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Apologia da Trindade

A TRINDADE E AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Editada em 1989 a revista “Deve-se Crer na Trindade? – É Jesus Cristo o


Deus Todo-poderoso?” foi o escrito mais forte até então produzido pelas
Testemunhas de Jeová (T.J.), negando a doutrina Bíblica da Trindade.
Fu1Compelido logo que li, a rebatê-la. Na época, eu ainda cursava o ensino
médio, e tinha estado em uma crise no período que eu chamo de pré-
conversão, além de ter de me decidir se iria ou não me converter ao
cristianismo ainda tive de decidi qual grupo religioso iria seguir, foi
terrível, mas por outro lado consegui o fato raro de ter a convicção da
Trindade por revelação e não como a maioria dos cristãos, que geralmente
aceitam a doutrina da Trindade por assimilação, já que são salvos quando
se deparam com esse ensinamento. No meu caso não, eu não era salvo ou
cristão quando estudei a doutrina. Fu1Convencido dela por revelação
enquanto meu pai na fé ou orientador inicial na fé, Stênio, que estudava
comigo no mesmo colégio, me citou o texto de Jo. 17.1-5; quando ele me
citou o texto, algo como o que se descreve em Lc 24.44,45 ocorreu comigo,
saí repentinamente da posição de impasse – pois fui muito sincero
estudando os dois posicionamentos a ponto de dar um empate técnico
entre o posicionamento tradicional cristão e o das Testemunhas de Jeová
nessa questão da doutrina da Trindade – e me torne1Convicto da doutrina
como que algo que veio a meu entendimento direto de Deus. Depois dessa
certeza fui levado depois ao Novo Nascimento. Quando a brochura/revista
“Deve-se crer na Trindade? É Jesus Cristo o Deus todo-poderoso?” chegou
em minhas mãos eu já cria na Trindade, mas se tivesse sido publicada
antes, eu sou sincero em dizer, hoje com certeza não seria crente nela, por
isso, na época tome1Como incumbência para mim o trabalho de fazer a
apologia da doutrina. Sabia que muitas pessoas estavam sendo
convencidas que a doutrina da Trindade era falsa; sei que muitos estão
firmes na organização das T.J. devido a influência desse escrito, e estou
convicto que se faz necessário elaborar uma defesa convincente, simples,
sincera e digna de crédito contra tal agressão a doutrina da Trindade; uma
defesa que seja um ataque aniquilador contra os argumentos que
engenhosamente foram criados pelos autores desse texto. Este é o objetivo
deste trabalho.
Nossos argumentos foram feitos em comentários, cada tema de assunto da
revista é analisado de uma forma específica, mas de vez em quando nos
detemos em pontos que achamos importantes e dignos de explicações.
Aconselhamos que os leitores leiam a revista acompanhada da
correspondente contestação.

LUIZ SOUSA

DO COMEDOR SAIU COMIDA

A revista com 31Páginas se apresenta com a seguinte estrutura: Primeiro


procura mostrar que a Trindade é uma doutrina incompreensível, além da
compreensão humana e que não poderia ser compatível com os fiéis
discípulos de Jesus, que eram pessoas comuns e simples. Em seguida se
baseando em declarações de enciclopédias e estudiosos assevera que a
Trindade não está na Bíblia, também cita algumas declarações atribuídas
aos chamados pais apostólicos do primeiros séculos que se mostram
estranhamente como antitrinitarianos. A partir daí os autores procuram
provar que a doutrina da Trindade é de origem pagã e que só veio a ser
inserida aos ensinos da Igreja quando ocorreu a apostasia predita pelos
apóstolos. Das páginas 12 à 16 a tentativa é de dizer que o ensino da Bíblia
é contrário a idéia de uma pluralidade na Divindade e que Jesus foi a
primeira criação de Deus. Continuando em suas explanações sobre Jesus,
os autores procuram acentuar ao máximo a superioridade do Pai em
relação a Ele, destacam as distinções das duas pessoas e apresentam a
Cristo como um ser submisso a Deus, tanto antes como depois de sua
glorificação. O Espírito Santo é visto como uma força de Deus que muitas
vezes se apresenta personificado na Bíblia. Finalmente são analisados os
principais textos usados pelos trinitarianos para provarem que a Trindade
é Bíblica. Apoiada por fotos e gravuras, a revista é bem persuasiva e
aparentemente convincente, mas não é consistente, como veremos neste
trabalho, que despojado de efeitos especiais, transforma esse ataque à
doutrina da Trindade numa melhor apresentação, explicação e aplicação
da doutrina, da mesma forma como as muitas críticas e questionamentos
dirigidos ao Senhor Jesus acabaram por nos informar sobre muitas coisas
úteis para a nossa vida e credo cristão.

DEVE-SE CRER NA TRINDADE? (Página 3 da Revista)

Como veremos nesse trabalho é indispensável a crença na Trindade para


que o homem seja salvo. Como trata-se de uma questão bíblica, é na Bíblia
onde devemos nos basear para crer ou não nessa doutrina, o que Ela diz é o
que vale e não o que achamos. Rejeitar este ensino apenas porque não o
compreendemos completamente é fugir totalmente do padrão de
julgamento bíblico.
O conceito clássico trinitariano estabelece que na Divindade há três
pessoas distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que juntas são o único
DEUS verdadeiro. O maior cuidado desta definição é o de guardar as
declarações bíblicas do monoteísmo, procurando sempre harmonizá-las
com outras que apontam a Divindade plena de Jesus Cristo e a
personalidade divina do Espírito Santo.
Concordamos com os autores da revista “Deve-se Crer...” quando dizem:
“Porque deveria tal assunto ser mais do que interesse passageiro? Porque o
próprio Jesus disse: ‘A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, como o
único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo.’ Assim, todo o
nosso futuro depende de conhecermos a verdadeira natureza de Deus, e
isso significa ir à raiz da controvérsia sobre a Trindade.” E nos propormos
aqui, com toda a imparcialidade e sinceridade de Deus, a analisarmos os
argumentos propostos por eles contra a Trindade, mas esperamos que haja
a mesma atitude por parte das Testemunhas de Jeová, que sempre
recusam dar a devida consideração a pensamentos diferentes dos seus.
De certo modo este trabalho complementa a revista “Deve-se Crer...”, pois
nela apenas encontramos um lado da moeda; só com a confrontação desses
dois textos é que o leitor poderá chegar a uma conclusão plenamente válida
se deve ou não crer na Trindade. Esperamos com isso, não fazer valer
nossa opinião, mas estabelecer a verdade sobre a natureza do Deus da
Bíblia. Esse nosso intento é tão verdadeiro que não nos intimidamos em
sugerir a leitura da referida revista, pois cremos que nada podemos contra
a verdade, mas em favor da verdade (2Co 13:8).

A ERUDIÇÃO DA REVISTA “DEVE-SE CRER NA TRINDADE?”

A revista “Deve-se Crer...” procura sempre se apoiar em eruditos, mas se


analisarmos suas citações percebemos que sempre menciona os mesmos
autores:
Artrhur Weigall, autor da obra “O paganismo no nosso cristianismo” é
citado várias vezes (Págs 3,6,11), sua declaração “a origem da [Trindade] é
inteiramente pagã” é ditas duas vezes (Págs 3 e 11). Este escritor não é
considerado um erudito, mas apenas um crítico polemista do cristianismo,
suas declarações agridem não somente a doutrina da Trindade, mas muitos
outros ensinos cristãos, alguns comuns aos trinitários e as Testemunhas de
Jeová.
Karl Rahner e seu “Dicionário Teológico” é também bastante citado (Págs
4,28). Esse autor, neste mesmo trabalho, onde afirma que Cristo não seria
o mesmo ‘ho Theos’ em Jo 1:1, reconhece (pág. 250) que Jesus é chamado
Theos em Rm 9:5; I Jo 5:20 e Tt 2:13. Nisso fica a pergunta, feita por
Bowman: Nestes casos esses textos realmente dizem que Jesus é “o Deus
que está sobre todos”(Rm 9:5), “o verdadeiro Deus e a vida eterna”(I Jo
5:20), e “nosso grande Deus e Salvador”(Tt 2:13), como então esse teólogo
ainda consegue negar que Jesus estava sendo chamado de “ho Theos” em
Jo 1:1????
O chamado teólogo católico Edmund Fortman é figurinha repetida (Págs
6,21,22). Este também tem suas declarações torcidas, ele declara que os
escritores do Novo Testamento “Não nos deram nenhuma doutrina formal
ou formulada da Trindade, nenhum ensino explícito de que em um só Deus
há três pessoas divinas coiguais. Mas realmente nos ofereceram um
trinitarismo elementar, os dados na base dos quais se pode formular
semelhante doutrina formal do Deus Trino e Uno”. Comparada com o que
está na revista “Deve-se Crer...” fica evidente que o trecho em questão foi
truncado, onde é suprimida a parte que grifamos.
O “Boletim da Biblioteca John Rylands” é citado exaustivamente (Págs
19,20,28). As citações desta literatura são seletivas e não mostram que os
autores desta obra dizem que além de Jesus não crer ser Deus, também
não cria que era o Cristo, obviamente as T.J. não concordarão com esta
segunda opinião.
Outros também citados são E.W. Hopkins (Págs 6,9) e Hans Kung (Págs
4,30). Este último ao dizer “Por que deveria alguém querer acrescentar
algo à noção da unicidade e da imparidade de Deus que possa apenas diluir
ou anular tal unicidade e imparidade?” Mas no contexto dessa declaração
esse autor estava demostrando simpatia pelos muçulmanos que não crêem
na Trindade. Assim constatamos que as Testemunhas de Jeová estão
dispostas a tudo para negar a Trindade, mesmo comungar com os pagãos e
suas crenças.
Levando-se em conta que boa parte dos autores citados são trinitarianos e
que a tendência de torcer e de procurar interpretar as citações é comum,
nada confere a “Deve-se Crer...” o título de erudita ou bastante abalizada
na intenção de negar na Trindade. No entanto, a preocupação nossa não
deve se concentrar na opinião de peritos, mas na verdade da Palavra de
Deus. Na grande maioria das vezes esses estudiosos se posicionam em
opiniões completamente fora da ortodoxia cristã, como no caso da negação
da inspiração plena das Escrituras e dos vários ensinos essenciais sobre
Pessoa e a obra de Jesus.
Nesta presente obra apologética o autor se concentrou mais no período
patrístico e na Bíblia Sagrada. Todas as obras dos pais apostólicos
disponíveis foram lidas, enquanto da Bíblia, foram feitas três leituras
completas.

COMO SE EXPLICA A TRINDADE? (Páginas 3-5)

A resposta a essa pergunta encontramos em 1Co 2:9-19, que registra: “Mas


como está escrito: as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não
subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o
amam. Mas Deus no-las revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito a
todas as coisas perscruta, até as profundezas de Deus. Porque qual dos
homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem que nele há?
Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.
Mas nós não recebemos o espírito de mundo, mas o Espírito que provém
de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente
por Deus. Assim também falamos, não com palavras de sabedoria humana,
mas as que o Espírito Santo ensina, comparando coisas espirituais com
espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas de Espírito de
Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque se
discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele
de ninguém é discernido”. Eis portanto a razão do porquê da Trindade não
ser um mistério para o crente, ele a compreende profundamente, como
vimos no texto acima, em seu espírito, porque nele se encontra o Espírito
Santo (Rm 8:16).
Esse texto de 1Co 2:9-15 deixa claro que somente pelo Espírito de Deus é
que entendemos as profundezas de Deus, as coisas que o homem natural
(sem o Espírito Santo) não pode compreender. Ora, os católicos não
possuem o Espírito Santo porque não crêem de forma correta no
Evangelho (Ef 1:13 e 1Co 15: 1,2), por isso são tão dramáticos quando falam
de explicações para a Trindade, como citam as T.J. na revista. Já as
Testemunhas de Jeová, dizem que o espírito humano é a respiração, e
julgam que somente os 144 mil podem ter o Espírito; assim ficam
impossibilitadas de receber o Espírito Santo, para essas, a Trindade é um
verdadeiro enigma.
A explicação intelectual da doutrina da Trindade é algo possível, mas a
compreensão profunda dela: só em nosso espírito. Esse é o erro de muitos
teólogos, restringir tudo a compreensão mental. Os cristãos primitivos não
eram bem dotados intelectualmente, como o próprio contexto de 1Co 2:9-
15 (1Co 1:26) e os autores da “Deve-se Crer...” dizem. Portanto a explicação
não podia ser restringida a mente.

A Dádiva Do Espírito Santo


Mas que toda a Testemunha de Jeová saiba: A bênção do Espírito Santo é
para todo o crente no Evangelho da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, e
quem não o possuir não tem parte com Cristo, nem com a salvação, atente
para esses textos, onde fica claro que ter o Espírito Santo e ser filho de
Deus não é exclusividade apenas de um grupo restrito, mas para todos os
cristãos, para que de algum modo haja iluminação para a verdade oculta à
vossos olhos:

“Jesus estava em pê e clamava, dizendo: Se alguém tiver sede, venha a


mim, e beba. Quem depositar fé em mim, assim como disse a Escritura:
do seu mais íntimo manarão correntes de água viva. No entanto, ele
disse isso com respeito ao espírito que os que depositavam sua fé nele
estavam para receber; pois por enquanto ainda não havia espírito,
porque Jesus não havia sido glorificado” – Jo 7:37-39 (Tradução Novo
Mundo – T.N.M.).

“Pedro [disse] a eles: ‘Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado


no nome de Jesus Cristo, para o perdão de vossos pecados, e recebereis a
dádiva gratuita do espírito santo. Porque a promessa (do Espírito Santo)
é para vós e para os vossos filhos, e para todos os que estão
longe, tantos quantos Jeová, nosso Deus, chamar a si” – At 2:38,39
(T.N.M.).

“No entanto, vós estais em harmonia, não com a carne, mas


com o espírito, se o espírito de Deus verdadeiramente mora
em vós. Mas, se alguém não tiver o espírito de Cristo, este
não pertence a ele” – Rm 8:9 (T.N.M.).

“Porque todos os que são conduzidos pelo espírito de Deus,


estes são filhos de Deus. Pois não recebestes um espírito de
escravidão, causando novamente temor, mas recebestes um
espírito de adoção, como filhos, espírito pelo qual clama-
mos: ‘Aba, Pai! O próprio espírito dá testemunho com o
nosso espírito de que somos filhos de Deus” – Rm 8:14
(T.N.M.).

“Todos vós sois, de fato, filhos de Deus, por intermédio da


vossa fé em Cristo...Ora, visto que sois filhos, Deus enviou o
espírito de seu Filho aos nossos corações, e ele clama: ‘Aba,
Pai!’ De modo que não és mais escravo, mas filho; e, se
filho, também herdeiro por intermédio de Deus” – Gl 3:26 e
4:6,7 (T.N.M.).

“Mas vós também esperastes nele, depois de terdes ouvido a


palavra da verdade, as boas novas acerca da vossa
salvação. Por meio dele, também depois de terdes crido
fostes selados com o prometido espírito santo” – Ef 1:13 (T.N.M.).

Portanto fica esclarecido por estes textos que o Espírito Santo é dádiva
para todo o crente no Evangelho (ou boas novas), por Ele é que temos uma
íntima comunhão com Deus, sendo feitos participantes da natureza divina,
para escapar da corrupção que pela concupiscência há no mundo (2Pe 1:4;
Rm 8:2), sendo assim santificados por sua instrumentalidade (I1Ts 2:14;
1Pe 1:2).
É lamentável que a maioria das Testemunhas de Jeová tenham sido
convencidas que não podem receber o Espírito Santo, sendo impedidas de
se tornarem filhas de Deus, ficando numa situação de escravidão, e pior,
sem o medo que a Bíblia aponta para quem está assim (Rm 8:14).
O testemunho do Espírito Santo, tão maravilhoso e confortador é negado
aos membros desse grupo religioso; tornam-se pessoas secas e vazias de
espiritualidade, cheias de si e confiantes em crenças para elas irrefutáveis.
Julgam-se os únicos genuínos cristãos, taxando os outros de apóstatas e
heréticos, quando a Bíblia diz que estes são os que não possuem o Espírito
(Jd 19).

Além Da Compreensão Da Razão Humana (Pág. 4)


A Enciclopédia Americana realmente diz que a doutrina da Trindade está
“além da compreensão humana”, mas no seguinte contexto: “É sustentado
[pelos trinitarianos] que, embora a doutrina esteja além do alcance do
raciocínio humano, ela, de modo semelhante a muitas das formulações da
ciência física, não contrariando a razão, e pode ser apreendida (embora
não compreendida) pela mente humana”(Vol. 27, pág. 116).
Já a citação do Dicionário de Conhecimento Religioso de que os
trinitaristas “não chegaram a um acordo sobre a Trindade” ignora
completamente a história da formulação do credo ocorrida nos primeiros
séculos do cristianismo, fato que a própria revista “Deve-se Crer...” aborda
nas páginas 8 e 9.
A Bíblia não nega que os assuntos bíblicos e espirituais são muitas vezes
incompreensíveis para os homens carnais (1Co 2:14), o próprio Senhor
Jesus afirmou: “Porque não entendeis a minha linguagem? Por não
poderdes ouvir a minha palavra”(Jo 8:43); assim, é preciso o homem
poder ouvir a Palavra de Deus para entendê-la, e essa capacitação é dada
ao nosso espírito pelo Espírito Santo de Deus depois que cremos no
Evangelho (Jo 7:39 comparado com Jo 20:22 e Lc 24:45). Sem isso,
ficaremos confusos e acharemos as verdades sagradas loucura.
Até mesmo os cristãos autênticos devem orar a Deus para que lhes dê o
espírito de sabedoria e de revelação (Ef 1:17). A Bíblia de forma alguma diz
que todos assuntos doutrinários são simples e claros, o Apóstolo Pedro
afirma em sua segunda carta, que há pontos difíceis de entender na palavra
de Deus (3:16). Portanto, nada se comprova contra a doutrina da Trindade,
as várias declarações sobre as dificuldades de se entender tal ensino.
E referente a Deus diz o livro de Jó: “Eis que Deus é grande, e não o
podemos compreender”(36:26); “Ao Todo-Poderoso não podemos
alcançar; Ele é grande em poder...”(37:26).

A Praticidade Da Trindade
A alegação de que a Trindade é um assunto de crença formal e que pouco
ou nenhum efeito tem sobre a cotidiana vida cristã, está errada. A Trindade
é o fundamento do amor cristão, onde toda a praticidade da vida cristã tem
origem. É da comunhão do eterno amor entre o Pai, o Filho e o Espírito
Santo onde o amor entre os homens se inspira, isto é a própria razão do
cristianismo.
Deve-se refletir: Se Deus fosse apenas uma pessoa, como a Bíblia afirmaria
que Ele é amor? O que esse Deus solitário amaria antes da criação de todas
as coisas??
Outro aspecto da praticidade da doutrina da Trindade é bem apontado por
Robert Bowman em seu livro “Porque Devo Crer na Trindade”:
“Os trinitarianos têm a certeza de que Aquele que os salvou, Jesus Cristo, é
nada mais nada menos do que o próprio Deus. Regozijam-se, ainda, em
saber que é o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo que habita nos
seus corações. Para o cristão trinitariano, Deus não é aquilo que as
Testemunhas de Jeová ensinam – um ser muito distante que nos enviou
um empregado para nos salvar do nosso pecado, ou que agora nos ajuda
somente por meio de nos transmitir de uma grande distância uma força ou
energia impessoal. Pelo contrário, Deus veio a terra pessoalmente para nos
salvar, e está presente de modo direto e pessoal a cada momento. Esse fato
dá ao trinitariano uma confiança tremenda de que Deus está com ele e
intimamente perto dele”.

Não É Deus De Confusão Para Os Cristãos


O Deus dos crentes não é de confusão, no entanto o mesmo não se pode
dizer para os incrédulos, mesmo os que estudam muito a Bíblia. Em Rm
9:33 lemos: “Como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de
tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nele crer não será
confundido”(Veja ainda 1Pe 2:6-8). O problema básico das T.J. é que
foram levadas a crer em ensinamentos errôneos que as impossibilitam de
crer na verdade e entender as coisas de Deus, no caso, acreditam que o
espírito do homem é a respiração e não um lugar para receber confirmação
(Rm 8:16) e assimilar conhecimentos mais profundos (1Co 2:11). O
Apóstolo Paulo nos diz em 2Corinto cap. 3 que os judeus tinham como que
um véu no entendimento por insistirem em viver no pacto da lei, que tinha
sua força na letra; mas o pacto em vigor, o do Novo Testamento, possui seu
teor no espírito; estamos, como ele chama, no glorioso ministério do
espírito. Já as Testemunhas de Jeová parecem estarem num ministério de
intelectualidade recusando a aceitar o lado espiritual do cristianismo,
estando como aqueles, igualmente cegas.
Os trinitarianos não afirmam que para se conhecer a Deus é preciso a
pessoa ser teóloga, o que a Bíblia exige é fé, e mesmo sendo os fiéis
discípulos de Jesus pessoas simples e humildes, Ele não deixou de dizer
que seus ensinos eram de níveis transcendentes aos homens, lemos em Mt
13:11: “Ele, respondendo, disse-lhes (aos discípulos): Porque a vós é dado
conhecer OS MISTÉRIOS do reino dos céus...” e confirmando que seus
ensinos e verdades eram revelados por obra da graça de Deus, e que não
podiam ser atingidos pela sabedoria humana, Ele acrescentou em Mt 11:
25-27: “Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas
coisas aos sábios e entendidos, e AS REVELASTE aos pequeninos. Sim, ó
Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu
Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai,
senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser REVELAR”. Assim vemos
que o conhecimento do Pai era impossível para a mente dos homens;
apenas pela revelação é que podemos obtê-lo. Paulo confirma isso em 1Co
2:6-10: “Todavia falamos (os cristãos) a sabedoria dos perfeitos; não,
porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se
aniquilam. Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em MISTÉRIO, a qual
Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos
príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca
crucificariam ao Senhor da glória. Mas como está escrito: As coisas que o
olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem,
são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus nos-las revelou
pelo seu Espírito”.
Quando lemos os Evangelhos logo percebemos que os discípulos não
conheciam plenamente quem era Jesus, somente depois que Jesus
ressuscitou foi que tudo ficou claro para eles, e isto graças ao Espírito
Santo (Jo 14:7-11, 16-21; 20:22,28; 2:22). Somente pelo Espírito Santo é
que confessamos a Jesus como Jeová (1Co 12:3) e para recebê-Lo, só
precisamos crer (Ef 1:13; Gl 3:2).

A TRINDADE COMO ENSINO BÍBLICO (Págs 5-7)

A Trindade é sem a menor sombra de dúvida a doutrina mais bem


abalizada dentro da Bíblia. Ela está na Bíblia como o sal está no mar, se
aparentemente parece que não, é por uma falta de exame mais concreto.
Olhar demoradamente o mar e escutar que ele está cheio de sal é uma
coisa, outra coisa é ir até ele e provar. As Testemunhas de Jeová não fazem
essa segunda coisa com relação a Bíblia e a Trindade, tudo o que sabem
contra a Trindade advém dos escritos dos Estados Unidos. Toda
Testemunha de Jeová tem os mesmos argumentos sobre a Trindade, e não
venham nos dizer que isso é um prova de unidade doutrinária, não é essa a
imagem que passa, o que se conclui, é que o assunto foi examinado apenas
por alguns. As Testemunhas de Jeová são programadas para não contestar
nada dos escritos dos superiores delas, que são os únicos a interpretar a
Bíblia no final. O que é dito na página 5 sobre a Bíblia é incontestável, mas
o que vemos é apenas o uso da verdade para defender uma mentira. O
leitor desinformado faz essa leitura e a impressão passada é que os autores
são bastante sinceros e examinadores da Bíblia. Mas não são, se fossem
haveria uma tremulação, uma certa dúvida na maneira de falar, pelo
menos em alguns pontos. Ora, é bem verdade que o objetivo deles deve ser
alcançado e seria bastante perigoso uma maneira de escrever não muito
convincente. Porém, é muito estranho a ausência de convicção em pelo
menos um pontinho. Não há por parte deles um vestígio sequer de mostrar
a sinceridade dos que defendem a doutrina, os argumentos fortes desse
ensino. Isso torna esse escrito das Testemunhas de Jeová desacreditado,
por mais que possa parecer o contrário.
Todas citações eruditas dessas páginas tratando da existência da Trindade
na Bíblia quando não são torcidas, são tendenciosas, não dando a devida
atenção as expressões “formal”, “formulada” ou “explícita”, as quais
apontam o fato da doutrina da Trindade não ser encontrada desta forma
nas Escrituras e não que não esteja nelas na maneira que os demais
ensinos se apresentam.

A “Trindade” Na Bíblia
Numa tentativa desesperada de negar que Tertuliano (mestre cristão do
terceiro século) cria na Trindade, as Testemunhas de Jeová dizem:
“Contudo isso [o emprego da palavra ‘Trinitas’ por Tertuliano] em si
mesmo não prova que o próprio Tertuliano ensinasse a Trindade. A obra
Católica Trinitas – A teológica Encyclopédia of the Holy Trinity (Trinitas –
Enciclopédia Teológica da Santíssima Trindade), por exemplo, diz que
algumas palavras de Tertuliano foram mais usadas por outros para
descrever a Trindade. Daí, faz o alerta: Mas, não se podem tirar conclusões
apressadas a respeito do uso, pois ele não aplica essas suas palavras à
teologia trinitarista” (págs. 5,6).
Sobre isto explica Robert Bowman: “Na base desse argumento poderíamos
supor que a obra Católica ‘Trinitas’ está dizendo que Tertuliano não
empregava a palavra “trindade” [trinitas] a respeito de Deus num contexto
trinitariano. Mas isso é totalmente falso. A verdade é que a enciclopédia diz
que Tertuliano não empregava a palavra “SUBSTANTIA” e seus derivados
com referência a Trindade. Note o que a obra realmente diz: “O grande
africano formulou a linguagem latina da Trindade, e muitas das suas
palavras e frases tiveram seu emprego mantido permanentemente: as
palavras TRINITAS e PERSONA, as fórmulas ‘uma só substância em três
pessoas’ , ‘Deus de Deus’, ‘Luz de Luz’. Emprega a palavra ‘SUBSTANTIA’
400 vezes, assim como também emprega ‘CONSUBSTANTIALIS’ e
‘CONSUBSTANTIVUS’, mas não se podem tirar conclusões apressadas a
respeito do uso, pois ele não aplica essas palavras a teologia trinitariana
”(18).
Só nos resta concluir que o escritor ou os escritores da brochura das
Testemunhas de Jeová tinham a máxima dificuldade em achar evidências
sólidas para apoiar a sua teoria de que a doutrina da Trindade foi
desenvolvida quase dois séculos depois de Tertuliano.”
A verdade é que o vocábulo “Trindade”(do grego TRIKHA, TRÊS; do latim
TRINITATEM, grupo de três pessoas) foi usado pela primeira vez, em sua
forma grega, por Teófilo (-180 A.D.); e, em sua forma latina por Tertuliano
(-230 A.D.). Trata-se de um termo técnico para definir a verdade sobre as
pessoas de Deus. Essa palavra não se encontra na Bíblia pelo simples fato
de não existir quando a Escritura Sagrada foi escrita, foi um termo
exclusivamente criado para a doutrina encontrada na Bíblia. Algo
semelhante ao que aconteceu com a palavra “Jeová” ,que foi criada para se
pronunciar o Tetragrama do nome de Deus (J H W H).
Não esqueçamos que a Trindade só veio à luz com a vinda de Cristo, por
isso não se estranhar a não existência dessa palavra no texto sagrado. Por
outro lado, o Evangelista João, ao escrever o prólogo quarto Evangelho
utilizou a palavra “LOGOS” oriunda do Neoplatonismo para designar
Jesus, com isso ficou claro para os cristãos primitivos que Ele era UM com
Deus, pois a Razão de Deus (a definição que os filósofos davam ao LOGOS)
é algo que LHE é inerente. Vale ainda observar que apesar da palavra
“Trindade” não se encontrar na Bíblia, a expressão que a equivaleria existe,
trata-se da palavra grega THEIOTÊS, traduzida em português por
DIVINDADE, encontrada apenas em Rm 1:20. Sem esquecer da palavra
hebraica “ELOHÍM” que, significando “Deuses”, representa o único Deus
trino criador de todas as coisas

ENCONTRANDO A TRINDADE NA BÍBLIA

Seria desorganizado e desarmonioso se no livro de Gênesis se encontrasse


definições e elaborações de doutrinas de um modo explícito. Todavia,
todas elas estão ali e podem ser defendidas.
Como exemplo citemos a doutrina da regeneração. Em Gênesis nada se diz
dela, porém existem fatos em sua narração que permitem perfeitamente a
sua existência e defesa. Se Deus criou tudo do nada, por que se achar difícil
para Ele transformar o homem decaído na imagem de Jesus apenas pela
fé? Deste modo podemos dizer que esta doutrina está em Gênesis. Não há
uma definição, mas há dados e verdades que permitem a sua existência.
Somente no Novo Testamento é que esta doutrina é dada (Tt 3:5), e olhem
que esta é uma das mais importantes doutrinas. Pois bem, essa mesma
metodologia deve ser aplicada para a defesa da doutrina da Trindade, e
vale lembrar que encontramos em Gênesis textos que confirmam a
Trindade que nenhuma outra doutrina possui.
Deve-se observar também, que muitas das doutrinas das Testemunhas de
Jeová não se encontram da forma como elas querem para a Trindade. Suas
doutrinas são definidas com junções de vários textos que, por suas leituras
comparativas “geram” a conclusão desejada, estabelecendo uma idéia geral
sobre determinado assunto, que depois é fortalecida por outros textos (se
bem que outras, são feitas com verdadeiros malabarismos matemáticos,
como a da volta de Jesus em 1914).
No livro de Hebreus vemos o autor trabalhando para estabelecer a
doutrina de que Jesus é o Sumo-sacerdote eterno. Ele vai a cata de várias
verdades do Antigo Testamento até criar a idéia que Jesus é o Sumo-
sacerdote do Novo Testamento. O autor tinha um versículo-chave que em
torno dele tece seus comentários para provar sua tese. Este versículo-chave
era o que dizia que existiria um sacerdote para sempre segundo a ordem de
Melquisedeque (Sl 110:4). No caso da Trindade há vários versículos-chaves
que são tão evidentes que as Testemunhas de Jeová são obrigadas a torcê-
los em sua tradução.
Outro exemplo que podíamos usar é a doutrina da ressurreição, essa
doutrina só possui um texto no Antigo Testamento que a defende
claramente, é Daniel 12:2 e ainda assim parece indicar uma ressurreição
parcial e não total, o que poderia ser, interpretado como um evento
espiritual ou simbólico e não físico como ensinaram os cristãos primitivos.
Por isso que o texto usado foi o Salmo 16, onde dele se fazia uma
interpretação quase fora do contexto. Jesus para defender essa doutrina
diante dos Saduceus teve que se valer de induções interpretativas da
palavra de Deus (Ver Mt 22:29-33). A força, portanto, dessa doutrina está
no Novo Testamento e sua aceitabilidade é por fé (Rm 10:9; Mt 16:1-4). No
entanto há fatos no Antigo Testamento que a comprovam, apesar da
carência de textos. Em Hebreus 11:17-19 vemos o autor buscando provar
que o pai da fé, Abraão, cria na ressurreição dos mortos apenas pelos fatos
que a narrativa bíblica transmitia. Mas na doutrina da Trindade os textos
são abundantes e os fatos confirmatórios ilimitados.
Em contrapartida a essa exigência das Testemunhas de Jeová para com a
doutrina da Trindade, constatamos que em nenhuma parte da Bíblia se diz
que somente a pessoa do Pai é toda-poderosa, nem que o Filho seja um
Deus diferente e inferior ao Pai e tão pouco que o Espírito Santo seja uma
força.

DEUS SE REVELA EM CRISTO

A encarnação de Cristo foi um evento ocorrido no Novo Testamento e


somente Ele por sua experiência e capacitação é que poderia trazer com
mais precisão as verdades acerca de Deus. Esse fato é defendido em Dt
18:15-19 no Antigo Testamento e em Jo 3:11-13 no Novo, este segundo diz:
“Na verdade, na verdade ti digo que nós dizemos o que sabemos, e
testificamos o que vimos, e não aceitais o nosso testemunho. Se vos falei de
coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?
Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho de Homem
que está no céu.” Assim, fica claro que a doutrina da Trindade só foi
revelada no Novo Testamento, porque somente neste período é que Cristo
se encarnou (veio do céu à terra em forma humana) para revelar Deus
satisfatoriamente (Jo 1:18). Deus não foi revelado em palavras, em termos
teológicos, mas numa pessoa, Jesus Cristo. Por isso não necessitar uma
explicação e definição em termos linguísticos da doutrina da Trindade. Se
isso tivesse sido feito por Deus, dispensaria a encarnação de Cristo.
A doutrina é vista nitidamente em várias partes do Novo Testamento, o
que permite biblicamente defendê-la. Esses textos são expressões de Cristo
e citações dos escritores neo-testamentários e não conceitos doutrinários.
Imaginem o absurdo se a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, fosse
um livro de definições teológicas. O Novo Testamento (especialmente as
cartas) surgiu por situações que apareciam na Igreja primitiva. Havia
alguém praticando algum ato contrário ao ensino de Cristo e logo os
Apóstolos escreviam uma carta explicando ou exortando para que isso não
fosse praticado, e desse modo todas as cartas foram escritas, muito
semelhante ao modo que a Lei de Moisés foi ampliada, os problemas
surgiam e Moisés resolvia de modo que Deus lhe instruía (Ex 18:13-26; Lv
24:10-16; Nm 9:6-9; 15:32-36; 27:1-11;). Em 1Coríntios capítulo 7 vemos o
Apóstolo Paulo explicando e dando resposta de como deviam resolver e
proceder na questão do casamento, pois com certeza surgiu problemas
nesse assunto; nessa mesma carta vemos o mesmo Paulo fazendo uma
defesa da doutrina da ressurreição dos mortos por ter alguns ensinado
coisas erradas a seu respeito; nos capítulos 12-14 ele trata dos dons do
Espírito porque a Igreja não estava sendo correta com seus usos; já em
Romanos Paulo explica que a Igreja não devia escarnecer da nação de
Israel, ensina como deviam tratar os fracos na fé, e assim se sucede em
todas as cartas, dificuldades e dúvidas surgiam e os Apóstolos davam o
parecer doutrinário. Ora, não surgiu dúvidas sobre a doutrina da Trindade,
pois essa era plenamente entendida pelos crentes, visto que eles conheciam
em seus espíritos a pessoa de Cristo que era idêntica a do Pai e do Espírito
Santo (Jo 14: 15-23).
Note que nesse texto de Jo 14:15-23 se ver claramente que ao se receber o
Espírito Santo se recebia também o Pai e Filho; os três passariam a morar
em quem recebia o Espírito, e quando assim acontecesse, Cristo em sua
unidade com o Pai e Espírito, não seria um mistério, mas seria
MANIFESTADO a tal pessoa. Portanto, essa dúvida não poderia surgir
num crente genuíno em seu espírito, pois se assim acontecesse, nem crente
ele seria (Rm 8:9)*. Desse modo, devido a raridade para a questão ser
levantada, não precisou Paulo escrever uma definição teológica sobre a
Trindade. Porque em sua época não existiu tal dúvida. No entanto, nas
exortações sobre outros assuntos, Paulo usou da verdade da Trindade de
uma maneira quase não intencional. Em Filipenses capítulo dois, por
exemplo, Paulo tem o objetivo de levar os irmãos a serem humildes da
maneira de Cristo, com esse alvo acabou falando da Divindade de Cristo e
sua humanidade ou encarnação. Mas o objetivo dele não foi estabelecer um
credo ou uma definição para a doutrina da Trindade.

*Teófilo de Antioquia, o primeiro a usar a palavra “Trindade” para apontar


esta doutrina, diz isso no seu segundo livro a Autólico, 22: “Por isso, as
santas Escrituras e TODOS OS PORTADORES DO ESPÍRITO NOS
ENSINAM, dentre as quais João diz: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava em Deus’, dando a entender que no princípio existia apenas Deus e
nele o seu Verbo. Depois diz: ‘E Deus era o Verbo. Tudo foi feito por Ele, e
sem Ele nada foi feito’. Portanto, sendo o Verbo Deus e nascido de Deus,
quando o Pai do universo quer, Ele o envia a algum lugar e, chegando aí,
Ele é ouvido e visto, pois é enviado por Ele e se encontra em algum lugar”.
A expressão grifada no texto acima serve para apontar esse fato: todos os
que tinham o Espírito Santo reconheciam que Jesus era Deus.
A TRINDADE E A VIDA ETERNA

A doutrina da Trindade é o sustentáculo de todas as doutrinas, como


exemplo disso citamos a doutrina da vida eterna. Segundo Jo 17:3 a vida
eterna consiste em se conhecer a Deus, e só se conhece a Deus conforme Jo
1:18 por meio de Jesus, por sua vez Jesus só é conhecido através do
Espírito Santo (2Co 5:16; 1Co 2:9-12; 6:17,19). Desse modo, se o Espírito
Santo não é uma pessoa, não se pode conhecer a pessoa de Jesus e por
conseguinte a pessoa do Pai. Se Jesus não for Deus, mas um anjo, não se
pode conhecer por Ele a Deus, mas um anjo. Assim, ou se crer que Jesus é
Deus e o Espírito Santo é uma pessoa, ou então não se pode ter a vida
eterna. Em I Jo 5:12 diz: “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o
Filho de Deus não tem a vida”. Portanto, Jesus é a vida eterna, quem O
conhece, conhece o Pai (I Jo 2: 13,14), e em I Jo. 4:12,13 declaradamente
mostra que é pelo Espírito que conhecemos a Deus. Dessa maneira
chegamos a conclusão de que a vida eterna depende de se crer na
Trindade: “pois, por meio dele (Jesus), nós, judeus e gentios, num só
Espírito, temos acesso ao Pai”, Ef 2.18, Bíblia de Jerusalém. Sem Jesus e o
Espirito Santo o Pai é inacessível.

“...Ninguém vem ao Pai senão por mim. Se vós me tivésseis conhecido,


teríeis também conhecido meu Pai; deste momento em diante vós o
conheceis e o tendes visto”. Filipe disse-lhe: “Senhor, mostra-nos o Pai, e
isso chega para nós”. Jesus disse-lhe: “Tenho estado tanto tempo convosco
e ainda não vieste a conhecer-me, Filipe? Quem me tem visto, tem visto
(também) o Pai. Como é que dizes, mostra-nos o Pai? Não acreditais que
eu esteja em união com o Pai e que o Pai esteja em união comigo? Jo 14.6-
10 Tradução Novo Mundo. A unidade ou união entre o Pai e o Filho é uma
questão de fé e não de entendimento, seja deles ou nossa, unidade de
propósito como querem entender as Testemunhas de Jeová quando a
Bíblia diz que o Pai e o Filho são um, não requer fé, mas compreensão. Mas
Jesus diz aqui nesse texto acima citado que quem conhece a Ele conhece o
Pai, eles são idênticos, não são diferentes, logo em seguida ainda nesse
texto Jesus diz que quando o Espírito Santo for dado aos discípulos eles
terão o Pai e o Filho morando dentro deles (versos 15-23). Ter uma das
pessoas da Trindade é como ter todas, daí essa ênfase que Cristo deu nessa
questão da unidade. A unidade da Trindade será idêntica a unidade da
igreja, uma unidade não de pensamento ou de organização, mas pessoal e
espiritualmente.
A vida eterna é conhecer a Deus e não existir eternamente, a Bíblia
distingue claramente a vida eterna da ressurreição do dia final em João
6.40, 54 e 2Timóteo 1.10. Enquanto vida eterna se consegue aqui por fé, a
ressurreição se consegue no futuro, a vida eterna é comunhão com Deus no
nosso espírito em nosso coração agora, atente nesses dois versos paralelos
de João: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna
Jo 6.54...Quem come minha carne e bebe meu sangue permanece em mim
e eu nele Jo 6.56, vida eterna portanto é está em união com Cristo, em 1Jo
3.15 diz que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.
Quem tem a vida eterna, essa comunhão com Deus no espírito, é um só
com o Senhor como se estivesse casado com Deus (1Co 6.16,17), por isso
que Jesus disse que vida eterna é conhecer a Deus em alusão a união carnal
do homem com a mulher (Ef 5.31, 32; Gn 4.1). Já a ressurreição é uma
consequência da vida eterna, pois quando Deus passa a morar em nosso
espírito na Pessoa do Espírito Santo essa união não pode mais ser desfeita,
se o casamento físico é indissolúvel quanto mais o casamento espiritual,
por isso é uma vida (comunhão) eterna, assim quem tem a vida eterna terá
a ressurreição como uma garantia, veja Rm 8.11,18-23; Ef 1.13, 14 e 4.30;
1Jo 3.1; 1Pe 1.5; Rm 13.11. Como diz o Apóstolo Paulo em 2Coríntios 5.4 os
cristãos não querem ser despidos de seus corpos, mas que eles sejam
absorvidos pela vida que existe em seus espíritos onde Deus habita
gloriosamente por seu Espírito, nos transformando dia a dia na
semelhança do caráter de Cristo (2Co 3.14; 4.6,7) até que cheguemos a
perfeição da ressurreição física (Fp 3.10-12).

A DISTINCÃO E AS FUNÇÕES DAS PESSOAS DA TRINDADE

É importante fazermos algumas considerações e correções de idéias sobre


a doutrina da Trindade nesses dois assuntos: Função e distinção.
Primeiro deve-se entender que as três pessoas da Trindade não eram bem
distintas no princípio, isto é, não se podia identificar quem era o Pai, o
Filho ou Espírito Santo. As três eram idênticas em tudo, de modo que não
havia dificuldade de se entender Sua perfeita unidade. A distinção das
pessoas só ocorreu com a encarnação da Segunda pessoa, que foi
denominada “Filho” já no Antigo Testamento (Sl 2:12). E essa distinção só
se deu na função que cada Pessoa exerceu a partir dessa encarnação.
No Antigo Testamento vemos a atuação de Deus em Trindade, mas no
Novo cada uma das Pessoas divinas trabalha separadamente. É errado se
pensar que no Antigo Testamento apenas o Pai se manifestava, na verdade
as três Pessoas trabalhavam ao mesmo tempo em perfeita unidade (Gn
1:26,27).
Quando no Novo Testamento Deus se encarnou na sua Segunda Pessoa
aconteceu então a distinção de um modo mais acentuado, ficando evidente
pela função de cada uma das divinas Pessoas. A primeira é chamada “PAI”
e tem a função de representar a Trindade como era vista no Antigo
Testamento. O termo “Pai” além do significado comum de pai, possui
também em grego a idéia de Patriarca (Mt 3:9; Mc 11:10; Lc 1:73; Jo 8:39,
53 e 56; Rm 9:10; Hb 1:1), fazendo uma referência antológica (para o
passado); por isso era o ideal para representar o modo uno do Deus trino
agir no Antigo Testamento. A Segunda é chamada “FILHO” *, e se
encarnou para uma série de objetivos, dentre os quais alguns são: A
salvação da humanidade, o aniquilamento do poder do diabo, a revelação
da Divindade, o julgamento dos homens, o estabelecimento do Reino do
Deus, a restauração do planeta terra [OBS. O autor entende “Céu” ou
“Reino dos Céus” como uma junção do novo céu e da nova terra, esta será
restaurada e não destruída, conforme Cl 1:20; Ap 21:1; 2Pe 3:7-13; Hb 1:10-
12; Mt 19:28; Rm 8:19-22], Etc.
* Eusébio, 263-340d.C, diz o mesmo em sua História Eclesiástica, livro I,
no final do capítulo II: “chamado Filho de Deus, em razão de sua
manifestação final na carne”

A Terceira Pessoa é chamada “ESPÍRITO SANTO” e sua função é fazer


Deus ser conhecido no espírito dos homens, Ele se amalga, se une (1Co
6:17), ao espírito humano, fazendo o homem ser participante da natureza
divina, tornando-se assim em filho de Deus adotivo, isto produz um
conjunto de consequências necessárias para concretizar os planos de Deus,
como o poder para vencer o pecado e ter uma vida santa, a formação da
Igreja, a obediência aos mandamentos pelo recebimento do amor de Deus,
a convicção de salvação, Etc (constate isso lendo Rm 5:5; 8:2,16 e 17; 1Co
2:10-16; 6:17; Gl 5:22; Ef 4:4; I1Ts 2:13; 2Pe 1:3 de modo comparativo).
Os termos dados a cada pessoa da Trindade “PAI, FILHO E ESPÍRITO
SANTO” servem para fazer a distinção e ajudar a entender a Trindade, pois
sabendo-se que uma pessoa é FILHO e a outra é PAI, entendemos tratar-se
de pessoas da mesma natureza, ou seja, se Jesus é Filho de Deus é Deus,
assim como o filho do gato é gato e o filho do homem é homem. Jesus é o
Filho Unigênito de Deus, o único da mesma “gen”, da mesma natureza, por
isso é Filho de Deus diferente dos demais. Assim os termos “FILHO” e
“PAI” dados o Segunda e a Primeira Pessoa da Trindade conseguem
distingui-las sem torná-las diferentes na natureza. É bom lembrar, e ainda
lembraremos posteriormente, que um pai não cria um filho, mas o gera, o
filho sempre esteve nele, os termos “PAI” e “FILHO” para essas Pessoas
divinas dizem isso, sem no entanto caírem em extremos como logo
explicaremos.
Por sua vez a Terceira Pessoa sendo chamada “Espírito de Deus” ajuda-nos
a entender por esse termo “ESPÍRITO” sua função de nos dar o
conhecimento pessoal de Deus no Seu espírito, isto é, no Seu íntimo, já que
em nossa atual condição é impossível conhecê-lo em Sua forma, digamos,
externa. Em outras palavras, a Terceira Pessoa sendo chamada “Espírito de
Deus” significa que Ela tem a função de espírito como se Deus fosse
semelhante ao homem de corpo, alma e espírito. Ele assim possui uma
função invisível, onde revela a Deus a nós, em nossos espíritos, e como o
termo “espírito” indica bem isso, foi o mais adequado para se dar a
Terceira Pessoa (veja 1Co 2:11). E é bom lembrar, assim como o termo
“filho” foi dado para a Segunda Pessoa ainda no Antigo Testamento, do
mesmo modo aconteceu com a Terceira Pessoa.
É importante dizer que esses nomes dados as três Pessoas da Trindade,
não devem ser vistos como um recurso para se entender de modo claro e
absoluto essas Pessoas, se fizermos isso podemos desvirtuar por completo
sua finalidade, que é a de entendermos a relação que há entre o Pai, o Filho
e o Espírito com os homens ,e com Eles mesmos, na obra da salvação.
Se por exemplo tomarmos uma concepção plena dos termos “Pai”, “Filho”
e “Espírito” poderíamos pensar que o Pai e o Filho não fossem espírito,
mas isso entraria em contradição com a Bíblia que diz, que Deus (Pai, Filho
e Espírito Santo) é ESPÍRITO (Jo 4:24).
É exatamente neste ponto que a maioria das T.J. se confundem e querem
confundir, pois julgam que Jesus é inferior porque é chamado Filho. Na
verdade os termos “Pai” e “Filho” indicam que a Primeira e a Segunda
Pessoa da Trindade possuem a mesma natureza (são divinas) e uma
relação íntima (unidade), nada implica uma posição hierárquica, e se essa
existir, foi por causa da encarnação da Segunda dentro do plano da
salvação, onde Jesus se fez homem.
Com essas considerações acima fica mais fácil percebermos as distinções e
a plena Divindade das três pessoas da Trindade; também entendemos
porque a Pessoa do Pai parece ser ‘mais Deus’ que Jesus e o Espírito Santo,
por causa de sua função de representar a Trindade como era vista no
Antigo Testamento. Além disso, o objetivo de se falar da distinção e da
função das Pessoas da Trindade foi introduzirmos o próximo assunto, onde
será explicado e comentado um ponto crucial para plena refutação da
revista “Deve-se Crer...”.

CONFUNDINDO PARA ARGUMENTAR

Existe uma pequena confusão feita pelos autores da revista “Deve-se


Crer...” que possibilita a eles muitas argumentações. Esclarecendo ela,
praticamente todos os argumentos reprovando a Divindade de Cristo são
dissolvidos.
O credo da Trindade estabelece que os cristãos adoram um Deus em
Trindade; o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três Pessoas distintas, mas
cada uma delas é Deus e as três são Deus, existindo uma unidade trina
perfeita. No entanto, em suas críticas e considerações as T.J. partem da
idéia errada que dizemos que o Pai, o Filho e o Espírito são apenas uma
pessoa, o que não é verdade.
Em todos os seus argumentos para negarem a Divindade de Cristo, os
pontos essenciais é confundir as Pessoas da Trindade em uma e não
esclarecer as duas naturezas de Cristo, esclarecido esses dois pontos as T.J.
simplesmente se calarão.
Na “Deve-se Crer...” encontramos os autores confundindo as Pessoas do
Pai e do Filho várias vezes: na página 17, ao dizerem “As palavra de Jesus
em Jo 8:17,18 também são significativas. Ele diz: ‘na vossa lei está escrito:
O testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou um que dá testemunho
de mim mesmo, e o Pai que me enviou dá testemunho de mim’. Jesus
mostra aqui que ele e o pai, isto é, o Deus Todo-poderoso, TÊM DE SER
DUAS PESSOAS DISTINTAS, pois, se não, como haveria realmente duas
testemunhas”. Na página 19 vemos novamente os escritores ignorando o
mesmo detalhe visando o desenvolvimento de mais argumentos, lemos:
“Paulo disse também que Cristo entrou no próprio céu, a fim de
comparecer agora, diante da face de Deus a nosso favor (Hb 9:24, BJ). Se
você comparecer à presença de outra pessoa, como poderia ser você aquela
mesma pessoa? Não poderia ser. Você teria de ser uma pessoa diferente à
parte”. Citam ainda o caso de Estevão que ao contemplar o céu aberto, viu
o Filho e o Pai separadamente, mencionam também Revelação 4:8 e 5:7,
sempre tentando negar a Trindade pela prova da distinção do Pai e do
Filho. Mas é tudo falácia para confundir o leitor desavisado.
É importante, pois, que o credo da Trindade seja bem definido e entendido
em seus termos para depois resolvermos aceitá-lo ou não, a exigência que
sempre Voltaire lembrava antes de entrar num debate: “Se quiser
conversar comigo, defina seus termos!” é essencial também no presente
debate.
Como diz o historiador Will Durant: “Quantos não seriam os debates que
teriam ficado reduzidos a um parágrafo se os contendores tivessem tido a
ousadia de definir seus termos! O alfa e o ômega da lógica, seu coração e
sua alma, estão em que termo importante num discurso sério deve ser
submetido, com rigor, ao escrutínio e à definição. É difícil, e representa um
teste impiedoso para a mente; uma vez feito, porém, representa a metade
de qualquer tarefa” (História da Filosofia, pág. 77). E segundo este
raciocínio, os trinitários estão até em desvantagem em relação as
Testemunhas de Jeová, afinal os termos do credo da Trindade já foram
definidos a cerca de dezesseis séculos atrás pelo mestres primitivos
Eusébio e Atanásio, e no entanto os autores da revista “Deve-se Crer... ”
insistem em torcê-los e ocultá-los, pois só assim podem argumentar. Se há
alguém nesse debate agindo com artimanha e vis sutilezas não são os
trinitários.
O impressionante contudo, é que depois de definirmos plenamente os
termos do credo da Trindade, não podemos mais refutá-la. E chegamos a
conclusão inescapável, que só pode ser a verdade sobre a natureza de Deus,
numa lógica digna dEle, que além de nos desarmar, acima de tudo, nos
deixa reverentes.
Referente as duas naturezas de Cristo a referência bíblica mais comum é a
de Mt 22:41-46. Na condição de homem, Jesus é menor que os anjos, não
sabe o dia de sua vinda e é submisso, é servo, Etc.
Portanto, a lenha do fogo da argumentação das T.J. contra a Trindade está
num engano, numa má compreensão do credo da Trindade. Quem elas
conseguem refutar são os Unitaristas, heréticos que, negando a doutrina da
Trindade, dizem ser o Pai, e o Filho e o Espírito Santo uma única pessoa.
Outro fato comprometedor para a doutrina da Trindade é quando as
Testemunhas de Jeová chamam a Jesus e ao Espírito Santo de “partes” de
uma trindade, mas o credo de Atanásio não diz que a Trindade é
constituída de partes, nem tão pouco que Deus é dividido pelas Pessoas, ele
é claro em dizer que não é possível dividir a Substância de Deus. Jesus
disse “Eu e Pai somos UM”. São esses mal-entendidos que permitem a elas
criarem argumentos contra a verdade bíblica do Deus Uno e Trino.
Valioso dentro desse assunto é o comentário de J.N.D.Kelly, em seu livro
Doutrinas Centrais da Fé Cristã segundo ele “os pais que elaboraram o
credo da Trindade tinham uma crença na simplicidade e na
indivisibilidade da essência divina. De certa forma, eles se mostram
totalmente relutantes em aplicar a categoria de NÚMERO em relação a
Divindade, retomando a antiga doutrina aristotélica de que só o que é
material pode ser quantativamente divisível. Como podemos ser acusados
de triteísmo [crença em três deuses], exclama Evágrio, excluímos
totalmente os números da natureza espiritual da Divindade. Segundo
Gregório de Nissa, os números indicam apenas a quantidade de coisas, não
oferecendo pistas quanto a sua verdadeira natureza [C. Eunom. I – Jaeg. I,
85] ; e Basílio insiste que, se utilizarmos numerais para a Divindade,
devemos faze-lo reverentemente, destacamos que embora cada uma das
pessoas seja designada como uma, Elas não podem ser somadas. A razão
disso é que a natureza divina que Elas partilham é simples e indivisível [De
spir. Sanct.44] ”

O GRANDE MISTÉRIO

Para o crente a Trindade de Deus não é um mistério, em seu espírito ele a


compreende muito bem. E sem dúvida a Trindade para o cristão é até mais
compreendida que muitos dos mistérios que existem nessa vida. O rei Davi
ao se contemplar a si mesmo e meditar no modo como fora criado por
Deus, caiu em adoração ao Altíssimo, devido a tantos mistérios que via em
si mesmo; ao analisar um pouco o poder de Deus, o mesmo Davi disso:
“Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim, elevado é, não o posso
atingir”(Sl 139). De modo similar o sábio Salomão afirmou que o homem
não pode compreender a obra que Deus faz debaixo do sol, por mais que
trabalhe para descobrir, não consegue (Ec 8:16,17). No entanto, cremos
que a Trindade é menos mistério que a criação, isso porque temos um meio
de conhecê-la, que é, como já dissemos, pelo nosso espírito. Se ao menos as
Testemunhas de Jeová cressem que possuem um espírito, uma parte que
pode entrar em contato direto com Deus!
E aqui abro um parêntese, a maior prova da existência de Deus está em nós
mesmos, em nossos espíritos. Deus não pode ser tocado fisicamente por
nós por ser espiritual, mas por nossos espíritos podemos entrar em contato
com Ele, por isso é impossível (digo pessoalmente) conseguirmos provar
que Deus existe pela ciência com suas pesquisas e investigações. O velho
argumento de tentar provar que Deus existe pelas coisas criadas se mostra
ineficaz, porque nos leva a uma ininterrupta sucessão de criadores,
fabricando a idéia que Deus deve ter sido criado também. Portanto, a prova
ou o meio para confirmarmos a existência de Deus está em nossos
espíritos. E vinculado a isto está encarnação de Jesus Cristo, pois ela
tornou Deus acessível para estabelecer este contato, já que no seu aspecto
de ser ESPÍRITO (Jo 4:24), Deus ainda era muito superior aos nossos
espíritos, assim o espírito humano de Jesus atrelado a espiritualidade de
Deus possibilitou o contato. E daqui é onde introduziremos o próximo
assunto.
Existe um mistério doutrinário superior a qualquer outro que possa existir.
Trata-se da encarnação da Segunda Pessoa da Trindade. Pelo modo como a
Bíblia fala dele, parece que nem mesmo os anjos de Deus podem entendê-
lo, e duvido que na eternidade o poderemos. Ser Cristo Deus e homem ao
mesmo tempo é muito insondável. A Trindade não é três pessoas de
naturezas diferentes em uma, são três Pessoas distintas, cada um é Deus e
juntas são Deus, mas não são uma só pessoa com diferenciadas naturezas.
Todavia, o Filho de Deus encarnado é duas pessoas e uma ao mesmo
tempo, sendo que uma delas é o ser mais poderoso do universo – Deus.
Esse assunto foi alvo de debates, divisões e concílios na Idade Média, tendo
sido solucionado apenas quando foi decidido não entrar nas implicações
dessa verdade insondável (Uma História Ilustrada do Cristianismo, volume
3, pág. 100).
Diante de tal fato, dessa mistura entre Deus e o homem, só resta-nos
adorá-lo. Havia a necessidade de um homem fazer o que Cristo fez por nós,
mas era algo muito sublime para um homem ou um anjo fazer, a exaltação
que este ser receberia o tornariam igual a Deus (Fp 2:5-11) e isso ameaçaria
a glória do Deus altíssimo, já ocorrida um vez quando satanás se exaltou;
se nem em nossa própria salvação nós podemos contribuir (Ef 2:8), quanto
mais alguém efetuar a salvação! Diz Ap 5:3 que ninguém no céu e na terra
era achado digno de abrir ou apenas olhar o livro do Apocalipse, livro que
contava o futuro, até que apareceu um homem que obteve tal dignidade
por ter comprado para Deus com seu próprio sangue homens de toda tribo,
e língua, e povo e nação. Essa figura que rouba a cena e logo é honrado
como Deus, não é outro senão Jesus. Portanto pela dignidade e honra que
o feitor da obra de salvação ganharia, o próprio Deus, em sua Segunda
Pessoa, resolveu executá-la.
Não quero mover uma pena para tentar explicar sobre este tão grande
mistério, temo que possa deturpá-lo e até mesmo cair em heresia.
É exatamente no grande mistério da piedade que as T.J. procuram negar a
doutrina da Trindade. Frequentemente vemos elas não levando em conta
as duas naturezas de Cristo, olhando apenas para o seu lado humano.
Como homem, nosso Deus era menor que os anjos, não sabia o dia da sua
volta, sofreu, orava, aprendeu, morreu, tudo isso para conhecermos o seu
excelso amor, o qual excede todo o entendimento em todas as medidas (Ef
3:18-19 – espero que esse versículo convença as T.J. a verem que na
cristianismo existem muitas coisas que não podemos entender). E vale
lembrar que Jesus não deixou de ser homem, Ele está a direita de Deus
com o ofício de Sumo-sacerdote para levar a cabo a sua obra realizada no
calvário (Rm 4:25; Hb 7:23-25), por isso não é de se admirar quando as
Escrituras dizem que Ele ainda é servo e submisso.
Para terminar essa parte, transcreveremos o texto do grande mistério e um
poema do autor para a meditação das Testemunhas de Jeová:
“Sem dúvida alguma, GRANDE é mistério da piedade: Aquele que se
manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado
entre os gentios, crido no mundo, e recebido na glória” (l Tm 3:16). OBS.
Alguns manuscritos substituem “Aquele” por “Deus”, dizendo: “Deus se
manifestou em carne...”

