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Não há hoje uma situação clássica em sede de teoria da Constituição. Entendemos por
situação clássica aquela em que se verifica um acordo duradouro em termos de categorias
teóricas, aparelhos conceituais e métodos de conhecimento.
1. Ideia geral
A constituição não seria nem mais nem menos do que um instrumento de governo
definidor de competências, regulador de processos e estabelecedor de limites à acção política.
As leis constitucionais deveriam preocupar-se com o processo da decisão e não com o
conteúdo, a substância da decisão. Só assim a constituição deixará de ser um “caminho de
ferro social e espiritual”, ao mesmo tempo que cumpre a sua missão fundamental a de criar
uma ordem estável para o governo efetivo, ajustando-se às diferentes situações materiais e
aos diferentes programas de governo.
2. Crítica
A substantivização excessiva de uma constituição, onde por vezes avultam pedaços de
“utopia concreta”, implica, de facto, sérios riscos, o principal dos quais é o do esvaziamento da
sua força normativa perante a dinâmica social e política. Por outro lado, subjacente à
constituição como “instrumento de governo” está a ideia liberal da absoluta separação estado-
sociedade com o corolário do estado mínimo: a constituição limita-se a funções de organização
e de processo de decisão política (constituição do estado liberal) e abstém-se de intervir na res
publica (a sociedade civil). O problema fundamental não está em contrapor uma constituição
entendida como instrumento de governo a uma constituição concebida como lei da sociedade
e do estado, mas sim em saber a justa medida de liberdade e de estadualidade que deve
informar uma lei básica para ele aspirar à dignidade de ordem fundamental da res publica
(constituição republicana) sem se converter num instrumento totalizador, integracionista e
identificador de concepções unidimensionalizantes do estado e da sociedade.