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Documenti di Cultura
e na Diversidade
2010
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
ISBN: 978-85-87103-54-3
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade
Rede de Educação para a Diversidade
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Ciências da Educação
Departamento de Metodologia de Ensino
Laboratório de Novas Tecnologias
NUP - Núcleo de Publicações do CED
Ministério da Educação /MEC
desde que citada a fonte e que não seja para a venda ou qualquer fim comercial.
dos autores.
1 . E d u c a ç ã o d e a d u l t o s . 2 . P ro f e s s o re s – Fo r m a ç ã o.
3. Alfabetização de adultos. I. Título.
CDU: 374.7
APRESENTAÇÃO DO CURSO
Maria Hermínia Lage Fernandes Laffin e Mara Cristina Fischer Rese
Apoio:
Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos/SC
Equipe Técnica:
Apoio de Produção de Materiais
Prof.ª Mara Cristina Fischer Rese
Design Instrucional
Verônica Ribas Cúrcio
Design Gráfico
Marcio Augusto Furtado da Silva
Sumário
Apresentação .................................................................... 10
Apresentação ................................................................................. 17
Referências ...................................................................... 52
Módulo 6 - Desenvolvimento Histórico das Políticas Públicas e
Educacionais em EJA na Legislação Nacional ........ 54
do Livro
Apresentação
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Módulo 05
APRESENTAÇÃO
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
Um forte abraço,
Rita de Cássia
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Módulo 05
Unidade 01
LEIA:
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
Serra Pelada - Sebastião Salgado, 1993. Mulher desenhando nos vasos Belém do Pará.
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Módulo 05
Lavadoras de roupa.
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
(1977) e doutorado em
apenas a uma questão de especificidade etária mas, primordialmente, a
Psicologia Educacional uma questão de especificidade cultural. Para ela, refletir sobre como es-
- Stanford University
ses jovens e adultos pensam e aprendem envolve transitar pelo menos
(1982). É professora
associada da Universidade
por três campos que contribuem para a definição de seu lugar social:
de São Paulo. Seus • a condição de “não-crianças”;
estudos sáo na área de
• a condição de excluídos da escola;
Educação, com ênfase em
Psicologia Educacional,
• a condição de membros de determinados grupos culturais.
principalmente nos
seguintes temas:
Podemos arrolar algumas características dessa etapa da vida que dis-
desenvolvimento cognitivo,
desenvolvimento,
tinguiriam, de maneira geral, o adulto da criança e do adolescente. O
aprendizagem, adulto está inserido no mundo do trabalho e das relações interpesso-
desenvolvimento
ais de um modo diferente daquele da criança e do adolescente. Traz
humano e pensamento
vigotskyiano. Dados
consigo uma história mais longa (e provavelmente mais complexa) de
obtidos em Acessado em experiências, conhecimentos acumulados e reflexões sobre o mundo
janeiro de 2010) <http://
externo, sobre si mesmo e sobre as outras pessoas. Com relação à in-
buscatextual.cnpq.br/
buscatextual/visualizacv.
serção em situações de aprendizagem, essas peculiaridades da etapa
jsp?id=K4727003Z9>. de vida em que se encontra o adulto fazem com que ele traga consi-
Acessado em janeiro de
go diferentes habilidades e dificuldades (em comparação à criança) e,
2010)
provavelmente, maior capacidade de reflexão sobre o conhecimento e
sobre seus próprios processos de aprendizagem.
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
Os saberes que os alunos da EJA trazem para a escola são de uma ri-
queza evidente. São saberes produzidos em diversos espaços de for-
mação, onde se destacam aqueles produzidos/adquiridos no trabalho.
São saberes de conteúdos, conceitos, habilidades e também da ordem
dos valores.
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Módulo 05
res que formam esses sujeitos. Reconhecer que esse trabalhador produz
saber e é capaz de adquirir novos conhecimentos significa reconhecer
a sua dimensão humana. Reconhecer que o trabalhador como sujeito do
conhecimento e do saber é capaz de aprender e, principalmente, que já
aprendeu coisas apesar da escola, traz enormes desafios pedagógicos,
uma vez que exige metodologias que possam fazer brotar o conheci-
mento tácito do trabalhador. Implica o reconhecimento da escola como
local de ingresso dos alunos trabalhadores numa modalidade especial
desse processo humano, que não começa nem termina na escola, mas
se prolonga pela vida afora.
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
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Módulo 05
da Academia Brasileira de
horizonte para eles, inclusive ao terminarem alguma fase Letras, eleito em 11 de
da educação básica, seja o que chamam de quarta série, de março de 2004, na sucessão
oitava série, ou até a educação média, talvez seja o traba- de Rachel de Queiroz. É
bolsista de Produtividade
lho informal, o subemprego, a sobrevivência mais imediata”. em Pesquisa do CNPq -
(2007, p.13) Nível 1B. Possui graduação
Universidade Federal de
Miguel Arroyo nos convida a perguntar pelo significado de nem se- Minas Gerais (1970),
quer poder se considerar trabalhador formal. Ele acredita que “o traço mestrado em Ciência
da Faculdade de Educação
Ele nos provoca a dialogar com os jovens e adultos sobre a vida, sobre da UFMG. Acompanha
a sua condição, sobre seu futuro, sobre a cidade, a sociedade, o lugar propostas educativas em
sérias na área do currículo e que o trato teórico dessas indagações seja Educação, com ênfase em
Política Educacional e
o núcleo fundante. Administração de Sistemas
Educacionais, atuando
No livro O que é trabalho (São Paulo: Brasiliense, 1998), de Suzana de principalmente nos
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
O grego tem uma palavra para fabricação e outra para esforço, oposto a
Eu pediria a você, ócio; também apresenta pena, que é próxima da fadiga. O latim distin-
aceitando o desafio de gue entre laborare, a ação de labor, e operare, o verbo que corresponde
Miguel Arroyo, que
conversasse com seus
a opus, obra. No francês é possível reconhecer pelo menos a diferença
alunos sobre estas entre travailler e ouvrer ou oeuvrer, sobrando ainda o conteúdo de ta-
questões, perguntando che, tarefa. No italiano encontramos lavorare e operare. Em espanhol:
a eles sobre suas
experiências com
trabajar e obrar; em inglês: la-bour e work, em alemão: Arbeit e Werk.
