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LUIZ SOUSA
Portanto fica esclarecido por estes textos que o Espírito Santo é dádiva
para todo o crente no Evangelho (ou boas novas), por Ele é que temos uma
íntima comunhão com Deus, sendo feitos participantes da natureza divina,
para escapar da corrupção que pela concupiscência há no mundo (2Pe 1:4;
Rm 8:2), sendo assim santificados por sua instrumentalidade (I1Ts 2:14;
1Pe 1:2).
É lamentável que a maioria das Testemunhas de Jeová tenham sido
convencidas que não podem receber o Espírito Santo, sendo impedidas de
se tornarem filhas de Deus, ficando numa situação de escravidão, e pior,
sem o medo que a Bíblia aponta para quem está assim (Rm 8:14).
O testemunho do Espírito Santo, tão maravilhoso e confortador é negado
aos membros desse grupo religioso; tornam-se pessoas secas e vazias de
espiritualidade, cheias de si e confiantes em crenças para elas irrefutáveis.
Julgam-se os únicos genuínos cristãos, taxando os outros de apóstatas e
heréticos, quando a Bíblia diz que estes são os que não possuem o Espírito
(Jd 19).
A Praticidade Da Trindade
A alegação de que a Trindade é um assunto de crença formal e que pouco
ou nenhum efeito tem sobre a cotidiana vida cristã, está errada. A Trindade
é o fundamento do amor cristão, onde toda a praticidade da vida cristã tem
origem. É da comunhão do eterno amor entre o Pai, o Filho e o Espírito
Santo onde o amor entre os homens se inspira, isto é a própria razão do
cristianismo.
Deve-se refletir: Se Deus fosse apenas uma pessoa, como a Bíblia afirmaria
que Ele é amor? O que esse Deus solitário amaria antes da criação de todas
as coisas??
Outro aspecto da praticidade da doutrina da Trindade é bem apontado por
Robert Bowman em seu livro “Porque Devo Crer na Trindade”:
“Os trinitarianos têm a certeza de que Aquele que os salvou, Jesus Cristo, é
nada mais nada menos do que o próprio Deus. Regozijam-se, ainda, em
saber que é o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo que habita nos
seus corações. Para o cristão trinitariano, Deus não é aquilo que as
Testemunhas de Jeová ensinam – um ser muito distante que nos enviou
um empregado para nos salvar do nosso pecado, ou que agora nos ajuda
somente por meio de nos transmitir de uma grande distância uma força ou
energia impessoal. Pelo contrário, Deus veio a terra pessoalmente para nos
salvar, e está presente de modo direto e pessoal a cada momento. Esse fato
dá ao trinitariano uma confiança tremenda de que Deus está com ele e
intimamente perto dele”.
A “Trindade” Na Bíblia
Numa tentativa desesperada de negar que Tertuliano (mestre cristão do
terceiro século) cria na Trindade, as Testemunhas de Jeová dizem:
“Contudo isso [o emprego da palavra ‘Trinitas’ por Tertuliano] em si
mesmo não prova que o próprio Tertuliano ensinasse a Trindade. A obra
Católica Trinitas – A teológica Encyclopédia of the Holy Trinity (Trinitas –
Enciclopédia Teológica da Santíssima Trindade), por exemplo, diz que
algumas palavras de Tertuliano foram mais usadas por outros para
descrever a Trindade. Daí, faz o alerta: Mas, não se podem tirar conclusões
apressadas a respeito do uso, pois ele não aplica essas suas palavras à
teologia trinitarista” (págs. 5,6).
Sobre isto explica Robert Bowman: “Na base desse argumento poderíamos
supor que a obra Católica ‘Trinitas’ está dizendo que Tertuliano não
empregava a palavra “trindade” [trinitas] a respeito de Deus num contexto
trinitariano. Mas isso é totalmente falso. A verdade é que a enciclopédia diz
que Tertuliano não empregava a palavra “SUBSTANTIA” e seus derivados
com referência a Trindade. Note o que a obra realmente diz: “O grande
africano formulou a linguagem latina da Trindade, e muitas das suas
palavras e frases tiveram seu emprego mantido permanentemente: as
palavras TRINITAS e PERSONA, as fórmulas ‘uma só substância em três
pessoas’ , ‘Deus de Deus’, ‘Luz de Luz’. Emprega a palavra ‘SUBSTANTIA’
400 vezes, assim como também emprega ‘CONSUBSTANTIALIS’ e
‘CONSUBSTANTIVUS’, mas não se podem tirar conclusões apressadas a
respeito do uso, pois ele não aplica essas palavras a teologia trinitariana
”(18).
Só nos resta concluir que o escritor ou os escritores da brochura das
Testemunhas de Jeová tinham a máxima dificuldade em achar evidências
sólidas para apoiar a sua teoria de que a doutrina da Trindade foi
desenvolvida quase dois séculos depois de Tertuliano.”
A verdade é que o vocábulo “Trindade”(do grego TRIKHA, TRÊS; do latim
TRINITATEM, grupo de três pessoas) foi usado pela primeira vez, em sua
forma grega, por Teófilo (-180 A.D.); e, em sua forma latina por Tertuliano
(-230 A.D.). Trata-se de um termo técnico para definir a verdade sobre as
pessoas de Deus. Essa palavra não se encontra na Bíblia pelo simples fato
de não existir quando a Escritura Sagrada foi escrita, foi um termo
exclusivamente criado para a doutrina encontrada na Bíblia. Algo
semelhante ao que aconteceu com a palavra “Jeová” ,que foi criada para se
pronunciar o Tetragrama do nome de Deus (J H W H).
Não esqueçamos que a Trindade só veio à luz com a vinda de Cristo, por
isso não se estranhar a não existência dessa palavra no texto sagrado. Por
outro lado, o Evangelista João, ao escrever o prólogo quarto Evangelho
utilizou a palavra “LOGOS” oriunda do Neoplatonismo para designar
Jesus, com isso ficou claro para os cristãos primitivos que Ele era UM com
Deus, pois a Razão de Deus (a definição que os filósofos davam ao LOGOS)
é algo que LHE é inerente. Vale ainda observar que apesar da palavra
“Trindade” não se encontrar na Bíblia, a expressão que a equivaleria existe,
trata-se da palavra grega THEIOTÊS, traduzida em português por
DIVINDADE, encontrada apenas em Rm 1:20. Sem esquecer da palavra
hebraica “ELOHÍM” que, significando “Deuses”, representa o único Deus
trino criador de todas as coisas
O GRANDE MISTÉRIO
“Como a Igreja está unida com Jesus Cristo, e Jesus com o Pai, afim de que
todas as coisas estejam de acordo em unidade”(5:1).
“De fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus, foi
levado ao seio de Maria, da descendência de Davi e do Espírito
Santo”(18:1).
“aos quais fo1Confiada o serviço de Jesus Cristo, que antes dos séculos
estava junto do Pai e por fim se manifestou”(6:1).
“Assim como o Senhor nada fez, nem por si mesmo nem por meio de seus
apóstolos, sem o Pai, com o qual ele é um”(7:1).
“à Igreja amada e iluminada pela bondade daquele que quis todas as coisas
que existem, segundo fé e amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja
que preside na região dos romanos...que porta a lei de Cristo, que porta o
nome do Pai; eu vos saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai...eu
lhes desejo alegria pura em Jesus Cristo, nosso Deus”
“Nada do que é visível é bom. De fato, nosso Deus Jesus Cristo, estando
agora com seu Pai, torna-se manifesto ainda mais”(3:3).
“Espera aquele que está acima do tempo, atemporal, invisível, mas que se
tornou visível para nós; aquele que é impalpável e impossível, mas que se
tornou passível por nós, e por nós sofreu de todos os modos”(3:2).
“Desejo que estejas sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo”. Saudação
final.
“Por fim, embora ele (Jesus) tivesse ensinado a Israel e realizado tão
grandes prodígios e sinais, eles não foram levados por sua pregação a
AMÁ-LO ACIMA DE TUDO”(5:8).
“Se o Filho de Deus se encarnou, foi para levar ao máximo os pecados
daqueles que tinham perseguido mortalmente OS PROFETAS DELE. É por
isso que Ele suportou. De fato, Deus diz que é deles que vem a ferida de sua
carne: ‘Quando feriram o seu pastor, então as ovelhas de rebanho
perecerão’. Foi ele, porém quem quis sofrer deste modo. Com efeito, era
preciso que ele sofresse sobre o madeiro, vida à espada. E ‘traspassaram
com cravo a minha carne, porque uma assembléia de malfeitores se
levantou contra mim”(5:11).
“De fato, a Escritura fala a nosso respeito, quando Ele diz ao Filho:
‘Façamos o homem a nossa imagem e semelhança’”(12:2).
Os Pais Pré-Nicéia
Não é nem um pouco estranho o fato dos elaboradores da revista “Deve-se
Crer...” não darem as referências das citações dos pais pré-Nicéia negando
a Divindade de Cristo na página 7, exatamente por causa das mentiras e
deturpações que fizeram, quem ler as obras de Justino, Clemente de
Alexandria, Tertuliano e Hipólito fica horrorizado com a falta de
honestidade das Testemunhas de Jeová nessa revista, é triste!
Mesmo dessas torções dos pais pré-Nicéia podemos dar explicações de que
eles não estavam negando a Trindade, vejamos:
Justino, o mártir, ao dizer que Cristo “não é o mesmo Deus, que fez todas
as coisas” na certa tratava do aspecto humano de Cristo, que é totalmente
diferente do divino. Justino com certeza conhecia Jo 1:1-3 que diz que o
Verbo fez todas as coisas, até mesmo sua encarnação foi obra dEle: “e o
Verbo SE FEZ carne”. Quando Justino diz que Jesus é chamado de “Anjo”
deixa muito claro que isso se dava quando aparecia a Moisés e aos
patriarcas, da mesma forma que recebia o nome de “Glória” porque
aparecia em grandeza imensa e “Homem” porque aparece nessa forma
(Diálogo com Trifão 73:2). As duas outras declarações atribuídas a Justino
não existem.
A citação de Tertuliano que afirma ser “o Pai diferente do Filho” apenas
fortalece o credo da Trindade que diz que o Filho é a segunda pessoa da
Trindade. O credo defende que a Divindade é composta de três pessoas
distintas, mas que são o único Deus. Jesus, portanto, é diferente do Pai no
aspecto de pessoa, no entanto, é igual na natureza (de Deus). A outra
citação de Tertuliano que diz “houve tempo em que o Filho não
existia...antes de todas as coisas virem a existir, Deus estava sozinho” na
verdade não é de Tertuliano, explica Bowman, que a expressão foi usada
por um estudioso moderno para resumir uma declaração feita por
Tertuliano, que argumentou que Deus sempre era Deus, mas nem sempre
Pai do Filho: “pois Ele não poderia Ter sido Pai anteriormente ao Filho,
nem juiz, anteriormente ao pecado”(Contra Hermógenes 3). Posto que,
noutros trechos (continua Bowman), Tertuliano deixa claro que
considerava que a pessoa do Filho é eterna, nessa declaração Tertuliano
está provavelmente asseverando que o título “Filho” não se aplicava á
Segunda pessoa da Trindade até que Cristo começou a relacionar-se com o
“Pai” como “Filho” na obra da criação.
Explicando a declaração “antes de todas as coisas, Deus estava sozinho” diz
Bowman: “aparece numa obra inteiramente diferente de Tertuliano, na
qual declara que a ‘Razão’ de Deus era o Verbo anteriormente à sua
atividade na criação, e que, portanto, essa pessoa chamada ‘Razão’ existia
eternamente lado a lado com Deus: “pois antes de todas as coisas, Deus
estava sozinho... mas mesmo então, não estava sozinho, pois Ele tinha
consigo aquilo que possuía em si mesmo antes da criação do universo,
Deus não estava sozinho, posto que Ele tinha dentro de si mesmo tanto a
Razão quando, inerente na Razão, seu Verbo...”(Contra Praxeas 5). Esse
Verbo é o Filho, igual a Deus, mas funcionando em segundo lugar depois
do Pai, note: “Assim Ele [o Pai] torna-o [o Filho] IGUAL A ELE...embora
eu reconheça o Filho, assevero a sua DISTINÇÃO em segundo lugar depois
do Pai”(Contra Praxeas 5).
A citação atribuída a Hipólito nada diz contra a Trindade, apenas defende
o monoteísmo ao dizer que Deus é “Deus Uno, primeiro e o Único, o
Fazedor e Senhor de tudo”, e mais parece ser uma referência a Jesus, pois é
Ele que é o fazedor de todas as coisas e o Senhor de tudo. O termo “Uno”
alude a unidade trinitária. Quando porém, os autores da revista dizem que
Hipólito conclui que Jesus foi criado, temos uma torção, no contexto em
que Hipólito fez essa declaração, temos: “Deus subsistindo sozinho, e não
tendo nada contemporâneo com Ele mesmo, resolveu criar o mundo... não
havia nada contemporâneo com Deus. Além dEle nada havia, MAS ELE,
ENQUANTO EXISTIA SOZINHO, MESMO ASSIM EXISTIA NA
PLURALIDADE”(Contra Noêcio 10; grifos nossos). Essa pluralidade,
conclui, acertadamente Bowman, consiste no Pai, no Filho e no Espírito,
conforme Hipólito declara num parágrafo anterior: “O homem, portanto,
embora ele não queira, vê-se obrigado a reconhecer Deus o Pai onipotente,
e Cristo Jesus o Filho de Deus, que, sendo Deus, fez-se homem, e a Ele o
Pai sujeitou todas as coisas, execetuando-se o próprio Pai, e o Espírito
Santo; e que estes, portanto, são três”(Contra Noêcio 8)
Na citação de Orígenes há uma contradição, é dito que o Filho não é da
essência do Pai, mas contrariamente também diz que o Pai é luz e o Filho é
luz, apesar de ser menor. Com respeito a Orígenes, o mais posterior dos
pais pré-Nicéia, a Igreja o considerou como herege, não porque negou a
Divindade de Cristo, mas porque acreditava que o Pai e o Filho e o Espírito
Santo fossem TRÊS deuses; não acreditava que Jesus tinha sido criado
nem que o Espírito Santo fosse algo impessoal, todavia, cria que o Pai era
superior ao Filho e ao Espírito. O surpreendente é que as Testemunhas de
Jeová poderiam até ter usado Orígenes para defender a idéia que o Pai era
o Todo-poderoso e o Filho poderoso, numa condição inferior, mas não o
fazem, o que nos leva a crer que elas não fizeram realmente uma pesquisa
séria e trabalhada sobre os pais cristãos dos primeiros séculos. Apesar de
não ter uma crença perfeita na Trindade, Orígenes possuía certa posição
doutrinária que mais o aproximava dos trinitarianos do que das
Testemunhas de Jeová, chegou a afirmar: “Nós, porém, estamos convictos
de que realmente há três Pessoas (treis hypostaseis), o Pai, o Filho e o
Espírito Santo”. Desse modo confirmou a personalidade do Espírito Santo.
Ainda disse: “as declarações feitas no tocante ao Pai, ao Filho e ao Espírito
Santo devem ser consideradas transcendentes de todos os tempos, de
todos as eras, e de toda a eternidade”(Princ. 4:28). Também disse que não
existe “nada que não foi feito, a não ser a natureza do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo”(Princ. 4:35). E também declarou: “Além disso, nada na
Trindade pode ser chamado maior ou menor”(Princ. 1:3,7).
Vejamos agora o que realmente disseram os pais apologistas que viveram
bem antes do concílio de Nicéia:
“Porque os que dizem que o Filho é o Pai dão prova de que não sabem nem
quem é o Pai, nem tomaram conhecimento de que o Pai do universo tenha
um Filho que, sendo Verbo e Primogênito de Deus, também é Deus”(I
Apologia 63:15). Observe que ele distingue o Pai do Filho, refutando os
adeptos da doutrina monarquista que diziam que o Pai e o Filho eram uma
única pessoa, mas defende ao mesmo tempo a Divindade de Jesus.
“Portanto, tudo o que de bom foi dito por eles, pertence a nós, cristãos,
porque nós adoramos e amamos depois de Deus, o Verbo, que procede do
mesmo Deus ingênito e inefável”(II Apologia 13:4).
“Essas palavras dão a entender claramente que se deve adorar a Ele, que é
Deus e Cristo, testemunhado pelo criador deste mundo”(Diálogo com
Trifão 63:5).
“Por outras palavras, que vos citei anteriormente como ditas também por
Davi, deveis recordar que Jesus tinha de sair das alturas dos céus e voltar
novamente para os mesmos lugares, afim de que o reconheceis como Deus
que vem de cima, e como homem nascido entre os homens, e que
novamente devia vir aquele ao qual deviam ver e, por causa dele, bater no
peito os mesmos que o traspassaram”(Diálogo com Trifão 64:7).
“Além disso, quero que saibais que eles (os mestres judeus) eliminaram
completamente muitas passagens da versão dos setenta anciãos
(Septuaginta) que estiveram com o rei Ptolomeu, nas quais se demostra
que esse mesmo Jesus crucificado foi claramente anunciado Deus e
Homem, e que havia de ser crucificado e morrer”(Diálogo com Trifão 71:2).
“Entre as nações, nunca se referiu a homem nenhum de vossa
descendência como Deus e Senhor, que tenha reinado, exceto desse que foi
crucificado, do qual, no mesmo Salmo, o Espírito Santo nos diz que se
salvou e ressuscitou”(Diálogo com Trifão 73:2).
“Se sabemos que esse Deus se manifestou em várias formas a Abraão, Jacó
e Moisés, como duvidamos e não cremos que ele poderia, conforme o
desígnio do Pai do universo, nascer homem da virgem, tendo tantas
Escrituras pelas quais literalmente é fácil entender que assim de fato
aconteceu, conforme o desígnio do Pai”(Diálogo com Trifão 75:4). Aqui
tanto é asseverada a Divindade como a humanidade de Jesus, o que prova
que Justino não usava totalmente a filosofia platônica para explicar as
naturezas da Pessoa do Filho.
“Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra
recebeu dos Apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai
onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo que nele existe; em um só
Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito
Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus, e a vinda, o
nascimento pela virgem, a paixão, a ressurreição dos mortos, a ascensão ao
céu, em seu corpo, de Jesus Cristo, dileto Senhor nosso; e a sua vinda dos
céus na glória do Pai, para recapitular todas as coisas e ressuscitar toda
carne do gênero humano; a fim de que, segundo o beneplácito do Pai
invisível, diante do Cristo Jesus, nosso Senhor, DEUS, Salvador e Rei, todo
o joelho se dobre nos céus, na terra e nos infernos”(Livro l, 10:1).
