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Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

A Engenharia e a Música
Instrumentos de SOPRO

Unidade Curricular:
Projeto FEUP
1º ano - MIEM
Equipa: 1M3_03
Ano lectivo 2013/2014
Coordenador Geral do Projeto FEUP:
Prof. Armando Sousa

Coordenador de Curso:
Prof. Teresa Duarte

Equipa 1M3_03:
Supervisor:
Prof. A. Monteiro Batista

Monitor:
Ana Dulce

Estudantes & Autores:


Ana Beatriz - up201304511@fe.up.pt
Ana Francisca - up201303939@fe.up.pt
João Moreira - up201303762@fe.up.pt
João Varela - up201304909@fe.up.pt
Matias Rocha - up201303985@fe.up.pt
Samuel Santos - up201303764@fe.up.pt
Resumo

O presente relatório foi elaborado, no âmbito da Unidade Curricular de


Projeto FEUP do curso de Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica (MIEM)
acerca da temática “Engenharia e a Música: Instrumentos de Sopro”.

O tema foi tratado abordando temáticas essencias dos instrumentos de


sopro, com o objetivo de serem facilmente compreendidas por toda a comunidade,
mesmo que não possuam conhecimentos musicais aprofundados ou grandes
conhecimentos físicos inerentes ao som. Dentro dessas temáticas realçamos o
funcionamento dos instrumentos, na qual pretendemos dar a conhecer as duas
grandes famílias dos instrumentos de sopro: a família dos metais e a família das
madeiras. Para além desse ponto importante, valorizamos igualmente as
características específicas e próprias dos instrumentos de sopro bem como os
métodos de fabrico utilizados na indústria, tendo como objetivo primordial a
relação desta matéria com a engenharia e em que aspeto esta pode ser útil para a
obtenção de uma “peça” final perfeita. Por fim, fazemos referência ao campo da
acústica com o propósito de justificar o comportamento dos instrumentos a nível
de produção, propagação e receção do som e todas as influências ambientais e
físicas que estes podem sofrer ao longo do seu manuseamento.

Palavras-Chave

Música Bocal
Instrumentos Pistões
Madeiras Chaves
Metais Fabrico
Palheta Acústica

II
Índice
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ................................................................................ 2
3. FUNCIONAMENTO DOS INSTRUMENTOS DE SOPRO ................................................... 3
3.1 O QUE SÃO? ...................................................................................................................... 3
3.1.1 Família dos Metais ................................................................................................. 3
3.1.2 Família das Madeiras.............................................................................................. 5
4. CARACTERÍSTICAS E MÉTODOS DE FABRICO ............................................................... 7
4.1 CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................... 7
4.2 MÉTODOS DE FABRICO ........................................................................................................ 8
5. A ACÚSTICA ............................................................................................................. 10
5.1 DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS ............................................................................................ 10
5.2 TUBO: ABERTO OU FECHADO .............................................................................................. 10
5.2.1 Influência da conicidade do tubo ......................................................................... 10
5.2.2 Efeito acústico dos orifícios laterais ..................................................................... 11
5.2.3 Influência do material do tubo............................................................................. 11
6. VIAGEM PELA HISTÓRIA DE INSTRUMENTOS DE SOPRO ........................................... 13
6.1 O TROMPETE................................................................................................................... 13
6.1.1 Quem inventou?................................................................................................... 13
6.1.2. A sua evolução .................................................................................................... 14
6.2. O SAXOFONE .................................................................................................................. 16
6.2.1. Adolphe Sax e a invenção do saxofone ............................................................... 17
6.2.2. O saxofone no mundo musical ............................................................................ 17
6.2.3. Família do saxofone ............................................................................................ 18
7. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 19
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 20

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO III


1. Introdução

“Música é a arte de combinar harmoniosamente vários sons,


frequentemente de acordo com regras definidas; qualquer composição musical;
concerto vocal ou instrumental; conjunto de sons agradáveis, harmonia.”

