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A resignificação da tradição de um terreiro de mina em São Luis\MA: O terreiro de

São Bendito\Justino e a luta pelo reconhecimento como patrimônio imaterial.


Marilande Martins Abreu1

Introdução
O presente trabalho pretende apresentar algumas discussões acerca de um terreiro de mina
que busca reconhecimento como patrimônio imaterial em São Luís\MA. As discussões em torno
da noção de patrimônio material são complexas, sua reflexão exige cuidados, uma vez que
problematizar elementos culturais em torno da noção de patrimônio imaterial é problematizar
aspectos culturais em constante movimento. Estamos aqui, apenas iniciando algumas discussões
provocadas pela inserção num terreiro de mina para trabalho campo. Nesse sentido, este artigo é
uma possibilidade de refletir sobre o trabalho de pesquisa que realizo no terreiro de São
Benedito\Justino, para articular algumas categorias como tradição, cultura imaterial e identidade
com a noção de patrimônio imaterial.
As questões legais forjadas na construção e efetivação de políticas de patrimônio não
correspondem a realidade de alguns “bens imateriais” que buscam o reconhecimento como
cultural imaterial. Aqui tenta-se apresentar algumas questões teóricas e simultaneamente relatar
alguns questões postas com o trabalho de campo num terreiro de mina fundado no século XIX.
O estudo etnográfico que realizo no Terreiro de São Benedito\Justino permite afirmar que
esse é um patrimônio imaterial do Bairro da Vila Embratel, esse terreiro foi fundado numa parte
ainda não habitada da ilha de São Luís no século XIX, por Maria Cristina que em 10 de agosto de
1896, saiu da Casa de Nagô com a permissão de sua mãe-de-santo para fundar um terreiro para
Averequetê; e assim fundou o Terreiro de São Benedito\Justino nas “matas” distantes, ainda não
habitadas da ilha de São Luis/MA, essa área era conhecida como Piancó.
Esse terreiro de mina, como os inúmeros e incontáveis terreiros de matriz africana do
Maranhao apresenta um diversificado calendário de festas. Festa para São Bendito, Festa de
Tobossis, Festa de Averequetê, São Cosme e Damião, São Pedro, Santa Bárbara, Santa Luzia,
festa do Divino Espírito Santo, entre outras atividades como rituais de cura e mesa branca. Essas
1
Professora do departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Maranhão\UFMA.
Dra. Em Ciências Sociais (UNICAMP); antropóloga e psicanalista. Artigo de apresentação de trabalho em
GT da V Reunião Equatorial de Antropologia – V REA; e na XIV Reunião de Antropólogos do Norte e
Nordeste, XIV ABANNE, ambas realizadas simultaneamente, em julho de 2015 em Maceió\Alagoas\Brasil.
são atividade rituais realizadas desde a fundação da casa, que inseriu a mesa branca na década de
1970, quando dona Mundica chegou a chefia, atualmente esse ritual não é mais realizado. Esse
terreiro tem um laço com as caixeiras do Divino e atualmente é o único terreiro fundado no
século XIX, que apesar de todas as dificuldades, realiza um calendário diversificado de festas e
rituais anuais.
Religiões de matriz africana como o Candomblé, a Umbanda e o Tambor de Mina, são
símbolos de resistência diante de um sincretismo forjado pela história política e social da
escravidão. Historicamente pode-se afirmar que os terreiros de religião afro-brasileira, em suas
variadas e múltiplas formas, tornaram-se espaços de resistência e luta política, como indicam
diversos autores (Ferretti, F. 2014; Ferretti, M. 2003, Velho, 2007). Além dessa função histórica
associada a essas casas de culto, os terreiros de tradição africana se caracterizam como espaços
de sociabilidade, ajudas mútuas e transmissão de valores éticos, que definem as relações sociais
dos lideres religiosos com os filhos-de-santo, com a comunidade na qual está inserida a casa, e
ainda dos membros entre si.
O Terreiro de São Benedito\Justino foi fundado no século XIX, como outras casas de culto
fundadas nesse período passa por algumas dificuldades para manter-se atualmente. Apesar disso,
o terreiro continua a realizar atividades e rituais. Na história oral desse terreiro, sua origem está
associada à Casa de Nagô, que ao lado da Casa das Minas, são as duas casas de culto mina mais
antigas de São Luís\MA. Essas três casas apresentam características comuns, como a proibição
de que os homens dancem ou chefiem o terreiro, pois a eles cabe a função de tocadores; são
casas fundadas no século XIX e apresentam uma suposta matriarcal, uma vez que somente
mulheres podem chefiá-las.
O Terreiro de São Benedito\Justino é lugar de transmissão da cultura popular e
religiosidade. Simultaneamente é símbolo da história dos afrodescendentes, sua história é uma
parte da história do tambor de mina, prática religiosa que resiste como prática politeísta. Pela
história desse terreiro, percebe-se que ele se confunde com a fundação do Bairro da Vila
Embratel. E pelo simbolismo cultural que representa permite questionar por que esse terreiro não
pode se tornar patrimônio imaterial? A história social e cultural desse terreiro permite afirmar que
é um patrimônio material e imaterial, mas apesar disso ele não é reconhecido como patrimônio
cultural – material e imaterial, de São Luís\MA.

