Sei sulla pagina 1di 50

UNIVERSIDADE CEUMA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DO CURSO DE DIREITO

FRENA LORENA BARROS DA ROCHA

FEMINICIDIO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA DE


GÊNERO

São Luís
2018
FRENA LORENA BARROS DA ROCHA

FEMINICIDIO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA DE


GÊNERO

Monografia apresentada ao Curso de


Direito da Universidade CEUMA, como
requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Orientadora: Profª. Valdira Barros

São Luís
2018
FRENA LORENA BARROS DA ROCHA

FEMINICIDIO COMO INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA DE


GÊNERO

Monografia apresentada ao Curso de


Direito da Universidade CEUMA, como
requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Aprovada em ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Prof. Drª. Valdira Barros (Orientadora)
Universidade Ceuma

_________________________________________________
1° Examinador

__________________________________________________
2° Examinador
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, cuja fidelidade me fortaleceu, cujo amor me preparou, cuja


benevolência estabeleceu-me, a cada estima um bom amigo. Agradeço por permitir
que tudo isso acontecesse, durante minha trajetória e não tão somente nestes anos
como estudante universitária, assim, afirmo, é o maior mestre que alguém pode ter.
Agradeço a minha família, a qual devo a minha persistência e a minha vitória.
Aos meus amigos Amarildo Júnior e Rayane Araújo que fizeram parte da minha
formação acadêmica e que vão continuar presentes na minha vida, pois me
acompanharam, me apoiaram nos momentos difíceis, me ampararam quando o
espírito fraquejava, me animaram quando a luta era mais árdua. Sem eles as barreiras
teriam sido intransponíveis, as pedras do caminho ásperas demais, os sobressaltos
da estrada insuportáveis.
À orientadora, Professora Valdira Barros, pelas suas correções, auxílios,
incentivos, pela orientação, apoio e confiança na elaboração desde trabalho.
Agradeço aos professores que me possibilitaram adquirir conhecimentos, à
manifestação do caráter ao transmiti-los, o afeto pela educação no processo de
formação profissional. Meus eternos agradecimentos.
Assim, concluo afirmando que a jornada foi longa, com dias bons e ruins. Eu
elevava a Cristo uma prece, sob forma de poesia. Essa prece terminava assim:
“Aceito o sofrimento.
Aceito essa injustiça. Aceito a provação.
E as ergo para Cristo.
Mas, tende compaixão.
Não permitais, Senhor, que o espírito esmoreça.
Dai-me forças, Senhor, para seguir lutando.
Se não por mim, ó Deus,
ao menos por aqueles que me deram sua mão,
que acreditaram em mim e vão me sustentando.”
“Em vez de perder noites
me descrevendo com rancor
pros meus conhecidos
quando se reunirem novamente
pode me chamar
que eu mesmo faço
as saudações:

muito prazer
eu sou a mulher que lhe mostrou
que não se pode domar
nenhuma mulher”
(Ryane Leão)
RESUMO

O presente estudo tem por objetivo abordar o tema feminicídio como instrumento de
proteção contra a violência de gênero. Inicialmente pretende-se analisar a violência
de gênero até a presente lei do feminicídio; entender a cultura do patriarcalismo como
ensejo para a violência de gênero. A mulher como um ser estigmatizado, marcada por
preconceito; Analisar a lei 13.104/2015 do feminicídio, na qual foi instituída para punir
de forma mais dura, os que praticam o crime de assassinato de mulher “causado por
violência doméstica ou homicídio praticado e motivado em razão da vítima se mulher”;
Analisar a problematização em relação a criminologia e ao feminismo, além de indagar
sobre a eficiência da lei do feminicídio; Compreendê-la se está cumprindo com o seu
papel em punir os agressores e dessa forma coibir a contínua pratica do homicídio de
mulheres; Analisar os movimentos feministas, na qual foram e são meios de expandir
ideologias de igualdade de gênero, quebrando paradigmas do preconceito, de
maneira a auxiliar a criação de leis. Por fim analisar o direito comparado da Lei do
feminicídio nos países da América Latina, tendo em vista que antes mesmo de ser
objeto de estudo e adentrar no rol das leis no Brasil, outros países como Argentina,
Chile e Colômbia, já incorporavam o crime de feminicídio às suas legislações penais.

Palavras-chave: Feminicídio. Direito. Violência contra a mulher. Feminismo. Direitos


humanos das mulheres.
ABSTRACT

The present study aims to address the issue of feminicide as an instrument to protect
against gender violence. Initially, gender violence should be reported to a present
feminicide law; understand a culture of patriarchalism as teaching for gender violence.
A woman as a stigmatized being, marked by prejudice; To analyze the law 13.104 /
2015 of the feminicide, in which it was instituted to punish more harshly, those who
practice the crime of murder woman "caused by domestic violence or homicide
practiced and motivated by the victim as a woman"; Analyze a problematization in
relation to criminology and feminism, as well as inquire about an evolution of the law
of feminicide; Understand it if it is fulfilling its role in punishing the perpetrators and
thereby restraining the continued practice of the murder of women; Analyze the
feminist movements, in which they are and are means of expanding ideologies of
gender equality, breaking paradigms of prejudice, in order to help the creation of laws.
Finally, to analyze the comparative law of the Law of feminicide in the countries of Latin
America, considering that even before being studied and entering the roll of laws in
Brazil, other countries such as Argentina, Chile and Colombia, which have already
incorporated the crimes of feminicide to their criminal legislation.

Keywords: Feminicide. Right. Violence against women. Feminism. Human rights of


women
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO8
2 A VIOLÊNCIA DE GÊNERO10
2.1 O patriarcalismo como fator primordial para a violência de gênero11
2.2 A violência contra a mulher no Brasil15
2.3 Perfil das vítimas de violência no Brasil18
2.4 Enfrentamento da violência de gênero20
3 FEMINICÍDIO23
3.1 Feminicídio no Brasil25
3.2 Tipos de feminicídio30
3.3 Causa de aumento de pena do feminicídio31
4 A LEI DO FEMINICÍDIO NOS PAÍSES DA AMERICA LATINA33
4.1 A Lei do Feminicídio na Argentina37
4.2 A Lei do Feminicídio no Chile39
4.3 A Lei do Feminicídio na Colômbia40
5 CONCLUSÃO44
REFERÊNCIAS46
8

1 INTRODUÇÃO

Este estudo objetiva discuti sobre o feminicídio, levando em considerações a


violência de gênero até o ponto fim do ato que é tirar a vida da mulher; em relação a
violência contra a mulher é importante averiguar a existência de erros no modo como
são realizadas as inquirições para obtenção da prova e observar as possibilidades de
aplicação de procedimentos mais adequados.
Posto isso, o tema foi limitado à violência de gênero e ao homicídio de
mulheres, por ser temas conexos, uma vez que o ensejo da frequente violência contra
a mulher pode ocasionar a morte da mulher que sofre com esses tipos de situações.
O trabalho foi redigido em três capítulos, onde são debatidos conceitos, visão
histórica e empírica da violência de gênero e do feminicídio, a análise do direito
comparado sobre a lei do feminicídio no sistema penal brasileiro e internacional.
A violência de gênero infelizmente é um fato comum que afeta todos os
grupos, sendo uma forma de violação de direitos, desde os primórdios, na qual traz a
ideia de que o homem é um ser superior e a mulher um ser inferior que lhe deve
obediência. Nessa concepção, a violência doméstica e familiar torna-se um problema
de ordem privada ou individual, mas de responsabilidade da sociedade como um todo.
A Lei Maria da Penha, que em agosto de 2017, completa 11 anos de
existência, fora criada como instrumento de proteção à mulher, estabelecendo um
cuidado especial em relação as mulheres vítimas de violência doméstica e familiar,
sendo o principal meio de combate ao homicídio de mulheres. Entretanto, apesar
dessa lei ser genuinamente brilhante, não há muito a que ser comemorado, tendo em
visto que sua aplicação ainda não é satisfatória.
A celebre Convenção do Pará, também afamada como a Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a violência, em seu artigo 1º, Capítulo
1, define a violência contra a mulher como “qualquer ato ou conduta baseada no
gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher,
tanto na esfera pública como na esfera privada”. Destarte que além desses tipos de
violência, a lei Maria da Penha apresenta mais dois, são elas a moral e patrimonial.
No Brasil, o Mapa da Violência 2015 – indica que a taxa de homicídios de
mulheres no país entre 2006 e 2013, aumentou em 12,5%, assim, chegando a 4,8 o
total de vítimas de homicídio a cada 100 mil mulheres, sendo que, em 2013 foram
registrados 4.762 homicídios de mulheres.
9

A palavra feminicídio é novo, e introduziu-se há pouco tempo no dia a dia das


pessoas, e muitas ainda não sabem do seu significado. Feminicídio é uma expressão
semelhante ao homicídio, e significa dizer o assassinato de mulheres. Não se deve
confundir com o termo feminicídio, que significa dizer que é a morte de indivíduos do
sexo feminino. O Feminicídio fora enquadrada no rol das leis penais para evidenciar
a particularidade do homicídio, que está pormenorizado no campo do gênero.
Diante disso, a Lei do Feminicídio que altera o Código Penal, que pune
gravemente aquele que mata mulher por razões de gênero, busca-se o enfrentamento
da violência de gênero, com o intuito de salvaguardar a justiça de gênero, em ato
contínuo os direitos humanos das mulheres, vem diminuindo assim paradigmas
sexistas feitos através de ideologias desconexas e preconceituosas.
Por fim o direito comparado, em relação a aplicação da Lei do Feminicídio
entre diversos países da América Latina, como Argentina, Chile e Colômbia, onde já
haviam implementado a referida lei antes mesmo do Brasil incluí-la no rol das leis
penais.
10

2 A VIOLÊNCIA DE GÊNERO

A Violência é a pratica de violentar, de fazer força física ou intimidação


psicológica contra alguém. Diante disso, é possível estabelecer que a violência contra
a mulher é um ato violento causando dano físico, sexual ou psicológico, no gênero
feminino.
A violência existe desde os primórdios e assim vem acompanhando o homem
no decorrer da história, manifestando-se de modo e condições diferentes. É nítido a
preocupação da humanidade em entendê-la, para, dessa forma, encontrar um meio
de preveni-la e assim combatê-la.
Conforme Levisky (2010) uma ação ou situação violenta podem ser facilmente
identificadas dependendo da forma como se apresentam, porém, conceituar violência
é difícil, enxergando que os motivos e sentimentos que levam à ação geradora do ato
violento apresentam significados múltiplos e diferentes, que geralmente são
dependentes das condições econômicas, culturais, políticas, entre outras, nas quais
elas ocorrem.
É importante frisar que são vários os motivos associados à violência,
abrangendo assim, os problemas sociais, gênero, raça, desemprego estão entre as
principais razões. Diante disso o combate da violência não é só uma questão de
elaboração de políticas públicas de prevenção ou acolhimento das vítimas, mas de
enfrentamento ao problema.
Com base nos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2012, p. 1),
no ano de 2013, a violência contra a mulher é uma questão de saúde pública “[...]
problema de saúde global de proporções epidêmicas”, este reflete que em cada três
mulheres, uma no mundo já sofreu violência física ou sexual, sendo na maioria das
vezes o agressor ser o parceiro íntimo.
Em ato contínuo o relatório mundial de saúde (OMS, 2012, p. 05) estabelece
a violência como sendo:

Uso intencional da força física ou do poder ou ameaça, contra si próprio,


contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou
tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico,
deficiência de desenvolvimento ou privação (OMS, 2012, p. 05).
11

A Constituição Federal/88 assegura o direito social, nas situações de violência


baseando-se na prestação de serviços de segurança pública, investimento na
educação de qualidade, induzindo a sociedade para realizações de ações de
prevenção, atendimento as vítimas e aos agressores, efetivação das medidas judiciais
de forma assídua, boa qualidade de vida, almejando bem físico, moral e espiritual do
ser humano, compromisso do Estado.
A violência contra a mulher é uma situação comum e, por conta disso,
banalizado. Muitas das vezes encontra-se justificado por suposições biológicos, que
indicam a mulher tal como um ser delicado, de menor robustez física e habilidade
racional, que por sua vez tem propensão a ser controlada, domesticada, pois para tal
ideia é necessário ter alguém para defendê-la e direcioná-la.
Nessa situação, acrescenta ainda Cunha (2014) que ela encontra-se a
margem da violência, sendo, em dado momento, até mesmo necessário de um
castigo.
Segundo Cunha (2014, p. 150), define:

A violência contra a mulher é um fenômeno antigo e, também por isso, muito


banalizado. Ele se encontra justificado por pressupostos biológicos bem
duvidosos, mas infelizmente comuns, que apontam a mulher como ser mais
frágil, de menor força física e capacidade racional, que por sua própria
natureza domesticável tem tendência a ser dominada, pois necessita de
alguém para protegê-la e orientá-la. Nesta concepção, ela se encontra
passiva de violência e, em alguns momentos, inclusive precisa de uma
correção (CUNHA, 2014, p. 150).

