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Palmas
2016
JEAN LUCAS BRIZUEÑA
Palmas
2016
Jean Lucas Brizueña
____________________________________________________
Prof. MSc. Roldão Pimentel de Araujo Junior (Orientador)
Universidade Federal do Tocantins
____________________________________________________
Prof. Dr. Raydel Lorenzo Reinaldo
Universidade Federal do Tocantins
____________________________________________________
Prof. Lucas Carvalho Quintanilha
Universidade Federal do Tocantins
Palmas – TO
2016
Dedico este trabalho para aqueles que sempre me apoiaram em todos os momentos difíceis da
minha vida e são meu porto seguro, meus pais José e Maria.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus amigos Wendel e Wilames que sempre preocuparam com meus
prazos e sempre deram boas críticas para que este trabalho tivesse o melhor resultado
possível. Gostaria de agradecer ao Nilo, Augusto, Victor, Samuel e novamente ao Wilames
que me ajudaram no serviço pesado de confeccionar o concreto e limpar todo o equipamento
após os ensaios todos feitos, se não fosse por vocês com certeza hoje eu estaria sem coluna.
Ao mestre e amigo Roldão, orientador que me ajudou e trouxe ideias boas para esta
monografia. A minha prima Juliane por todas as horas de dedicação. Agradeço a Deus por
tudo o que me proporcionou para que eu pudesse chegar até aqui hoje e ter a chance de poder
tem um diploma de ensino superior em uma área que tanto amo.
Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o senhor, e não para os homens
Colossenses 3:23
BRIZUEÑA, Jean Lucas. Utilização do Rejeito do Quartzo Do Município de Cristalândia-
TO Como Agregado Graúdo em Concretos Convencionais: Análise Física, Química e
Mecânica Do Concreto. 2016. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em
Engenharia Civil) – Universidade Federal do Tocantins, Palmas, 2016.
RESUMO
ABSTRACT
The city of Cristalândia in the state of Tocantins there is a good production of quartz
that is sold in the stone Market, during the exploration of this material large volumes of waste
is generated, reaching more than 90% of the extracted material. This monograph aimed to
develop conventional concrete, using quartz reject as coarse aggregate from the city of
Cristalândia-TO. These concrete was analyzed in order to determine whether this milky quartz
has the necessary characteristics to be used as na input in civil construction. Some of this
characteristics are the compressive strength at 1, 3, 7 and 14 days of curing and the assay of
reactivity of the quartz and the results for both the characterization of the rock and for the
concrete were satisfactory with exceptions as quartz lamellar form after passing through the
crusher. This work presents sustainable alternative to the civil construction, since we know
that the materials from the minings are finite and its extraction generates huge environmental
impacts.
1 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 13
3 METODOLOGIA----------------------------------------------------------------------------------- 41
5 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 59
1 INTRODUÇÃO
O ser humano tem utilizado as rochas devido à resistência que elas apresentam desde
os tempos mais primordiais das civilizações. Ao longo da história as rochas representam
alternativas de material para construções, principalmente moradias, templos, ferramentas,
aquedutos e até mesmo armas. Isto é facilmente visto pelo marco histórico de muitas
civilizações como as pirâmides do Egito ou a Muralha da China (RUSSO, 2011).
O autor prossegue dizendo que a humanidade passou a utilizar diversos materiais de
diferentes origens como a lã e a madeira, mas a grande maioria depende das rochas como
matéria prima podendo ser citada a cerâmica, o adobe, a cal, o cimento e as ligas metálicas,
além das rochas que são empregadas sem perder suas características originais, ou chamadas
de rochas ornamentais utilizadas com a finalidade de revestimentos, estruturais, alvenarias e
obras de arte.
Com os acontecimentos da revolução industrial e o desenvolvimento principalmente
dos meios de transporte terrestres e marítimos, o comércio mundial de rochas ornamentais
começou a crescer. Regiões consagradas como centros produtores que só conseguiam vender
sua produção para quem conseguia pagar altos preços na época, começaram a vender para
consumidores de distâncias cada vez maiores (RUSSO, 2011).
Antes das aplicações do cimento e do aço serem descobertas, as rochas eram a única
opção para a execução de sistemas estruturais de maiores portes, porém traziam consigo um
grande peso próprio e só poderiam suportar esforços de compressão. Com a aplicação do
concreto armado e de estruturas metálicas, cujas peças podem suportar esforços como flexão,
tração e torção as rochas passaram a ter a função primordial de revestimento e escultura.
Segundo Russo (2011), no fim do século XIX e início do século XX ocorreram
desenvolvimentos importantes quanto aos métodos de prospecção, lavra e beneficiamento de
rochas ornamentais, simultaneamente ao aparecimento de novos equipamentos e tecnologias
impulsionados pela revolução industrial, com isso houve o surgimento de centros produtores
que passaram a oferecer novos produtos ao mercado mundial que já se encontrava em
expansão. Assim com muitos polos produtores expandindo-se, com o passar dos anos, o
Brasil se mostrou um país com imenso potencial.
