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Luiz Fernando C.

de Oliveira

A espectroscopia pode ser entendida como uma retratação de qualquer tipo de interação da radiação
eletromagnética com a matéria. Através da análise minuciosa do espectro observado podemos obter
informações relevantes sobre a estrutura molecular e modo de interação entre moléculas

espectroscopia, vibração molecular, transições eletrônicas

Introdução molecular. A tentativa de compreender níssimos pontos que chamamos de


24 os efeitos que a radiação eletromag- fótons), ora comporta-se como onda

P
or que as folhas das árvores são
nética exerce sobre a matéria provém (similar ao efeito que percebemos
verdes, e as flores apresentam
de longa data, mas foi com Sir Isaac quando jogamos uma pedra na super-
um leque de cores tão variado
Newton, proeminente pesquisador in- fície de um lago de águas calmas).
de dia, mas de noite, na falta da luz do
glês, quem iniciou o Assim, podemos dizer
sol, não percebemos essas cores? Por
estudo científico das Definimos espectroscopia que, do ponto de vista
que, ainda sob efeito da luz do sol, a
propriedades da luz. como a interação de ondulatório, a luz apre-
maior parte dos materiais, incluindo a
Ele descobriu que a qualquer tipo de radiação senta duas proprieda-
nossa pele, sofre aquecimento, poden-
luz branca do sol eletromagnética com des principais: seu com-
do inclusive apresentar queimaduras,
nada mais era que matéria. Dessa forma, toda primento de onda (a
enquanto de noite esse efeito não se
um somatório de manifestação que nossos distância entre dois má-
pronuncia? A resposta e a compreen-
outras luzes, varian- olhos percebem, por ximos das ondas ge-
são desses e de outros fatos curiosos
do desde o violeta, exemplo, é um tipo de radas) e sua freqüência
está no que chamamos de espectros-
passando pelo azul, espectroscopia (o número de vezes por
copia!
verde, amarelo, la- segundo em que essas
Em termos genéricos, podemos
ranja e terminando no vermelho. Isso ondas são geradas por uma fonte). A
definir espectroscopia como a intera-
ção de qualquer tipo de radiação pode ser observado no fenômeno relação entre essas duas grandezas
eletromagnética com a matéria. Dessa natural da dispersão da luz do sol nas está na expressão abaixo:
forma, toda manifestação que nossos gotículas de água da chuva, formando c = λν (1)
olhos percebem, por exemplo, é um o arco-íris. Serão esses componentes
tipo de espectroscopia que está acon- individuais (em forma de cores dis- onde c, a constante de proporcionali-
tecendo. Muitos outros fenômenos tintas) que vão interagir com os átomos dade, é a velocidade da luz no vácuo,
naturais, dos quais citaremos alguns e moléculas, para dar origem aos fenô- igual a 3,00 x 108 m.s-1. É interessante
exemplos neste capítulo, referem-se à menos que discutimos neste capítulo. notar que, em função da Equação (1),
interação entre luz e matéria. Claro está Antes de iniciarmos nosso estudo quando uma onda luminosa tem gran-
que o arranjo molecular dos átomos sobre fenômenos espectroscópicos, é de valor de comprimento de onda, terá
para compor a forma geométrica da necessário apresentarmos algumas também uma baixo valor de freqüên-
molécula será um componente impor- propriedades da radiação, pois delas cia, e vice-versa. Outra característica
tante nesse assunto, tanto para averi- dependerão esses fenômenos. Sabe- importante refere-se à quantidade de
guar os efeitos das transições dos elé- mos que a luz tem um comportamento energia contida no feixe luminoso, que
trons, como também dos núcleos dos duplo: ora apresenta-se como partícula pode ser calculado a partir da equação
átomos componentes da estrutura (como se fosse um conjunto de peque- de Planck:

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E = hν (2) dos núcleos da molécula. Entretanto, mentos permitidos serão devidos aos
nos demais tipos de transição ocorre movimentos que chamamos de vibra-
a qual pode ser também escrita subs-
uma mudança da posição relativa dos cionais, e que serão 3N - 5. Para uma
tituindo-se a freqüência pela Equação
átomos na molécula devido ao efeito molécula que não seja linear, existirão
(1): E = hcλ-1, onde h é a constante de
da radiação eletromagnética. A partir 3N - 6 movimentos vibracionais, uma
Planck, igual a 6,626 x 10-34 J.s. Essa
disso, podemos definir os chamados vez que haverá todos os modos trans-
relação possibilita dizer que a luz ver-
graus de liberdade moleculares, que lacionais possíveis.
melha, com valor de comprimento de
definem a qualidade e a quantidade de Por exemplo, para uma molécula
onda de 632,8 nm (é a
movimentos que po- diatômica genérica AB, cuja ligação
cor proveniente de um
Fenômenos dem ser efetuados química está definida sobre um eixo do
laser de hélio-neônio)
espectroscópicos pelos átomos que sistema de coordenadas, haverá um
tem energia da ordem
dependem da grandeza da compõem a molécula total de 3N - 5 (3 x 2 - 5 = 1) modos
de 2 eV.
energia da luz, e assim em questão. Vamos vibracionais, o que permite dizer que
Dessa forma,
poderemos obter imaginar uma molé- moléculas desse tipo apresentam
quando radiação de
informações sobre as cula formada por N apenas um modo vibracional possível,
determinado compri-
transições eletrônicas das átomos, disposta no relativo à variação da distância de liga-
mento de onda (e por
substâncias químicas e espaço tridimensional ção entre os dois átomos durante a vi-
conseqüência com
observarmos as cores da (ou seja, cada átomo bração. Já para uma molécula com
determinado valor de
natureza que nos cerca, tem suas coordena- mais de dois átomos, por exemplo,
freqüência e energia)
das definidas por pon- uma molécula genérica ABC, linear,
entra em contato com
tos nos eixos x, y e z). Sob influência haverá 4 modos vibracionais; entretan-
a matéria, ocorrerá algum fenômeno
da radiação eletromagnética, essa to, se a mesma for não-linear, haverá
espectroscópico. Os fenômenos vão
molécula pode sofrer uma transição e apenas três modos vibracionais pos-
depender da grandeza da energia da
cada um dos N átomos da molécula síveis. Dessa forma, podemos perce-
radiação, e assim poderemos obter,
pode se movimentar nas três direções ber o quanto é importante conhecer a
por exemplo, informações sobre as
dos eixos cartesianos x, y e z, o que geometria molecular, pois desse co- 25
transições eletrônicas das substâncias
implica em 3N modos distintos de nhecimento podemos inferir proprieda-
químicas (e observarmos as cores da
movimentos associados aos três tipos des da molécula. Por outro lado, co-
natureza que nos cerca), ou então
possíveis de transições. Temos três nhecendo as chamadas propriedades
percebermos, através do calor emana-
tipos de transições possíveis: vibracio- espectroscópicas de uma molécula,
do pelas substâncias, que as mesmas
nais, nas quais os núcleos dos átomos podemos também inferir qual será sua
estão sofrendo vibrações moleculares,
mudam de posição constantemente geometria molecular, conforme expli-
referentes a movimentos dos núcleos
devido a mudanças das distâncias de cado acima.
dos átomos que compõem as molécu-
ligação ou nos ângulos de ligação; as Vamos abordar neste artigo as
las.
rotacionais, que implicam mudanças espectroscopias vibracional e eletrô-
De acordo com o mencionado nos
na posição dos átomos da molécula nica. Iniciaremos nosso estudo pelas
modelos teóricos para a compreensão
devido a rotações sobre eixos defini- transições eletrônicas. Depois estu-
da estrutura da matéria (p. 6), quando
dos, e as translacionais, devido a movi- daremos as transições vibracionais
radiação eletromagnética incide sobre
mentos de translação da molécula que acontecem por absorção e por
a matéria (ou uma molécula química
como um todo. Dessa forma teremos espalhamento de energia, comple-
qualquer), pode então ocorrer uma
então, para uma molécula linear tando assim nossa viagem parcial pelo
transição entre estados energéticos.
qualquer (uma molécula cujos átomos mundo da espectroscopia. Contudo,
De acordo com o valor de energia da
estão dispostos so- vamos antes fazer uma
radiação eletromagnética, as transi-
bre um dos eixos do A luz provoca na matéria a breve recapitulação so-
ções entre os estados ocorrem diferen-
sistema de coorde- chamada transição de bre espectroscopia ro-
ciadamente, e podemos dividi-las em
nadas, por exemplo, estados energéticos. Essas tacional.
vários tipos, dos quais as principais são
o eixo x), três modos transições podem ser Sabemos que para
as transições eletrônicas, vibracionais
rotacionais (rotações eletrônicas, rotacionais, átomos e moléculas
e rotacionais. Além delas, temos
em cada um dos ei- vibracionais ou ainda somente certos níveis
também as transições translacionais,
xos x, y e z), e tam- translacionais energéticos são permi-
todas ocorrendo em diferentes valores
bém outros dois mo- tidos, isto é, a energia
de energia do espectro eletromag-
vimentos translacionais (movimentos é quantizada. Dependendo da faixa de
nético. Nas transições eletrônicas,
de translação devido aos eixos nos energia envolvida, podemos ter basica-
ocorre a passagem de um elétron de
quais a molécula não está definida; so- mente três tipos de fenômenos: transi-
um estado de menor energia para um
bre o eixo em que a molécula está - ções entre níveis eletrônicos, vibracio-
estado de maior energia, através da
por exemplo o eixo x, não poderá haver nais e rotacionais. Transições entre
absorção da radiação, mas pratica-
translação. Isso define então, para uma níveis energéticos rotacionais podem
mente não há mudança da posição
molécula linear, que os demais movi- ocorrer quando radiação eletromag-

