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Professor: Renan Araujo

00000000000 - DEMO
DIREITO PENAL P/ TRF 1¡ REGIÌO (2017) Ð TƒCNICO JUDICIçRIO
Teoria e quest›es
Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

AULA DEMO
APLICA‚ÌO DA LEI PENAL. INFRA‚ÌO PENAL. DISPOSI‚ÍES
PRELIMINARES DO CP.

SUMçRIO
1 INFRA‚ÌO PENAL ................................................................................................. 6
1.1 Conceito ......................................................................................................... 6
1.2 Conceito de Crime .......................................................................................... 6
1.3 Contraven•‹o Penal ....................................................................................... 8
2 APLICA‚ÌO DA LEI PENAL .................................................................................... 9
2.1 Aplica•‹o da Lei penal no tempo .................................................................... 9
2.1.1 Conflito de Leis penais no Tempo ................................................................... 11
2.1.1.1 Lei nova incriminadora ........................................................................... 11
2.1.1.2 Lex Gravior .......................................................................................... 11
2.1.1.3 Abolitio Criminis .................................................................................... 11
2.1.1.4 Lex Mitior ou Novatio legis in mellius ........................................................ 13
2.1.1.5 Lei posterior que traz benef’cios e preju’zos ao rŽu .................................... 13
2.1.2 Tempo do crime ........................................................................................... 16
2.2 Aplica•‹o da lei penal no espa•o .................................................................. 17
2.2.1 Territorialidade ............................................................................................ 17
2.2.2 Extraterritorialidade ..................................................................................... 18
2.2.2.1 Princ’pio da Personalidade ou da nacionalidade .......................................... 19
2.2.2.2 Princ’pio do domic’lio ............................................................................. 20
2.2.2.3 Princ’pio da Defesa ou da Prote•‹o .......................................................... 20
2.2.2.4 Princ’pio da Justi•a Universal .................................................................. 21
2.2.2.5 Princ’pio da Representa•‹o ou da bandeira ou do Pavilh‹o .......................... 22
2.2.3 Lugar do Crime ............................................................................................ 23
2.2.4 Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e hipercondicionada ................ 23
2.3 Aplica•‹o da Lei penal em rela•‹o ˆs pessoas .............................................. 26
2.3.1 Sujeito ativo................................................................................................ 26
2.3.1.1 Imunidades Diplom‡ticas........................................................................ 28
2.3.1.2 Imunidades Parlamentares ..................................................................... 28
(a) Imunidade material ............................................................................................ 29
(b) Imunidade formal ............................................................................................... 30
2.3.2 Sujeito Passivo ............................................................................................ 31
3 DISPOSI‚ÍES PRELIMINARES DO CP ................................................................. 32
3.1 Contagem de prazos..................................................................................... 32
3.2 Fra•›es n‹o comput‡veis de pena ................................................................ 33
3.3 Efic‡cia da senten•a estrangeira .................................................................. 33
3.4 Interpreta•‹o e integra•‹o da lei penal ....................................................... 34

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3.4.1 Interpreta•‹o da lei penal ............................................................................. 34
3.4.2 Analogia ..................................................................................................... 36
3.5 Conflito aparente de normas penais ............................................................. 36
3.5.1 Princ’pio da especialidade .............................................................................. 37
3.5.2 Princ’pio da subsidiariedade ........................................................................... 37
3.5.3 Princ’pio da consun•‹o (absor•‹o) .................................................................. 38
3.5.4 Princ’pio da alternatividade ........................................................................... 39
4 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ............................................................... 40
5 SòMULAS PERTINENTES ..................................................................................... 42
5.1 Sœmulas do STF ............................................................................................ 42
5.2 Sœmulas do STJ ............................................................................................ 43
6 RESUMO .............................................................................................................. 43
7 EXERCêCIOS DA AULA ......................................................................................... 51
8 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................................. 60
9 GABARITO .......................................................................................................... 80

Ol‡, meus amigos!

ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA
CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de
voc•s no concurso do TRF1. N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios
sobre DIREITO PENAL, para o cargo de TƒCNICO JUDICIçRIO.
E a’, povo, preparados para a maratona?
O edital acabou de ser publicado, e a Banca ser‡ o CESPE. As provas
est‹o agendadas para o dia 26.11.2017.
Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, n‹o Ž?
Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico
Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro,
e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes,
porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de
TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s-
graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.
Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.
Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha
vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam
como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco +
For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente
secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso
funciona!
ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro,
poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu
fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas

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por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o
em todos os concursos!
Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que
possam ter sucesso no concurso do TRF1. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se
arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua
aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!
Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda
n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor
escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil
escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de
caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:

Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso. De


um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da
PC-PE). Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um
percentual de 98,39%.
Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que
pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos
gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o
material, ver se a abordagem te agrada, etc.
Acha que a aula demonstrativa Ž pouco para testar o material? Pois
bem, o EstratŽgia concursos d‡ a voc• o prazo de 30 DIAS para testar o
material. Isso mesmo, voc• pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente
o material e, se n‹o gostar, devolvemos seu dinheiro.
Sabem porque o EstratŽgia Concursos d‡ ao aluno 30 dias para
pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso n‹o vai acontecer! N‹o
temos medo de dar a voc• essa liberdade.
Neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Penal previsto no
Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambŽm com exerc’cios
comentados.
Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:
!
AULA CONTEòDO DATA

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Aula 00 Aplica•‹o da Lei Penal. 14.09

Aula 01 Do crime (parte I)


21.09
Do crime (parte II). Imputabilidade 25.09
Aula 02
penal.

Aula 03 Concurso de pessoas


30.09
Extin•‹o da punibilidade. A•‹o 07.10
Aula 04
penal.

Lei de improbidade administrativa


Aula 05 (Lei 8.429/92) Ð Prof. Herbert A definir
Almeida

!!
! As aulas ser‹o disponibilizadas no site conforme o cronograma
apresentado. Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas
em concursos pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria.
Como a Banca Ž o CESPE, vamos usar, primordialmente, quest›es
desta Banca. Mais de 90% das quest›es do curso ser‹o do CESPE.
AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas
muito importantes:
¥! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado,
variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao
ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem
muito tempo.
¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta
perguntar ao professor Vinicius Silva, que Ž o respons‡vel pelo
F—rum de Dœvidas, exclusivo para os alunos do curso.

Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡


complementado por videoaulas. Nas videoaulas ser‹o apresentados
alguns pontos considerados mais relevantes da matŽria, seja atravŽs da
apresenta•‹o da teoria seja atravŽs da resolu•‹o de exerc’cios anteriores, como
forma de ajudar na assimila•‹o da matŽria.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!


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E-mail: profrenanaraujo@gmail.com

Periscope: @profrenanaraujo

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Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais


(copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a
legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.

Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os


professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe
adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-)

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1! INFRA‚ÌO PENAL

1.1! Conceito
A infra•‹o penal Ž um fen™meno social, disso ninguŽm duvida. Mas como
defini-la?
Podemos conceituar infra•‹o penal como:

A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem


jur’dico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena,
seja ela de reclus‹o, deten•‹o, pris‹o simples ou multa.

Assim, um dos princ’pios que podemos extrair Ž o princ’pio da lesividade,


que diz que s— haver‡ infra•‹o penal quando a pessoa ofender (lesar) bem
jur’dico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega um chicote e se autolesiona
com mais de 100 chibatadas, a œnica puni•‹o que ela receber‡ Ž ficar com suas
costas ardendo, pois a conduta Ž indiferente para o Direito Penal.
A infra•‹o penal Ž o g•nero do qual decorrem duas espŽcies, crime e
contraven•‹o.
Vamos dividir, desta forma, o nosso estudo. Primeiramente vamos analisar
o crime (conceito e elementos). Depois, vamos analisar o que diz a lei acerca das
contraven•›es penais.

1.2! Conceito de Crime


Muito se buscou na Doutrina acerca disso, tendo surgido inœmeras posi•›es
a respeito. Vamos tratar das principais.
O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.
Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e
a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a
prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja,
busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem
jur’dico penalmente tutelado.
Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em
pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido
material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois
n‹o produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer
que seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.
Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei
comina pena de reclus‹o ou deten•‹o. Nos termos do art. 1¡ da Lei de
Introdu•‹o ao CP:

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Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de
deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma


conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente
com a pena de multa, estaremos diante de um crime.
Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa
ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.
Esse aspecto consagra o sistema dicot™mico adotado no Brasil, no qual
existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime e a
contraven•‹o penal. Assim:

CRIMES
INFRAÇÕES
PENAIS
CONTRAVENÇÕES
PENAIS

Vejam que quando se diz Òinfra•‹o penalÓ, est‡ se usando um termo


genŽrico, que pode tanto se referir a um ÒcrimeÓ ou a uma Òcontraven•‹o penalÓ.
O termo ÒdelitoÓ, no Brasil, Ž sin™nimo de crime.
O crime pode ser conceituado, ainda, sob um aspecto anal’tico, que o
divide em partes, de forma a estruturar seu conceito.
Primeiramente, surgiu a teoria quadripartida do crime, que entendia que
crime era todo fato t’pico, il’cito, culp‡vel e pun’vel. Hoje Ž praticamente
inexistente.
Depois, surgiram os defensores da teoria tripartida do crime, que
entendiam que crime era o fato t’pico, il’cito e culp‡vel. Essa Ž a teoria que
predomina no Brasil, embora haja muitos defensores da terceira teoria.
A terceira e œltima teoria acerca do conceito anal’tico de crime entende que
este Ž o fato t’pico e il’cito, sendo a culpabilidade mero pressuposto de aplica•‹o
da pena. Ou seja, para esta corrente, o conceito de crime Ž bipartido (teoria
bipartida), bastando para sua caracteriza•‹o que o fato seja t’pico e il’cito.
As duas œltimas correntes possuem defensores e argumentos de peso.
Entretanto, a que predomina ainda Ž a corrente tripartida. Portanto, na prova
objetiva, recomendo que adotem esta, a menos que a banca seja muito expl’cita
e voc•s entenderem que eles claramente s‹o adeptos da teoria bipartida, o que
acho pouco prov‡vel.

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Todos os tr•s aspectos (material, legal e anal’tico) est‹o presentes no nosso
sistema jur’dico-penal. De fato, uma conduta pode ser materialmente crime
(furtar, por exemplo), mas n‹o o ser‡ se n‹o houver previs‹o legal (n‹o ser‡
legalmente crime). Poder‡, ainda, ser formalmente crime (no caso da lei que
citei, que criminalizava a conduta de chorar em pœblico), mas n‹o o ser‡
materialmente se n‹o trouxer les‹o ou amea•a a les‹o de algum bem jur’dico de
terceiro.
Desta forma:

MATERIAL

CONCEITO DE TEORIA
FORMAL
CRIME BIPARTIDA

TEORIA ADOTADA PELO


ANALÍTICO
TRIPARTIDA CP

TEORIA
QUADRIPARTIDA

Esse œltimo conceito de crime (sob o aspecto anal’tico), Ž o que vai nos
fornecer os subs’dios para que possamos estudar os elementos do crime (Fato
t’pico, ilicitude e culpabilidade). Entretanto, isso Ž tema para nossa pr—xima aula
apenas!

1.3! Contraven•‹o Penal


As contraven•›es penais s‹o infra•›es penais que tutelam bens jur’dicos
menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas previstas para as
contraven•›es s‹o bem mais brandas. Nos termos do art. 1¡ do da Lei de
Introdu•‹o ao C—digo Penal:
Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de
deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de
multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Percebam que a Lei estabelece que se considera contraven•‹o a infra•‹o


penal para a qual a lei estabele•a pena de pris‹o simples ou multa.
Percebam, portanto, que a Lei estabelece um n’tido patamar diferenciado
para ambos os tipos de infra•‹o penal. Trata-se de uma escolha pol’tica, ou seja,

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o legislador estabelece qual conduta ser‡ considerada crime e qual conduta ser‡
considerada contraven•‹o, de acordo com sua no•‹o de lesividade para a
sociedade.
Mas professor, qual Ž a diferen•a pr‡tica em saber se a conduta Ž
crime ou contraven•‹o? Muitas, meu caro! Vejamos:

CRIMES CONTRAVEN‚ÍES
Admitem tentativa (art. 14, II). N‹o se admite puni•‹o de
contraven•‹o na modalidade
tentada. Ou se pratica a contraven•‹o
consumada ou se trata de um indiferente
penal.
Se cometido crime, tanto no A pr‡tica de contraven•‹o no exterior
Brasil quanto no estrangeiro, e n‹o gera efeitos penais, inclusive para
vier o agente a cometer fins de reincid•ncia. S— h‡ efeitos penais
contraven•‹o, haver‡ em rela•‹o ˆ contraven•‹o praticada no
reincid•ncia. Brasil!
Tempo m‡ximo de cumprimento Tempo m‡ximo de cumprimento de
de pena: 30 anos. pena: 05 anos.
Aplicam-se as hip—teses de N‹o se aplicam as hip—teses de
extraterritorialidade (alguns extraterritorialidade do art. 7¡ do
crimes cometidos no C—digo Penal.
estrangeiro, em determinadas
circunst‰ncias, podem ser
julgados no Brasil)

N‹o se prendam a estas diferen•as! Para o estudo desta aula o que importa
Ž saber que Hç DIFEREN‚AS PRçTICAS entre ambos.
Portanto, crime e contraven•‹o s‹o termos relacionados ˆ mesma
categoria (infra•‹o penal), mas n‹o se confundem, existindo diferen•as
pr‡ticas entre ambos.

2! APLICA‚ÌO DA LEI PENAL


2.1! Aplica•‹o da Lei penal no tempo
A Lei Penal, como toda e qualquer lei, entra no mundo jur’dico em um
determinado momento e vigora atŽ sua revoga•‹o, regulando todos os fatos
praticados nesse ’nterim. Entretanto, nem sempre as coisas s‹o t‹o simples,
surgindo situa•›es verdadeiramente excepcionais e complexas.
ƒ certo, meus caros, que as leis se sucedem no tempo, pois Ž da natureza
humana a mudan•a de pensamento. Assim, o que hoje Ž considerado crime,

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amanh‹ pode n‹o o ser, e vice-versa. ƒ claro, tambŽm, que quando uma lei
revoga a outra, a lei revogadora deve abordar a matŽria de forma, ao menos um
pouco, diferente do modo como tratava a lei revogada, caso contr‡rio, seria uma
lei absolutamente inœtil. A esse fen™meno damos o nome de Princ’pio da
continuidade das leis.
A revoga•‹o, por sua vez, Ž o fen™meno que compreende a substitui•‹o de
uma norma jur’dica por outra. Essa substitui•‹o pode ser total ou parcial. No
primeiro caso, temos o que se chama de ab-roga•‹o, e no segundo caso,
derroga•‹o.
A revoga•‹o, como vimos, pode ser total ou parcial. Mas pode, ainda, ser
expressa ou t‡cita. Diz-se que Ž expressa quando a nova lei diz
expressamente que revoga a lei anterior. Por exemplo, a lei 11.343/06 (nova lei
de drogas) diz em seu art. 75, que ficam revogadas as disposi•›es contidas na
lei 6.368/76.
Por sua vez, a revoga•‹o t‡cita ocorre quando a lei nova, embora n‹o diga
nada com rela•‹o ˆ revoga•‹o da lei antiga, trata da mesma matŽria, s— que de
forma diferente.
Desta forma, a lei produz efeitos desde sua vig•ncia atŽ sua revoga•‹o.
CUIDADO! No per’odo de vacatio legis (Per’odo entre a publica•‹o da Lei e
sua entrada em vigor, geralmente de 45 dias) a lei ainda n‹o vigora! Ou seja,
ela ainda n‹o produz efeitos!

Em termos gr‡ficos:

Publica•‹o Entrada em vigor Revoga•‹o

|----------|-------------------------------------------------------|

Vacatio Legis PRODU‚ÌO DE EFEITOS

Logo, podemos perceber que a lei penal, assim como qualquer lei, somente
produz efeitos durante o seu per’odo de vig•ncia. ƒ o que se chama de princ’pio
da atividade da lei.
Em alguns casos, porŽm, a lei penal pode produzir efeitos e atingir fatos
ocorridos antes de sua entrada em vigor e, atŽ mesmo, continuar produzindo
efeitos mesmo ap—s sua revoga•‹o. Vamos analis‡-los individualmente.

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2.1.1!Conflito de Leis penais no Tempo
Ocorrendo a revoga•‹o de uma lei penal por outra, algumas situa•›es ir‹o
ocorrer, e as consequ•ncias de cada uma delas depender‹o da natureza da norma
revogadora.

2.1.1.1! Lei nova incriminadora


Nesse caso, a lei nova atribui car‡ter criminoso ao fato. Ou seja, atŽ ent‹o,
o fato n‹o era crime. Nesse caso, a solu•‹o Ž bastante simples: A lei nova
produzir‡ efeitos a partir de sua entrada em vigor, como toda e qualquer
lei, seguindo a regra geral da atividade da lei.

2.1.1.2! Lex Gravior1


Aqui, a lei posterior n‹o inova no que se refere ˆ natureza criminosa do fato,
pois a lei anterior j‡ estabelecia que o fato era considerado criminoso. No entanto,
a lei nova estabelece uma situa•‹o mais gravosa ao rŽu.
EXEMPLO: O crime de homic’dio simples (art. 121 do CP) possui pena m’nima
de 06 e pena m‡xima de 20 anos. Imaginemos que entrasse em vigor uma lei
que estabelecesse que a pena para o crime de homic’dio seria de 10 a 30 anos.
Nesse caso, a lei nova, embora n‹o inove no que tange ˆ criminaliza•‹o do
homic’dio, traz uma situa•‹o mais gravosa para o fato. Assim, produzir‡
efeitos somente a partir de sua vig•ncia, n‹o alcan•ando fatos pretŽritos

Frise-se que a lei nova ser‡ considerada mais gravosa ainda que n‹o
aumente a pena prevista para o crime. Basta que traga qualquer preju’zo ao
rŽu2, como forma de cumprimento da pena, redu•‹o ou elimina•‹o de benef’cios,
etc.

2.1.1.3! Abolitio Criminis


A abolitio criminis ocorre quando uma lei penal incriminadora vem a ser
revogada por outra, que prev• que o fato deixa de ser considerado crime.
EXEMPLO: Suponhamos que a Lei ÒAÓ preveja que Ž crime dirigir ve’culo
automotor sob a influ•ncia de ‡lcool. Vindo a Lei ÒBÓ a determinar que dirigir
ve’culo automotor sob a influ•ncia de ‡lcool n‹o Ž crime, ocorreu o fen™meno
da abolitio criminis.

1
TambŽm chamada de ou Novatio Legis in Pejus ou Lei nova mais gravosa.
2
BITENCOURT, Op. cit., p. 208

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Nesse caso, como a lei posterior deixa de considerar o fato crime, ela
produzir‡ efeitos retroativos, alcan•ado os fatos praticados mesmo antes
de sua vig•ncia, em homenagem ao art. 5, XL da Constitui•‹o Federal e ao art.
2¡ do C—digo Penal3.
ƒ claro que quando uma lei deixa de considerar um determinado fato como
crime, ela est‡ beneficiando aquele praticou o fato e que, porventura, esteja
respondendo criminalmente por ele, ou atŽ mesmo, cumprindo pena em
decorr•ncia da condena•‹o pelo fato.
Em casos tais, ocorre o que se chama de retroatividade da Lei Penal, que
passa a produzir efeitos sobre fatos ocorridos anteriormente ˆ sua vig•ncia.

CUIDADO! N‹o confundam abolitio criminis com


continuidade t’pico-normativa. Em alguns casos, embora a lei nova revogue
um determinado artigo que previa um tipo penal, ela simultaneamente insere
esse fato dentro de outro tipo penal.4 Neste caso n‹o h‡ abolitio criminis, pois
a conduta continua sendo considerada crime, ainda que por outro tipo penal.5

ƒ importante ressaltar, ainda, que a abolitio criminis faz cessar a pena e


os efeitos PENAIS da condena•‹o.
EXEMPLO: JosŽ foi condenado pelo crime ÒXÓ e est‡ cumprindo pena. Surge uma
Lei nova, descriminalizando a conduta. JosŽ ser‡ colocado em liberdade (deve
cessar a pena imposta), bem como tal condena•‹o pelo crime X n‹o poder‡ ser
considerada futuramente para fins de reincid•ncia (afastam-se os efeitos penais

3
Art. 5¼ (...)
XL - a lei penal n‹o retroagir‡, salvo para beneficiar o rŽu;
[...]
Art. 2¼ - NinguŽm pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execu•‹o e os efeitos penais da senten•a condenat—ria.
4
A Lei 12.015/09 revogou o art. 214 do CP, que previa o crime de atentado violento ao pudor. Entretanto,
ao mesmo tempo, ampliou a descri•‹o do tipo penal do estupro para abranger tambŽm a pr‡tica de atos
libidinosos diversos da conjun•‹o carnal, que era a descri•‹o do tipo penal de atentado violento ao pudor.
Assim, o que a Lei 12.015/09 fez, n‹o foi descriminalizar o Atentado Violento ao Pudor, mas dar a ele novo
contorno jur’dico, passando agora o fato a ser enquadrado como crime de estupro, tendo, inclusive, previsto
a mesma pena anteriormente cominada ao Atentado Violento ao Pudor. Assim, n‹o houve abolitio criminis,
pois o fato n‹o deixou de ser crime, apenas passou a ser tratado em outro tipo penal.
5
TambŽm n‹o h‡ abolitio criminis quando a lei nova revoga uma lei especial que criminaliza um
determinado fato, mas que mesmo assim, est‡ enquadrado como crime numa norma geral.
Explico:
Imagine que a Lei ÒAÓ preveja o crime de roubo a empresa de transporte de valores, com pena de 4 a 12
anos. Posteriormente, entra em vigor a Lei ÒBÓ, que revoga expressa e totalmente a Lei ÒAÓ. Pode-se dizer
que o roubo a empresa de transporte de valores deixou de ser crime? Claro que n‹o, pois a conduta, o fato,
est‡ previsto no art. 157 do C—digo Penal (crime de roubo). Assim, apenas deixou de existir a lei especial
que previa pena diferenciada para este fato, passando o mesmo a ser regido pelo tipo previsto no C—digo
Penal. Pode-se dizer, no entanto, que houve novatio legis in mellius, ou Lex mitior, que Ž a superveni•ncia
de lei mais benŽfica.

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da condena•‹o). Todavia, se JosŽ foi condenado a reparar o dano causado ˆ
v’tima, tal obriga•‹o permanece (efeito extrapenal da condena•‹o).

2.1.1.4! Lex Mitior ou Novatio legis in mellius


A Lex mitior, ou novatio legis in mellius, ocorre quando uma lei posterior
revoga a anterior trazendo uma situa•‹o mais benŽfica ao rŽu. Nesse caso,
em homenagem ao art. 5, XL da Constitui•‹o, j‡ transcrito, a lei nova retroage
para alcan•ar os fatos ocorridos anteriormente ˆ sua vig•ncia. Essa previs‹o est‡
contida tambŽm no art. 2¡, ¤ œnico do CP6.
Vejam que o C—digo Penal estabelece que a aplica•‹o da lei nova se dar‡
ainda que o fato (crime) j‡ tenha sido julgado por senten•a transitada
em julgado.