O que se verifica é que a violência contra a mulher não é um fato natural que
surgiu da biologia que diferencia o homem e a mulher, e sequer é um fato isolado,
próprio de trabalhadoras pauperizadas.

2.1 O patriarcalismo como fator primordial para a violência de gênero

A discussão sobre os perigos de uma relação social/comunidade machista e


patriarcal atualmente está tão visível e presente. Contudo, o elevado e crescente
índices de mulheres vítimas de violência doméstica e de feminicídio evidencia a
proporção desse tipo de crime e o quanto o país ainda precisa progredir e melhorar.
O patriarcalismo é definido como a cultura dominante do ser homem, “macho”,
forte sobre o ser mulher, frágil, obediente. Nessa relação é possível compreender
12

diversos fatores, como o preconceito, a desigualdade salarial, status, poder, entre


homens e mulheres.
O sistema patriarcal se ampara em uma economia regrada, sendo um meio
de salvaguardar aos homens os modos imprescindíveis ao trabalho diário e à
reprodução da vida. Ele se constitui como um acordo masculino para assegurar o
domínio de mulheres, as quais transformam-se seus pertences de satisfação sexual
e reprodutoras de seus filhos, de rigidez de trabalho e de novas reprodutoras
(SAFFIOTI, 2014).
A emancipação civil não pode ser assimilada sem a formação do direito
patriarcal dos homens sobre as mulheres. Este acordo é social, pois funda o direito
político dos homens sobre as mulheres, e é também sexual, porque determina um
ingresso metódico dos homens ao corpo feminino (SAFFIOTI, 2014).
O Código Civil de 1916 determinava que ao homem pertencia a prática do
pátrio poder e que à mulher, o papel de ser esposa, ficavam limitados vários direitos
civis, que necessitavam da concordância do marido para que pudessem exercê-los.
A carência, no Código Penal Brasileiro, da qualificação de estupro dentro do
casamento e, em contrapartida, a preservação da transgressão da mulher que realiza
o aborto, são referenciadores do aspecto sexual deste acordo, que também policia os
direitos reprodutivos da mulher.
A violência de gênero é um fenômeno provocado na sociedade patriarcal,
através da subordinação das mulheres. A diferença entre homens e mulheres está
rigorosamente atrelado à raça e à classe, ou seja, o verídico livramento e a
independência das mulheres que tão somente advirão no momento em que usufruir
da eliminação do patriarcalismo e da discriminação. Assim, para que haja a existência
de libertação e independência das mulheres, necessário se faz, uma transformação
drástica em todas as organizações, de maneira a eliminar todas as relações
patriarcais (CUNHA, 2014).
A violência de gênero está vinculada a sociedade patriarcal e de gênero, o
qual coloca o homem como ser hierarquicamente superior. Está vinculada a uma
prática em resposta ao “mau comportamento”, existente quando decorre
desobediência ao homem e ação relativa a convicções de gênero, fazendo utilização
da violência (SAFFIOTI, 2004).
Muraro, enumera os fatores que levam o homem a ter o sentimento de poder
e dominação sobre a mulher:
13

À medida que o homem vai controlando a natureza, seu poder sobre a mulher
vai também, na mesma proporção, aumentando e se cerrando. O fruto da
árvore do conhecimento afasta cada vez mais o homem da natureza, e a
árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. Do bem, no
que permite a continuidade do processo humano, e do mal no sentido em que
cria o poder, a dominação como conhecemos hoje (MURARO, 1992, p. 71).

De acordo com Follador (2009), o termo gênero é comumente utilizado para


determinar a relação de homem e mulher, visando a suposição de que a elaboração
do percurso histórico das mulheres faz-se imprescindível para entender a relação
entre os dois sexos. O gênero é um padrão que retrata um desenvolvimento social,
limitando o papel exercido pelo homem e pela mulher, não sendo restrito, posto que o
ser humano estabelece uma identidade de gênero próprio, não se fazendo necessário
a característica biológica.
Logo, as diferenças biológicas do sexo feminino e masculino não intervém nas
desigualdades entre eles, a sociedade patriarcal não está baseada nessas diferenças,
porém, das relações entre ambos. Relações essas com ideias patriarcais de gênero
que impõe as mulheres na posição de subordinação/dominação em relação aos
homens.
Compreende-se, por conseguinte, que os princípios da sociedade
contemporânea se esbarram como especificadores do masculino e que o debate
colonizador está existente nestes vínculos de gênero. Desde a concepção sexista, o
homem, assim como foi erigido, é o que conhece o que é mais adequado para a
mulher, a família e a sociedade. A violência de gênero, nesta perspectiva, dispõe como
um de seus parâmetros o debate racionalista.
O patriarcalismo é visto até o momento atual como meio de uma cultura para
dominar as mulheres. O preconceito, as desigualdades são evidenciadas no momento
em que fora definido a função das mulheres, sujeitando-as a incessante
discriminação; e aos homens, proporcionando-os o poder de domínio em relação as
mulheres.
Mediante essa organização familiar fundada na tirania desse ideal de homem,
as mulheres se tornam vítimas e são forçadas a subordinar-se em respeito ao homem,
a virilidade e feminização dos trabalhos, o abuso e imposição no que concerne a
mulher, a ininterrupta repetição dos ensinamentos patriarcais percorrendo a cada
época o autoritarismo dominante/opressor do qual se intitula “chefe da família” e a
14

sujeição da mulher, coibição de sua sensualidade, trivialidade da violência diária e a


desproporcionalidade de direitos.
Com base nessa relação a violência de gênero é acometida de regras
estabelecidas, as mulheres encontram-se em estado de subalterna/submissão pelos
homens “machos”. A colocação de nível que intitulam-se permite, que a “mau conduta”
delas seja retificado de maneira a salientar quem domina, por meio de violência física,
patrimonial, psicológica ou sexual.
A violência contra as mulheres, termo mais intenso dos princípios patriarcais,
precisamente vitima milhares de brasileiras a cada ano. Ainda que se tenha avanços
nas leis brasileiras para proteção das mulheres, são comuns os casos de agressão,
além dos assassinatos de mulheres, causados por parceiros ou ex-parceiros (IPEA,
2014). Em outras palavras, a violência de gênero infelizmente é um fato comum no
dia a dia das brasileiras e ocorre constantemente.
A respeito da característica da violência contra a mulher, Cunha (2014, p. 149)
elucida:

A violência contra a mulher é um fenômeno histórico, fruto das relações de


desigualdade de gênero, as quais, conjuntamente com as desigualdades de
classe, raça e sexualidade, estão imbricadas aos interesses do modo de
produção capitalista. Não é possível analisar as relações de gênero sem
compreendê-las em seu contexto histórico, econômico e social. Quando
analisadas na ordem patriarcal, é preciso percebê-las dentro e a partir das
desigualdades de classe, raça e sexualidade, sem hierarquizá-las, já que
estas são também eixos estruturantes da sociedade e encontram-se
amarradas umas às outras (CUNHA, 2014, p. 149).

Em ato contínuo, de acordo com Silveira e Costa (2012, p. 1):

A mulher é, primeiramente, discriminada por ser mulher, como se essa


condição a tornasse incapaz, incompleta ou falha. Se não pertencer à cor
branca, sofrerá ainda mais preconceito. A herança histórica do escravismo
ainda é dominante em uma sociedade onde a cor da pele, muitas vezes, vira
sinônimo de caráter. Da mesma forma, a mulher pertencente às classes mais
baixas da sociedade é ainda menos valorizada como mulher, mais
discriminada se for negra, e igualmente excluída pelo seu baixo poder
aquisitivo (SILVEIRA; COSTA, 2012, p. 1).

A violência contra as mulheres encontra-se ligada a dominação do homem


sobre a mulher, é a repressão patriarcal e a sua manifestação materializa-se por meio
da fusão de ideias reacionária, machistas e antifeminista. Realiza-se a imposição do
15

autoritarismo/poder sobre a mulher. Poder patriarcal em relação as mulheres, que as


aufere em diversos momentos de suas existências (TEIXEIRA, 2015).
A violência contra a mulher está indubitavelmente relacionado à manutenção
de hábitos machista evidenciando uma relação desproporcional de poder, no qual o
homem se acha na condição de infringir os direitos das mulheres, com o intuito de
sempre ir na busca infindável em afirmar sua virilidade, em âmbito público ou privado,
encontrando-se em um patamar de soberania em comparação às mulheres.
Ao determinar este poder de dominação dos homens sobre as mulheres,
presume-se um vínculo de violência, que se confere desde do controle masculino de
um território, sobretudo o familiar. Este procedimento de territorialização de controle
não é simplesmente geográfico, mas essencialmente simbólico. A violência doméstica
não se confere, exclusivamente nas fronteiras do domicílio, sendo capaz um sujeito
humano concernente àquele território sofrer agressão mesmo que não se esteja
geograficamente localizado nele. A incessante intimidação de violências masculinas
que apavora as mulheres atua como instrumento de subordinação destas aos homens
(SAFFIOTI, 2004).
O Direito ao que tudo indica desconsidera esta relação de obediência/sujeição
ao ocultar-se perante a violência contra a mulher, condenando as vítimas de violência
sexual, abdicando-se de interferir no meio privado, ignorando a prostituição feminina
e a exploração sexual, consentindo para a sexualização dos corpos das mulheres
negras, desconsiderando a depreciação do trabalho feminino. Não há que se ludibriar,
a instituição jurídica está, na verdade, a legalizar a ordem do patriarcado, racismo e
capitalismo.
Adiante, nos próximos tópicos debateremos em relação a violência contra a
mulher no Brasil, os fatores que comprovam essa violência, as condições que se
manifesta, os dados que produz, os movimentos sociais das mulheres para o combate
da violência de gênero, as legislações de enfrentamento e penalização, a fim de que,
se entenda o feminicídio e suas peculiaridades, além do seu enquadramento em
outros países da América Latina.

