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Departamento de Engenharia Civil

Estudo do Comportamento de Solos Reforçados para Aplicação em Obras Geotécnicas


Análise do Comportamento de um Solo Arenoso Reforçado com Fibras de Coco
Alunos: Letícia Donadio Gonçalves e Daniela Araújo

Orientadora: Michéle Dal Toé Casagrande

Co-Orientador: Jaime Rodrigo Tamayo Aguilar

Introdução
As questões ambientais e econômicas ocorridas atualmente têm motivado interesse no
desenvolvimento de materiais alternativos que possam satisfazer as especificações de projetos
geotécnicos. Quando o solo natural não atende aos requisitos para um projeto de engenharia, é
necessário considerar a melhoria desse solo como uma alternativa.
Visando reforçar e melhorar as propriedades geotécnicas do solo e, ao mesmo tempo,
dar uma distribuição apropriada de diferentes materiais contaminantes ambientais, tem sido
realizado estudos sobre a utilização de materiais alternativos, tais como o tereftalato de
polietileno (PET) de plástico e o Coco Verde.
Em abundância no território brasileiro, o Coco Verde gera grande prejuízo ambiental,
pois após ser utilizado não é descartado em locais corretos. Segundo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de
2015 (LSPA), a produção de Coco no Brasil, em toneladas, saltou de 1.300.000 em 2000 para,
quase, 2.000.000 em 2010 e, atualmente, se mantém praticamente constante por volta de
1.900.000. De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 10.004, a casca
de coco é classificada como resíduos sólidos urbanos de classe IIa e, após utilizados, devem
ser dispostos em aterros sanitários, onde o confinamento seguro deve ser priorizado,
assegurando o controle da poluição ambiental e proteção à saúde pública.
Entretanto, estima-se que 70% do lixo gerado no litoral das grandes cidades brasileiras
são provenientes das cascas de coco verde deixado em praias, lixões e estradas. Vale ressaltar
que esse tipo de material necessita significante tempo de degradação.
O coco verde descartado produz uma fibra que, com características peculiares, pode ser
usada na formulação de compósitos de grande valor ambiental. Devido a isso, de forma a
aproveitar o material gerado por esse consumo que cresce aproximadamente 20% ao ano,
verificou-se a possibilidade de se utilizar a fibra de coco, sem alterar fisicamente as casas,
apenas modificando seu uso original. Um dos principais fins de utilização estaria o reforço
dos solos em obras geotécnicas e, essa pesquisa, utiliza a fibra de coco como material
alternativo para o reforço e melhora das características do solo arenoso, pois frente as outras
fibras, a fibra de coco tem menos percentual de celulose (36% a 43%), porém, a quantidade de
lignina (41% a 45%) é cerca de duas vezes os valores existentes para a juta e o sisal. Sendo
assim, obtém melhor resistência e dureza frente as outras fibras.
Segundo Budinski (1996), um material compósito é a junção de dois ou mais materiais
que possuem propriedades que as matérias componentes não possuem originalmente. Sendo
assim, o material compósito possui uma matriz e um reforço, onde os dois são desenvolvidos
de forma a otimizar as propriedades dos materiais constituintes individuais.
No caso da presente pesquisa, utilizaremos um compósito fibroso que, segundo
Mathews e Rawlings (1994), é um compósito onde o solo desenvolve o papel de matriz e as
fibras o papel de reforço. Para o comportamento desse compósito é importante avaliar teor de
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fibras presentes, o comprimento das fibras, as características do solo utilizado, a aderência


entre a matriz e as fibras e a orientação e repartição das fibras.

Objetivo
Essa pesquisa tem como principal objetivo verificar se é possível utilizar a fibra de coco
como material alternativo para o reforço de solos arenosos. As misturas, variadas de teor e
dosagem de fibra e areia, serão avaliadas para a utilização em obras geotécnicas. Para isso,
serão realizados ensaios de caracterização física do solo utilizado e das misturas de solo com
0.5% de fibra de coco, de diferentes comprimentos, e ensaios triaxiais isotropicamente
drenados CID, analisando o comportamento mecânico das misturas com reforço e sem reforço
quando submetidas aos ensaios com carregamento axial e taxa de deformação constante. Por
fim, avaliar os parâmetros de resistência das misturas analisadas e averiguar qual a mistura
apresenta melhor resultado de resistência.