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Dona Mundica, atual chefe, não preparou sucessora e não trata da continuidade do terreiro,
afirma que gostaria de transformá-lo num patrimônio cultural, para manter viva sua história. A
idade avançada da mãe-de-santo, que apesar da saúde frágil continua a realizar atividades; a falta
de tocadores e filhas-de-santo que se dediquem ao tambor de mina; e as poucas filhas-de-santo
atualmente no terreiro, são indícios das dificuldades de continuidade dessa tradição, algo que
ocorre também com a Casa das Minas e a Casa de Nagô. Uma das possibilidades encontradas
por esses terreiros para manter-se, é buscar o reconhecimento como patrimônio cultural imaterial.
O presente artigo, pretende inicialmente apresentar algumas discussões em torno da noção
de patrimônio material e imaterial a partir de alguns autores como Ferretti (2014), Filho e Abreu
(2007), Velho (2007). Essas discussões nos ajudarão a descrever alguns elementos históricos e
etnográficos do Terreiro de São Benedito\Justino, que justificam o reconhecimento de sua
existência como patrimônio cultural imaterial. Quais as implicações disso para um terreiro? A
tutela do Estado é necessária para esses patrimônios?

1. Algumas considerações sobre Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial


Para tentar apresentar algumas discussões sobre patrimônio é necessário compreender as
transformações do modo de vida moderno, em meio a essas transformações surge a noção de
patrimônio, material e imaterial. O campo da memória social, como afirmam Filho e Abreu
(2007), inspirada no sociólogo Michael Pollack, é um campo de permanentes disputas, no qual
incide diretamente a dinâmica entre a lembrança e o esquecimento, o tempo linear e o tempo não
linear, dualidade na qual prende-se a vida, cultural e individual. Nesse sentido, a noção de
patrimônio parece distante da memória social, por que parece ter “sempre existido”, esquecendo-
se que ela está associada a uma concepção linear do tempo, portanto, diretamente vinculada à
memória social e as disputas que se organizam em torno dessa memória.
Para compreender como a noção de patrimônio se transforma ao logo do discurso da
modernidade, conheçamos algumas de suas características e definições ao longo da história do
pensamento moderno. A etimologia da palavra patrimônio vem do latino patrimonium, cujo
significado remete a “herança familiar”, ou “pater”, que remete a palavra “pai”, ou ainda
"patriarca", termos utilizados na antiguidade para tratar de família, bens e herança. Essa
definição se transforma devido aos questionamentos políticos e sociais que culminam na
Revolução Francesa no século XIX.

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Se nesse momento histórico do modo de vida ocidental, os templos e obras de arte foram
ameaçados de destruição pelo povo, essas mesmas referências históricas, econômicas e
arquitetônicas permitiram com que um discurso de patrimônio se organizasse como
comprovação histórica de um grupo que deixou sua memória. Um movimento de excluídos se
impõe para dizer que não se sentem identificados com esse patrimônio, que é símbolo e signo de
dores e perseguições de uma cultura sobre a outra (Filho e Abreu, 2007).
Em meados do início do século XVIII se inicia uma discussão da ampliação da noção de
patrimônio, associada então, aos bens culturais de interesse da humanidade, que enquanto taus
necessitam de preservação. Essa preservação, inicialmente, é restrita os bens materiais e
arquitetônicos europeus, o que não permite uma identificação de uma pluralidade de sujeitos
culturais com esses patrimônios, que veem nesses símbolos, a história de exclusão social imposta
pelo colonizador; com isso, a noção de patrimônio formulada no contexto da sociedade ocidental
moderna, passa a ser questionada.
Filho e Abreu (2007) afirmam que a noção de patrimônio que comporta preservação e
reconhecimento de bens materiais e imateriais, indica uma nova dinâmica dessa noção, isso
indica que diferentes significados podem se justapor no embate entre políticas, lembranças e
esquecimento envolvidos na construção deste ou daquele monumento escolhido para se tornar
patrimônio cultural. Assim, a definição atual de patrimônio se ampliou, tem um sentido coletivo,
remete ao legado, heranças artísticas e culturais, sagradas e profanas de diversas culturas, sua
história remonta ainda ao século XX.
No ano de 1794 se instituiu a noção legal de crime contra o patrimônio, alguns intelectuais
franceses fizeram um movimento para reconhecer, identificar e salvaguardar bens públicos, por
isso, a França simbolicamente se torna o lugar que discute e efetiva políticas de patrimônio, se
tornando um símbolo de (re)invenção de uma memória coletiva associada ao discurso de
construção d Estado Nacional após a Revolução Francesa.
No Brasil, a noção de patrimônio está associada às elites políticas e intelectuais, sua
discussão se torna mais forte no início do século XX. Até esse período, como afirmam Filho e
Abreu (2007) nossas elites estavam ocupadas em modernizar as cidades e instituir o discurso de
progresso, posteriormente substituído pela noção de desenvolvimento. Progresso e civilização
foram palavras de ordem que mobilizaram as forças produtivas, o imaginário monárquico e
republicano até o início do século XX.

