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Em seu artigo “A Inquisição na Paraíba” na Revista do Instituto Histórico
e Geográfico da Paraíba, o pesquisador Luiz Mott traz à tona os processos inquisitoriais, focando
a sua narrativa nos réus, como uma forma de expor os preconceitos de uma sociedade intimidada
e paranoica. O nosso trabalho busca resumir o seu artigo e adicionar informações sobre a estrutura
dos familiares da inquisição, ressaltando a sua cumplicidade e favorecimento.
Em seu artigo “A Inquisição na Paraíba” na Revista do Instituto Histórico
e Geográfico da Paraíba, o pesquisador Luiz Mott traz à tona os processos inquisitoriais, focando
a sua narrativa nos réus, como uma forma de expor os preconceitos de uma sociedade intimidada
e paranoica. O nosso trabalho busca resumir o seu artigo e adicionar informações sobre a estrutura
dos familiares da inquisição, ressaltando a sua cumplicidade e favorecimento.
Em seu artigo “A Inquisição na Paraíba” na Revista do Instituto Histórico
e Geográfico da Paraíba, o pesquisador Luiz Mott traz à tona os processos inquisitoriais, focando
a sua narrativa nos réus, como uma forma de expor os preconceitos de uma sociedade intimidada
e paranoica. O nosso trabalho busca resumir o seu artigo e adicionar informações sobre a estrutura
dos familiares da inquisição, ressaltando a sua cumplicidade e favorecimento.
A Paraíba Aterrorizada: A atuação da Inquisição Portuguesa na Capitania
Paraibana
João Pessoa 2017 INTRODUÇÃO
A edição de 1578 do Directorium Inquisitorum, um tradicional manual inquisitorial, descreve o
seguinte propósito das punições inquisitoriais: “Pois a punição não ocorre primariamente e per se pela correção e bem da pessoa punida, mas sim pelo bem público para que outros sejam aterrorizados e assim afastados dos males que cometeriam”. A atuação do Santo Ofício da Inquisição na Capitania da Paraíba, apesar de amplamente documentada e pouco analisada, nos oferece um vislumbre do modo de agir dessa organização e no modo de pensar da população cristã nas nascentes capitanias. Em seu artigo “A Inquisição na Paraíba” na Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, o pesquisador Luiz Mott traz à tona os processos inquisitoriais, focando a sua narrativa nos réus, como uma forma de expor os preconceitos de uma sociedade intimidada e paranoica. O nosso trabalho busca resumir o seu artigo e adicionar informações sobre a estrutura dos familiares da inquisição, ressaltando a sua cumplicidade e favorecimento. DESENVOLVIMENTO
A atuação do Santo Ofício da Inquisição na Capitania da Paraíba foi fortemente
significativa no contexto brasileiro, sendo a terceira capitania com maior incidência de habitantes denunciados ou processados. Entendendo a cobertura desse caso como “superficial e incompleta”, o autor Luiz Mott (em seu artigo “A Inquisição na Paraíba” na Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba) busca compilar informações e criar uma lista completa dos paraibanos e moradores da região processados por essa organização, assim lançando uma luz sobre a forma que essa manifestação de ortodoxia religiosa encontrava a cultura popular da região. Com a missão de investigar, expor e punir comportamentos fora da ortodoxia católica (principalmente as heresias advindas de outras religiões e os “desvios na conduta sexual”), a Inquisição era forçada a agir de maneira remota no Brasil – como nenhum de seus tribunais chegou a ser aqui instalado, fazia-se necessário enviar Visitadores para as capitanias. Os atos do Visitador Heitor Furtado de Mendonça, que chegou à cidade de Filipeia de Nossa Senhora das Neves em 6 de janeiro de 1595, expõe o modus operandi de seu cargo: Após a sua chegada previamente anunciada via carta, ele é recebido com pompa pelo governador local e dois dias depois empreende o “Ato de Publicação”, que consistia em uma procissão pela cidade culminando em uma missa na Matriz de Nossa Senhora da Neves. A missa compreende uma pregação com o propósito de informar o “Monitório” – uma