(cit:http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa-aao/m%c3%BAsica;jsessionid=xkufAzMlopzqxGA6rWjMrw)

De uma forma mais geral, é a arte de produzir sons com o objectivo de


transmitir uma mensagem (sensações e/ou sentimentos) ao ouvinte e, como
qualquer arte, cabe ao artista, neste caso o músico, escolher o método que mais se
adequa à mensagem que pretende transmitir. Os instrumentos musicais servem
como meio para transmitir essa mensagem ou apenas como um auxílio para esta
ser mais eficaz.

Dentro deste vasto tema que é a música, foi pedido aos estudantes que
abordassem duas classes de instrumentos musicais: os de cordas e os de sopro,
tendo o nosso grupo tratado dos instrumentos de sopro.

Na abordagem ao tema foram estabelecidos como objectivos perceber o


funcionamento dos instrumentos de sopro de uma forma geral, saber quais as
principais características, materiais e métodos de fabrico destes e adquirir
conhecimentos gerais sobre a sua acústica e ondas sonoras. No final, com o
objectivo de consolidar conhecimentos, fez-se uma abordagem particular a dois
instrumentos de sopro.

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 1


2. Contextualização Histórica

A história dos instrumentos de sopro começou há mais de 20 mil anos atrás,


quando o homem primitivo se apercebeu que se soprasse de uma certa forma
canas ocas (Figura 1 e 3) ou cascas secas de frutos, estes emitiriam um som.
Inicialmente, a produção de som através do sopro era considerada mágica e estava
relacionada com os rituais de comunicação do Homem com o mundo dos espíritos.
Mas estes rituais começaram a diminuir muito por causa de uma grande e
importante invenção para o mundo dos instrumentos de sopro: a invenção dos
buracos ao longo do tubo dos instrumentos que permitiram aumentar e
diversificar o número de sons produzidos (Figura 2).

A partir desta altura, a curiosidade humana aliada à evolução e ao


desenvolvimento da tecnologia permitiu ao mundo acústico progredir
rapidamente, o que ajudou não só ao crescimento musical do Homem mas
também a uma “onda de criação e invenção que se tornou num caldeirão de ideias
musicais” (cit:http://mkwhistles.com/mkshop/history-of-wind-instruments). Assim, no século
XIX deu-se o auge da música acústica, que foi possível, graças à evolução da
engenharia e à aplicação dela para a música, no que diz respeito a materiais,
técnicas de fabrico, produção de som, estratégias de acústica, entre outras aréas.[1]

[1]
Figura 2 - Flauta de osso de pássaro

[1] [1]
Figura 1 - Assobios primitivos Figura 3- Panpides

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 2


3. Funcionamento dos Instrumentos de Sopro

3.1 O que são?

Os instrumentos de sopro caracterizam-se por produzirem som através de


vibrações no ar. Estas são causadas pelo seu utilizador direta ou indiretamente,
sendo uma das suas funções amplificar a vibração inicial de forma natural.

Os instrumentos de sopro podem ser divididos em vários grupos


dependendo da maneira como obtemos a vibração. A divisão mais utilizada
estabelece-se entre dois grandes grupos: os metais e as madeiras. As madeiras
ainda podem ser divididas em vários subgrupos, em que os mais relevantes são os
das palhetas simples e palhetas duplas. Existe uma pequena excepção relacionada
com a flauta e os seus descendentes (ex.: flauta transversal e flautim) em que o
som não é obtido pela vibração de uma palheta, mas sim a partir da passagem de
um fluxo de ar numa aresta.[2]

3.1.1 Família dos metais

Na família dos metais, independentemente do instrumento, a vibração é


feita diretamente a partir dos lábios, através do fluxo de ar que entre eles passa e
os faz vibrar (Tabela 1). A vibração é feita sobre o bocal (Figura 4 e 5) que se
encontra no instrumento em questão, percorrendo o tubo constituinte do
instrumento, na qual o tamanho do tubo pode ser aumentado e diminuído
enquanto o utilizador toca o instrumento. Esse aumento ou diminuição do tubo é
feita através dos vários tipos de pistões (Figura 6), cuja função é acrescentar uma
porção de tubo ao percurso que o ar (vibração) percorre, sendo assim possível
obter o som dos 12 tons da escala cromática em vários registos através da série de
harmónicos combinada com o comprimento do tubo. O instrumento da família dos