Segundo Wagner et. al, (2002), o setor mineral brasileiro, em 2000, representou 8,5%
do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja US$ 50,5 bilhões, gerou mais de 500.000 trabalhos
14
diretos e um saldo positivo na balança comercial de 7,7 bilhões de dólares, além de ter tido
um crescimento médio anual de 8,2% no período 1995 a 2000. Um crescimento bem acima da
média de outros setores do país.
No subsolo brasileiro existem importantes depósitos minerais. Parte dessas reservas
são consideradas significativas quando relacionadas mundialmente. O Brasil produz cerca de
setenta substâncias, sendo vinte e uma dos grupo de minerais metálicos, quarenta e cinco dos
não-metálicos e quatro dos energéticos (MOURA, 2015, apud KAWA, 2015).
O perfil do setor mineral brasileiro era composto por 95% de pequenas e médias
minerações. Segundo a Revista Minérios & Minerales, 1999, os dados obtidos nas concessões
de lavra demonstravam que as minas no Brasil estavam distribuídas regionalmente com 4%
no norte, 8% no centro-oeste, 13% no nordeste, 21% no sul e 54% no sudeste. Estima-se que
em 1992 existiam em torno de 16.528 pequenas empresas, com produção mineral de US$
1,98 bilhões, em geral atuando em regiões metropolitanas na extração de material para
construção civil (BARRETO, 2001).
Entretanto, a contagem do número de empreendimentos de menor porte é uma tarefa
complexa devido ao número bem grande de empresas que produzem na informalidade, aliada
a paralisações frequentes das atividades, que desvirtuam as estatísticas. Podendo ser citada a
Cooperativa de mineração dos garimpeiros de Cristalândia (Coopercristal), que estava
paralisada na época da coleta do quartzo leitoso para estudo, pois precisava renovar
documentos que são exigidos para que a mineração possa ser executada.
Segundo a Associação Brasileira de Rochas Ornamentais (ABIROCHAS, 2016), a
exportação brasileira de rochas ornamentais teria somado, no ano de 2014, 98.917 toneladas e
no ano de 2015 caiu para 73.027 toneladas totalizando, respectivamente, 0,6839 US$/Kg e
0,5774 US$/Kg. Enquanto que em 2008 a produção total do Brasil chegou a 7,8 milhões de
toneladas e era estimada a produção de quartzo em 500 mil toneladas, com a grande maioria
em Minas Gerais.
Ramirio et al (2008), que analisaram dados de mineradoras do sudoeste de Minas
Gerais, chegaram à conclusão de que a extração do quartzo gera uma quantidade expressiva
de 92% ou mais de rejeitos, resultado bem próximo das informações que a Coopercristal nos
disponibilizou de sua região de extração que chega a mais de 95% de rejeitos na extração de
quartzo.
A geração deste resíduo gera grandes preocupações, já que o mesmo ainda não possui
aproveitamento ou destino adequado. Este material torna-se um problema devido a fatores
ambientais, pois ao se gerar resíduos, tende-se a uma degradação do meio ambiente. Caso
15
encontre-se um destino rentável para o rejeito e ele seja utilizado para fins lucrativos a
mineração do quartzo acaba tendo mais viabilidade. Porém, ainda há muitos fatores que
preocupam quanto aos resíduos, como o lucro, as jazidas, as exportações, a logística e o
fechamento da mina, pois quanto maior a geração de rejeito maior é o volume de quartzo
lavrado, aumentando o custo de produção. Também fica menor a relação produto/volume
extraído e pior fica o aproveitamento da jazida. Com a maior quantidade de resíduos maior é o
custo de transporte e multas ambientais, mais tempo é gasto em várias tarefas e também maior
é a área necessária para disposição desses rejeitos. Tudo isso pode ser revisto ou até mesmo
reformulado caso o rejeito ganhe destino na construção civil.
Existem maneiras de minimizar estes impactos gerados devido aos rejeitos, e as duas
principais maneiras de se reduzir a geração de resíduos são a otimização da operação como
um todo (prospecção, lavra e beneficiamento) e estudos envolvendo a aplicação dos rejeitos
como insumos em diversas atividades produtivas. No caso deste trabalho, os empenhos são
apontados ao aproveitamento dos resíduos gerados como agregados para a construção civil.
As alterações do equilíbrio ecológico e o impacto da atividade humana sobre a
ecosfera, começaram a se transformar em assunto de preocupação de alguns cientistas e
pesquisadores durante a década de 60, ganharam dimensões maiores a partir da década de 70,
e são um dos assuntos mais polêmicos do mundo na atualidade. Não é mais possível implantar
qualquer projeto ou discutir algum planejamento sem considerar o impacto sobre o meio
ambiente, sem falar sobre a sustentabilidade.
A mineração traz impactos de magnitudes grandiosas para o planeta e se for possível
dar destino ao rejeito produzido, sendo usado como insumo, então há um melhoramento na
eficiência da mineração e acaba sendo uma medida mitigadora da mesma. A mineração,
evidentemente, causa um impacto ambiental considerável (Figura 01). Ela altera
profundamente a área minerada e as áreas próximas, onde são feitos os depósitos de estéril e
de rejeito. Além disso, são utilizadas substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento
do minério, isto significa um problema sério do ponto de vista ambiental.