Quem é o maior no Reino dos Céus?


O menor!
Quem é o menor no Reino dos Céus?
Jesus!
Quem é o maior no Reino dos Céus?
Deus!
Jesus é Deus!

Jesus é o nosso exemplo de humildade


Devemos ser iguais a Ele em devota imitação
Não nos aferremos no que temos ou em nossa capacidade
Tomemos o exemplo que Ele nos deu no coração
Tal humildade Ele nos deu
que até parecia não ser Deus.

A IGUALDADE COM ATEUS E FARIZEUS

O termo “explícito” é levado ao exagero pelos autores da “Deve-se Crer...”.


Parece que as T.J. querem como certos cépticos que a Bíblia diga o que
desejam. Dizem alguns ateus: “Se não ficar claro como Deus veio a ser
criado, não crerei! Se a Bíblia é a palavra de Deus ela deveria explicar como
Ele veio a existir!”. De modo semelhante é a argumentação dos pensadores
das Testemunhas de Jeová. Também se parecem com os Fariseus da época
de Jesus Cristo, que pediam um “sinal do céu” rejeitando aqueles que Jesus
realizava. Na certa queriam que os milagres de Jesus viessem direto do
céu: uma hoste de anjos cantando e dizendo que Ele era o Messias, assim
eles acreditariam. As T.J. estão na mesmíssima situação.
Deus não quis estabelecer a doutrina da Trindade de uma forma super-
explícita na Bíblia, mas nem por isso vou reclamar e dizer que ela não
existe, mais ainda sabendo que ela é um fato incontestável e indispensável,
só em perder a vida eterna, já é mais do que suficiente para entendermos
sua indispensabilidade. Portanto, se Deus assim quis e não quis, só nos
resta dizer: Graças Te damos ó Pai ... sim, porque assim Te aprouve! Agora
se as Testemunhas de Jeová não se satisfazem com os caminhos de Deus, a
culpa não é dEle e nem da Igreja. OBS.: Pedro (como assim entendeu)
preferia beber sangue humano para ter a vida eterna do que deixar de ser
um discípulo de Jesus (Jo 6:53-68).
Interessante é que Cristo não disse ABERTAMENTE que era o Messias, o
Rei dos Judeus. Em Marcos 15:2 ante a pergunta de Pilatos, Jesus não deu
resposta afirmativa, Ele queria deixar claro que Ele não precisou ficar
gritando e dizendo explicitamente que era o Rei dos reis, tudo que foi
realizado por Ele levava a essa conclusão. A Bíblia não perde páginas para
provar a existência de Deus, isso é um fato só não visto pela soberba dos
homens, querendo que Deus faça algo mais para que eles acreditem em sua
existência. As Testemunhas de Jeová são semelhantes aqueles judeus que
rodearam a Jesus quando Ele passeava tranquilamente no templo e
disseram-lhe: “Até quando terás a nossa alma suspensa? Se és o Cristo
dize-no ABERTAMENTE”. Jesus respondeu a eles que Já havia feito isso, e
no entanto aqueles homens ainda queriam mais. Até os discípulos agiram
assim quando um deles disse a Jesus: “Mostra-nos o Pai e isso nos
bastará”. A isto Jesus replicou que já o havia feito, não como imaginavam,
mas havia.
Nessa sua exigência as Testemunhas de Jeová parecem querer que os
trinitaristas lhes mostrem um texto bíblico que diga: “ Jesus é Deus, Deus
mesmo! o Todo-poderoso, que fez tudo (mas tudo mesmo!), nada (mas
nadinha mesmo!) do que foi feito, sem Ele se fez. Ele é Deus, é Deus!
Testemunhas de Jeová, que irão surgir nos séculos 19 e 20, Jesus é Deus, e
para confirmar eis aqui as assinaturas dos doze Apóstolos: Pedro, Paulo,
Tiago, João , Tomé ...”. Com uma texto assim elas creriam, mas isso é um
absurdo, um exagero infantil.

A Trindade No Antigo Testamento


Sobre a não existência da idéia da Trindade no Antigo Testamento isso é
falso. Logo no início das escrituras se percebe a verdade de que Deus existe
em três pessoas. Na criação do homem narrada em Gênesis por exemplo,
Deus usa a pluralidade ao se revelar. Ele diz: Façamos o homem a nossa
imagem e conforme a nossa semelhança. As Testemunhas de Jeová em
outros escritos delas dizem que nesse texto Deus não dava a entender uma
Trindade, mas que se referia aos anjos. Ora, a Bíblia é firme em dizer que
somos a imagem de Deus (Gn 1:27; 9:6) e a semelhança de Deus (Gn 5:1) e
não a imagem e semelhança de Deus e dos anjos.
Essa passagem de Gênesis prova tanto a Trindade que Siegfried Morenz
julgou que os Egípcios (na certa influenciados pelos escritos de Moisés)
criam numa trindade por falarem à vários deuses no singular (veja a
revista “Deve-se Crer...” na página 11).
Vejamos alguns outros exemplos de indicação da Trindade no Antigo
Testamento:
Quando o homem caiu e precisou haver um plano de salvação, Deus falou
em pluralidade (Gn 3:22).
Em Gn 9 vemos Deus falando também na pluralidade, isso acontece no
momento em que Ele faz a unidade linguística se pluralizar.
No capítulo 18 de Gênesis encontramos Abraão conversando com um
homem que é identificado como o próprio Deus, a maioria dos estudiosos
da Bíblia, desde os pais apostólicos, reconhecem nele uma manifestação de
Segunda pessoa da Trindade (teofania). Também em Gn 32:24,30 esse
mesmo homem surge lutando com Jacó e mais uma vez é identificado
como Deus. Nos dois casos Ele sempre aparece ao lado de anjos (18:22;
32:1,2), o que o relaciona com aquele que apareceu a Josué, chamado
Capitão do exército do Senhor, que recebeu adoração (Js 5:13-15). Oséias
12:3-5 estabelece que o homem que lutou com Jacó é o mesmo Anjo do
Senhor, também o chama de Deus, Deus conosco, Jeová e o Deus dos
exércitos.
O chamado “Anjo do Senhor” que veio a Moisés (Ex 3) e a Manoá (Jz 13)
também é visto como uma manifestação de Jesus no Antigo Testamento, e
nos dois casos também fica claro que se tratava do próprio Deus. É válido
mencionar que o Espírito Santo se confunde com o mesmo Anjo do Senhor
em At 8:26,29. Lembrando que o termo “anjo” tanto pode significar um
“ser espiritual” ou “mensageiro” alguém que traz um mensagem de divina.
Em Gênesis 19:24 parece que existem dois Deus: “Então fez o SENHOR
chover enxofre e fogo, da parte do SENHOR, sobre Sodoma e Gomorra”.
Ex 32:4 é uma referência que traz a idéia de uma pluralidade na Divindade,
quando Arão fundiu UM bezerro de ouro e o povo disse: “São ESTES, ó
Israel, OS TEUS DEUSES, que te tiraram do Egito”
Na profecia de Dt 18:15-19 de que apareceria um profeta semelhante a
Moisés, que no caso era o próprio Jesus, também encontramos uma prova
da Divindade de Cristo. Moisés diz no verso 16 que este profeta seria
conforme o pedido que os judeus pediram a Deus em Horebe, no dia da
assembléia, quando disseram: “Não ouviremos mais a voz do Senhor nosso
Deus, nem veremos este grande fogo, para que não morramos”. Desse
modo, os judeus não queriam ouvir a Deus por medo de morrer, mas Deus
haveria de enviar um homem que falaria a palavra de Deus na semelhança
de Moisés, mas também seria o próprio Deus que por meio da encarnação
se chegaria aos homens, satisfazendo assim o desejo do povo de querer
ouvir a Deus mas sem ter que falecer pela Glória do Todo-poderoso. Por
isso a segunda pessoa da Trindade deixou a Glória divina (Jo 17:5) para
habitar entre os homens (Mt 1:23).
No caso do Capitão do Exército do Senhor de Js 5:13-15 notamos
perfeitamente que Josué de fato ADOROU aquele Capitão; e se ele adorou,
não poderia ser um anjo representando a Deus. Assim, ou as Testemunhas
de Jeová admitem que há mais de uma pessoa na Divindade ou terão de
admitir que Josué foi idólatra. Deve-se lembrar que nos outros casos em
que homens se ajoelhavam diante de outros isso de fato se tratava de
reverência, pois nunca se diz que estavam adorando como nessa passagem,
que prova indiretamente a Trindade.
Jó 1.8 é outro texto que se destaca em favor da Trindade, nele Jeová diz
que Jó era temente a Deus, onde o mais natural era que Ele dissesse que Jó
era “temente a mim”.
Que pessoa poderia se enquadrar naquela situação apontada por Deus em
Jó capítulo 38, se não Jesus.
Vemos Deus geralmente referindo-se ao seu Braço e a sua Destra (Sl 98:1;
Is 62:8), uma clara alusão a Trindade quando sabemos que Jesus era
designado por Braço do Senhor (Is 53. 1). Além da expressão revelar uma
distinção de Deus, não deixa de ser indicar Sua própria identidade, pois
quando digo “o meu braço irá” é o mesmo que dizer “eu irei ”.
A Trindade pode ser vista abundantemente no livro dos Salmos, com
leituras devocionais com a iluminação do Espírito Santo se consegue
extrair centenas de argumentos em favor dessa doutrina, no entanto, para
a presente obra, dirigida a pessoas dadas a intelectualização, achamos por
bem guardar essas interpretações mais espirituais. Todavia,
recomendamos a todos a lerem esse livro de louvor a Deus, nele se pode
garimpar jóias abundantes em defesa da Trindade. São 3 vezes 50 Salmos
que aludem direta e indiretamente as três Pessoas da Divindade, os
espirituais discernirão bem e satisfatoriamente.
Em Is 6:8 quando esse profeta ver a Glória de Deus, o Senhor lhe dirige a
palavra na pluralidade e Isaías o responde no singular. E para confirmar
que se tratava das Pessoas da Trindade, é dito em Jo 12:38-41 que nesse
evento Isaías viu foi a Glória de Jesus. Por sua vez At 28:25-27 mostra que
a referida passagem bíblica tratava do Espírito Santo.
Is 7:14 é um fortíssimo texto de apoio a Trindade. Faz paralelo com Mt
1:23, onde fica claramente declarado que Jesus é Deus entre os homens; o
Apóstolo Mateus preocupa-se em fazer a tradução do nome profético de
Cristo – Emanuel (Deus conosco). É interessante que Cristo não foi
chamado por esse nome, pois não era o nome que deveria ser chamado,
mas para revelar o grande amor de Deus em vir habitar entre os homens,
além revelar a natureza daquele que havia de vir.
Na profecia de Is 9:6 sobre o nascimento de Cristo. Ele é abertamente
chamado de Deus. As T.J. argumentam sobre esse texto que Cristo é
chamado de “Deus FORTE” e não de Deus Todo-poderoso; ora, o Pai
também é chamado de “Deus Forte” em Is 1:24; 10:21 (Ver ainda Sl 132:2
;50:1), o que mostra a fraqueza do argumento, se “Deus Forte” revela um
deus de nível inferior, então elas terão de admitir que há um deus mais
poderoso que Jeová, visto a mesma expressão ser conferida a Ele. Vale
ainda dizer que o texto não diz “UM Deus Forte”.
Ainda em Is 9:6 também é dito que Jesus é o “Pai da Eternidade” ou “Pai
Eterno”. Se as Testemunhas de Jeová admitem que a expressão “Deus
Forte” deve ser entendida como está (porque conseguem criar um
argumento) devem entender também a expressão “Pai Eterno” como está,
e assim, fica confirmado que Jesus não teve origem, sendo o próprio Deus,
pois só Ele é eterno (l Tm 1:17).
Is 40:3 também é outro texto que confirma a Divindade de Cristo, pois
aqui é dito sobre João Batista que ele endireitaria o caminho de Deus, mas
em Mt 3:3 vemos que João endireitou foi o caminho de Jesus. Em Is 40:9 é
dito de João Batista em relação a Jesus: “Tu, anunciado de boas novas a
Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas novas a Jerusalém,
levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de
Judá: Eis aqui está o vosso Deus!”
Is 49.7 que diz “Assim diz o Senhor, o Redentor e Santo de Israel, ao que é
desprezado, ao aborrecido das nações, ao servos dos tiranos ‘Os reis o
verão, e os príncipes se levantarão, e eles Te ADORARÃO por amor do
Senhor, que é fiel, e o Santo de Israel, que Te escolheu”. É uma grande
prova da Trindade, onde vemos Jeová falando da futura adoração a Jesus.
A Tradução Novo Mundo diz em Is 63:10 que o Espírito Santo se sentiu
magoado.
Em Jeremias 17:9,10 é dito que só Deus esquadrinha o coração do homem,
mas em Ap 2:23 encontramos que é Jesus quem tem esse poder.
Daniel 9:17 e 19 também insinuam a Trindade de Deus, no primeiro verso
constatamos um tipo de pluralidade e no último uma repetição trina do
nome de Deus.
Encontramos em Oséias 1:6,7 outra alusão a Trindade. O Senhor diz a
Oséias que se compadecerá da casa de Judá pelo Senhor seu Deus.
Miquéias 2:7 fala da IRRITAÇÃO do Espírito de Senhor.
Em Miquéias 5:2 está claro que Jesus Cristo não teve momento para passar
a existir; segundo esse texto, bem encoberto pela Tradução Novo Mundo,
Jesus tem suas origens na eternidade, ou seja, sempre existiu.
Em Zacarias 10:12 encontramos mais uma vez um indício de pluralidade
na Divindade, quando menciona dois Senhor: “Eu os fortalecerei no
Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor”. Deve-se observar a clara
referência a Jesus no verso 4 desse contexto.
Zacarias 14:9 diz “O Senhor será Rei sobre a toda a terra; naquele dia, UM
SÓ será o Senhor, e UM SÓ será o ser nome”. As expressões “um só será o
Senhor, e um será o seu nome” apontam para quando as três pessoas da
Trindade que não mais trabalharão separadamente, mas em plena
unidade. O versículo encontra eco em 1Co 15:28.
Vale lembrar que no Antigo Testamento nós temos as verdades
doutrinárias em simbologia, e o ensino sobre a Trindade não é exceção. Na
simbologia bíblica o número de Deus é três (3), vejamos o que
encontramos na Bíblia com esse detalhe: A genealogia de Adão foi tirado
do seu terceiro filho (Gn 5:1-3). A genealogia depois do dilúvio foi em
número de três (Gn 10:1).
Deus é chamado de o Deus de três pessoas: Abraão, Isaque, e Jacó. O
homem foi criado a imagem de Deus e possui três partes. Havia três tipos
funcionais de homem de Deus no Antigo Testamento: o Rei, o Sumo-
sacerdote e o Profeta. A tribo dos Levitas, que era consagrada a Deus,
procedia do terceiro filho de Jacó (Lv 29:34) e se dividiam em três famílias
(Nm 3:17).
Ao nascer o terceiro filho de Lia, ela declarou: “Agora, desta vez, se UNIRÁ
MAIS A MIM meu marido, porque lhe dei à luz TRÊS filhos; por isso lhe
chamou Levi (que significa mais união)” Gn 30:34.
O universo na Bíblia tem três partes: Céu, Terra e debaixo da Terra. O Céu
tem três partes (2Co 12:2). A Terra também tem três partes: firmamento,
terra e água. Por sua vez o inferno também tinha três partes no Antigo
Testamento: Paraíso, lugar de tormento e Tártaro ou Abismo (Lc
16:22,23,26; Lc 8:30,31; 2Pe 2:4; Jd 6; Ap 9:1,11; 20:1-3).
Deus disse a Moisés que Ele deveria comunicar ao Faraó a sua ordem para
os Israelitas o adorarem no caminho de três dias no deserto, e no despojo
na saída do Egito o povo recebeu três coisas (Ex 3:18,23).
Deus concedeu a Moisés três sinais para testemunhar a Sua grandeza a
Faraó (Ex 4:1-9).
Somente na terceira praga foi que os magos de Faraó reconheceram o dedo
de Deus nos milagres de Moisés (Ex 5:16-19).
O tabernáculo onde simbolicamente Deus estava tinha três partes.
Os três primeiros mandamentos do decálogo referem-se a Deus e a
adoração.
Os sacrifícios de adoração da lei de Moisés eram três: o holocausto, o de
manjares e o pacífico.
Havia três festas solenes para Israel: A páscoa, a festa da sega ou primícias
e a festa da colheita ou pentecostes (Ex 23 : 14-17).
Dentro da Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus, havia três coisas
(Hb 9:4) e são símbolos de uma mesma coisa: “a palavra de Deus” com
enfoque diferentes, no caso a vara de Arão representa a palavra de Deus
como decreto, pois a escolha do sumo-sacerdote tinha de ser feita pelo
próprio Deus, Arão foi escolhido quando a vara dele milagrosamente
floresceu, Jesus foi escolhido pelo decreto profético de Deus (Hb 7.14-24),
o maná, que também encontrava-se na arca, representava a palavra de
Deus como alimento (Mt 4.4) e as tábuas da lei representavam a palavra de
Deus como pacto (Hb 10.16).
Falando em Arca da aliança vale mencionar que ela ficou três meses na
casa de Obede-Edom para o abençoar(2 Sm 6:11).
Para atravessar o Jordão e entrar na terra prometida Josué esperou três
dias depois de Deus lhe falar três vezes ‘esforça-te e tem bom ânimo’ (Js
1:10,11).
A bênção sacerdotal invocava três vezes o nome de Deus (Nm 6:22-27).
O nome de Deus (J H W H) tinha três letras : J, H e W. A repetição de “H”
com certeza alude a encarnação de Cristo, que o fez Ter duas naturezas. A
língua hebraica, a escolhida para Deus transmitir sua palavra, é formada
sempre por três letras.
Uma verdade ficava plenamente aceita por três testemunhas (Dt 17:6).
Jesus dividiu o Antigo Testamento em três partes (Lc 24:44).
O menino Samuel foi chamado três vezes antes de falar com Deus (l Sm
3:2-10).
Deus ofereceu a Davi três tipos de castigo para o pecado da enumeração da
totalidade do povo de Deus, e Davi escolheu o castigo de três dias de peste,
discernindo que isso era cair nas mãos de Deus (2 Sm 24:10-13).
Jonas ficou três dias invisível aos homens no ventre do grande peixe, e a
cidade a qual pregou, Nínive, era muito importante para Deus porque era
percorrida em três dias, e isto é dito no capítulo três, versículo três.
Os anjos Querubins dizem três vezes “santo” de modo ininterrupto (Is 6:3).
Em Apocalipse, livro do Novo Testamento essa forma tríplice de glorificar
a Deus fica mais evidente, note em Ap 4: 8-11, que são 4 querubins e 24
anciãos, mas só dão três coisas: glória, honra e poder.
Os Reis de três cidades ofereceram ao Filho de Davi, três presentes em
adoração (Sl 72:10; Mt 2:11).
As gerações da genealogia de Cristo teve três divisões (Mt 1:17).
Os indícios simbólicos da verdade da Trindade são numerosos e
abundantes no Antigo Testamento, mas nos limitaremos a esses aqui
apontados referentes ao número três (3), apenas como efeito
demonstrativo, não cremos que as Testemunhas de Jeová se convençam da
Trindade pelo seu rico e inegável simbolismo no Antigo Testamento,
apesar de que o simbolismo seja a alma do Velho Testamento.
Por meio do paralelismo de textos do Antigo e do Novo Testamento é
possível encontrarmos inúmeras provas da Trindade. Vejamos alguns
exemplos:
Comparando o Salmo 102:24-27 com Hebreus 1:8-12 fica evidente que
Jesus Cristo é Deus:
“Dizia eu, Deus meu, não me leves na metade de minha vida; tu, cujas anos
se estendem por todas as gerações. Em tempos remotos, lançastes os
fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão,
mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como um vestido, como roupa
os mudará, e são mudados. Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus dias
jamais terão fim.”(Sl 102-24-27).
“Mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, e para todo o sempre. E : cetro
de equidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniquidade;
por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria como nenhum dos
teus companheiros. Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos
da terra, e os céus são obra das tuas mãos; eles perecerão, tu, porém,
permaneces; sim, todos eles envelhecerão qual vestidos serão igualmente
mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim ”(Hb 1:8-
12). A importância desses textos é que provam duplamente a Divindade de
Cristo por duas citações do Antigo Testamento, na primeira o próprio
Jeová chama Jesus de Deus, apesar de na tradução das Testemunhas de
Jeová se procurar ocultar isso, mas essa tradução está errada, o que se
confirma pela primeira citação que mostramos.
Outra comparação de textos que comprova que Jesus é o mesmo Jeová do
Antigo Testamento é Zacarias 11:13 com Mt 27:9,10, onde se cumpre a
profecia que Jeová seria vendido por trinta moedas de prata.
Na profecia do Sl 118:26-29 cumprida em Mt 21:8-11Também encontramos
outra evidência da Divindade de Jesus, quando Ele foi louvado ao entrar
em Jerusalém, observe como diz a profecia:
“Bendito o que vem em nome do Senhor. A vós outros da casa do Senhor,
nós vos abençoamos. O Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa
com ramos até às pontas do altar. Tu és o meu Deus, render-te-ei graças; tu
és o meu Deus, quero exaltar-te.”
O título “Senhor dos senhores ”dado a Jeová no Antigo Testamento é dado
a Jesus no Novo. Compare Dt 10:17; Sl 136:3 com Ap 19:16.
A profecia de Is 40:3 cumprida em Jo 19:23 é clara prova da Divindade de
Jesus, enquanto a profecia dizia que a voz que clama do deserto prepararia
o caminho de Deus; João Batista, que se identificou como “essa voz”,
preparou foi o caminho de Jesus. O contexto de Isaías 40 ainda mais
aponta a Divindade do Senhor Jesus, é dito no verso 9: “Tu, ó Sião, que
anuncia boas-novas a Jerusalém, ergue a tua voz fortemente; levanta-a,
não tema e dize às cidades de Judá: EIS AÍ ESTÁ O VOSSO DEUS ” (Grifo
nosso).
Em Jeremias 17:10 é dito que Jeová é quem esquadrinha o coração dos
homens, mas em Apocalipse 2:23 tal capacidade é reconhecida em Cristo.
Enquanto Jeová se proclama a única Rocha em Is 44:8, Jesus é
identificado pelo mesmo título no Novo Testamento (1Pe 3:4-8; Ef 2:20).
Como poderemos conciliar Is 44:24, onde lemos: “Eu sou o Senhor, que
faço todas as coisas, que SOZINHO estendi os céus e SOZINHO espraiei a
terra” com as declarações de Jo 1:3 de que nada do que foi feito, se fez sem
Jesus, a não ser que se entenda que Jesus e o Pai são um??
A profecia de Isaías 45:23 de que todo joelho se dobrará diante de Jeová e
toda língua o confessará é aplicada a Jesus em Filipenses 2:10,11.
Jesus é claramente identificado com Jeová quando comparamos Rm 10:9-
13 com Joel 2:32 e 1Pe 2:3 com o Sl 34:8.

A Trindade No Novo Testamento


Sobre o que diz as Escrituras Gregas da doutrina da Trindade, sem dúvida
são elas a parte da Bíblia onde mais claramente a encontramos, e eis aqui
alguns dos textos que testemunham a favor: Mt 1:23; 2:2; Mc 2:5-7; Jo
1:1,14,18; 5:18; 10:30; 20:28; At 20:28; Rm 9:5; Fp 2:5-11; Cl 1:13-17; Tt
2:13; Hb 1:6,8; 2Pe 1:1; I Jo 5:20 Etc. Alguns desses textos serão no
decorrer deste trabalho usados, analisados e explicados. Deve-se observar
porém, que a maioria desses textos foram conscientemente mal traduzidos
na bíblia das Testemunhas de Jeová para esconder a Trindade.
Encontramos na Bíblia, além desses textos explícitos, outros que
indiretamente apontam a verdade da Trindade, vejamos, pois, alguns:
Em Lc 5:17-24 vemos Jesus perdoando os pecados de um homem, segundo
a Bíblia somente Deus é quem pode perdoar pecados (Sl 103:3; Is 43:25),
fato que Lucas registra que os próprios Fariseus arrazoaram (v.21). Veja
ainda Lc 7:48,49 .
Também em Lc 8:39 vemos que o homem que fora endemoniado saiu
publicando o que Jesus lhe fizera, mas a ordem de Jesus era que ele
proclamasse o que Deus lhe tinha feito, desse modo vemos que para o ex-
endemoniado ou para o Evangelista Lucas, Jesus era o próprio Deus.
Em Jo 5:19 Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si
mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer, porque tudo quanto
Ele faz, o Filho faz igualmente”. Nesse texto Jesus não está dizendo
simplesmente que de si mesmo não pode fazer nada, mas que só faz as
coisas que o Pai fazia, para que não se tornasse diferente do Pai; todavia,
TUDO que o Pai fazia, Ele fazia igualmente. Esse “tudo” impede de se dizer
que o Pai fez o Filho, pois forçosamente obrigaria a se dizer também que o
Filho fez o Pai. Trata-se portanto de um versículo que prova a igualdade do
Pa1Com o Filho, e que confirma a verdade do verso imediatamente
anterior (18), no qual João conclui que Jesus era igual a Deus. Alguns
mestres antigos, como Gregório de Nissa, entendiam esse “Tudo quanto o
Pai faz, o Filho faz igualmente” de Jo 5:19, como uma afirmação de que as
Pessoas da Trindade jamais agem independentes das outras, quando uma
faz algo as outras estão fazendo também.
A igualdade de Jesus com Deus é sempre enfatizada quando Ele dizia que
quem O conhecesse conheceria também ao Pai (Jo 8:19; 14:7-9; 12:44,45).
Em Mt 28:18 é dito que Jesus tem todo o poder no céu e na terra, fazendo
de Cristo o Todo-poderoso. Argumentando sobre esse texto, as
Testemunhas de Jeová dizem que todo o poder de Cristo foi por concessão
do Pai, apesar de não mudar o fato de Jesus Ter todo o poder,
explicaremos o porquê de o poder total ser-Lhe entregue: Jesus ao se
encarnar esvaziou-se de seu poder divino, tudo o que Cristo realizou na
terra fo1Pelo poder do Espírito Santo (Lc 4:1,14; At 10:38), quando
ressuscitou, Jesus recebeu de volta o ser poder divino que tinha no céu:
“Todo o poder me foi dado no céu...”; o fato de Cristo ter esmagado a
cabeça do Diabo por sua obra redentora fez Ele receber também todo
poder na terra, que antes tinha sido do homem mas que pela queda foi
entregue ao Diabo (Lc 4:6). Jesus, portanto, como Deus, tem todo o poder
no céu, e como homem o tem na terra (Hb 2:5-9; 1Co 15:24-28). Nisto é
que se explica o texto de 1Co 15:27 “Pois todas as coisas sujeitou debaixo de
seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está
que se excetua Aquele que lhe sujeitou todas as coisas”, o que este texto
quer dizer é que Deus-Pai só não ficou sujeito Jesus Cristo por um certo
tipo de reverência, mostrando a atual superioridade de Jesus.
Vale lembrar que Deus também recebe poder em Ap 4:11 e nem por isso
deixa de ser Deus.
No livro de Atos capítulo 2 e verso 25 temos Pedro citando um Salmo de
Davi que se referia a Cristo que contém uma prova da sua Divindade:
“Porque dele disse Davi: SEMPRE via diante de mim o Senhor, porque está
à minha direita, e não serei abalado”. O advérbio alude a pré-encarnação
de Cristo e mostra a sua eternidade na expressão “SEMPRE via diante de
mim o Senhor”. Observe que não é Jesus que está diante do Pai, mas Ele é
que está diante de Cristo.
Em 2Co 2:10 também temos uma prova da Divindade de Jesus. Paulo diz
que perdoou na presença de Cristo, o que indica que Jesus é Onipresente.
O mesmo temos em 2Tm 4:1, onde a Onipresença do Pai é posta ao lado da
de Jesus.
Em 1Ts 1:5 Paulo distingue o Espírito Santo do poder, bem como em 2Co
6: 6,7.
Os lugares à direita e à esquerda de Cristo no Reino dos Céus já estão
reservados (Mt 20:23), para quem seriam?
Um versículo interessantíssimo e revelador da Trindade é I1Ts 3:5, onde
lemos: “Ora, o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na
constância de Cristo”. O termo “Senhor” nem pode ser Cristo nem Deus,
pois são citados distintamente dele, a conclusão é que se refere ao Espírito
Santo.
Em Tg 2:1Jesus é chamado de “Senhor da Glória”. A “Glória” refere-se ao
“clima” de adoração no céu, é algo sempre visto no Antigo Testamento,
quando os profetas tinham visões de Deus (Is 6:1-3; Ez 1:1-28). O Apóstolo
João em Apocalipse também registra o modo como ele a viu (4:1-11),
portanto é algo intimamente ligado a Deus, se pois, Jesus é chamado de
“Senhor da Glória” temos aqui uma prova incontestável da sua Divindade
Toda-poderosa, Ele é o “dono da Glória”, é Deus, o mesmo que disse a
“MINHA Glória não repartire1Com ninguém ” Veja Is 42. 8. A expressão é
tanto atribuída a Jesus (1Co 2.8), ao Espírito Santo (1Pe 4.14)e ao Pai (Ef
1.17).
Em Ap 5:11,12 vemos as mesmas expressões ditas a Deus em Ap 4:9-11
dirigidas a Jesus, revelando assim a igualdade dos dois. Já nos versos 13,14
do mesmo capítulo 5 vemos Jesus e o Pai sendo adorados ao mesmo
tempo, confirmando dessa forma que Cristo e o Pai são Deus.

Os Cristãos Primitivos (Páginas 6,7)


Os cristãos que viveram ainda no período apostólico (final do primeiro
século e início do segundo) criam profundamente na Trindade, a negação
da Divindade de Cristo só veio a surgir no começo do século quarto com os
ensinos de Ário de Alexandria, que propôs sua teologia antitrinitariana
influenciado pelo paganismo e a filosofia grega, foi essa teologia que
provocou o concílio de Nicéia, em 325, que desenvolveu o credo da
Trindade, não para unir o paganismo como parte do cristianismo, mas
para preservar as verdades bíblicas da corrupção das idéias pagãs. Vale
observar que a personalidade do Espírito Santo só veio a ser questionada
agora no século dezenove pelas Testemunhas de Jeová, mas mesmo assim
os cristãos daqueles primeiros tempos resolveram num segundo concílio
considerar também a Pessoa do Espírito Santo, já prevenindo outras
heresias.
Tentando responder a pergunta se os cristãos primitivos ensinavam a
Trindade, os autores da revista “Deve-se Crer...”não citam nenhuma
declaração deles, limitam-se a citar três referências eruditas: O Novo
Dicionário Internacional da Teologia de Novo Testamento, a Enciclopédia
de Religião e Ética e o Nova Enciclopédia Católica, que são tiradas do
contexto para seus propósitos, numa nojenta deturpação de quem possui
uma consciência cauterizada para não ver a verdade (para maiores
detalhes basta ler as páginas 23, 24 do livro ‘Porque Devo Crer na
Trindade’ de Robert Bowman). Citam ainda uma referência da obra “O
paganismo do nosso cristianismo”, que como diz Bowman, o próprio título
deixa claro que não se trata de uma obra imparcial de erudição, mas de
uma obra polêmica que ataca as crenças cristãs tradicionais. Vejamos
então o que disseram os principais cristãos dos séculos 1 e 2:

CLEMENTE DE ROMA, contemporâneo dos Apóstolos, disse em sua carta


aos Coríntios, escrita por volta dos anos 81 e 98 do primeiro século, que “o
Senhor Jesus Cristo era cetro da majestade de Deus, e que não tinha vindo,
embora pudesse, no alarde da arrogância ou da soberba, mas humilde,
conforme o Espírito Santo haveria dito sobre ele”(16:1). Com esta
declaração, refletindo a idéia de Fp 2:5-8, Clemente de Roma deixa claro
que Jesus fazia ou contribuía para a realeza de Deus, também diz que o
Espírito Santo “havia dito”, asseverando sua personalidade (Repete isso
também em 13:1).
Ainda nessa mesma carta, falando da nação de Israel, ele diz: “E dessa
nação sairá o Santo dos santos”(29:3). Eis uma clara referência a Jesus
com um título divino bem original.
Noutra parte (13:1,2) diz que Jesus fez Deus ser conhecido porque era o
resplendor de sua majestade e não um anjo.
Num texto em que trata de unidade, ele fala: “Não temos nós um só Deus,
um só Cristo, um só Espírito de Graça, que foi derramado sobre nós e uma
só vocação em Cristo?”(46:6). Assim, ele alista o Pai, o Filho e o Espírito
como uma unidade. Vale notar o dito “e uma só vocação em Cristo”, que
contesta, juntamente com Ef 4:4 e Hb 3:1, que não existem duas vocações,
uma celestial e outra terrena como ensinam as Testemunhas de Jeová.
Noutra referência (58:2) Clemente de Roma alista juntos o Pai, o Filho e o
Espírito da seguinte maneira: “Pela VIDA de Deus, pela VIDA do Senhor
Jesus Cristo e do Espírito”. O que prova que ele cria ser o Espírito Santo
uma pessoa e não uma força, que indubitavelmente não possui vida. Fico
também evidente que a vida do Pai equivale a vida de Jesus e do Espírito,
são vidas divinas, eternas.
Também diz que Jesus é o criador de toda a criatura. Mas observe como ele
diz: “Afim de esperar no seu nome (Jesus), que está na origem de toda
criatura”(59:3). O que Clemente diz é que Jesus é a origem de toda a
criatura, concordando com a interpretação trinitarista de Ap 3:14.
Em parte alguma de seus escritos Clemente de Roma (Que Orígenes dizia
ser o mesmo de Filipenses 4:3, e que muitos chegaram a dizer que seria o
autor da carta aos Hebreus) menciona que Jesus era uma criação de Deus
ou alude que o Espírito Santo fosse uma força impessoal.
INÁCIO DE ANTIOQUIA, célebre por sua peregrinação forçada, em
cadeias, de Antioquia a Roma, por volta dos anos 107-110 para ser
martirizado; foi o mais influente de todos os pais apostólicos, suas cartas
tiveram grande aceitabilidade nas Igrejas primitivas e foram largamente
difundidas e, segundo J. Quasten, elas “têm importância incalculável para
a história do dogma da Trindade”. Foram suas cartas os principais
documentos depois das Escrituras usados para defender a Divindade de
Cristo em Nicéia. Não é à toa que as Testemunhas de Jeová nem sequer
fazem referência ao nome desse pai apostólico, nem tão pouco citam
qualquer obra erudita que diga que no princípio do cristianismo a
Divindade de Jesus era negada; que o credo FORMAL da Trindade não
existia, tudo bem, mas a igualdade de Jesus com o Pai era incontestável.
Vejamos as declarações de Inácio conforme as suas cartas:

Inácio aos Efésios:

“Pela vontade do Pai e de Jesus, nosso Deus”. Encontramos essa


declaração logo na saudação de carta. Aqui fica clara a unidade de Jesus
com o Pai, os dois são Deus para Inácio.

“Imitadores que sois de Deus, reanimados pelo SANGUE DE DEUS”(1:1).


Compare com Atos 20:27.
“É preciso glorificar de todos os modos a Jesus Cristo”(1:1).

“De fato Jesus Cristo, nossa vida inseparável, É O PENSAMENTO do Pai


”(3:1).

“Como a Igreja está unida com Jesus Cristo, e Jesus com o Pai, afim de que
todas as coisas estejam de acordo em unidade”(5:1).

“sois as pedras do templo do Pai, preparadas para a construção de Deus


Pai, levantadas até o alto pela alavanca de Jesus Cristo, que é a cruz,
usando a corda, que é o Espírito Santo”(9:1).

“recebendo o conhecimento de Deus, que é Jesus Cristo”(17:1).

“De fato, o nosso Deus Jesus Cristo, segundo a economia de Deus, foi
levado ao seio de Maria, da descendência de Davi e do Espírito
Santo”(18:1).

“quando Deus apareceu em forma de homem”(19:1).

Inácio aos Magnésios:

“aos quais fo1Confiada o serviço de Jesus Cristo, que antes dos séculos
estava junto do Pai e por fim se manifestou”(6:1).

“Assim como o Senhor nada fez, nem por si mesmo nem por meio de seus
apóstolos, sem o Pai, com o qual ele é um”(7:1).

“Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos,


para que prospere o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no
Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso
digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos
presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também
uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, NA CARNE, ao Pai,
e os apóstolos si submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que
haja UNIÃO, tanto física como espiritual”(13:1) – Grifos e destaque nossos.

Inácio aos Tralianos:

“permanecendo inseparáveis de Jesus Cristo Deus”(7:1).

Inácio aos Romanos:

“à Igreja amada e iluminada pela bondade daquele que quis todas as coisas
que existem, segundo fé e amor dela por Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja
que preside na região dos romanos...que porta a lei de Cristo, que porta o
nome do Pai; eu vos saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai...eu
lhes desejo alegria pura em Jesus Cristo, nosso Deus”

“Nada do que é visível é bom. De fato, nosso Deus Jesus Cristo, estando
agora com seu Pai, torna-se manifesto ainda mais”(3:3).

“Deixai que seja imitador da paixão do meu Deus.”(6:1). Quando Inácio


estava sendo aconselhado a não ir ao martírio.

Inácio a Policarpo (O mesmo discípulo do apóstolo João):

“Espera aquele que está acima do tempo, atemporal, invisível, mas que se
tornou visível para nós; aquele que é impalpável e impossível, mas que se
tornou passível por nós, e por nós sofreu de todos os modos”(3:2).

“Desejo que estejas sempre bem em nosso Deus Jesus Cristo”. Saudação
final.

POLICARPO, que segundo Tertuliano (séc. III) fora ordenado bispo de


Esmirna pelo próprio apóstolo João, e que foi também mestre de outro
trinitariano, Ireneu, declarou na sua oração na hora do seu martírio:
“Senhor, Deus todo-poderoso, pai de teu Filho amado e bendito, Jesus
Cristo, pelo qual recebemos o conhecimento do teu nome, Deus dos anjos,
dos poderes, de toda a criação e de toda a geração de justos que vivem na
tua presença. Eu te bendigo por me ter julgado digno desde dia e desta
hora, de tomar parte entre os mártires, e do cálice de teu Cristo, para a
ressurreição da vida eterna da alma e do corpo, na incorruptibilidade do
Espírito Santo. Com eles, possa eu hoje ser admitido à tua presença como
sacrifício gordo e agradável, como tu preparaste e manifestaste de
antemão, e como realizaste, ó Deus sem mentira e veraz. Por isso e por
todas as outras coisas, eu te louvo, te bendigo, te glorifico, pelo ETERNO e
celestial sacerdote Jesus Cristo, teu Filho amado, pelo qual seja dada glória
a ti, com Ele e o Espírito, agora e pelos séculos futuros. Amém.”(Carta
escrita pela Igreja de Esmirna para a Igreja de Deus que vivia em
Filomélio, 14:1-3).

Nesta mesma carta onde temos o relato do martírio de Policarpo,


encontramos:
“Nós adoramos, porque é o Filho de Deus”(17:3).

“Irmãos, andai segundo o Evangelho, na palavra de Jesus Cristo. Com Ele,


glória a Deus Pai e ao Espírito Santo”(22:1).

BARNABÉ. A carta atribuída a este autor foi encontrada no século passado


junto com um dos mais antigos e aceitos manuscritos do Novo Testamento,
o códice Sinaítico, o que já lhe dar grande aceitabilidade. Segundo
Clemente de Alexandria (séc. III) trata-se do mesmo Barnabé que
fo1Cooperador de Paulo em Atos dos Apóstolos, vejamos o que nos diz
Barnabé sobre a Trindade:
“Se o Senhor suportou sofrer por nós, embora fosse o Senhor do mundo
inteiro, a quem Deus disse desde a criação do mundo: ‘Façamos o homem
à nossa imagem e semelhança” (5:5).

“Por fim, embora ele (Jesus) tivesse ensinado a Israel e realizado tão
grandes prodígios e sinais, eles não foram levados por sua pregação a
AMÁ-LO ACIMA DE TUDO”(5:8).
“Se o Filho de Deus se encarnou, foi para levar ao máximo os pecados
daqueles que tinham perseguido mortalmente OS PROFETAS DELE. É por
isso que Ele suportou. De fato, Deus diz que é deles que vem a ferida de sua
carne: ‘Quando feriram o seu pastor, então as ovelhas de rebanho
perecerão’. Foi ele, porém quem quis sofrer deste modo. Com efeito, era
preciso que ele sofresse sobre o madeiro, vida à espada. E ‘traspassaram
com cravo a minha carne, porque uma assembléia de malfeitores se
levantou contra mim”(5:11).

“O Senhor deu esse mandamento, porque também Ele devia oferecer a si


próprio pelos nossos pecados, como receptáculo do Espírito, em sacrifício,
afim de que fosse cumprida a prefiguração manifestada em Isaque”(7:3)

“De fato, a Escritura fala a nosso respeito, quando Ele diz ao Filho:
‘Façamos o homem a nossa imagem e semelhança’”(12:2).

ARISTIDES DE ATENAS (Primeira metade do século II). Escrita entre os


anos 117 a 138 do segundo século, a brevíssima carta apologética de
Aristides diz no capítulo 15 e verso 3 sobre os doze apóstolos:
“Estes são os que, mais do que todas as nações da terra, encontraram a
verdade, pois conhecem o Deus criador artífice do universo em seu Filho
Unigênito e no Espírito Santo, e não adoram outro Deus, além desse”.

QUADRATO (Primeira metade do século II). Na obra “Carta a Diogeneto”,


escrita por volta do ano 120 e atribuída a Quadrato, encontramos fortes
provas da Divindade de Cristo.
No capítulo sete Jesus é chamado de “o próprio artífice e criador do
universo”, Quadrato deixa claro que ele nem era um anjo ou algum dos que
são encarregados das administrações dos céus, quando chega no capítulo
oito (8), ele conclui: “Quem de todos os homens sabia o que é Deus, antes
que ele próprio viesse?”
No capítulo 9 verso 2 Quadrato diz que o próprio Deus tomou sobre si os
nossos pecados e chama Jesus de imortal: “com misericórdia tomou sobre
si os nossos pecados e enviou seu Filho para nos resgatar: o santo pelos
ímpios, o inocente pelos maus, o justo pelos injustos, o incorruptível pelos
corruptíveis, o imortal pelos mortais”.

TARCIANO, O SÍRIO (Segunda parte do segundo século). Discípulo de


Justino mártir, em sua obra “Discurso contra os Gregos” datada entre 170 e
172, diz no capítulo 5 algo muito semelhante ao dito de Tertuliano, falando
da unidade do Pai e do Filho: “Deus existia no princípio, mas nós
recebemos da tradição que o princípio é a potência do Verbo. Com efeito, o
Senhor do universo, que é por si mesmo o sustentáculo de tudo, enquanto
a criação não tinha ainda sido feita, estava só. Mas enquanto estava com
Ele toda a potência do visível e invisível Ele próprio sustentou tudo consigo
mesmo, por meio da potência do Verbo. Por vontade de sua simplicidade
sai o Verbo e o Verbo, que não cai no vazio, gera a obra primogênita do Pai.
Sabemos que ele é o princípio do mundo, mas produziu-se não por divisão,
e sim por participação. De fato, o que se divide, fica separado do primeiro,
mas o que se faz por participação, tomando caráter de uma dispensação,
não deixa em falta aquilo de onde se toma. Da mesma forma que de uma só
tocha se acendem muitos fogos, mas o fato de acender muitas tochas não
diminui a luz da primeira, assim também o Verbo, procedendo da Potência
do Pai, não deixou sem razão aquele que o havia gerado”. Pelo que tudo
indica nesta declaração de Tarciano, ele cria como Téofilo na distinção do
Verbo imanente interior do Verbo emitido, pronunciado por Deus que
criou todas as coisas, o fato porém é que sua crença era de que Jesus
sempre existiu em Deus.
No capítulo 21Temos uma afirmativa idêntica a de Quadrato, que Jesus era
Deus entre os homens: “Ó gregos, nós não estamos loucos, nem pregamos
idiotices, quando anunciamos que Deus apareceu em forma humana”.

ATENÁGORAS DE ATENAS (Segunda metade do século II). Em “petição


em favor dos cristãos” obra de Atenágoras escrita aproximadamente no
ano 177, encontramos declarações claras em favor, não só dos cristãos, mas
também da doutrina da Trindade. Citando os filósofos Platão e Aristóteles
para defender que os cristãos não eram ateus, disse no capítulo 6:
“Portanto, se Platão não é ateu, por entender que o artífice do universo é
um só Deus incriado, muito menos o somos nós, POR SABER E AFIRMAR
O DEUS, POR CUJO VERBO TUDO FOI FABRICADO E POR CUJO
ESPÍRITO TUDO É MANTIDO. Aristóteles e sua escola, que introduzem
um só Deus como uma espécie de animal composto, dizem que Deus é
composto de alma e corpo e consideram como seu corpo o éter, as estrelas
errante e a esfera das estrelas fixas, tudo movido circularmente; e
consideram a alma como a inteligência que dirige o movimento do corpo,
sem que ela própria se mova, sendo ela, em troca, a causa do movimento”.

No capítulo 10 temos as seguintes declarações: “E que ninguém


considerem ridículo que, para mim, Deus tenha um filho. Com efeito, nós
não pensamos sobre Deus, e também Pai, e sobre seu Filho como
fantasiam vossos poetas, mostrando-nos deuses que não são nada
melhores do que os homens, mas que o Filho de Deus é o Verbo do Pai em
idéia e operação, pois conforme a ele e por seu intermédio tudo foi feito,
sendo o PAI E O FILHO UM SÓ. Estando o Filho no Pai e o Pai no Filho
por UNIDADE e poder do Espírito, o Filho de Deus é inteligência e Verbo
do Pai. Se, por causa da eminência de vossa inteligência, vos correr
perguntar o que quer dizer ‘Filho’, eu o darei livremente: O Filho é o
primeiro broto do Pai, NÃO COMO FEITO, pois deste o princípio Deus,
que é inteligência ETERNA, tinha o Verbo em si mesmo; sendo
eternamente racional, mas como materiais eram natureza informe e terra
inerte e estavam misturadas as coisas mais pesadas com as mais leves, para
ser sobre elas idéia e operação. E o Espírito profético concorda com nosso
raciocínio, dizendo: ‘O Senhor me possuiu no princípio de seus caminhos
para suas obras’. Com efeito, dizemos que o mesmo Espírito Santo, que
opera nos que falam profeticamente, é uma emanação de Deus, emanando
e voltando como um raio de sol. Portanto, quem não se surpreenderá ao
ouvir chamar de ateus indivíduos que ADMITEM UM DEUS PAI, UM
DEUS FILHO E UM ESPÍRITO SANTO, que mostram seu poder na
UNIDADE e sua distinção na ordem?”

E no capítulo 24 ainda diz Atenágoras: “De fato assim confessamos Deus, o


Filho, que é o Verbo, e o Espírito Santo, identificados segundo o poder,
mas distinto segundo a ordem: o Pai, o Filho e o Espírito”. Interessante é
que este apologista cristão deixa muito claro a distinção das Pessoas da
Divindade, mostrando sua igualdade no poder, concordando perfeitamente
com o credo de Atanásio.
Para defesa clara da unidade e Divindade de Cristo com o Pai, diz no
capítulo 30 em sua conclusão: “Fica portanto demostrado, segundo minhas
forças, embora não conforme a dignidade do assunto, que não somos ateus
ao admitir como Deus, o criador de todo este universo, e o Verbo que dEle
procede”.