“E ainda: ‘tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito’. Do tudo
nada é excetuado; o Pai fez por seu intermédio tudo, as coisas visíveis e as
invisíveis, as sensíveis e as inteligíveis, as temporais para uma verdadeira
economia, as eternas e imortais, não por meio de anjos, nem de potências
diferentes de sua mente, porque Deus não precisa de ninguém, mas pelo
Verbo e pelo seu Espírito fez tudo, ordenou, governa e dá o ser a
tudo”(Livro I, 22:1).
“Este é o mistério que diz ter-lhe sido revelado, isto é, que aquele que
padeceu sob Pôncio Pilatos é o Senhor de todos os homens, seu Deus, Rei e
Juiz, por ter recebido o poder de Deus de todas as coisas, pois, se fizera
obediente até a morte, e morte de cruz”(Livro III, 12:9).
“Foi, portanto, Deus que se fez homem, o próprio Senhor que nos
salvou”(Livro III, 21:1).
“Portanto, não foram os anjos que nos plasmaram – os anjos não poderiam
fazer uma imagem de Deus – nem outro qualquer que não fosse o Deus
verdadeiro, nem uma potência que estivesse afastada do Pai de todas as
coisas. Nem Deus precisava deles para fazer, como se ele não tivesse suas
próprias mãos! Deus SEMPRE, de fato, ele tem junto de si o Verbo e a
Sabedoria, o Filho e o Espírito. É por meio deles e NELES que fez todas as
coisas, soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige,
quando diz: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, tirando de
SI MESMO a substância das criaturas, o modelo que fez e a forma dos
adornos do mundo. Bem se expressou o escrito que diz: antes de tudo
acredita que existe um só Deus que criou, harmonizou e fez existir todas as
coisas apartir do nada”(Livro IV, 20:1,2).
“Já que o Espírito de Deus anunciava o futuro por meio dos profetas para
nos preparar e predispor à submissão a Deus, e que este futuro importava
que o homem, pelo beneplácito do Pai, visse a Deus, era necessário que
aqueles pelos quais era predito o vissem a Deus que apontava á
contemplação dos homens, para que não fosse conhecido só
profeticamente como Deus e Filho de Deus, Filho e Pai, mas fosse visto por
todos os membros santificados e instruídos nas coisas de Deus e assim o
homem fosse formado e exercido anteriormente a aproximar-se da glória
destinada a ser revelada em seguida aos que amam a Deus. Os profetas não
profetizavam só com palavras, mas também com visões, com o
comportamento e as ações que faziam segundo a sugestão do Espírito.
Neste sentido viam a Deus invisível, como diz Isaías: ‘V1Com meus olhos o
Rei Senhor dos exércitos’ para indicar que o homem veria a Deus com seus
olhos e escutaria a voz dele. Nele sentido viam o Filho de Deus viver como
homem entre os homens”(Livro IV, 20:8).
Constantino E Nicéia
Não queremos aqui defender Constantino, não é possível dizermos se ele
era ou não um cristão genuíno, é difícil dizer isso de pessoas ao nosso redor
que se professam cristãs, quanto mais de um que viveu a tanto tempo
atrás, até mesmo os apóstolos tiveram dificuldades nisso (ver Gl 2:4; 2Co
11:26). Uma coisa é certa com respeito a Constantino, ele tinha simpatia ao
cristianismo e sem dúvida foi usado por Deus para fortalecer a doutrina da
Trindade, assim como Deus usou os imperadores Nabucodonosor para
castigar seu povo, Ciro para cumprir a profecia do retorno do povo de
Israel do exílio babilônico e César Augusto para promover o
recenseamento que fez Jesus nascer em Belém (confira Jr 27:4-11; Ed 1:1;
Lc 2:1).
O historiador Justo Gonzalez, em Uma História Ilustrada do Cristianismo,
volume II, diz sobre os bispos que compareceram em Nicéia:
“Não sabemos o número exato de bispos que assistiram ao concílio, mas ao
que parece foram uns trezentos. Para compreendermos a importância do
que estava acontecendo, recordamos que vários dos presentes tinham
sofrido prisões, tortura ou exílio pouco antes, e que alguns levavam em seu
corpo as marcas físicas da sua fidelidade. E agora, poucos anos depois
daqueles dias de provações, todos estes bispos eram convidados a se reunir
na cidade de Nicéia, e o imperador cobria todos os seus gastos. Muitos dos
presentes se conheciam de ouvir falar, ou por correspondência. Agora, pela
primeira vez na história da igreja, eles podiam ter uma visão física da
universalidade da sua fé. Eusébio de Cesaréia nos descreve a cena, em sua
obra ‘Vida de Constantino’:
‘Ali se reuniram os mais distintos ministros de Deus, da Europa, Líbia (isto
é, Africa) e Ásia. Uma só casa de oração, como ampliada por obra de Deus,
abrigava sírios e cilícios, fenícios e árabes, delegados da Palestina e do
Egito, tebanos e líbios, junto com os que vinham da Mesopotâmia. Havia
também um bispo persa, e tampouco faltava um cita na assembéia. Ponto,
Galácia, Panfília, Capadócia, Ásia e Frígia enviaram seus bispos mais
distintos, bem como os que moravam nas regiões mais remotas da Trácia,
Macedônia, Acaia e Epiro. Até mesmo da Espanha um de grande fama
(Ósio de Córdoba) se sentou como membro da assembléia. O bispo da
cidade imperial (Roma) não pôde participar por causa da idade avançada,
mas seus presbíteros o representaram. Constantino é o primeiro príncipe
de todas as épocas que juntou semelhante grinalda mediante o vínculo da
paz, e apresentou a seu salvador como oferta de gratidão pelas vitórias que
conseguiu sobre seus inimigos”
É digno de nota que os autores da “Deve-se Crer...” vêem os bispos de
Nicéia como autênticos cristãos, e se assim o eram, porque não cremos que
pelo Espírito Santo neles não se tornaram no Concílio os que dominaram
as questões? Isso é mais provável à luz da Bíblia que as especulações dos
autores dessa revista. Jesus disse: “Sereis até conduzidos à presença dos
governantes, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho
a eles e aos gentios. Mas quando vos entregarem, não vos dê cuidado como,
ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o
que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de
vosso Pai que fala em vós” e acrescentou: “Portanto não temais...não
temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes,
aquele que pode fazer parecer na Geena tanto a alma como o corpo”(Mt
10:18-20,26,28). E sabemos que isto se cumpriu, Paulo diante de reis sem
nenhuma inclinação para o cristianismo conseguia deixá-los até com medo
(At 24:24), por que então as Testemunhas de Jeová só enxergam o lado
humano do concílio, se admitem que havia homens de Deus ali??
Justo Gonzalez nos diz como aconteceu o Concílio:
“A assembléia aprovou uma série de regras para a readmissão dos que
tinham caído, sobre como os presbíteros e bispos deveriam ser eleitos e
ordenados, e sobre a ordem de precedência das diversas sedes.
A questão mais escabrosa, porém, que o concílio de Nicéia tinha de discutir
era a controvérsia ariana. Em relação a este assunto havia várias
tendências no concílio.
Em primeiro lugar, havia um pequeno grupo de arianos convictos,
liderados por Eusébio de Nicomédia – personagem importantíssimo em
toda esta controvérsia, que não deve ser confundido com Eusébio de
Cesaréia. Ário, por não ser bispo, não tinha o direito de participar das
deliberações do concílio. Seja como for, Eusébio e os seus estavam
convictos de que sua posição era correta, e que a assembléia, assim que
ouvisse seu ponto de vista exposto com clareza, daria razão a Ário e
repreenderia Alexandre por tê-lo condenado.
Em segundo lugar, havia um pequeno grupo que estava convencido de que
as doutrinas de Ário punham em perigo o próprio cerne da fé cristã, e que
por isto era necessário condená-las. O líder deste grupo era Alexandre de
Alexandria. Junto a ele estava um jovem diácono que depois ficaria famoso
como um dos gigantes cristãos do século IV, Atanásio.
Os bispos que procediam do oeste, isto é, da região do Império onde era
falado latim, não estavam interessados na especulação teológica. Para eles
a doutrina da Trindade estava resumida na velha fórmula enunciada por
Tertuliano mais de um século antes: uma substância e três pessoas.
Outro pequeno grupo – contando provavelmente com não mais que três ou
quatro pessoas – defendia posições próximas do patripassionismo, ou seja,
da doutrina de acordo com a qual o Pai e o Filho são a mesma pessoa, e que
por isto o Pai sofreu na cruz. Estas pessoas estiveram de acordo com as
decisões de Nicéia, mas mais tarde foram condenadas.
Por último, a maior parte dos bispos presentes não pertencia a nenhum
destes grupos. Para eles era uma verdadeira lástima o fato de Ário e
Alexandre se terem envolvido em uma controvérsia que ameaçava dividir a
igreja, agora que afinal a igreja gozava de paz em relação ao Império. A
esperança destes bispos, no início das reuniões, parece ter sido conseguir
uma posição conciliatória, resolver as diferenças entre Alexandre e Ário, e
esquecer a questão. Exemplo típico desta atitude é Eusébio de Cesaréia.
Nisto estavam as coisas quando Eusébio de Nicomédia, o líder do partido
ariano, pediu a palavra para expor sua doutrina. Ao que parece Eusébio
estava tão convicto da verdade do que dizia, que tinha certeza que os
bispos, assim que ouvissem uma exposição clara de suas doutrinas, as
aceitariam como corretas, mas quando os bispos ouviram a exposição das
doutrinas arianas sua reação foi bem diferente do que Eusébio esperava. A
doutrina de o Filho ou Verbo ser somente uma criatura – por mais exaltada
que fosse esta criatura – parecia-lhes atentar contra o próprio âmago da
sua fé. Aos gritos de ‘blasfêmia!’, ‘mentira!’ e ‘heresia!’ Eusébio teve de se
calar, e conta-se que alguns dos presentes lhe arrancaram seu discurso, o
rasgaram em pedaços e o pisotearam.
O resultado de tudo isto foi que a atitude da assembléia mudou. Antes a
maioria quisera tratar o caso com a maior suavidade possível, e talvez
evitar que algum lado fosse condenado, mas agora a maior parte estava
convencida de que era necessário condenar as doutrinas expostas por
Eusébio de Nicomédia.
No começo tentou-se fazer isto somente com citações bíblicas. Mas logo
ficou claro que os arianos podiam interpretar qualquer citação de uma
maneira que os favorecia – ou pelo menos que podiam aceitar – por esta
razão a assembléia decidiu compor um credo que expressasse a fé da igreja
em relação às questões do debate.
Em “Porque Devo Crer Na Trindade”, Bowman oferece provas de que
Constantino não era tão pagão assim como querem as Testemunhas de
Jeová (página 38) e acrescenta sobre as outras declarações delas referente
ao concílio: “A brochura da Torre de Vigia passa, em seguida, a citar a
Enciclopédia Britânica (uma edição anterior) relatando que Constantino
‘pessoalmente propôs... o preceito crucial, que expressa a relação de Cristo
com Deus no credo instituído pelo concílio, de uma só substância com o
Pai’”. O que está omitido aqui é que Constantino fez essa proposta
provavelmente mediante a sugestão do seu conselheiro teológico, Hósio,
um bispo da Espanha. Além disso, a idéia exprimida pelo termo não era
nova.”
“A brochura concluiu, então, que Constantino ‘interveio e decidiu em favor
dos que diziam que Jesus era Deus’. Isso é simplesmente falso. O que
Constantino fez foi encorajar os bispos a alcançar um consenso tão perfeito
quanto possível, e então empregou sua autoridade política para depor
aqueles poucos que insistiam em se opor aquele consenso. A vasta maioria
dos bispos acreditavam com firmeza que Jesus é Deus, se não fosse assim,
teria sido contrário ao propósito de Contantino ‘decidir em favor dos que
diziam que Jesus era Deus’ ”.
“O credo que o concílio realmente adotou, redigido por Eusébio da
Cesaréia, descreveu Cristo como ‘Deus de Deus’, mesmo antes da sugestão
por Constantino da expressão ‘de uma só substância com o Pai’. Antes de
esse credo ter sido redigido e aceito, outro credo, redigido por Eusébio de
Nicomédia, um ariano, fo1Considerado. Embora a maioria dos bispos do
concílio pertencesse ao Oriente, onde havia mais arianos, o concílio
‘rejeitou totalmente’ o credo ariano, porque negava que Jesus era Deus
(Heresies, 117). Quanto ao credo trinitariano, a única parte dele com que
muitos bispos orientais não se sentiam à vontade era a expressão: ‘de uma
só substância com o Pai’. O motivo não era porque subentendia que Jesus
era Deus (o que a maioria tomava por certo), nem porque era trinitariano,
mas porque para eles soava por demais como o monarquianismo, que dizia
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram uma só pessoa.
A informação de que somente “uma fração do total” do número dos bispos
compareceu ao concílio, também é explicada por este autor: “não deve ser
interpretada no sentido de subentender que o concílio era composto de
modo favorável aos trinitários, deve ser explicado que a situação era bem
inversa. A maioria dos bispos provinha do Oriente, onde se achava a
maioria dos arianos: bem poucos bispos vieram do Ocidente, embora o
Ocidente fosse solidamente trinitário”.
Com respeito aos acontecimentos depois do concílio de Nicéia, acrescenta:
“Embora Constantino tenha apoiado o trinitarismo em Nicéia, esse não foi
o fim da controvérsia ariana. A brochura das Testemunhas de Jeová atenua
os fatos quando confessa: ‘os que criam que Jesus não era igual a Deus até
mesmo recuperaram temporariamente o favor’. Na realidade, Constantino
inverteu sua opinião em 332 d.C. , sete anos depois do concílio de Nicéia, e
passou a apoiar Ário. Durante 45 anos dos 49 que se seguiram, os arianos
gozavam o favor dos imperadores romanos (conforme: Bray – Creeds,
councils and christ, 109). Durante boa parte desse período, Atanásio, um
dos trinitarianos principais de Nicéia, era praticamente o único líder
cristão que não se dispunha a entrar num meio-termo com os arianos, e
assim surgiu o ditado ATHANASIUS CONTRA MUNDUM (Atanásio
contra o mundo). Mas em 381 o imperador Teodósio, que creditava na
Trindade, declarou o cristianismo trinitarino a religião oficial do império, e
convocou o concílio de Constantinopla, onde foi adotado um credo ainda
mais explicitamente trinitariano”
“Muitas pessoas, inclusive as Testemunhas de Jeová, declaram-se
escandalizadas diante do estabelecimento do trinitarismo pelo Império
Romano como sua religião oficial. Isso não deixa subentendido que a
doutrina da Trindade era, dalguma forma, mais pagã do que cristã, e que
foi aceita pelas massas somente porque era a ordem ditada pelo imperador
??”
“A resposta a essa pergunta é decididamente NÃO. No auge da
controvérsia ariana, entre 325 e 381, o arianismo era geralmente
reconhecido pelos imperadores como um sistema religioso mais atraente
do que o trinitarismo. O motivo disso era que o arianismo, que ensinava
que Jesus era uma criatura divina, dava a entender que uma criatura podia
ser um deus, podia ficar altamente exaltada e conseguir a obediência
incondicional dos homens. Essa idéia era atraente para os imperadores,
pois seus antecessores pagãos frequentemente exigiam a adoração dos
súditos, e achavam mais fácil governar se o povo os considerassem divinos,
nalgum sentido. O trinitarismo, por outro lado, mantinha que a totalidade
da divindade pertencia ao Deus trino e uno, e mantinha uma distinção
mais nítida entre o Criador e a criatura; assim, deixavam subentendido que
o imperador era mero homem comum. Que um imperador romano
declarasse o cristianismo trinitariano como a religião oficial do seu império
é, portanto, surpreendente, e sugere que a preocupação com a verdade
pesou na balança mais do que a conveniência política”(páginas 39,40).
É interessante que na conclusão do tópico “O Papel De Constantino Em
Nicéia” da página 8 da revista, as próprias Testemunhas de Jeová, na ânsia
de propor mais um argumento, o de que o concílio de Nicéia não formulou
um credo trinitariano, terminam por admitir que os bispos em Nicéia
defenderam a Divindade idêntica de Jesus com o Pai, veja: “Nenhum dos
bispos em Nicéia promoveu uma Trindade, porém. Eles decidiram apenas
a natureza de Jesus, mas não o papel do espírito santo”(Grifos nossos).
Assim , elas mesmas destroem a tentativa de provar que o credo era de
Constantino e admitem que o concílio realmente confirmou que Jesus era
Deus da mesma natureza do Pai.
Se analisarmos bem poderemos perceber porque ficou para os imperadores
a incumbência de convocarem os concílios de Nicéia e Constantinopla.
Naquela período a Igreja não possuía líder terreno, uma pessoa que
centralizasse para si a direção geral das congregações cristãs ( O que prova
que a chamada sucessão papal da Religião Católica não é verdadeira).
Quando surgiu a controvérsia ariana negando a plena Divindade de Cristo,
pondo em risco a unidade da Igreja e a fé apostólica, tanto os bispos como
o imperador Constantino se viram obrigados a resolver a questão, sendo
que para ele a unidade da Igreja era importante porque em certo sentido
era também a unidade do seu próprio império. E assim fo1Convocado o
concílio e por isso também se deduz que a decisão do concílio refletia o
pensamento ou confissão de fé mais destacada, histórica e abrangente, que
era a de Jesus ser igual a Deus.
Quando o arianismo começou a ganhar adeptos entre os pagãos, já que eles
estavam se professando cristãos, por uma óbvia questão de conveniência
(afinal, o imperador tinha abraçado o cristianismo), o número de arianos
acabou por ser maior que o de cristãos realmente convertidos. Por isso o
imperador posteriormente, como já vimos, aderiu a posição ariana.
Com a subida de Teodósio ao trono, houve o concílio de Constantinopla, e
o porquê do trinitarismo ser proclamado como a posição oficial do império
constitui-se, para mim, uma prova da intervenção divina, pois nada
justificaria essa decisão.
