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Antonio A.

Mozeto

O século XX foi marcado por grandes transformações da qualidade do ar não somente das grandes metrópoles
e de regiões fortemente industrializadas mas também de áreas remotas devido por exemplo às queimadas de
florestas naturais. Fenômenos globais (como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio) foram detectados e
ganharam notoriedade. A ciência ambiental da atmosfera tem pela frente, neste novo século, o grande e complexo
papel de contribuir para o aprimoramento de nosso entendimento sobre o que são e como se comportam a atmosfera
e espécies tóxicas sobre os ecossistemas e sua biota.

efeito estufa, ozônio, reações atmosféricas, gases atmosféricos

A dois grandes mestres que tive na academia e na vida,


Mário Tolentino e Peter Fritz, dedido este modesto trabalho.
Oxalá, receba eu, merecidamente, um dia, algo similar 41
dos muitos alunos que também já tive.

Introdução lizmente está sendo empregada em ros 30 km sobre nossas cabeças


outro contexto, o contexto de que ‘o (Manahan, 1984), e que troposfera (a

J
á está longe o tempo em que se
mundo está ou é realmente pequeno’, camada da atmosfera terrestre onde
considerava o planeta Terra como
um mundo muito grande. Os pois uma série de fenômenos que vivemos) é uma região de apenas
grandes avanços das tecnologias acreditávamos estarem restritos a 15 km de espessura e que contém 85%
modernas tornaram-no pequeno, na locais muito específicos (geografica- da massa de toda a atmosfera (Baird,
medida em que por uma lado, a mente falando), não estão na reali- 1998), conclui-se que vivemos em um
aviação comercial dade. Isto faz com que o ‘mundo realmente pequeno’ e que nós
nos permite cruzar Mais de 99% da massa de homem moderno esteja humanos, que povoamos a biosfera
lagas distâncias toda a atmosfera está cara-a-cara com fenôme- deste planeta, temos tido um modo de
em curto tempo, e confinada dentro dos nos globais como o pos- vida, naquilo que convencionou-se
por outro, os com- primeiros 30 km sobre sível e provável aqueci- chamar de ‘sociedade moderna’, que
putadores permi- nossas cabeças, e a mento da troposfera ter- está definitivamente afetando a quali-
tem comunicar troposfera (camada da restre, causado pelo au- dade da nossa e de muitas outras for-
pessoas e empre- atmosfera terrestre onde mento continuado do gás mas de vida.
sas bem como vivemos) é uma região de carbônico no ar que respi- Com estas preocupações em men-
promover a trans- apenas 15 km de espessura ramos, e com a destrui- te, e consciente da relevância que este
missão de infor- e que contém 85% da ção da camada de ozônio tema possui na atualidade, este capí-
mações em altas massa de toda a atmosfera causada por muitas ou- tulo foi planejado com o objetivo de
velocidades. Por tras substâncias que, deli- descrever o que é a atmosfera terres-
último, a rede mundial de compu- beradamente, injetamos no ar. Como tre, sua estrutura (divisão em camadas
tadores, esta revolução que viven- veremos mais adiante, o ozônio é vital específicas) e composição, e discutir
ciamos nestes últimos anos, não pára para a manutenção da qualidade de as principais reações químicas media-
de nos surpreender. Hoje, portanto, a vida na biosfera. das ou catalisadas pela radiação inci-
expressão meio antiga mas tão co- Além dos fatos acima menciona- dente do Sol, os fenômenos globais
mum, ‘o mundo é realmente muito pe- dos, quando também nos conscienti- como aqueles acima mencionados,
queno pois nunca esperava encontrar- zamos de que mais de 99% da massa alterações na sua composição, mé-
te aqui’, usada quando se encontrava de toda a atmosfera está confinada todos de amostragem e análise de
alguém que há muito não se via, infe- aproximadamente dentro dos primei- espécies e a legislação envolvida no