TEÓFILO DE ANTIOQUIA (Segunda metade do segundo século). Teófilo é


o primeiro que cita uma palavra para designar o doutrina da Trindade
(TRÍAS), vendo um simbolismo dela nos três dias que precedem a criação
dos luzeiros: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros
são símbolo da TRINDADE, de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria (o
Espírito Santo)”(Segundo Autólico 15). OBS: Nos primeiros séculos o
Espírito Santo era chamado de “Sabedoria”(Ver Ireneu, Livro IV, 20:3).
Teófilo explica o “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” de
Gênesis 1:26 do seguinte modo: “Além disso, Deus se apresenta como se
precisasse de ajuda, pois diz: ‘façamos o homem á nossa imagem e
semelhança’, mas não diz a ninguém essa palavra “façamos”, a não ser ao
seu próprio Verbo e à sua Sabedoria”(Segundo Autólico 18). Isso concorda
perfeitamente com a interpretação trinitariana dessa passagem bíblica.
No segundo livro a Autólico 10 ele diz: “Tendo Deus o seu Verbo imanente
em suas entranhas, gerou-o com sua própria Sabedoria, emitindo-o antes
de todas as coisas. Teve este Verbo como ministro da sua criação e por
meio dele fez todas as coisas. Este se chama Princípio, pois é Príncipe e
Senhor de todas as coisas por ele feitas. Este, portanto, que é Espírito de
Deus e princípio e Sabedoria e Força do Altissímo, desceu sobre os
profetas, e por meio deles falou sobre a criação do mundo e tudo mais. De
fato, não existiam profetas quando o mundo era feito; existia, porém, a
Sabedoria que nele estava, e o seu Verbo santo, que SEMPRE estava
presente com Ele. Daí ele dizer por meio de Salomão: ‘Quando ele
preparava o céu, eu estava com ele, e quando Ele afirmava os alicerces da
terra, eu estava junto dele, harmonizando tudo’ ”. Nesta citação
encontramos claramente que Jesus sempre esteve com Deus, também esse
pai apologista explica porquê Jesus é chamado de Princípio, porque era ‘o
Príncipe e o Senhor de todas as coisas por Ele feitas’ e não por ser, como
querem as T.J. , o primeiro criado. Note também que o Espírito Santo
recebe o mesmo título de Princípio dado a Jesus. Ele também mostra que
tanto a Sabedoria (o Espírito Santo) e o Verbo sempre estavam com o Pai.
A citação do segundo livro a Autólico (22) é impressionante para a defesa
da Divindade de Cristo, pois Teófilo cita Jo 1:1: “Agora me dirás: ‘Tu dizes
que Deus não deve estar circunscrito a nenhum lugar. Como agora dizes
que Deus passeava no jardim? Ouve a resposta. Deus, o Pai do universo, é
imenso e não está limitado a um lugar, pois não existe lugar para seu
descanso. O Verbo, porém, pelo qual fez todas as coisas, sendo sua
potência e sabedoria, tomando a figura do Pai e Senhor do universo, foi ele
que se apresentou no jardim em figura de Deus e conversava com Adão. De
fato, a própria divina Escritura nos ensina que Adão disse ter ouvido a sua
voz. Que outra coisa é essa voz senão o Verbo de Deus, que é também seu
Filho? Filho não à maneira como poetas e mitógrafos dizem que nascem
filhos dos deuses por união carnal, mas como a verdade explica que o
Verbo de Deus está sempre imanente no coração de Deus. Porque antes de
criar alguma coisa, o tinha por conselheiro, pois era sua mente e
pensamento. E quando Deus quis fazer tudo o que havia deliberado, gerou
esse verbo proferido, como primogênito de toda a criação, não esvaziado-
se de seu Verbo, mas gerando o Verbo e conversando sempre com Ele. Por
isso, as santas Escrituras e todos os portadores do Espírito nos ensinam,
dentre as quais João diz: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em
Deus’, dando a entender que no princípio existia apenas Deus e nele o seu
Verbo. Depois diz: ‘E Deus era o Verbo. Tudo foi feito por Ele, e sem Ele
nada foi feito’. Portanto, sendo o Verbo Deus e nascido de Deus, quando o
Pai do universo quer, Ele o envia a algum lugar e, chegando aí, Ele é ouvido
e visto, pois é enviado por Ele e se encontra em algum lugar”. Esta citação
perfeitamente mostra a Divindade de Cristo, além de explicar que Ele era
quem se manifestava no Antigo Testamento e que sua filiação divina não
era como as concebidas pelos pagãos (e por extensão as T.J.), Jesus era
Filho porque sempre esteve no Pai. Também esclarece o sentido de Jesus
ser chamado do Primogênito de toda a criação, pois após Ter deliberado a
criação, Deus gerou do Verbo imanente o Verbo proferido sem dEle
contudo se esvaziar, ou seja o termo primogênito foi dado a Cristo com
relação a criação, não no sentido dEle Ter sido o primeiro ser a vir a existir,
mas para ser herdeiro, como veremos posteriormente. É de grande valor o
modo como Teófilo escreveu Jo 1:1, pois na segunda sentença ele diz o
“Verbo estava em Deus” e não o “Verbo estava com Deus”, a primeira
forma destaca um união profunda entre o Filho e o Pai, e também a
sentença final do versículo é colocada na sua forma original “Deus era o
Verbo” e não o “Verbo era Deus” e isso tem um grande valor para impedir a
colocação do artigo indefinido um, como esclareceremos também
posteriormente
Estas citações, portanto, provam contundentemente que o pensamento
cristão primitivo era essencialmente trinitariano.
É interessante que a própria revista “Deve-se Crer na Trindade...” diz que
os pais pré-Nicéia criam na Trindade e deram a sua forma, é na página 11,
que diz: “A the New Schaff-Herzong Encyclopedia of Religious
Knowledge”(Nova Enciclopédia de Conhecimento Religioso, de Schaff-
Herzong) mostra a influência dessa filosofia grega: As doutrinas do Logos e
da Trindade receberam a sua forma de Pais Gregos, que...foram muito
influenciados, direta ou indiretamente, pela filosofia platônica”. Ora, esses
“Pais Gregos” são alguns dos mesmos citados Pais pré-Nicéia da página 7,
ou seja, Justino, mártir, que além de ter sido uns dos primeiros apologistas
cristão, foi também o primeiro a se valer da filosofia platônica para
defender a fé cristã. Tarciano, Clemente de Alexandria, e Orígenes foram
outros que utilizaram a mesma filosofia para explicar o cristianismo.
Vale lembrar que a mesma “Alexandria” que dá o sobre-nome de Clemente,
é a mesma que os autores da revista citam na página 11, dizendo: “Assim,
em Alexandria, no Egito, os eclesiásticos da última parte do terceiro e o
início do quarto século, tais como Atanásio, refletiram essa influência ao
formularem idéias que levaram à Trindade.” (Se bem que a datação está
propositadamente adiantada). Desse modo, fica clara a falácia, a mentira e
o engano, em que para tentar negar a Trindade esses hereges mentem,
ocultam as coisas e manipulam o leitor.

Os Pais Pré-Nicéia
Não é nem um pouco estranho o fato dos elaboradores da revista “Deve-se
Crer...” não darem as referências das citações dos pais pré-Nicéia negando
a Divindade de Cristo na página 7, exatamente por causa das mentiras e
deturpações que fizeram, quem ler as obras de Justino, Clemente de
Alexandria, Tertuliano e Hipólito fica horrorizado com a falta de
honestidade das Testemunhas de Jeová nessa revista, é triste!
Mesmo dessas torções dos pais pré-Nicéia podemos dar explicações de que
eles não estavam negando a Trindade, vejamos:
Justino, o mártir, ao dizer que Cristo “não é o mesmo Deus, que fez todas
as coisas” na certa tratava do aspecto humano de Cristo, que é totalmente
diferente do divino. Justino com certeza conhecia Jo 1:1-3 que diz que o
Verbo fez todas as coisas, até mesmo sua encarnação foi obra dEle: “e o
Verbo SE FEZ carne”. Quando Justino diz que Jesus é chamado de “Anjo”
deixa muito claro que isso se dava quando aparecia a Moisés e aos
patriarcas, da mesma forma que recebia o nome de “Glória” porque
aparecia em grandeza imensa e “Homem” porque aparece nessa forma
(Diálogo com Trifão 73:2). As duas outras declarações atribuídas a Justino
não existem.
A citação de Tertuliano que afirma ser “o Pai diferente do Filho” apenas
fortalece o credo da Trindade que diz que o Filho é a segunda pessoa da
Trindade. O credo defende que a Divindade é composta de três pessoas
distintas, mas que são o único Deus. Jesus, portanto, é diferente do Pai no
aspecto de pessoa, no entanto, é igual na natureza (de Deus). A outra
citação de Tertuliano que diz “houve tempo em que o Filho não
existia...antes de todas as coisas virem a existir, Deus estava sozinho” na
verdade não é de Tertuliano, explica Bowman, que a expressão foi usada
por um estudioso moderno para resumir uma declaração feita por
Tertuliano, que argumentou que Deus sempre era Deus, mas nem sempre
Pai do Filho: “pois Ele não poderia Ter sido Pai anteriormente ao Filho,
nem juiz, anteriormente ao pecado”(Contra Hermógenes 3). Posto que,
noutros trechos (continua Bowman), Tertuliano deixa claro que
considerava que a pessoa do Filho é eterna, nessa declaração Tertuliano
está provavelmente asseverando que o título “Filho” não se aplicava á
Segunda pessoa da Trindade até que Cristo começou a relacionar-se com o
“Pai” como “Filho” na obra da criação.
Explicando a declaração “antes de todas as coisas, Deus estava sozinho” diz
Bowman: “aparece numa obra inteiramente diferente de Tertuliano, na
qual declara que a ‘Razão’ de Deus era o Verbo anteriormente à sua
atividade na criação, e que, portanto, essa pessoa chamada ‘Razão’ existia
eternamente lado a lado com Deus: “pois antes de todas as coisas, Deus
estava sozinho... mas mesmo então, não estava sozinho, pois Ele tinha
consigo aquilo que possuía em si mesmo antes da criação do universo,
Deus não estava sozinho, posto que Ele tinha dentro de si mesmo tanto a
Razão quando, inerente na Razão, seu Verbo...”(Contra Praxeas 5). Esse
Verbo é o Filho, igual a Deus, mas funcionando em segundo lugar depois
do Pai, note: “Assim Ele [o Pai] torna-o [o Filho] IGUAL A ELE...embora
eu reconheça o Filho, assevero a sua DISTINÇÃO em segundo lugar depois
do Pai”(Contra Praxeas 5).
A citação atribuída a Hipólito nada diz contra a Trindade, apenas defende
o monoteísmo ao dizer que Deus é “Deus Uno, primeiro e o Único, o
Fazedor e Senhor de tudo”, e mais parece ser uma referência a Jesus, pois é
Ele que é o fazedor de todas as coisas e o Senhor de tudo. O termo “Uno”
alude a unidade trinitária. Quando porém, os autores da revista dizem que
Hipólito conclui que Jesus foi criado, temos uma torção, no contexto em
que Hipólito fez essa declaração, temos: “Deus subsistindo sozinho, e não
tendo nada contemporâneo com Ele mesmo, resolveu criar o mundo... não
havia nada contemporâneo com Deus. Além dEle nada havia, MAS ELE,
ENQUANTO EXISTIA SOZINHO, MESMO ASSIM EXISTIA NA
PLURALIDADE”(Contra Noêcio 10; grifos nossos). Essa pluralidade,
conclui, acertadamente Bowman, consiste no Pai, no Filho e no Espírito,
conforme Hipólito declara num parágrafo anterior: “O homem, portanto,
embora ele não queira, vê-se obrigado a reconhecer Deus o Pai onipotente,
e Cristo Jesus o Filho de Deus, que, sendo Deus, fez-se homem, e a Ele o
Pai sujeitou todas as coisas, execetuando-se o próprio Pai, e o Espírito
Santo; e que estes, portanto, são três”(Contra Noêcio 8)
Na citação de Orígenes há uma contradição, é dito que o Filho não é da
essência do Pai, mas contrariamente também diz que o Pai é luz e o Filho é
luz, apesar de ser menor. Com respeito a Orígenes, o mais posterior dos
pais pré-Nicéia, a Igreja o considerou como herege, não porque negou a
Divindade de Cristo, mas porque acreditava que o Pai e o Filho e o Espírito
Santo fossem TRÊS deuses; não acreditava que Jesus tinha sido criado
nem que o Espírito Santo fosse algo impessoal, todavia, cria que o Pai era
superior ao Filho e ao Espírito. O surpreendente é que as Testemunhas de
Jeová poderiam até ter usado Orígenes para defender a idéia que o Pai era
o Todo-poderoso e o Filho poderoso, numa condição inferior, mas não o
fazem, o que nos leva a crer que elas não fizeram realmente uma pesquisa
séria e trabalhada sobre os pais cristãos dos primeiros séculos. Apesar de
não ter uma crença perfeita na Trindade, Orígenes possuía certa posição
doutrinária que mais o aproximava dos trinitarianos do que das
Testemunhas de Jeová, chegou a afirmar: “Nós, porém, estamos convictos
de que realmente há três Pessoas (treis hypostaseis), o Pai, o Filho e o
Espírito Santo”. Desse modo confirmou a personalidade do Espírito Santo.
Ainda disse: “as declarações feitas no tocante ao Pai, ao Filho e ao Espírito
Santo devem ser consideradas transcendentes de todos os tempos, de
todos as eras, e de toda a eternidade”(Princ. 4:28). Também disse que não
existe “nada que não foi feito, a não ser a natureza do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo”(Princ. 4:35). E também declarou: “Além disso, nada na
Trindade pode ser chamado maior ou menor”(Princ. 1:3,7).
Vejamos agora o que realmente disseram os pais apologistas que viveram
bem antes do concílio de Nicéia:

JUSTINO, O MÁRTIR (Martirizado em 165). Muito ao contrário do que


dizem as Testemunhas de Jeová, Justino, mártir, cria com convicção que
Jesus Cristo era Deus, em sua obra “Diálogo com Trifão” temos uma
sequência de doze capítulos (55-66) dedicados em comprovar esta verdade.
Vejamos aqui algumas das suas declarações:
“Depois de crer no Verbo, nós nos afastamos deles e, por meio do Filho,
seguimos o único Deus Unigênito” (I Apologia 14:1).

“Porque os que dizem que o Filho é o Pai dão prova de que não sabem nem
quem é o Pai, nem tomaram conhecimento de que o Pai do universo tenha
um Filho que, sendo Verbo e Primogênito de Deus, também é Deus”(I
Apologia 63:15). Observe que ele distingue o Pai do Filho, refutando os
adeptos da doutrina monarquista que diziam que o Pai e o Filho eram uma
única pessoa, mas defende ao mesmo tempo a Divindade de Jesus.

“Portanto, tudo o que de bom foi dito por eles, pertence a nós, cristãos,
porque nós adoramos e amamos depois de Deus, o Verbo, que procede do
mesmo Deus ingênito e inefável”(II Apologia 13:4).

“Com efeito, Cristo, como eu vos demostro por todas as Escrituras, é


chamado Rei e Sacerdote, Deus, Senhor, Anjo, Homem, Supremo, General,
Pedra, Menino recém-nascido.”(Diálogo com Trifão 34:2).

“Essas palavras dão a entender claramente que se deve adorar a Ele, que é
Deus e Cristo, testemunhado pelo criador deste mundo”(Diálogo com
Trifão 63:5).

“Por outras palavras, que vos citei anteriormente como ditas também por
Davi, deveis recordar que Jesus tinha de sair das alturas dos céus e voltar
novamente para os mesmos lugares, afim de que o reconheceis como Deus
que vem de cima, e como homem nascido entre os homens, e que
novamente devia vir aquele ao qual deviam ver e, por causa dele, bater no
peito os mesmos que o traspassaram”(Diálogo com Trifão 64:7).

“Além disso, quero que saibais que eles (os mestres judeus) eliminaram
completamente muitas passagens da versão dos setenta anciãos
(Septuaginta) que estiveram com o rei Ptolomeu, nas quais se demostra
que esse mesmo Jesus crucificado foi claramente anunciado Deus e
Homem, e que havia de ser crucificado e morrer”(Diálogo com Trifão 71:2).
“Entre as nações, nunca se referiu a homem nenhum de vossa
descendência como Deus e Senhor, que tenha reinado, exceto desse que foi
crucificado, do qual, no mesmo Salmo, o Espírito Santo nos diz que se
salvou e ressuscitou”(Diálogo com Trifão 73:2).

“Se sabemos que esse Deus se manifestou em várias formas a Abraão, Jacó
e Moisés, como duvidamos e não cremos que ele poderia, conforme o
desígnio do Pai do universo, nascer homem da virgem, tendo tantas
Escrituras pelas quais literalmente é fácil entender que assim de fato
aconteceu, conforme o desígnio do Pai”(Diálogo com Trifão 75:4). Aqui
tanto é asseverada a Divindade como a humanidade de Jesus, o que prova
que Justino não usava totalmente a filosofia platônica para explicar as
naturezas da Pessoa do Filho.

“Por outro lado, se lhes citamos Escrituras que demostram expressamente


que o Cristo há de ser ao mesmo tempo passível e adorável e
Deus”(Diálogo com Trifão 68:9).

“Portanto, agora vou demonstrar que a revelação feita sobre o sacerdote


Jesus, que vosso povo, foi uma predição do que faria o nosso sacerdote e
Deus o Cristo, Filho do Pai do universo”(Diálogo com Trifão 115:4).

Vejamos ainda a explicação dada por Justino para o unidade de Deus-Pai e


Deus-Filho e a distinção dos dois, bem como do motivo de Jesus ter outros
nomes:

“A Potência que aparece a Moisés, a Abraão ou a Jacó, da parte do Pai de


tudo, chama-se Anjo quando vem aos homens, porque, por meio dela, as
mensagens do Pai são trazidas aos homens, e chama-se Glória, porque às
vezes aparece em grandeza imensa; outras vezes recebe o nome de Verbo e
Homem, porque aparece nessas formas, segundo a vontade do Pai; chama-
se Palavra porque leva aos homens o que o Pai lhes fala. Essa Potência
seria INSEPARÁVEL E INDIVISÍVEL do Pai, como dizem, da mesma
forma que a luz do sol, que ilumina a terra, é inseparável e indivisível do
sol que está no céu. E como este, no poente, leva consigo a luz, assim
também, conforme essa teoria, quando o Pai deseja, novamente a recolhe a
si. Ensinam que Ele cria os anjos também desse modo.
Que existem os anjos e que são seres permanentes e não se reduzem àquilo
de que tiveram princípio, são coisas já demostradas. Embora brevemente,
antes eu também examinei a questão de que essa Potência, que a palavra
profética chama ao mesmo tempo Deus e Anjo, e isso já demostramos
amplamente, não só é DISTINTA pelo nome, como a luz se distingue do
sol, mas é também NUMERICAMENTE OUTRA e então disse que essa
Potência é gerada pelo Pai, pelo seu poder e vontade, mas não por CISÃO
ou CORTE, como se a SUBSTÂNCIA do Pai se DIVIDISSE, da mesma
forma que todas as outras que se dividem ou cortam não são as mesmas
antes e depois de se dividirem. Dei então o exemplo de outro e como,
todavia, não diminui nada daquele do qual muitos outros podem se
acender, mas permanece o mesmo”(Diálogo com Trifão 127:2-4, grifos e
destaques nossos).

Fica assim perfeitamente claro que Justino cria na doutrina da Trindade e


que tudo o que foi dito na revista “Deve-se Crer na Trindade?” sobre sua
suposta posição antitrinitariana é mentira da grossa e desavergonhada.

IRENEU DE LIÃO (140 A 202 AD). O que é dito sobre o pensamento de


Ireneu sobre Jesus na revista “Deve-se Crer...” é risível quando se ler as
obras desse grande e importante apologista, em ADVERSUS HAERESES
(Contra Heresias), sua mais importante obra, encontramos:

“Com efeito, a Igreja espalhada pelo mundo inteiro até os confins da terra
recebeu dos Apóstolos e seus discípulos a fé em um só Deus, Pai
onipotente, que fez o céu e a terra, o mar e tudo que nele existe; em um só
Jesus Cristo, Filho de Deus, encarnado para nossa salvação; e no Espírito
Santo que, pelos profetas, anunciou a economia de Deus, e a vinda, o
nascimento pela virgem, a paixão, a ressurreição dos mortos, a ascensão ao
céu, em seu corpo, de Jesus Cristo, dileto Senhor nosso; e a sua vinda dos
céus na glória do Pai, para recapitular todas as coisas e ressuscitar toda
carne do gênero humano; a fim de que, segundo o beneplácito do Pai
invisível, diante do Cristo Jesus, nosso Senhor, DEUS, Salvador e Rei, todo
o joelho se dobre nos céus, na terra e nos infernos”(Livro l, 10:1).

“E ainda: ‘tudo foi feito por meio dele e sem ele nada foi feito’. Do tudo
nada é excetuado; o Pai fez por seu intermédio tudo, as coisas visíveis e as
invisíveis, as sensíveis e as inteligíveis, as temporais para uma verdadeira
economia, as eternas e imortais, não por meio de anjos, nem de potências
diferentes de sua mente, porque Deus não precisa de ninguém, mas pelo
Verbo e pelo seu Espírito fez tudo, ordenou, governa e dá o ser a
tudo”(Livro I, 22:1).

“Com efeito, pertence à soberana independência de Deus não precisar de


nenhum instrumento para criar as coisas: O ser Verbo é idôneo e suficiente
para criar todas, como diz João, o discípulo do Senhor”(Livro II, 2:5).

“E este Deus é verdadeiramente Espírito de Deus”(Livro II, 30:8).

“Justamente, portanto, o Espírito Santo chamou o Pai e o Filho com o


nome de SENHOR (Sl 110:1) porque efetivamente o são. Além disso
quando fala da destruição sobre Sodoma, a Escritura diz: ‘O SENHOR fez
chover sobre Sodoma e Gomorra o fogo e o enxofre provindos do SENHOR
do céu.’ Isto significa que o Filho, aquele que falou com Abraão, recebeu do
Pai o poder de condenar os sodomitas por causa das iniquidades deles. É o
mesmo que se diz no texto seguinte: ‘O teu trono ó Deus, subsistirá por
todos os séculos; cetro de teu Reino é cetro de retidão. Amaste a justiça e
aborreceste a iniquidade; por isso, ó Deus, o teu Deus te consagrou pela
unção’. O Espírito aqui designou com o Nome de Deus, tanto o Filho que
recebe a unção como o Pai que a confere. E ainda diz: ‘Deus se apresentou
na assembléia dos deuses e no meio deles julga os deuses. Aqui se fala do
Pai, do Filho e de todos os que receberam a adoção filial: estes constituem
a Igreja, que é a assembléia de Deus, que Deus, isto é o Filho, reuniu ele
mesmo e por si mesmo. É ainda deste Filho que se diz ‘O Deus dos deuses,
o Senhor, falou e chamou a terra’(Sl 50:1). Quem é esse Deus? É aquele de
quem se diz: ‘Deus virá de maneira manifesta, o nosso Deus, e não se
calará’, isto é, o Filho que veio entre os homens numa manifestação de si
mesmo, e por isso diz: ‘manifestei-me abertamente àqueles que não me
procuravam’ ”(Livro III, 6:1).

“e assim o criador de todas as coisas, juntamente com seu Verbo, é o único


a ser chamado Deus e Senhor, enquanto as coisas criadas não podem
receber este apelativo nem se arrogar legitimamente este título, pois
pertence exclusivamente ao criador”(Livro III, 8:4). Esta passagem apenas
seria suficiente para por fim de uma vez por todas a dúvida se os cristãos
primitivos criam ou não se Jesus era Deus.

“Fica portanto demostrado – e será demostrado evidência maior – que


nem os profetas, nem os apóstolos, nem o Cristo Senhor reconheceram
absolutamente como Senhor e Deus a nenhum outro a não ser aquele que é
de maneira exclusiva Senhor e Deus; que os apóstolos e profetas, ao
confessar o Pai e o Filho como Deus, não chamaram Deus e Senhor a
ninguém mais”(Livro III, 9:1).

“Assim o Verbo de Deus, enquanto homem, da descendência de Jessé e


Filho de Abraão, tinha sobre si o Espírito de Deus e era consagrado para
levar a boa-nova aos humildes; enquanto Deus, não julgava segundo a
aparências e não condenava por ouvir dizer; com efeito, ‘ele não precisava
de testemunhos a cerca de nenhum homem, pois ele sabia o que há no
homem’ ”(Livro III, 9:3).

“Este é o mistério que diz ter-lhe sido revelado, isto é, que aquele que
padeceu sob Pôncio Pilatos é o Senhor de todos os homens, seu Deus, Rei e
Juiz, por ter recebido o poder de Deus de todas as coisas, pois, se fizera
obediente até a morte, e morte de cruz”(Livro III, 12:9).

“Demostrado até a evidência QUE O VERBO EXISTIA, DESDE O


PRINCÍPIO JUNTO DE DEUS, QUE POR SUA OBRA FORAM FEITAS
TODAS A COISAS, que sempre esteve presente ao gênero humano e que
justamente ele, nestes últimos tempos, segundo a hora estabelecida pelo
Pai, se uniu a obra de suas mãos, feito homem passível, ESTÁ REFUTADA
TODA AFIRMAÇÃO CONTRÁRIA DOS QUE DIZEM: SE NASCEU
NESTES ÚLTIMOS TEMPOS, HOUVE UM TEMPO EM QUE CRISTO
NÃO EXISTIA”(Livro III, 18:1). Até parece que Ireneu estava pensado nas
Testemunhas de Jeová quando escreveu isso.

“Tenhamos também o Paráclito, pois o Senhor confiou ao Espírito Santo o


homem que é seu, aquele que caíra em poder dos ladrões, dando dois
denários reais para que nós, tendo recebido pelo Espírito a imagem e a
inscrição do Pai e do Filho, façamos os dons que nos foram confiados e os
restituamos multiplicados ao Senhor”(Livro III, 17:3, grifos nossos).

“Este é o motivo pelo Qual o próprio Senhor deu o Emanuel, nascido da


virgem, como sinal da nossa salvação, porque era o próprio Senhor que
salvava aqueles que não se podiam salvar sozinho... A mesma coisa disse
Isaías: ‘confortais as mãos frouxas e robustecei os joelhos débeis. Coragem,
pusilânimes; tomai ânimo e não temais; eis que o nosso Deus trará a
vingança e a represália. Deus mesmo virá e vos salvará”(Livro III, 20:3).

“Foi, portanto, Deus que se fez homem, o próprio Senhor que nos
salvou”(Livro III, 21:1).

“Com estas palavras (de Is 7:10-16) o Espírito Santo indicou exatamente a


sua geração virginal e a sua natureza divina: Deus”(Livro III, 21:4).

“O homem é composto de alma e de corpo, uma carne formada à imagem


de Deus e modelada pelas suas mãos, isto é, pelo Filho e o Espírito, aos
quais disse: ‘Façamos o homem’ ”(Livro III, int., 4).

“É na Igreja também que foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o


Espírito Santo, penhor da incorrupção, confirmação da nossa fé e escada
para subir a Deus”(Livro III, 24:1).
“O Pai não precisou de anjo nenhum para criar o mundo e formar o
homem pelo qual fez o mundo, como não precisou de ajuda para a
organização das criaturas e a economia dos assuntos humanos, pois já
tinha um serviço perfeito e incomparável, assistido que era, para todas as
coisas, pela sua progênie e sua figura, isto é, o Filho e o Espírito, o Verbo e
a Sabedoria aos quais servem e estão submetidos TODOS os anjos”(Livro
IV, 7:4).

“Portanto, não foram os anjos que nos plasmaram – os anjos não poderiam
fazer uma imagem de Deus – nem outro qualquer que não fosse o Deus
verdadeiro, nem uma potência que estivesse afastada do Pai de todas as
coisas. Nem Deus precisava deles para fazer, como se ele não tivesse suas
próprias mãos! Deus SEMPRE, de fato, ele tem junto de si o Verbo e a
Sabedoria, o Filho e o Espírito. É por meio deles e NELES que fez todas as
coisas, soberanamente e com toda a liberdade, e é a eles que se dirige,
quando diz: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, tirando de
SI MESMO a substância das criaturas, o modelo que fez e a forma dos
adornos do mundo. Bem se expressou o escrito que diz: antes de tudo
acredita que existe um só Deus que criou, harmonizou e fez existir todas as
coisas apartir do nada”(Livro IV, 20:1,2).

“Que antes que houvesse a criação o Verbo, isto é, o Filho, SEMPRE


estivesse com o Pai, demostramo-lo amplamente; como também estava a
Sabedoria, que outro não é senão o Espírito”(Livro IV, 20:3).

“A palavra de Deus havia prenunciando que Deus seria visto pelos


homens”(Livro IV, 20:4).

“Já que o Espírito de Deus anunciava o futuro por meio dos profetas para
nos preparar e predispor à submissão a Deus, e que este futuro importava
que o homem, pelo beneplácito do Pai, visse a Deus, era necessário que
aqueles pelos quais era predito o vissem a Deus que apontava á
contemplação dos homens, para que não fosse conhecido só
profeticamente como Deus e Filho de Deus, Filho e Pai, mas fosse visto por
todos os membros santificados e instruídos nas coisas de Deus e assim o
homem fosse formado e exercido anteriormente a aproximar-se da glória
destinada a ser revelada em seguida aos que amam a Deus. Os profetas não
profetizavam só com palavras, mas também com visões, com o
comportamento e as ações que faziam segundo a sugestão do Espírito.
Neste sentido viam a Deus invisível, como diz Isaías: ‘V1Com meus olhos o
Rei Senhor dos exércitos’ para indicar que o homem veria a Deus com seus
olhos e escutaria a voz dele. Nele sentido viam o Filho de Deus viver como
homem entre os homens”(Livro IV, 20:8).

“Assim também Raab, a prostituta, que se acusava de ser pagã culpada de


todas os pecados, acolheu os TRÊS espiões que investigavam toda a terra e
os escondeu na sua casa (símbolos) do Pai, do Filho e do Espírito
Santo”(Livro IV, 20:12).

“Esta é a ordem, o ritmo, o movimento pelo qual o homem criado e


modelado adquire a imagem e a semelhança do Deus incriado, que é o Pai
que decide e ordena, o Filho que executa e forma e o Espírito que nutre e
aumenta”(Livro IV, 38:3).

“Ele (Jesus) é perfeito em tudo, Verbo ONIPOTENTE e homem


verdadeiro”(Livro V, 1:1).

“Deus será glorificado na criatura, conformada e modelada ao seu próprio


Filho, pois, pelas mãos do Pai, isto é, por meio do Filho e do Espírito, o
homem, e não uma parte, torna-se semelhante a Deus”(Livro V, 6:1 –
repete em 28:4 ).
Com essas citações de Ireneu as Testemunhas de Jeová são desmascaradas
e bem podiam ser chamadas falsas testemunhas. A questão agora não se
trata em se crer ou não na Trindade, mas de se crer na revista “Deve-se
Crer na Trindade?”.

CLEMENTE DE ALEXANDRIA (Final do século II). As Testemunhas de


Jeová dizem que Clemente sustentava que Jesus era uma “criatura” e que
sua posição era depois do único Pai onipotente, sendo diferente dele. Pura
mentira! Na verdade Clemente ensinava que Cristo era “realmente a
Deidade plenamente manifesta, sendo Ele igual ao Senhor do universo,
porque Ele era seu filho”(Exortação aos pagãos 10). Também disse que
Jesus era “o mesmíssimo Deus que o Pai”(o Instrutor 1:8,11). Ainda
chamou Jesus de “Filho ETERNO”(Exortação aos pagãos 12), e negou que
o “Pai tenha existido nalgum tempo sem o Filho”(Miscelâneas 5:1).

Concluindo, vale ressaltar, apenas como acréscimo, que todos os pais


apostólicos e apologistas dos séculos 1 e 2Criam na imortalidade da alma,
no fim da guarda do Sábado, no castigo eterno para os ímpios (aqui, exceto
Orígenes, que como já dissemos, foi tido como herege), e na maioria dos
ensinos dos trinitarianos.

COMO SE DESENVOLVEU A DOUTRINA DA TRINDADE?


(Páginas 7-12)

No início do parágrafo da página 8 os escritores da revista “Deve-se Crer...”


acabam provando que a Trindade é uma doutrina bem antiga, e se é antiga,
se ela existe desde os primórdios do cristianismo, é algo que a torna bem
aceita. Diferente de muitas das doutrinas das Testemunhas de Jeová, cujas
as origens são a pouco mais de cem anos. Em questões doutrinárias
sempre a questão mais antiga é mais aceitável, o próprio Senhor Jesus
mostra isso quando, defendendo o monogamia, citou um texto de Gênesis
que apontava essa verdade antes do recebimento da lei (Mt 19:4-6).
Note como os autores escrevem o início desde parágrafo, tornando-os
declarantes que a doutrina da Trindade era bem conhecida nos tempos
bíblicos: “Por MUITOS ANOS havia muita oposição por MOTIVOS
BÍBICOS contra a emergente idéia que Jesus era Deus”. Fica admitido aqui
que a questão era antiga e que os motivos dela eram bíblicos, mas na
última fraseologia percebemos uma contradição, pois como poderia a idéia
que Jesus era Deus ser emergente se já por muitos anos havia uma
controvérsia sobre esta questão??? A grande verdade era que a emergente
idéia foi a negação da Trindade por Ário de Alexandria (Séc. III), que não
aceitava o Espírito Santo e Jesus como eternos, sustentava que “houve um
tempo quando o Filho não existia” e descrevia tanto a Jesus como o
Espírito Santo como criaturas exaltadas, mas nunca iguais a Deus, e isto só
na Igreja Oriental a do Ocidente era unânime em aceitar a plena Divindade
de Cristo. Até Ário ninguém então havia dito que Jesus era uma criatura,
NINGUÉM!

Constantino E Nicéia
Não queremos aqui defender Constantino, não é possível dizermos se ele
era ou não um cristão genuíno, é difícil dizer isso de pessoas ao nosso redor
que se professam cristãs, quanto mais de um que viveu a tanto tempo
atrás, até mesmo os apóstolos tiveram dificuldades nisso (ver Gl 2:4; 2Co
11:26). Uma coisa é certa com respeito a Constantino, ele tinha simpatia ao
cristianismo e sem dúvida foi usado por Deus para fortalecer a doutrina da
Trindade, assim como Deus usou os imperadores Nabucodonosor para
castigar seu povo, Ciro para cumprir a profecia do retorno do povo de
Israel do exílio babilônico e César Augusto para promover o
recenseamento que fez Jesus nascer em Belém (confira Jr 27:4-11; Ed 1:1;
Lc 2:1).
O historiador Justo Gonzalez, em Uma História Ilustrada do Cristianismo,
volume II, diz sobre os bispos que compareceram em Nicéia:
“Não sabemos o número exato de bispos que assistiram ao concílio, mas ao
que parece foram uns trezentos. Para compreendermos a importância do
que estava acontecendo, recordamos que vários dos presentes tinham
sofrido prisões, tortura ou exílio pouco antes, e que alguns levavam em seu
corpo as marcas físicas da sua fidelidade. E agora, poucos anos depois
daqueles dias de provações, todos estes bispos eram convidados a se reunir
na cidade de Nicéia, e o imperador cobria todos os seus gastos. Muitos dos
presentes se conheciam de ouvir falar, ou por correspondência. Agora, pela
primeira vez na história da igreja, eles podiam ter uma visão física da
universalidade da sua fé. Eusébio de Cesaréia nos descreve a cena, em sua
obra ‘Vida de Constantino’:
‘Ali se reuniram os mais distintos ministros de Deus, da Europa, Líbia (isto
é, Africa) e Ásia. Uma só casa de oração, como ampliada por obra de Deus,
abrigava sírios e cilícios, fenícios e árabes, delegados da Palestina e do
Egito, tebanos e líbios, junto com os que vinham da Mesopotâmia. Havia
também um bispo persa, e tampouco faltava um cita na assembéia. Ponto,
Galácia, Panfília, Capadócia, Ásia e Frígia enviaram seus bispos mais
distintos, bem como os que moravam nas regiões mais remotas da Trácia,
Macedônia, Acaia e Epiro. Até mesmo da Espanha um de grande fama
(Ósio de Córdoba) se sentou como membro da assembléia. O bispo da
cidade imperial (Roma) não pôde participar por causa da idade avançada,
mas seus presbíteros o representaram. Constantino é o primeiro príncipe
de todas as épocas que juntou semelhante grinalda mediante o vínculo da
paz, e apresentou a seu salvador como oferta de gratidão pelas vitórias que
conseguiu sobre seus inimigos”
É digno de nota que os autores da “Deve-se Crer...” vêem os bispos de
Nicéia como autênticos cristãos, e se assim o eram, porque não cremos que
pelo Espírito Santo neles não se tornaram no Concílio os que dominaram
as questões? Isso é mais provável à luz da Bíblia que as especulações dos
autores dessa revista. Jesus disse: “Sereis até conduzidos à presença dos
governantes, e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho
a eles e aos gentios. Mas quando vos entregarem, não vos dê cuidado como,
ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o
que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de
vosso Pai que fala em vós” e acrescentou: “Portanto não temais...não
temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes,
aquele que pode fazer parecer na Geena tanto a alma como o corpo”(Mt
10:18-20,26,28). E sabemos que isto se cumpriu, Paulo diante de reis sem
nenhuma inclinação para o cristianismo conseguia deixá-los até com medo
(At 24:24), por que então as Testemunhas de Jeová só enxergam o lado
humano do concílio, se admitem que havia homens de Deus ali??
Justo Gonzalez nos diz como aconteceu o Concílio:
“A assembléia aprovou uma série de regras para a readmissão dos que
tinham caído, sobre como os presbíteros e bispos deveriam ser eleitos e
ordenados, e sobre a ordem de precedência das diversas sedes.
A questão mais escabrosa, porém, que o concílio de Nicéia tinha de discutir
era a controvérsia ariana. Em relação a este assunto havia várias
tendências no concílio.
Em primeiro lugar, havia um pequeno grupo de arianos convictos,
liderados por Eusébio de Nicomédia – personagem importantíssimo em
toda esta controvérsia, que não deve ser confundido com Eusébio de
Cesaréia. Ário, por não ser bispo, não tinha o direito de participar das
deliberações do concílio. Seja como for, Eusébio e os seus estavam
convictos de que sua posição era correta, e que a assembléia, assim que
ouvisse seu ponto de vista exposto com clareza, daria razão a Ário e
repreenderia Alexandre por tê-lo condenado.
Em segundo lugar, havia um pequeno grupo que estava convencido de que
as doutrinas de Ário punham em perigo o próprio cerne da fé cristã, e que
por isto era necessário condená-las. O líder deste grupo era Alexandre de
Alexandria. Junto a ele estava um jovem diácono que depois ficaria famoso
como um dos gigantes cristãos do século IV, Atanásio.
Os bispos que procediam do oeste, isto é, da região do Império onde era
falado latim, não estavam interessados na especulação teológica. Para eles
a doutrina da Trindade estava resumida na velha fórmula enunciada por
Tertuliano mais de um século antes: uma substância e três pessoas.
Outro pequeno grupo – contando provavelmente com não mais que três ou
quatro pessoas – defendia posições próximas do patripassionismo, ou seja,
da doutrina de acordo com a qual o Pai e o Filho são a mesma pessoa, e que
por isto o Pai sofreu na cruz. Estas pessoas estiveram de acordo com as
decisões de Nicéia, mas mais tarde foram condenadas.
Por último, a maior parte dos bispos presentes não pertencia a nenhum
destes grupos. Para eles era uma verdadeira lástima o fato de Ário e
Alexandre se terem envolvido em uma controvérsia que ameaçava dividir a
igreja, agora que afinal a igreja gozava de paz em relação ao Império. A
esperança destes bispos, no início das reuniões, parece ter sido conseguir
uma posição conciliatória, resolver as diferenças entre Alexandre e Ário, e
esquecer a questão. Exemplo típico desta atitude é Eusébio de Cesaréia.
Nisto estavam as coisas quando Eusébio de Nicomédia, o líder do partido
ariano, pediu a palavra para expor sua doutrina. Ao que parece Eusébio
estava tão convicto da verdade do que dizia, que tinha certeza que os
bispos, assim que ouvissem uma exposição clara de suas doutrinas, as
aceitariam como corretas, mas quando os bispos ouviram a exposição das
doutrinas arianas sua reação foi bem diferente do que Eusébio esperava. A
doutrina de o Filho ou Verbo ser somente uma criatura – por mais exaltada
que fosse esta criatura – parecia-lhes atentar contra o próprio âmago da
sua fé. Aos gritos de ‘blasfêmia!’, ‘mentira!’ e ‘heresia!’ Eusébio teve de se
calar, e conta-se que alguns dos presentes lhe arrancaram seu discurso, o
rasgaram em pedaços e o pisotearam.
O resultado de tudo isto foi que a atitude da assembléia mudou. Antes a
maioria quisera tratar o caso com a maior suavidade possível, e talvez
evitar que algum lado fosse condenado, mas agora a maior parte estava
convencida de que era necessário condenar as doutrinas expostas por
Eusébio de Nicomédia.
No começo tentou-se fazer isto somente com citações bíblicas. Mas logo
ficou claro que os arianos podiam interpretar qualquer citação de uma
maneira que os favorecia – ou pelo menos que podiam aceitar – por esta
razão a assembléia decidiu compor um credo que expressasse a fé da igreja
em relação às questões do debate.
Em “Porque Devo Crer Na Trindade”, Bowman oferece provas de que
Constantino não era tão pagão assim como querem as Testemunhas de
Jeová (página 38) e acrescenta sobre as outras declarações delas referente
ao concílio: “A brochura da Torre de Vigia passa, em seguida, a citar a
Enciclopédia Britânica (uma edição anterior) relatando que Constantino
‘pessoalmente propôs... o preceito crucial, que expressa a relação de Cristo
com Deus no credo instituído pelo concílio, de uma só substância com o
Pai’”. O que está omitido aqui é que Constantino fez essa proposta
provavelmente mediante a sugestão do seu conselheiro teológico, Hósio,
um bispo da Espanha. Além disso, a idéia exprimida pelo termo não era
nova.”
“A brochura concluiu, então, que Constantino ‘interveio e decidiu em favor
dos que diziam que Jesus era Deus’. Isso é simplesmente falso. O que
Constantino fez foi encorajar os bispos a alcançar um consenso tão perfeito
quanto possível, e então empregou sua autoridade política para depor
aqueles poucos que insistiam em se opor aquele consenso. A vasta maioria
dos bispos acreditavam com firmeza que Jesus é Deus, se não fosse assim,
teria sido contrário ao propósito de Contantino ‘decidir em favor dos que
diziam que Jesus era Deus’ ”.
“O credo que o concílio realmente adotou, redigido por Eusébio da
Cesaréia, descreveu Cristo como ‘Deus de Deus’, mesmo antes da sugestão
por Constantino da expressão ‘de uma só substância com o Pai’. Antes de
esse credo ter sido redigido e aceito, outro credo, redigido por Eusébio de
Nicomédia, um ariano, fo1Considerado. Embora a maioria dos bispos do
concílio pertencesse ao Oriente, onde havia mais arianos, o concílio
‘rejeitou totalmente’ o credo ariano, porque negava que Jesus era Deus
(Heresies, 117). Quanto ao credo trinitariano, a única parte dele com que
muitos bispos orientais não se sentiam à vontade era a expressão: ‘de uma
só substância com o Pai’. O motivo não era porque subentendia que Jesus
era Deus (o que a maioria tomava por certo), nem porque era trinitariano,
mas porque para eles soava por demais como o monarquianismo, que dizia
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram uma só pessoa.
A informação de que somente “uma fração do total” do número dos bispos
compareceu ao concílio, também é explicada por este autor: “não deve ser
interpretada no sentido de subentender que o concílio era composto de
modo favorável aos trinitários, deve ser explicado que a situação era bem
inversa. A maioria dos bispos provinha do Oriente, onde se achava a
maioria dos arianos: bem poucos bispos vieram do Ocidente, embora o
Ocidente fosse solidamente trinitário”.
Com respeito aos acontecimentos depois do concílio de Nicéia, acrescenta:
“Embora Constantino tenha apoiado o trinitarismo em Nicéia, esse não foi
o fim da controvérsia ariana. A brochura das Testemunhas de Jeová atenua
os fatos quando confessa: ‘os que criam que Jesus não era igual a Deus até
mesmo recuperaram temporariamente o favor’. Na realidade, Constantino
inverteu sua opinião em 332 d.C. , sete anos depois do concílio de Nicéia, e
passou a apoiar Ário. Durante 45 anos dos 49 que se seguiram, os arianos
gozavam o favor dos imperadores romanos (conforme: Bray – Creeds,
councils and christ, 109). Durante boa parte desse período, Atanásio, um
dos trinitarianos principais de Nicéia, era praticamente o único líder
cristão que não se dispunha a entrar num meio-termo com os arianos, e
assim surgiu o ditado ATHANASIUS CONTRA MUNDUM (Atanásio
contra o mundo). Mas em 381 o imperador Teodósio, que creditava na
Trindade, declarou o cristianismo trinitarino a religião oficial do império, e
convocou o concílio de Constantinopla, onde foi adotado um credo ainda
mais explicitamente trinitariano”
“Muitas pessoas, inclusive as Testemunhas de Jeová, declaram-se
escandalizadas diante do estabelecimento do trinitarismo pelo Império
Romano como sua religião oficial. Isso não deixa subentendido que a
doutrina da Trindade era, dalguma forma, mais pagã do que cristã, e que
foi aceita pelas massas somente porque era a ordem ditada pelo imperador
??”
“A resposta a essa pergunta é decididamente NÃO. No auge da
controvérsia ariana, entre 325 e 381, o arianismo era geralmente
reconhecido pelos imperadores como um sistema religioso mais atraente
do que o trinitarismo. O motivo disso era que o arianismo, que ensinava
que Jesus era uma criatura divina, dava a entender que uma criatura podia
ser um deus, podia ficar altamente exaltada e conseguir a obediência
incondicional dos homens. Essa idéia era atraente para os imperadores,
pois seus antecessores pagãos frequentemente exigiam a adoração dos
súditos, e achavam mais fácil governar se o povo os considerassem divinos,
nalgum sentido. O trinitarismo, por outro lado, mantinha que a totalidade
da divindade pertencia ao Deus trino e uno, e mantinha uma distinção
mais nítida entre o Criador e a criatura; assim, deixavam subentendido que
o imperador era mero homem comum. Que um imperador romano
declarasse o cristianismo trinitariano como a religião oficial do seu império
é, portanto, surpreendente, e sugere que a preocupação com a verdade
pesou na balança mais do que a conveniência política”(páginas 39,40).
É interessante que na conclusão do tópico “O Papel De Constantino Em
Nicéia” da página 8 da revista, as próprias Testemunhas de Jeová, na ânsia
de propor mais um argumento, o de que o concílio de Nicéia não formulou
um credo trinitariano, terminam por admitir que os bispos em Nicéia
defenderam a Divindade idêntica de Jesus com o Pai, veja: “Nenhum dos
bispos em Nicéia promoveu uma Trindade, porém. Eles decidiram apenas
a natureza de Jesus, mas não o papel do espírito santo”(Grifos nossos).
Assim , elas mesmas destroem a tentativa de provar que o credo era de
Constantino e admitem que o concílio realmente confirmou que Jesus era
Deus da mesma natureza do Pai.
Se analisarmos bem poderemos perceber porque ficou para os imperadores
a incumbência de convocarem os concílios de Nicéia e Constantinopla.
Naquela período a Igreja não possuía líder terreno, uma pessoa que
centralizasse para si a direção geral das congregações cristãs ( O que prova
que a chamada sucessão papal da Religião Católica não é verdadeira).
Quando surgiu a controvérsia ariana negando a plena Divindade de Cristo,
pondo em risco a unidade da Igreja e a fé apostólica, tanto os bispos como
o imperador Constantino se viram obrigados a resolver a questão, sendo
que para ele a unidade da Igreja era importante porque em certo sentido
era também a unidade do seu próprio império. E assim fo1Convocado o
concílio e por isso também se deduz que a decisão do concílio refletia o
pensamento ou confissão de fé mais destacada, histórica e abrangente, que
era a de Jesus ser igual a Deus.
Quando o arianismo começou a ganhar adeptos entre os pagãos, já que eles
estavam se professando cristãos, por uma óbvia questão de conveniência
(afinal, o imperador tinha abraçado o cristianismo), o número de arianos
acabou por ser maior que o de cristãos realmente convertidos. Por isso o
imperador posteriormente, como já vimos, aderiu a posição ariana.
Com a subida de Teodósio ao trono, houve o concílio de Constantinopla, e
o porquê do trinitarismo ser proclamado como a posição oficial do império
constitui-se, para mim, uma prova da intervenção divina, pois nada
justificaria essa decisão.

O Espírito Santo E O Credo


O argumento de não haver um comentário mais detalhado sobre o Espírito
Santo no credo de Nicéia (exatamente porque a questão girava em torno da
pessoa de Cristo) não nega a Trindade, por isso Ele é citado, como se fosse
uma necessidade das três pessoas estarem juntas. Vejamos, pois, o credo
de Nicéia:
“Cremos em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis
e invisíveis; e em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo
Pai, Unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não feito, de uma só
substância com o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão
no céu e as que estão na terra; o qual, por nós homens e por nossa
salvação, desceu, se encarnou e se fez homem e sofreu e ressuscitou ao
terceiro dia, subiu ao céu, e novamente deve vir para julgar os vivos e os
mortos; e no Espírito Santo. E a quantos dizem: ‘Ele era feito do não
existente, bem como a quantos alegam ser o Filho de Deus de ‘outra
substância’, ou ‘feito’, ou ‘mutável’, ou ‘alterável’, a todos estes a Igreja
Universal e Apostólica anatematiza (amaldiçoa).”
Existe um versículo bíblico que estabelece claramente a Trindade é I Jo
5:7: “E três são os que testificam no céu, o Pai, a palavra e o Espírito, e
esses três são um”, o problema com este versículo é que ele não aparece no
manuscritos gregos do Novo Testamento mais aceitos (Se bem que são
pouquíssimos os manuscritos antigos que possuem a primeira epístola de
João ou precisamente o seu capítulo 5, o que impossibilita uma crítica
textual perfeita do versículo). Mas o grande valor de I Jo 5:7 é que se
encontra numa obra latina (as Testemunhas de Jeová insistem em dizer
que a Trindade é fruto do pensamento grego) de uma data anterior ao
concílio de Constantinopla (381), e sem dúvida deve ter sido usado para
defender na ocasião a doutrina. Assim, a Trindade já era aceita em breves
credos antes do concílio que formulou a doutrina da Trindade com mais
precisão.

A Igreja Verdadeira E Os Concílios Eclesiásticos


É importante nessa altura procurarmos diferenciar os concílios de Nicéia e
de Constantinopla dos demais concílios que houve realizados pela Religião
Católica.
A Nova Enciclopédia Barsa, volume 4, página 331, explica as origens dos
concílios: “Protótipo de todos eles é a reunião dos apóstolos com os
presbíteros, realizada em Jerusalém nos primórdios da igreja, no ano 49 da
era cristã (At 15)”.
O objetivo dos concílios, assim como foi o de Jerusalém, era deliberar e
decidir acerca de questões que interessavam à doutrina ou à vida da Igreja.
Dos 21 concílios registrados pela Religião Católica apenas os dois
primeiros são reconhecidos pelos protestantes (o de Nicéia e o de
Constantinopla), exatamente porque refletiam a pura doutrina da Igreja
primitiva. Por outro lado, a Religião Católica não reconhece os três
concílios (ou sínodos) posteriores a esses dois (o de 382 liderado por
Jerônimo e os de 383 e 397 liderados por Agostinho), onde foi estabelecido
o cânon da Bíblia Sagrada. Após o século IV os concílios deixaram de
possuir um caráter bíblico e apostólico, se tornando mais em instrumentos
de fermentação do paganismo dentro da Igreja-estatal, senão vejamos:
No concílio de Éfeso (em 431), foram condenadas as opiniões de Nestório,
bispo de Constantinopla, que refletindo as idéias apostólicas, negava a
Maria, mãe de Jesus, a denominação de “Mãe de Deus” atribuindo-lhe
apenas o título de “Mãe de Cristo”. No entanto, pelos reflexos dos tempos
apostólicos, a questão era mais vinculada a Cristo do que a Maria, o título
“Mãe de Deus” conferido a ela, foi mais porque Jesus era Deus, Maria não
foi posta como medianeira e intercessora.
O concílio de Calcedônia (em 451), confirmou do dogma de que na Pessoa
de Cristo havia duas naturezas, a humana e a divina. Mas esse ensino
verdadeiro já havia sido aceito pela Igreja, como menciona o historiador
Justo L. Gonzalez, no volume três da sua obra “Uma História Ilustrada do
Cristianismo”, página 93: “O cronista Epifânio nos conta de um sínodo
reunido em 374, no qual foi adotado um credo muito semelhante ao de
Nicéia, porém que dizia o seguinte, com referência à encarnação: ‘Foi feito
homem, ou seja, homem perfeito, com alma, corpo e intelecto, e com tudo
que faz parte de um ser humano”. OBS. Curiosamente este dogma
confirmava o pensamento de Nestório, pois se Cristo tinha duas naturezas,
era perfeitamente aceitável e certo que Maria foi sua mãe apenas no lado
humano. Isto prova que os concílios estavam sem a direção do Espírito
Santo.
O concílio seguinte, o terceiro de Constantinopla (em 680-681), apenas
desenvolveu as idéias do de Calcedônia, afirmando que Cristo tinha tanto a
vontade humana como a divina.
O segundo concílio de Nicéia (em 787, 462 anos depois do primeiro), foi
decretado o culto das imagens, consumando o casamento da Religião
Católica com o paganismo.
No segundo concílio de Latrão (em 1139) se estabeleceu a proibição do
casamento para o clero (bispos, sacerdotes e diáconos).
No quarto concílio de Latrão (em 1215), o papa Inocêncio III, determinou
que todo cristão, chegado ao uso da razão, seria abrigado à confissão
auricular e condenou os cristãos Albigenses.
O primeiro concílio de Lyon (em 1245) foi mais uma questão política que
religiosa, quando foi deposto o imperador romano-germânico Frederico II.
Já em 1414, no concílio de Constância, fo1Condenado à fogueira John Hus,
o grande precursor da reforma protestante.
Após eclodir a reforma protestante, o concílio de Trento (em 1545-1563),
estabeleceu a chamada contra-reforma emitindo uma série de decretos
disciplinares.
O primeiro concílio Vaticano (em 1869- 1870) proclamou a infalibilidade
papal.
E, finalmente, no segundo concílio Vaticano (em 1962-1965), a Religião
Católica procurou se renovar e atualizar, desta vez abertamente buscando o
ecumenismo. Deste surgiu a Renovação Carismática.
Referente ao primeiro concílio, de Nicéia, reconhecido por nós
protestantes, a Nova Enciclopédia Barsa, volume 4, página 332, observa:
“O primeiro concílio oficialmente considerado ecumênico fo1Convocado, a
pedido dos bispos do Oriente, por Constantino, em Nicéia, cidade da
Bitínia...”. Assim, fica confirmado que Constantino não foi o idealizador do
concílio, mas os bispos do Oriente, onde a heresia ariana tentava negar a
plena Divindade de Cristo.

