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Psicologia Forense

Profa. Bazon

29/02
1) Psicologia judiciária – psicologia do testemunho.
É um ramo dedicado ao estudo dos fatores extrajurídicos que influenciam em decisões
de órgãos judiciais, seja nos colegiados, magistrados, juristas ou leigos.
Exemplos: Avaliação da influência da opinião pública no julgamento do assassino do
soldado ao mesmo tempo em que o filme “Sniper Americano” foi lançado.
Há muita produção nessa linha, os estadunidenses e espanhóis são os principais.
2) Psicologia criminal – é o ramo mais antigo da psicologia jurídica. Dedica-se aos
aspectos do fenômeno criminal: a passagem do ato e as características da pessoa do
criminoso (estudos sob a personalidade criminal). Na atualidade, pode-se dizer que é
um dos ramos de maior desenvolvimento científico, sobretudo no que se refere à
“delinquência juvenil”: robusto conhecimento sobre os fatores e processos psicossociais
atinentes à gênese, desenvolvimento e manutenção da conduta criminal.
Conhecimentos passíveis de aplicação: prevenção primária e secundária.
A psicologia não lida com crimes determinados, a especialização em um determinado
tipo de crime é uma variável que vai contar com uma trajetória de agravamento. A
especialização do crime é um trajeto, mas há criminosos monótono.
A criminologia é um conjunto que tange e compõe a psicologia.
O efeito da rotularização é algo concreto, o fato de alguém passar pelo judiciário e ter
sido etiquetado por conta de crime ou infração causa um impacto. O confinamento é
outra coisa, também apresenta impacto. O confinamento não é neutro e faz mal,
aumenta a reincidência, e quanto mais cedo isso ocorre, mais nefasta é a consequência
de curto, médio e longo prazo. Isso vem de uma pesquisa feita na Flórida. O apelo é nas
questões de socialização também. A forma com a qual as pessoas reagem à rotulação
varia, um dos caminhos é a depressão. Mas ela é incomum na adolescência. Você
também pode assumir a identidade negativa que o rótulo te coloca, mas é uma
identidade, mas ela te qualifica, e essa opção é mais sedutora na adolescência. Isso não
é deliberado, mas uma resposta possível naquele contexto. Isso se chama aceitação do
rótulo. A intervenção de qualidade vem, e um dos braços dela é tentar interceptar esse
processo. Não raro, um dos braços é o orientador é ir na escola e conversar com os
professores e falar sobre os rotulados e impacto da rotulação ser reproduzida na
educação formal. O primeiro passo, no entanto, é o judiciário. Se fôssemos mais
criteriosos na tomada de decisão, esse problema seria minorado de forma mais efetiva.
3) Psicologia penitenciária – ramo do estudo de processos de aplicação do
conhecimento psicológico no campo de avaliação e do tratamento de pessoas
que se encontrem custodiadas no sistema prisional, condenados ou a espera de
julgamento, e posteriormente em contexto comunitário no tocante à reinserção
social. O primeiro momento de cárcere é um momento de grande crise. Este
conceito é a perda da casca, é como a lagosta que perde a casca para crescer, ela
fica vulnerável, mas se ela não perde, ela não cresce. É um momento de
vulnerabilidade que implica possibilidade de crescimento. Nos primeiros
momentos do cárcere, se vive uma perda de casca, se vulnerabilidade
psicológica. O termo de quem pira no cárcere é chamado de “noia”, os que
sobrevivem, vão normalizar a experiência, e quando isso ocorre, estamos
ferrados, consolidamos o tiro no pé. Prendemos para adequar o cidadão, mas
colocamos ele num local aonde o cárcere é o normal, não a vida em sociedade.
O período em que se vive essa experiência para criar esse processo de
normalização são meses, meros meses.
4) Psicologia da vítima – dedicado os estudos e vitimização, e, na sequência, dos
efeitos provocados por um feito criminoso o testamento posterior suscetível de
ser aplicado e dos processos dirigidos à sua prevenção. A teoria da reparação
vem daqui. Vítimas pedindo indenização pelos efeitos do crime, isso não é
incomum na área do assédio moral e sexual no trabalho.
5) Psicologia policial – aplicação dos conhecimentos de psicologia clínica social e
criminal aos processos corporação:
- Organizativos e de formação (seleção de pessoal, comunicação
sociocomunitária, etc.)
- Administrativos e de apoio interno (apoio psicológico e familiar, manejo de
estresse).
- Investigativos (análises de conduta criminal/perfis, negociação em situação
em que há reféns, etc.)
6) Psicologia forense – para auxiliar a os órgãos julgadores nas tomadas de decisão.
A atuação do psicólogo constitui um assessoramento pericial.

07/03
Psicologia criminal
S

14/03
Psicologia criminal

Freud
Freud criou uma teoria social baseada na psicologia.

O ego é frágil no sentido de que a pessoa é egocentrada, centrada em suas próprias


necessidades, e estas estão atreladas ao Id, e nisso o ego é frágil, porque ele informa mal essa
pessoa das necessidades do outro, e a fragilidade de agir sempre em favor de si mesmo. Um
superego mal desenvolvido não internaliza bem as regras, e ai é uma má formação do conjunto
da regulação do comportamento.

A linguagem freudiana fala em personalidade anormal, e não falamos em normalidade


estatística, mas de saúde.

A teoria psicanalítica, a formação do ego e superego, e temos o potencial do id, mas podemos
ter um desenvolvimento que não é completo, e isso remete ao processo de socialização, como
as crianças são criadas. Esses processos de criação existem desde o nascimento, e há fases aonde
se consolida as coisas, no caso é a primeira infância.

A teoria psicanalítica sobre a delinquência fala sobre as práticas de socialização


inexistentes/ineficazes para manejar as tensões entre os diferentes sistemas de psique – id, ego
e superego.

As neuroses e as práticas de socialização produzirão as psicopatologias, isso tudo vem da


regulação não muito equilibrada dessas três coisas.

O complexo de édipo, quando o filho toma para si a mãe como objeto de desejo, no sentido
psíquico quem faz a interdição dessa relação almejada é a figura paterna. Do ponto de vista
elementar a psicanálise diz que a primeira representação de “não pode” é a figura paterna. A
relação subjetiva paterna, e não é o que o pai fala necessariamente, mas a presença, ou ausência
afetam – é o mínimo – é um elemento importante. A relação da criança com a figura paterna ou
com as relações parento-filiais é muito importante.

O indivíduo aceita o predomínio do interesse social que marca o sentido de vida, o criminoso e
o neurótico são guiados por egos frágeis que desconhecem seus limites e tentam convencer o
mundo no cenário de sua única e imperiosa vontade. E isso traz uma frágil representação de
sociedade.

Toda ciência que explica um comportamento que são variáveis que não são controladas pelo
indivíduo colocam em xeque o raciocínio do libre arbítrio do direito. Todas as outras teorias,
quando falamos em determinação do comportamento, tem o mesmo destino, mas cada uma dá
uma resposta para problema. A psicanálise diz que o tratamento é possível para fortalecer o
superego.

A massa dos criminosos não é doente mental, há distorções, mas não são casos extremos.

O modo como a psicologia dá uma solução intermediária, e diz que todo o ser humano tem a
capacidade de pensar e se pensar em relação ao outro, é a consciência, e ela tem a capacidade
de abarcar o que variáveis de comportamento diverso. Autonomia psíquica é o nome. Toma
decisões entendendo que te determina e assumindo as consequências de suas decisões, agora,
isso é importante porque essa capacidade reflexiva não vem fácil. Não é o id, não é algo que cai
de paraquedas, tem que ser desenvolvido, estimulado. No entorno social imediato e mediato,
uma cultura que favoreça esse funcionamento. A punição pura e dura que gera a humilhação
afasta o sujeito do processo de ganho de autonomia psicológica, causa um afastamento do que
representa uma figura de autoridade. Deveríamos tratar da aproximação das figuras de
autoridade. Porque é importante não passar no sinal vermelho? Não é porque tem multa, mas
porque há um princípio que regula a convivência coletiva, e a autonomia psíquica te encaminha
para esses raciocínios, mas não é algo simples, é um processo de socialização que exacerba o
controle dos pais, mas a convivência com os pais, professores,
Criminologia radical não é o comportamento do indivíduo, mas a reação social, e nos anos 60
usa uma parte da produção da criminologia mais tradicional mais preocupada com o
comportamento e as estatísticas, e usa um dado importante, o crime, o comportamento
criminoso era algo tão comum e tão difundido que as taxas que se produziam era que em torno
de 80/90% das pessoas comete algum delito. E isso é que o direito está a serviço do controle
social no sentido de enfatizar alguns crimes, e criminalizar alguns e deixar os outros livres. Ela
diz que a criminalização é um processo de luta de classes, é uma teoria da relação social, ela não
nega e nem explica o fenômeno criminal.

Há freudianos ortodoxos menos conhecidos, o mais é Aichorn (The wayward youth). Criticam
juízes que não deveriam julgar, mas oferecer tratamento, prescrever tratamento.

Winnicott
É também um psicanalista mais contemporâneo, e ele vem de 50 e 60. Ele é um psicanalista,
mas dá mais ênfase mais ao ambiente em que as crianças vivem de fato, e ele faz isso
empiricamente. Ele tinha uma clínica que recebia para cuidar de crianças e adolescentes com
comportamentos problemáticos, inclusive infracionais.

Cria a categoria do comportamento antissocial, comportamentos, por exemplo, que na sala de


aula levanta a todo o momento, começa a se morder, o que não dá para tipificar com o crime, e
mais os comportamentos de infração da lei. É um raciocínio teórico interessante, e há eventos
que se passam e que vão produzir consequências no sentido de determinar as bases inclusive
do comportamento delinquacional.

Ele muda o enfoque que era intrapsíquico da psicanálise tradicional, para o enfoque
intrapessoal, dá mais peso para o meio. O tradicional fala que a tendência antissocial é
decorrente de fatores internos e constituintes, e a outra é de falha ambiental.

