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Introdução
As questões ambientais e econômicas ocorridas atualmente têm motivado interesse no
desenvolvimento de materiais alternativos que possam satisfazer as especificações de projetos
geotécnicos. Quando o solo natural não atende aos requisitos para um projeto de engenharia, é
necessário considerar a melhoria desse solo como uma alternativa.
Visando reforçar e melhorar as propriedades geotécnicas do solo e, ao mesmo tempo,
dar uma distribuição apropriada de diferentes materiais contaminantes ambientais, tem sido
realizado estudos sobre a utilização de materiais alternativos, tais como o tereftalato de
polietileno (PET) de plástico e o Coco Verde.
Em abundância no território brasileiro, o Coco Verde gera grande prejuízo ambiental,
pois após ser utilizado não é descartado em locais corretos. Segundo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de
2015 (LSPA), a produção de Coco no Brasil, em toneladas, saltou de 1.300.000 em 2000 para,
quase, 2.000.000 em 2010 e, atualmente, se mantém praticamente constante por volta de
1.900.000. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10.004, a casca
de coco é classificada como resíduos sólidos urbanos de classe IIa e, após utilizados, devem
ser dispostos em aterros sanitários, onde o confinamento seguro deve ser priorizado,
assegurando o controle da poluição ambiental e proteção à saúde pública.
Entretanto, estima-se que 70% do lixo gerado no litoral das grandes cidades brasileiras
são provenientes das cascas de coco verde deixado em praias, lixões e estradas. Vale ressaltar
que esse tipo de material necessita significante tempo de degradação.
O coco verde descartado produz uma fibra que, com características peculiares, pode ser
usada na formulação de compósitos de grande valor ambiental. Devido a isso, de forma a
aproveitar o material gerado por esse consumo que cresce aproximadamente 20% ao ano,
verificou-se a possibilidade de se utilizar a fibra de coco, sem alterar fisicamente as casas,
apenas modificando seu uso original. Um dos principais fins de utilização estaria o reforço
dos solos em obras geotécnicas e, essa pesquisa, utiliza a fibra de coco como material
alternativo para o reforço e melhora das características do solo arenoso, pois frente as outras
fibras, a fibra de coco tem menos percentual de celulose (36% a 43%), porém, a quantidade de
lignina (41% a 45%) é cerca de duas vezes os valores existentes para a juta e o sisal. Sendo
assim, obtém melhor resistência e dureza frente as outras fibras.
Segundo Budinski (1996), um material compósito é a junção de dois ou mais materiais
que possuem propriedades que as matérias componentes não possuem originalmente. Sendo
assim, o material compósito possui uma matriz e um reforço, onde os dois são desenvolvidos
de forma a otimizar as propriedades dos materiais constituintes individuais.
No caso da presente pesquisa, utilizaremos um compósito fibroso que, segundo
Mathews e Rawlings (1994), é um compósito onde o solo desenvolve o papel de matriz e as
fibras o papel de reforço. Para o comportamento desse compósito é importante avaliar teor de
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Objetivo
Essa pesquisa tem como principal objetivo verificar se é possível utilizar a fibra de coco
como material alternativo para o reforço de solos arenosos. As misturas, variadas de teor e
dosagem de fibra e areia, serão avaliadas para a utilização em obras geotécnicas. Para isso,
serão realizados ensaios de caracterização física do solo utilizado e das misturas de solo com
0.5% de fibra de coco, de diferentes comprimentos, e ensaios triaxiais isotropicamente
drenados CID, analisando o comportamento mecânico das misturas com reforço e sem reforço
quando submetidas aos ensaios com carregamento axial e taxa de deformação constante. Por
fim, avaliar os parâmetros de resistência das misturas analisadas e averiguar qual a mistura
apresenta melhor resultado de resistência.
Revisão Bibliográfica
A areia é considerada um material não coesivo, granular solto e constituído de partículas
de dimensão de 0,06 a 2,00 mm. Pela ABNT, para o uso em engenharia civil, o solo arenoso é
constituído por grãos minerais onde a maioria aparente possui diâmetro de 0,05 a 4,8 mm,
podendo ser subdividia granulometricamente em areia fina (0,074 mm a 0,42 mm), areia
média (0,42mm a 1,2mm) e areia grossa (1,2mm a 2,0mm).
Os tipos de grãos da aria podem ser angulares, sub-arredondados e arredondados e a
densidade dos grãos varia de 2,6 a 2,8 g/cm³, podendo variar segundo a composição química.