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controle da qualidade do ar. altitude das regiões limítrofes entre es- gás, que atinge uma concentração de
sas camadas. A tropopausa (que sepa- cerca de 10 ppmv (partes por milhão
A estrutura e composição da ra a troposfera da estratosfera), pode em volume) na parte intermediária
atmosfera terrestre variar até mais de 1 km em um único desta camada, é o responsável pela
A atmosfera terrestre deve ser vista dia em função de absorção de energia
como um grande ‘cobertor’ do planeta. diversos fatores que A atmosfera tem uma UV, causando assim
Ela protege a Terra e todas as suas for- incluem a temperatura função vital de proteção este aumento na tem-
mas de vida de um ambiente muito e natureza da camada da Terra, pois absorve a peratura. Na mesos-
hostil que é o espaço cósmico, que inferior. A troposfera é maior parte da radiação fera, por sua vez, há
contém radiações extremamente ener- caracterizada por que- cósmica e eletromagnética uma queda na tempe-
géticas. Ela é o compartimento de de- das na temperatura à do Sol: apenas UV, visível e ratura devido à dimi-
posição e acumulação de gases (e de medida que a altitude IV e ondas de rádio são nuição da concentra-
particulados) como o CO2 e o O2, pro- aumenta, isto é, à transmitidas pela atmosfera ção de espécies que
dutos dos processos respiratório e medida que aumenta e atingem nossas cabeças absorvem energia,
fotossintético de plantas terrestres e a distância da fonte de especialmente o ozô-
aquáticas, macro e micrófitas, e de calor que é a superfície da Terra. Na nio. Nesta e em camadas mais altas
compostos nitrogenados essenciais à tropopausa, em sua parte mais fria, a (a termosfera) aparecem espécies iôni-
vida na Terra, fabricados por organis- água atmosférica é solidificada. Isso cas e atômicas, e nesta última, a tem-
mos (bactérias e plantas) a partir de evita a perda do elemento hidrogênio peratura, devido à absorção de radia-
N2 atmosférico. Ela também se cons- da Terra para o espaço sideral. ção de alta de energia de comprimento
titui em um componente fundamental Na estratosfera há um aumento da de ondas de cerca de 200 nm, chega
do Ciclo Hidrológico, pois age como temperatura com a altitude, que atinge a cerca de 1.200 °C. A Figura 1 mostra
um gigantesco condensador que seu máximo na sua parte superior a presença dessas espécies nesta
transporta água dos oceanos aos devido à presença do ozônio (O3). Este camada, que atingem concentrações
continentes.
42 A atmosfera tem também uma fun-
ção vital de proteção da Terra, pois
absorve a maior parte da radiação
cósmica e eletromagnética do Sol:
apenas a radiação na região de 300-
2.500 nm (ultravioleta, a UV, visível e
infravermelha, a IV) e 0,01-40 m (ondas
de rádio) é transmitida pela atmosfera
e atinge nossas cabeças. Com afirma
Manahan (1984), ‘é particularmente um
fato feliz o fato de a atmosfera filtrar a
radiação Ultra Violeta de comprimento
de onda (λ) menor que cerca de
300 nm que destrói os tecidos vivos’.
Desta forma, é também essencial na
manutenção do balanço de calor na
Terra, absorvendo a radiação infraver-
melha emitida pelo sol e aquela reemiti-
da pela Terra. Estabelecem-se assim
condições para que não tenhamos as
temperaturas extremas que existem em
outros planetas e satélites que não têm
atmosfera.
A estrutura das regiões da atmos-
fera quase sempre é definida de acor-
do com as variações da temperatura
com a altitude. A Figura 1 apresenta
essas regiões com as suas principais
espécies químicas e temperaturas
típicas (Manahan, 1984; 1993; Moore
e Moore, 1976).
É importante comentar que há Figura 1: As principais regiões da atmosfera terrestre (adaptada de Manahan, 1984, Moore
registros de que existem variações na e Moore, 1976).

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bem maiores que a do oxigênio mo- solar de um modo que nenhuma energia ou é convertido em um fóton e
lecular. A uma altitude de cerca de 100 energia com comprimento de onda (λ) novamente emitido ao meio, ou é
km da superfície terrestre, a pressão menor que 220 nm atinge a superfície convertido em calor que é transmitido a
barométrica, que apresenta uma da Terra. Já a radiação na faixa de 220 espécies vizinhas através das colisões.
contínua diminuição com o aumento a 320 nm é filtrada principalmente pelas Naturalmente, para que uma quanti-
da altitude, atinge um valor tão baixo moléculas do oxigênio triatômico O3, o dade de fótons promova uma reação, a
como cerca de 10-7 atm, dada a baixa ozônio (pico de absorção entre 250- energia dos mesmos tem de ser absor-
concentração de espécies químicas alí 260 nm), que se distribui na parte mé- vida pelas moléculas. No entanto, como
existente. dia e baixa da estratosfera. afirma Baird (1998), a absorção de
A Figura 2 mostra a distribuição do fótons por espécies com energia
Reações químicas e fotoquímicas da ozônio na atmosfera baixa (para re- suficiente para que uma reação ocorra
atmosfera giões de latitude média) e a correspon- não é um requisito sine qua non para
Os principais componentes da dente variação da temperatura (Baird, que a mesma ocorra: a energia dos
atmosfera são o nitrogênio diatômico 1998). Os fótons da luz visível ou UV fótons pode ser divergida pela molécula
(N2) com 78%, o oxigênio diatômico têm energia da ordem de grandeza das em outros processos do estado exci-
(O2) com 21%, o argônio (Ar) com 1% entalpias (ou calor de reação) de tado. Portanto, a disponibilidade de luz
e o gás carbônico (CO2) com cerca de muitas reações químicas,o que viabi- com suficiente energia dos fótons é uma
0,04%. Essa mistura de gases aparen- liza a dissociação de moléculas. É o condição necessária, mas não suficiente
ta ser não-reativa na baixa atmosfera caso do oxigênio diatômico na atmos- para que a reação ocorra.
mesmo em temperaturas e intensidade fera: as moléculas de O2, que absor- Moléculas de O3 são formadas e
solar muito além daquelas encontradas vem fótons de energia correspon- destruídas em reações não catalíticas
na superfície da Terra; mas o fato é que dentes a λ ≤ 241 nm, serão dissocia- na estratosfera. Estas reações são
muitas reações ambientalmente impor- das segundo a equação exotérmicas, conferindo portanto o
tantes ocorrem no ar, independente de O2 + UV (λ ≤ 241 nm) → 2O (1) perfil típico de temperatura desta ca-
estar limpo ou poluído. mada da atmosfera. Acima da estra-
Quando uma reação é iniciada pela
tosfera o ar é muito rarefeito e as molé- 43
A química da camada de ozônio ação de fótons, ela é chamada de rea-
culas de O2 são decompostas pela
ção fotoquímica. No caso da reação aci-
Diferentes moléculas absorvem a radiação UV do Sol; parte dos átomos
ma, dizemos tratar-se de uma reação de
radiação solar em diferentes compri- de oxigênio recombinam-se e formam
fotólise, ou de fotodissociação ou ainda
mentos de onda devido aos diferentes moléculas diatômicas, que podem
de decomposição fotoquímica.
estados eletrônicos que estas podem novamente sofrer o processo de foto-
Contudo, moléculas de O2 não se
assumir. Muitas espécies absorvem decomposição. Por estas razões, a
dissociarão se a quantidade de energia
energia na região do visível (de 400 a intensidade da radiação UV na estra-
do fóton for insuficiente. Neste caso, elas
750 nm) enquanto outras, como o tosfera é muito menor. Sendo o ar aí
acumulam este excesso de energia por
oxigênio diatômico, absorvem radiação mais denso, essa região contém um
um tempo muito curto e dizemos que
UV (que vai de 50 a 400 nm) preferen- maior número de moléculas de O2. As-
estão em um estado excitado (de ener-
cialmente na faixa de cerca de 70 a 250 sim, essas moléculas em colisão com
gia maior do que a do estado fundamen-
nm. Acima da e na estratosfera, átomos de oxigênio resultam na produ-
tal), denotado por O2*. Esse excesso de
moléculas de O2 e N2 filtram a radiação ção de ozônio segundo a equação
O + O2 → O3 + calor (2)
Esta reação é a principal fonte de
geração do O3 da estratosfera. No
entanto, uma terceira molécula é
requerida para transmitir o calor desta
reação. As moléculas de N2, por serem
mais abundantes, geralmente desem-
penham este papel. Portanto, a equa-
ção acima é mais realisticamente
escrita incluindo-se essas moléculas
da forma apresentada abaixo, que é
denominada de processo não-catalí-
tico da formação do ozônio.
O + O2 + M → O3 + M + calor (3)
Assim, apesar da existência de um
gradiente de temperatura dentro da
Figura 2: Variações da concentração de ozônio com a altitude para regiões de média lati- estratosfera (o ar é mais quente na par-
tude e da temperatura para a estratosfera e troposfera (Baird, 1998). te superior do que na parte inferior des-