o desemprego, Work (em inglês), como Werk, contém a ativa criação da obra, que está
a demissão, os também em Schaffen, criar, enquanto em labour e Arbeit se acentuam
empregos temporários,
informais, suas
os conteúdos de esforço e cansaço. No português, apesar de haver la-
expectativas etc. bor e trabalho, é possível achar na mesma palavra trabalho ambas as
Sugiro que organize significações: a de realizar uma obra que te expresse, que dê reconhe-
uma atividade
formal, em que você
cimento social e permaneça além da tua vida; e a de esforço rotineiro
possa solicitar a e repetitivo, sem liberdade, de resultado consumível e incômodo inevi-
eles escreverem um tável.
texto, uma crônica,
entrevista, conto,
narrativa, um No dicionário, aparece em primeiro lugar o significado de aplicação
desenho, uma colagem, das forças e faculdades humanas para alcançar determinado fim; ativi-
enfim uma forma de
expressão que possa
dade coordenada de caráter físico ou intelectual, necessária a qualquer
levar os alunos tarefa, serviço ou empreendimento; exercício dessa atividade como
a revelarem suas ocupação permanente, ofício, profissão.
experiências. Analise
o material coletado
pelos relatos de Mas trabalho tem outros significados mais particulares, como o de es-
seus alunos. Pois, forço aplicado à produção e utilidades ou obras de arte, mesmo dis-
convidamos você a
voltar ao texto
sertação ou discurso. Pode significar o conjunto das discussões e de-
de Miguel Arroyo liberações de uma sociedade ou assembléia convocada para tratar de
e escrever para interesse público, coletivo ou particular: “Os trabalhos da assembleia
nós suas próprias
conclusões. Diga
do sindicato tiveram como resultado a greve”. Pode significar o serviço
o que você pensa, de uma repartição burocrática, e ainda os deveres escolares dos alunos
Miguel Arroyo tem a serem verificados pelos professores. Como pode indicar o processo
razão? O presentismo
é uma marca destes
do nascimento da criança: “a mulher entrou em trabalho de parto”.
jovens e adultos? O
que esta situação Além de atividade e exercício, trabalho também significa dificuldade e
diz a você, como
educador(a) da EJA?
incômodo: “aqui vieram passar trabalho”; “a última enchente deu muito
Que currículos seriam trabalho”. Pois junto a todas as suas significações ativas, trabalho, em
necessários para essa português e no plural, quer dizer preocupações, desgostos e aflições. É
juventude e vida
adulta nesses níveis
de vulnerabilidade,
nesse trabalho
informal?
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Módulo 05
Max Scheler, filósofo alemão do início do século que se preocupou Max Scheler (1874 - 1928)
com este assunto, distinguia três sentidos da palavra trabalho: é Filósofo alemão, de
importância fundamental
• atividade humana, às vezes também animal ou mecânica (“esta para a filosofia sociológica
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
O que fazer então com este tempo que sobra, com este tempo que se
mostra inútil, morto, mal aproveitado, um tempo que não passa, que se
arrasta, do modo como é sentido o tempo do não-trabalho? O que sig-
nifica para esses sujeitos o estar parado e o ficar em casa? No percurso
realizado pelo sujeito na procura por um emprego, a vivência do fra-
casso, assim como o desânimo que dela decorre, parece estar sempre
presente. Nesse caminho, repleto de dificuldades, o sujeito parece que
vai perdendo suas forças e entregando-se à própria sorte. Esgotam-se
as fontes.
Fica claro que falar de não-trabalho é ainda assim falar de trabalho. Fa-
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
Unidade 02
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Objetivo de aprendizagem: O objetivo desta unidade é refletir
sobre uma tendência que se observa (não apenas no Brasil) de
articular EJA com qualificação profissional, verificando as possi-
bilidades e limites que esse movimento coloca para a Educação.
Essa tendência, por um lado, atende o direito à educação para to-
dos e, por outro, atende as necessidades do mercado de trabalho.
Para desenvolvê-lo tomamos como referência os textos do Plano
Nacional de Educação (PNE), do Programa Pró-jovem do Gover-
no Federal e da Declaração de Hamburgo, todos se encontram na
íntegra no site do MEC. Usamos ainda um texto de Luiz Percival
“Precisa-se de Brito, um crítico desse movimento.
açougueiro. Deixe
seu currículo no
caixa.”
A reestruturação produtiva tem provocado profundas alterações no pro-
cesso produtivo, que exigem do trabalhador novas habilidades, com-
A frase acima petências e saberes. Muitas empresas já não mais admitem em seus
estava exposta quadros pessoas sem o ensino fundamental completo e, muitas delas
em uma vitrine de
açougue. Escreva o
estão exigindo o ensino médio, ainda que para funções relativamente
que ela diz para simples. O mercado requer um trabalhador com iniciativa e autonomia,
você relativamente que saiba investigar e seja capaz de encontrar soluções. Nessa direção,
ao mundo do
trabalho atual
o PNE enfatiza
e o registre no
ambiente viruta.
Você poderá usar
a ferramenta wiki a necessidade de contínuo desenvolvimento de capa-
para escrever, cidades e competências para enfrentar essas trans-
todos os colegas
formações que alteraram a concepção tradicional de
devem contribuir
para a elaboração educação de jovens e adultos, não mais restrita a um
das ideias. período particular da vida ou a uma finalidade cir-
cunscrita.
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
É nesse cenário que o anúncio a seguir faz sentido. Também faz senti-
do a tendência das políticas públicas de EJA em articular ensino fun-
damental e médio com qualificação profissional ou mesmo ao ensino
de uma profissão. O Ministério da Educação, através da Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica, lançou em 2006 o Programa de
Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na modalidade
de Educação de Jovens e Adultos – PROEJA, tendo como horizonte a
Veja em PROEJA universalização da educação básica, aliada à formação para o mundo do
http://portal. trabalho, com acolhimento específico a jovens e adultos com trajetórias
mec.gov.br/index.
php?option=com_cont escolares descontínuas.
ent&view=article&id
=12292&Itemid=573, Nós entendemos que é possível substituir a ideia de que os sujeitos da
acesso em 19/08/09
EJA estão destinados a postos de trabalho pouco valorizados na socie-
dade pela ideia de que todos podem desempenhar tarefas importantes
e complexas e que, mesmo quem optar ou só puder desempenhar ta-
refas consideradas de pouca complexidade, podem ter aprendizagens
complexas.