Quanto mais angulares forem os grãos e mais mal graduada for a areia, maior será seu
índice de vazios, dependendo então da característica da areia. Em geral, areias mais
compactas são menos deformáveis e mais resistentes.
A fibra de coco é extraída da porção externa do fruto da palmeira de coco. A palmeira
de coco possui tronco cilíndrico e carrega em seu topo um tufo de folhas arqueadas de 3 a 6
metros divididas em folíolos.
Em cada fruto, originado sob as folhas, contém uma semente que em seu interior possui
uma massa branca adocicada e saborosa. No fruto verde, a massa é menos espessa e menos
dura, com grande quantidade de água de coco.
O alto teor de lignina faz com que a degradação da fibra de coco seja mais lenta que a
de outras fibras vegetais. Segundo artigos apresentados pela EMBRAPA (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária), o tempo de degradação da casca de coco é de 10 anos.
Materiais Utilizados
- Areia
Neste ensaio utiliza-se um solo arenoso retirado do campo de armazenamento de Santa
Cruz, município do estado do Rio de Janeiro. Depois de adquiridas, as amostras de areia
foram acondicionadas em sacos de 50kg e guardadas no Laboratório de Geotecnia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Os índices físicos e ensaios de caracterização foram determinados e realizados em
laboratório, de forma a obter a curva granulométrica do solo utilizado.
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- Água
Utilizou-se água destilada na operação do equipamento e preparação dos corpos-de-
prova de areia pura e misturas solo-fibra.
- Mistura solo-fibra
Utilizando o solo argiloso obtido, foram preparadas misturas com diferente teor de
fibras. O solo arenoso foi misturado com 0,50% de fibra de coco com comprimentos de
25mm e 50mm. Prepararam-se as misturas de solo-fibra mesclando-se o solo com a fibra em
seco a mão (com ajuda de luvas de borracha) de força a alcançar uma mistura mais uniforme
possível, acrescentando 10% de água do peso do solo seco. Com isso, atingiu-se a umidade
ótima da areia.
Esse teor foi escolhido de forma a analisar as mudanças nos parâmetros de resistência
da mistura em relação ao solo arenoso puro.
- Fibra de Coco
A fibra utilizada foi obtida pelo processo mecânico da empresa ECOFIBRA que possui,
em parceria com a COMLURB (Companhia de Limpeza Urbana da cidade do Rio de Janeiro),
um projeto piloto de coleta seletiva das cascas de coco verde. As fibras foram cortadas em
comprimentos de 25 e 50 mm (Figura 3). Por ser uma fibra natural, seu diâmetro não era
constante.
A fibra de coco, extraída da casca de coco possui excelentes características de
durabilidade e resistências que, sendo da família das fibras duras possui índices altos de
rigidez e dureza. Isso permite que haja diversas possibilidades de uso, além de ser um material
ecológico que possui facilidade de reciclagem.
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Para a realização dos ensaios com as fibras dispostas aleatoriamente, as fibras foram
cortadas em comprimentos de 25mm e 50mm. Foi usado um teor de fibras de 0,5% (referente
ao peso seco da areia)
Equipamentos Utilizados
Para o ensaio triaxial, utiliza-se uma prensa da marca Wykeham-Ferrance de
capacidade de 10 toneladas (Figura 4), cuja velocidade de deslocamento é controlada e o
ajuste das velocidades de deslocamento do pistão é determinado através da seleção adequada
de pares de engrenagens e a respectiva marcha.
A câmara triaxial utilizada é própria para corpos-de-prova com diâmetro de 1,5 (in) e é
feita de um material acrílico que suporta uma pressão confinante máxima de 1000KPa
reforçada com uma malha metálica para oferecer maior segurança.
A célula de carga utilizada tem capacidade máxima de 5000 kN e exatidão de 1 kN.
Para obter os deslocamentos foram utilizados LVDT’s com cursos de 25mm e resolução
de precisão de 0,01 mm.
As variações de volume são obtidas através de medidores de variação volumétrica
(MVV), fabricados na PUC-rio.
Depois de obtidas todas as informações através dos transdutores, a gravação dos dados é
feita utilizando o sistema de aquisição de dados.
Procedimento Experimental
O programa experimental consiste em avaliar o uso da fibra de coco como um material
alternativo de reforço, visando melhorar as características de resistência dos solos arenosos
utilizados em obras. Para isso, analisou-se o efeito da adição de fibras de coco nas
propriedades mecânicas de um solo arenoso e dividiu-se o projeto em etapas.