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 3


metais que não utiliza pistões é o trombone de vara, que ao invés dos pistões,
utiliza uma vara que permite aumentar e diminuir o tamanho do tubo para o
mesmo efeito.[2]

[3] [3]
Figura 4 – Bocal de uma tuba Figura 5 – Bocal de uma trompete Figura 6 - Pistões (válvulas) de
[4]
um trompete

Tabela 1 – Família dos metais[2]


Família dos metais
Foto Nome O porquê de pertencer à família

É construído em metal, mas o factor fulcral


na sua classificação dentro da família dos
Trompete metais, relaciona-se com o modo de
produção do som: diretamente do bocal
através da vibração dos lábios.

Utiliza como alterador de notas, uma vara


que muda o tamanho do tubo e, portanto, a
Trombone distância percorrida pelo ar. Por esta razão
aliada à produção do som diretamente do
bocal, pertence a esta família.

Devido à tensão labial que deve ser aplicada


Tuba no bocal para obter som, é considerado da
família dos metais.

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 4


3.1.2 Família das madeiras

Na família das madeiras, como já foi referido, existe o grupo das palhetas
simples, em que existe uma palheta de madeira apoiada sobre uma boquilha, pelo
qual o som é produzido através da vibração da mesma e que, por consequência,
vibra devido ao ar que passa entre a parte que apoia a palheta e a palheta. No caso
destes instrumentos, os diferentes sons são produzidos pela existência de orifícios
na constituição do instrumento, orifícios esses que podem ser abertos pela ação do
instrumentista (Figura 8 e 9). Tal acontece em todos os instrumentos da família das
madeiras que possuem esta característica.

No grupo das palhetas duplas, as palhetas são constituídas por duas lâminas
finas de bambu, posicionadas uma contra a outra e fixada no instrumento por um
tubo cilíndrico. Assim, a passagem do ar e a pressão exercida pelo executante
entre as duas palhetas faz com que estas vibrem produzindo o som.

As flautas são classificadas como instrumentos de aresta, pois o som é


produzido pela vibração do ar contra uma aresta. As flautas transversais resultam
de uma vibração deste género sendo que o circuito por onde passa o ar é aberto,
pois a embocadura não fecha o circuito.[2]

A seguinte imagem (Figura 7) representa as diferentes maneiras,


anteriormente enunciadas, da produção de som dos instrumentos da família das
madeiras:
Figura 7[5]

Clarinete (no alto à esq.) – Palheta simples

Oboé (no alto à dir.) – Palheta dupla

Flauta (em baixo à esq.) – Aresta

Fagote (em baixo à dir.) – Palheta dupla

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Figura 8 – Chaves
de uma flauta
[6]
transversal

Figura 9 – Chaves
[7]
de um saxofone

Tabela 2 – Família das madeiras[2]


Família das madeiras
Foto Nome O porquê de pertencer à família
Apesar do seu ‘corpo’ ser feito em madeira
(por vezes compósitos ou plástico) não é essa
Oboé a razão que o torna da família das madeiras,
mas sim o facto de utilizar palheta dupla e
chaves para obtenção do som.

Tal como o oboé, o clarinete é também feito


em madeira mas o facto de apresentar
Clarinete chaves e palheta simples, é o que o permite
apresentar-se como sendo da família das
madeiras.

Embora construído em metal, utiliza para


produção de som palheta simples e chaves
Saxofone ao longo do tubo, como os demais
instrumentos desta família.

O fagote é característico por apresentar uma


palheta dupla, e pelo facto de apresentar
Fagote também orifícios ao longo do tubo, pertence
à família das madeiras.