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ta camada) a estratosfera mesmo desnitrificação, conforme será mostra- Enquanto os radicais NO• são os
assim é mais quente que o topo da tro- do adiante). O N2O, quando é trans- mais importantes na destruição do ozô-
posfera e a parte inferior da mesosfera, portado da troposfera à estratosfera, nio na parte média e alta da estratos-
seus limites físicos, como mostrado na colide com átomos excitados de fera, os radicais hidroxila (OH•) domi-
Figura 1 oxigênio e produz parcialmente radi- nam as partes muito altas (>45 km)
A destruição das moléculas de O3 cais NO• (embora a maior parte das desta camada, em uma seqüência de
na estratosfera é predominantemente moléculas de N2O decomponham-se reações em que se forma o radical
um resultado da fotodecomposição em N2 + O2). O NO•, por sua vez, de- peroxila (HOO•), um radical químico
pela absorção de fótons UV com λ < compõe cataliticamente o O3. As equa- ainda mais reativo do que a hidroxila.
320 nm que, segundo a equação ções apresentadas as seguir ilustram
abaixo, produz moléculas e átomos de este processo: OH• + O3 → HOO• + O2 (8)
oxigênio no estado excitado:
NO2• + O → NO• + O2 (5) HOO• + O → OH• + O2 (9)
O3 + UV (λ < 320 nm) → O2* + O* (4)
NO• + O3 → NO2• + O2 (6) reação total: O3 + O → 2O2 (10)
A maioria dos átomos de oxigênio
O radical hidroxila origina-se na es-
formados na decomposição do O3 ou
reação total: O3 + O → 2 O2 (7) tratosfera a partir de uma reação entre
do O2 reagem com moléculas de O2
regenerando o O3; alguns átomos de
oxigênio reagem com o ozônio, des- Quadro 1. Controle da concentração de gases traços pela fotoquímica dos radicais
truindo-o através da conversão em hidroxila. A fotoquímica dos radicais livres hidroxila exerce forte controle na taxa que
duas moléculas de O2. muitos gases traços são oxidados e removidos da atmosfera. Os processos mais
A combinação dos processos importantes no controle da concentração do radical hidroxila estão abaixo da linha
acima referidos de formação do ozônio pontilhada deste quadro. Aqueles que têm efeitos desprezíveis sobre os níveis de OH–
pela ação da radiação UV e moléculas mas que são importantes no controle das concentrações dos reagentes e produtos
de O2 (Eq. 3) e sua destruição pela UV estão marcados em azul claro. Os círculos indicam os reservatórios ou estoques na
atmosfera. As setas indicam as reações de conversão entre as espécies com os
44 formando átomos de oxigênio por um
reagentes ou fótons necessários para ocorrerem. As reações de vários passos consistem
lado e, por outro (Eq. 4), usando esses de duas ou mais reações intermediárias. HX=HCl, HBr, HI ou HF. C xHx denota
átomos para formar moléculas de O2, hidrocarbonetos (Chameides & Davis, 1982).
é o chamado Ciclo de Chapman.
Os processos catalíticos de des-
truição do ozônio são de fundamental
importância no estudo da química
atmosférica e começaram a ser des-
vendados no início da década de 1960.
Várias são as espécies atômicas ou
moleculares que fazem esta destruição
através da remoção de um átomo de
oxigênio da molécula de O3. Essas
espécies são denominadas ‘catalisa-
dores da depleção da camada de ozô-
nio’, o chamado ozônio desejável –
devido a proteção que exerce, filtran-
do/absorvendo radiação energética,
que tem efeitos deletérios à biosfera -
(em oposição ao indesejável, que é o
O3 da troposfera – dada a sua toxici-
dade às plantas e organismos). Esses
catalisadores são radicais livres, áto-
mos ou moléculas com pelo menos um
elétron não emparelhado, o que os
torna espécies altamente reativas.
Dentre eles podem ser citados: OH•,
CH3•, CF2Cl•, H3COO•, H3CO•, ClOO•,
ClO•, HCO•, e NO• (Quadro 1).
Alguns desses catalisadores têm
origem natural em processos bióticos,
como é o caso do óxido nitroso (N2O)
em áreas alagáveis (no processo da