2.1.1.5! Lei posterior que traz benef’cios e preju’zos ao rŽu


Pode ocorrer, no entanto, que a lei nova tenha alguns pontos mais favor‡veis
e outros mais prejudiciais ao rŽu.
EXEMPLO: Suponhamos que Maria tenha praticado crime de furto, cuja pena Ž
de 1 a 04 anos de reclus‹o, e multa. Posteriormente, sobrevŽm uma lei que
estabelece que a pena passa a ser de 02 a 06 anos de deten•‹o, sem multa.
Percebam que a lei nova Ž mais benŽfica pois extinguiu a pena de multa,
e estabeleceu o regime de deten•‹o, mas Ž mais gravosa pois aumentou
a pena m’nima e a pena m‡xima.
Nesse caso, como avaliar se a lei Ž mais benŽfica ou mais gravosa?
E mais, ser‡ que Ž poss’vel combinar as duas leis para se achar a solu•‹o mais
benŽfica para o rŽu? Duas correntes se formaram:
§! 1¡ corrente: N‹o Ž poss’vel combinar as leis penais para se extrair os
pontos favor‡veis de cada uma delas, pois o Juiz estaria criando uma
terceira lei (Lex tertia), o que seria uma viola•‹o ao princ’pio da
Separa•‹o dos Poderes, j‡ que n‹o cabe ao Judici‡rio legislar. Essa Ž
a TEORIA DA PONDERA‚ÌO UNITçRIA ou GLOBAL.
§! 2¡ corrente: ƒ poss’vel a combina•‹o das duas leis, de forma a
selecionar os institutos favor‡veis de cada uma delas, sem que com
isso se esteja criando uma terceira lei, pois o Juiz s— estaria agindo
dentro dos limites estabelecidos pelo pr—prio legislador. Essa Ž a
TEORIA DA PONDERA‚ÌO DIFERENCIADA.
O STF, embora tenha vacilado em alguns momentos, firmou entendimento
no sentido de que deve ser adotada a TEORIA DA PONDERA‚ÌO

6
Art. 2¼ (...)
Par‡grafo œnico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por senten•a condenat—ria transitada em julgado.

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UNITçRIA7, devendo ser aplicada apenas uma das leis, em homenagem aos
princ’pios da reserva legal e da separa•‹o dos Poderes do Estado. O STJ sempre
adotou esta posi•‹o8.
E quem deve aplicar a nova lei penal mais benŽfica ou a nova lei
penal abolitiva? O Supremo Tribunal Federal (STF) firmou entendimento no
sentido de que DEPENDE DO MOMENTO:
¥! Processo ainda em curso Ð Compete ao Ju’zo que est‡ conduzindo
o processo
¥! Processo j‡ transitado em julgado Ð Compete ao Ju’zo da execu•‹o
penal.
Nos termos da sœmula 611 do STF:
SòMULA N¼ 611
Transitada em julgado a senten•a condenat—ria, compete ao Ju’zo das
execu•›es a aplica•‹o da lei mais benigna.

Mas e se a lei nova for revogada por outra lei mais gravosa? Nesse
caso, a lei mais gravosa n‹o se aplicar‡ aos fatos regidos pela lei mais benŽfica,
pois isso seria uma retroatividade da lei em preju’zo do rŽu. No momento em que
a lei intermedi‡ria (a que revogou, mas foi revogada) entrou em vigor, passou a
reger os fatos ocorridos antes de sua vig•ncia. Sobrevindo lei posterior mais
grave, aplica-se a regra geral da irretroatividade da Lei em rela•‹o a esta œltima.

Lei A (gravosa) Lei B (Mais benŽfica) Lei C (Mais gravosa)


EFEITOS DA LEI B EFEITOS DA LEI C

|----|------|------------------------------------------------------|
Fato VIGæNCIA DA LEI B

No caso representado pelo esquema acima, a Lei B produzir‡ efeitos mesmo


ap—s sua revoga•‹o pela Lei C (em rela•‹o aos fatos praticados durante sua

7
Entretanto, no julgamento do RE 596152/SP, o STF adotou posi•‹o contr‡ria, ou seja, permitiu a
combina•‹o de leis. Trata-se de uma decis‹o isolada, portanto, n‹o caracteriza uma Òjurisprud•nciaÓ de
verdade.
8
E de forma a consolidar sua tese, o STJ editou o verbete n¼ 501 de sua sœmula de jurisprud•ncia,
entendendo, relativamente aos crimes da lei de drogas, a impossibilidade de combina•‹o de leis. Vejamos:
SòMULA N¼ 501
ƒ cab’vel a aplica•‹o retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incid•ncia das suas
disposi•›es, na ’ntegra, seja mais favor‡vel ao rŽu do que o advindo da aplica•‹o da Lei n. 6.368/1976,
sendo vedada a combina•‹o de leis.

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vig•ncia e ANTES de sua vig•ncia). Nesse caso, diz-se que h‡ a
ULTRATIVIDADE DA LEI B.9
Excepcional Ž a situa•‹o das leis intermitentes, que se dividem em leis
excepcionais e leis tempor‡rias. As leis excepcionais s‹o aquelas que s‹o
produzidas para vigorar durante determinada situa•‹o. Por exemplo, estado de
s’tio, estado de guerra, ou outra situa•‹o excepcional. Lei tempor‡ria Ž aquela
que Ž editada para vigorar durante determinado per’odo, certo, cuja revoga•‹o
se dar‡ automaticamente quando se atingir o termo final de vig•ncia,
independentemente de se tratar de uma situa•‹o normal ou excepcional do pa’s.
No caso destas leis, dado seu car‡ter transit—rio, o fato de estas leis
virem a ser revogadas Ž irrelevante! Isso porque a revoga•‹o Ž decorr•ncia
natural do tŽrmino do prazo de vig•ncia da lei. Assim, aquele que cometeu o
crime durante a vig•ncia de uma destas leis responder‡ pelo fato, nos
moldes em que previsto na lei, mesmo ap—s o fim do prazo de dura•‹o
da norma.
Isso Ž uma quest‹o de l—gica, pois, se assim n‹o o fosse, bastaria que o rŽu
procrastinasse o processo atŽ data prevista para a revoga•‹o da lei a fim de que
fosse decretada a extin•‹o de sua punibilidade. Isso est‡ previsto no art. 3¡ do
C—digo Penal:
Art. 3¼ - A lei excepcional ou tempor‡ria, embora decorrido o per’odo de sua dura•‹o
ou cessadas as circunst‰ncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vig•ncia.

CUIDADO! Sempre se entendeu que a posterior revoga•‹o da lei tempor‡ria


n‹o afetaria os fatos praticados durante sua vig•ncia. Isso deve ser analisado
com cautela.
Existem duas hip—teses absolutamente distintas.
EXEMPLO Ð Existe uma Lei ÒAÓ que diz que Ž crime vender qualquer cerveja
que n‹o seja a cerveja ÒredondaÓ durante a realiza•‹o da Copa do Mundo no
Brasil. Essa lei tem dura•‹o prevista atŽ o dia da final da Copa. JosŽ foi preso
em flagrante, durante uma das semifinais da Copa do Mundo, vendendo a
cerveja ÒquadradaÓ e, portanto, praticando o crime previsto na Lei ÒAÓ.
Dessa situa•‹o, duas hip—teses podem ocorrer:
01 Ð A Lei ÒAÓ deixa de vigorar naturalmente porque se prazo de validade
expirou Ð Nenhuma consequ•ncia pr‡tica em favor de JosŽ, pois a expira•‹o da
validade Ž o processo natural da lei penal tempor‡ria.
02 Ð O Governo entende que Ž um absurdo criminalizar tais condutas que, na
verdade, tem como œnica finalidade proteger interesses econ™micos de
particulares e, em raz‹o, disso, edita uma nova Lei (ap—s a expira•‹o da lei
tempor‡ria) que prev• a descriminaliza•‹o da conduta incriminada Ð Nesse

9
Quando a lei Ž aplicada fora de seu per’odo de vig•ncia, diz-se que h‡ extratividade. A extratividade pode
ocorrer em raz‹o da ultratividade ou da retroatividade, a depender do caso. A extratividade, portanto, Ž um
g•nero, que comporta duas espŽcies: retroatividade e ultratividade. BITENCOURT, Op. cit., p. 207/209

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caso, teremos abolitio criminis, e isso ter‡ efeitos pr‡ticos para JosŽ. O mesmo
ocorreria se o Governo, ao invŽs de proceder ˆ descriminaliza•‹o da conduta,
tivesse abrandado a pena (lex mitior). Essa lei iria retroagir.
CUIDADO! Eu j‡ vi este tema ser abordado das mais diversas formas. J‡ vi
Banca entendendo que a lei tempor‡ria ser‡ aplicada mesmo que sobrevenha
lei nova, abolindo o crime. Isso Ž complicado, porque traz inseguran•a ao
candidato. Contudo, a’ vai meu conselho: Lei tempor‡ria produz efeitos ap—s
sua revoga•‹o ÒnaturalÓ (expira•‹o do prazo de validade). Se houver
superveni•ncia de lei abolitiva expressamente revogando a criminaliza•‹o
prevista na lei tempor‡ria, ela n‹o mais produzir‡ efeitos. Assim, cuidado com
a abordagem na prova.

2.1.2!Tempo do crime ==0==

Para podermos aplicar corretamente a lei penal, Ž necess‡rio saber quando


se considerada praticado o delito. Tr•s teorias buscam explicar quando se
considera praticado o crime:
1)! Teoria da atividade Ð O crime se considera praticado quando da a•‹o
ou omiss‹o, n‹o importando quando ocorre o resultado. ƒ a teoria
adotada pelo art. 4¡ do C—digo Penal, vejamos:
Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou omiss‹o, ainda que
outro seja o momento do resultado.

2)! Teoria do resultado Ð Para esta teoria, considera-se praticado o crime


quando da ocorr•ncia do resultado, independentemente de quando fora
praticada a a•‹o ou omiss‹o.
3)! Teoria da ubiquidade ou mista Ð Para esta teoria, considera-se
praticado o crime tanto no momento da a•‹o ou omiss‹o quanto no
momento do resultado.

Como vimos, nosso C—digo adotou a teoria da atividade como a


aplic‡vel ao tempo do crime. Isto representa sŽrios reflexos na aplica•‹o da
lei penal, pois esta depende da data do fato, que, como vimos, Ž a data da
conduta.
Nos crimes permanentes, aplica-se a lei em vigor ao final da
perman•ncia delitiva, ainda que mais gravosa que a do in’cio. O mesmo ocorre
nos crimes continuados, hip—tese em que se aplica a lei vigente ˆ Žpoca do
œltimo ato (crime) praticado. Essa tese est‡ consagrada pelo STF, atravŽs do
enunciado n¡ 711 da sœmula de sua Jurisprud•ncia:
SòMULA N¼ 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a
sua vig•ncia Ž anterior ˆ cessa•‹o da continuidade ou da perman•ncia.

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Mas isso n‹o ofende o princ’pio da irretroatividade da lei mais
gravosa? N‹o, pois neste caso NÌO Hç RETROATIVIDADE. Neste caso, a lei
mais grave est‡ sendo aplicada a um crime que ainda est‡ sendo praticado, e
n‹o a um crime que j‡ foi praticado.10

2.2! Aplica•‹o da lei penal no espa•o


T‹o importante quanto conhecer as minœcias referentes ˆ aplica•‹o da lei
penal no tempo Ž conhecer as regras atinentes ˆ lei penal no espa•o.
Toda lei Ž editada para vigorar num determinado tempo e num determinado
espa•o. No que tange ˆ lei penal, via de regra ela se aplica dentro do territ—rio
do pa’s em que foi editada, pois este Ž o limite do exerc’cio da soberania de cada
Estado. Ou seja, nenhum Estado pode exercer sua soberania fora de seu
territ—rio.
Vamos estudar, ent‹o, as regras referentes ˆ aplica•‹o da lei penal no
espa•o.

2.2.1!Territorialidade
Essa Ž a regra no que tange ˆ aplica•‹o da lei penal no espa•o. Pelo
princ’pio da territorialidade, aplica-se ˆ lei penal aos crimes cometidos no
territ—rio nacional. Assim, n‹o importa se o crime foi cometido por estrangeiro ou
contra v’tima estrangeira. Se cometido no territ—rio nacional, submete-se ˆ lei
penal brasileira.
ƒ o que prev• o art. 5¡ do C—digo Penal:
Art. 5¼ - Aplica-se a lei brasileira, sem preju’zo de conven•›es, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no territ—rio nacional.

Na verdade, como o C—digo Penal admite algumas exce•›es, podemos dizer


que o nosso C—digo adotou O PRINCêPIO DA TERRITORIALIDADE
MITIGADA OU TEMPERADA.11
Territ—rio pode ser conceituado como espa•o em que o Estado exerce
sua soberania pol’tica. O territ—rio brasileiro compreende:
¥! O Mar territorial;
¥! O espa•o aŽreo (Teoria da absoluta soberania do pa’s subjacente);

10
Cezar Roberto Bitencourt critica parcialmente a sœmula, ao entendimento de que ela poderia ser aplic‡vel
ao crime permanente, sem nenhuma viola•‹o ˆ irretroatividade da lei mais gravosa, mas a mesma solu•‹o
n‹o poderia ser adotada em rela•‹o ao crime continuado, por n‹o se tratar de crime œnico com execu•‹o
prolongada no tempo, e sim mera fic•‹o jur’dica que considera como crime œnico (para fins de aplica•‹o da
pena), uma sŽrie de delitos. BITENCOURT, Op. cit., p. 220.
A maioria da Doutrina, contudo, n‹o tece cr’ticas ˆ sœmula. Ver, por todos, BITENCOURT, Op. cit., p. 120.
11
Ver, por todos, GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 123/124 e GOMES, Luiz Flavio.
BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 222.

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¥! O subsolo

S‹o considerados como territ—rio brasileiro por extens‹o:


¥! Os navios e aeronaves pœblicos, onde quer que se encontrem
¥! Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-
mar ou no espa•o aŽreo

Assim, aos crimes praticados nestes locais aplica-se a lei brasileira, pelo
princ’pio da territorialidade.
ATEN‚ÌO! Como sabemos, a Lei penal brasileira ser‡ aplicada aos crimes
cometidos a bordo de aeronaves ou embarca•›es estrangeiras, mercantes ou
de propriedade privada, desde que se encontrem no espa•o aŽreo brasileiro ou
em pouso no territ—rio nacional, ou, no caso das embarca•›es, em porto ou mar
territorial brasileiro.
Contudo, a Doutrina aponta uma exce•‹o ˆ aplica•‹o da lei penal brasileira
neste caso. Trata-se do PRINCêPIO DA PASSAGEM INOCENTE. Este
princ’pio, decorrente do Direito Internacional Mar’timo, estabelecido na
Conven•‹o de Montego Bay (1982), que foi assinada pelo Brasil, prev• que
uma embarca•‹o de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, possui o
direito de atravessar o mar territorial de uma na•‹o, desde que n‹o ameace
a paz, a seguran•a e a boa ordem do Estado.
Aplicando tal princ’pio ao Direito Penal, a Doutrina entende que se um crime for
praticado a bordo de uma embarca•‹o que se encontre em Òpassagem
inocenteÓ, n‹o ser‡ aplic‡vel a lei brasileira a este crime, desde que o crime em
quest‹o n‹o afete nenhum bem jur’dico nacional. Ex.: Um americano mata
um holand•s dentro de um navio argentino em situa•‹o de passagem
inocente.
Parte da Doutrina estende a aplica•‹o do princ’pio tambŽm ˆs aeronaves
privadas em situa•‹o semelhante.
CUIDADO! Este princ’pio s— se aplica ˆs embarca•›es ou aeronaves que
utilizem o territ—rio do Brasil como mera ÒpassagemÓ. Se o Brasil Ž o destino da
aeronave ou embarca•‹o, n‹o h‡ aplica•‹o do princ’pio.
Assim, para que possamos trabalhar com este princ’pio na prova, a quest‹o
deve deixar clara a situa•‹o de Òpassagem inocenteÓ, ou seja, a Banca
tem que deixar claro que pretende saber se voc• tem conhecimento
disso. Caso contr‡rio, esque•a tal exce•‹o.

2.2.2!Extraterritorialidade
A extraterritorialidade Ž a aplica•‹o da lei penal brasileira a um fato
criminoso que n‹o ocorreu no territ—rio nacional.
Pode se dar em raz‹o de diversos princ’pios, que veremos a seguir:

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2.2.2.1! Princ’pio da Personalidade ou da nacionalidade


Divide-se em princ’pio da personalidade ativa e da personalidade passiva.
Pelo princ’pio da personalidade ativa, aplica-se a lei penal brasileira ao crime
cometido por brasileiro, ainda que no exterior. As hip—teses de aplica•‹o deste
princ’pio est‹o previstas no art. 7¡, I, ÒdÓ e II, ÒbÓ do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(...)
II - os crimes:
(...)
b) praticados por brasileiro;

No primeiro caso, basta que o crime de genoc’dio tenha sido cometido por
brasileiro para que a lei brasileira seja aplicada, n‹o havendo qualquer condi•‹o
alŽm desta.
No segundo caso (crime comum cometido por brasileiro no exterior),
algumas condi•›es devem estar presentes, conforme preceitua o ¤2¡ do art. 7¡
do CPB:
¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no territ—rio nacional; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
b) ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 1984)
c) estar o crime inclu’do entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradi•‹o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
d) n‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido a pena;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
e) n‹o ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, n‹o estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favor‡vel. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
1984)

Assim, n‹o basta que o crime tenha sido cometido por brasileiro, Ž
necess‡rio que as condi•›es acima estejam presentes, ou seja: O fato deve ser
pun’vel tambŽm no local onde fora cometido o crime; deve o agente entrar no
territ—rio brasileiro; O crime deve estar inclu’do no rol daqueles que autorizam
extradi•‹o e n‹o pode o agente ter sido absolvido ou ter sido extinta sua
punibilidade no estrangeiro.

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Pelo princ’pio da personalidade passiva, aplica-se a lei brasileira aos
crimes cometidos contra brasileiro, ainda que no exterior. Nos termos do art. 7¡,
¤3¡ do CPB:
¤ 3¼ - A lei brasileira aplica-se tambŽm ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condi•›es previstas no par‡grafo
anterior:
a) n‹o foi pedida ou foi negada a extradi•‹o;
b) houve requisi•‹o do Ministro da Justi•a.

Percebam que, alŽm das condi•›es previstas para a aplica•‹o do princ’pio


da personalidade ativa, para a aplica•‹o do princ’pio da personalidade
passiva o C—digo prev• ainda outras duas condi•›es:
¥! Ter havido requisi•‹o do Ministro da Justi•a
¥! N‹o ter sido pedida ou ter sido negada a extradi•‹o do estrangeiro que
praticou o crime

2.2.2.2! Princ’pio do domic’lio


Por este princ’pio, aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por pessoa
domiciliada no Brasil, n‹o havendo qualquer outra condi•‹o. S— h‡ uma hip—tese
de aplica•‹o deste princ’pio na lei penal brasileira, e Ž a prevista no art. 7¡, I, ÒdÓ
do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
(...)
d) de genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;Ó

Portanto, somente no caso do crime de genoc’dio ser‡ aplicado o princ’pio


do domic’lio, devendo ser aplicada a lei brasileira ainda que se trate crime
cometido no estrangeiro por agente estrangeiro contra v’tima estrangeira, desde
que o autor seja domiciliado no Brasil. Alguns autores entendem que aqui se
aplica o princ’pio da Justi•a Universal.12

2.2.2.3! Princ’pio da Defesa ou da Prote•‹o


Este princ’pio visa a garantir a aplica•‹o da lei penal brasileira aos crimes
cometidos, em qualquer lugar e por qualquer agente, mas que ofendam bens
jur’dicos nacionais. Est‡ previsto no art. 7¡, I, Òa, b e cÓ:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:

12
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 127

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a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repœblica;
b) contra o patrim™nio ou a fŽ pœblica da Uni‹o, do Distrito Federal, de Estado, de
Territ—rio, de Munic’pio, de empresa pœblica, sociedade de economia mista, autarquia
ou funda•‹o institu’da pelo Poder Pœblico;
c) contra a administra•‹o pœblica, por quem est‡ a seu servi•o;

Vejam que se trata de bens jur’dicos altamente relevantes para o pa’s. N‹o
se trata de considerar a vida e a liberdade do Presidente da Repœblica mais
importante que a vida e a liberdade dos demais brasileiros. Nesse caso, o que se
busca Ž garantir que um crime praticado contra a figura do Presidente da
Repœblica n‹o fique impune, pois Ž mais que um crime contra a pessoa, Ž um
crime contra toda a na•‹o.
Reparem, ainda, que n‹o Ž qualquer crime cometido contra o
Presidente, mas somente aqueles que atentem contra sua vida ou
liberdade.
Estas hip—teses dispensam outras condi•›es, bastando que tenha sido o
crime cometido contra estes bens jur’dicos. Ali‡s, ser‡ aplicada a lei brasileira
ainda que o agente j‡ tenha sido condenado ou absolvido no exterior:
¤ 1¼ - Nos casos do inciso I, o agente Ž punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.

Entretanto, para que seja evitado o cumprimento duplo de pena (bis in


idem), caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena a ser cumprida
no Brasil ser‡ abatida da pena cumprida no exterior, o que se chama DETRA‚ÌO
PENAL. Nos termos do art. 8¡ do CPB:
Art. 8¼ - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela Ž computada, quando id•nticas.

Embora o art. 8¡ seja louv‡vel, tecnicamente, a simples possibilidade de


duplo julgamento pelo mesmo fato j‡ configura bis in idem. Entretanto,
o STF ignora este fato, e a norma permanece em pleno vigor.
H‡ quem entenda, portanto, que esta regra Ž uma exce•‹o ao princ’pio do
ne bis in idem13, pois o Estado estaria autorizado a julgar, condenar e punir a
pessoa mesmo j‡ tendo havido julgamento (inclusive com condena•‹o e
cumprimento de pena) em outro Estado.

2.2.2.4! Princ’pio da Justi•a Universal


Este princ’pio Ž utilizado para a aplica•‹o da lei penal brasileira contra crimes
cometidos em qualquer territ—rio e por qualquer agente, desde que o Brasil,

13
GOMES, Luiz Flavio. BIANCHINI, Alice. Op. cit., p. 129

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atravŽs de tratado internacional, tenha se obrigado a reprimir tal conduta. Tem
previs‹o no art. 7¡, II, a do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
a) que, por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir;

Como a previs‹o se encontra no inciso II do art. 7¡, aplicam-se as condi•›es


previstas no ¤ 2¡, como ingresso do agente no territ—rio nacional, etc.

2.2.2.5! Princ’pio da Representa•‹o ou da bandeira ou do Pavilh‹o


Por este princ’pio, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no
estrangeiro, a bordo de aeronaves e embarca•›es privadas, mas que possuam
bandeira brasileira, quando, no pa’s em que ocorreu o crime, este n‹o for julgado.
A previs‹o est‡ no art. 7¡, II, ÒcÓ do CPB:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
(...)
II - os crimes:
(...)
c) praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam julgados.