Ele propõe que o ambiente, as crianças que manifestavam comportamento antissocial teriam
sofrido o seguinte processo, sofrido um processo de vida insuficientemente bom, que encontra
respostas a sua dor e necessidades. A satisfação dessas necessidades era primordial ao
ambiente, e não era preciso um ambiente perfeito, mas suficientemente bom, para desenvolver
no humano a crença de que ele pode confiar no ambiente, que o ambiente é confiável. No
primeiro momento é uma noção e ilusão de onipotência, de que se comanda o ambiente, mas
que com o próprio desenvolvimento, essa criança pequena, até porque o ambiente não é 100%
infalível, essa criança passa de uma posição de onipotência, para potência, é um ambiente
confiável, isso é a base do sentimento de confiança para a vida em sociedade. O cognitivismo
tange aqui, é um eixo cognitivo que as coisas vão ficar bem, que o ambiente é confiável.
Confiança baseada na experiência concreta e real de cuidado. A falha não é interna, mas
ambiental, o interno é a busca de um ambiente que vinha ao encontro dela.

Em algum ponto da primeira infância há uma mudança repentina de quebra do apoio, da fé do


ambiente como ambiente confiável, isso é a deprivação, isso está nos modos de ser dos pais
com o nascimento do filho, ou um cuidador que adoece, a criança que adoece... Esses eventos
modificam a qualidade do cuidado, e que a tendência de ataque social, existe a cobrança para
restaurar esse ambiente bom.

Um dos problemas é que Winnicott faz algo que a nossa lei quis fazer, separar o antissocial do
que é infração da lei, e ele mistura tudo falando na delinquência social, crime ou não, birras
entram aí. Só que um elemento interessante que ele dá é o que a psicanálise ortodoxa, ele fala
que se o padrão de confiabilidade retorna, a confiança da criança retorna, é o tratamento pelo
meio, não é um tratamento clínico, mas um tratamento pelo meio que tinha que se tornar
novamente confiável, acolhedor, responsivo e que esse comportamento antissocial viria porque
a crença no ambiente se restaura, e aqui há uma perspectiva tanto de tratamento com solução
e de uma abordagem mais ecológica, do que propriamente uma abordagem individualizada sem
modificações no ambiente.

Ele é psicanalista, mas coloca ênfase no meio, nas experiências concretas das crianças.

Sutherland
A psicanálise tem uma repercussão, mas nos contextos da criminologia, os próprios criminólogos
passaram a rejeitar as respostas bio-psíquicas do fenômeno criminal, e beber da sociologia,
numa análise macro. Depois de Freud, praticamente não há psicólogos interessados em
criminosos, ela explica poucas coisas, porque os criminólogos passaram a focar em outras
perspectivas, é a explicação do fenômeno criminal de uma forma macrossocial. Mas um autor
vai emergir. O Sutherland vem com a escola de Chicago (eminentemente sociológica) e vem
explicar o fenômeno criminal de forma a conectar o behaviorismo. Este vem com o Watson e
sua forma radial fala que o homem é uma folha em branco e o que ele vai se tornar depende do
meio, é a tábula rasa. Quando você nasce, você terá o ambiente imprimindo te dando forma, e
que transforma a pessoa no que ela será. É um determinismo extremo que está mais alinhado
ao entorno, fala de reforço, aprendizagens. E veremos como o Sutherland pega essa teoria e a
transforma em algo interessante. Ele fala que a personalidade que se conecta com o
comportamento, e é adquirida conforme a aprendizagem. Ele é um criminólogo e desenvolve a
teoria da associação diferencial. Ele propõe uma explicação no sentido das taxas de
criminalidade também. Ele elaborou entre as décadas de 30 e 60, e até hoje ela é integrada nas
teorias mais complexas.

Focalizando do nível individual ele dirá que uma pessoa torna-se desviante por causa de um
excesso definições favoráveis à violação da lei, em relação a definições desfavoráveis à violação
da lei. E definições são a mensagens simbólicas comunicativas na interação cotidiana com outros
significativos, como pais, colegas e professores.

O ser humano pode agir de uma forma exploratória na medida em que há desenvolvimento e
aprendizagens, e que essas vão constituindo as crenças e valores que subsidiam as atitudes.
Estas são a categoria psicológica que faz com que sejamos favoráveis ou desfavoráveis a objetos
externos e está ancorada em valores da formação da personalidade. Há pessoas socializadas de
tal modo que aprenderão crenças e valores criminais, e que essas crenças sustentarão atitudes
favoráveis à violação da lei, e essas atitudes são disposições que fazem com que entendamos
que o ato criminoso é errado, mas subsidiam justificativas para a manutenção do
comportamento (roubar é errado, mas a pessoa parece rica). A técnica criminal é aprendida, as
justificativas fazem com que isso afaste a responsabilidade ou o remorso.

Você aprende a justificativa, o que te afasta de identificação emocional com a vítima, você vai
aprendendo todas essas coisas e num subgrupo específico. Ele está ligado à perspectiva de
subculturas, por estar na escola de Chicago.
Essa explicação é que a teoria para o comportamento criminosa não é diferente e uma teoria
geral do comportamento, e isso é o que o aproxima do behaviorismo, pessoas que nascem em
contextos de atitudes criminalizadas aprenderam aquele sistema de valores e crenças e elas tem
justificativas.

Isso não dá conta de tudo, não explica tudo, mas especialmente na adolescência, a questão dos
pares, se seus pares são infratores, você pode não estar infracionando, mas isso pode ocorrer,
porque a pessoa será socializado no contexto criminal. É a questão dos pares infratores e na
socialização criminal.

O behaviorismo radical teórico vem de outro autor, o Skinner, não do Watson.

28/03
Retomada

Introduzimos teorias de uma perspectiva mais psicológica, uma abordagem psicológica para a
explicação do comportamento, por que alguns indivíduos infracionam e outros não. Vimos
algumas explicações, a psicanálise traz os primeiros fundamentos, depois Winnicott vai falar no
ambiente e fala do comportamento antissocial, algo mais amplo do que infracionar as leis. À luz
do behaviorismo, se dá mais importância aos processos de aprendizagem, nossos
comportamentos são aprendidos. E então temos teorias criminológicas específicas.

A ideia da aprendizagem do comportamento infracional veio ser plantado por um sociólogo que
se baseava em Lombroso.

Sutherland
Sutherland então cunha a teoria da associação diferencial, e é uma teoria muito influente. No
século XXI, estamos nos grandes modelos teóricos integrativos, as teorias que tem vigência
atualmente que são bem testadas por pesquisas, elas integram modelos teóricos mais simples
do século XX, essa integração começa na década de 80. Isso para dizer que a teoria de Sutherland
não caiu, mas evoluiu para modelos mais complexos, ela contribui e é integrada em modelos
teóricos mais complexos hoje.

O fenômeno criminal deve ser entendido a partir das taxas de criminalidade, do comportamento
de quem comete, do conceito do delito e da perspectiva da reação social. O Sutherland propõe
uma teoria e desenvolve uma elaboração que tem um sentido, uma coerência interna, mas
desenvolve uma teoria para explicar o nível de criminalidade e paralelamente uma teoria para
a explicação do comportamento do indivíduo criminoso, ou seja, explicar o comportamento de
quem comete delitos e de quem não. Essa parte será nosso foco. Ele é da escola de Chicago,
então tem explicações cultorológicas, muito embora ele quebre com os paradigmas sociológicos
que não eram suficientes para explicar os fenômenos. Eles precisavam considerar e incluir
outras variáveis que não as sociológicas, e ele vem trazer essa nova perspectiva
psicossociológica. Ele cunha o termo “crime de colarinho branco” e ele tem um livro chamado
“The Professional Thief”, na qual ele faz uma pesquisa com as associações criminosas, ele ia
semanalmente fazer entrevistas com ladrões profissionais, e ele acompanha a rotina dessa
pessoa, suas relações familiares, suas justificativas. Ele acompanhou por 7 anos essa pessoa que
era especializada em roubos e escreveu um pequeno livro.

Ele escreve e entrega para o ladrão para que ele ratificasse o que estava sendo escrito. Ele tem
vários méritos, sua produção é bem clínica e interessante.

A teoria da associação diferencial está no plano do comportamento individual, ele diz que uma
pessoa torna-se infratora por causa se um excesso de definições favoráveis à violação das eis,
em relação a definições desfavoráveis à violação de leis. O conceito de definições é que são
mensagens simbólicas comunicativas na interação cotidiana com outros significativos, como
pais, colegas e professores.

Uma pessoa ao longo de sua socialização convive com outros significativos, ou sem seu grau de
significação ou de sua maioria, sofre a transferência verbal ou simbólica de determinadas
mensagens.

As pessoas que mais impactam nossa socialização são aquelas que simbolicamente tem maior
significado e/ou que estão mais presentes na sua vida. Pais são simbolicamente mais
significativos, mas convivemos com os vizinhos também.

Sutherland diz que se uma pessoa é exposta massivamente a definições favoráveis à violação
das leis, ela aprenderá do ponto de vista psicológico atitudes favoráveis à violação das leis.
Atitude é um conceito psicológico muito importante, é uma dimensão da personalidade
humana, são posicionamento que temos em relação à ser favorável ou desfavorável a algo, a
um objeto, uma ideia, uma pessoa, uma instituição. E as atitudes estão relacionadas a crenças
fundamentais como valores que foram construídas, muito embora sejam, assim como as
atitudes, passíveis de mudanças. A exposição a novas experiências pode mudar crenças e
atitudes. Como os grupos sociais mudam pouco, mudam pouco as crenças e atitudes.

Nossa relação, por exemplo, com o direito sexual das pessoas, enseja todo o tipo de atitude. Há
crenças a esse respeito. E elas são de uma natureza e podem ser mais arraigadas ou menos
arraigadas, o que depende de vários fatores internos e externos. Imaginemos a participação
para uma campanha contra um professor misógino, mas ser a favor ou contra, tem relação das
crenças, que são construções enraizadas, são referentes a valores que atribuímos no sentido de
importância, são construções que fazemos ao longo da vida e dependem das interações ao longo
da vida.