Em suma, este subtema das famílias dos instrumentos de sopro pode ser
sintetizado segundo o comentário de Roy Bennett, presente no seu livro
“Instrumentos da Orquestra”:

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 6


“É importante entender que a diferença principal entre os instrumentos do
naipe de metais e os do naipe de madeiras não é o material com que eles são
construídos, mas a maneira como eles produzem seus sons. Os instrumentos
pertencentes ao naipe de madeiras têm orifícios ao longo do comprimento do seu
tubo e os seus sons são produzidos pela vibração de palhetas, ou no caso da flauta
e do flautim, quando o sopro do flautista é dividido pela borda do orifício da
embocadura. Cada instrumento do naipe de metais tem o seu som produzido pela
vibração dos lábios do instrumentista, em várias gradações de tensão, e em contato
com um bocal de metal.”

(cit:http://www.cachuera.org.br/cachuerav02/index.php?option=com_content&view=article&id=261:c
achuerademusicainstrumentosdesopro&catid=91:cachuerademusica&Itemid=115)

4. Características e Métodos de Fabrico

4.1 Características

Para além das características mencionadas em 3.1.1 Família dos Metais e


3.1.2 Família das Madeiras referentes aos diferentes métodos de obter a vibração,
existe uma outra característica inerente aos dois grupos: o tamanho do
instrumento.
Normalmente, quanto maior o instrumento mais grave é a sua sonoridade.
Nos diferentes instrumentos de sopro existem diferentes métodos de variar o
“caminho” que a onda sonora percorre, alterando as suas propriedades,
nomeadamente a altura (frequência). Assim, quanto maior for o “caminho”, maior
será o tempo de “viagem” dessa onda, e portanto, menor é frequência, ou seja,
mais grave é o som e vice-versa.[8]

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 7


4.2 Métodos de fabrico

Os métodos mais antigos e simples de fabrico de instrumentos de sopro de


que se tem conhecimento baseiam-se em achatar as extremidades dos caules das
plantas de junco de modo a criar uma cana básica. Variações mais avançadas
utilizariam ossos e madeira nesses métodos. No entanto, o desenvolvimento dos
métodos de produção destes instrumentos sofreu várias alterações ao longo da
história, como a criação de buracos, chaves, palhetas, entre outros. [1]

Para tratar este subtema, usaremos como base os métodos de produção


utilizados na empresa brasileira Weril Instrumentos Musicais, que utiliza
essencialmente metais para a construção de instrumentos e que é considerada, por
Eliana Simonetti, escritora e editora independente, “uma das cinco melhores
empresas fabricantes de instrumentos de sopro do planeta e a única na América
Latina especializada no setor.”
(cit:http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=1434:catid=28
&Itemid=23)

Os métodos de produção desta empresa baseiam-se nos seguintes pontos:


- Os materiais são sujeitos a processos de maquinagem e fresagem de alta
precisão, na qual se obtem um modelo-padrão que servirá de base para a
construção do instrumento;
- Os artesãos encarregam-se de moldar as peças através do processo de
conformação, de modo a dar aos metais as formas básicas (cónicas ou cilíndricas),
específicas e própria de cada instrumento (Figura 10);
- As peças são lixadas gradualmente e depois polidas de modo a eliminar
riscos antes de se entrar no processo de montagem das estruturas;
- Depois são fabricadas certas peças específicas, dependendo do tipo de
instrumento, sendo posteriormente soldadas ao instrumento;

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 8


- Na montagem de estrutura e bocais, os técnicos verificam as medidas e os
perfis dos instrumentos que foram sujeitos aos processos de maquinagem e
conformação referidas anteriormente (Figura 11);
- Os instrumentos passam por um controlo de qualidade no qual podem ser
removidas partes em excesso (laqueação), são efectuados banhos químicos de
acabamento necessários para remover as impurezas do metal, ajudado pelo
processo de polimento que, para além disso, confere brilho ao instrumento;
- No final, os instrumentos são testados por músicos profissionais para
averiguar a qualidade do som que dependem dos materiais e métodos de produção
usados.[9]