EXEMPLO: Se um cidad‹o mexicano comete um crime contra um cidad‹o


alem‹o, a bordo de uma aeronave pertencente a uma empresa aŽrea brasileira,
enquanto esta se encontra parada no aeroporto de Nova York, pelo Princ’pio da
Bandeira, a este crime poder‡ ser aplicada a lei brasileira, caso n‹o seja julgado
pelo Judici‡rio americano.

CUIDADO! Se, no exemplo anterior, o crime fosse cometido


a bordo de uma aeronave pertencente ao Brasil, por exemplo, o avi‹o
oficial da Presid•ncia da Repœblica, a lei penal brasileira seria aplicada n‹o pelo
Princ’pio da Bandeira, mas pelo Princ’pio da Territorialidade, regra geral,
pois estas aeronaves s‹o consideradas territ—rio brasileiro por extens‹o!

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2.2.3!Lugar do Crime
Para aplicarmos corretamente o que foi aprendido acerca da lei penal no
espa•o, precisamos saber, com exatid‹o, qual Ž o local do crime. Para tanto,
existem algumas teorias:
1)! Teoria da atividade Ð Considera-se local do crime aquele em que a
conduta Ž praticada.
2)! Teoria do resultado Ð Para esta teoria, n‹o importa onde Ž praticada a
conduta, pois se considera como lugar do crime o local onde ocorre a
consuma•‹o.
3)! Teoria mista ou da ubiquidade Ð Esta teoria prev• que tanto o lugar
onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado s‹o considerados
como local do crime. Esta teoria Ž a adotada pelo C—digo Penal, em
seu art. 6¡:
Art. 6¼ - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a a•‹o ou omiss‹o,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado

Entretanto, esta regra da ubiquidade s— se aplica quando estivermos


diante de pluralidade de pa’ses, ou seja, quando for necess‡rio estabelecer o
local do crime para fins de defini•‹o de qual lei (de que pa’s) penal aplicar.
S— para finalizar, vou deixar de lambuja para voc•s um macete para
gravarem as teorias adotadas para o tempo do crime e para o lugar do crime:
Lugar = Ubiquidade
Tempo = Atividade
Muita LUTA, meus amigos!!

2.2.4!Extraterritorialidade condicionada, incondicionada e


hipercondicionada
Como estudamos, a regra na aplica•‹o da lei penal brasileira Ž o princ’pio da
territorialidade, em que se aplica a lei penal brasileira aos crimes cometidos no
territ—rio nacional.
Entretanto, existem algumas hip—teses em que se aplica a lei penal brasileira
a crimes cometidos no exterior. Nestes casos, estamos diante do fen™meno da
extraterritorialidade da lei penal.
Esta extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada.
No primeiro caso, como o pr—prio nome diz, n‹o h‡ qualquer condi•‹o. Basta
que o crime tenha sido cometido no estrangeiro. As hip—teses s‹o poucas e j‡
foram aqui estudadas. S‹o as previstas no art. 7¡, I do CPB (Crimes contra bens
jur’dicos de relev‰ncia nacional e crime de genoc’dio). Nestes casos, pelos
princ’pios da Prote•‹o e do Domic’lio ou da Personalidade Ativa (a depender do
caso), aplica-se a lei brasileira, ocorrendo o fen™meno da extraterritorialidade:

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Crimes contra a vida


ou a liberdade do
Presidente da
República
Crimes contra o patrimônio
ou a fé pública da União, do
Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município,
PRINCÍPIO DA DEFESA de empresa pública,
OU PROTEÇÃO sociedade de economia
mista, autarquia ou
fundação instituída pelo
Poder Público

Crimes contra a
administração pública,
por quem está a seu
serviço

PRINCÍPIO DA JUSTIÇA
UNIVERSAL OU DO Crime de genocídio, quando o agente for
DOMICÍLIO OU DA brasileiro ou domiciliado no Brasil
PERSONALIDADE ATIVA

Embora sob fundamentos diversos (Princ’pios diversos), todas as hip—teses


culminam no fen™meno da extraterritorialidade incondicionada da lei penal
brasileira.
A extraterritorialidade condicionada, por sua vez, est‡ prevista no art.
7¡, II e ¤ 2¡ do CP. Neste caso, a lei brasileira s— ser‡ aplicada ao fato de
maneira subsidi‡ria, ou seja, apenas se cumpridas determinadas condi•›es.
Nos termos do C—digo Penal, temos as seguintes hip—teses de
extraterritorialidade condicionada:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 1984)

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b) praticados por brasileiro; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam julgados. (Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 1984)

Estas s‹o as hip—teses em que se aplica, condicionalmente, a lei penal


brasileira a fatos ocorridos no estrangeiro. As condi•›es para esta aplica•‹o se
encontram no art. 7¡, ¤ 2¡ do CPB:
Art. 7¼ (...) ¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no territ—rio nacional; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
b) ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 1984)
c) estar o crime inclu’do entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradi•‹o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
d) n‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido a pena;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)

Podemos esquematizar da seguinte forma:

Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil


se obrigou a reprimir

Crimes praticados por


brasileiro

Crimes praticados em aeronaves ou


HIPÓTESES embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados

EXTRATERRITORIALIDADE
CONDICIONADA
Entrar o agente no território nacional

Ser o fato punível também no país em que foi


CONDIÇÕES praticado (dupla tipicidade)

Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a


lei brasileira autoriza a extradição

Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro


ou não ter aí cumprido a pena;

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Entretanto, existe ainda a chamada extraterritorialidade
hipercondicionada, que Ž a hip—tese prevista no ¤ 3¡ do art. 7¼:
Art. 7¼ (...) ¤ 3¼ - A lei brasileira aplica-se tambŽm ao crime cometido por estrangeiro
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condi•›es previstas no par‡grafo
anterior: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)

Neste caso, alŽm das condi•›es anteriores, existem ainda duas outras
condi•›es:

Não ter sido pedida ou


ter sido negada a
extradição do infrator
CONDIÇÕES ESPECÍFICAS DA
EXTRATERRITORIALIDADE
HIPERCONDICIONADA
Ter havido requisição
do Ministro da
Justiça

Desta maneira, meus caros, terminamos o estudo da aplica•‹o da lei penal,


no tempo e no espa•o.

2.3! Aplica•‹o da Lei penal em rela•‹o ˆs pessoas


Os sujeitos do crime s‹o aqueles que, de alguma forma, se relacionam com
a conduta criminosa. S‹o basicamente de duas ordens: Sujeito ativo e passivo.

2.3.1!Sujeito ativo
Sujeito ativo Ž a pessoa que pratica a conduta descrita no tipo penal.
Entretanto, atravŽs do concurso de pessoas, ou concurso de agentes, Ž poss’vel
que alguŽm seja sujeito ativo de uma infra•‹o penal sem que realize a
conduta descrita no tipo penal.
EXEMPLO: Pedro atira contra Paulo, vindo a causar-lhe a morte. Pedro Ž
sujeito ativo do crime de homic’dio, previsto no art. 121 do C—digo Penal, isso
n‹o se discute. Mas tambŽm ser‡ sujeito ativo do crime de homic’dio, Jo‹o, que
lhe emprestou a arma e lhe encorajou a atirar. Embora Jo‹o n‹o tenha realizado
a conduta prevista no tipo penal, pois n‹o praticou a conduta de Òmatar alguŽmÓ,
auxiliou material e moralmente Pedro a faz•-lo.
Somente o ser humano, em regra, pode ser sujeito ativo de uma
infra•‹o penal. Os animais, por exemplo, n‹o podem ser sujeitos ativos da
infra•‹o penal, embora possam ser instrumentos para a pr‡tica de crimes.

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Modernamente, tem se admitido a RESPONSABILIDADE PENAL DA
PESSOA JURêDICA, ou seja, tem se admitido que a pessoa jur’dica seja
considerada SUJEITO ATIVO DE INFRA‚ÍES PENAIS.
Embora boa parte da DOUTRINA discorde desta corrente, por inœmeras
raz›es, temos que estud‡-la.
A Constitui•‹o de 1988 trouxe, em seu art. 225, ¤ 3¡, estabelece que:
¤ 3¼ - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitar‹o os
infratores, pessoas f’sicas ou jur’dicas, a san•›es penais e administrativas,
independentemente da obriga•‹o de reparar os danos causados.

Esse dispositivo Ž considerado o marco mais significativo para a


responsabiliza•‹o penal da pessoa jur’dica, para os que defendem essa tese.
Os opositores justificam sua tese sob o argumento, basicamente, de que a
pessoa jur’dica n‹o possui vontade, assim, a vontade seria sempre do seu
dirigente, devendo este responder pelo crime, n‹o a pessoa jur’dica. Ademais, o
dirigente s— pode agir em conformidade com o estatuto social, o que sair disso Ž
excesso de poder, e como a Pessoa Jur’dica n‹o pode ter em seu estatuto a
pr‡tica de crimes como objeto, todo crime cometido pela pessoa jur’dica seria
um ato praticado com viola•‹o a seu estatuto, devendo o agente responder
pessoalmente, n‹o a Pessoa Jur’dica.
Muitos outros argumentos existem, para ambos os lados. Entretanto, isto
n‹o Ž um livro de doutrina, mas um curso para concurso, ent‹o o que voc•s
precisam saber Ž que o STF e o STJ admitem a responsabilidade penal da
pessoa jur’dica em todos os crimes ambientais (regulamentados pela lei
9.605/98)!
Com rela•‹o aos demais crimes, em tese, atribu’veis ˆ pessoa jur’dica
(crimes contra o sistema financeiro, economia popular, etc.), como n‹o houve
regulamenta•‹o da responsabilidade penal da pessoa jur’dica, esta fica
afastada, conforme entendimento do STF e do STJ.
A Jurisprud•ncia CLçSSICA do STJ e do STF Ž no sentido de ADMITIR a
responsabilidade penal da pessoa jur’dica. Todavia, o STF e o STJ exigiam a
puni•‹o simult‰nea da pessoa f’sica causadora do dano, no que se convencionou
chamar de TEORIA DA DUPLA IMPUTA‚ÌO. Apesar de esta ser a jurisprud•ncia
cl‡ssica, mais recentemente o STF e o STJ DISPENSARAM o requisito da
dupla imputa•‹o. Ou seja, atualmente n‹o mais se exige a chamada
Òdupla imputa•‹oÓ.
Em regra, a Lei Penal Ž aplic‡vel a todas as pessoas indistintamente.
Entretanto, em rela•‹o a algumas pessoas, existem disposi•›es especiais
do C—digo Penal. S‹o as chamadas imunidades diplom‡ticas (diplom‡ticas e de
chefes de governos estrangeiros) e parlamentares (referentes aos membros do
Poder Legislativo).

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2.3.1.1! Imunidades Diplom‡ticas
Estas imunidades se baseiam no princ’pio da reciprocidade, ou seja, o Brasil
concede imunidade a estas pessoas, enquanto os Pa’ses que representam
conferem imunidades aos nossos representantes.
N‹o h‡ viola•‹o ao princ’pio constitucional da isonomia! Cuidado! Pois a
imunidade n‹o Ž conferida em raz‹o da pessoa imunizada, mas em raz‹o do
cargo que ocupa. Ou seja, ela Ž de car‡ter funcional. Entenderam?
Estas imunidades diplom‡ticas est‹o previstas na Conven•‹o de Viena,
incorporada ao nosso ordenamento jur’dico atravŽs do Decreto 56.435/65, que
prev• imunidade total (em rela•‹o a qualquer crime) aos Diplomatas, que est‹o
sujeitos ˆ Jurisdi•‹o de seu pa’s apenas. Esta imunidade se estende aos
funcion‡rios dos —rg‹os internacionais (quando em servi•o!) e aos seus
familiares, bem como aos Chefes de Governo e Ministros das Rela•›es Exteriores
de outros pa’ses.
Essa imunidade Ž IRRENUNCIçVEL, exatamente por n‹o pertencer ˆ
pessoa, mas ao cargo que ocupa! Essa Ž a posi•‹o do STF! Cuidado com isso!
Com rela•‹o aos c™nsules (diferentes dos Diplomatas) a imunidade s— Ž
conferida aos atos praticados em raz‹o do of’cio, n‹o a qualquer crime.
EXEMPLO: Se Yamazaki, c™nsul do Jap‹o no Rio de Janeiro, no domingo,
curtindo uma praia, agride um vendedor de picolŽs por ter lhe dado o troco errado
(carioca malandro...), responder‡ pelo crime, pois n‹o se trata de ato praticado
no exerc’cio da fun•‹o.
Resumidamente:
¥! IMUNIDADE TOTAL DE JURISDI‚ÌO PENAL Ð Agentes
diplom‡ticos e seus familiares, bem como os membros do pessoal
administrativo e tŽcnico da miss‹o, assim como os membros de suas
fam’lias que com eles vivam, desde que n‹o sejam nacionais do estado
acreditado (no caso, o Brasil) nem nele tenham resid•ncia
permanente.
¥! IMUNIDADE DE JURISDI‚ÌO PENAL em rela•‹o aos ATOS
PRATICADOS NO EXERCêCIO DAS FUN‚ÍES Ð C™nsules14 e
membros do pessoal de servi•o da miss‹o diplom‡tica que n‹o sejam
nacionais do Estado acreditado nem nele tenham resid•ncia
permanente.

2.3.1.2! Imunidades Parlamentares


Est‹o previstas na Constitui•‹o Federal, motivo pelo qual geralmente s‹o
mais bem estudadas naquela disciplina. Entretanto, como costumam ser
cobradas tambŽm na matŽria de Direito Penal, vamos estud‡-la ponto a ponto.
Trata-se de prerrogativas dos parlamentares, com vistas a se preservar
a Institui•‹o (Poder Legislativo) de inger•ncias externas. S‹o duas as hip—teses

14
Art. 43.1 do Decreto 61.078/67 Ð Promulga•‹o da Conven•‹o de Viena sobre Rela•›es Consulares.

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de imunidades parlamentares: a) material (conhecida como real, ou ainda,
inviolabilidade); b) formal (ou processual ou ainda, adjetiva).

(a)! Imunidade material


Trata-se de prerrogativa prevista no art. 53 da Constitui•‹o:
Art. 53. Os Deputados e Senadores s‹o inviol‡veis, civil e penalmente, por quaisquer
de suas opini›es, palavras e votos.

Assim, o parlamentar n‹o comete crime quando pratica estas condutas em


raz‹o do cargo (exerc’cio da fun•‹o). Entretanto, n‹o Ž necess‡rio que o
parlamentar tenha proferido as palavras dentro do recinto (Congresso,
Assembleia Legislativa, etc.), bastando que tenha rela•‹o com sua
fun•‹o (Pode ser numa entrevista a um jornal local, etc.). ESSA ƒ A POSI‚ÌO
DO STF A RESPEITO DO TEMA.
Quanto ˆ natureza jur’dica dessa imunidade (o que ela representa
perante o Direito), h‡ muita controvŽrsia na Doutrina, mas a posi•‹o que
predomina Ž a de que se trata de fato at’pico, ou seja, a conduta do parlamentar
n‹o chega sequer a ter enquadramento na lei penal (Essa Ž a posi•‹o que vem
sendo adotada pelo Supremo Tribunal Federal Ð STF).
Temos, ainda, a imunidade material dos vereadores, prevista no art. 29,
VIII da Constitui•‹o:
Art. 29. O Munic’pio reger-se-‡ por lei org‰nica, votada em dois turnos, com o
interst’cio m’nimo de dez dias, e aprovada por dois ter•os dos membros da C‰mara
Municipal, que a promulgar‡, atendidos os princ’pios estabelecidos nesta Constitui•‹o,
na Constitui•‹o do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
(...)
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opini›es, palavras e votos no exerc’cio
do mandato e na circunscri•‹o do Munic’pio; (Renumerado do inciso VI, pela Emenda
Constitucional n¼ 1, de 1992)

Vejam que Ž necess‡rio que o ato (no caso dos vereadores) tenha sido
praticado na circunscri•‹o do munic’pio. Caso contr‡rio, n‹o haver‡ a
incid•ncia da prote•‹o constitucional.

Informativo 775 do STF Ð ÒNos limites da circunscri•‹o


do Munic’pio e havendo pertin•ncia com o exerc’cio do mandato, garante-se a imunidade
prevista no art. 29, VIII, da CF aos vereadores (...) O Colegiado reputou que, embora as
manifesta•›es fossem ofensivas, teriam sido proferidas durante a sess‹o da C‰mara dos
Vereadores Ñ portanto na circunscri•‹o do Munic’pio Ñ e teriam como motiva•‹o quest‹o de
cunho pol’tico, tendo em conta a exist•ncia de representa•‹o contra o prefeito formulada junto
ao MinistŽrio Pœblico Ñ portanto no exerc’cio do mandato.Ó Ð (RE 600063/SP, rel. orig. Min.
Marco AurŽlio, red. p/ o ac—rd‹o Min. Roberto Barroso, 25.2.2015. (RE-600063)

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(b)! Imunidade formal


Esta imunidade n‹o est‡ relacionada ˆ caracteriza•‹o ou n‹o de uma
conduta como crime. Est‡ relacionada a quest›es processuais, como
possibilidade de pris‹o e seguimento de processo penal. Est‡ prevista no
art. 53, ¤¤ 1¡ a 5¡ da Constitui•‹o da Repœblica.
A primeira das hip—teses Ž a imunidade formal para a pris‹o. Assim
disp›e o art. 53, ¤ 2¡ da Constitui•‹o:
¤ 2¼ Desde a expedi•‹o do diploma, os membros do Congresso Nacional n‹o poder‹o
ser presos, salvo em flagrante de crime inafian•‡vel. Nesse caso, os autos ser‹o
remetidos dentro de vinte e quatro horas ˆ Casa respectiva, para que, pelo voto da
maioria de seus membros, resolva sobre a pris‹o.

O STF entende que essa impossibilidade de pris‹o se refere a


qualquer tipo de pris‹o, inclusive as de car‡ter provis—rio, decretadas pelo
Juiz. A œnica ressalva Ž a pris‹o em flagrante pela pr‡tica de crime
inafian•‡vel.
Entretanto, recentemente, o STF decidiu que os parlamentares podem
ser presos, alŽm desta hip—tese, no caso de senten•a penal condenat—ria
transitada em julgado, ou seja, na qual n‹o cabe mais recurso algum.
Continuando no caso da pris‹o em flagrante, os autos da pris‹o ser‹o
remetidos ˆ casa a qual pertencer o parlamentar, em atŽ 24h, e esta decidir‡,
em vota•‹o aberta, por maioria absoluta de seus membros, se a pris‹o Ž
mantida ou n‹o.
A imunidade se inicia com a diploma•‹o do parlamentar e se encerra com o
fim do mandato.
J‡ a imunidade formal para o processo, est‡ prevista no ¤3¡ do art. 53
da Constitui•‹o:
¤ 3¼ Recebida a denœncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido ap—s a
diploma•‹o, o Supremo Tribunal Federal dar‡ ci•ncia ˆ Casa respectiva, que, por
iniciativa de partido pol’tico nela representado e pelo voto da maioria de seus
membros, poder‡, atŽ a decis‹o final, sustar o andamento da a•‹o.

Assim, se um parlamentar cometer um crime ap—s a diploma•‹o e for


denunciado por isso, o STF, se receber a denœncia, dever‡ dar ci•ncia ˆ Casa a
qual pertence o parlamentar (C‰mara ou Senado), e esta poder‡, por iniciativa
de algum partido pol’tico que l‡ tenha representante, sustar o andamento da a•‹o
atŽ o tŽrmino do mandato.
CUIDADO! S— quem pode tomar a iniciativa de pedir a susta•‹o da a•‹o
penal Ž partido pol’tico que possua algum representante NAQUELA CASA.
EXEMPLO: Se um Senador est‡ sendo processado, sendo o Senado
comunicado pelo STF, somente um partido com representa•‹o no SENADO

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FEDERAL poder‡ tomar a iniciativa de pedir a susta•‹o da a•‹o penal, que ser‡
decidida pela Casa.

A susta•‹o deve ser decidida no prazo de 45 dias a contar do recebimento


do pedido pela Mesa Diretora da Casa. Caso o processo seja suspenso, suspende-
se tambŽm a prescri•‹o, para evitar que o Parlamentar deixe de ser julgado ao
tŽrmino do mandato.
Havendo a susta•‹o da a•‹o penal em rela•‹o ao parlamentar, e tendo o
processo outros rŽus que n‹o sejam parlamentares, o processo deve ser
desmembrado, e os demais rŽus ser‹o processados normalmente.

Cuidado, meu povo! No caso de crime cometido ANTES da diploma•‹o, n‹o


h‡ essa regra. O STF n‹o tem que comunicar a Casa e n‹o h‡ possibilidade de
susta•‹o do andamento do processo!

Cuidado! Essas regras (referentes a ambas as espŽcies de imunidades)


s‹o aplic‡veis aos parlamentares estaduais (Deputados estaduais), por for•a do
art. 27, ¤ 1¡ da Constitui•‹o. Entretanto, aos parlamentares municipais
(vereadores) s— se aplicam as imunidades materiais! Muito, mas muito cuidado
com isso! Ah, e em qualquer caso, n‹o abrangem os suplentes!
Os parlamentares n‹o podem renunciar a estas imunidades, pois, como disse
antes, trata-se de prerrogativa inerente ao cargo, n‹o ˆ pessoa. Entretanto, a
Doutrina e a Jurisprud•ncia entendem que o parlamentar afastado para
exercer cargo de Ministro ou Secret‡rio de Estado NÌO mantŽm as
imunidades, ou seja, ele perde a imunidade parlamentar (A sœmula n¼ 04
do STF fora revogada!). INQ 725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002.(INQ-725) Ð
Informativo 267 do STF.
Fiquem atentos! As imunidades parlamentares permanecem ainda que o pa’s
se encontre em estado de s’tio. Entretanto, por decis‹o de 2/3 dos membros da
Casa, estas imunidades poder‹o ser suspensas, durante o estado de s’tio, em
raz‹o de ato praticado pelo parlamentar FORA DO RECINTO. Assim, EM
HIPîTESE NENHUMA (NEM NO ESTADO DE SêTIO), O PARLAMENTAR
PODERç SER RESPONSABILIZADO POR ATO PRATICADO NO RECINTO
(aqueles atos previstos na Constitui•‹o, Ž claro).

2.3.2!Sujeito Passivo
O sujeito passivo nada mais Ž que aquele que sofre a ofensa causada
pelo sujeito ativo. Pode ser de duas espŽcies:
1)! Sujeito passivo mediato ou formal Ð ƒ o Estado, pois a ele pertence
o dever de manter a ordem pœblica e punir aqueles que cometem crimes.

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Todo crime possui o Estado como sujeito passivo mediato, pois todo crime
Ž uma ofensa ao Estado, ˆ ordem estatu’da;
2)! Sujeito passivo imediato ou material Ð ƒ o titular do bem jur’dico
efetivamente lesado. Por exemplo: A pessoa que sofre a les‹o no crime
de les‹o corporal (art. 129 do CP), o dono do carro roubado no crime de
roubo (art. 157 do CP), etc.