Revisão Bibliográfica
A areia é considerada um material não coesivo, granular solto e constituído de partículas
de dimensão de 0,06 a 2,00 mm. Pela ABNT, para o uso em engenharia civil, o solo arenoso é
constituído por grãos minerais onde a maioria aparente possui diâmetro de 0,05 a 4,8 mm,
podendo ser subdividia granulometricamente em areia fina (0,074 mm a 0,42 mm), areia
média (0,42mm a 1,2mm) e areia grossa (1,2mm a 2,0mm).
Os tipos de grãos da aria podem ser angulares, sub-arredondados e arredondados e a
densidade dos grãos varia de 2,6 a 2,8 g/cm³, podendo variar segundo a composição química.
Quanto mais angulares forem os grãos e mais mal graduada for a areia, maior será seu
índice de vazios, dependendo então da característica da areia. Em geral, areias mais
compactas são menos deformáveis e mais resistentes.
A fibra de coco é extraída da porção externa do fruto da palmeira de coco. A palmeira
de coco possui tronco cilíndrico e carrega em seu topo um tufo de folhas arqueadas de 3 a 6
metros divididas em folíolos.
Em cada fruto, originado sob as folhas, contém uma semente que em seu interior possui
uma massa branca adocicada e saborosa. No fruto verde, a massa é menos espessa e menos
dura, com grande quantidade de água de coco.
O alto teor de lignina faz com que a degradação da fibra de coco seja mais lenta que a
de outras fibras vegetais. Segundo artigos apresentados pela EMBRAPA (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária), o tempo de degradação da casca de coco é de 10 anos.

Materiais Utilizados
- Areia
Neste ensaio utiliza-se um solo arenoso retirado do campo de armazenamento de Santa
Cruz, município do estado do Rio de Janeiro. Depois de adquiridas, as amostras de areia
foram acondicionadas em sacos de 50kg e guardadas no Laboratório de Geotecnia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Os índices físicos e ensaios de caracterização foram determinados e realizados em
laboratório, de forma a obter a curva granulométrica do solo utilizado.
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Figura 1: Areia utilizada nos ensaios

- Água
Utilizou-se água destilada na operação do equipamento e preparação dos corpos-de-
prova de areia pura e misturas solo-fibra.

- Mistura solo-fibra
Utilizando o solo argiloso obtido, foram preparadas misturas com diferente teor de
fibras. O solo arenoso foi misturado com 0,50% de fibra de coco com comprimentos de
25mm e 50mm. Prepararam-se as misturas de solo-fibra mesclando-se o solo com a fibra em
seco a mão (com ajuda de luvas de borracha) de força a alcançar uma mistura mais uniforme
possível, acrescentando 10% de água do peso do solo seco. Com isso, atingiu-se a umidade
ótima da areia.
Esse teor foi escolhido de forma a analisar as mudanças nos parâmetros de resistência
da mistura em relação ao solo arenoso puro.

- Fibra de Coco
A fibra utilizada foi obtida pelo processo mecânico da empresa ECOFIBRA que possui,
em parceria com a COMLURB (Companhia de Limpeza Urbana da cidade do Rio de Janeiro),
um projeto piloto de coleta seletiva das cascas de coco verde. As fibras foram cortadas em
comprimentos de 25 e 50 mm (Figura 3). Por ser uma fibra natural, seu diâmetro não era
constante.
A fibra de coco, extraída da casca de coco possui excelentes características de
durabilidade e resistências que, sendo da família das fibras duras possui índices altos de
rigidez e dureza. Isso permite que haja diversas possibilidades de uso, além de ser um material
ecológico que possui facilidade de reciclagem.
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Para a realização dos ensaios com as fibras dispostas aleatoriamente, as fibras foram
cortadas em comprimentos de 25mm e 50mm. Foi usado um teor de fibras de 0,5% (referente
ao peso seco da areia)

Figura 2: Forma das fibras

Figura 3: Fibras utilizadas, cortadas em 50 mm e 25 mm, respectivamente


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Equipamentos Utilizados
Para o ensaio triaxial, utiliza-se uma prensa da marca Wykeham-Ferrance de
capacidade de 10 toneladas (Figura 4), cuja velocidade de deslocamento é controlada e o
ajuste das velocidades de deslocamento do pistão é determinado através da seleção adequada
de pares de engrenagens e a respectiva marcha.
A câmara triaxial utilizada é própria para corpos-de-prova com diâmetro de 1,5 (in) e é
feita de um material acrílico que suporta uma pressão confinante máxima de 1000KPa
reforçada com uma malha metálica para oferecer maior segurança.
A célula de carga utilizada tem capacidade máxima de 5000 kN e exatidão de 1 kN.
Para obter os deslocamentos foram utilizados LVDT’s com cursos de 25mm e resolução
de precisão de 0,01 mm.
As variações de volume são obtidas através de medidores de variação volumétrica
(MVV), fabricados na PUC-rio.
Depois de obtidas todas as informações através dos transdutores, a gravação dos dados é
feita utilizando o sistema de aquisição de dados.