16
1.2 Justificativa
Os recursos minerais são bens esgotáveis não renováveis. Por esse fato, tendem a
escassez à medida que se desenvolve a sua exploração. A brita de granito é um destes recursos
e sabe-se que um dia não haverá material em abundância disponível. Utilizar o rejeito do
quartzo e agregar valor a ele talvez seja uma opção de retardar este acontecimento.
O estudo se baseia nos três pilares das Universidades Federais do nosso país, que são o
ensino, pesquisa e extensão. Pensando no quesito extensão, é nosso dever levar o
conhecimento adquirido para fora dos domínios do campus e transformar o que temos de
conhecimento em utilidade pública. Deste modo este estudo tem não apenas o objetivo de dar
destino ao quartzo leitoso e agregar valor a rocha, mas também melhorar de forma
significativa a vida dos garimpeiros da Coopercristal, que vendem suas rochas a um preço
bem menor do que o de mercado e deixam o quartzo leitoso (rejeito) poluindo seus quintais.
De acordo com Cunha (2015), as ocorrências de quartzo mais expressivas do estado do
Tocantins estão diretamente associadas à Província Geotectônica denominada Faixa Paraguai-
Araguaia. Essa grande estrutura corta o Tocantins na direção Norte-Sul, sendo encontrada
desde o município de Araguaçú, no sul, até o município de Xambioá, no norte do estado do
Tocantins. Dentre estas várias ocorrências, as que merecem maior destaque são as existentes
nos municípios de Cristalândia, Dueré e Pium - TO. Como a comercialização é desejada
apenas para as lascas de quartzo de boa qualidade há uma grande concentração de rejeito
gerado na Cooperativa de Cristalândia gerando impactos visuais que é um dos grandes
problemas para os garimpeiros, além de terem que empilhar todo esse rejeito. O principal
17
composto do quartzo é a sílica que tem grande importância para o mercado da construção
civil, pois a sílica é um composto que melhora a composição do concreto em reação com o
cimento, melhorando a estrutura física e implica melhoras na resistência do concreto.
1.3 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Concreto
pesando em torno de 2400 kg/m³ e este concreto é mais utilizado para fins estruturais. Para
aplicações onde uma relação resistência/peso maior é desejada, é possível reduzir a unidade
de peso do concreto utilizando agregados naturais ou não naturais com menor densidade, esse
tipo de concreto é chamado concreto leve e pesa menos que cerca de 1800 kg/m³. Já o
concreto pesado, utilizado para estruturas com proteção contra radiações é um concreto
produzido a partir de agregados com alta densidade e pode chegar a pesar mais de 3200
kg/m³.
Quanto ao tipo de estrutura executada o concreto é classificado como concreto
armado, concreto protendido e o concreto pré-moldado. O concreto armado é aquele que
possui barras de aço, no seu interior, formando malhas que tem o objetivo de compensar a
deficiência do concreto em resistir aos esforços de tração. O protendido é identificado por
introduzir um estado prévio de tensões ao concreto através de um compressão nas primeiras
idades da peça concretada. Este sistema concede à estrutura uma maior eficiência em questões
técnicas, tais como redução das dimensões das peças e capacidade de vencer vãos maiores devido
ao maior desempenho mecânico do sistema com a protensão.
Uma estrutura construída em concreto pré-moldado é aquela em que os pilares, vigas,
lajes, etc, são concretados em fôrmas em local diferente de sua aplicação. O uso dessas peças é
justificado por sua produção em série de elementos estruturais com a utilização de uma, ou um
conjunto de fôrmas. Essas peças produzidas podem ser tanto de concreto armado quanto de
concreto protendido, podendo ser confeccionadas na obra ou com empresas especializadas no
ramo.
Para entender melhor o concreto que é objeto de estudo deste trabalho, serão avaliados
os seus componentes separadamente de forma que seja possível detalhar qual a função de
cada um na formação do concreto e as consequências que cada um pode trazer ao se utilizar
destes materiais de forma errada.
2.2.1 Agregado
utilizados tal como foram encontrados na natureza, ou agregados artificiais que são resultados
de processos industriais envolvendo alterações mineralógicas, químicas ou físico-químicas da
matéria-prima original (ABNT, 2011).
Usualmente o agregado faz parte da fase mais resistente do concreto, exceto quando
são incorporados agregados porosos e fracos. O tamanho e a forma do agregado influenciam a
resistência do concreto de forma indireta, por isso é preferível que o agregado tenha
características angulares, pois caso seja utilizado um agregado grande e lamelar (achatado e
alongado), há grandes chances de ocorrer acumulo de água na superfície desses agregados e
desta forma enfraquecer a zona de transição. Quando isto acontece tem-se o fenômeno
conhecido como exsudação interna (MEHTA E MONTEIRO, 1994).
2.2.2 Cimento
diferentes, ao curso das quais os grãos de cimento anidro iniciais vão progressivamente
dissolvendo dando origem a uma estrutura que incorpora as moléculas de água. Os produtos
formados em grande maioria são os C-S-H. O desenvolvimento da reação de hidratação
corresponde ao aumento progressivo do número de hidratos, que proporcionam o aumento da
rigidez e da resistência mecânica da mistura e, devido à hidratação ser uma reação
exotérmica, o calor gerado fornece uma boa resposta macroscópica da evolução das reações
químicas que envolvem a hidratação, apesar de cada uma gerar diferentes taxas de evolução
de calor.