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Módulo 05
Diante do exposto, é necessário ter uma noção mais precisa dos sujeitos
que se pretende beneficiar com a implementação dessa política públi-
ca educacional. Dessa forma, no próximo item, serão explicitados al-
guns dados estatísticos da educação nacional, principalmente acerca
dos jovens e adultos em questão.
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
frequência escolar pela rede frequentada: 79% dos alunos estão ma-
triculados na rede pública e gratuita de ensino, o que reforça a neces-
sidade de se conceber a oferta pública de educação como direito. A
despeito desses dados, o número absoluto de sujeitos de 15 anos ou
mais (que representam 119,5 milhões de pessoas do total da popula-
ção) sem conclusão do ensino fundamental (oito anos de escolaridade),
como etapa constituidora do direito constitucional de todos à educação,
é ainda de 65,9 milhões de brasileiros. Da população economicamente
ativa, 10 milhões de pessoas maiores de 14 anos e integradas à ativida-
de produtiva são analfabetas ou subescolarizadas.
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
“Marias da Castanha”, de Simone RASKIN (vídeo). São Paulo, 1986.Este documentário mostra o trabalho árduo
dos trabalhadores em uma fábrica de industrialização de castanha.
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Módulo 05
Unidade 03
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
SOLIDARIEDADE
Um chamado à união
“Solidários, somos gente;
Solitários, somos peças.
De mão dadas, somos força;
Desunidos, impotência.
Isolados, somos ilha;
Juntos, somos continente.
Inconscientes, somos massa;
Reflexivos, somos grupo.
Organizados, somos pessoas;
Sem organização, somos objetos de lucro.
Em equipe, ganhamos, libertamo-nos;
O texto a seguir, Individualmente, perdemos, continuamos presos.
extraído dos Participando, somos povo;
cadernos você pode
visitar no site:
Marginalizando-nos, somos rebanho.
www.eja.org.br/ Unidos, somos soma;
cadernosdeeja/ Na massa, somos número.
economiasolidaria
</link> de Eja
Dispersos, somos vozes no deserto;
“Economia solidária Agrupados, fazemo-nos ouvir.
e trabalho”, pode Amontoando palavras, perdemos tempo;
ser útil para
você discutir essa
“Com ações concretas, construímos sempre”.
questão com seus
alunos.
O QUE É COOPERAÇÃO?
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Módulo 05
A cooperação e o individualismo
Você já ouviu o dito: “É tempo de murici, cada um por si”. O que você
acha da frase?
Para aprofundar seu estudo, sugerimos que você acesse o texto de Már-
cio Pochman onde ele nos convida a perceber que no
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
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Módulo 05
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EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
Propomos que desenvolva com seus alunos duas atividades, sendo uma
realizada individualmente e outra em grupos. Discuta com eles os efei-
tos materiais e não materiais das duas atividades, identificando as van-
tagens e desvantagens de cada uma. Verifique com eles que o traba-
lho em grupo possibilita a troca de saberes tornando a aprendizagem
muito mais rica. Use essa atividade como mote inicial para refletir com
eles sobre a economia solidária e imaginando como seria a sociedade
humana se esta se baseasse na solidariedade em vez de na competi-
Por fim, sugerimos ção. Sugiro ainda que você proponha uma pesquisa sobre atividades de
que você assista ao economia solidária na região e depois organizem um espaço na escola,
vídeo <Disponível
em http://www.
contribuindo assim para a disseminação dessa ideia.
youtube.com/
Com esse último estudo queremos que você reflita sobre a relação entre
o trabalho e o meio ambiente, problematizando as responsabilidades
individuais e coletivas que o tema implica.
Agora que chegamos o final do módulo, convidamos você a re-
tornar às fotos da Unidade 1, relendo o que escreveu. Reescreva,
então, com as novas significações que você construiu.
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Módulo 05
ALGUMAS PALAVRAS
Espero que tenha contribuído para que sua prática pedagógica, seu tra-
balho, faça mais sentido para você mesma/o. Que você tenha percebido
que o seu trabalho representa não apenas um meio de sobrevivência,
mas que ele a/o torna humana/o, como os outros homens/mulheres.
Desejo ainda que tenha desafiado você a desafiar seus alunos para
avançarem nos seus processos de conhecimento e ação sobre a reali-
dade em que vivem.
Um abraço.
51
EJA E O MUNDO DO TRABALHO:
REFERÊNCIAS
<http://www.reveja.com.br/revista/0/artigos/REVEJ@_0_MiguelAr-
royo.pdf>
CURY, Jamil. (2000). Parecer CNE/CEB nº. 11/00. 2000. Disponível em:
<http://www.cee.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/CNE_EAD_EJA/PA_
CEB_11_00.pdf>
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Módulo 05
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Anderson Sartori
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Módulo 06
APRESENTAÇÃO
O autor.
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Unidade 01
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Módulo 06
Ter a legislação não representa efetivamente a garantia do direito dos Você pode ler
cidadãos, pois cumprir a lei e fazê-la ser cumprida demanda uma sé- mais sobre essa
constituição
rie de controles e dispositivos, que nem sempre são adequados. As leis em: http://www.
necessitam de uma constante fiscalização, tanto dos poderes públicos mundoeducacao.
como da sociedade para se efetivarem e garantirem a ordem que se com.br/
historiadobrasil/a-
quer estabelecer. constituicao-1988.
htm. Acesso em
Dessa maneira, estaremos analisando nos textos das constituições bra- 13/08/09.
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Por sua vez, os processos históricos nos anos finais do século XIX e as
duas primeiras décadas do século XX mostraram a necessidade de re-
formulação do texto legal. Os movimentos políticos e sociais foram ou-
tro fator importante nessa trajetória de luta dos brasileiros e brasileiras
pela igualdade de acesso a esses direitos.
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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Módulo 06
[...]
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Nessa nova redação, temos mais uma novidade no que se refere ao di-
reito à educação:
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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Módulo 06
auxiliar e orientar:
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Unidade 02
A LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E AS
CONCEPÇÕES DE EJA
Objetivos: Na unidade anterior nossos estudos centraram-se
nos textos constitucionais. Estaremos agora entrando em outro
campo legal, e analisaremos as Leis de Diretrizes e Bases da Edu-
cação Nacional, que constituem o marco regulatório da educação.