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Reformas urbanas são realizadas em várias cidades do mundo, no Rio de Janeiro se iniciou
a demolição da cidade colonial com o prefeito Pereira Passos, que ficou conhecido como “Bota
Abaixo”, ação política que gerou reação de alguns intelectuais. Entre eles o escritor Gustavo
Barroso, que em 1922 fundou o Museu Histórico Nacional, e defendeu avidamente a importância
de preservar objetos históricos. Filho e Abreu (2007) relatam ainda, que o Museu Histórico
Nacional, ao lado de outras agências estatais como Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
abrigou historiadores profissionais de museu, chamados na época de “conservadores”, que se
dedicaram a produzir documentos sobre os monumentos da história do Brasil.
No início do século XX ainda, alguns intelectuais iniciaram uma discussão em torno do que
hoje chama-se “patrimônio intangível ou imaterial”, Sílvio Romero, José Veríssimo, Araripe
Júnior, Euclides da Cunha, Afonso Arinos, entre outros, interessavam-se por arte e pela
pluralidade cultural na constituição de um estado nacional brasileiro. Nesse período, o folclore
não estava associado ao tema do patrimônio, uma vez que estava reduzido a objetos de cultura
material como prédios, fachadas arquitetônicas, etc.
A UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas - ONU, criada após a segunda
guerra mundial, passou a ampliar a definição clássica de patrimônio a partir da década de 1970,
não coincidentemente quando o escritor André Malraux, ministro da cultura da França em 1972,
argumentou junto à UNESCO, que patrimônio é relativo a bens que fazem parte da cultura e
história da humanidade. Por isso, todos os países deveriam contribuir para sua salvaguarda esse
patrimônio mundial. Esse movimento deu origem à Convenção de Proteção do Patrimônio
Mundial, Cultural e Natural, de 1972, realizada em Paris, e promulgada em nosso país pelo
Decreto nº 80.978, de 12 de dezembro de 1977 (Filho e Abreu, 2007).
A Partir daí, institui-se uma aparato político, cultural e legal para que se possa reconhecer
um bem como patrimônio cultural material ou imaterial. Essa distinção tão nítida que tenta se
fazer entre cultura material e imaterial não parece ser uma das questões mais importantes, mas
acaba tornando-se relevantes nas disputas políticas que envolvem as questões relativas a noção de
patrimônio . Toda simbolização é dialética, o patrimônio material, que remete a prédios, casas,
estátuas, ente outros existe por que se organiza também como imaterialidade vivida,
experienciadas pelos portadores dos signos, significantes e valores daquela cultura.
E do mesmo modo, todo patrimônio imaterial, como danças, rituais, tradição, se constitui
de materialidade, uma vez que sua imaterialidade se prende a aspectos materiais da vida social.

