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Carta de Criagdo do Férum Nacional de Educacdo do Campo Reunidos em Brasilia, na sede da CONTAG, durante os dias 16 e 17 de agosto de 2010, por autoconvocacéo, movimentos e organizagdes sociais e sindicais do campo, universidades, institutos federais de educaco, apés andlise da situaco do campo e da Educagao do Campo no Brasil, resolveram criar, e assim fica criado o Forum Nacional de Educacao do Campo - FONEC. Participaram ainda desta reunigo como convidados representantes de organismos internacionais, do Ministério do Desenvolvimento Agrério e do Ministério da Educacao. Além das representag6es presentes a esse ato inicial de formaco — que firmam este documento, outros movimentos e organizacées sociais e sindicais, bem como instituicées que mantém vinculos com a Educacio do Campo, sero admitidas @ composic3o do Férum, na medida de seu compromisso com os principios que o embasam e da aceitacSo. por parte dos seus componentes jé efetivos. (© FONEC caracteriza-se, antes de tudo, como uma articulacao dos sujeitos sociai coletivos que 0 compdem, pautados pelo principio da autonomia em relago ao Estado configurado em qualquer uma que seja de suas partes. No obstante, essa autonomia nao impede que participem como membros efetivos do Férum: institutos de educac3o e universidades publicas e outros movimentos/entidades que atuam na educacaa da campo, bem como, na condicio de convidados, érgios governamentais cuja fungo é pertinente & Educacao do Campo. © objetivo precipuo do FONEC é o exercicio da anélise critica constante, severa e independente acerca de politicas puiblicas de Educacéo do Campo; bem como a correspondente aco politica com vistas 4 implantaco, 4 consolidacfo e, mesmo, elaboracdo de proposigées de politicas puiblicas de Educacao do Campo. Um ponto de partida comum a todos os que criam este Férum é a constatagio da evidente desigualdade social e educacional a que estéo submetidas as populagées do campo, conforme refletem os dados da realidade e a manifesta auséncia ou inadequacao das politicas publicas, especialmente aquelas voltadas a educago. Constata-se que, hoje, no Brasil, 0 projeto hegeménico de campo, de desenvolvimento rural e de educacio no meio rural tem cardter excludente, predador e homoreneizante. Por isso. ele suscita uma ago estratégica forte e ordenada dos povos do campo, a comecar por suas organizacdes prdprias e/ou parceiras, com vistas & instalaco de um projeto capaz de reverter tal processo histérico vigente. Esse projeto contra-hegem@nico vé o campo no como espaco econémico de producéo de commodities — perspectiva produtivista que tem gerado verdadeiros “desertos verdes” ~ mas como territério social e ambiental de produgio de vida e de cultura por mithdese milhdes de agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, calcaras, sem-terra, acampados, assentados e reassentados, indigenas e povos de florestas, e outros, em mais de oitenta por cento dos municipios brasileiros, que ocupam igual percentual do territério nacional. Dentro desse projeto, caberd ao Forum Nacional de Educa¢éo do Campo primar, antes de tudo, pelo cumprimento do direito humano inaliendvel e indivisivel & educaco de qualidade, a todos os que vivem no e do campo, salvaguardadas, sempre, a diversidade cultural e as especificidades sociais e ambientais da vide e do trabalho dos povos do campo. Outro ponto de partida comum aos signatarios desta Carta de Criac&o do FONEC, dada a conquista das Diretrizes Operacionais para a Educagao Bésica nas Escolas do Campo (Resolugdo CNE/CEB n® 1, de 03 de abril de 2002), e das “Diretrizes Complementares” (Resolucdo CNE/CEB n? 2, de 28 de abril de 2008), ¢ a constatacio da nao implantaco dessas normativas no ambito dos sistemas educacionais do pais. Ademais de ndo serem efetivadas nos principios e determinagSes que as compéem — 0 que jé caracteriza uma grave sonegagao de direitos que deve ser cobrada, essas normativas sao incompletas no ‘que concerne, por exemplo, a acSes de acesso e permanéncia ao ensino com qualidade, inclusive, de nivel superior. Outras considerages e argumentos especificos em favor da criacdo do Forum Nacional da Educacdo do Campo séo destacados pelos signatérios deste documento, tal como seguem de forma sucinta: > Os movimentos e organizacées sociais e sindicais do campo tém sua aco protagonista insistentemente desconsiderada ou descaracterizada nas politicas © programas de Educacao do Campo, em todas as esferas da gestdo do Estado; Particularmente, no dmbito dos estados federados e dos municipios; > Escolas continuam sendo fechadas no campo, por autoridades educacionais de estados e municipios. dando lugar politica de transporte escolar desde o espaco rural até as sedes dos municipios, e fomentando a pratica de nucleacao, em contrério, inclusive, &s resolugdes do Conselho Nacional de Educagdo; v As condi¢bes de infra-estrutura continuam deficitarias e ou inadequadas para o funcionamento das escolas do campo; v O chamado regime de colaboragio entre os entes federados nfo se concretiza, seja na execuco das politicas obrigatdrias de educagio, seja na