[9]
Figura 10 – Trabalho em tornos [9]
Figura 11 – Montagem de
artesanais que dão a forma inicial um saxofone
aos instrumentos

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 9


5. A Acústica

5.1 Definição e características

A acústica é a ciência que estuda os sons; é um ramo da física responsável


pelo estudo dos sons e das suas características, abordando todos os aspectos
relacionados com a produção, propagação e recepção do som.
Antes de tudo, interessa conhecer o modo como se realiza a propagação do
som. Essa propagação realiza-se através de variações de pressão do ar, com
sucessivas compressões e rarefacções do mesmo, necessitando de um meio
material para se propagar – o ar (onda mecânica), e realiza-se na mesma direcção
em que foi produzida (onda longitudinal).

5.2 Tubo: aberto ou fechado

Nos instrumentos de sopro, os tubos que os constituem podem ser


classificados em tubos aberto-aberto ou fechado-aberto, geralmente designados
de tubos abertos ou fechados. Os instrumentos onde a embocadura é de aresta,
funcionam acusticamente como tubos aberto-aberto, já os instrumentos onde
embocadura funciona com a aujda de uma palheta, simples ou dupla, ou através
da tensão labial têm comportamento acústico de tubos fechado-aberto.

5.2.1 Influência da conicidade do tubo

Os tubos que constituem os instrumentos de sopro são geralmente


cilíndricos ou cónicos. Alguns instrumentos comportam-se como tubos cilíndricos,
o caso da flauta, e outros como tubos cónicos, o caso do saxofone. Um tubo
cilíndrico e um tubo cónico do mesmo comprimento comportam-se do mesmo
modo.

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Podemos caracterizar a conicidade do tubo através da razão entre o raio da
extremidade oposta à embocadura (r2 ) e o raio da própria embocadura (r1):

Para um tubo aberto-aberto, as frequências mantêm-se, qualquer que seja


a conicidade do tubo. Já para um tubo fechado-aberto, as frequências vão subindo
à medida que a abertura do cone aumenta, ou seja, a conicidade do tubo.

5.2.2 Efeito acústico dos orifícios laterais

Num instrumento de sopro, o contacto com o exterior provoca uma


perturbação na onda estacionária, assim, a abertura de um orifício lateral irá
condicionar o comportamento acústico do tubo. De tal forma que, se o diâmetro
do orifício igualar o do tubo, este comporta-se acusticamente como se ali tivesse
terminado. Assim, à medida que aumenta o raio do orifício, vai diminuir o seu
comprimento acústico. Então, para obter todos os sons que o instrumento é capaz
de reproduzir, abrimos e fechamos estes orifícios laterais enquanto tocamos o
instrumento.

5.2.3 Influência do material do tubo

- Comparação metal/madeira
Como foi dito anteriormente, a diferença de sons em instrumentos de sopro
deve-se, principalmente, à variação do comprimento da coluna de ar.
Provou-se, através de várias experiências, que se o tubo fosse constituído
por materiais diferentes, isso não iria alterar as características do som, ou seja, o
material do tubo tem uma influência desprezável na obtenção de sons diferentes.
Passa-se então a enunciar as experiências e as conclusões retiradas:

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 11


Fletcher e Rossing, 1998 – embora o tubo feito de metal tenha uma
parede mais fina do que a de madeira, ambas são suficientemente
rígidas para anularem os efeitos de vibração da parede.
Miklós e Angster, 2000 - a vibração das paredes é desprezável na
produção do som.
Coltman, 1971 – não existe diferença audível notória entre as paredes do
tubo serem constituídas por materiais como cobre ou cartão.
Pode assim concluir-se através das experiências que a escolha dos materiais
para constituírem as paredes dos tubos não é feita devido a razões acústicas, mas
sim devido à facilidade de fabrico, manuseamento e estética.