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Ou dizendo de outro modo, uma dança ou ritual transmitidos a várias gerações permanece como
dança daquele grupo, apesar da finitude dos seus membros. A legalização e a burocratização do
reconhecimento de bens materiais e imateriais de uma cultura, envolve questões políticas,
morais e no caso das religiões de matriz africana, questões religiosas e uma história de
preconceito.
Artigos, estatutos e outros documentos, como indicam Ferretti (2014) e Velho (2007),
dificultam com que, por exemplo, terreiros de matriz africana sejam reconhecidos como
patrimônio imaterial e material. Pode-se afirmar que essas casas foram excluídas e apagadas da
história do colonizador, uma vez que a maioria desses terreiros localiza-se em bairros de
periferia, geralmente sem registros ou planejamento urbano. A busca do reconhecimento da
importância histórica desses terreiros esbarra, portanto, nessas questões legais, das quais de
antemão o terreiro foi excluído pelo próprio Estado Nacional, que se propõe hegemônico.
Em certo sentido, pode-se afirmar que essas casas são excluídas duas vezes, uma primeira
pela história do colonizador, que elege somente os seus símbolos como patrimônio, e
posteriormente pela burocracia documental, que geralmente se torna uma barreira para os
terreiros conseguirem esse reconhecimento. Para compreender melhor como vão se constituído
essas barreiras, acompanhemos as leis, os decretos, portanto, as normas necessárias e obrigatórias
a todos aqueles que querem solicitar reconhecimento como patrimônio imaterial.
No Brasil, um Decreto de nº 80.978, de 12 de dezembro de 1977 marcou o início de uma
discussão mais efetiva sobre a noção de patrimônio. Nesse decreto se institui que:
Para os fins da presente convenção serão considerados
como “patrimônio cultural”: - os monumentos: obras
arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos
ou estruturas de natureza arqueológicas, inscrições, cavernas e
grupos de elementos, que tenham um valor universal excepcional
do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; - os conjuntos:
grupo de construções isoladas ou reunidas, que em virtude de sua
arquitetura, unidade ou integração na paisagem, tenha um valor
universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da
ciência; - os lugares notáveis: obras do homem ou obra conjugadas
do homem e da natureza, inclusive lugares arqueológicos, que
tenham valor universal excepcional do ponto de vista histórico,
estético, etnológico ou antropológico (site do IPHAN
(WWW.iphan.com. br) visita realizada em 05\06\15).

Trabalhos etnográficos indicam a importância histórica e antropológica do Terreiro de São


Benedito\Justino, que facilmente se adéqua as definições colocadas pela convenção. O terreiro
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apresenta aspectos materiais e imateriais importante para a cidade de São Luís e para a história
dos afrodescendentes. A definição inicial de “patrimônio material e imaterial” forneceu elementos
para a Constituição de 1988, marco legal do Estado Nacional brasileiro, onde se definiu
patrimônio cultural material e imaterial como um fim mesmo, conforme artigos abaixo:

Art. 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos


direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
§1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional.
§ 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas
de alta significação para os diferentes segmentos étnicos
nacionais.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do
País e à integração das ações do poder público que
conduzem à:
I – defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II - produção, promoção e difusão de bens culturais;
III - formação de pessoal qualificado para a gestão da
cultura em suas múltiplas dimensões;
IV - democratização do acesso aos bens de cultura;
V - valorização da diversidade étnica e regional.
Art. 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens
de natureza material e imaterial, tomados individualmente
ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à
ação, à memória dos diferentes grupos formadores da
sociedade brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,
ecológico e científico. (Constituição Federal Brasileira de
1988)

Nesses decretos, leis e artigos se encontra uma construção de identidades plurais, mas, na
realidade cultural esses decretos, artigos, leis podem se tornar formas de exclusão de identidades
multiculturais, que reivindicam reconhecimento como patrimônio imaterial. A nacionalidade
brasileira, forjada nas disputas que envolvem o formalismo jurídico e os diferentes grupos
culturais, não se reconhece nesse formalismo, por deste terem sido excluídos pela própria
construção de um discurso nacional hegemônico.

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Os estudos antropológicos abordam questões importantes sobre os efeitos positivos e
negativos da patrimonialização de bens culturais. A chefe de uma casa considerada tradicional
pode querer o tombamento de uma casa, outros membros da casa, não; os “guias” mandam
recados, emitem opinião. Outra casa, pode ter uma chefe que busca patrimonialização por que
vê nesse reconhecimento a única forma do terreiro continuar existindo como tradição cultural.
A modernidade, como indica Stuart Hall no livro A identidade cultural na pós-
modernidade (2006), define uma nova forma de construção de identidades múltiplas e diversas. A
noção legal, racionalizada e hegemônica de patrimônio não deve negar essa diversidade de
identidades, que pretendem eleger seus patrimônios, grupos que não se veem representados em
monumentos arquitetônicos do homem, branco, europeu, podem e devem patrimonializar seus
elementos artístico, estéticos e culturais. Contudo, essa decisão não é sem consequências.
Como tradição de matriz africana o Terreiro de São Benedito\Justino, resiste, inventando e
re-inventando sua tradição para manter-ser nesse novo modo de vida moderno. Essa casa, com
sua história, multiplicidade de ritos e mitos, é uma negação do efêmero e transitório que
caracteriza a modernidade; sua tradição em constante movimento e mudança parecem negar a
transitoriedade do moderno. È como lugar de memória cultural e principalmente como símbolo
de resistência que os terreiros, bem como as festividades associadas às casas de matriz africana,
devem ser reconhecidos como patrimônio material e imaterial.
A história de exclusão dos terreiros é considerada quando, através de sua história e tradição,
buscam reconhecimento como patrimônio imaterial?
No Brasil, somente em 1989 se escreveu um documento intitulado “Recomendação sobre a
Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular”. O mapeamento e classificação desses aspectos
culturais foram iniciados por folcloristas na década de 1930, no contexto da criação do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN, mas, registros avulsos existiam antes
disso. O registro de manifestações populares está previsto no anteprojeto elaborado por Mário de
Andrade para a instituição de 1936; e após a experiência de registros pelo Centro Nacional de
Referência Cultural e Fundação Nacional Pró-Memória nos anos de 1970, foram realizadas
pesquisas de forma sistemática, que contribuíram para discussões acerca das formas de
preservação e definição do patrimônio cultural (Filho e Abreu, 2007).
Os artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988, como se vê acima, estabelecem
novas formas de preservação e ampliação da noção de patrimônio. Em anos mais recentes, em

