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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
COORDENADORIA DO CURSO DE DIREITO
São Luís
2018
FRENA LORENA BARROS DA ROCHA
São Luís
2018
FRENA LORENA BARROS DA ROCHA
Aprovada em ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Prof. Drª. Valdira Barros (Orientadora)
Universidade Ceuma
_________________________________________________
1° Examinador
__________________________________________________
2° Examinador
AGRADECIMENTOS
muito prazer
eu sou a mulher que lhe mostrou
que não se pode domar
nenhuma mulher”
(Ryane Leão)
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo abordar o tema feminicídio como instrumento de
proteção contra a violência de gênero. Inicialmente pretende-se analisar a violência
de gênero até a presente lei do feminicídio; entender a cultura do patriarcalismo como
ensejo para a violência de gênero. A mulher como um ser estigmatizado, marcada por
preconceito; Analisar a lei 13.104/2015 do feminicídio, na qual foi instituída para punir
de forma mais dura, os que praticam o crime de assassinato de mulher “causado por
violência doméstica ou homicídio praticado e motivado em razão da vítima se mulher”;
Analisar a problematização em relação a criminologia e ao feminismo, além de indagar
sobre a eficiência da lei do feminicídio; Compreendê-la se está cumprindo com o seu
papel em punir os agressores e dessa forma coibir a contínua pratica do homicídio de
mulheres; Analisar os movimentos feministas, na qual foram e são meios de expandir
ideologias de igualdade de gênero, quebrando paradigmas do preconceito, de
maneira a auxiliar a criação de leis. Por fim analisar o direito comparado da Lei do
feminicídio nos países da América Latina, tendo em vista que antes mesmo de ser
objeto de estudo e adentrar no rol das leis no Brasil, outros países como Argentina,
Chile e Colômbia, já incorporavam o crime de feminicídio às suas legislações penais.
The present study aims to address the issue of feminicide as an instrument to protect
against gender violence. Initially, gender violence should be reported to a present
feminicide law; understand a culture of patriarchalism as teaching for gender violence.
A woman as a stigmatized being, marked by prejudice; To analyze the law 13.104 /
2015 of the feminicide, in which it was instituted to punish more harshly, those who
practice the crime of murder woman "caused by domestic violence or homicide
practiced and motivated by the victim as a woman"; Analyze a problematization in
relation to criminology and feminism, as well as inquire about an evolution of the law
of feminicide; Understand it if it is fulfilling its role in punishing the perpetrators and
thereby restraining the continued practice of the murder of women; Analyze the
feminist movements, in which they are and are means of expanding ideologies of
gender equality, breaking paradigms of prejudice, in order to help the creation of laws.
Finally, to analyze the comparative law of the Law of feminicide in the countries of Latin
America, considering that even before being studied and entering the roll of laws in
Brazil, other countries such as Argentina, Chile and Colombia, which have already
incorporated the crimes of feminicide to their criminal legislation.
1 INTRODUÇÃO8
2 A VIOLÊNCIA DE GÊNERO10
2.1 O patriarcalismo como fator primordial para a violência de gênero11
2.2 A violência contra a mulher no Brasil15
2.3 Perfil das vítimas de violência no Brasil18
2.4 Enfrentamento da violência de gênero20
3 FEMINICÍDIO23
3.1 Feminicídio no Brasil25
3.2 Tipos de feminicídio30
3.3 Causa de aumento de pena do feminicídio31
4 A LEI DO FEMINICÍDIO NOS PAÍSES DA AMERICA LATINA33
4.1 A Lei do Feminicídio na Argentina37
4.2 A Lei do Feminicídio no Chile39
4.3 A Lei do Feminicídio na Colômbia40
5 CONCLUSÃO44
REFERÊNCIAS46
8
1 INTRODUÇÃO
2 A VIOLÊNCIA DE GÊNERO
O que se verifica é que a violência contra a mulher não é um fato natural que
surgiu da biologia que diferencia o homem e a mulher, e sequer é um fato isolado,
próprio de trabalhadoras pauperizadas.
À medida que o homem vai controlando a natureza, seu poder sobre a mulher
vai também, na mesma proporção, aumentando e se cerrando. O fruto da
árvore do conhecimento afasta cada vez mais o homem da natureza, e a
árvore do conhecimento é também a árvore do bem e do mal. Do bem, no
que permite a continuidade do processo humano, e do mal no sentido em que
cria o poder, a dominação como conhecemos hoje (MURARO, 1992, p. 71).
poder cultural exteriorizada por meio dos hábitos e condutas socioculturais, justificado
na ideologia da predominância masculina e nos ensinamentos das relações sociais.
A Lei Maria da Penha nº 11.340 foi aprovada no dia 07 de agosto de 2006
com objetivo de obter uma modificação de postura, dado que observou-se a
necessidade de boas relações de convivência e igualdade entre as pessoas,
promovendo procedimentos para proibir a agressão doméstica e familiar que baseia-
se em agressões física, psicológica, sexual, patrimonial e a moral, relacionados no
artigo 7º da referida lei.
