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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 293.997 - RS (2000/0135816-2)

RELATOR : MINISTRO FRANCIULLI NETTO


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : GILBERTO DEON CORRÊA JUNIOR E OUTROS
RECORRIDO : LUÍS CARLOS LUCIANO DA ROSA E OUTRO
ADVOGADO : DELMAR ELY ZIMMER

RELATÓRIO

EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator):

Cuida-se de recurso especial, interposto pela União Federal, com amparo


no artigo 105, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, em face de v. acórdão
proferido pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, o qual firmou
posicionamento no sentido de que os embargos de terceiro constituem instrumento
adequado para "discutir penhora sobre bem adquirido por força de contrato de cessão
de direitos, quando os embargantes tem a posse sobre o bem, com quitação de suas
obrigações" (fl. 37).

A União Federal, irresignada com o improvimento do recurso de apelação


e remessa oficial, interpôs recurso especial, mediante o qual alega violação dos artigos
11 da Lei n. 5.741/71; 223 c/c o 222 da Lei dos Registros Públicos; 130, 134, II, e 135 do
Código Civil, bem como artigo 333 do CPC.

Consoante narra a recorrente, o egrégio Tribunal a quo adotou


basicamente dois fundamentos para negar provimento ao recurso de apelação, a saber,
"a existência de contrato anterior à penhora, estando o autor na posse do bem e a
desnecessidade de registro das alterações contratuais que não importem novação do
financiamento habitacional" (fl. 51).

Argumenta a recorrente, ademais, que o contrato celebrado não foi


averbado em cartório, bem como não possui firma reconhecida, o que, em tese,
"permitiria indagar se não teria sido confeccionado ad hoc para legitimar o ingresso dos
embargos." Adverte, ao ensejo da conclusão, que a simples celebração do contrato não
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implica transferência de posse.

É o relatório.

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RECURSO ESPECIAL Nº 293.997 - RS (2000/0135816-2)

EMENTA

EMBARGOS DE TERCEIRO. CONTRATO DE CESSÃO DE


DIREITOS. AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO EM CARTÓRIO DE REGISTRO
DE IMÓVEIS. CONTRATO CELEBRADO ANTERIORMENTE À
PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL. CABIMENTO DOS
EMBARGOS DE TERCEIRO. PRECEDENTES. ENUNCIADO N. 84 DA
SÚMULA DO STJ.

Cumpre esclarecer, desde logo, que as execuções fiscais


foram propostas em meados de 1993, o que ensejou a expedição de
mandado de penhora em 06.12.93 (fl. 06). Ocorre, todavia, que o negócio
jurídico foi celebrado em 09 de setembro de 1987, ou seja, cerca de seis
anos antes do ajuizamento da execução fiscal.

No particular, por mais que o aludido contrato não esteja


averbado no registro de imóveis, ou seja, "a despeito da obrigatoriedade
do registro da compra e venda no Cartório de Registro de Imóveis, para
que se possa atribuir eficácia erga omnes ao negócio jurídico realizado,
permanece vigente o enunciado 84 da Súmula desta Corte, que faculta a
oposição de embargos de terceiro ao adquirente de boa-fé. (REsp
500.934/SP; Rel. Min. Castro Filho, DJ 25.02.2004, p. 169; AGREsp
507.767/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 20.10.2003, p. 212).

Recurso especial improvido.

VOTO

EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator):


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Cumpre esclarecer, desde logo, que as execuções fiscais foram


propostas em meados de 1993, o que ensejou a expedição de mandado de penhora em
06.12.93 (fl. 06). Ocorre, todavia, que o negócio jurídico foi celebrado em 09 de
setembro de 1987, ou seja, cerca de seis anos antes do ajuizamento da execução
fiscal.

Conquanto o negócio jurídico celebrado entre Luiz Carlos Luciano da


Rosa, ora recorrido, e José Carlos da Luz envolvesse tão-somente a cessão de direitos
de um imóvel objeto financiamento junto ao extinto BNH, não se pode olvidar a boa-fé do
adquirente no momento da conclusão do contrato.

No particular, por mais que o aludido contrato não esteja averbado no


registro de imóveis, ou seja, "a despeito da obrigatoriedade do registro da compra e
venda no Cartório de Registro de Imóveis, para que se possa atribuir eficácia erga
omnes ao negócio jurídico realizado, permanece vigente o enunciado 84 da Súmula
desta Corte, que faculta a oposição de embargos de terceiro ao adquirente de boa-fé.
(REsp 500.934/SP; Rel. Min. Castro Filho, DJ 25.02.2004, p. 169).

A teor da reiterada jurisprudência consolidada no âmbito deste egrégio


Superior Tribunal de Justiça, o contrato de gaveta – "designação atribuída aos negócios
jurídicos de promessa de compra e venda de imóvel realizados sem o consentimento
da instituição de crédito que financiou a aquisição (REsp 119.466/MG, Rel. Min. Ari
Pargendler, DJ 19.06.2000, p.140) – representa uma realidade social a que o Direito não
pode ignorar. Embora o recorrido não tenha efetivado a averbação do negócio jurídico
no Cartório de Registro de Imóveis, promoveu o pagamento da integralidade das
prestações decorrentes do financiamento, o que lhe proporcionou a quitação e a
transferência do bem.

A par dessas circunstâncias, impende salientar, novamente, que a


recorrida logrou comprovar que a cessão de direitos foi celebrada anteriormente à
propositura da execução fiscal. Desse modo, nos termos da jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, "comprovando-se que o compromisso de compra e venda foi
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celebrado antes do ajuizamento da execução fiscal, ainda que o registro seja posterior,
o contrato é suficiente para provar a posse, admitindo-se os embargos de terceiro para
ser afastada a constrição incidente sobre o imóvel em comento" (AGREsp 507.767/RS,
Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 20.10.2003, p. 212).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.

É o voto.

Ministro FRANCIULLI NETTO, Relator.

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