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1997 foi realizado um seminário internacional do IPHAN na cidade de Fortaleza\CE. Esse
seminário se constituiu de uma reflexão sobre formas de proteção ao patrimônio cultural de
natureza imaterial. Desse evento saiu a Carta de Fortaleza, na qual se descreve e discute-se
experiências brasileiras e internacionais de resgate e valorização da cultura tradicional e popular.
Além disso, foram discutidas ações institucionais, instrumentos legais e medidas administrativas
referentes à preservação dos bens imateriais. Por fim, reuniram-se os debates e discussões em
torno do tema no Decreto nº 3551, de agosto de 2000, que institui o “Registro dos Bens Culturais
de Natureza Imaterial”.
Como instrumento da política de preservação praticada no Brasil pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o decreto visa reconhecer os valores de bens que têm
“relevância nacional para a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira”
(www.iphan.gov.br, pesquisa realizada em 05\15). O termo Registro dos Bens Culturais de
Natureza Imaterial, já permite perceber o quão dialética se torna a questão da distinção entre
patrimônio imaterial e material. Trabalhos como o de Sérgio Ferretti (2014), Gilberto Velho,
(2007), apontam para a dificuldade de se discutir a questão da preservação de bens imateriais
relativos à cultura sem considerar aspectos positivos e negativos dessa patrimonialização.
Essas são questões delicadas, perpassam questões políticas, discussões teóricas e
encaminhamentos práticos no cotidiano de uma antiga casa, como o Terreiro de São
Benedito\Justino, de arquitetura popular, que localizado num bairro de periferia de São Luís
pretende se tornar um patrimônio material e imaterial. Essas questões se tornaram importantes
nessa casa, dona Mundica diz sempre: “queria muito que o terreiro fosse tombado como a Casa
das Minas e Casa de Nagô, so nós três tamo de pé até agora, desse tempo mais antigo”
(depoimento em abril novembro de 2014).
Na última entrevista que fiz com dona Denir, da Casa das Minas, no ano de 2013, ela me
relatou- suas doenças, dificuldades em manter a casa, as disputas entre os herdeiros. O “Estado,
me dizia, dona Deni, “a governadora...e mais fulano e fulano, querem me internar. Sabe pra que?
Pra criar um museu aqui. Não vou. Não quero, eles, as entidades, que sabe o que vai ser aqui.
Não vou, se eu for não volto mais” (conversa com dona Denir em outubro de 2013).
Dona Mundica Estrela, mãe-de-santo do Terreiro de São Benedito\Justino, gostaria de ver o
Sitio de “São Benedito” transformado em patrimônio cultural, antes de sua morte, repete
insistentemente em diversos momentos. Ambas, a seu modo procuram manter uma tradição, que

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se transmite através das entidades e daquelas arvores sagradas que circundam o espaço sagrado
do terreno. Essas questões nos colocam diante da dinâmica da noção de patrimônio, sua
transformação, ampliação e problematização no modo de vida moderno e na construção d
identidades múltiplas num Estado multicultural.