Apenas nos instrumentos muito grandes é que podemos considerar a


vibração da parede como um factor de atenuação do som, sendo que nos outros
instrumentos se pode negligenciar. Já os efeitos de viscosidade e de transferência
de calor têm influência na atenuação sonora dos instrumentos, sendo que são
idênticos nas madeiras e nos metais. A única diferença prende-se com a
temperatura da parede, que é mais uniforme num metal. Os efeitos convectivos,
outro dos efeitos que provoca atenuação do som, dão-se ao nível dos orifícios do
instrumento e em orifícios pequenos podem impossibilitar o correto
funcionamento do instrumento.[10]

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 12


6. Viagem pela história de instrumentos de sopro

6.1 O Trompete

[11]
Figura 12 - O trompete na atualidade

6.1.1 Quem inventou?

Depois da voz humana, o trompete é considerado como um dos


instrumentos mais antigos, uma vez que desde sempre era usado pelos pastores,
com o intuito de guiar os seus rebanhos e assustar os predadores. As mais antigas
provas da sua existência são as pinturas no túmulo egípcio do imperador
Tutankhamon em cerca de 1500 a.C., no entanto já existira muito antes.

Também, em tempo de guerra, o trompete era utilizado como meio de


sinalização de perigo eminente. Em sociedades católicas, assumia um papel
sagrado, assemelhando-se quase à voz dos anjos, existindo referência bíblicas a
provar a sua forte presença.

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 13


6.1.2. A sua evolução

De modo a conseguir-se manter a par da evolução da sociedade, era


necessário que o trompete evoluísse em termos estruturais, geométricos e dos
materiais que o constituíam (Figura 13). É nesta etapa que a engenharia mecânica
teve maior influência.

A sua evolução teve início nos tempos primórdios, onde era constituído
apenas por matérias ocas, como conchas, cornos de animais ou canas de bambu.
Como a sua principal função era apenas amplificar o som sem qualquer afinação, o
único requesito para a escolha do constituinte mais apropriado era a necessidade
de este ser oco.

[11]
Figura 13 - Trompete de cerâmica, 300 a.C.

Mais tarde, os egípcios passaram a construí-lo em metal, uma vez que era
utilizado para fins militares, avisando o exército para agir em combate. Na Idade
Média, começou a ser fabricado em latão - liga metálica constituída por cobre e
zinco - uma vez que, é bastante maleável; é bom condutor de calor e corrente
elétrica e tem uma resistência significativa à corrosão e ao choque. Era apenas um
tubo com um bocal com a sua extremidade em forma de cone (Figura 14).

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 14


Como, dependendo do tamanho do tubo, o trompete produzia um som
específico, era habitual utilizar-se um conjunto destes instrumentos, de várias
dimensões de modo a produzirem, cada um, um som diferente. Foi assim até aos
fins do período Renascentista.

[11]
Figura 14 - Trompete usado pelos Gregos

No entanto, em Berlim, a 1615 apareceu o primeiro trompete onde se


conseguia alterar a sua dimensão, colocando-se um tubo deslizante. Era, assim,
possível tocar um número mais variado de sons. Porém com esta novidade, surge
um novo entrave: a rapidez necessária para tocar o trompete de uma forma
melódica deixou de ser exequível.

Em 1813, o trompete sofre a sua maior evolução: é-lhe introduzido um


sistema de válvulas. Criado pelo austríaco Anton Wiedinger, este sistema era
constituído por vários pistões que, quando pressionados, transportavam o ar para
uma extensão do tubo principal e deste para uma válvula que o encaminhava de
novo para o tubo principal onde mais tarde saía (Figura 15 e 16). Assim o som era
mais grave do que o produzido originalmente.