Ele diz que a depender de quem me comunica, de quais são as comunicações que serei
submetido a, terei atitudes favoráveis em relação às leis, isso será encarado como algo mais
positivo ou mais normal a partir da exposição de grupos significativos que influenciam a isso.

O Sutherland é bem formado e fala que a explicação do comportamento humano, criminal, não
tem fundamentos diferentes, e que uma teoria científica tem que ter em mente a descrição de
condições que estão sempre presentes quando um fenômeno se produz; e sempre ausentes
quando ele não se produz.

Sutherland diz que dois meninos andavam pelas ruas de Chicago e vão furtar uma maçã de uma
mercearia, e nesse momento, um ato meio exploratório, um policial surge na esquina e os dois
saem correndo, mas um tem pernas longas e outro, curtas, o primeiro se salva e o segundo é
pego, ele é processado, julgado e condenado, sancionado. O que fugiu vira padre. E o que ele
diz é que quais são as variáveis que explica essas trajetórias tão diferentes. É o tamanho das
pernas? Se for isso, todos os criminosos têm que ter pernas curtas. A variável que tem que
explicar o evento sempre tem que estar presente.

Por que o João Pedro virou um infrator? Porque ele é pobre. Se a pobreza é uma variável que
explica o comportamento, todos os pobres cometem infrações e todos os não pobres não
comente, então não serve. A pobreza não é uma variável boa.

O comportamento é determinado por processo que operam nas experiências e frequentações


das pessoas. Essas frequentações que vão comunicando mensagens simbólicas sobre o certo e
errado, o respeito às leis, o devido e o indevido. A questão é que se exposto a muitas pessoas,
ou pessoas significativas que falam que a quebra das leis é normal ou boa, essas atitudes serão
dessa forma. E ele avança dizendo que para o comportamento humano de forma geral, sempre
é preciso ter cuidado para o nível de explicação no quesito tempo, a explicação de ontogenética
(história de desenvolvimento), situacionais ou históricas. As contingências são as variáveis da
situação e podem promover comportamentos de determinada natureza. No caso de uma pessoa
que comete um ato inesperado, pode haver uma explicação situacional. Mas há também o
comportamento mais estável, o que está no repertório, eles se ligam mais a nossa
personalidade, porque ela nos faz perceber e lidar com as situações de um modo que é mais
peculiar tendo em vista as crenças, valores e atitudes. Essas explicações, o que o Sutherland
quer dizer, que os comportamentos criminosos mais relevantes, tanto para o estudo, interesse
e manejo da justiça, não são aqueles cujo comportamento é definido situacionalmente, mas está
na personalidade baseada em crenças e atitudes favoráveis a violação das leis.

Imaginamos duas pessoas que entram na sala e veem uma mochila. Uma percebe a situação
como uma mochila esquecida, a segunda percebe a mochila, mas vê nela uma oportunidade
criminal, para isso, do ponto de vista das contingências, as variáveis que estão postas, são as
mesmas para as duas pessoas, as explicações situacionais são as mesmas, o que muda entre os
dois é a percepção. E esta tem a ver com as atitudes, crenças e valores, e estes não caem de
paraquedas, são construções ao longo do processo de socialização.

Estamos falando de comportamentos, e de processos de socialização, num tom bem diferente


do que o judiciário e o MP usam para condenar pessoas. É possível mudar, não é algo herdado
do ponto de vista genético e imutável. Nossos grupos de frequentação são os mesmos,
normalmente. Dificilmente se tem possibilidade de mudar de ambiente. E esse é o sentido de
associação diferencial.

Para uma perspectiva behaviorista a personalidade é construída pelas frequentações pela


elaboração e consolidação de crenças, valores e atitudes.

A situação é a mesma, é uma oportunidade criminal para o indivíduo que a percebe assim.

A explicação situacional ou mecanicista ligadas as circunstâncias exteriores tem uma grande


importância, elas fornecem a ocasião de completar o ato criminal. Mas a situação não pode ser
dissociada do indivíduo: a situação é definida por ele com base em suas experiências anteriores,
percepção e atitudes adquiridas ao longo da vida. Esses esquemas mentais estão em construção,
e as situações são percebidas conforme esses esquemas mentais. As situações são percebidas,
e não vistas.

A situação é definida pelo indivíduo e não pode ser dissociada a ele, ela é definida por ele com
base nas experiências anteriores. Para o behaviorismo, não há impedimento à mudança, do
ponto de vista dessa epistemologia, isso é sempre possível, não fácil, mas possível. Essa é a
explicação ontogenética da personalidade.

Os processos pelos quais o indivíduo se torna um criminoso são de aprendizagem de


comportamentos. É um processo que se pode aplicar para cada aprendizagem, e agora
focaremos nos criminosos.

A primeira premissa é que o comportamento criminoso é aprendido. Diferente do Freud, que


dizia que nascemos com o potencial para o crime, para a agressividade e a violência, e a
socialização vai nos formatar para que isso seja refreado e moldado, ele é tipo o Hobbes. Os
modelos complexos juntam os dois. E essa perspectiva pode, nesse paralelo ser a do Rousseau,
com o bom selvagem. As teorias complexas juntam os dois.

A segunda premissa é que isso ocorre no contato com outras pessoas, por um processo de
comunicação verbal e não verbal. A terceira é que isso ocorrerá no interior de um grupo restrito
de relações pessoais. Há uma diferença entre as interações, e sua influência naquele convívio,
há diluição de influência, pelo tempo que se passa junto, e também pela importância daquele
vínculo. Não são todos que participam daquele círculo. São as relações duradouras e/ou
significativas que influenciarão a esse nível.

Um adulto, se muda de país, mudará se rol de frequentações, haverá influência, mas será uma
pessoa com valores e crenças mais definidas, então o processo é mais lento. Isso tem relação
com fase comportamental, as crianças são mais “moldáveis”.

Sutherland também diz, e essa é a quarta premissa, que diz que o comportamento criminoso
compreende técnicas, orientação de motivos/atitudes e de raciocínio/justificativas. Isso significa
que há a aprendizagem do savoir-faire do comportamento criminoso. A orientação de motivos
é aprendida também, aprende-se que se deve, que é legal, que é normal, que é valorativamente
melhor do que não fazer, aprende-se a orientação dos motivos. Uma coisa que aprendemos, e
os criminosos aprenderão também, são as justificativas ou raciocínios para se livrar de qualquer
sentimento de culpa, arrependimento ou remorso. Aprende-se, então vira crença, na medida
que vira crença, molda meu comportamento. Imaginemos, por exemplo, um criminoso que furta
carros, mas que vê no carro o primeiro pagamento do carro, ele então decide devolver o carro.
Então, esse criminoso se identificou com a vítima. Mas para o Sutherland isso não ocorre, pois
o comportamento criminoso ocorre apesar disso, pois se aprende o raciocínio de justificativa,
para se defender de emoções para proteger do remorso, da culpa, da identificação com a vítima.

A quinta premissa é que essas aquisições são funções da interpretação desfavorável das leis
(princípio diferencial = associação a modelos criminais); E a sexta é que a associação pode variar
quanto à frequência, a duração, a anterioridade e a intensidade.

Nisso entra a questão das crianças e adultos, as crianças são mais suscetíveis, pois estão em
formação, já os adultos já têm seus esquemas mentais. E nessa direção, segundo o Sutherland,
quando falamos em processo, falamos em tempo relativamente longo, e que não ocorre da
noite para o dia, pode se iniciar na infância, percorrer a adolescência e pensando nisso, uma
criança nasce em um contexto aonde há vários criminosos que veiculam mensagens nesse
sentido. Mas a criança também frequenta a escola, e a interação que pesará mais será dessas
pessoas que interagem, a questão é que a intensidade da relação tem a ver com o tom
emocional da relação. Esses outros vão adquirindo uma importância psicológica. Podemos ter
uma criança também que vive em sua família de criminosos e que frequenta uma escola que
tem professores afetuosos, próximos, entre outros fatores, a escola influenciará mais.
A anterioridade fala em frequentações durante a infância e a adolescência são mais fortes.

No campo da própria Psicologia, poucos psicólogos behavioristas se interessaram pelo tema da


criminalidade (até porque o debate sobre esse tema era dominado pela Sociologia, desde a
década de 20, com a chamada Escola de Chicago).

Somente na década de 60, do século XX, o behaviorismo realiza aportes relevantes ao tema, por
intermédio de contribuições clínicas em terapia e modificação o comportamento junto a jovens
e adultos criminosos. Não eram processos fáceis, nem curtos, mas possíveis. Não são
intervenções fáceis, não se vai lá para preencher o tempo, mas intervir de natureza técnica e
especializada. A teoria do Sutherland é a teoria da aprendizagem mas logo bem Ron Ackers que
acrescenta ao raciocínio do Sutherland um outro postulado behaviorista ligado a aprendizagem
social de comportamentos que é o postulado ligado ao condicionamento operante.

Ron Ackers
Tem a teoria da aprendizagem social ou a teoria da associação diferencial e o reforço. Essa é a
teoria mais bem consolidada, essa história de condicionamento operante.

Sutherland diz que aprendemos por modelação (ser exposto a modelos). E Skinner vem com a
imitação, Skinner dirá que é o mais forte dos processos de aprendizagem, e a modelagem é tipo
tocar a cerâmica e a peça tomar forma. Aprendemos comportamentos que são consolidados
quando temos o reforço das consequências do comportamento, quando ele é reforçado
positivamente, ele tende a ser positivo, as consequências positivas podem variar, então o que é
percebido como positivo, pode variar. O que o Skinner diz é que um processo importante de
aprendizagem é o condicionamento operante. Os comportamentos são exploratórios, mas se as
consequências são percebidas como positivas, elas serão internalizadas. Imaginemos que uma
necessidade humana, como sendo o reconhecimento e a autoestima, de sentir que é
relativamente importante, ter valor, ser bom e apreciável, então uma parte dos nossos
comportamentos exploratórios visam a isso. A criança, por exemplo, está brincando com os
brinquedos no consultório, e o médico elogia, reforça simbolicamente, e ela aprende que aquilo
é bom. Agora, no plano criminal, imaginemos um adolescente que muda de Santa Rosa de
Viterbo e muda para a Rua Vila Bela no Ipiranga é um tráfico em céu aberto. Esse menino precisa
de amigos e viver a experiência de viver com amigos é fundamental. E esse menino vai à escola,
e lá há o bullying, e ele não consegue amigos, mas os meninos que não vão mais a escola, na
Vila Bela, ele consegue se infiltrar. Isso é a modelagem, são os reforços, o que é reforçador para
um pode não ser para outro. E para uma criança pequena, para a mãe, aquilo é um reforço, para
um adolescente conta mais a opinião dos colegas, dos pares. Ter pares de idade, infratores,
mesmo quando você não seja infrator, de repente, seu círculo de infração, e a chance desse
grupo formatar seu comportamento, mesmo que não se tenha a personalidade construída
nessas bases, é gigante, é fortíssima, porque o condicionamento operante é muito forte e isso
é o que há de mais reforçador.

