua
a mais de 400m de uma linha de ônibus, apresen-
General Labatut, Armando Burle, Alto do Rosário
No extremo Norte do município, na RPA 3, tam- tando um índice de precariedade elevado. 48% do
1, Sigismundo e Invasão do Comar.
bém destacam-se algumas comunidades onde total das CIS apresentam um índice intermediário
os índices de precariedade são bastante elevados. de precariedade, e apenas 32% apresentam um Os maiores índices de precariedade, onde a dis-
As comunidades estão localizadas nos bairros de baixo índice de precariedade. ponibilidade de alguma linha de ônibus supera os
Passarinho e Guabiraba, e em parte do bairro de 400m de distância, foram encontrados nas CIS
Na Tabela xx abaixo estão distribuídas as princi-
Dois Unidos, este localizado na RPA 2. Loteamento Morada Verde, Bom Clima, Beira da
pais Comunidades de Interesse Social conforme
Maré, Jamaica e Comunidade Via Mangue.
Relativa precariedade quanto a disponibilidade de o índice de precariedade no que tange o acesso
linhas de ônibus, encontram algumas comunidades
Acesso a Transporte Público
situadas no bairro da Várzea, no extremo Oeste do
Jd. Petrópolis / Rua Elisio Mendrado Rua General Labatut Loteamento Morada Verde
município, na RPA 4.
Beira Rio Armando Burle Bom Clima
Os menores índices de precariedade de acesso ao
Copo Sujo Alto do Rosário 1 Beira da Maré
transporte público são encontrados nas RPAs 1, 3 e 5.
Tal constatação não ocorre por acaso, visto que boa Rua da Cajazeira Sigismundo Jamaica
parte das comunidades localizadas nessas Regiões Rio Corrente Invasão do Comar Comunidade Via Mangue
encontram-se próximas de importante elementos Tabela 5.8:  XXXXXXXXXXXX
urbanos concentradores do transporte público. Fonte:  Fonte Engeconsult: CIS Roque Santeiro
5.4 Infraestrutura públicas sociais
(escolas, unidades de saúde e ZEIS)
“Uma cidade inclusiva é uma cidade capaz de oferecer serviços
É interessante trazer à questão que o Atlas das
básicos e sociais inclusivos, de assegurar condições de vida
infraestruturas vai além da temática do sanea- seguras e saudáveis para todos, de garantir transporte e energia
mento, entendendo que as Infraestruturas Pú-
blicas abrangem, também, o espaço social. Em
acessíveis e sustentáveis, de ter espaços urbanos verdes e seguros.
outras palavras, os serviços de educação, saúde Uma cidade onde haja acesso à moradia e se geram empregos
e assistência social fazem parte da construção de
um território urbanizado. Este capítulo apresenta,
decentes.” Joan Clos, 2014
então, três informações, as quais juntas podem
fazer um retrato da situação em que o Recife en-
4%
contra-se no que diz respeito aos equipamentos
sociais, sendo elas Proximidade a Equipamentos
Municipais de Educação, Proximidade de Equipa-
mentos de Saúde e as CIS nas Zonas Especiais 21%
de Interesse Social. Tal retrato ajuda a cidade a
orientar seu planejamento integrado, a fim de que
a capital pernambucana, cada vez mais, torne seu
41%
espaço justo e inclusivo.