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nética na região de micro-ondas incide mo se forma a ligação química entre justamente esse o conceito fundamen-
sobre uma dada molécula. Na espec- átomos para compor uma molécula foi tal envolvido quando temos a transição
troscopia rotacional a amostra tem que explorada no artigo sobre ligações de um elétron nesse composto.
estar na fase gasosa. Da análise do es- químicas. É interessante perceber que Quando radiação eletromagnética
pectro rotacional podemos obter infor- a descrição da formação da ligação entra em contato com um composto
mações a respeito da geometria mole- química em termos de orbitais mole- químico qualquer, e essa radiação tiver
cular, mas esta espectroscopia só é culares pode ser aplicada a qualquer comprimento de onda na faixa do
aplicável para moléculas menores na substância, e que para átomos poliele- visível ou do ultravioleta, muito prova-
fase gasosa. O espaçamento entre ní- trônicos haverá um aumento da com- velmente essa radiação vai permitir que
veis rotacionais é proporcional à plexidade dessa descrição em função um elétron seja promovido para um
constante rotacional, B, a qual está do aumento do número atômico do nível energético eletrônico superior, da
relacionada com a geometria molecu- elemento envolvido. Também é im- mesma forma como vimos anterior-
lar através do momento de inércia, I, portante dizer que, em moléculas polia- mente na teoria de Bohr para átomos.
pela equação abaixo. tômicas (com mais de dois átomos), Para que a molécula absorva um fóton
∆E = 2Bh(J + 1) (3) pode-se fazer a simplificação de es- para excitar um elétron, esse fóton de-
crever o diagrama de orbitais molecu- verá ter energia exatamente igual à dife-
onde J é o número quântico rotacional, lares para cada ligação química em rença entre os orbitais observados no
B = h/8π2I (4) separado, como se ela fosse isolada diagrama de níveis de energia da
do resto da molécula. Por exemplo, a Figura 2. Se essa energia não for exata-
e ligação entre os átomos de carbono e mente igual, a transição não ocorrerá,
I = Σmiri2 (5) oxigênio na molécula de CO2, onde e isso caracteriza o que se chama de
i temos duas duplas ligações C=O, será processo de ressonância. Algumas ou-
sendo r a distância perpendicular ao muito similar à descrição da ligação tras restrições também existem nesse
eixo de inércia. química entre os mesmos átomos em processo; por exemplo, não será
Portanto, conhecendo-se as distân- moléculas orgânicas contendo o grupo qualquer elétron que vai sofrer a exci-
26 cias entre as linhas rotacionais (∆E), funcional cetona, onde temos uma tação, e sim apenas um dos elétrons
podemos obter as distâncias de liga- ligação C=O. do orbital molecular mais alto ocupado,
ção em moléculas simples na fase ga- Um fato interessante está relacio- chamado usualmente de HOMO (High-
sosa. Um exemplo típico de um espec- nado à geometria (ou forma) da molé- est Occuppied Molecular Orbital, ou
tro rotacional é dado na Figura 1. Maio- cula. Como vimos no artigo de ligações orbital molecular mais alto ocupado).
res detalhes sobre espectroscopia químicas, os orbitais moleculares tam- Esse elétron excitado também não
rotacional podem ser encontrados em bém definem regiões do espaço nas pode ir para qualquer outro orbital, quer
Levine, 1975, Townes & Schawlow, quais será maior a probabilidade de se dizer, existem regras de seleção para
1975, Brand et al., 1975 e Atkins, 1990. encontrar o par de elétrons. Assim, em que a transição ocorra. Usualmente,
função disso, haverá uma forma pecu- esse elétron, quando excitado, deverá
Absorção de energia por elétrons: liar para cada molécula, de acordo com ir para um orbital molecular de menor
Espectroscopia eletrônica os orbitais moleculares originados da energia que não esteja ocupado com
Como foi visto anteriormente, interação entre os átomos compo- outros elétrons, chamado LUMO (Low-
quando radiação eletromagnética na nentes da estrutura. Isso quer dizer est Unoccuppied Molecular Orbital, ou
faixa do visível ou do ultravioleta que, se por algum motivo for modifi- orbital molecular mais baixo não
próximo atinge um determinado com- cada a distribuição dos elétrons na ocupado). As restrições quanto a esse
posto químico, uma transição eletrô- configuração de uma molécula, ela orbital LUMO referem-se principalmen-
nica pode ocorrer. com certeza vai apresentar modifi- te à simetria, ou seja, se o elétron está
A idéia da estrutura molecular, e co- cações de sua estrutura original, e é em um orbital HOMO do tipo σ, ele
somente poderá ser excitado para um
orbital LUMO também do tipo σ.