A Trindade E O Cânon Das Sagradas Escrituras


Outro fato de grande relevância para descartar totalmente a idéia da
doutrina da Trindade não ser cristã, foi a data da canonicidade dos livros
da Bíblia, ocorrida bem depois da formulação do credo trinitariano.
Enquanto os concílios de Nicéia e de Constantinopla se deram
respectivamente nos anos 325 e 381, os dois primeiros concílios
eclesiásticos a classificar os livros canônicos realizaram-se no norte da
África: em Hipona Régia, em 393, e em Cartago, em 397 (Crítica Textual do
Novo Testamento, Wilsom Paroschi, página 79).
É interessante que os dois concílios responsáveis pelo estabelecimento do
cânon sagrado ainda se assemelham aos dois concílios da Trindade, no fato
do último complementar o primeiro.
A maior influência dos concílios africanos que objetivaram a estabelecer o
cânon bíblico foi a figura de Agostinho, um grande trinitário, autor da obra
mais extensa da antiguidade sobre a Trindade.
Antes destes dois concílios africanos definirem os livros inspirados,
Atanásio (o elaborador do credo da Trindade e o grande combatente do
arianismo), na carta da páscoa de 367, apresentou a primeira lista dos
vinte e sete livros do Novo Testamento como exclusivamente canônicos.
Ele ignorou a oposição a que alguns deles estavam subordinados. Fez clara
distinção entre os livros canônicos e os apócrifos tanto do Antigo como do
Novo Testamento. O cânon de Atanásio era praticamente idêntico ao de
Eusébio (263-340), a única diferença foi o seu acréscimo do livro de
Apocalipse; portanto, foi este grande trinitário o responsável pela
classificação dos livros inspirados.
Se praticamente os mesmos cristãos que consideram apenas os atuais 66
livros da Bíblia inspirados, também aceitavam sem reservas a Trindade,
fica evidente que as duas coisas devem ser recebidas como cristãs, pois
como poderiam os que estabeleceram os livros de inspiração divina, que
são o fundamento de todos os ensinos cristãos, não estarem certos sobre a
natureza de Deus? Aceitar que eles estavam certos sobre os livros de Deus
e errados sobre o próprio Deus é totalmente incoerente.
É preciso dizer que os bons olhos dos imperadores para o cristianismo, não
foi o erro que provocou a entrada posterior de influências idólatras na
Igreja, que veio a se transformar na Religião Católica. Na verdade, além da
Bíblia não ser contra isso (1Tm 2:1,2), foi muito valioso que tivesse
acontecido essa simpatia dos reis ao cristianismo, graças a ela foi que a
Bíblia nos foi preservada, pois havia muito empenho dos inimigos do
cristianismo em destruir as Escrituras; com o apoio dos governantes, a
reprodução e o cuidado em salvaguardar os manuscritos bíblicos foi muito
mais intensificada, o que proporcionou a chance de termos hoje os mais
antigos e respeitados manuscritos como testemunho da validade da Bíblia
Sagrada. Foi de Constantino o mérito de encarregar, em 331, o bispo
Eusébio de Cesaréia de providenciar 50 cópias das Escrituras para sua
recém-inaugurada capital – Constantinopla, estas cópias eram de
pergaminho, um material muito mais duradouro que o papiro,
possibilitando assim tanto um uso mais prolongado da palavra de Deus
como a sua perpetuação; é provável que os códices Sinaítico e Vaticano, os
principais manuscritos do Novo Testamento, tenha sido uma dessas
valiosas cópias.
E vale observar: Deus já havia feito algo parecido anos antes da vinda de
Cristo a terra, quando o rei do Egito providenciou que fosse feita uma
rigorosa tradução das Escrituras hebraicas para o grego (a Septuaginta); se
não fosse essa tradução, dificilmente o cristianismo teria se mantido de pé,
pois como atesta Justino, mártir, os judeus procuraram mudar as partes do
texto hebraico que apontavam e favoreciam a Cristo, mas esse intento não
foi avante porque a tradução grega servia de contraproposta.
Assim, vemos mais uma vez a Trindade encontrando seu apoio na Bíblia,
pois se por um lado, os imperadores ajudaram na confirmação do credo
trinitariano, por outro, foram os instrumentos para a conservação das
Sagradas Escrituras. Disto concluímos que a Bíblia e a Trindade estão mais
unidas do que pensam as Testemunhas de Jeová.

O Credo Atanasiano
O comentário da página 9 em que os autores da “Deve-se Crer...” tratam do
credo Atanasiano, em si mesmo, possui muita pouca consistência. No
início eles afirmam “Atánasio foi um clérigo que apoiou Constantino em
Nicéia”, um pouco mais adiante vemos eles numa luta, usando os peritos
para provar que Atanásio não foi o elaborador do credo mais bem definido
da Trindade. Vemos assim que por um lado as Testemunhas de Jeová
consideram Atanásio um homem de Deus, mas por outro, um covarde e
cúmplice de uma heresia, deixando claro uma confusão e uma indefinição
por suas manobras de conveniências. Deviam primeiro dizer o que
realmente acham de Atanásio, mas sabem por que não dizem? Porque a
argumentação ficaria fraca e abriria porta para facilitar a contestação, pois
Atanásio foi um grande homem de Deus e um defensor da doutrina Bíblica
da Trindade, assim como todos os grandes homens de Deus que a história
conseguiu registrar.
É assombroso de ridículo a maneira cheia de ênfase que os autores da
“Deve-se Crer...” concluem o tópico, dizendo: “Portanto, LEVOU SÉCULOS
desde o tempo de Cristo para que a Trindade viesse a ser plenamente
aceita pela cristandade”. Ora, eles no parágrafo anterior estabelecem a data
do quarto século (300-400) como a mais provável da elaboração do credo,
e agora já buscam estender essa data pelo aspecto da sua aceitabilidade
pela cristandade por pura especulação. Mas o cômico disso é quando
contrastamos essas datas da formulação do credo e da sua aceitabilidade
com o período do surgimento das Testemunhas de Jeová (1890-1914), já
agora em pleno século vinte. Meditemos bem, são 20 vezes 100 anos
depois de Cristo!! Esse “LEVOU SÉCULOS” é ridículo quando fazemos a
comparação.
A declaração que o credo da Trindade era desconhecido da Igreja Oriental
até o século 12 (página 9) é completamente falsa e sem a menor condição
de ser sustentada. Primeiro, porque foram exatamente os bispos do
Oriente que solicitaram a Constantino a convocação para o concílio
Constantinopla que formulou este credo.
Segundo, porque a maior parte dos bispos do concílio proviam da Igreja do
Oriente.
E terceiro, porque não teria sentido ter havido no século V dois concílios
que tratavam de assuntos intimamente relacionado com a Divindade de
Cristo se o credo não fosse amplamente conhecido, sendo que um deles, o
de Calcedônia (em 451), que decidiu as duas naturezas de Cristo (Divina e
humana), compareceram 520 bispos, número maior que de qualquer
concílio anterior.
Quando a Nova Enciclopédia Britânica diz que o credo não era conhecido
da Igreja Oriental está se referindo a controvérsia chamada “Filioque”.
Sobre isto o historiador Justo L. González em “Uma História Ilustrada do
Cristianismo”, volume 3, páginas 157 e 158, explica-nos: “Esta palavra
significa ‘e do Filho’, que algumas igrejas ocidentais tinham interpolado no
credo Niceno, de modo que onde a igreja Oriental dizia ‘e no Espírito Santo
que procede do Pai’, algumas igrejas Ocidentais começaram a dizer ‘no
Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho’. Ao que parece a palavra
‘Filioque’ foi acrescentada pela primeira vez na Espanha, e dali passou para
o reino dos francos. Em todo caso, na capela real de Aix-le-chapel, a capital
de Carlos Magno, costumava-se incluir esta palavra no credo. Quando
alguns monges procedentes do reino franco se apresentaram em Jerusalém
e repetiram o credo com a estranha interpolação, causaram um escândalo
na Igreja Oriental, que perguntaram quem tinha dado autoridade aos
francos para mudar o antigo credo, aceito pelos concílios e por todos os
cristãos ortodoxos”
Portanto, a Igreja Oriental não conhecia era ESSE credo (com esta
interpolação feita provavelmente na Espanha e divulgada pelos francos –
franceses) e não o credo original, que de tão bem conhecido, os fez rejeitar
àquele, diferente em apenas uma palavra.
O que notamos nessas considerações das Testemunhas de Jeová sobre a
formulação do credo da Trindade por Atanásio, é um desespero tremendo
em tentar dar uma data menos antiga a esse credo. Elas sabem que quanto
mais distante for uma crença dos primeiros séculos da Igreja cristã mais
sem prestígio ela se torna. O que não passa pela cabeça das Testemunhas
de Jeová é que elas mesmas não possuem mais de cem anos de existência.
As idéias de que somente 144 mil irão ao céu, da inexistência do castigo
eterno, da mortalidade da alma e quase todas as suas doutrinas são
totalmente ignoradas em toda a história da Igreja. É, portanto, muita falta
de consciência e sensibilidade! Se as Testemunhas de Jeová são a
verdadeira Igreja de Jesus, devemos concluir que ela não foi fundada no
primeiro século ou que Jesus mentiu quando disse que as portas do inferno
não prevaleceriam sobre ela (Mt 16:18) e que Paulo se equivocou quando
disse que a Igreja de Cristo existiria em TODAS AS GERAÇÕES (Ef 3:21).
Mas voltando a Atanásio, tudo leva a crer que ele foi o elaborador do credo,
se não foi ele, as opções seriam ou Basílio de Cesaréia, ou Gregório de
Nissa ou Gregório de Nazianzo, outros grandes homens de Deus do século
quatro, o certo é que todos eles defenderam a doutrina da Trindade e que
tiveram uma importância fundamental para que ela fosse reconhecida no
concílio de Contantinopla.
A verdade é que a Enciclopédia Britânica está afirmando era que o credo
com a interpolação “Filioque” não era de Atanásio, mas de origem
Espanhola ou Francesa.
Para finalizar citamos algumas partes do credo:
“Adoramos um Deus em Trindade, e a Trindade em unidade; não
confundindo as pessoas, nem dividindo sua substância. Pois existe uma
pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo. Mas a Deidade do
Pai, do Filho e do Espírito Santo é toda uma só; a glória é igual e a
majestade é coeterna. Tal como o Pai, tal é o Filho e tal é o Espírito Santo,
o Pai é incriado, o Filho é incriado, e o Espírito Santo é incriado. O Pai é
imensurável, o Filho é imensurável, o Espírito Santo é imensurável. O Pai é
eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno. E, no entanto, não são
três eterno, mas apenas um eterno. Da mesma forma, não há três
incriados, nem três imensuráveis, mas um só incriado e um imensurável.
Assim também o Pai é onipotente, o Filho onipotente e o Espírito Santo é
onipotente. No entanto, não há três onipotentes, mas sim, um onipotente.
Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, e o Espírito Santo é Deus. No entanto,
não há três deuses, mas um Deus. Assim o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e
o Espírito Santo é Senhor. Todavia não há três senhores, mas um Senhor.
Assim como a veracidade cristã nos obriga a confessar cada pessoa
individualmente como Deus e Senhor. Assim também ficamos privados de
dizer que haja três deuses ou senhores... Mas as três pessoas são coeternas,
são iguais entre si mesmas; de sorte que por meio de todas, como acima foi
dito, tanto a unidade na Trindade como a Trindade na unidade devem ser
adoradas”
Como se vê o credo é claro e minucioso, tudo para não deixar alguma
dúvida. Cada pessoa da Trindade é Deus e no entanto não são três deuses,
mas um só. Portanto este é o credo e esta é nossa conclusão: O Deus dos
cristãos é três vezes em unidade mais poderoso que o deus das
Testemunhas de Jeová, sendo realmente Todo-poderoso.

Quem São Os Apóstatas?


A interpretação que a apostasia duraria até a volta de Cristo é
completamente o contrário do que diz a carta de II Tessalonicenses, nela
Paulo ensina que o período denominado de “Dia do Senhor” só aconteceria
quando viesse o homem do pecado, que se opõem, e se levanta contra tudo
que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no
templo de Deus, querendo parecer Deus. Esse é denominado pela
interpretação histórica da Igreja como Anticristo, chamado de a Besta em
Apocalipse 13.
O período do Anticristo é um tempo de flagelos e pragas divinas, onde
Deus tomará vingança contra os erros e idolatrias da humanidade.
O que acontecia com os cristãos de Tessalônica é que eles estavam
acreditando por causa de falsas epístolas apostólicas que esses tempos
tenebrosos já estavam se iniciando (v.2), Paulo então esclarece que eles
não deveriam ficar perturbados pois esse período só viria com a chegada
do homem do pecado, e que este só poderia se manifestar quando Aquele
que o detém fosse tirado (vs 6 e 7), O qual não é outro, senão o Espírito
Santo que habita na Igreja.
Ora, a saída do Espírito Santo que opera contra a pecaminosidade da
humanidade através da Igreja (Jo 16:8), é o que mantém esta terra salgada
(Mt 5:13), por isso que o homem do pecado não pode se manifestar ainda
com a Sua operação aqui.
O momento da saída do Espírito Santo da terra é exatamente na vinda de
Cristo (Parousia), quando se dará o arrebatamento da Igreja (1Ts 4:13-18;
1Co 15:51,52; Mt 24:37-44). A Parousia é a primeira fase da vinda de Cristo
e será invisível para o mundo, onde os cristãos se encontrarão com Jesus
nos ares (1Ts 4:17).
Portanto o período do Dia do Senhor depende da manifestação do homem
do pecado e esta por sua vez depende da volta (Parousia) de Cristo. Por
isso Paulo dizer no verso 1 que a questão envolvia diretamente a Parousia
de Cristo, onde seríamos reunidos a Ele (1Ts 4:17; I1Ts 2:1)
Referente ao final do Dia do Senhor (ou Dia da ira de Deus e do Cordeiro,
ou Grande Tribulação: Mt 24:29; At 2:19, 20 e Ap 6:12-17; Ml 4:5; 1Ts 5:2;
2Pe 3:10; Ap 6:12-17), ele ocorrerá com na segunda fase da volta de Cristo
(Epifanéia), caracterizada pela manifestação de Jesus (Mt 24:30; I1Ts 1:7-
9; Ap 1:9), por isso I1Ts 2:8 dizer: “Então (depois da saída dAquele que o
detém) será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo sopro de sua
boca, e aniquilará com a MANIFESTAÇÃO da sua vinda”.
Depois então de esclarecer que a Igreja não passaria por esse período
chamado Dia do Senhor, Paulo exorta para que os irmãos dêem sempre
graças a Deus por Ele os ter escolhido desde o princípio para a salvação, e
que deveriam estar firmes retendo as tradições que ensinavam a Parousia
de Cristo, a qual livraria sua Igreja do período da ira de Deus (1Ts 1:10;
5:9). Assim o final é de consolo e conforto (I1Ts 2:15-17).
Dizer, portanto, que o período da apostasia, o abandono de todo tipo de
adoração(vs 3,4), terminaria na Parousia de Cristo é entender exatamente
ao contrário do que diz o ensino de II Tessalonicenses. Na verdade ele só
ocorrerá depois da Parousia.
É importante ser dito que as próprias Testemunhas de Jeová concordam
na revista “Deve-se Crer...”, página 9, que esse “Dia de Senhor” se trata de
um período de juízo e destruição, observe:
“Eles disseram que viria uma apostasia, um desvio, um abandono da
adoração verdadeira até a volta de Cristo, quando então a adoração
verdadeira seria, restaurada, antes do DIA em que Deus destruiria este
sistema de coisas.
Sobre o tal ‘dia’, o apóstolo Paulo disse: ‘não virá a menos que venha
primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado que é contra a lei’
(I1Ts 2:3,7)”.
No que se refere a idéia de um desvio maciço e generalizado da fé, cito
outro comentário de Robert Bowman:
“Se a predição de uma apostasia refere-se a um desvio maciço da verdade
por uma grande porção da Igreja cristã professa, o chamado Iluminismo
destaca-se como o melhor candidato até agora na história registrada. Nos
séculos XVI e XVII quase a totalidade da cultura cristã professa estava
experimentando uma fé renovada em Cristo e na Bíblia como palavra de
Deus. Nos séculos XVIII e XIX, porém, essa mesma cultura abandonou,
em grande medida, até mesmo uma profissão daquela fé, a medida que as
teorias críticas a respeito da origem Bíblia, negações cépticas dos milagres,
e a teoria da evolução naturalista mudou a cosmo-visão dominante do
Ocidente, que passou de cristão para secular.
Durante esse período também, e continuado até dentro do século XX, um
grande número de versões alternativas da religião veio a existir. A maioria
dessas religiões teve sua origem no nordeste dos Estados Unidos, e foram
fundadas por pessoas QUE TINHAM SIDO PROTESTANTES. Essas
religiões incluíam o Unitarismo, o Mormonismo, o Novo Pensamento, a
Ciência Cristã, a Escola União do Cristianismo, a Teosofia e o espiritismo
moderno (que são as origens principais do movimento contemporâneo da
Nova Era), e as Testemunhas de Jeová”.
Vale ainda dizer que o texto da apostasia (1Tm 4:1-5) contêm no quê
consistiria essa apostasia, seria: a proibição do casamento (doutrina que
existe no catolicismo romano) e a ordenança de abstinência dos manjares
que Deus criou para os fiéis, a fim de usarem deles em ação de graças (ora,
das proibições de abstinência de alimentos, as Testemunhas de Jeová estão
incluídas, elas proíbem até as últimas consequências seus adeptos de
comer sangue).
Os textos de 2Pe 2:2 e Jd 4 também são citados como referências da
apostasia na revista “Deve-se Crer...” e menciona que os apóstatas
negariam “ao único Soberano e Senhor, Jesus Cristo, que os resgatou”.
Ora, não são as Testemunhas de Jeová que negam a Divindade de Jesus?
Ao dizerem isto estão abertamente declarando que Deus pessoalmente não
resgatou realmente a humanidade da condenação. No caso dos trinitaristas
é impossível que estes versículos sejam aplicados à eles, pois se fizeram
alguma coisa referente a Jesus, foi o exaltarem a uma Suprema igualdade
com Deus, e se por acaso isso fosse errado, não estariam negando a Jesus,
mas o confirmando muito além de sua suposta posição.
O período da apostasia é datado pelo Espírito Santo para os ÚLTIMOS
DIAS e não para os primórdios do cristianismo. Com isso, mais uma vez, o
que se vê é uma referência as Testemunhas de Jeová, que parecem, estão
com as consciências cauterizadas de tanto torcerem a Bíblia Sagrada,
deixando de conservar o modelo das sãs palavras apostólicas (2Tm 1:13)
por meio de uma tradução da Bíblia fraudulenta e mentirosa, da qual nem
sabemos quem são os tradutores, omitidos por uma falsa modéstia.

O Paganismo Influenciou A Trindade?


Para responder a essa pergunta cito mais uma vez Bowman: “Os
antitrinitarianos, durante esses últimos três séculos, tem sustentado em
comum que a Trindade é uma doutrina adotada por empréstimos das
crenças pagãs. É possível citar muitas obras eruditas, e menos eruditas,
neste sentido. A brochura das Testemunhas de Jeová (Deve-se Crer na
Trindade...) cita várias obras que argumentam, ou que nalguns casos
parece subentender, que a Trindade era uma noção pagã que corrompeu a
fé cristã (páginas 9,11-12). Reproduz, ainda, ilustrações de várias tríadas
(ou grupo de três) pagãs, e a coloca lado a lado com quadros de arte cristã,
que retratam ou simbolizam a Trindade (páginas 2,10).
Esse argumento envolve vários problemas. Primeiro: pelo menos algumas
das referências citadas na brochura foram deturpadas. Por exemplo, a
‘Encyclopedia of Religion and Ethics’ é citada nas suas descrições de alguns
paralelos “trinitários” na religião do Egito e na filosofia neoplatônica. No
contexto, porém, a enciclopédia está considerando noções semelhantes,
sem identificar as origens ou influências da Trindade cristã (página 458).
Segundo: A brochura não indica uma ou duas origens da doutrina da
Trindade, explicando como influenciaram o seu desenvolvimento. Pelo
contrário, cita uma variedade de obras, alegando que várias noções pagãs
totalmente diferentes formaram um paralelo da Trindade ou que podem
ter sido origens dessa doutrina. Tríades egípcias, babilônicas, assírias,
hindus e budistas, bem como o platonismo, são alegadas como influências
sobre o desenvolvimento da Trindade. Mas é absurdo alegar que todas
essas tenham influenciado os trinitários de modo significante.
Terceiro: A maioria dessas alegadas ‘influências’ era ou muito antigo
demais, ou muito recentes demais, ou geograficamente demasiadamente
distantes, para exercer alguma influência relevante. São reproduzidas
obras de arte que retratam tríadas egípcias ou babilônicas, a despeito do
fato que essas obras datavam cerca de dois mil anos antes da data em que
as Testemunhas de Jeová alegam que a Trindade teve sua origem! Outras
obras de arte que retratam tríadas hindus e budistas dos séculos VII e XII
também são reproduzidas a despeito do fato de terem sido executadas
séculos depois de a Trindade ter se tornado a religião oficial do Império
Romano!
“Quarto: A brochura das Testemunhas de Jeová indica que Atanásio era
bispo na Alexandria, no Egito, e argumenta na base desse fato que seu
trinitarismo refletia a influência das tríadas egípcias (página 11). Mas essa
coincidência geográfica não é mais significante de que o fato que o rival
principal de Atanásio, Ário, também era de Alexandria!
Quinto: Embora seja verdade que os povos pagãos do mundo antigo
adorassem tríadas de deuses, essas tríadas eram sempre três deuses
separados, e não um só Deus. Além disso, sempre era (ou quase sempre)
meramente os três deuses no ponto mais alto da hierarquia de muitos
outros deuses adorados nas religiões politeístas.
“Sexto: Uma comparação entre o trinitarismo e as principais heresias não
trinitárias dos primeiros séculos revela que elas, e não a Trindade, eram
corrupções devidas a influência do paganismo, e especialmente do
neoplatonismo. Por exemplo: os gnósticos “cristãos” sustentavam a idéia
neoplatônica de que o espiritual era bom e o material era mal.
Consequentemente, o Deus supremo e perfeitamente espiritual não pode
ter pessoalmente criado o mundo, e portanto, este deve ter sido criado por
alguma deidade inferior. O arianismo revela um modo semelhante de
pensar ao ensinar que Deus não criou o mundo material, mas sim, deixou
que o Verbo, uma deidade inferior, criasse o mundo. Os trinitários,
opondo-se a essas teorias, sustentavam o ensino bíblico que somente Deus
é o criador, que fez todas as coisas (Gn 1:1; Is 44:23). O gnosticismo, o
monarquianismo e o arianismo também concordavam entre si que o Ser
supremo deve ser um Ser indiferenciado. Isto é – em harmonia com a idéia
neoplatônica de que o único está completamente separado dos muitos,
livre de toda a pluralidade – acharam inconcebível que Deus fosse três, em
qualquer sentido que fosse. Sendo assim, os gnósticos e os arianos
sustentavam que Jesus era uma deidade separada do Deus supremo, e os
monarquianos sustentavam que Jesus era uma manifestação do Pai, a
única pessoa divina. A despeito das suas diferenças, portanto, todas essas
heresias tomavam por certo que Deus não podia ser um, em certo sentido,
e três, noutro sentido. Essa pressuposição foi herdada da filosofia pagã, e
não da Bíblia, que simplesmente declara que Deus é um, sem nunca negar
que, noutro sentido, Deus também é três. Por outro lado, os trinitarianos
insistem que a questão da unicidade e trindade de Deus tinha que ser
decidida exclusivamente na base da Bíblia, sem auferir pressuposições
estranhas, provenientes da filosofia grega.
Sendo assim, os fatos históricos demostram que o trinitarismo desenvolveu
suas fórmulas e credos teológicos exatos, não para batizar o paganismo
como parte do cristianismo, mas para salvaguardar as verdades bíblicas da
corrupção pelo paganismo.”
O historiador Eusébio de Cesaréia, diz em sua História Eclesiástica, livro
VI, capítulo XIII, que as principais heresias daquela época se baseavam nas
idéias de gnóstico Marcião, que afirmava que a Deidade possuía mais de
um princípio.
Deve-se ainda acrescentar que não devemos achar estranho o fato dos
pagãos haverem tido alguma idéia sobre a Trindade. A própria Bíblia diz
que os pagãos tinham uma certa noção da Divindade de Deus pelas coisas
criadas (Rm 1:18-23). O apóstolo Paulo em At 17:28, numa pregação à
filósofos, afirmou que certos poetas pagãos tinham escrito coisas
verdadeiras acerca de Deus. Portanto o que os pagãos entendiam e criam
podia perfeitamente ser bíblico e verdadeiro, e poderíamos até dizer, à luz
de Rm 1:18-23, que a crença dos gentios numa trindade é mais uma prova
que a Trindade é verdadeira. No entanto, nada no paganismo ou em
qualquer outra religião existente se assemelha ao monoteísmo trinitário.
Por outro lado, as considerações das Testemunhas de Jeová sobre Deus são
iguais as dos judeus e muçulmanos, os quais não aceitam a Jesus.

A Verdadeira Igreja E O Paganismo


A verdade é que o paganismo teve sua influência sobre a Religião Católica e
não sobre a Igreja verdadeira. A origem secundária da Religião Católica
aconteceu mais por uma mudança na maneira de como se era considerado
cristão, bastava alguém ser súdito do império para a Igreja unida ao Estado
tê-lo como servo de Cristo. Com esse modo de pensar é que aos poucos as
idéias pagãs e outras inovações começaram a adentrar nessa Igreja-estatal,
mais isto só depois da morte dos pais apostólicos, tendo em Agostinho
(séc. V) a fronteira entre a Igreja primitiva e a Religião Católica, de fato,
quando analisamos a história notamos que as grandes corrupções só
ocorreram em datas bem posteriores, se não vejamos alguns exemplos:
O uso do termo “papa” como o representante de Cristo na terra só veio a
existir no final século V com o papa Leão I.
O ofício da Missa foi instituída pelo papa Gregório I no ano 600 depois de
Cristo, dela se originou a idéia da salvação pelas obras. Foi este papa o que
transformou as meditações e suposições de Agostinho em dogmas, como
diz o historiador Justo González “O que para Agostinho não passava de
suposição para Gregório passa a ser certeza. Assim, por exemplo,
Agostinho se aventurava a dizer que talvez haja um lugar onde os que
morrem em pecado tenham de passar por um processo de purificação,
antes de entrar na glória. Baseando-se nesta conjectura de seu mestre,
Gregório declara que indubitavelmente existe esse lugar, e começa a
desenvolver as bases da doutrina do purgatório”(Uma História Ilustrada
Do Cristianismo, página 75,76). Este papa, pois, foi o grande destruidor do
ensino apostólico da salvação pela fé. Enquanto seu mestre Agostinho
ensinava em seus escritos uma salvação pela fé super enfática, pois cria na
doutrina da graça irresistível e da predestinação, ele inverteu
completamente seus ensinos. González conclui sobre Gregório I:
“enquanto os antigos mestres da igreja haviam se esforçado para evitar que
a doutrina cristã fosse contaminada com superstições populares, Gregório
simplesmente aceitou todas as crenças, superstições e lendas da sua época
como se fossem verdade evangélica. Suas obras estão cheias de narrações
de milagres, aparições de defuntos, anjos e demônios, Etc [Compare com
1Tm 4:1]. Quando, com o correr do tempo, a produção literária de Gregório
passou a ter a mesma autoridade infalível que tinha tido a de Santo
Agostinho, boa parte das crenças populares do sexto século foi realmente
incorporada à doutrina cristã”(Ibid., página 76,77), o grifo e a referência
bíblica são nossos. É em Gregório I, portanto, que a Religião Católica teve
sua origem principal.
O ensino de render culto aos santos só veio a acontecer no 2Concílio de
Nicéia, 787 anos depois de Cristo e 462 anos depois do primeiro concílio.
Aqui cabe uma observação útil para vermos que os imperadores não foram
realmente a causa da entrada do paganismo na Igreja, este concílio foi
provocado por eles, que sendo influentes na Igreja do Oriente recusavam
radicalmente uso de imagens nos cultos cristãos (Uma História Ilustrada
do Cristianismo, volume 3, páginas 111 e 112).
A água benta só foi usada 1000 anos depois de Cristo.
A prática de rezar o rosário só veio a ser praticada 1090 anos depois de
Cristo.
A proibição do casamento só ocorreu em 1074 depois de Cristo, decretado
pelo papa Gregório VII.
A heresia do purgatório só fo1Confirmada no concílio de Trento em 1563.
A confissão auricular e a transubstanciação só foram adotadas pela
Religião Católica no IV concílio de Latrão em 1215.
Toda uma adoção ao paganismo veio a invadir essa Religião com o advento
do movimento renascentista (o renascimento do cultura pagã da Roma e
da Grécia antiga) do século XV. Não é à toa que a Reforma Protestante se
deu exatamente no século XVI.
Dizer, portanto, que a influência pagã ocorreu plenamente no quarto
século é ignorar os fatos da história. A verdade é que nesse período a Igreja
veio a atingir sua maturidade e seu alicerce histórico-doutrinário
definitivo.
Por outro lado, ainda no quarto século, outros grupos cristãos mantiveram
as mesmas exigências bíblicas para considerar alguém cristão, por isso se
apartaram da Igreja oficial do Estado que cada vez mais se corrompia; esse
grupos, chamados de hereges pela Igreja-estatal (agora englobando todos
os cidadãos), mantiveram acesa a chama do cristianismo original até os
nossos dias.
Fica esclarecido então que as declarações como: “O cristianismo não
destruiu o paganismo; ele o adotou” e “Se o paganismo fo1Conquistado
pelo cristianismo, é igualmente verdade que o cristianismo fo1Corrompido
pelo paganismo” devem ser vistas como as considerações dos historiadores
tendo como pressuposto que a Religião Católica era cristã, sob esta ótica
elas estão certas. Sob o ponto e vista da conservação da pureza do
cristianismo primitivo porém, a verdade é que foram os grupos cristãos
apartados da Igreja-estatal que mantiveram o povo de Deus tirado para
fora do mundo (A tradução da palavra “igreja”). Já na época de Agostinho
encontramos os Donatistas, que por recusarem a aceitar a admissão de um
bispo, que na época da perseguição havia entregue os manuscritos das
Escrituras para serem destruídos, decidiram se apartar da Igreja oficial. Já
em 1215, no quarto concílio de Latrão, a Igreja Católica condenou os
Albigenses, considerados por muitos historiadores como os descendentes
dos Donatistas e os precursores dos Anabatistas do século XVI. Assim, na
verdade existia duas igrejas, uma maior que englobava todos os cidadãos
(por isso chamada Católica – universal) e outra menor, constituída de
cristãos piedosos radicalmente contra a qualquer união que sacrificasse a
verdade doutrinária do cristianismo.
Esses esclarecimentos são importantes porque confirmam que as palavras
de Jesus em Mt 16:18 são verdadeiras e que é um engano se entender que o
protestantismo trinitário só existiu no século XVI.

O Platonismo Da Trindade
Com respeito a influência platônica sobre a doutrina da Trindade,
podemos afirmar tranquilamente que a platonismo apenas foi usado para
esclarecer a doutrina, mas não por pessoas fora da Igreja. Em Jo 1:1 o
apóstolo João se vale da filosofia platônica para designar o Senhor Jesus
Cristo. Ele o chama de “LOGOS” vocábulo filosófico do primeiro século que
se traduz deficientemente por “VERBO” ou “PALAVRA” em português.
Esse termo tinha uma rica e forte significação no tempo do apóstolo João,
referia-se a “razão do universo”, “aquilo que explica”, o “entendimento
eterno”. João ao escrever que Jesus era no princípio o LOGOS, estava
dizendo que Ele era a mente de Deus. Ora, a nossa mente é, em sentido
mais profundo e essencial, o que somos; assim, Jesus sendo chamado de
“LOGOS” estava sendo reconhecido com a ALMA DE DEUS; desta forma é
incorreta a interpretação das Testemunhas de Jeová que vêem nesse termo
a idéia de que Jesus fosse aquele que transmitia as mensagens de Deus.
Jesus era, portanto, a própria personalidade de Deus, a sua razão, os seus
pensamentos e idéias, sua gnose.
Usando esse vocábulo, que foi utilizado pela primeira vez pelo filósofo
Fílon de Alexandria (contemporâneo de Jesus), que procurou mostrar a
compatibilidade da cultura helênica e a religião hebraica, João asseverou a
igualdade de Jesus com o Pai. Quem lia Jo 1:1 no século primeiro não tinha
dúvida que João dizia que Jesus era o próprio Deus.
Deve ser levado em conta que quando João escreveu seu Evangelho o
gnosticismo era a principal heresia. Para os gnósticos, Jesus era Deus e,
por ser, não poderia ter se misturado com a matéria criada pelo deus
inferior que chamavam “demiurgo”, o deus que, segundo eles, dominou
todo o Antigo Testamento. Para os gnósticos, Jesus era um Deus espiritual
que se opunha ao Deus material, e por isso não poderia ter se unido a
matéria. Quando João chamou Jesus de LOGOS e disse que Ele havia
criado tudo (Jo 1:1,2), imediatamente ele confirmou que Jesus era o Deus
espiritual superior dos gnósticos, os quais lhe davam esse mesmo título.
Mas quando disse no verso 14 que Verbo havia se encarnado, ele deixou
claro que os gnósticos estavam errados. Assim, João tinha dois objetivos
básicos no prólogo do seu Evangelho: Dizer que Jesus era Deus e
confirmar que Ele havia realmente se encarnado.
É com respeito aos gnósticos que João escreveu em 1Jo 4:3: “E todo
espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de
Deus”(ver ainda 2Jo 7). Os gnósticos, portanto, eram um tipo de
Testemunha de Jeová ao contrário. Eles acreditavam que Jesus era Deus,
mas recusavam terminantemente a reconhecer sua real encarnação e
humanidade. No caso das Testemunhas de Jeová, elas negam Sua
Divindade, considerando apenas sua humanidade. Estes são os fatos; esta é
a verdade!
Sobre as idéias do Logos divino, diz Roque Frangiotti, citando eminentes
eruditos em seu livro “História da Teologia – Período Patrístico, páginas
106,107:
“O que mais decisivamente parece ter influenciado a reflexão teológica dos
pais da Igreja foi a teoria do Lógos. Para o filósofo judeu-alexandrino,
Fílon, é o Lógos a regra segundo o qual Deus criou o mundo e a luz que
ilumina o homem. Foi dessa mesma luz que Platão apreendera a verdade.
Fílon, morto em 54 d.C. , exerceu, certamente, enorme influência em
muitos pensadores cristãos da Igreja primitiva. Sua filosofia judaico-
platônica oferece a maioria dos alinhamentos não só à doutrina cristã, mas
também às diversas seitas gnósticas.
A filosofia de Fílon se apresenta como interpretação alegórica da Bíblia, do
Gênesis em particular e como a primeira forma de platonismo muito
diferente da doutrina de Platão. A teologia atinge, em seu sistema, lugar
primordial. Deus, absoluto conhecimento e amor, pode tudo, menos o mal.
Entre o mundo inteligível de seu pensamento e o mundo sensível que ele
criou e o que é o melhor possível, o intermediário supremo é o Lógos, ou
Verbo, ou Razão, Palavra criadora, chamado ‘Filho de Deus’ e Sabedoria,
coeterno com o Pai e intercessor dos homens junto a ele.
Pessoalmente, inclinamo-nos à opinião de que as especulações dos gregos
acerca do Lógos não eram desconhecidas ao evangelista João, posto que o
quarto Evangelho foi redigido em Éfeso, onde, a partir de Heráclito, se
empregou o termo Lógos para designar a inteligência cósmica ou razão do
mundo, princípio fontal do ser e do conhecimento. É provável que
conhecesse também as especulações de Fílon, o filósofo judeu, que via no
Lógos a idéia divina do mundo, e o meio pelo qual Deus opera no
mundo”(grifos nossos).
É muito válido aqui também o que diz José Silveira da Costa (Doutor em
Filosofia na universidade Santo Tomás de Aquino de Roma) sobre a
primeira fase da patrística, observe quem ele cita:
“Essa primeira fase Patrística é representada pelos apologistas, como São
Justino (o mártir), Tertuliano e outros para os quais prevalecia uma
reflexão racional e jurídica visando a defesa cristã caluniada e perseguida
pelos pagãos. Mas, à medida que o cristianismo foi tomando força e
adquirindo prestígio dentro do Império Romano surgiram sistemas
filosóficos-teológicos bem mais elaborados, capazes de confronta-se em pé
de igualdade com os sistemas filosóficos ainda remanescentes do
helenismo (cultura grega). É assim que vamos encontrar na escola cristã de
Alexandria, no Egito, figuras como Clemente de Alexandria (145-215 d.C.)
e Orígenes (185-253 d.C.) cujas doutrinas constituem verdadeiras sínteses
entre o que havia de mais importante na especulação filosóficas da época e
núcleo de toda a dogmática cristã”.(Tomás de Aquino – a razão a serviço
da fé – página 12).
O que vemos, portanto, desta fonte neutra, é que os pais pré-Nicéia foram
bastante influenciado pela filosofia grega. É o que tinha em mente os
autores das diversas obras citadas na página 11 da revista “Deve-se Crer...”.
Nesta altura é cabível um reflexão: A filosofia não é boa e útil? Não foi ela
com seu estudo da lógica que organizou toda a nossa civilização, e que tudo
indica, continuará por toda a nossa existência regendo este nosso mundo?
Sim, ninguém pode negar esses fatos, algumas partes da filosofia são tão
irrefutáveis quanto o cristianismo e sua esperança na fé. Se, pois, os
apóstolos e os pais apostólicos se valeram dos instrumentos da filosofia
para defenderem o credo da Trindade, até certo ponto incompatível com a
razão, é muito surpreendente. E o bom de tudo isto, é que o credo foi
elaborado, como já vimos, em claras definições dos termos, e no entanto é
impossível rejeitá-lo sem que nos tornemos politeístas e contrários ao
cristianismo. O único escape para as Testemunhas de Jeová é se
converterem ao judaísmo.
No entanto, apesar do platonismo ter sido usado pelo apóstolo João e os
pais gregos para explicar a Divindade de Cristo, este uso não foi pleno, foi
moderado pela verdade sagrada, pois no sínodo de 374 e no concílio de
Constantinopla de 381 ficou definido que apesar de Jesus ser realmente
Deus, era também plenamente homem, tendo assim duas naturezas. E isto
não combinava com a filosofia platônica, como se viu na grande
controvérsia do concílio de Calcedônia, onde os novos teólogos
alexandrinos (que interpretavam a fé à luz da filosofia platônica de modo
mais global), entendiam que “o importante era descobrir as verdades
eternas, assim como Platão tinha tentado conhecer o mundo das idéias
imutáveis. O cristianismo era acima de tudo à verdadeira filosofia, superior
ao platonismo, não porque fosse diferente deste, mas porque o superava. A
Bíblia era um conjunto de alegorias em que o leitor instruído poderia
descobrir as verdades eternas”. Deste ponto de vista, ao tratar da Pessoa de
Jesus Cristo, o que importava aos novos teólogos alexandrinos era sua
função como mestre das verdades eternas, como revelação do Pai inefável.
Sua humanidade não passava de instrumento através do qual o Verbo
divino se comunicava com os seres humanos (Justo L. González, Uma
História Ilustrada do Cristianismo, volume 3, página 90). Assim,
claramente se percebe que a filosofia platônica se adaptava mais a
interpretação gnóstica que Jesus não possuía um corpo humano.
Diz também José Silveira da Costa noutra parte que, Justino (o mártir)
antes de ser cristão foi um profundo estudioso da filosofia grega, e muito a
utilizou para defender o cristianismo, que achou ser a verdadeira filosofia,
onde os princípios da lógica e da razão se abraçavam perfeitamente. Assim,
ele se utilizou pela primeira vez da arte da dialética (as técnicas do diálogo)
para defender o cristianismo. Ora, é isso o que as Testemunhas de Jeová
fazem na sua revista, é isso o que estamos fazendo agora. Justino (o
mártir), não tomou emprestado crenças pagãs como querem crer essas
enciclopédias eruditas. Ele defendeu o cristianismo pela filosofia, que nada
mais era do que o uso da razão, da lógica e do conhecimento matemático
para entender e explicar as coisas, a única dificuldade desse uso é que no
cristianismo nem sempre as coisas se explicam pela lógica, e é exatamente
nesse ponto onde ocorre o contra-senso da argumentação das
Testemunhas de Jeová, pois a Trindade não é uma doutrina que se entenda
perfeitamente pela razão, é muito mais uma questão de fé, desse modo fica
sem consistência essa idéia de que a doutrina da Trindade seja fruto da
filosofia grega.
Vale ainda citar do mesmo José Silveira da Costa quando ele diz de
Tertuliano:
“A orientação inaugurada por São Justino quando ao modo de entender as
relações entre a fé e a razão, a revelação e a filosofia, iria prevalecer entre
os pensadores cristãos, apesar da atitude contraria de alguns apologistas
latinos como Tertuliano (séc. II), para os quais era inadmissível qualquer
tipo de conciliação entre a religião cristã (Sabedoria Divina) e a filosofia
(sabedoria humana)”.
Vemos assim que Tertuliano foi averso ao uso da filosofia grega; ele foi um
apologista latino muito mais apegado à Bíblia na sua defesa do
cristianismo do que ao platonismo. Mas na presente questão (a crença na
Trindade) em nada foi diferente de Justino, foi ele o segundo a procurar
uma palavra para definir essa doutrina; isso é tão inegável que o único
recurso usado pelos autores da “Deve-se Crer...” foi torcer, não os escritos
de Tertuliano, mas uma Enciclopédia Católica que, ironicamente, defende
a doutrina (pág. 5). Veja o tópico “A ‘Trindade’ Na Bíblia”.
Na grande verdade, os verdadeiros imitadores do pensamento e da religião
grega são as Testemunhas de Jeová. Os gregos criam num deus Todo-
poderoso (Zeus) cercado de vários outros deuses menores, dentre os quais
o mais famoso foi Hércules. Foram também os gregos que recusavam o
cristianismo pelo seu apego a fé e não a razão (1Co 1:23). Não são as
Testemunhas de Jeová que rejeitam a Trindade por não entendê-la???
Com respeito as fotografias da página 10, é bom o leitor não se
impressionar com elas que servem para iludir os desavisados. A maioria
das fotos, como já vimos na citação de Bowman, mas vale salientar, são
dum período posterior, na idade média, já muito depois da Trindade, como
credo, ser formulada. Apenas as fotos um (1), dois (2) e três (3) que
retratam tríades do Egito, Babilônia e Síria poderiam se usadas como
argumentos que os pagãos criam num tipo de trindade rudimentar, mas
elas remontam a um período muito antigo em relação ao período inicial do
cristianismo para terem exercido alguma influência. Vale ainda destacar
que as fotos não lembram a idéia de unidade entre as divindades tão
destacada na doutrina da Trindade. Apenas vemos três deuses juntos;
enxergar nelas um tipo de trindade é muito forçado e mais uma vez faz as
Testemunhas de Jeová ficarem numa posição difícil, pois acabam
admitindo que apenas a junção de três pessoas indicam uma trindade,
como elas mesmas discordam na página 23, quando falam dos textos
bíblicos onde encontramos o Pai, o Filho e o Espírito Santo juntos.

A Bíblia E A Filosofia
A posição platônica que busca os universais das coisas reais, os protótipos,
tende valorizar o invisível, o espiritual, e isto encontra certa similaridade
com o ensino do Novo Testamento. No entanto, quando essa valorização se
intensifica ao ponto de se considerar as coisas reais como más, tínhamos aí
a posição neoplatônica gnóstica, que nada tinha com os ensinos cristãos. O
Novo Testamento não ensinava que as coisas reais eram más (1Tm 4:1-4),
nem mesmo o corpo humano (Ef 5:26), o termo “carne” que aparece nos
ensinos neo-testamentários e poderia sugerir isso, na verdade refere-se a
tendência pecaminosa que está em nossos corpos (Rm 7:17-20) e não aos
nossos corpos como pensavam os gnósticos.
É digno de observação a grande semelhança que tem o platonismo e a carta
aos Hebreus. Nela encontramos que todos os acontecimentos do Antigo
Testamento eram tipos da verdade universal que era Cristo, até para as
coisas que acontecem atualmente a tipologia do Antigo Testamento é
mencionada (Hb 9:9; Gl 4:24). O escritor da carta diz “Ora, a fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se
vêem”(Hb 11:1), também diz “Abraão...Isaque e Jacó...esperavam a cidade
que tem fundamento e da qual o artífice e construtor é Deus [vale
comparar com Jo 14:1-3]...todos estes (Abraão, Isaque e Jacó) morreram
na fé, tendo recebido as promessas; mas vendo-os de longe, e crendo-os de
longe, e crendo-as e abraçando-os, confessaram que eram estrangeiros e
peregrinos na terra. Porque, os que isto dizem, claramente mostram que
buscam uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem, daquela de onde
haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas AGORA (Abraão,
Isaque e Jacó) desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também
Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes
preparou uma cidade” (Hb 11:8-16). Ver-se com clareza nesta passagem
que a fé dos patriarcas era projetada para as coisas invisíveis, espirituais,
perfeitas, ou como dizia Platão: universais. Ainda hoje, neste momento,
esses patriarcas exercem essa fé, pois no lugar de descanso onde estão
esperam a cidade celestial, como vemos no texto na palavra “AGORA”
(Derrubando a idéia de estarem inconscientes e de que o céu será
concedido apenas para os 144 mil).
Também concordando com conceitos platônicos, o apóstolo Paulo
escreveu: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como seu eterno
poder, como também sua própria Divindade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que
foram criadas” (Rm 1:20).
Assim, de certo modo ou até certo ponto o platonismo se assemelha ao
cristianismo.
Todavia, a filosofia cristã, se assim podemos chamá-la, não se adaptava
com a chamada posição filosófica aristotélica, onde as coisas reais eram
grandemente destacadas numa atitude contrária ao platonismo. Neste caso
a tendência era para materialismo, que acabou prevalecendo em nossa
civilização e que muito influenciou a teologia das Testemunhas de Jeová,
que desdenha o lado espiritual e se apega mais as coisas materiais, seus
livros e revistas sempre seduzem às massas pelos desenhos e fotos que
mostram uma terra paradisíaca. Também se preocupam mais com o
intelecto e racionalidade terrena do que com a sabedoria espiritual, que
superior àquela sempre leva o homem a uma humildade e vida frutífera
sem parcialidade e hipocrisia (Tg 3:13-18). OBS.: O verso 12 do texto
supracitado destaca: “Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que
exercitam a paz” e sob à luz desse versículo podemos refletir: Como as
Testemunhas de Jeová podem dar fruto de justiça se não estão em paz ou
comunhão com Deus? Se não estão em união com Deus, dentro da sua
família, a Igreja (ou como chamam: os ungidos), é impossível que possam
levar ou proporcionar paz aos homens!
A verdade é que o grupo religioso das Testemunhas de Jeová atraem as
pessoas pelo material, o visível, o palpável e acabam por praticarem um
distanciamento do homem material do Deus espiritual.
A confirmação que as T.J. possuem da salvação é quando vendem as
literaturas do grupo ou quando saem no campo repassando o que os seus
líderes inventaram. Em nada diferem na filosofia da Religião Católica com
seus ritos e formas externas com finalidades salvíficas.
Por outro lado o cristão autêntico (e admito que o número já está bem
reduzido) não possui sua paz com Deus por meio de seu serviço religioso,
mas pelo Espírito Santo, e sua esperança não se baseia pelo que vê ou
mentaliza, como disse Paulo: “Não atentando nós nas coisas que se vêem,
mas nas que se não se vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que
se não vêem são eternas” (2Co 4:18) e isto ele falou tendo como contexto a
ressurreição do seu corpo e, pelo modo como fala, usando sempre a
pluralidade de identificação comum, era a esperança de todos os cristãos
(2Co 4:14-5:10).
Apesar dos gnósticos com sua filosofia serem praticamente o oposto das
Testemunhas de Jeová, existe todavia uma conexão pelo aspecto da
preocupação e cuidado que girava em torno das coisas terrenas. Enquanto
os gnósticos se preocupavam com as coisas terrenas para atacar, as
Testemunhas de Jeová o fazem para abraçar. Por isso que podemos incluir
as Testemunhas de Jeová dentro do alvo do apóstolo Paulo quando
escreveu a carta de Colossenses e Efésios, que a meu ver são as melhores
epístolas para que uma T.J. possa se livrar da filosofia de sua religião.
Em Colossenses, por exemplo, Paulo fala da esperança reservada para os
cristãos no céu, que deve ser motivo do desenvolvimento da fé e do amor
(1:4,5); fala da inteligência espiritual em oposição a terrena, para que
pudessem dar frutos agradáveis a Deus (1:9,10); combate as filósofos que
estavam inchados em sua compreensão carnal, reduzindo o cristianismo
aquilo que viam e tocavam (2); aponta para o mundo invisível [“pensai nas
coisas de cima”, vale comparar com Mt 6:19-2 ] para que os cristãos
norteassem suas vidas para a plena obediência a Deus (3).
Referente a carta de Efésios também encontramos muitas coisas que
podem contribuir para ajudar as Testemunhas de Jeová. Paulo fala da
poderosa mente (trina) de Deus, fazendo tudo em conselho (1:9,11) para o
benefício dos homens, que podem ter convicção da esperança da herança
rica da glória pelo Espírito Santo em seus corações (1:13,14,18); o apóstolo
ora para que os cristãos tivessem aberto os olhos do entendimento pelo
espírito de revelação e sabedoria, para que soubessem tanto sobre da
grandiosa esperança da vocação [que é idêntica para todos – Ef 4:4], como
da riqueza da glória da herança dos santos e do sobreexecelente poder que
existe nos cristãos para vencerem o pecado, o diabo e o mundo, na
semelhança de Cristo, para que como Ele, chegassem ao reino celestial
(1:16-23).
No capítulo 2Paulo sintetiza da salvação pela fé em Cristo, cita a morte
espiritual e a operação que ocorre nos homens incrédulos pela influências
de forças invisíveis – demônios – (2:1,2); também menciona a unidade da
Igreja e sua formação por obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo,
deixando claro que Deus transformou dois grupos ( judeus e gentios) em
um (Igreja) e não noutros dois, com pensam os teólogos das Testemunhas
de Jeová.
O capítulo 3 de Efésios é riquíssimo e julgamos muito cruel ter que resumi-
lo. Mas nele encontramos um reforço do que é dito no capítulo 2 e a
verdade de que o Espírito Santo é a mente da Igreja (3:5); comenta
indiretamente a eternidade de Cristo, pois se foi “segundo o propósito
eterno (a Trindade) que fez Cristo Jesus nosso Senhor” (11) é sinal que Ele
sempre existiu. E trata ainda no final do grande amor de Deus revelado em
Cristo.
No capítulo 4 encontramos como deve ser administrada uma verdadeira
Igreja Cristã, através dos ministros locais (Evangelistas, Mestres e
Pastores), um funda, outro ensina e o outro dirige, tudo numa busca de
unidade inspirada na obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo [o contexto
não menciona o unidade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, mas a
unidade ou finalidade harmônica de cada um na obra de salvação e a
unidade da Igreja, porque poderia se pensar que os ministros fossem
encontrados em uma pessoa (como na Religião Católica) ou num grupo
limitado (como no caso do chamado Escravo Fiel e Discreto, os
remanescentes dos 144 mil, das T.J., que governam dos Estados Unidos e
pensam pelo grupo)].
No capítulo 5, Paulo, continuando as exortações iniciadas no capítulo
anterior, insiste que os cristãos devem imitar a Deus, imitando a Cristo;
exorta-os a se encherem do Espírito Santo e amarem as suas esposas que
são uma unidade com eles e um tipo da união entre Cristo e a Igreja.
No capítulo 6, mais uma vez encontramos o mundo invisível, de espíritos
pessoais do mal e não de forças ou influências inspirativas (até do
subconsciente) como querem os materialistas de nosso tempo e,
novamente, as Testemunhas de Jeová, que interpretam e aplicam estes
conceitos ao Espírito Santo (usando às vezes sem a menor reverência a
eletricidade e as ondas de rádio como modelos de comparação). Para
vencer esses inimigos espirituais que, utilizando o corpo e a mente dos
homens, combatem a Igreja, precisamos dentre outras coisa: da fé (e não
de intelectualidade de respostas prontas),e da convicção de salvação, e da
Bíblia interpretada pelo Espírito Santo (a espada do Espírito, v.17) e de
sempre orar e suplicar por este mesmo Consolador divino (v.18).
Essas considerações reduzidas servem para mostrar que existe uma
filosofia cristã, mas que esta não se encaixa na das Testemunhas de Jeová,
possui certa conexão sim, com o platonismo, que apesar de ser anterior ao
pensamento aristotélico, foi o escolhido pelos mestres primitivos não para
fundar ou estabelecer o cristianismo, mas para explicá-lo e apresentá-lo à
sociedade helênica. Não foi à toa que alguns desses professores da era pós-
apostólica julgassem que Platão fosse um tipo de cristão não aperfeiçoado
(se bem que parece que apenas disseram isso como um recurso para
familiarizar o cristianismo aos gregos, pois muitos pensavam que os
cristãos eram canibais, por ouvirem ditos que ele comiam sangue e carne,
que eram prováveis referência a santa ceia, interpretadas literalmente).
Neste ponto é onde podemos apresentar uma das grandes contradições da
Testemunhas de Jeová e lamentavelmente de muitos cristãos autênticos.
Como vimos, a carta de Efésios fala no capítulo 6 que o cristão não
combate contra a carne e o sangue, mas contra os principados e poderes,
contra demônios-príncipes que com suas hostes espirituais da maldade
prendem e subjulgam os homens com filosofias, idéias, emoções e
vontades contrárias a Deus. Ora, se assim é, torna-se lógico que não é
correto o cristão se envolver com guerra e a política que costuma orientá-
la. Por isso é surpreendente que as Testemunhas de Jeová tenham optado
em não se envolver com as forças armadas e as políticas deste nosso
sistema iníquo, que com democracia, comunismo ou capitalismo, nunca
resolvem ou resolverão os problemas deste mundo que não tem mais
esperança (“os pobres sempre existirão” de Jesus prevalece até nossos
dias).
Mas é provável que este posicionamento correto das T.J. advenha na
verdade de uma estratégia apenas para rivalizar com o erro de boa parte do
cristianismo histórico. O que elas não contaram é que a Igreja de Jesus na
sua forma mais primitiva, de estar plenamente separada do mundo,
conseguiu sempre testemunhar desta verdade, falo dos Donatistas,
Valdenses, Albigenses, Anabatistas e seus atuais descendentes.
Estes ainda zelam e se regem pelos valores espirituais, até mesmo nas
roupas e outros pequenos detalhes. Possuem sua filosofia de fé na palavra
de Deus, e por ela, lutam, sofrem, são discriminados, criticados, chamados
de ingênuos e até mesmo de ‘incompreensíveis que crêem em ensinos
incompreensíveis’, como é a Trindade. Mas esta é a filosofia da Bíblia e
nosso melhor escudo de defesa – a fé.

Por Que Os Profetas De Deus Não Ensinaram A Trindade?