NBR 12051/1991 – Solo – Determinação do índice de vazios mínimos de solos não coesivos;
NBR 12004/1990 – Solo – Determinação do índice de vazios máximos de solos não coesivos;
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- Preparação da amostra
A preparação dos corpos-de-prova das misturas solo-fibra e do solo arenoso puro foi
feita por compactação diretamente em um molde cilíndrico tripartido, manualmente, em cinco
camadas. Para a areia pura e para as misturas, a umidade adotada foi de 10% e o peso
específico seco foi de 1,63 g/cm³ que correspondem a uma densidade relativa de 50% e índice
de vazios de 0,65.
Primeiramente, é colocada na base do triaxial uma pedra porosa e o papel filtro. A
seguir, é colocada a membrana segurando-a com a base por meio dos o-rings. O molde
tripartido é colocado, unindo-se as três partes por uma abraçadeira metálica. As juntas são
vedadas com uma fita e é vedado também dois dos três furos do tripartido. Os o-rings são
colocados na parte superior do molde e a membrana é ajustada por cima. É instalada uma
mangueira no furo aberto do tripartido visando succionar a membrana às paredes do
tripartido.
Após encher o tripartido com a mistura do solo arenoso, compactada em 5 camadas, na
parte superior é colocado um segundo papel filtro e também a pedra porosa. Seguidamente é
colocado o topo (cap) na parte superior, ajustando a membrana sobre o molde tripartido e
fixando esta com os o-rings colocados anteriormente.
Todos os elementos que foram utilizados para moldar o corpo-de-prova são
desmontados e a membrana é acomodada cobrindo os o-rings da parte superior e inferior. A
câmara triaxial é colocada e ocorre o enchimento completo da câmara com água destilada,
testando a pressão confinante conectada à câmara. As etapas de montagem do corpo-de-prova
descritas acima estão expostas na figura 6.
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- Adensamento
Após obter um valor de B aceitável (maior ou igual a 0,95) e atingir a saturação do
corpo-de-prova, passa-se para a etapa de adensamento. O processo de adensamento começa
quando a ligação para drenagem é aberta e a dissipação do excesso de poro pressão da água
ocorre.
Nessa fase, o objetivo foi definir, em termo de tensões efetivas, o estado de tensão
inicial do solo. Quando o solo já está completamente saturado, pode-se assegurar que a tensão
aplicada (tensão total) equivale a tensão efetiva, pois a drenagem de água é permitida,
dissipando-se o excesso de pressão intersticial.
Em solos saturados, a alteração no volume da amostra que ocorre pode ser obtido
através do volume de água intersticial drenado que vai acumular no reservatório da base da
prensa.
- Cisalhamento
Mantendo-se a pressão de confinamento constante, executa-se essa fase por compressão
axial, aumentando a tensão vertical P(pressão)/A(área).
Nessa fase são medidas duas deformações: deformações axiais, medidas com um
deflectômetro instalado no topo da câmara e deformações volumétricas, medidas através da
variação de volume de água na câmara durante a aplicação do corte. Tal medição é aceitável
caso não haja fugas de água na câmara e após a calibração da câmara para saber quanto que
aumenta de volume com o aumento da pressão de água no seu interior.
Como alternativa, pode-se utilizar transdutor fixo na proveta para medição local das
deformações radiais e verticais, de forma a obter leituras de deformações mais precisas. As
pressões intersticiais são medidas com células de pressão colocadas numa das válvulas de
drenagem.
Resultados e Discussões
Chamou-se de solo arenoso o solo puro, A05C50 a mistura areia com 0,5% de fibra de
50 mm e A05C25 a mistura areia com 0,5% de fibra de 25 mm.
Após analisar as curvas de tensão desviadora por deformação axial, viu-se que as
resistências finais dos corpos-de-prova, após a adição da fibra de coco, aumentaram. O
corpo-de-prova que ganhou a maior resistência foi a mistura A05C25 com a tensão efetiva de
150 kPa, diferente das outras tensões, onde as resistências foram menores.
Nessa tensão de 150kPa, a mistura A05C25 obteve o melhor valor de resistência ao
cisalhamento, atingindo 636kPa. O comportamento da mistura foi plástico, tendendo a se
comprimir com as tensões de 50kPa e 100kPa. Porém, na tensão de 150kPa (Figura 13), o
comportamento do corpo-de-prova foi estável, não variando em compressão nem expansão,
mostrando que o funcionamento das fibras com comprimento curto não funcionaram da forma
esperada na deformação volumétrica.