Figura 1: Espectro rotacional típido de uma molécula diatômica. Observar o decréscimo


no espaçamento energético com o aumento do número quântico rotacional, J, no ramo R Figura 2: Diagrama de níveis de energia
(à direita), e o correspondente acréscimo no ramo P (à esquerda). para o átomo de hidrogênio.

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Assim, pode-se ter agora uma idéia bro indica que a força de restauração
geral do processo de transição eletrô- da mola é oposta ao deslocamento
nica em uma molécula: para ocorrer o sofrido pela partícula.
processo, é necessário que o fóton Nesse modelo, também é impor-
tenha energia exatamente igual à dife- tante notar que, uma vez iniciado o mo-
rença entre dois estados eletrônicos vimento da partícula, isto é, quando a
HOMO e LUMO da molécula. Esse partícula se distancia da parede, a mo-
processo tem duração com relação ao la se distende, e então passa a aplicar
tempo em que o elétron fica no estado uma força, em sentido contrário, ao
excitado, que é da ordem de 10-18 se- movimento inicial da partícula. Quan-
gundos, ou seja, extremamente rápido! do essa força sobrepuja a força inicial,
Quando a molécula retorna para o a partícula tenderá então a se movi-
estado fundamental, ou seja, quando mentar em direção à parede, encur-
o elétron excitado retorna ao HOMO, tando a distância. Haverá uma distân-
há a emissão de um fóton de luz com cia em que a mola foi suficientemente
comprimento de onda igual à diferença comprimida, e então iniciar-se-á o
Figura 3: Modelo do oscilador harmônico:
entre os estados energéticos. Se isso movimentode volta, e então completa-
(a) partícula ligada a uma parede de massa
acontece na molécula de hidrogênio, muito maior, e (b) duas partículas de se o ciclo. Esse conjunto de movimen-
pode-se dizer que houve uma transi- massas m1 e m2 ligadas. tos é o que conhecemos como ‘oscila-
ção do tipo σ→σ* (ou seja, o elétron dor harmônico’, e continua indefini-
do orbital σ ligante, quando excitado, damente, a menos que forças externas
foi para um orbital σ antiligante. Como na Figura 3(a). A vibração consiste no (atrito) atuem no sistema para parar o
dissemos anteriormente, outra transi- movimento periódico da partícula sobre movimento.
ção típica é do tipo π→π*, a qual acon- o eixo que contém a mola, fazendo com Uma vez que esse movimento é
tece na molécula de nitrogênio. Em que a mola sofra distensão, aumentando periódico, podemos associar a ∆x uma
moléculas poliatômicas, a situação é e diminuindo a distância da partícula à função periódica, do tipo seno ou cos- 27
similar. Contudo, as atribuições das parede. Como a massa da parede é seno, que são funções que se repetem
transições eletrônicas exigen um muito maior que a massa da partícula, no tempo. Uma solução típica para a
pouco mais de trabalho. apenas a partícula está se movimen- Equação (6) é:
tando. Assim, se fornecermos uma
Vibração molecular ∆x = x0cos(2πνt + φ) (7)
variação de posição ∆x para a partícula,
Como dito anteriormente, todas as ela inicialmente irá se distanciar da onde x0 é a posição inicial da partícula
moléculas, compostas por dois ou parede. Como ela está ligada pela mola e a função cosseno indica a periodi-
mais átomos ligados quimicamente, à parede, a mola tenderá a trazer essa cidade do movimento, representada
podem interagir com radiação eletro- partícula de volta, ou seja, a mola atua pelo aparecimento do termo 2π; ν é a
magnética e apresentar vibrações como uma força restauradora da posi- freqüência do movimento e t é a de-
envolvendo ligações químicas, seja ção inicial. São duas as leis da física que pendência temporal do mesmo. Nesse
através do aumento da distância média explicam esses movimentos: as leis de caso, φ é uma constante qualquer.
de ligação, seja atra- Newton (a segunda lei, Substituindo a Equação (7) na ex-
vés da deformação
Quando a molécula onde a força é igual ao pressão da Equação (6), lembrando
de ângulos especí-
retorna para o estado produto da massa pela que aceleração nada mais é do que a
ficos formados pelos
fundamental, ou seja, aceleração) e de derivada segunda de ∆x em relação ao
átomos.
quando o elétron excitado Hooke (força de restau- tempo, obteremos como resultado a
Para entender es-
retorna ao HOMO, há a ração, igual ao produto seguinte expressão:
se fenômeno de ma-
emissão de um fóton de do deslocamento sofri-
neira mais simples,
luz com comprimento de do pela partícula vezes (8)
podemos usar o mo-
onda igual à diferença uma constante, cha-
delo do oscilador har-
entre os estados mada de constante de a qual fornece freqüência de oscilação
mônico, o qual é
energéticos força, intrínseca a cada ν da partícula de massa m, ligada a
composto por uma
partícula de massa m mola). Dessa forma, uma parede de massa infinita por uma
e uma parede de massa ‘infinita’ (na juntando essas duas equações, pode- mola de constante k.
realidade, muito maior que a massa m mos escrever a equação de movimento Vamos agora analisar um sistema
da partícula), ambas ligadas por uma da mola: um pouco mais complicado, composto
mola comum, segundo o esquema da por duas partículas com massas m1 e
F = - k∆x = ma (6)
Figura 3. m2, ligadas por uma mola de constante
É mais fácil entender inicialmente o É interessante notar que o sinal ne- k (Figura 3b). Esse modelo torna-se
modelo mais simples, esquematizado gativo que aparece no primeiro mem- interessante uma vez que podemos