Na figura 4, Nóbrega (2009), identifica 5 estágios do processo exotérmico da reação
de hidratação, com relação ao tempo.
2.2.3 Água
2.3 Quartzo
O quartzo-α possui sistema cristalino trigonal, tem hábito prismático e sua classe de
simetria cristalina é a 32 (HUMMEL, 1989; GUZZO, 2008). O quartzo é um mineral de
Dureza igual a 7 na escala de Mohs, densidade de 2,56g/cm3, geralmente incolor, translúcido
ou leitoso, mas pode ocorrer em outras cores (como a Ametista, Citrino, entre outras), possui
brilho vítreo, sem clivagem e com fratura irregular (HUMMEL, 1989; POPP, 2009). De
acordo com Popp (2009), o quartzo é um dos últimos minerais a se formar no processo de
endurecimento do magma, com isso se torna irregular, disforme e se forma entre os pequenos
espaços deixados pelos outros minerais. O autor acrescenta ainda que o quartzo, quando
comparado aos minerais comuns presentes em rochas, é o único com capacidade de resistir ao
intemperismo, pois não passa por decomposição e se torna solúvel somente em meios
alcalinos.
Uma das principais características do quartzo é a piezeletricidade, ela determina a
maioria das utilizações deste cristal (HUMMEL, 1989; LUZ; BRAZ, 2000). A
piezeletricidade é a capacidade do cristal em desenvolver polarização elétrica a partir da
aplicação de uma tensão mecânica ou causar deformação no cristal ao longo do eixo polar a
partir da aplicação de um campo elétrico (LUZ; BRAZ, 2000, CORREA, 2010).
Hummel (1989) afirma em seu estudo que devido a grande ocorrência dos elementos
silício e oxigênio na Terra, o quartzo é um mineral que pode ser encontrado em quase todos
os lugares do mundo, porém nem todos os cristais são viáveis para aplicações econômicas.
28
Entretanto, aqui no Brasil são encontradas as maiores reservas de quartzo do mundo, em que
são produzidos cristais de ótima qualidade. Guzzo (2008) ressalta que os maiores cristais de
quartzo natural do mundo são encontrados no Brasil seguido de Madagascar. Já os depósitos
de cristais menores e lascas estão presentes nos EUA, Namíbia, Angola, África do Sul,
Ucrânia e Venezuela.
Nos EUA, especificamente em Arkansas, Madagascar, África do Sul, Angola, Índia e
URSS podem ser encontrados o quartzo para aplicações não piezelétricas e quartzo leitoso
(HUMMEL, 1989). Luz e Braz (2000) afirmam que nos dias atuais a produção do quartzo
cultivado ocorre em maior parte no Japão, EUA e na China, mas países como a Alemanha,
África do Sul, Bélgica e Coréia do Sul também são detentoras de parte do quartzo cultivado,
no total são produzidas 2000 t/ano de quartzo cultivado no mundo. Os autores acrescentam
que para aplicações piezelétricas e óptica é utilizado exclusivamente o quartzo cultivado. Em
2013 o continente asiático foi considerado o maior produtor de quartzo cultivado (BRASIL,
2014).
O Brasil é considerado o maior detentor de depósitos de quartzo mineral do mundo,
com 78 milhões de toneladas do cristal, que é correspondente a 95% das reservas mundiais.
No Brasil podem ser encontradas todas as variedades de quartzo, como o piezelétrico,
quartzos para a fabricação de Fe-Si, vidros, silício metalúrgico, cerâmicas tradicionais, entre
outras aplicações (LUZ; BRAZ, 2000). Hummel (1989) afirma que os depósitos brasileiros se
destacam pela abundância de cristais, quartzo de qualidade óptica, alto grau de perfeição e
pela pureza dos cristais, fatos que fazem do Brasil o maior exportador de cristais naturais de
quartzo. A autora ressalta que os principais estudos relacionados ao cristal de quartzo
brasileiro foram feitos no período entre guerras, em que foi constatada a presença de depósito
de quartzo, principalmente, em Minas Gerais, Bahia, Goiás e Tocantins. Depósitos no Rio
Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina,
Pará e Mato Grosso do Sul também foram identificados. A ocorrência do quartzo no Brasil foi
classificada por Cassedanne (1971 apud GUZZO, 2008) em veios hidrotermais, pegmatitos,
drusas em basalto e em depósitos eluviais e aluviais.
O Brasil foi responsável pela produção de 10.698 toneladas de quartzo em 2013, sendo
a Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Santa Catarina, Pará e Espírito Santo os estados
de maior destaque nessa produção. Durante quatro décadas (1930-1970) o Brasil ocupava
posição de destaque na exportação do quartzo natural, porém o quartzo cultivado está
dominando o mercado na maioria das aplicações (BRASIL, 2014).
29
É possível observar as lascas de quartzo de acordo com sua inspeção visual, que são
classificadas de acordo com sua pureza, essas purezas são divididas em cinco classes onde é
determinada a classe de cada um dos minerais extraídos, os mais translúcidos são as lascas de
interesse para comercialização tanto para exportação, quanto para lapidação. As lascas com a
classificação três já é considerado rejeito por ser um mineral contidos de impurezas (GUZZO,
2008).