O Credo Atanasiano
O comentário da página 9 em que os autores da “Deve-se Crer...” tratam do
credo Atanasiano, em si mesmo, possui muita pouca consistência. No
início eles afirmam “Atánasio foi um clérigo que apoiou Constantino em
Nicéia”, um pouco mais adiante vemos eles numa luta, usando os peritos
para provar que Atanásio não foi o elaborador do credo mais bem definido
da Trindade. Vemos assim que por um lado as Testemunhas de Jeová
consideram Atanásio um homem de Deus, mas por outro, um covarde e
cúmplice de uma heresia, deixando claro uma confusão e uma indefinição
por suas manobras de conveniências. Deviam primeiro dizer o que
realmente acham de Atanásio, mas sabem por que não dizem? Porque a
argumentação ficaria fraca e abriria porta para facilitar a contestação, pois
Atanásio foi um grande homem de Deus e um defensor da doutrina Bíblica
da Trindade, assim como todos os grandes homens de Deus que a história
conseguiu registrar.
É assombroso de ridículo a maneira cheia de ênfase que os autores da
“Deve-se Crer...” concluem o tópico, dizendo: “Portanto, LEVOU SÉCULOS
desde o tempo de Cristo para que a Trindade viesse a ser plenamente
aceita pela cristandade”. Ora, eles no parágrafo anterior estabelecem a data
do quarto século (300-400) como a mais provável da elaboração do credo,
e agora já buscam estender essa data pelo aspecto da sua aceitabilidade
pela cristandade por pura especulação. Mas o cômico disso é quando
contrastamos essas datas da formulação do credo e da sua aceitabilidade
com o período do surgimento das Testemunhas de Jeová (1890-1914), já
agora em pleno século vinte. Meditemos bem, são 20 vezes 100 anos
depois de Cristo!! Esse “LEVOU SÉCULOS” é ridículo quando fazemos a
comparação.
A declaração que o credo da Trindade era desconhecido da Igreja Oriental
até o século 12 (página 9) é completamente falsa e sem a menor condição
de ser sustentada. Primeiro, porque foram exatamente os bispos do
Oriente que solicitaram a Constantino a convocação para o concílio
Constantinopla que formulou este credo.
Segundo, porque a maior parte dos bispos do concílio proviam da Igreja do
Oriente.
E terceiro, porque não teria sentido ter havido no século V dois concílios
que tratavam de assuntos intimamente relacionado com a Divindade de
Cristo se o credo não fosse amplamente conhecido, sendo que um deles, o
de Calcedônia (em 451), que decidiu as duas naturezas de Cristo (Divina e
humana), compareceram 520 bispos, número maior que de qualquer
concílio anterior.
Quando a Nova Enciclopédia Britânica diz que o credo não era conhecido
da Igreja Oriental está se referindo a controvérsia chamada “Filioque”.
Sobre isto o historiador Justo L. González em “Uma História Ilustrada do
Cristianismo”, volume 3, páginas 157 e 158, explica-nos: “Esta palavra
significa ‘e do Filho’, que algumas igrejas ocidentais tinham interpolado no
credo Niceno, de modo que onde a igreja Oriental dizia ‘e no Espírito Santo
que procede do Pai’, algumas igrejas Ocidentais começaram a dizer ‘no
Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho’. Ao que parece a palavra
‘Filioque’ foi acrescentada pela primeira vez na Espanha, e dali passou para
o reino dos francos. Em todo caso, na capela real de Aix-le-chapel, a capital
de Carlos Magno, costumava-se incluir esta palavra no credo. Quando
alguns monges procedentes do reino franco se apresentaram em Jerusalém
e repetiram o credo com a estranha interpolação, causaram um escândalo
na Igreja Oriental, que perguntaram quem tinha dado autoridade aos
francos para mudar o antigo credo, aceito pelos concílios e por todos os
cristãos ortodoxos”
Portanto, a Igreja Oriental não conhecia era ESSE credo (com esta
interpolação feita provavelmente na Espanha e divulgada pelos francos –
franceses) e não o credo original, que de tão bem conhecido, os fez rejeitar
àquele, diferente em apenas uma palavra.
O que notamos nessas considerações das Testemunhas de Jeová sobre a
formulação do credo da Trindade por Atanásio, é um desespero tremendo
em tentar dar uma data menos antiga a esse credo. Elas sabem que quanto
mais distante for uma crença dos primeiros séculos da Igreja cristã mais
sem prestígio ela se torna. O que não passa pela cabeça das Testemunhas
de Jeová é que elas mesmas não possuem mais de cem anos de existência.
As idéias de que somente 144 mil irão ao céu, da inexistência do castigo
eterno, da mortalidade da alma e quase todas as suas doutrinas são
totalmente ignoradas em toda a história da Igreja. É, portanto, muita falta
de consciência e sensibilidade! Se as Testemunhas de Jeová são a
verdadeira Igreja de Jesus, devemos concluir que ela não foi fundada no
primeiro século ou que Jesus mentiu quando disse que as portas do inferno
não prevaleceriam sobre ela (Mt 16:18) e que Paulo se equivocou quando
disse que a Igreja de Cristo existiria em TODAS AS GERAÇÕES (Ef 3:21).
Mas voltando a Atanásio, tudo leva a crer que ele foi o elaborador do credo,
se não foi ele, as opções seriam ou Basílio de Cesaréia, ou Gregório de
Nissa ou Gregório de Nazianzo, outros grandes homens de Deus do século
quatro, o certo é que todos eles defenderam a doutrina da Trindade e que
tiveram uma importância fundamental para que ela fosse reconhecida no
concílio de Contantinopla.
A verdade é que a Enciclopédia Britânica está afirmando era que o credo
com a interpolação “Filioque” não era de Atanásio, mas de origem
Espanhola ou Francesa.
Para finalizar citamos algumas partes do credo:
“Adoramos um Deus em Trindade, e a Trindade em unidade; não
confundindo as pessoas, nem dividindo sua substância. Pois existe uma
pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo. Mas a Deidade do
Pai, do Filho e do Espírito Santo é toda uma só; a glória é igual e a
majestade é coeterna. Tal como o Pai, tal é o Filho e tal é o Espírito Santo,
o Pai é incriado, o Filho é incriado, e o Espírito Santo é incriado. O Pai é
imensurável, o Filho é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é
eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, no entanto, não são
três eterno, mas apenas um eterno. Da mesma forma, não há três
incriados, nem três imensuráveis, mas um só incriado e um imensurável.
Assim também o Pai é onipotente, o Filho onipotente e o Espírito Santo é
onipotente. No entanto, não há três onipotentes, mas sim, um onipotente.
Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No entanto,
não há três deuses, mas um Deus. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e
o Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três senhores, mas um Senhor.
Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada pessoa
individualmente como Deus e Senhor. Assim também ficamos privados de
dizer que haja três deuses ou senhores... Mas as três pessoas são coeternas,
são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi
dito, tanto a unidade na Trindade como a Trindade na unidade devem ser
adoradas”
Como se vê o credo é claro e minucioso, tudo para não deixar alguma
dúvida. Cada pessoa da Trindade é Deus e no entanto não são três deuses,
mas um só. Portanto este é o credo e esta é nossa conclusão: O Deus dos
cristãos é três vezes em unidade mais poderoso que o deus das
Testemunhas de Jeová, sendo realmente Todo-poderoso.
O Platonismo Da Trindade
Com respeito a influência platônica sobre a doutrina da Trindade,
podemos afirmar tranquilamente que a platonismo apenas foi usado para
esclarecer a doutrina, mas não por pessoas fora da Igreja. Em Jo 1:1 o
apóstolo João se vale da filosofia platônica para designar o Senhor Jesus
Cristo. Ele o chama de “LOGOS” vocábulo filosófico do primeiro século que
se traduz deficientemente por “VERBO” ou “PALAVRA” em português.
Esse termo tinha uma rica e forte significação no tempo do apóstolo João,
referia-se a “razão do universo”, “aquilo que explica”, o “entendimento
eterno”. João ao escrever que Jesus era no princípio o LOGOS, estava
dizendo que Ele era a mente de Deus. Ora, a nossa mente é, em sentido
mais profundo e essencial, o que somos; assim, Jesus sendo chamado de
“LOGOS” estava sendo reconhecido com a ALMA DE DEUS; desta forma é
incorreta a interpretação das Testemunhas de Jeová que vêem nesse termo
a idéia de que Jesus fosse aquele que transmitia as mensagens de Deus.
Jesus era, portanto, a própria personalidade de Deus, a sua razão, os seus
pensamentos e idéias, sua gnose.
Usando esse vocábulo, que foi utilizado pela primeira vez pelo filósofo
Fílon de Alexandria (contemporâneo de Jesus), que procurou mostrar a
compatibilidade da cultura helênica e a religião hebraica, João asseverou a
igualdade de Jesus com o Pai. Quem lia Jo 1:1 no século primeiro não tinha
dúvida que João dizia que Jesus era o próprio Deus.
Deve ser levado em conta que quando João escreveu seu Evangelho o
gnosticismo era a principal heresia. Para os gnósticos, Jesus era Deus e,
por ser, não poderia ter se misturado com a matéria criada pelo deus
inferior que chamavam “demiurgo”, o deus que, segundo eles, dominou
todo o Antigo Testamento. Para os gnósticos, Jesus era um Deus espiritual
que se opunha ao Deus material, e por isso não poderia ter se unido a
matéria. Quando João chamou Jesus de LOGOS e disse que Ele havia
criado tudo (Jo 1:1,2), imediatamente ele confirmou que Jesus era o Deus
espiritual superior dos gnósticos, os quais lhe davam esse mesmo título.
Mas quando disse no verso 14 que Verbo havia se encarnado, ele deixou
claro que os gnósticos estavam errados. Assim, João tinha dois objetivos
básicos no prólogo do seu Evangelho: Dizer que Jesus era Deus e
confirmar que Ele havia realmente se encarnado.
É com respeito aos gnósticos que João escreveu em 1Jo 4:3: “E todo
espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de
Deus”(ver ainda 2Jo 7). Os gnósticos, portanto, eram um tipo de
Testemunha de Jeová ao contrário. Eles acreditavam que Jesus era Deus,
mas recusavam terminantemente a reconhecer sua real encarnação e
humanidade. No caso das Testemunhas de Jeová, elas negam Sua
Divindade, considerando apenas sua humanidade. Estes são os fatos; esta é
a verdade!
Sobre as idéias do Logos divino, diz Roque Frangiotti, citando eminentes
eruditos em seu livro “História da Teologia – Período Patrístico, páginas
106,107:
“O que mais decisivamente parece ter influenciado a reflexão teológica dos
pais da Igreja foi a teoria do Lógos. Para o filósofo judeu-alexandrino,
Fílon, é o Lógos a regra segundo o qual Deus criou o mundo e a luz que
ilumina o homem. Foi dessa mesma luz que Platão apreendera a verdade.
Fílon, morto em 54 d.C. , exerceu, certamente, enorme influência em
muitos pensadores cristãos da Igreja primitiva. Sua filosofia judaico-
platônica oferece a maioria dos alinhamentos não só à doutrina cristã, mas
também às diversas seitas gnósticas.
A filosofia de Fílon se apresenta como interpretação alegórica da Bíblia, do
Gênesis em particular e como a primeira forma de platonismo muito
diferente da doutrina de Platão. A teologia atinge, em seu sistema, lugar
primordial. Deus, absoluto conhecimento e amor, pode tudo, menos o mal.
Entre o mundo inteligível de seu pensamento e o mundo sensível que ele
criou e o que é o melhor possível, o intermediário supremo é o Lógos, ou
Verbo, ou Razão, Palavra criadora, chamado ‘Filho de Deus’ e Sabedoria,
coeterno com o Pai e intercessor dos homens junto a ele.
Pessoalmente, inclinamo-nos à opinião de que as especulações dos gregos
acerca do Lógos não eram desconhecidas ao evangelista João, posto que o
quarto Evangelho foi redigido em Éfeso, onde, a partir de Heráclito, se
empregou o termo Lógos para designar a inteligência cósmica ou razão do
mundo, princípio fontal do ser e do conhecimento. É provável que
conhecesse também as especulações de Fílon, o filósofo judeu, que via no
Lógos a idéia divina do mundo, e o meio pelo qual Deus opera no
mundo”(grifos nossos).
É muito válido aqui também o que diz José Silveira da Costa (Doutor em
Filosofia na universidade Santo Tomás de Aquino de Roma) sobre a
primeira fase da patrística, observe quem ele cita:
“Essa primeira fase Patrística é representada pelos apologistas, como São
Justino (o mártir), Tertuliano e outros para os quais prevalecia uma
reflexão racional e jurídica visando a defesa cristã caluniada e perseguida
pelos pagãos. Mas, à medida que o cristianismo foi tomando força e
adquirindo prestígio dentro do Império Romano surgiram sistemas
filosóficos-teológicos bem mais elaborados, capazes de confronta-se em pé
de igualdade com os sistemas filosóficos ainda remanescentes do
helenismo (cultura grega). É assim que vamos encontrar na escola cristã de
Alexandria, no Egito, figuras como Clemente de Alexandria (145-215 d.C.)
e Orígenes (185-253 d.C.) cujas doutrinas constituem verdadeiras sínteses
entre o que havia de mais importante na especulação filosóficas da época e
núcleo de toda a dogmática cristã”.(Tomás de Aquino – a razão a serviço
da fé – página 12).
O que vemos, portanto, desta fonte neutra, é que os pais pré-Nicéia foram
bastante influenciado pela filosofia grega. É o que tinha em mente os
autores das diversas obras citadas na página 11 da revista “Deve-se Crer...”.
Nesta altura é cabível um reflexão: A filosofia não é boa e útil? Não foi ela
com seu estudo da lógica que organizou toda a nossa civilização, e que tudo
indica, continuará por toda a nossa existência regendo este nosso mundo?
Sim, ninguém pode negar esses fatos, algumas partes da filosofia são tão
irrefutáveis quanto o cristianismo e sua esperança na fé. Se, pois, os
apóstolos e os pais apostólicos se valeram dos instrumentos da filosofia
para defenderem o credo da Trindade, até certo ponto incompatível com a
razão, é muito surpreendente. E o bom de tudo isto, é que o credo foi
elaborado, como já vimos, em claras definições dos termos, e no entanto é
impossível rejeitá-lo sem que nos tornemos politeístas e contrários ao
cristianismo. O único escape para as Testemunhas de Jeová é se
converterem ao judaísmo.
No entanto, apesar do platonismo ter sido usado pelo apóstolo João e os
pais gregos para explicar a Divindade de Cristo, este uso não foi pleno, foi
moderado pela verdade sagrada, pois no sínodo de 374 e no concílio de
Constantinopla de 381 ficou definido que apesar de Jesus ser realmente
Deus, era também plenamente homem, tendo assim duas naturezas. E isto
não combinava com a filosofia platônica, como se viu na grande
controvérsia do concílio de Calcedônia, onde os novos teólogos
alexandrinos (que interpretavam a fé à luz da filosofia platônica de modo
mais global), entendiam que “o importante era descobrir as verdades
eternas, assim como Platão tinha tentado conhecer o mundo das idéias
imutáveis. O cristianismo era acima de tudo à verdadeira filosofia, superior
ao platonismo, não porque fosse diferente deste, mas porque o superava. A
Bíblia era um conjunto de alegorias em que o leitor instruído poderia
descobrir as verdades eternas”. Deste ponto de vista, ao tratar da Pessoa de
Jesus Cristo, o que importava aos novos teólogos alexandrinos era sua
função como mestre das verdades eternas, como revelação do Pai inefável.
Sua humanidade não passava de instrumento através do qual o Verbo
divino se comunicava com os seres humanos (Justo L. González, Uma
História Ilustrada do Cristianismo, volume 3, página 90). Assim,
claramente se percebe que a filosofia platônica se adaptava mais a
interpretação gnóstica que Jesus não possuía um corpo humano.
Diz também José Silveira da Costa noutra parte que, Justino (o mártir)
antes de ser cristão foi um profundo estudioso da filosofia grega, e muito a
utilizou para defender o cristianismo, que achou ser a verdadeira filosofia,
onde os princípios da lógica e da razão se abraçavam perfeitamente. Assim,
ele se utilizou pela primeira vez da arte da dialética (as técnicas do diálogo)
para defender o cristianismo. Ora, é isso o que as Testemunhas de Jeová
fazem na sua revista, é isso o que estamos fazendo agora. Justino (o
mártir), não tomou emprestado crenças pagãs como querem crer essas
enciclopédias eruditas. Ele defendeu o cristianismo pela filosofia, que nada
mais era do que o uso da razão, da lógica e do conhecimento matemático
para entender e explicar as coisas, a única dificuldade desse uso é que no
cristianismo nem sempre as coisas se explicam pela lógica, e é exatamente
nesse ponto onde ocorre o contra-senso da argumentação das
Testemunhas de Jeová, pois a Trindade não é uma doutrina que se entenda
perfeitamente pela razão, é muito mais uma questão de fé, desse modo fica
sem consistência essa idéia de que a doutrina da Trindade seja fruto da
filosofia grega.
Vale ainda citar do mesmo José Silveira da Costa quando ele diz de
Tertuliano:
“A orientação inaugurada por São Justino quando ao modo de entender as
relações entre a fé e a razão, a revelação e a filosofia, iria prevalecer entre
os pensadores cristãos, apesar da atitude contraria de alguns apologistas
latinos como Tertuliano (séc. II), para os quais era inadmissível qualquer
tipo de conciliação entre a religião cristã (Sabedoria Divina) e a filosofia
(sabedoria humana)”.
Vemos assim que Tertuliano foi averso ao uso da filosofia grega; ele foi um
apologista latino muito mais apegado à Bíblia na sua defesa do
cristianismo do que ao platonismo. Mas na presente questão (a crença na
Trindade) em nada foi diferente de Justino, foi ele o segundo a procurar
uma palavra para definir essa doutrina; isso é tão inegável que o único
recurso usado pelos autores da “Deve-se Crer...” foi torcer, não os escritos
de Tertuliano, mas uma Enciclopédia Católica que, ironicamente, defende
a doutrina (pág. 5). Veja o tópico “A ‘Trindade’ Na Bíblia”.
Na grande verdade, os verdadeiros imitadores do pensamento e da religião
grega são as Testemunhas de Jeová. Os gregos criam num deus Todo-
poderoso (Zeus) cercado de vários outros deuses menores, dentre os quais
o mais famoso foi Hércules. Foram também os gregos que recusavam o
cristianismo pelo seu apego a fé e não a razão (1Co 1:23). Não são as
Testemunhas de Jeová que rejeitam a Trindade por não entendê-la???