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átomos de oxigênio excitados (O*) formação de radicais BrO•. 13 mil anos atrás). Nos 4,5 bilhões de
com moléculas de água ou metano A Figura 3 mostra a distribuição anos de existência da Terra, várias ida-
(que também forma radicais metila, da concentração de ozônio e de ClO des do gelo (que perduraram por até
segundo as equações abaixo): em função da latitude no Pólo Sul 100 mil anos) foram intercaladas por
O* + H2O → 2OH• (11) (setembro/1987) (Figura 3 ‘a’) e a dis- curtos períodos mais quentes, como
tribuição vertical de ozônio no inver- este que vivemos no presente. Devido
O* + CH4 → OH• + CH3 (12) no (agosto) e primavera (novembro) à liberação de gás carbônico para a
Outras reações, igualmente impor- de 1987 na Antárctica (Figura 3 ‘b’) atmosfera, em função de processos
tantes, ocorrem entre o ozônio e áto- (Baird, 1998). industriais (queima de combustíveis
mos de cloro e bromo (radicais) que fósseis), tem sido observado um
são produzidos, por exemplo, em rea- O efeito estufa e os gases estufa aumento na concentração desse gás,
ções que envolvem a fotodecompo- O termo ‘efeito estufa’ refere-se a o que vem sendo correlacionado com
sição do cloro metano ou por ataque um fenômeno natural já amplamente o aumento da temperatura média da
de radicais hidroxila a estas moléculas reconhecido, e significa o aumento da atmosfera. Segundo vários pesqui-
que têm como fonte natural as intera- temperatura da atmosfera global. sadores, a exacerbação do aque-
ções entre os íons cloreto dos oceanos Alguns gases, como vapor d’água, CO2 cimento global é um efeito que já vem
com a vegetação em decomposição (o principal gás estufa) e CH4 (metano) ocorrendo há algum tempo. Reco-
(Baird, 1998). A reação global e final são chamados de gases estufa porque nhece-se hoje que este efeito é respon-
deste processo é, também, a destrui- são capazes de reter o calor do Sol na sável pelo aumento na temperatura da
ção do ozônio. troposfera terrestre. Graças a este troposfera terrestre de cerca de 2/3 a
fenômeno natural, a temperatura mé- 1 grau Celsius e que vem ocorrendo
O buraco da camada de ozônio dia da Terra é hoje cerca de 4 graus desde 1860, ano que marca o início da
Na Antártida, em 1985, descobriu- Celsius acima do que era na última ida- revolução industrial nos países
se que havia uma redução na concen- de do gelo (que ocorreu há cerca de desenvolvidos da Europa e América do
tração do ozônio estratosférico de cer- Norte.
ca de 50% durante vários meses do A Figura 4 mostra o aumento da 45
ano (de setembro a novembro que pressão parcial do CO2 na troposfera
corresponde à primavera no Pólo Sul) da Terra para anos recentes segundo
atribuído principalmente à ação do dados sistematicamente levantados
cloro. Os dados mostram que este pelo Observatório de Mauna Loa, no
processo está acontecendo desde o Hawaii. Oscilações anuais são mostra-
ano de 1979. No ano 2000, foi detec- das no gráfico menor onde os picos
tado o maior buraco de ozônio sobre são representados pelos períodos de
a Antártida até agora, com uma área primavera e os vales de outono e têm
de mais de 25 milhões de km2. Espé- os processos da fotossíntese e respi-
cies cataliticamente não ativas na for- ração como os principais respon-
ma de HCl e de ClONO2 são fotocon- sáveis.
vertidas em radicais Cl• e ClO• (ver prin- Para o efeito estufa, contrariamente
cipais equações químicas abaixo) em ao mostrado para o buraco de ozônio
um mecanismo complexo que destrói na atmosfera (que já foi efetivamente
o O3, criando o que se convencionou
chamar pelos cientistas de ‘buraco na
camada de ozônio’.
Cl• + O3 → ClO• + O2 (13)
OH• + O3 → HOO• + O2 (14)
ClO• + HOO. → HOCl + O2 (15)
HOCl (luz solar) → OH + Cl (16)

Segundo essas pesquisas, a con-


versão ocorre na superfície de partí-
culas (frias) de água, ácidos sulfúrico
e nítrico (este formado pela interação
entre radicais hidroxila e NO2• gasoso).
Figura 3: a. Concentração de ozônio e ClO
Esse mecanismo é responsável por
em função da latitude no Pólo Sul. b. Figura 4: Variações na concentração do gás
cerca de três quartos da destruição do Distribuição vertical de ozônio no inverno carbônico da troposfera determinadas pelo
ozônio. Um outro mecanismo de des- (agosto) e primavera (novembro) de 1987 Laboratório de Oak Ridge em Mauna Loa,
truição envolve átomos de bromo e a na Antárctica (Baird, 1998). Hawaii. Extraída de Baird, 1998