Teremos como objetivos: (i) a analisar a legislação nacional espe-
cífica de regulamentação da educação escolar e (ii) compreen-
der as formas como a Educação Para Jovens e Adultos é regula-
mentada (ou não) nesses textos.
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
dança ocorre em 1968, com a lei 5.540, mais conhecida como reforma
universitária, pois tratava especificamente sobre esse tema.
Essa lei foi fruto de um grupo de trabalho nomeado pelo Marechal Artur
da Costa e Silva (1899-1969), presidente do país à época, que definiu
como prazo para a execução dos estudos 30 dias! Os estudantes univer-
sitários foram incluídos oficialmente como participantes deste grupo
de trabalho, mas negaram-se a participar, mantendo assim o processo
de resistência ao regime militar. Como nosso objeto de estudos, no mo-
mento, não é desta modalidade, vejamos então as modificações no ensi-
no primário, com a segunda reforma empreendida pelo governo militar.
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Por isso o art. 37 diz que a EJA será destinada àqueles que
não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fun-
damental e médio na idade própria. Este contingente plural
e heterogêneo de jovens e adultos, predominantemente
marcado pelo trabalho, é o destinatário primeiro e maior
desta modalidade de ensino. Muitos já estão trabalhando,
outros tantos querendo e precisando se inserir no merca-
do de trabalho. Cabe aos sistemas de ensino assegurar a
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[...]
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
[...]
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Módulo 06
Perceba como essa função requer ações dos diferentes sujeitos envol-
vidos no processo, especialmente no apelo feito às instituições para a
produção adequada de materiais didáticos, que ainda é muito incipien-
te frente às demandas e necessidades dos jovens e adultos. Materiais
que reflitam as realidades e vivências cotidianas de aprendizagem, le-
vando em consideração as especificidades locais no qual esse material
será utilizado.
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Unidade 03
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Mínimo de 60% para remuneração dos Mínimo de 60% para remuneração dos
profissionais do magistério do ensino Profissionais do magistério da educação
fundamental. básica.
8. Utilização dos recur-
sos
O restante dos recursos em outras des- O restante dos recursos em outras despe-
pesas de manutenção e desenvolvi- sas de manutenção e desenvolvimento da
mento do ensino fundamental público. Educação Básica pública.
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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Módulo 06
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
Lutas que não continuam, apesar dos avanços, pois sabemos que o pú-
blico se define de acordo com as demandas sociais, e mais precisamen-
te pela mobilização da sociedade civil organizada. Os fóruns de EJA sur-
gem nessa trajetória como resultado dessa necessidade de modificar o
caráter pelo qual a EJA era encarada (e muitas vezes ainda é!) dentro
dos sistemas de ensino escolar.
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DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E
EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
PALAVRAS FINAIS
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Módulo 06
REFERÊNCIAS
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EDUCACIONAIS EM EJA NA LEGISLAÇÃO NACIONAL
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Módulo 06
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
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Módulo 07
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
APRESENTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Compreender a prática docente e o currículo na EJA analisan-
do as representações de uma determinada cultura escolar.
• Promover reflexões a partir de problematizações vivenciadas
pelos professores em suas práticas docentes.
• Analisar mediações e estratégias pedagógicas na EJA na pers-
pectiva de um modelo curricular construído na dialogicidade
com os educandos.
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Módulo 07
Unidade 01
REFLEXÕES INICIAIS
de Adultos – CONFINTEA,
(Manoel de Barros- Livro sobre nada, p.53)
que aconteceu em 2009, no
Nos módulos anteriores do curso foi possível refletir sobre a Educação vez em um país localizado
ção de 1988 se tornou um direito de todos os que não tiveram acesso à EJA no Brasil, juntamente
elevação da escolaridade ou que tiveram esse acesso, mas não pude- com as instituições
governamentais e não
ram completá-lo. A esse direito junta-se uma concepção ampliada de governamentais promoveram,
Educação de Jovens e Adultos que entende educação pública e gratuita uma série de debates sobre
zar. Isso significa dizer que os educandos passam a maior parte de suas a produção do “Documento
Conferência Internacional
aprendizado que vivenciam em seus percursos formativos. de Educação de Adultos –
VI CONFINTEA”. Disponível
br/files/docbrasil.pdf.
dos à vida dos jovens e adultos, é preciso reconhecer a trajetória de Acesso em: 14/12/2009.
117
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
interferências na educação e
brasileiro, que precisam incidir no planejamento e na exe-
nos currículos, sugerimos a cução de diferentes propostas e encaminhamentos na EJA.
leitura do livro de Veiga-
em http://vsites.unb.br/fe/
tef/filoesco/foucault/biblio.
Vale nos questionarmos sobre quem são esses sujeitos, tão evocados
html. nos textos e documentos que analisam e propõem políticas para e Edu-
cação de Jovens e Adultos. Compartilhamos com a noção de sujeitos,
sempre no plural, porque são muitas as dobras que os tecem e que se
entrelaçam, e nesse sentido, negam a identidade única, produzida na
modernidade na qual o sujeito humano é reconhecido de maneira posi-
tiva, científica e racional, e nessa perspectiva, um ser acabado e porta-
dor de uma única história. Falamos de um sujeito em outra perspectiva,
do pensamento visto por Michel Foucault, que analisa como os modos
de subjetivação transformam os serem humanos em sujeitos.
118
Módulo 07
ção que os outros aplicam e que nós aplicamos sobre nós mesmos”. Inú-
meros estudos no campo da educação têm permitido que se compre-
enda como práticas arranjos e artefatos pedagógicos que instituíram e
continuam a instituir o sujeito.
Paremos a leitura para refletir um pouco: a escola que hoje se
materializa na realidade educacional brasileira consegue acolher
essa concepção de sujeito, esse que é produzido nas e pelas re-
lações sociais?
Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA. Também continuamos com Jovens e Adultos, Roberto
org.br/arquivos_upload/
progr2.pdf, acesso em
e diferença com inferioridade (para muitos) e superiorida- 14/12/2009. Você também
de (para poucos). Por isso mesmo, houve leis que proibiram teve oportunidade de saber
119
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
à reflexão sobre sua vida, sobre seus conhecimentos, sobre sua condi-
ção no mundo? Que relação se estabelece com o conhecimento quando
se conceitua que um currículo para a EJA não deve ser previamente
definido, se não passar pela mediação com os/as educandos e seus sa-
beres, e com a prática de seus/suas educadores/as, o que vai além do
regulamentado, do consagrado, do sistematizado?