2 Aspectos históricos do Terreiro de São Benedito\Justino


O discurso de modernidade que se instalou na política maranhense desde a década de 1960,
trouxe com ele a noção de progresso, as décadas de 1960 e 1970 tornaram-se períodos de fortes
migrações do campo para a cidade. Essa expansão urbana de São Luís coincide com a
implementação de grandes projetos como a Universidade Federal, o Porto do Itaqui, a instalação
da Vale do Rio Doce, projetos de desenvolvimento instalados na mesma área onde localiza-se o
terreiro de São Benedito/Justino, naquele lugar desde os anos de 1896-1897.
Na década de 1970, a Universidade Federal do Maranhão, já instalada no centro da capital,
recebeu através de doação da arquidiocese de São Luís\MA, um terreno para fundar o campus e
ampliar o número de cursos. Nessa área residiam inúmeras famílias que foram desabrigadas e
deslocadas para a instalação da universidade no lugar onde atualmente localiza-se a cidade
universitária, que apenas em junho de 2015 está dando o título de terras para famílias que
resistiram ou se instalaram em torno da UFMA.
Esses acontecimentos históricos recentes, retidos na história oral, indicam os efeitos que
esses grandes projetos trazem para a área verde onde está localizado o Terreiro de São
Benedito\Justino. Na década de 1970, os políticos e a direção da UFMA garantiram que dariam
novas casas para os desalojados, mas como não o fizeram, um número de famílias migrou para a
área do terreiro e construíram suas moradias. Em consequência dessa ocupação, outras vieram, e
atualmente o terreno do terreiro se reduz a uma pequena área verde, em meio a barrancos,
escuridão e medo, devido a violência que se instalou nessa área periférica da capital.
Alguns jovens entram na área livre do terreiro para conversar, alguns boatos no terreiro,
descrevem tiros, ladrões que se escondem nos barrancos com seus roubos. Dona Mundica, que
mora sozinha e depende da ajuda de filhos-de-santo, vizinhos, amigos e parentes, vive em
constante situação de perigo e apreensão. Algumas filhas-de-santo a visitam, outras se distanciam
pela vida cotidiana, filhos, netos, problemas de saúde, migração para cidades como Rio de

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Janeiro, Brasília; e até mesmo a entrada numa religião pentecostal, inúmeras questões afastam as
filha-de-santo do cotidiano do terreiro.
O movimento negro está no cotidiano da casa, cuida do terreiro, tentar manter uma cesta
básica mensal; a Igreja Católica da comunidade tem laço com o terreiro, a Festa do Divino
Espírito Santo e o aniversário de dona Mundica são datas em que o padre vai ao terreiro celebrar
missa. As terras onde está localizado o terreiro, diziam para dona Maria Cristina, é da Marinha
brasileira. Daí, dona Antonia, que saiu também da Casa de Nagô e foi preparada para ser
sucessora da fundadora, juntou um dinheiro e pagou parcelado o terreno do sitio para presentear
São Benedito.
Segundo dona Mundica, quando Sarney se tornou governador do Maranhão, portanto, em
meados da década de 1960, essas terras da Marinha teriam sido doadas ao Estado. O então
governador do Maranhão, suspendeu o pagamento das pessoas que negociaram anteriormente
com a marinha, como dona Antonia, e doou uma parte das terras a arquidiocese e para a
implantação do Porto do Itaqui, que abriga uma das áreas mais populosas e carente da capital.
O terreiro funciona com um alvará de funcionamento concedido pela prefeitura, mas viveu
também a época em que os terreiros precisavam de licença da polícia para realizar seus rituais.
Diante desses novos empreendimentos, dona Antonia, dona Otávia e dona Mundica, as três
senhoras que ficaram a frente do terreiro após a morte de sua fundadora, legalizaram o terreno,
para isso chamaram um topógrafo, que mediu a área e informou que seria necessário
fazer uma planta. Ele disse ainda a dona Antonia, que ela poderia tirar piçarra e vender naquele
terreno, ao que prontamente ela respondeu “não estamos aqui para destruir, mas para cuidar
deste lugar”.
Fizeram a planta, mediram, fizeram a escritura do terreno. Dona Antonia passou a escritura
para dona Otávia, que posteriormente passou para as mãos de dona Mundica, pelas “leis da casa”
a mãe-de-santo mora no terreiro, dele cuida e a ele dedica sua existência. A escritura em nome de
dona Antonia era passada para a sucessora pelos valores da casa e não pela mudança de nome na
escritura a cada vez que uma senhora passava a chefia para outra. A escritura em nome de dona
Antonia, que comprou o sitio para São Benedito era suficiente para as lideranças do terreiro, que
algumas vezes até foram orientadas a passar o terreiro para o nome das sucessoras, o que nunca
acontecia.