5.4.3 Proximidade Equipamentos Públi- A fim de exemplificar na realidade quais comu-


cos Sociais: Escolas municipais 34% nidades fazem parte desse cenário, O Quadro
Dando início ao conhecimento das infraestruturas xx apanha do mapa citado algumas CIS, isto é,
públicas sociais das comunidades de interesse dá um indício da diferença entre os territórios no
social recifenses, esta seção traz ao debate a infor- Recife. Nele, vê-se que as comunidades Rua da
mação acerca da Proximidade de Equipamentos Recuperação I e Rua da Recuperação II, ambas
de Educação. Ofertar ensino básico à população é Gráfico 5.10:  Distância a Equipamentos de Educação no bairro da Guabiraba, mostram situação crítica
fundamental para o desenvolvimento e universali- Fonte:  Engeconsult 2014 em relação à quantidade de oferta educacional.
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zar a educação inicial é um dos deveres municipais
Distância a Equipamentos de Educação
em aliança, também, com o estado. O dado aqui
utilizado foi a Disponibilidade de equipamentos Alto da Serrinha Torrões de Fora Av. Pernambuco
de educação, medida em função da distância da Ambolê Corrego do Curio Rua da Recuperação I
área mapeada aos equipamentos existentes, não Coronel Fabriciano Alto da Loura Loteamento Morada Verde
sendo um dado levantado em campo. Vila Um Por Todos Linha Nova Rua da Recuperação II
No Mapa XX a seguir, observa-se que a maioria Vila Miguel Arraes / Beirinha Sítio Grande Estrada dos Macacos/Vila Gilberto Viegas
das comunidades apresenta a situação razoável
Quadro 5.2:  Exemplos de Comunidades por índice menor, intermediário e maior de precariedade.
no que diz respeito à distância dos equipamentos Fonte:  Fonte: Engeconsult 2014
de educação. Vale ressaltar que apenas cerca de
4% das CIS estão em pior situação, cujos bairros Em adição, a seguinte Foto XX ilustra a configuração em que uma comunidade do bairro de Santo
predominantes são Várzea, Dois Unidos e Cordeiro. Amaro insere-se no espaço urbano.
Em adição, é importante notar a
diversidade de algumas CIS, as
quais mostram situações boas,
regulares e precárias lado a lado.

O Gráfico XX traz de que forma as


Comunidades de Interesse Social
se dividem por índice de preca-
riedade no Recife, ele apresenta
em seus intervalos menor (34%),
intermediário (62%) e maior (4%)
indicador de precariedade, mos-
trando a distribuição que o mapa
colocado ilustra.