120
Módulo 07
121
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
122
Módulo 07
123
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
Maria Margarida Machado, possui A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como
mestrado em Educação pela Uni-
uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na in-
versidade Federal de Goiás (1997)
e doutorado em Educação: História, fância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola.
Política, Sociedade pela Pontifícia Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios temos
Universidade Católica de São Paulo
também que pensar a EJA voltada para o mundo do trabalho – o que ga-
(2002). Foi vice-diretora e coorde-
nadora de graduação da Faculdade nha destaque nesses tempos de crise econômica. “Hoje sabemos do va-
de Educação da UFG, no período de lor da aprendizagem contínua em todas as fases da vida, e não somente
2002 a 2004. No período de 2004 a
durante a infância e a juventude”, afirma o inglês Timothy Ireland.
2006 foi coordenadora pedagógica
do Departamento de Educação de
Jovens e Adultos da SECAD/MEC.
Atualmente é professora adjunto da
Vejamos também o que assinala o documento Nacional Preparatório à
Universidade Federal de Goiás , atu-
ando principalmente nos seguintes CONFINTEA, no que se refere à concepção de EJA ao longo da vida:
temas: educação de jovens e adul-
tos, experiência municipal de eja,
formação de professores, políticas
educacionais e política de educação
em Goiás.
124
Módulo 07
em que a cultura escrita regula a vida social, jovens e adul- a Ciência e a Cultura
(Unesco) no Brasil. Diretor
tos precisam apreender, se apropriar e produzir, utilizando do Departamento de EJA do
Ministério da Educação
essas técnicas. Ao longo da vida, jovens e adultos estiveram (MEC) de 2004 a 2007,
sempre aprendendo e, portanto, detêm saberes que não Ireland foi o responsável
pela coordenação da sexta
podem ser ignorados. Seus saberes podem dialogar, pro- edição da Conferência
O que importa como finalidade da ação pedagógica é sa- realizado pela primeira vez
na América Latina. Nesta
ber o que sabem e como aprendem jovens e adultos e, para entrevista, concedida
à NOVA ESCOLA antes do
isso, o trabalho docente — valendo-se de modos de avalia- início da conferência,
ção processual — deve pôr o aprender acima do certificar. Timothy Ireland apresenta
um panorama de sua área
e fala das principais
questões que preocupam os
estudiosos e dos desafios
ainda a vencer.
Leia toda a
entrevista
no seguinte
endereço: <http://
educarparacrescer.
abril.uol.com.br/
politica-publica/
entrevista-
timothy-
ireland-476660.
shtml>. Acesso em
14/12/2009.
125
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
Unidade 02
REFLEXÕES SOBRE O
CURRÍCULO NA EJA
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Módulo 07
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
129
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
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Módulo 07
131
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
c) Sobre a inclusão
d) Da diversidade
132
Módulo 07
e) Da questão intergeracional
133
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
g) Da avaliação
134
Módulo 07
Unidade 03
MEDIAÇÕES E PRÁTICA
DOCENTE
135
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
136
Módulo 07
Tais estudos se justificam, uma vez que a escola representa o lugar so-
cialmente organizado com a função de trabalhar intencionalmente no Na pesquisa de
processo de desenvolvimento e aprendizagem da cultura humana. Sa- doutorado, “A
constituição da
bemos que esse desenvolvimento não se dá apenas no âmbito da esco- docência entre
larização, mas também em outras práticas e atividades culturais. professores da
escolarização
inicial de Jovens
Destaca-se nos estudos que uma primeira necessidade/interesse apon- e Adultos”,
tada pelos estudantes jovens, adultos e idosos ao procurarem a EJA é (disponível em:
percebida pelos docentes como uma necessidade ligada ao conheci- http://www.
ppgeufsc.com.
mento – ler, escrever, saberes para suas vidas cotidianas e de trabalho br/ferramentas/
– não necessariamente numa situação utilitarista, havendo uma preocu- ferramentas/
pação com o conhecimento e saberes valorizados socialmente. tese_di/10.pdf.)
tomando como
referência vinte e
Os estudantes da EJA em sua maioria vivenciam cotidianamente desi- três professoras
gualdades sociais e raciais perante o mundo, no qual se inclui a escola, da Rede Municipal
de São José/SC, a
que também é desigual, o que não pode traduzir-se num determinismo professora Maria
causal de condições de sucesso na escola, e, no caso da EJA, não pode Hermínia Laffin
significar uma fragilização e aligeiramento da escolarização na relação examinou os modos
de lidar não só
com o saber científico, com o conhecimento. com os estudantes
como também com
Então, indica-se no processo da EJA que as propostas, ao lidarem com o as práticas
pedagógicas de EJA.
conhecimento, não sejam utilitaristas, imediatistas, ou seja, selecionar e
trabalhar com conteúdos que partem e ficam especificamente somen-
te na realidade próxima dos seus alunos, mas que possam avançar no
sentido de aprender os conhecimentos ditos do mundo letrado e que
podem ajudar o aluno a fazer, como diz Paulo Freire, uma leitura mais
ampliada de mundo. Conforme afirmam os docentes investigados:
137
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
138
Módulo 07
139
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
Para esse pesquisador, essa é uma condição que faz do filho do homem
um sujeito, sempre em interação, partilhando o mundo com os outros.
Para isso, faz-se necessário que o sujeito “[...] se aproprie do mundo e
construa a si mesmo, se eduque e seja educado” (CHARLOT, 2000, p. 49).
140
Módulo 07
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
142
Módulo 07
O grupo de docentes situa que lidam com pessoas com mais conheci-
mento de que outros em determinado momento, com mais experiência
no conhecimento e outras pessoas com um pouco menos. Uma das par-
143
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
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Módulo 07
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
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Módulo 07
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
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Módulo 07
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ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:
Um carinhoso abraço,
154
Módulo 07
REFERÊNCIAS
BARROS, Manuel de. Livro sobre Nada. Rio de Janeiro: Record, 1997.