2.2 A violência contra a mulher no Brasil

A violência doméstica e familiar em face da mulher se estabelece como uma


maneira de infringência aos direitos humanos, tornando-se uma manifestação de
16

poder cultural exteriorizada por meio dos hábitos e condutas socioculturais, justificado
na ideologia da predominância masculina e nos ensinamentos das relações sociais.
A Lei Maria da Penha nº 11.340 foi aprovada no dia 07 de agosto de 2006
com objetivo de obter uma modificação de postura, dado que observou-se a
necessidade de boas relações de convivência e igualdade entre as pessoas,
promovendo procedimentos para proibir a agressão doméstica e familiar que baseia-
se em agressões física, psicológica, sexual, patrimonial e a moral, relacionados no
artigo 7º da referida lei.
No Brasil a violência contra a mulher nos últimos anos houve um aumento,
particularmente no ambiente doméstico e em geral praticada pelo marido,
companheiro ou parentes que possua qualquer relação de intimidade com a vítima.
O crescimento da ocorrência de homicídios de mulheres é um acontecimento
global verificado aproximadamente em todos os países, ou em todos, justificando-se
na regra da injustiça/impunidade.
Só em 2013, foram 4.762 mulheres vítimas de violência. Esses números
preocupam tendo em vista a progressão dos índices de assassinatos de mulheres,
sendo que, ao longo do tempo é evidente o lento, porém ininterrupto crescimento do
sofrimento, das agressões.
No Brasil, o Mapa de violência 2015, indica que entre 1980 e 2013 os números
passaram de 1.353 homicídios para 4.762, um aumento de 252,0%. Nos últimos seis
anos, as taxas cresceram 23,1%, sendo um número muito elevado em relação ao
curto espaço de tempo, tornando-se motivo de grande preocupação, tendo em vista
não permiti supor a consolidação de barreiras de controle da violência contra a mulher.
De acordo com o Sistema de Agravos e Notificações (SINAN), a proporção de
mulheres agredidas por um ente familiar direto e projetando-a sobre o total de
homicídios femininos acontecidos em 2013, teríamos, do total de 4.762 vítimas
femininas registrado em 2013 pelo Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM),
2.394, isso é, 50,3% do total de homicídios de mulheres, foram perpetrados por um
familiar direto da vítima, ou seja, equivale a 7 vítimas por dia.
Dentre os familiares, mais precisamente os namorados/maridos e ex-
parceiros, tem-se que 1.583 dessas mulheres foram vitimadas por eles, o que
corresponde a 33,2% do total de homicídios femininos de 2013. Nesse caso, as mortes
diárias foram 4, consideradas todas as idades, com base no Mapa de Violência 2015.
17

A acepção dessa importância, nada percebido que muitas das vezes é


incógnito, sendo melhor apreendido ao comparar a situação brasileira em relação a
outros países. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil a
taxa é de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, em 2013, dados que nos coloca na 5ª
posição internacional, entre 83 países. Encontrando-se melhor que El Salvador,
Colômbia, Guatemala e a Federação Russa, que apresentam taxas superiores à do
Brasil.
Em análises dos 83 países, pela OMS constatou-se que a taxa média fora de
2 homicídios por 100 mil mulheres. Por conseguinte, os índices de homicídios
femininos do Brasil, é de 4,8 por 100 mil, no qual resulta em uma média de 2,4 vezes
maior que a internacional. São cristalinos os indicadores brasileiros são
excessivamente elevados, em relação ao internacional.
A pesquisa ainda constatou que, dos atendimentos efetivados pelo Disque
180, 8,84 % foram relatos de violência contra a mulher, sendo 51,16% foram relatos
de violência física; 30,92% violência psicológica; 7,13% violência moral; 1,95%
violência patrimonial; 4,06% violência sexual; 4,23% cárcere privado; 0,55% tráfico de
pessoas.
Em continuidade, demonstra-se ser mais claro a violência contra a mulher
quando utiliza-se instrumentos que exigem contato direto, por exemplo, objetos
cortantes, contundentes, sufocantes e outros, indicando maior incidência de crime de
ódio ou por motivos fúteis/banais (WAISELFISZ, 2015).
O ódio é decorrente de um aglomerado de insultos à vítima que configuram
uma série de violência, as ofensas proferidas por um ente familiar da vítima em
conjunto com repetições das ofensas possibilitam a vulnerabilidade da vítima, na
maioria das vezes tornando-se passiva em relação as agressões sofridas.
As agressões demonstradas por meio da inércia do Estado ao deixar de dar
assistência à vítima, posto que o Estado repetidamente se recusa a dar uma adequada
prestação jurisdicional à mulher, assim, relacionando-se a conservação da correlação
de autoridade que delimitam a independência das mulheres. Essa aparência do
Estado caracteriza o caso do duo vitimização.
Na Declaração de Óbito consta o local onde ocorreu as agressões/lesões que
acarretara à morte da vítima. Entre os homens, quase a metade dos incidentes
aconteceram na rua, com pouca força na residência/habitação. Já entre as mulheres,
“[...] essa proporção é bem menor: mesmo considerando que 31,2% acontecem na
18

rua, o domicílio da vítima é, também, um local relevante (27,1%), indicando a alta


domesticidade dos homicídios de mulheres” (WAISELFISZ, 2015).
Ademais, em relação a todas as faixas etárias, o domicílio da mulher é onde
predomina as situações de violência, tendo em vista que 71,8% das agressões
acontecem no próprio ambiente doméstico da vítima, o que permite compreender que
é na residência da mulher onde mais acontece situações de violência vivenciadas
pelas mulheres.
Destarte, por vários anos os rótulos de gênero foram causadores em
estabelecer o ambiente familiar como aquele atribuído às mulheres, causando a
presunção de que estariam seguras. Todavia ao contrário do que os dados mostram
é que é exatamente nesse ambiente que as mulheres estão mais propensas ao risco
de sofrer algum tipo de violência, sendo que o domínio familiar e doméstico um
instrumento de preservação da dominação masculina.

2.3 Perfil das vítimas de violência no Brasil

A violência no Brasil detém um perfil de vítima rotineiro marcado pela divisão


de classes, as desigualdades sociais, o racismo, os padrões culturais patriarcais, os
padrões de comportamento feminino, entre outros.
O racismo como um dos fatores, está sem duvida ligado à violência sofrida
pelas mulheres. Com base no Mapa da Violência 2015, à medida da taxa de violência
em relação às mulheres brancas, decaiu de 1.747 vítimas, em 2003, para 1.576, em
2013, perfazendo um total de 9,8% homicídios no país, por outro lado, as negras
elevaram os índices no mesmo lapso temporal, passando de 1.864 para 2.875 vítimas,
apresentando um aumento de 54,2%. A distinção da vitimização negra em relação a
branca chegou a 66,7% em 2013, evidenciando o significado da escravidão no âmbito
das relações sociais na contemporaneidade.
A violência de gênero de acordo com Machado, possui uma relação com a
etnia, classe e geração, neste sentido explica que:

Mesmo admitindo o caráter estrutural da violência de gênero, é importante


ressaltar que opressões de outras naturezas, de etnia, de classe e de
geração, interagem com o sistema de gênero e redefinem a dinâmica e a
intensidade das relações e da violência de acordo com a realidade
(MACHADO, 2010, p. 4).
19

As mulheres vítimas de violência também estão relacionadas com a idade. O


infanticídio em relação as meninas são maiores que os dos meninos, fato recorrente
de se encontrar em noticiários tais quais pais tentaram abusar de crianças e até
mesmo bebês e acabaram levando-os ao óbito.
Mulheres entre 18 e 30 anos são as que mais sofrem com a violência,
precipuamente no âmbito doméstico por seus parceiros. Isso acontece em razão dos
padrões patriarcalismo, visto que os homens entendem que após o matrimônio ou
mesmo ao se relacionar com uma mulher torna-a sua posse. O ambiente familiar
arraigado pelo sistema patriarcal incluído a um casamento, dão aos homens sensação
de poder sobre as mulheres, colocando em prática a repressão/dominação sobre ela
(WAISELFISZ, 2015).
Esse dado é reforçado pelos dados do Mapa de Violência (WAISELFISZ,
2015, p. 70):

Por esses procedimentos, podemos estimar que em 2013: dos 4.762


homicídios de mulheres registrados em 2013 pelo SIM, 2.394, isso é, 50,3%
do total nesse ano, foram perpetrados por um familiar da vítima. Isso
representa perto de 7 feminicídios diários nesse ano, cujo autor foi um
familiar; 1.583 dessas mulheres foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro, o
que representa 33,2% do total de homicídios femininos nesse ano. Nesse
caso, as mortes diárias foram (WAISELFISZ, 2015, p. 70).

Por fim, uma causa primordial e substancial dessa violência, é a condição


social, independente de acontecer em qualquer outra classe, à mulher em condições
de hipossuficiência está mais vulnerável e propensa a um ambiente perigoso,
suscetível a violência.
As mulheres com boas condições financeiras sofrem no silêncio de suas
confortáveis casas, a violência doméstica, e isso se deve especialmente para manter
a imagem e a cultura do matrimônio, que possui a ideia de que quando se casa é para
sempre. As mulheres proletárias sofrem e ainda são obrigadas a saírem para vender
a sua força de trabalho expondo essa violência, ainda que não queiram.
Cunha (2014), afirma então que, a violência contra a mulher é um
acontecimento importante para a discrepância de gênero, ela não é apenas um objeto
social, como é precursor desse sistema patriarcal, que se ampara em meios de
dominação e submissão.
Vários são os tipos de violências sofridas por mulheres de classes sociais
diferentes. Ao passo que as burguesas sofrem mais com as violências moral,
20

psicológica e sexual, o maior índice entre as mulheres pobres são a física e o


homicídio.
Diante disso, é valido dilucidar que todas as mulheres independentes de suas
peculiaridades padecem com a violência de todos os tipos, mas que algumas se
mostram mais contundentes dependendo em qual conjuntura elas se esbarram.

2.4 Enfrentamento da violência de gênero

Para dar-se efetividade aos planos de enfrentamento da violência e dar conta


da dificuldade da violência contra as mulheres, tendo em vista o feitio multidimensional
do problema, foi estabelecido uma rede de assistência/auxílio para mulheres em
condições de violência, planejada pela Secretaria de Políticas para Mulheres a partir
da sua criação, como uma série de atuações e atividades de diferentes setores em
especial, da assistência social, da justiça e da segurança pública, para acrescentar e
aperfeiçoar a qualidade do atendimento, para atender à totalidade e à humanização
no atendimento e para dar direcionamentos pertinentes às mulheres em condição de
violência.
Conforme a SPM, são classificadas como Unidades Especializadas de
Atendimento (UEAs): Serviços de Abrigamento; Delegacias Especializadas;
Promotorias Especializadas / Núcleos de Gênero do Ministério Público; Núcleos /
Defensorias Especializadas de Atendimento à Mulher; Juizados Especiais; e Centros
Especializados de Atendimento à Mulher em Situação de Violência.
Para incrementar a estruturação, a inserção e o funcionamento apropriado
das UEAs, a União, por intermédio de convênios assinados pela Secretaria de
Políticas para as Mulheres, transfere recursos aos municípios, estados ou entidades
não governamentais para desempenhar com as mais diversas intenções, a começar
das obras de construção ou a conservação dessas Unidades até a habilitação de
agentes incluídos no atendimento a mulheres em caso de violência.
Haja vista a discrepância dimensional e populacional dos estados brasileiros,
como o que foi praticado para estudo comparativo das informações inerentes aos
registros de violência contra as mulheres, foi prevista uma taxa para cada uma das
Unidades da Federação (UF), particulares ao número de UEAs em andamento no
estado para cada grupo de 100 mil mulheres.
21

Fora possível compreender que algumas Unidades da Federação, como o


Distrito Federal, o Amapá, o Acre e o Tocantins, manifestam mais de três Unidades
Especializadas de Atendimento em desempenho para cada grupo de 100 mil
mulheres, ou seja, mais do que o triplo da taxa média nacional, de 1,03 UEA/100 mil
mulheres.
Outros estados exteriorizam um número moderadamente restrito de UEAs em
desempenho, como é o caso de Alagoas, Bahia, Ceará e Paraná, com taxas iguais ou
inferiores a 0,70 UEA/100 mil mulheres. A baixa taxa de Unidades Especializadas de
Atendimento não significa, precisamente, uma menor responsabilidade das
autoridades regionais ou locais com a dificuldade da violência contra as mulheres,
assim como grandes índices podem não significar uma maior apreensão, concernindo
estudo mais amplo para compreender se existe ou não essa relação.
A alteração da soma ganhado pela Unidade Federativa em valores inerentes
à sua população de mulheres autoriza confrontar de modo mais verdadeira os valores
transferidos por estado. Enquanto pode-se aparentar que o estado de São Paulo foi o
mais patrocinado por transferências da União destinadas a confrontação da violência
contra as mulheres, o que não se garante em que se demonstra o cálculo do valor
auferido pelo número de mulheres. Condição inversa acontece com os estados do
Acre e do Amapá.
Apesar de ser considerado o estado que mais percebeu recursos em termos
relativos, o Acre, foi obter em todo o período analisado o montante de R$ 30,21 por
mulher no período, ou seja, valor ínfero a R$ 3 por mulher por ano. Isso aponta que
os repasses da União, pela SPM, têm por propósito fundamental facilitar a anuências
às estratégias definidas no Plano Nacional, e não bancar os trabalhos voltados ao
enfrentamento da violência contra as mulheres, que encontram-se a cargo da
conjectura dos estados.
Os valores repassados pela União não cobrem os valores indicados ao
pagamento de agentes e delegados policiais atuantes nas delegacias especializadas.
Recursos determinados a pagar, a preservação das infraestruturas de delegacias, dos
centros de atendimento, das casas-abrigo, ou o pagamento dos salários de agentes
públicos ou privados precisos ao desempenho dessas unidades provém do orçamento
do próprio estado. Para uma legítima análise do investimento total de cada estupro
inferiores à metade da taxa média nacional.
22