A essa pergunta respondemos que muitas coisas os profetas do Antigo
Testamento não sabiam (ver 1Pe 1:10-12). Todavia, para os profetas do
Novo Testamento a coisa muda de figura, pois conforme Hb 8:11Temos o
privilégio de sermos ensinados pelo próprio Deus, ou seja, o Espírito Santo
que nos é dado por Jesus Cristo (1Co 2:9-13). Veja ainda Ef 3:1-12 e Rm
16:25, onde lemos que os antigos não falaram claramente sobre os
mistérios de Deus, coisa que muito desejaram como disse o próprio Jesus
em Mt 13:16,17: “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os
vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos
PROFETAS e justos desejaram ver o que vós vedes, e não viram, e ouvir o
que vós ouvis, e não ouviram”. Leia ainda 1Co 2:9-10. Para as Testemunhas
de Jeová deixamos para meditação o texto de Atos 13:40,41 “Vede que não
venham sobre vós o que os profetas disseram: ‘vede, ó desprezadores,
espantai-vos e desaparecei, pois opero uma obra em vossos dias, obra tal
que não crereis, se alguém vo-la contar”. E essa obra é a bêncão de termos
Deus em nossos corações pela morte redentora de Jesus, tendo a plena
certeza da salvação e de uma herança imarcescível guardada nos céus para
os cristãos, por serem filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo (Is 57:13b com
Mt 5:3,5; Rm 8:15-18; Gl 3:2;4:4-7; 1Co 3:22).
Observação: Se Siegfried Morenz diz que os Egípcios criam numa trindade
porque se dirigiam a três seres no singular (página 11, da revista “Deve-se
Crer na Trindade?”), por que então, não se aceita a Trindade bíblica, visto
ocorrer o mesmo procedimento, sendo que sempre é o próprio Deus que
trata-se a si mesmo numa pluralidade (Gn 1:26,27; 3:22; 11:5-7; Is 6:8)???
O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE DEUS E JESUS (Páginas 12-16)

A introdução desse tópico da revista “Deve-se Crer...” é refutada pelo


próprio testemunho deste autor. Dizer que ninguém teria a idéia de Deus
ser pluralizado se lesse a Bíblia sem nenhuma idéia pré-concebida a
respeito da Trindade, é muita presunção. Declarações desse tipo devem se
basear em pesquisas e não em especulações tendenciosas. O meu próprio
testemunho mostra a inverdade dessa proposição das Testemunhas de
Jeová:
Antes de me tornar cristão resolvi fazer uma leitura completa da Bíblia,
naquele tempo minha crença era bastante rudimentar e superficial,
entendia Deus apenas como o Ser supremo que criara todas as coisas e que
poderia muito me ajudar. Jesus Cristo para mim era uma pessoa bem
distante do que realmente deveria, quando ouvia dizer que Ele havia
morrido por nós de modo algum me impressionava, não sabia o que havia
de demais nisso, pensava comigo: ‘Eu mesmo poderia morrer pela
humanidade!’, não entendia o profundo significado da morte do Senhor
Jesus, não sabia que era um perdido, não tinha a mínima consciência do
meu estado espiritual. Assim, Jesus Cristo era um herói para mim, como
Sansão, Davi, Jacó, era, devido a influência de um seriado de TV que eu
assistia muito na minha infância, um herói da Bíblia. Nada mais sabia
sobre Ele. Concernente ao Espírito Santo, só conhecia uma Estado
brasileiro que tinha este nome.
Logo iniciada o leitura me depare1Com uma surpresa ao ver Deus falando
no plural no relato da criação do homem. A primeira conclusão que tive foi
que deveria haver mais de um Deus.
É certo que minha conclusão não era uma idéia perfeita da doutrina da
Trindade, mas partia de alguém completamente neutro sobre qualquer
doutrina bíblica. Lembro (só para mostrar que minha leitura era natural e
despreconceituosa) que fique1Com desejo de ir até onde era o outrora
Jardim do Éden, ao ler o trecho de Gênesis 3:22-24, para tentar comer da
árvore da vida e assim conseguir a vida eterna física, interpretação como
esta não poderia partir de um teólogo ou estudante da Bíblia influenciado,
a tive porque estava lendo a Palavra de Deus como condicionam as
Testemunhas de Jeová.
Não cheguei a ler toda a Bíblia na mesma condição, mas o fato, é que a
Escritura apontava primeiro a pluralidade de Deus em vez do monoteísmo,
com certeza eu acabaria tendo uma noção da Trindade se continuasse a
leitura.
Por ironia ou providência divina essa minha leitura imparcial da Bíblia
ocorreu em 1989, mesmo ano da publicação da revista “Deve-se Crer...”.
Também é digno de nota que as primeiras pessoas religiosas a quem pedi
uma explicação foram as Testemunhas de Jeová, e na época engoli a
interpretação delas que a pluralidade com Deus se dava porque Ele falava
com os anjos. Se no caso tivesse ouvido a explicação de um trinitariano do
mesmo modo teria aceitado que o texto era uma indicação da doutrina da
Trindade.
A despeito de quem me deu a explicação, o fato foi que ao ler a Bíblia
imparcialmente a primeira grande questão que se deparou a mim foi a
Trindade. Se tivesse continuado a leitura com certeza eu teria ficado
confuso quando lesse os textos que tratam do monoteísmo de Deus, mas se
ainda prosseguisse, e chegasse em Jo 1:1, tudo então ficaria claro.
Portanto essa suposição levantada pelas Testemunhas de Jeová não pode
ser respondida com tanta convicção, desfavorecendo ao trinitarismo, o
contrário sim, baseado apenas em minha experiência, parece ser o mais
plausível.

Deus É Um, Não Uma Pessoa com vários deuses!


Nenhum trinitarista aceita que as três pessoas da Trindade são três deuses,
o credo atanasiano foi por demais claro nesse fato, da mesma forma
ninguém que creia na Trindade nega o monoteísmo, realmente Deus é um,
e a doutrina cristã da Trindade de forma alguma contradiz isso. O fato é
que na Bíblia Jesus é chamado de Deus (Jo 1:1 e 20:28), bem como o
Espírito Santo (Atos 5:3,4 e 2Co 3:17). Como Deus na Bíblia também é
descrito como o único, concluímos disso que Deus é formado de três
pessoas. A crença na Trindade assim é para salvaguardar o monoteísmo
bíblico e não o contrário.
Já com as Testemunhas de Jeová é bem diferente, por não crêem na
Trindade, acabam por comprometer o monoteísmo, pois são obrigadas a
admitir que há mais de um Deus, dizendo que Jesus é um deus, mas não o
único Deus (uma enorme contradição que esfarrapadamente tentam
explicar). Não se1Como as Testemunhas de Jeová querem defender o
monoteísmo se crêem em dois deuses, um Todo-poderoso e outro
poderoso?
O grifo dado pelas Testemunhas de Jeová no texto de Ex 20:2,3: “Eu sou
Iahweh, teu Deus...Não terás outros deuses diante de mim” apenas aponta
ao monoteísmo bíblico; Deus em sua unidade refere-se a Si mesmo como
sendo um único Ser. Por outro lado se grifarmos a “deuses” na expressão:
“não terás outros deuses diante de mim” do mesmo versículo facilmente
perceberemos que a crença das Testemunhas de Jeová de haver mais de
um Deus é falsa. O monoteísmo diz: “Não terás OUTROS DEUSES diante
de mim”, mas as T.J. rejeitam essa verdade só para não admitirem que
Jesus é igual a Deus.
Dizer que Jesus é um Deus criado, além de fazer Deus descumprir seu
próprio mandamento, contradiz diretamente a Bíblia, quando diz em Is
43:10 que NENHUM deus FOI CRIADO nem será depois de Deus.
O texto de Is 45:5 citado pelas T.J. mais ainda comprova que não existe
outro deus além do Deus criador de tudo: “Eu sou Jeová, e não há outro.
Além de mim não há Deus”.
As Testemunhas de Jeová para tentarem escapar dessa contradição
gritante “pedem ajuda” ao diabo, usando o texto onde ele é chamado de
deus (2Co 4:4). Mas devemos observar como o diabo é chamado de deus, o
texto diz que ele é o deus DESTE SÉCULO, isto é, o deus do mundo, a
divindade dos incrêdulos que deixam de obedecer a Deus para obedecerem
a ele. O texto bíblico, portanto, está dizendo que o diabo é deus por
imitação e usurpação; é deus ironicamente, no sentido pejorativo, não um
deus por natureza, pois assim só existe um (Gl 4:8). Como diz Paulo em
1Co 8:5,6 o fato de uma coisa ou alguém ser chamado deus não o torna
necessariamente deus, esse mesmo texto diz que para os cristãos, e não
para o mundo, há apenas um só Deus e um só Senhor (As Testemunhas de
Jeová usam esse texto para dizer que Jesus não é Deus, mas o Senhor. No
entanto o texto é escrito na semelhança de Provérbios, onde se diz duas
coisas em uma só afirmação para economizar palavras, pois se Jesus é o
único Senhor então o Pai ficaria como seu servo, se fôssemos seguir o
mesmo raciocínio de dizer que Ele não é Deus porque o Pai é o único.).
Deve-se ainda observar que Paulo não diz que o diabo é UM deus deste
século em 2Co 4:4, o que apoiaria o pensamento das Testemunhas de
Jeová. Paulo o chama de deus num sentido substitutivo, ele parte do fato
que os não-crentes trocaram ao Deus verdadeiro por ele; é por essa razão
também que em Jo 1:1 o apóstolo omitiu o artigo definido, para que Jesus
não fosse visto como uma divindade independente do Pai.

YUm Deus Pluralizado


Em nenhuma parte da Bíblia é dito que Deus seja penas uma pessoa, o que
se nota é um Deus falando no plural, seja quando se refere a si mesmo ou
quando se vale de representantes (Gn 1:26; 11:17; 18:2,3).
Reforça muito aqui a explicação do pastor Glauco Filho referente a essa
questão da pluralidade de Deus:
“As ‘Testemunhas de Jeová’ acham incoerente uma unidade (Deus)
formada de três componentes (3 pessoas). Vejamos este versículo: ‘Pois
seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e sua divindade, são
claramente vistos desde a criação do mundo, sendo PERCEBIDAS
mediante as coisas criadas’(Rm 1:2).
A Divindade de Deus é revelada pelas coisas criadas. O homem é uma
unidade trina (corpo, alma e espírito) e é a imagem de Deus.
Em Nm 13:23 temos outro exemplo de unidade formada por componentes:
‘...um rebento com UM SÓ cacho de UVAS’. Outro exemplo do reino
vegetal que revela a divindade trinitária de Deus é Gn 41:42: ‘Depois vi
meu sonho, e eis que de UMA SÓ CANA subiam sete espigas’.
Essas palavras traduzidas do hebraico para UMA nesses textos bem como
as que expressam coletividade, como por exemplo: ‘...Eis que o povo é
UM’(Gn 11:6) são palavras usadas para expressar uma unidade formadas
de componentes (ECHAD) e é o termo que aparece usualmente no Antigo
Testamento quando diz que há UM só Deus”.
Neste mesmo assunto acrescenta Esequias Soares da Silva:
“Diz Dt 6:4 que Javé é único. A palavra ‘único’ no original é ‘ECHAD’ e está
no construto. Se essa unidade fosse absoluta, como querem os dirigentes
da Sociedade Torre de Vigia, a palavra correta aqui seria ‘YACHID’, a
mesma usada em Gn 22:2: ‘Toma agora o teu filho, o teu ÚNICO filho
Isaque...’ para a unidade absoluta. Acontece que ‘ECHAD’ é uma unidade
composta, é a triunidade de Deus. A mesma palavra ‘ECHAD’ ocorre em
Gn 2:24 no dizer de que o marido e a mulher são UMA SÓ carne.”
Ao contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová, ao chamar Jesus o
Pai de “o único Deus verdadeiro”(Jo 17:3) mostrou que Ele deveria estar
em uma unidade com o Pai, se não, teríamos que admitir que Jesus é um
Deus falso, pois só existe um verdadeiro.
A Bíblia diz que Jesus recebeu todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18), e
se Ele é um Deus Poderoso, como reconhecem as Testemunhas de Jeová,
então Ele também deve ser reconhecido como Todo-poderoso. A ressalva
de que este poder lhe foi dado, nada muda no fato dEle o possuir, e
facilmente se explica pelos motivos de sua encarnação (Fp 2:6,7).
Vale recordar que Justino, mártir, um dos pais pré-Nicéia, dizia que quem
apareceu a Abraão foi Jesus; assim, para ele em Gn 17:1, onde Deus
aparece a Abraão e se autodenomina de Todo-poderoso se referia na
verdade a Jesus (Diálogo com Trifão 75:4; 127:2-4).
Concernente a palavra hebraica “Elohím”(Deuses), plural de “Eloh-
ah”(Deus), o que faz subentendermos nela uma referência a Trindade é
exatamente o fato de existir um único Deus, desse modo para não se cair
no politeísmo ver-se nela a idéia do Deus Trino. O fato também de Deus
falar no plural no contexto desta palavra alimentou essa conclusão
trinitariana.
As próprias Testemunhas de Jeová reconhecem que Cristo criou todas as
coisas. Ora, não vemos Jesus sendo mencionado no relato da criação, como
então se prova que Ele estava criando todas as coisas? A única resposta é
que “Elohím” indica a ação de Jesus, do Pai e do Espírito Santo
conjuntamente.
Nos comentários sobre a palavra “Elohím” percebemos claramente a
falácia das Testemunhas de Jeová. Primeiro elas dizem que a “Revista
Americana de Línguas e Literatura Semítica” diz que “Elohím” deve ser
explicado como sendo um plural intensivo, denotando grandeza e
majestade. Depois dizem que “Elohím” não significa “pessoas”, mas
“deuses” e que aqueles que argumentam que essa palavra subentendem
uma Trindade se fazem a si mesmo politeístas. Ora, se “Elohím” não
significa “pessoas” porque significa “deuses”, pelo mesmo argumento
também não pode significar “grandeza e majestade”. E os trinitarianos não
se fazem politeístas porque vêem na palavra a doutrina da Trindade, pois
essa doutrina assevera o monoteísmo e a unidade como vimos no credo
(que as Testemunhas de Jeová insistem em esquecer ou deturpar). A
grande questão é que Elohím está associado com Deus, e Deus é um; além
disso a Bíblia não diz OS Elohím (OS deuses), mas O Elohím (O deuses), há
portanto um singular pluralizado incomum, perfeitamente explicado pela
doutrina da Trindade que assevera uma pluralidade una.
O fato de “Elohím” ser aplicado aos deuses pagãos é irrelevante, as
próprias Testemunhas de Jeová insistem que os pagãos criam em tipos de
trindade na página 10 dessa revista. Na certa “Elohím” foi usada para esses
deuses, porque estavam no lugar do Deus trino.
No caso do uso da palavra no Sl 82:1,6 nada mais é que o seu uso natural,
indicando a pluralidade.
E na referência em que Moisés disse que devia servir como “Deus”(Elohím)
para Arão e para Faraó (Ex 4:16; 7:1), entendemos duas coisas: primeiro
que Moisés queria representar Deus, ele não quis dizer que era deuses, mas
que representava Elohím. E segundo, que Moisés, o escritor de Gênesis,
era também trinitarista. O fato é que até nas analogias a Bíblia é
trinitariana.
Jesus Não É Uma Criação À Parte
Os dois textos que as Testemunhas de Jeová usam para afirmarem que
Jesus é uma criatura são Cl 1:15 e Ap 3:14. O primeiro diz que Cristo é o
PRIMOGÊNITO de toda a criação. Elas entendem que “primogênito” quer
dizer “primeiro”, mas na verdade o sentido da palavra não é “primeiro”,
mas “herdeiro”. O vocábulo no original grego não é o mesmo para designar
“primeiro”. E o próprio contexto obriga que a palavra tenha o significado
de “herdeiro”, pois depois de claramente afirmar que Cristo criou todas as
coisas de modo meticuloso, concordando com Jo 1:3, que diz que NADA do
que foi feito sem Jesus se fez, acrescenta: “tudo foi criado por Ele e PARA
Ele”(grifo nosso).
Em Hebreus 1:2 a mesma verdade é dita, desta vez usando a própria
palavra “herdeiro”: “Nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem
constituiu HERDEIRO DE TODAS AS COISAS”. Vale destacar que mesmo
usando a palavra “herdeiro” o escritor da carta de Hebreus não deixa de
associa-la com “primogênito”, pois no mesmo capítulo ele a cita (versículo
6). E o interessante é que nessa citação o autor de Hebreus faz fugir
totalmente a idéia que o termo “primogênito” indique que Jesus não seja
Deus, pois ele diz que o primogênito deve ser ADORADO por todos os
anjos OBS.: A palavra “adorar” de Hb 1:6 é a mesma que encontramos no
original grego em Mt 4:10 e Ap 22:8,9 (PROSKYNÉO).
Vale mencionar o caso de Jacó que não foi o primeiro, mas foi o herdeiro.
Hb 12:23 diz que todos os crentes são primogênitos, não tem sentido dizer
que todos são primeiros. A verdade é que todos são herdeiros, como
confirma Rm 8:17.
O comentário de Robert Bowman sobre um argumento das Testemunhas
de Jeová como respeito a Cl 1:15 é muito significativo:
“As Testemunhas de Jeová ressaltam (em Raciocínios à base das
Escrituras) que as expressões paralelas: ‘primogênito de Faraó’,
‘primogênito de Israel’, ETC, sempre são usadas no sentido da primeira
pessoa a nascer naquele grupo, de modo que ‘o primogênito de toda a
criação’ deve significar a primeira pessoa a ser criada. Com mais exatidão,
porém, o que essas expressões significam é o primeiro filho da pessoa
mencionada – de modo que o ‘primogênito de Faraó’ é o primeiro filho de
Faraó; o primogênito de Israel é o primeiro filho de Israel; e assim por
diante. Se a expressão ‘primogênito de toda a criação’ for considerada
paralela com essas frases, significa então, o primeiro filho de toda a
criação. Isto, porém, seria exatamente o inverso de tudo quanto o texto diz,
que é que toda a criação veio a existir através de Cristo (Cl 1:16). A criação
não produziu Cristo; foi Cristo quem produziu a criação! Posto, portanto,
que o significado de ‘primeiro filho’ não se encaixa no contexto, deve ficar
subentendido o significado de ‘herdeiro’. Somente essa interpretação faz
sentido no texto, que então significaria que Cristo é o herdeiro da criação
porque todas as coisas foram criadas por meio dEle e para Ele.”
Ainda pesa sobre os argumentos o fato de que na língua grega havia uma
palavra para denominar o primeiro criado(PRÕTOKTÍSTOS), se fosse este
o sentido que Paulo queria dar, obviamente ele teria usado essa palavra e
não “PRÕTÓTOKOS”(primogênito).
Alguém poderia argumentar se Paulo foi assim tão criterioso para escolher
as palavras de Cl 1:15-20, a isto respondemos que cremos que a Bíblia foi
escrita debaixo da inspiração de Deus. Mas também é relevante, que
conforme os peritos Fr. Sshleiermacher e A. Deissmann e E. Norden, o
referido texto tem um caráter incomum e o classificam como sendo um
exemplo de uma “confissão solene” e “um tipo de hino dogmático”, em que
as palavras, conforme as conclusões do teólogo Ralph P. Martin, foram
cuidadosamente compostas e colocadas num molde poético. A prova
adicional do caráter “de hino” da passagem é vista na estreita
correspondência entre as duas estâncias (os versos 15-18a e 18b-20) com as
frases e os termos que se emparelham.(para maiores detalhes veja o livro
“Colossenses e Filemon, introdução e comentário de Ralph P. Martin,
páginas 71-73).
No mesmo livro citado acima é dito na página 68: “Primogênito, portanto,
não pode querer dizer que ele pertence à criação de Deus; pelo contrário,
fica em contraste com a obra das mãos de Deus como sendo o agente
através de quem todos os poderes espirituais vieram a existir (v 16). Ele é
senhor da criação e não tem rival na ordem criada”.
A própria etimologia da palavra grega “prõtótokos” ajuda no fato dela
designar o sentido de “herdeiro” em Cl 1:15. Ela é formada de duas outras
palavras: “prõto” que quer dizer primeiro e “tokos” que significa “o lucro de
dinheiro emprestado”. Ao pé da letra a palavra significa: “o primeiro a
receber o lucro futuro”, o que sem dúvida traz mais a idéia de “herdeiro”,
do que de “primeiro filho”.
O argumento de dizer que tudo foi criado apenas por meio de Jesus, de
modo algum indica alguma diminuição da pessoa de Jesus; aliás, até
mostra que o pré-homem-Jesus, o primogênito de toda a criação, é
realmente o Deus criador, e além disso a Bíblia também diz que tudo foi
criado por meio do Pai: “Porque convinha que Aquele, por cuja causa e
POR QUEM TODAS AS COISAS EXISTEM, conduzindo muitos filhos à
glória, aperfeiçoasse, por meio do sofrimento o Autor da salvação deles”
(Hb 2:10) – o grifo para destaque é nosso.

O Que Diz Os Antigos Sobre Colossenses 1:15?


(Por Russel N. Champlim, Ph.D)
De acordo com Justino Mártir (séc. II), aponta para a divindade de Cristo,
em contraste com sua humanidade (ver Trifo, cap. 84). Tertuliano (c.
Praxeam.7) refere-se à igualdade entre o Filho e o Pai, por decreto divino,
utilizando-se desta passagem. Ele é o “primogênito” como é o “unigênito”.
Isso pode ser comparado com o que diz Teófilo, bispo de Antioquia (contra
Márciom, v.19), do segundo século de nossa era, que usou esta passagem
ao defender a tese que, antes de haver qualquer criação, Deus Pai tinha a
Palavra como seu conselheiro; e quando a idéia da criação fo1Concebida,
então a Palavra foi “gerada”(por decreto divino), na qualidade de
“primogênito”.
Novaciano (de Trin. cap.16), do terceiro século de nossa era, ao referir-se à
presente passagem, diz que Cristo é o Unigênito por ser divino; porque na
qualidade de Palavra divina, em relação ao Pai, era o Unigênito, mas que a
criação subsequente de outros seres fez dele o “primogênito”. Portanto,
esse é um título que indica posição, e não começo de tempo, embora essa
“relação” com o mundo tenha começado dentro do tempo. Porém, o que é
dito acerca da relação, não pode ser aplicado ao seu ser essencial, que não
teve princípio.
Hilário (de Trin. VIII. 50) fazia esse termo aplica-se à eternidade de Cristo,
como uma afirmação da mesma.
Atanásio e alguns outros dos primeiros pais da Igreja, aludiam à
condescendência de Cristo ao usar o vocábulo “primogênito”, mediante o
que Ele se tornara o mais velho entre muitos irmãos (Rm 8:29), como se
isso se referisse à criação nova ou espiritual (ver Arota. II. c. Ariar, pág.
419, 62). Como homem, Cristo é o primeiro que foi elevado para que
participasse da divindade; mas muitos outros – os remidos, se seguirão a
Ele (ver Cl 2:10; Ef 3:19 e 2Pe 1:4).
Os pais da Igreja insistiam em diferenciar os termos gregos
“prõtótokos”(primogênito) e “prõtoktístos”(primeiro criado).
E para finalizar essa abordagem de Cl 1:15 resta dizer que ele refere-se a
Jesus no seu aspecto humano. Ao ser dito no v.15 que Ele é a imagem do
Deus invisível se deduz que o Primogênito era alguém que podia ser visto,
sendo assim, o Deus visível, o Deus encarnado. Desse modo entendemos
que foi o homem-Jesus que veio a ser herdeiro de tudo o que Ele mesmo
como Deus havia criado, isso esclarece perfeitamente a passagem.
O segundo texto usado pelas Testemunhas de Jeová para dizerem que
Jesus é uma criatura é Ap 3:14, onde temos que Ele é “O princípio da
criação de Deus”, e seu significado é que Cristo é a ORIGEM de toda a
criação, pois tudo, como já vimos, foi criado por Ele.
A mesma palavra “princípio” é aplicada a Deus em Ap 21:6,7 e é
interessante que as mesmas expressões ditas nesse texto por Deus são
repetidas em Ap 22:12,13 sendo que desta vez proferidas por Jesus,
deixando patente que o termo “princípio” aplicado a Cristo tem o mesmo
sentido quando é aplicado a Deus, além de ser outra prova da Divindade de
Jesus.
Se perguntássemos à luz de Ap 21:6,7: Deus é o princípio de quê?? A única
resposta seria que Ele é “o princípio da criação”. Deus é eterno, e não
possui princípio em si mesmo, somente a partir da criação é que o tempo
foi levado em conta, assim, só podemos entender Deus como “o princípio”
se relacionarmos isso com a criação, o próprio assunto do texto levá-lo a
concluir isso.
O pastor Glauco destaca que se por um lado Jesus é chamado de
“princípio” em Ap 3:14, não deixa também de ser chamado “fim” pelo
termo “amém” do mesmo versículo; assim, a relação desse verso com Ap
1:8; 21:6 e 22:13 fica perfeitamente confirmada.
É digno de nota que a palavra grega traduzida por “princípio” Ap 3:14
(ARCHE), também recebe a significação de “autor” (conforme: At 3:15; Hb
5:9; 12:2).
Sobre a questão da Sabedoria de Pv 8:12,22,25 e 26 que pode significar
Jesus, esta não pode ter sido criada, como estar traduzida na tradução
Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, a palavra no hebraico não é
“criar” mas “gerar”.
Devemos entender que a Sabedoria de Deus é algo da sua própria
divindade, e sendo assim é eterna. O texto de Provérbios nos diz que Deus
usou sua sabedoria para criar todas as suas obras, e realmente a maioria
dos peritos concordam que se trata de uma referência a Jesus (pelos pais
da Igreja seria o Espírito Santo). O próprio jesuíta Edmund Fortman que
as Testemunhas de Jeová citam na página 6 da “Deve-se Crer...” que disse
no Antigo Testamento não havia ‘sugestões’ ou ‘prefigurações’, ou ‘sinais
velados’ da Trindade, diz na mesma página onde faz essas declarações: “se
pode dizer que alguns desses escritos (do Antigo Testamento) no tocante à
Palavra, à Sabedoria, e ao espírito, realmente fornecem um clima dentro
do qual a pluralidade dentro da Deidade ficou sendo concebível aos
judeus”(grifos nossos).
E não esqueçamos que o apóstolo João, que usou a filosofia de Fílon para
designar Jesus, entendeu que a Sabedoria de Provérbios indicava Jesus,
pois o platônico Fílon viu na referida Sabedoria um meio de conciliar as
suas idéias filosóficas do “LOGOS” com o religião judaica.
Este pensamento geral de ver na Sabedoria de Provérbios o Senhor Jesus
mais ainda assevera a sua Divindade una com o Pai.
Dizer que a Sabedoria de Deus foi criada, além de torcer a verdadeira
tradução, é admitir que houve um tempo em que Deus não era sábio. E
isso, além de ridículo, é impossível!
Comparando 1Co 2:7 com Rm 16:25 vemos que a Sabedoria de Deus é
eterna. Portanto ela trata-se de um atributo de Deus, assim como Sua
onipresença, onipotência, Seu amor, Sua justiça, Etc.
Poderia Deus Ser Tentado?
Aqui encontramos os autores da “Deve-se Crer...” mais uma vez ignorando
as duas naturezas de Cristo. Jesus foi tentado como homem não como
Deus. Hebreus 4:15 deixa isso claríssimo, quando diz que Cristo em tudo
foi tentado COMO NÓS.

Qual O Valor Do Resgate?


Ao dizer: “Se Jesus, no entanto, fosse parte de uma Divindade, o preço de
resgate teria sido infinitamente superior ao que a lei do próprio Deus
exigia” os autores da “Deve-se Crer...” demostram desconhecer totalmente
a idéia de Fp 2:6-8: “o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou
como usurpação o ser igual a Deus, mas ESVAZIOU-SE a si mesmo,
tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens, e achado
na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a
morte e morte de cruz” (grifo é nosso). Portanto, Jesus esvaziou-se de seus
atributos divinos para efetuar a redenção dos homens como perfeito
homem equivalente a Adão. Deve-se no entanto observar que o argumento
das Testemunhas de Jeová é fundamentado no fato de achar que seria
errado Deus pagar um preço além do estabelecido, se assemelham aos
homens murmuradores da parábola dos trabalhadores de Mt 20:1-16 que
julgavam errado o proprietário dar além do normal, porque era bom.
Sobre tudo isto vale somarmos as conclusões de Bowman do conceito que
as Testemunhas de Jeová têm ao afirmarem que Jesus era um mero
homem. Segundo ele, Jesus Cristo para as Testemunhas de Jeová quando
esteve na terra não era mais o “Deus Forte” de Is 9:6 e por isso não podem
explicar porque Deus precisava enviar o Seu Filho à terra como homem.
Posto que tudo quanto era necessário era um ser humano perfeito, Deus
poderia simplesmente ter criado ‘do nada’ um desses, se assim tivesse
desejado. E ainda diz: “A alegação das Testemunhas de Jeová de que a
morte de Cristo tinha a intenção de ser meramente o sacrifício de um ser
humano perfeito para compensar o pecado de um só homem, Adão, é
refutado por Mc 10:45, que diz que Cristo foi resgate em troca de
MUITOS”.
Essa idéia de que o sacrifício de Jesus era uma redenção equivalente ao
pecado de Adão demostra mediocridade de como as T.J. entendem a
justiça de Deus e o pecado contra Ele, a desobediência a Deus é muito mais
grave do que podemos imaginar, a necessidade de Cristo se sacrificar pelos
homens é vista pela Bíblia tanto como uma única esperança, como uma
grande prova do amor desmedido de Deus. No Antigo Testamento com
tantos sacrifícios e ritos de purificação é mais do que enfático para
entendermos o quanto é sério o pecado contra Deus.
A Bíblia encerra a questão ao dizer que a redenção da alma humana é
caríssima (Sl 49:7,8).
A idéia também de que Jesus não poderia ressuscitar fisicamente porque
isso teria envolvido tomar de volta o ‘preço do resgate’ que Ele pagou pela
salvação, é também refutada em Jo 10:17,18: “por isso o Pai me ama,
porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim,
mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para dar, e poder para tornar a
tomá-la”.
O pensamento das T.J. com respeito a Jesus é sem dúvida estranho. No
princípio foi ‘Deus Forte’, depois foi um homem, agora já não mais o é;
tudo isso contraria a declaração de Hebreus 13:8: “Jesus Cristo é o mesmo,
ontem, hoje e eternamente”. Portanto, o que Bíblia diz sobre Jesus não é o
que dizem as Testemunhas de Jeová.

Em Que Sentido Jesus É Filho De Deus?


Unigênito, em grego MONOGENES, quer dizer o único da mesma
natureza, da mesma espécie, do mesmo ‘GEN’ ou mesma origem. O termo
irresistivelmente iguala Jesus a Deus. Ao dizer a Bíblia que Isaque era
unigênito, estava dizendo que ele tinha a mesma natureza de seu Pai, isto
é, era homem, do mesmo modo que Jesus sendo unigênito de Deus era
Deus.
Em Jo 1:18 de acordo com o original grego a tradução perfeita seria que
Jesus era o “Deus unigênito”, mostrando dessa forma que esta troca da
palavra ‘Filho’(que era comumente usada quando a Bíblia trata do
Unigênito) por ‘Deus’ evidenciava que Jesus ao ser chamado “Filho de
Deus” o tornava Deus.
Não de deve esquecer que Isaque não era de fato o unigênito de Abraão,
Ismael também era filho desse patriarca. Mas mesmo assim a Bíblia o
chama de unigênito de Abraão (Hb 11:17), e isto ocorre porque Isaque era
aos olhos de Deus um homem mais idêntico a Abraão do que Ismael, por
causa da promessa. Assim, a igualdade de Isaque e Abraão é bem maior
que a própria natureza (humana) desses dois personagens bíblicos, e a
comparação de Isaque com Jesus mais ainda contribui para sua igualdade
com Deus, pois Jesus veio a obter uma posição de Deus em seu aspecto
humano (conf. Fp 2:8-11).
Há muitos exemplos, aponta Bowman, nas Escrituras onde a palavra ‘filho’
é usada no simples sentido de ‘possuir a natureza’, por exemplo: “os filhos
da desobediência” em Ef 2:1, significa que estes são por natureza
desobedientes. A expressão “filho do homem” dada a Jesus, significa não
que Ele fosse literalmente um filho de um homem (Jesus não tinha pai
humano!), mas Ele tinha a natureza de homem. Assim, o título ‘Filho de
Deus’ conferia a Jesus não uma inferioridade em relação ao Pai, mas a sua
igualdade em natureza. A maior validade disso é o fato dos judeus
entenderem que Jesus se fazia igual a Deus por de dizer que era seu
próprio filho (Jo 5:17,18 e 10:30-39).A alegação que os trinitarianos dizem
que Jesus não foi gerado do Pai é falsa. O próprio credo da Trindade
enfatiza bem isso: “gerado não criado”. O que as Testemunhas de Jeová
querem é confundir, tentando diminuir o significado do termo ‘gerado’ que
tranquilamente esclarece mais ainda que Jesus é igual a Deus. Jesus é
gerado do Pai eternamente, ele sempre esteve em Deus numa perfeita
unidade.
Mesmo no sentido natural “gerar um filho” é totalmente diferente de criá-
lo; o filho de certa forma sempre esteve com seu pai, apenas na ocasião do
nascimento saiu dele. O próprio Jesus diz isso com relação a Ele e a Deus-
Pai: “Saí de Deus”(Jo. 16:27b) e “Saí do Pai”(Jo 16:28a). Por isso a
expressão “estava com Deus” de Jo 1:1Tanto indica a distinção das pessoas
do Pai e do Filho como a sua unidade, e vale dizer que o verbo “ser” de Jo
1:1 (EIMI), tanto pode ser traduzido por “estava” como por “era”, assim
não seria errado a tradução: No princípio era o Verbo, e o Verbo ERA com
Deus, e o Verbo era Deus.
É interessante que na citação do “Dicionário Teológico do Novo
Testamento”, editado por Gerhard Kittel, as Testemunhas de Jeová se
refutam a si mesmas, pois ele diz que João 1:18; 3:16,18 e 1Jo 4:9 “a relação
de Jesus não é simplesmente comparada com a relação de um filho único
com seu pai. É a relação do Unigênito com o Pai”. Deste modo, é derrubada
toda a tentativa de se ver no termo “filho” dado a Jesus a mesma coisa
quando é referido aos filhos naturais humanos.

Era Jesus Considerado Deus?


Na verdade, diz o pastor Glauco, Jesus é que se considerava Deus. João diz
que Jesus SE FAZIA igual a Deus: “Por isso, pois, os judeus ainda mais
procuravam matá-lo, porque não só violava o Sábado, mas dizia também
que Deus era seu próprio Pai, FAZENDO-SE IGUAL A DEUS” Jo 5:18.
Longe de significar uma criação, o termo “filho de Deus” dado a Jesus o
colocava em igualdade com Deus, como vemos aqui em Jo 5:18 e em Jo
10:30-36.
O argumento usado de Jo 1:18 que “ninguém jamais viu a Deus” para
provar que Jesus não era Deus por ter sido visto pelos homens, é prova da
falta de entendimento das Testemunhas de Jeová. O próprio versículo diz:
“Ninguém jamais viu a Deus, MAS o Deus Unigênito que está no seio do
Pai, este o deu a conhecer”. A conjunção “MAS” mostra uma restrição a
declaração de ‘ninguém jamais viu a Deus’, desse modo, em certo sentido,
essa declaração deixara de existir ou perdera sua força. Deve-se ainda
observar que, enquanto a frase inicial possui um caráter antológico, a final
se apresenta num presente real, tanto é que ele alude a assunção de Jesus
como já sendo ocorrida ao dizer “que ESTÁ no seio do Pai”.
Deus não foi revelado por Jesus em toda a sua glória e esplendor, Ele foi
visto pela encarnação do Deus-Filho como que por um espelho, mas nem
por isso os homens ficaram sem conhecer ao Deus Todo-poderoso, como o
próprio texto mostra e o próprio Jesus em Jo 14:7-9. Enquanto Jesus
revelou a alma de Deus, o Espírito Santo revela seu aspecto espiritual em
nossos espíritos quando nos tornamos cristãos. Todavia, um dia o Deus
trino será revelado a todo os filhos de Deus de modo pleno e perfeito (I Jo
3:1-3). Paulo diz em 1Tm 6:14-16 que quando Jesus voltar mostrará Aquele
a quem nenhum dos homens viu ou pode ver plenamente, exatamente
porque Ele voltará na mesma glória que tinha com o Pai (Mt 24:30; 25:31;
Jo 17:5). Considere ainda Tt 2:13.
Usando o texto de 1Tm 2:5, mas uma vez vemos as Testemunhas de Jeová
ignorando o credo trinitário que distingue as pessoas do Pai e do Filho, e
mais uma vez dizem que Jesus não podia ser a pessoa do Pai, como se os
trinitarianos dissessem isso. E esse mesmo texto é outra prova da
Divindade de Jesus, pois sendo o único mediador entre Deus e os homens,
mostra que Jesus possuía as duas naturezas, a divina e a humana, por isso
é o único mediador.
Um dos textos considerados mais explícitos sobre a perfeita igualdade de
Jesus com o Pai é Hebreus 1:3, onde lemos que Cristo é a “expressa
imagem do seu ser”, de acordo com Russel Norman Champlin (Ph D),
temos aqui uma expressão metafórica, que indica a Divindade essencial do
Filho. O termo grego é “CHARAKTÉR”(de onde vêm o vocábulo ‘caráter’)
que indicava a “impressão deixada por um carimbo em cera ou em barro”;
mas seu uso aqui significa que tal “impressão” possui a natureza essencial
do instrumento que faz o impressão. Essa figura simbólica indica a
“unidade do Pai e do Filho, como o filho é tudo quanto o Pai é, a sua
IMAGEM EXATA”.
Comentando a partícula DO SEU SER, ele acrescenta que o termo grego é
HUPÓSTASIS e significa “natureza substancial”, “essência”, “ser real”, em
contraste com a mera representação ou imitação. O LOGOS, pois, é a
‘expressão exata da substância de Deus’, participante da sua natureza
essencial.
Vale lembrar que o preceito crucial (hupóstasis), que as Testemunhas de
Jeová dizem que foi proposto por Constantino na elaboração do credo de
Nicéia (página 8 da revista) é este que temos em Hb 1:3.
Assim a Bíblia diz que Jesus era da mesma substância de Deus antes
mesmo do credo de Nicéia ser elaborado. Isto é o que a Bíblia diz sobre
Jesus!

É DEUS SEMPRE SUPERIOR A JESUS? (Págs 16-2O)

Conforme Filipenses 2:6-8 Jesus existia na forma de Deus, mas esvaziou-


se de seus atributos divinos para assumir a forma de servo, na semelhança
dos homens. Ora, se Jesus teve que tomar a forma de servo é porque não
era antes. Desse modo fica respondida a pergunta acima. Jesus só se
tornou submisso ao Pai porque se encarnou.
Todos os argumentos das páginas 16-20 existem por se ignorar que Jesus
possuía duas naturezas, a humana e a divina, esclarecido isso, todos caem
por terra, como já dissemos no tópico “CONFUNDINDO PARA
ARGUMENTAR”.
O porquê de Jesus ainda ser chamado de servo se deve ao fato de Cristo
não ter deixado de ser homem. Se vivo Ele era chamado de cordeiro (Jo
1:29), depois de morto e ressuscitado continua, só que como cordeiro que
foi morto (Ap 5:6,12). OBS. Jesus recebeu o livro selado como cordeiro que
foi morto (Ap 5:8) ficando evidente que se tratava de Jesus no seu aspecto
humano, era o Jesus-homem recebendo a revelação PARA DAR A
HUMANIDADE (Ap 1:1), seria a resposta da questão levantada se Jesus
tinha um conhecimento limitado quando citam essa passagem bíblica.
Em Hb 5:1 é dito que para se ser Sumo-sacerdote era necessário se ser
homem, e por isso Jesus tem esse ofício (Hb 4:15).
Jesus deixou claro que voltaria como filho do homem (Mt 24:27,30,37).
Em l Tm 2:5, como já vimos, Paulo diz que Jesus é o único mediador entre
Deus e os homens, porque é homem.
O esforço das T.J. em tentar provar que Jesus é distinto do Pai é
totalmente vão, os trinitarianos não negam isso.
O texto em que Jesus diz que não era bom, mas só Deus (Mc 10:18),
precisa ser ajustado ao seu contexto, pois Jesus recusou ser chamado de
bom no seu lado humano, como assim o via o homem que o chamou de
bom. Noutro contexto onde a sua natureza divina podia ser apontada,
Jesus disse que era o BOM Pastor (Jo 10:11,27-30). É interessante que
Jesus não disse “Eu sou UM bom pastor”, mas “O bom Pastor” dando uma
característica singular ao termo, que Davi usou para denominar a Deus no
Antigo Testamento (Sl 23:1). E Jesus acrescentou: “...haverá um só
rebanho e UM só Pastor” (Jo 10:16).

Jesus: Um Exemplo de Servo submisso


O versículo de Jo 5:19 é também tirado dentro do seu contexto, é citado
desta forma: “não pode o filho fazer nada por si mesmo se não vir o pai
fazê-lo”, na íntegra ele está assim: “Na verdade, na verdade vos digo que o
Filho não pode fazer coisa alguma se o não vir fazer o Pai, porque TUDO
quanto Ele faz, o Filho faz igualmente”. Deste modo fica claro que Jesus
está dizendo que não podia fazer nada que não visse o Pai fazer, ou seja,
Ele queria fazer tudo em consonância com o Pai, o que provava o unidade
divina dos dois, mais ainda pelo fato de Jesus concluir: “porque tudo
quanto Ele faz, o Filho faz igualmente”. Essa declaração anula a idéia de
Jesus ter sido criado pelo Pai, pois se não, não seria errado dizer que Jesus
criou o Pai; mas se Jesus não podia criar o a Pai, tão pouco o Pai podia
criar Jesus.B
Quando Jesus disse em Jo 7:16 que o ser ensino não era seu, Ele estava
esclarecendo aos judeus do verso 15 que questionaram “Como sabe este
letras, não as tendo aprendido?”, assim Jesus explicou que o seu ensino
não era seu, ou seja, não era humano. Em outras partes porém, fica claro
que o ensino de Jesus era dEle mesmo, tanto é que suas instruções são
denominadas de “Doutrina de Cristo”(Hb 6:1).
A Bíblia não diz “que aquele que envia é maior que o enviado”, conforme
lemos em Jo 13:16, Jesus disse “que o enviado não é maior do que aquele
que o enviou” ou seja, Jesus não era maior que o Pai, mas podia ser igual,
da mesma forma os discípulos não podia ser maiores que Jesus, que os
estava enviando, todavia podiam ser iguais (no sentido humano), por isso
Jesus disse quando os enviou: “O discípulo não está acima do seu mestre,
nem o servo, acima do seu senhor. Basta o discípulo SER COMO SEU
MESTRE E AO SERVO COMO O SEU SENHOR. Se chamaram Belzebu ao
dono da casa, quanto mais aos seus domésticos” (Mt 10:24,25).
No entanto, deve-se levar em conta que o próprio Jesus como Deus enviou-
se a Si mesmo como homem, a obra da encarnação foi realizada por Ele
mesmo, como bem declara a Bíblia: “o Verbo SE FEZ carne”(Jo 1:14), “Mas
(Jesus) aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhantes aos homens” (Fp 2:7).
A ilustração de Lc 20:9-16 onde Jesus é apontado como um enviado é mais
enfática no aspecto de Sua alta posição: A de herdeiro de tudo por ser
Filho, por isso os lavradores se entusiasmaram em matá-lo, pois de certa
forma estariam matando o próprio dono do vinhedo.
Se os seguidores de Jesus sempre o encararam como um servo submisso de
Deus era porque ainda não estava revelado a eles a própria natureza de
Jesus, textos como Mt 8:27; Jo 14:8-11 e Jo 14:20 comparados com Jo
20:28 e Lc 24:52Confirmam isso.
A oração registrada em At 4:24-30 apresenta algo interessante para a
defesa da Trindade, pois quando os discípulos citam o Salmo profético
dizem que os reis da terra, e as autoridades se ajuntariam à uma contra
Jeová e contra o ser Ungido, mas quando interpretam o texto eles só
mencionam Jesus, ou seja, em vez de disserem: “Verdadeiramente se
ajuntaram nesta cidade CONTRA TI e contra teu Santo servo Jesus, a qual
ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com os gentios e povos de Israel” eles
apenas fazem referência a Jesus. Ao citarem Jesus como servo ungido a
quem o Pa1Concedia milagres e prodígios, eles apenas procuravam
destacar o que queriam na oração, estavam, por serem servos de Deus, se
identificando com Jesus nesse aspecto, para que o pedido de concessão de
curas, sinais e prodígios por meio do nome de Jesus fosse atendido.

Deus Estava Em Cristo


Ao citarem o testemunho do Pai para com Cristo no momento do seu
batismo no Jordão, que disse “Este é meu Filho amado, a quem tenho
aprovado”(Mt 3:16,17), as T.J. perguntam: “Dizia Deus que ele mesmo era
seu próprio filho, que ele aprovara a si mesmos, que enviara a si mesmo?”
Obviamente que aqui mais uma vez elas argumentam pela torção do credo
da Trindade, o qual claramente distingue as pessoas da Divindade. Na
verdade foi o Pai quem se dirigiu a Jesus. No entanto lendo 2Co 5:19 que
diz que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo”,
poderíamos até dizer que sim, que Deus estava aprovando a si mesmo, que
tinha se enviado a si mesmo, pois Jesus, mesmo sendo distinto do Pai,
também é Deus. Em Hb 1:6 o próprio Deus se dirige a Jesus como Deus
(Como esse texto é mal traduzida na Tradução Novo Mundo, veja neste
trabalho o comentário sobre ele). As pessoas da Trindade glorificam umas
as outras, o Filho glorifica o Pai (Jo 17:4), o Pai glorifica ao Filho (Jo 17:1,5)
e o Espírito glorifica ao Filho (Jo 16:14), e assim, Deus está glorificando a si
mesmo.

O Lugar Da Trindade
Relativo ao texto de Mt 20:23, onde os discípulos Tiago e João pediram a
Jesus para sentarem no Seu Reino um a direita e outro a esquerda, e Jesus
disse que não podia concedê-lo, mas que estes lugares era para quem o Pai
havia reservado, na verdade é uma alusão a Trindade, é óbvio que o Pai, o
Filho e o Espírito devem sentar juntos no trono de Deus. Deve-se ainda
lembrar que se naquele momento, em que Cristo estava como homem, Ele
não podia conceder o privilégio de João e Tiago sentarem a sua direita e
esquerda, a coisa muda de figura quando Ele detém suas prerrogativas
divinas, note: “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu
trono; assim como eu venci, e me assente1Com meu Pai no seu trono”(Ap
3:21). Todavia, deve-se entender que de certo modo as três Pessoas da
Trindade continuarão sentadas juntas de um modo insubstituível, como
Jesus disse os lugares dos três estão reservados, se a pergunta foi dirigida
ao Pai a mesma resposta Ele teria dado.

O Homem Separado De Deus


O brado de Cristo na cruz “Deus meu, Deus meu, por que me
abandonaste?” indica a identificação dEle com o homem pecador, a frase é
tirada do Sl 22:1, e sinalizava o momento em que Jesus recebeu nossos
pecados. Não há nenhuma complicação se tivermos em mente que Jesus
era, além de distinto do Pai, possuidor de duas naturezas, a humana e a
divina.

Jesus É A Vida
Quem disse que Deus morreu quando Jesus morreu na cruz? A morte em
questão foi a do homem-Jesus, Jesus-Deus é a própria vida (Jo 14:6; I Jo
1:2; 5:12,20), se Jesus-Deus morresse a vida desapareceria do universo,
teríamos um nada absoluto. Mas o morte de Cristo refere-se apenas ao ser
lado humano, se não fosse assim como Ele poderia ressuscitar a Si mesmo,
como Ele próprio dissera em Jo 2:19-22? Como o universo teria ficado
sustentado, se é pela palavra de Jesus que ele assim está? (Hb 1:3).

O Jesus Que Sabe Tudo


O conhecimento de Jesus era limitado no seu aspecto humano. Em Lc 2:52
a Bíblia confirma que como homem Jesus teve de crescer e obviamente
aprender. Pode até parecer que esse é o nosso único argumento, sempre se
justificar na natureza humana do Senhor Jesus, mas na verdade são as T.J.
que só levam a questão para esse lado.
O texto de Hb 5:8 é até uma prova da Divindade de Cristo, pois se Ele
aprendeu a obediência somente quando se encarnou é um sinal evidente
que antes Ele não obedecia a ninguém, e assim, não podia ser, como
alegam as T.J. na página 27, uma porta-voz que era subordinado e
obediente na explicação que dão do Seu título LOGOS em Jo 1:1.
Como já dissemos sobre Ap 1:1Jesus recebeu a revelação para dar a Igreja e
não para que Ele mesmo tivesse conhecimento, a frase “Revelação de Jesus
Cristo, que Deus lhe deu” é tirada do contexto do versículo com a
finalidade de provar que mesmo depois de ressuscitado Jesus tinha um
conhecimento limitado, posta em seu contexto a falsidade da alegação é
percebida. O texto assevera que Jesus recebeu a revelação PARA DAR AOS
SEUS SERVOS e não para Ele mesmo. É interessante que quando citam Ap
1:1 as T.J. dizem que a “diferença entre o que Deus sabia e o que Cristo
sabe também existia quando Jesus foi ressuscitado”. Disto se vê que elas
sabiam da explicação que os trinitários comumente dão para Mc 13:32
onde lemos que Jesus não sabia da época do seu retorno. Mas o que
surpreende mesmo é o fato de Jesus ter dito como homem que não sabia e
as T.J. terem descoberto que isso ocorreu em 1914, é caso de se perguntar:
Jesus não conhecia a Bíblia como as Testemunhas de Jeová?? Não
conseguiu Ele fazer os mesmos cálculos que elas para descobrir quando
voltaria?
Se na base da afirmação de Mc 13:32 se deduz que Jesus não é Deus, da
mesmo forma podemos afirmar que o Pai também não é, pois Ap 19:12 diz,
com referência a Jesus, que Ele tem um nome escrito na cabeça que
ninguém sabe senão Ele mesmo. Portanto, à luz de Ap 19:12, se Jesus não
for um com o Pai, seremos forçados a admitir que o conhecimento do Pai é
limitado, o que é inaceitável, o Pai sabe tudo assim como o Filho (Jo 21:17).
Como Jesus pode dizer “certamente CEDO venho”(Ap 22:20) se não
soubesse quando irá voltar???
Também é importante lembrar que o Espírito Santo não é citado em Mc
13:32, mas sabemos que Ele sabe tudo que o Pai sabe, pois conforme 1Co
2:10 o Espírito sabe todas as coisas até as profundezas de Deus. Isso
contribui para entendermos que a declaração de Mc 13:32 omite o aspecto
divino de Jesus.

O Trono Do Pai E Do Filho


O argumento de que Jesus não está assentado no trono de Deus em Ap 4:8
e 5:7 é facilmente rebatido com Ap 3:21 e 22:3 onde se diz que Cristo está
assentado na trono de Seu Pai, e que o trono tanto é do Pa1Como é dEle.
Mais forte ainda é como traduz a Tradução Novo Mundo o versículo de Hb
1:8, onde se diz que Deus é o trono de Jesus, assim Jesus age sobre Deus, o
que O tornaria superior ao Pai, mas não concordamos com essa tradução
nem que o Pai seja superior ao Filho.

Por Que Cristo Ainda É Subordinado E Chama O Pai De Deus?


A resposta a essa pergunta é dedutiva do que já foi dito. Jesus ainda chama
ao Pai de Deus porque ainda é homem. As T.J. também tentam negar isso
dizendo que o corpo humano de Jesus não ressuscitado, por isso se faz
necessário explicarmos essa questão.
Enquanto as T.J. negam a ressurreição física de Jesus, o apóstolo Paulo faz
uma verdadeira apologia (defesa) dela em 1Coríntios capítulo 15.
Segundo as T.J. Jesus ressuscitou em espírito e não no corpo. E se baseiam
para isso, pasmem, no capítulo 15 de 1Coríntios, precisamente nos
versículos 44, 45 e 50 que dizem: “Semeia-se corpo natural, ressuscitará
corpo espiritual. Se há corpo natural, há corpo espiritual. Assim está
também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente;
último Adão em espírito vivificante...Eis aqui vos digo isto, irmãos: que a
carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção
herdar a incorrupção”. Citados desta forma, fora do contexto, esses textos
até que poderia dar uma idéia do pensamento das T.J., mas devidamente
encaixados no contexto do capítulo vemos que essa interpretação não é
verdadeira.
Na verdade o que Paulo está dizendo é que o nosso corpo como está,
corruptível, não poderia herdar o Reino de Deus, por isso ele terá que
passar por um processo, que ocorrerá na ressurreição, para que então
esteja pronto para herdar o Reino de Deus. Mas ele deixa claro que isto
ocorrerá a partir destes nossos próprios corpos, veja: “Mas alguém dirá:
como ressuscitarão os mortos? E com que com corpo virão? Insensato! O
que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando
semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como
de trigo, ou de outra qualquer semente.” Assim, fazendo uma comparação
do nosso corpo com uma semente que se planta, Paulo mostra que o corpo
da ressurreição será um corpo diferente do nosso atual, sem contudo
deixar de ser o mesmo, apenas será transformado.
É bom lembrar que esta mesma comparação Jesus fez quando falou da sua
ressurreição (Jo 12:23,24), não é toa que Paulo disse que a ressurreição de
Jesus foi a primeira da série (1Co 15:20-23), desse modo, se a nossa
ressurreição será física a de Jesus também foi.
Sobre a frase “a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem
a corrupção herdar a incorrupção” Isso fica perfeitamente compreendido
se lermos os versos seguintes, veja: “Eis aqui vos digo um mistério: Na
verdade, nem todos dormiremos, mas TODOS seremos transformados;
num momento num piscar de olhos, ante a última trombeta; porque o
trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque convém que isto que é corruptível (o corpo) se
revista da incorruptibilidade”(vs. 50-53). Portanto fica indiscutível que a
nossa carne deverá ser transformada para que possa herdar a o Reino de
Deus, ela não poderá herdá-lo se permanecer no seu atual estado de
corrupção. Observe ainda que Paulo diz que TODOS serão transformados e
não apenas um número limitado de 144 mil.
Outros argumentos dados pelos Testemunhas de Jeová para dizer que
Jesus não ressuscitou fisicamente, como o da dificuldade dos discípulos
reconhecem a Jesus após ter ressuscitado, são perfeitamente explicados
devido as circunstâncias. Maria Madalena estava chorando de madrugada
e nem estava olhando para Jesus diretamente de início (Jo 20:11-16); os
discípulos no barco estavam longe da praia e, de novo, era de madrugada
(Jo 21:4-7). Além disso, como diz Bowman, a Bíblia oferece outra
explicação do porquê dos discípulos não terem reconhecido a Jesus de
início em vez de dizer que Ele era um mero espírito: “os olhos dos
discípulos estavam como que fechados, para não O conhecerem”(Lc 24:16).
Colossenses 2:9 diz que em Cristo HABITA CORPORALMENTE toda a
plenitude da Divindade, ficando evidente que Jesus possui um corpo
atualmente.
Jesus negou ser um mero espírito “Vede as minhas mãos e os meus pés,
que sou eu mesmo, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes
que eu tenho”(Lc 24:39).
Jesus, portanto, está no céu como homem perfeito (em corpo, alma e
espírito) e possui uma nova estrutura incorruptível, pois seu corpo mortal
foi revestido da imortalidade, e por esta razão é um Sumo-sacerdote eterno
(Hb 7:21-28), o único mediador entre Deus e os homens por ser Deus e
homem ao mesmo tempo. Se Jesus não for um homem, não poderá
interceder como Sumo-sacerdote perfeito e consequentemente também
não poderemos ser salvos perfeitamente (Hb 7:25), seria o caminho aberto
para se defender o purgatório da religião católica.