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No final da década de 1970, quando Mundica já era mãe-de-santo da casa, houve uma das
primeiras invasões ao terreno do terreiro, por famílias que foram expulsas da área destinada a
construção da universidade federal. Nesse contexto, dona Mundica entregou os documentos do
terreno ainda em nome de dona Antonia, para seu sobrinho, herdeiro legal, que comprometeu-se a
tirar os invasores do terreno e devolver o documento para dona Mundica, o que nunca aconteceu
até os dias atuais.
Desde esse período o documento não retornou para as mãos de dona Mundica e se tornou
um objeto silencioso de disputa, que fragiliza a história dessa importante casa de culto e deixa
temerosa as filhas-de-santo que a ele se dedicam. Os herdeiros legais de dona Antonia não são
envolvidos com a vida religiosa do terreiro, mas, não querem abrir mão dessa propriedade.
Devido a isso, dona Mundica acredita que somente transformando o terreiro em patrimônio
imaterial o terreiro pode continuar guardando suas tradições ancestrais em constante movimento
e transformação.
As disputas envolvendo heranças e documentações são comuns em terreiros, como aliás,
em outras instituições sociais modernas e antigas. Em decorrência da história de exclusão do
negro e dos seus símbolos de resistência e identidade, essas questões legais torna-se um
importante aspecto a ser considerado na busca de reconhecimento como patrimônio imaterial.
Algumas vezes o Estado deixa prevalecer a história de exclusão desses lugares, quando cria
dispositivos legais de controle, que impedem que terreiros e outros aspectos culturais africanos
possam ser reconhecidas como patrimônio material e imaterial de um grupo cultural.
Dona Mundica Estrela reside na casa e a chefia desde 1978, quando morreu a terceira
chefe, dona Antonia; para essas senhoras São Benedito é o “dono legítimo” daquele lugar
sagrado, ou daquele “sitio, como é conhecido também o Terreiro de São Benedito\Justino nessa
região. Para tentar dar continuidade a existência do terreiro, dona Mundica gostaria que ele
fosse tombado ou se transformasse num centro cultural da Vila Embratel. Essa busca pelo
reconhecimento esbarra na idade avançada, nas doenças com as quais convive, na
impossibilidade de apresentar toda a documentação do terreiro, etc.
Essas dificuldades indicam que o reconhecimento de um patrimônio imaterial e material,
conforme estatutos, decretos e artigos em dissonante dos dados da experiência concreta de cada
bem a ser considerado patrimônio cultural. Pode-se afirmar, que a busca de um terreiro pelo

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reconhecimento como patrimônio imaterial é legítima e necessária para que outras vozes possam
ser ouvidas na pluralidade de práticas culturais que constituem a identidade nacional.
A história e a especificidade de cada “bem” a ser patrimonializado não pode ser orientado
puramente pelo formalismo jurídico. Se o faz é novamente para excluir aqueles que, se não tem
esses documentos, é porque já foram excluídos por aqueles que impõem esses documentos legais
como pressuposto de um patrimônio cultural imaterial. Em suma, é para problematizar essas
questões que tanto a noção de patrimônio como a experiência cotidiana de um terreiro de mina
podem se aproximar para nos fazer pensar e transformar a noção de patrimônio cultural numa
perspectiva democrática, em que o respeito as diferenças e valorização de multiplicidades
culturais se tornem valor em si.

Considerações Finais
Para encerrar este artigo, gostaria de retomar as descrições e problematizações postas num
artigo de Gilberto Velho de 2007, no qual trata de sua experiência como membro do Conselho do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, quando em 1984, se tornou relator do tombamento do
terreiro de candomblé Casa Branca, em Salvador\BA, como afirma “Era a primeira vez em que a
tradição afro-brasileira obtinha o reconhecimento oficial do Estado Nacional. Creio que
rememorar alguns episódios ligados a essa iniciativa pode ajudar a refletir sobre a dinâmica e
sobre as transformações do patrimônio cultural” (2007, p.250).
A partir daí, Gilberto Velho descreve a discussão entre os membros da comissão, alguns
contra, outros a favor, as questões políticas locais, a construção da identidade nacional e todos os
elementos possíveis de associação com a noção de patrimônio. O relato da experiência de
Gilberto Velho sobre a patrimonializaão do Terreiro da Casa Branca se aproxima de algumas
questões postas no Terreiro de São Benedito, com sua sempre fluida tradição.
Questões políticas, sociais e culturais estão associadas à questão do patrimônio cultural
imaterial e quando se trata de casas de cultos ancestrais a questão se torna mais delicada, pois a
própria necessidade de transformar uma casa em patrimônio cultural se torna um indício que
profundas transformações estão em curso. A falta de iniciação de novas filhas-de-santo, o
crescimento de igrejas neopentecostais, que claramente deturpam os símbolos e signos das
religiões de matriza africana, a dificuldade desses terreiros fundados no século XIX em manter-se