O critério visual de classificação das lascas não está baseado em nenhum parâmetro
que leve em consideração aspectos como pureza ou perfeição cristalina. As lascas de primeira
são usadas na obtenção de sílica vítrea de alta pureza para confecção de vidros especiais e
pré-formas de fibras ópticas. As lascas de segunda são destinadas à produção de quartzo
cultivado, enquanto que as lascas de terceira, quarta e quinta são hoje usadas na produção de
silício grau metalúrgico que, após purificação química, é empregado na produção de fibras
ópticas e silício grau semicondutor. As lascas de transparência inferior também são destinadas
a diversas aplicações convencionais como a produção de vidros, tintas anticorrosivas podendo
ser beneficiada para agregados miúdos na construção civil e como pós reativos para concretos
especiais. (GUZZO, 2008).
32
Com a tabela apresentada, é possível verificar que o uso do quartzo como agregado
graúdo pode vir a ser uma opção viável, porém algumas características devem ser observadas
e apresentadas antes de qualquer utilização, já que dependendo do local de extração do
quartzo o mesmo pode apresentar forma mais lamelar.
Para Senço (1997) alguns aspectos e propriedades são necessários para que uma rocha
possa ter seu uso como agregado na construção civil. Algumas destas propriedades básicas
dos gnaisses e dos quartzos estão ilustradas na tabela 2.
Algumas propriedades
Minerais
Muito
Gnaisse orientados, 2,65 120 Boa
variável
leucocráticos
Ligeiramente
brilhante,
Quartzo 2,50 <1,0% 200 Ótima
áspero ou liso,
branco
Fonte: adaptado de (SENÇO, 1997).
É possível verificar pela tabela, que a massa específica do quartzo de Cristalândia que
foi de 2,53 g/cm³ está bem próximo do valor encontrado por Senço, assim com a absorção de
água de 0,14% que é menor do que 1%.
As propriedades das rochas, que interessam à construção civil, de acordo com Frazão
(2002), são classificadas em geológicas, físicas e físico-mecânicas. As propriedades
geológicas são, na verdade, conforme Shestoperov (1983 apud FRAZÃO, 2002), propriedades
químico-mineralógico-petrográficas e estão estreitamente ligadas à natureza da rocha ou do
material pétreo em foco, que está refletida na composição mineralógica, textura, estrutura,
bem como no grau (estado) e tipo de alteração mineralógica, além de propriedades daí
decorrentes, como solubilidade, cristalinidade, alterabilidade, forma das partículas na
36
fragmentação, coerência etc. As propriedades físicas de acordo com Serra Junior e Ojima
(1998), são caracterizadas essencialmente por ensaios de laboratório que serão abordados
posteriormente. As propriedades físicas são altamente influenciadas pelas propriedades
geológicas. Segundo Frazão (2002), podem ser resumidas em densidade, massa específica,
porosidade, permeabilidade, capacidade de absorção de água, dureza, calor específico,
condutibilidade térmica, dilatação térmica, expansibilidade (e contratibilidade), adesividade
etc. Por último as propriedades físico-mecânicas também influenciadas pelas propriedades
geológicas podem ser resumidas, segundo Frazão (2002), em resistência à compressão, à
tração (direta ou indireta), ao cisalhamento, ao impacto, à deformabilidade (ou elasticidade), à
britabilidade, à abrasividade etc.
Serra Junior e Ojima (1998) ressaltam que estas propriedades podem ser determinadas
através de ensaios no local, inclusive em furos de sondagens e em laboratório, destacando os
principais ensaios:
Ensaio de compressão uniaxial;
Ensaio de compressão puntiforme;
Ensaio de compressão triaxial;
Ensaio de cisalhamento direto;
Ensaio de deformabilidade;
Ensaio para determinação de estado de tensões.
Porém muitos estudos tem apresentado resultados favoráveis para materiais que nunca
se havia pensado em usar para confecção de concreto. Alguns destes materiais são a cerâmica,
o lodo de estações de tratamento de água e esgoto, resíduos de construções e demolições,
borrachas de pneus usados, copos descartáveis, fibras vegetais entre muitos outros. Alguns
destes estudos são ilustrados na Tabela 4. O grande desafio é conseguir fazer um concreto
100% ecológico, onde todo material utilizado na confecção do concreto seja reaproveitado,
sem que seja preciso gerar impactos grandes como na extração de minérios e ainda atender a
todos os critérios de conforto térmico, conforto auditivo, critérios de resistência, durabilidade,
vida útil e muitos outros que são levados em conta na hora de se desenvolver um projeto e o
tipo de material e o método construtivo que será utilizado para a construção do mesmo.
40
3 METODOLOGIA
3.2 Materiais
3.2.1 Aglomerante
3.2.2 Agregados
Para o agregado miúdo, foi utilizada a areia natural média, de origem do leito do rio da
região de Palmas-TO, adquirida por doação pela empresa Mineração Nova Era. A pedra
granítica britada de mesma origem foi adotada como agregado graúdo e também obtida por
doação pela Mineradora Anhanguera. Já o quartzo leitoso, como citado anteriormente, foi
coletado na cidade de Cristalândia-TO e cedido pelos garimpeiros da região. Os agregados
serão caracterizados de acordo com as normas vigentes para cada característica. Para a
granulometria a NBR NM 248/2003, caracterização da massa específica a NBR NM 52/2009
e massa unitária NBR NM 45/2006 são as normas que regulamentarão esta etapa.
