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O Presente artigo tem como objetivo analisar a ética aplicada na advocacia perante o
crime de lavagem de dinheiro, com foco nos honorários advocatícios. A escolha do tema
é de suma importância diante do cenário caótico que vem se desenrolando, perante os
escândalos de corrupção patrocinada tanto pelos governantes como pelos membros dos
demais poderes. E dentre as práticas que os mesmos têm utilizado para “esconder” os
valores que são desviados quase que diariamente dos cofres públicos está a lavagem de
dinheiro. O Artigo terá como metodologia empregada a pesquisa bibliográfica realizada
em livros e artigos.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil está vivendo uma crise ética e moral que está afetando diretamente a
sociedade como todo. Diariamente, quando se liga a televisão, o rádio, abre-se um
jornal para ler as notícias ou acessa a internet o que se vê são escândalos de corrupção
envolvendo a cúpula de todos os partidos políticos, os governantes e dos demais poderes
legislativos.
Esta prática criminosa que surgiu nos Estados Unidos, avançou de forma
vertiginosa durante o início dos anos 80, sendo praticada principalmente entre os
narcotraficantes. O crescimento do mercado econômico nos últimos anos e o advento
da internet a lavagem de dinheiro tornou-se um crime quase que sem precedentes, de
cunho internacional, utilizada principalmente por grandes organizações criminosas que
utiliza o ilícito para mascarar seus ganhos, para que pareçam lícitos e, desta forma,
aumentarem o campo de atuação de suas redes criminosas.
Este artigo encontra-se dividido em quatro partes, quais sejam: a ética, a ética e
o direito, o crime de lavagem de dinheiro e o papel do advogado e sua postura ética
perante o crime e a lei vigente.
2. A ÉTICA
Segundo Marcus Cláudio Acquaviva (2002, p. 27), o conceito de ética pode ser
resumindo da seguinte maneira: a) A Ética observa o comportamento humano e aponta
seus erros e desvios; b) formula os princípios básicos a que deve subordinar-se a
conduta do homem; c) a par de valores genéricos e estáveis, a Ética é ajustável a cada
época e circunstância.
2.1. A Moral
A moral tem como base o como base o comportamento social. A palavra “moral”
tem sua origem na palavra latina “Morales”, quer dizer “relativo aos costumes”, ou seja,
consolidado como verdadeiro do sob a ótica da ação.
Segundo Silva (2017), a moral pode ser definida como “o conjunto de regras
aplicados no cotidiano e que são utilizadas constantemente por cada cidadão. Tais regras
orientam cada indivíduo que vive na sociedade, norteando os seus julgamentos sobre o
que é certo ou errado, moral ou imoral, e as suas ações. ”
Desta forma, a moral é originária de um padrão cultural e está inserida as regras,
importantes para que os indivíduos da sociedade consigam sobreviver de forma
harmoniosa. Portanto, as distinções de ética e moral estão inseridos no comportamento.
Enquanto a ética procura englobar certos tipos de comportamentos, corretos ou
incorretos, a moral procura estabelecer regar para determinar se os comportamentos são
corretos ou não.
3. A ÉTICA E O DIREITO
Tanto a ética como a moral fazem parte do cotidiano da sociedade, já que ambas
influenciam as ações e condutas sejam boas ou não. Neste contexto, o direito torna-se
imprescindível, para auxiliar a respeitar os limites estabelecidos tanto pela ética como
pela moral.
O Direito, portanto, segue um limite que não deve ser extravasado, de forma que
se torne um implementador da injustiça, podendo perder o seu significado. Em se
tratando de ética e Direito, as palavras provocam entre os estudiosos controvérsias,
devido as dificuldades existentes
Por não ser um crime considerado violento e também é classificado como crime
comum, muitas vezes a modalidade criminosa a população não se atenta para os
problemas que são gerados, principalmente quando são praticados por serventuários
públicos, gestores e representantes legislativos, já que os cofres públicos acabam sendo
saqueados e os valores acabam sendo convertidos em investimentos em empresas
fantasmas e em paraísos fiscais.
No Brasil, a lei que trata do crime.º é a Lei n 9.613/1998, que foi modificada
pela lei n. 12.686/2012. A principal mudança foi a revogação do art. 1º que dispunha de
rol taxativo, mas que continha várias lacunas, que facilitava a impunidade. A lavagem
de dinheiro, é uma atividade complexa e como tal, foi devidamente dividida nas
seguintes fases (CAPEZ, 2012, p. 656):
Por este motivo, a comunidade internacional tem se unido e não tem poupado
esforços para tentar maximizar os meios de combate a esta prática, dentre elas, incluir
no rol dos profissionais que deverão denunciar a prática, os advogados. Este profissional
desempenha um papel importante em se tratando do combate a práticas ilícitas, já que
com a modificação da Lei de Lavagem de Dinheiro (9.613/1998), o mesmo foi inserido
no rol dos sujeitos que são obrigados a denunciar ao COAF quem encontra-se
cometendo o ilícito.