Com respeito as fotografias da página 10, é bom o leitor não se
impressionar com elas que servem para iludir os desavisados. A maioria
das fotos, como já vimos na citação de Bowman, mas vale salientar, são
dum período posterior, na idade média, já muito depois da Trindade, como
credo, ser formulada. Apenas as fotos um (1), dois (2) e três (3) que
retratam tríades do Egito, Babilônia e Síria poderiam se usadas como
argumentos que os pagãos criam num tipo de trindade rudimentar, mas
elas remontam a um período muito antigo em relação ao período inicial do
cristianismo para terem exercido alguma influência. Vale ainda destacar
que as fotos não lembram a idéia de unidade entre as divindades tão
destacada na doutrina da Trindade. Apenas vemos três deuses juntos;
enxergar nelas um tipo de trindade é muito forçado e mais uma vez faz as
Testemunhas de Jeová ficarem numa posição difícil, pois acabam
admitindo que apenas a junção de três pessoas indicam uma trindade,
como elas mesmas discordam na página 23, quando falam dos textos
bíblicos onde encontramos o Pai, o Filho e o Espírito Santo juntos.
A Bíblia E A Filosofia
A posição platônica que busca os universais das coisas reais, os protótipos,
tende valorizar o invisível, o espiritual, e isto encontra certa similaridade
com o ensino do Novo Testamento. No entanto, quando essa valorização se
intensifica ao ponto de se considerar as coisas reais como más, tínhamos aí
a posição neoplatônica gnóstica, que nada tinha com os ensinos cristãos. O
Novo Testamento não ensinava que as coisas reais eram más (1Tm 4:1-4),
nem mesmo o corpo humano (Ef 5:26), o termo “carne” que aparece nos
ensinos neo-testamentários e poderia sugerir isso, na verdade refere-se a
tendência pecaminosa que está em nossos corpos (Rm 7:17-20) e não aos
nossos corpos como pensavam os gnósticos.
É digno de observação a grande semelhança que tem o platonismo e a carta
aos Hebreus. Nela encontramos que todos os acontecimentos do Antigo
Testamento eram tipos da verdade universal que era Cristo, até para as
coisas que acontecem atualmente a tipologia do Antigo Testamento é
mencionada (Hb 9:9; Gl 4:24). O escritor da carta diz “Ora, a fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se
vêem”(Hb 11:1), também diz “Abraão...Isaque e Jacó...esperavam a cidade
que tem fundamento e da qual o artífice e construtor é Deus [vale
comparar com Jo 14:1-3]...todos estes (Abraão, Isaque e Jacó) morreram
na fé, tendo recebido as promessas; mas vendo-os de longe, e crendo-os de
longe, e crendo-as e abraçando-os, confessaram que eram estrangeiros e
peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que
buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem, daquela de onde
haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas AGORA (Abraão,
Isaque e Jacó) desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também
Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes
preparou uma cidade” (Hb 11:8-16). Ver-se com clareza nesta passagem
que a fé dos patriarcas era projetada para as coisas invisíveis, espirituais,
perfeitas, ou como dizia Platão: universais. Ainda hoje, neste momento,
esses patriarcas exercem essa fé, pois no lugar de descanso onde estão
esperam a cidade celestial, como vemos no texto na palavra “AGORA”
(Derrubando a idéia de estarem inconscientes e de que o céu será
concedido apenas para os 144 mil).
Também concordando com conceitos platônicos, o apóstolo Paulo
escreveu: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como seu eterno
poder, como também sua própria Divindade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que
foram criadas” (Rm 1:20).
Assim, de certo modo ou até certo ponto o platonismo se assemelha ao
cristianismo.
Todavia, a filosofia cristã, se assim podemos chamá-la, não se adaptava
com a chamada posição filosófica aristotélica, onde as coisas reais eram
grandemente destacadas numa atitude contrária ao platonismo. Neste caso
a tendência era para materialismo, que acabou prevalecendo em nossa
civilização e que muito influenciou a teologia das Testemunhas de Jeová,
que desdenha o lado espiritual e se apega mais as coisas materiais, seus
livros e revistas sempre seduzem às massas pelos desenhos e fotos que
mostram uma terra paradisíaca. Também se preocupam mais com o
intelecto e racionalidade terrena do que com a sabedoria espiritual, que
superior àquela sempre leva o homem a uma humildade e vida frutífera
sem parcialidade e hipocrisia (Tg 3:13-18). OBS.: O verso 12 do texto
supracitado destaca: “Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que
exercitam a paz” e sob à luz desse versículo podemos refletir: Como as
Testemunhas de Jeová podem dar fruto de justiça se não estão em paz ou
comunhão com Deus? Se não estão em união com Deus, dentro da sua
família, a Igreja (ou como chamam: os ungidos), é impossível que possam
levar ou proporcionar paz aos homens!
A verdade é que o grupo religioso das Testemunhas de Jeová atraem as
pessoas pelo material, o visível, o palpável e acabam por praticarem um
distanciamento do homem material do Deus espiritual.
A confirmação que as T.J. possuem da salvação é quando vendem as
literaturas do grupo ou quando saem no campo repassando o que os seus
líderes inventaram. Em nada diferem na filosofia da Religião Católica com
seus ritos e formas externas com finalidades salvíficas.
Por outro lado o cristão autêntico (e admito que o número já está bem
reduzido) não possui sua paz com Deus por meio de seu serviço religioso,
mas pelo Espírito Santo, e sua esperança não se baseia pelo que vê ou
mentaliza, como disse Paulo: “Não atentando nós nas coisas que se vêem,
mas nas que se não se vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que
se não vêem são eternas” (2Co 4:18) e isto ele falou tendo como contexto a
ressurreição do seu corpo e, pelo modo como fala, usando sempre a
pluralidade de identificação comum, era a esperança de todos os cristãos
(2Co 4:14-5:10).
Apesar dos gnósticos com sua filosofia serem praticamente o oposto das
Testemunhas de Jeová, existe todavia uma conexão pelo aspecto da
preocupação e cuidado que girava em torno das coisas terrenas. Enquanto
os gnósticos se preocupavam com as coisas terrenas para atacar, as
Testemunhas de Jeová o fazem para abraçar. Por isso que podemos incluir
as Testemunhas de Jeová dentro do alvo do apóstolo Paulo quando
escreveu a carta de Colossenses e Efésios, que a meu ver são as melhores
epístolas para que uma T.J. possa se livrar da filosofia de sua religião.
Em Colossenses, por exemplo, Paulo fala da esperança reservada para os
cristãos no céu, que deve ser motivo do desenvolvimento da fé e do amor
(1:4,5); fala da inteligência espiritual em oposição a terrena, para que
pudessem dar frutos agradáveis a Deus (1:9,10); combate as filósofos que
estavam inchados em sua compreensão carnal, reduzindo o cristianismo
aquilo que viam e tocavam (2); aponta para o mundo invisível [“pensai nas
coisas de cima”, vale comparar com Mt 6:19-2 ] para que os cristãos
norteassem suas vidas para a plena obediência a Deus (3).
Referente a carta de Efésios também encontramos muitas coisas que
podem contribuir para ajudar as Testemunhas de Jeová. Paulo fala da
poderosa mente (trina) de Deus, fazendo tudo em conselho (1:9,11) para o
benefício dos homens, que podem ter convicção da esperança da herança
rica da glória pelo Espírito Santo em seus corações (1:13,14,18); o apóstolo
ora para que os cristãos tivessem aberto os olhos do entendimento pelo
espírito de revelação e sabedoria, para que soubessem tanto sobre da
grandiosa esperança da vocação [que é idêntica para todos – Ef 4:4], como
da riqueza da glória da herança dos santos e do sobreexecelente poder que
existe nos cristãos para vencerem o pecado, o diabo e o mundo, na
semelhança de Cristo, para que como Ele, chegassem ao reino celestial
(1:16-23).
No capítulo 2Paulo sintetiza da salvação pela fé em Cristo, cita a morte
espiritual e a operação que ocorre nos homens incrédulos pela influências
de forças invisíveis – demônios – (2:1,2); também menciona a unidade da
Igreja e sua formação por obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
deixando claro que Deus transformou dois grupos ( judeus e gentios) em
um (Igreja) e não noutros dois, com pensam os teólogos das Testemunhas
de Jeová.
O capítulo 3 de Efésios é riquíssimo e julgamos muito cruel ter que resumi-
lo. Mas nele encontramos um reforço do que é dito no capítulo 2 e a
verdade de que o Espírito Santo é a mente da Igreja (3:5); comenta
indiretamente a eternidade de Cristo, pois se foi “segundo o propósito
eterno (a Trindade) que fez Cristo Jesus nosso Senhor” (11) é sinal que Ele
sempre existiu. E trata ainda no final do grande amor de Deus revelado em
Cristo.
No capítulo 4 encontramos como deve ser administrada uma verdadeira
Igreja Cristã, através dos ministros locais (Evangelistas, Mestres e
Pastores), um funda, outro ensina e o outro dirige, tudo numa busca de
unidade inspirada na obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo [o contexto
não menciona o unidade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas a
unidade ou finalidade harmônica de cada um na obra de salvação e a
unidade da Igreja, porque poderia se pensar que os ministros fossem
encontrados em uma pessoa (como na Religião Católica) ou num grupo
limitado (como no caso do chamado Escravo Fiel e Discreto, os
remanescentes dos 144 mil, das T.J., que governam dos Estados Unidos e
pensam pelo grupo)].
No capítulo 5, Paulo, continuando as exortações iniciadas no capítulo
anterior, insiste que os cristãos devem imitar a Deus, imitando a Cristo;
exorta-os a se encherem do Espírito Santo e amarem as suas esposas que
são uma unidade com eles e um tipo da união entre Cristo e a Igreja.
No capítulo 6, mais uma vez encontramos o mundo invisível, de espíritos
pessoais do mal e não de forças ou influências inspirativas (até do
subconsciente) como querem os materialistas de nosso tempo e,
novamente, as Testemunhas de Jeová, que interpretam e aplicam estes
conceitos ao Espírito Santo (usando às vezes sem a menor reverência a
eletricidade e as ondas de rádio como modelos de comparação). Para
vencer esses inimigos espirituais que, utilizando o corpo e a mente dos
homens, combatem a Igreja, precisamos dentre outras coisa: da fé (e não
de intelectualidade de respostas prontas),e da convicção de salvação, e da
Bíblia interpretada pelo Espírito Santo (a espada do Espírito, v.17) e de
sempre orar e suplicar por este mesmo Consolador divino (v.18).
Essas considerações reduzidas servem para mostrar que existe uma
filosofia cristã, mas que esta não se encaixa na das Testemunhas de Jeová,
possui certa conexão sim, com o platonismo, que apesar de ser anterior ao
pensamento aristotélico, foi o escolhido pelos mestres primitivos não para
fundar ou estabelecer o cristianismo, mas para explicá-lo e apresentá-lo à
sociedade helênica. Não foi à toa que alguns desses professores da era pós-
apostólica julgassem que Platão fosse um tipo de cristão não aperfeiçoado
(se bem que parece que apenas disseram isso como um recurso para
familiarizar o cristianismo aos gregos, pois muitos pensavam que os
cristãos eram canibais, por ouvirem ditos que ele comiam sangue e carne,
que eram prováveis referência a santa ceia, interpretadas literalmente).
Neste ponto é onde podemos apresentar uma das grandes contradições da
Testemunhas de Jeová e lamentavelmente de muitos cristãos autênticos.
Como vimos, a carta de Efésios fala no capítulo 6 que o cristão não
combate contra a carne e o sangue, mas contra os principados e poderes,
contra demônios-príncipes que com suas hostes espirituais da maldade
prendem e subjulgam os homens com filosofias, idéias, emoções e
vontades contrárias a Deus. Ora, se assim é, torna-se lógico que não é
correto o cristão se envolver com guerra e a política que costuma orientá-
la. Por isso é surpreendente que as Testemunhas de Jeová tenham optado
em não se envolver com as forças armadas e as políticas deste nosso
sistema iníquo, que com democracia, comunismo ou capitalismo, nunca
resolvem ou resolverão os problemas deste mundo que não tem mais
esperança (“os pobres sempre existirão” de Jesus prevalece até nossos
dias).
Mas é provável que este posicionamento correto das T.J. advenha na
verdade de uma estratégia apenas para rivalizar com o erro de boa parte do
cristianismo histórico. O que elas não contaram é que a Igreja de Jesus na
sua forma mais primitiva, de estar plenamente separada do mundo,
conseguiu sempre testemunhar desta verdade, falo dos Donatistas,
Valdenses, Albigenses, Anabatistas e seus atuais descendentes.
Estes ainda zelam e se regem pelos valores espirituais, até mesmo nas
roupas e outros pequenos detalhes. Possuem sua filosofia de fé na palavra
de Deus, e por ela, lutam, sofrem, são discriminados, criticados, chamados
de ingênuos e até mesmo de ‘incompreensíveis que crêem em ensinos
incompreensíveis’, como é a Trindade. Mas esta é a filosofia da Bíblia e
nosso melhor escudo de defesa – a fé.
O Lugar Da Trindade
Relativo ao texto de Mt 20:23, onde os discípulos Tiago e João pediram a
Jesus para sentarem no Seu Reino um a direita e outro a esquerda, e Jesus
disse que não podia concedê-lo, mas que estes lugares era para quem o Pai
havia reservado, na verdade é uma alusão a Trindade, é óbvio que o Pai, o
Filho e o Espírito devem sentar juntos no trono de Deus. Deve-se ainda
lembrar que se naquele momento, em que Cristo estava como homem, Ele
não podia conceder o privilégio de João e Tiago sentarem a sua direita e
esquerda, a coisa muda de figura quando Ele detém suas prerrogativas
divinas, note: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu
trono; assim como eu venci, e me assente1Com meu Pai no seu trono”(Ap
3:21). Todavia, deve-se entender que de certo modo as três Pessoas da
Trindade continuarão sentadas juntas de um modo insubstituível, como
Jesus disse os lugares dos três estão reservados, se a pergunta foi dirigida
ao Pai a mesma resposta Ele teria dado.
Jesus É A Vida
Quem disse que Deus morreu quando Jesus morreu na cruz? A morte em
questão foi a do homem-Jesus, Jesus-Deus é a própria vida (Jo 14:6; I Jo
1:2; 5:12,20), se Jesus-Deus morresse a vida desapareceria do universo,
teríamos um nada absoluto. Mas o morte de Cristo refere-se apenas ao ser
lado humano, se não fosse assim como Ele poderia ressuscitar a Si mesmo,
como Ele próprio dissera em Jo 2:19-22? Como o universo teria ficado
sustentado, se é pela palavra de Jesus que ele assim está? (Hb 1:3).
O Outro Ajudador
A argumentação de que o Espírito Santo só recebe os pronomes pessoais
masculinos por causa da palavra “AJUDADOR”, que é do gênero
masculino, é totalmente desarticulada se lembrarmos que a palavra
fo1Conferida ao Espírito Santo, exatamente porque Ele é uma Pessoa.
Dizer que o uso dos pronomes pessoais é por causa da palavra no gênero
masculino é ir aos afluentes da questão; o fato é que a palavra nesse gênero
pessoal é dada ao Espírito de Deus, é isso que elas deveriam tentar
explicar.
Curiosamente a argumentação das T.J. sobre o uso do pronome em
conexão com o gênero das palavras empregadas, acaba explicando o
porquê do Espírito receber o pronome neutro já que Ele é uma Pessoa.
Ao dizer que os tradutores procuram ocultar que a palavra “espírito”
recebe o pronome neutro, para não apontar a possível idéia de que o
Espírito Santo não fosse uma pessoa é contestada pela própria citação de
uma obra trinitária que destaca isso. Na verdade não há nenhuma omissão
consciente, afinal a palavra “espírito” é aplicada a seres pessoais, como os
anjos, os demônios, homens, Jesus e Deus (Hb 1:7; Ef 2:2; Hb 12:23; I Jo
4:1; Ap 22:6; Rm 8:9; 1Co 15:45; Jo 4:24). Há um ocultismo sim, quando
os escritores da “Deve-se Crer...” não colocam o termo “OUTRO” com a
palavra “Ajudador”, o que deixaria claro que o Espírito Santo é igual a
Jesus, pois na língua grega existem duas palavras para designar o terno,
uma para seres diferentes (HÉTEROS), como em At 23:6; 1Co 15:40, e
outra para seres iguais (ÁLLOS), que Jesus usou para Ele e o Espírito
Santo em Jo 14:16. Nosso Senhor queria dizer que enviaria um Ajudador
idêntico a Ele, tanto seria, que Ele diz a seus discípulos para não se
entristecerem, pois lhes daria uma pessoa que os trataria como filhos, por
isso não ficariam orfãos com sua partida, teriam um Pai igualzinho a Ele.
Os Textos Trinitários
Os textos de Mt 28:9; 1Co 12:4-6 e 2Co 13:13 apesar de não serem
versículos que procuram definir ou elaborar a doutrina da Trindade, são
contudo importantes para vermos as funções das três Pessoas da
Divindade, bem como da sua unidade por sempre mostrarem as três
unidas.
Mateus 28:9 nos diz: “Portanto (por ter Jesus todo o poder no céu e na
terra, verso 8) ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os no
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Este texto é o que poderíamos
chamar da assinatura de Deus aprovando o Evangelho, enquanto que em
Mt 3:16,17 referente ao batismo de Jesus seria o aval inicial. O versículo
prova a Trindade porque o termo “Nome” está no singular, apontando uma
unidade das três Pessoas. A ordem das Pessoas é também significativa,
bem como a relação do versículo com o anterior, onde Jesus afirma Ter
todo o poder no céu e na terra. O verso e contexto ainda falam em termos
absolutos: TODO o poder, TODAS as nações, TUDO o que foi ensinado,
TODOS os dias, o que infere diretamente que Deus é citado em todas as
Pessoas. A pergunta do porquê de se batizar em nome do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo e não simplesmente em nome Daquele que tem todo o
poder é deixada subentendida, e esclarece o fato de Jesus não Ter de
tornado superior ao Pai e ao Espírito.
O segundo texto, 2Co 13:13 registra: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos.
Amém.” Este versículo mostra o relacionamento das Pessoas da Trindade
com a Igreja. É interessante que cada uma das bênçãos de cada uma das
Pessoas também pertencem as outras, a graça é de Jesus, mas também
provém do Pai (Tt 2:11) e do Espírito (Hb 10:29; Ap 1:4); o amor é
atribuído a Deus, mas também é de Jesus (Ef 3:19) e do Espírito(Rm 5:5;
15:30); a comunhão do Espírito é também do Pai e do Filho(I Jo 1:3). Vale
notar que se o Espírito Santo fosse simplesmente o poder de Deus não
seria preciso ser citado, pois em “Deus” o poder já estaria incluído. Dizer
da comunhão do Espírito é incompatível com o idéia que Ele se trate de
uma força, não comungamos com poder, mas com pessoas.