O conhecimento da composição granulométrica do agregado, tanto graúdo quanto
miúdo, é de fundamental importância para o estabelecimento da dosagem dos concretos e
argamassas, influindo na quantidade de água a ser adicionada ao concreto. A granulometria
ótima é a que, para a mesma resistência (mesmo fator água/cimento) e mesma consistência,
corresponde ao menor consumo de cimento possível, gerando um traço mais econômico. A
dosagem é um processo para determinar a melhor proporção entre os materiais que constituem
o concreto para atenderem às especificações desejadas. A trabalhabilidade do concreto fresco,
a resistência do concreto endurecido e a relação água/cimento são os fatores mais relevantes.
Outro propósito do controle das proporções dos concretos é a redução de custos. O método de
dosagem escolhido para este trabalho foi o American Concrete Institute. 211.1-91.
Para a caracterização do quartzo leitoso primeiramente, para que atingisse os
parâmetros necessários para aplicá-lo ao estudo, como agregado graúdo brita 1, foi preciso
passar por um processo de beneficiamento que inclui a britagem. Os blocos de quartzo
primeiramente passaram por um processo de quebra com marreta para que seu tamanho
pudesse passar pela abertura do britador, logo após foi realizada a britagem no laboratório de
engenharia de minas do CEUP/ULBRA por um britador de mandíbulas de eixo excêntrico de
laboratório modelo BM2-9060 mm (Figura 8).
43
Durante a britagem foi verificada a produção de muito pó e material fino o que gerou
ao final uma perda de aproximadamente 30% de material, porém parte deste material foi
utilizado para a confecção da argamassa do ensaio de reação álcali-agregado.
Após este processo o quartzo, assim como a brita granítica, foi passado em peneiras de
abertura entre 19,0 mm e 4,8 mm para uma seleção primária. O que ficava retido na peneira
de 19mm era quebrado novamente enquanto que o material que passava da peneira 4,8mm era
considerado material fino sem utilização para o traço. Por fim o ensaio da granulometria
(figura 9) da areia, da brita granítica e do quartzo foram realizados para identificar suas
curvas. É possível verificar os resultados com as tabelas 3, 4 e 5 respectivamente.
Granulometria Areia
100,00%
90,00%
Porcentagem Passante
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Fundo 0,15 0,3 0,6 1,18 2,36 4,75 9,5 19 37,5 75
Abertura Peneiras (mm)
Para este material foram encontrados a massa específica de 2,63 g/cm³, a massa
unitária de 1,60 g/cm³ e o módulo de finura (MF) igual a 2,82. Estes resultados são utilizados
para o cálculo da dosagem do concreto, lembrando que quanto menor a granulometria da areia
menor é seu MF, fazendo com que sua absorção seja maior. A areia, antes de qualquer ensaio
ter sido executado, foi lavada para a retirada de material pulverulento que de alguma forma
pudesse interferir nos ensaios e também na confecção do concreto.
45
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Fundo 0,15 0,3 0,6 1,18 2,36 4,75 9,5 19 37,5 75
Abertura peneiras (mm)
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Fundo 0,15 0,3 0,6 1,18 2,36 4,75 9,5 19 37,5 75
Abertura peneiras (mm)
Porém existe uma diferença nas características do quartzo antes e depois de ter
passado pela máquina de abrasão los angeles. O mesmo apresenta arestas mais vivas, forma
mais lamelar e parece quebrar mais facilmente antes de ser beneficiado pelo equipamento
(Figura 13), após algum tempo de processo da máquina o agregado já apresenta uma forma
mais cúbica, tamanhos menores e mais propício a ser utilizado no concreto.
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Figura 13- Quartzo antes e depois de ser beneficiado pela máquina do los angeles
FONTE: Autor
Todos os concretos submetidos aos ensaios foram confeccionados com o mesmo teor
em volume de aglomerantes, agregados, relação água/cimento e resistência a compressão de
projeto. Em nenhum deles foi inserido aditivos ou adições, além das adições que o cimento
CP V já possui. Para a dosagem, o método utilizado é o ACI. Foi considerada a mesma
quantidade de agregado graúdo por m³ de concreto variando-se em porcentagens de 0%, 25%,
50%, 75% e 100% a brita granítica pela brita do rejeito, sendo definido assim os traços de
estudo. A variação destes agregados foi feita primeiramente em volume para depois ser
transformada em massa e assim garantir que todos os traços tenham o mesmo volume. O
concreto foi confeccionado e misturado em betoneira para garantir a melhor distribuição
possível e apresentar os melhores resultados nos ensaios.
Para que fosse possível confeccionar mais de um traço de concreto por dia os materiais
foram pesados e separados primeiramente a fim de se economizar tempo na hora de separá-los
para misturá-los na betoneira (Figura 14).