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associá-lo a moléculas diatômicas, tais Movimentos nucleares: Espectroscopia não causam mudança no momento de
como gases do tipo oxigênio e nitro- no infravermelho dipolo a transição vibracional não será
gênio (O2 e N2), que compõem quase observada, ou seja, a intensidade des-
Um conceito simples e importante
100% da atmosfera da Terra. Nesse ta absorção será nula. Vamos imaginar
em química refere-se à eletronegati-
modelo, também é interessante notar uma molécula como o ácido clorídrico,
vidade, que é uma medida quantitativa
que a mola refere-se à ligação química HCl, cujos átomos, cloro e hidrogênio,
da capacidade que os elementos da
entre os dois átomos (as duas partícu- apresentam valores bem diferentes de
tabela periódica têm de atrair elétrons
las) que formam a molécula. para si. Dessa forma, em uma molécula eletronegatividade (o cloro é muito
A complicação a que nos referimos diatômica genérica AB, se o átomo B mais eletronegativo que o hidrogênio).
está relacionada ao fato de que agora é mais eletronegativo que A, os elé- Essa molécula apresenta então mo-
as duas partículas irão sofrer desloca- trons da camada de valência, de modo mento de dipolo intrínseco (ou efetivo)
mentos, que chamamos de ∆x1 e ∆x2. geral, estarão mais próximos do núcleo muito acentuado, fato que inclusive ex-
As leis de movimento para cada partí- do átomo B. Esse fato define qualitati- plica as características dessa molé-
cula serão: vamente outra propriedade importante cula, classificada como ácido muito for-
de moléculas, que é o momento de te, pois facilmente rompe a ligação
m1a1 - k(∆x2 - ∆x1) = 0 química entre H e Cl, dando origem aos
(9) dipolo intrínseco: uma molécula AB,
com diferentes valores de eletrone- íons correspondentes. Entretanto, para
m2a2 - k(∆x2 - ∆x1) = 0 uma molécula diatômica homonuclear,
gatividade dos seus átomos, apresenta
Supondo para ∆x1 e ∆x2 expressões momento de dipolo, enquanto que mo- como por exemplo os gases oxigênio
similares à descrita na Equação (7), léculas diatômicas homonucleares ou nitrogênio (O2 ou N2), isso não ocor-
substituindo em (9) e resolvendo o sis- apresentam momento de dipolo igual re, pois o movimento de vibração dos
tema, obteremos como resposta que a zero. É importante notar que muitos núcleos dessas moléculas não alteram
a freqüência será: compostos apresentam ligações que o momento de dipolo efetivo, pois os
chamamos de polares (ligações quími- mesmos são nulos. Mais uma vez
cas entre átomos com diferentes valo- pode-se dizer que a natureza fez um
28 (10)
res de eletronegatividade), entretanto bom trabalho, pois a atmosfera de nos-
a forma geométrica da molécula é tal so planeta é composta quase exclusi-
onde µ refere-se à massa reduzida da vamente desses dois gases, e como
que a molécula por fim apresenta mo-
molécula: os dois não absorvem radiação no
mento de dipolo nulo, como é o caso
da molécula de tetracloreto de carbono infravermelho, esse tipo de radiação
(11)
(Figura 4). Vale lembrar que o momento pode chegar à superfície de nosso
Assim, uma molécula diatômica de dipolo intrínseco apresenta compo- planeta, permitindo assim haver calor
apresenta apenas um modo vibracio- nentes nos eixos x, y e z do sistema para os seres vivos em geral!
cartesiano, pois é uma propriedade Como dito anteriormente, molécu-
nal, que será definido em função das
espacial da molécula. las diatômicas apresentam apenas um
massas dos dois átomos e também
Quando radiação eletromagnética movimento vibracional, e moléculas
da constante k. É interessante discutir
na região do infravermelho interage poliatômicas (com mais de dois áto-
a constante k, pois ela está relacio-
com uma molécula, para que o movi- mos) apresentam 3N - 5 ou 3N - 6 mo-
nada ao grau de interação entre os mento vibracional possa ser interpre- dos, de acordo com a geometria mo-
dois átomos, ou seja, ela pode ser rela- tado experimentalmente, um fato que lecular. Para moléculas diatômicas, é
cionada com a medida de quão forte deve necessariamente acontecer é que facil atribuir qual o modo vibracional
ou fraca é a ligação química entre os o momento de dipolo intrínseco da observado; entretanto, para as demais
dois átomos. Também conhecida co- molécula varie com o movimento vibra- moléculas, esse fato não é tão trivial
mo constante de força da ligação quí- cional. Para vibrações moleculares que assim. Na prática, o que se faz é
mica, k usualmente é dada em unida- separar a molécula polia-
des de milidinas por angstrom (1 N = tômica em várias partes,
105 dina; 1 angstrom = 10-10 m), que é como se fossem molécu-
unidade de força. Vale lembrar que las diatômicas, e analisar
quanto mais forte for uma ligação cada pedaço de forma
química, maior será o valor de k. Outro independente. A análise
fato interessante de observar é que, do processo de interação
uma vez que sabemos qual o valor da entre radiação eletromag-
freqüência de oscilação de uma Figura 4: Desenho de molécula diatômica homonuclear,
nética e a matéria é o que
mostrando momento de dipolo nulo (a), molécula diatômica
vibração molecular, podemos calcular chamamos de espectros-
heteronuclear, mostrando momento de dipolo diferente de
qual é a energia referente a esse mo- zero (b) e tetracloreto de carbono, cujas ligações químicas copia, e o espectro é o
vimento através da equação de Planck são polares, mas a geometria anula as contribuições, registro dessa interação.
(Equação 2). originando momento de dipolo igual a zero (c). Um equipamento que

