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CENTRO DE HUMANIDADES - CH
TÓPICOS DE FILOSOFIA II
FORTALEZA
2011
RESUMO
INTRODUÇÃO
Com o objetivo de obter a preparação teórica necessária para leitura da “Ciência da Lógica”,
ponto central do sistema hegeliano, sendo um texto de notável complexidade e riqueza de
conteúdo, utilizou-se como ponto de partida a leitura do quinto capítulo do livro de Herbert
Marcuse, Razão e Revolução, no qual são desenvolvidos os principais fundamentos
componentes do sistema construído na “Ciência da Lógica”. Os principais elementos
identificados foram as diferenças identificadas entre a Lógica formal, pertencente à tradição
filosófica aristotélica, e a lógica dialética, utilizada como método no sistema hegeliano. Por
meio dessa diferenciação foram apresentadas as característica iniciais da “Ciência da Lógica”,
importantes para a leitura e compreensão de todo o seu conteúdo, sendo ressaltada a
importância do método dialético para o pensamento filosófico como compreensão crítica da
realidade. Em seguida, foi exposto o movimento básico de todo o sistema da “Ciência da
Lógica”, que devido à natureza sistemática da obra hegeliana faz-se presente em toda a
extensão não somente da obra em específico mas de todo o sistema hegeliano, parte a parte,
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pois tal obra constitui-se no núcleo sistemático de todo o pensamento hegeliano. Concluiu-se
a exposição do texto apontando o modo como tal movimento sistemático do pensamento
hegeliano faz-se presente no curso da história, observando-se que o sistema na verdade é a
própria história exposta de modo lógico dialético. Por meio dessas observações tornou-se
possível uma leitura mais atenta não somente da obra específica, a “Ciência da Lógica”, mas
de todo o sistema hegeliano, fundamental para o estudo da história da filosofia. Além do
notável ganho filosófico obtido pela compreensão do sistema hegeliano, a leitura de tal
sistema por meio do olhar de Marcuse permite a identificação de quais dos elementos da obra
de Hegel este julgou mais importantes, o que viabiliza simultaneamente a influência que
Hegel teve na obra de Marcuse, assim como uma melhor compreensão de sua própria obra. A
leitura e compreensão deste texto possibilitam, por isso, ganho duplo.
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Já a Lógica dialética possui uma posição completamente oposta em relação à
realidade. Para esta não seria possível ao pensamento obter um conhecimento verdadeiro da
realidade possuindo leis e categorias divergentes dele. Indo mais além, a Lógica dialética
considera que há uma identidade entre pensamento e realidade, de modo que o conteúdo de
ambas são um só, assim como as leis e categorias são os mesmos. Desse modo, o
conhecimento não existe por conta própria, mas depende do desenvolvimento do pensamento.
Há neste método filosófico uma unidade entre forma e conteúdo, pois o conhecimento é
produzido a partir do desenvolvimento do pensamento junto com a realidade, pois ambos são
um só. Assim, diferente da lógica tradicional, a lógica dialética considera o conhecimento não
como algo pronto e definitivo, mas que se constrói e muda com seu desenvolvimento. A
mudança presente no conhecimento também marca uma diferença no critério da verdade, pois
o que para a Lógica formal era o princípio de não-contradição, para a Lógica dialética não
possui mais validade. Para esta, o constante desenvolvimento em que se encontra o
conhecimento faz da contradição algo que lhe é inerente e essencial. Para a lógica dialética a
contradição não é apenas válida no conhecimento como é indispensável, pois é ela que
impulsiona o desenvolvimento do pensamento e da realidade, juntos, assim como do
conhecimento deles obtido. Isto marca uma mudança completa também em relação a postura
que tal filosofia adota diante da realidade. Como a contradição é a marca da realidade, o
pensamento filosófica com base na lógica dialética tem como papel o questionamento da
realidade e o apontamento de suas contradições para que estas sejam superadas, tornando-se
em seguida mais uma vez contraditórias e repetindo o processo permanentemente.
O sistema tem início com a categoria fundamental do “Ser”, que a tudo determina,
sendo determinada apenas por si mesma. A observação inicial de tal categoria a considera
como algo isolado e fixo, o que resulta na compreensão do Ser de forma totalmente
indeterminada e vazia. Tal compreensão o identifica com a categoria que lhe é imediatamente
oposta, o “Nada”. Esse fato revela que as categorias do “Ser” e do “Nada” são na verdade
uma única unidade lógica com dois momentos diferentes que se alternam numa relação
dialética. O movimento gerado por esta relação origina uma terceira categoria, o “Vir-a-Ser”,
inerente a existência de tudo o que existe.
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impulsiona o movimento lógico de atualização das potencialidades ainda não efetivadas. O
“ser-por-si” é um produto desse processo de aperfeiçoamento constante. Mas tal
aperfeiçoamento própria de cada um dos entes pressupõe a existência de uma auto-
consciência, bem como um auto-conhecimento, pois do contrário não seria possível aos entes
cancelar suas características não condizentes com seu “ser-em-si” e manter as que fossem
com ele coincidentes. Desse modo, a existência de uma auto-consciência própria dos entes
lhes imprime a condição de sujeito, uma vez que auto-consciência e auto-conhecimento são
características exclusivamente subjetivas. O processo de desenvolvimento do sujeito ocorre
sob determinações exclusivamente internas, inerentes ao próprio sujeito, o que significa que
ocorre com liberdade, atributo fundamental para o sujeito.
CONCLUSÃO
A leitura do sistema hegeliano por meio de Marcuse permitiu não somente uma leitura
mais atenta da obra hegeliana, mas também a identificação dos elementos presentes nessa que
Marcuse julgou mais fundamentais, o que viabilizou simultaneamente a identificação da
influência que Hegel teve na obra de Marcuse, assim como uma melhor compreensão de sua
própria obra.
REFERÊNCIAS
▪ Marcuse, Herbert. Razão e Revolução. Capítulo V. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
▪ Hegel, Georg Wilhelm Friedrich. Enciclopédia das Ciências Filosóficas. Vol. 01: A Ciência
da Lógica. São Paulo: Loyola, 1995.
▪ Hegel, Georg Wilhelm Friedrich. Ciência da Lógica, excertos; seleção e tradução: Marco
Aurélio Werle. São Paulo: Barcarolla, 2011.