A complicação do fenômeno da violência demonstra-se com a constatação de


que exatamente esses quatro estados denotam taxas de homicídios de mulheres
superiores à taxa média nacional.
É imperioso aprofundar a análise para compreender se isso é reflexo de uma
diferente aparência da violência nesses estados, ou se é decorrência de outros
aspectos, como assuntos culturais ou operacionais que podem persuadir nos níveis
de lançamento ou subnotificação das circunstâncias de violência sexual.
A análise dos registros de ocorrências policiais, é de significativa proveniência
de informação – e pouco reconhecida até o momento – sobre a configuração da
violência contra os Estados na prevenção e enfrentamento à violência contra as
mulheres, é fundamental um trabalho conjunto com instituições locais,
preferencialmente dentro do próprio estado.
23

3 FEMINICÍDIO

O significado da palavra feminicídio infere-se a modernice do termo inglês


feminicide, que fora primeiramente manifestada em público em 1976 através de um
discurso realizado pela Diana Russel diante do conselho internacional sobre delitos
praticados contra a mulher.
A violência contra a mulher é indicado por inúmeras fases, que percorrem por
vários tipos de violência até chegar ao seu ponto mais extremo, a etapa final, o
assassinato. O feminicídio alude essa violência final, retrata o desfecho do ciclo de
violência que comumente foi antecedido de outras violências, tais quais, física e
psicológica, na investida de sujeitar a mulher a essa circunstância de poder masculino
e aos padrões culturais do sistema patriarcal que são orientados ao longo das
criações. Ou seja, a sua índole enfatiza as relações de gêneros hierárquicas e
contrárias (BANDEIRA, 2013).
A Lei do feminicídio, propõe reconhecer a violência contra as mulheres, o que
antes era considerado como crime passional e fundamentando-o tal violência como
amor violento. A expressão feminicídio é moderno, e integrou-se recentemente às leis
brasileiras. Sendo que grande parte da população ainda não tem conhecimento em
relação a tal lei. O Feminicídio diz respeito especificamente ao homicídio/assassinato
de mulheres. Não sendo confundido com o termo femicídio, que é a morte de pessoas
do sexo feminino. A distinção do termo feminicídio estabelece criminalizar a
especificidade do homicídio, que possui originalidade no campo, do gênero.
O feminicídio é classificado como um delito de fúria, arraigado na comunidade
patriarcal e marcado pelos modelos patriarcais, como por exemplo a antifeminista, o
sexismo como ato de discriminação fundamental do sexo e machismo. As razões mais
usuais são mormente a perda de domínio do homem em relação a mulher e o
desprezo. O homem ver a mulher como um material, objeto que se tem propriedade.
O vínculo de hierarquização junto com o envolvimento de poder e posse levam ele a
praticar de homicídio de mulheres.
A constatação do assassinato feminino pelo seu gênero, fez com o feminicídio
no Brasil enxergasse a obrigação de se elaborar um instrumento legal que
caracterizasse esse homicídio, conceituando-o e definindo. Contudo, vale dizer que
essa aprovação legal ocorreu tardiamente, tendo em vista que mulheres são
assassinadas há anos.
24

A luta da atividade feminina no Brasil congregado a informação da agressão


fizeram com que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), averiguasse a
violência contra as mulheres nos Estados Brasileiros entre 2012 e 2013. Mediante
esse inquérito, a CPMI advertiu sobre a concepção de uma lei que caracterizasse o
homicídio de mulheres.
Em 09 de março de 2015, entrou em vigor a Lei 13.104/15, na qual altera o
artigo 121 do Decreto 2.848/40 do Código Penal, enuncia o feminicídio como
circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei número 8.072/90,
para integrar o feminicídio na lei dos crimes hediondos. A Lei do Feminicídio
estabelece o homicídio qualificado a pena de reclusão de 12 a 30 anos (WAISELFISZ,
2015).
De acordo com a Lei do Feminicídio compreende-se quando ocorre a
agressão e nesse caso abranger violência doméstica e familiar, ou quando se tornar
evidente desrespeito ou preconceito à natureza de ser mulher, definindo o delito por
razão e circunstância do sexo feminino.
A violência doméstica e familiar há uma ingerência com força em relação aos
altos números de assassinatos violentos de mulheres. Das 4.762 mortes de mulheres
apontados em 2013 no Brasil, 50,3% foram consumados por entes familiares, dado
que em 33,2% dessas ocorrências, o delito fora realizado pelo parceiro ou ex. A
análise determina que o domicílio/residência da vítima como local do assassinato
consta em 27,1% das ocorrências, ou seja, significa dizer que o domicílio é um dos
locais de maior risco para as mulheres. Por esse motivo o homicídio que é executado
no interior da residência da vítima mulher, designa-se Feminicídio Íntimo
(WAISELFISZ, 2015).
As importantes vantagens com a especificação dos assassinatos femininos
são: dar transparência para a agressão aturada pelas mulheres, mostrar os obstáculos
da Lei Maria da Penha, para obstar desse modo os óbitos divulgados e por fim,
reprimir a injustiça, assim impossibilitando que a culpa seja imposta a quem perdeu a
vida. Além da sanção mais grave para os que praticaram o delito contra a vida, a
caracterização é entendida por especialistas tal como uma chance de estimar a
violência contra as mulheres no cenário brasileiro, quando chega-se a finalização do
extremo homicídio, autorizando, assim, o aperfeiçoamento das políticas públicas na
intenção de para impedi-la e precavê-la (DOSSIÊ, 2013).
25

Em conclusão, a alternativa é prosseguir afrontando patriarcalismo, lutando


contra suas ideias e seus padrões, findando com seus impactos sobre as relações
sociais que categorizam o homem, incluindo-o em uma colocação de superioridade,
autoridade e abusividade no tocante as mulheres.

3.1 Feminicídio no Brasil

O feminicídio está disposto na legislação brasileira a contar da vigência da lei


nº 13.104/2015, que alterou o art. 121 do Código Penal, que antevê o feminicídio como
uma circunstância qualificadora do crime de homicídio. Com base nisso, o homicídio
de uma mulher realizado por razões da condição de sexo feminino, ou seja, aquele
crime cometido por meio de: “violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher”.
A Lei do Feminicídio pressupõe o aumento da pena em um terço se o delito
suceder no decorrer da gestação ou nos três meses seguidos ao parto ou se vier a
ser praticado contra mulheres idosas, adolescentes ou mulheres com deficiência. Da
mesma maneira vale em situação em que o assassinato é realizado na presença de
parentes.
No entanto, a sociedade ainda manifesta a sua inépcia no reconhecimento do
patriarcalismo que domina, responsabilizando a mulher pelas atitudes dos homens e
isso pode-se observar retratando-se no sistema Judiciário, mesmo que logo após a
implantação da Lei 13.104/15.
Inúmeros assassinatos terminam não sendo decididos, outros estão impunes
ou acabam tendo a pena diminuída em razão da utilização de fundamentos que
culpabilizam a vítima e não o real culpado, o transgressor, por exemplo, efetiva
proteção da honra – quando compreende-se que o homem vitimou a mulher, por
motivos dela violar sua honra-, e crime passional – homicídio instigado devido ao fato
homem ser movido pela emoção exagerado, como sentir ciúmes demais, amar
demais, crime movido pela emoção.
Situação concreta, Diniz (2015, p. 1) melhor esclarece as estimativas:

Para uma em cada cinco mulheres, não há resolução investigativa – em


termos simples, o Estado desconhece as razões da matança. As razões da
injustiça são a ausência de investigação policial ou a falta de rastros da
autoria. Ou a polícia não investigou o caso ou o matador foi certeiro no gesto
de horror. Para os casos em que restaram provas da autoria, uma em cada
26

três mulheres foi morta por feminicídio. Mais da metade delas morreu na casa
e sem testemunhas, e 63% dos matadores confessaram o crime na cena
judiciária (DINIZ, 2015, p. 1).

Importante se faz, a Lei do Feminicídio foi criada como meio para o


reconhecimento do grande número de morte de mulheres em razão de seu gênero e
assim traçar novos caminhos de debate sobre a violência contra as mulheres, sobre
a perspectiva de como está sendo abordada perante o poder judiciário e a sociedade,
sendo que nessa última tal tema vem sendo colocado/explanado sem nenhum meio
esclarecedor, tornando isso uma das primeiras críticas, com a presença da Lei Maria
da Penha, em que a maioria não encontram motivos para essa conduta. Por
conseguinte, outra crítica é em relação de apenas considerar mulheres as que
possuem a condição de se manter inerte diante das transexuais (DINIZ, 2015).
Outra crítica se faz devido a lei buscar tão somente punir apenas para reprimir
os criminosos ou relatar a agressão contra o gênero feminino que perpetua no sistema
patriarcalista da sociedade.
Diniz (2015) discorre em relação ao feminicídio frisando sobre o
desconhecimento de tal crime na sociedade, sobre seus estudos incessantes, visando
entender que tal estudo vai além de apenas entender sobre o cadáver, mas
enfatizando que pouco se sabe sobre o feminicídio. Os estudos são árduos, a luta
pelo conhecimento vai para além de examinar o corpo de uma mulher morta, mas
analisar os motivos, averiguando as razões para tipificar tal conduta bárbara. Por
conseguinte, fica claro e evidente que em se tratando do crime de feminicídio o
propósito é apenas penalizar.
Neste sentido, o índice deve ser apreciado, tendo em vista que na capital do
País não será preciso nominar o feminicídio para que o assassinato de mulheres seja
penalizado pelo Estado. Esse dado deve preocupar? Pela grande estimativa dos
movimentos sociais, em específico do movimento feminista, da mão repressiva do
Estado. A dúvida é se as lutas igualitaristas devem ter como punição o alvo de ação
política. O Direito Penal não tem sido notável como modo de ser fraterno com as
mulheres (DINIZ, 2015).
De acordo com a Lei 13.104/15, igualmente pode-se penalizar mulheres,
afinal de contas a fundamentação para a penalização é a alegação do gênero, em
razão do fato de quem sofrer com o crime ser uma mulher, ou seja, assassinada
devido a essa condição, consequentemente o autor(a) do delito pode ser mulher.
27

Nessa acepção o Relatório Mundial de Saúde (2002, p. 05) determina a


violência tal como sendo o:

Uso intencional da força física ou do poder ou ameaça, contra si próprio,


contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou
tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico,
deficiência de desenvolvimento ou privação (OMS, 2002, p. 05).