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obtém o registro das bandas do
espectro vibracional é um espec-
trofotômetro infravermelho, que deve
ser composto de uma fonte policromá-
tica (uma lâmpada que emite radiação
na faixa que interessa, geralmente de
400 a 4000 cm -1, em unidades de
número de onda, inverso do compri-
mento de onda), um sistema de redes
de difração para separar a radiação
policromática em cada uma de suas
radiações monocromáticas e um dete-
Figura 5: Espectro infravermelho do álcool etílico, CH3CH2OH.
tor, usualmente um sistema que permi-
te diferenciar diferentes temperaturas.
O primeiro homem a estudar esse tipo ligação simples C-C, e ainda temos uma Espalhamento de radiação por
de comportamento foi um alemão, Wil- ligação O-H, que realmente caracteriza
moléculas: Espectroscopia Raman
liam Herschel, que descobriu, no início a função orgânica álcool. O etanol é uma
do século XIX, que havia outras molécula poliatômica não-linear, com N Um fato curioso referente à intera-
componentes da radiação eletromag- igual a 9, e devem então existir 3 x 9 - 6 ção entre radiação eletromagnética e
nética com energias abaixo da luz ver- = 21 modos vibracionais no seu espec- matéria é que nem sempre a radiação
melha, que ele denominou de infraver- tro. O espectro vibracional do etanol será absorvida; muitas vezes ela pode
melho. Ele percebeu também que essa pode ser observado na Figura 5, e al- ser espalhada, algo parecido como
energia aumentava ou diminuía a guns comentários podem ser feitos em observar a imagem refletida por um
temperatura de diferentes compostos relação a ele. espelho. Isso quer dizer que quando
químicos, e o primeiro espectro foi Cada uma das bandas que apare- um fóton de determinado comprimento
obtido usando-se um termômetro cem no espectro referem-se à absor- de onda atinge a matéria, ele poderá 29
como detetor. ção da radiação eletromagnética as- ser espalhado, desde que não seja
É importante perceber que a obten- sociada a um movimento vibracional, absorvido. Se esse fóton for espalhado
ção de um espectro nada mais é do e percebe-se que com o mesmo valor de
que ter em mãos uma espécie de im- nem todos os 21 mo- Um espectro é uma espécie comprimento de onda,
pressão digital de um composto quí- dos estão presentes de impressão digital de um ou seja, se a energia
mico, uma vez que cada composto no espectro, infor- composto químico, uma do fóton for a mesma
difere de outro em função da compo- mando assim que vá- vez que cada composto antes e depois da inte-
sição química, ou seja, de diferentes rios deles não apare- difere de outro em função ração com a matéria,
átomos que o formam, e também da cem porque não mo- da composição química, ou teremos o chamado
geometria molecular. Dessa forma, a dificam o momento seja, de diferentes átomos espalhamento elás-
análise do espectro permite dizer qual de dipolo intrínseco que o formam, e também tico, no qual o princípio
é a molécula em questão! Do ponto de da molécula, e assim da geometria molecular. da conservação de
vista prático isso tem uma importância não são ativos no in- Dessa forma, a análise do energia é restritamente
vital, pois assim pode-se analisar quali fravermelho. As ban- espectro permite dizer seguido, ou seja, a
e quantitativamente a presença de um das que aparecem na qual é a molécula em energia do fóton é a
determinado composto químico, seja região de 2800 a questão! mesma antes e depois
qual for o lugar em que ele se encontra. 3000 cm-1 referem-se da interação com a
É com a ajuda da espectroscopia mo- ao movimento vibracional dos grupos matéria. Entretanto, existirão casos em
lecular que podemos também inves- funcionais C-H, existentes nos dois que a energia desse fóton não será a
tigar se há sinal de vida em outros grupos funcionais, CH2 e CH3. A banda mesma, e este fato curioso explica a
planetas! que aparece em 1200 cm-1 refere-se ao existência do chamado efeito Raman.
Vamos discutir um exemplo (Figura movimento de vibração do grupo C-O, Na década de 1920, C.K. Raman,
5), para ver como pode-se usar a e o modo vibracional observado em pesquisador indiano, retornou a seu
espectroscopia no infravermelho na 3400 cm-1 refere-se ao grupo funcional país depois de obter seu doutorado na
análise de uma substância, como o ál- O-H. A banda em 1600 cm-1 refere-se Inglaterra. Estava decidido a estudar o
cool etílico (etanol). ao movimento de deformação de ân- efeito da interação entre radiação ele-
No etanol, cuja fórmula molecular gulo das ligações CH2 e CH3. Pode-se tromagnética e matéria, e com auxílio
é H3CCH2OH, temos vários tipos de li- perceber que não há no espectro ban- de um ajudante iniciou seus estudos.
gações químicas: temos dois tipos das associadas à ligação C-C, pois o Em 1929, publicou seus resultados fun-
diferentes de ligações C-H, uma oriun- movimento vibracional dessa ligação damentais sobre o fenômeno de espa-
da do grupo funcional CH3 e outra de não afeta o momento de dipolo efetivo lhamento, recebendo o Prêmio Nobel
um grupo CH2; uma ligação C-O, uma da molécula1. em 1932. Seus resultados indicavam

