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TRABALHO DE PORTIFÓLIO
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Historiografia
Atividade no Portfólio
Nas últimas duas semanas nós estudamos importantes conceitos historiográficos. Chegou o momento de
refletir sobre alguns deles. A partir do seu estudo, responda às questões apresentadas:
1. Qual a importância do conceito de representação para entendermos uma sociedade no tempo,
segundo Roger Chartier?
2. Porque as descontinuidades são importantes para entendermos a história, segundo Foucault?
Respostas:
Exemplo: A literatura (ou qualquer outro produto criado pelo homem) é um produto resultado
de uma prática. E este produto é o resultado de uma prática simbólica e se transforma em
outras representações. O fato em si, nunca é o fato absoluto, mas é descrito por meio de
representações. A representação faz referência ao fato, e por meio dessa referência nos
aproximamos do entendimento, do sentido deste fato.
Na escola da Nova História, não vamos entender uma sociedade no tempo de acordo com o
sentido linear da história dentro do discurso dominante no passado.
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Historiografia
A História, é uma prática discursiva 3, portanto uma “produção do tempo presente sobre o
passado”, então “a História é uma construção desse passado, não sua descrição”4. O
discurso é criado, produzido pelo historiador. Não é a descrição do real, assim como o real
não pode ser descrito, mas sim sua interpretação5.
O que dizer então de um fato passado? Se o historiador vai se debruçar em seu trabalho a
estudar a Inconfidência Mineira por exemplo, a produção deste historiador na descrição dos
fatos é uma interpretação, uma representação, dentro de causas e condições - sejam estas as
fontes de pesquisa - de seu estudo mais a sua capacidade subjetiva, mais as condições
materiais que tem ao produzir este estudo, que não é nada mais que um discurso produzido
dentro destas mesmas condições e em última instância de acordo com Foucault, signos 7, que
representam essa mesma realidade.
Chartier escreve8:
Por outro lado, ao identificar as duas condições necessárias para que uma tal
relação seja inteligível (ou seja, o conhecimento do signo como signo, no seu desvio
em relação à coisa significada, e a existência de convenções regulando a relação do
signo com a coisa)9, a Lógica de Port-Royal propõe os termos de uma questão
fundamental: a das possíveis incompreensões da representação, seja por falta de "
preparação" do leitor (o que remete às formas e aos modos de inculcação das
convenções), seja pelo fato da "extravagância" de uma relação arbitrária entre o
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O que fazemos é em si, uma aproximação no entendimento daquele fato, mas não sua
descrição real, pois o real pode ser apreendido?
O que podemos ter de fato segundo os estudos da escola dos Annales , uma preocupação
desses estudiosos de apontar a uma “verdade histórica”, ou seja, os fatos como eles são, é que
podemos apreender “fragmentos” dessa história. Uma pequena, talvez ínfima parte e inferir
sobre esta como as coisas aconteceram10!
Por onde começaremos o estudo de um determinado tema, seja ele por exemplo a
Inconfidência Mineira? Pesquisadores apontavam, os “Autos da Devassa” como o mais
completo documento, já que os próprios inconfidentes tinham para si o código de nada deixar
registrado, os registros de sequestros de bens, os documentos e cartas antigos sobre o serviços
desses personagens antes da prisão. Todos fragmentos, recortes de um passado com tantas
“entrelinhas”, por vezes escritos sob a influência e o patronato de uma república, recém
criada.
“Não é fácil estabelecer o estatuto das descontinuidades para a história em geral. Menos
ainda, sem dúvida, para a história do pensamento. Pretende-se traçar uma divisória?
Todo [pág. 68] limite não é mais talvez que um corte arbitrário num conjunto
indefinidamente móvel”.
Para Foucault, o que ele procurava seriam “os começos relativos”, e as relações que em suas
palavras: “tento, ao contrário, definir relações que estão na própria superfície dos discursos,
tento tornar visível o que só é invisível por estar muito na superfície das coisas (FOUCAULT,
2005, p. 145-145)12”.
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Historiografia
Em outras palavras suas preocupações são voltadas para o momento em que o objeto torna-se
“visível no discurso da história”. A esse discurso, entende-se, na perspectiva de Foucault, “a
acumulação de conceitos, práticas e declarações produzida por uma determinada episteme”13.
Por episteme, entende como as “tendências particulares de um determinado período
histórico”. No seu entendimento o discurso é uma produção histórica, fruto das concepções
de sua época. E essa mesma concepção seja de um tema qualquer vai se transformando com o
passar do tempo.
Em seu livro “A história da loucura”, procura mostrar como esse conceito se modificou
através do tempo. Assim o “louco” que é visto como um “homem sábio” no medievo, é visto
como um “estorvo” no início do período capitalista, na idade da razão, pois representa a “des-
razão”, então é preciso isolar o indivíduo da sociedade. O discurso mudou com as
concepções diferentes de cada época14.
O descontínuo — o fato de que em alguns anos, por vezes, uma cultura deixa de pensar
como fizera até então e se põe a pensar outra coisa e de outro modo — dá acesso, sem
dúvida, a uma erosão que vem de fora, a esse espaço que, para o pensamento, está do
outro lado, mas onde, contudo, ele não cessou de pensar desde a origem. Em última
análise, o problema que se formula é o das relações do pensamento com a cultura: como
sucede que um pensamento tenha um lugar noespaço do mundo, que aí encontre como
que uma origem, e que não cesse, aqui e ali, de começar sempre de novo?15
Ele procura portanto, pelo que é “disperso”, descontínuo, nos discursos de cada época para
entender o significado do tema que propõe estudar, já que não há como procurar por
continuidades. Não é possível, porque um mesmo tema em épocas diferentes vai aparecer sob
diferentes significados dentro de toda impermanência dos fenômenos no tempo.
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Referências:
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