No Brasil a violência contra a mulher nos últimos anos houve um aumento,
particularmente no ambiente doméstico e em geral praticada pelo marido,
companheiro ou parentes que possua qualquer relação de intimidade com a vítima.
O crescimento da ocorrência de homicídios de mulheres é um acontecimento
global verificado aproximadamente em todos os países, ou em todos, justificando-se
na regra da injustiça/impunidade.
Só em 2013, foram 4.762 mulheres vítimas de violência. Esses números
preocupam tendo em vista a progressão dos índices de assassinatos de mulheres,
sendo que, ao longo do tempo é evidente o lento, porém ininterrupto crescimento do
sofrimento, das agressões.
No Brasil, o Mapa de violência 2015, indica que entre 1980 e 2013 os números
passaram de 1.353 homicídios para 4.762, um aumento de 252,0%. Nos últimos seis
anos, as taxas cresceram 23,1%, sendo um número muito elevado em relação ao
curto espaço de tempo, tornando-se motivo de grande preocupação, tendo em vista
não permiti supor a consolidação de barreiras de controle da violência contra a mulher.
De acordo com o Sistema de Agravos e Notificações (SINAN), a proporção de
mulheres agredidas por um ente familiar direto e projetando-a sobre o total de
homicídios femininos acontecidos em 2013, teríamos, do total de 4.762 vítimas
femininas registrado em 2013 pelo Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM),
2.394, isso é, 50,3% do total de homicídios de mulheres, foram perpetrados por um
familiar direto da vítima, ou seja, equivale a 7 vítimas por dia.
Dentre os familiares, mais precisamente os namorados/maridos e ex-
parceiros, tem-se que 1.583 dessas mulheres foram vitimadas por eles, o que
corresponde a 33,2% do total de homicídios femininos de 2013. Nesse caso, as mortes
diárias foram 4, consideradas todas as idades, com base no Mapa de Violência 2015.
17
3 FEMINICÍDIO
três mulheres foi morta por feminicídio. Mais da metade delas morreu na casa
e sem testemunhas, e 63% dos matadores confessaram o crime na cena
judiciária (DINIZ, 2015, p. 1).
compreende-se que, se a vítima do feminicídio não for mulher, o crime é atípico, pois
só se representara se tiver como vítima uma mulher.
Nessa acepção, o legislador utilizou o conceito de violência doméstica e
familiar inserido na Lei n.º 11.340/2006 no seu artigo 5°, explicando que esta violência
pode ocorrer por ação ou omissão baseada no gênero, lhe causando morte,
sofrimento físico ou psicológico, violência sexual, dano patrimonial e extrapatrimonial,
que aconteçam no convívio permanente, com ou sem vínculo familiar, mesmo que
esporadicamente agregadas, e que família compreende-se como comunidade
formada por indivíduos que parentes ou não, que se consideram por afinidade,
independente da relação íntima de afeto, em que o agressor conviva ou tenha
convivido.
O artigo 7º da Lei nº 11.340/2006 especifica os tipos de agressões doméstica
e familiar contra a mulher, violência física é aquela impetrada contra a mulher lhe
ofendendo a integridade física ou honra ao passo que a psicológica lhe causa dano
de ordem emocional; violência sexual conduta que a constranja e a obrigue a praticar
atos sexuais contra vontade, sob ameaças ou qualquer tipo de coação ou força,
atentando contra a sua sexualidade, ou ações que limitem ou anulem o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos; violência patrimonial configurando a retenção,
subtração, destruição parcial ou total de quaisquer bens, valores e direitos
econômicos, inclusive àqueles destinados a satisfação de suas necessidades e
violência moral decorrentes de calúnia, difamação ou injúria.
Estabelece-se que o inciso II, traz o conceito subjetivo de ordem emocional
da qual na maioria dos casos a mulher fica exposta a uma situação de violência
psicológica o que acarreta uma hipossuficiência e vulnerabilidade, que é exatamente
a tutela do feminicídio.
Segundo Alimena (2010, p. 81), “[...] para participar como vítima do rito judicial
previsto na Lei Maria da Penha, a princípio o sexo que consta no registro civil do
indivíduo deve ser o feminino, o que possibilitaria a proteção de alguns transexuais”.
Noutro passo por se tratar de norma incriminadora é vedado aplicação de
analogia que desfavoreça a situação do réu, devendo-se respeitar o princípio da
legalidade, sendo assim, caso a legislação penal pretende criminar ou penalizar
radicalmente, o correto seria ampliar sua visão de abrangência criando condições
proibitivas pelo princípio da legalidade, por dar ao legista o poder de estabelecer
crimes e penas.
29
por não conseguirem a quem imputar os crimes. As mortes são relatadas tão somente
como assassinatos simples.
A deve ser utilizada nas situações em que a vítima está com sintomas de
violência sexual de qualquer tipo, lesões corporais graves e degradantes e mutilações
antes e após a morte. Caracteriza-se o feminicídio como crime de gênero com
emprego de ameaças, agressões e a exibição do corpo da vítima.
dos feminicidios a lei não está surtindo tanto efeito devido sua má aplicabilidade, não
alcançando o real objetivo da lei.