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detectado), ainda não existem medi- então, um efeito estufa aumentado que maior na atmosfera do que o metano,
das que determinem inequivocamente é causado pelo aumento exacerbado seu efeito como gás estufa é também
que ele existe. No entanto, se os mo- na concentração de outros gases es- maior.
delos matemáticos e computacionais tufa como o CO2 e o CH4. Os processos sumidouros de meta-
existentes no momento estiverem cor- O balanço de CO2 antrópico mos- no na natureza são as interações com
retos, significativos aumentos da tem- trado por Houghton et al. (1996; 1995) o solo, perdas do gás à estratosfera e
peratura da troposfera deverão ser sugere que a queima de combustíveis a mais importante é a reação com
esperados nas próximas décadas. Há fósseis é o processo responsável pelo radicais hidroxila. Esta última acontece
que se registrar que poderão ocorrer maior fluxo deste gás para a atmosfera segundo a equação:
alguns efeitos positivos em algumas com uma perda anual líquida de 5,5 Gt, CH4 + OH• → CH3• + H2O (17)
regiões do globo, como a atenuação enquanto o balanço entre a liberação
na temperatura em invernos rigorosos na queima de biomassa de florestas e Óxido nitroso e os
ou a distribuição mais abundante e a absorção pela fotossíntese apresenta clorofluorcarbonetos
favorável de chuvas, em outras regiões. perdas de 0,2 Gt.ano-1; no mar, entre
No entanto, a previsão mais comum é as perdas das partes mais rasas e para O N2O é outro gás estufa de grande
de efeitos negativos, como por exem- os sedimentos, e as trocas na interface significado. Segundo Baird (1998), este
plo o alagamento de muitas regiões água-ar, há uma perda líquida de gás é 206 vezes mais efetivo na
costeiras do globo devido ao derre- 2,0 Gt.ano-1. absorção da radiação IV do que o CO2.
timento do gelo das calotas polares A Tabela 1 lista informações sobre No período pré-industrial dos países
(como ao que ocorreria por exemplo alguns dos mais importantes gases desenvolvidos, a concentração deste
com Bangadlesh e Egito que per- estufa da atmosfera. Pode-se ver que gás era constante em um nível de cerca
deriam até um décimo de seus territó- alguns desses compostos têm tempos de 275 ppb e atualmente alcançou 312
rios). Várias outras conseqüências de residência suficientemente altos na ppb com uma taxa anual de aumento
negativas poderiam também advir em atmosfera, o que torna o risco ainda de 0,25%. Cerca de 60% das emissões
muitas outras regiões como longos maior. são de fontes naturais. Os oceanos são
períodos de secas ou devastações por No contexto dos gases estufa há a grande fonte e o resto vem de
46 emanações de solos, especialmente
grandes enchentes com sérias reper- que se considerar o metano, que é um
cussões negativas na produção de ali- gás emitido por diversas fontes, antró- os tropicais. Nos processos da desni-
mentos, extinção de espécies, ocorrên- picas (70%) e naturais, que é também trificação (onde o nitrato é reduzido
cias de epidemias de doenças trans- de grande importância. As áreas ala- dominantemente a nitrogênio gasoso)
missíveis por insetos etc (consulte por gáveis ou os pântanos, ambientes e nitrificação (onde a amônia ou íons
exemplo, www.wwf.org.br). muito reduzidos, são os grandes amônio são oxidados a nitrito e nitrato)
Como mencionado, o efeito estufa emissores (como os são de um outro em ambientes terrestres e aquáticos,
em si refere-se a uma contenção de gás de grande importância ambiental, o N2O é um sub-produto.
calor (representada pelo redirecio- o N2O, que além de ser uma gás estufa O óxido nitroso é também um dos
namento de radiação IV à superfície ter- – ver a seguir -, é um precursor da precursores da destruição da camada
restre), que é promovido pelas molécu- destruição da camada de ozônio), de ozônio de forma indireta através de
las dos gases estufa (ver Figura 5). embora outras fontes sejam também duas reações: uma em que essas mo-
Diga-se de passagem que este fenô- importantes como os cupins e a léculas reagem com átomos de oxigê-
meno é o responsável pelo efeito estu- flatulência bovina. Este gás tem, por nio fotoquimicamente excitados e que
fa, digamos assim, ‘normal e benéfico’ molécula, um poder de absorção de forma NO (que é o principal agente de
que existe na Terra, e que tem as molé- radiação IV cerca de 21 vezes maior remoção do O3 da estratosfera) (Ma-
culas de vapor d’água como principal que o CO2. No entanto, como o CO2 nahan, 1984):
responsável. Estamos discutindo aqui, encontra-se numa concentração muito N2O + O → 2NO (18)

Tabela 1: Gases estufa da atmosfera terrestre (Baird, 1998).


Gases Abundância atual Taxa de aumento (%) Tempo de residência (anos)
CO2 365 ppm 0,4 50-200
CH4 1,72 ppm 0,5 12
N2O 312 ppb 0,3 206
CFC-11 0,27 ppb 0 12.400
Halon-1301 0,002 ppb 7 16.000
HCFC-22 0,11 ppb 5 11.000
HFC-134a 2 ppt nd 9.400
Figura 5: Esquema de funcionamento do
efeito estufa (extraída de Baird, 1998). Nd = não determinado.