CURY, Roberto Jamil. Por uma nova Educação de Jovens e Adultos. Dis-
ponível em <http:// www.cereja.org.br/arquivos_upload/saltofuturo_
eja_set2004_progr2. pdf>.
155
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
156
Módulo 07
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73301999000300010&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0101-7330.
157
ASPECTOS PEDAGÓGICOS DA EJA
158
Módulo 07
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
162
Módulo 08
163
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
APRESENTAÇÃO
Como este é um assunto pouco ou, até mesmo, não-trabalhado nas li-
cenciaturas de modo geral, queremos aproximar você desta temática e
164
Módulo 08
Para isso, optamos por trazer neste Tópico Especial uma coletânea de
textos de variados gêneros e autores cuja temática seja o leitor e a lei-
tura. Sempre ouvimos das educadoras e dos educadores da dificuldade
em obter materiais diversificados sobre assuntos diversos. Acredita-
mos que este módulo traz diferentes opiniões e abordagens sobre um
mesmo tema, para que o leitor possa construir suas próprias opiniões
sobre o assunto a partir de um universo de leituras adquiridas. Organi-
zamos este módulo para ir ao encontro dessa idéia.
165
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Unidade 01
166
Módulo 08
sua vida diária. Vinte anos depois, a Unesco sugeriu a adoção do con-
ceito de alfabetismo funcional. É considerada alfabetizada funcional a
pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita para fazer frente às deman-
das de seu contexto social e de usar essas habilidades para continuar
aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. Em todo o mundo, a
modernização das sociedades, o desenvolvimento tecnológico, a am-
pliação da participação social e política colocam demandas cada vez
maiores com relação às habilidades de leitura e escrita. A questão não
é mais apenas saber se as pessoas conseguem ou não ler e escrever,
mas também o que elas são capazes de fazer com essas habilidades.
Isso quer dizer que, além da preocupação com o analfabetismo, pro- Vera Masagão Ribeiro é
blema que ainda persiste nos países mais pobres e também no Brasil, Doutora em Educação pela
PUC-SP, coordenadora de
emerge a preocupação com o alfabetismo, ou seja, com as capacidades programas da ONG Ação
e usos efetivos da leitura e escrita nas diferentes esferas da vida social. Educativa. Coordena desde
Indicador Nacional de
A capacidade de utilizar a linguagem escrita para informar-se, expres- Alfabetismo Funcional.
sar-se, documentar, planejar e aprender cada vez mais é um dos princi- Também coordenou a
pais legados da educação básica. À toda a sociedade e, em especial, aos Proposta Curricular para
Educação de Jovens e
educadores e responsáveis pelas políticas educacionais, interessa saber Adultos (primeiro segmento
em que medida os sistemas escolares vêm respondendo às exigências do ensino fundamental)
da Educação. Realizou
que condições são necessárias para que todos adultos tenham opor- diversas pesquisas sobre
tunidades de continuar a se desenvolver pessoal e profissionalmente. habilidades e práticas
de letramento de jovens
e adultos em contextos
No meio educacional brasileiro,letramentomé o termo que vem sendo escolares e não escolares.
usado para designar esse conceito de alfabetismo, que corresponde ao Fonte: http://www.
br/portal/?page_id=186
Portugal.
167
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
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Módulo 08
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
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Módulo 08
Analfabetos funcionais:
• Analfabetismo - Corresponde à condição dos que não conse-
guem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de pala-
vras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler núme-
ros familiares (números de telefone, preços etc.).
• Alfabetismo nível rudimentar - Corresponde à capacidade
de localizar uma informação explícita em textos curtos e fa-
miliares (como um anúncio ou pequena carta), ler e escrever
números usuais e realizar operações simples, como manusear
dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer me-
didas de comprimento usando a fita métrica.
Alfabetizados funcionalmente:
• Alfabetismo nível básico - As pessoas classificadas neste
nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas,
pois já lêem e compreendem textos de média extensão, loca-
lizam informações mesmo que seja necessário realizar peque-
nas inferências, lêem números na casa dos milhões, resolvem
problemas envolvendo uma seqüência simples de operações
e têm noção de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limi-
tações quando as operações requeridas envolvem maior nú-
mero de elementos, etapas ou relações.
• Alfabetismo nível pleno - Classificadas neste nível estão as
pessoas cujas habilidades não mais impõem restrições para
171
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
172
Módulo 08
Escolaridade
De acordo com o Inaf, chama a atenção o fato de 54% dos brasileiros
que estudaram até a 4ª série atingirem, no máximo, o grau rudimentar
de alfabetismo. Mais grave ainda é o fato de que 10% destes podem
ser considerados analfabetos absolutos, apesar de terem cursado de
um a quatro anos do ensino fundamental.
Inaf / BRASIL
Nível de Alfabetismo, segundo a escolaridade
População de 15 a 64 anos (%)
Rudimentar 29 44 24 6 1
Básico 4 41 61 56 31
Pleno 1 6 15 38 68
Analfabetos 95 54 24 6 1
Funcionais
Alfabetizado 5 46 76 94 99
Funcionalmente
173
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Fo n t e : h t t p : / / w w w. i p m . o rg. b r / i p m b _ p a g i n a .
php?mpg=4.03.00.00.00&ver=por
Esses dados não lhe pareceram familiares? Você também encontra pes-
soas jovens e adultas com dificuldades de compreender o que leem, in-
dependente de sua escolaridade? Não seria essa uma situação presente
em nossas classes de EJA?
174
Módulo 08
Unidade 02
O papel da escola
Objetivos da aprendizagem: perceber o papel primordial da escola na
promoção de letramento.
Vejamos o que ele diz sobre a leitura como norteadora dos currículos
escolares.
[...]
Carta Escola: No Brasil, nos últimos dez anos, criou-se uma cultura de ava-
liação da educação que antes não havia,com o Enade,o Saeb e o Prova Brasil.
Afora o governo federal,outros 14 estados da Federação fazem suas próprias
avaliações. Mas pouco se consegue fazer além de constatar a precariedade
do que é ensinado.Por que é tão difícil estabelecer parâmetros de qualidade?