O texto de 1Co 12:12:4-6 que diz: “ora há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o
mesmo. E há diversidades de operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos”. Esse texto fala das diversas operações de Jesus e do
Espírito Santo, na verdade a Pessoa do Pai não é retratada aqui, a
expressão “mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” parece mais
uma conclusão do que é dito sobre o Filho e o Espírito, seria uma
declaração da Divindade e da unidade da Segunda e da Terceira Pessoa da
Trindade.
E não são apenas esses três textos que alistam juntas as três Pessoas da
Trindade, temos ainda: Mc 1:9-11; Lc 1:35; 3:21,22; Jo 3:34-36; 14:16,26;
15:26; 16:13-15; At 2:32,33,38 e 39; Rm 15:16,30; 1Co 6:11; 2Co 3:4-6; Gl
4:6; Ef 1:3-14; 2:18; 3:14-17; 4:3-6 (um texto que trata de unidade); 2Ts
2:13,14; 1Tm 3:15,16; Tt 3:4-6; Hb 9:14; 10:7, 10-15; 1Pe 1:2; 4:14; 1Jo 4:2;
Jd 20,21; Ap 1:45; Etc.
O fato de tantos textos do Novo Testamento mostrarem o Pai, e o Filho e o
Espírito Santo unidos é muito significativo para provar a igualdade e
unidade destas três Pessoas, assim como Abraão, Isaque e Jacó, que
sempre aparecem juntas, eram o mesmo tipo de pessoa – patriarcas,
unidos pelo parentesco e pela promessa; e Pedro, Tiago e João, sempre
também juntos, serem todos a mesma coisa – apóstolos, sendo unidos pela
intimidade com Jesus. Tudo nos leva a crer que o Pai, e o Filho e o Espírito
Santo sejam Deus por essas citações dos três sempre juntos em momentos
especiais e solenes.
Vejamos agora os principais textos bíblicos onde a Divindade de Jesus é
contundentemente asseverada, considerando as observações das
Testemunhas de Jeová. Vale relembrar que se a Divindade de Jesus for
confirmada por eles, toda a doutrina trinitariana também o será. O fato de
os textos apenas considerarem a relação entre o Pai e o Filho não exclui
totalmente o Espírito Santo da questão, afinal Jesus disse que o Espírito
seria um Ajudador igual a Ele.
Eu E O Pai Somos Um
João 17.21,22 é usado pelas Testemunhas de Jeová para esclarecer a
declaração de Jo 10.30: “Eu e o Pai somos um”(uma prova da unidade de
Jesus e o Pai). Segundo esse paralelismo entre Jo 10.30 e Jo 17.21,22 as
Testemunhas de Jeová entendem que Jesus e o Pai eram “um” em
“pensamento” e não em “substância” ou “essência”.
Mas essa explicação das Testemunhas de Jeová é insustentável. Primeiro
porque conforme Fp 2.12; Rm 14.3-5; 1Co 1.10 e 2Co 13.11 a unidade de
pensamento nem sempre ocorre entre os cristãos. Até o apóstolo Paulo e
Barnabé tiveram suas diferenças (At 16.36-39).
Em Jo 10.30 Jesus falava de ser “um” com o Pai na “natureza”, como bem
confirma Hb 1.3. O texto de Jo 17.21,22Pode realmente se relacionar com
Jo 10.30, mas com o mesmo sentido, pois conforme 2Pe 1.4 todos os
crentes são participantes da natureza divina, por terem recebido o Espírito
Santo, formam “uma unidade no espírito”(Ef 4.3), sendo todos filhos de
Deus por adoção (Rm 8.9,15-17; Gl 3.26; 4.6,7), formando uma família (Ef
2.18,19), um só rebanho (Jo 10.16), um só corpo de Cristo(Ef 4.3,4), uma
unidade orgânica e de natureza espiritual, como estabelece a Bíblia: “E a
comunhão do Espírito Santo” – 2Co 13.13 compare com Ef 2.18-22; 1Co
12.13 e Gl 3.26-28.
OBS.: Essa unidade entre os crentes ainda serve para refutar a idéia de
haver dois grupos de cristãos com esperanças diferentes (Ef 4:4).
Deve-se observar que o texto de Jo 17.21-23 está falando de pessoas e não
de pensamentos ou propósitos, Jesus pedia que aquelas pessoas que ainda
iam crer fossem uma unidade com os seus atuais discípulos, assim como
Ele era com o Pai. Não haveria necessidade de Cristo se preocupar com a
unidade de pensamento, pois a própria doutrina cristã encontrada na
Bíblia estabelece essa união nos seus aspectos essenciais.
Em 1Co 3:6,8 Paulo não está dizendo que ele e Apolo eram a mesma
pessoa, mas que tinham a mesma função, ou seja, eram cooperadores de
Deus (1Co 3:9).
A palavra grega neutra “um”(HEN)nada altera na interpretação
trinitarista, pois “natureza” ou “essência” não é o que possamos chamar de
pessoa masculina ou feminina, é antes uma coisa, uma expressão neutra. O
Dicionário Grego – Português de Isidro Pereira, S. J. registra sobre esse
termo como “substantivo neutro, significando a unidade.”(pág. 185).
Assim, o dicionarista traduz a palavra grega por unidade, e é exatamente
este o sentido que reflete o credo da Trindade. Uma palavra derivada desta
é HENÓTES traduzida por “unidade” em Ef 4:3,13. O fato de ser neutro
não impede do termo HEN se associar com seres pessoais, em Rm 5:12 ele
é usado em relação a Adão: “...assim como por UM SÓ homem entrou o
pecado no mundo”, lembrando que na verdade o pecado entrou por Adão e
Eva, e que a única maneira de explicar a declaração de Rm 5:12 é o fato de
Adão e Eva serem UMA SÓ carne, mais ainda reforçando a idéia
trinitarista de Jo 10:30. O mesmo termo ocorre em Mc 12:6 “Restava¬-lhe
ainda UM, seu filho amado...”, que claramente trata-se de uma pessoa, que
representaria a pessoa de Jesus.
É muito fácil entendermos porque Jesus não usou o numeral “um” no
gênero masculino ou feminino, se Ele tivesse usado HEIS (UM –
masculino) teria dito que Ele e o Pai eram UM (Deus), o que daria margem
a se crer na existência de outros deuses; se tivesse usado MIA (UMA)
estaria ensinando que Ele e o Pai eram UMA (Pessoa). Mas Jesus e o Pai
são Pessoas distintas e não são UM Deus, mas o único Deus verdadeiro.
A expressão de João Calvino de “os ANTIGOS usaram mal Jo 10.30,
entendendo que o Pai e o Filho tinham a mesma essência”. É mais uma
prova que os pais apostólicos criam na Trindade. Entre Calvino(do séc.
XVI)e os pais dos primeiros séculos, prefiro os segundos.
Sobre o contexto de Jo 10.30 deve-se observar que Cristo não disse: “Eu e o
Pai somos um em pensamento”, mas que os homens na Escritura foram
chamados de “deuses”, revelando assim, que Jo 10.30 tratava mesmo de
Jesus e o Pai serem Deus. Ao dizer que os judeus não podiam acusá-lo de
blasfêmia por se chamar “Filho de Deus” usando o Sl 86.6, Ele mais ainda
provou que “Filho de Deus” revela Divindade.
Com respeito ao uso do Sl 82Por Jesus neste contexto, diz o teólogo Josh
Mcdowell: “Jesus defrontava aqueles judeus com a seguinte questão: ‘não
se detenham com o uso do termo “Deus”. Olhem para mim observem as
minhas obras. Elas são de Deus? Caso sejam, acreditem no que digo,
inclusive nos nomes que dou a mim mesmo’ Ele estava confirmando sua
Divindade por suas obras. Os homens do Sl 82Julgavam como Deus, mas
Jesus fazia as obras de Deus, se para aqueles não era errado serem
chamados de Deus, quanto mais Ele”.
Se em Jo 14:9-11Jesus aponta para suas obras afim de que os discípulos
cressem que Ele era idêntico ao Pai, o mesmo ocorre em Jo 10:30 e 38,
onde a unidade dos dois é apontada. Um texto apoia o outro.
Vale observar que os versículos 28 e 29 são a razão de Jo 10.30. No 28
Jesus fala que suas ovelhas estariam seguras por estarem em suas mãos,
mas no 29 Ele diz que Essas mesmas ovelhas não seriam arrebatadas da
mão de seu Pai, a aparente confusão é esclarecida quando Jesus profere o
versículo 30 deixando claro que Ele e o Pai eram o mesmo Ser (Deus).
Assim o contexto anterior esclarece, ou melhor, é esclarecido por Jo 10.30.
Sobre o contexto posterior, citamos o comentário de Robert Bowman: “A
queixa dos judeus, em Jo 10, era porque Jesus ao chamar Deus de seu
próprio Pai, estava alegando ser Deus (Jo 10.30-33). A Revista “Deve-se
Crer...”declara que Jesus, na sua resposta, ‘argumentou enfaticamente que
suas palavras não eram uma afirmação de que Ele era Deus’(Pág. 24). Isso
é interessante, porque, nesse caso, deve ser considerado incorreta a
tradução Novo Mundo que diz: ‘Tu, embora sejas um homem, tem fazes
um deus’. Mas Jesus em Jo 10:34-36 certamente não negou que era Deus.
Simplesmente reasseverou mais enfaticamente aquilo que escandalizava os
judeus desde o início, a saber, que Ele era o Filho de Deus de um modo
exclusivo. Jesus estava refutando o mal-entendido que sua declaração de
ser Deus envolvia uma reivindicação de ser um Deus INDEPENDENTE.
Jesus passou então, a dizer que a comprovação da Sua reivindicação
achava-se no fato que Ele fazia obras que somente Deus podia realizar (Jo
10:37,38). O resultado foi que os judeus ‘tentaram NOVAMENTE
apoderar-se dele’(10:39 TNM), obviamente porque ainda entendiam que
Ele estava declarando que era Deus. É digno de nota que na revista “Deve-
se Crer...”, as Testemunhas Jeová param no verso 36, e deixam de
considerar o significado dos versículos 37-39”.
Vale destacar que a expressão SOMOS de “Eu e o Pai somos um”, deixa
bem evidente a distinção das Pessoas do Pai e do Filho, enquanto o termo
“um” aponta a unidade como prega o credo da Trindade.
Ver no termo “um” de Jo 10:30 “pensamento ou propósito” é dizer que Pai
e o Filho não são seres pessoais, Jesus estava dizendo o que Ele e o Pai
eram. Os judeus não queriam apedrejar Jesus porque entenderam que Ele
era UM pensamento com o Pai, mas porque Ele estava se fazendo Deus (Jo
10:30-33).
Igual A Deus!
Filipenses 2:6 e seu contexto é uma das passagens bíblicas mais claras
sobre a encarnação e Divindade de Jesus Cristo. A tradução João Ferreira
de Almeida, edição revista e atualizada traduz impecavelmente, desta
forma:
Eu Sou
Particularmente não vejo em Jo 8:58 um indicativo para provar a
Divindade de Cristo. Jesus possuía um estilo todo Seu de se expressar e o
modo de se comunicar da sua época permitia se dizer “eu sou” em lugar de
“sou eu”. Sem dúvida o contexto apoia a preexistência de Cristo, que para
os trinitaristas é eterna, sendo perfeitamente possível a declaração de
Jesus ser uma referência a Sua Divindade, muitos teólogos têm dado bons
argumentos para isso.
Destacam o fato de o contexto do versículo estar falando de quem era
Jesus, qual era sua identidade(Jo 8:12,19,24,25,28,53). Assim, a declaração
de Jesus foi vista como um referência a Sua eternidade, do mesmo modo
que “Antes de os montes serem levados á existência... de eternidade e
eternidade tu és”(Sl 90:2).
Bowman aponta também o detalhe de que se havia certa diferença entre Jo
8:58 em relação ao texto em hebraico, não se podia dizer o mesmo com
referência ao texto sagrado usado no primeiro século, a Septuaginta. Nela a
expressão de Ex 3:14 era “Eu Sou Aquele que é” (egõ eimi ho õn),
praticamente idêntica a de João. Por outro lado o livro de Isaías usa muito
EGO EIMI de modo claro como um título a Deus (Is 41:4; 43:10; 46:4;
52:6; cf. 45:18).
Dr. J.R. Mantey (que é citado nas páginas 1158, 1159 da Tradução
Interlinear do Reino Da Sociedade Torre De Vigia): “Uma má tradução
chocante, absoleta e incorreta. Não é nem erudito nem razoável traduzir
João 1:1, ‘a palavra era (um) deus’ ”.
Dr. James L. Boyer, de Winona Lake, Indiana: “Nunca ouvi falar, nem li,
sobre algum erudito em grego que concordasse com a interpretação deste
versículo[João 1:1]conforme insistida pelas Testemunhas de Jeová...Nunca
encontrei um deles(membros da Sociedade Torre de Vigia)que tivesse
qualquer conhecimento da língua grega”.
Se Violássemos A Regra
Referente a regra grega que impede a tradução das Testemunhas de Jeová,
diz Russell Champlin:
Se fosse acrescentado o artigo indefinido em cada vez que este não
aparecesse antes de um substantivo, a tradução transformar-se-ia num
caos. Por exemplo, o v. 14 desse capítulo 1 do Evangelho de João diria: “e o
Verbo se tornou UMA carne...”. O versículo 18 desse mesmo capítulo seria:
“Ninguém jamais viu UM Deus”, note que nesse caso é uma referência bem
definida a Deus-Pai, o que nos forçaria a chamar o Pai de ‘UM Deus’. Por
sua vez, o versículo 6, outra clara referência a Deus-Pai diria: “um homem
enviado de UM Deus”. Daí vemos a situação que a coisa ia ficar, e observe
que tais considerações não saíram do capítulo 1 do Evangelho de João. Não
é pois à toa que a regra existe.
Outros exemplos que podemos citar além destes de Champlin são: “...ele
(Jesus)é UM bom”(Jo 7:12); “Deus é UMA luz” (I Jo 1:5); “Ele (Jesus) é
UMA propiciação pelos nossos pecados”(I Jo 2:2), neste caso o artigo
definido é impossível de não ser considerado, e no entanto, está omitido no
original; “Filhinhos UMA última hora já é...” (I Jo 2:18); “E a si mesmo se
purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é UM puro” (I
Jo 3:3); “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não
permanece, UM Deus não tem” (II Jo 9); “ ...e sabeis que o nosso
testemunho é UM verdadeiro” (III Jo 13).
Em todos estes casos o substantivo precede o verbo. Seria, pois, insensato
desconsiderarmos a regra, e é ignorância chamar essa regra básica de
grego de artificial, como fazem os autores da “Deve-se Crer...”(pág. 28).
O Conflito Inevitável
Somente a preocupação em dizer que não há conflito em se crer que existe
um único Deus e também que há vários, já deixa transparecer a existência
de um choque de idéias irreconciliáveis que não se pode ocultar, é um sinal
de alerta da consciência quase morta para revelar que algo não está certo.
Dizer que algumas das criaturas de Deus são deuses é concordar com os
pagãos e diluir ou anular o monoteísmo bíblico (para usar os termos do
teólogo Hans Kung quando critica o unidade da Trindade, pág. 30).
A intensidade do conflito é maior quando percebemos que ele só existe
pelo fato de uma regra gramatical grega ser violada numa passagem
bíblica. À parte de Jo 1:1 em nenhum outro lugar da Palavra de Deus é dito
que Jesus seja um deus.
Com relação ao Salmo 8:5 que chama os anjos de Elo-hím (deuses), isso de
forma alguma significa dizer que a Bíblia considera os anjos deuses. O que
temos aqui é uma comparação. Em 1Co 8:5 é dito que há muitos deuses e
muitos senhores, mas como o contexto diz, e Gálatas 4:8,9 esclarece, só
existe um por natureza – O Deus único e verdadeiro (Jo 17:3; I Jo 5:20).
Explicando o Salmo 8:5 Robert M. Bowman, entre outras considerações,
entende que se Elo-hím nesse versículo significa “anjos” necessitamos
compreender se tratar dos anjos que se fazem de Deus para não nos
tornarmos politeístas.
O que faz as T.J. entenderem que Elo-hím se refere aos anjos, é a relação
entre o Salmo 8:5 e Hebreus 2:6,7. Enquanto o Salmo 8:4,5 diz que o
homem foi feito um pouco menor que Elohím (deuses), o texto de Hebreus
2:6,7 mostra que são anjos, nisto a conclusão tirada das T.J. é que os anjos
são deuses.
Todavia não devemos esquecer que “Elohím” sempre é aplicado a Deus e
não aos anjos. O Sl 8:4,5 está realmente se referindo a Deus. A explicação
do texto de Hb 2:6,7 usar “anjos” no lugar de “Deus” é facilmente
entendida quando fazermos a interpretação dos dois textos. O Salmo 8
apresenta o homem numa perspectiva de honra e exaltação, enquanto o
texto de Hebreus o mostra em seu aspecto de inferioridade, procurando
descer mais ainda na escala de valores, de fato, dizer que o homem é
inferior aos anjos em nada nega que o seja também em relação a Deus, na
verdade destaca mais. O que reforça a veracidade dessa explicação é o fato
de Hb 2:6 dizer: “antes, alguém, em certo lugar deu PLENO testemunho:”.
Assim vemos que o autor de Hebreus buscou a plenitude da verdade sobre
a condição do homem, estava indo a fundo dentro da informação do
Salmo.
Concernente ao texto de Jo 10:34,35, onde Jesus cita o Salmo 82:6 onde
homens são chamados de deuses, o próprio Jesus esclarece que estes não
eram realmente deuses, Ele disse no verso 39: “pois se a lei chamou
àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida”; portanto eles só estavam
sendo CHAMADOS de deuses. Comprovando essa explicação diz 1Co 8:5,6
: “porque ainda que haja também alguns que se CHAMEM deuses ,quer no
céu, quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia
para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e
um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele”.
Jeremias afirma que não foi os deuses que fizeram o céu e terra (10:11),
assim, Jesus, que criou tudo, não é um deus.
A Confissão de Fé e não do intelecto
A afirmação do Boletim da Biblioteca John Rylands, da Inglaterra, se
engana quando diz que no Novo Testamento não se faz referência a
confissão da Divindade de Jesus Cristo. O próprio Senhor Jesus mostra
que era vital essa confissão, mas deixou claro que ela também dependia de
revelação. Quando indagou incisivamente aos discípulos sobre quem era
ele, e Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Jesus disse
para esse apóstolo: “Bem-aventurado és tu, Simão Barfonas, porque não to
revelou a carne e sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16:16,17).