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Normas paraatmosférica
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que por sua vez destrói moléculas de ficações varia de edifício a edifício, mas radioativo estão indicadas sobre e sob
O3 segundo a equação existem aqueles poluentes que são as setas, respectivamente:
O3 + NO → NO2 + O2 (19) mais comuns. Dentre eles podem ser A maioria do 222Rn gasoso que vaza
destacados o formaldeído (H2C=O), para dentro das edificações vem de
onde novas moléculas de NO são re-
um dos mais importantes poluentes uma capa do primeiro metro do solo;
constituídas através da reação
orgânicos, cujas principais fontes são mas há também outras fontes, como
NO2 + O → NO + O2 (20) a fumaça dos cigarros e certos plásti- as águas subterrâneas de poços
As florestas tropicais - e suas quei- cos sintéticos que contêm resinas de artesianos e os materiais (como o ci-
madas após o desmatamento - e as formaldeído. Esta molécula é um inter- mento, por exemplo) que servem a
áreas alagáveis, que têm significativa- mediário do processo de oxidação do construção das edificações (Baird,
mente aumentado no mundo todo e metano e de outros compostos orgâni- 1998).
em especial no Brasil para gerar ener- cos voláteis (COV) (Baird, 1998). Esta
gia hidrelétrica onde as represas são molécula é considerada carcinogênica Amostragens de ar: análises químicas,
construídas sem a remoção da cober- em animais-testes, podendo também padrões de emissão e legislação
tura vegetal original que, lentamente, o ser para seres humanos, segundo a As preocupações referentes a
decai num processo oxidativo anaeró- U.S. EPA (Agência de Proteção Am- poluentes gasosos incluem não so-
bio –, são sem dúvida, as fontes natu- biental dos EUA). mente aquelas de atmosferas abertas
rais mais importantes da emissão de Fibras de asbestos constituem-se (outdoor) mas também as de atmosfe-
N2O para a atmosfera. A queima de em outra forma de poluição ambiental ras internas (indoor). Muitas vezes as
combustíveis fósseis é uma fonte indoor e algumas delas são reconhe- concentrações de poluentes são maio-
antrópica quando o carvão ou biomas- cidamente consideradas cancerígenas res nestas últimas. Evidentemente,
sa que conhecidamente contêm nitro- ao homem. Acredita-se que estes po- ambas as formas de contaminação
gênio (gasolina e gás natural não con- luentes agem sinergisticamente com a podem ser prejudiciais à saúde huma-
têm), são oxidados, bem como devido fumaça dos cigarros na causa do cân- na.
à presença do nitrogênio atmosférico, cer. Nas amostragens é muito impor-
dada a relativamente alta temperatura A presença de isótopos radiativos tante ter-se em conta que as concen- 47
do sistema de combustão. Contudo, (ou radionuclídeos) é outra forma muito trações dos poluentes podem variar
conforme vários autores afirmam, no importante de poluição de atmosferas rapidamente com o tempo. Segundo
total, o uso de fertilizantes na agricul- internas. O gás radônio, um radionu-
muitos autores (como Reeve, 1994), as
tura, é provavelmente, o maior respon- clídeo emissor de partículas alfa, que
concentrações médias relativas a um
sável pelas emissões antrópicas deste por terem duas cargas positivas po-
fixo período de tempo (time-weighted
gás para a atmosfera. dem ionizar moléculas (no caso, ioni-
averages) são a forma mais apropriada
Não fosse pelo anulamento do efei- zam as moléculas da água gerando
de medida em pesquisas de longa
to estufa dos CFC’s que têm um poder radicais hidroxila, altamente reativos) e
de absorção de radiação bem maior duração. No entanto, a avaliação de
provocar alterações no DNA dentro das
que o das moléculas do CO2, anula- incidentes de poluição demanda
células vivas. Estes radicais são
mento este, que ocorre pelo efeito do apontados como os responsáveis por determinações instantâneas de con-
resfriamento da estratosfera onde um alto número de mortes por câncer, centrações. A literatura deste tema
agem na destruição de moléculas do como vários tipos de leucemia e câncer recomenda que essas duas aborda-
ozônio, os CFC’s seriam gases estufa de pulmão (Dillon et al., 1993). gens diferentes podem ser tomadas e
muito importantes. Portanto, o efeito lí- Muitas rochas e solos contêm que as mesmas incluem determina-
quido final dos CFC’s no aquecimento urânio (238U) e seu decaimento ao 234Th ções de concentrações de poluentes
global, é pequeno. As previsões para constante gera o radônio; essa se- de forma direta ou lançando mão de
o futuro ficam por conta de uma pro- qüência de decaimento radioativo, que técnicas de análises que requerem o
vável diminuição da emissão desses ocorre em 14 etapas, termina no 206Pb, uso de um laboratório químico.
gases usados em refrigeração (ar um nuclídeo estável. Um dos isótopos
Concentrações médias relativas a um
condicionado, geladeiras e freezers) de grande importância e que envolve
que o protocolo de Montreal postulou o 222Rn, é o radioisótopo 226Ra. Esta
período de tempo fixo (time-
o banimento nos países desenvolvidos parte da seqüência de desintegrações weighted averages)
em 1995. Os compostos substituidores é mostrada no Quadro 2, onde as Essas técnicas incluem sistemas
dos CFC’s - os HCFC’s e HFC’s - têm respectivas partículas emitidas e tem- absorvedores de gases, onde um certo
tempos de residência menores na pos de meia-vida de decaimento volume de atmosfera é borbulhado em
natureza, além de absorverem menos
eficientemente a radiação IV.
Quadro 2.
Poluição ambiental interna (indoor -α -α -α -β -β -α -β
pollution)
226
Ra → 222Rn → 218Po → 214Pb → 211Bi → 211Po → 210Pb → 210Bi
1600 a 3,8 d 3 m 27 m 20 m <1 s 22 a
A poluição ambiental interna de edi-