Figura 4: Prensa triaxial

A descrição do ensaio triaxial é dada por:


(a) Medidor de Variação de Volume
(b) Reservatório de água no topo
(c) Painel de controle das pressões
(d) Caixa leitora de dados
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(e) Pressão confinante


(f) Cilíndrico acrílico reforçado
(g) Controle para início do cisalhamento
(h) Transdutor de pressão
(i) Controle manual de movimento fino do pistão

Figura 5: Software e sistema de aquisição de dados

Procedimento Experimental
O programa experimental consiste em avaliar o uso da fibra de coco como um material
alternativo de reforço, visando melhorar as características de resistência dos solos arenosos
utilizados em obras. Para isso, analisou-se o efeito da adição de fibras de coco nas
propriedades mecânicas de um solo arenoso e dividiu-se o projeto em etapas.

Ensaios de Caracterização Física


Ensaios de caracterização física foram executados no Laboratório de Geotecnia e Meio
Ambiente da PUC-rio visando determinar os índices e propriedades físicas do solo argiloso
puro e das misturas solo-fibra utilizadas. Seguindo as normas técnicas brasileiras, o solo foi
preparado e ensaiado através dos procedimentos descritos nas seguintes normas:

NBR 6457/1986 – Amostras de Solos – Preparação para ensaios de Compactação e


Caracterização;

NBR 6508/1984 – Solo – Determinação da densidade real dos grãos;

NBR 7181/1984 – Solo – Análise Granulométrica;

NBR 12051/1991 – Solo – Determinação do índice de vazios mínimos de solos não coesivos;

NBR 12004/1990 – Solo – Determinação do índice de vazios máximos de solos não coesivos;
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Ensaio Triaxial (CID)


Os ensaios triaxiais realizados nessa pesquisa são do tipo Consolidados Isotropicamente
Drenados (CID). Esses ensaios foram realizados no Laboratório de Geotecnia e Meio
Ambiente da PUC-rio sob a saturação total e com tensões efetivas de 50, 100 e 150 (KPa),
que são hipóteses realistas feitas em algumas aplicações de engenharia. O objetivo principal
desse ensaio foi determinar os parâmetros de resistência do solo: coesão não drenada e ângulo
de resistência ao corte.
A fim de aplicar uma condição de tensão de simetria triaxial, foram utilizados para o
teste triaxial corpos de prova cilíndricos de solo de altura nominal de H=91 mm e diâmetro de
D=39 mm.
A resposta do solo foi obtida através de três etapas em cada corpo-de-prova: de
saturação, de adensamento e de cisalhamento.

- Preparação da amostra
A preparação dos corpos-de-prova das misturas solo-fibra e do solo arenoso puro foi
feita por compactação diretamente em um molde cilíndrico tripartido, manualmente, em cinco
camadas. Para a areia pura e para as misturas, a umidade adotada foi de 10% e o peso
específico seco foi de 1,63 g/cm³ que correspondem a uma densidade relativa de 50% e índice
de vazios de 0,65.
Primeiramente, é colocada na base do triaxial uma pedra porosa e o papel filtro. A
seguir, é colocada a membrana segurando-a com a base por meio dos o-rings. O molde
tripartido é colocado, unindo-se as três partes por uma abraçadeira metálica. As juntas são
vedadas com uma fita e é vedado também dois dos três furos do tripartido. Os o-rings são
colocados na parte superior do molde e a membrana é ajustada por cima. É instalada uma
mangueira no furo aberto do tripartido visando succionar a membrana às paredes do
tripartido.
Após encher o tripartido com a mistura do solo arenoso, compactada em 5 camadas, na
parte superior é colocado um segundo papel filtro e também a pedra porosa. Seguidamente é
colocado o topo (cap) na parte superior, ajustando a membrana sobre o molde tripartido e
fixando esta com os o-rings colocados anteriormente.
Todos os elementos que foram utilizados para moldar o corpo-de-prova são
desmontados e a membrana é acomodada cobrindo os o-rings da parte superior e inferior. A
câmara triaxial é colocada e ocorre o enchimento completo da câmara com água destilada,
testando a pressão confinante conectada à câmara. As etapas de montagem do corpo-de-prova
descritas acima estão expostas na figura 6.
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Figura 6: Etapas de montagem do corpo-de-prova