A Unidade do Pa1Com o Filho


Quando a Bíblia diz que Deus é a cabeça de Cristo mais ainda comprova a
Trindade. Pois se Deus é a cabeça de Cristo como o marido o é da esposa,
então Jesus é UM com Deus, porque o marido e a mulher são UMA SÓ
carne.

Jesus É Maior Com O Pai


O texto de Jo 14:28c “o Pai e maior do que Eu” já está esclarecido, Jesus
disse isso na sua condição humana, e não só era menor que o Pai, mas
também era menor que os anjos. Mas é bom acrescentar que Jesus disse
que o Pai era maior do que Ele para que os discípulos exultassem, pois Ele
estava voltando para o Pai, ou seja, estaria readquirindo sua antiga
condição (Jo 1:1; 16:28).

Deus Sendo Tudo


Outro trecho bíblico usado como prova que Jesus é inferior ao Pai é 1Co
15:24,28: “Depois virá o fim, quando o Filho tiver entregue o Reino a Deus,
ao Pai...E, quando todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então também o
mesmo Filho se sujeitará Áquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que
Deus seja tudo em todos”. Mas ao contrário do que pensam as
Testemunhas de Jeová, esse texto mais ainda defende a Trindade, como
bem explicou o Pastor Glauco:
O texto diz que no fim, quando Jesus já estiver sujeitado tudo a si, se
sujeitará ao Pai, para que Deus seja tudo em todos. Ora, esse TUDO final
não pode significar “todas as coisas” se não teríamos que admitir o
Panteísmo (ensino herético que afirma que Deus é todas as coisas). Na
verdade o TUDO de “Deus seja TUDO em todos” é uma referência as três
Pessoas da Trindade. O que, portanto, o texto de 1Co 15:28 está nos
dizendo é que na consumação das coisas, não será mais necessário que as
três Pessoas da Trindade operem separadamente, assim Jesus se sujeitará
ao Pai para que Deus seja TUDO(Pai, Filho e Espírito Santo) em todos.
Observe que o termo “Deus” se contrasta com o Pai e o Filho, Paulo não diz
“para que o Pai seja tudo em todos”, mas “Deus seja tudo em todos”
apontando para o Pai e Filho, e sem dúvida, ao Espírito Santo.
A necessidade de Jesus se sujeitar ao Pai é exatamente pelo fato de não ser
bom que apenas uma das pessoas tome para si todo o senhorio como agora
ocorre com Cristo. Todavia quando Cristo se sujeitar ao Pai, de forma
nenhuma haverá uma diminuição do seu Senhorio, se não a declaração de
Ef 1:20-22 “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e
pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e
potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século,
MAS TAMBÉM NO VINDOURO; e sujeitou todas as coisas a seus pés...”
não teria sentido. Portanto, a grande verdade é Jesus dividirá as suas
conquistas com o Pai e o Espírito Santo.
Disto podemos então entender porque a Bíblia diz que no fim Jesus
entregará o reino a Deus, representado em Trindade no Pai (1Co 15:24),
pois convém que Ele reine sozinho, como Deus-homem, até que todos os
inimigos dos homens sejam aniquilados, sujeitos as seus pés (1Co 15:25-
26), depois disso Ele se sujeitará ao Pai, exatamente porque estará em
situação mais privilegiada do que Ele, para que Deus seja tudo no Pai, no
Filho e no Espírito Santo. Jesus é o grande campeão que vence e divide a
vitória com todos! Aleluia!!! E Deus-Pai não é como o rei Saul que invejava
as grandes vitórias de Davi; não, Ele vence em seu Filho, como os pais
humanos, que compartilham as vitórias de seus filhos com satisfação como
se eles mesmos tivessem vencidos. Por isso Hebreus 2:11 diz que o despojo
da guerra (os homens de toda língua, povo e nação) são todos de UM e não
de dois e Jesus disse:

“Todas as coisas me foram entregues por meu Pai” (Mt


11:27a).

“Ainda TENHO outras ovelhas que não são deste aprisco


(o povo judeu); também me convém agregar estas, e elas
ouvirão a minha voz, e HAVERÁ um só rebanho (e não
dois: grande multidão e 144 mil) e UM SÓ Pastor... As
minhas ovelhas ouvem a minha voz, e Eu conheço-as, e
elas me seguem. E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de
perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai,
que mas deu, é maior que todos; e ninguém as arrebatará
da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10:16...27-
30).

“Todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são


minhas; e nisto sou glorificado” (Jo 17:10).

Por que Jesus Nunca Afirmou Ser Deus?


Fazia parte da missão de Jesus não dar testemunho de Si mesmo (Mt
12:15-21; Jo 5:31), Ele testemunhava do Pai (Ap 3:14). Em nenhuma parte
dos Evangelhos encontramos Jesus se declarando o Cristo, no entanto, no
já comentado texto de Jo 5:18 vemos Ele indiretamente se fazendo igual a
Deus.
Se Jesus tivesse abertamente dito quem era, com certeza teria sido morto
antecipadamente e poria em risco o plano da salvação. Ele tinha de morrer
na cruz para receber nossos pecados. Segundo a Bíblia, quem fosse
pendurado no madeiro se tornaria maldito (Gl 3:13), como Jesus não podia
se tornar maldito por ser justo e santo, e a palavra de Deus era infalível (Jo
10:35), a solução foi imputar a Jesus os pecados da humanidade (2Co
5:21), desse modo uma perfeita e justa remoção de pecados foi realizada na
cruz.
Mas após a redenção não há mais perigo, caso haja mortes, se
explicitamente dizermos quem é Jesus (Mt 10:27,28). Ele é Deus, nosso
Salvador!
A Inferioridade Do Deus das Testemunhas de Jeová
O que mais choca neste tópico em que as T.J. se esforçam para apontar a
suposta superioridade do Pai em relação ao Filho, é o esquecimento do fato
de que o Deus delas não fica longe das divindades pagãs do tempo de Jesus
Cristo; nEle não há nada de transcendente, vemos um Deus reduzido ao
nível do entendimento humano. Chamam-no de o único Deus Todo-
poderoso, mas nem em si mesmo possui poder, seu poder fica à parte,
concentrado naquilo que chamam de “espírito santo”, enquanto de Jesus a
Bíblia diz que sustenta todas as coisas apenas pela palavra do seu poder
(Hb 1:3). Assim, se por um lado o Deus delas é superior ao homem Jesus,
não deixa de se igualar aos deuses concebidos pelas imaginações dos
homens e de ser visto como inferior ao Deus trinitariano.
Vale aqui destacar que esse modo das T.J.s verem a Deus, com o poder á
parte dEle mesmo é muito idêntico ao modo pagão como o antigos gregos
viam ao seu deus todo-poderoso, observe esta citação do livro Mythology
de Edith Hamilton (tradução do Professor Eleazar Magalhães Teixeira –
U.F.C.):
“Não obstante, ele (Zeus) não era onipotente, nem tampouco onisciente.
Poderia ser hostilizado e enganado. Na Ilíada, tanto Posídon quanto Hera o
ludibriam. Algumas vezes, também, o poder misterioso, o Fado, é descrito
como sendo mais forte do que ele.” (Apostila de Cultura Greco-Romana,
U.F.C, página 14). Essa descrição do deus grego é idêntica ao Jeová das
T.J.s, segundo elas, Ele não possui onipresença, nem onisciência e o seu
poder está numa misteriosa coisa que nunca foi criada e é distinta dEle,
chamada espírito santo. Mas vejamos se O Espírito Santo é isto que
querem os pensadores das Testemunhas de Jeová.

O ESPÍRITO SANTO – A FORÇA ATIVA DE DEUS?? (Págs. 20-23)

A pergunta se a palavra “espírito”(RÚ-AHH em hebraico e PNEÚ-MA em


grego) usada para designar a terceira Pessoa da Trindade indica a doutrina
trinitariana pode ser respondida afirmativamente.
Como já dissemos essa palavra dada a terceira Pessoa da Trindade ajuda-
nos a entender a sua função no plano da salvação do homem, que seria o de
fazer Deus habitar no coração do homem espiritualmente (Ef 2:22), dando-
lhe o conhecimento de Deus, isto é, a vida eterna (Jo 17:3), que é a
comunhão entre Deus e o homem (2Co 13:13; Jo 6:54a comp. com Jo
6:56).
Que o termo “espírito” fortalece a idéia de que o Espírito Santo é “parte” de
uma Trindade é indiscutível quando lemos 1Co 2:11: “Porque qual dos
homens sabe as cousas do homem, senão seu o espírito, que está nele?
Assim, também as cousas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito
de Deus”. Com esta comparação entre o espírito do homem e o Espírito
Santo, fica claro que o Espírito Santo faz “parte” do Ser de Deus assim
como o espírito humano do homem (1Ts 5:23). Merece destaque o uso no
versículo do pronome pessoal “ninguém” com relação ao Espírito Santo,
pois reforça Sua personalidade.
Os textos que mostram que o Espírito Santo “guiou”, “moveu” e “conduziu”
pessoas, mais ainda salientam sua personalidade, pois nestes casos a idéia
que se tem é de que estas pessoas foram transformadas em instrumentos
nas suas mãos, assim sua personalidade se destaca e se mostra mais forte
que as delas, ao ponto de ante sua operação ficarem como sendo coisas.

Concedendo Poder Além Do Normal


Se o Espírito Santo supre de poder além do normal, é porque Ele não é
poder.
Observe que o texto de 2Co 4:7 confirma que quem concede poder é o
próprio Deus e que o mesmo está em vasos de barro, ou seja, está nos
corpos dos cristãos; ora, quem habita em nossos corpos é o Espírito Santo
(1Co 6:19).
Neste mesmo tópico da página os escritores da “Deve-se Crer...” dizem: “A
Bíblia diz que, quando Jesus foi batizado, desceu sobre Ele espírito santo
na aparência de uma pomba, não em forma humana”. Ora, mas claro que
se Bíblia dissesse que o Espírito desceu em forma humana, ficaria evidente
que Ele não era uma pessoa; se é dito que o Espírito assumiu a forma de
um pássaro, é porque Ele não tem tal forma. Desse modo a Bíblia está
dizendo exatamente o contrário do que dizem as Testemunhas de Jeová. O
que realmente ocorre na Bíblia é a despersonalização da Pessoa do Espírito
Santo, onde ela é caracterizada simbolicamente, assim como acontece com
Jesus que é chamado de Água, Pedra, Leão, Pão, Caminho, Luz... , e Deus,
que é chamado de FOGO (Hb 12:29) e descrito como sendo uma pedra de
jaspe e sardônio (Ap 4:3) e também definido como luz ( I Jo 1:5). Diz a
Bíblia que somos batizados em Cristo (Gl 3:27) e cheios de Deus (Ef 3:19) e
nem por isso se conclui Jesus e Deus não sejam seres Pessoais. E se o
Espírito é simbolizado como uma pomba, que fala de mensagem (Gn 8:8-
11) e comunhão (afinal, a pomba é uma ave que estabelece comunicação
entre as pessoas), o Pai é representado por uma águia (Ex 19:4; Dt
32:11,12) que aponta sua distância, majestade e proteção, e o Filho por uma
galinha (Mt 23:37) que simboliza sua humildade, aproximação e cuidado.

O Outro Ajudador
A argumentação de que o Espírito Santo só recebe os pronomes pessoais
masculinos por causa da palavra “AJUDADOR”, que é do gênero
masculino, é totalmente desarticulada se lembrarmos que a palavra
fo1Conferida ao Espírito Santo, exatamente porque Ele é uma Pessoa.
Dizer que o uso dos pronomes pessoais é por causa da palavra no gênero
masculino é ir aos afluentes da questão; o fato é que a palavra nesse gênero
pessoal é dada ao Espírito de Deus, é isso que elas deveriam tentar
explicar.
Curiosamente a argumentação das T.J. sobre o uso do pronome em
conexão com o gênero das palavras empregadas, acaba explicando o
porquê do Espírito receber o pronome neutro já que Ele é uma Pessoa.
Ao dizer que os tradutores procuram ocultar que a palavra “espírito”
recebe o pronome neutro, para não apontar a possível idéia de que o
Espírito Santo não fosse uma pessoa é contestada pela própria citação de
uma obra trinitária que destaca isso. Na verdade não há nenhuma omissão
consciente, afinal a palavra “espírito” é aplicada a seres pessoais, como os
anjos, os demônios, homens, Jesus e Deus (Hb 1:7; Ef 2:2; Hb 12:23; I Jo
4:1; Ap 22:6; Rm 8:9; 1Co 15:45; Jo 4:24). Há um ocultismo sim, quando
os escritores da “Deve-se Crer...” não colocam o termo “OUTRO” com a
palavra “Ajudador”, o que deixaria claro que o Espírito Santo é igual a
Jesus, pois na língua grega existem duas palavras para designar o terno,
uma para seres diferentes (HÉTEROS), como em At 23:6; 1Co 15:40, e
outra para seres iguais (ÁLLOS), que Jesus usou para Ele e o Espírito
Santo em Jo 14:16. Nosso Senhor queria dizer que enviaria um Ajudador
idêntico a Ele, tanto seria, que Ele diz a seus discípulos para não se
entristecerem, pois lhes daria uma pessoa que os trataria como filhos, por
isso não ficariam orfãos com sua partida, teriam um Pai igualzinho a Ele.

A Pessoa Divina do Espírito Santo


Os textos que provam a personalidade do Espírito Santo são
abundantíssimos na Bíblia. Em Hb 10:15-17 além de dizer que o Espírito
fala, diz que Ele tem memória, escreve, tem um pacto e que as leis de Deus
são dEle. Em Rm 8:26,27 é dito que o Espírito Santo intercede e tem
intenção ou propósito. Tiago 4:5 declara que Ele tem ciúme. Em Rm 15:30
vemos que Ele tem amor. No texto de 1Co 2:14 Paulo diz que o Espírito de
Deus possu1Coisas, e não que seja uma coisa. Efésios 4:30 diz que o
Espírito Santo pode ser entristecido. Em At 5:3 Pedro diz que Ele é
testemunha juntamente com os discípulos, o que também anula a
interpretação das T.J. de I Jo 5:8. Na Tradução Novo Mundo temos em Is
63:10 que o Espírito Santo sentiu-se magoado. Contra Ele se pode
blasfemar (Mt 12:31), ultrajar (Hb 10:29), mentir (At 5:3), resistir (At 7:51),
contender (Gn 6:3), Etc.
O Espírito Santo falando com Pedro em At 10:18-20 usa para Si mesmo o
pronome pessoal “eu”(EGO), ao dizer: “levanta-te, pois, desce e va1Com
eles, nada duvidando; porque EU os enviei”. E note que neste caso está
sendo usada a palavra “espírito”.
A Bíblia também diz que o Espírito Santo ama (Rm 15:30); intercede (Rm
8:27); envia (At 13:4); possui vontade própria (1Co 12:11); nos lava,
santifica e justifica juntamente com Jesus(1Co 6:11); ressuscitou Jesus e
ressuscitará os cristãos (Rm 8:11); concede como o Pai e o Filho a graça e a
paz (Ap 1:4,5); convida (Ap 22:17); ensina e lembra os discípulos (Jo
14:16); em Sua missão não falaria de Si mesmo, glorificaria a Jesus e
convenceria os homens do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8,13 e 14);
conforta (At 9:31); dar Seu parecer sobre questões (At 15:28); batiza (1Co
12:13); escreve (2Co 3:3); é chamado de Bom (Nm 9:20); Etc. Se essas
declarações não confirmarem que o Espírito Santo é uma pessoa, nada
mais o fará, Sua personalidade é até mais destacada que a do Pai. Na
verdade das três Pessoas da Trindade a única que é plenamente definida
como pessoa é Jesus Cristo, somente Ele se apresenta sem intermediação,
o Pai era visto pelos patriarcas e os profetas e o Espírito Santo pela Igreja,
mas Jesus foi visto em um homem direta e fisicamente. Devemos entender
que as Pessoas da Trindade, com exceção de Jesus, não são pessoas no
sentido humano, na verdade são seres divinos muito além de qualquer
definição. Se Cristo não tivesse se encarnado, Deus continuaria sendo visto
como uma coisa, um ser diferente dos homens. Foram os pagãos que
procuram igualar Deus as pessoas humanas, tentando ver nele (ou neles)
os mesmos sentimentos baixos dos seres humanos. Quando a Bíblia atribui
ao Pai e ao Espírito Santo características humanas é para que não achemos
que Deus seja menor que uma pessoa humana.
A personalidade do Espírito Santo é tão superior a humana que em 2Pe
1:21 vemos os homens como meros instrumentos em Suas mãos. Veja
ainda Jz 14:19.
Ser cheio do Espírito Santo é está cheio de Sua operação. Quando Ele é
citado entre várias qualidades como a sabedoria, a fé e a alegria, é porque
estas, quando não são produzidas, são reforçadas por Ele (Gl 5:22). A obra
do Espírito Santo no cristão é no seu caráter, frutificando nele as mesmas
qualidades que haviam em Jesus, os verdadeiros cristãos são
transformados de glória em glória na própria imagem do Senhor Jesus
pelo seu Espírito (2Co 3:18).
Não é verdade que o Espírito Santo fala sempre por meio de anjos ou
homens, há diversos textos que mostram que Ele fala diretamente com a
pessoa (At 10:19; 20:22,23). E além do mais quando o Espírito Santo fala
usando outras pessoas, Ele está agindo como Deus, que não pode falar
diretamente com os homens e por isso usava os profetas (Hb 1:1). A
comparação das ondas de rádio pode até ser usada para ilustrar o modo do
Espírito Santo falar, afinal, quando ouvimos uma voz que vem por ondas
sonoras não dizemos que quem fala não seja uma pessoa.
Em Ezequiel 8:2,3 vemos o Espírito Santo em sua forma pessoal descrito
por comparações com coisas da terra, na semelhança do Pai (Dn 7:9,10) e
do Filho (Ap 1:12-16). Diz no verso 2, que Ezequiel viu um, que tinha a
semelhança do Fogo, desde a aparência dos seus lombos, e para cima,
como aspecto de resplendor, como o brilho de âmbar. No verso 3, o profeta
diz que era o Espírito Santo.
Mesmo no simbolismo a personalidade do Espírito Santo fica em
evidência, em Jo 7:38 e 39 Jesus chama Ele de “Rios de água VIVA”.
Por incrível que pareça, as únicas Pessoas da Trindade que são chamadas
de Poder é o Pai (Mt 26:64) e o Filho (1Co 1:24).

O Nome do Espírito Santo


Também é dito na página 22 que nem sempre “nome” significa um nome
pessoal. Mas em Mt 22:19 “Nome” realmente é decisivamente pessoal. O
texto diz que o batismo é em nome do Pai, E do filho e do Espírito Santo,
sendo portanto uma expressão polissindética. O conectivo “e” antes de “do
Filho” está no original grego, e é o que dá esse classificação a expressão.
Esse pequeno detalhe impede que o termo “nome” seja interpretado como
sendo “autoridade”. Polissíndeto é uma repetição intencional do escritor,
que tem como objetivo distribuir uma coisa ou idéia às várias partes
tratadas. Assim, “nome” em Mt 28:19 é para cada um dos mencionados. E
além do mais, sabemos que o Pai e o Filho são Pessoas divinas, e sendo
com Elas alistado, o Espírito fica reconhecido como uma Pessoa divina de
modo contundente. Não é semelhante quando as Testemunhas de Jeová
citam I Jo 5:6-8, onde o Espírito aparece com o sangue e a água com o
objetivo de testemunhar. Ora, aquilo que serve para testemunhar tanto
podem ser pessoas como coisas (Jo 1:7; At 2:8; Lc 12,13; Tg 5:3; Etc). E na
verdade, o sangue e a água em I Jo 5:8 estão representando uma Pessoa,
Jesus (compare com I Jo 5:6).
Mesmo que “nome” em Mt 28:19 significasse “autoridade” de forma
alguma o Espírito Santo perderia sua personalidade e igualdade com o Pai
e o Filho. Pois a expressão ainda seria polissindética e confirmaria que Ele
tem autoridade igual as duas outras Pessoas, uma autoridade divino-
pessoal. E nesse caso mais ainda se distanciaria a idéia que o Espírito fosse
um força, uma força não possui autoridade.
É interessante que os próprios autores da revista “Deve-se Crer...”
confirmam que a autoridade do Espírito é de Deus: “Assim, o batismo ‘em
nome do espírito santo’ reconhece a autoridade do espírito, que é de Deus”
(pág. 22). Eles se esquecem que o versículo cita também o Pai, não haveria
sentido o verso dizer que o batismo era na autoridade de Deus duas vezes.

A Divindade do Espírito Santo


Apesar das Testemunhas de Jeová não tentarem negar que o Espírito
Santo seja Deus, é importante destacarmos Sua Divindade, pois assim,
além confirmarmos a doutrina da Trindade mais ainda provaremos Sua
personalidade.
Em Mt 12:31Jesus colocou o Espírito Santo numa posição até mais
superior que a Pessoa do Pai, ao dizer que todo pecado e blasfêmia se
perdoará aos homens, menos a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Em Atos dos Apóstolos, onde Ele é o personagem principal, ao ponto da
Igreja chegar a denominar o livro de Atos do Espírito Santo, encontramos
no capítulo 5 versos 3 e 4 que Ele é o próprio Deus. No contexto Ele ainda é
identificado como o Espírito do Senhor (v. 9).
Comparando 1Co 3:16,17 com 1Co 6:19 fica evidente que o Espírito Santo é
Deus, somos chamados em um, de templo de Deus, e no outro, de templo
do Espírito Santo. Vale acrescentar que uma força não HABITA ou MORA,
mas uma pessoa.
Em Rm 8:9, num mesmo versículo Ele é chamado de Espírito de Cristo e
Espírito de Deus, criando uma dupla e una identificação dEle como o Pai e
o Filho.
Segundo Mt 1:18,20 o corpo de Jesus foi gerado do Espírito Santo o que
deu a Ele o título de Emanuel (Deus conosco), vs 22,23. Por sua vez ,
Lucas, além de distinguir, o Espírito Santo do poder de Deus, declara que
Jesus foi chamado Filho de Deus, porque era nascido do Espírito.
Em Hebreus 9:14, além de mostrar o trabalho das três Pessoas da Trindade
para a salvação dos homens, chama o Espírito Santo de Eterno, um
atributo exclusivo de Deus.
Jesus proferiu mandamentos pelo Espírito Santo (At 1:2).
Também em Hebreus, no capítulo 10 e versos 15-17 encontramos que a
aliança do Novo Testamento foi feita pelo Espírito Santo. Neste mesmo
texto Ele se identifica como Jeová, diz que escreverá as leis dEle nos
corações e no entendimento, e ainda fala que não se LEMBRARÁ dos
pecados e das iniquidades. Para que as Testemunhas de Jeová acreditem,
citamos o texto na própria tradução delas:
“Além disso o espírito santo também nos dá testemunho, porque, depois de
dizer: ‘Este é o pacto que celebrare1Com eles depois daqueles dias, diz
Jeová, porei as minhas leis nos seus corações e as escreverei nas suas
mentes’, diz posteriormente: ‘E do modo algum me lembrarei mais dos
seus pecados e das suas ações contra a lei”.
Também 1Ts 4:8 que diz: “Portanto, quem despreza isto não despreza ao
homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo”. Paulo
está dizendo aqui que suas recomendações era na verdade do Espírito
Santo, se fossem desprezadas envolveria ao desprezo do próprio Deus,
exatamente porque o Espírito Santo era Deus.
Ef 2:22 onde lemos: “No qual também vós juntamente estais sendo
edificados para habitação de Deus no Espírito”. É conclusivo para a
Divindade do Espírito Santo (veja ainda I Jo 3:24).
O Espírito de Deus é identificado como o próprio Cristo em Ef 3:16,17.
David A. Reed citando 1Co 6:19 da Tradução Interlinear do Reino, que
serviu de base para a Tradução Novo Mundo, argumenta: “...o seu corpo
habitação divina do espírito santo que em está em vós...” Obviamente,
estas palavras indicam que o Espírito Santo é divino e que ele habita nos
cristãos.”

Não É Força Nem Poder


Em parte alguma da Bíblia encontramos que o Espírito Santo é poder ou
força; segundo a Bíblia, Ele tem é poder (Lc 4:14; Rm 15:13,19). Em At
10:38 Pedro distingue claramente o Espírito Santo do poder de Deus. O
que a Bíblia realmente diz em 2Co 3:18 é que o Espírito é o Senhor [na
Tradução das Testemunhas de Jeová: O espírito é Jeová].
Também em 2Co 6:6,7 o Espírito Santo é diferenciado do poder de Deus.
E concluindo definitivamente, diz Zacarias 4:6 que o Espírito Santo não é
poder ou força: “Não por FORÇA nem por PODER, mas pelo Meu Espírito,
diz o Senhor dos Exércitos”. Quem somos nós para contradizer o que Deus
diz?

A Humildade Do Espírito Santo


Tenho observado algo em relação ao Espírito Santo que sempre me
incomodou. Trata-se das escassas referências dEle em quase todos os
tratados e obras sobre a Trindade, seja contra ou a favor. Na grande
maioria das vezes as considerações e os argumentos se concentram na
Pessoa de Jesus. Atentando para isso me preocupei em dá uma maior
atenção ao eterno Espírito; todavia, me senti de certo modo frustrado. Na
verdade o Espírito Santo é pouco enfocado na Bíblia. Isso me fez indagar
porquê, qual a razão dessa escassez bíblica acerca do Espírito Santo de
Deus?
A resposta não foi outra, a função do Espírito em nossa dispensação não é
se revelar, mas apontar e glorificar a Pessoa de Jesus Cristo (Jo 16:14; At
2:8; 5:32).
Vejamos o que disse Jesus sobre o Espírito Santo:
“E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja
para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque
habita convosco e estará em vós.
Não vos deixarei orfãos, voltarei para vós outros.
Ainda por um pouco e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis.
Porque Eu vivo, e vós também vivereis.
Naquele dia conhecereis que Eu estou em Meu Pai, e vós em mim, e Eu em
vós.
Aquele que tem os Meus mandamentos e os guarda, esse é o que Me ama.
E quem Me ama será amado de Meu Pai, e Eu também o amarei e Me
manifestarei a ele.
Disse-Lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que pretendes manifestar-
te a nós, e não ao mundo?
Respondeu-lhe Jesus: Se alguém Me amar, guardará a minha palavra, Meu
Pai o amará, e viremos para ele e nele faremos morada”(Jo 14:16-23).
No texto bíblico acima citado Jesus informa a seus discípulos que não iria
deixá-los solitários, orfãos; haveria de ir para o Pai, mas voltaria para eles,
e como seria isso feito? Por meio de outro Consolador (Ajudador), outra
Pessoa igual a Ele viria aos discípulos, tratava-se do Espírito Santo. E Ele,
diz Jesus no versículo 16, ficaria para sempre, estaria com eles até o final
de suas vidas, jamais se distanciaria. Tal declaração de Jesus visa o
conforto de seus discípulos que percebiam Sua iminente partida. O verso
20 que diz: “Naquele dia conhecereis que Eu estou no Pai e vós em mim e
Eu em vós” significa que após a ressurreição os discípulos conheceriam a
Divindade de Cristo interiormente, em seus espíritos, entenderiam que
Jesus está no Pai porque tem sua natureza (Jo 7:39 e Jo 20:22). Ele
possuía uma unidade que seria estendida à eles por ficarem co-
participantes dessa natureza divina (2Pe 1:4), seriam filhos de Deus,
membros da Sua família(Pai, Filho e Espírito Santo), Deus, no Pai e no
Filho, habitaria neles pelo Espírito (Ef 2:18-22).
Assim, fica claro que não é necessário o Espírito atentar ou considerar a Si
mesmo, basta revelar Jesus, pois assim fazendo está automaticamente Se
dando a conhecer. Por esta razão, as páginas do Novo Testamento, de Sua
própria autoria, se detém em dizer o que Jesus é, o que Ele fez e como
podemos ser salvos. Por isso se a Divindade de Jesus for confirmada, a
Trindade também o será, e o Espírito será aceito como Pessoa e Deus.
Jo 16:12-14 é um texto claríssimo para provar que o Espírito Santo trabalha
em torno de Jesus, atente para os grifos:
“Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora;
quando vier, porém, o Espírito da Verdade, Ele vos guiará a toda a
verdade; porque NÃO FALARÁ DE SI MIM MESMO, mas dirá tudo o que
tiver ouvido”. O “mas voltareis para vós outros” de Jo 14:18 é
conclusivamente a verdade da igualdade do Espírito Santo com Jesus. A
similaridade entre os dois é tão grande que o Senhor afirma que Ele
mesmo é quem voltaria. O verso de 17, anterior a este, é como uma
preparação para esse entendimento de igualdade de Jesus com o Espírito,
Ele diz: “Vós o conheceis, porque habita convosco”(isso nos faz recordar Jo
14:8,9: “Replicou-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
Disse-lhes Jesus: Filipe, há tempo estou convosco, e não me tens
conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o
Pai?”). Jesus em Jo 14:17 está dizendo que o Espírito habitava com eles por
meio de Sua Pessoa, por isso eles o conheciam, assim como conheciam o
Pai. Mas o verso 18 acrescenta algo: Vós o conheceis, porque habita
convosco e ESTARÁ EM VÓS. Isso queria dizer que a vinda do Espírito
Santo seria para dentro dos corações dos discípulos, fazendo o
conhecimento de Jesus ou do Pai deixar de ser externo, e quando isso
acontecesse se cumpriria o verso 20: “Naquele dia (da ressurreição) vós
conhecereis que eu estou em meu Pai”(confira isto lendo Jo 20:22,28).

QUE DIZER DOS TEXTOS QUE PROVAM A TRINDADE?


(Páginas 23-29)

A maioria dos textos bíblicos que provam a Trindade foram alterados na


Tradução Novo Mundo das Testemunhas de Jeová, exatamente no aspecto
da Divindade de Jesus Cristo, que é o fundamento desta doutrina, tanto
pela Bíblia como pela história do credo formal.
Vejamos alguns desses textos:
Em Tito 2:13, Paulo diz que aguardamos a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.
Todavia na bíblia das T.J. é colocado um “do” entre parênteses de um
modo que esconde a declaração da Divindade de Cristo, sob a esfarrapada
desculpa de se querer esclarecer o texto. Mas no original não existe o “do” e
os próprios tradutores o admitem quando acrescentam o parênteses. Na
verdade esse acréscimo espúrio acaba é por confundir o texto sagrado. O
versículo está falando da Segunda vinda de Cristo em glória (Mt 24:30), a
Bíblia jamais fala da vinda do Pai, mas sempre na de Jesus em glória
divina, é a sua vinda que é a bem-aventurada esperança (1Ts 4:13-18). A
epístola de Tito por sua vez tanto chama a Jesus como a Deus de Salvador
(1:3,4; 2:10; 3:4,6), o versículo 2:13 portanto, serviria para esclarecer essa
alternância significativa.
Outro texto adulterado de forma idêntica é 2Pedro 1:1, onde lemos: “Simão
Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé
igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”.
No entanto, mais uma vez os tradutores da bíblia das T.J. inserem um
“do”, e mais uma vez o tiro sa1Pela culatra, pois se meditarmos no
versículo desse modo como elas apresentam, teremos a conclusão que há
duas justiças, a de Deus e a de Jesus, e que a fé salvadora vem por elas.
Ora, todos sabem que a justiça apontada e destacada em toda a Bíblia é a
de Deus, na carta de Romanos nada se fala da justiça de Jesus. Portanto
essa justiça de Jesus é a mesma de Deus, por isso é totalmente
desnecessário inserir o “do” sobre pretexto de esclarecer algo. Vale ainda se
observar que Pedro neste verso busca o unidade, ele une todas as Igrejas
na mesma fé que vinha da mesma justiça. Não seria, pois, de se estranhar
que ele trouxesse à tona a unidade de Jesus com o Pai.
I Jo 5:20 diz que Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna, mas também é
mudado na bíblia das Testemunhas de Jeová, que fazem com que a
declaração “verdadeiro Deus e a vida eterna” fique com uma ambiguidade,
criando uma dificuldade para se saber a quem se refere, se ao Pai ou ao
Filho. Mas no original grego não existe tal ambiguidade, aliás a língua
grega sendo uma das mais precisas das que existem, raramente possui
ambiguidades. Bowman e Glauco observam também que a mesma pessoa
chamada de ‘Deus verdadeiro’ também possui o título de ‘vida eterna’, e
quem é chamado de vida eterna na Bíblia e principalmente no contexto do
versículo é Jesus e não o Pai (I Jo 5:11-15; 1:2; Jo 14:6). No início da
epístola de João, lemos: “pois a vida foi manifestada e nós a temos visto, e
dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a
nós foi manifestada”. Portanto, se Aquele a quem I Jo 5:20 chama de
verdadeiro Deus é também a vida eterna, esse só pode ser Jesus.
Deve-se ainda dizer de I Jo 5:20 que Jesus está enfocado em todo o
versículo. É dito que Ele é vindo, ou seja, se encarnou, e deu o
conhecimento dAquele que é verdadeiro, no caso, o Pai (Jo 1:18), e como
diz Jo 17:3, esse conhecimento do Pai é a vida eterna. Também em I Jo
5:20 é dito: “e no que é verdadeiro ESTAMOS”, ou seja, temos comunhão e
não conhecimento mental, e esse conhecimento, diz ainda o versículo, foi
dado por meio de Jesus Cristo. Ora, se o conhecimento íntimo de Deus só
pode ser conseguido por Jesus é porque quem conhece a Ele, conhece a
Deus (Jo 14:7-9; 8:19). Assim a conclusão final é que Jesus é a vida eterna
(conhecimento ou comunhão com o Pai, Jo 17:3) e o verdadeiro Deus.
Romanos 9:5 é outro texto traduzido erradamente na versão das
Testemunhas de Jeová. O pastor Glauco explica que o versículo está
dizendo que Cristo era descendente dos judeus e também o Deus bendito
eternamente. Mas na Bíblia das T.J. os tradutores transformaram a
declaração da Divindade de Jesus em uma expressão de glorificação, o que
seria incoerente com o que se estava dizendo no contexto. Paulo estava
lamentando que os judeus não estavam crendo no Evangelho, desse modo
seria estranho Paulo dar graças a Deus e glorificá-lo no final de uma
lamentação. Assim a tradução além de estar errada é incoerente e
incompatível com o contexto.
Hebreus 1:6 onde temos outra prova da Divindade de Cristo é também
alterado na tradução das Testemunhas de Jeová. O verso diz que todos os
anjos devem ADORAR a Jesus, mas os tradutores trocam o verbo
“adorar”(PROSKYNEO) do texto por “reverenciar”(IEROPREPÉS). Aliás,
não é só aqui que é dito que Jesus é adorado em Lc 24:52Também temos o
registro de que os discípulos adoravam a Jesus, mas tradução persiste na
mudança arbitrária (veja ainda MT 2:2; 8:2).
Neste mesmo capítulo de Hebreus encontramos outra adulteração, o
versículo 8 onde lemos que o Pai diz para Jesus: “o teu trono, ó Deus, é par
todo o sempre; e: Cetro de equidade é o cetro do teu reino”. No entanto,
registra a tradução Novo Mundo: “Deus é o teu trono”. Mas isto seria dizer
que Jesus era superior ao Pai. Parece que as Testemunhas de Jeová
pretendiam dizer que a origem da autoridade de Jesus era de Deus, mas as
Escrituras nunca dizem que um trono é fonte de autoridade, mas a
“posição” ou o lugar de onde de governa, por isso o céu é chamado o trono
de Deus (Mt 5:34), sem contudo dizer que a origem do poder de Deus é o
céu. A torção acaba dizendo que Jesus age sobre Deus, e na Bíblia, como
aponta o pastor Glauco, aquilo que age sobre uma coisa é maior do que ela
(Mt 23;17-22). Portanto, quem está assentado sobre o trono é maior que o
trono: “Aquele que jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por AQUELE
QUE ESTÁ ASSENTADO NELE”. Mas Jesus não é maior que o Pai, é igual,
a tradução portanto, para todos os efeitos, está errada.
Atos 20:28 fala que os bispos que o Espírito Santo constituiu deveriam
apascentar o Igreja de Deus, que Ele comprou com seu próprio sangue,
sendo uma clara prova que Jesus é Deus, também é torcido na tradução
delas, fazem um verdadeiro malabarismo.
Outra irregularidade da bíblia das T.J. está no título Senhor (em grego
KYRIOS) que correspondia ao nome de Deus do Antigo Testamento. Os
tradutores da Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento,
traduziram o Tetragrama do nome de Deus por essa palavra, que na
cultura grega revelava divindade. Como era importante para as T.J.
destacarem o nome “Jeová” no texto do Novo Testamento, elas resolveram
inseri-lo toda vez em que a palavra Kyrios aparecesse. Mas a grande
demonstração de incoerência dos tradutores acontece quando a mesma
palavra é conferida a Cristo, nestes casos eles não traduzem pelo nome
“Jeová”, mas pela expressão “senhor”. Nenhuma explicação justifica este
critério, a não ser a idéia preconcebida de que Jesus não pode ser Deus.
A vista destas, e de outras, grosseiras torções da Bíblia Sagrada, fica
manifesto que as Testemunhas de Jeová procuram negar e esconder a
Divindade de Jesus na Bíblia delas, são portanto, falsificadores da Palavra
de Deus (2Co 4:2) e estão debaixo da terrível condenação de Ap 22:18,19.
Talvez seja por isso que as Testemunhas de Jeová não se inibem quando
torcem outras literaturas para justificar suas doutrinas.
O que causa grande estranheza, após constatarmos essa luta em esconder a
Divindade de Jesus Cristo, é o fato de que em Jo 1:1 as Testemunhas de
Jeová admitem que Jesus é Deus, ou pelo menos UM Deus, e no entanto
procurarem torcer todas as referências em que Ele é chamado de Deus
(exatamente por causa da enorme dificuldade de se inserir o artigo
indefinido toda vez que Jesus fosse chamado de Deus). Parece que crença
da divindade de Jesus que possuem, nada mais é que uma grande
dificuldade gerada para elas pelo texto de Jo 1:1, esquecida a passagem, a
suposta meia-divindade de Cristo não é mais reconhecida. Como elas
podem ser dignas de crédito com tais atitudes de pessoas sem padrão,
sensatez e caráter?

Os Textos Trinitários
Os textos de Mt 28:9; 1Co 12:4-6 e 2Co 13:13 apesar de não serem
versículos que procuram definir ou elaborar a doutrina da Trindade, são
contudo importantes para vermos as funções das três Pessoas da
Divindade, bem como da sua unidade por sempre mostrarem as três
unidas.
Mateus 28:9 nos diz: “Portanto (por ter Jesus todo o poder no céu e na
terra, verso 8) ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os no
nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Este texto é o que poderíamos
chamar da assinatura de Deus aprovando o Evangelho, enquanto que em
Mt 3:16,17 referente ao batismo de Jesus seria o aval inicial. O versículo
prova a Trindade porque o termo “Nome” está no singular, apontando uma
unidade das três Pessoas. A ordem das Pessoas é também significativa,
bem como a relação do versículo com o anterior, onde Jesus afirma Ter
todo o poder no céu e na terra. O verso e contexto ainda falam em termos
absolutos: TODO o poder, TODAS as nações, TUDO o que foi ensinado,
TODOS os dias, o que infere diretamente que Deus é citado em todas as
Pessoas. A pergunta do porquê de se batizar em nome do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo e não simplesmente em nome Daquele que tem todo o
poder é deixada subentendida, e esclarece o fato de Jesus não Ter de
tornado superior ao Pai e ao Espírito.
O segundo texto, 2Co 13:13 registra: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos.
Amém.” Este versículo mostra o relacionamento das Pessoas da Trindade
com a Igreja. É interessante que cada uma das bênçãos de cada uma das
Pessoas também pertencem as outras, a graça é de Jesus, mas também
provém do Pai (Tt 2:11) e do Espírito (Hb 10:29; Ap 1:4); o amor é
atribuído a Deus, mas também é de Jesus (Ef 3:19) e do Espírito(Rm 5:5;
15:30); a comunhão do Espírito é também do Pai e do Filho(I Jo 1:3). Vale
notar que se o Espírito Santo fosse simplesmente o poder de Deus não
seria preciso ser citado, pois em “Deus” o poder já estaria incluído. Dizer
da comunhão do Espírito é incompatível com o idéia que Ele se trate de
uma força, não comungamos com poder, mas com pessoas.
O texto de 1Co 12:12:4-6 que diz: “ora há diversidade de dons, mas o
Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o
mesmo. E há diversidades de operações, mas é o mesmo Deus que opera
tudo em todos”. Esse texto fala das diversas operações de Jesus e do
Espírito Santo, na verdade a Pessoa do Pai não é retratada aqui, a
expressão “mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” parece mais
uma conclusão do que é dito sobre o Filho e o Espírito, seria uma
declaração da Divindade e da unidade da Segunda e da Terceira Pessoa da
Trindade.
E não são apenas esses três textos que alistam juntas as três Pessoas da
Trindade, temos ainda: Mc 1:9-11; Lc 1:35; 3:21,22; Jo 3:34-36; 14:16,26;
15:26; 16:13-15; At 2:32,33,38 e 39; Rm 15:16,30; 1Co 6:11; 2Co 3:4-6; Gl
4:6; Ef 1:3-14; 2:18; 3:14-17; 4:3-6 (um texto que trata de unidade); 2Ts
2:13,14; 1Tm 3:15,16; Tt 3:4-6; Hb 9:14; 10:7, 10-15; 1Pe 1:2; 4:14; 1Jo 4:2;
Jd 20,21; Ap 1:45; Etc.
O fato de tantos textos do Novo Testamento mostrarem o Pai, e o Filho e o
Espírito Santo unidos é muito significativo para provar a igualdade e
unidade destas três Pessoas, assim como Abraão, Isaque e Jacó, que
sempre aparecem juntas, eram o mesmo tipo de pessoa – patriarcas,
unidos pelo parentesco e pela promessa; e Pedro, Tiago e João, sempre
também juntos, serem todos a mesma coisa – apóstolos, sendo unidos pela
intimidade com Jesus. Tudo nos leva a crer que o Pai, e o Filho e o Espírito
Santo sejam Deus por essas citações dos três sempre juntos em momentos
especiais e solenes.
Vejamos agora os principais textos bíblicos onde a Divindade de Jesus é
contundentemente asseverada, considerando as observações das
Testemunhas de Jeová. Vale relembrar que se a Divindade de Jesus for
confirmada por eles, toda a doutrina trinitariana também o será. O fato de
os textos apenas considerarem a relação entre o Pai e o Filho não exclui
totalmente o Espírito Santo da questão, afinal Jesus disse que o Espírito
seria um Ajudador igual a Ele.

Eu E O Pai Somos Um
João 17.21,22 é usado pelas Testemunhas de Jeová para esclarecer a
declaração de Jo 10.30: “Eu e o Pai somos um”(uma prova da unidade de
Jesus e o Pai). Segundo esse paralelismo entre Jo 10.30 e Jo 17.21,22 as
Testemunhas de Jeová entendem que Jesus e o Pai eram “um” em
“pensamento” e não em “substância” ou “essência”.
Mas essa explicação das Testemunhas de Jeová é insustentável. Primeiro
porque conforme Fp 2.12; Rm 14.3-5; 1Co 1.10 e 2Co 13.11 a unidade de
pensamento nem sempre ocorre entre os cristãos. Até o apóstolo Paulo e
Barnabé tiveram suas diferenças (At 16.36-39).
Em Jo 10.30 Jesus falava de ser “um” com o Pai na “natureza”, como bem
confirma Hb 1.3. O texto de Jo 17.21,22Pode realmente se relacionar com
Jo 10.30, mas com o mesmo sentido, pois conforme 2Pe 1.4 todos os
crentes são participantes da natureza divina, por terem recebido o Espírito
Santo, formam “uma unidade no espírito”(Ef 4.3), sendo todos filhos de
Deus por adoção (Rm 8.9,15-17; Gl 3.26; 4.6,7), formando uma família (Ef
2.18,19), um só rebanho (Jo 10.16), um só corpo de Cristo(Ef 4.3,4), uma
unidade orgânica e de natureza espiritual, como estabelece a Bíblia: “E a
comunhão do Espírito Santo” – 2Co 13.13 compare com Ef 2.18-22; 1Co
12.13 e Gl 3.26-28.
OBS.: Essa unidade entre os crentes ainda serve para refutar a idéia de
haver dois grupos de cristãos com esperanças diferentes (Ef 4:4).
Deve-se observar que o texto de Jo 17.21-23 está falando de pessoas e não
de pensamentos ou propósitos, Jesus pedia que aquelas pessoas que ainda
iam crer fossem uma unidade com os seus atuais discípulos, assim como
Ele era com o Pai. Não haveria necessidade de Cristo se preocupar com a
unidade de pensamento, pois a própria doutrina cristã encontrada na
Bíblia estabelece essa união nos seus aspectos essenciais.
Em 1Co 3:6,8 Paulo não está dizendo que ele e Apolo eram a mesma
pessoa, mas que tinham a mesma função, ou seja, eram cooperadores de
Deus (1Co 3:9).
A palavra grega neutra “um”(HEN)nada altera na interpretação
trinitarista, pois “natureza” ou “essência” não é o que possamos chamar de
pessoa masculina ou feminina, é antes uma coisa, uma expressão neutra. O
Dicionário Grego – Português de Isidro Pereira, S. J. registra sobre esse
termo como “substantivo neutro, significando a unidade.”(pág. 185).
Assim, o dicionarista traduz a palavra grega por unidade, e é exatamente
este o sentido que reflete o credo da Trindade. Uma palavra derivada desta
é HENÓTES traduzida por “unidade” em Ef 4:3,13. O fato de ser neutro
não impede do termo HEN se associar com seres pessoais, em Rm 5:12 ele
é usado em relação a Adão: “...assim como por UM SÓ homem entrou o
pecado no mundo”, lembrando que na verdade o pecado entrou por Adão e
Eva, e que a única maneira de explicar a declaração de Rm 5:12 é o fato de
Adão e Eva serem UMA SÓ carne, mais ainda reforçando a idéia
trinitarista de Jo 10:30. O mesmo termo ocorre em Mc 12:6 “Restava¬-lhe
ainda UM, seu filho amado...”, que claramente trata-se de uma pessoa, que
representaria a pessoa de Jesus.
É muito fácil entendermos porque Jesus não usou o numeral “um” no
gênero masculino ou feminino, se Ele tivesse usado HEIS (UM –
masculino) teria dito que Ele e o Pai eram UM (Deus), o que daria margem
a se crer na existência de outros deuses; se tivesse usado MIA (UMA)
estaria ensinando que Ele e o Pai eram UMA (Pessoa). Mas Jesus e o Pai
são Pessoas distintas e não são UM Deus, mas o único Deus verdadeiro.
A expressão de João Calvino de “os ANTIGOS usaram mal Jo 10.30,
entendendo que o Pai e o Filho tinham a mesma essência”. É mais uma
prova que os pais apostólicos criam na Trindade. Entre Calvino(do séc.
XVI)e os pais dos primeiros séculos, prefiro os segundos.
Sobre o contexto de Jo 10.30 deve-se observar que Cristo não disse: “Eu e o
Pai somos um em pensamento”, mas que os homens na Escritura foram
chamados de “deuses”, revelando assim, que Jo 10.30 tratava mesmo de
Jesus e o Pai serem Deus. Ao dizer que os judeus não podiam acusá-lo de
blasfêmia por se chamar “Filho de Deus” usando o Sl 86.6, Ele mais ainda
provou que “Filho de Deus” revela Divindade.
Com respeito ao uso do Sl 82Por Jesus neste contexto, diz o teólogo Josh
Mcdowell: “Jesus defrontava aqueles judeus com a seguinte questão: ‘não
se detenham com o uso do termo “Deus”. Olhem para mim observem as
minhas obras. Elas são de Deus? Caso sejam, acreditem no que digo,
inclusive nos nomes que dou a mim mesmo’ Ele estava confirmando sua
Divindade por suas obras. Os homens do Sl 82Julgavam como Deus, mas
Jesus fazia as obras de Deus, se para aqueles não era errado serem
chamados de Deus, quanto mais Ele”.
Se em Jo 14:9-11Jesus aponta para suas obras afim de que os discípulos
cressem que Ele era idêntico ao Pai, o mesmo ocorre em Jo 10:30 e 38,
onde a unidade dos dois é apontada. Um texto apoia o outro.
Vale observar que os versículos 28 e 29 são a razão de Jo 10.30. No 28
Jesus fala que suas ovelhas estariam seguras por estarem em suas mãos,
mas no 29 Ele diz que Essas mesmas ovelhas não seriam arrebatadas da
mão de seu Pai, a aparente confusão é esclarecida quando Jesus profere o
versículo 30 deixando claro que Ele e o Pai eram o mesmo Ser (Deus).
Assim o contexto anterior esclarece, ou melhor, é esclarecido por Jo 10.30.
Sobre o contexto posterior, citamos o comentário de Robert Bowman: “A
queixa dos judeus, em Jo 10, era porque Jesus ao chamar Deus de seu
próprio Pai, estava alegando ser Deus (Jo 10.30-33). A Revista “Deve-se
Crer...”declara que Jesus, na sua resposta, ‘argumentou enfaticamente que
suas palavras não eram uma afirmação de que Ele era Deus’(Pág. 24). Isso
é interessante, porque, nesse caso, deve ser considerado incorreta a
tradução Novo Mundo que diz: ‘Tu, embora sejas um homem, tem fazes
um deus’. Mas Jesus em Jo 10:34-36 certamente não negou que era Deus.
Simplesmente reasseverou mais enfaticamente aquilo que escandalizava os
judeus desde o início, a saber, que Ele era o Filho de Deus de um modo
exclusivo. Jesus estava refutando o mal-entendido que sua declaração de
ser Deus envolvia uma reivindicação de ser um Deus INDEPENDENTE.
Jesus passou então, a dizer que a comprovação da Sua reivindicação
achava-se no fato que Ele fazia obras que somente Deus podia realizar (Jo
10:37,38). O resultado foi que os judeus ‘tentaram NOVAMENTE
apoderar-se dele’(10:39 TNM), obviamente porque ainda entendiam que
Ele estava declarando que era Deus. É digno de nota que na revista “Deve-
se Crer...”, as Testemunhas Jeová param no verso 36, e deixam de
considerar o significado dos versículos 37-39”.
Vale destacar que a expressão SOMOS de “Eu e o Pai somos um”, deixa
bem evidente a distinção das Pessoas do Pai e do Filho, enquanto o termo
“um” aponta a unidade como prega o credo da Trindade.
Ver no termo “um” de Jo 10:30 “pensamento ou propósito” é dizer que Pai
e o Filho não são seres pessoais, Jesus estava dizendo o que Ele e o Pai
eram. Os judeus não queriam apedrejar Jesus porque entenderam que Ele
era UM pensamento com o Pai, mas porque Ele estava se fazendo Deus (Jo
10:30-33).

Fazendo-se Igual A Deus


Em Jo 5:18 onde se diz que os judeus queriam matar Jesus porque chama a
Deus de seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Não era uma acusação
dos judeus como dizem as Testemunhas de Jeová. Na verdade o
comentário é do próprio apóstolo João. O apóstolo está explicando o
porquê dos judeus quererem matar a Jesus, porque Jesus dizia que Deus
era seu próprio Pai, e Jesus dizia isso mesmo. Quando Jesus disse isso, Ele
(Ele mesmo) se fazia igual a Deus.

Igual A Deus!
Filipenses 2:6 e seu contexto é uma das passagens bíblicas mais claras
sobre a encarnação e Divindade de Jesus Cristo. A tradução João Ferreira
de Almeida, edição revista e atualizada traduz impecavelmente, desta
forma:

“Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou


como usurpação o ser igual a Deus”

Vejamos em grego, numa tradução interlinear, se a tradução de Almeida é


digna de confiança:

Grego: HÓS EN MORFÊ THEÔ HUPÁRKON OUKH


Português: que em forma de Deus subsistia não

Grego: HARPAGMÓN HEGÉSATO TÓ EÎNAI ÍSA THÕI


Português: usurpação considerou o ser igual a Deus

Muito diferente do que se têm na tradução das Testemunhas de Jeová,


observe nossos grifos, pois apontam o acréscimos de palavras estranhas ao
original na tradução delas:

“o qual, embora existisse em forma de Deus, não


deu consideração a uma usurpação, a saber, que
devesse ser igual a Deus”

A expressão explicativa “a saber, que devesse” é inexistente no original.