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uma solução absorvedora que é levada de precisão (desvios padrão relativa- grandes volumes (Hi-vol) ou método
ao laboratório para análises que usual- mente altos para algumas espécies) e equivalente’. Os padrões de qualidade
mente lançam mão métodos volu- de interferências. Após o sugamento do ar e as respectivas metodologias
métricos ou espectrofotométricos. As- de um dado volume de ar através do empregadas nas análises químicas
sim, podem ser analisados gases como tubo, uma cor se desenvolve. Ela pode para as diferentes espécies estipula-
o SO2, Cl2, H2S e NH3. Adsorventes ser produzida por um grande número das nos padrões nacionais de quali-
sólidos são também empregados, de métodos, por exemplo: H2S é detec- dade do ar estão listados na Tabela 2.
sendo comumente usados para análi- tado formando-se um precipitado Os padrões primários e secundá-
ses de baixas concentrações de com- negro de PbS a partir de um sal incolor rios de qualidade do ar significam res-
postos orgânicos. Esses coletores se- de chumbo; em outros casos, indica- pectivamente concentrações máximas
gundo a literatura (Reeve, 1994), são de dores são usados para gerar uma cor. desses poluentes (e que podem afetar
dois tipos: amostradores passivos e os A técnica da cromatografia gasosa, a saúde da população) e aquelas de-
de amostragens ativas, em que o ar é por sua vez, permite que amostras sejadas (e que causam um dano mí-
bombeado para dentro do tubo. Em am- sejam injetadas diretamente no equi- nimo ao bem estar da população). Os
bos os casos a espécie a ser analisada pamento de análise sem pré-concen- objetivos de um programa de monito-
é desorvida ou por elevação da tempe- tração, como acontece na análise de ração da qualidade do ar como o da
ratura ou pela ação de um solvente
gases como o O2, N2, CO e CO2 e mis- CETESB são a geração de dados para
adequado que a extrai para a subse-
turas de compostos orgânicos voláteis. a ativação de emergência durante
qüente transferência ao cromatógrafo a
E hoje há, ainda, as vantagens de se períodos de estagnação atmosférica,
gás. Essa metodologia é bastante
poder usar um equipamento portátil o avaliação da qualidade do ar para esta-
complexa mas de grande alcance, pois
que permite determinações in situ com belecer limites para proteger a saúde
permite determinações de concentra-
altas sensibilidades analíticas. e o bem estar das pessoas e finalmente
ções bastante baixas, um requisito fun-
damental em análise de atmosferas não- acompanhamento das tendências e
Padrões de emissão e legislação mudanças na qualidade do ar devidas
contaminadas. A produção de misturas
gasosas padrão é uma etapa complexa A Resolução CONAMA 003 de 28 a alterações nas emissões dos poluen-
48 de todo este processo analítico. de junho de 1990, do IBAMA, estabe- tes.
Há também, neste tipo de amostra- leceu os padrões nacionais de quali- Um outro aliado ao controle da quali-
gem, os tubos de difusão, que com- dade do ar, ampliando o número de dade do ar de grandes cidades é a
binam um pouco de cada técnica parâmetros anteriormente regulamen- Resolução CONAMA n. 18 de 6 de maio
acima mencionada e que têm tido mui- tados através da Portaria GM n. 0231 de 1986, o chamado PROCONVE ou
tas aplicações nos últimos anos. Nele, de 27 de abril de 1976. Essa legislação Programa de Controle da Poluição do
um reagente específico é adsorvido em define que a coleta de amostras de ar Ar por Veículos Automotores. Este
uma tela de aço-inox que está fixa na é feita pelo ‘método do amostrador de programa estabelece os limites máxi-
base de um tubo de acrílico de peque-
nas dimensões e com o outro lado Tabela 2: Os padrões de qualidade do ar e as respectivas metodologias empregadas nas
aberto; o tubo é exposto ao ar a ser análises químicas para as diferentes espécies estipuladas nos padrões nacionais de quali-
amostrado por um dado tempo (várias dade do ar
semanas); o ar difunde pelo tubo até o
Poluente Tempo Padrão Padrão Métodos de medição
adsorvedor, e a velocidade de difusão
de amostragem primário secundário
é proporcional à concentração da µg.m-3 µg.m-3
espécie na atmosfera amostrada.
Partículas totais 24 h (1) 240 150 amostrador de grandes vo-
Determinações instantâneas de em suspensão MGA (2) 80 60 lumes
concentrações SO2 24 h 365 100 pararosanilina
MAA (3) 80 40
As determinações instantâneas de
concentrações podem ser feitas atra- CO 1 h (1) 40.000 40.000 infravermelho não dispersivo
8h 35 ppm 35 ppm
vés de leituras diretas em instrumentos.
10.000 10.000
A este grupo de técnicas pertencem (9 ppm) (9 ppm)
as espectrométricas, como a quimilu-
O3 1 h (1) 160 160 quimiluminescência
ninescência, infravermelho e fluores-
cência; destas, as duas primeiras são, Fumaça 24 h (1) 150 100 refletância
MAA (3) 60 40
potencialmente, mais sensíveis e são
usadas para as análises de óxidos de Partículas 24 h (1) 150 150 separação inercial/filtração
inaláveis MAA (3) 50 50
nitrogênio, dióxido de enxofre e ozônio.
Os tubos detectores de gases são NO2 1 h (1) 320 190 quimiluminescência
MAA (3) 100 100
usualmente empregados para gases
inorgânicos e compostos orgânicos (1) não deve ser excedido mais que uma vez ao ano; (2) média geométrica anual; (3)
voláteis (Reeve, 1994) e têm problemas média aritmética anual.