- Procedimento de Saturação do corpo-de-prova


No teste drenado consolidado, a saturação da amostra é importante para assegurar que
todos os espaços vazios no interior da amostra estejam preenchidos por água. Essa saturação
foi obtida através de percolação de água através da amostra e contrapressão de água para
dentro do corpo-de-prova.
No caso da saturação por percolação, é aplicada uma diferença de pressão entre o topo e
a base. Então, aplicou-se uma diferença de pressão de 5 kPa entre o topo e a base e também
uma diferença de pressão de 10 kPa entre a pressão confinante e o topo. Isso permite que a
água flua da base para o topo do corpo de prova.
Na saturação por contrapressão, a pressão confinante aplicada ao corpo-de-prova
ultrapassava a contrapressão em 10 kPa (mesma pressão na base e no topo), onde o fluxo era
permitido pela topo e base.
Antes de se iniciar a etapa de adensamento, para verificar se o grau de saturação da
amostra é suficientemente alto, realiza-se um teste para determinar o valor de B do Skempton.
O valor de B aproximado para solos saturados é de 1, então, são considerados valores
aceitáveis valores maiores ou iguais a 0,95. A verificação da saturação é feita através da
medição desse parâmetro, pois esse parâmetro é semelhante ao grau de saturação para valores
superiores a 90%.
De modo a facilitar o cálculo, o parâmetro B é medido através da medição de variação
da pressão intersticial causada pela aplicação de uma pequena variação da pressão de
confinamento (por exemplo, 50kPa). Para o solo estar completamente saturado, a variação da
pressão intersticial medida deve ser igual à variação da pressão de confinamento.
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Além de medir o parâmetro B, a permeabilidade de alguns corpos de prova é controlada


de forma a controlar a mudança e influência da adição de fibras nas misturas.

- Adensamento
Após obter um valor de B aceitável (maior ou igual a 0,95) e atingir a saturação do
corpo-de-prova, passa-se para a etapa de adensamento. O processo de adensamento começa
quando a ligação para drenagem é aberta e a dissipação do excesso de poro pressão da água
ocorre.
Nessa fase, o objetivo foi definir, em termo de tensões efetivas, o estado de tensão
inicial do solo. Quando o solo já está completamente saturado, pode-se assegurar que a tensão
aplicada (tensão total) equivale a tensão efetiva, pois a drenagem de água é permitida,
dissipando-se o excesso de pressão intersticial.
Em solos saturados, a alteração no volume da amostra que ocorre pode ser obtido
através do volume de água intersticial drenado que vai acumular no reservatório da base da
prensa.

- Cisalhamento
Mantendo-se a pressão de confinamento constante, executa-se essa fase por compressão
axial, aumentando a tensão vertical P(pressão)/A(área).
Nessa fase são medidas duas deformações: deformações axiais, medidas com um
deflectômetro instalado no topo da câmara e deformações volumétricas, medidas através da
variação de volume de água na câmara durante a aplicação do corte. Tal medição é aceitável
caso não haja fugas de água na câmara e após a calibração da câmara para saber quanto que
aumenta de volume com o aumento da pressão de água no seu interior.
Como alternativa, pode-se utilizar transdutor fixo na proveta para medição local das
deformações radiais e verticais, de forma a obter leituras de deformações mais precisas. As
pressões intersticiais são medidas com células de pressão colocadas numa das válvulas de
drenagem.

Resultados e Discussões
Chamou-se de solo arenoso o solo puro, A05C50 a mistura areia com 0,5% de fibra de
50 mm e A05C25 a mistura areia com 0,5% de fibra de 25 mm.

