Capítulo 10
MUROS DE ARRIMO
10.1– Considerações gerais
Entende-se por muros de arrimo (ou de contenção) como sendo estruturas de paredes
verticais ou levemente inclinadas, para contenção lateral do solo evitando que o mesmo assuma
sua inclinação natural, suportadas por fundações rasas ou profundas.
Os muros podem ser construídos em alvenaria de tijolos, de pedras, em concreto simples,
concreto ciclópico, concreto armado, gabiões, solo-cimento ensacado, pneus, ou outros
elementos especiais.
Os muros de arrimo podem ser classificados quanto ao tipo em de gravidade e de flexão.
Podem também ser com e sem tirantes.
Muros de gravidade são estruturas construídas para combater ao empuxo com o seu peso
próprio, constituído com pedra, concreto simples, concreto ciclópico, concreto armado,
gabiões, solo-cimento ensacado e pneus usados, utilizados para alturas pequenas (h < 5m).
Quando o muro é de pedra, mesmo tendo dimensões horizontais elevadas sua construção é
fácil e de baixo custo, além de ter uma boa drenagem devido ao material empregado, como
mostra a Figura 10.2.
Destaca-se que muitos acidentes com muros de arrimo estão relacionados ao acúmulo de água
no maciço que aumenta em muito o empuxo atuante. Por isso, é fundamental o projeto, a
execução e a manutenção de um eficiente sistema de drenagem.
Para melhorar a condição de estabilidade esse tipo de muro pode ter sua base ancorada
com tirantes, ou mesmo com chumbadores quando assentes em rocha.
Quando o muro é muito alto (acima de 5m), o empuxo se torna elevado, e é usual a
utilização de paredes com espessuras menores, reforçadas com vigas na vertical de altura da
seção transversal vaiável (contrafortes), para combater o esforço e aumentar a resistência ao
tombamento. Em geral, adota-se para espaçamento dos contrafortes a distância de 70% da
altura do muro. Ver Figura 10.4.
Os esforços solicitantes devido ao empuxo do terreno podem ser obtidos pelas teorias de
Coulomb e de Rankine, que satisfazem o equilíbrio de esforços vertical e horizontal, sendo a
última a mais empregada.
A Figura 10.7, mostra para um muro de concreto em terrapleno inclinado de ângulo ß, os
esforços solicitantes pela teoria de Rankine.
No caso de terrapleno horizontal (i = ß = 0), a expressão acima fica: ka = tg2 (450 – Φ/2),
que para solos com Φ = 300, dá: ka = 1/3 = 0,333.
A Figura10.8, mostra a variação da pressão horizontal ao longo do muro de altura H, com
valor máximo (tf/m2), em sua base.
h = ka . (s) . H
Figura 10.8 – Muros de arrimo: empuxo ativo
O valor da resultante do empuxo ativo do solo, por metro linear de muro, aplicado no terço
médio de sua base, é a resultante do diagrama da figura acima, e vale:
Ea = 1/2 . ka . ( s) . H2
Se houver sobrecarga no maciço (em aterro de rodovias classe 1, esse valor é 0,5 tf/m2), a
pressão horizontal do muro será eq = ka . q, conforme mostrado na Figura 10.9.
A Figura 10.10 mostra a carga vertical W e o empuxo do terreno Ea, e seus pontos de
aplicação. A verificação do tombamento do muro deve ser feita com a redução dos esforços ao
ponto A.
Na verificação do tombamento, bem como no deslizamento da base do muro que veremos
a seguir, é usual e a favor da segurança desprezar o empuxo passivo do solo.
W E
a
a
Ep
Hest
B
Para aumentar a resistência ao deslizamento, muitas vezes utiliza-se dentes na base da sapata,
como indicado na Figura 10.1.
Para o cálculo das armaduras no estado limite de ruptura são utilizados os critérios e
tabelas da disciplina de concreto armado, considerando as paredes do muro como uma laje em
balanço engastadas na fundação. Os esforços e as armaduras são calculados por faixa de metro
linear do muro (As/m).
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No caso de muro com contrafortes as paredes normalmente são calculadas como lajes
armadas na horizontal que transmitem as reações para as nervuras e estas calculadas como
vigas em balanço engastadas na fundação.