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que, a partir da interação da radiação estados moleculares, apenas a parte Quando a radiação eletromagnética
eletromagnética monocromática (luz elétrica da radiação é importante, e monocromática (fóton) interage com
com um valor exato de comprimento de desconsidera-se o efeito provocado pela uma molécula, aparece uma nova
onda, diferente da luz branca, que componente magnética. Na verdade, identidade, que vamos identificar agora
apresenta vários comprimentos de on- será esse campo elétrico da radiação como ‘molécula + radiação’. Dessa for-
da acoplados) com a matéria, uma pe- que irá interagir com a molécula, para ma, ela sofre uma transição, pois o sis-
quena parcela dessa radiação era es- dar origem ao efeito do espalhamento. tema ‘molécula + radiação’ está acres-
palhada pela matéria com valores dife- Como dissemos anteriormente, toda cido da energia que a radiação eletro-
rentes da radiação original, originando molécula tem um momento de dipolo magnética (fóton) carrega. Quando esse
assim o chamado espalhamento inelás- intrínseco ou efetivo. sistema volta ao estado
tico da luz. Apenas para ter uma idéia Entretanto, quando o Quando a radiação atinge fundamental, temos o
da grandeza do efeito, de cada 105 (cem campo elétrico da ra- um composto químico e espalhamento de um
mil) fótons que chegam a um composto diação incidente inte- essa radiação não é fóton, que pode apre-
químico e são espalhados, apenas um rage sobre a molécula, absorvida, ela pode passar sentar-se de duas for-
o será com valor de comprimento de teremos o apareci- direto pela matéria (ou mas: primeiro, esse fó-
onda alterado! Isso implica que o efeito mento de um novo seja, não vai interagir com ton espalhado tem a
Raman é muito difícil de ser experimen- momento de dipolo, a mesma) ou então ser mesma energia do fó-
talmente observado, e isso realmente foi que agora será indu- espalhada ton incidente, e então
uma complicação no início dos estudos zido pela radiação. teremos o princípio da
com a técnica, devido a tecnologia exis- Esse momento de dipolo induzido P conservação de energia estabelecido.
tente. Hoje, com o avanço tecnológico, apresenta uma relação linear com o Nesse caso, temos o espalhamento
existem equipamentos de última gera- campo elétrico da radiação incidente, de conhecido como Rayleigh (tem esse
ção que possibilitam a obtenção de es- acordo com a expressão: nome em homenagem a Sir J. Rayleigh,
pectros Raman dos mais variados tipos P = αE (12) famoso físico que estudou o fenômeno
de amostras. de fluorescência de compostos). A
30 O efeito Raman pode ser entendido onde o negrito significa que essas gran- segunda forma consiste do espalha-
a partir da interação da radiação eletro- dezas são vetores . O termo α que apa- mento Raman descrito anteriormente.
magnética com a matéria. Quando a rece na equação é uma constante, co-
radiação atinge um composto químico nhecida como polarizabilidade, e tem Nota
e essa radiação não é absorvida, ela uma semelhança muito grande com o 1. A atribuição de uma banda de