175
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
COLL: Acho que a leitura deve entrar em todas as disciplinas, não ape-
176
Módulo 08
COLL: Uma medida desse tipo pode ser útil, por exemplo, em uma
fase inicial de um programa de apoio à leitura. Pode ter um efei-
to de que as pessoas se conscientizem e se motivem para a lei-
tura, mas eu não confiaria nessa medida para obter muitos resul-
tados. O fundamental é o ensino sistemático de usos da leitura,
usos autênticos, reais, pois na vida ninguém lê apenas por ler.
Carta Escola: Há uma crença de que os jovens, hoje, lêem pouco. O se-
nhor concorda ou vê isso como um mito?
COLL: Sempre haverá aqueles que não lêem nada, adultos ou jo-
vens, mas não acho que os jovens hoje lêem menos. O que se passa
é que lêem também outras coisas, estão diariamente diante de uma
tela de computador, enviando mensagens pelo celular ou partici-
pando de chats. Não podemos tratar o texto escrito como se estivés-
semos em um contexto semelhante ao que havia há 50 anos, quando
os livros eram praticamente os únicos suportes do texto escrito. E
sob o ponto de vista da alfabetização não podemos entender a leitu-
ra apenas como ler livros. É preciso entender os diferentes contextos
comunicativos e seus diferentes tipos de textos. E tudo isso é leitura!
[...]
177
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
178
Módulo 08
Releia os trechos que você mais gostou na entrevista, de modo que pos-
sa apreender bem o que está dito no(s) trecho(s).
179
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
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Módulo 08
181
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
182
Módulo 08
Será importante, assim, que cada professor em sua sala de aula vincule
através da produção escrita conteúdos e/ou conceitos específicos da
área em que atua com a vida de seus alunos, solicitando-lhes que es-
crevam sobre aspectos de suas vivências socioculturais, propondo que
esses textos sejam lidos para os colegas e discutidos em sala de aula.
Cada professor lerá esses textos com interesse, pelo que querem ex-
pressar e não apenas para corrigir o Português ou verificar o acerto de
suas respostas. Orientará a reescrita dos textos, sempre que necessário,
para que digam com mais clareza e mais riqueza o que querem dizer.
A provocação que está lançada é que o tema ler e escrever, como ta-
refa de todas as áreas, motive um olhar e um refletir sobre a ação do
professor e da escola em seu conjunto, sobre seus compromissos.
Esperamos que o tema venha a abrir perspectivas para que, na es-
cola, um pergunte ao outro sobre o que pensa ser ler e escrever em
sua área; que desperte o interagir orientando para uma formação
mais ampla, completa e dinâmica; que seja viável encaminhar ações
interdisciplinares possíveis e desejáveis. E ainda, que entre cole-
gas professores possa se estabelecer um diálogo constante a respei-
to das atividades de ler e escrever, isto é, sobre a atividade de ensi-
nar, oportunidade de construir sentido e produzir conhecimento.
183
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Fonte: http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2002/ler/ler0.htm
PROGRAMA 2:
Acesse ao texto
do programa PROGRAMA 3: Ler e escrever em educação física, matemática e mú-
2 em http://
www.tvebrasil.
sica.
com.br/salto/
boletins2002/ler/ Estas áreas/disciplinas, que parecem ter poucos aspectos em comum a
ler0.htm
respeito da leitura e da escrita, constroem conhecimentos com diferen-
tes textos e códigos, com o corpo em movimento, com símbolos, com
Acesse este texto notações musicais, e estabelecem conexões entre si e com outras áreas
em: http://www. do currículo escolar. O programa enfatiza a importância de todo pro-
tvebrasil.com.br/
salto/boletins2002/
fessor trabalhar com a leitura e a escrita, conhecer minimamente o que
ler/pgm3.htm é particular da linguagem na sua área, e, a partir daí, buscar possíveis
articulações, ampliando o repertório dos alunos.
184
Módulo 08
Para compreender melhor o que foi exposto até aqui, você poderá ler
mais este artigo dos mesmos autores:
185
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Roberta Bencini
Faz mais de 500 anos que o gráfico alemão Johannes Guttenberg in-
ventou a prensa manual e deu início a uma das maiores revoluções
da humanidade, o acesso em massa à leitura. Ele criou a técnica da
impressão provavelmente em 1453, mas só completou seu primeiro
livro, a Bíblia, em 1455. No entanto, até hoje ler é um problema para
muitas pessoas. Cabe à escola, em meio a tantas mudanças tecnoló-
gicas e sociais, estimular a leitura, melhorar as estratégias, principal-
mente de compreensão (um dos principais problemas de aprendiza-
gem, segundo os exames de avaliação nacionais e internacionais)
e oferecer muitos e variados textos. Dos caminhos a seguir, dois
favorecem a intimidade dos alunos com o texto: ensinar a estabe-
lecer previsão e inferência, estratégias que são invocadas na práti-
ca da leitura, logo no primeiro contato com o texto, e que devem ser
“provocadas” conscientemente pelo professor na prática de leitura.
186
Módulo 08
Ler é interagir
Quem lê está em contato com quem escreveu o texto, com as idéias de uma
ou de várias pessoas. E recorre às próprias idéias para conferir o que co-
nhece sobre um assunto, para criticar ou concordar com o autor. Portanto,
a leitura só desperta interesse quando interage com o leitor, quando faz
sentido e traz conceitos que se articulam com as informações que já se tem.
Na sala de aula
187
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
188
Módulo 08
O BICHO
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
• Conhecer a língua
• Ter um objetivo.
• Ter experiências ou conhecimentos prévios sobre o assunto
do texto.
189
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
São muitos os textos que podem ser trazidos para a sala de aula. A utili-
zação do jornal é extremamente apropriada para o trabalho com jovens
e adultos em qualquer etapa de ensino. No artigo abaixo, você encontra-
rá sugestões para assim proceder.
190
Módulo 08
Como fazer?
191
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Durante a leitura
192
Módulo 08
193
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
194
Módulo 08
Unidade 03
LAGO-Angela.