Um ensaio simples onde um recipiente será preenchido com concreto, este é adensado
e sua superfície regularizada, por fim o recipiente é pesado. Para se encontrar a massa
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específica do concreto é preciso saber o volume do recipiente, que pode ser determinado
apenas com água, pois ao encher o recipiente com água e sabendo a temperatura do mesmo e
o peso, saberemos a massa específica da água, necessária para determinar o volume do
recipiente.
Todas as propriedades são importantes na dosagem de concreto. A massa específica
absoluta é utilizada na transformação de massa para volume absoluta sem vazios. Para
determinar o consumo de cimento em peso por metro cúbico de concreto confeccionado
utilizamos a massa específica absoluta, e assim determinar a quantidade dos outros materiais.
A norma regulamentadora deste ensaio é a NBR 9833.
Ao se adicionar o rejeito de quartzo no traço do concreto, acredita-se que vá se obter
um concreto mais leve, já que o rejeito tem uma massa específica menor do que a brita
granítica.
Ter o controle do concreto em seu estado plástico é tão importante quando em seu
estado endurecido, já que para cada tipo de aplicação do concreto em uma obra existe um
slump test diferente, por exemplo concreto bombeável que precisa de trabalhabilidade muito
superior ao concreto que será lançado uma viga baldrame. Verificando se o concreto não
apresenta as características desejadas em seu estado fresco, facilita muito o método de
correção na hora de sua aplicação.
É possível verificar a partir do concreto fresco se o concreto endurecido será de
qualidade, compacto e com poucos vazios, garantindo maior resistência e por isso que cada
vez mais são exigidos ensaios para esse material em seu estado plástico.
51
Figura 15- Quartzo leitoso separado por granulometria para ensaio de RAA
FONTE: Autor
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para o ensaio do abatimento do tronco de cone (ver a Figura 16), como era esperado,
ao se aumentar o teor de quartzo, uma rocha menos rugosa, a trabalhabilidade do concreto
aumentou, lembrando que o teor a/c é constante para todos os traços. Para os traços 0, 1 e 2 o
abatimento foi de aproximadamente 8 cm, para o traço 3 o abatimento chegou a
aproximadamente 8,5 cm e o traço com 100% de brita obteve um slump de 10 cm.
acusou um teor aprisionado de 2,3%, o traço 3 teve um teor de 3,1% e o traço 4 um teor de
3,3%. Verificar valores com a Tabela 8 a seguir.
Como era esperado, o concreto com maiores teores de quartzo é caracterizado por ser
um concreto mais leve, já que o quartzo é um material mais leve do que o granito. O traço
mais pesado foi o de referência, com 100% de brita de granito com média de 2375 kg/m³, o
traço 1 ficou com 2333,33 kg/m3, o traço 2 aproximadamente 2285,75 kg/m³, o traço 3 com
2291,67 kg/m³ e o traço de 100% de brita de rejeito acabou sendo o mais leve com 2250
kg/m³.
55
O concreto apesar de ter sido dimensionado para alcançar 40 MPa, teve como
resultado máximo de 42 Mpa em apenas um dos corpos de prova, podendo ter várias
justificativas. Primeiramente nenhum corpo de prova rompeu-se no agregado, o que de fato
era esperado já que não se trata de um concreto de alto desempenho. Estas diferenças na
resistência de projeto e real podem ser atribuídas a alguns fatores como má aderência na
interface pasta de aglomerante e agregado graúdo e às formas irregulares dos agregados,
interferindo negativamente nas propriedades do concreto. Pensando no tratamento estatístico,
quanto maior é o número de corpos de prova rompidos menor é o valor dos desvio padrão e
menos são os corpos de prova que são descartados fazendo com que o resultado se aproxime o
mais próximo do real. Outro problema que pode ter acontecido foi o controle tecnológico dos
corpos, algum erro na hora de concretar os cilindros de modo que tenha ocorrido segregações
internas, o uso de água não destilada para a composição do concreto e ultimamente no
laboratório de Engenharia Civil da UFT a água não tem saído do encanamento muito limpa,
de modo que o tanque de cura apresenta finos sedimentos depositados no topo dos cilindros
de concreto o que pode ter prejudicado de alguma forma os ensaios. A Tabela 9 apresenta
todos os valores dos ensaios com suas médias e desvios padrões, identificando todos os
valores que foram descartados em vermelho. A figura 19 apresenta as médias das resistências
alcançadas para cada traço e seus dias de rompimento.
É possível verificar na figura 18(a) que após o ensaio de rompimento os 2 corpos de
prova da esquerda com teor de 100% de quartzo se desfazem mais facilmente, pelo fato de a
aderência da pasta com o agregado não ser igual aos corpos de prova da direta com 100% de
teor de brita granítica. É fácil perceber a falta de aderência do quartzo com a pasta de cimento
na figura 18(b).
Figura 18: (a) 2 corpos de prova do traço 4 e 2 corpos de prova do traço 0 após o rompimento. (b) descolamento
da pasta com o agregado no traço 4.