Artigo 390. - El que, conociendo las relaciones que los ligan, mate a su padre,
madre o hijo, a cualquier otro de sus ascendientes o descendientes o a quien
es o ha sido su cónyuge o su conviviente, será castigado, como parricida, con
la pena de presidio mayor en su grado máximo a presidio perpetuo calificado.
Si la víctima del delito descrito en el inciso precedente es o ha sido la cónyuge
o la conviviente de su autor, el delito tendrá el nombre de femicidio (CHILE,
2010, p. 1).
A Lei Penal colombiana que tipifica o feminicídio como crime e o inclui como
agravante, garantindo a investigação e o estabelecendo uma pena de 35 a 50 anos
41
de prisão, sem direito a redução de pena para os assassinos de mulheres por motivos
de gênero e discriminação. O que indica um aumento significativo das condenações
para os que incorrem nestes crimes contra as mulheres.
Na Colômbia em 2014 a cada três dias uma mulher era vitimada por seu
parceiro. Já em 2015 no mês de janeiro a fevereiro foram registrados 126 mortes de
mulheres, sendo que na maioria dos casos, as vítimas tinham idade entre 20 e 24
anos.
O Lei do Feminicídio na Colômbia foi sancionado em 06 de julho de 2015, a
então chamada Lei Rosa Elvira Cely nº 1.761, sendo o nome é de uma mulher que foi
violentada e morta em 2012, criando uma grande repercussão no país, na qual
resultou na criação lei que tem como previsão a pena de até 50 anos de detenção.
O Feminicídio na Colômbia tem sido preocupante. Este crime refere-se ao
assassinato das mulheres apenas por ser uma mulher. Há várias situações em que o
marido agride fisicamente sua esposa apenas porque ela o contradizer. O que
podemos verificar que isso anteriormente não era penalizado, contudo, agora é
possível fazer justiça em casos de feminicídio.
A lei conceitua como feminicídio práticas de assassinatos praticados contra
uma mulher que possuiu um relacionamento íntimo com o femicida, o abuso sexual
sobre o corpo e a imposição sobre a vida da mulher numa relações de poder gerando
terror e submissão.
A Lei 1.761/2012 alterou o artigo 104º do Código Penal colombiano para a
seguinte redação:
ser um fato corriqueiro; por trás do fim da vida de uma mulher muitas das vezes é
arraigada pelo sofrimento de inúmeras violências. É preciso impedir.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
CHILE. Ministério da Justiça. Código Penal. Santiago: BCN, 1874. Disponível em:
<http://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=1984&r=6>. Acesso em: 10 fev. 2016.
DINIZ, Débora. Alcance não tão longo: a Lei do Feminicídio deve denunciar
injustiças de gênero ou apenas punir matadores? O Estado de São Paulo, São
Paulo, 14 mar. 2015. Aliás. Disponível em: <http://agenciapatriciagalvao.org.br/wp-
content/uploads/2015/03/estadao-14032015_Alcance-nao-tao-longo-Alias-
Estadao.pdf>. Acesso em: 8 set. 2017.
KRUG, E.G.et al. (Org). Relatório mundial sobre violência e saúde. Geneva:
organização mundial de saúde, 2002. p. 5. Disponível em:<http://www.opas.org.br
/relatorio-mundial-sobre-violencia-e-saude/>. Acesso em: 01 out. 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. ONU Mulheres. ONU Mulheres faz hoje
(27/4) lançamento mundial do relatório “Progresso das mulheres no mundo:
transformar as economias para realizar direitos”. 27 abr. 2015. Disponível em:
<http://www.onumulheres.org.br/noticias/onu-mulheres-faz-hoje-274-lancamento-
mundialdo-relatorio-progresso-das-mulheres-no-mundo-transformar-as-economias-
para-realizarodireitos/>. Acesso em: 19 nov. 2017
SILVA, Vanessa Martin. Com punição de até 50 anos, lei que tipifica o
feminicídio é sancionada na Colômbia. Operamundi, São Paulo 06 jul. 2015.
Disponível em:
<http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40944/com+punicao+de+ate+50+an
os+lei+que+tipifica+o+feminicidio+e+sancionada+na+colombia.shtml>. Acesso em:
17 mar. 2016.
https://www.cartacapital.com.br/internacional/cidade-do-mexico-cria-lei-contra--e2-
80-9cfeminicidio-e2-80-9d
http://www.cndh.org.mx/sites/all/doc/Programas/mujer/6_MonitoreoLegislacion/6.9/A/
tipificacionFeminicidioAnexo_2014nov05.pdf
https://regeneracion.mx/cada-4-horas-se-comete-un-feminicidio-en-mexico/
https://www.ameliarueda.com/especiales/feminicidios/
https://www.poder-judicial.go.cr/blogpresidencia/index.php/60-estadisticas-y-
violencia-contra-las-mujeres