LEITURA 6: A terapia da leitura jpg com legenda:
Ângela Lago,
escritora, nasceu
Ângela Lago em Belo Horizonte,
em1945. Escreve
e ilustra seus
Fui convidada a falar aqui sobre os aspectos psicológicos da literatura próprios livros
infantil e juvenil, mas gostaria de falar um pouco sobre a leitura de uma para criança, além
maneira geral, como um dos caminhos para conhecer-se a si mesmo. Na de ilustrar também
livros para outros
semana passada, participei de uma mesa no Instituto de Estudos Psica- escritores. Expôs
nalíticos onde me perguntaram qual minha posição em relação à psica- seus trabalhos
nálise. Embora reconheça a enorme importância da psicanálise como em muitos países
e já publicou
uma possibilidade de leitura do universo humano, tive que confessar até na China.
que pessoalmente prefiro ler romances. Sim, prefiro ler romances, não Ganhou prêmios na
só pelo profundo prazer que tenho em ler, o que já faz, no meu caso, a França, Espanha,
Eslováquia, Japão e
leitura ser minha melhor terapia, mas também porque acredito poder Brasil - entre eles
me conhecer melhor, cada vez que conheço um personagem, compre- o Primeiro lugar no
endo melhor uma emoção, entendo uma maneira de agir. E digo o mes- Prêmio Jabuti com
o livro ABC Doido
mo da poesia. A poesia me ensina quem eu sou ao mesmo tempo em (Melhoramentos).
que me socorre e me ampara com o consolo da beleza. Esta é a minha Foi a primeira
experiência do prazer estético: “ um anjo vem a minha mesa” (Rilke). ilustradora
brasileira a montar
Um anjo coloca sua mão apaziguadora sobre a minha testa. sua homepage, que
vale a pena ser
visitada por todos
e todas. Acesse em
http://www.angela-
lago.com.br/>
195
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Que posso eu, viciada em livros como sou, repetir aqui, senão que a
literatura é terapêutica? Todos nós sabemos que ouvir histórias é par-
te importante do tratamento médico em algumas culturas. Lembremos
na literatura árabe, Sherazade, que consegue curar um assassino res-
sentido que matava uma donzela por dia, com apenas mil e uma noites
de histórias. Isto dá pouco mais de três anos. Se me permitem brincar,
conheço pessoas que não mataram nenhuma de suas mulheres e que
fazem psicanálise há nove, ainda sem alta.
Dizem que conselho ilumina, mas não aquece, e me sinto um pouco ca-
nhestra falando do meu receituário particular. Mas gostaria ainda de
fazer o elogio dos contos de fada, leitura que reservo para os meus mo-
mentos mais difíceis e dolorosos, desde menina até hoje. Acredito que
estes contos concentram a mais profunda sabedoria da psique humana.
Acredito ainda que esta sabedoria nos é passada de graça e que não
há nenhuma necessidade de decifrá-los. Dentro de nós, um saber que
não precisa das palavras, é capaz de compreendê-los. Mas se buscamos
um sentido para nossa vida, estes contos claramente nos dão: eles nos
falam que vale a pena atravessar as montanhas, os perigos, em busca do
encontro amoroso, a maior recompensa da aventura humana.
196
Módulo 08
Frei Betto
197
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Não dissemos que era uma leitura agradável? E como são tantos os ho-
mens e as mulheres que escrevem sobre a leitura – e cada um a seu
modo e prazer! – sugerimos mais um texto com a mesma temática, con-
tudo diferente no modo de se dizer aos leitores.
198
Módulo 08
Daniel Pennac
Daniel Pennac nasceu em Casablanca,
de 2010.
O direito ao bovarismo.
199
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Daniel Pizza
O romance não é só chato por ser obrigatório, mas também porque nem
deveria ser chamado de clássico. Clássico não é o mesmo que antigo:
é o livro que novidades não esgotam. O gosto pela leitura tem de ser
transmitido como uma forma de entender a própria vida. Qualquer livro
deslocado de seu poder de perturbar não passa de arquivo. E não são
apenas os clássicos que podem perturbar, embora mereçam sempre
o crédito de que já perturbaram muitas gerações. O bom leitor, então,
não lê para concordar totalmente, ainda que possa vir a concordar com
o cerne do que lê. É o que lê para poder refletir sobre o que ainda
não conseguiu refletir, sendo capaz de admirar mesmo quando discor-
da. Não lhe basta o “Puxa, sempre quis dizer isso e não sabia como”.
É preciso também o “Eu não havia pensado nisso” - que as frases fi-
quem zumbindo em sua cabeça depois. Maus leitores também supõem
que livro bom é livro grande. Graciliano Ramos disse que a maioria
dos livros poderia ser muito menor. O mesmo poderia ter sido dito em
200
Módulo 08
201
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
202
Módulo 08
Unidade 04
“Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros.
Quer um?” Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores
ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamen-
tos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de
uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro,
eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as reações.
203
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
lão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar.
Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.
Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por
jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil
ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com
números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com pa-
çocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da
avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:
204
Módulo 08
- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que po-
deria ganhar, reformulou a resposta:
- Na 4ª B.Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos? , in-
dagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Universidade Federal de
Linguísticos pela
O crescimento de lan houses em regiões periféricas amplia a discussão
Universidade Federal de
Adjunta da Universidade
Até cinco anos atrás, as lan houses eram exclusividade dos bair-
Federal de Minas Gerais e
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Módulo 08
zes, o garoto não tem mil reais para comprar um computador, mas pode
gastar um real por dia na lan house perto de casa e se familiarizar com
os usos, funções e linguagens do ambiente digital”, explica.
Espaço de aprendizado
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
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Módulo 08
Fonte: http://www.ceale.fae.ufmg.br/noticias_ler_materia.php?txtId=447
Publicado em 18/09/2008 </mudar fonte>
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
Fo n t e : h t t p : / / w w w. i p m . o rg. b r / i p m b _ p a g i n a .
php?mpg=4.08.00.00.00&ver=por&q_edicao=inaf_001#4, aces-
sado em dezembro de 2009.
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Módulo 08
PALAVRAS FINAIS
A leitura é uma exigência da sociedade pós-industrial, fundamental
para o desenvolvimento humano, para o exercício da cidadania e à qua-
lificação para o mundo do trabalho.
Como tantos, nós também acreditamos que este país tem jeito! Para
aprimorar a educação brasileira cabe a cada um de nós fazer o melhor
possível. Oportunizamos, aqui, algumas ideias e sugestões. Esperamos
que elas se tornem úteis.
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA
EDUCAÇÃODE JOVENS E ADULTOS
REFERÊNCIAS
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ponível em <http://br.geocities.com/mcrost10/fb20.htm > . Acessado
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Módulo 08
<http://revistaescola.abril.uol.com.br/gestao-escolar/diretor/vale-
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