CUIDADO! O Estado tambŽm pode ser sujeito passivo imediato ou


material, nos crimes em que for o titular do bem jur’dico especificamente
violado, como nos crimes contra a administra•‹o pœblica, por exemplo.
As pessoas jur’dicas tambŽm podem ser sujeitos passivos de crimes. J‡ os
mortos e os animais n‹o podem ser sujeitos passivos de crimes pois n‹o
s‹o sujeitos de direito. Mas, e o crime de vilip•ndio a cad‡ver e os crimes
contra a fauna? Nesse caso, n‹o s‹o os mortos e os animais os sujeitos passivos
e sim, no primeiro caso, a fam’lia do morto, e no segundo caso, toda a
coletividade, pelo desequil’brio ambiental.
NINGUƒM PODE COMETER CRIME CONTRA SI MESMO! Ou seja,
ninguŽm pode ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo imediato de
um crime (Parte da Doutrina entende que isso Ž poss’vel no crime de rixa, mas
isso n‹o Ž posi•‹o un‰nime).

3! DISPOSI‚ÍES PRELIMINARES DO CP

3.1! Contagem de prazos


Nos termos do art. 10 do CP:
Art. 10 - O dia do come•o inclui-se no c™mputo do prazo. Contam-se os dias, os meses
e os anos pelo calend‡rio comum.

Como se v•, a lei estabelece que os prazos previstos na Lei Penal sejam
contados de forma a incluir o dia do come•o. Desta forma, se Bruno Ž
condenado a um m•s de pris‹o e o mandado Ž cumprido dia 10 de junho, essa
data Ž considerada o primeiro dia de cumprimento da pena, que ir‡ se extinguir
no dia 09 de julho, independentemente de o mandado ter sido cumprido no dia
10 de junho ˆs 23h45min. Esse dia ser‡ computado como um dia inteiro
para fins penais.
O artigo diz, ainda, que se computam os prazos pelo calend‡rio comum
(chamado de gregoriano), que Ž o que todos n—s utilizamos. Assim, no c™mputo
de meses n‹o levam em considera•‹o os dias de cada um (28, 29, 30 ou 31 dias).
Se um sujeito Ž condenado a pena de um m•s, e come•a a cumpri-la no dia 05,
sua pena estar‡ extinta no dia 04 do m•s seguinte, independentemente de o m•s
ter quantos dias for, o que na pr‡tica, gera algumas injusti•as. Com rela•‹o aos
anos, aplica-se a mesma regra (n‹o importa se o ano Ž bissexto ou n‹o).

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3.2! Fra•›es n‹o comput‡veis de pena


O art. 11 do CP, por sua vez, diz o seguinte:
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos,
as fra•›es de dia, e, na pena de multa, as fra•›es de cruzeiro.

Desta maneira, se o autor do crime Ž condenado a 09 dias de pris‹o,


aumentada de metade (9 + 4,5 = 13,5) a pena ser‡ de 13 dias, desprezando-se
as 12 horas do c‡lculo.
Com rela•‹o ˆ pena de multa, obviamente, hoje se entende como ÒrealÓ e
n‹o como ÒcruzeirosÓ. As fra•›es que n‹o se computam s‹o os centavos. Assim,
ninguŽm pode ser condenado a R$ 125,43. Ser‹o desprezados os centavos.

3.3! Efic‡cia da senten•a estrangeira


Para que uma senten•a penal estrangeira possa produzir seus efeitos no
Brasil devem ser respeitadas as regras estabelecidas no art. 9¼ do CP. Vejamos:
Art. 9¼ - A senten•a estrangeira, quando a aplica•‹o da lei brasileira produz na espŽcie
as mesmas conseqŸ•ncias, pode ser homologada no Brasil para: (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado ˆ repara•‹o do dano, a restitui•›es e a outros efeitos civis;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeit‡-lo a medida de seguran•a. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - A homologa•‹o depende: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da exist•ncia de tratado de extradi•‹o com o pa’s de cuja
autoridade judici‡ria emanou a senten•a, ou, na falta de tratado, de requisi•‹o do
Ministro da Justi•a. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)

Assim, basicamente, podemos dividir os efeitos da senten•a penal


estrangeira em dois:
¥! Obriga•‹o de reparar o dano (bem como restitui•›es e outros
efeitos civis) Ð Deve haver requerimento da parte interessada (em
regra, a v’tima ou seus sucessores).
¥! Sujeitar o infrator ˆ medida de seguran•a Ð Existir tratado de
extradi•‹o entre o Brasil e o Pa’s em que foi proferida a senten•a OU,
caso n‹o exista, deve haver requisi•‹o do Ministro da Justi•a.

E a quem compete a homologa•‹o da senten•a estrangeira para que


produza seus efeitos no Brasil? Compete ao STJ, nos termos do art. 105, I, i
da Constitui•‹o Federal:

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Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justi•a:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
i) a homologa•‹o de senten•as estrangeiras e a concess‹o de exequatur ˆs cartas
rogat—rias;(Inclu’da pela Emenda Constitucional n¼ 45, de 2004)

O STF exige, ainda, que tenha havido o tr‰nsito em julgado da senten•a


penal condenat—ria que ser‡ homologada:
Sœmula 420 do STF
NÌO SE HOMOLOGA SENTEN‚A PROFERIDA NO ESTRANGEIRO SEM PROVA DO
TRåNSITO EM JULGADO.

Esta sœmula Ž, digamos, desnecess‡ria, eis que o art. 788, III do CPP j‡
exige o tr‰nsito em julgado como condi•‹o para a homologa•‹o da senten•a
estrangeira.
Percebam, por fim, que n‹o h‡ possibilidade de homologa•‹o da
senten•a penal estrangeira para fins de cumprimento de PENA. A
aplica•‹o de pena criminal Ž um ato de soberania do Estado e, portanto, entende-
se que n‹o poderia um Estado (no caso, o Brasil), aplicar a pena criminal imposta
em outro pa’s15. Se for o caso, poderia o Brasil proceder ao julgamento do
infrator, no Brasil.

CUIDADO! O art. 63 do CP disp›e que a condena•‹o anterior por crime, no


Brasil ou no estrangeiro, gera reincid•ncia.
Entretanto, para esta finalidade espec’fica n‹o Ž necess‡ria a
homologa•‹o da senten•a penal condenat—ria proferida no estrangeiro.
Basta que haja prova do tr‰nsito em julgado desta senten•a.

3.4! Interpreta•‹o e integra•‹o da lei penal

3.4.1!Interpreta•‹o da lei penal


Interpretar Ž extrair o sentido de alguma coisa. Quando interpretamos
um texto, procuramos entender o que ele pretende nos dizer. A mesma coisa
acontece com o texto da lei.
Assim, quando o operador do Direito se depara com um texto legal, deve
procurar extrair a vontade da lei (mens legis).
S‹o diversos os tipos de interpreta•‹o. Vejamos:

15
Lembrando que Ž poss’vel a celebra•‹o de tratados internacionais de coopera•‹o jur’dico-penal para
transfer•ncia de presos, etc. Assim, as regras do CP se aplicam desde que n‹o haja tratado espec’fico
regulando a matŽria. Para os fins do nosso estudo basta que saibamos isso. N‹o Ž necess‡rio analisar a
exist•ncia de eventuais tratados ou acordos bilateriais internacionais.

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¥! Aut•ntica Ð ƒ aquela realizada pelo pr—prio legislador (tambŽm Ž
chamada de interpreta•‹o legislativa). POR EXEMPLO: O art. 327 nos
d‡ a defini•‹o de funcion‡rio pœblico para fins penais. Trata-se de uma
interpreta•‹o feita pelo pr—prio legislador. A interpreta•‹o aut•ntica,
por ser s— uma interpreta•‹o, aplica-se aos fatos passados, ainda que
mais gravosa ao rŽu! Cuidado com isso! EXEMPLO: Imagine que uma
lei preveja que Ž crime o funcion‡rio pœblico dormir na reparti•‹o.
Assim, v‡rios funcion‡rios est‹o sendo processados por crime.
Posteriormente surge uma lei que diz que funcion‡rio pœblico para fins
penais engloba qualquer pessoa que exer•a fun•‹o no poder pœblico,
inclusive estagi‡rios. Nesse caso, os eventuais estagi‡rios que tenham
dormido no trabalho poder‹o ser processados, porque a previs‹o de
que a conduta era crime j‡ existia, o que n‹o existia era uma lei
interpretando o conceito de funcion‡rio pœblico!
¥! Doutrin‡ria Ð ƒ a interpreta•‹o realizada pelos estudiosos do Direito.
N‹o tem for•a obrigat—ria, ou seja, o operador do Direito n‹o est‡
obrigado a acat‡-la, atŽ porque existem inœmeros doutrinadores. A
exposi•‹o de motivos do C—digo Penal Ž considerada
interpreta•‹o Doutrin‡ria.
¥! Judicial Ð ƒ aquela efetuada pelos membros do Poder Judici‡rio,
atravŽs das decis›es que proferem nos processos que lhe s‹o
submetidos. Via de regra n‹o vincula os operadores do Direito, salvo
em casos excepcionais (no pr—prio caso, em raz‹o da coisa julgada, e
no caso de sœmulas vinculantes editadas pelo STF);
¥! Gramatical Ð TambŽm Ž chamada de literal. ƒ aquela que decorre da
natural an‡lise da lei. ƒ muito simples e prec‡ria;
¥! L—gica (ou teleol—gica) Ð ƒ aquela que busca entender a vontade da
lei. ƒ uma das mais confi‡veis e tŽcnicas. O intŽrprete analisa o
contexto hist—rico em que foi editada, suas tend•ncias, de forma a
avaliar cada dispositivo da lei da forma que mais se aproxime com
aquilo que ela pretende dizer, ainda que n‹o tenha sido t‹o expl’cita;
¥! Declarat—ria Ð Decorre da perfeita sintonia entre o que a lei diz e o
que ela quis dizer. Nada h‡ a ser acrescido ou retirado;
¥! Extensiva Ð Trata-se de uma atividade na qual o intŽrprete estende
o alcance do que diz a lei, em raz‹o de sua vontade ser esta. No crime
de extors‹o mediante sequestro, por exemplo, Ž l—gico que a lei quis
incluir, tambŽm, extors‹o mediante c‡rcere privado. Assim, faz-se
uma interpreta•‹o extensiva, que pode ser aplicada sem que haja
viola•‹o ao princ’pio da legalidade, pois, na verdade, a lei diz isso, s—
que n‹o est‡ expresso em seu texto;
¥! Restritiva Ð Por outro lado, aqui o intŽrprete restringe o alcance do
texto da lei, por ser essa a sua vontade (o texto da lei alcan•a mais
situa•›es do que a lei realmente pretende);
¥! Anal—gica Ð Como o nome diz, decorre da analogia, que Ž o mesmo
que compara•‹o. Assim, essa interpreta•‹o ir‡ existir somente

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naqueles casos em que a lei estabele•a uma f—rmula casu’stica (um
exemplo) e criminalize outras situa•›es id•nticas (f—rmula genŽrica).
Caso cl‡ssico Ž o do art. 121, ¤ 2¡, I, do CP, que diz ser o homic’dio
qualificado quando realizado mediante paga ou promessa de
recompensa (f—rmula casu’stica, exemplo), ou outro motivo torpe
(f—rmula genŽrica, outras hip—teses id•nticas).

3.4.2!Analogia
A analogia, por sua vez, n‹o Ž uma tŽcnica de interpreta•‹o da Lei Penal.
Trata-se de uma tŽcnica integrativa, ou seja, aqui se busca suprir a falta de
uma lei. Lembrem-se disso! N‹o confundir analogia com interpreta•‹o
anal—gica!
Na analogia, por n‹o haver norma que regulamente o caso, o aplicador
do Direito se vale de uma outra norma, parecida, de forma a aplic‡-la ao
caso concreto, a fim de que este n‹o fique sem solu•‹o.
A analogia nunca poder‡ ser usada para prejudicar o rŽu (analogia in
malam partem). Entretanto, Ž poss’vel sua utiliza•‹o em favor do rŽu
(analogia in bonam partem). Ex.: O art. 128, II do CP permite o aborto no caso
de gravidez decorrente de estupro. Entretanto, imaginem que uma mulher
engravidou somente atravŽs de atos libidinosos diversos da conjun•‹o carnal
(sexo anal com ejacula•‹o pr—ximo ˆ vagina). AtŽ 2009 eram crimes diversos,
hoje a conduta passou a tambŽm ser considerado estupro. Assim, nada impedia
que o aplicador do Direito entendesse poss’vel ˆ aplica•‹o do art. 128, II ao caso
dessa mulher, por ser analogia em favor do rŽu (m‹e que comete o aborto), pois
decorrente de situa•‹o extremamente parecida que n‹o possu’a regulamenta•‹o
legal.
Nesse œltimo caso, houve aplica•‹o da analogia in bonam partem,
considerada, ainda, analogia legal, pois se utilizou uma outra norma legal
para suprir a lacuna. Nada impede, porŽm, a analogia jur’dica, que Ž aquela
na qual o operador do Direito se vale de um princ’pio geral do Direito para
suprir a lacuna.

3.5! Conflito aparente de normas penais


Em determinados casos, duas ou mais normas penais, igualmente vigentes,
s‹o aparentemente aplic‡veis ˆ mesma situa•‹o.
O conflito Ž ÒaparenteÓ porque, na verdade, n‹o h‡ conflito efetivo, j‡ que o
sistema, o ordenamento jur’dico Ž um conjunto de normas harm™nicas entre si,
de forma que n‹o pode haver conflito efetivo. O conflito, portanto, ocorre apenas
uma an‡lise superficial, mas quando se faz uma an‡lise mais detida, percebe-se
que somente uma das normas pode ser aplicada.
Vamos, agora, ver quais s‹o os princ’pios (critŽrios) utilizados para
solucionar os conflitos aparentes de normas penais.

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3.5.1!Princ’pio da especialidade
O princ’pio da especialidade deve ser utilizado quando h‡ conflito aparente
entre duas normas, sendo que uma delas, denominada Ònorma especialÓ,
possui todos os elementos da outra (norma geral), acrescida de alguns
caracteres especializantes.
EXEMPLO: JosŽ subtrai, mediante destreza, o celular de Maria. Nesse caso,
temos um conflito aparente entre a norma do art. 155 (furto) e a norma do art.
155, ¤4¼, II do CP (furto qualificado pela destreza).
A princ’pio, qualquer uma das normas poderia ser aplicada, j‡ que a conduta de
JosŽ se amolda a ambas. Todavia, a norma especial (furto qualificado pela
destreza) deve prevalecer sobre a norma geral, a fim de que JosŽ responda
apenas por um crime (de forma a evitar o chamado bis in idem, ou dupla puni•‹o
pelo mesmo fato.

Podemos dizer, portanto, que a norma especial tem o cond‹o de afastar,


nesse caso espec’fico, a aplica•‹o da norma geral (lex specialis derrogat lex
generalis). N‹o tem relev‰ncia o fato de a norma especial prever uma pena mais
branda que a norma geral (ex.: infantic’dio, que Ž norma especial em rela•‹o ao
homic’dio, e possui pena bem mais branda).
Tal princ’pio norteia, inclusive, o art. 12 que diz:
Art. 12 - As regras gerais deste C—digo aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta n‹o dispuser de modo diverso.

Portanto, o C—digo Penal (sua parte geral) Ž aplicado


subsidiariamente aos crimes previstos em lei especial, ou seja, primeiro se
analisa se a lei especial contŽm alguma regulamenta•‹o acerca do tema. Se n‹o
possuir, aplica-se a regulamenta•‹o presente no CP (Princ’pio da conviv•ncia
das esferas aut™nomas).

3.5.2!Princ’pio da subsidiariedade
Aqui n‹o h‡ uma rela•‹o de Òg•nero e espŽcieÓ, como ocorre na
especialidade. Aqui, a rela•‹o entre as normas aparentemente em conflito Ž de
ÒsubsidiariedadeÓ, ou seja, uma Ž mais abrangente que a outra.
EXEMPLO: H‡ subsidiariedade entre as normas dos arts. 163 (crime de dano) e
155, ¤4¼, I do CP (crime de furto qualificado pelo rompimento de obst‡culo).
Nesse caso, aparentemente, o agente deveria responder pelos dois crimes.
Todavia, para evitar o bis in idem, o agente responde apenas pelo crime descrito
na norma prim‡ria (crime de furto qualificado pelo rompimento de obst‡culo),
afastando-se a aplica•‹o da norma subsidi‡ria (crime de dano).

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A norma subsidi‡ria, portanto, atua como uma espŽcie de Òsoldado de
reservaÓ, ou seja, fica l‡, esperando para ser aplicada quando nenhuma outra
norma mais grave (prim‡ria) for aplic‡vel16.
A subsidiariedade pode ser:
⇒! Expressa Ð A norma penal subsidi‡ria j‡ informa que sua aplica•‹o s—
ser‡ cab’vel se n‹o for prevista norma mais grave para o fato. Ex.:
Art. 314 do CP17. Neste caso temos um tipo penal subsidi‡rio, e se a
conduta ali descrita for praticada como etapa ou elemento de outro
crime mais grave, afasta-se a aplica•‹o do art. 314, aplicando-se o
crime mais grave.
⇒! T‡cita Ð Aqui a norma penal n‹o Ž expressamente subsidi‡ria, mas
seu car‡ter subsidi‡rio poder‡ ser aferido no caso concreto. Ex.: Art.
146 do CP (crime de constrangimento ilegal). Tal tipo penal n‹o Ž
expressamente subsidi‡rio, mas como Ž, em muitos casos, uma
ÒparteÓ de crimes mais graves, Ž subsidi‡rio em rela•‹o a estes. Ex.:
Roubo (art. 157) e constrangimento ilegal (art. 146). O crime de roubo
abrange a conduta criminalizada pelo crime de constrangimento ilegal,
de maneira que, neste caso, apesar de o agente ter constrangido a
v’tima, n‹o responder‡ por constrangimento ilegal (norma subsidi‡ria
que fica afastada neste caso), apenas por roubo (norma principal).

Podemos dizer, portanto, que a norma prim‡ria tem o cond‹o de afastar a


aplica•‹o da norma subsidi‡ria (lex primaria derrogat lex subsidiariae).

3.5.3!Princ’pio da consun•‹o (absor•‹o)


Neste caso temos duas normas, mas uma delas ir‡ absorver a outra (lex
consumens derrogat lex consumptae) ou, em outras palavras, um fato criminoso
absorve os demais, respondendo o agente apenas por este, e n‹o pelos demais.
Pode ocorrer em algumas hip—teses:
⇒! Crime progressivo Ð O agente, querendo praticar determinado
crime, necessariamente tem que praticar um crime menos grave. Ex.:
JosŽ, querendo matar Maria, come•a a desferir contra ela golpes com
uma barra ferro, vindo a causar-lhe a morte. Neste caso JosŽ praticou,
em tese, as condutas de les‹o corporal (art. 129) e homic’dio (art. 121
do CP). Todavia, o crime-meio (les‹o corporal) Ž absorvido pelo crime-
fim (homic’dio), respondendo o agente apenas pelo œltimo (que era
sua inten•‹o desde o come•o).

16
Alguns autores, como RogŽrio Greco, entendem que a ideia de subsidiariedade Ž desnecess‡ria, de forma
que o conflito poderia ser perfeitamente revolvido por meio do critŽrio da especialidade.
17
Extravio, sonega•‹o ou inutiliza•‹o de livro ou documento
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em raz‹o do cargo; soneg‡-
lo ou inutiliz‡-lo, total ou parcialmente:
Pena - reclus‹o, de um a quatro anos, se o fato n‹o constitui crime mais grave.

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⇒! Progress‹o criminosa Ð Aqui o agente altera seu dolo, ou seja,
durante a empreitada criminosa o agente altera sua inten•‹o. Ex.: JosŽ
pretende LESIONAR Maria. Para tanto, come•a a desferir contra ela
alguns golpes com uma barra de ferro. Todavia, ap—s consumar a les‹o
corporal, JosŽ acha por bem matar Maria, e d‡ mais alguns golpes, atŽ
mata-la. Neste caso, JosŽ consumou um crime de les‹o corporal (art.
129), e depois deu in’cio a um crime de homic’dio, que tambŽm foi
consumado (art. 121 do CP). Todavia, ante a ocorr•ncia de progress‹o
criminosa, responder‡ apenas pelo homic’dio (que absorve a les‹o
corporal). ƒ importante destacar que a progress‹o criminosa s— se
verifica se o agente altera seu dolo no mesmo contexto f‡tico (se, por
exemplo, ele agride, vai pra casa, e uma semana depois resolve matar
a v’tima, responde tanto pela les‹o corporal quanto pelo homic’dio).
⇒! Antefato impun’vel (antefactum impun’vel) Ð Aqui o agente
pratica fatos que est‹o na mesma linha causal do crime principal, mas
responde apenas pelo crime principal, pois se considera que estes fatos
anteriores s‹o impun’veis. Ex.: Agente que invade uma casa para
furtar. Neste caso, a invas‹o de domic’lio Ž considerada um antefato
impun’vel.
⇒! P—s-fato impun’vel (postfactum impun’vel) Ð Aqui o agente
pratica fatos que, isoladamente considerados, s‹o considerados
criminosos. Todavia, por serem considerados como desdobramento
natural ou exaurimento do crime praticado, n‹o s‹o pun’veis. Ex.: JosŽ
furta um celular e, dois dias depois, quebra o celular, porque n‹o
funciona. A rigor, JosŽ praticou duas condutas (furto, art. 155 do CP e
dano, art. 163 do CP). Todavia, o crime de dano, nessas
circunst‰ncias, n‹o Ž pun’vel, pois Ž considerado mero exaurimento do
crime de furto.

ƒ importante ressaltar que parte da Doutrina18 entende que nas hip—teses


de antefato e p—s-fato impun’vel n‹o haveria, propriamente, conflito aparente de
normas, pois seriam duas condutas criminosas, cada uma regida por uma norma,
mas que, por raz›es de pol’tica criminal, apenas uma delas Ž pun’vel.

3.5.4!Princ’pio da alternatividade
Trata-se de um princ’pio que n‹o Ž citado por todos os Doutrinadores, mas
que possui alguns adeptos. Este princ’pio seria aplic‡vel nas hip—teses em que
uma mesma norma penal descreve diversas condutas que s‹o criminalizadas,
sendo que a pr‡tica de qualquer uma delas j‡ consuma o delito (n‹o Ž necess‡rio
praticar todas), mas a pr‡tica de mais de uma das condutas, no mesmo contexto
f‡tico, n‹o configura mais de um crime (chamados de Òtipos mistos alternativosÓ).

18
Por exemplo, Cezar Roberto Bitencourt.

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EXEMPLO: Temos, como exemplo, o crime do art. 213 do CP:
Estupro
Art. 213. Constranger alguŽm, mediante viol•ncia ou grave amea•a, a ter conjun•‹o carnal
ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 12.015, de 2009)
Pena - reclus‹o, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 12.015, de 2009)

O agente que, numa mesma empreitada criminosa, constranger a v’tima ˆ


conjun•‹o carnal (sexo vag’nico) e ˆ pr‡tica de sexo oral (ato libidinoso diverso
da conjun•‹o carnal), por exemplo, responder‡ por apenas um delito de estupro,
e n‹o por dois crimes de estupro.

4! DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES


Ä Art. 1¡ a 4¼ do CP - Lei penal no tempo:
Art. 1¼ - N‹o h‡ crime sem lei anterior que o defina. N‹o h‡ pena sem prŽvia
comina•‹o legal. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Lei penal no tempo
Art. 2¼ - NinguŽm pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execu•‹o e os efeitos penais da senten•a condenat—ria.
(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por senten•a condenat—ria transitada em
julgado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Lei excepcional ou tempor‡ria (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 3¼ - A lei excepcional ou tempor‡ria, embora decorrido o per’odo de sua dura•‹o
ou cessadas as circunst‰ncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vig•ncia. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Tempo do crime
Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou omiss‹o, ainda que
outro seja o momento do resultado.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)

Ä Art. 5¡ a 7¼ do CP - Lei penal no espa•o:


Territorialidade
Art. 5¼ - Aplica-se a lei brasileira, sem preju’zo de conven•›es, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no territ—rio nacional. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 1984)
¤ 1¼ - Para os efeitos penais, consideram-se como extens‹o do territ—rio nacional as
embarca•›es e aeronaves brasileiras, de natureza pœblica ou a servi•o do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarca•›es
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espa•o aŽreo correspondente ou em alto-mar. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
1984)
¤ 2¼ - ƒ tambŽm aplic‡vel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarca•›es estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso
no territ—rio nacional ou em v™o no espa•o aŽreo correspondente, e estas em porto
ou mar territorial do Brasil.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)

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Teoria e quest›es
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Lugar do crime (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Art. 6¼ - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a a•‹o ou omiss‹o,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Extraterritorialidade (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repœblica; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 1984)
b) contra o patrim™nio ou a fŽ pœblica da Uni‹o, do Distrito Federal, de Estado, de
Territ—rio, de Munic’pio, de empresa pœblica, sociedade de economia mista, autarquia
ou funda•‹o institu’da pelo Poder Pœblico; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
c) contra a administra•‹o pœblica, por quem est‡ a seu servi•o; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 1984)
d) de genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 1984)
II - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 1984)
b) praticados por brasileiro; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
c) praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam julgados. (Inclu’do pela Lei
n¼ 7.209, de 1984)
¤ 1¼ - Nos casos do inciso I, o agente Ž punido segundo a lei brasileira, ainda que
absolvido ou condenado no estrangeiro.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
a) entrar o agente no territ—rio nacional; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
b) ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 1984)
c) estar o crime inclu’do entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradi•‹o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
d) n‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido a pena;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
e) n‹o ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, n‹o estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favor‡vel. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de
1984)
¤ 3¼ - A lei brasileira aplica-se tambŽm ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condi•›es previstas no par‡grafo anterior:
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
a) n‹o foi pedida ou foi negada a extradi•‹o; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
b) houve requisi•‹o do Ministro da Justi•a. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)

Ä Art. 8¡ a 12 do CP - Disposi•›es preliminares do CPP:

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Pena cumprida no estrangeiro (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 8¼ - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela Ž computada, quando id•nticas. (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Efic‡cia de senten•a estrangeira(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 9¼ - A senten•a estrangeira, quando a aplica•‹o da lei brasileira produz na espŽcie
as mesmas conseqŸ•ncias, pode ser homologada no Brasil para: (Reda•‹o dada pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
I - obrigar o condenado ˆ repara•‹o do dano, a restitui•›es e a outros efeitos civis;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeit‡-lo a medida de seguran•a.(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Par‡grafo œnico - A homologa•‹o depende: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Inclu’do pela
Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
b) para os outros efeitos, da exist•ncia de tratado de extradi•‹o com o pa’s de cuja
autoridade judici‡ria emanou a senten•a, ou, na falta de tratado, de requisi•‹o do
Ministro da Justi•a. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Contagem de prazo(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 10 - O dia do come•o inclui-se no c™mputo do prazo. Contam-se os dias, os meses
e os anos pelo calend‡rio comum. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Fra•›es n‹o comput‡veis da pena(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos,
as fra•›es de dia, e, na pena de multa, as fra•›es de cruzeiro. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Legisla•‹o especial (Inclu’da pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Art. 12 - As regras gerais deste C—digo aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta n‹o dispuser de modo diverso. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)

5! SòMULAS PERTINENTES
5.1! Sœmulas do STF
ÄSœmula n¼ 611 do STF Ð Uma vez ocorrido o tr‰nsito em julgado, caso haja
superveni•ncia de lei mais benŽfica, sua aplica•‹o compete ao Ju’zo da Execu•‹o
Penal:
SòMULA N¼ 611
Transitada em julgado a senten•a condenat—ria, compete ao Ju’zo das execu•›es a
aplica•‹o da lei mais benigna.

ÄSœmula n¼ 711 do STF Ð Em se tratando de crime continuado ou permanente,


deve ser aplicada a lei penal mais grave se esta tiver entrado em vigor antes da
cessa•‹o da continuidade ou da perman•ncia. N‹o h‡, aqui, retroatividade da lei
mais grave, pois ela entrou em vigor DURANTE a pr‡tica criminosa:

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Sœmula 711
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA CONTINUIDADE OU
DA PERMANæNCIA.

ÄSœmula n¼ 420 do STF - O STF exige que tenha havido o tr‰nsito em julgado
da senten•a penal condenat—ria para que possa ser realizada a homologa•‹o:
Sœmula 420 do STF
NÌO SE HOMOLOGA SENTEN‚A PROFERIDA NO ESTRANGEIRO SEM PROVA DO
TRåNSITO EM JULGADO.

ÄSœmula n¼ 04 do STF (CANCELADA) Ð O parlamentar afastado para exercer


cargo de Ministro ou Secret‡rio de Estado NÌO mantŽm as imunidades (INQ
725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.5.2002.(INQ-725) Ð Informativo 267 do STF).
A revogada a sœmula 04 do STF assim dispunha:
SòMULA 4
N‹o perde a imunidade parlamentar o congressista nomeado Ministro de Estado.
(Cancelada)

5.2! Sœmulas do STJ


ÄSœmula n¼ 501 do STJ - O STJ, ao analisar o conflito intertemporal de leis
relativas ao tr‡fico de drogas, firmou entendimento pela IMPOSSIBILIDADE de
combina•‹o de leis (ado•‹o da teoria da pondera•‹o unit‡ria):
SòMULA N¼ 501
ƒ cab’vel a aplica•‹o retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da
incid•ncia das suas disposi•›es, na ’ntegra, seja mais favor‡vel ao rŽu do que o
advindo da aplica•‹o da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combina•‹o de leis.

6! RESUMO
INFRA‚ÌO PENAL
Conceito - A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um
bem jur’dico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja
ela de reclus‹o, deten•‹o, pris‹o simples ou multa.
EspŽcies
§! Crime - Infra•‹o penal a que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o,
isoladamente, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa
(conceito formal de crime).
§! Contraven•‹o - Infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de
pris‹o simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
OBS.: Crime (conceito anal’tico) Ð ado•‹o da teoria tripartida: fato t’pico,
ilicitude e culpabilidade.

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Principais diferen•as entre crime e contraven•‹o:


CRIMES CONTRAVEN‚ÍES
Admitem tentativa (art. N‹o se admite puni•‹o de contraven•‹o na
14, II). modalidade tentada. Ou se pratica a
contraven•‹o consumada ou se trata de um
indiferente penal
Se cometido crime, tanto A pr‡tica de contraven•‹o no exterior n‹o
no Brasil quanto no gera efeitos penais, inclusive para fins de
estrangeiro, e vier o reincid•ncia. S— h‡ efeitos penais em rela•‹o ˆ
agente a cometer contraven•‹o praticada no Brasil!
contraven•‹o, haver‡
reincid•ncia.
Tempo m‡ximo de Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 05
cumprimento de pena: 30 anos.
anos.
Aplicam-se as hip—teses N‹o se aplicam as hip—teses de
de extraterritorialidade extraterritorialidade do art. 7¡ do C—digo
Penal.

APLICA‚ÌO DA LEI PENAL


LEI PENAL NO TEMPO
REGRA Ð Princ’pio da atividade: lei Ž aplicada aos fatos praticados durante
sua vig•ncia.
EXCE‚ÌO: Extra-atividade da Lei penal benŽfica. Duas formas:
§! RETROATIVIDADE da Lei penal benŽfica Ð Lei nova mais benŽfica
retroage, de forma que ser‡ aplicada aos fatos criminosos praticados antes
de sua entrada em vigor.
§! ULTRA-ATIVIDADE da Lei penal benŽfica Ð Lei mais benŽfica, quando
revogada, continua a reger os fatos praticados durante sua vig•ncia.

Abolitio criminis Ð Lei nova passa a n‹o mais considerar a conduta como
criminosa (descriminaliza•‹o da conduta).
Continuidade t’pico-normativa - Em alguns casos, embora a lei nova revogue
um determinado artigo que previa um tipo penal, a conduta pode continuar sendo
considerada crime (n‹o h‡ abolitio criminis):
§! Quando a Lei nova simultaneamente insere esse fato dentro de outro tipo
penal.
§! Quando, mesmo revogado o tipo penal, a conduta est‡ prevista como crime
em outro tipo penal.
OBS.: Faz cessar a pena e os efeitos penais da condena•‹o.

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Lei posterior que traz benef’cios e preju’zos ao rŽu - Prevalece o


entendimento de que n‹o Ž poss’vel combinar as duas Leis. Deve ser aplicada a
Lei que, no todo, seja mais benŽfica (teoria da pondera•‹o unit‡ria).

Compet•ncia para a aplica•‹o da Lei nova mais benŽfica


¥! Processo ainda em curso Ð Compete ao Ju’zo que est‡ conduzindo
o processo
¥! Processo j‡ transitado em julgado Ð Compete ao Ju’zo da execu•‹o
penal (enunciado n¼ 611 da sœmula do STF)

Leis excepcionais e tempor‡rias - Continuam a reger os fatos praticados


durante sua vig•ncia, mesmo ap—s expirado o prazo de vig•ncia ou mesmo ap—s
o fim das circunst‰ncias que determinaram a edi•‹o da lei.
OBS.: Se houver superveni•ncia de lei abolitiva expressamente revogando a
criminaliza•‹o prevista na lei tempor‡ria ou excepcional, ela n‹o mais
produzir‡ efeitos.

Tempo do crime Ð Considera-se praticado o delito no momento conduta (a•‹o


ou omiss‹o), ainda que outro seja o momento do resultado (ado•‹o da teoria da
ATIVIDADE).

Crimes continuados e permanentes Ð Consideram-se como sendo praticados


enquanto n‹o cessa a continuidade ou perman•ncia. Consequ•ncia: se neste
per’odo (em que o crime est‡ sendo praticado) sobrevier lei nova, mais grave,
ela ser‡ aplicada (sœmula 711 do STF).

LEI PENAL NO ESPA‚O


REGRA Ð Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no territ—rio nacional
(princ’pio da territorialidade mitigada ou temperada, pois h‡ exce•›es).
Territ—rio nacional - Espa•o em que o Estado exerce sua soberania
pol’tica. O territ—rio brasileiro compreende:
¥! O Mar territorial;
¥! O espa•o aŽreo (Teoria da absoluta soberania do pa’s subjacente);
¥! O subsolo
Territ—rio nacional por extens‹o
¥! Os navios e aeronaves pœblicos, onde quer que se encontrem
¥! Os navios e aeronaves particulares, que se encontrem em alto-
mar ou no espa•o aŽreo

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EXTRATERRITORIALIDADE Ð Aplica•‹o da lei penal brasileira a um crime
praticado fora do territ—rio nacional.
Extraterritorialidade INCONDICIONADA - Aplica-se aos crimes cometidos:
§! Contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repœblica
§! Contra o patrim™nio ou a fŽ pœblica da Uni‹o, do Distrito Federal, de Estado,
de Territ—rio, de Munic’pio, de empresa pœblica, sociedade de economia
mista, autarquia ou funda•‹o institu’da pelo Poder Pœblico
§! Contra a administra•‹o pœblica, por quem est‡ a seu servi•o
§! De genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil

OBS.: Estas hip—teses dispensam outras condi•›es, bastando que tenha sido o
crime cometido contra estes bens jur’dicos.
OBS.2: Ser‡ aplicada a lei brasileira ainda que o agente j‡ tenha sido condenado
ou absolvido no exterior.
OBS.3: Caso tenha sido o agente condenado no exterior, a pena cumprida no
exterior ser‡ abatida na pena a ser cumprida no Brasil (DETRA‚ÌO PENAL).

EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA - Aplica-se aos crimes:


§! Que por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir
§! Praticados por brasileiro
§! Praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam
julgados
Condi•›es:
ü! Entrar o agente no territ—rio nacional
ü! Ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado
ü! Estar o crime inclu’do entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradi•‹o
ü! N‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido a
pena
ü! N‹o ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, n‹o
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favor‡vel

EXTRATERRITORIALIDADE HIPER-CONDICIONADA - òNICA HIPîTESE:


Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil.
(hiper) Condi•›es:
Mesmas condi•›es da extraterritorialidade condicionada
+
N‹o ter sido pedida ou ter sido negada a extradi•‹o
Haver requisi•‹o do MJ

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Lugar do crime - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
conduta (a•‹o ou omiss‹o), bem como onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado (ado•‹o da teoria da UBIQUIDADE).

APLICA‚ÌO DA LEI PENAL EM RELA‚ÌO ËS PESSOAS


SUJEITO ATIVO
ƒ a pessoa que, de alguma forma, participa do crime (como autor ou como
part’cipe). ƒ a pessoa que pratica a infra•‹o penal.
OBS.: Pessoa Jur’dica pode ser sujeito ativo de crimes (atualmente,
somente de crimes ambientais). Adotava-se a teoria da dupla imputa•‹o
(necessidade de processar, concomitantemente, a pessoa f’sica respons‡vel pelo
ato). STF e STJ abandonaram esta teoria.

Imunidades Ð Regras espec’ficas de (n‹o) aplica•‹o da lei penal a determinadas


pessoas, em determinadas circunst‰ncias.

Imunidades diplom‡ticas Ð Se baseiam no princ’pio da reciprocidade.


Conferidas em raz‹o do CARGO, n‹o da pessoa. Previstas na Conven•‹o de Viena,
incorporada ao nosso ordenamento jur’dico atravŽs do Decreto 56.435/65.
Imunidade TOTAL aos Diplomatas, sendo estendida aos funcion‡rios dos
—rg‹os internacionais (quando em servi•o) e aos seus familiares, bem como aos
Chefes de Governo e Ministros das Rela•›es Exteriores de outros pa’ses. Est‹o
sujeitos ˆ Jurisdi•‹o de seu pa’s apenas. Irrenunci‡vel. OBS.: Com rela•‹o aos
c™nsules a imunidade s— Ž conferida aos atos praticados em raz‹o do
of’cio.

Imunidades parlamentares - Prerrogativas dos parlamentares, garantias


conferidas para que possam desempenhar suas fun•›es de forma livre. S‹o
irrenunci‡veis. Duas espŽcies:
Imunidade material - Deputados e Senadores s‹o inviol‡veis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opini›es, palavras e votos. N‹o Ž necess‡rio
que o parlamentar tenha proferido as palavras dentro do recinto (Congresso,
Assembleia Legislativa, etc.), bastando que tenha rela•‹o com sua fun•‹o.
OBS.: A imunidade material dos vereadores s— abrange os atos praticados na
circunscri•‹o do munic’pio.

Imunidade formal - N‹o est‡ relacionada ˆ caracteriza•‹o ou n‹o de uma


conduta como crime. Est‡ relacionada a quest›es processuais. S‹o duas
espŽcies:
§! Imunidade formal para a pris‹o Ð ÒDesde a expedi•‹o do diploma, os
membros do Congresso Nacional n‹o poder‹o ser presos, salvo em
flagrante de crime inafian•‡velÓ. Os autos da pris‹o devem ser remetidos
dentro de 24h ˆ A Casa respectiva (Senado ou C‰mara), pelo voto da

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maioria de seus membros, dever‡ resolver sobre a pris‹o. OBS.: Tal
imunidade n‹o impede: (1) pris‹o em flagrante de crime inafian•‡vel; (2)
pris‹o decorrente de condena•‹o definitiva.

§! Imunidade formal para o processo Ð Possibilidade de a Casa respectiva


(Senado ou C‰mara) sustar o andamento de a•‹o penal contra um de seus
membros (Senadores ou deputados federais), relativa a crime praticado
APîS a diploma•‹o. T—picos importantes:
§! Iniciativa de partido pol’tico com representa•‹o na Casa
§! Voto da maioria absoluta dos membros
§! Caso o processo seja suspenso, suspende-se tambŽm a
prescri•‹o

As imunidades s‹o aplic‡veis aos parlamentares estaduais (Deputados


estaduais).
Aos parlamentares municipais (vereadores) s— se aplicam as imunidades
materiais!
As imunidades n‹o abrangem os suplentes.
OBS.: Parlamentar afastado para exercer cargo de Ministro ou Secret‡rio de
Estado NÌO mantŽm as imunidades (INQ 725-RJ, rel. Ministra Ellen Gracie,
8.5.2002 Ð Informativo 267 do STF).

SUJEITO PASSIVO
ƒ quem sofre a ofensa causada pela infra•‹o penal. Pode ser de duas espŽcies:
§! Sujeito passivo mediato ou formal Ð ƒ SEMPRE o Estado, pois a ele
pertence o dever de manter a ordem pœblica e punir aqueles que cometem
crimes.
§! Sujeito passivo imediato ou material Ð ƒ o titular do bem jur’dico
efetivamente lesado (Ex.: No furto, o dono da coisa furtada).
OBS.: O Estado tambŽm pode ser sujeito passivo imediato (Ex.: crimes contra o
patrim™nio pœblico).

T—picos importantes
§! Pessoa jur’dica pode ser sujeito passivo
§! Mortos n‹o podem ser sujeitos passivos (pois n‹o s‹o sujeitos de direitos)
§! Animais n‹o podem ser sujeitos passivos (pois n‹o s‹o sujeitos de direitos)
OBS.: Crime ambiental (ex.: maus-tratos a animais): sujeito passivo Ž a
coletividade.
OBS.: NinguŽm pode ser sujeito ativo e passivo do MESMO crime. Parte
da Doutrina entende que isso Ž poss’vel no crime de rixa, mas isso n‹o Ž posi•‹o
un‰nime

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DISPOSI‚ÍES PRELIMINARES DO CP
Contagem de prazos Ð Inclui-se o dia do come•o. As fra•›es de dia (do dia do
come•o) s‹o computadas como dia inteiro. Ex.: Come•ou a correr o prazo no dia
10.01.15 ˆs 22h. O dia 10.01.15 Ž contado como dia inteiro.
Fra•›es n‹o comput‡veis de pena Ð As fra•›es de dia (horas e minutos) s‹o
desprezadas (arredonda-se para baixo). Ex.: 15 dias e 12 horas viram 15 dias.
Desprezam-se as fra•›es monet‡rias na pena de multa (centavos).
Aplica•‹o subsidi‡ria do CP Ð Regras gerais do CP se aplicam aos crimes
regidos por Lei especial, naquilo que com elas n‹o conflitar.

EFICçCIA DA SENTEN‚A ESTRANGEIRA


A senten•a estrangeira, para produzir efeitos no Brasil, precisa ser homologada.
O regramento varia de acordo com o efeito pretendido:
¥! Obriga•‹o de reparar o dano (bem como restitui•›es e outros
efeitos civis) Ð Deve haver requerimento da parte interessada (em
regra, a v’tima ou seus sucessores).
¥! Sujeitar o infrator ˆ medida de seguran•a Ð Existir tratado de
extradi•‹o entre o Brasil e o Pa’s em que foi proferida a senten•a OU,
caso n‹o exista, deve haver requisi•‹o do Ministro da Justi•a.

Compet•ncia para homologa•‹o Ð STJ


OBS.: N‹o h‡ possibilidade de homologa•‹o da senten•a penal estrangeira para
fins de cumprimento de PENA. A aplica•‹o de pena criminal Ž um ato de soberania
do Estado.

INTERPRETA‚ÌO E INTEGRA‚ÌO DA LEI PENAL


Interpreta•‹o da Lei penal
Aut•ntica Ð ƒ aquela realizada pelo pr—prio legislador (tambŽm Ž chamada de
interpreta•‹o legislativa).
Doutrin‡ria Ð ƒ a interpreta•‹o realizada pelos estudiosos do Direito.
Judicial Ð ƒ aquela efetuada pelos membros do Poder Judici‡rio, atravŽs das
decis›es que proferem nos processos que lhe s‹o submetidos.
Gramatical Ð TambŽm Ž chamada de literal. ƒ aquela que decorre da natural
an‡lise da lei.
L—gica (ou teleol—gica) Ð ƒ aquela que busca entender a vontade da lei. ƒ uma
das mais confi‡veis e tŽcnicas.
Declarat—ria Ð Decorre da perfeita sintonia entre o que a lei diz e o que ela quis
dizer.
Extensiva Ð Trata-se de uma atividade na qual o intŽrprete estende o alcance
do que diz a lei, em raz‹o de sua vontade ser esta.

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Teoria e quest›es
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Restritiva Ð Por outro lado, aqui o intŽrprete restringe o alcance do texto da lei,
por ser essa a sua vontade
Anal—gica Ð Como o nome diz, decorre da analogia, que Ž o mesmo que
compara•‹o. Assim, essa interpreta•‹o ir‡ existir somente naqueles casos em
que a lei estabele•a uma f—rmula casu’stica (um exemplo) e criminalize outras
situa•›es id•nticas (f—rmula genŽrica).

Integra•‹o da Lei penal


Analogia - A analogia n‹o Ž uma tŽcnica de interpreta•‹o da Lei Penal. Trata-
se de uma tŽcnica integrativa, ou seja, aqui se busca suprir a falta de uma lei.
N‹o confundir analogia com interpreta•‹o anal—gica! Na analogia, por n‹o
haver norma que regulamente o caso, o aplicador do Direito se vale de uma outra
norma, parecida, de forma a aplic‡-la ao caso concreto, a fim de que este n‹o
fique sem solu•‹o.
N‹o se admite a analogia prejudicial ao rŽu (analogia in malam partem).

CONFLITO APARENTE DE NORMAS PENAIS


Especialidade - O princ’pio da especialidade deve ser utilizado quando h‡
conflito aparente entre duas normas, sendo que uma delas, denominada Ònorma
especialÓ, possui todos os elementos da outra (norma geral), acrescida
de alguns caracteres especializantes.
OBS.: N‹o tem relev‰ncia o fato de a norma especial prever uma pena mais
branda que a norma geral (ex.: infantic’dio, que Ž norma especial em rela•‹o ao
homic’dio, e possui pena bem mais branda).