A Bíblia também diz que quem nega o Filho, negará o Pai, e que a confissão
do Filho seria a do Pai: “Todo aquele que nega o Filho, tampouco tem o
Pai. Quem confessa o Filho tem também o Pai” (I Jo 2:23 – T.N.M.).
Observe que a figura central é Jesus, e que sua confissão é a do próprio Pai,
assim confessar Jesus é como confessar o Pai.
Quando a Bíblia profetizava que aquele que confessasse a Jeová seria salvo
Joel 2:32, na verdade estava dizendo que para se ser salvo seria necessário
reconhecer a Jesus como o próprio Jeová, afinal os judeus confessavam a
Jeová e nem por isso eram salvos, um texto que confirma isso é Rm 10:9-
13, registrado na tradução Novo Mundo assim:
“pois, se declarares, que Jesus é o Senhor, e no teu coração exerceres fé,
que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração
se exerce fé para a justiça, mas com a boca se faz declaração pública para a
salvação. POIS a Escritura diz ‘Ninguém que buscar nele a sua fé ficará
abalado’ POIS não há distinção entre judeu e grego, porque há o mesmo
Senhor sobre todos, que é rico para com todos os que o invocar, POIS
‘Todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo’”
Observe que este trecho da carta aos Romanos é por demais evidente em
salientar que confessar Jesus como Jeová é o recurso para a salvação. Sem
dúvida que os tradutores da T.N.M. procuraram ao máximo tentar
esconder isso, traduzindo o vocábulo grego “KYRIOS” do verso 9 para
“Senhor” em vez de “Jeová”, mas foram obrigados a terem que colocar
“Jeová” no verso 13, pois era uma citação direta de Joel. Mas meditemos:
Paulo estava citando passagens do Antigo Testamento para confirmar a
necessidade de se confessar a Jesus como Jeová (atente para os “pois”). E
além disso, no original, tanto a palavra traduzida por “Senhor” no verso 9 e
por “Jeová” no verso 13 é KYRIOS, tornando-se inescapável a conclusão
que Jesus é mesmo Jeová.
Assim no texto de Romanos 10:8-13 está registrado que a salvação depende
de uma confissão de fé que Jesus é o Senhor, ou seja Jeová, e esta, diz o
texto de 1Co 12:3, só ocorre pelo Espírito Santo.
O apóstolo João afirma que escreveu seu Evangelho para que os homens
cressem que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, para que assim pudessem
ter vida (Jo 20:31). Ora, já esclarecemos que o título “Filho de Deus” revela
a Divindade de Jesus. Quem, pois, não crer que Deus deu o seu Filho
Unigênito para que não perecêssemos, não poderá ter a vida eterna, está
condenado (Jo 3:16-18).
Vale apontarmos que a confissão de Tomé de Jo 20:28 foi vista por Jesus
como aquilo que se deveria crer sobre sua Pessoa, Ele disse: “Porque me
viste, Tomé, creste (que Ele era o Senhor e Deus), bem-aventurados os que
não viram e creram” (Jo 20:29).
Portanto, a confissão da Divindade de Cristo é clara na Bíblia, e crucial,
como disse Jesus: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste
mundo, eu não sou deste mundo. Por isso disse que morrereis em vossos
pecados, porque se não credes que eu sou, morrereis em vossos pecados”
(Jo 8:23,24) e como declarou João Batista: “Aquele que vem de cima é
sobre todos” (Jo 3:31).
O “lhe” De Jo 20:28
Nas explicações que dão de Jo 20:28: “Tomé respondeu e disse-lhe:
Senhor meu e Deus meu!”, os autores da revista julgam que a frase de
Tomé em questão era uma exclamação de assombro, que ele não estava se
referindo a Jesus.
Sobre isso o reverendo Glauco observa muito bem o pronome pessoal do
caso oblíquo (lhe) do dizer de Tomé. Se desconvertêssemos o pronome
teríamos: “Disse Tomé PARA ELE (Jesus): Senhor meu e Deus meu!”.
Além disso é pouco improvável a explicação de que Tomé disse aquilo por
ter tido um assombro, isso era algo muito incomum para a época, como diz
Bowman, é um anacronismo, ou seja atribuir a Bíblia algo que é comum
para a nossa cultura, mas virtualmente desconhecido para a cultura de
Tomé.
O professor Ornílio ainda acrescenta: “Tomé não poderia se assombrar no
modo como as T.J. querem, ele já estava a par da provável ressurreição de
Jesus, o que estava ocorrendo com ele era falta de fé, o que destacou muito
bem o Senhor Jesus”.
A questão no entanto, é que se o artigo indefinido “um” não puder ser
inserido em Jo 20:28, a tradução de Jo 1:1 das Testemunhas de Jeová
ficará insustentável.
A alegação que o contexto de Jo 20:28 não apoia a Divindade de Jesus
sugerida por este versículo, facilmente pode ser invertida. Em Jo 20:17
quando Jesus disse: “Eu ascendo para junto de meu Pai e vosso Pai, para
meu Deus e vosso Deus”. Perfeitamente percebemos que a filiação de Jesus
ao Pai era distinta e diferente da dos discípulos, Ele era Filho por natureza
e não por adoção como os discípulos. Da mesma forma, até no seu aspecto
humano, a relação de Jesus como servo de Deus era diferente da dos
discípulos.
Os três versículos depois de Jo 20:28 onde temos o objetivo da escrita do
Evangelho “de levar a crença que Jesus era o Filho de Deus” mais ainda
confirma que esta qualificação comprova a plena Divindade de Jesus.
Jo 1:1 E Hb 1:3
Em Hebreus 1:3 a Bíblia diz que Jesus é a expressa imagem do Ser de
Deus, o que nos faz meditar: Se Cristo fosse apenas um homem não
poderíamos dizer que Ele e o Pai fossem iguais, mesmo que tivessem uma
imagem expressamente idêntica, mas se Jesus for um deus, como querem
as Testemunhas de Jeová, então teremos de vê-lo (à luz de Hb 1:3) como
um Deus idêntico ao Pai; assim, seríamos obrigados a asseverar a
existência de dois Deuses iguais se aceitássemos a tradução de Jo 1:1 da
bíblia das Testemunhas de Jeová.
Textos Que Só Se Harmonizam Com A Trindade
As T.J. admitem a existência de outros textos bíblicos que apoiam a
doutrina da Trindade, no entanto observam: “estes são similares aos
considerados acima, no sentido de que, quando examinados
cuidadosamente, não oferecem apoio real algum. Tais textos apenas
ilustram que, ao se considerar algum pretenso apoio á Trindade, deve-se
perguntar: Harmoniza-se a interpretação com o coerente ensino da Bíblia
inteira de que apenas Jeová Deus é Supremo? Se não, a interpretação deve
estar errada”(pág.29). Mas quem foi que disse que os trinitários negam que
apenas Jeová (ou Javé) é o Deus Supremo? O que afirmamos a respeito
dEle é que se trata de um Deus pluralizado conforme vemos na Bíblia. Na
verdade, o que as T.J. pretendem questionar é se os demais textos que
provam a Trindade se harmonizam com a idéia delas de um Deus
constituído de uma única pessoa, e a resposta é NÃO, exatamente porque
esse conceito de Deus não é bíblico.
Se por um lado não encontramos um texto na Bíblia onde a Trindade é
formalmente enunciada, nem por isso a Bíblia deixa de comprovar a
veracidade da doutrina, o Pai e o Filho possuem a mesma substância (Jo
10:30 e Hb 1:3), assim como o Espírito Santo, porque é idêntico a Jesus(Jo
14:6). Cristo disse que todo o poder estava em suas mãos ao comissionar os
discípulos a pregar o Evangelho (Mt 28:18,19), mas eles só iniciaram esta
obra quando o Espírito Santo desceu sobre eles em pentecostes,
concedendo-lhes poder (Atos 1:8). Tanto o Filho como o Espírito são
eternos – Mq 5:2; Is 9:6 e Hb 9:14. [Dizer que as Pessoas da Trindade
precisam da “mesma eternidade” é incoerente com a idéia de eterno, que
na verdade é um atributo divino – 1Tm 6:15,16 , ser eterno, já é ser Deus].
Os próximos textos que apresentaremos só se explicam pela doutrina da
Trindade.
A Bíblia chama o novo nascimento de nascer de Deus (Jo 1:12,13; 1Jo 3:9;
5:4), nascer do Espírito (Jo 3:6,7) e nascer de Cristo (1Jo 2:28,29).
Também diz que somos gerados por Deus (1Pe 1:3), em Cristo (1Co 4:5) e
pelo Espírito Santo (Tt 3:5).
Quando os discípulos de Jesus foram acusados pelos Fariseus de violarem
o Sábado por colherem espigas para comer, Ele asseverou ser o “Senhor do
Sábado” ou o “Dono do Sábado”; ora, somente Deus pode ter tal título. Ele
também disse que era “maior que o templo” (Mt 12:6), somente é maior
que o templo ou mais santo e sagrado do que ele o próprio Deus (Mt 23:16-
21).
II Tessalonicenses 3:5 é um texto interessante, ele diz: “O Senhor
encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na paciência de Cristo”.
Se não entendermos que “Senhor” é outra Pessoa distinta de Cristo o texto
fica confuso. Na verdade se refere ao Espírito, pois é Ele quem nos
encaminha em nossos corações ao amor e a paciência (Rm 8:14; 5:5; Gl
5:22).
Jesus diz em Jo 10:38 e Jo 14:10,11 que o Pai estava nEle e Ele estava no
Pai, com isso fazemos uma pergunta as Testemunhas de Jeová: Como Ele
estava no Pai se estava na terra? Ora, o modo de Jesus falar deixa claro que
Ele está tratando da natureza divina, tanto pelo contexto como pelo modo
de se expressar, essa, portanto, é uma declaração de Unidade da
Divindade. E note que Jesus apela à fé e não ao entendimento dos
discípulos (Jo 14:11). A Divindade de Cristo é uma questão de fé (Jo
20:28,29).
O trocadilho ocorrido entre Jesus e Deus em Mc 5:19,20 e repetido em Lc
8:39: “Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele
foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito”
confirma a igualdade de Jesus com o Pai.
A glória divina é vista no Pai (Ef 1:17), no Filho (1Co 2:8 – chamado de
Senhor da glória, ou seja, Jesus é dono da glória.) e no Espírito Santo (1Pe
4:44). Como Deus não divide com ninguém a sua glória (Is 42:8) somente
a Trindade é conveniente para explicar. Tiago 2:1 repete que Jesus é o
Senhor da Glória.
Se comparamos 1Jo 5:20 com 1Co 2:10-12 facilmente percebemos que o
“nos deu entendimento para conhecermos o verdadeiro, no qual estamos”
é uma referência ao Espírito Santo.
Isaías 44:24 declara: “Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que
SOZINHO estendi os céus e SOZINHO espraiei a terra”. Como a Bíblia
também diz que Cristo criou os céus e a terra, a única conclusão e que o Pai
e o Filho são um.
A fé em Jesus e em Deus é uma (Ef 4:5), porque os dois são um: “E Jesus
chamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me
enviou. E que me vê a mim, vê aquele que me enviou” – Jo 12:44,45.
A interpolação preconceituosa “outras” usada para alterar o texto de Cl
1:15-17 não é cabível em Ef 3:9: “E demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos (expressão que denota
eternidade) esteve oculto em Deus, que TUDO CRIOU por meio de Jesus
Cristo”. Vale lembrar que Ireneu em sua obra Contra Heresias, Livro I,
22:1, citada mais acima, confirma que realmente Cristo criou todas as
coisas nada excetuando-se.
Lemos em Gálatas 3:20 que “Deus é um” e esta frase não teria sentido a
não ser que houvesse uma pluralidade em Deus que pudesse de algum
modo por em dúvida a Sua unidade. É interessante também que dentro do
contexto, a frase significa que o pacto do Novo Testamento não foi
efetuado por mão de um medianeiro, indicando assim que Cristo era o
próprio Deus.
1Tesslonicenses 1:5 é outro texto que distingue o Espírito Santo do poder
de Deus.
Jo 14:6 onde Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém
VEM ao Pai senão por mim” é outro indicativo da igualdade de Jesus com
o Pai, se não Ele teria dito “vai” em lugar de “vem”.
1Co 12:25 mostra que quando o Espírito Santo opera por meio dos seus
dons é reconhecido por todos que Deus VERDADEIRAMENTE está
presente.
O texto de 2Tm 2:19 afirma que o Senhor Jesus conhece os que são seus,
mas a única maneira de alguém conhecer a todos os homens é possuindo a
onisciência.
Apocalipse 2:23 também diz que Jesus conhece os corações dos homens, e
isto só Deus pode fazer (Je 17:10; At 15:8). E vale destacar que Jesus diz
que conhece os corações dos homens de um modo exclusivo “...e todas as
Igrejas conhecerão que eu sou AQUELE que sonda as mentes e os
corações”.
A igualdade entre Jesus e o Pai é tão grande que o apóstolo João afirmou:
“Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o
anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também
não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai”(I Jo
2:22,23).
O primeiro capítulo de Hebreus é considerado um dos textos mais fortes
no objetivo de confirmar a Divindade de Jesus, e consequentemente a
Trindade. Neste texto Jesus é definido como o criador e herdeiro de tudo
(v.2), confirmando as declarações de Cl 1:15,16, sendo que desta vez, sem
chance de se inserir o expressão espúria “outras”; também é chamado de o
resplendor da glória de Deus, a expressa imagem da sua Substância, o
Sustentador de tudo pela palavra do Seu poder (compare com Cl 1:17) e
como Aquele que realizou a purificação dos nossos pecados, assentando-se
a destra da Majestade nas alturas (v.3); e somado a tudo isso ainda é
asseverado que em Sua glorificação, após Ter purificado nossos pecados,
foi feito mais excelente do que os anjos, tendo herdado um nome muito
mais sublime que o deles (v.4 compare com Fp 2:6-11).
Quando porém chegamos no versículo 6 é onde constatamos que o “dobrar
os joelhos a Jesus” em Fp 2:10 realmente se trata de adoração, visto que
neste versículo é dito que todos os anjos devem adorar a Jesus.
Assim, não é à toa que o Pai declare a Jesus como Deus no verso 8 e que o
Salmo claramente dirigido a Jeová seja aplicado a Cristo.
A tentativa de esconder a declaração do Pai que Jesus é Deus no verso 8 na
Tradução Novo Mundo é inválida, como explica Bowman: se a expressão
“Deus é o teu trono” desta tradução significar que “Deus é a origem da
autoridade de Jesus”, o contexto do versículo fica sem sentido, o escritor
de Hebreus está demostrando que Jesus é muito maior e excelente do que
qualquer dos anjo, mas como aconteceria isso, posto que essa expressão
poderia ser dita também aos anjos??
2João 3 é um versículo também revelador da Divindade de Cristo. O modo
como João o escreve nos faz meditar na Pessoa de Jesus Cristo como o
“Filho do Pai”, querendo interpretar e nos mostrar a filiação toda especial
do Senhor Jesus. Ele é o Filho do Pai dos filhos de Deus. Sua distinção em
relação aos cristãos na filiação divina é vivamente salientada neste
versículo. Ele é Filho porque é igual a Deus, da mesma natureza, nós (os
cristãos) somos filhos de Deus por participarmos dessa mesma natureza
(2Pe 1:4). O modo de falar é repetitivo porque o que João quer revelar é
isso, se não devemos admitir que João é um péssimo escritor, mesmo de
pequenas cartas. São esses tipos de interpretações que dão os estudiosos
heterodoxos da Bíblia tão citados pela “Deve-se Crer...”. Mas isso é
inadmissível para quem crer num Deus perfeito e que os apóstolos eram
pessoas responsáveis e zelosas.
Um detalhe que também alude a Trindade é o da Primeira Pessoa sempre
ser chamada de Deus-Pai, o que forçosamente obriga a deduzirmos que há
o Deus-Filho.
Em Jo 13:34 encontramos Jesus como um Legislador, ao dizer que estava
dando um novo mandamento. Tg 4:12 é claro em dizer que só há um
Legislador.
A reposta do porquê de Jesus não ser chamado de Emanuel (Deus conosco
– Mt 1:23) era porque tal nome não era para ser usado como distintivo
pessoal, era um nome que revelava sua natureza, já o nome JESUS
apontava a sua missão (a de salvação – Mt 1:21) e foi o nome que Ele
passou a ser conhecido
Atos 1:7 muito usado pelas Testemunhas de Jeová para dizer que o Pai era
superior a Jesus e que tinha conhecimentos ignorados por Cristo, também
é bastante útil para a defesa da doutrina da Trindade. Quando o lemos
notamos que Jesus não afirma que não sabia o tempo da restauração de
Israel, coisa aliás, totalmente não defendida pelas Testemunhas de Jeová,
pensam que Deus rejeitou seu povo do Antigo Testamento (vale uma
meditação em Romanos capítulo 11).
Deve-se ainda observar que o fato do Pai determinar os tempos
pessoalmente não faz dEle mais Deus que Jesus e o Espírito Santo. Se por
um lado Deus-Pai determina os tempos da restauração, Jesus é quem
restaura (Atos 1:6), e enquanto Cristo não faz isso pelo Seu poder, o
Espírito Santo concede do Seu aos crentes para levar a obra do Evangelho
até aos confins da terra (Atos 1:8).
Is 9:6 além de revelar a Divindade de Cristo também destaca as suas duas
naturezas: “Porque um menino nos nasceu (natureza humana), um Filho
se nos deu (natureza divina)”.
Outro texto confirmatório da Trindade é Jo 17:5 onde Jesus pede ao Pai
para glorificá-lo junto dEle, provando que junto ao Pai estava outra Pessoa
igual a Ele, no caso, o Espírito Santo. O texto também menciona que esta
glorificação seria feita na mesma Glória que Cristo tinha com o Pai antes
do mundo existir. Este texto foi o que me convenceu que a doutrina da
Trindade era bíblica e verdadeira inicialmente.
A pergunta feita por Paulo em sua expressão de adoração em Rm 11:34
“Por que quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu
conselheiro?” idêntica a que se encontra em Jó 21:8; Is 40:13 e Pv 30:3,4 é
respondida por Jesus em Mt 11:27 “...ninguém conhece o Pai, senão o
Filho...” e pelo Espírito Santo em 1Co 2:10,11: “...porque o Espírito penetra
todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens
sabe as coisas do homem, senão o espírito que nele há? Assim também
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
Em Jo 1:43-51Precisamente os versos 47 e 48 temos outra referência que
só se explica quando se compreende que Jesus estava com o Pai em sua
natureza divina. Jesus afirma Ter visto a Natanael debaixo de uma figueira,
e note que não se trata de uma profecia, Jesus está dizendo que VIU a
Natanael em um lugar onde Jesus não estava, só podemos entender isso se
aceitarmos que Jesus viu a este discípulo pelos olhos do Pai, através da
unidade que tinha com Ele.