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 15


[11] [11]
Figura 15 - Pistão não pressionado Figura 16 - Pistão pressionado

Actualmente, o trompete é constituído por três pistões: o primeiro desce a


nota um tom inteiro (2 semitons), o segundo desce meio tom (1 semitom),
enquanto que o terceiro desce um tom e meio (3 semitons). A combinação destas
válvulas leva o trompete a ser capaz de tocar as 12 notas da escala cromática (tons
e semitons da escala musical).[11]

6.2. O saxofone

Embora seja construído em metal, o saxofone pertence à família das


madeiras uma vez que produz som a partir de uma palheta simples e apresenta um
sistema de chaves existentes ao longo do seu tubo. Também, ao contrário do
trompete, este instrumento apresenta uma data e um criador específico: cerca de
1840, Adolphe Sax, e não apareceu do acaso: quem o tentava construir queria, de
facto, inventar um novo instrumento.

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 16


6.2.1. Adolphe Sax e a invenção do saxofone

A 6 de Novembro de 1814, nasceu Adolphe Antoine-Sax numa cidade Belga.


O seu pai era um fabricante de instrumentos de sopro e sempre incentivou o seu
filho a integrar-se no mundo da música. Assim, desde muito pequeno que Adolphe
tocava nos instrumentos criados pelo seu pai. A partir de 1830, com o objectivo de
continuar o legado do pai, começou a fabricar flautas e clarinetes. Em 1842 muda-
se para Paris, França, onde abre a sua primeira oficina de instrumentos de sopro,
em conjunto com um colega de infância.

Enquanto experimentava nos seus clarinetes, construiu um tubo cónico de


metal com o objectivo de produzir o som equivalente a uma oitava e não o som da
"dozeava" que o clarinete produzia. O tom já nada se parecia com o tom do
clarinete e assim nasceu o saxofone.

Actualmente, o som é produzido por uma palheta simples, tal como o


clarinete. No entanto, o seu tubo largo e cónico faz com que seja possível atingir
uma maior parte da escala musical que não era atingida pelo clarinete. O seu largo
diâmetro confere-lhe uma grande capacidade sonora e uma maleabilidade em
altura e timbre apenas comparável aos instrumentos de cordas.

6.2.2. O saxofone no mundo musical

O instrumento foi registado por Sax a 22 de Junho 1846, porém já tinha sido
integrado nas bandas filarmónicas militares em 1845, onde ocupava um lugar entre
o clarinete e os metais. Muitos compositores, como Debussy e Meyerbeer,
adotaram-no nas suas orquestras e John Phillip Souza introduziu na sua banda,
tendo levado o instrumento a atingir o seu ponto alto, ocupando um lugar de
destaque em todas as bandas de jazz e blues nos EUA nos anos 30 do Séc. XX.

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 17


O Saxofone passou, assim, a ser um dos instrumentos mais usados na
cultura musical norte-americana, sendo quase sempre uma presença obrigatória
em todos os festivais de jazz.

6.2.3. Família do saxofone

A famíla deste instrumentos é muito extensa, sendo constítuída por sete


instrumentos. Todos estes apresentam a mesma escrita em Clave de Sol, no
entanto muda a transposição para o timbre dos instrumentos. Estes sete são:

Saxofone Sopranino: é o mais agudo da família do saxofone mas é muito


pouco usado em orquestras ou bandas;
Saxofone Soprano: é o mais agudo do quarteto integrante de todas
orquestras clássicas;
Saxofone Alto e Tenor:são os mais comuns de toda a família e têm uma
afinação muito próxima à viola (Figura 17);
Saxofone Barítono: é o mais grave do quarteto clássico;
Saxofone Baixo e o Contrabaixo: são os integrantes mais graves da família.
no entanto, são pouco usados tal como o saxofone sopranino;[12]

[12]
Figura 17 - O Saxofone Alto

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 18


7. Conclusões

Após a pesquisa feita sobre o tema “Engenharia e a Música: Instrumentos de


Sopro”, concluí-se que a música, e em particular os instrumentos de sopro são uma
temática muito complexa e diversificada, uma vez que, todo o processo que
envolve o fabrico dos instrumentos está muitas vezes relacionada com a forma
como o som é produzido. Ou seja e como foi testado anteriormente, os materiais
não influenciam o som que se obtem a partir de um instrumento, o que prova que
o seu uso sustem-se por termos de estética e facilidade de manufatura. Para além
disso, a produção dos mesmos sofre um processo longo e perfecionista até ao
produto final, o que implica a atuação no seu fabrico de um número elevados de
técnicos, que vão desde aos artesãos, que produzem o instrumento em si, até aos
engenheiros, que estudam todo o perfil do objeto final – caracerísticas de acústica,
métodos eficazes e eficientes de fabrico, estratégias de amplicação sonora, entre
outras.