Ackers aperfeiçoa a teoria do Sutherland e fala do condicionamento operante, ou da


modelagem. E existe um detalhe muito bom, o que reforça, o que faz bem, os amigos te acham
o máximo, eles falaram isso, porque a droga foi entregue na esquina, a priori, não sou favorável
à violação das leis, mas aquilo que reforça faz bem, responde a necessidades mais básicas, e o
que faz bem cria motivação. Não se é favorável a violação das leis, mas os pares reforçaram e
fez tão bem que aquilo motiva para continuar, e aquilo dará gás para a continuidade do
comportamento. Não se pode ser ingênuo e pensar que um emprego de office boy pode suprir
os reforços que um dono de boca dá. É trocar o reforço por nada. Isso não dará certo, porque o
ser humano precisa se sentir motivado por aquilo que o motiva.

Ser pego é ruim, é negativo, e poderíamos imaginar que a punição seria uma consequência
negativa, ruim, dolorosa, chata. A punição funciona para extinguir o comportamento? Ela
funciona se a pessoa que receber o comportamento e o agente que coloca a punição tem elo
emocional. Mas vejamos, processos psicológicos são seríssimos. Temos uma cultura ligada ao
juiz, ao policial. OS sentimentos de raiva e humilhação não extinguirão o comportamento, mas
reforçarão o comportamento por falta de elo com o agente da consequência. Isso agrava a
justificativa. Isso fornece munição de racionalização que se coloca mais à margem do respeito
ás leis. São processos individuais, mas é como, numa caricatura, é como as figuras horrorosas
do cigarro, quem fuma não se afeta, elas afetam os não fumantes.

A punição humilhante, severa e injusta no sentido de ser desmedida tem o efeito oposto, no
sentido da extinção do comportamento. Vale mais o reforço positivo, o comportamento normal
se fosse reforçado, a força dessa motivação começa a se instaurar. Essa então é uma
reformulação da teoria do Sutherland nessa perspectiva o comportamento seria saldo dos
reforços diferenciais dados à conduta criminosa/delinquente versus aos dados ao
comportamento em conformidade. Da aprendizagem diferencial de normas ou regras que
governam o comportamento. Do comportamento observado e de suas consequências nas
fontes primárias, como pais e amigos.

A questão da prisão em grupos marginalizados, sua ameaça, é normalizada, internalizada. É


como a normalização do perder dinheiro para investidores: “faz parte”.

O contraste em relação às teorias baseadas em conceito de vínculo (que veremos ainda) é que
inclui forças motivacionais e dá funcionalidade ao comportamento criminoso, que é reforçado
por suas consequências, são forças motivacionais que são funcionalidade do comportamento
criminoso/delituoso.

E o crime pode ser reforçado por consequências concretas.

Hirschi
As teorias do controle seriam melhor traduzidas por teorias de vínculo social, ou da vinculação,
não é psicológica. Elas foram criadas

A criança é o pai do homem, o adulto é formatado por sua infância. E as pesquisas que focavam
em adultos, passaram a focar nos adolescentes, pensando em criminosos ocasionais, e
criminosos habituais. Começou a ser importante ver os indivíduos de comportamento
constante.

04/04
Retomada

Ele estudará adolescente infratores e não infratores. Ele inverte a pergunta, que não mais é por
que as pessoas delinquem, mas porque não há mais jovens delinquindo? Ele desenvolve uma
teoria com base em Durkheim. Este diz que fraca integração/vinculação social traz
períodos/situações de anomia. Isso enseja um desenraizamento ou ruptura ou enfraquecimento
do vínculo social que então leva ao desvio (crime).

Ele percebeu que os reincidentes iniciavam o processo de delinquência muito cedo, daí vem que
a criança é o pai do homem. Mas o Hirschi estudará adolescentes.

Ele parte do pressuposto que é natural1 que alguns indivíduos satisfaçam suas necessidades por
meio de delitos se eles não se sentem impedidos por contenções/constrangimentos sociais,
sendo que esses só podem se manifestar se o indivíduo se sente apegado ao seu grupo social (o
controle social informal não se exerce num vazio relacional). Aqui ele já sai do campo sociológico
de Durkheim e desce ao plano psicológico.

A força da ligação com as pessoas, normas sociais e instituições é fraca, não há constrangimento
moral, e então, não h[a impedimento da passagem ao ato. Diariamente vivemos muitas
oportunidades infração, e a oportunidade de violação das regras é comum, então a pergunta do
porquê que não há mais pessoas a infracionar é genial.

Vínculo social

Principais componentes do vínculo social:

a) Apego (attachment)
b) Empenho (commitment)
c) Envolvimento (involvement)
d) Crenças (belief)

Passa por um raciocínio subconsciente no sentido de internalizado que se cometermos crimes e


formos presos, como será a repercussão nos contextos que frequentamos e se tornar público. A
repercussão negativa no grupo é forte, a carga emocional negativa é muito forte, imaginemos
nossos pais. Isso cria uma ruptura do vínculo social. Mas para aquele cujo vínculo social é fraco,
não há perdas, pois não há o que perder. O vínculo social tem esses quatro componentes, um
dele é apego e ele é a relação interpessoal com outros significativos de natureza afetiva, mais
positivo do que negativo. O controle social informal, e mesmo o formal não se exerce num vazio
emocional.

Quando na verdade, pensamos em um rapaz que entra na loja e pega um chocolate, e a mãe diz
“devolve”, esse é o controle social informal, esse controle informal terá impacto na construção
do constrangimento moral desse menino se houver relação social, apego, do contrário, isso cai
no vazio, ele pode até soltar o chocolate, mas não internaliza o significado negativo. Então a
questão do vínculo é importante, e o apego entre os componentes também é. Alguns elementos
se sobreporão aos outros, mas veremos.

1) O apego ao outro que mostra o indivíduo a considerar suas expectativas;

1
O ser humano não teria porque não agir de forma contrária as leis e as regras, se isso seria uma natureza.
Ele se aproxima ao Freud. Esses teóricos trabalham com conceitos mais amplos, ele definirá crime, que a
definição é maior e abrange o que a lei diz, trabalham com comportamentos antissociais e são
comportamentos que vão contra as expectativas do grupo, mesmo que não sejam leis, mas normas de
conduta social.
2) Engajamento em um projeto acadêmico ou profissional que lhe dá razões para evitar
faltas que podem comprometer sua realização – empenho/compromisso
(tempo/energia/esforço);
3) Implicação em atividades que deixam pouco tempo livre, para os lazeres –
envolvimento;
4) A crença/convicção de que as leis devem ser respeitadas.

Não se trata necessariamente de cuidado pelos pais, mas de relações fortes com afetividade,
seja de quem for, babás, avós, não é necessariamente relacionado aos pais. Ele diz que os
adolescentes, nessa época, se comprometerão com projetos de vida, que eles construirão a
partir de experimentações com base em seu entorno social, e é aí que se inicia o que é você, o
que se fez. Que esses projetos que ganham importância, “commitment”, compromisso, se tem
mais vínculo social. Então se esses projetos se tornam importantes, o risco de perder esse
projeto se torna um fator relevante na hora de delinquir.

Esse compromisso, questão de projetar a médio e a longo prazo, irá colocar os adolescentes em
uma trajetória diferente daquela que não tem nada a perder. Mesmo que se trata de uma
escolarização média, esse “commitment” passa por questões de desempenho acadêmico. Se
temos uma gama de jovens que vai mal na escola, mas a rigor, quase todos os jovens têm
capacidade plena de assimilar, quando se sente mal, fracassado naquela instituição escolar. É o
se sentir competente, em relação às metas e expectativas daquela instituição, não é ser o
melhor.

A profissionalização precoce está próxima a processos de escolarização. O engajamento é a


implicação de atividades especialmente para lazeres desestruturados, são tempos gastos sem
objetivos ou supervisão direta, isso é na adolescência. Isso traz a oportunidade de
comportamento antissocial e ilegal. Isso significa que ele investe pouco em atividades que tem
a ver com projetos. Este é um terceiro componente do vínculo social.

O quarto componente é a crença ou convicção que as leis têm que ser respeitadas, isso também
vem na construção das relações sociais, é uma convicção de que as leis e regras são importantes.
Inclusive crença vai na linha de valores arraigados construídos desde o início da vida, mas que
também remetem a convicções que não precisam ser necessariamente traduzidas
racionalmente, embora possam ser.

Um adolescente que tem essa convicção dará respostas não muito profundas, é quase como um
dogma, quando temos uma crença podemos emitir explicações, mas pensamos de forma tão
profunda que é quase dogmático, é porque eu me construí assim. É a crença construída de que
as leis são importantes, que esses componentes postos juntos dão a vínculo que são a expressão
do controle social e este só se opera para quem tem vínculo forte. Para os que tem vínculo fraco
não faz efeito. A ameaça de punição não tem efeito para pessoas com vínculos fracos.

Do ponto de vista do indivíduo é preciso ter a curiosidade, a ameaça da punição ou ela


propriamente dita, porque ir para uma prisão brasileira é uma mortificação, mas isso não tem
efeito de dissuasão quando não há esse vínculo, nem em forma de ameaça, nem de forma
concreta.