Se Jesus é o primeiro e o último (Ap 2:8) e o Pai é o primeiro e o último
(Ap 2:8), ou há dois primeiros e dois últimos ou os dois são um.
Em Hb 6.13 diz que “quando Deus fez a promessa a Abraão, como não
tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo”. Neste caso,
mesmo que tal texto não sirva para confirmar a Trindade, pelo menos
aponta uma ação reflexiva de Deus que a Trindade ajuda a entender.
Atentemos para o capítulo 2 da carta aos Efésios. No versículo 1 é Cristo
quem nos vivifica, mas no 4 e 5 é Deus. No verso 12, Paulo diz: “Que
naquele tempo estáveis SEM CRISTO, separados da comunidade de Israel,
e estranhos aos concertos da lei, não tendo esperança, e SEM DEUS no
mundo”. Note que Paulo coloca Cristo como o ponto principal de todas as
bênçãos espirituais para os gentios, cita o “sem Cristo” primeiro e o “sem
Deus” depois. O apóstolo foi inspirado nos mínimos detalhes. Todo o
capítulo, escrito numa concisão e perfeição impressionante, mostra que a
Trindade trabalhou na obra graciosa de salvação dos homens. O objetivo
final de toda essa maravilha era o homem ter Deus dentro do seu coração
na Pessoa do Espírito Santo (vs. 18,22). No capítulo três Paulo deixa claro
a inspiração divina desse capítulo (vs. 1-4).
Colossenses 2:9 é um texto bíblico também citado para provar que Jesus
Cristo é Deus. Mas sem um devido comentário não ganha toda a força que
realmente tem. Por isso nos deteremos nele com uma melhor apreciação.
Faremos sua análise de duas maneiras: uma isolada e a outra usando toda
a epístola de Colossenses.
A primeira coisa a observar neste versículo são as suas palavras
relacionadas: “Nele (em Cristo) HABITA CORPORALMENTE toda a
plenitude da Divindade”. O tempo do verbo habitar está no presente, o que
nos faz entender que o corpo de Cristo realmente foi ressuscitado, seu
corpo não foi dissolvido como pensam as Testemunhas de Jeová. Jesus
Cristo, assim como mostra esse versículo, ainda possui seu corpo humano,
só que bem diferente de quando ainda cumpria seu ministério terreno. Seu
antigo corpo físico era esvaziado dos atributos divinos (Fp 2:6-8), ou seja,
não possuía a Onipotência, a Onisciência, a Onipresença, enfim, estava
sem sua glória divina (Jo 17:5). Mas o que nos revela Cl 2:9 é que o corpo
humano de Jesus está agora com “toda a plenitude da Divindade”. Na
tradução Novo Mundo lemos: “está cheio de toda da QUALIDADE
DIVINA”, que reforça ainda mais que todas as qualidades ou atributos de
Deus se encontram em Jesus; Ele , portanto, é Supremo, Todo-poderoso,
Onisciente, Onipresente, Eterno, Imutável, Imensurável, Etc.
Mais significativo ainda é a palavra grega PLERÕMA traduzida por
“plenitude”, essa palavra era a mesma usada para designar todos os deuses
do gnoticismo, constituídos, conforme Ireneu, de 30 Eões, levando-se em
conta que o modo de se expressar no contexto indica que Paulo combatia
os gnósticos, ele estava afirmando que Jesus era o Deus total.
O contexto de Cl 2:9 é muito mais significativo. Paulo exorta no versículo 8
para que os colossenses tivessem cuidado com as filosofias dos homens (os
gnósticos), as quais eram totalmente diferentes da de Cristo, a dEle era
superior; o apóstolo diz nos versos 1 a 3 : “quero...que estejais enriquecidos
da PLENITUDE da inteligência, para o conhecimento do mistério de Deus
– Cristo; em quem estão escondidos TODOS OS TESOUROS da
SABEDORIA e da CIÊNCIA”. Ora, o que Paulo diz no verso 9 é que Cristo
tem toda a plenitude da qualidade divina, e portanto possuía a Sabedoria
de Deus, a verdadeira e suprema filosofia, a Sabedoria eterna, um dos
atributos ou qualidades de Deus. No verso 10 Paulo afirma que todo cristão
possui essa Sabedoria: “E tendes a plenitude nEle (em Cristo)”. Ora, o
modo como estamos “em Cristo” é possuindo o Espírito Santo, que revela
as profundezas de Deus (Rm 8:9; 1Co 2:10-14; Cl 1:26-28). A finalidade de
Paulo era que os colossenses se apegassem a essa Sabedoria existente
neles(Cl 1:9; 26-29; 2:1,2), para assim se tornarem crentes espirituais (1Co
2:6,14 e 15; 3:1), frutíferos e firmes (Cl 1:9-11).
Voltando-se agora outra vez para Cl 2:9 merece apontarmos outro detalhe.
O termo “corporalmente” do versículo apesar de ficar explícito que
significa o corpo humano de Jesus, pode significar também o seu corpo
místico – a Igreja, e neste caso a idéia de que os cristãos possuem a
Sabedoria eterna mais ainda de encaixaria com o contexto.
Vejamos agora numa visão global da carta de Colossenses a Supremacia
Divino-humana de Jesus Cristo:
Jesus é o Deus visível (1:15); o herdeiro de toda a criação (Cl 1:15), pois em
plena totalidade foi criada por Ele e para Ele (1:16 – vale lembrar que a
mesma expressão é dita para o Pai em Rm 11:36 também chamado no
contexto de O profundo em riquezas de Sabedoria); Ele é antes de todas as
coisas e tudo subsiste por Ele (1:17); é o cabeça da Igreja (1:18); é o
princípio (1:18), ou seja a origem de tudo; é o primogênito dentre os
mortos, isto é, o herdeiro ou dono dos mortos (1:18 – esse título não
significa ‘o primeiro a ressuscitar’, pois não fala de ressurreição, mas dos
mortos, possuindo um paralelismo com Fp 2:10,11 e Ap 1:18, se bem que
Ele não deixa de ser o primeiro a ressuscitar incorruptivelmente, conf. 1Co
15:23); em tudo Jesus tem a proeminência (1:18), ou seja, é superior, o
mais distinto (em grego PRÓTEUON: o primeiro lugar. Será que Jeová é o
segundo?). Foi do agrado do Pai que nEle (Cristo-homem) habitasse toda a
plenitude (1:19), aqui inclui a plenitude da Divindade (Cl 2:9); é o
reconciliador de todas as coisas (1:20). É também chamado de Senhor dos
céus (4:1).
A vista disso, o que concluímos é que Jesus Cristo é Deus, a Segunda
Pessoa da Trindade, seus títulos nessa carta lhe conferem isso. E vale ainda
anotar: Jesus como Pessoa da Trindade é igual ao Pai e ao Espírito Santo,
mas como Pessoa da Trindade feito homem glorificado detêm mais
prestígios que o Pai e o Espírito, por isso que os demônios são expulsos em
seu nome e não no nome do Pai ou do Espírito (Cl 2:15; Mc 16:17-20), pois
só Ele tem todo o poder no céu e na terra (que é governada pelo diabo por
consentimento do homem – Lc 4:6. Com sua encarnação, morte e
ressurreição Jesus esmagou a cabeça da serpente, ou seja, tirou seu
domínio. O diabo ainda domina por causa de muitos que Jesus ainda quer
salvar – 2Pe 3:9 , mas quando confrontado ocasionalmente é derrotado
pelo nome de Jesus, que está acima de todo nome que se nomeia, não só
deste século, mas também do vindouro (Ef 1:21).
I Jo 5:7: “Pois há três que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito
Santo; e estes três são um”, já mencionado aqui, realmente não consta nos
manuscritos gregos mais antigos, todavia a mais antiga instância da
passagem, citada como parte do texto real da epístola figura em um tratado
do século IV intitulado “Liber Apologiticus” (cap. 4). Por isso ela tem seu
valor, pois existia antes do concílio de Constantinopla (381). Outro
importante detalhe é que o termo UM é o mesmo de Jo 10:30.
O teólogo Millard J. Erickson reforça mais ainda a unidade das três
Pessoas da Trindade em seu comentário de Gênesis 1:27:
Alguns argumentam que temos aqui um paralelismo não apenas nas duas
primeiras linhas, mas nas três. Assim, ‘homem e mulher os criou’ seria
equivalente a ‘criou Deus, pois, o homem à sua imagem’ e ‘à imagem de
Deus os criou’. Por esse raciocínio, a imagem de Deus no homem
(genérico) deve ser encontrada no fato de o homem ter sido criado macho e
fêmea (i.e., plural). Isso significa que a imagem de Deus deve consistir em
uma unidade em pluralidade, uma característica tanto éctipo quanto do
arquétipo. De acordo com Gn 2:24, homem e mulher devem tornar-se um
(ECHAD); exige-se uma união de duas entidades distintas. É significativo
que a mesma palavra é usada para Deus no SHEMA: ‘O Senhor, nosso
Deus, é o único (ECHAD) Senhor’ (Dt 6:4) ” – Introdução à Teologia
Sistemática, pág. 132.
Hebreus 8:1,2 é um texto onde se percebe claramente as duas naturezas de
Cristo. Fala que temos um sumo-sacerdote a destra de Deus na Pessoa de
Jesus (Lembre-se que para se ser sumo-sacerdote era necessário que o
mesmo fosse homem, conforme Hb 5:1), e que, o lugar onde este ofício é
ministrado por Ele é o céu, fundado não pelo homem, mas pelo Senhor, ou
seja: Jesus é homem e sumo-sacerdote do santuário que Ele mesmo como
Senhor, e não homem, fundou.
Efésios 1:20,21 declara: “O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos e fazendo-se sentar à Sua direita nos lugares celestiais,
acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome
que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro”.
Note que a posição do homem Jesus é enaltecida até a igualdade com Deus
e seu nome é muito mais honrado e exaltado que o nome “Jeová”.
No livro de Atos, capítulo 2 e verso 25, temos Pedro citando um Salmo de
Davi que se referia a Cristo, o qual contém outra prova de Sua Divindade:
“Porque dele disse Davi: SEMPRE via diante de mim o Senhor, porque está
à minha direita, e não serei abalado”. O verso alude a pré-encarnação de
Cristo e mostra a sua eternidade na expressão: “SEMPRE via diante de
mim”. Observe que não é Jesus quem está diante do Pai, mas é Ele que está
diante Filho, o que aponta uma igualdade.
2Co 2:10 é outro texto que confirma a Divindade de Cristo. Paulo diz que
perdoou na presença de Cristo, indicando que Jesus é Onipresente.
Hebreus 9:14 é uma harmônica passagem referente a obra da Trindade
para a salvação dos homens. veja ainda Tt 3:4-6 e 1Co 6:11.
David A. Reed em “As Testemunhas de Jeová Refutadas Versículo por
Versículo”, página 42, cita Jeremias 32:18 da Tradução Novo Mundo, que
diz: “o verdadeiro Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é Jeová dos
exércitos...” e questiona: se Jeová é identificado aqu1Como “o Poderoso” e
é o único Deus verdadeiro, como Jesus pode ser um deus sem ser falso e
também ser o mesmo Deus Poderoso em Is 9:6?
Essa é uma situação perigosa para um trabalho que visa desmascarar uma
obra fraudulenta como é a revista “Deve-se Crer...”, onde se deve
demonstrar plena convicção do assunto, mas aprendi uma coisa com esta
obra das Testemunhas de Jeová, é que não devemos nunca esconder
nossas dúvidas e os pontos fracos de nossa fé e teologia, como disse no
tópico “A TRINDADE COMO ENSINO BÍBLICO” a maneira sempre certa
de falar e nunca demostrando alguma dificuldade em se explicar
determinado versículo, torna o trabalho das T.J. contra a Trindade
suspeito. Assim, espero que contando meu testemunho de como aceitei o
ensino da Trindade de Deus sirva de auxílio àqueles que agora devem estar
em sérios dilemas sobre esta doutrina.
Fiquei em dado momento de minha vida, enquanto estudava se a doutrina
da Trindade era verdadeira ou não, com sérias dúvidas se realmente Deus
era uma junção de três Pessoas, via, às vezes, que o modo de entender
Deus das Testemunhas de Jeová até que não era estranho, parecia muito
sensato e com grandes chances de ser a verdade. O Pai era Deus, Jesus a
Segunda Pessoa depois dEle em tudo e o Espírito uma influência, uma
força. Mas devia tomar uma posição, não podia ficar coxeando entre dois
pensamentos. Argumentos contra e a favor da Trindade existiam, e vi que
eram bons, mas sabia que apenas uma posição era a verdade. Cheguei a
dar um empate no debate devido a sinceridade de ver que as duas posições
eram bem defendidas (aos meus olhos), mas a própria sinceridade não me
permitia agir assim. Estava num impasse terrível. Passei noites sem
dormir. Conversava com irmãos (cito o Stênio com agradecimentos) e com
Testemunhas de Jeová (o Clécio e Edísio, ainda Testemunhas de Jeová,
foram muito dedicados na tentativa de me ajudar), comparava argumentos
e explicações, mas sempre me via com medo de abraçar qualquer das
posições. Não queria me posicionar sem estar completamente convicto.
Foi então que passei a meditar nas consequências que viram da escolha de
cada posição; vi que se optasse em crer como as Testemunhas de Jeová eu
ganharia, caso estivesse essa posição certa, o direito de continuar existindo
num paraíso na terra. No entanto, quando atentei ao que aconteceria caso
esse posicionamento das T.J. estivesse errado me assustei, pois eu iria para
um tormento eterno num lugar distante de Deus chamado Lago de Fogo.
No caso do trinitarismo, se ele estivesse incorreto o máximo que poderia
me acontecer era deixar de existir. Então conclui: Entre deixar de existir e
existir eternamente em tormentos, a segunda opção é bem pior! A lógica
que Deus nos concede, mostrou-me que era melhor crer na Trindade,
mesmo que estivesse errada; assim, fique1Com uma inclinação para
nortear minhas pesquisas.
Desse modo a doutrina do castigo eterno, do mesmo bloco da doutrina da
Trindade, me fez ver que a Trindade era a melhor opção para um
dramático caçador da verdade escolher numa situação de impasse e
incertezas. Hoje sei por convicção que Deus é uma Trindade, vejo com
clareza a debilidade dos argumentos das Testemunhas de Jeová, se1Pela
Bíblia e pelo testemunho do Espírito Santo em meu coração que a doutrina
da Trindade é verdadeira. Mas naquela período, em que não cria na
Trindade era impossível ter essa convicção, por mais que lesse a Bíblia e
procurasse textos que a comprovassem eu não teria. E a razão é simples, só
se pode crer na Trindade pela Trindade. Somente o Pai, o Filho e o Espírito
é que nos fazem crer realmente nesta doutrina. Por isso o Espírito Santo
primeiro me convencer do juízo (do castigo eterno, pois este é o que vem
pelo juízo – Jo 16:8) para eu aceitar a Trindade e então por Ela crer com
convicção nela. Parece que falo em círculos, mas assim são os ensinos da
Bíblia, todas se encaixam perfeitamente, são como afluentes de um rio
único.
Por isso mesmo que, se a pessoa é sincera em sua busca da verdade a
encontrará, isso devido cada doutrina bíblica se completar com outra, se
porventura na nossa busca ficamos num impasse, somente outra doutrina
nos fará tomar a decisão correta. Geralmente a maioria das pessoas se
apegam a uma doutrina, seja verdadeira ou falsa, por algum motivo
sentimental ou conveniente, por exemplo, um defensor da doutrina da
Trindade pode no início do ser apego a essa doutrina ter sido influenciado
por sua família que é toda trinitarista deste longa data; do mesmo modo
uma Testemunhas de Jeová pode ter sido grandemente influenciada para
recusar a doutrina da Trindade pelo sentido que este grupo lhe
proporcionou na sua vida, ou por ter sido a primeira explicação plausível
recebida sobre um assunto até então complexo. Rara são as pessoas que
iniciaram seu apego a uma doutrina simplesmente pela sinceridade.
A doutrina de Deus não é fácil de ser alcançada se não formos sinceros e
prontos a rejeitar tudo pela verdade. A história humana mostra que os
homens sempre buscavam um Deus segundo o que eles queriam, sempre
defendiam seu Deus baseados no seu desejo. Para não sermos
influenciados prejudicialmente na caracterização autêntica de Deus,
devemos ser sinceros em nossa sinceridade; a definição de Deus deve ser
dada por Ele mesmo. Deus mesmo ao dizer: Eu sou o que sou, estabeleceu
essa regra de se auto-definir; portanto, Deus não é o que dissemos dEle, é o
que Ele de Si mesmo diz. Josh Medowell diz uma grande verdade que
quero transcrever:
“Ao considerarmos a Divindade de Cristo, a questão não reside em ‘se é
fácil crer nessa Divindade, ou mesmo compreendê-la, mas se ela é
ensinada na Palavra de Deus’. Se, a princípio, a idéia parecer incompatível
com o raciocínio ou compreensão humanos, isso não cancela
automaticamente a possibilidade de ser verdadeira. Nosso universo está
repleto de coisas (como a gravidade, a natureza da luz, os quazares) que
ultrapassam o entendimento humano no momento, mas que, não obstante,
são verdadeiras. A Bíblia ensina que Deus não pode ser compreendido pela
mente humana (Jó 11:7; 42:2-6; Sl 145:3; Is 40:13; 55:8,9; Rm 11:33).