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se tornam aspectos de um drama social vivido por esses terreiros. Marcado pela exclusão e pela
implementação de grandes projetos, o Terreiro São Benedito\Justino 2 encontra-se em meio às
dificuldades de manter-se como prática cultural tradicional.
Pode-se afirmar que buscando reconhecimento como patrimônio imaterial, dona Mundica
busca manter a história do terreiro, suas práticas religiosas, que se iniciaram lá atrás com Maria
Cristina, antes da implementação desses grandes projetos, que fizeram daquela área um lugar
cada vez mais difícil para se viver, uma vez que o poder público não dá condições sociais e
culturais às pessoas dessa região, que concentra uma grande massa de trabalhadores de São
Luis\MA.
Em sua análise da patrimonialização da Casa Branca, Gilberto Velho faz uma aproximação
entre a história desse terreiro e o drama ritual, teorizado por Victor Turner ( Cavalcanti, 2007),
para mostrar a importância dos ritos na conformação da vida sociocultural. Com o conceito de
drama ritual Turner em Cisma e continuidade em uma sociedade africana escreve narrativas dos
dramas Ndembu, sociedade por ele estudada. Na obra, o leitor em posição de um espectador
teatral, acompanha o desenrolar das ações dos agentes sociais envolvidos e tecidos pelos dramas,
que unem os membros dessa sociedade num mesmo simbolismo ritual.
Com a análise dos dramas rituais encenados na vida religiosa dos Ndembu, Turner envereda
numa previsão sociológica na qual os Ndembu teatralizam a fissura da unidade, o rompimento
da unidade moral e política que os une, é encenado como um drama ritualizado na vida religiosa
dessa sociedade. Victor Turner faz uma analogia entre os conflitos ritualizados na ordem social
religiosa do Ndembu e o drama do teatro grego, em ambos nota-se à impotência do indivíduo
humano diante do destino, mas, “nesse caso o destino são as necessidades do processo social”.
(Cavalcanti, 2007, p.132).

2
No ano de 2014 a Vale do Rio Doce, mineradora que exporta bauxita vindo do Pará, para diversas partes do
mundo, iniciou em parceria com a Fundação Josué Montello, um suposto projeto de incentivo aos terreiro de
matriz africana da Área Itaqui-Bacanga, intitulado “Projeto Promoção de Ações de valorização das
comunidades de matriz africana da área do Itaqui-Bacanga”. O projeto fez um levantamento quantitativo de
terreiros dessa área. A partir disso, realiza oficinas de empreendedorismo, alimentos, entre outras, que na
maioria das vezes não considera a realidade e especificidade de casa terreiro. Por isso, foi apresentando um
projeto específico do Terreiro do Justino para a Vale do Rio Doce, esse projeto foi inscrito tanto no site, como
entregue num dos escritórios da empresa em São Luís/MA. Na chamada nacional, no site, o projeto não foi
aceito, alegando-se outras prioridades; o projeto entregue na sede da empresa no bairro do Calhau e na
Fundação Josué Montello tiveram como resposta, até aqui, o silêncio. Isso demonstra o descaso da Vale do
Rio Doce, que muitos prejuízos, ambientais, sociais e culturais trouxe para essa área ligada ao Porto do
Itaqui e consequentemente a esse terreiro centenário. Esse projeto é a comprovação dos danos e
descompromisso dessa multinacional com a realidade dessas casas de culto de matriz africana nessa área de
São Luís\MA.

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O processo social se define por mudanças e transformações contínuas, que estão
simbolizados nos rituais religiosos, estes constituem um drama ritual no qual a continuidade e a
finitude são engendrados de diversas formas. No caso do Terreiro de São Benedito\Justino, não
há mais iniciação completa de filhas-de-santo, a mãe-de-santo não prepara sucessora, os rituais
estão sendo realizados com um número de filhos-de-santo reduzido e não são mais realizados
com a mesma frequência. Além disso, a idade avançada e a saúde frágil da mãe-santo- e das
filhas-de-santo mais antigas, torna o cotidiano do terreiro e as questões em torno de sua
continuidade, um drama ritual.
Esse drama se expressa nessa tentativa do terreiro de continuar existindo e reinventando sua
tradição na luta pelo reconhecimento como patrimônio histórico, uma vez que não tem a
documentação legal do terreiro que, em consequência disso, vive em constante ameaça e
incerteza em relação ao futuro. A história social do terreiro de São Benedito\Justino, indica que
sua origem se confunde com a formação e urbanização do bairro da Vila Embratel e da cidade de
São Luis.
Os grandes projetos instalados na área Itaqui-bacanga trouxeram consequências para o
funcionamento desse terreiro, cujo ritmo de tradição não encontra correspondência no modo de
vida moderno e efêmero, mas, nele procura manter-se como tradição cultural e religiosa. Daí, a
necessidade e importância do reconhecimento por parte dos órgãos responsáveis em discutir
questões de patrimônio e cultura, considerando especificidades como esta que se observa no
Terreiro de São Benedito\Justino.

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