Subsidiariedade - Aqui n‹o h‡ uma rela•‹o de Òg•nero e espŽcieÓ, como ocorre


na especialidade. Aqui, a rela•‹o entre as normas aparentemente em conflito Ž
de ÒsubsidiariedadeÓ, ou seja, uma Ž mais abrangente que a outra. A norma
subsidi‡ria, portanto, atua como uma espŽcie de Òsoldado de reservaÓ, ou seja,
fica l‡, esperando para ser aplicada quando nenhuma outra norma mais grave
(prim‡ria) for aplic‡vel. A subsidiariedade pode ser:
⇒! Expressa Ð A norma penal subsidi‡ria j‡ informa que sua aplica•‹o s—
ser‡ cab’vel se n‹o for prevista norma mais grave para o fato.
⇒! T‡cita Ð Aqui a norma penal n‹o Ž expressamente subsidi‡ria, mas
seu car‡ter subsidi‡rio poder‡ ser aferido no caso concreto.

Consun•‹o (absor•‹o) - Pode ocorrer em algumas hip—teses:


⇒! Crime progressivo Ð O agente, querendo praticar determinado
crime, necessariamente tem que praticar um crime menos grave.
⇒! Progress‹o criminosa Ð Aqui o agente altera seu dolo, ou seja,
durante a empreitada criminosa o agente altera sua inten•‹o.
⇒! Antefato impun’vel (antefactum impun’vel) Ð Aqui o agente
pratica fatos que est‹o na mesma linha causal do crime principal, mas

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responde apenas pelo crime principal, pois se considera que estes fatos
anteriores s‹o impun’veis.
⇒! P—s-fato impun’vel (postfactum impun’vel) Ð Aqui o agente
pratica fatos que, isoladamente considerados, s‹o considerados
criminosos. Todavia, por serem considerados como desdobramento
natural ou exaurimento do crime praticado, n‹o s‹o pun’veis.

Alternatividade - Seria aplic‡vel nas hip—teses em que uma mesma norma


penal descreve diversas condutas que s‹o criminalizadas, sendo que a pr‡tica de
qualquer uma delas j‡ consuma o delito (n‹o Ž necess‡rio praticar todas), mas a
pr‡tica de mais de uma das condutas, no mesmo contexto f‡tico, n‹o configura
mais de um crime (chamados de Òtipos mistos alternativosÓ).
_____________
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo

7! EXERCêCIOS DA AULA

01.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


Em raz‹o do princ’pio da legalidade, a analogia n‹o pode ser usada em matŽria
penal.

02.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime tanto no
momento da conduta quanto no da produ•‹o do resultado.

03.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


A lei material penal ter‡ vig•ncia imediata quando for editada por meio de medida
provis—ria, impactando diretamente a condena•‹o do rŽu se a denœncia j‡ tiver
sido recebida.

04.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Considerando os princ’pios informativos da retroatividade e ultratividade da lei
penal, a lei nova mais benŽfica ser‡ aplicada mesmo quando a a•‹o penal tiver
sido iniciada antes da sua vig•ncia.

05.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)

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A novatio legis in mellius s— poder‡ ser aplicada ao rŽu condenado antes do
tr‰nsito em julgado da senten•a, pois somente o juiz ou tribunal processante
poder‡ reconhec•-la e aplic‡-la.

06.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Ainda que se trate de crime permanente, a novatio legis in pejus n‹o poder‡ ser
aplicada se efetivamente agravar a situa•‹o do rŽu.

07.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da anterioridade, no direito penal, informa que ninguŽm ser‡ punido
sem lei anterior que defina a conduta como crime e que a pena tambŽm deve ser
prevista previamente, ou seja, a lei nunca poder‡ retroagir.

08.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


ƒ poss’vel que uma lei penal mais benigna alcance condutas anteriores ˆ sua
vig•ncia, seja para possibilitar a aplica•‹o de pena menos severa, seja para
contemplar situa•‹o em que a conduta tipificada passe a n‹o mais ser crime.

09.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
De acordo com o princ’pio da nacionalidade, Ž poss’vel a aplica•‹o da lei penal
brasileira a fato criminoso lesivo a interesse nacional ocorrido no exterior.

10.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
A aplica•‹o da lei penal brasileira a cidad‹o brasileiro que cometa crime no
exterior Ž poss’vel, de acordo com o princ’pio da defesa.

11.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
De acordo com o princ’pio da representa•‹o, a lei penal brasileira poder‡ ser
aplicada a delitos cometidos em aeronaves ou embarca•›es brasileiras privadas,
quando estes delitos ocorrerem no estrangeiro e a’ n‹o forem julgados.

12.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
De acordo com o princ’pio da justi•a penal universal, a aplica•‹o da lei penal
brasileira Ž poss’vel independentemente da nacionalidade do delinquente e do
local da pr‡tica do crime, se este estiver previsto em conven•‹o ou tratado
celebrado pelo Brasil.

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13.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS
CARGOS - ADAPTADA)
Segundo o princ’pio da territorialidade, a lei penal brasileira poder‡ ser aplicada
no exterior quando o sujeito ativo do crime praticado for brasileiro.

14.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Para a responsabiliza•‹o penal da pessoa jur’dica nos crimes contra o meio
ambiente, Ž imprescind’vel a imputa•‹o concomitante da pessoa f’sica que agiu
em nome da empresa ou em seu benef’cio, porque a culpa e o dolo somente
podem ser atribu’dos ˆ pessoa f’sica.

15.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


No C—digo Penal brasileiro, adota-se, com rela•‹o ao tempo do crime, a teoria da
ubiquidade.

16.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


A lei penal brasileira aplica-se ao crime perpetrado no interior de navio de guerra
de pavilh‹o p‡trio, ainda que em mar territorial estrangeiro, dado o princ’pio da
territorialidade.

17.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Segundo a doutrina majorit‡ria, os costumes e os princ’pios gerais do direito s‹o
fontes formais imediatas do direito penal.

18.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Dado o princ’pio da legalidade estrita, Ž proibido o uso de analogia em direito
penal.

19.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Embora o princ’pio da legalidade pro’ba o juiz de criar figura t’pica n‹o prevista
na lei, por analogia ou interpreta•‹o extensiva, o julgador pode, para beneficio
do rŽu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal para encontrar pena mais
proporcional ao caso concreto.

20.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-SC Ð AUDITOR FISCAL DE CONTROLE


EXTERNO)
No C—digo Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme a qual o
lugar do crime Ž o da ac!‹o ou da omiss‹o, bem como o lugar onde se produziu
ou deveria produzir-se o resultado.

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21.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR
LEGISLATIVO Ð çREA III)
Em rela•‹o ˆ aplica•‹o da lei penal no tempo e no espa•o, no C—digo Penal
adotaram-se, respectivamente, as teorias da atividade e da ubiquidade.

22.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE - ANALISTA)


Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplica•‹o de penas.
Na hip—tese de crime continuado ou permanente, deve ser aplicada a lei penal
mais grave se esta tiver entrado em vigor antes da cessa•‹o da continuidade ou
da perman•ncia.

23.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no espa•o e
no tempo, assinale a op•‹o correta.
A lei penal, depois de revogada, n‹o pode continuar a regular fatos ocorridos
durante a sua vig•ncia ou retroagir para alcan•ar os que tenham ocorrido
anteriormente ˆ sua entrada em vigor.

24.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no espa•o e
no tempo, assinale a op•‹o correta.
No C—digo Penal (CP), Ž adotada a teoria da ubiquidade, segundo a qual tanto o
momento da a•‹o quanto o do resultado s‹o relevantes para a defini•‹o do
momento do crime.

25.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no espa•o e
no tempo, assinale a op•‹o correta.
Em se tratando de crime continuado ou de crime permanente, ser‡ aplicada a lei
penal mais benŽfica caso surja lei penal mais grave antes da cessa•‹o da
continuidade ou perman•ncia da conduta criminosa.

26.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PI Ð TITULAR NOTARIAL)


Tœlio sequestrou Caio com o intuito de obter vantagem pecuni‡ria por meio da
exig•ncia de resgate. Durante o per’odo em que a v’tima permaneceu presa no
cativeiro, entrou em vigor uma nova lei penal que agravou a pena referente ao
crime de extors‹o mediante sequestro. Alguns meses depois, a v’tima foi solta
em virtude do pagamento do resgate.
Com base nessa situa•‹o hipotŽtica e na jurisprud•ncia firmada pelos tribunais
superiores, assinale a op•‹o correta.

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a) Se Tœlio for condenado por extors‹o mediante sequestro, deve ser aplicada a
nova lei penal mais gravosa.
b) Se Tœlio for condenado por extors‹o mediante sequestro, n‹o se deve aplicar
a nova lei penal mais gravosa, em raz‹o do princ’pio da irretroatividade da lei
penal mais severa.
c) Se Tœlio for condenado por extors‹o mediante sequestro, aplica-se uma
combina•‹o da lei antiga com a lei nova, para que sejam determinadas as
disposi•›es mais favor‡veis das duas leis.
d) O crime de extors‹o mediante sequestro consumou-se com o pagamento do
resgate.
e) O crime de extors‹o mediante sequestro consumou-se com a exig•ncia do
resgate.

27.! (CESPE Ð 2014 Ð POLêCIA FEDERAL Ð AGENTE)


Sob a vig•ncia da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a
lei Y, que, alŽm de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro
foi levado a julgamento pelo cometimento do citado delito. Nessa situa•‹o, o
magistrado ter‡ de se fundamentar no instituto da retroatividade em benef’cio
do rŽu para aplicar a lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y.

28.! (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA


JUDICIçRIA)
No que concerne ˆ lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime imposs’vel, julgue os itens a seguir.
A revoga•‹o expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio criminis,
ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal, criado pela norma
revogadora.

29.! (CESPE Ð 2014 Ð TJDFT Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


Em caso de omiss‹o legal, o uso de analogia n‹o Ž admitido em direito penal,
ainda que seja para favorecer o rŽu.

30.! (CESPE Ð 2014 Ð TJDFT Ð JUIZ Ð ADAPTADA)


Dado o princ’pio da extraterritorialidade incondicionada, estar‡ sujeito ˆ
jurisdi•‹o brasileira aquele que praticar, a bordo de navio a servi•o do governo
brasileiro em ‡guas territoriais argentinas, crime contra o patrim™nio da Uni‹o.

31.! (CESPE Ð 2014 Ð TJDFT Ð JUIZ Ð ADAPTADA)


Caso, a bordo de embarca•‹o privada, em alto-mar, de propriedade de uma
organiza•‹o n‹o governamental que ostente bandeira de pa’s onde o aborto seja
legalizado, um mŽdico brasileiro provoque aborto em uma gestante brasileira,

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com seu consentimento, ambos responder‹o pelo crime de aborto previsto na lei
penal brasileira.

32.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue os
itens seguintes.
N‹o retroage a lei penal que alterou o prazo prescricional de dois anos para tr•s
anos dos crimes punidos com pena m‡xima inferior a um ano.

33.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue os
itens seguintes.
O instituto da abolitio criminis refere-se ˆ supress‹o da conduta criminosa nos
aspectos formal e material, enquanto o princ’pio da continuidade normativo-t’pica
refere-se apenas ˆ supress‹o formal.

34.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue os
itens seguintes.
No C—digo Penal, a exposi•‹o de motivos Ž exemplo de interpreta•‹o aut•ntica,
pois Ž realizada no pr—prio texto legal.

35.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue os
itens seguintes.
Em se tratando de direito penal, admite-se a analogia quando existir efetiva
lacuna a ser preenchida e sua aplica•‹o for favor‡vel ao rŽu. Constitui exemplo
de analogia a aplica•‹o ao companheiro em uni‹o est‡vel da regra que isenta de
pena o c™njuge que subtrai bem pertencente ao outro c™njuge, na const‰ncia da
sociedade conjugal.

36.! (CESPE/UnB Ð 2011 Ð TRE-ES Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
A lei penal que beneficia o agente n‹o apenas retroage para alcan•ar o fato
praticado antes de sua entrada em vigor, como tambŽm, embora revogada,
continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vig•ncia.

37.! (CESPE/UNB Ð 2009 Ð POLêCIA CIVIL/RN Ð DELEGADO DE


POLêCIA)
Acerca da sujei•‹o ativa e passiva da infra•‹o penal, assinale a op•‹o correta.

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A) Doentes mentais, desde que maiores de dezoito anos de idade, t•m capacidade
penal ativa.
B) ƒ poss’vel que os mortos figurem como sujeito passivo em determinados
crimes, como, por exemplo, no delito de vilip•ndio a cad‡ver.
C) No estelionato com fraude para recebimento de seguro, em que o agente se
autolesiona no af‹ de receber pr•mio, Ž poss’vel se concluir que se reœnem, na
mesma pessoa, as sujei•›es ativa e passiva da infra•‹o.
D) No crime de auto aborto, a gestante Ž, ao mesmo tempo e em raz‹o da mesma
conduta, autora do crime e sujeito passivo.
E) O Estado costuma figurar, constantemente, na sujei•‹o passiva dos crimes,
salvo, porŽm, quando se tratar de delito perquirido por iniciativa exclusiva da
v’tima, em que n‹o h‡ nenhum interesse estatal, apenas do ofendido.

38.! (CESPE Ð 2008 Ð PC/TO Ð DELEGADO DE POLêCIA)


Considere que um indiv’duo seja preso pela pr‡tica de determinado crime e, j‡
na fase da execu•‹o penal, uma nova lei torne mais branda a pena para aquele
delito. Nessa situa•‹o, o indiv’duo cumprir‡ a pena imposta na legisla•‹o
anterior, em face do princ’pio da irretroatividade da lei penal.

39.! (CESPE Ð 2009 Ð DETRAN/DF Ð ANALISTA Ð ADVOCACIA)


A lei penal admite interpreta•‹o anal—gica, recurso que permite a amplia•‹o do
conteœdo da lei penal, atravŽs da indica•‹o de f—rmula genŽrica pelo legislador.

40.! (CESPE Ð 2008 Ð STF Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA JUDICIçRIA)


Se o presidente do STF, em palestra proferida em semin‡rio para magistrados de
todo o Brasil, interpreta uma lei penal recŽm-publicada, essa interpreta•‹o Ž
considerada interpreta•‹o judicial.

41.! (CESPE Ð 2008 Ð STF Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA JUDICIçRIA)


A exposi•‹o de motivos do CP Ž t’pico exemplo de interpreta•‹o aut•ntica
contextual.

42.! (CESPE Ð 2008 Ð STF Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA JUDICIçRIA)


Segundo a m‡xima in claris cessat interpretatio, pacificamente aceita pela
doutrina penalista, quando o texto for suficientemente claro, n‹o cabe ao
aplicador da lei interpret‡-lo.

43.! (CESPE Ð 2008 Ð PC/TO Ð DELEGADO DE POLêCIA)


Na hip—tese de o agente iniciar a pr‡tica de um crime permanente sob a vig•ncia
de uma lei, vindo o delito a se prolongar no tempo atŽ a entrada em vigor de
nova legisla•‹o, aplica-se a œltima lei, mesmo que seja a mais severa.

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44.! (CESPE Ð 2011 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


Sujeito ativo Ž aquele que pratica a conduta descrita no tipo penal. Em regra, o
sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, independentemente de qualidades ou
condi•›es especiais, como, por exemplo, a de funcion‡rio pœblico no crime de
peculato. O sujeito passivo, por sua vez, Ž o titular do bem jur’dico lesado ou
amea•ado de les‹o, ou seja, a v’tima da a•‹o praticada pelo sujeito ativo.

45.! (CESPE Ð 2011 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


A lei penal que, de qualquer modo, beneficie o agente deve retroagir, desde que
respeitado o tr‰nsito em julgado da senten•a penal condenat—ria.

46.! (CESPE Ð 2011 Ð DPE/MA Ð DEFENSOR PòBLICO)


Em rela•‹o ˆ extraterritorialidade das normas previstas no CP, assinale a op•‹o
correta.
a) Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes
contra a vida do presidente da Repœblica, exceto se o agente tiver sido condenado
no estrangeiro.
b) Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes
contra a administra•‹o pœblica praticados por quem esteja ao seu servi•o, exceto
se o agente for absolvido no estrangeiro.
c) Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes de
genoc’dio praticados por brasileiros natos, mas n‹o os praticados por
estrangeiros, ainda que residentes no Brasil.
d) Os crimes praticados no estrangeiro, em embarca•›es brasileiras mercantes,
ficam sujeitos ˆ lei brasileira, desde que, entre outras condi•›es, n‹o sejam
julgados no estrangeiro.
e) Os crimes cometidos no exterior por agente estrangeiro contra o patrim™nio
de sociedade de economia mista institu’da pelo poder pœblico federal brasileiro
n‹o se sujeitam ˆ lei brasileira.

47.! (CESPE Ð 2012 Ð TC/DF Ð AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)


A respeito dos crimes contra a fŽ pœblica, dos crimes previstos na Lei de
Licita•›es, bem como dos princ’pios e conceitos gerais de direito penal, julgue o
item a seguir.
Segundo os princ’pios que regem a lei penal no tempo, a nova lei penal,
independentemente de ser mais ou menos benŽfica ao acusado, ser‡ aplicada
aos fatos ocorridos a partir do momento de sua entrada em vigor, mas a lei
revogada, desde que mais benŽfica ao acusado, continua a ser aplicada a fato
anterior, ou seja, a fato praticado durante o per’odo de sua vig•ncia.

48.! (CESPE Ð 2009 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)

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A respeito da aplica•‹o da lei penal, dos princ’pios da legalidade e da
anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espa•o, julgue o seguinte item.
Ocorrendo a hip—tese de novatio legis in mellius em rela•‹o a determinado crime
praticado por uma pessoa definitivamente condenada pelo fato, caber‡ ao ju’zo
da execu•‹o, e n‹o ao ju’zo da condena•‹o, a aplica•‹o da lei mais benigna.

49.! (CESPE Ð 2007 Ð AGU Ð PROCURADOR FEDERAL)


Acerca da parte geral do direito penal, julgue o item seguinte.
Em caso de abolitio criminis, a reincid•ncia subsiste, como efeito secund‡rio da
infra•‹o penal.

50.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ/PI Ð JUIZ ESTADUAL)


No que se refere ˆ aplica•‹o da lei penal, assinale a op•‹o correta.
a) Em rela•‹o ao lugar do crime, o legislador adotou, no CP, a teoria do resultado,
considerando praticado o crime no lugar onde se produziu ou deveria produzir-se
o resultado.
b) Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos,
as fra•›es de dia, mas, nas de multa, n‹o se desconsideram as fra•›es da moeda.
c) A abolitio criminis, que possui natureza jur’dica de causa de extin•‹o da
punibilidade, conduz ˆ extin•‹o dos efeitos penais e extrapenais da senten•a
condenat—ria.
d) Desde que em benef’cio do rŽu, a jurisprud•ncia dos tribunais superiores
admite a combina•‹o de leis penais, a fim de atender aos princ’pios da
ultratividade e da retroatividade in mellius.
e) Em rela•‹o ao tempo do crime, o legislador adotou, no CP, a teoria da
atividade, considerando-o praticado no momento da a•‹o ou omiss‹o.

51.! (CESPE - 2013 - STF - AJAJ)


Acerca dos princ’pios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e
dos institutos da Parte Geral do C—digo Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imput‡vel, tenha sequestrado uma crian•a
com o intuito de receber certa quantia como resgate. Um m•s depois, estando a
v’tima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, prevendo pena mais severa
para o delito. Nessa situa•‹o, a lei mais gravosa n‹o incidir‡ sobre a conduta de
Manoel.

52.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - ESCRIVÌO DA POLêCIA


FEDERAL)
No que concerne a infra•‹o penal, fato t’pico e seus elementos, formas
consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal,
julgue os itens que se seguem.

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Teoria e quest›es
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A responsabilidade penal da pessoa jur’dica, indiscut’vel na jurisprud•ncia, n‹o
exclui a responsabilidade de pessoa f’sica, autora, coautora ou part’cipe do
mesmo fato delituoso, o que caracteriza o sistema paralelo de imputa•‹o ou da
dupla imputa•‹o.

53.! (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLêCIA)


Somente mediante expressa manifesta•‹o pode o agente diplom‡tico renunciar
ˆ imunidade diplom‡tica, porquanto o instituto constitui causa pessoal de
exclus‹o da pena.

54.! (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIçRIO - OFICIAL DE


JUSTI‚A AVALIADOR)
Pela analogia, meio de interpreta•‹o extensiva, busca-se alcan•ar o sentido exato
do texto de lei obscura ou incerta, admitindo-se, em matŽria penal, apenas a
analogia in bonam partem.

8! EXERCêCIOS COMENTADOS

01.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


Em raz‹o do princ’pio da legalidade, a analogia n‹o pode ser usada em
matŽria penal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois em direito penal s— Ž vedada a analogia
prejudicial ao rŽu, exatamente por violar o princ’pio da legalidade. ƒ admitida,
contudo, a analogia favor‡vel ao rŽu.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

02.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Por adotar a teoria da ubiquidade, o CP reputa praticado o crime tanto
no momento da conduta quanto no da produ•‹o do resultado.
COMENTçRIOS: Item errado, pois em rela•‹o ao TEMPO do crime o CP adota a
teoria da atividade, nos termos de seu art. 4¼, ou seja, considera-se praticado o
crime no MOMENTO da pr‡tica da CONDUTA, ainda que outro seja o momento do
resultado.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

03.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


A lei material penal ter‡ vig•ncia imediata quando for editada por meio
de medida provis—ria, impactando diretamente a condena•‹o do rŽu se a
denœncia j‡ tiver sido recebida.

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COMENTçRIOS: Item errado, eis que Medida Provis—ria n‹o pode, como regra,
ser utilizada em matŽria penal. O STF, todavia, entende que Ž poss’vel a utiliza•‹o
de medida provis—ria em benef’cio do rŽu.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

04.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Considerando os princ’pios informativos da retroatividade e ultratividade
da lei penal, a lei nova mais benŽfica ser‡ aplicada mesmo quando a a•‹o
penal tiver sido iniciada antes da sua vig•ncia.
COMENTçRIOS: Item correto, pois a lei nova mais benŽfica ser‡ aplic‡vel
mesmo que j‡ tenha havido condena•‹o transitada em julgado, nos termos do
art. 2¼, ¤ œnico do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

05.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


A novatio legis in mellius s— poder‡ ser aplicada ao rŽu condenado antes
do tr‰nsito em julgado da senten•a, pois somente o juiz ou tribunal
processante poder‡ reconhec•-la e aplic‡-la.
COMENTçRIOS: Item ERRADO, pois a lei nova mais benŽfica ser‡ aplic‡vel
mesmo que j‡ tenha havido condena•‹o transitada em julgado, nos termos do
art. 2¼, ¤ œnico do CP.
No caso de ser aplicada ap—s o tr‰nsito em julgado, caber‡ ao Juiz da execu•‹o
penal a aplica•‹o da lei nova (sœmula 611 do STF).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

06.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-GO Ð ESCRIVÌO Ð ADAPTADA)


Ainda que se trate de crime permanente, a novatio legis in pejus n‹o
poder‡ ser aplicada se efetivamente agravar a situa•‹o do rŽu.
COMENTçRIOS: Item errado, pois em se tratando de crime permanente a lei
nova prejudicial ao rŽu pode ser aplicada ao crime, DESDE QUE entre em vigor
antes de terminar a execu•‹o do delito (antes de cessar a perman•ncia), pois
neste caso n‹o estar‡ havendo retroatividade da lei nova.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

07.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


O princ’pio da anterioridade, no direito penal, informa que ninguŽm ser‡
punido sem lei anterior que defina a conduta como crime e que a pena
tambŽm deve ser prevista previamente, ou seja, a lei nunca poder‡
retroagir.
COMENTçRIOS: Item errado, pois apesar de essa ser a defini•‹o do princ’pio
da anterioridade, a lei penal PODERç RETROAGIR quando for BENƒFICA ao
infrator, nos termos do art. 5¼, XL da Constitui•‹o Federal.