É importante ressaltar que a lei 13.104/2015 proclama o conhecido feminicídio


que fora introduzido no Código Penal Brasileiro passando a ser uma qualificadora do
delito de homicídio e classificado como crime hediondo. A pena estabelecida para o
homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos.
A lei do feminicídio em suma no artigo 1º, § 2º-A, estabelece o homicídio de
mulher, consistindo na conjuntura específica da vítima, quando presenciados
requisitos como a “violência doméstica e familiar” ou “menosprezo ou discriminação à
condição de mulher”.
Deste modo depreende-se que o feminicídio no Brasil é um problema que
provém da violência doméstica contra a mulher como demonstrado na Lei Maria da
Penha.
Mediante o Mapa da Violência 2015, em 2012, o Brasil já se encontrava
incluído, na lista de países com o maior taxa de assassinatos femininos do mundo,
estando a 7ª colocação dentre os 84 países deixando inequívoco que a agressão
contra a mulher em grande parte, são provenientes do ambiente domiciliar.
Elucidar a legislação brasileira ao versa o feminicídio com peculiaridade ao
gênero ligado aos papéis sociais realizados pelo homem e pela mulher na sociedade,
em que pode-se mencionar que, apesar da evolução histórica em nossa sociedade,
ainda ocorre uma supervalorização do papel do homem com relação ao da mulher.
O feminicídio é um homicídio doloso praticado contra mulher unicamente pela
sua circunstância de sexo feminino, não sendo admitido a forma culposa, que
demanda um resultado especificamente, que não implica a má fé genérica
estabelecida no artigo 121 caput do Código Penal.
O legislador brasileiro fez questão de esclarecer o que seria a condição de
sexo feminino, que é quando o delito compreende violência doméstica e familiar,
menosprezo ou preconceito simplesmente pela condição de ser mulher, desta forma
28

compreende-se que, se a vítima do feminicídio não for mulher, o crime é atípico, pois
só se representara se tiver como vítima uma mulher.
Nessa acepção, o legislador utilizou o conceito de violência doméstica e
familiar inserido na Lei n.º 11.340/2006 no seu artigo 5°, explicando que esta violência
pode ocorrer por ação ou omissão baseada no gênero, lhe causando morte,
sofrimento físico ou psicológico, violência sexual, dano patrimonial e extrapatrimonial,
que aconteçam no convívio permanente, com ou sem vínculo familiar, mesmo que
esporadicamente agregadas, e que família compreende-se como comunidade
formada por indivíduos que parentes ou não, que se consideram por afinidade,
independente da relação íntima de afeto, em que o agressor conviva ou tenha
convivido.
O artigo 7º da Lei nº 11.340/2006 especifica os tipos de agressões doméstica
e familiar contra a mulher, violência física é aquela impetrada contra a mulher lhe
ofendendo a integridade física ou honra ao passo que a psicológica lhe causa dano
de ordem emocional; violência sexual conduta que a constranja e a obrigue a praticar
atos sexuais contra vontade, sob ameaças ou qualquer tipo de coação ou força,
atentando contra a sua sexualidade, ou ações que limitem ou anulem o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos; violência patrimonial configurando a retenção,
subtração, destruição parcial ou total de quaisquer bens, valores e direitos
econômicos, inclusive àqueles destinados a satisfação de suas necessidades e
violência moral decorrentes de calúnia, difamação ou injúria.
Estabelece-se que o inciso II, traz o conceito subjetivo de ordem emocional
da qual na maioria dos casos a mulher fica exposta a uma situação de violência
psicológica o que acarreta uma hipossuficiência e vulnerabilidade, que é exatamente
a tutela do feminicídio.
Segundo Alimena (2010, p. 81), “[...] para participar como vítima do rito judicial
previsto na Lei Maria da Penha, a princípio o sexo que consta no registro civil do
indivíduo deve ser o feminino, o que possibilitaria a proteção de alguns transexuais”.
Noutro passo por se tratar de norma incriminadora é vedado aplicação de
analogia que desfavoreça a situação do réu, devendo-se respeitar o princípio da
legalidade, sendo assim, caso a legislação penal pretende criminar ou penalizar
radicalmente, o correto seria ampliar sua visão de abrangência criando condições
proibitivas pelo princípio da legalidade, por dar ao legista o poder de estabelecer
crimes e penas.
29

Observa-se que de acordo com a lei, a vítima de feminicídio só poderá ser a


pessoa do sexo feminino, logo, a lei não abarca os casos de assassinatos de
transexuais, pois do contrário ocorrerá ofensa ao princípio da legalidade, além de
estar significativamente piorando o contexto do réu com aplicação de situações iguais.
Na realidade, a conclusão que temos com a dureza e rigor do Direito Penal
não é a redução da criminalidade. Obtemos no Brasil um grande número de condutas
tipificadas e mesmo assim a criminalidade continua alarmante.
Um dado importante a ser retratado é que apesar da aprovação/promulgação
da Lei Maria da Penha, não houve diminuição em relação aos casos de violência, isto
é, o processo legislativo brasileiro não tem-se demonstrado efetivo, como instrumento
de proteção e luta contra a violência contra as mulheres.
A Lei do Feminicídio, no seu segundo plano, influenciada pelas ideias
patriarcais que está impregnada na coletividade e no poder judiciário, é possível
grande perspectiva para continuar o mesmo caminho. Diniz (2015) afirma que “as leis
são uma das formas que nós temos de lutar pela igualdade. Mas as leis não são
capazes, sozinhas, de reverterem engrenagens sociais que se movem em
permanente precarização da vida das mulheres”.
Assim, primeiramente o objetivo é a prevenção, a conscientização da
sociedade através de qualificação e fortalecimento dos cidadãos, para saibam livrar-
se de eventuais tentações que possam levá-los ao crime.
Posteriormente faz-se necessário, o investimento na política pública, na
fiscalização dos meios de comunicação para que não possam estimular a violência;
voltada para a população carcerária como o objetivo de recuperar o recluso, e sempre
que possível investir em penas alternativas como prestação de serviços a comunidade
liberdade assistida, etc.
Embora a tipificação do feminicídio tenha sido inserida no relatório da
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Violência contra Mulher como a solução
para redução da violência contra a mulher, na verdade, observa-se que o problema
vai além da alteração legislativa, assim, para ser solucionado, é necessário um real
comprometimento do poder público em cumprir com os direitos previstos na nossa
Constituição, investindo em mudanças efetivas.
30

3.2 Tipos de feminicídio

É indispensável salientar que nem todo homicídio de mulher define-se como


sendo feminicídio. O delito apresenta-se quando uma mulher passa a ser vítima de
assassinatos exclusivamente por ser do sexo feminino.
Nesta situação conceitua Miranda (2013, p. 12), em relação ao feminicídio:

[…] “femicídio” ou “feminicídio”, é a definida como a forma extrema de


violência de gênero que resulta na morte da mulher em três situações:
quando há relação íntima de afeto ou parentesco entre a vítima e o agressor;
quando há prática de qualquer violência sexual contra a vítima e em casos
de mutilação ou desfiguração da mulher que seria o assassinato da mulher
em razão do seu gênero feminino (MIRANDA, 2013, p. 12).

Em virtude dessas particularidades ocorrem três espécies prováveis de


feminicídio, são eles: o privado, não privado e por ligação. No feminicídio privado, o
causador do delito é o companheiro ou ex companheiro da mulher com quem teve
determinado tipo de familiaridade ou convívio matrimonial, extraconjugal ou familiar.
No Feminicídio não privado: o executor do delito e a vítima não detinham
nenhum vínculo íntimo, de familiaridade ou de coabitação.
Já no feminicídio por ligação, acontece na ocasião em que o homem possui
finalidade de matar outra mulher, contudo, a pessoa vitimada que não deveria ser a
mira, sendo vitimada em razão de estar no momento e no local errado.
Não obstante, o delito do feminicídio apenas se qualifica caso esteja
presentes as qualificadoras estabelecidas no artigo 121, § 2º-A.

Art. 121. […] § 2º-A. Considera-se que há razões de condição de sexo


feminino quando o crime envolve:
I – violência doméstica e familiar;
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher (BRASIL, 1940, p.
520).

Por consequência, caso não haja as qualificadoras aludidos pela lei do


feminicídio o delito de assassinatos de mulher não caracteriza-se o crime de
feminicídio, ou seja, caso não constarem os quesitos qualificadores do crime.
31

3.3 Causa de aumento de pena do Feminicídio

Elucidado a questão da abordagem do feminicídio e seus tipos, verifica-se em


ato contínuo as razões de aumento da penalidade na incidência do delito.
De acordo com o Código Penal Brasileiro de 1940, decorrerá o aumento da
penalidade em 1/3 quando tal conduta estiver incluída no rol do artigo 121, § 7º, em
seus incisos I; II; e III, caso o delito de feminicídio suceder nas posteriores
acontecimentos como, por exemplo, no decorrer da gestação ou três meses posterior
ao parto; nos casos em que a pessoa vitimada for menor de 14 anos; quando a vítima
for maior de 60 anos ou a pessoa for deficiente, caso o delito transcorrer diante de
descendente ou ascendente da pessoa vitimada.
Na conjectura do inciso I, faz importante mencionar que o executor do delito
tenha consciência da condição de gravidez da mulher ou de que dera a luz, e, mesmo
possuindo ideia da ocorrência, tenha incorrido na conduta de cometer o feminicídio.
Desta maneira, caso o executado desconhecer a ocorrência, é inadmissível a
aplicação do aumento da penalidade, na ocorrência da mulher e do embrião resistirem
e vierem a sobreviver, será condenado o agente pela tentativa. Ao passo que, se
ambos vierem a falecer, o agente será condenado pelo crime do feminicídio.
No caso da mulher vier a sobreviver e o feto vier a óbito, o agente será
condenado por tentativa de feminicídio em concurso com aborto consumado. E por
fim, caso a mulher falecer e o feto sobreviver, o agente responderá pelo crime de
feminicídio consumado em concurso com tentativa de aborto.
No inciso II o causador do crime é indispensável possui consciência de todos
os fundamentos inclusos no inciso, pelo contrário provocara erro de tipo e por
conseguinte o aumento da pena não poderá vir ser empregada. A idade das pessoas
vitimadas só poderá ser demonstrado por prova documental, como identidade, carteira
de motorista, etc. À medida que, se a pessoa vitimada for deficiente, necessitará ser
comprovado por laudo pericial.
No inciso III, também é imprescindível que o criminoso tenha ciência de que
o praticou na presença de descendentes ou ascendentes, que por si só, já amplia o
juízo de desaprovação. Dado que, uma pessoa da família que ver uma ação violenta
como este, será capaz de viver, o resto da vida em choque, abalado devido as
imagens do delito na memória, sendo capaz de lhe trazer graves danos psicológicos.
32

Contudo, não basta somente o conhecimento do agressor, é preciso a


realização de provas documentais, no qual, evidenciem o vínculo de parentesco da
pessoa que foi vítima com a(s) pessoa(s) que observam o delito.
Realizadas tais ponderações a respeito do feminicídio, os moldes em que o
delito pode acontecer e as razões de aumento da penalidade, tais particularidades
podem ocasionar perspectivas errôneas e confusas que vão de encontro com o
Princípio da Legalidade.
Fica comprovado que as razões de incentivos a formação do novo tipo penal
é derivado das elevadas taxas de violência contra mulher no Brasil e que em grande
parte dos casos apontados são provenientes do ambiente familiar, ou seja, no Brasil
decorre do feminicídio íntimo. Dessa maneira passamos a analisar no próximo
capítulo a Lei do Feminicídio em alguns países da América Latina, tais como:
Argentina, Chile e Colômbia, quanto ao tipo de feminicídio e aplicabilidade da Lei em
comparação com o Brasil.
33