A teoria da vinculação social fala isso, quanto maior o apego aos pais, aos colegas, à escola e aos
professores, ao mesmo tempo quanto maior o compromisso com o futuro, emprego e carreira,
maior o envolvimento com a escola, trabalho de casa, atividades estruturadas, esportes,
religião, e, por fim, crenças em lealdade, justiça, honestidade, patriotismo, menor a
probabilidade da conduta infracional. E o contrário, também é proporcional.

Hirschi postulou que as chances de delinquência são baixas quando os jovens são
emocionalmente ligados a outros (apego), comprometidos com objetivos convencionais
(empenhados), aceitam as leis como moralmente obrigatórias (crença) e se encontram
ocupados em atividades convencionais (envolvimento).

Eles acreditam que a natureza humana é mais egocentrada, e precisamos atender as


necessidades. E isso só diminui quando a vinculação social se estabelece, quando você dá
importância para o outro que também é social. A vinculação social é, a partir dos componentes
é o apego ao outro, e a ligação com o social mais amplo, então dessa “descentração” de si
mesmo só ocorre com essa ligação. Então por que essas pessoas não se vinculam? Hirschi torna
claro que a vinculação não se desenvolve por falha do ambiente, não do indivíduo na
reformulação de sua teoria.

Ele fez uma pesquisa na Califórnia com milhares de jovens que responderam a inquéritos
(Comportamento Antissocial, vinculação antissocial, etc.)

Ele conseguiu manter a maior parte dos postulados, mas não todos, vejamos os principais
resultados:

1) Apresentavam menor vinculação aos seus pais (falta de identificação afetiva,


comunicação, supervisão)
2) Apresentavam menor empenho face a atividades norteadas por valores teadicionais
(esforço para atingir um bom desempenho escolar)
3) Envolviam-se com menor frequência em atividades tradicionais (fazer/finalizar
regularmente trabalhos escolares, participar de atividades pós-escolares estruturadas);
preferiam a companhia dos colegas infratores.
4) Caracterizavam-se por relações menos intensas e menos positivas com os outros.
5) Não se registram diferenças entre os indivíduos - infrator e não infrator.

A teoria do vínculo social é bem influente, é robusta e tem base empírica, muito embora não
seja completamente comprovada empiricamente. Eles não levaram em conta adolescentes de
outras classes sociais. Ele não tem noção dessa diferença e essa é uma característica sociológica
que determina relações sociais diferentes. Não considerou a variável sexo, nem os efeitos de
idade, as variações no vínculo no tempo. Os estudos passaram a mostrar que essa teoria é
comprovada por dados imediatos, mas que pesquisas que levam mais tempo colocam em
cheque à teoria do vínculo social, pois ele se altera na vida. Sua força se altera, os processos e
interações são dinâmicas. O Hirschi não contempla a complexidade do vínculo social ao longo
do tempo. E ele juntou elementos de outras teorias, o que não é ruim, pelo contrário.

Teoria geral do crime – Gottfredson e Hirschi (1990)


Para superar essas deficiências ele propõe uma reformulação da teoria do vínculo social, e
chamará de teoria geral do crime, e nela ele continua usando o vínculo social como componente,
mas dará o papel principal para outro elemento, mas a questão central é por que é que certas
pessoas estão mais inclinadas a cometer crimes do que outras? Como o título sugere pretende
explicar todos os tipos os contextos e fases da vida. Isso foi ousado. A maior premissa é a de
crime e a criminalidade são conceitos separados: pessoas cometem crimes quando tem baixo
autocontrole e pessoas com baixo autocontrole apreendem oportunidades criminais.

A criminalidade seria, no fundo, a tendência de alguns indivíduos de perceber de forma reiterada


situações sociais como oportunidades criminais.

O que se inova é o autocontrole, mas ela vem da tradução de self control, e control em inglês
não corresponde a ideia de controle nas línguas latinas, seria mais uma ideia de regulação das
pressões externas ou internas, não uma noção de cerceamento.

O constructo novo é o constructo de autocontrole, ou de baixo autocontrole. A teoria geral do


controle é que o enfraquecimento dos vínculos sociais. Continua sendo, ele traz a teoria de trás
para cá, mas atualizará. O baixo vínculo social produzirá crime e desvio, tais como delinquência,
fumo, consumo de bebidas, sexo e crime.

O que aparecerá é o fraco vínculo social e o baixo autocontrole que é uma personalidade
impulsiva. E ele se manifesta através dessa personalidade impulsiva, que é mais física, e será
melhor trabalhada. E essa personalidade impulsiva se constrói de uma seguinte forma, s traços
são para todos, mas fruto de uma experiência relacional, com fatores como parentalidade fraca,
pais desviantes, pouca supervisão ativa, e o egocentrismo. Ele introduz um terceiro componente
ainda que é a oportunidade criminal, ele diz que a oportunidade é maior, mais a personalidade
é mais impulsiva, e, portanto, baixo autocontrole. E a oportunidade tem que a ver com as
oportunidades de fatos de delitos, há comunidades mais vigiadas, cujas oportunidades são mais
escassas, ela inclui novos componentes. Ele se comunica com outros autores ainda mais
complexos que exigiriam demais dessa matéria.

A teoria geral do crime fala em integração de variáveis: biossociais, psicológicas, atividades de


rotina e “rational choice theories”.

A hipóteses central é, todavia, a de que na origem dos comportamentos antissociais se


encontram um baixo autocontrole – uma característica da personalidade que regula a
capacidade da pessoa para resistir às oportunidades com que frequentemente se depara. Então
a teoria do Hirschi passa a ser um teórico das teorias do controle, não mais do vínculo social.

A pessoa do infrator tem uma personalidade, seu modo de pensar, sentir e reagir é baseado
numa personalidade cuja característica central, não total, é a impulsividade. Essa personalidade
produz uma baixa capacidade de controle, regulação, frente ás oportunidades sociais, e as
oportunidades existem para todos, para uns a mais, e outros a menos, ele também fala que essa
personalidade faz com que por identificação esse indivíduo procure pessoas mais semelhantes
a si mesmo, e então ele se relaciona, e causa busca por oportunidades ilícitas se forma mais
intensa. E ele também alimenta a fraqueza do vínculo.

Os dois são claros a afirmar que a ausência de autocontrole não produz por si só o
comportamento criminoso, necessitando sempre da presença de oportunidades.

Eles dizem que crime é um ato de força ou de fraude realizados na prossecução de interesses
próprios que existe de forma separada e independente daquilo que os legisladores dizem: é
universal, ou seja, é sempre o mesmo em todos os locais e em todos os tempos.

Ele pressupõe que se o baixo autocontrole é um constructo central na construção da


criminalidade reiterada, como é um modo de funcionamento, não pode ser exclusivo para uma
categoria específica, então é preciso uma definição que abarque outros problemas de
comportamento, não apenas os comportamentos tipificados como crime. Eles querem dizer que
se o constructo central que explica a multireincidência é um baixo autocontrole, e veremos que
esse indivíduo tem muitos problemas de disfunção social, e não é só a criminalidade. Os
problemas começaram cedo com inadaptação social, como abuso de drogas, promiscuidade,
entre outros. Então falarão de uma síndrome de comportamento antissocial que envolve outros
comportamentos que não os crimes.

O conceito de baixo autocontrole segundo os autores, a tendência para cometer crimes é


universal, mas o que diferencia é que a maior das pessoas aprende a se controlar. E por trás
disso está que a personalidade impulsiva não é uma herança genética de alguns, mas uma
probabilidade para muitos, e no processo de socialização, há o desenvolvimento do
autocontrole ou autorregulação, ao passo que alguns são incapazes disso. O baixo autocontrole
traz 6 características:

a) Impulsividade – tendência por responder a estímulos tangíveis no ambiente imediato, a


ter uma concreta orientação do “aqui e agora”; Essa personalidade reage a estímulos
imediatos, e adolescentes estão mais sujeitos. O Hirschi fala que o processo de
aprendizagem do autocontrole se dá cedo e que a última chance é a adolescência, se
ele não for desenvolvido na adolescência, sua possibilidade de cometer crimes ou outros
atos será sempre mais forte.
b) Preferência por tarefas simples – reflete a falta de diligên cia, tenacidade, ou
persistência no discurso da ação”, de modo que pessoas com baixo autocontrole
preferem gratificações de desejos fáceis ou simples.
c) Tomada de riscos – refere-se à tendência para os indivíduos serem aventureiros, em vez
de cuidadosos, pois os atos são excitantes, arriscados e/ou emocionantes. O
envolvimento reiterado em atividade criminal é uma predisposição a viver isso. O
jumping tem uma série de cuidados, por exemplo, mas a atividade criminal que planeja
roubos uma vez por semana, e que corre riscos diariamente, essa disposição emocional
não é algo tão generalizável para todos.
d) Preferência por tarefas físicas – em vez de atividades cognitivas ou mentais, pois o crime
parece requerer pouca habilidade e/ou planejamento – essa característica pode ser
problematizada em face de vários crimes complexos.
e) Egocentrismo – pessoas com baixo autocontrole parecem também ser “egocêntricas,
indiferentes, ou insensíveis para com o sofrimento e necessidade dos outros”.
f) Pessoas com baixo autocontrole tem uma intolerância mínima à frustração e pouca
habilidade de resolver o conflito de forma verbal, maior preferência pela física.

Como acontece como outros traços de personalidade, estas características estão presentes, em
maior ou menor grau, na população geral.

Por isso, os indivíduos com essas características não estão em princípio condenados a uma
carreira criminosa ou antissocial, pois o baixo autocontrole pode ser neutralizado por condições
situacionais.

Com referência de outros autores, a origem do autocontrole está na ineficaz criação dos filhos,
ausência de disciplina, supervisão e afeto, defendem que o baixo autocontrole aparece famílias
aonde os pais não monitoram de forma eficaz o comportamento dos filhos, não reconhecem os
seus comportamentos divergentes antissociais, e falham ao não contingenciar tais
comportamentos quando ocorrem
Uma das questões é que a partir da adolescência é uma característica estável ao longo da vida,
mas os estudos de comprovação dessa teoria, que são da meta-análise, que lidou com 21
estudos.