No solo arenoso, pela figura 8, conclui-se que o solo tende a se expandir em tensões
baixas, de 50kPa, e a se comprimir e tensões altas, de 100kPa e 150kPa (Figuras 11 e 13). O
comportamento da mistura é plástico nas três tensões avaliadas.
Nos resultados da mistura A05C50, foram atingidas as maiores tensões de resistência ao
cisalhamento. Nela, o comportamento foi plástico igualmente aos outros corpos-de-prova
(Figuras 8, 10 e 12).
Em relação a deformação volumétrica, o comportamento foi mais estável nessa
dosagem de fibra. O corpo-de-prova comprimiu-se inicialmente e depois se estabilizou em
altas tensões. No caso da tensão de 50kPa, a mistura se comprimiu, depois se expandiu até se
estabilizar.
Quando se preparava os corpos-de-prova para os ensaios, percebeu-se que a fibra
utilizada na mistura de 0,5% era bastante em volume, porém, esse teor de fibra obteve bons
resultados. A mistura A05C50 obteve melhores resultados nas tensões de 50kPa e 100kPa,
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enquanto que, na tensão de 150kPa, o comportamento dos dois teores de fibra (25mm e
50mm) foram muito parecidos, com pequenas variações.
O ensaio de compressão triaxial drenado nos mostra a variação da resistência do solo
arenoso em função da tensão efetiva. Ele também fornece as curvas envoltórias de resistência,
que indicam como a tensão cisalhante de ruptura varia com a tensão efetiva e são o resultado
das interpretações das curvas de tensão desviadora vs. deformação axial e deformação
volumétrica vs. deformação axial.
Conclusão
O estudo realizado nesse trabalho mostra o comportamento do solo arenoso retirado do
campo de armazenamento do município de Santa Cruz, no estado do Rio de Janeiro, através
dos ensaios de compactação e triaxiais realizados.
Através dos gráficos mostrados no relatório observa-se que o uso da fibra de coco no
solo arenoso melhora o comportamento mecânico do solo. Independente dos ensaios de
caracterização, onde o solo arenoso e as misturas com fibra não apresentaram muitas
variações em relação aos parâmetros de densidade de grãos, índice de vazios e a curva
granulométrica, os ensaios triaxiais permitiram analisar os parâmetros de resistência do solo
puro e das misturas.
Desses resultados podemos concluir que, o corpo de prova que teve o melhor
comportamento em relação a resistência ao cisalhamento foi o corpo de prova de 0,5% de
fibra com 25mm (chamada nessa pesquisa de A05C25), obtendo uma resistência de 636 kPa
quando ensaiada a uma tensão de 150 kPa. Enquanto que, para essa mesma tensão, o corpo de
prova da mistura de 0,5% de fibra com 50 mm obteve um valor de 625 kPa.
É importante ressaltar que, a mistura de A05C50 obteve melhores valores nas outras
tensões, de 50 kPa e 100kPa, além de obter melhor ângulo de atrito e também melhorar a
coesão aparente da areia.
Por fim, essa pesquisa proporcionou estudar o uso da fibra como material alternativo de
reforço de solos em obras geotécnicas e, a partir dos resultados expostos acima, conclui-se
que a fibra poderia ser usada em obras de curto e meio prazo como soluções temporais, como
aterros, obras de contenção ou estabilização. Além de contribuir para uma melhor qualidade
de vida e desenvolvimento sustentável, diminuindo a eliminação indevida desse material.
Referências
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 6457/1986 – Amostras de Solos
– Preparação para ensaios de compactação e caracterização.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 7181/1984 – Solo – Análise
Granulométrica.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 6508/1984 – Solo –
Determinação da densidade real dos grãos.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 12004/1990 – Solo –
Determinação do índice de vazios máximos de solos não coesivos.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 12051/1991 – Solo –
Determinação do índice de vazios mínimos de solos não coesivos.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 10004 – Resíduos Sólidos –
Classificação.
Briaud, J.L. (2013). Geotechnical engineering: unsaturated and saturated soils. New
Jersey, United States.
Consoli, N. L.; Montardo, J.P.; Prietto, P. D. M and PASA, G. S. (2002). Engineering
behavior of a sand reinforced with plastic waste. Journal of geotechnical and
geoenviromental engineering.
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