4 A LEI DO FEMINICÍDIO NOS PAÍSES DA AMERICA LATINA

Neste capítulo faz-se imprescindível relatar o marco histórico tanto nacional


quanto internacional que levaram a comprovar a legitimidade da lei do feminicídio. Na
América Latina o crime do feminicídio é novo. Através de vários meios, dezesseis
países da América Latina criaram mecanismos de reprimir e penalizar esse crime,
sendo assim, tipificando o feminicídio, mediante a reforma do código penal vigente,
ou mesmo instituindo agravantes para o homicídio de mulheres por causa do gênero.
O primeiro país a tipificar o feminicídio em sua lei penal foi a Costa Rica, no
ano de 2007. A criminalização mais recente do feminicídio é a do Brasil, que aprovou
a Lei nº 13.104/2015, que tipifica e qualifica o feminicídio.
Assim, o Estado brasileiro tem obrigação de lutar contra esse tipo de violência
aplicando a lei do feminicídio que foi criada em acordos pactuados pelo Estado
Brasileiro e outros países na esfera internacional, pelo sistema interamericano de
Direitos Humanos e no particular acordo em dar uma resposta legislativa a sociedade
brasileira com o intuito de eliminar a violência contra a mulher.
A Lei do feminicídio é um grande avanço na legislação brasileira e tem como
propósito essencial a diminuição dos índices de assassinatos de mulheres. Contudo,
tendo em vista seu amparo, ao contrapor sua utilidade no Brasil em comparação aos
países da América Latina, é relevante compreender os tipos prováveis de feminicídio
e as razões do aumento da penalização.
A lei do feminicídio antes mesmo de ser estabelecida no Brasil, já vigorava
em outros países da América Latina, assim não sendo o Brasil o primeiro a
regulamentar tal crime.
A Declaração de Eliminação de Violência contra as Mulheres da ONU, afirma
em seu art. 3º que “As mulheres têm direito ao gozo e à proteção, em condições de
igualdade, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais nos domínios
político, econômico, social, cultural, civil ou em qualquer outro domínio”, quer dizer
que a violência contra as mulheres é apontada como uma maneira de discriminação
e desrespeito aos direitos humanos, podendo ser elaborado a partir disso e de outros
documentos referências para a elaboração e implementação de instrumentos para
combater esse tipo de violência.
O Brasil é assinante de significativos mecanismos internacionais de proteção
aos direitos humanos das mulheres, no campo global e regional. Na esfera global é
34

importante frisar a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação contra a Mulher (Convenção CEDAW) e seu Protocolo Facultativo, a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a Convenção
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.
Na esfera regional, a Convenção de Belém do Pará. Essas ferramentas
concomitantes com a Constituição Federal formam um complexo de proteção jurídico
desenvolvido. Nessa perspectiva de ordenação de proteção podemos salientar o
artigo 5º da Carta magna que elenca os direitos e garantias fundamentais de mulheres
e homens, tais quais, o direito à vida, à igualdade, a não discriminação, à segurança
e à propriedade. O inciso I do mesmo artigo designa que homens e mulheres são
iguais em direitos e obrigações, nos termos da Constituição.
O artigo 226º da Constituição Federal demonstra que a família, suporte da
sociedade, tem especial proteção do Estado e no § 8º do mesmo aparato legal
apresenta que o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações, desse modo sendo obrigação do Estado em proteger a mulher em situação
de violência doméstica.
No plano infraconstitucional, um modelo jurídico foi criado com a Lei nº 11.340,
de 07/08/2006, normalmente chamada de Lei Maria da Penha, que retrata a legislação
específica de proteção à violência doméstica e familiar contra as mulheres. A Lei Maria
da Penha é um instrumento para proibir a violência doméstica contra a mulher, assim
estabelece a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
demonstrando uma série de parâmetros de proteção e assistência.
A Lei garante a todas as mulheres independentemente de classe, raça, etnia,
orientação sexual, renda, cultura e nível educacional, idade e religião, o gozo dos
direitos. A punibilidade do crime de feminicídio na América Latina é atual,
encontrando-se imperioso compreender as práticas legislativas a respeito desse tipo
de penalização na Argentina, Chile e Colômbia com intento de qualificar as
repercussões e as colaborações para a lei brasileira.

4.1 A Lei do Feminicídio no México

No México ocorreu vários homicídios brutais de mulheres, além de exporem


seus corpos. Sendo que na maioria dos casos, não se descobrem os feminicídas, e,
35

por não conseguirem a quem imputar os crimes. As mortes são relatadas tão somente
como assassinatos simples.

No México, foi utilizada a palavra "feminicídio" nos anos 90 quando haviam


muitos crimes na Ciudad Juárez, Chihuahua. Progressivamente, tal crime foi
ganhando atenção, criando um sentimento de indignação no México devido à
impunidade. Contudo, a violência contra as mulheres foi aumentando havendo um
grande número de mulheres desaparecidas, sem nenhuma resposta.

O grande número de feminicídio junto com a crise econômica, houve um


aumento significativo. Não obstante, não haviam medidas governamentais, não
haviam interesse em erradicar a violência de gênero. A omissão por parte do governo
tornou-se invisível tal prática de crime

No entanto, nos últimos anos, foram políticas públicas para enfrentar a


violência contra as mulheres, mas sem implementação eficaz. Foi implementada no
Código mexicano a Lei Geral de Acesso às Mulheres a uma Vida Livre de Violência
com o intuito de garantir a eliminação da violência contra a mulher além do direito a
vida. Ocorre que, mesmo após a criação da referida lei não houve efetivação no
objetivo, ou seja, não garante a proteção da vida da mulher no México.

Neste relatório, desenvolvemos os problemas que enfrentam o México face


ao aumento da violência feminicida em todo o país, bem como a falta de garantias
institucionais para sua prevenção, atenção, sanção e erradicação. Também incluímos
uma série de recomendações ao Comitê para a Eliminação da Discriminação contra
a Mulher, CEDAW.

Conforme os dados do Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi),


nos últimos dez anos, 22.482 mulheres foram mortas nas 32 entidades do país. Desta
maneira, a média é de uma menina, mulher jovem ou adulta morre a cada 4 horas.

As predominantes mortes são feitas por mutilação, sufocação, afogamento,


suspensão ou decapitação, queimadas, esfaqueadas ou por uso de arma de fogo.

No México as mulheres vivem com medo, não se sentem seguras. Seja em


casa, no trabalho, nos transportes públicos, em todos os lugares as mulheres estão
sujeitas a qualquer tipo de violência, sendo o ato final a morte dessas mulheres. A
36

grande maioria dos feminicídas são homens “sentimentais”, companheiro, familiar


direto, colegas de escola ou de trabalho, conhecidas ou estranhos.

A Reforma do Código Penal Mexicano foi aprovada em fevereiro de 2013 a


lei do Feminicídio condenando os assassinos das mulheres a pena de 40 a 60 anos
de prisão.

A deve ser utilizada nas situações em que a vítima está com sintomas de
violência sexual de qualquer tipo, lesões corporais graves e degradantes e mutilações
antes e após a morte. Caracteriza-se o feminicídio como crime de gênero com
emprego de ameaças, agressões e a exibição do corpo da vítima.

O artigo 325 do Código Penal Federal mexicano:

“Artículo 325.- Comete el delito de feminicidio quien prive de la vida a una


mujer por razones de género. Se considera que existen razones de género
cuando concurra alguna de las siguientes circunstancias:
I.La víctima presente signos de violencia sexual de cualquier tipo;
II. A la víctima se le hayan infligido lesiones o mutilaciones infamantes o
degradantes, previas o posteriores a la privación de la vida o actos de
necrofilia;
III. Existan antecedentes o datos de cualquier tipo de violencia en el ámbito
familiar, laboral o escolar, del sujeto activo en contra de la víctima;
IV. Haya existido entre el activo y la víctima una relación sentimental, afectiva
o de confianza;
V. Existan datos que establezcan que hubo amenazas relacionadas con el
hecho delictuoso, acoso o lesiones del sujeto activo en contra de la víctima;
VI. La víctima haya sido incomunicada, cualquiera que sea el tiempo previo
a la privación de la vida;
VII. El cuerpo de la víctima sea expuesto o exhibido en un lugar público.
A quien cometa el delito de feminicidio se le impondrán de cuarenta a sesenta
años de prisión y de quinientos a mil días multa.

Además de las sanciones descritas en el presente artículo, el sujeto activo


perderá todos los derechos con relación a la víctima, incluidos los de carácter
sucesorio.

En caso de que no se acredite el feminicidio, se aplicarán las reglas del


homicidio.

Em um país onde os crimes são impunes, onde todos os dias ouve-se


notícias ruim. Constata-se que o México enfrenta uma situação muito complicada, em
relação a impunidade. O caminho reproduz os sentimentos da imensa maioria dos
mexicanos em relação a soma das impunidades de corrupção que torna-se uma
doença incurável não só por causa do seu alcance mas também porque ao contrário
37

dos feminicidios a lei não está surtindo tanto efeito devido sua má aplicabilidade, não
alcançando o real objetivo da lei.

4.2 A Lei do Feminicídio na Argentina

Os elevados indicadores de agressões contra mulher na Argentina gerou com


que a categoria de feminicídio estivesse introduzida no Código Penal.
Tanto o Brasil quanto a Argentina inseriram em suas leis Penais o feminicídio
como qualificadora e agravante do delito de homicídio, mas só isso não basta. Na
Argentina a pena do crime do feminicídio é perpétua, enquanto que no Brasil a pena
é de reclusão de 12 a 30 anos, com possibilidade de ser agravada em situações
peculiares.
A elaboração da legislação do feminicídio na Argentina aconteceu por meio
de um trabalho realizado pela organização Casa Del Encuentro o qual objetivam o
combate a violência de gênero, desde sua criação em 2003, acarretando a
consciencialização sobre a violência contra mulher, principiando conversas na
sociedade, diligenciando modificação a lei buscando a proteção das mulheres.
O comportamento machista está enraizada não apenas no Brasil, mas em
toda a América Latina. Este contexto resultou na resolução política de 16 países em
criminalizar o assassinato de mulheres em determinadas circunstâncias.
Os homicídios de mulheres muitas das vezes são considerados como delitos
de paixão, e inexistia o interesse de se averiguar profundamente o surgimento da
tamanha violência contra as mulheres.
O feminicídio não é um acontecimento apartado na vida das mulheres, mas é
o limite do seguimento de um horror, que abrange ataques verbais, físicas, além de
outras ocorrências de violência que as mulheres são sujeitas ao longo da vida. Logo,
a morte de mulheres não é apenas por parceiros íntimos, mas também por parceiros
não íntimos, que por razão de gênero, é considerado feminicídio.
A crueldade desses crimes, comprova como o agressor trata a mulher como
um objeto, que não é digna de nenhum respeito como ser humano.
Importante esclarecer sobre a definição mais acertada em relação ao
feminicídio é assassinato por misoginia, por desprezo ou ódio contra as mulheres e
por sexismo, visto que os criminosos que incorrem este delito sentem-se autoritários
38

e com domínio sobre a mulher, efetivo é o feminicídio relacionado, que acontece


quando a pessoa vitimizada é um homem ou os próprios filhos, pela retaliação,
correção ou apenas por permanecerem no instante da violência, dado que jamais
seriam vítimas caso esta agressão não existisse.
A Casa Del Encuentro deu-se a produzir anotações estatísticos no ano de
2008, fiscalizando a incidentes de delitos por mecanismos de comunicação da
Argentina, mais adiante da coleta de dados de situações jurídicas, mediante esses
dados, puderam finalizar que a cada 30 horas uma mulher era assassinada por
violência de gênero, sendo que em 2015 foram 140 assassinatos de mulheres, em
2013 foram apontados 295 casos e em 2014 foram 277 registros.
O feminicídio é uma preocupante veracidade no país alcançando todos os
padrões sociais, de 10% a 12% dos agressores concerniam as forças de segurança
nacional, e que 9 a cada 10 casos inscritos, o criminoso era o companheiro ou ex-
companheiro da vítima.
A atividade realizada pela Casa Del Encuentro foi indispensável para o
desenvolvimento da especificidade do delito de feminicídio a ser introduzido no Código
Penal da Argentina, causando na mudança dele próprio a reforma no artigo 80 da lei
26.791/12, com pena de reclusão ou prisão perpétua com a devida redação:

ARTICULO 80. - Se impondrá reclusión perpetua o prisión perpetua,


pudiendo aplicarse lo dispuesto en el artículo 52, al que matare:
1º A su ascendiente, descendiente, cónyuge, ex cónyuge, o a la persona con
quien mantiene o ha mantenido una relación de pareja, mediare o no
convivência (ARGENTINA, 2012, p. 1).