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Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

08.! (CESPE Ð 2016 Ð PC-PE Ð AGENTE Ð ADAPTADA)


ƒ poss’vel que uma lei penal mais benigna alcance condutas anteriores ˆ
sua vig•ncia, seja para possibilitar a aplica•‹o de pena menos severa,
seja para contemplar situa•‹o em que a conduta tipificada passe a n‹o
mais ser crime.
COMENTçRIOS: Item correto, pois a lei penal nova mais benŽfica ser‡ sempre
retroativa, quando amenize a situa•‹o do infrator ou quando descriminalize a
conduta, nos termos do art. 2¼, ¤ œnico do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

09.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
De acordo com o princ’pio da nacionalidade, Ž poss’vel a aplica•‹o da lei
penal brasileira a fato criminoso lesivo a interesse nacional ocorrido no
exterior.
COMENTçRIOS: Item errado, pois embora seja poss’vel a aplica•‹o da lei penal
brasileira nestes casos (desde que cumpridos determinados requisitos), isso se
dar‡ pelo princ’pio da DEFESA ou PROTE‚ÌO.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

10.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
A aplica•‹o da lei penal brasileira a cidad‹o brasileiro que cometa crime
no exterior Ž poss’vel, de acordo com o princ’pio da defesa.
COMENTçRIOS: Item errado, pois a aplica•‹o da lei penal, neste caso, se dar‡
em raz‹o do princ’pio da personalidade ativa, nos termos do art. 7¼, II, b, do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

11.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
De acordo com o princ’pio da representa•‹o, a lei penal brasileira poder‡
ser aplicada a delitos cometidos em aeronaves ou embarca•›es
brasileiras privadas, quando estes delitos ocorrerem no estrangeiro e a’
n‹o forem julgados.
COMENTçRIOS: Neste caso, de acordo com o art. 7¼, II, ÒcÓ do CP, Ž poss’vel a
aplica•‹o da lei penal brasileira, e isso se dar‡ em raz‹o do princ’pio da
representa•‹o (tambŽm chamado de princ’pio da bandeira, ou pavilh‹o).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

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12.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS
CARGOS - ADAPTADA)
De acordo com o princ’pio da justi•a penal universal, a aplica•‹o da lei
penal brasileira Ž poss’vel independentemente da nacionalidade do
delinquente e do local da pr‡tica do crime, se este estiver previsto em
conven•‹o ou tratado celebrado pelo Brasil.
COMENTçRIOS: De fato, o princ’pio da Justi•a Universal prega que, em rela•‹o
a determinados delitos (em rela•‹o aos quais ser‡ aplic‡vel o princ’pio), ser‡
poss’vel a aplica•‹o da penal brasileira, independentemente do local em que foi
praticado o delito e da nacionalidade do agente. No Brasil, tal princ’pio foi adotado
em rela•‹o a art. 7¼, II, ÒaÓ do CP, que diz:
ÒArt. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
II - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) que, por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimir; (Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 1984)Ó
ƒ certo que existem algumas condi•›es para que a Lei penal seja aplicada neste
caso (conforme expressamente previsto no art. 7¼, ¤2¼ do CP), eis que se trata
de hip—tese de extraterritorialidade condicionada.
Contudo, a despeito de existirem condi•›es ˆ aplica•‹o da Lei Penal, nenhuma
delas est‡ relacionada ˆ nacionalidade do agente ou ao local em que foi praticado
o crime. Tais circunst‰ncias s‹o irrelevantes, desde que se trate de crime Òque,
por tratado ou conven•‹o, o Brasil se obrigou a reprimirÓ.
Assim, podemos concluir que a afirmativa est‡ correta (Ver, por todos: DIAS,
Jorge de Figueiredo. Direito penal, parte geral. 2. ed. Coimbra: Coimbra
Editora, 2007. tomo I, p. 226/227; MAYRINK DA COSTA, çlvaro. Direito Penal:
volume 1 Ð parte geral. 8¼ Edi•‹o. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 2009, p. 557 e
CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o.
Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 117).
Poder-se-ia sustentar que a aplica•‹o da Lei Penal brasileira, em rela•‹o ao crime
de genoc’dio, fica condicionada ao fato de se tratar de agente brasileiro ou
domiciliado no Brasil. Contudo, em rela•‹o a tal hip—tese, n‹o h‡ consenso
doutrin‡rio, havendo quem sustente que neste caso se adota o princ’pio da
prote•‹o, e outros que sustentam ter sido adotado o princ’pio do domic’lio ou
nacionalidade ativa.
A Banca considerou tal afirmativa como ERRADA, mas deveria ser
CORRETA.

13.! (CESPE Ð 2016 - PC/PE Ð POLêCIA CIENTêFICA Ð DIVERSOS


CARGOS - ADAPTADA)
Segundo o princ’pio da territorialidade, a lei penal brasileira poder‡ ser
aplicada no exterior quando o sujeito ativo do crime praticado for
brasileiro.

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COMENTçRIOS: Item errado, pois neste caso n‹o teremos aplica•‹o do princ’pio
da territorialidade, mas da personalidade ativa. AlŽm disso, a lei penal brasileira
n‹o ser‡ aplicada no exterior, mas DENTRO DO BRASIL (o processo tramitar‡
aqui).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

14.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Para a responsabiliza•‹o penal da pessoa jur’dica nos crimes contra o
meio ambiente, Ž imprescind’vel a imputa•‹o concomitante da pessoa
f’sica que agiu em nome da empresa ou em seu benef’cio, porque a culpa
e o dolo somente podem ser atribu’dos ˆ pessoa f’sica.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o STF e o STJ passaram a n‹o mais exigir a
DUPLA IMPUTA‚ÌO no que tange ˆ responsabilidade penal das pessoas jur’dicas.
A jurisprud•ncia era pac’fica em considerar admiss’vel a responsabilidade penal
da pessoa jur’dica, exigindo, para tanto, que a pessoa f’sica respons‡vel tambŽm
seja punida, no que se convencionou chamar de sistema paralelo de imputa•‹o
ou da dupla imputa•‹o.
O STF e o STJ, porŽm, passaram a adotar entendimento diverso, entendendo que
o sistema da dupla imputa•‹o seria dispens‡vel.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

15.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


No C—digo Penal brasileiro, adota-se, com rela•‹o ao tempo do crime, a
teoria da ubiquidade.
COMENTçRIOS: Item errado. Com rela•‹o ao TEMPO do crime o CP adotou a
teoria da ATIVIDADE, ou seja, considera-se praticado o delito no MOMENTO DA
CONDUTA (a•‹o ou omiss‹o). Vejamos:
Tempo do crime
Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou omiss‹o, ainda que
outro seja o momento do resultado.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

16.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


A lei penal brasileira aplica-se ao crime perpetrado no interior de navio
de guerra de pavilh‹o p‡trio, ainda que em mar territorial estrangeiro,
dado o princ’pio da territorialidade.
COMENTçRIOS: Item correto, pois o crime, neste caso, foi cometido NO
TERRITîRIO NACIONAL (territ—rio nacional por extens‹o), nos termos do art. 5¼,
¤1¼ do CP.
Territorialidade
Art. 5¼ - Aplica-se a lei brasileira, sem preju’zo de conven•›es, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no territ—rio nacional. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 1984)

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¤ 1¼ - Para os efeitos penais, consideram-se como extens‹o do territ—rio nacional as
embarca•›es e aeronaves brasileiras, de natureza pœblica ou a servi•o do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarca•›es
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espa•o aŽreo correspondente ou em alto-mar. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
1984)
Assim, a lei penal brasileira ser‡ aplic‡vel pelo princ’pio da TERRITORIALIDADE.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

17.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Segundo a doutrina majorit‡ria, os costumes e os princ’pios gerais do
direito s‹o fontes formais imediatas do direito penal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois os costumes e os princ’pios gerais do direito
s‹o considerados como fontes formais MEDIATAS do Direito Penal.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

18.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Dado o princ’pio da legalidade estrita, Ž proibido o uso de analogia em
direito penal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois a analogia s— n‹o Ž admitida quando
prejudicial ao rŽu, ou seja, apenas n‹o se admite a analogia in malam partem no
Direito Penal.
N‹o h‡ veda•‹o ao uso da analogia quando para beneficiar o rŽu.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

19.! (CESPE Ð 2016 Ð TRT8 Ð ANALISTA JUDICIçRIO - ADAPTADA)


Embora o princ’pio da legalidade pro’ba o juiz de criar figura t’pica n‹o
prevista na lei, por analogia ou interpreta•‹o extensiva, o julgador pode,
para beneficio do rŽu, combinar dispositivos de uma mesma lei penal
para encontrar pena mais proporcional ao caso concreto.
COMENTçRIOS: Item errado, pois o STF e o STJ entendem n‹o ser poss’vel a
combina•‹o de leis penais, de forma a se extrair uma Òterceira leiÓ, formada a
partir da conjuga•‹o dos aspectos mais benŽficos de cada lei penal. Dever‡ ser
aplicada, em cada caso, a lei que seja, num aspecto global, mais benŽfica ao
agente.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

20.! (CESPE Ð 2016 Ð TCE-SC Ð AUDITOR FISCAL DE CONTROLE


EXTERNO)
No C—digo Penal brasileiro, adota-se a teoria da ubiquidade, conforme a
qual o lugar do crime Ž o da aç‹o ou da omiss‹o, bem como o lugar onde
se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

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COMENTçRIOS: Item correto. O CP brasileiro adota, como teoria para o LUGAR
DO CRIME, a teoria da Ubiquidade, ou seja, considera-se como lugar do crime
(para fins de aplica•‹o da lei penal brasileira) tanto o lugar em que foi praticada
a conduta (a•‹o ou omiss‹o) quanto o lugar em que ocorreu ou deveria ocorrer
o resultado, nos termos do art. 6¼ do CP.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

21.! (CESPE Ð 2014 Ð CåMARA DOS DEPUTADOS Ð CONSULTOR


LEGISLATIVO Ð çREA III)
Em rela•‹o ˆ aplica•‹o da lei penal no tempo e no espa•o, no C—digo
Penal adotaram-se, respectivamente, as teorias da atividade e da
ubiquidade.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto. Com rela•‹o ao tempo do crime, adotou-
se a teoria da atividade. Com rela•‹o ao lugar do crime, o CP adotou a teoria da
ubiquidade. Vejamos os arts. 4¼ e 6¼ do CP:
Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou
omiss‹o, ainda que outro seja o momento do resultado.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
Art. 6¼ - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a a•‹o
ou omiss‹o, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

22.! (CESPE Ð 2014 Ð TJ/SE - ANALISTA)


Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplica•‹o de penas.
Na hip—tese de crime continuado ou permanente, deve ser aplicada a lei
penal mais grave se esta tiver entrado em vigor antes da cessa•‹o da
continuidade ou da perman•ncia.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto. Trata-se do entendimento sumulado do
STF:
Sœmula 711
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA CONTINUIDADE OU
DA PERMANæNCIA.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

23.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no
espa•o e no tempo, assinale a op•‹o correta.

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A lei penal, depois de revogada, n‹o pode continuar a regular fatos
ocorridos durante a sua vig•ncia ou retroagir para alcan•ar os que
tenham ocorrido anteriormente ˆ sua entrada em vigor.
COMENTçRIOS: Item errado. A Lei penal pode ser ultra ativa (reger fatos
praticados durante sua vig•ncia, mesmo ap—s revogada) bem como pode ser
retroativa (reger fatos praticados antes de sua entrada em vigor). Contudo, tais
fen™menos somente poder‹o ocorrer quando a Lei penal for mais benŽfica ao
agente.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

24.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no
espa•o e no tempo, assinale a op•‹o correta.
No C—digo Penal (CP), Ž adotada a teoria da ubiquidade, segundo a qual
tanto o momento da a•‹o quanto o do resultado s‹o relevantes para a
defini•‹o do momento do crime.
COMENTçRIOS: Item errado. Com rela•‹o ao TEMPO do crime o CP adotou a
teoria da ATIVIDADE, ou seja, considera-se praticado o delito no MOMENTO DA
CONDUTA (a•‹o ou omiss‹o). Vejamos:
Tempo do crime
Art. 4¼ - Considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou
omiss‹o, ainda que outro seja o momento do resultado.(Reda•‹o dada
pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

25.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PB Ð JUIZ LEIGO Ð ADAPTADA)


A respeito dos princ’pios do direito penal e da aplica•‹o da lei penal no
espa•o e no tempo, assinale a op•‹o correta.
Em se tratando de crime continuado ou de crime permanente, ser‡
aplicada a lei penal mais benŽfica caso surja lei penal mais grave antes
da cessa•‹o da continuidade ou perman•ncia da conduta criminosa.
COMENTçRIOS: Se a nova lei penal passa a vigorar ANTES do tŽrmino da
continuidade ou perman•ncia (nos crimes continuados ou permanentes), isso
significa que ela entrou em vigor DURANTE A EXECU‚ÌO de tais crimes e,
portanto, poder‡ ser aplicada. N‹o h‡ que se falar, aqui, em ÒretroatividadeÓ da
lei penal malŽfica (atŽ porque isso n‹o seria poss’vel), pois a retroatividade Ž um
fen™meno que pressup›e que a lei nova vigore apenas APîS a execu•‹o do delito.
O STF, inclusive, editou o verbete de sœmula n¼ 711, que trata do caso:
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANæNCIA.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

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26.! (CESPE Ð 2013 Ð TJ-PI Ð TITULAR NOTARIAL)


Tœlio sequestrou Caio com o intuito de obter vantagem pecuni‡ria por
meio da exig•ncia de resgate. Durante o per’odo em que a v’tima
permaneceu presa no cativeiro, entrou em vigor uma nova lei penal que
agravou a pena referente ao crime de extors‹o mediante sequestro.
Alguns meses depois, a v’tima foi solta em virtude do pagamento do
resgate.
Com base nessa situa•‹o hipotŽtica e na jurisprud•ncia firmada pelos
tribunais superiores, assinale a op•‹o correta.
a) Se Tœlio for condenado por extors‹o mediante sequestro, deve ser
aplicada a nova lei penal mais gravosa.
b) Se Tœlio for condenado por extors‹o mediante sequestro, n‹o se deve
aplicar a nova lei penal mais gravosa, em raz‹o do princ’pio da
irretroatividade da lei penal mais severa.
c) Se Tœlio for condenado por extors‹o mediante sequestro, aplica-se
uma combina•‹o da lei antiga com a lei nova, para que sejam
determinadas as disposi•›es mais favor‡veis das duas leis.
d) O crime de extors‹o mediante sequestro consumou-se com o
pagamento do resgate.
e) O crime de extors‹o mediante sequestro consumou-se com a
exig•ncia do resgate.
COMENTçRIOS: O crime de extors‹o mediante sequestro Ž um delito
permanente, ou seja, sua execu•‹o se prolonga no tempo. Enquanto permanece
sequestrada a v’tima, considera-se que o delito Òest‡ sendo praticadoÓ. Assim,
se sobrevŽm lei nova mais gravosa, durante o per’odo de execu•‹o do crime, isso
significa que ela dever‡ ser aplicada.
O STF j‡ sumulou o tema:
Verbete n¼ 711
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANæNCIA.
Assim, deve ser aplicada a Tœlio, caso condenado, a lei penal nova, mesmo sendo
mais gravosa.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

27.! (CESPE Ð 2014 Ð POLêCIA FEDERAL Ð AGENTE)


Sob a vig•ncia da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a
viger a lei Y, que, alŽm de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de
tais fatos, Lauro foi levado a julgamento pelo cometimento do citado
delito. Nessa situa•‹o, o magistrado ter‡ de se fundamentar no instituto
da retroatividade em benef’cio do rŽu para aplicar a lei X, por ser esta
menos rigorosa que a lei Y.

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COMENTçRIOS: Item errado. Isso porque a Lei X ser‡ aplicada naturalmente,
pelo princ’pio da ultra-atividade, j‡ que o crime fora praticado durante sua
vig•ncia e a lei, embora revogada, continuar‡ a reger o fato.
N‹o se trata, portanto, de retroatividade da lei penal.
Portanto, a ALTERNATIVA ESTç ERRADA.

28.! (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIçRIO - çREA


JUDICIçRIA)
No que concerne ˆ lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos,
arrependimento posterior e crime imposs’vel, julgue os itens a seguir.
A revoga•‹o expressa de um tipo penal incriminador conduz a abolitio
criminis, ainda que seus elementos passem a integrar outro tipo penal,
criado pela norma revogadora.
COMENTçRIOS: Item errado, pois neste caso teremos o que a Doutrina chama
de Òcontinuidade t’pico-normativaÓ, e n‹o abolitio criminis, que pressup›e a
expurga•‹o da conduta incriminada do rol de condutas consideradas como
ÒcrimeÓ pela legisla•‹o.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

29.! (CESPE Ð 2014 Ð TJDFT Ð TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA)


Em caso de omiss‹o legal, o uso de analogia n‹o Ž admitido em direito
penal, ainda que seja para favorecer o rŽu.
COMENTçRIOS: Item errado, pois a analogia s— n‹o Ž admitida quando
prejudicial ao rŽu, ou seja, apenas n‹o se admite a analogia in malam partem no
Direito Penal.
N‹o h‡ veda•‹o ao uso da analogia quando para beneficiar o rŽu.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

30.! (CESPE Ð 2014 Ð TJDFT Ð JUIZ Ð ADAPTADA)


Dado o princ’pio da extraterritorialidade incondicionada, estar‡ sujeito ˆ
jurisdi•‹o brasileira aquele que praticar, a bordo de navio a servi•o do
governo brasileiro em ‡guas territoriais argentinas, crime contra o
patrim™nio da Uni‹o.
COMENTçRIOS: Item errado. O item est‡ errado porque n‹o h‡ que se falar,
aqui, de extraterritorialidade. Isso porque o crime foi cometido NO TERRITîRIO
NACIONAL (territ—rio nacional por extens‹o), nos termos do art. 5¼, ¤1¼ do CP.
Territorialidade
Art. 5¼ - Aplica-se a lei brasileira, sem preju’zo de conven•›es, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no territ—rio nacional. (Reda•‹o dada pela Lei
n¼ 7.209, de 1984)
¤ 1¼ - Para os efeitos penais, consideram-se como extens‹o do territ—rio nacional as
embarca•›es e aeronaves brasileiras, de natureza pœblica ou a servi•o do governo
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarca•›es

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brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no
espa•o aŽreo correspondente ou em alto-mar. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
1984)
Assim, a lei penal brasileira ser‡ aplic‡vel pelo princ’pio da TERRITORIALIDADE.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

31.! (CESPE Ð 2014 Ð TJDFT Ð JUIZ Ð ADAPTADA)


Caso, a bordo de embarca•‹o privada, em alto-mar, de propriedade de
uma organiza•‹o n‹o governamental que ostente bandeira de pa’s onde
o aborto seja legalizado, um mŽdico brasileiro provoque aborto em uma
gestante brasileira, com seu consentimento, ambos responder‹o pelo
crime de aborto previsto na lei penal brasileira.
COMENTçRIOS: Item errado, pois temos aqui um caso de extraterritorialidade
CONDICIONADA. Uma das condi•›es, nos termos do art. 7¼, ¤2¼, ÒbÓ do CP Ž o
que se chama de Òdupla tipicidadeÓ, ou Òdupla tipifica•‹oÓ. Resumidamente,
exige-se que o fato seja pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Reda•‹o
dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
II - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
b) praticados por brasileiro; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do concurso das
seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
b) ser o fato pun’vel tambŽm no pa’s em que foi praticado; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209,
de 1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

32.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue
os itens seguintes.
N‹o retroage a lei penal que alterou o prazo prescricional de dois anos
para tr•s anos dos crimes punidos com pena m‡xima inferior a um ano.
COMENTçRIOS: Item correto. Tal Lei penal Ž considerada mais gravosa, pois
aumentou o prazo prescricional do delito, ou seja, ampliou o prazo para que o
Estado exer•a seu jus puniendi. Assim, tal lei penal n‹o poder‡ ser aplicada
retroativamente.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

33.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue
os itens seguintes.

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O instituto da abolitio criminis refere-se ˆ supress‹o da conduta
criminosa nos aspectos formal e material, enquanto o princ’pio da
continuidade normativo-t’pica refere-se apenas ˆ supress‹o formal.
COMENTçRIOS: Item correto. A abolitio criminis Ž a extirpa•‹o da conduta
criminosa do ‰mbito jur’dico-penal, ou seja, a conduta criminosa deixa de ser
considerada como tal. No caso da continuidade t’pico-normativa (ou normativo-
t’pico), h‡ apenas a supress‹o formal da conduta criminosa, por meio da
revoga•‹o do tipo penal. Contudo, a conduta continua sendo considerada
criminosa, porque passa a ser criminalizada por outro tipo penal, prŽ-existente
ou criado pela pr—pria norma penal revogadora.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

34.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue
os itens seguintes.
No C—digo Penal, a exposi•‹o de motivos Ž exemplo de interpreta•‹o
aut•ntica, pois Ž realizada no pr—prio texto legal.
COMENTçRIOS: Item errado, pois a exposi•‹o de motivos n‹o Ž modalidade de
interpreta•‹o autentica, pois n‹o Ž realizada pelo pr—prio texto legal, tratando-
se de modalidade de interpreta•‹o doutrin‡ria.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

35.! (CESPE - 2015 - TJDFT - OFICIAL DE JUSTI‚A)


Em rela•‹o ˆ aplica•‹o, ˆ interpreta•‹o e ˆ integra•‹o da lei penal, julgue
os itens seguintes.
Em se tratando de direito penal, admite-se a analogia quando existir
efetiva lacuna a ser preenchida e sua aplica•‹o for favor‡vel ao rŽu.
Constitui exemplo de analogia a aplica•‹o ao companheiro em uni‹o
est‡vel da regra que isenta de pena o c™njuge que subtrai bem
pertencente ao outro c™njuge, na const‰ncia da sociedade conjugal.
COMENTçRIOS: Item correto, pois a analogia Ž uma forma de integra•‹o da lei
penal, e Ž utilizada quando h‡ lacuna na lei, ou seja, n‹o h‡ norma penal aplic‡vel
ˆ hip—tese. A Analogia, porŽm, s— Ž cab’vel quando favor‡vel ao rŽu, n‹o sendo
admitida quando for prejudicial ao acusado.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

36.! (CESPE/UnB Ð 2011 Ð TER-ES Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA


JUDICIçRIA)
A lei penal que beneficia o agente n‹o apenas retroage para alcan•ar o
fato praticado antes de sua entrada em vigor, como tambŽm, embora
revogada, continua a reger o fato ocorrido ao tempo de sua vig•ncia.