execucdo de programas especiais como os advindos do Governo Federal, gerando situacdes de desembargo de responsabilidades institucionais, onde quem perde é sempre aquele que € 0 sujeito do direit > Na formacio dos docentes e na organizacSo curricular, é comum por parte de 6rgfos e ou agentes do poder ptiblico 0 ndo reconhecimento da diversidade e do correspondente direilu 4 ui educeydu Uiferenciada aus povus do campy; v O MEC, que tem o poder e a responsabilidade maior pela institui¢ao de politicas programas estruturantes de uma Educac3io do Campo, seguindo os principios definidos pelas organizacbes e movimentos sociais que a protagonizam, tem tido uma acdo timida demais e pouco consistente nessa direc3o. Enfim, os signatérios deste documento de criaco do Férum Nacional de Educacao do Campo compreendem que: © Ha anecessidade de uma articulacao nacional em favor do campo, seguindo as perspectivas da defesa da vida, da igualdade social e da diversidade cultural Embiental e, sobretudo, da educagao dos povos do campo frente ao avango do ‘agronegdcio e frente & criminalizaco dos movimentos sociais do campo; A possibilidade de avanco na reforma agréria, continuamente relvindicado pelos trabalhadores e trabalhadoras, bem como a possibilidade de avango no seu projeto educacional, passa pela intensificaco da luta pela democratizagéo da terra, pelo enfrentamento constante em defesa do caréter piiblico do Estado e pela abordagem das necessidades vitais dos trabalhadores e trabalhadoras; Existe um grande actimulo teérico e pedagdgico no seio dos movimentos social @ sindicais do campo ¢ de organizagdes ndo-governamentais parceiras, forjado nas suas proprias préticas de formacio da classe trabalhadora/povos do campo, bem como nas suas lutas por politicas de educacdo. Tal acimulo merece e deve ser considerado pelos poderes constituidos ao instituirem programas e politicas permanentes de Educacso do Campo; Outro grande actimulo tedrico e pedagdgico precisa set considerado nas formulacdesdas politicas publicas— especialmente naestrutura efuncionamento das universidades e secretarias estaduais e municipais de educagdo: aquele consignado nas matrizes histéricas da Educacdo Popular, da Educagao Socialista e da Pedagogia dos Movimentos ‘A educacio constitui instrumento de formacdo tedérica e estratégica essencial para que os povos do campo possam avancar nes suas lutas. Afinal, ela se insere na luta fundamental entre capital e trabalho. Por isso e por entender que nao existe sistema de educacdo sem estrutura fisica que Ihe dé materialidade, reafirma-se, aqui, a luta ndo apenas para impedir 0 fechamento das escolas no campo, mas para a construco de mais e melhores escolas no campo. Para dar continuidade & organizagio e estruturacdo do Férum Nacional de Educaco do Campo foi criada urna Comissao Proviséria, que teré o papel de construir uma agenda de trabalho e de empreender ages de publicizagéo e ampliagao da articulagdo que constitui o Forum. Essa Comissao Provisdria tem a composi¢ao das seguintes entidades/ movimentos: Confederac&o Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ~ MST Rede de Educacao do Semi-drido Brasileiro - RESAB Unitio Nacional das Escolas Familias Agricolas do Brasil - UNEFAB Observatério da Educag%io do Campo ~ Universidade de Brasili Férum Catarinense de Educacéo do Campo ~ FOCEC Férum Estadual de Educaco do Campo do Pard - FEC Brasilia, 17 de agosto de 2010 Instituig6es presentes a reuniao e que aprovaram a criagdo do Férum Nacional de Educacao do Campo: Cétedra da Educacao do Campo - UNESCO/UNESP Comissao Pastoral da Terra - CPT Confederacdo Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Federacées Estaduais de Trabalhadores na Agricultura - FETAGs Forum Catarinense de Educagao do Campo - FOCEC Férum Estadual de Educacao do Campo do Para - FPEC Instituto Federal de Brasilia ~ IFB i Instituto Federal de Santa Catarina ~ IFSC Movimento das Mulheres Campesinas - MMC Movimento de Organizacao Comunitaria - MOC Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB Movimento dos Pequenos Agricultores ~ MPA Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST Rede de Educacao do Semi-Arido Brasileiro - RESAB Servico de Tecnologia Alternativa ~ SERTA Unido Nacional das Escolas Familias Agricolas do Brasil - UNEFAB Universidade de Brasilia - UnB Universidade Estadual da Bahia — UNEB Universidade Estadual do Amazonas - UEA Universidade Federal da Bahia — UFBA Universidade Federal da Paraiba - UFPB Universidade Federal de Campina Grande ~ UFCG Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Universidade Federal do Pard - UFPA Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Universidade Federal do Tocantins - UFT Ministérios convidados, e que se fizeram presentes: Ministério da Educacao - MEC/SECAD Ministério do Desenvolvimento Agrério ~ MDA/SDT/INCRA/PRONERA Organismos Internacionais convidados, e que se fizeram pre- sentes: Organizagao das Na¢ées Unidas para a Educacao, a Ciéncia e a Cultura - UNESCO. Organizacao dos Estados Ibero-Americanos - OEI Organizacao Internacional do Trabalho - OIT

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