Com o presente relatório compreendeu-se ainda que a acústica destes


instrumentos foi muito influenciada pela engenharia, uma vez que ao longo dos
anos, com desenvolvimento da sociedade, o objectivo principal sempre foi torná-
los mais eficazes e, simultaneamente, mais apelativos visualmente.

No entanto, actualmente, a acústica atingiu um ponto de estagnação em


comparação com o desenvolvimento ocorrido no século XIX, visto que, através das
várias experiências realizadas ao longo dos anos, os materiais não influenciam
significativamente a sonoridade dos intrumentos. Todavia, no futuro, este tema
ainda continuará em aberto já que a engenharia está em constante evolução, o que
justifica dizer que “seria ingénuo supor que estamos no fim da linha em termos de
design dos instrumentos de sopro” (cit:http://mkwhistles.com/mkshop/history-of-wind-
instruments)

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 19


8. Referências Bibliográficas

[1] – A Brief History of Wind Instruments

URL: http://mkwhistles.com/mkshop/history-of-wind-instruments

[2] – Informação Pessoal


Imagens das tabelas:
Trompete
URL: http://www.timbresescolaeinstrumentos.com.br/produto/1351/aulas_de_trompete/
Trombone
URL: http://www.musiciansbuy.com/KING_TRB_2102L_JIGS_2BL.html
Tuba
URL: http://www.el-atril.com/orquesta/Instrumentos/Tuba.htm
Oboé
URL: http://portalinstrumental.blogspot.pt/2012/05/oboe-o-oboe-e-instrumento-musical-
de.html

Clarinete
URL: http://catracalivre.com.br/sp/tag/clarinete/
Saxofone
URL: http://www.imagenswiki.com/imagens/saxofone-jpg
Fagote
URL: http://www.csr.com.br/fagote2.htm

[3] – Figuras 4 e 5:
URL: http://www.elsevier.pt/pt/revistas/-/artigo/impactos-oro-faciais-associados-a-
utilizacao-instrumentos-musicais-90139061

[4] – Figura 6:
URL: http://newindbrasil.yolasite.com/trompete-new-england-wind.php

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 20


[5] – Figura 7:
URL: http://www.metodista.br/rronline/radio-sonica/acorde/2011/10/na-orquestra-familia-
das-madeiras-e-composta-por-instrumentos-de-sopro

[6] – Figura 8:
URL: http://br.vazlon.com/flauta-transversal-vinci
[7] – Figura 9
URL: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/china-like-selmer-802-yellow-brass-gold-
plated-alto-saxophone-833551174.html

[8] – Revista Eletrónica de Ciências


URL: http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_25/musica.html
[9] – Revista de informações e debates do IPEA (Instituto de Pesqueisa Económica
Aplicada). Assunto da notícia: Weril Instrumentos Musicais
URL:http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=143
4:catid=28&Itemid=23

[10] – HENRIQUE, Luís L. 2002. “Acústica Musical” – Edição da FUNDAÇÃO


CALOUSTE GULBENKIAN
[11] – Bandas Filarmónicas: Intrumento - Trompete
URL: http://www.bandasfilarmonicas.com/instrumentos.php?id=15
http://www.infoescola.com/quimica/latao/
Imagens 12 a 16:
URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Trompete
[12] – Saxofone
URL: http://pt.wikipedia.org/wiki/Saxofone

Engenharia e a Música: Instrumentos de SOPRO 21

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