O artigo 80 do Código Penal Argentino estabelece que serão aplicadas


prisões perpétuas ou prisões perpétuas, podem ser aplicadas as disposições do artigo
52, às quais matará: 1º Para o seu ascendente, descendente, cônjuge, ex-cônjuge, ou
a pessoa com quem ele mantém ou manteve uma relação de casal, medeia ou não a
coexistência.
No Código Penal argentino ao abordar a violência de gênero não traz
insinuação que a vítima seja mulher, bastando a perceber a perspectiva dos preceitos
que a lei também abrange os direitos contrariados da população de Lésbicas, gays,
bissexuais, transexuais e intersexuais (LGBTI).
Entretanto no Brasil o feminicídio apenas se caracterizará quando disposto os
requisitos do artigo 121º, § 2º da lei 13.104/2015, assim a norma não alcança
39

aplicabilidade, se o ato de violência for praticado contra a população LGBTI, se a


vítima não for mulher e o agressor não for um homem.
Outro dado importante é que a Argentina evidencia que compreende sobre os
Direitos Humanos básicos ao aprovar uma lei que suspende a responsabilidade
parental dos feminicidas, bem como dos causadores de crimes de lesões gravíssimas
e de abuso sexual contra os filhos.
A lei prevê a mesma penalidade para mulheres que mataram os seus
parceiros, com exceção nos casos de legítima defesa.
Com base na lei a guarda dos filhos será suspensa automaticamente quando
alguém for processado por feminicídio. Assim, após o cumprimento da pena, o direito
a guarda dos filhos será devolvida.

4.3 A Lei do Feminicídio no Chile

O Chile, é um país machista, misógino e conservador, em que para a mulher,


romper com os estigmas é uma luta diária, mulheres autênticas que tem opinião
formada são vistas com desprezo. As mulheres ainda são consideradas um objeto ou
uma propriedade privada do homem.
O Chile criminalizou o feminicídio no ano de 2010, estabelecendo agravantes
para o crime de homicídio qualificado. Contudo, existe um entendimento de que a
legislação, afinal de conta, é falho. Haja vista porque abrange apenas o delito
praticado por companheiros e ex-companheiros, ou pelo pai de um filho da vítima. Não
englobando os namorados, os que assassinam menores de idade e os que não
possuem vínculo com as vítimas.
No Chile a violência contra a mulher também é mais acentuada no campo
doméstico, assim é comum no país a circunstância do feminicídio privado.
Os dados de violência contra a mulher no Chile evidenciam que entre 2010 e
2012, dos 50;6% casos de feminicídios, a mulher mantinha um vínculo com o
agressor, à medida que 22,4% das vítimas haviam terminado o relacionamento, além
de outros relacionamentos terem sido apresentados como homicídio e não como
feminicídio, cerca de 14,1%, sendo que outros casos relacionados ao uso de álcool e
drogas tiveram 5,8%.
O Lei do Feminicídio no Chile foi implantado pela lei nº 20.480/2010 que
alterou o artigo 390 do Código Penal do Chile com a redação:
40

Artigo 390. - El que, conociendo las relaciones que los ligan, mate a su padre,
madre o hijo, a cualquier otro de sus ascendientes o descendientes o a quien
es o ha sido su cónyuge o su conviviente, será castigado, como parricida, con
la pena de presidio mayor en su grado máximo a presidio perpetuo calificado.
Si la víctima del delito descrito en el inciso precedente es o ha sido la cónyuge
o la conviviente de su autor, el delito tendrá el nombre de femicidio (CHILE,
2010, p. 1).

O artigo 390 do Código Penal chileno prevê que quem, sabendo os


relacionamentos que os vinculam, mata seu pai, mãe ou filho, qualquer outro de seus
ascendentes ou descendentes ou quem é ou foi seu cônjuge ou seu parceiro, será
punido, como parricídio, com pena de prisão maior em seu grau máximo de prisão
perpétua qualificada. Se a vítima do crime descrito no parágrafo anterior for ou for o
cônjuge ou parceiro do autor, o crime será chamado de feminicídio.
A alteração no texto do artigo mudou as palavras “a seu cônjuge ou
convivente” recebendo os termos “a quem é ou tenha sido seu cônjuge ou seu
convivente”, aumentou o rol para as pessoas vitimadas de parricídio e caso a vítima
for mulher será feminicídio.
Entretanto o regulamento não tratou das situações de agressões contra
mulheres referentes aos acontecimentos em que não se encontra relação de vivência
com o criminoso, e da mesma maneira que a legislatura argentina, refere-se somente
ao marido como vítima, não implicando em relação ao sexo dos mesmos.
Lamentavelmente no Chile ainda não existe uma lei que criminalizar de modo
claro e preciso sobre a violência de gênero. As violências sofridas por mulheres são
integradas na lei de violência infrafamiliar. Dessa maneira, o meio pertinente para
transformar esse fato é por intermédio da denúncia.
No Chile são vários os meios para se realizar uma denúncia que pode ser feita
por qualquer pessoa que tenha ciência das violências, nos tribunais de família, nas
chamadas “fiscalías” ou Ministério Público, nas delegacias dos “Carabineros” ou da
Polícia de Investigação ou também por meio de ligação de forma anônima e a qualquer
hora do dia ou por meio do número 149 Fono Família de Carabineros.

4.4 A Lei do Feminicídio na Colômbia

A Lei Penal colombiana que tipifica o feminicídio como crime e o inclui como
agravante, garantindo a investigação e o estabelecendo uma pena de 35 a 50 anos
41

de prisão, sem direito a redução de pena para os assassinos de mulheres por motivos
de gênero e discriminação. O que indica um aumento significativo das condenações
para os que incorrem nestes crimes contra as mulheres.
Na Colômbia em 2014 a cada três dias uma mulher era vitimada por seu
parceiro. Já em 2015 no mês de janeiro a fevereiro foram registrados 126 mortes de
mulheres, sendo que na maioria dos casos, as vítimas tinham idade entre 20 e 24
anos.
O Lei do Feminicídio na Colômbia foi sancionado em 06 de julho de 2015, a
então chamada Lei Rosa Elvira Cely nº 1.761, sendo o nome é de uma mulher que foi
violentada e morta em 2012, criando uma grande repercussão no país, na qual
resultou na criação lei que tem como previsão a pena de até 50 anos de detenção.
O Feminicídio na Colômbia tem sido preocupante. Este crime refere-se ao
assassinato das mulheres apenas por ser uma mulher. Há várias situações em que o
marido agride fisicamente sua esposa apenas porque ela o contradizer. O que
podemos verificar que isso anteriormente não era penalizado, contudo, agora é
possível fazer justiça em casos de feminicídio.
A lei conceitua como feminicídio práticas de assassinatos praticados contra
uma mulher que possuiu um relacionamento íntimo com o femicida, o abuso sexual
sobre o corpo e a imposição sobre a vida da mulher numa relações de poder gerando
terror e submissão.
A Lei 1.761/2012 alterou o artigo 104º do Código Penal colombiano para a
seguinte redação:

Artículo 104A. Feminicidio. Quien causare la muerte a una mujer, por su


condición de ser mujer o por motivos de su identidad de género o en donde
haya concurrido o antecedido cualquiera de las siguientes circunstancias,
incurrirá en prisión de doscientos cincuenta (250) meses a quinientos (500)
meses.
a). Tener o haber tenido una relación familiar, íntima o, de convivencia con la
víctima, de amistad, de compañerismo o de trabajo y ser perpetrador de un
ciclo de violencia física, sexual, psicológica o patrimonial que antecedió el
crimen contra ella.
b). Ejercer sobre el cuerpo y la vida de la mujer actos de instrumentalización
de género o sexual o acciones de opresión y dominio sobre sus decisiones
vitales y su sexualidad.
c). Cometer el delito en aprovechamiento de las relaciones de poder ejercidas
sobre la mujer, expresado en la jerarquización personal, económica, sexual,
militar, política o sociocultural.
d). Cometer el delito para generar terror o humillación a quien se considere
enemigo.
e). Que existan antecedentes o indicios de cualquier tipo de violencia o
amenaza en el ámbito doméstico, familiar, laboral o escolar por parte del
42

sujeto activo en contra de la víctima o de violencia de género cometida por el


autor contra la víctima, independientemente de que el hecho haya sido
denunciado o no.
f). Que la víctima haya sido incomunicada o privada de su libertad de
locomoción, cualquiera que sea el tiempo previo a la muerte de aquella
(COLÔMBIA, 2012, p. 1).

O artigo 104-A do Código Penal colombiano estabelece que comete o crime


de Feminicídio quem causar a morte de uma mulher, em virtude de seu status de
mulher ou por motivos de identidade de gênero ou em caso de ocorrência ou
precedência de uma das seguintes circunstâncias, deve ter uma pena de prisão de
duzentos e cinquenta (250) meses a quinhentos (500) meses. Em ato contínuo, quem
tem ou teve um relacionamento familiar, íntimo ou convivência com a vítima, amizade,
companheirismo ou trabalho e ser perpetrador de um ciclo de violência física, sexual,
psicológica ou patrimonial que precedeu o crime contra ela.
A lei específica de forma bem elaborada a matéria do feminicídio, atingindo
claramente a elucidação do delito ao definir o objetivo que busca que é atingir o
feminicída, o crime se caracteriza pelo fato da vítima ser mulher, ou seja, trata-se de
uma violência realizada mediante preconceito e submissão.
Por fim, pode-se perceber que a lei colombiana, distintamente da legislação
Argentina e Chilena que entendeu do assunto de maneira detalhada sobre o crime de
feminicídio, assim, a vítima só pode ser mulher, seguindo o mesmo entendimento da
lei brasileira.

4.5 A Lei do Feminicídio na Costa Rica

Vários países progrediram ao fazer uma adaptação em suas nacionais


baseando-se nos mecanismos internacionais de direitos humanos das mulheres,
como por exemplo a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra a Mulher (CEDAW) e a Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher (Belém do Pará).

A morte de mulheres é enquadrada nos crimes de "feminicídios" quando for


ocasionado por motivo de ser mulher, pelo gênero. O assassinato é o fim na maioria
das vezes de uma série de violência contra as mulheres.

Quando se chega a uma situação de feminicídio em que não há medida de


proteção, significa dizer que a organização falhou. A morte de mulheres não deveria
43

ser um fato corriqueiro; por trás do fim da vida de uma mulher muitas das vezes é
arraigada pelo sofrimento de inúmeras violências. É preciso impedir.

Tipificar o feminicídio foi um grande avanço para os países da América


Latina, onde nos dias atuais já são 16 países que implementaram em suas leis penais.

Na Costa Rica criaram a lei 8.589/2007, a Lei do Feminicídio, em que no


seu artigo 21º, especifica que:

ARTÍCULO 21 – Femicidio Se le impondrá pena de prisión de veinte a treinta


y cinco años a quien dé muerte a una mujer con la que mantenga una relación
de matrimonio, en unión de hecho declarada o no.

Com base no artigo 21º do Código Penal mexicano será considerado ao


crime de feminicídio uma pena de prisão de vinte a trinta e cinco anos será imposta
em quem matar uma mulher com quem você tenha ou não uma relação de casamento,
em união de fato declarado.

O Código Penal da Costa Rica que trata do Feminicídio evoluiu ao ampliar


sua aplicabilidade em que também será aplicada quando houver infracções penais
praticadas contra uma mulher idosa, em uma relação matrimonial, em união de fato
declarado ou não, quando as vítimas são maiores 15 anos de idade e menores de
dezoito anos, desde que não seja um relacionamento de parente.

Mesmo após a implementação da referida lei ainda ocorre a invisibilidade


do feminicídio. Ainda há um grande número de casos de Feminicídio no país, mas
apesar desse fracasso é necessário enfatizar a realização dos trabalhos das
organizações não governamentais, na América Latina, que tem com intuito a
erradicação dos casos de feminicídio.