Tradução mais literal que se pode ter de Fp 2:6 seria:

“que em forma de Deus subsistia não usurpação


considerou o ser igual a Deus”

Desse modo perfeitamente se ver que a versão Almeida busca apenas


organizar a tradução e não explicá-la.
Na revista “Deve-se Crer...”os autores citam diversas traduções de
Filipenses 2:6 para dizer que os tradutores das duas versões americanas
violaram as regras gregas para defender ou apoiar objetivos trinitaristas.
Mas parece que as Testemunhas de Jeová brasileiras não possuem mente
para pensar, essa deficiência se deu apenas com as versões americanas.
Nós brasileiros fizemos uma perfeita tradução. A nossa mostra que Cristo
não necessitava usurpar a igualdade com Deus porque já a possuía. Apesar
desse significado ser dado na revista, os autores não comentam de jeito
nenhum, limitam-se a criticar os tradutores das versões inglesas que
deram o sentido “que Jesus desejou RETER a igualdade com Deus”, que
realmente está errado.
Vejamos agora a questão do contexto. Está claríssimo a finalidade de Paulo
ao escrever Fp 2:6, ele desejava que os cristãos filipenses imitassem a
Jesus. E o que Jesus fez? Esvaziou-se da sua forma de Deus para assumir
uma inferior. Essa “forma de Deus” em que Jesus subsistia o tornava igual
a Deus, por isso não Lhe era uma usurpação ser igual a Deus. Mas apesar
disso, de ser igual a Deus, Jesus tomou a forma de homem, de servo, e
nesta ainda assim se humilhou entregando-se a uma morte desprezível.
Isso não é outra coisa, é auto-humilhação e humildade.
Por outro lado a bíblia das Testemunhas de Jeová não transmite a idéia de
humildade com sua tradução de Fp 2:6, pois se Jesus quisesse rejeitar uma
igualdade com Deus, não sendo Deus, não estaria sendo humilde, mas
sincero.
Realça mais ainda a Divindade de Cristo, o fato de Fp 2:7 afirmar que
Jesus se tornou semelhante aos homens, assumindo a forma de servo. Ora,
se Cristo assumiu outra forma (a de homem), fica forçosamente induzido
que Sua forma original não era essa. Como o verso 6 afirma, a forma de
Jesus na sua preexistência era a de Deus. Daí a conclusão: “se forma de
homem” significava ser homem, “forma de Deus” é o mesmo que ser Deus!
OBS.: O verbo HUPARCSO de “subsistindo em forma de Deus” tem o
sentido enfático no grego de “realmente existir”. Jesus era realmente
Deus?
Reforça mais ainda a Trindade a construção grega de Fp 2:6: O verbo
“huparcso”(existir realmente) está no particípio presente, que em grego
não expressa a idéia de tempo mas de “qualidade da ação”, na passagem
em questão ele está em contraste direto com os AORISTOS (outro tempo
grego) que o seguem, e portanto tem o sentido de um estado permanente,
ou seja, Cristo Jesus existia e existe eternamente na forma de Deus. Isso
aponta o fato de que Jesus ao assumir a forma de homem não deixou
totalmente a sua forma de Deus, Ele apenas se esvaziou dela.
Digna de nota é a observação do pastor Glauco: “Dizem as ‘testemunhas de
jeová’ que a forma de Deus que Cristo tinha era espírito. Esta é uma
interpretação errônea, pois espírito é a essência e não a forma. Por
exemplo, não tem sentido se dizer que a forma de uma bola de futebol é
plástico, mas sim, que é redonda. Os homens e animais são carne e osso,
no entanto possuem formas diferentes (Dt 4:12,16,17e 18). Os anjos são
espíritos, todavia não possuem a mesma forma de Deus. A forma de Deus é
atribuída a Cristo, como também ao Pai (Jo 5:37), pois Cristo é um com o
Pai, logo o fato de Cristo Ter a forma de Deus o faz Deus.
Com a ajuda da ‘Orford Universit Press’ citamos o rodapé do texto em
questão na ‘New Scofield Reference Bible’, cujos autores são
mundialmente reconhecidos como sendo competentes mestres da Bíblia:
‘Esta é uma das afirmativas mais incisivas do Novo Testamento sobre a
Divindade de Jesus Cristo. A forma grega (Morphe) é a aparência externa
pela qual a pessoa ou coisas dá na vista, é uma forma externa
verdadeiramente indicativa da natureza interior da qual brota. Nada nesta
passagem ensina que a Palavra Eterna (Jo 1:1) se esvaziou de sua natureza
divina ou de seus atributos, mas apenas da manifestação externa e visível
da Divindade. Deus pode mudar de forma, mas Ele não pode deixar de ser
Deus’
Portanto se Cristo era Deus, por Ter a forma de Deus, jamais seria para Ele
uma usurpação querer ser igual a Deus como diz a tradução Novo Mundo,
logo essa tradução está errada, e está certa a que diz que Cristo não tinha a
usurpação de ser Deus, exatamente por já sê-lo”.
Sobre o contexto de Fp 2:6 que Paulo diz que devemos seguir o exemplo da
humildade de Cristo, e que cada um deve considerar os outros melhores do
que a si mesmo, observa Bowman que na base dessa declaração, a
brochura (Deve-se Crer...) conclui que Jesus “reputava a Deus como sendo
melhor do que Ele”, e assim negou ter qualquer tipo de igualdade com
Deus (Págs 25,26). Mas essa conclusão é o inverso do argumento do
contexto. Paulo não está dizendo aos cristãos que são REALMENTE
inferiores uns aos outros (obviamente não, pois nem todo cristão pode ser
inferior a todo outro cristão!), mas que devem tratar uns aos outros COMO
SE a outra pessoa fosse mais importante, ou melhor. E então cita o
exemplo supremo: Cristo, na realidade, não era inferior a Deus, e poderia
até reivindicar o direito de ser tratado igual a Deus, mas pelo contrário, Ele
até optou por Se fazer um servo de Deus e humilhar-se como homem, até o
ponto de morte (vv7,8). Isso se encaixa com perfeição com a doutrina da
Trindade, porque ensina que as três Pessoas são iguais na natureza, mas
tão perfeitas em amor que procuram glorificar umas ás outras, ao invés de
a Si mesmas.
Acerca da citação de Ralph P. Martin a respeito da palavra grega
“harpagmos” em Fp 2:6, que segundo ele não tem o significado de “reter”,
mas “usurpar”, temos mais uma vez as Testemunhas de Jeová agindo de
uma forma oportunista e desonesta, isso porque não se preocupam em
mostrar todo o pensamento do Ralph P. Martin, que sendo trinitarista
deveria ter uma explicação plausível para confirmar que o texto de
Filipenses não nega a Divindade Toda-poderosa de Jesus Cristo.
O mesmo erudito diz em seu comentário de Filipenses da Série Cultura
Bíblica da Editora Mundo Cristão, página 109, sobre a expressão
“subsistindo em forma de Deus”: “E. Schweizer discute a idéia de ‘Morphê’
como uma ‘condição’ ou ‘status’, ao referir-se à posição ‘original’ de Jesus à
face de Deus. Ele foi o ‘primeiro homem’, mantendo um lugar único
DENTRO DA VIDA DIVINA, E SENDO UM, COM DEUS. O sentido de
‘condição’ seria adequado ao significado exigido pelo versículo 7b. Aquele
que estava no princípio junto a Deus – como a Sabedoria em Provérbios 8
e Siraque 24 – preferiu identificar-se com os homens e aceitar a condição
humana ‘na forma de servo’. Em suma, esta última opinião TEM MUITO a
seu favor, especialmente em vista dos estreitos laços entre o ‘justo’ e figura
personalizada da Sabedoria, na literatura Sapiencial judaica”(grifos
nossos). Assim, Ralph aceita que Fp 2:6a significa que Jesus era Deus.
O sentido de Fp 2:6a para Ralph P. Martin é tirado pela palavra
“harpagmos”, citando C. F. D. Moule, ele diz que Cristo poderia ter
usurpado ou arrebatado o uso da igualdade com Deus (de fato o texto
sugere isso), mas não o fez, e em vez disso assumiu uma igualdade com o
homem.
Portanto a interpretação de Ralph é que Cristo poderia ter usurpado o uso
da igualdade com Deus, e se perguntássemos porquê, a resposta seria que
Ele “subsistia na forma de Deus”, pois para Ralph isso significava que
Cristo tinha a natureza de Deus, para ele, portanto, Jesus não quis usurpar
o uso ou o gozo da igualdade com Deus, que seria o Senhorio (página 110).
Aceita essa interpretação fica a pergunta: O que afinal de contas Paulo
queria dizer em Filipenses 2:5-11? A mais adequada resposta é que Cristo
obteve o uso da igualdade com Deus não por usurpação, mas pela Sua
encarnação e humildade, o contexto mostra, que sendo Ele exaltado
recebeu o nome acima de todo o nome e será, por todos, ajoelhados,
declarado Senhor (Fp 2:6-11). Tendo esta mesma conclusão, afirma Ralph
P. Martin, comentando Fp 2:11 que “Jesus Cristo é Senhor” é a confissão
que representa o ponto mais alto do drama da salvação, delineando nestes
versículos poéticos. Agora, finalmente, a soberania sobre o mundo, que
fora exibida diante do Senhor pré-encarnado, como um prêmio a ser
arrebatado, é livremente concedida a Ele. Cristo recebe o novo nome, que
não é outro senão o próprio nome de Deus e, com ele, o direito ao
Senhorio”(página 115).
Ralph ainda diz que o Senhorio de Cristo não compete com o do Pai. Sua
Soberania é Dom do Pai (v. 9). Aquilo que recusou a usurpar
egoisticamente, num ato de enaltecimento próprio, destituído de sentido,
aprouve ao Pa1Conceder-lhe livremente. Isso assim é, para não ser visto
como uma ameaça ao monoteísmo (páginas 115 e 128,129).
Assim, para o erudito citado pelas Testemunhas de Jeová, o texto de Fp
2:6:11 significa que Jesus Cristo conseguiu o uso da igualdade com Deus, o
Senhorio, não por usurpação, mas pela humildade.
No entanto, apesar dessa interpretação de Ralph P. Martin baseada na
palavra “harpagmos” não negar a Trindade, não concordamos com ela, não
se pode interpretar um texto girando apenas em torno de uma palavra.
Percebe-se o erro de Ralph P. Martin ao enfatizar demasiadamente o
vocábulo “harpagmos” quando ele diz nesse mesmo comentário de
Filipenses, página 110: “Portanto, ‘harpagmos’ é aquilo Cristo recusou-se a
usurpar”. Ora, “harpgmos” é o verbo “usurpar” e não aquilo que Cristo
recusou a usurpar. Desse modo, vemos que a ênfase dada por esse teólogo
faz até ele se confundir na sua fraseologia. Existe assim uma certa
distorção nessa interpretação.
A clássica interpretação de Fp 2:6 que diz que Cristo não considerou
usurpação ser igual a Deus porque já o era, não nega o sentido da palavra
grega “harpagmos”.
Literalmente a tradução de Fp 2:6 é “não considerou usurpação o ser igual
a Deus” e não: “não quis ser igual a Deus por usurpação”, esse último modo
de traduzir (sugerido na interpretação de Ralph) fere a forma grega
origina1Com que o versículo foi escrito, a primeira porém, além de ter o
sentido correto de “harpagmos” é a forma perfeita e a fiel tradução.
Sobre a correta tradução de Fp 2:6b diz o próprio Ralph P. Martin ao
comentar que, na forma poética da passagem de Fp 2:6-11: “Deve-se
considerar a ordem das palavras” acrescenta o argumento de J. Carmignac
da obra ‘L importante de la place d’une négation: ouk hartagmon hêgêsato
(philippiens 2:6), NTS 18 (1971-2), p.p. 131-66’: “a posição do negativo
antes do substantivo e não do verbo, na sentença, em grego: ‘Ele...não
julgou como usurpação o ser igual a Deus’ precisa ser levada em conta. O
uso costumeiro de Paulo (204 vezes, contra 4 em outros exemplos, p.141) é
colocar o negativo à frente do objeto complementar (sem o artigo
definido), Paulo está enfatizando esta parte da sentença, de modo a
subordiná-la ao principal verbo. O sentido é, então: “Ele julgou que não era
usurpação ser igual a Deus”(pág. 142). Assim conclui Ralph: Isto nos
conduz a conclusão de Carmignac(agora aceita por M.D. Hooker,
art.cit.,pp.151s) de que “harpagmos” refere-se à divindade pré-encarnada
de Cristo, a qual ele possuía, sem contudo, haver algo errado em que ele a
possuísse. Esta interpretação é semelhante à ANTIGA opinião enunciada
por E.H.Gifford (The Incarnation, Londres, 1897, pp. 30ss., ed de 1911).
Filipenses – introdução e comentário, página 126 – grifos nossos.
A favor de sua interpretação, Ralph, surpreendentemente, apenas
argumenta que Fp 2:6b foi escrito por outra pessoa e não pelo apóstolo
Paulo. Uma posição nada ortodoxa.
A mesma interpretação nossa tem o famoso erudito Frederic F. Bruce, diz
ele: “Existindo em forma de Deus, como acontecia, Cristo não considerou
essa igualdade com Deus como um ‘harpagmos’ – eis a força literal das
palavras. Este substantivo é derivado de um verbo que significa ‘agarrar
subitamente’ ou ‘apoderar-se’. Não existe a questão de Cristo tentar
arrebatar, ou apoderar-se da igualdade com Deus: Ele é igual a Deus,
porque o fato de Ele ser igual a Deus por natureza não é usurpação; Cristo
é igual a Deus por natureza. Tão pouco existe a questão de Cristo reter a
igualdade pela força. A questão fundamental é, antes, que Cristo não usou
sua igualdade com Deus como desculpa para auto-afirmação ou auto-
promoção; ao contrário, Ele a usou para renunciar a todas as vantagens ou
privilégios que a Divindade lhe proporcionava, como oportunidade para
auto-empobrecimento e auto-sacrifício sem reservas”(Novo Comentário
Bíblico Contemporâneo, Filipenses, Editora Vida, página 78).
Filipenses 2:6, portanto, significa que Jesus subsistindo em forma de Deus,
o que o fazia Deus, não considerou usurpação ser igual a Deus. Todavia,
Ele esvaziou-se da sua forma de Deus para tomar a forma de homem, e
nessa condição, ainda se humilhou a Si mesmo até ao ponto de ser morto
numa cruz, e, depois de tal rebaixamento, Deus-Pai o exaltou
soberanamente apartir de Sua forma humana, de tal modo que Jesus como
homem foi feito igual a Deus. Assim, além de não precisar usurpar a
igualdade com Deus, porque já possuía a natureza divina, Jesus ganhou a
igualdade com Deus na exaltação de Sua forma humana. A lição disso tudo
é de que os humildes serão exaltados. Os filipenses deveriam tomar essa
atitude de Jesus como exemplo, procurando descer do trono de grandeza
para servirem uns aos outros em humildade (Jo 13:12-17).

Eu Sou
Particularmente não vejo em Jo 8:58 um indicativo para provar a
Divindade de Cristo. Jesus possuía um estilo todo Seu de se expressar e o
modo de se comunicar da sua época permitia se dizer “eu sou” em lugar de
“sou eu”. Sem dúvida o contexto apoia a preexistência de Cristo, que para
os trinitaristas é eterna, sendo perfeitamente possível a declaração de
Jesus ser uma referência a Sua Divindade, muitos teólogos têm dado bons
argumentos para isso.
Destacam o fato de o contexto do versículo estar falando de quem era
Jesus, qual era sua identidade(Jo 8:12,19,24,25,28,53). Assim, a declaração
de Jesus foi vista como um referência a Sua eternidade, do mesmo modo
que “Antes de os montes serem levados á existência... de eternidade e
eternidade tu és”(Sl 90:2).
Bowman aponta também o detalhe de que se havia certa diferença entre Jo
8:58 em relação ao texto em hebraico, não se podia dizer o mesmo com
referência ao texto sagrado usado no primeiro século, a Septuaginta. Nela a
expressão de Ex 3:14 era “Eu Sou Aquele que é” (egõ eimi ho õn),
praticamente idêntica a de João. Por outro lado o livro de Isaías usa muito
EGO EIMI de modo claro como um título a Deus (Is 41:4; 43:10; 46:4;
52:6; cf. 45:18).

Deus Era O Verbo


A força de João 1:1 como prova da Divindade de Jesus Cristo é tão grande
que fez as Testemunhas de Jeová se tornarem politeístas por meio da mais
famosa torção bíblica desta seita, traduzindo o versículo de modo a dizer
que há mais de um Deus.
Encontrando-se logo no início do quarto Evangelho, a afirmação do
versículo ganha ênfase e preponderância de modo convincente. O apóstolo
escreveu seu Evangelho tendo a Divindade de Jesus como alvo primordial,
outras passagens como Jo 1:18; 5:18; 10:30; 14:9; 20:28 confirmam isso. A
idéia de que o contexto de Jo 1:1 favorece a colocação do artigo indefinido
“um” pela clara distinção de Pessoas apontada dentro do próprio versículo
não é aceitável, exatamente porque o Pai e o Filho são realmente distintos
e o credo trinitariano assevera isso claramente. Jo 1:1 simplesmente diz,
juntamente com Jo 5:18 e Jo 10:30, que Jesus é igual ao Pai eterno. O
contexto imediato do versículo é mais ainda persuasivo para isso, quando
diz que nada de tudo que foi feito veio a existir sem a participação direta de
Jesus. Cristo, portanto, sendo o criador de tudo era o próprio Deus, era o
argumento do apóstolo em favor de sua própria afirmação.
São citadas oitos traduções na tentativa de apoiar a Tradução Novo Mundo
em Jo 1:1, mas apenas duas se constituem de um real apoio, a “The New
Testament in na In proved Version, upon the Basis of Archbishop
Newcome’s New Transtation” e a “The Emphatic Dioglott, versão
interlinear, de Bejamim Wilsom”. O fato porém é que foram estas as
traduções que serviram de base para a tradução Novo Mundo, a grande
verdade é que apenas uma tradução está defendo a idéia das Testemunhas
de Jeová. As versões que traduzem a última sentença de Jo 1:1Por “divina”
ou “espécie” de formam alguma estão dizendo que Jesus não era Deus, na
verdade estão asseverando que o Logos tinha a mesma natureza de Deus,
confirmando a doutrina da Trindade que afirma que o Filho é distinto do
Pai (o Verbo estava com Deus), mas idêntico na essência (era divino).
Tentando ainda justificar o acréscimo do artigo indefinido “um” em Jo 1:1
os autores da revista lançam mão de outras referências bíblias que também
recebem o mesmo artigo em condições semelhantes. Mas se considerarmos
atentamente essas referências veremos que não há nenhuma necessidade
da inclusão deste artigo, todas elas podem ser traduzidas sem ele, não
havendo nada de estranho em suas omissões (ver Mc 11:32; Jo 6:70; 8:44;
9:17; 10:1 e 12:6). Qual a diferença de “esse foi UM homicida” e “ele é UM
mentiroso” para “esse foi homicida” e “ele é mentiroso”? Nenhuma, a não
ser a de definir mais claramente a obra do diabo, e sem dúvida ele é mais
homicida e mentiroso do que qualquer outro, como o verso destaca: “fala
do que lhe é próprio, porque é mentiroso quando profere a mentira, é o pai
da mentira”; portanto, é bem melhor não ser colocado o artigo. Até mesmo
em Atos 28:6 o artigo é desnecessário, pois a declaração do apóstolo Paulo
ser Deus foi dirigida pelos pagãos. O texto de Jo 6:70 que chama Judas
Iscariotes de diabo, também não precisa receber o artigo para ter sentido,
afinal o diabo entrou em Judas (Jo 13:27) e Jesus noutra ocasião chamou a
Pedro de satanás, quando este tentou dissuadi-lo de morrer na cruz (Mt
16:23).
Mas o texto de Jo 1:1 é bem mais diferente destes casos abordados, quando
esses tradutores inserem o artigo indefinido, além de mudar radicalmente
a interpretação, anulam o monoteísmo da Bíblia Sagrada.
“semelhante A Deus” É Igual a “um deus”?
Citando a Revista de Literatura Bíblica, que afirma que “as expressões com
substantivos anartro (sem artigo) precedendo o verbo, tem primariamente
sentido qualificativo” sendo, portanto, um indicativo que o Logos em Jo
1:1Pode ser assemelhado a Deus, mais ainda fica confirmado que Jesus é
igual a Deus.
Sem se dar conta da própria declaração, os autores da “Deve-se Crer...”
passam então a citar um suposto grupo de expressões sinônimas: “Assim,
Jo 1:1 destaca a qualidade da Palavra, que era ‘divina’, ‘semelhante a deus’,
‘um deus’, mas não o Deus Todo-poderoso”. Ora, fica evidente a manobra
de tentar encaixar a expressão “um deus” como sinônima de “divino” e
“semelhante (ou igual) a Deus”, nisto perguntamos: A Pessoa do Pai não é
divina?? Quem é semelhante a Deus também não possui todo poder??
Jesus é divino, ou seja, tem a natureza de Deus, é isso que os trinitários
sempre disseram. Todavia deve ser dito: Apesar de o segundo Theos de Jo
1:1Ter a classificação sintática de predicativo, sendo portanto um termo
qualificativo, pois está dizendo o que Jesus era, nem por isso poderemos
usar “divino” no lugar de “Deus”. Se, por exemplo, fosse dito que João
Batista era Elias, nem por isso iríamos dizer que João Batista era Eliasante.
A citação de John L. Mckenzie que João 1:1 deve rigorosamente ser
traduzido: “a Palavra era um ser divino” não deve ser subentendida como
se esse estudioso quisesse dizer que a Palavra (ou Verbo) era algo menos
do que Jeová, Bowman observa que na mesma página em que Makenzie
afirma isso, ele também denomina Yahweh (Jeová) de “um ser divino
pessoal”, e acrescenta: “Mckenzie também declara que Jesus é chamado
“Deus” em João 20:28 e em Tito 2:13, e que João 1:1-18 expressa “uma
identidade entre Deus e Jesus Cristo”.
O detalhe que Makenzie quer destacar do texto de Jo 1:1 é estremamente
válido se conhecermos bem toda a história que o levou a este destaque. O
Apóstolo João na referência supracitada estava definindo quem era o
Verbo, mas ocorre que com sua mudança estrutural na escrita ele acabou
dizendo que “Deus era o Verbo” e não o contrário, ou seja que o Verbo era
Deus. Ora, ele deveria dizer, já que ele estava falando do Verbo, quem Ele
era, e não quem era Deus, portanto, o substantivo “Deus” no texto não é o
sujeito, mas com a troca de posição das palavras acabou ganhando o lugar
do sujeito. Por isso costumamos simplesmente traduzir “o Verbo era Deus”
e não ao pê da letra “Deus era o Verbo”, é portanto isto que o erudito está
explicando ou querendo que seja notado ao dizer que a tradução poderia
ser “o Verbo era divino”. Mas o fato é que o escritor sagrado fez a mudança
intencionalmente para criar uma ênfase e em nada nega a verdade da
divindade de Cristo, pelo contrário, mas ainda asseverou esta verdade.

João 1:1 E Os Eruditos


Vejamos agora o que dizem os mais competentes eruditos do grego do
Novo Testamento sobre a tradução das Testemunhas de Jeová de Jo 1:1
retirada da revista Defesa da Fé, N.º 10:

Dr. J.R. Mantey (que é citado nas páginas 1158, 1159 da Tradução
Interlinear do Reino Da Sociedade Torre De Vigia): “Uma má tradução
chocante, absoleta e incorreta. Não é nem erudito nem razoável traduzir
João 1:1, ‘a palavra era (um) deus’ ”.

Dr. Bruce M. Metzger, da Universidade de Princeton (professor de Língua


e Literatura do Novo Testamento):“Uma tradução horripilante...”,
“errônea...”, “perniciosa...”, “repreensível” ...Se as Testemunhas de Jeová
levam essa tradução a sério, elas são politeístas”.

Dr. Samuel J. Mikalaski, de Zurique, Suíca: “Esta construção anartra


(usada sem o artigo) não significa o que o artigo indefinido “a” significa em
Inglês[e o artigo indefinido “um” em português]. Traduzir a frase ‘a palavra
era[um]deus’ é monstruoso”.

Dr. Paul L. Kauffman, de Portland, Oregon: “Os tradutores das


Testemunhas de Jeová evidenciam uma ignorância abismal dos princípios
básicos da gramática do grego na sua tradução errônea de João 1:1”.
Dr. Charles L. Feinberg, da La Miranda, California: “Posso lhe assegurar
que a versão que as Testemunhas de Jeová dão para Jo 1:1 não é
sustentada por nenhum erudito em grego de boa reputação”.

Dr. James L. Boyer, de Winona Lake, Indiana: “Nunca ouvi falar, nem li,
sobre algum erudito em grego que concordasse com a interpretação deste
versículo[João 1:1]conforme insistida pelas Testemunhas de Jeová...Nunca
encontrei um deles(membros da Sociedade Torre de Vigia)que tivesse
qualquer conhecimento da língua grega”.

Dr. William Barclay, da Universidade de Glasgow, Escócia: “A distorção


deliberada da verdade por esta seita é vista nas suas traduções do Novo
Testamento. João 1:1 é traduzido: ‘a palavra era (um) deus’. Uma tradução
que é praticamente impossível. É absolutamente clara que uma seita que
pode traduzir o Novo Testamento assim é intelectualmente desonesta”.

Dr. F. F. Bruce, da Universidade de Mancheter, Inglaterra: “Os gramáticos


amadores arianos fazem muito alarde da omissão do artigo definido com
‘Deus’ na oração ‘e a Palavra era (um) Deus’. Esse tipo de omissão é
comum com nomes numa construção predicativa... ‘[um] deus’ seria
totalmente indefensável”.
(o falecido Dr. Barclay e o Dr. Bruce são geralmente considerados os
principais eruditos em grego da Inglaterra. Ambos publicam traduções do
Novo Testamento).

Dr. Ernest C. Colwell, da Universidade de Chicago: “Um nominativo


definido no predicado tem o artigo quando segue o verbo; não tem o artigo
quando precede o verbo...essa declaração não pode ser considerada
estranha no prólogo do Evangelho que alcança seu clímax na confissão de
Tomé: ‘Senhor meu e Deus meu’ – João 20:28”. Portanto, o perito em
grego citado na página 28 da revista “Deve-se Crer...” considerou Jo 1:1
diante da regra.

Dr. Philip B. Harner, da Faculdade de Hidelberg (citado, sem mensão


nominal na página 27 da “Deve-se Crer...”como se dissesse na Revista de
Literatura Bíblica que o Logos pode ser assemelhado a um deus): “O verbo
precedendo um predicativo anartro provavelmente implica que o Logos era
‘(um)deus’ ou um ser divino de algum modo, pertencente à categoria geral
de THEOS, mas ainda um ser distinto de HO THEOS. Na forma que João
realmente usa, a palavra THEOS é colocada no princípio para ênfase
(excluindo a tradução ‘[um] deus’)”. Em outras palavras, João poderia ter
dito que “o Verbo era um deus” por meio de alterar a ordem das palavras,
mas não o fez e preferiu, pelo contrário, dizer enfaticamente que o Verbo
era Deus tanto quanto a Pessoa chamada “Deus” com quem Ele existia no
princípio. Nesta citação as Testemunhas de Jeová se valem apenas da
primeira parte do comentário de Harner para tentar dizer que ele afirmava
que o Verbo em Jo 1:1 era um deus, na verdade ele estava dizendo
convincentemente o contrário.

Dr. B. F. Westcolt (cujo texto do Novo Testamento Grego – não na parte


em Inglês – é usado na tradução interlinear do reino): “O predicado (Deus)
encontra-se na posição inicial enfaticamente como em Jo 4:24. É
necessariamente sem artigo...Nenhuma idéia de inferioridade de natureza
é sugerida por essa forma de expressão, que simplesmente afirma a
verdadeira natureza da Palavra...Na terceira cláusula declara-se que ‘e o
Verbo era Deus’ e assim incluída na unidade da Deidade”.

Dr. J. Johnson, da Universidade do Estado de California, em Long Beach:


“Não há justificativa para traduzir THEOS EN HO LOGOS como ‘a palavra
era[um]deus’. Não há paralelo sintático com At 28:6, onde há uma
declaração em discurso indireto...e eu não sou nem cristão, nem
trinitariano”.

Dr. J. J. Griebasch (cujo texto do Novo Testamento Grego – mas não a


parte em Inglês – é usado na publicação da Sociedade Torre de Vigia, The
Emphatic Diaglott): “Tão numerosos e claros são os argumentos e
testemunhos das Escrituras em favor da verdadeira Deidade de Cristo, que
dificilmente posso imaginar como, sob a admissão da autoridade Divina da
Escritura, e com referência às regras imparciais de interpretação, essa
doutrina pode ser colocada em dúvida por algum homem. Especialmente a
passagem de João 1:1-3 é tão clara e tão superior a toda objeção, que por
nenhum esforço usado quer de comentaristas ou de críticas pode ser
arrancada das mãos dos defensores da verdade”.

Se é erudição que as Testemunhas de Jeová querem para fortalecer


argumentos, essas dadas com respeito a João 1:1 são as melhores e maiores
que existem em nosso planeta.
É interessante o que diz Bowman sobre João 1:1 “Deve ser notado que não
há diferença substancial entre ‘um Deus’ e ‘Deus’, pois só algumas línguas
modernas conseguem mesmo fazer essa distinção. Até mesmo Jeová pode
ser chamado de ‘um Deus’, por exemplo, em Lucas 20:38 temos na
Tradução Novo Mundo (em Inglês): ‘Ele é um Deus, não de mortos, mas de
viventes’. Sendo assim, mesmo se alguém quisesse traduzir Jo 1:1 como
‘um Deus’, isso não refutaria a idéia de Ele ser o Deus verdadeiro.
(Esperamos que as Testemunhas de Jeová não digam que Jesus é um Deus
falso, pois a Bíblia afirma que só há um Deus verdadeiro – Jo 17:3)”
“O problema”, conclui Bowman, “não é principalmente com a inserção de
‘um’ antes da palavra deus; é mais com a própria palavra deus com ‘d’
minúsculo que em português (não nas línguas antigas) sugerem ao leitor
um deus inferior”.

Se Violássemos A Regra
Referente a regra grega que impede a tradução das Testemunhas de Jeová,
diz Russell Champlin:
Se fosse acrescentado o artigo indefinido em cada vez que este não
aparecesse antes de um substantivo, a tradução transformar-se-ia num
caos. Por exemplo, o v. 14 desse capítulo 1 do Evangelho de João diria: “e o
Verbo se tornou UMA carne...”. O versículo 18 desse mesmo capítulo seria:
“Ninguém jamais viu UM Deus”, note que nesse caso é uma referência bem
definida a Deus-Pai, o que nos forçaria a chamar o Pai de ‘UM Deus’. Por
sua vez, o versículo 6, outra clara referência a Deus-Pai diria: “um homem
enviado de UM Deus”. Daí vemos a situação que a coisa ia ficar, e observe
que tais considerações não saíram do capítulo 1 do Evangelho de João. Não
é pois à toa que a regra existe.
Outros exemplos que podemos citar além destes de Champlin são: “...ele
(Jesus)é UM bom”(Jo 7:12); “Deus é UMA luz” (I Jo 1:5); “Ele (Jesus) é
UMA propiciação pelos nossos pecados”(I Jo 2:2), neste caso o artigo
definido é impossível de não ser considerado, e no entanto, está omitido no
original; “Filhinhos UMA última hora já é...” (I Jo 2:18); “E a si mesmo se
purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é UM puro” (I
Jo 3:3); “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não
permanece, UM Deus não tem” (II Jo 9); “ ...e sabeis que o nosso
testemunho é UM verdadeiro” (III Jo 13).
Em todos estes casos o substantivo precede o verbo. Seria, pois, insensato
desconsiderarmos a regra, e é ignorância chamar essa regra básica de
grego de artificial, como fazem os autores da “Deve-se Crer...”(pág. 28).

Desenvolvendo A Regra De Ernest C. Cowell


A maneira como as Testemunhas de Jeová expõem a regra de Cowell de
modo algum demonstra o importância da regra, dizer que o artigo não é
omitido quando precede o verbo e não o é quando o segue, mais parece
uma questão de modo de se escrever (estilística) do que uma regra. O fato é
que o artigo pode ser omitido ou não quando precede o verbo, mas deve ser
entendido como definido, e assim é feito para não ter de escrevê-lo
novamente ou para se fazer uma boa ênfase. Portanto, as Testemunhas de
Jeová não explicam quando o artigo omitido é indefinido quando citam a
regra de Cowell e parecem escrever algo que não estão realmente
entendendo (ver Brochura ‘Deve-se crer na Trindade’, página28).
É preciso perguntar qual a razão de Cowell dizer que o artigo omitido
(anartro) será definido quando o substantivo predicativo preceder o verbo,
e a resposta é simples: Se o substantivo predicativo estiver sem o artigo
definido e não preceder o verbo (perceba o grifo), será claro que o artigo
será indefinido (Jo 2:15; 3:1; 4:7; 5:1; 6:9; 9:14; 12:29; 13:4; 19:19,41; Mt
1:21; 5:28; 8:2,5,24,30; 9:2,9,20,32; 11:8,9; Etc). Portanto, o objetivo da
regra era dizer quando ocorre num predicado nominal o artigo indefinido,
que em grego não existia. Quando precede o verbo o artigo é facultativo, ou
seja, pode vir ou não expresso, mas sempre será definido, mas quando o
segue só será indefinido qundo o artigo for omitido.
Há casos, no entanto, em que mesmo a regra valendo para a colocação do
artigo indefinido, nada atrapalha se não o inserirmos, como acontece com
Jo 9:17, onde tanto faz ser traduzido “que é um profeta” como “que é
profeta”, todavia a validade da regra ainda é sentida, pois em hipótese
alguma se poderia pensar que o homem curado de Jo 9:17 tenha dito que
Jesus era “O profeta” do qual havia profetizado Moisés. Nestas condições
sim, a colocação do artigo dependerá do contexto.
O que deve ser ressaltado é que a omissão do artigo no segundo Theos em
Jo 1:1 não é do artigo indefinido, mas do definido, de modo que, se o artigo
fosse inserido, o texto diria “E o Logos era o Deus”. Existem várias outras
passagens bíblicas onde a mesma construção grega de Jo 1:1 com dois
Theos acontece e sempre o Theos sem artigo refere-se ao mesmo Deus (Mc
12:27; Lc 20:28; Jo 8:54; Hb 11:16). Portanto, a omissão do artigo era mais
uma prova de igualdade do que diferença, é na igualdade e na repetição
que omitimos e não o contrário.
Apesar de não existir o artigo indefinido (um, uma, uns e umas) em grego,
existia o numeral, o qual fazia a equivalência do indefinido, como ocorre
em Mt 8:19; Mc 12:42; Ap 8:19 e João poderia ser usado para dizer que
Jesus era um deus como querem as Testemunhas de Jeová.
Se João tivesse escrito da maneira normal, não deixando o artigo omitido,
ele teria realmente dito que Jesus era Deus, mas não seria enfático.
Portanto, o apóstolo procurou dizer que Jesus era Deus da maneira mais
forte possível. Assim, ele teve o trabalho de omitir o artigo e pôr o
substantivo predicativo precedendo o verbo, exatamente para demonstrar
a sua perfeita consciência de que estava chamando Jesus Cristo de Deus.
O Dr. William Carey Taylor, por mim considerado a maior autoridade que
existiu em grego koinê no Brasil, explica a ênfase pela posição da palavra
em sua Gramática, pág. 394: “Numa língua como a grega não é preciso
expor o pensamento e a relação das palavras pela sua posição e arranjo na
sentença, senão em relação ao artigo e à integridade das cláusulas. Por
conseguite, uma palavra pode cair em qualquer posição na sua cláusula ou
sentença simples. Isto pode indicar grande ênfase por inverter a posição de
um vocábulo, colocando-o no princípio ou no fim de uma sentença, os
lugares de maior ênfase” (grifo nosso).
Ocorre isso na terceira sentença de João 1:1: O substantivo predicativo
(Deus) é colocado no início da frase criando uma ênfase em que Jesus é
chamado de Deus sem lhe dar uma singularidade, que poderia indicar uma
possível divindade paralela e independente da do Pai, ou seja, a posição do
substantivo não permite se entender que Jesus era Deus fora do Pai, Ele
era o mesmo Deus da frase anterior. O apóstolo assim pós as bases da
doutrina da Trindade de um modo muito inteligente para não dizer
inspirado.

O Monoteísmo De João 1:1


É muito elucidativo para explicar a ausência do artigo definido no segundo
Theos de João 1:1, a construção gramatical de João 1:21, neste versículo os
judeus fazem duas perguntas a João Batista, a primeira é se ele era Elias e
a Segunda se ele era o Profeta. A construção das duas perguntas é idêntica
a de Jo 1:1, com o substantivo predicativo precedendo o verbo, sendo que
somente na primeira o artigo definido é omitido, exatamente porque não
ficaria bem dizer “És tu o Elias?”, afinal só existe um Elias, da mesmo
forma se João tivesse inserido o artigo definido na última frase de Jo 1:1,
dizendo “E o Verbo era o Deus”, estaria indicando a existência de outros
deuses, além de dizer que Jesus era um Deus diferente do Pai.

Jesus o Deus incriado


Isaías 43:10 prova definitivamente que Jesus não é um deus criado: “...e
entendais que Eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se
formou, e depois de mim nenhum haverá”.

O Eterno Deus Poderoso


Na página 28 as Testemunhas de Jeová acabam concordando que em
Isaías 9:6 Jesus é chamado, e de fato é, Deus Poderoso. Dessa forma são
obrigadas a também concordar que Ele também é eterno, pois no mesmo
versículo Jesus é chamado de “Pai da Eternidade” uma forma enfática para
designar alguém de eterno. Sendo assim, fica a conclusão que as
Testemunhas de Jeová crêem que Jesus não tem origem, mas é um deus
inferior ao Pai. Haja confusão!
Nada torna Jesus um Deus inferior por ser chamado de Poderoso, vários
textos mostram Deus sendo chamado de Poderoso (Is 10:21). De certo
modo o título Poderoso é até mais abrangente, se perguntássemos: Por que
o Pai e o Filho são Poderosos?? A resposta seria: Porque possuem todo o
poder!
O termo “Todo-poderoso” não existe por causa de supostos deuses
poderosos, mas pelo fato de nada ser difícil ou impossível para Deus, ou
seja, Ele pode tudo! (Mt 19:20; Lc 1:37).

O Conflito Inevitável
Somente a preocupação em dizer que não há conflito em se crer que existe
um único Deus e também que há vários, já deixa transparecer a existência
de um choque de idéias irreconciliáveis que não se pode ocultar, é um sinal
de alerta da consciência quase morta para revelar que algo não está certo.
Dizer que algumas das criaturas de Deus são deuses é concordar com os
pagãos e diluir ou anular o monoteísmo bíblico (para usar os termos do
teólogo Hans Kung quando critica o unidade da Trindade, pág. 30).
A intensidade do conflito é maior quando percebemos que ele só existe
pelo fato de uma regra gramatical grega ser violada numa passagem
bíblica. À parte de Jo 1:1 em nenhum outro lugar da Palavra de Deus é dito
que Jesus seja um deus.
Com relação ao Salmo 8:5 que chama os anjos de Elo-hím (deuses), isso de
forma alguma significa dizer que a Bíblia considera os anjos deuses. O que
temos aqui é uma comparação. Em 1Co 8:5 é dito que há muitos deuses e
muitos senhores, mas como o contexto diz, e Gálatas 4:8,9 esclarece, só
existe um por natureza – O Deus único e verdadeiro (Jo 17:3; I Jo 5:20).
Explicando o Salmo 8:5 Robert M. Bowman, entre outras considerações,
entende que se Elo-hím nesse versículo significa “anjos” necessitamos
compreender se tratar dos anjos que se fazem de Deus para não nos
tornarmos politeístas.
O que faz as T.J. entenderem que Elo-hím se refere aos anjos, é a relação
entre o Salmo 8:5 e Hebreus 2:6,7. Enquanto o Salmo 8:4,5 diz que o
homem foi feito um pouco menor que Elohím (deuses), o texto de Hebreus
2:6,7 mostra que são anjos, nisto a conclusão tirada das T.J. é que os anjos
são deuses.
Todavia não devemos esquecer que “Elohím” sempre é aplicado a Deus e
não aos anjos. O Sl 8:4,5 está realmente se referindo a Deus. A explicação
do texto de Hb 2:6,7 usar “anjos” no lugar de “Deus” é facilmente
entendida quando fazermos a interpretação dos dois textos. O Salmo 8
apresenta o homem numa perspectiva de honra e exaltação, enquanto o
texto de Hebreus o mostra em seu aspecto de inferioridade, procurando
descer mais ainda na escala de valores, de fato, dizer que o homem é
inferior aos anjos em nada nega que o seja também em relação a Deus, na
verdade destaca mais. O que reforça a veracidade dessa explicação é o fato
de Hb 2:6 dizer: “antes, alguém, em certo lugar deu PLENO testemunho:”.
Assim vemos que o autor de Hebreus buscou a plenitude da verdade sobre
a condição do homem, estava indo a fundo dentro da informação do
Salmo.
Concernente ao texto de Jo 10:34,35, onde Jesus cita o Salmo 82:6 onde
homens são chamados de deuses, o próprio Jesus esclarece que estes não
eram realmente deuses, Ele disse no verso 39: “pois se a lei chamou
àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida”; portanto eles só estavam
sendo CHAMADOS de deuses. Comprovando essa explicação diz 1Co 8:5,6
: “porque ainda que haja também alguns que se CHAMEM deuses ,quer no
céu, quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia
para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e
um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele”.
Jeremias afirma que não foi os deuses que fizeram o céu e terra (10:11),
assim, Jesus, que criou tudo, não é um deus.
A Confissão de Fé e não do intelecto
A afirmação do Boletim da Biblioteca John Rylands, da Inglaterra, se
engana quando diz que no Novo Testamento não se faz referência a
confissão da Divindade de Jesus Cristo. O próprio Senhor Jesus mostra
que era vital essa confissão, mas deixou claro que ela também dependia de
revelação. Quando indagou incisivamente aos discípulos sobre quem era
ele, e Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Jesus disse
para esse apóstolo: “Bem-aventurado és tu, Simão Barfonas, porque não to
revelou a carne e sangue, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16:16,17).
A Bíblia também diz que quem nega o Filho, negará o Pai, e que a confissão
do Filho seria a do Pai: “Todo aquele que nega o Filho, tampouco tem o
Pai. Quem confessa o Filho tem também o Pai” (I Jo 2:23 – T.N.M.).
Observe que a figura central é Jesus, e que sua confissão é a do próprio Pai,
assim confessar Jesus é como confessar o Pai.
Quando a Bíblia profetizava que aquele que confessasse a Jeová seria salvo
Joel 2:32, na verdade estava dizendo que para se ser salvo seria necessário
reconhecer a Jesus como o próprio Jeová, afinal os judeus confessavam a
Jeová e nem por isso eram salvos, um texto que confirma isso é Rm 10:9-
13, registrado na tradução Novo Mundo assim:
“pois, se declarares, que Jesus é o Senhor, e no teu coração exerceres fé,
que Deus o levantou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração
se exerce fé para a justiça, mas com a boca se faz declaração pública para a
salvação. POIS a Escritura diz ‘Ninguém que buscar nele a sua fé ficará
abalado’ POIS não há distinção entre judeu e grego, porque há o mesmo
Senhor sobre todos, que é rico para com todos os que o invocar, POIS
‘Todo aquele que invocar o nome de Jeová será salvo’”
Observe que este trecho da carta aos Romanos é por demais evidente em
salientar que confessar Jesus como Jeová é o recurso para a salvação. Sem
dúvida que os tradutores da T.N.M. procuraram ao máximo tentar
esconder isso, traduzindo o vocábulo grego “KYRIOS” do verso 9 para
“Senhor” em vez de “Jeová”, mas foram obrigados a terem que colocar
“Jeová” no verso 13, pois era uma citação direta de Joel. Mas meditemos:
Paulo estava citando passagens do Antigo Testamento para confirmar a
necessidade de se confessar a Jesus como Jeová (atente para os “pois”). E
além disso, no original, tanto a palavra traduzida por “Senhor” no verso 9 e
por “Jeová” no verso 13 é KYRIOS, tornando-se inescapável a conclusão
que Jesus é mesmo Jeová.
Assim no texto de Romanos 10:8-13 está registrado que a salvação depende
de uma confissão de fé que Jesus é o Senhor, ou seja Jeová, e esta, diz o
texto de 1Co 12:3, só ocorre pelo Espírito Santo.
O apóstolo João afirma que escreveu seu Evangelho para que os homens
cressem que Jesus era o Cristo, o Filho de Deus, para que assim pudessem
ter vida (Jo 20:31). Ora, já esclarecemos que o título “Filho de Deus” revela
a Divindade de Jesus. Quem, pois, não crer que Deus deu o seu Filho
Unigênito para que não perecêssemos, não poderá ter a vida eterna, está
condenado (Jo 3:16-18).
Vale apontarmos que a confissão de Tomé de Jo 20:28 foi vista por Jesus
como aquilo que se deveria crer sobre sua Pessoa, Ele disse: “Porque me
viste, Tomé, creste (que Ele era o Senhor e Deus), bem-aventurados os que
não viram e creram” (Jo 20:29).
Portanto, a confissão da Divindade de Cristo é clara na Bíblia, e crucial,
como disse Jesus: “Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste
mundo, eu não sou deste mundo. Por isso disse que morrereis em vossos
pecados, porque se não credes que eu sou, morrereis em vossos pecados”
(Jo 8:23,24) e como declarou João Batista: “Aquele que vem de cima é
sobre todos” (Jo 3:31).

O “lhe” De Jo 20:28
Nas explicações que dão de Jo 20:28: “Tomé respondeu e disse-lhe:
Senhor meu e Deus meu!”, os autores da revista julgam que a frase de
Tomé em questão era uma exclamação de assombro, que ele não estava se
referindo a Jesus.
Sobre isso o reverendo Glauco observa muito bem o pronome pessoal do
caso oblíquo (lhe) do dizer de Tomé. Se desconvertêssemos o pronome
teríamos: “Disse Tomé PARA ELE (Jesus): Senhor meu e Deus meu!”.
Além disso é pouco improvável a explicação de que Tomé disse aquilo por
ter tido um assombro, isso era algo muito incomum para a época, como diz
Bowman, é um anacronismo, ou seja atribuir a Bíblia algo que é comum
para a nossa cultura, mas virtualmente desconhecido para a cultura de
Tomé.
O professor Ornílio ainda acrescenta: “Tomé não poderia se assombrar no
modo como as T.J. querem, ele já estava a par da provável ressurreição de
Jesus, o que estava ocorrendo com ele era falta de fé, o que destacou muito
bem o Senhor Jesus”.
A questão no entanto, é que se o artigo indefinido “um” não puder ser
inserido em Jo 20:28, a tradução de Jo 1:1 das Testemunhas de Jeová
ficará insustentável.
A alegação que o contexto de Jo 20:28 não apoia a Divindade de Jesus
sugerida por este versículo, facilmente pode ser invertida. Em Jo 20:17
quando Jesus disse: “Eu ascendo para junto de meu Pai e vosso Pai, para
meu Deus e vosso Deus”. Perfeitamente percebemos que a filiação de Jesus
ao Pai era distinta e diferente da dos discípulos, Ele era Filho por natureza
e não por adoção como os discípulos. Da mesma forma, até no seu aspecto
humano, a relação de Jesus como servo de Deus era diferente da dos
discípulos.
Os três versículos depois de Jo 20:28 onde temos o objetivo da escrita do
Evangelho “de levar a crença que Jesus era o Filho de Deus” mais ainda
confirma que esta qualificação comprova a plena Divindade de Jesus.