Sendo assim, devemos permitir que Deus diga a última palavra a respeito
de Si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente”
A maioria das Testemunhas de Jeová conhecem muito ACERCA de Deus,
mas infelizmente não O conhecem pessoalmente; falta as Testemunhas de
Jeová intimidade com Deus, o próprio modo de se dirigirem a Ele revela
isso, somente uns poucos (os 144 mil) se dirigem a Deus por PAIZINHO
(ABA – Rm 8:15), somente estes terão o direito de na eternidade estarem
junto a Deus (facilmente visto que é mentira em Jo 12:26). O
conhecimento acerca de Deus não é garantia de que seremos salvos, o
diabo conhece bastante a Bíblia, os escribas da época de Jesus também a
conheciam muito bem, tanto é que facilmente disserem onde a nasceria o
Messias (Mt 2:4-6), mas estes não possuíam a aprovação de Deus. Todas as
Testemunhas de Jeová que eu conheci demostravam uma atitude soberba
por se sentirem conhecedoras da Bíblia, mas um versículo facilmente põem
o conhecimento e estudo das Escrituras em segundo plano: “Que
aprendem sempre, e nunca podem chegar ao pleno conhecimento da
verdade” (2Tm 3:7). A grande verdade oculta as soberbas Testemunhas de
Jeová é que não conhecem a Deus realmente, seus estudos dirigidos por
seus líderes e sempre limitados às gotas bíblicas das Revistas Sentinelas,
estão sempre a levá-las a um distanciamento da verdade e não ao
contrário. Só conhecem acerca de Deus, e muito mal, a coisa mais rara
entre elas é encontrar uma que tenha lido toda a Bíblia.
É importante termos sempre o cuidado de levar e incentivar as
Testemunhas de Jeová a pensarem por si mesmas, elas são completamente
repetidoras como papagaios, o sistema delas em nada difere do papado da
Idade Média, são subservientes a um modo de pensar pré-fabricado e de
certa forma útil para quem não quer ou está cansado de procurar uma
religião ou grupo cristão mais adequado; é o estilo tipicamente americano:
Muito prático e cômodo. Os americanos são assim, quando não são
patriotas como no caso da seita dos Mórmons, são medíocres como as
Testemunhas de Jeová.
Somente quando uma Testemunha de Jeová conhece a Jesus em seu
espírito é que poderá crer na Trindade. Minha sincera vontade é que esse
escrito contribua para que muitas Testemunhas de Jeová creiam que Jesus
é Deus, para conhecê-lo intimamente tendo o conhecimento do Deus que
criou os céus e a terra, possuindo assim a Vida Eterna, que é o
conhecimento ou a comunhão para sempre com Deus no presente (no
espírito) e consequentemente no futuro (no corpo) – Jo 6: 54; I Jo 3:15;
2Co 5:4; 2Tm 1:10. Vale destacar aqui que a Vida Eterna não significa o
mesmo que Ressurreição, em Jo 6:40 Jesus distingue claramente as duas
coisas, uma é presente e conduz a outra: “Sim, esta é a vontade de meu Pai:
Que vê o Filho e nele crê tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último
dia” (Bíblia de Jerusalém) os que tiverem a Vida Eterna terão uma
ressurreição para a Vida (Jo 5:29), isto é, uma ressurreição para a
comunhão com Deus.
A idéia de Deus vir até os homens na forma humana ultrapassa qualquer
bondade e benefício que este mundo possa oferecer, revela que Deus ama a
humanidade além de nossa compreensão, a dificuldade de entendimento
para a doutrina da Trindade é bem menor do que esse tão grande prova de
amor. A Bíblia assim se expressa:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a Vida
Eterna” (Jo 3:16).
“Mas Deus prova o seu PRÓPRIO AMOR para conosco, pelo fato de Ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Aqui nota-
se uma clara idéia que Jesus é o próprio Deus, pois como poderia Deus
provar seu próprio amor quando Jesus morreu por nós, se Cristo não fosse
Deus.
“O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).
“Ainda que eu conheça TODOS OS MISTÉRIOS (inclui a Trindade e dupla
natureza de Cristo) e toda a ciência... se não tiver amor, nada
serei...permaneci a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior é o
amor” (1Co 13:1,13).
“Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o Nome
(Jeová) toda a família, tanto no céu (Pai, Filho e Espírito Santo) como na
terra (a Igreja), para segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que
sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior;
e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e
alicerçados em amor, afim de poderdes compreender com todos os santos,
qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e profundidade e conhecer o
amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de
toda a plenitude de Deus” (Ef 3:14-19).
Meditando nesses textos citados e em muitos outros percebemos que o
Amor de Deus revelado em Cristo é descrito com muita grandiosidade na
Bíblia. Quando se crer na Divindade de Cristo isso faz sentido. A crença na
Trindade não é apenas compreensível, também é esclarecedora, ela faz a
obra da redenção uma história divina de Amor, todas as outras histórias de
amor são inferiores, até mesmo o amor de Deus conforme os conceitos das
Testemunhas de Jeová.
Não é possível o diabo ter inventado uma doutrina como a Trindade, ele
não é tão inteligente assim (Mt 16:23), e jamais ele faria que Jesus fosse
tão honrado, e que Deus fosse tão amoroso ao ponto de vir pessoalmente
salvar os homens, é muito mais provável o contrário, ele querer diminuir o
amor de Deus, fazer Sua obra ser menos do que realmente foi.
Esquecendo dos argumentos, das discussões e dos textos de comprovação,
pessoalmente acho a doutrina da Trindade na salvação algo indizível e
fantástico, que me inspira a adorar a Deus, e não só isso, também revela o
quanto sou pequeno em face do que Ele me fez. Essa doutrina mostra o
quanto deveríamos se preocupar com os homens. É a doutrina do amor de
Deus. Um amor que nos constrange a dar as nossas vidas para Aquele que
por nós morreu e ressuscitou (2Co 5:14,15).
Apêndice: Quando em 1994 escrevi o tópico acima acabei, sem querer, por
reforçar mais ainda a crença na Trindade, mas esta não era minha intenção
original, como se pode ver claramente no início. Hoje (14.12.99) em
meditação relembrei o que eu realmente queria dizer quando propus
escrevê-lo. Iria mostrar que meu modo de entender Deus, sob o prisma do
trinitarismo, podia estar errado, tencionava expor dúvidas e de certo modo
até criar uma reviravolta pondo em risco tudo o que tinha pesquisado e
concluído, todavia fui absorvido pela verdade de tal modo que não
consegui enfraquecer a doutrina da Trindade, mas mais ainda reasseverá-
la de um modo muito mais contundente, isso me mostrou mais uma vez
“que nada podemos contra a verdade, mas sempre em seu favor”, mesmo
que quiséssemos ou usássemos toda a imaginação. Tentei usar minha
sinceridade e criatividade para transformar esta parte do trabalho num
tipo de brilhantismo ou arte, mas Deus não permitiu, eu estaria arriscando
não um capricho ou uma tese humana, mas muitas almas e a plena
aceitabilidade de uma doutrina bíblica importantíssima. Perdoe-me.
Sendo essa a doutrina que me levou a crer na Trindade, achei por bem
trazer aqui alguns argumentos para defendê-la; antes porém, refutaremos
as principais idéias das Testemunhas de Jeová usadas para negar o castigo
eterno.
1 – “Deus não seria justo condenando ao castigo infinito alguém que agiu
impiamente por apenas 70 anos”. Esse é um dos argumentos favoritos dos
que não crêem no castigo eterno, e aparentemente é bem convincente, mas
é um terrível engano. Não é porque o tempo de desobediência é pequeno
que anularia o castigo eterno, na verdade a vida humana limitada já é para
diminuir o castigo eterno, se os ímpios tivessem mais tempo de vida na
terra, seria mais tempo de pecado, e por consequência elevaria o castigo.
Se uma eternidade de vida na terra fosse concedida aos incrédulos, seria
uma eternidade de pecado. Um exemplo disso é Satanás e seus anjos que
pecam sem parar. Portanto, o tempo de vida terrena limitado aos homens
não nega o castigo eterno.
Deve-se observar também, que a maioria das pessoas vivem
desobedecendo a Deus acreditando que se assim morrerem terão um
castigo eterno. Desse modo o castigo eterno torna-se um fato e uma
necessidade, pois a desobediência nesse caso é muito mais elevada, possui
uma maldade e obstinação tal, que se faz necessário a existência do castigo
eterno. Se alguém por exemplo explode uma bomba para matar mil
pessoas mas só mata uma, não diminui de forma nenhuma sua maldade e
maléfica intenção, deve ser condenado a um castigo do nível do seu crime
premeditado, que felizmente não se concretizou. Assim, a pessoa deve ser
castigada pelo nível de sua maldade, e não pelo ato pecaminoso
propriamente dito. No caso da pessoa que crer num castigo eterno e
mesmo assim não se converte, temos um aumento enorme em sua
maldade, em seu desprezo a Deus que só encontraria um castigo justo se
esse fosse sem fim. Como outro exemplo podemos citar uma pessoa que
mata outra, ciente que a estar enviando para o castigo eterno, a
perversidade nesse caso é tão grande que só dando um castigo eterno é que
se obteria uma pena justa.
Assim, mesmo que o castigo eterno não existisse Deus teria que criá-lo.
2 – As Testemunhas de Jeová crêem que o inferno (ou Hades, ou Sheol)
nada mais é que a sepultura. Pois Jó desejou ir a esse lugar (Jó 14:13),
assim como Jacó (Gn 37:34,35). Já o profeta Jonas, mostra que o ventre do
grande peixe era o Sheol (Jn 2:1-6). No entanto, as Testemunhas de Jeová
ignoram que no Antigo Testamento o Sheol tinha uma divisão.
Um lugar era para as almas dos justos e outro para dos injustos, conforme
vemos na narrativa de Lc 16:19-26. Quando Jó e Jacó desejaram ir ao
Sheol, estavam pensando no lugar dos justos. No caso de Jonas, que
compara o ventre do grande peixe com o Sheol, mais ainda é uma prova
que o Sheol não é a sepultura, pois no ventre do peixe Jonas estava
CONSCIENTE e em angústias (Jn 2:2).
Deve ser dito que a história contada por Jesus em Lc 16:19-26 não é uma
parábola como pensam muitas Testemunhas de Jeová, e a prova disso são
os nomes próprios nela referidos: Abraão e Lázaro – o nome do rico
(NEÚES) aparece em um manuscrito do Novo Testamento (Léxico do
Novo Testamento, Grego/Português, de F. Wilbur Gingrich e Frederik W.
Danker, página 140).
Fazendo uma comparação de Atos 2:25-27 com o Sl 16:9,10 as
Testemunhas de Jeová tentam provar que o Sheol ou Hades é a mesma
sepultura. Mas atentando bem para o texto, vemos que ele mostra
exatamente o contrário, constatamos que o Hades é um lugar para as
almas e a sepultura para o corpo, observe: “Pois não deixarás minha ALMA
no Hades, NEM permitirás que o teu santo veja a corrupção...Prevendo
isto, Davi falou de ressurreição de Cristo, que sua ALMA não foi deixada no
Hades, NEM sua CARNE viu corrupção” (Atos 2:27, 31) – grifos nossos.
Vemos ainda sepultura distinta do Sheol em Pv 1:12.
3 – Um outro argumento é dizer que o homem não possui alma imortal,
que quando morre fica inconsciente (Ec 9:5). Mas isso não é verdade, em
1Co 15:53, vemos Paulo dizer que o que era mortal no homem precisa ser
revestido de imortalidade; ora, se há no homem uma parte que é mortal é
porque existe outra que é imortal. Mateus 10:28 é também um excelente
texto que confirma a imortalidade da alma humana: “E não fiqueis
temerosos dos que matam o corpo mas não podem matar a alma; antes,
temei aquele que pode destruir na Geena tanto a alma como o corpo”
(T.N.M.). É um texto por demais claro, mas que ficou parcialmente
obscurecido pela tradução da palavra grega APOLESAI por “destruir” e não
“perecer em tormentos” que é seu real significado. A raiz desta palavra é a
mesmo do nome do anjo que atormentará a humanidade em Apocalipse
9:10,11 – APOLLYON. No entanto, da forma que se encontra na tradução
das T.J. a primeira parte do versículo ainda confirma a existência da alma
após a morte do corpo.
Quando a Bíblia fala da morte da alma refere-se a morte espiritual em
consequência do pecado cometido (Ez 18:4) ou dela em contraste com a
morte do corpo, uma alma que morreu, é uma alma que saiu do corpo.
Alma tem várias conotações na Bíblia, podendo por metonímia (tomar uma
parte pelo todo) representar o próprio indivíduo. Mais de modo definido, a
alma é a própria personalidade do homem e possui três partes: mente,
vontade e emoções [ mente – Js 23:14; Sl 13:2; 51:6; 139:14; 119:129,167;
139:14; Pv 2:10; 9:2; 23:7; 24:14; At 15:24; vontade – I Sm 23:20; I Rs
11:37; Jó 6:7; Pv 21:10; Is 26:8; emoções – II Sm 5:8; Jó 3:20; 19:2; Sl
35:9; 46:6; 86:4; 107:18; 119:28; Pv 13:19; 21:23; Is 58:10; 61:10; Mt
26:38].
Sobre o texto-prova de que ao morrer o homem fica inconsciente, este não
passa de mais uma torção da Bíblia. Eclesiastes 9:5 se lido com o verso 6
fica evidente que está dizendo que os mortos não sabem nada do que é
feito debaixo do sol, ou seja, no mundo dos vivos, e não que estão
inconscientes.
4 – O texto de Jr 7:31 usado para dizer que nunca passou pela mente de
Deus queimar alguém no fogo, visando assim negar que Deus tenha a idéia
de castigar os ímpios com fogo eterno, também não serve para esse
propósito, ele mostra que o que não subiu no coração de Deus foi o
oferecimento em fogo de seres humanos como sacrifícios à divindades
falsas. E se meditarmos que no lago de fogo os homens serão queimados
(mesmo que não seja eternamente), a conclusão das T.J. ainda se mostrará
errônea.
5 – O texto de I1Ts 1:9 “Esses mesmos serão submetidos á destruição
eterna de diante do Senhor e da glória da sua força” (T.N.M.)
frequentemente citado pelas T.J. como prova de que existirá um
aniquilamento total dos ímpios em vez de sofrerem um castigo sem fim, na
verdade só permite essa interpretação por causa da tradução Novo Mundo,
acima citada, que traduz o vocábulo grego ÓLETHRON por “destruição”,
seu significado mais distante para o Novo Testamento. O dicionarista
grego Isidro Pereira, S. J. dar para a palavra cinco significados: perda,
ruína, morte, açoite e peste. Frederick W. Danker, outro dicionarista, dar
três significados, no seu Léxico do Novo Testamento Grego/Português,
praticamente os mesmos de Isidro: destruição, ruína, perda. Dos três os
que parecem mais cabíveis para I1Ts 1:9 são ruína e perda. No entanto, o
que decisivamente esclarece o sentido da palavra para o Novo Testamento
são os outros lugares onde esta mesma palavra aparece. O primeiro é 1Ts
5:3 e o contexto desse versículo indica dores e sofrimento e não
aniquilamento, observe: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis
que lhes sobrevirá repentina ÓLETHROS, como vêm as DORES de parto à
que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão”(grifos nossos) Ora,
fica claro que a idéia aqui não tem nada haver com aniquilamento, mas de
sofrimento, a própria Bíblia considera grande as dores de parto (Gn 3:16).
Outro texto em que a palavra aparece é 1Tm 6:9, e mas uma vez a idéia de
sofrimento se mostra claramente pelo contexto: “Ora, os que querem ficar
ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e
perniciosas, as quais afogam os homens na ÓLETHRON e perdição.
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se ATORMENTARAM com
MUITAS DORES”. E a última referência onde a palavra ocorre, além de
I1Ts 1:9, é 1Co 5:5, onde lemos sobre a excomunhão de um membro da
igreja de Corinto: “seja entregue a Satanás para a ÓLETHRON da carne,
afim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”. Nesse caso é pouco
provável que Satanás seja tão bonzinho a ponto de não querer fazer esse
cristão excomungado sofrer.
Além dessas passagens correlatas onde podemos perceber o real sentido do
vocábulo grego OLETHRON, o próprio contexto da palavra em I1Ts 1:9
explica o que seria essa “destruição” eterna, pois diz: “Estes sofrerão
penalidade de eterna destruição, BANIDOS DA FACE DO SENHOR DE DA
GLÓRIA DO SEU PODER”. Assim, essa punição eterna é a separação
desses ímpios da presença do Senhor, e esta é a explicação dada pelos
trinitaristas para o significado de morte eterna, que é a completa separação
dos perdidos de Deus, pois vida eterna é ter comunhão para sempre com
Deus e não simplesmente existir para toda a eternidade.
Agora vejamos alguns argumentos a favor do castigo eterno:
Em Pv 23:14 é dito que fustigando a criança com vara livra sua alma do
inferno. Ora, todos nós sabemos que não importa o quanto batermos em
nossos filhos, isso não os impedirá de irem a sepultura, assim, o Sheol não
pode ser a sepultura, que com surra ou sem surra todos experimentam.
Falando acerca de Judas Iscariotes, Jesus disse que seria melhor que ele
não houvesse nascido (Mt 26:24). Tal afirmativa não teria sentido se a
morte fosse um estado idêntico ao de quando não tínhamos nascido.
Algumas argumentam que Jesus disse isso, não por causa do castigo que
ele receberia, mas por causa do ato de traição em si. Todavia essa
contestação cai por terra quando atentamos para a expressão: “AI daquele
por quem o Filho do Homem é traído!” Expressão que sempre significa um
castigo em grande proporção (Ap 8:13; 9:3-12).
Um castigo igual para todos é algo inaceitável para a justiça; também
ficaria sem sentido o retribuir segundo as obras. A Bíblia fala claramente
que haverá galardões da injustiça, quem pecou mais terá maior galardão,
ou seja mais castigos (2Pe 2:13; 2Co 11:15; Lc 12:47, 48).
O castigo é eterno porque Deus, a quem o pecado é cometido, é eterno.
Mt 5:29,30 diz: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de
ti; pois te é melhor que perca um dos teus membros do que seja todo o teu
corpo lançado na Geena. E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e
lança-a de ti, pois te é melhor que perca um dos teus membros do que seja
todo o teu corpo lançado na Geena”. Fica claro por esse texto a existência
do castigo eterno.
Obs.: As T.J. argumentam que a Geena significava a destruição eterna, pois
era o nome dado ao depósito de lixo do vale de Hinom, onde o lixo da
cidade ficava sendo perpetuamente queimado. Mas tal interpretação não
parece ser a mais conveniente, é muito mais certo que Cristo tenha usado o
vale de Hinom para simbolizar o fogo eterno que seria submetidos todos os
que fossem separados de Deus como lixo, que devem ser apartados de nós
e não simplesmente desintegrados, já que isso é impossível.
Mt 13:40-43 também é um texto para provar o castigo eterno, pois ele é a
interpretação do verso 30 da parábola do Joio do campo, portanto não é
simbólico, nem representativo, mas a própria realidade.
Dn 12:2 fala da vergonha e desprezo eterno. Ora, só pode existir vergonha
eterna se a pessoa que a experimenta existir eternamente.
CONCLUSÃO
A GLÓRIA DE DEUS