O trabalho em conjunto da população, do governo, a união dos países para


enfrentar essa causa, permitirá o controle desses crimes a tal ponto que com toda
utilização das politicas públicas possa, por fim, se chegar ao verdadeiro objetivo que
é o fim dos crimes contra as mulheres.
44

5 CONCLUSÃO

Produzir leis é importante, mas não é bastante. O grande objetivo é eliminar


os homicídios no âmbito de violência contra a mulher, condenando apropriadamente
os feminicídas e evitando novos delitos.
São indispensáveis instrumentos para o bom cumprimento da lei. Para que
não haja mais vítimas, são importante o aprimoramento cotidiano dos operadores da
justiça e dos agentes policiais para que os mecanismos sejam aplicados com a
merecida severidade, assim como políticas públicas que garantem a proteção da
mulher. As mulheres, resta clamar, lutar, idealizar e realizar que logo todo esse
pesadelo de violência acabará.
A violência contra a mulher surgiu com a propriedade privada, a evolução do
patriarcado e do capitalismo. Entender que desde o instante em que o homem
dominou o outro, ele também dominou mulher. Foram surgindo as relações sociais
desiguais e hierárquicas, oprimindo as mulheres e as restringindo no âmbito
doméstico.
As relações patriarcais reforçaram o poder do homem sobre a vida das
mulheres, preconiza a superioridade deles, permitindo impor sobre a vida sexual e
reprodutiva delas, controlando de forma violenta. A família torna-se, uma convivência
de opressão e continuação dessa dominação dos homens sobre as mulheres, devido
à sujeição econômica da mulher.
A vida das mulheres começa a transformar quando elas se organizam e vão
contra esse sistema patriarcal. O movimento feminista tem o intuito de manifestar que
tanto o homem quanto a mulher são iguais, tendo os mesmos direitos e condições. O
propósito é a compreensão da mulher de que o lugar de inferioridade e submissão
não a pertence, ela de fato, pertence a si e tem total direito de escolha e poder.
As lutas dos movimentos feministas vão além das matérias ligadas às
mulheres, lutou contra as ideias do racismo e a exploração do modo de produção
capitalista. Exaltou que, ao passo que o capitalismo for a instituição econômica
vigorante, as mulheres estarão nessa colocação de subordinação e abuso perante os
homens.
O Feminicídio, surge para mostrar o assassinato de mulheres pela sua
condição de gênero. Porém, apesar dessa grande vitória para o movimento feminista,
essa lei veio com muitas críticas. A legislação demonstrou-se, retrógrada ao não
45

reconhecer as transexuais como pessoas do gênero feminino. Sendo um rumo para


futuras descobertas, os motivos que se evidenciam e discordam dos modelos aceitos
pela sociedade e, por essa razão acabam não sendo anexados nos instrumentos
legais, especialmente, nos de proteção.
A pesquisa dos índices do feminicídio evidenciou dados assustadores,
especialmente, sobre o pouco entendimento das pessoas em relação ao termo, seja
homem ou mulher.
O termo feminicídio, possui singularidade e está visível pela presença de
intolerância, como o racismo e do gênero, pelas desigualdades sociais, a divisão de
classes e outros fatores, que fazem com que algumas mulheres sofrerem muito mais
do que outras.
A lei que o caracteriza como feminicídio é apontada por muitas contradições,
que são imprescindíveis várias pesquisas em campos diferentes, assim, alcançar o
conhecimento vasto de suas características, para que sejam criados mecanismos que
evitem e eliminem de fato, muito mais do que apenas a punição dos agressores.
O importante foi o marco inicial, em que os que não tem ciência sobre, possam
ler, conhecer e entender o que é o feminicídio, como se apresenta e porque deve ser
eliminado.
46

REFERÊNCIAS

ALIMENA, Carla Marrone. A tentativa do impossível: Feminismos e criminologias.


Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.

ARGENTINA. Codigo Penal de la Nacion Argentina. Ley 11.179 (T.O. 1984


actualizado). Disponível em:
<http://servicios.infoleg.gob.ar/infolegInternet/anexos/15000-
19999/16546/texact.htm#15>. Acesso em: 02 fev. 2018.

BANDEIRA, Lourdes. Feminicídio: a última etapa do ciclo da violência contra a


mulher. Compromisso e Atitude, 11 out. 2013. Disponível em: <http://www.compro
missoeatitude.org.br/feminicidio-a-ultima-etapa-do-ciclo-da-violenciacontra-a-mulher-
por-lourdes-bandeira/>. Acesso em: 21 nov. 2017.

BRASIL. Decreto lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Disponível


em: <http://www.plamalto.gov.br/ccivil_03_decreto-lei/del2848compilado.htm>.
Acesso em: 23 out.2017.

______. Lei 20.480 de 14 de dezembro 2010. Modifica o Código Penal e a Lei nº


20.066 sobre Violência Intrafamiliar, estabelecendo o “Feminicídio”, aumentando as
penas aplicáveis a este delito e reforma as normas sobre Parricídio. Disponível em:
<http://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=1021343&idParte-
90805991&idVersion=2010-12-18>. Acesso em: 10 set. 2017.

______. Lei nº 11.340, de 7 de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência


domestica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art.226 da Constituição
Federal, da Convenção sobre Eliminação de todas as formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir, e Erradicar
a Violência contra a Mulher, dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Domestica e Familiar contra a Mulher, altera o Código e Processo Penal, o Código
Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em:
<htttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/I11340.htm>. Acesso
em: 20 ago. 2017.

______. Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como
circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25
de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Diário Oficial
da República Federativa do Brasil, Brasília, 10 mar. 2015. Disponível em:
<http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm>. Acesso
em: 05 nov. 2017.
47

CHILE. Ministério da Justiça. Código Penal. Santiago: BCN, 1874. Disponível em:
<http://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=1984&r=6>. Acesso em: 10 fev. 2016.

COLÔMBIA. Ley 1761 de 2015. Disponível em:


<http://www.alcaldiabogota.gov.co/sisjur/normas/Norma1.jsp?i=62278#2>. Acesso
em: 02 fev. 2018.

COMPROMISSO E ATITUDE. Legislações da América Latina que penalizam o


feminicídio, 23 jun. 2015. Disponível em:<http://www.compromissoeatitude.org.br/
legislações-da-america-latina-que-penalizam-o-feminicidio>. Acesso em: 28 out.
2017.

CONCEIÇÃO, Eloisa Botelho da Silveira. Feminicídio no Brasil. Disponível em:


<http://www.facnopar.com.br/conteudo-arquivos/arquivo-2017-06-14-
14974728811632.pdf>. Acesso em: 02 fev. 2018.

CUNHA, B. M. Violência contra a mulher, direito e patriarcado: perspectivas de


combate à violência de gênero. In: JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DE
DIREITO DA UFPR, 16., 2016, Paraná. Anais... Paraná: UFPR, 2014. p. 149-170.

DEBELAK, Catherine; DIAS, Letícia; GARCIA, Marina. Feminicídio no Brasil:


Cultura de matar mulher. Trabalho de Conclusão de Curso de Jornalismo e Rádio
e Televisão – Faculdade Cásper Líbero, São Paulo. Disponível em:
<http://feminicidionobrasil.com.br>. Acesso em 30 out.2017.

DINIZ, Débora. Alcance não tão longo: a Lei do Feminicídio deve denunciar
injustiças de gênero ou apenas punir matadores? O Estado de São Paulo, São
Paulo, 14 mar. 2015. Aliás. Disponível em: <http://agenciapatriciagalvao.org.br/wp-
content/uploads/2015/03/estadao-14032015_Alcance-nao-tao-longo-Alias-
Estadao.pdf>. Acesso em: 8 set. 2017.

DOSSIÊ violência contra as mulheres. Feminicídio. Disponível em: <http://www.


agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/feminicidio/>. Acesso em: 17 nov.
2016.

FOLLADOR, K. J. A mulher na visão do patriarcado brasileiro: uma herança


ocidental. Revista Fato & Versões, v. 1, n.2, p. 3-16, 2009.

IPEA. Igualdade de Gênero. In: ______. Políticas sociais: acompanhamento e


análise. v. 22. Brasília: IPEA, 2014. p. 553-612.
48

KRUG, E.G.et al. (Org). Relatório mundial sobre violência e saúde. Geneva:
organização mundial de saúde, 2002. p. 5. Disponível em:<http://www.opas.org.br
/relatorio-mundial-sobre-violencia-e-saude/>. Acesso em: 01 out. 2017.

LA INFO.ES. Colômbia lei que criminaliza o feminicídio sanções como um


crime. Información desde América Latina. Disponível em: <
http://lainfo.es/pt/2015/07/07/colombia-lei-que-criminaliza-o-feminicidio-sancoes-
como-um-crime/>. Acesso em: 02 fev. 2018.

MACHADO, M. R. A. Et. al. A violência doméstica fatal: o problema do feminicídio


íntimo no Brasil. Diálogos Sobre Justiça, Brasília: ministério da justiça, 2015. p. 19.
Disponível em: <http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/pesquisa/a-
violencia-domestica-fatal-o-problema-do-feminicidio-intimo-no-brasil-cejus-srj-mjfgv-
2015/>. Acesso em: 09 out. 2017.

MIRANDA, M. Carolina. Reflexões acerca da tipificação do femicídio da PUC


Rio: Monografia (bacharelado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Programa de graduação em Direito, Rio de Janeiro. Disponível em:
<www.maxwell.vrac.puc-rio.br/22487//22487.pdf>. Acesso em: 06 out.2017.

MONTES, Rocío. Chile não consegue conter feminicídio: a morte de 12 mulheres


só este ano revela um problema até agora invisível e leis fracas. El País, 2016.
Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/01/internacional/1459469465_370317.html>.
Acesso em: 02 fev. 2018.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU Mulheres. ONU Mulheres faz hoje
(27/4) lançamento mundial do relatório “Progresso das mulheres no mundo:
transformar as economias para realizar direitos”. 27 abr. 2015. Disponível em:
<http://www.onumulheres.org.br/noticias/onu-mulheres-faz-hoje-274-lancamento-
mundialdo-relatorio-progresso-das-mulheres-no-mundo-transformar-as-economias-
para-realizarodireitos/>. Acesso em: 19 nov. 2017

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Relatório Mundial de Violência e Saúde.


Genebra: OMS, 2002.

SAFFIOTI, Heleieth I.B. Violência Doméstica: questão de Polícia e da Sociedade. In:


M. Corrêa (Org.). Gênero e Cidadania, v. 1, Campinas-SP: Pagu/Núcleo de Estudos
de Gênero – Unicamp, 2002. p. 59-70.
49

SILVA, Vanessa Martin. Com punição de até 50 anos, lei que tipifica o
feminicídio é sancionada na Colômbia. Operamundi, São Paulo 06 jul. 2015.
Disponível em:
<http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40944/com+punicao+de+ate+50+an
os+lei+que+tipifica+o+feminicidio+e+sancionada+na+colombia.shtml>. Acesso em:
17 mar. 2016.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2015 - Homicídios de Mulheres no


Brasil. 1. ed. Brasília – DF 2015. Disponível em: http://www.mapadaviolencia.org.br/
pdf2015/Mapa Violencia_2015_mulheres.pdf Acesso em: 10 ago. 2017.

https://www.cartacapital.com.br/internacional/cidade-do-mexico-cria-lei-contra--e2-
80-9cfeminicidio-e2-80-9d

http://www.cndh.org.mx/sites/all/doc/Programas/mujer/6_MonitoreoLegislacion/6.9/A/
tipificacionFeminicidioAnexo_2014nov05.pdf

https://regeneracion.mx/cada-4-horas-se-comete-un-feminicidio-en-mexico/

https://www.ameliarueda.com/especiales/feminicidios/

https://www.poder-judicial.go.cr/blogpresidencia/index.php/60-estadisticas-y-
violencia-contra-las-mujeres

Potrebbero piacerti anche