Mas se o advogado tem esta obrigação, o mesmo ao defender seu cliente recebe
honorários. Se os valores forem maculados ou ilícitos, o advogado deverá ser
responsabilizado? Qual a postura dele, diante do caso? Estas indagações são
interessantes porque o que está em jogo são os honorários e os valores serem
provenientes de valores ilícitos e se estes valores, ao serem recebidos não configuraria
lavagem de dinheiro.
Para o doutrinador Rodrigo Grandis (2013, pp. 177-179), “o risco criado através
da conduta mostrou-se um risco proibido e não aprovado. ” Então, com referência à
advocacia, não haveria risco, em relação à justiça (do bem jurídico tutelado), no
comportamento do profissional de direito que recebe honorários oriundos de ilicitudes,
como de lavagem de dinheiro, se não souberem a origem dos valores recebidos.
Com referência ao que está previsto em lei, demonstra-se que a conduta é atípica
com relação ao advogado, o art. 1º, § 1º, inciso II da Lei 9.613/1998, já modificada,
prevê: § 1 Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens,
direitos ou valores provenientes de infração penal: (...) II - os adquire, recebe, troca,
negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta ou transfere.
Analisando o que está previsto na lei em questão, se o advogado agir de boa-fé, não
estará cometendo dissimulação dos valores, conforme afirmado por Botinni (2013), que
“o advogado apenas recebe a remuneração por seus serviços, inexistindo qualquer
vontade de contribuir com o encobrimento de determinado valor”. Ainda, segundo o
autor, embora as decisões tenham por base ordenamento jurídico distinto do nosso, os
princípios discutidos são perfeitamente reconhecíveis e adequados ao sistema jurídico
pátrio. Sob essa ótica, parece correta a primeira solução da jurisprudência alemã, que
assegura o recebimento dos honorários — mesmo que maculados — e afasta sua
ilicitude penal diante da importância do direito de defesa e de livre escolha do
advogado.
Analisando por esta ótica, para que fosse configurado dolo por parte advogado,
seria necessário que houvesse dissimulação e ocultação intencionalmente, realizando
atividades do tipo cobrar valores acima do previsto e devolver uma parte ao cliente, ou
ainda, orientá-lo de como aplicar os valores ilícitos de forma eficiente e eficaz.
O advogado como todo profissional que presta serviço deseja apenas ser
remunerado e o fato de receber os valores sem qualquer pretensão se encobrir os valores
não havendo, nesta hipótese, prática de lavagem de dinheiro, sendo necessário que haja
transparência na formalização do pagamento, afastando assim, o que está previsto no
art. 1º, caput da Lei nº 9.613/1998.
Há uma teoria pertinente ao tema que tem gerado opiniões controversas, tanto
por parte dos doutrinadores como dos juristas: trata-se da Teoria da Cegueira ou Teoria
do Avestruz que, “é proveniente dos Estados Unidos, onde a Suprema Corte Norte-
Americana julgou o caso de um vendedor de carros, os quais eram todos de origem
ilícita, roubados, furtados.” (FOUREAUX, 2012). Esta teoria é comparada ao dolo
eventual onde era de conhecimento do receptor dispunha de conhecimento das origens
dos bens e valores e que e os mesmos eram provenientes de práticas ilícitas, mesmo
assim, manteve-se omisso e indiferente a situação
Por tudo que foi exposto, conclui-se que é legal o recebimento de honorários
advocatícios, desde que seja de boa-fé, não sendo os valores, portanto, utilizados de
maneira ilícitas cometendo dissimulação e ocultação de valores em comum acordo com
o cliente.
CONCLUSÃO
A lavagem de dinheiro é um crime que embora tenha uma definição simples, sua
prática é complexa e tem afetado o mercado econômico não apenas a nível de Brasil,
mas internacionalmente, principalmente pela facilidade da movimentação financeira
ilícita através da internet. No Brasil, o crescimento desta modalidade se seu com o
narcotráfico, mas também através do chamado “crime do colarinho branco”, praticado
por grandes empresários e pela classe política, de modo geral.
BITTAR, Eduardo, C.B. Curso de Ética Jurídica. 9.ed. São Paulo: Saraíva, 2012.
BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Advogado não deve ser fiscal dos próprios honorários.
Disponível em http://www.conjur.com.br/2013-fev-2016/direito-defesa-advogado-nao-
fiscal-proprios-honorarios . Acesso em 20 nov. 2017.
BRASIL. Lei n.º 9.613/1998, modificada pela lei 12.683/2012. Lei de Lavagem de
Dinheiro. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9613.htm . Acesso
em 21 nov 2017
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 7. Ed. São Paulo: 2012, vol. 04.