lista com os crimes que seriam investigados e orientação para que os culpados os confessassem ou que testemunhas denunciassem aqueles suspeitos de cometê-los. Como de costume, foi oferecido um período de graça de 15 dias para que os culpados pudessem se confessar voluntariamente. A lista dos habitantes denunciados nessa Visitação mostra uma primazia dos casos de blasfêmia quase “casuais” e questionamentos acerca dos dogmas católicos. Nesses casos os Inquisidores frequentemente indagavam sobre o uso de vinho ou outras bebidas alcóolicas, justificando a sua presença como atenuantes ou justificativas para o ato do crime – que por sua vez era punido com uma repreensão formal e aconselhamento para que o comportamento não se repetisse. A forma com a qual a blasfêmia se distingue das declarações heréticas é que a primeira se manifesta como um insulto ou uso irreverente de expressões e objetos sagrados, enquanto que a última professa ideias contrárias ao conjunto de crenças religiosas. A rigor de exemplo citamos a acusação de blasfêmia direcionada a Cecília Fernandes, que teria dito que “não havia Deus no mundo se Deus a não vingasse de quem ela pedia vingança”. Em contraponto, temos o caso de Antônio Tomás, denunciado por heresia, que teria afirmado que “os Potiguaras não tinham alma”, o que ia contra o dogma católico vigente. Embora a sua incidência seja menor (e a sua investigação difícil, exigindo ao menos testemunho de duas circunstâncias diferentes), o crime de sodomia carregava punições por demais rigorosas, sendo comparado pela legislação portuguesa ao crime de lesa majestade e traição nacional (e passível de ser punido com a morte). Apesar de amplamente condenadas pela tradição judaico-cristã, manifestações de homossexualidade (e práticas similares à transsexualidade onde indivíduos assumiam papéis e funções sociais de outro gênero) eram práticas comuns entre os nativos indígenas. Curiosamente, apenas um índio foi denunciado pelo crime de sodomia na primeira visitação, embora o português Baltazar da Lomba tenha sido denunciado e punido pelo mesmo crime ao se associar com índios de maneira homoafetiva. Um padrão que surge repetidas vezes é de imigrantes já julgados por esse mesmo crime em sua terra natal, sentenciados com o envio para terras brasileiras e então denunciados novamente pelo mesmo crime, como se o envio para uma terra distante fosse alterar a sua forma de comportamento. Um exemplo claro é o do primeiro indivíduo a ser denunciado para a Inquisição na Paraíba, Salvador Romeiro, que, morando na Ilha de São Tomé, em Angola, foi levado à Lisboa, processado e enviado para o Brasil para reincidir em seu crime na Paraíba – sendo então degredado ao exaustivo trabalho nas galés portuguesas por 8 anos. O crime da sodomia também não parece escolher classes: os denunciados incluem militares (como Simão Ferreira da Silva Lagarto) e padres (Vicente Nogueira). Em 1695 surge uma denúncia incomum até então: o Padre Pedro Homem da Costa é acusado do crime de solicitação: utilizava-se do espaço da confissão para demandar serviços de natureza sexual de suas penitentes. No século seguinte, perante uma grande torrente de atuação do Santo Ofício, denúncias semelhantes se repetirão: entre 1744 e 1749 outros nove sacerdotes são denunciados por solicitação. A partir de 1729 a atividade inquisitorial, distribuída por Lisboa, Salvador e Rio de Janeiro, traz de volta o seu olhar para a Paraíba com um foco especial para a investigação dos cristãos- novos em busca de sinais de que mantinham crenças e rituais do judaísmo. As três décadas seguintes veem 43 cristãos novos presos na Paraíba, muitos naturais da capitania descendentes segunda e terceira geração de imigrantes e vários aparentados entre si, processados pela prática de rituais judaicos, blasfêmia contra a religião católica ou desrespeito aos objetos de culto. Durante os longos anos de atuação do Santo Ofício da Inquisição na Paraíba houveram somente alguns poucos casos registrados de bigamia – o crime de