pode passar direto pela matéria (ou seja, momento de dipolo efetivo da molécula. absorção à vibração de um certo grupo
não vai interagir com a mesma) ou então É importante lembrar que a pola- da molécula é uma aproximação ba-
ser espalhada. Quando temos uma fon- rizabilidade é uma propriedade intrínse- seada na participação relativa desse
te policromática, como por exemplo o ca de cada sistema químico, mas que grupo na chamada coordenada normal
Sol, que emite vários comprimentos de somente se manifesta quando há inte- que está associada à vibração. Teorica-
onda, alguns deles são espalhados, ração da radiação eletromagnética com mente, todos os átomos da molécula
outros absorvidos, e outros passam o composto em questão. podem participar da vibração.
direto pelas moléculas componentes da Vamos pensar da seguinte forma: a
camada atmosférica. Como dissemos molécula tem uma geometria de equi- Luiz Fernando C. de Oliveira (pimenta@quimica.ufjf.
br), doutor em química, é professor do Departamento
anteriormente, uma parte dessa radia- líbrio, descrita pelo estado eletrônico fun- de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora.
ção é absorvida, e uma parte dela pas- damental, na qual ela tem seus 3N - 6
sa direto, que propicia calor para nosso graus de liberdade vibracionais. Alguns
Leitura recomendada
planeta. Existe ainda uma terceira par- deles serão ativos na técnica de espec-
cela dessa radiação que é espalhada troscopia no infravermelho, mas outros ATKINS, P.W. Physical chemistry. 4h.
pela atmosfera, e esse fato explica a co- não. Esses modos é que nos interessam ed., Oxford: Oxford University Press,
loração azul do céu durante o dia, bem quando falamos em espectroscopia 1990.
BRAND, J.C.D.; SPEAKMAN, J.C.;
como a coloração avermelhada do mes- Raman, pois, como os efeitos físicos en-
TYLER, J.K. Molecular structure, the
mo durante o nascer e o ocaso do Sol! volvidos são distintos nas duas técnicas, physical approach. Londres: Edward
A radiação eletromagnética pode ser os modos vibracionais também serão Arnold, 1975.
descrita por dois componentes, os cam- distintos. Em outras palavras, para uma LEVINE, I.N. Molecular Spectroscopy.
pos elétrico e magnético, perpendicu- determinada molécula, alguns modos Nova Iorque: John Wiley & Sons, 1975.
lares entre si. Isso quer dizer que uma vibracionais aparecem no infravermelho, MCQUARRIE, D.A. and SIMON, J.D.
onda eletromagnética é na verdade uma e outros no Raman. Isto implica em que Physical chemistry, a molecular ap-
onda formada por dois vetores perpen- as duas técnicas são complementares proach. Sausalito: University Science
diculares, que se somam para dar entre si, e para uma análise completa Books, 1997.
TOWNES, C.H. and SCHAWLOW, A.L.
origem a essa onda. Quando a radiação da estrutura vibracional de um sistema
Microwave spectroscopy. Nova Iorque:
eletromagnética interage com a matéria, químico, torna-se necessário obter-se Dover Publications, Inc., 1975.
do ponto de vista de transição entre ambos os espectros.

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