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CORRETA: Estudamos isso quando vimos a lei penal intermedi‡ria mais benŽfica.
Ainda que seja revogada por outra, mais gravosa, continua a reger os fatos
ocorridos durante a sua vig•ncia e anteriormente ˆ sua vig•ncia.

37.! (CESPE/UNB Ð 2009 Ð POLêCIA CIVIL/RN Ð DELEGADO DE


POLêCIA)
Acerca da sujei•‹o ativa e passiva da infra•‹o penal, assinale a op•‹o
correta.
A) Doentes mentais, desde que maiores de dezoito anos de idade, t•m
capacidade penal ativa.
CORRETA: Os doentes mentais maiores de dezoito anos s‹o sujeitos ativos de
infra•›es penais, devendo, entretanto, ser avaliada caso a caso a sua
imputabilidade.
B) ƒ poss’vel que os mortos figurem como sujeito passivo em determinados
crimes, como, por exemplo, no delito de vilip•ndio a cad‡ver.
ERRADA: Os mortos, por n‹o serem titulares de direitos, n‹o podem ser sujeitos
passivos de crimes. No caso do crime de vilip•ndio a cad‡ver, os sujeitos passivos
s‹o os familiares.
C) No estelionato com fraude para recebimento de seguro, em que o agente se
autolesiona no af‹ de receber pr•mio, Ž poss’vel se concluir que se reœnem, na
mesma pessoa, as sujei•›es ativa e passiva da infra•‹o.
ERRADA: A mesma pessoa n‹o pode ser sujeito ativo e sujeito passivo imediato
de um mesmo crime! O direito penal n‹o pune a autoles‹o! Neste crime, o sujeito
passivo imediato Ž a seguradora que ser‡ lesada com a fraude.
D) No crime de auto aborto, a gestante Ž, ao mesmo tempo e em raz‹o da mesma
conduta, autora do crime e sujeito passivo.
ERRADA: O sujeito passivo n‹o Ž a gestante, mas o nascituro. Portanto, a quest‹o
est‡ errada. Lembrem-se: O Sujeito ativo nunca ser‡ o sujeito passivo imediato.
E) O Estado costuma figurar, constantemente, na sujei•‹o passiva dos crimes,
salvo, porŽm, quando se tratar de delito perquirido por iniciativa exclusiva da
v’tima, em que n‹o h‡ nenhum interesse estatal, apenas do ofendido.
ERRADA: O Estado sempre ser‡ sujeito passivo mediato do crime. Mesmo nos
crimes em que se faculta ˆ v’tima ˆ propositura ou n‹o da a•‹o penal, o Estado
possui interesse, Ž sujeito passivo.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA A.

38.! (CESPE Ð 2008 Ð PC/TO Ð DELEGADO DE POLêCIA)


Considere que um indiv’duo seja preso pela pr‡tica de determinado crime
e, j‡ na fase da execu•‹o penal, uma nova lei torne mais branda a pena
para aquele delito. Nessa situa•‹o, o indiv’duo cumprir‡ a pena imposta
na legisla•‹o anterior, em face do princ’pio da irretroatividade da lei
penal.

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ERRADA: A lei penal, como qualquer outra lei, em regra, n‹o retroage.
Entretanto, a lei penal, quando for mais benŽfica ao rŽu, ir‡ retroagir, nos termos
do art. 5¡, XL da Constitui•‹o e art. 2, ¤ œnico do CP.

39.! (CESPE Ð 2009 Ð DETRAN/DF Ð ANALISTA Ð ADVOCACIA)


A lei penal admite interpreta•‹o anal—gica, recurso que permite a
amplia•‹o do conteœdo da lei penal, atravŽs da indica•‹o de f—rmula
genŽrica pelo legislador.
CORRETA: Como estudamos, quando a lei fornece uma hip—tese casu’stica e
criminaliza tambŽm quaisquer outras hip—teses id•nticas (f—rmulas genŽricas), o
intŽrprete estar‡ se valendo da interpreta•‹o anal—gica, que consiste na
compara•‹o entre a hip—tese exemplificativa e a hip—tese que ocorreu, de fato,
no caso concreto.

40.! (CESPE Ð 2008 Ð STF Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA JUDICIçRIA)


Se o presidente do STF, em palestra proferida em semin‡rio para
magistrados de todo o Brasil, interpreta uma lei penal recŽm-publicada,
essa interpreta•‹o Ž considerada interpreta•‹o judicial.
ERRADA: Nesse caso, a interpreta•‹o Ž doutrin‡ria, pois proferida por um
estudioso do Direito. A interpreta•‹o dada ˆ lei pelo Presidente do STF s— seria
interpreta•‹o judicial se proferida no ‰mbito de um processo que lhe fosse
colocado para julgamento. Cuidado com isso!!

41.! (CESPE Ð 2008 Ð STF Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA JUDICIçRIA)


A exposi•‹o de motivos do CP Ž t’pico exemplo de interpreta•‹o
aut•ntica contextual.
ERRADA: Como disse a voc•s, por n‹o integrar o texto da lei, as disposi•›es
relativas ˆ exposi•‹o de motivos do CP Ž considerada interpreta•‹o doutrin‡ria,
n‹o aut•ntica.

42.! (CESPE Ð 2008 Ð STF Ð ANALISTA JUDICIçRIO Ð çREA JUDICIçRIA)


Segundo a m‡xima in claris cessat interpretatio, pacificamente aceita
pela doutrina penalista, quando o texto for suficientemente claro, n‹o
cabe ao aplicador da lei interpret‡-lo.
ERRADA: Embora quando o texto for suficientemente claro n‹o seja necess‡rio
nenhum esfor•o interpretativo, mesmo nessa hip—tese haver‡ interpreta•‹o, que
ser‡ meramente literal ou gramatical.

43.! (CESPE Ð 2008 Ð PC/TO Ð DELEGADO DE POLêCIA)


Na hip—tese de o agente iniciar a pr‡tica de um crime permanente sob a
vig•ncia de uma lei, vindo o delito a se prolongar no tempo atŽ a entrada

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em vigor de nova legisla•‹o, aplica-se a œltima lei, mesmo que seja a
mais severa.
CORRETA: Como estudamos, o crime permanente considera-se praticado quando
do tŽrmino da perman•ncia, aplicando-se ao crime a legisla•‹o em vigor neste
momento, ainda que mais gravosa ao rŽu, por n‹o se tratar de retroatividade. O
STF, inclusive, editou a sœmula 711 sobre o tema, corroborando este
entendimento.

44.! (CESPE Ð 2011 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


Sujeito ativo Ž aquele que pratica a conduta descrita no tipo penal. Em
regra, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, independentemente de
qualidades ou condi•›es especiais, como, por exemplo, a de funcion‡rio
pœblico no crime de peculato. O sujeito passivo, por sua vez, Ž o titular
do bem jur’dico lesado ou amea•ado de les‹o, ou seja, a v’tima da a•‹o
praticada pelo sujeito ativo.
COMENTçRIOS: A afirmativa est‡ correta, pois o sujeito ativo Ž a pessoa que
pratica a conduta tida como criminosa. Por sua vez, o sujeito passivo Ž a pessoa
que sofre a les‹o praticada pela conduta criminosa, ou seja, Ž o titular do direito
lesado. O sujeito ativo, em regra, n‹o necessita possuir nenhuma qualidade
especial, mas em determinados crimes isso Ž exigido. O mesmo se d‡ em rela•‹o
ao sujeito passivo.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

45.! (CESPE Ð 2011 Ð TCU Ð AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO)


A lei penal que, de qualquer modo, beneficie o agente deve retroagir,
desde que respeitado o tr‰nsito em julgado da senten•a penal
condenat—ria.
COMENTçRIOS: A lei penal mais favor‡vel deve retroagir para beneficiar o
infrator, ainda que j‡ tenha ocorrido o tr‰nsito em julgado da senten•a penal
condenat—ria. Vejamos o ¤ œnico do art. 2¼ do CP:

Art. 2¼ - (...)
Par‡grafo œnico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente,
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por senten•a condenat—ria
transitada em julgado. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

46.! (CESPE Ð 2011 Ð DPE/MA Ð DEFENSOR PòBLICO)


Em rela•‹o ˆ extraterritorialidade das normas previstas no CP, assinale
a op•‹o correta.
a) Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os
crimes contra a vida do presidente da Repœblica, exceto se o agente tiver
sido condenado no estrangeiro.

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b) Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os
crimes contra a administra•‹o pœblica praticados por quem esteja ao seu
servi•o, exceto se o agente for absolvido no estrangeiro.
c) Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os
crimes de genoc’dio praticados por brasileiros natos, mas n‹o os
praticados por estrangeiros, ainda que residentes no Brasil.
d) Os crimes praticados no estrangeiro, em embarca•›es brasileiras
mercantes, ficam sujeitos ˆ lei brasileira, desde que, entre outras
condi•›es, n‹o sejam julgados no estrangeiro.
e) Os crimes cometidos no exterior por agente estrangeiro contra o
patrim™nio de sociedade de economia mista institu’da pelo poder pœblico
federal brasileiro n‹o se sujeitam ˆ lei brasileira.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA: Os crimes praticados contra a vida do Presidente da Repœblica ser‹o
sempre submetidos ˆ Lei Brasileira, ainda que o agente tenha sido condenado no
estrangeiro. Vejamos:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repœblica; (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Vejam que n‹o h‡ nenhuma condi•‹o para a aplica•‹o da Lei brasileira.
B) ERRADA: Trata-se de outro caso de EXTRATERRITORIALIDADE
INCONDICIONADA, aplicando-se a lei brasileira ainda que o agente tenha sido
condenado ou absolvido no exterior. Vejamos:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
c) contra a administra•‹o pœblica, por quem est‡ a seu servi•o;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
¤ 1¼ - Nos casos do inciso I, o agente Ž punido segundo a lei brasileira,
ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Inclu’do pela Lei n¼
7.209, de 1984)
C) ERRADA: O crime de genoc’dio ser‡ julgado pela lei brasileira mesmo que o
agente n‹o seja brasileiro, desde que resida no Brasil. Vejamos:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)

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d) de genoc’dio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
D) CORRETA: Trata-se, aqui, de EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA, ou
seja, a lei brasileira se aplica, DESDE que, dentre outras condi•›es, os crimes
n‹o tenham sido julgados no exterior. Vejamos:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
II - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
c) praticados em aeronaves ou embarca•›es brasileiras, mercantes ou
de propriedade privada, quando em territ—rio estrangeiro e a’ n‹o sejam
julgados. (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
¤ 2¼ - Nos casos do inciso II, a aplica•‹o da lei brasileira depende do
concurso das seguintes condi•›es: (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
(...)
d) n‹o ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou n‹o ter a’ cumprido
a pena; (Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
e) n‹o ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo,
n‹o estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favor‡vel. (Inclu’do
pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
E) ERRADA: Ser‡ aplicada a lei brasileira nesse caso, e se trata, ainda, de
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA. Vejamos:
Art. 7¼ - Ficam sujeitos ˆ lei brasileira, embora cometidos no
estrangeiro: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de 11.7.1984)
(...)
b) contra o patrim™nio ou a fŽ pœblica da Uni‹o, do Distrito Federal, de
Estado, de Territ—rio, de Munic’pio, de empresa pœblica, sociedade de
economia mista, autarquia ou funda•‹o institu’da pelo Poder Pœblico;
(Inclu’do pela Lei n¼ 7.209, de 1984)
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA ƒ A LETRA D.

47.! (CESPE Ð 2012 Ð TC/DF Ð AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO)


A respeito dos crimes contra a fŽ pœblica, dos crimes previstos na Lei de
Licita•›es, bem como dos princ’pios e conceitos gerais de direito penal,
julgue o item a seguir.
Segundo os princ’pios que regem a lei penal no tempo, a nova lei penal,
independentemente de ser mais ou menos benŽfica ao acusado, ser‡
aplicada aos fatos ocorridos a partir do momento de sua entrada em
vigor, mas a lei revogada, desde que mais benŽfica ao acusado, continua

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a ser aplicada a fato anterior, ou seja, a fato praticado durante o per’odo
de sua vig•ncia.
COMENTçRIOS: Toda Lei Penal s— pode ter efeitos a partir do momento em que
entra em vigor, regendo os fatos ocorridos ap—s esse momento, no que se chama
de princ’pio da atividade da lei penal, sendo vedada a RETROATIVIDADE DA LEI
PENAL, salvo se esta lei for mais benŽfica ao acusado.
J‡ a lei revogada, por sua vez, perder‡ a efic‡cia, a menos que seja mais benŽfica
que a lei nova, hip—tese na qual continuar‡ a reger os fatos praticados durante
sua vig•ncia (ULTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL).
A reda•‹o da quest‹o Ž meio truncada, de forma que d‡ para entender que a
primeira parte estaria incorreta, na medida em que diz que a lei nova n‹o
retroagir‡ em hip—tese alguma, o que Ž um erro.
No entanto, parece que a Banca interpretou a quest‹o de outra forma,
entendendo que a primeira parte da quest‹o e a segunda parte est‹o interligadas,
de maneira que a segunda trata de lei nova mais prejudicial, sendo a lei antiga
mais benŽfica, o que daria legitimidade para se considerar como correta a
primeira parte da quest‹o e, por consequ•ncia, a quest‹o toda.
Assim, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

48.! (CESPE Ð 2009 Ð AGU Ð ADVOGADO DA UNIÌO)


A respeito da aplica•‹o da lei penal, dos princ’pios da legalidade e da
anterioridade e acerca da lei penal no tempo e no espa•o, julgue o
seguinte item.
Ocorrendo a hip—tese de novatio legis in mellius em rela•‹o a
determinado crime praticado por uma pessoa definitivamente condenada
pelo fato, caber‡ ao ju’zo da execu•‹o, e n‹o ao ju’zo da condena•‹o, a
aplica•‹o da lei mais benigna.
COMENTçRIOS: A afirmativa est‡ correta, pois este Ž o entendimento sumulado
do STF:
SòMULA N¼ 611
TRANSITADA EM JULGADO A SENTEN‚A CONDENATîRIA, COMPETE
AO JUêZO DAS EXECU‚ÍES A APLICA‚ÌO DE LEI MAIS BENIGNA.

Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

49.! (CESPE Ð 2007 Ð AGU Ð PROCURADOR FEDERAL)


Acerca da parte geral do direito penal, julgue o item seguinte.
Em caso de abolitio criminis, a reincid•ncia subsiste, como efeito
secund‡rio da infra•‹o penal.
COMENTçRIOS: A abolitio criminis faz desaparecer todos os efeitos penais da
condena•‹o, inclusive a reincid•ncia. Vejamos o art. 2¼ do CP:

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Art. 2¼ - NinguŽm pode ser punido por fato que lei posterior deixa de
considerar crime, cessando em virtude dela a execu•‹o e os efeitos
penais da senten•a condenat—ria. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209, de
11.7.1984)
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

50.! (CESPE Ð 2012 Ð TJ/PI Ð JUIZ ESTADUAL)


No que se refere ˆ aplica•‹o da lei penal, assinale a op•‹o correta.
a) Em rela•‹o ao lugar do crime, o legislador adotou, no CP, a teoria do
resultado, considerando praticado o crime no lugar onde se produziu ou
deveria produzir-se o resultado.
b) Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de
direitos, as fra•›es de dia, mas, nas de multa, n‹o se desconsideram as
fra•›es da moeda.
c) A abolitio criminis, que possui natureza jur’dica de causa de extin•‹o
da punibilidade, conduz ˆ extin•‹o dos efeitos penais e extrapenais da
senten•a condenat—ria.
d) Desde que em benef’cio do rŽu, a jurisprud•ncia dos tribunais
superiores admite a combina•‹o de leis penais, a fim de atender aos
princ’pios da ultratividade e da retroatividade in mellius.
e) Em rela•‹o ao tempo do crime, o legislador adotou, no CP, a teoria da
atividade, considerando-o praticado no momento da a•‹o ou omiss‹o.
COMENTçRIOS:
A) ERRADA. Na verdade, o art. 6¼ do CP definiu o lugar do crime conforme a
chamada Teoria da Ubiquidade, ou seja, o lugar do crime pode ser considerado
aquele onde se operou a conduta do agente ativo, bem como, ao mesmo, tempo,
onde se operou o resultado dessa conduta (ou onde deveria produzir-se o
resultado). Art. 6¼: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a
a•‹o ou omiss‹o, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.
B) ERRADA. No art. 11 do CP h‡ a determina•‹o de se desprezar as fra•›es em
dia e as fra•›es de valores monet‡rios. Assim o item est‡ errado, pois afirmou
n‹o desconsiderar a fra•›es em moeda.
C) ERRADA. A abolitio criminis ocorre com uma legisla•‹o descriminalizando
determinada conduta tida como penal. O art. 107, III, do CP afirma que, de fato,
a retroatividade de lei que n‹o mais considera o fato como criminoso ƒ CAUSA
EXTINTIVA DA PUNIBILIDADE. No entanto, os efeitos extrapenais da condena•‹o
devem ser mantidos, pois a abolitio criminis s— extingue os efeitos penais da
conduta. Vejamos o art. 2¼ do CP: Art. 2¼ - NinguŽm pode ser punido por fato
que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execu•‹o
e os efeitos penais da senten•a condenat—ria. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 7.209,
de 11.7.1984)

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Teoria e quest›es
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D) ERRADA: A quest‹o foi considerada errada pela Banca, pois a Jurisprud•ncia
dominante, de fato, n‹o admite a combina•‹o de leis penais para se extrair uma
terceira lei, que seria a mais benŽfica ao acusado.
E) CORRETA. Sim, a Teoria da Atividade Ž a que define o tempo em que o fato
t’pico veio a ocorrer, o que Ž muito importante para se definir qual lei aplicar ao
caso. Nesse sentido, a Teoria da Atividade est‡ assentada no art. 4¼ do CP, o
qual disp›e que considera-se praticado o crime no momento da a•‹o ou da
omiss‹o, ainda que outro seja o momento do resultado.

51.! (CESPE - 2013 - STF - AJAJ)


Acerca dos princ’pios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do
crime e dos institutos da Parte Geral do C—digo Penal brasileiro, julgue
os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imput‡vel, tenha sequestrado uma
crian•a com o intuito de receber certa quantia como resgate. Um m•s
depois, estando a v’tima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor,
prevendo pena mais severa para o delito. Nessa situa•‹o, a lei mais
gravosa n‹o incidir‡ sobre a conduta de Manoel.
COMENTçRIOS: A afirmativa Ž errada, pois a lei nova, neste caso, passou a
vigorar DURANTE a consuma•‹o do delito, ou seja, ela PODE ser aplicada, pois
n‹o h‡ retroatividade neste caso. Aplica-se, na hip—tese, a sœmula n¼ 711 do
STF:
A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME
PERMANENTE, SE A SUA VIGæNCIA ƒ ANTERIOR Ë CESSA‚ÌO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANæNCIA.
Ora, o crime de extors‹o mediante sequestro Ž um crime permanente, e que se
encontrava em execu•‹o quando sobreveio a lei nova. Assim, esta dever‡ ser
aplicada ao caso.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

52.! (CESPE - 2013 - POLêCIA FEDERAL - ESCRIVÌO DA POLêCIA


FEDERAL)
No que concerne a infra•‹o penal, fato t’pico e seus elementos, formas
consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e
imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem.
A responsabilidade penal da pessoa jur’dica, indiscut’vel na
jurisprud•ncia, n‹o exclui a responsabilidade de pessoa f’sica, autora,
coautora ou part’cipe do mesmo fato delituoso, o que caracteriza o
sistema paralelo de imputa•‹o ou da dupla imputa•‹o.
COMENTçRIOS: O item est‡ correto. A jurisprud•ncia do STJ Ž pac’fica em
considerar admiss’vel a responsabilidade penal da pessoa jur’dica, exigindo, para
tanto, que a pessoa f’sica respons‡vel tambŽm seja punida, no que se
convencionou chamar de sistema paralelo de imputa•‹o ou da dupla imputa•‹o.

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O STF, contudo, recentemente adotou entendimento diverso ao julgar o RE
548181 (informativo 714), entendendo que o sistema da dupla imputa•‹o
seria dispens‡vel.
Ainda n‹o se pode dizer que tenhamos, aqui, uma ÒnovaÓ jurisprud•ncia, mas
talvez seja o indicativo de uma jurisprud•ncia futura.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç CORRETA.

53.! (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLêCIA)


Somente mediante expressa manifesta•‹o pode o agente diplom‡tico
renunciar ˆ imunidade diplom‡tica, porquanto o instituto constitui causa
pessoal de exclus‹o da pena.
COMENTçRIOS: A imunidade diplom‡tica Ž causa FUNCIONAL de exclus‹o de
pena, ou seja, Ž relativa ˆ fun•‹o, e n‹o ˆ pessoa. Assim, o agente diplom‡tico
n‹o tem poder para renunciar ˆ imunidade diplom‡tica, eis que ela pertence ao
CARGO e n‹o a ele. Enquanto ele estiver exercendo o cargo, ter‡ imunidade.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

54.! (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIçRIO - OFICIAL DE


JUSTI‚A AVALIADOR)
Pela analogia, meio de interpreta•‹o extensiva, busca-se alcan•ar o
sentido exato do texto de lei obscura ou incerta, admitindo-se, em
matŽria penal, apenas a analogia in bonam partem.
COMENTçRIOS: O item est‡ errado. Apesar de, de fato, somente se admitir a
analogia in bonam partem, a analogia n‹o Ž forma de interpreta•‹o extensiva,
mas meio de integra•‹o da lei penal. A analogia Ž a utiliza•‹o de uma norma
penal para um caso n‹o previsto por ela, mas que lhe Ž semelhante. A
interpreta•‹o extensiva Ž a aplica•‹o da lei penal a um caso que ela prev•, mas
de forma impl’cita.
Portanto, a AFIRMATIVA ESTç ERRADA.

9! GABARITO

1.! ERRADA
2.! ERRADA
3.! ERRADA
4.! CORRETA
5.! ERRADA

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6.! ERRADA
7.! ERRADA
8.! CORRETA
9.! ERRADA
10.! ERRADA
11.! CORRETA
12.! ERRADA (QUESTIONçVEL)
13.! ERRADA
14.! ERRADA
15.! ERRADA
16.! CORRETA
17.! ERRADA
18.! ERRADA
19.! ERRADA
20.! CORRETA
21.! CORRETA
22.! CORRETA
23.! ERRADA
24.! ERRADA
25.! ERRADA
26.! ALTERNATIVA A
27.! ERRADA
28.! ERRADA
29.! ERRADA
30.! ERRADA
31.! ERRADA
32.! CORRETA
33.! CORRETA
34.! ERRADA
35.! CORRETA
36.! CORRETA
37.! ALTERNATIVA A
38.! ERRADA
39.! CORRETA
40.! ERRADA
41.! ERRADA
42.! ERRADA

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43.! CORRETA
44.! CORRETA
45.! ERRADA
46.! ALTERNATIVA D
47.! CORRETA
48.! CORRETA
49.! ERRADA
50.! ALTERNATIVA E
51.! ERRADA
52.! CORRETA
53.! ERRADA
54.! ERRADA

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