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mos de emissão para motores e veícu- de poluição da atmosfera, ainda que ecológico de incrementos na concen-
los novos, bem como as regras e exi- em uma escala pequena, mesmo com tração de espécies químicas lançadas
gências para o licenciamento para o aumento da frota circulante de à atmosfera que coloquem em risco,
fabricação de uma configuração de veí- veículos e do fato que os carros por menor que seja, a vida do homem
culo ou motor e para a verificação da estarem muito mais desregulados a e de todos os outros organismos vi-
conformidade da produção. O PRO- cada ano, como já comprovado pela vos da biosfera.
CONVE nasceu, segundo a CETESB, da CETESB (CETESB, 1985; 1992; 1993
Antonio A. Mozeto (amozeto@dq.ufscar.br), doutor
‘gravidade do estado de poluição a,b; 1994a,b). em ciências da Terra, é professor do Departamento
provocada por veículos’. de Química da UFSCar e coordenador do Laboratório
O PROCONVE foi baseado na O ar que respiramos de Biogeoquímica Ambiental (www.biogeoquimica.
experiência internacional de países Se compararmos a qualidade do ar dq.ufscar.br).
desenvolvidos que exigem que veícu- da era pré-industrial ao ar que respira-
los e motores atendam a limites máxi- mos hoje, especialmente nas grandes Referências bibliográficas
mos de emissão em ensaios padroni- metrópoles, deparamo-nos com uma BAIRD, C. Environmental Chemistry.
zados e com combustíveis de referên- imensa e absurda diferença. E, apesar Nova Iorque: W.H. Freeman and Com-
cia. O programa im- do grande avanço do pany, 557 p, 1998.
põe a certificação de aparato tecnológico de- BIRKS, J.W. Oxidant formation in the
Os fabricantes de troposphere. In: Macalady, D. L. (ed.).
protótipos e verifi- automóveis vêm cumprindo senvolvido nas últimas Perspective in Environmental Chemistry.
cações de veículos de forma satisfatória as décadas, as chaminés Nova Iorque: Oxford University Press.
de linha de produção exigências legais, o que de nossas fábricas (que cap. 10, p. 233-256, 1998.
e autorização do ór- permitiu a redução média produzem bens e servi- CETESB. A participação dos veículos
gão ambiental fede- da ordem de 80% na ços altamente avan- automores na poluição atmosférica,
ral para o uso de çados no sentido de 1985.
emissão de poluentes nos CETESB. Controle da poluição veicular
combustíveis alterna- veículos melhorar nossa qualida-
no Brasil, 1992.
tivos. Além disto, pre- de de vida), os escapes
CETESB. Aspectos ambientais do
vê o recolhimento e de nossos automóveis e trânsito de veículos nos centros urbanos, 49
reparo de veículos ou motores encon- aviões, as queimadas de coberturas 1993 a.
trados em desacordo com a produção vegetais, naturais ou plantadas etc, CETESB. Relatório de qualidade do ar
ou o projeto, proibindo também a co- continuam a lançar na atmosfera gran- no Estado de São Paulo, 1993 b.
mercialização de veículos não homo- des quantidades de espécies químicas CETESB. O PROCONVE: Resultados
logados segundo seus critérios. gasosas e particuladas. Hoje, apesar de e perspectivas, 1994 a.
Os fabricantes vêm cumprindo de ainda conhecermos uma ínfima parte do CETESB. Legislação federal, estadual
forma satisfatória as exigências legais, e municipal: poluição veicular, 1994 b.
poder tóxico dessas espécies, já
o que permitiu a redução média da CHAMEIDES, W.L. e DAVIS, D.D. Spe-
sabemos o suficiente para entendermos cial Report. Chemical Engeneering
ordem de 80% na emissão de poluen- o grande risco que representam para as News, n. 4, p. 39-52, 1982.
tes nos veículos. Uma redução mais diferentes formas de vida da biosfera. DILLON, J.; WATSON, R. e TOSUNO-
significativa se dará somente a partir da Nela, o homem é a única espécie viva GLU, C. Chemistry and the environment.
implantação do I/M – Programa de que, ao mesmo tempo, sofre as conse- Curriculum materials on environmental
Inspeção e Manutenção de Veículos e qüências de inúmeros impactos nega- chemistry. Education Division. Royal So-
Motores, que fiscalizará a frota circulante ciety of Chemistry, 44 p., 1993.
tivos à sua qualidade de vida e assiste a
nas grandes cidades, emitindo pare- HOUGHTON, J.T.; MEIRA FILHO, L.G.;
quase tudo de braços amarrados, quase BRUCE, J.; LEE, H.; CALLANDER, B.A.;
ceres que liberem ou reprovem os veí-
sem forças para mudar e melhorar o seu HAITES, E.; HARRIS, N. e MASKELL, K.
culos que estão em circulação, depen-
destino neste planeta. Climate change 1995 and 1994 – The
dendo das condições dos mesmos.
É importante ressaltar o jogo polí- As chamadas tecnologias limpas e science of climate change. 1996.
os programas de monitoração da Intergovernmental panel on climate
tico envolvido na implantação dessas change. Cambridge, U.K.: Cambridge
medidas de controle, bem como da qualidade ambiental somente alcança-
rão suas principais e reais metas University Press, 1996 & 1995. .
burocracia e da lentidão da elaboração MANAHAN, S.E. Environmental Chem-
de leis que retardam uma redução dos quando a ciência ambiental souber
istry. Monterrey/Califórnia: Brooks/Cole
níveis de poluição mais rápida e eficaz. valorizar - e a sociedade civil cobrar do Publishing Company, 612 p., 1984.
Mas também cumpre ressaltar que a poder público constituído - a determi- MANAHAN, S.E. Fundamentals of en-
implantação do PROCONVE e das nação e manutenção da qualidade do vironmental chemistry. Boca Raton:
medidas complementares represen- ar que respiramos. Esta cobrança será Lewis Publishers, 844 p, 1993..
tam um grande avanço em termos da tanto mais efetiva na manutenção da MOORE, J.W. e MOORE, E.A. Environ-
preocupação ambiental e da qualidade qualidade do ar que respiramos quanto mental chemistry. Nova Iorque: Aca-
demic Press, 500 p., 1976.
de vida, como também uma demons- mais exigente e especializada ela for.
REEVE, R.N. Environmental analysis.
tração de cidadania que dos países Assim, chegará o dia em que sabere- Singapura: John Wiley & Sons. 263
desenvolvidos. Também é importante mos avaliar, valorizar e propor/executar p.,1994.
ressaltar que houve redução dos níveis ações corretivas efetivas sobre o risco

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