Resultados dos Ensaios de Caracterização Física


De acordo com a USCS (Unified Soil Classification System), esse solo é classificado
como areia média, constituída por quartzo, granito alterado, minerais de argila (caulinita,
principalmente) e textura micro-granular. Nele, não foi observada a presença de matéria
orgânica.
Os índices físicos do solo puro (Tabela 1) e as principais características das misturas
(Tabela 2) foram determinados através de ensaios de caracterização realizados no Laboratório
de Geotecnia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, de forma a obter a curva
granulométrica (Figura 7) do solo utilizado.
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Figura 7: Curva granulométrica da areia pura

Tabela 1: Índices físicos da areia pura

Índices Físicos Valor


Densidade específica dos grãos “Gs” 2,704
Coeficiente de não uniformidade “CNU” 5,08
Coeficiente de Curvatura “CC” 1,01
Diâmetro efetivo D10 0,214
Diâmetro médio D50 0,892
Índice de Vazios máximo 0,79
Índice de Vazios mínimo 0,56

Tabela 2: Principais características das misturas


Material / Mistura Areia pura Fibra de Coco Gs Peso Específico
(%) (%) (g/cm³)
Solo Arenoso 100 0 2,70 2,69
A05C50 99,50 0,50 2,58 2,65
A05C25 99,50 0,50 2,61 2,65
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A curva de distribuição granulométrica da areia pura (Figura 7) se assemelha às de


misturas de solo-fibra, independente do teor de fibra. Isso ocorre devido ao fato de que o peso
considerado da fibra nas misturas é muito menor em relação ao peso do solo.

Resultados do Ensaio Triaxial


A partir dos resultados dos ensaios triaxiais, examinou-se o comportamento mecânico
dos materiais estudados quando variadas as diferentes tensões efetivas, de 50kPa, 100kPa e
150kPa, no teor de 0,5% e comprimentos (25mm e 50mm) de fibra.
Com esses resultados, foi possível elaborar curvas de tensão axial para cada tensão, com
uma deformação axial aos 14%.

Figura 8: Tensão desviadora vs. deformação axial (σ`=50kPa).


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Figura 9: Deformação volumétrica vs. Deformação axial (σ`= 50kPa)

Figura 10: Tensão desviadora vs. deformação axial (σ`=100 kPa).


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Figura 11: Deformação volumétrica vs. Deformação axial (σ`= 100kPa)

Figura 12: Tensão desviadora vs. deformação axial (σ`=150kPa).


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Figura 13: Deformação volumétrica vs. Deformação axial (σ`= 150kPa)

Após analisar as curvas de tensão desviadora por deformação axial, viu-se que as
resistências finais dos corpos-de-prova, após a adição da fibra de coco, aumentaram. O
corpo-de-prova que ganhou a maior resistência foi a mistura A05C25 com a tensão efetiva de
150 kPa, diferente das outras tensões, onde as resistências foram menores.
Nessa tensão de 150kPa, a mistura A05C25 obteve o melhor valor de resistência ao
cisalhamento, atingindo 636kPa. O comportamento da mistura foi plástico, tendendo a se
comprimir com as tensões de 50kPa e 100kPa. Porém, na tensão de 150kPa (Figura 13), o
comportamento do corpo-de-prova foi estável, não variando em compressão nem expansão,
mostrando que o funcionamento das fibras com comprimento curto não funcionaram da forma
esperada na deformação volumétrica.
No solo arenoso, pela figura 8, conclui-se que o solo tende a se expandir em tensões
baixas, de 50kPa, e a se comprimir e tensões altas, de 100kPa e 150kPa (Figuras 11 e 13). O
comportamento da mistura é plástico nas três tensões avaliadas.
Nos resultados da mistura A05C50, foram atingidas as maiores tensões de resistência ao
cisalhamento. Nela, o comportamento foi plástico igualmente aos outros corpos-de-prova
(Figuras 8, 10 e 12).
Em relação a deformação volumétrica, o comportamento foi mais estável nessa
dosagem de fibra. O corpo-de-prova comprimiu-se inicialmente e depois se estabilizou em
altas tensões. No caso da tensão de 50kPa, a mistura se comprimiu, depois se expandiu até se
estabilizar.
Quando se preparava os corpos-de-prova para os ensaios, percebeu-se que a fibra
utilizada na mistura de 0,5% era bastante em volume, porém, esse teor de fibra obteve bons
resultados. A mistura A05C50 obteve melhores resultados nas tensões de 50kPa e 100kPa,
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enquanto que, na tensão de 150kPa, o comportamento dos dois teores de fibra (25mm e
50mm) foram muito parecidos, com pequenas variações.
O ensaio de compressão triaxial drenado nos mostra a variação da resistência do solo
arenoso em função da tensão efetiva. Ele também fornece as curvas envoltórias de resistência,
que indicam como a tensão cisalhante de ruptura varia com a tensão efetiva e são o resultado
das interpretações das curvas de tensão desviadora vs. deformação axial e deformação
volumétrica vs. deformação axial.