to 5.8:  Comunidade da Ilha de Santa Terezinha


(Bairro de Santo Amaro)
Fonte:  Engeconsult 2014
5.1.3 Proximidade Equipamentos Públicos população e ao mesmo tempo apresentavam forte
Sociais: Unidades municipais de Saúde. 8% identificação das pessoas com o espaço, tiveram
reconhecimento na década de 80 como áreas de
Além da Educação, a saúde figura como um direi-
interesse social no Zoneamento da cidade, sendo
to essencial a todo cidadão. É de conhecimento
nomeadas Zonas Especiais de Interesse Social –
que Recife é um dos mais importantes polos mé-
ZEIS e reconhecimento, também, nas práticas de
dicos do Brasil. Todavia, o objetivo dessa seção 22% planejamento, gestão e intervenção.
foi conhecer como as comunidades de interesse
social estão assistidas, levando em consideração 44% Para uma área ser classificada como ZEIS, ela
as unidades de saúde da família - USF, Centro de precisa atender a requisitos, por exemplo: i)ter uso
Especialidades Odontológicas – CEO, Centro de predominantemente habitacional; ii) apresentar
Saúde Psicossocial - CAPS, Central de Saúde e tipologia de população com renda familiar média
Policlínicas, por exemplo, os quais, em geral, forne- 26% igual ou inferior a 3 (três) salários mínimos; iii) ter
cem o primeiro contato com os equipamentos de carência ou ausência de serviços de infraestrutura
saúde e resolvem problemas menos complexos, básica; iv) possuir densidade habitacional não
mais rápidos e de prevenção. inferior a 30 (trinta) residências por hectare; v)
ser passível de urbanização.
O dado utilizado nesse Atlas de Infraestruturas
diz respeito à disponibilidade de equipamentos Dada a importância dessas Zonas para a capital
Gráfico 5.11:  Distância a Equipamentos de Saúde
de saúde, medida em função da distância da área Fonte:  Engeconsult 2014 pernambucana, investigou-se como ela estaria
mapeada aos equipamentos existentes. Com o propósito de ilustrar a cidade sob o olhar das cobrindo o espaço das Comunidades de Interesse
Social estudadas nesse Atlas, obtendo-se, por fim,
Consoante o Mapa XXX, Recife como um todo infraestruturas, a foto XXX mostra a Comunidade
o percentual da área mapeada
parece estar razoavelmente
contida em ZEIS. Tal informa-
assistido pela saúde. Já as CIS
que estão mais precariamente Um município saudável é aquele em que as autoridades ção não origina-se do levanta-
mento em campo.
assessoradas (equipamentos políticas e civis, as instituições e organizações públicas
mais distantes) localizam-se A partir do mapa XXXX, nota-
nos bairros da Várzea, Guabira- e privadas, os proprietários, empresários, trabalhadores -se que grande parte das CIS
ba e Tejipió, por exemplo. Ainda e a sociedade dedicam constantes esforços para estão dentro de ZEIS. AS co-
conforme o mapa xx,suben- munidades que não estão nes-
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tende-se que as áreas de mor- melhorar as condições de vida, trabalho e cultura da sas zonas, em geral são mais
ro (tanto norte quanto sul) não população; estabelecem uma relação harmoniosa com isoladas de outras comunida-
apresentam a situação mais des ou são áreas de expansão.
crítica encontrada na cidade; o meio ambiente físico e natural e expandem os recursos Vale chamar à questão a dife-
vale salientar, entretanto, que comunitários para melhorar a convivência, desenvolver a rença entre os morros da zona
tais áreas são bastante densas norte e zona sul, este apresen-
e que muitos equipamentos solidariedade, a co-gestão e a democracia (OPAS, 1996) ta grande parte de suas comu-
de saúde são baseados na nidades fora das Zeis.
quantidade de pessoas que Foi identificada, também, em campo a presença
deve atender, logo, áreas com menor densidade da Ilha de Joaneiro, a qual localiza-se no bairro de
de organizações sociais, mostrando o quanto as
populacional, possivelmente, apresentam equi- Campo Grande.
comunidades se importam com o convívio social.
pamentos mais distantes. As seguintes fotos apresentam registros de tais
5.1.4 ZEIS e presença de organizações so-
A distribuição da das Comunidades de Interesse organizações nos bairros de Campo Grande e Santo
ciais Amaro, a fim de ilustrar o meio urbano em que as
Social no Recife, além do mapa já colocado, é
apresentada no gráfico XXX. Seus intervalos são Conforme citado na introdução desse Atlas de mesmas se inserem.
de menor (26%), intermediário (66%) e maior Infraestruturas Públicas, muitas áreas do Recife
(8%) indicador de precariedade, corroborando a que indicavam algum nível de vulnerabilidade à
situação de índice intermediário em relação aos
equipamentos de saúde que a capital pernambu- Distância a Equipamentos de Saúde
cana encontra-se. Alto da Serrinha Arca de Noé Rua da Recuperação I
O Quadro XXX traz o exemplo de algumas co- Cortiço Alto da Esperança Rua da Recuperação II
munidades de acordo com sua situação no todo, Coelhos 2/PROMORAR Mangueira/Sítio do Paiva Loteamento Morada Verde
ou seja, melhor, razoável e situação mais crítica Cabedelo Marrom Glacê Rua da Linha
dentro do Recife. Vê-se nele que, por exemplo, Escorregou tá dentro II Eta-
para o Loteamento Morada Verde e para a Rua Jardim Vasco da Gama Rua Isaac Buril / Lote da Várzea
pa.
Isaac Buril a situação é mais precária do que para
Quadro 5.3:  Exemplos de Comunidades por melhor, regular e mais precária situação encontrada.
as outras localidades da capital. Fonte:  Engeconsult 2014

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