Jo 1:1 E Hb 1:3
Em Hebreus 1:3 a Bíblia diz que Jesus é a expressa imagem do Ser de
Deus, o que nos faz meditar: Se Cristo fosse apenas um homem não
poderíamos dizer que Ele e o Pai fossem iguais, mesmo que tivessem uma
imagem expressamente idêntica, mas se Jesus for um deus, como querem
as Testemunhas de Jeová, então teremos de vê-lo (à luz de Hb 1:3) como
um Deus idêntico ao Pai; assim, seríamos obrigados a asseverar a
existência de dois Deuses iguais se aceitássemos a tradução de Jo 1:1 da
bíblia das Testemunhas de Jeová.
Textos Que Só Se Harmonizam Com A Trindade
As T.J. admitem a existência de outros textos bíblicos que apoiam a
doutrina da Trindade, no entanto observam: “estes são similares aos
considerados acima, no sentido de que, quando examinados
cuidadosamente, não oferecem apoio real algum. Tais textos apenas
ilustram que, ao se considerar algum pretenso apoio á Trindade, deve-se
perguntar: Harmoniza-se a interpretação com o coerente ensino da Bíblia
inteira de que apenas Jeová Deus é Supremo? Se não, a interpretação deve
estar errada”(pág.29). Mas quem foi que disse que os trinitários negam que
apenas Jeová (ou Javé) é o Deus Supremo? O que afirmamos a respeito
dEle é que se trata de um Deus pluralizado conforme vemos na Bíblia. Na
verdade, o que as T.J. pretendem questionar é se os demais textos que
provam a Trindade se harmonizam com a idéia delas de um Deus
constituído de uma única pessoa, e a resposta é NÃO, exatamente porque
esse conceito de Deus não é bíblico.
Se por um lado não encontramos um texto na Bíblia onde a Trindade é
formalmente enunciada, nem por isso a Bíblia deixa de comprovar a
veracidade da doutrina, o Pai e o Filho possuem a mesma substância (Jo
10:30 e Hb 1:3), assim como o Espírito Santo, porque é idêntico a Jesus(Jo
14:6). Cristo disse que todo o poder estava em suas mãos ao comissionar os
discípulos a pregar o Evangelho (Mt 28:18,19), mas eles só iniciaram esta
obra quando o Espírito Santo desceu sobre eles em pentecostes,
concedendo-lhes poder (Atos 1:8). Tanto o Filho como o Espírito são
eternos – Mq 5:2; Is 9:6 e Hb 9:14. [Dizer que as Pessoas da Trindade
precisam da “mesma eternidade” é incoerente com a idéia de eterno, que
na verdade é um atributo divino – 1Tm 6:15,16 , ser eterno, já é ser Deus].
Os próximos textos que apresentaremos só se explicam pela doutrina da
Trindade.
A Bíblia chama o novo nascimento de nascer de Deus (Jo 1:12,13; 1Jo 3:9;
5:4), nascer do Espírito (Jo 3:6,7) e nascer de Cristo (1Jo 2:28,29).
Também diz que somos gerados por Deus (1Pe 1:3), em Cristo (1Co 4:5) e
pelo Espírito Santo (Tt 3:5).
Quando os discípulos de Jesus foram acusados pelos Fariseus de violarem
o Sábado por colherem espigas para comer, Ele asseverou ser o “Senhor do
Sábado” ou o “Dono do Sábado”; ora, somente Deus pode ter tal título. Ele
também disse que era “maior que o templo” (Mt 12:6), somente é maior
que o templo ou mais santo e sagrado do que ele o próprio Deus (Mt 23:16-
21).
II Tessalonicenses 3:5 é um texto interessante, ele diz: “O Senhor
encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na paciência de Cristo”.
Se não entendermos que “Senhor” é outra Pessoa distinta de Cristo o texto
fica confuso. Na verdade se refere ao Espírito, pois é Ele quem nos
encaminha em nossos corações ao amor e a paciência (Rm 8:14; 5:5; Gl
5:22).
Jesus diz em Jo 10:38 e Jo 14:10,11 que o Pai estava nEle e Ele estava no
Pai, com isso fazemos uma pergunta as Testemunhas de Jeová: Como Ele
estava no Pai se estava na terra? Ora, o modo de Jesus falar deixa claro que
Ele está tratando da natureza divina, tanto pelo contexto como pelo modo
de se expressar, essa, portanto, é uma declaração de Unidade da
Divindade. E note que Jesus apela à fé e não ao entendimento dos
discípulos (Jo 14:11). A Divindade de Cristo é uma questão de fé (Jo
20:28,29).
O trocadilho ocorrido entre Jesus e Deus em Mc 5:19,20 e repetido em Lc
8:39: “Torna para tua casa, e conta quão grandes coisas te fez Deus. E ele
foi apregoando por toda a cidade quão grandes coisas Jesus lhe tinha feito”
confirma a igualdade de Jesus com o Pai.
A glória divina é vista no Pai (Ef 1:17), no Filho (1Co 2:8 – chamado de
Senhor da glória, ou seja, Jesus é dono da glória.) e no Espírito Santo (1Pe
4:44). Como Deus não divide com ninguém a sua glória (Is 42:8) somente
a Trindade é conveniente para explicar. Tiago 2:1 repete que Jesus é o
Senhor da Glória.
Se comparamos 1Jo 5:20 com 1Co 2:10-12 facilmente percebemos que o
“nos deu entendimento para conhecermos o verdadeiro, no qual estamos”
é uma referência ao Espírito Santo.
Isaías 44:24 declara: “Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que
SOZINHO estendi os céus e SOZINHO espraiei a terra”. Como a Bíblia
também diz que Cristo criou os céus e a terra, a única conclusão e que o Pai
e o Filho são um.
A fé em Jesus e em Deus é uma (Ef 4:5), porque os dois são um: “E Jesus
chamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me
enviou. E que me vê a mim, vê aquele que me enviou” – Jo 12:44,45.
A interpolação preconceituosa “outras” usada para alterar o texto de Cl
1:15-17 não é cabível em Ef 3:9: “E demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos (expressão que denota
eternidade) esteve oculto em Deus, que TUDO CRIOU por meio de Jesus
Cristo”. Vale lembrar que Ireneu em sua obra Contra Heresias, Livro I,
22:1, citada mais acima, confirma que realmente Cristo criou todas as
coisas nada excetuando-se.
Lemos em Gálatas 3:20 que “Deus é um” e esta frase não teria sentido a
não ser que houvesse uma pluralidade em Deus que pudesse de algum
modo por em dúvida a Sua unidade. É interessante também que dentro do
contexto, a frase significa que o pacto do Novo Testamento não foi
efetuado por mão de um medianeiro, indicando assim que Cristo era o
próprio Deus.
1Tesslonicenses 1:5 é outro texto que distingue o Espírito Santo do poder
de Deus.
Jo 14:6 onde Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida e ninguém
VEM ao Pai senão por mim” é outro indicativo da igualdade de Jesus com
o Pai, se não Ele teria dito “vai” em lugar de “vem”.
1Co 12:25 mostra que quando o Espírito Santo opera por meio dos seus
dons é reconhecido por todos que Deus VERDADEIRAMENTE está
presente.
O texto de 2Tm 2:19 afirma que o Senhor Jesus conhece os que são seus,
mas a única maneira de alguém conhecer a todos os homens é possuindo a
onisciência.
Apocalipse 2:23 também diz que Jesus conhece os corações dos homens, e
isto só Deus pode fazer (Je 17:10; At 15:8). E vale destacar que Jesus diz
que conhece os corações dos homens de um modo exclusivo “...e todas as
Igrejas conhecerão que eu sou AQUELE que sonda as mentes e os
corações”.
A igualdade entre Jesus e o Pai é tão grande que o apóstolo João afirmou:
“Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o
anticristo, o que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também
não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai”(I Jo
2:22,23).
O primeiro capítulo de Hebreus é considerado um dos textos mais fortes
no objetivo de confirmar a Divindade de Jesus, e consequentemente a
Trindade. Neste texto Jesus é definido como o criador e herdeiro de tudo
(v.2), confirmando as declarações de Cl 1:15,16, sendo que desta vez, sem
chance de se inserir o expressão espúria “outras”; também é chamado de o
resplendor da glória de Deus, a expressa imagem da sua Substância, o
Sustentador de tudo pela palavra do Seu poder (compare com Cl 1:17) e
como Aquele que realizou a purificação dos nossos pecados, assentando-se
a destra da Majestade nas alturas (v.3); e somado a tudo isso ainda é
asseverado que em Sua glorificação, após Ter purificado nossos pecados,
foi feito mais excelente do que os anjos, tendo herdado um nome muito
mais sublime que o deles (v.4 compare com Fp 2:6-11).
Quando porém chegamos no versículo 6 é onde constatamos que o “dobrar
os joelhos a Jesus” em Fp 2:10 realmente se trata de adoração, visto que
neste versículo é dito que todos os anjos devem adorar a Jesus.
Assim, não é à toa que o Pai declare a Jesus como Deus no verso 8 e que o
Salmo claramente dirigido a Jeová seja aplicado a Cristo.
A tentativa de esconder a declaração do Pai que Jesus é Deus no verso 8 na
Tradução Novo Mundo é inválida, como explica Bowman: se a expressão
“Deus é o teu trono” desta tradução significar que “Deus é a origem da
autoridade de Jesus”, o contexto do versículo fica sem sentido, o escritor
de Hebreus está demostrando que Jesus é muito maior e excelente do que
qualquer dos anjo, mas como aconteceria isso, posto que essa expressão
poderia ser dita também aos anjos??
2João 3 é um versículo também revelador da Divindade de Cristo. O modo
como João o escreve nos faz meditar na Pessoa de Jesus Cristo como o
“Filho do Pai”, querendo interpretar e nos mostrar a filiação toda especial
do Senhor Jesus. Ele é o Filho do Pai dos filhos de Deus. Sua distinção em
relação aos cristãos na filiação divina é vivamente salientada neste
versículo. Ele é Filho porque é igual a Deus, da mesma natureza, nós (os
cristãos) somos filhos de Deus por participarmos dessa mesma natureza
(2Pe 1:4). O modo de falar é repetitivo porque o que João quer revelar é
isso, se não devemos admitir que João é um péssimo escritor, mesmo de
pequenas cartas. São esses tipos de interpretações que dão os estudiosos
heterodoxos da Bíblia tão citados pela “Deve-se Crer...”. Mas isso é
inadmissível para quem crer num Deus perfeito e que os apóstolos eram
pessoas responsáveis e zelosas.
Um detalhe que também alude a Trindade é o da Primeira Pessoa sempre
ser chamada de Deus-Pai, o que forçosamente obriga a deduzirmos que há
o Deus-Filho.
Em Jo 13:34 encontramos Jesus como um Legislador, ao dizer que estava
dando um novo mandamento. Tg 4:12 é claro em dizer que só há um
Legislador.
A reposta do porquê de Jesus não ser chamado de Emanuel (Deus conosco
– Mt 1:23) era porque tal nome não era para ser usado como distintivo
pessoal, era um nome que revelava sua natureza, já o nome JESUS
apontava a sua missão (a de salvação – Mt 1:21) e foi o nome que Ele
passou a ser conhecido
Atos 1:7 muito usado pelas Testemunhas de Jeová para dizer que o Pai era
superior a Jesus e que tinha conhecimentos ignorados por Cristo, também
é bastante útil para a defesa da doutrina da Trindade. Quando o lemos
notamos que Jesus não afirma que não sabia o tempo da restauração de
Israel, coisa aliás, totalmente não defendida pelas Testemunhas de Jeová,
pensam que Deus rejeitou seu povo do Antigo Testamento (vale uma
meditação em Romanos capítulo 11).
Deve-se ainda observar que o fato do Pai determinar os tempos
pessoalmente não faz dEle mais Deus que Jesus e o Espírito Santo. Se por
um lado Deus-Pai determina os tempos da restauração, Jesus é quem
restaura (Atos 1:6), e enquanto Cristo não faz isso pelo Seu poder, o
Espírito Santo concede do Seu aos crentes para levar a obra do Evangelho
até aos confins da terra (Atos 1:8).
Is 9:6 além de revelar a Divindade de Cristo também destaca as suas duas
naturezas: “Porque um menino nos nasceu (natureza humana), um Filho
se nos deu (natureza divina)”.
Outro texto confirmatório da Trindade é Jo 17:5 onde Jesus pede ao Pai
para glorificá-lo junto dEle, provando que junto ao Pai estava outra Pessoa
igual a Ele, no caso, o Espírito Santo. O texto também menciona que esta
glorificação seria feita na mesma Glória que Cristo tinha com o Pai antes
do mundo existir. Este texto foi o que me convenceu que a doutrina da
Trindade era bíblica e verdadeira inicialmente.
A pergunta feita por Paulo em sua expressão de adoração em Rm 11:34
“Por que quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu
conselheiro?” idêntica a que se encontra em Jó 21:8; Is 40:13 e Pv 30:3,4 é
respondida por Jesus em Mt 11:27 “...ninguém conhece o Pai, senão o
Filho...” e pelo Espírito Santo em 1Co 2:10,11: “...porque o Espírito penetra
todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens
sabe as coisas do homem, senão o espírito que nele há? Assim também
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
Em Jo 1:43-51Precisamente os versos 47 e 48 temos outra referência que
só se explica quando se compreende que Jesus estava com o Pai em sua
natureza divina. Jesus afirma Ter visto a Natanael debaixo de uma figueira,
e note que não se trata de uma profecia, Jesus está dizendo que VIU a
Natanael em um lugar onde Jesus não estava, só podemos entender isso se
aceitarmos que Jesus viu a este discípulo pelos olhos do Pai, através da
unidade que tinha com Ele.
Se Jesus é o primeiro e o último (Ap 2:8) e o Pai é o primeiro e o último
(Ap 2:8), ou há dois primeiros e dois últimos ou os dois são um.
Em Hb 6.13 diz que “quando Deus fez a promessa a Abraão, como não
tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo”. Neste caso,
mesmo que tal texto não sirva para confirmar a Trindade, pelo menos
aponta uma ação reflexiva de Deus que a Trindade ajuda a entender.
Atentemos para o capítulo 2 da carta aos Efésios. No versículo 1 é Cristo
quem nos vivifica, mas no 4 e 5 é Deus. No verso 12, Paulo diz: “Que
naquele tempo estáveis SEM CRISTO, separados da comunidade de Israel,
e estranhos aos concertos da lei, não tendo esperança, e SEM DEUS no
mundo”. Note que Paulo coloca Cristo como o ponto principal de todas as
bênçãos espirituais para os gentios, cita o “sem Cristo” primeiro e o “sem
Deus” depois. O apóstolo foi inspirado nos mínimos detalhes. Todo o
capítulo, escrito numa concisão e perfeição impressionante, mostra que a
Trindade trabalhou na obra graciosa de salvação dos homens. O objetivo
final de toda essa maravilha era o homem ter Deus dentro do seu coração
na Pessoa do Espírito Santo (vs. 18,22). No capítulo três Paulo deixa claro
a inspiração divina desse capítulo (vs. 1-4).
Colossenses 2:9 é um texto bíblico também citado para provar que Jesus
Cristo é Deus. Mas sem um devido comentário não ganha toda a força que
realmente tem. Por isso nos deteremos nele com uma melhor apreciação.
Faremos sua análise de duas maneiras: uma isolada e a outra usando toda
a epístola de Colossenses.
A primeira coisa a observar neste versículo são as suas palavras
relacionadas: “Nele (em Cristo) HABITA CORPORALMENTE toda a
plenitude da Divindade”. O tempo do verbo habitar está no presente, o que
nos faz entender que o corpo de Cristo realmente foi ressuscitado, seu
corpo não foi dissolvido como pensam as Testemunhas de Jeová. Jesus
Cristo, assim como mostra esse versículo, ainda possui seu corpo humano,
só que bem diferente de quando ainda cumpria seu ministério terreno. Seu
antigo corpo físico era esvaziado dos atributos divinos (Fp 2:6-8), ou seja,
não possuía a Onipotência, a Onisciência, a Onipresença, enfim, estava
sem sua glória divina (Jo 17:5). Mas o que nos revela Cl 2:9 é que o corpo
humano de Jesus está agora com “toda a plenitude da Divindade”. Na
tradução Novo Mundo lemos: “está cheio de toda da QUALIDADE
DIVINA”, que reforça ainda mais que todas as qualidades ou atributos de
Deus se encontram em Jesus; Ele , portanto, é Supremo, Todo-poderoso,
Onisciente, Onipresente, Eterno, Imutável, Imensurável, Etc.
Mais significativo ainda é a palavra grega PLERÕMA traduzida por
“plenitude”, essa palavra era a mesma usada para designar todos os deuses
do gnoticismo, constituídos, conforme Ireneu, de 30 Eões, levando-se em
conta que o modo de se expressar no contexto indica que Paulo combatia
os gnósticos, ele estava afirmando que Jesus era o Deus total.
O contexto de Cl 2:9 é muito mais significativo. Paulo exorta no versículo 8
para que os colossenses tivessem cuidado com as filosofias dos homens (os
gnósticos), as quais eram totalmente diferentes da de Cristo, a dEle era
superior; o apóstolo diz nos versos 1 a 3 : “quero...que estejais enriquecidos
da PLENITUDE da inteligência, para o conhecimento do mistério de Deus
– Cristo; em quem estão escondidos TODOS OS TESOUROS da
SABEDORIA e da CIÊNCIA”. Ora, o que Paulo diz no verso 9 é que Cristo
tem toda a plenitude da qualidade divina, e portanto possuía a Sabedoria
de Deus, a verdadeira e suprema filosofia, a Sabedoria eterna, um dos
atributos ou qualidades de Deus. No verso 10 Paulo afirma que todo cristão
possui essa Sabedoria: “E tendes a plenitude nEle (em Cristo)”. Ora, o
modo como estamos “em Cristo” é possuindo o Espírito Santo, que revela
as profundezas de Deus (Rm 8:9; 1Co 2:10-14; Cl 1:26-28). A finalidade de
Paulo era que os colossenses se apegassem a essa Sabedoria existente
neles(Cl 1:9; 26-29; 2:1,2), para assim se tornarem crentes espirituais (1Co
2:6,14 e 15; 3:1), frutíferos e firmes (Cl 1:9-11).
Voltando-se agora outra vez para Cl 2:9 merece apontarmos outro detalhe.
O termo “corporalmente” do versículo apesar de ficar explícito que
significa o corpo humano de Jesus, pode significar também o seu corpo
místico – a Igreja, e neste caso a idéia de que os cristãos possuem a
Sabedoria eterna mais ainda de encaixaria com o contexto.
Vejamos agora numa visão global da carta de Colossenses a Supremacia
Divino-humana de Jesus Cristo:
Jesus é o Deus visível (1:15); o herdeiro de toda a criação (Cl 1:15), pois em
plena totalidade foi criada por Ele e para Ele (1:16 – vale lembrar que a
mesma expressão é dita para o Pai em Rm 11:36 também chamado no
contexto de O profundo em riquezas de Sabedoria); Ele é antes de todas as
coisas e tudo subsiste por Ele (1:17); é o cabeça da Igreja (1:18); é o
princípio (1:18), ou seja a origem de tudo; é o primogênito dentre os
mortos, isto é, o herdeiro ou dono dos mortos (1:18 – esse título não
significa ‘o primeiro a ressuscitar’, pois não fala de ressurreição, mas dos
mortos, possuindo um paralelismo com Fp 2:10,11 e Ap 1:18, se bem que
Ele não deixa de ser o primeiro a ressuscitar incorruptivelmente, conf. 1Co
15:23); em tudo Jesus tem a proeminência (1:18), ou seja, é superior, o
mais distinto (em grego PRÓTEUON: o primeiro lugar. Será que Jeová é o
segundo?). Foi do agrado do Pai que nEle (Cristo-homem) habitasse toda a
plenitude (1:19), aqui inclui a plenitude da Divindade (Cl 2:9); é o
reconciliador de todas as coisas (1:20). É também chamado de Senhor dos
céus (4:1).
A vista disso, o que concluímos é que Jesus Cristo é Deus, a Segunda
Pessoa da Trindade, seus títulos nessa carta lhe conferem isso. E vale ainda
anotar: Jesus como Pessoa da Trindade é igual ao Pai e ao Espírito Santo,
mas como Pessoa da Trindade feito homem glorificado detêm mais
prestígios que o Pai e o Espírito, por isso que os demônios são expulsos em
seu nome e não no nome do Pai ou do Espírito (Cl 2:15; Mc 16:17-20), pois
só Ele tem todo o poder no céu e na terra (que é governada pelo diabo por
consentimento do homem – Lc 4:6. Com sua encarnação, morte e
ressurreição Jesus esmagou a cabeça da serpente, ou seja, tirou seu
domínio. O diabo ainda domina por causa de muitos que Jesus ainda quer
salvar – 2Pe 3:9 , mas quando confrontado ocasionalmente é derrotado
pelo nome de Jesus, que está acima de todo nome que se nomeia, não só
deste século, mas também do vindouro (Ef 1:21).
I Jo 5:7: “Pois há três que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito
Santo; e estes três são um”, já mencionado aqui, realmente não consta nos
manuscritos gregos mais antigos, todavia a mais antiga instância da
passagem, citada como parte do texto real da epístola figura em um tratado
do século IV intitulado “Liber Apologiticus” (cap. 4). Por isso ela tem seu
valor, pois existia antes do concílio de Constantinopla (381). Outro
importante detalhe é que o termo UM é o mesmo de Jo 10:30.
O teólogo Millard J. Erickson reforça mais ainda a unidade das três
Pessoas da Trindade em seu comentário de Gênesis 1:27:

“ Criou Deus, pois, o homem à sua imagem,


à imagem de Deus o criou;
homem e mulher os criou.

Alguns argumentam que temos aqui um paralelismo não apenas nas duas
primeiras linhas, mas nas três. Assim, ‘homem e mulher os criou’ seria
equivalente a ‘criou Deus, pois, o homem à sua imagem’ e ‘à imagem de
Deus os criou’. Por esse raciocínio, a imagem de Deus no homem
(genérico) deve ser encontrada no fato de o homem ter sido criado macho e
fêmea (i.e., plural). Isso significa que a imagem de Deus deve consistir em
uma unidade em pluralidade, uma característica tanto éctipo quanto do
arquétipo. De acordo com Gn 2:24, homem e mulher devem tornar-se um
(ECHAD); exige-se uma união de duas entidades distintas. É significativo
que a mesma palavra é usada para Deus no SHEMA: ‘O Senhor, nosso
Deus, é o único (ECHAD) Senhor’ (Dt 6:4) ” – Introdução à Teologia
Sistemática, pág. 132.
Hebreus 8:1,2 é um texto onde se percebe claramente as duas naturezas de
Cristo. Fala que temos um sumo-sacerdote a destra de Deus na Pessoa de
Jesus (Lembre-se que para se ser sumo-sacerdote era necessário que o
mesmo fosse homem, conforme Hb 5:1), e que, o lugar onde este ofício é
ministrado por Ele é o céu, fundado não pelo homem, mas pelo Senhor, ou
seja: Jesus é homem e sumo-sacerdote do santuário que Ele mesmo como
Senhor, e não homem, fundou.
Efésios 1:20,21 declara: “O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o
dentre os mortos e fazendo-se sentar à Sua direita nos lugares celestiais,
acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome
que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro”.
Note que a posição do homem Jesus é enaltecida até a igualdade com Deus
e seu nome é muito mais honrado e exaltado que o nome “Jeová”.
No livro de Atos, capítulo 2 e verso 25, temos Pedro citando um Salmo de
Davi que se referia a Cristo, o qual contém outra prova de Sua Divindade:
“Porque dele disse Davi: SEMPRE via diante de mim o Senhor, porque está
à minha direita, e não serei abalado”. O verso alude a pré-encarnação de
Cristo e mostra a sua eternidade na expressão: “SEMPRE via diante de
mim”. Observe que não é Jesus quem está diante do Pai, mas é Ele que está
diante Filho, o que aponta uma igualdade.
2Co 2:10 é outro texto que confirma a Divindade de Cristo. Paulo diz que
perdoou na presença de Cristo, indicando que Jesus é Onipresente.
Hebreus 9:14 é uma harmônica passagem referente a obra da Trindade
para a salvação dos homens. veja ainda Tt 3:4-6 e 1Co 6:11.
David A. Reed em “As Testemunhas de Jeová Refutadas Versículo por
Versículo”, página 42, cita Jeremias 32:18 da Tradução Novo Mundo, que
diz: “o verdadeiro Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é Jeová dos
exércitos...” e questiona: se Jeová é identificado aqu1Como “o Poderoso” e
é o único Deus verdadeiro, como Jesus pode ser um deus sem ser falso e
também ser o mesmo Deus Poderoso em Is 9:6?

ADORE A DEUS SEGUNDO OS SEUS TERMOS (pág. 30)

Como já explicamos as T.J. entendem mal a passagem de Jo 17:3, o verso


fala de um conhecimento pessoal de Deus, que só pode ser obtido pela
crença na doutrina da Trindade.
O texto de 1Tm 2:4 realmente refere-se ao conhecimento doutrinário,
todavia não deixa ter um forte vínculo com o conhecimento íntimo de
Deus, tanto é que o verso posterior, o 5, trata da mediação de Jesus, pela
qual temos acesso a Deus (Jo 14:6).
O puro conhecimento das Escrituras sem o conhecimento de Deus é o
caminho mais rápido para as erradas interpretações da Bíblia, o fiel
intérprete da Bíblia é o Espírito Santo (1Co 2:12-16; Dn 4:18), e quando Ele
mora em nós além de nos capacitar a entender as coisas de Deus, também
nos a dar a conhecer a Si, e por conseguite ao Pai e ao Filho. De modo que
não podemos desassociar uma coisa da outra.
A perfeita adoração é primordialmente no espírito e não no intelecto:
“Deus é Espírito, e os que o adoram têm de adorá-lo com espírito e
verdade” (Jo 4:24 – T.N.M.). Falando da oração e dos louvores espirituais,
a essência da adoração, a Bíblia diz:
“De maneira semelhante, o espírito também se junta com ajuda
para a nossa fraqueza; pois não sabemos em prol de que devemos
orar assim como necessitamos, mas o próprio espírito implora por
nós com gemidos não pronunciados. Contudo, aquele que
pesquisa os corações sabe o sentido do espírito, porque está
intercedendo de acordo com Deus, a favor dos santos” (Rm
8:26,27 – T.N.M.).
“Também, não fiqueis embriagados com vinho, em que há
devassidão, mas ficai cheios de espírito, falando a vós mesmos
com salmos e louvores a Deus, e com cânticos espirituais, cantando
e acompanhando-vos com música nos vossos corações para Jeová”
(Ef 5:18,19 – T.N.M.).

“vós, porém, amados, edificando-se na vossa santíssima fé e


orando com espírito santo” (Jd 20).

Se compararmos Jo 4:21-24 com Jo 5:24,25 perceberemos que só


poderemos adorar a Deus devidamente depois que recebermos a vida
eterna, ou como já explicamos, o conhecimento íntimo de Deus. Assim, o
que realmente nos capacita a adorarmos a Deus é a comunhão com Ele, e
não o conhecimento bíblico.

A Trindade Desonra A Deus?


A afirmação que a doutrina da Trindade impede das pessoas conhecerem e
adorarem com exatidão ao Soberano Universal, Jeová Deus (pág.30) é
completamente falsa. Como já vimos no tópico “A Trindade E A Vida
Eterna” a única maneira de se conhecer a Deus é pela Trindade.
No que tange a adoração, Jesus deixou claro que os verdadeiros
adoradores adorariam ao Pai em espírito e em verdade (Jo 4:23). Pergunte
a uma Testemunha de Jeová o que significa adorar a Deus em espírito?
Elas darão uma resposta estranha e de modo algum satisfatória.
Exatamente porque negam o lado espiritual do cristianismo; seus conceitos
de “espírito” não permitem a idéia de que esta parte do homem comunga
com Deus (Lc 1:47; Gl 6:18; 2Tm 4:22, Fl 25), recebe confirmação (Rm
8:16) e possu1Conhecimento (1Co 2:11).
O questionamento de Hans Kung: “Por que deveria alguém querer
acrescentar algo à noção da unidade e da imparidade de Deus que possa
apenas diluir ou anular tal unidade e imparidade? (pág. 30), em parte já foi
respondido por nós. A Trindade é necessária para que haja a preservação
do monoteísmo apresentado na Bíblia, porém precisa ser corrigido que a
Igreja primitiva não quis acrescentar algo à idéia da unidade divina, mas
esta unidade, como se denomina é divina, ou seja é própria de Deus e
muito mais que nossos conceitos e opiniões possam expressar. É Deus
quem é trino por natureza, os trinitarianos não inventaram isso. Essa
crítica, portanto, está sendo dirigida ao próprio Deus e só Ele pode
responder porquê é formado de uma unidade em três Pessoas.
Assim vemos o avanço na arrogância dos homens, enquanto Paulo disse:
“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa
formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9:20), os
atuais críticos se voltam para o próprio Deus, como se dissessem: “Por que
Tu és assim?” Mas não podemos fazer isso.
Se atentarmos para a criação perceberemos uma harmonia, uma unidade
em toda essa vastidão de milhões de coisas criadas, logo não acharemos
estranha a unidade divina, ou de onde Deus se inspirou para produzir esse
conjunto unificado e interligado tão maravilhoso.
Se na Trindade as três Pessoas são unidas e harmônicas, sem dar sinal
algum de egoísmo ou de individualismo, por que se pensar que tal fato
tenha influenciado as lutas e guerras entre os homens, se estas ocorrem
justamente pelos interesses próprios? (Tg 4:1-3). A Trindade inspira união
e amor e não o contrário, se supostos trinitaristas guerrearam uns contra
os outros é mais ainda certo o que diz o texto de Rm 1:28, que eles não
retiveram o conhecimento exato de Deus, de modo que o texto realmente
diz que é possível alguém conhecer a verdade sobre Deus e mesmo assim
rejeitar este conhecimento, agindo de maneira incompatível. O texto em
questão só seria útil às Testemunhas de Jeová, se dissesse que a origem de
toda a desobediência e sentimento perverso entre os homens fosse sempre
fruto do conhecimento inexato acerca de Deus, no entanto Paulo nessa
carta chega a dizer exatamente o contrário (Rm 2:26).
E além do mais o fato de trinitarianos terem perseguido, guerreado e até
matado outros trinitarianos, é um assunto que nada tem haver com a
questão da Trindade ser bíblica ou não. Em Rm 3:3,4 temos a verdade de
que sempre Deus será verdadeiro e todo homem mentiroso, quando a
verdade de Deus for ameaçada pelas falhas dos homens. Além disso, nem
todos os que se professam crentes na Trindade são realmente cristãos.
Neste ponto é onde podemos falar com mais detalhes de um grupo de
cristãos trinitaristas que atravessaram a história com um testemunho
belíssimo de fidelidade a Deus; em seu credo havia a norma de não se
envolver com a política e a guerra, prática que eles levaram até as últimas
consequências. Conhecidos por vários nomes durante os séculos, sendo
“Anabatista” o mais conhecido, esses cristãos eram conhecidos pelo grande
número deles que foram perseguidos e martirizados nos séculos XVI e
XVII; no entanto, suas origens e as perseguições remota aos tempos da
Igreja primitiva; eles também não fizeram parte da Igreja-Estado que aos
poucos se transformou na Religião Católica, no entanto criam
piedosamente na Trindade. (E na verdade, como já dissemos, o que fez a
Religião Católica se desviar do cristianismo primitivo não foi a crença na
Trindade, foi o modo errado de se tornar cristão, que segundo a Bíblia era
necessário o arrependimento e a fé para o Novo Nascimento e não apenas o
fato de se ser um súdito do Império Romano, como veio a acontecer
quando o cristianismo veio ser a religião oficial do Império).
Mas respondendo a pergunta desse tópico, se devemos ou não honrar a
Jesus como Deus, citamos as palavras de Jesus: “Para que todos honrem o
Filho, como honram ao Pai. Quem não honra ao Filho, não honra o Pai que
o enviou” (Jo 5:23); portanto, se o Pai deve ser honrado como o único Deus
Todo-poderoso, Jesus também o deve, pois TODOS devem honrar o Filho
como honram ao Pai!
E vale ressaltar que a doutrina da Trindade não desonra a Deus, na
verdade ela faz é Deus ser honrado como merece, pois conforme o credo,
cada uma das Pessoas da Trindade honra umas às outras, o Filho glorifica
ao Pai, o Pai ao Filho e o Espírito ao Pai e ao Filho, desse modo Deus é
honrado por Si mesmo.
Já no caso das Testemunhas de Jeová, seu Deus é um Deus solitário e
distante, honrado apenas pelas coisas que Ele mesmo criou, não parecendo
que Se ama a Si mesmo como ocorre na Trindade. Também é um Deus que
faz acepção de pessoas, chamando umas para morar no céu e outras para
morar na terra; que permitiu a Igreja ser destruída no decorrer da história,
para agora a partir de 1914 tentar recupera-la. Não é de fato o Salvador
ativo da humanidade, mas deixou que um homem fizesse isso. É um Deus
cercado por outros, e que parece não se sentir tão ofendido com os pecados
dos homens, pois dará outra oportunidade a todos aqueles que não
ouviram os ensinos dos seus amigos, chamados Testemunhas de Jeová
(Aqui vale observar: Era bem melhor as Testemunhas de Jeová não
divulgarem seus ensinos, na outra vida com certeza será mais fácil das
pessoas aceitarem a esperança de viver na terra).
Será que honra a Deus classificá-lo dessa forma como fazem as
Testemunhas de Jeová? Não é muito mais digno de reverência e temor o
Deus trino, que castigará com a eterna separação de Si àqueles que contra
Ele pecaram e que não ouviram a mensagem imprescindível de salvação
dos seus servos. Ele pessoalmente veio nos salvar e nos toma por filhos
quando cremos em Jesus, não é limitado, nem fácil de ser compreendido
por Sua grandiosidade e pluralidade de Suas Pessoas???
Sim, a doutrina da Trindade eleva a Deus ao nível da transcendência e o
coloca no devido respeito que merece, quando de peca contra Ele, se peca
contra três Pessoas divinas eternas, por isso que o castigo é eterno.

VENDO A SINCERIDADE, E SE COLOCANDO NO LUGAR DAS


TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

Essa é uma situação perigosa para um trabalho que visa desmascarar uma
obra fraudulenta como é a revista “Deve-se Crer...”, onde se deve
demonstrar plena convicção do assunto, mas aprendi uma coisa com esta
obra das Testemunhas de Jeová, é que não devemos nunca esconder
nossas dúvidas e os pontos fracos de nossa fé e teologia, como disse no
tópico “A TRINDADE COMO ENSINO BÍBLICO” a maneira sempre certa
de falar e nunca demostrando alguma dificuldade em se explicar
determinado versículo, torna o trabalho das T.J. contra a Trindade
suspeito. Assim, espero que contando meu testemunho de como aceitei o
ensino da Trindade de Deus sirva de auxílio àqueles que agora devem estar
em sérios dilemas sobre esta doutrina.
Fiquei em dado momento de minha vida, enquanto estudava se a doutrina
da Trindade era verdadeira ou não, com sérias dúvidas se realmente Deus
era uma junção de três Pessoas, via, às vezes, que o modo de entender
Deus das Testemunhas de Jeová até que não era estranho, parecia muito
sensato e com grandes chances de ser a verdade. O Pai era Deus, Jesus a
Segunda Pessoa depois dEle em tudo e o Espírito uma influência, uma
força. Mas devia tomar uma posição, não podia ficar coxeando entre dois
pensamentos. Argumentos contra e a favor da Trindade existiam, e vi que
eram bons, mas sabia que apenas uma posição era a verdade. Cheguei a
dar um empate no debate devido a sinceridade de ver que as duas posições
eram bem defendidas (aos meus olhos), mas a própria sinceridade não me
permitia agir assim. Estava num impasse terrível. Passei noites sem
dormir. Conversava com irmãos (cito o Stênio com agradecimentos) e com
Testemunhas de Jeová (o Clécio e Edísio, ainda Testemunhas de Jeová,
foram muito dedicados na tentativa de me ajudar), comparava argumentos
e explicações, mas sempre me via com medo de abraçar qualquer das
posições. Não queria me posicionar sem estar completamente convicto.
Foi então que passei a meditar nas consequências que viram da escolha de
cada posição; vi que se optasse em crer como as Testemunhas de Jeová eu
ganharia, caso estivesse essa posição certa, o direito de continuar existindo
num paraíso na terra. No entanto, quando atentei ao que aconteceria caso
esse posicionamento das T.J. estivesse errado me assustei, pois eu iria para
um tormento eterno num lugar distante de Deus chamado Lago de Fogo.
No caso do trinitarismo, se ele estivesse incorreto o máximo que poderia
me acontecer era deixar de existir. Então conclui: Entre deixar de existir e
existir eternamente em tormentos, a segunda opção é bem pior! A lógica
que Deus nos concede, mostrou-me que era melhor crer na Trindade,
mesmo que estivesse errada; assim, fique1Com uma inclinação para
nortear minhas pesquisas.
Desse modo a doutrina do castigo eterno, do mesmo bloco da doutrina da
Trindade, me fez ver que a Trindade era a melhor opção para um
dramático caçador da verdade escolher numa situação de impasse e
incertezas. Hoje sei por convicção que Deus é uma Trindade, vejo com
clareza a debilidade dos argumentos das Testemunhas de Jeová, se1Pela
Bíblia e pelo testemunho do Espírito Santo em meu coração que a doutrina
da Trindade é verdadeira. Mas naquela período, em que não cria na
Trindade era impossível ter essa convicção, por mais que lesse a Bíblia e
procurasse textos que a comprovassem eu não teria. E a razão é simples, só
se pode crer na Trindade pela Trindade. Somente o Pai, o Filho e o Espírito
é que nos fazem crer realmente nesta doutrina. Por isso o Espírito Santo
primeiro me convencer do juízo (do castigo eterno, pois este é o que vem
pelo juízo – Jo 16:8) para eu aceitar a Trindade e então por Ela crer com
convicção nela. Parece que falo em círculos, mas assim são os ensinos da
Bíblia, todas se encaixam perfeitamente, são como afluentes de um rio
único.
Por isso mesmo que, se a pessoa é sincera em sua busca da verdade a
encontrará, isso devido cada doutrina bíblica se completar com outra, se
porventura na nossa busca ficamos num impasse, somente outra doutrina
nos fará tomar a decisão correta. Geralmente a maioria das pessoas se
apegam a uma doutrina, seja verdadeira ou falsa, por algum motivo
sentimental ou conveniente, por exemplo, um defensor da doutrina da
Trindade pode no início do ser apego a essa doutrina ter sido influenciado
por sua família que é toda trinitarista deste longa data; do mesmo modo
uma Testemunhas de Jeová pode ter sido grandemente influenciada para
recusar a doutrina da Trindade pelo sentido que este grupo lhe
proporcionou na sua vida, ou por ter sido a primeira explicação plausível
recebida sobre um assunto até então complexo. Rara são as pessoas que
iniciaram seu apego a uma doutrina simplesmente pela sinceridade.
A doutrina de Deus não é fácil de ser alcançada se não formos sinceros e
prontos a rejeitar tudo pela verdade. A história humana mostra que os
homens sempre buscavam um Deus segundo o que eles queriam, sempre
defendiam seu Deus baseados no seu desejo. Para não sermos
influenciados prejudicialmente na caracterização autêntica de Deus,
devemos ser sinceros em nossa sinceridade; a definição de Deus deve ser
dada por Ele mesmo. Deus mesmo ao dizer: Eu sou o que sou, estabeleceu
essa regra de se auto-definir; portanto, Deus não é o que dissemos dEle, é o
que Ele de Si mesmo diz. Josh Medowell diz uma grande verdade que
quero transcrever:
“Ao considerarmos a Divindade de Cristo, a questão não reside em ‘se é
fácil crer nessa Divindade, ou mesmo compreendê-la, mas se ela é
ensinada na Palavra de Deus’. Se, a princípio, a idéia parecer incompatível
com o raciocínio ou compreensão humanos, isso não cancela
automaticamente a possibilidade de ser verdadeira. Nosso universo está
repleto de coisas (como a gravidade, a natureza da luz, os quazares) que
ultrapassam o entendimento humano no momento, mas que, não obstante,
são verdadeiras. A Bíblia ensina que Deus não pode ser compreendido pela
mente humana (Jó 11:7; 42:2-6; Sl 145:3; Is 40:13; 55:8,9; Rm 11:33).
Sendo assim, devemos permitir que Deus diga a última palavra a respeito
de Si mesmo, quer possamos ou não compreendê-la inteiramente”
A maioria das Testemunhas de Jeová conhecem muito ACERCA de Deus,
mas infelizmente não O conhecem pessoalmente; falta as Testemunhas de
Jeová intimidade com Deus, o próprio modo de se dirigirem a Ele revela
isso, somente uns poucos (os 144 mil) se dirigem a Deus por PAIZINHO
(ABA – Rm 8:15), somente estes terão o direito de na eternidade estarem
junto a Deus (facilmente visto que é mentira em Jo 12:26). O
conhecimento acerca de Deus não é garantia de que seremos salvos, o
diabo conhece bastante a Bíblia, os escribas da época de Jesus também a
conheciam muito bem, tanto é que facilmente disserem onde a nasceria o
Messias (Mt 2:4-6), mas estes não possuíam a aprovação de Deus. Todas as
Testemunhas de Jeová que eu conheci demostravam uma atitude soberba
por se sentirem conhecedoras da Bíblia, mas um versículo facilmente põem
o conhecimento e estudo das Escrituras em segundo plano: “Que
aprendem sempre, e nunca podem chegar ao pleno conhecimento da
verdade” (2Tm 3:7). A grande verdade oculta as soberbas Testemunhas de
Jeová é que não conhecem a Deus realmente, seus estudos dirigidos por
seus líderes e sempre limitados às gotas bíblicas das Revistas Sentinelas,
estão sempre a levá-las a um distanciamento da verdade e não ao
contrário. Só conhecem acerca de Deus, e muito mal, a coisa mais rara
entre elas é encontrar uma que tenha lido toda a Bíblia.
É importante termos sempre o cuidado de levar e incentivar as
Testemunhas de Jeová a pensarem por si mesmas, elas são completamente
repetidoras como papagaios, o sistema delas em nada difere do papado da
Idade Média, são subservientes a um modo de pensar pré-fabricado e de
certa forma útil para quem não quer ou está cansado de procurar uma
religião ou grupo cristão mais adequado; é o estilo tipicamente americano:
Muito prático e cômodo. Os americanos são assim, quando não são
patriotas como no caso da seita dos Mórmons, são medíocres como as
Testemunhas de Jeová.
Somente quando uma Testemunha de Jeová conhece a Jesus em seu
espírito é que poderá crer na Trindade. Minha sincera vontade é que esse
escrito contribua para que muitas Testemunhas de Jeová creiam que Jesus
é Deus, para conhecê-lo intimamente tendo o conhecimento do Deus que
criou os céus e a terra, possuindo assim a Vida Eterna, que é o
conhecimento ou a comunhão para sempre com Deus no presente (no
espírito) e consequentemente no futuro (no corpo) – Jo 6: 54; I Jo 3:15;
2Co 5:4; 2Tm 1:10. Vale destacar aqui que a Vida Eterna não significa o
mesmo que Ressurreição, em Jo 6:40 Jesus distingue claramente as duas
coisas, uma é presente e conduz a outra: “Sim, esta é a vontade de meu Pai:
Que vê o Filho e nele crê tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último
dia” (Bíblia de Jerusalém) os que tiverem a Vida Eterna terão uma
ressurreição para a Vida (Jo 5:29), isto é, uma ressurreição para a
comunhão com Deus.
A idéia de Deus vir até os homens na forma humana ultrapassa qualquer
bondade e benefício que este mundo possa oferecer, revela que Deus ama a
humanidade além de nossa compreensão, a dificuldade de entendimento
para a doutrina da Trindade é bem menor do que esse tão grande prova de
amor. A Bíblia assim se expressa:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a Vida
Eterna” (Jo 3:16).
“Mas Deus prova o seu PRÓPRIO AMOR para conosco, pelo fato de Ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Aqui nota-
se uma clara idéia que Jesus é o próprio Deus, pois como poderia Deus
provar seu próprio amor quando Jesus morreu por nós, se Cristo não fosse
Deus.
“O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu
vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).
“Ainda que eu conheça TODOS OS MISTÉRIOS (inclui a Trindade e dupla
natureza de Cristo) e toda a ciência... se não tiver amor, nada
serei...permaneci a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior é o
amor” (1Co 13:1,13).
“Por esta causa me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o Nome
(Jeová) toda a família, tanto no céu (Pai, Filho e Espírito Santo) como na
terra (a Igreja), para segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que
sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior;
e assim habite Cristo nos vossos corações, pela fé, estando vós arraigados e
alicerçados em amor, afim de poderdes compreender com todos os santos,
qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e profundidade e conhecer o
amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de
toda a plenitude de Deus” (Ef 3:14-19).
Meditando nesses textos citados e em muitos outros percebemos que o
Amor de Deus revelado em Cristo é descrito com muita grandiosidade na
Bíblia. Quando se crer na Divindade de Cristo isso faz sentido. A crença na
Trindade não é apenas compreensível, também é esclarecedora, ela faz a
obra da redenção uma história divina de Amor, todas as outras histórias de
amor são inferiores, até mesmo o amor de Deus conforme os conceitos das
Testemunhas de Jeová.
Não é possível o diabo ter inventado uma doutrina como a Trindade, ele
não é tão inteligente assim (Mt 16:23), e jamais ele faria que Jesus fosse
tão honrado, e que Deus fosse tão amoroso ao ponto de vir pessoalmente
salvar os homens, é muito mais provável o contrário, ele querer diminuir o
amor de Deus, fazer Sua obra ser menos do que realmente foi.
Esquecendo dos argumentos, das discussões e dos textos de comprovação,
pessoalmente acho a doutrina da Trindade na salvação algo indizível e
fantástico, que me inspira a adorar a Deus, e não só isso, também revela o
quanto sou pequeno em face do que Ele me fez. Essa doutrina mostra o
quanto deveríamos se preocupar com os homens. É a doutrina do amor de
Deus. Um amor que nos constrange a dar as nossas vidas para Aquele que
por nós morreu e ressuscitou (2Co 5:14,15).
Apêndice: Quando em 1994 escrevi o tópico acima acabei, sem querer, por
reforçar mais ainda a crença na Trindade, mas esta não era minha intenção
original, como se pode ver claramente no início. Hoje (14.12.99) em
meditação relembrei o que eu realmente queria dizer quando propus
escrevê-lo. Iria mostrar que meu modo de entender Deus, sob o prisma do
trinitarismo, podia estar errado, tencionava expor dúvidas e de certo modo
até criar uma reviravolta pondo em risco tudo o que tinha pesquisado e
concluído, todavia fui absorvido pela verdade de tal modo que não
consegui enfraquecer a doutrina da Trindade, mas mais ainda reasseverá-
la de um modo muito mais contundente, isso me mostrou mais uma vez
“que nada podemos contra a verdade, mas sempre em seu favor”, mesmo
que quiséssemos ou usássemos toda a imaginação. Tentei usar minha
sinceridade e criatividade para transformar esta parte do trabalho num
tipo de brilhantismo ou arte, mas Deus não permitiu, eu estaria arriscando
não um capricho ou uma tese humana, mas muitas almas e a plena
aceitabilidade de uma doutrina bíblica importantíssima. Perdoe-me.

A EXISTÊNCIA DO CASTIGO ETERNO

Sendo essa a doutrina que me levou a crer na Trindade, achei por bem
trazer aqui alguns argumentos para defendê-la; antes porém, refutaremos
as principais idéias das Testemunhas de Jeová usadas para negar o castigo
eterno.
1 – “Deus não seria justo condenando ao castigo infinito alguém que agiu
impiamente por apenas 70 anos”. Esse é um dos argumentos favoritos dos
que não crêem no castigo eterno, e aparentemente é bem convincente, mas
é um terrível engano. Não é porque o tempo de desobediência é pequeno
que anularia o castigo eterno, na verdade a vida humana limitada já é para
diminuir o castigo eterno, se os ímpios tivessem mais tempo de vida na
terra, seria mais tempo de pecado, e por consequência elevaria o castigo.
Se uma eternidade de vida na terra fosse concedida aos incrédulos, seria
uma eternidade de pecado. Um exemplo disso é Satanás e seus anjos que
pecam sem parar. Portanto, o tempo de vida terrena limitado aos homens
não nega o castigo eterno.
Deve-se observar também, que a maioria das pessoas vivem
desobedecendo a Deus acreditando que se assim morrerem terão um
castigo eterno. Desse modo o castigo eterno torna-se um fato e uma
necessidade, pois a desobediência nesse caso é muito mais elevada, possui
uma maldade e obstinação tal, que se faz necessário a existência do castigo
eterno. Se alguém por exemplo explode uma bomba para matar mil
pessoas mas só mata uma, não diminui de forma nenhuma sua maldade e
maléfica intenção, deve ser condenado a um castigo do nível do seu crime
premeditado, que felizmente não se concretizou. Assim, a pessoa deve ser
castigada pelo nível de sua maldade, e não pelo ato pecaminoso
propriamente dito. No caso da pessoa que crer num castigo eterno e
mesmo assim não se converte, temos um aumento enorme em sua
maldade, em seu desprezo a Deus que só encontraria um castigo justo se
esse fosse sem fim. Como outro exemplo podemos citar uma pessoa que
mata outra, ciente que a estar enviando para o castigo eterno, a
perversidade nesse caso é tão grande que só dando um castigo eterno é que
se obteria uma pena justa.
Assim, mesmo que o castigo eterno não existisse Deus teria que criá-lo.
2 – As Testemunhas de Jeová crêem que o inferno (ou Hades, ou Sheol)
nada mais é que a sepultura. Pois Jó desejou ir a esse lugar (Jó 14:13),
assim como Jacó (Gn 37:34,35). Já o profeta Jonas, mostra que o ventre do
grande peixe era o Sheol (Jn 2:1-6). No entanto, as Testemunhas de Jeová
ignoram que no Antigo Testamento o Sheol tinha uma divisão.
Um lugar era para as almas dos justos e outro para dos injustos, conforme
vemos na narrativa de Lc 16:19-26. Quando Jó e Jacó desejaram ir ao
Sheol, estavam pensando no lugar dos justos. No caso de Jonas, que
compara o ventre do grande peixe com o Sheol, mais ainda é uma prova
que o Sheol não é a sepultura, pois no ventre do peixe Jonas estava
CONSCIENTE e em angústias (Jn 2:2).
Deve ser dito que a história contada por Jesus em Lc 16:19-26 não é uma
parábola como pensam muitas Testemunhas de Jeová, e a prova disso são
os nomes próprios nela referidos: Abraão e Lázaro – o nome do rico
(NEÚES) aparece em um manuscrito do Novo Testamento (Léxico do
Novo Testamento, Grego/Português, de F. Wilbur Gingrich e Frederik W.
Danker, página 140).
Fazendo uma comparação de Atos 2:25-27 com o Sl 16:9,10 as
Testemunhas de Jeová tentam provar que o Sheol ou Hades é a mesma
sepultura. Mas atentando bem para o texto, vemos que ele mostra
exatamente o contrário, constatamos que o Hades é um lugar para as
almas e a sepultura para o corpo, observe: “Pois não deixarás minha ALMA
no Hades, NEM permitirás que o teu santo veja a corrupção...Prevendo
isto, Davi falou de ressurreição de Cristo, que sua ALMA não foi deixada no
Hades, NEM sua CARNE viu corrupção” (Atos 2:27, 31) – grifos nossos.
Vemos ainda sepultura distinta do Sheol em Pv 1:12.
3 – Um outro argumento é dizer que o homem não possui alma imortal,
que quando morre fica inconsciente (Ec 9:5). Mas isso não é verdade, em
1Co 15:53, vemos Paulo dizer que o que era mortal no homem precisa ser
revestido de imortalidade; ora, se há no homem uma parte que é mortal é
porque existe outra que é imortal. Mateus 10:28 é também um excelente
texto que confirma a imortalidade da alma humana: “E não fiqueis
temerosos dos que matam o corpo mas não podem matar a alma; antes,
temei aquele que pode destruir na Geena tanto a alma como o corpo”
(T.N.M.). É um texto por demais claro, mas que ficou parcialmente
obscurecido pela tradução da palavra grega APOLESAI por “destruir” e não
“perecer em tormentos” que é seu real significado. A raiz desta palavra é a
mesmo do nome do anjo que atormentará a humanidade em Apocalipse
9:10,11 – APOLLYON. No entanto, da forma que se encontra na tradução
das T.J. a primeira parte do versículo ainda confirma a existência da alma
após a morte do corpo.
Quando a Bíblia fala da morte da alma refere-se a morte espiritual em
consequência do pecado cometido (Ez 18:4) ou dela em contraste com a
morte do corpo, uma alma que morreu, é uma alma que saiu do corpo.
Alma tem várias conotações na Bíblia, podendo por metonímia (tomar uma
parte pelo todo) representar o próprio indivíduo. Mais de modo definido, a
alma é a própria personalidade do homem e possui três partes: mente,
vontade e emoções [ mente – Js 23:14; Sl 13:2; 51:6; 139:14; 119:129,167;
139:14; Pv 2:10; 9:2; 23:7; 24:14; At 15:24; vontade – I Sm 23:20; I Rs
11:37; Jó 6:7; Pv 21:10; Is 26:8; emoções – II Sm 5:8; Jó 3:20; 19:2; Sl
35:9; 46:6; 86:4; 107:18; 119:28; Pv 13:19; 21:23; Is 58:10; 61:10; Mt
26:38].
Sobre o texto-prova de que ao morrer o homem fica inconsciente, este não
passa de mais uma torção da Bíblia. Eclesiastes 9:5 se lido com o verso 6
fica evidente que está dizendo que os mortos não sabem nada do que é
feito debaixo do sol, ou seja, no mundo dos vivos, e não que estão
inconscientes.
4 – O texto de Jr 7:31 usado para dizer que nunca passou pela mente de
Deus queimar alguém no fogo, visando assim negar que Deus tenha a idéia
de castigar os ímpios com fogo eterno, também não serve para esse
propósito, ele mostra que o que não subiu no coração de Deus foi o
oferecimento em fogo de seres humanos como sacrifícios à divindades
falsas. E se meditarmos que no lago de fogo os homens serão queimados
(mesmo que não seja eternamente), a conclusão das T.J. ainda se mostrará
errônea.
5 – O texto de I1Ts 1:9 “Esses mesmos serão submetidos á destruição
eterna de diante do Senhor e da glória da sua força” (T.N.M.)
frequentemente citado pelas T.J. como prova de que existirá um
aniquilamento total dos ímpios em vez de sofrerem um castigo sem fim, na
verdade só permite essa interpretação por causa da tradução Novo Mundo,
acima citada, que traduz o vocábulo grego ÓLETHRON por “destruição”,
seu significado mais distante para o Novo Testamento. O dicionarista
grego Isidro Pereira, S. J. dar para a palavra cinco significados: perda,
ruína, morte, açoite e peste. Frederick W. Danker, outro dicionarista, dar
três significados, no seu Léxico do Novo Testamento Grego/Português,
praticamente os mesmos de Isidro: destruição, ruína, perda. Dos três os
que parecem mais cabíveis para I1Ts 1:9 são ruína e perda. No entanto, o
que decisivamente esclarece o sentido da palavra para o Novo Testamento
são os outros lugares onde esta mesma palavra aparece. O primeiro é 1Ts
5:3 e o contexto desse versículo indica dores e sofrimento e não
aniquilamento, observe: “Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis
que lhes sobrevirá repentina ÓLETHROS, como vêm as DORES de parto à
que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão”(grifos nossos) Ora,
fica claro que a idéia aqui não tem nada haver com aniquilamento, mas de
sofrimento, a própria Bíblia considera grande as dores de parto (Gn 3:16).
Outro texto em que a palavra aparece é 1Tm 6:9, e mas uma vez a idéia de
sofrimento se mostra claramente pelo contexto: “Ora, os que querem ficar
ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e
perniciosas, as quais afogam os homens na ÓLETHRON e perdição.
Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se ATORMENTARAM com
MUITAS DORES”. E a última referência onde a palavra ocorre, além de
I1Ts 1:9, é 1Co 5:5, onde lemos sobre a excomunhão de um membro da
igreja de Corinto: “seja entregue a Satanás para a ÓLETHRON da carne,
afim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”. Nesse caso é pouco
provável que Satanás seja tão bonzinho a ponto de não querer fazer esse
cristão excomungado sofrer.
Além dessas passagens correlatas onde podemos perceber o real sentido do
vocábulo grego OLETHRON, o próprio contexto da palavra em I1Ts 1:9
explica o que seria essa “destruição” eterna, pois diz: “Estes sofrerão
penalidade de eterna destruição, BANIDOS DA FACE DO SENHOR DE DA
GLÓRIA DO SEU PODER”. Assim, essa punição eterna é a separação
desses ímpios da presença do Senhor, e esta é a explicação dada pelos
trinitaristas para o significado de morte eterna, que é a completa separação
dos perdidos de Deus, pois vida eterna é ter comunhão para sempre com
Deus e não simplesmente existir para toda a eternidade.
Agora vejamos alguns argumentos a favor do castigo eterno:
Em Pv 23:14 é dito que fustigando a criança com vara livra sua alma do
inferno. Ora, todos nós sabemos que não importa o quanto batermos em
nossos filhos, isso não os impedirá de irem a sepultura, assim, o Sheol não
pode ser a sepultura, que com surra ou sem surra todos experimentam.
Falando acerca de Judas Iscariotes, Jesus disse que seria melhor que ele
não houvesse nascido (Mt 26:24). Tal afirmativa não teria sentido se a
morte fosse um estado idêntico ao de quando não tínhamos nascido.
Algumas argumentam que Jesus disse isso, não por causa do castigo que
ele receberia, mas por causa do ato de traição em si. Todavia essa
contestação cai por terra quando atentamos para a expressão: “AI daquele
por quem o Filho do Homem é traído!” Expressão que sempre significa um
castigo em grande proporção (Ap 8:13; 9:3-12).
Um castigo igual para todos é algo inaceitável para a justiça; também
ficaria sem sentido o retribuir segundo as obras. A Bíblia fala claramente
que haverá galardões da injustiça, quem pecou mais terá maior galardão,
ou seja mais castigos (2Pe 2:13; 2Co 11:15; Lc 12:47, 48).
O castigo é eterno porque Deus, a quem o pecado é cometido, é eterno.
Mt 5:29,30 diz: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de
ti; pois te é melhor que perca um dos teus membros do que seja todo o teu
corpo lançado na Geena. E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e
lança-a de ti, pois te é melhor que perca um dos teus membros do que seja
todo o teu corpo lançado na Geena”. Fica claro por esse texto a existência
do castigo eterno.
Obs.: As T.J. argumentam que a Geena significava a destruição eterna, pois
era o nome dado ao depósito de lixo do vale de Hinom, onde o lixo da
cidade ficava sendo perpetuamente queimado. Mas tal interpretação não
parece ser a mais conveniente, é muito mais certo que Cristo tenha usado o
vale de Hinom para simbolizar o fogo eterno que seria submetidos todos os
que fossem separados de Deus como lixo, que devem ser apartados de nós
e não simplesmente desintegrados, já que isso é impossível.
Mt 13:40-43 também é um texto para provar o castigo eterno, pois ele é a
interpretação do verso 30 da parábola do Joio do campo, portanto não é
simbólico, nem representativo, mas a própria realidade.
Dn 12:2 fala da vergonha e desprezo eterno. Ora, só pode existir vergonha
eterna se a pessoa que a experimenta existir eternamente.

O Perigo De Se Rejeitar A Trindade (pág.31)


Como já ficou claro, rejeitar a Trindade é rejeitar tudo o que a ela está
ligado, no caso: o credo primitivo e todos os ensinos cristãos, como a
imortalidade da alma e o castigo eterno. Quem rejeita a Trindade deve ficar
ciente das consequências que lhe sobrevirão dessa escolha; de imediato se
pode conseguir um alívio intelectual pela simplicidade em se entender um
Deus como o proposto pelas Testemunhas de Jeová, mas o nosso interesse
não deve se restringir a este mundo, temos uma eternidade e precisamos
pesar bem os prós e os contra. Os Saduceus da época de Cristo podiam ser
bem lógicos em seus argumentos, mas mesmo assim Jesus disse que eles
estavam em grande erro.
Se o ensino da Trindade possui um caráter elevado e além de
entendimento, mais ainda incentiva-nos a adorar a esse Deus, ou não é
verdade que sempre nos submetemos e honramos a alguém que é superior
a nós? Deus é assim, excelso e transcendente, não se trata de uma
divindade simplória e nivelada ao nível do nosso entendimento como os
pagãos primitivos idealizaram.
O que fez o diabo cegar o entendimento dos homens não foi a
transcendência de Deus, mas a falta de fé no Evangelho da glória de Cristo,
o qual é a imagem exata de Deus (2Co 4:4), por isso dizer que ele cegou “os
entendimentos dos incrédulos”; se cremos na palavra de Deus, a promessa
do contexto desse versículo é que das trevas resplandecerá a luz em nossos
corações, para a iluminação da glória de Deus na face de Cristo (2Co 4:6).
Jesus é o Logos, é a luz que ilumina a todo homem que vem ao mundo, é
nEle que entendemos o Deus grandioso da Bíblia; é quando o julgamos um
mero homem que usurpa a natureza divina (Jo 19:7) que acabamos por
crucificá-lo (1Co 2:8).

CONCLUSÃO

Esse encerramento de forma alguma indica um esgotamento sobre a


questão; há muitas outras provas da verdade da doutrina da Trindade, aqui
apresentemos apenas um esboço, visamos mais contra-argumentar com os
autores da “Deve-se Crer na Trindade? Por outras óticas e com outras
finalidades poderíamos estender o assunto por toda uma eternidade.
Sempre encontro textos bíblicos que confirmam a doutrina de forma
direta, pois indiretamente toda a Bíblia sustenta esse ensinamento, a
própria Bíblia já é uma prova, pois foi inspirada pelo Espírito, pelo Pai e
pelo Filho.
Diante do leitor deixo a decisão de crer ou não na Trindade.
Para mim a pergunta feita por um grupo de discípulos assombrados sobre
quem era aquele que até os ventos e o mar obedeciam (Mt 8:27), já está
respondida, Ele era Deus, o Senhor Todo-poderoso (Sl 148:8b), que tudo
fez com um coração cheio de um amor trinamente divino.

A GLÓRIA DE DEUS

A hipótese do homem-Jesus não ser Deus, complica muito as coisas. Jesus


é o protagonista de toda a história da Redenção, qualquer um percebe que
Jesus Cristo tomaria o lugar de Deus se não o fosse, e se Ele realmente não
é, acabou tomando de qualquer forma.
Deus ao dizer em Isaías 48:11 que a sua glória não daria a outrem, teria se
equivocado ou não conseguiu manter sua palavra por causa de uma
suposta mentira do Diabo.
No entanto, segundo a Bíblia em Ap 5:11,12Jesus é digno de receber TODA
a glória e toda a honra, e poder, e louvor, e força e sabedoria, tudo em pé
de igualdade com Deus (Ap 4:9-11). Se não entendermos da forma que
Jesus disse em Jo 17:5 que a glória do Pai era compartilhada por seu Filho
na eternidade, fica muito difícil de se compreender a Bíblia.
A Bíblia diz que o profeta Isaías viu a glória de Deus (Is 6:1-10); todavia, o
apóstolo João diz em seu Evangelho que ele viu foi a glória de Jesus (Jo
12:39-41), e em Atos tomamos ciência que era o Espírito Santo a quem o
profeta estava vendo (At 28:25-27). Não é a toa que os cristãos viram na
expressão “santo” dita três vezes em Isaías 6:3 como uma referência a
Trindade.
Glória, pois, ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo!

Luiz Sousa em Cristo eternamente!

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