11/04
Le Blanc & Fréchette

Trajetórias da delinquência comum, transitória e persistente (distintiva)

 Delinquência comum – 40% cessa com o tempo, tem relação com a busca e
experimentação típicas da adolescência, busca por riscos.
 Delinquência transitória – 40% parte cessará e outra parte engajará na distintiva.
 Delinquência distintiva – menos de 5% de pessoas, mas 50% dos delitos, menor
frequência e maior gravidade, “engajamento infracional”, e com o tempo agravam-se.

O comportamento é multideterminado. Existem heranças específicas e individuais, e ela serão


influenciadas pelo ambiente que tem fatores como o lazer, a escola, a cultura, a família, religião,
amigos, entre outros, e outras atividades que a pessoa gosta e faz. O ambiente é um grande
modulador, e ali há grandes esferas como família, mas também existe os fatores biogenéticos,
inerentes. Entre as várias esferas da vida, o que é significativo para explicar o comportamento
criminal

A herança específica é o que determina a espécie homo sapiens sapiens, e a herança individual
é relacionada ao que é herdado pelos seus pais, vem de mutações. E essa esfera de heranças
específicas mais individuais será influenciada pelo ambiente.

Há uma tendência em dizer, de acordo com as pesquisas atuais, que o ambiente tem um pouco
mais de influência do que a esfera biogenética (herança individual, e herança específica).
Normalmente quando aquele indivíduo acaba se engajando em atividades consideradas
problemáticas, criminais ou não, os pais tendem a “culpar” outros fatores, com frases como
“puxou sei lá quem”, “sempre foi uma criança difícil”, ao passo que quando as pessoas se tornam
bem sucedidas, os pais tomam para si a autoria do grande trabalho.

Alguns termos importantes são:

 Fatos de risco – variável (atributo, hábito, exposição) que, quando presente, aumenta a
probabilidade de ocorrência de determinado fenômeno ou consequência negativa.
 Fator de proteção – é o oposto, é uma variável que diminui a probabilidade de
ocorrência de determinado fenômeno ou consequência negativa.

Esses fatores podem ser ou não causais. Câncer de pulmão e cigarro, se atribui o cigarro como
fator de risco causal, mas mesmo nesse caso ainda há divergências. E nas ciências sociais isso é
ainda menos linear e unidirecional. Existe, na verdade, uma multideterminação, com termos
diferentes, intensidades diferentes.

Existem fatores históricos, contextuais e clínicos. Esses são fatores de risco e não causais, ter
pais criminosos por exemplo, um fator histórico, a não ser a crença da genética, não é um fator
causal de forma alguma, mas é um fator de risco. Em muitos casos, contudo, os pais
compartilham valores antissociais do próprio adolescente, ou porque eles têm dificuldades
relacionais com a criança, e isso vem depois. Existem várias hipóteses, ter um irmão mais velho
ou um pai envolvido, tem uma relação probabilística, sobre a próxima geração. A parte
comportamental tem um acúmulo de variáveis, os desdobramentos desse fato que podem
influenciar, como a mãe trazer um novo parceiro que rejeita os filhos da primeira relação, e tem
a teoria da aprendizagem social, serve como aprendizado para os filhos, pode haver uma
transição comportamental de aprendizagem, mais do que genética, mas não é determinante.

Fatores históricos

 Criminalidade parental
 Eventos estressantes na infância
 Abuso
 Negligência
 Perdas significativas
 Comportamento violento/agressivo precoce

Fatores contextuais

 Inserção no bairro/comunidade com altas taxas de crimes


 Problemas na escola – fracasso acadêmico
 Associação a pares criminalizados
 Práticas parentais inadequadas
- Excesso de rigor
- Permissividade
- Incoerência – fazer e falar o oposto, a moral veiculada ser diferente do
comportamento – adultos são muito contraditórios
- Falta de supervisão – pode remeter a negligência, assim como a permissividade.
 Família desorganizada – não falemos em “desestruturada”, o melhor mesmo é
disfuncional, e tem relação com baixa comunicação e baixa ligação emocional entre os
membros.
- Muitos membros
- Comunicação ruim
- Relacionamentos empobrecidos

Fatores clínicos

Relacionados à parte individual dos adolescentes

 Abuso de substâncias – problemas sociais, não é perder horário de aulas, é matar


mesmo, é um fator de risco para o desenvolvimento de condições mentais, como
depressão, ansiedade.
 Baixa capacidade cognitiva – é citada como grande fator de risco, e pode vir de
nascimento, mas normalmente as pessoas tem capacidade adequada, quando não boa,
mas em termos de volume cerebral fatores como alimentação adequada entre outros
fatores.
 Baixo autocontrole
- Problema com manejo da raiva
- Baixa tolerância
- Busca por satisfação imediata
 Egocentrismo/baixa empatia
 Temperamento
- Impulsividade
- Busca por sensações (variadas e intensas)

À exceção do temperamento, que atribuímos mais ao biológico, egocentrismo e o baixo


autocontrole (remete ao conceito do Hirschi) não são características de nascença, são
apreendidas em algum momento. O autocontrole abrange todos os aspectos da nossa vida, o
próprio sucesso na vida depende dele, pois é a decisão entre o que se quer no momento e o que
você precisa, mais a longo prazo. As vezes reagimos de forma impulsiva. E o tempo entre querer
uma coisa e perceber se aquilo é o mais adequado ou não, pessoas com baixo autocontrole tem
dificuldades com isso, e escolhem mais respostas à curto prazo e isso dificulta em vários
aspectos. E temos vária necessidades no momento, sem o autocontrole, para assegurar essas
necessidades em torno de objetivos maiores. A questão do autocontrole é aprendida, as crianças
tendem a buscar a satisfação imediata.

Essas partes mais contextuais têm mais relação com os adolescentes que repetem os delitos,
então a reincidência é mais relacionada ao ambiente. E quando há crimes mais graves ou
violentos, os aspectos psicológicos têm mais relação, a baixa empatia é algo que vem
normalmente com crimes assim, mas há explosões de sentimento de raiva também.

Desafios para o sistema de justiça juvenil


Olhar o sujeito é mais importante do que olhar para o ato em si. Distinguir a delinquência comum
e a delinquência distintiva é importante. A resposta deve vir na medida do sujeito e não do ato.
Isso é completamente contraditório com o sistema penal. Existe uma série de consequências
negativas na judicialização. Na questão da delinquência distintiva, não há voluntários, é preciso
uma certa coerção. Do contrário, voluntariamente, eles não vão. E tem a questão do custo-
benefício.

25/04
Psicologia do testemunho
Tem três grandes demandas de âmbito forense em relação às quais há produção de
conhecimento no campo da Psicologia e da Psicologia Jurídica (dedicada ao estudo dos
processos básicos/cognitivos humanos):

1) Identificação de pessoas;
2) Obtenção de declarações de testemunhas, vítimas e suspeitos;
3) Análise das declarações.

A memória humana é sempre imprecisa, existem questões de atenção também. Mesmo a


testemunha mais honesta não tem completa noção de percepção e memória. São processos,
tanto percepção quanto memória, e talvez a partir do estudo deles, possamos estudar melhor
os processos de declaração, para determinar se elas são exatas ou inexatas.

A percepção humana
A visão é só a parte fisiológica do processo, e é só a ponta inicial de um processo complexo, até
esse estímulo chegar ao cérebro e ele decodificar e chegar a uma conclusão, muita coisa
aconteceu já. O tempo de exposição influencia, claro. Nossos esquemas mentais têm relação,
eles são construídos ao longo de nossa história de vida, crenças que construímos sobre essas
coisas. O que vemos é o que percebemos, e é só um pouco de fisiologia e de uma construção
fisiológica. A percepção humana é a fusão da sensação atual, estímulo fisiológico, excitador, à
imagens associadas que já temos nos nossos esquemas mentais, que guardam estruturas para
decodificar a estrutura. De forma complexa, o estímulo chega no córtex cerebral e não é
decodificado em si, mas a partir do que eu tenho como experiência, essa experiência anterior
vem, e ela é usada para decodificar o aqui e o agora.

Quando ocorre um crime, o estímulo produzido pelo rosto, mais os esquemas mentais que
temos que indicam expectativas, preconceitos, para como deve parecer um determinado
bandido. A visão não é um processo neutro. A percepção reveste o objeto de sentido das
qualidades que a experiência mostrou estarem-lhe habitualmente unidas.

Jerome Bruner

Ele estabelece uma premissa que vai ser comprovada ao longo de várias pesquisas. Percepção é
o processo biológico a serviço da adaptação do indivíduo ao entorno. Há funções para a
percepção que vão além do mero reflexo da realidade externo. Como decodificaremos o
estímulo tem relação com sobrevivência e otimização de recursos. Nunca será um reflexo da
realidade externa. A maior parte das informações externas não é retida, seja porque se perde
na seleção e é filtrada, seja porque é interpretada tendo por base as crenças. O modo por meio
do qual a informação é sintetizada – parcial e incompleta – é determinado pela experiência
prévia que concorreu para a elaboração de crenças, de expectativas e preferências pessoais. A
percepção é um processo interpretativo e nossos sentidos não são simples órgãos físicos, mas
são também sociais. O ser humano não gasta energia com tudo, ele percebe para se adaptar, e
a adaptação tem relação com a sobrevivência e com o bem-estar, enfim, com necessidades
humanas. Entramos em contato com um evento, imaginemos, parte do que ocorre não é retido,
não vira nem estímulo suficiente para estimular nosso córtex cerebral, então a percepção é fruto
de uma interpretação do que é visto, não o que é retido, a partir de crenças, expectativas e
preferências pessoais, ou seja, esquemas mentais.

Como dizia Nietzsche: “Não há fatos, só interpretações”.

