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terapêutico
Por
Renata Silva Pinheiro
10 fev. 2012
8
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A metáfora também é referenciada por Skinner como uma das formas pela qual
as pessoas aprendem a descrever eventos privados. Segundo Skinner (1945,
apud Pergher & Dias, 2009), estímulos públicos e estímulos privados podem
compartilhar propriedades semelhantes. Assim, respostas verbais emitidas
diante de estímulos públicos podem ser emitidas na presença de estímulos
privados que guardem propriedades semelhantes (Pergher & Dias, 2009).
Numa situação nova, na qual nenhum termo genérico pode ser ampliado, o
único comportamento eficaz pode ser metafórico. Temos, assim, que não
precisamos querer para criar metáforas. Basta ocorrer a ausência de uma
resposta verbal para descrever uma situação inédita e que as respostas
verbais que aprendemos em outros contextos sejam usadas em contextos
inéditos, que guardam propriedades semelhantes à situação original (Skinner,
1978).
Mesmo quando um tato não-ampliado se mostra disponível, a metáfora pode
ter uma vantagem específica. Ela pode ser mais familiar e pode afetar o ouvinte
de outras maneiras, particularmente despertando respostas emocionais
(Skinner, 1978). Por esse motivo, Hüber (1999, apud Pergher & Colombini,
2010) consideram a metáfora como comportamento verbal mais efetivo, por
afetar o ouvinte de forma especial, e levar ao surgimento de respostas
emocionais.
Hayes (1987, apud Mairal, 2007), fundador da ACT, levanta a hipótese de que
regras, dependendo do contexto, poderiam gerar padrões de respostas que
impediriam a pessoa de entrar em contato com as contingências em vigor
respondendo de forma pouca efetiva. A partir desse pressuposto, a metáfora
seria introduzida por não apresentar uma regra específica e nem possuir uma
lógica racional:
RUÍDO DO MICROFONE
VOCÊ SABE AQUELE SOM HORRÍVEL
QUE OS MICROFONES ÀS VEZES
FAZEM? ISSO ACONTECE QUANDO
O MICROFONE ESTÁ POSICIONADO
MUITO PERTO DO FALANTE. ENTÃO,
QUANDO A PESSOA NO PALCO FAZ
APENAS UM SONZINHO, ELE VAI
PARA O MICROFONE; O SOM VEM
DO AMPLIFICADOR DO FALANTE E
VOLTA PARA O MICROFONE, UM
POUCO MAIS ALTO DO QUE DA
PRIMEIRA VEZ, E COM A
VELOCIDADE DO SOM E DA
ELETRICIDADE ELE SE TORNA CADA
VEZ MAIS ALTO ATÉ QUE EM UM
SEGUNDO ELE FICA
INSUPORTAVELMENTE ALTO. A SUA
LUTA COM OS SEUS PENSAMENTOS
E SENTIMENTOS É PARECIDA COM
ESTE RUÍDO. ENTÃO O QUE VOCÊ
FAZ? VOCÊ FAZ O QUE QUALQUER
UM DE NÓS FARIA. VOCÊ TENTA
VIVER A SUA VIDA (FALE
SUSSURRANDO) BEM QUIETO,
SEMPRE SUSSURRANDO, ANDANDO
NAS PONTAS DOS PÉS PELO PALCO,
ESPERANDO QUE SE VOCÊ FOR
MUITO, MAS MUITO QUIETO MESMO
NÃO HAVERÁ O RUÍDO. (FALANDO
NORMALMENTE) VOCÊ MANTÉM O
VOLUME BAIXO DE INÚMERAS
FORMAS: DROGAS, ÁLCOOL,
EVITANDO, SE AFASTANDO, E ASSIM
POR DIANTE [USE ITENS QUE SE
ENCAIXAM NA SITUAÇÃO DO
CLIENTE]. O PROBLEMA É QUE ESTÁ
É UMA HORRÍVEL FORMA DE SE
VIVER, SEMPRE NAS PONTAS DOS
PÉS. VOCÊ NÃO PODE DE FATO
VIVER SEM FAZER BARULHO. MAS
NOTE QUE NESTA METÁFORA, O
PROBLEMA NÃO É A QUANTIDADE
DE BARULHO QUE VOCÊ FAZ. O
PROBLEMA É O AMPLIFICADOR.
NOSSO TRABALHO AQUI NÃO É
AJUDA-LO A VIVER A SUA VIDA
QUIETO, LIVRE DE TODO O
DESCONFORTO EMOCIONAL E DOS
PENSAMENTOS PERTURBADORES.
NOSSO TRABALHO É ACHAR O
AMPLIFICADOR E TIRÁ-LO DE
CIRCUITO (HAYES, STROSAHL E
WILSON, 1999 APUD SABAN, 2011).
Considera-se também que o uso de uma linguagem metafórica deve ser mais
cuidadoso em pessoas com baixo nível de escolaridade. Pergher e Dias (2009)
sugerem que a dificuldade em elaborar tatos metafóricos decorra da história de
vida em ambientes sem estimulação de descrições de estímulos ambientais
(externos e internos), muito menos estabelecimento de relações entre
propriedades desses estímulos, o que ocasionaria um baixo repertório
descritivo e de auto-observação.
[1] Tatos são respostas verbais sob controle de estímulos do tipo não-verbal –
objetos, eventos, etc. (Skinner, 1978).
[5] Sigla do inglês Accept (aceitar), Choose (eleger) e Take action (atuar),
utilizada por Hayes para resumir os objetivos da terapia: promover a
flexibilidade do cliente para aceitar os eventos privados incômodos, eleger
valores a seguir e atuar mesmo com dúvidas e dificuldades (Mairal, 2007).