Figura 13: Trajetória de tensões da areia pura e das misturas


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Tabela 3: Parâmetros de resistência dos solos ensaiados.

Material/Mistura Coesão aparente (kPa) Ângulo de atrito (0)

Solo Arenoso 0 32,54

A05C50 51,78 40,81

A05C25 43,49 40,56

Para o cálculo das variantes de tensão q (chamada de tensão de desvio) e tensão p’


(chamada de tensão efetiva média normal), usou-se as formulações de Lambe.
Para os parâmetros de resistência dos compósitos utilizaram-se os valores das
envoltórias de resistência ' (inclinação da envoltória de resistência no espaço p’: q) e da
coesão a’ (intercepção da envoltória com o eixo q no espaço p’: q).
As tensões máximas foram consideradas com uma deformação média de 14% e os
cálculos da coesão aparente (c’) e do ângulo de atrito (') foram feitos a partir da aplicação do
critério de Mohr Coulomb, calculados através da relação c' tg ('  e das equações tg
(')= sen (') e a’= c’.cos(').
A partir dos resultados obtidos na tabela 3, observa-se que a areia pura não possui
coesão, porém, com a adição das fibras, houve um significante aumento na coesão das
misturas, chamada de coesão aparente.
A coesão aparente é maior quando o comprimento da fibra é maior, o que acontece
também em relação ao ângulo de atrito. Sendo assim, percebe-se que a mistura com melhores
resultados nas características de resistência é a mistura A05C50, pois essa mistura possui a
fibra de maior comprimento (50 mm), ajudando as partículas solo a ficarem com um melhor
contato entre elas.
A deformação axial foi fixada em um valor pré-determinado e controlado, a 14%.
Percebe-se nas curvas tensão-deformação, das misturas com reforço, que a ruptura, que
aconteceria quando a tensão cisalhante no plano alcançasse a tensão de cisalhamento do
material, não acontece.
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Conclusão
O estudo realizado nesse trabalho mostra o comportamento do solo arenoso retirado do
campo de armazenamento do município de Santa Cruz, no estado do Rio de Janeiro, através
dos ensaios de compactação e triaxiais realizados.
Através dos gráficos mostrados no relatório observa-se que o uso da fibra de coco no
solo arenoso melhora o comportamento mecânico do solo. Independente dos ensaios de
caracterização, onde o solo arenoso e as misturas com fibra não apresentaram muitas
variações em relação aos parâmetros de densidade de grãos, índice de vazios e a curva
granulométrica, os ensaios triaxiais permitiram analisar os parâmetros de resistência do solo
puro e das misturas.
Desses resultados podemos concluir que, o corpo de prova que teve o melhor
comportamento em relação a resistência ao cisalhamento foi o corpo de prova de 0,5% de
fibra com 25mm (chamada nessa pesquisa de A05C25), obtendo uma resistência de 636 kPa
quando ensaiada a uma tensão de 150 kPa. Enquanto que, para essa mesma tensão, o corpo de
prova da mistura de 0,5% de fibra com 50 mm obteve um valor de 625 kPa.
É importante ressaltar que, a mistura de A05C50 obteve melhores valores nas outras
tensões, de 50 kPa e 100kPa, além de obter melhor ângulo de atrito e também melhorar a
coesão aparente da areia.
Por fim, essa pesquisa proporcionou estudar o uso da fibra como material alternativo de
reforço de solos em obras geotécnicas e, a partir dos resultados expostos acima, conclui-se
que a fibra poderia ser usada em obras de curto e meio prazo como soluções temporais, como
aterros, obras de contenção ou estabilização. Além de contribuir para uma melhor qualidade
de vida e desenvolvimento sustentável, diminuindo a eliminação indevida desse material.

Referências
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 6457/1986 – Amostras de Solos
– Preparação para ensaios de compactação e caracterização.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 7181/1984 – Solo – Análise
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Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 6508/1984 – Solo –
Determinação da densidade real dos grãos.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 12004/1990 – Solo –
Determinação do índice de vazios máximos de solos não coesivos.
Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 12051/1991 – Solo –
Determinação do índice de vazios mínimos de solos não coesivos.
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