casar-se novamente na igreja possuindo previamente um outro cônjuge ainda vivo. As vastas e turbulentas distâncias entre Portugal e Brasil facilitavam a execução dessa prática e dificultavam a sua averiguação. O caso do governador da capitania, Antônio da Costa Almeida, é emblemático da situação: quando em viagem a Lisboa, alegou ter recebido a notícia de que sua legítima esposa, Maria Simões, havia morrido no parto. Casou-se então com a falsa viúva Filipa Barbosa (cujo marido, soldado servindo na Índia, ainda era vivo) e, no retorno à Paraíba, encontrou sua primeira esposa ainda viva. Maria Simões, por sua vez, confessou-se bígama durante o período de graça na primeira Visitação à capitania – antes de casar-se com Antônio da Costa havia sido esposa do soldado Belchior Fernandes, dado como morto na batalha de Alcacer-Quibir. Dentro do contexto paraibano, a acusação de feitiçaria foi utilizada somente contra as populações subjugadas – os negros e índios. Apenas três casos são reportados, entre 1761 e 1779; Damião, nativo de Angola, e Domingos, do Congo, foram denunciados pelo administrador do Engenho Camuratuba. O primeiro dizia que dera o seu sangue ao Diabo, que o retirara com uma espada, enquanto o segundo soprava pós coloridos como uma maldição, condenando o seu alvo à morte certa – feitiço esse aprendido de um índio Tabajara. Já o casal Francisco Alvares e Adriana, ambos índios, usavam de uma “cruz de fumo” para conduzir rituais curativos que envolviam clamar por Deus e Nossa Senhora com o acompanhamento de maracás, cantorias, danças e uma determinada bebida oferecida para aqueles precisando livrar-se de feitiços. A última denúncia, impressionante em sua quantidade de testemunhas (dez no total, incluindo um vigário, o capitão e o cirurgião de um navio), apontava que a índia Lourença e seus irmãos haviam rogado alguma espécie de malefício sobre José Inácio Deveras, que “anda botando bichos e paus pela via natural do curso”. O autor conclui o seu artigo arrolando os Familiares do Santo Ofício residentes na Paraíba – uma força de cristãos leigos que servia à Inquisição como espiões, agentes, guardas e policiais, inclusive recebendo o direito de portar armas (como espadas e adagas). Os seus deveres incluíam espionar e investigar suspeitos denunciados pela população, efetuar as prisões e recolher seus bens. Para receber a nomeação ao cargo, os postulantes ao cargo deveriam apresentar aos comissários da inquisição a sua ascendência até a terceira geração – apenas aqueles com o sangue livre de miscigenações eram aprovados, e mesmo rumores poderiam acabar com uma candidatura. Além disso, eles deveriam provar-se capazes de sustentar-se de maneira independente (pois eram pagos apenas por prisões realizadas). Em troca de seu serviço, porém, os familiares recebiam grande distinção, prestígio, regalias e isenções, incluindo dispensa no pagamento de fintas, talhas, pedidos e empréstimos, proteção de seus bens ao confisco e o direito de foro privativo – na maioria das causas-crime seus juízes seriam inquisidores. A combinação de privilégios e requisitos favorecia e era atraente para mercadores e negociantes, que no exercício comum de sua profissão viajavam comprando e vendendo produtos e entravam em contato com pessoas de costumes e crenças diversas, incluindo comerciantes de origem judaica. A lista de familiares na Paraíba, significativa por sua quantidade, atesta para esse favorecimento: dos 13 listados, 7 são listados como “negociantes”. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALAINHO, Daniela Buono. Agentes da fé: familiares da Inquisição portuguesa no Brasil
Colonial. Bauru: Edusc, 2006. 208p
EYMERICH, Nicolau. Directorium Inquisitorum. Manual dos Inquisidores. Rio de Janeiro:
Rosa dos Tempos, 1993.
MOTT, Luiz. A Inquisição na Paraíba. In: Revista do Instituto de História e Geografia da
TCC - Vanessa Cristina Dasko - Yasmin Goncalves Bittar - A Etica Dos Advogados Dentro Das Redes Sociais, Destacando o TikTok, o Codigo de Etica Da OAB e Provimentos