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Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/02/2018

Número: 0704799-56.2017.8.07.0009
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1º Juizado Especial Cível e Criminal de Samambaia
Última distribuição : 03/10/2017
Valor da causa: R$ 18.740,00
Assuntos: Indenização por Dano Moral, Práticas Abusivas
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes
Procurador/Terceiro vinculado JOSE ANTONIO RIBEIRO FACCHINETTI (AUTOR)
JOSE ANTONIO RIBEIRO FACCHINETTI (AUTOR)
UNICA EDUCACIONAL (RÉU) UNICA EDUCACIONAL (RÉU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
13729 23/02/2018 17:23 Sentença Sentença
127
Poder Judiciário da União
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS
TERRITÓRIOS

1JECICRSAM
1º Juizado Especial Cível e Criminal de Samambaia

Número do processo: 0704799-56.2017.8.07.0009

Classe judicial: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL (436)

AUTOR: JOSE ANTONIO RIBEIRO FACCHINETTI

RÉU: UNICA EDUCACIONAL

SENTENÇA

Dispensado o relatório, nos moldes do Art. 38 da Lei 9.099/95.

De acordo com o entendimento firmado pelo STJ, a competência para o julgamento de ações de
conhecimento promovidas por alunos contra estabelecimentos particulares de ensino superior é da justiça
estadual. Desta feita, não há que se falar em preliminar de incompetência para o julgamento da lide, pois
se discute, no caso em questão, indenização a título de danos morais, em decorrência de atitude ilícita da
demandada.

DECIDO.

A relação entre as partes regula-se pelas normas do Código de Defesa do Consumidor, pois se inserem
nos conceitos de consumidor e fornecedor previstos nos artigos 2º e 3º daquele diploma.

Narra o autor que foi retirado de sala, no momento de realização de uma prova, pelo coordenador da
requerida. Relata que ele e outros alunos foram chamados nominalmente, para se retirarem de sala e
comparecessem à secretaria, pois se encontravam inadimplentes. Alega que o coordenador disse: “se a
secretaria não resolver a situação nem adianta subir para poder fazer a prova.”. Diante de tal situação, o
autor entende que foi constrangido. Conta que é aluno do FIES e que conforme disposição contratual, o
Governo teria até o dia 31 de outubro pra transferir o pagamento à instituição de ensino. Requer a
condenação da requerida em danos morais, bem como que a ré se abstenha de efetuar novas cobranças.

Em contestação, a Instituição de ensino aduz que, como medida administrativa, todo início de semestre
letivo a IES realiza campanha de renovação de matrícula, tendo em vista a necessidade de organização
das turmas, disposição de salas e disponibilidade de professores, com o objetivo de renovação de
matrícula. Sendo assim, não há nenhuma irregularidade quanto ao procedimento adotado pela IES.
Afirma que, em momento algum, gerou ofensa pública a nenhum aluno presente em sala de aula, nem
mesmo conduta antiética e nem expôs o autor a situação vexatória, suficiente para caracterizar dano
moral. Destaca que todos os alunos, inclusive o autor, realizaram a prova aplicada no dia relatado sem
prejuízo algum. Pugna pela improcedência dos pedidos.

Assinado eletronicamente por: LILIA SIMONE RODRIGUES DA COSTA VIEIRA - 23/02/2018 17:23:43 Num. 13729127 - Pág. 1
https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022317234354600000013326951
Número do documento: 18022317234354600000013326951
A testemunha Camila Morato Lima relatou que estava em sala no dia do ocorrido; que a professora
realizou a chamada, antes da prova; que alguns alunos foram chamados para saírem da sala e comparecer
à direção para regularizar a situação; que só poderiam realizar a prova se regularizasse a situação. O
diretor disse que os alunos estavam em situação irregular. Afirmou que o autor fez a prova, mas outros
alunos não voltaram para realizá-la por questões de constrangimento.

A testemunha Danielle Messias de Barros falou que estava fazendo a prova; que o nome do autor não
estava na lista e teve de sair para resolver a situação na direção. Falou que a professora começou a fazer a
chamada e pediu para alguns alunos resolver a situação na direção. Disse que houve questionamento dos
alunos quanto a realizarem primeiro a prova e depois ir resolver a situação.

Em audiência de instrução e julgamento, conforme ata ID13723473, o autor apresentou um cartaz em que
constava “aluno legal”, sendo que em destaque de vermelho havia a menção “fique atento, aluno que não
estiverem na pauta, não poderão fazer as VAs”.

É fato incontroverso que o autor foi retirado de sala no dia da prova, para resolver questões na direção. É
certo ainda que a Instituição adota meios para impedir os alunos a realizarem a avaliação, conforme cartaz
apresentado em audiência.