Vemos a realidade sempre através da nossa percepção, de nossas categorias, d nossas crenças
e interpretações prévias... Assim, o que percebemos diz mais de nós mesmos que do objeto
percebido, pois utilizamos nossa percepção para defender nossas pré-concepções, nossas
crenças, expectativas e também nossos interesses.

Dostoievski diz que: “O homem está pronto a mascaras conscientemente a verdade, pronto a
fechar os olhos e a tapar os ouvidos perante a verdade, apenas para justificar a sua lógica...”
O problema é a tendência humana a sobrestimar a precisão das suas percepções/apreciações
e de suas crenças. Muitas vezes, distorcemos a evidência para que ela coincida com nossas
próprias crenças, com as ideias pré-concebidas.

Experimento de Rothbart e Birrell (1977): eles apresentavam a participantes a foto de um


homem para que avaliassem sua expressão facial. À metade dos participantes diziam: trata-se
de um líder da Gestapo. À outra metade diziam: trata-se de um líder antinazismo clandestino.
Os resultados foram: antes a mesma fotografia, o primeiro grupo julgou a expressão facial da
foto como indicativa de crueldade, ao passo que o segundo grupo a julgou como indicativa de
gentileza a amabilidade.

O mais preocupante é que mesmo depois de serem informados de que não se tratava nem de
uma coisa nem de outra, os participantes do grupo reafirmaram suas respostas.

Outras circunstâncias, aparentemente insignificantes, podem influenciar de modo não


desprezível, a percepção: uma noite mal dormida, um estado de grande fadiga, um elevado
estresse, ingestão de álcool, etc.

São fatores que podem perturbar a atenção e distorcer as impressões dos nossos sentidos o que
levará a erros e ilusões.

A memória humana
Um dos processos cognitivos fundamentais para a convivência humana. Como a memória
funciona? O funcionamento mnemônico faz parte de uma estratégia de armazenamento e de
manipulação de nossos esquemas mentais, para o planejamento futuro. É subproduto de nossa
economia cognitiva.

No Alzheimer, se esquece de memórias antigas. Perder a memória é perder parte da identidade.


A perda é uma coisa seríssima, e a memória é fundamental no funcionamento humano. Mas ela
não é um filme, on e off. O que é retido e como é retido compreendem processos muito
complexos.

A memória, do ponto de vista da adaptação humana é fundamental para que não inventemos a
roda todos os dias. Temos a visão e os sentidos, depois temos a percepção criada a partir dessas
informações coletadas, num processo de codificação, aí entra a memória pela primeira vez, e
então a retenção. Então são processos imbricados.

A memória e a percepção são funções humanas adaptativas, elas servem para os seres humanos.
É também uma questão de economia cognitiva.

A teoria do Janus, ou de Reyna e Brainerd, as memórias são capturadas e registradas


separadamente, e de forma diferente em duas partes distintas da mente. Teoria do traço difuso
(Reyna e Brainerd) hipotetiza que as pessoas armazenam dois tipos de registros de experiência
ou memórias: traços textuais e vestígios da essência. Verbatim traces: detalhes da experiência
(é mais suscetível ao esquecimento). Gist traces: o significado da experiência. Memória da
essência (perceptual) é o elemento central no sentido da construção que se deu à vivência.

Essas memórias de traço, em qual guidão se coloca o capacete, isso é para perder como memória
é muito possível. O sentido da experiência não, esse guardamos mais facilmente. O judiciário
talvez deva focar em detalhes mais sensoriais, essenciais. Não se consegue manipular memórias
de detalhes, ou traços da experiência.

Antes do processamento da memória há a visão e a percepção.

Processamento da memória humana

1) Codificação da informação
2) Armazenamento e retenção do codificado
3) Recuperação

Esse processo é suscetível a inúmeras variáveis intervenientes.

Com o passar do tempo, perdemos a memória de traço, boa parte dela se esvai, o que fica mais
vivo é a memória de essência. A primeira é suscetível à passagem do tempo. A justiça quer, no
entanto, a primeira. Todos os juristas e funcionários do sistema de justiça. O problema é que
entre o fato e as perguntas das memórias, às vezes passam anos. Se de uma semana para cá não
se sabe a cor da blusa, como vamos falar sobre detalhes do caso? Vamos inventar metade pelo
menos, e não é por desonestidade, mas por conta da não aceitação de contradições lógicas.

Falsas memórias não são mentirosas, pode ser por submissão da memória de traço à memória
de essência. Ela entra no esquema mental, e quem relata a falsa memória não mente, ela
piamente acredita que aquilo foi o que viu e que era real.

1) Codificação – fatores de alteração: atenção seletiva, verbatim traces e gist traces,


estresse e trauma. Em certa medida o estresse pode aguçar a memória, mas excesso de
stress dificulta a percepção e a captação da memória ainda mais.
2) Armazenamento – participante vs. Observador, idade, mudanças através do tempo,
sugestionabilidade. Existe uma diferença entre ser participante e observador, é mais
fácil ser testemunha do que vítima de um crime. Quem tem mais condições de relato
talvez seja a testemunha. Depende na verdade. Até porque pode ser uma testemunha
com afastamento dos fatos, ou uma testemunha muito parcial. Depende das
circunstâncias que envolvem esse relato. A idade é muito importante, não é uma
questão de capacidade, crianças pequenas tem muito mais neurônios a mais, então não
é uma questão de capacidade. Ela consegue armazenar, mas não coordenar o que
ocorria. Os focos de atenção infantil são diferentes dos focos de atenção adulto. Há
também a questão do tempo, a perda da memória de traço, mas a memória de essência
é suscetível à sugestão.
3) Recuperação – distintividade, idade, memórias ocultas e dissociação. Aqui é quando
alguém pergunta “o que você fez ontem?”. Imaginemos um policial ou um promotor
que faz a pergunta. Há aspectos que vão influenciar a recuperação a distintividade, as
pessoas podem enfatizar coisas, sobre as outras, por conta de seu próprio juízo de valor.
Memórias ocultas, que podem ser ativadas na recuperação numa espécie de
dissociação. A idade influencia também, no sentido das prioridades na recuperação.
4) Verbalização – desenvolvimento linguístico, fatores cognitivos (capacidade para
distinguir fontes), modos de entrevistas. O modo como pedimos para a pessoa
verbalizar afeta, a capacidade verbal é importante também, as vezes recuperamos a
imagem, mas traduzir a imagem é outra coisa. Fatores cognitivos são importantes
tamb´pem e uma das coisas que controlamos melhor é o modo de obter o relato. É
muito diferente perguntar “qual era a cor da camisa?”, e “a camisa era verde?”.
É supernormal que quando não temos o elemento e queremos compor uma história inteira,
compomos as lacunas com nossos esquemas mentais.

Hoje falamos dos processos básicos.

02/05
Testemunho - continuação

Variáveis inerentes ao sistema


A obtenção da prova de identificação de suspeitos é prática policial e judicial.

 Corresponde à fase de recuperação de informações


 Por isso, pode-se exercer sobre a mesma um maior controle de variáveis intervenientes;

As condições de apresentação das pessoas à identificação de suspeitos visando diminuir erros:


apresentação simultânea vs. Apresentação um a um.

A identificação correta de um suspeito tem tanto mais chances de acontecer, de forma


sequencial, solicitando-se à testemunha um julgamento absoluto.

Essa forma é mais eficiente quando:

 O número de pessoas ao qual será exposta não é conhecida de antemão pela


testemunha;
 O tempo de exposição a cada pessoa, sequencialmente, não é muito longo...
(diferentemente do que diria um policial típico, uma testemunha: “leve o tempo que
precisar para pensar”);
 E a demanda de reconhecimento implica em precisão
Sim/Não X Parece muito/Não parece nada

O ideal é parar quando a pessoa reconhece.

Variáveis a serem estimadas = nível de confiabilidade do testemunho (apreciação do psicólogo


perito). Fatores do testemunho: características permanentes (diferenças individuais) ou
situacionais.
O grau de confiança ou de segurança da testemunha não apresenta correlação com o de
exatidão da identificação ( o que vai contra o senso comum... “eu jamais vou esquecer aquele
rosto...)
O grau de segurança mais elevado depois de examinar a fila é um preditor mais forte de
exatidão.

2 e 3) Obtenção e análise das declarações testemunhais


Processo judicial = busca da verdade: essa requer a reconstrução dos fatos por meio dos
testemunhos que deve ser credíveis.
Histórico – na China, eles usavam pó de arroz para saber se as pessoas estavam mentindo, para
os Bretões, era pão seco. Isso porque quem mente, está estressado, e quem tem boca seca, não
consegue engolir. Para os israelitas, é a barra de ferro incandescente. O raciocínio é de quem
mente se estressa. O polígrafo é isso. Ele se assenta na ideia de que quem mente, é captado
pelo polígrafo.
Quando há razões para que a testemunha (ou o acusado) tente ocultar informações, a ideia seria
então medir reações fisiológicas. Mas isso deve ser posto em questão, pois as pessoas
pressionadas, por vezes tem a mesma reação fisiológica. Existem pessoas muito suscetíveis ao
stress, e outras menos suscetíveis ao stress.
A demanda para inventar uma história é alta, então o discurso é mais fácil, básico, o vocabulário
é usual, cotidiano.
As alterações fisiológicas e comportamentais são

I. Elemento chave na mentida/dissimulação: postula-se que a mentira requer um


esforço constante para elaborar uma história e realizar o fato – mentir não é uma
tarefa simples: é uma demanda exigente cognitivamente, que implica em dedicar
recursos para o controle das reações.

Estudos de mudanças fisiológicas parte da premissa de que as emoções negativas


que acompanham a intenção de mentir ou que estão associadas à ação de delinquir.
A estilometria é útil também na identificação do autor de uma declaração (autoria
de documentos), em situações de mudança de testemunho e em situação de
suspeita de suicídio/homicídio, quando há um bilhete/carta do suicida (“autópsia
psicológica”).
Importante ter material para comparação (diferentes declarações feitas pela
mesma pessoa, em diferentes momentos/situações e, na medida do possível...)
Estilometria é analisar relatos do mesmo autor, emprego de palavras inusuais/mais
rebuscadas, baixa frequência léxica – menor número de palavras, alteração da
prosódia – características da emissão dos sons de fala, como o acento e a entoação.