FONTE: Autor
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45,0
40,75
Resistência à Compress~qao Axial (MPa)
40,0
34,30
35,0 31,40 32,35 31,47
30,0
30,3 29,8 29,9
25,0 28,9
27,6
20,0
15,0 29,5
27,4 26,0 24,2 24,6
10,0
5,0
25,1 25,6 25,2 22,6 23,8
0,0
Traço 0 Traço 1 Traço 2 Traço 3 Traço 4
A argamassa com o agregado de rejeito após submetido aos ensaios da norma ASTM
C 1260-2014, método acelerado, não apresentou alterações, fora dos limites, em suas
dimensões, fazendo com que não se possa caracterizar o agregado como reativo. A norma
estipula um limite de 0,10% de expansão em sua dimensão maior após exposição por 14 dias
de cura térmica agressiva na solução de hidróxido de sódio com concentração 1N a uma
temperatura de 80° C. Sendo assim, o agregado de quartzo leitoso apto a ser utilizado como
agregado graúdo para a confecção de concretos convencionais sem limites de teor.
Esta descoberta acaba sendo uma das informações mais importantes para o trabalho, já
que garantindo que o quartzo leitoso não desencadeia reações deletérias ao concreto, os
garimpeiros da Coopercristal poderão comercializar esta rocha com mais segurança, o rejeito
ganha um destino mais produtivo do que ficar empilhado no quintal dos garimpeiros e com a
venda deste material espera-se um aumento na qualidade de vida destas pessoas.
No estudo apresentado por Francklin Junior (2009), 2 traços com cimento CP II-Z-32
deram alterações dos limites permitidos pela norma ASTM C-1260, um caracterizou-se por
ser possivelmente deletério e outro deletério, já os produzidos com cimento CP V-ARI com
intervalo de 16 dias apresentaram-se inócuos iguais ao resultados apresentados acima. Já
quando testou-se para 30 dias de intervalo todos os traços com este cimento apresentaram
expansão acima dos 0,10% sendo assim possivelmente deletérios.
De acordo com Neville (2013), não é suficiente saber apenas como selecionar uma
mistura de concreto com a espera de que ela tenha determinadas propriedades e como
especificar essa mistura, é muito importante garantir que esta é a escolha correta.
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5 CONCLUSÃO
Muitos estudos, assim como este, revelam que o quartzo dependendo da região e como
este é beneficiado pode ser utilizado como um insumo para a construção civil. O agregado da
região de Cristalândia, apesar de apresentar-se mais lamelar do que as britas graníticas da
região de Palmas, pode ser trabalhado para obter formas mais cúbicas, possui uma superfície
menos rugosa fazendo com que a aderência da pasta com o agregado seja menos satisfatória
do que com a brita granítica e apresenta uma absorção de água bem menor, porém estes
fatores não interferiram para que o concreto chegasse a valores de ruptura maiores que 30
MPa, valores estes bem próximos daqueles conseguidos pelo concreto com brita granítica..
Os resultados do estudo indicam que o quartzo está ligado ao ganho de
trabalhabilidade do concreto. Maiores concentrações de quartzo trouxeram um ganho
proporcional no abatimento do tronco de cone já que a pedra de quartzo é mais lisa e menos
porosa, tendo um comportamento mais similar ao seixo rolado neste aspecto.
Ainda neste sentido, o trabalho experimental mostrou que a presença de vazios no
concreto com teores de quartzo maiores é superior aqueles com teores de brita maiores. É
sabido, devido aos ensaios de rompimentos deste trabalho, que a microestrutura da interface
entre quartzo e pasta é diferente (menos aderente) do que o granito com a pasta,
possivelmente devido a forma dos agregados e o fato de o quartzo absorver menos água. O
rejeito apresentando-se mais lamelar faz com que acúmulos de água na parede do agregado
sejam gerados e posteriormente vazios por causa desta exsudação interna.
No que se diz respeito à resistência à compressão axial, o concreto com quartzo obteve
desempenho semelhante e até superior ao do concreto com brita de granito. Isto significa que
o estudo revela o agregado de quartzo apto a ser utilizado como insumo para a finalidade de
agregado graúdo na confecção de concretos convencionais para resistências menores que 40
MPa.
Quanto ao ensaio de RAA conclui-se que apesar de o ensaio ter sido favorável para
caracterizar o agregado como não reativo, recomenda-se que sejam feitos ensaios com
durações maiores para uma análise mais conclusiva quanto a esta questão. O corpo de prova
não sofreu alterações em suas dimensões, porém não se sabe como o agregado se comporta
com períodos longos de exposição, sendo necessária a análise deste quesito.
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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACI - American Concrete Institute. 211.1-91 - Standard Practice for Selecting Proportions
for Normal, Heavyweight and Mass Concrete. Michigan, 1997.
ASTM International, ASTM C1260-14: Standard Test Method for Potential Alkali Reactivity
of Aggregates (Mortar-Bar Method). West Conshohocken, PA, 2014. www.astm.org.
GUZZO, P. L. Quartzo. In: LUZ, A. B.; LINS, F. A. F. Rochas e Minerais Industriais. 2 ed.
Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2008. p. 681-722.
MARKO, F. et al. Tectonic and fluid inclusion constraints on the origin of quartz veins
with giant crystals in the Tocantins structural province Cristalandia, central Brazil.
In: Journal Of South American Earth Sciences, South American, n. 21, p.239-251, 2006.