Cabe ressaltar que é vedado ao estabelecimento de ensino expor o aluno à situação vexatória por conta do
não pagamento de mensalidade escolar. Tal atitude não só viola normas do Código de Defesa do
Consumidor, como o artigo 6º da Lei nº. 9.870/99.

Retirar aluno de sala no momento da realização de uma prova para resolução de pendência na direção,
referente à suposta inadimplência, configura penalidade administrativa em flagrante violação aos
princípios e regras que regem o serviço de prestação de ensino educacional, além de afrontar a lei. Tal
conduta é definida como ato ilícito, fere a dignidade do aluno, como é capaz de repercutir no seu estado
anímico, circunstâncias que se amoldam na definição de dano moral.

Ademais, caso as pendências dissessem respeito a outras questões administrativas, deveria a instituição de
ensino ter deixado o aluno realizar a prova e não retirá-lo de sala de aula, para só posteriormente liberá-lo
a realizar a avaliação.

Registre-se que a ré tem à disposição o meio judicial para executar seus créditos, não podendo fazer uso
das próprias forças para constranger seus alunos a se tornarem adimplentes, sob pena de configurar ato
ilícito.

Para a caracterização do dano moral, que é aferido in re ipsa, prescindindo portanto da comprovação do
efetivo abalo psíquico, bastando que haja a potencialidade lesiva da conduta indevida, tenho que é
irrelevante o fato de ter sido ou não dito à turma o motivo pelo qual não deixaria a autor fazer a prova,
bem como o fato de que o autor realizou a prova, após comparecer à direção. Tal situação é afeta à
extensão do dano (grau de exposição da autora), uma vez que o dano já foi gerado pelo abalo psicológico
(sentimento de autoestima e amor próprio).

Como se vê, a ré praticou meio vexatório para cobrança (ato ilícito), que gerou (nexo causal) danos aos
direitos da personalidade da autora (dano), restando presentes os requisitos legais para sua
responsabilização civil.

Assim, verifico que a conduta da ré potencializou o dano, na medida em que, consoante afirmado pela
parte autora e pelas testemunhas, o demandante somente foi noticiado que não poderia fazer a prova,
quando todos já estavam em plena sala de aula, quando a professora começou a chamar determinados
alunos, dentre eles o autor para procurar a secretaria. Ainda que não tenha sido dito que o autor era
inadimplente, a conduta da ré de somente quando da realização da prova, em plena sala de aula, informar
ao autor que não poderia fazê-la, já potencializa a exposição moral do autor (honra objetiva consistente na
boa-fama perante seus pares).

Assinado eletronicamente por: LILIA SIMONE RODRIGUES DA COSTA VIEIRA - 23/02/2018 17:23:43 Num. 13729127 - Pág. 2
https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022317234354600000013326951
Número do documento: 18022317234354600000013326951
Cabe ao juiz fixar o valor da indenização em consonância com o princípio da razoabilidade, atendidas as
condições econômicas do ofensor, do ofendido e do bem jurídico lesado. Sem olvidar que a condenação
visa a que o mal não se repita maculando o corpo social.

Destarte, entendo justo e necessário fixar em R$3.000,00 (três mil reais) o valor da indenização a título de
danos morais, valor suficiente para atingir o efeito pedagógico e reparador da condenação, sem importar
em enriquecimento sem causa por parte do autor.

CONCLUSÃO

Forte nessas razões, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados na inicial para CONDENAR a
requerida a pagar à parte autora a título de indenização por danos morais o importe de R$ 3.000,00 (três
mil reais), a ser corrigida desde a data do arbitramento (Súmula 362 do STJ) e acrescidos de juros de
mora de 1% ao mês, a contar do arbitramento; deve ainda a demandada abster-se de efetuar cobranças
indevidas ao autor.

Em consequência, RESOLVO O MÉRITO DA LIDE, conforme disposto no art. 487, inciso I, do CPC.

Sem custas, sem honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei 9.099/95).

Sentença registrada.

Desnecessária a intimação das partes, porquanto designado o dia 06/03/2018 para ciência do julgado.

Oportunamente, dê-se baixa e arquivem-se os autos.

Samambaia/DF, 21 de fevereiro de 2018 17:51:30.

LILIA SIMONE RODRIGUES DA COSTA VIEIRA

Juíza de Direito

Assinado eletronicamente por: LILIA SIMONE RODRIGUES DA COSTA VIEIRA - 23/02/2018 17:23:43 Num. 13729127 - Pág. 3
https://pje.tjdft.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?nd=18022317234354600000013326951
Número do documento: 18022317234354600000013326951

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