II. Outra técnica é o “controle de realidade” (análise do conteúdo). Em termos de


conteúdo, os relatos verdadeiros e falsos podem ser discriminados de acordo com
um método de diferenciação entre realidade percebida e realidade imaginada.
Recordações percebidas (geradas externamente), incluem mais informação
contextual (espacial e temporal) e mais detalhes sensoriais (por exemplo, cores,
ruídos...) que as recordações imaginadas (mais detalhes sensoriais);
Recordações imaginadas resultam de processos cognitivos/mentais e imaginativos
e, portanto, incluem informações idiossincráticas do sujeito (relativo ao modo de
ser, de sentir, próprio à pessoa, por exemplo, eu estava assustado, penso que não
devia ter ocorrido...) (Sobral et al, 1994, p. 146);
A técnica é tanto mais eficaz quanto menos tempo se passa entre os fatos e o
testemunho.

III.
09/05
Interrogatório
Há duas formas, permitir a fala livre, e perguntar, a primeira visa à memória, e a segunda a
detalhes, mas a segunda pode ser mais perigosa. O melhor é uma combinação das duas.

No promeiro caso, o depoimento, embora incompleto tem detalhes que escapam, que se
perdem, mas tende a ser um depoimento mais completo.

No segundo caso, o depoimento é mais extenso, o interrogatório tem precisamente a finalidade


dechamar a atenção da testemunha para os pontos que ela, na sua narração não tenha tocado.

Mas o número de erros é maior.

O ideal é a solicitação de uma narração livre, sem interrupções, até que a testemunha creia não
se lembrar de mais nada.

Passa-se às perguntas com o cuidado para não induzir as falsas memórias, pois a acessibilidade
à informação de fato retida depende da eficácia dos indícios ou pistas utilizadas em sua
recuperação.

A forma como se formulam as perguntas é fundamental. Há modos que aumentam o risco de


gerar “falsas memórias” ou que induzem.

Há perguntas concebidas de forma que colocam o depoente na necessidade de optar por uma
das hipóteses que lhe são apresentadas. Há perguntas concebidas de maneira a levar
implicitamente a testemunha a aceitar fatos verdadeiros.

A duplicidade de depoimentos não significa necessariamente que a testemunha esteja a faltar à


verdade, uma vez que a retenção, memorização ou relato estão sujeitos a vicissitudes várias,
dificilmente controladas pela própria pessoa.

Testemunho de crianças
A credibilidade do testemunho das crianças é frequentemente questionada nos tribunais de
justiça. Seja apoiando-se sobre sua capacidade de se recordar, seja apoiando-se nas indicações
sobre aspectos do seu relato. Há a lenda que crianças fabulam, mentem, pois inventam histórias
infantis.

Mas as evidências científicas relacionadas à memória das crianças dizem o contrário

 Crianças pequenas podem se lembrar de experiências que sucederam a tempos atrás,


sobretudo quando têm conhecimento prévio para efetuar a codificação – crianças com
menos de 3 anos não tem essa experiência, mas a partir disso, a experiência será
codificada e armazenada para decodificar essa experiência,
 Em contextos não sugestivos as crianças maiores de 03 anos podem informar com
relativa exatidão suas experiências
 Existem diferenças nos relatos de crianças decorrentes de mudanças evolutivas
robustas que se explicam por transformações no funcionamento cognitivo e
metacognitivo.
 As crianças podem ser influenciadas de múltiplas maneiras para informar
acontecimentos/eventos que não ocorreram verdadeiramente.

A conclusão é que não é produto de sua imaginação.

O relato será desafiador, pois a criança precisa de elementos simbólicos, para a capacidade de
decodificar, elas começam a pensar sobre o que é pensar, como pensar. Isso é metacognição.
Ela melhora muito a precisão da memória e isso faz com que as crianças a partir de 8 anos
tenham uma memória e uma decodificação semelhantes aos adultos. Crianças e adultos são
igualmente bons ou limitados decorrentes, tem as mesmas capacidades de depor de forma clara
ou não.

O desenvolvimento cognitivo de criança é semelhante ao adulto a partir dos 3 anos, e a


decodificação, a partir dos 8.

A análise da declaração é uma técnica alemã específica para crianças especialmente em situação
de abuso sexual.

O pressuposto da técnica é que o sucedido ou os sucedidos que conta a crianças realmente


ocorreram, seu relato de memória será diferente do relato que pode resultar de um processo
de construção dos feitos. E matéria de abuso sexual, boa parte dos detalhes que envolvem o
abuso sexual devem ser desconhecidos ou pouco conhecidos por uma criança que efetivamente
não teve a experiência do abuso.

O ponto de partida é fundamental, e a questão é como conseguir um depoimento credível de


crianças e adolescentes?

Myers (1992) destaca que a entrevista com as crianças também é muito complicada por
inúmeros fatores, como memória, influências (SAP – alienação parental). E ela pode ser feita
com crianças a partir dos 3 anos.

Vários países têm definido procedimentos específicos para a audição de crianças (ex:
“depoimento especial” no Brasil).

Se fosse possível, o ideal seria gravar um único depoimento da criança, a história de produzir
vários, o depoimento decai. O depoimento sem dano se apoia na ideia que o depoimento de
crianças em caso de suspeita de abuso, deveria ser único e gravado, para evitar o processo de
vitimização secundária. Esse é um mal produzido pelo judiciário, que exige que a pessoa reconte
e reviva essa situação inúmeras vezes. Outra questão é o depoimento ser colhido em uma sala
sem o acusado. E que a linguagem seja infantil. O profissional mais treinado precisa estar em
outro ambiente com um ponto, isso é rotineiro no Canadá, na Europa. O júri está em outra sala
assistindo a coleta de dados e o profissional que faz a coleta é um psicólogo treinado. O juiz
ordena ele fazer as perguntas, mas o profissional tem a autonomia de modular o modo em que
a pergunta é feita, respeitando o emocional da criança e também sua formação que lhe
permitirá retirar a resposta com maior riqueza das crianças.

16/05
Em folha

30/05
Adoção
O período “probatório” dos pais é estipulado pelos juízes, mas quando a adoção é internacional,
o prazo é 30 dias, e deve ser cumprido no Brasil.

Princípio do superior interesse da criança, uma família para uma criança e não uma criança para
uma família. Até 1990 a adoção não previa os direitos das crianças adotadas na questão de
herança, os filhos adotivos eram filhos de segunda ordem, mas hoje não, não se pode diferenciar
os filhos.

Há o privilégio de algum parente que queira entrar na fila da adoção (art. 28, §3º), bem como
deve ser considerado o grau de afetividade.

Há muita desinformação sobre famílias adotivas. Weber faz pesquisas nessa área. A crença de
filhos adotivos sempre tem problemas é a crença central. A ideia é que se filhos adotivos foram
traumatizados, então eles não serão bons filhos. Por isso também tem a questão de recém-
nascidos serem preferidos. A massa das crianças que estão para adoção não é de recém-
nascidos.

A avaliação pode indicar como apto para adotar, o inapto temporário que é quem não tem
maturidade suficiente, suas motivações para procurar a adoção não favorecerão o processo,
elas podem tentar se recredenciar, há alguns cursos para esses inaptos temporários para
melhorarem nesse processo, para ajudar nesse processo. Há também o inapto. Isso tem relação
com antecedentes criminais, o que pode ser péssimo, super discriminatório, mas é lei e é raro.

Crenças que não são reais:

 Filhos adotivos sempre têm problemas


 Filhos adotivos sempre pensam na família de origem

Terefas:

1) Garantir que os candidatos estejam dentro dos limites e disposições legais, e os critérios
são homens e mulheres sem que importe o estado civil, e que sejam 16 anos mais velhos
do que a criança mais velha. Deve haver uma diferença entre adotantes e adotados de
16 anos. Não podem adotar os irmãos e avós do adotando. Uma criança não pode ser
adotada por irmãos ou por avós, eles podem receber a guarda, mas não pode virar pai
adotivo, pode apenas assumir a guarda.

ECA define apenas um critério negativo para descaracterizar ambiente familiar adequado, que
é o consumo de álcool e drogas. Na avaliação psicossocial há uma equipe técnica que deve
buscar outras coisas para caracterizar esse ambiente familiar adequado, considerando sua
idade, sua história de vida,
2) Iniciar um programa de trabalho com os postulantes aceitos, elaborado especialmente
para assessorar, informar e avaliar os interessados, e não apenas “selecionar” os mais
aptos.

Os aspectos centrais são a avaliação da vida após a adoção, se avaliam as motivações para
adotar. Muitas vezes os candidatos revelam sua motivação para adotar, algumas pessoas
querem fazer o bem, e acha que assim estará fazendo o bem, o cotidiano é muito duro. E a
melhor motivação é ter a experiência de cuidar de uma criança, é a motivação não centrada em
si mesmo. E a equipe psicossocial separa alguns critérios como idade e sexo. Mas algumas
comarcas e serviços de adoção realizam uma pesquisa mais intensa, o que é péssimo e um mal
indicativo.

Os candidatos reprovados são de duas sortes, temos os inaptos, que podem se candidatar
novamente, já os inidôneos são os que cometeram delitos graves

Art. 46 – fala sobre o estágio de convivência.

Na verdade, uma criança muito pequena não faz o raciocínio que fazemos no sentido de dar à
criança uma insegurança, o nível de segurança da criança tem mais relação com o cotidiano do
que com a informação verbal. Quanto mais velha a criança, a informação verbal pode ser mais
forte, pois o sentido daquela informação é maior. Crianças mais novas tem menos relação com
o verbal, e mais com o afeto, cuidado prático, enfim. A questão da comunicação então é
fundamental, e a forma como é comunicada, é relevante, quanto mais precoce é essa
informação é melhor, porque não obsta a formação da identidade da criança, mas a torna um
elemento fundador, sem complicações, menos negativo o evento se torna.

Art. 48 – é direito do adotado conhecer sua origem biológica.

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