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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL

 Disciplina: Direito Civil I – Parte Geral

 Aula: 1

 Ementa: Personalidade

 Bibliografia:

1. Parte Geral do Direito Civil

A parte geral do direito civil é dividido em três livros:

I. Pessoas (sujeitos)

I.I Pessoa Natural

I.I.I Personalidade

I.I.II Capaciidade

I.I.III Direitos da Personalidade

I.I.IV Ausência

I.II Pessoa Jurídica

I.III Domicílio

II. Bens (objetos)

III. Fatos Jurídicos (fatos como os sujeitos estão vinculados)

Assim, estudar a parte geral, nada mais é do que estudar uma relação
jurídica. Iremos estudar ponto a ponto seguindo essa ordem.

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2. Personalidade

2.1 Conceito

Após a CF/88, o conceito de personalidade ganha um outro viés. Hoje,


posso com tranquilidade afirmar que personalidade é um conceito que tem, no
direito brasileiro, duas acepções.

A primeira é uma acepção clássica presente no art. 1º do CC. Nessa


acepção, personalidade é a capacidade de adquirir direitos e deveres na ordem
civil. Quem tem essa capacidade é chamado de sujeito de direito, podendo ser
tanto pessoa natural ou pessoa jurídica. Essa acepção é estritamente
patrimonial, estando relacionada com a aquisição de direitos e deveres de
natureza patrimonial. É a chamada personalidade subjetiva ou patrimonial. O
viés é identificar quem pode adquirir direitos e deveres de natureza patrimonial.

Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

A CF/88 muda um pouco o centro gravitacional das relações jurídicas e


dá um outro contorno para o termo personalidade, razão pela qual esse
instituto ganha outra acepção. Personalidade também é o conjunto de atributos
do ser humano. Tais como: nome, corpo, imagem, moral, privacidade,
ancestralidade, etc... Esses atributos estão positivados no CC como direitos de
personalidade. Aqui, a preocupação do legislador não foi disciplinar a aquisição
de direitos patrimoniais, mas sim a tutela das situações jurídicas existenciais.
Essa é uma acepção estritamente extrapatrimonial. A tutela, nesse caso, é dos
atributos do ser humano. É a chamada personalidade objetiva ou formal.

Essa mudança de centro gravitacional faz com que a personalidade


ganhe outra acepção é a chamada despatrimonialização do direito civil. Já caiu
na prova!

Outra pergunta muito comum é: quem pode titularizar direitos da


personalidade? Só pessoa natural? Só pessoa jurídica?

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Na verdade, todas as pessoas naturais podem titularizar direitos da
personalidade. A questão é saber se as pessoas jurídicas podem titularizar
atributos do ser humano. Para responder a essa pergunta analisar o Enunciado
286 do Conselho da Justiça Federal; o art. 52 do CC; e, a súmula 227, STJ.

O Enunciado 286 do Conselho da Justiça Federal diz que a pessoa


jurídica não pode titularizar direitos da personalidade, visto que decorrem da
dignidade humana.

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 286

Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à


pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as
pessoas jurídicas titulares de tais direitos.

O posicionamento da doutrina é de que pessoa jurídica não titulariza


direitos que são do ser humano, direitos da personalidade.

Dá pra entender essa linha de orientação uma vez que tudo relacionado
a pessoa jurídica tem necessariamente um viés econômico e patrimonial,
enquanto os atributos do ser humano tem natureza extrapatrimonial. Porém o
problema está no art 52 do CC que prevê:

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção


dos direitos da personalidade.

Note que o art. 52, em nenhum momento diz que a pessoa jurídica
titulariza direitos da personalidade, mas sim que aplica-se no que couber a
pessoa jurídica a progteção desses direitos. Quando poderemos aplicar? A
doutrina sustenta que é quanto pudermos dar uma pincelada de
patrimonialidade nos atributos do ser humano. Exemplo: PJ pode sofrer dano
moral? Sim, quando houver violção na honra objetiva (relacionada a questões
patrimoniais) como perda de credibilidade no mercado; diminuição de vendas.
Nesse sentido, a súmula 227 vai dizer que:

Súmula 227 - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

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A PJ sofre um dano moral quanto ela tem uma perda patrimonial. Por
exemplo, a pessoa jurídica não tem direito a intimidade. Mas, dando tom
patrimonial à intimidade, chamando-a de sigilo, aí sim possui.

As pessoas jurídicas não podem titularizar direitos da personalidade,


pois tais direitos decorrem da dignidade humana, conforme Enunciado 286,
CJF. No entanto, o art. 52 do CC permite aplicarmos, no que couber, às
pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade, é o que ocorre com
a súmula 227. Em provas discursivas, seguir essa linha de pensamento.

Mas, em provas objetivas temos que tomar cuidado. Nas bancas tem se
afirmado que a PJ pode titularizar direitos da personalidade, porque os
doutrinadores fazem uma construção objetiva do art. 52.

2.2 Início da personalidade

Nós temos três teorias que vão tentar expor e delimitar o início da
personalidade da pessoa natural.

2.2.1 Teoria natalista

A primeira delas é a teoria natalista, que acredita que a personalidade da


pessoa natural tem início com o nascimento com vida. Quando ela diz isso, ela
se refere a personalidade patrimonial ou extrapatrimonial? Ela se refere as
duas! Então a personalidade da pessoa natural tem início, tanto na aquisição
de direitos patrimoniais, quanto extrapatrimoniais, com o nascimento com vida.
Então, nascimento com vida é que permite a aquisão de direitos patrimoniais e
extrapatrimoniais. Os opositores dessa teoria questionam muito a segunda
parte do art. 2º do CC, porque é a teoria natalista que está positivada no art. 2º
do CC:

Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento


com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos
do nascituro.

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Os opositores dizem que o nascituro, embrião no ventre materno, se ele
tem direitos desde o momento da concepção é porque ele já adquiriu a
personalidade, sendo então, pessoa. Os teóricos natalistas respondem de
maneira simples dizendo que o nascituro não tem direitos desde a concepção,
mas sim mera expectativa de direito, outorgando a personalidade apenas com
o nascimento com vida.

Nessa linha de pensamento, posso realizar doações em favor de


nascituro, tanto é que o art. 542 do CC permite isso:

Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo


seu representante legal.

Mas, para a teoria natalista, doação em favor do nascituro, é um negócio


jurídico condicional. Ele existe, é valido, mas só produzirá efeitos se ocorrer um
evento futuro e incerto que é o nascimento com vida.

A teoria natalista é defendida por uma doutrina minoritária.

2.2.2 Teoria concepcionista

Por essa teoria a personalidade da pessoa natural começa desde o


momento da concepção. Essa teoria se volta apenas no que diz respeito a
acepção dos direitos da personalidade. Para essa teoria, a partir da concepção
o nascituro titulariza apenas os direitos da personalidade extrapatrimonial,
sendo que para a aquisição de direitos patrimoniais é necessário o nascimento
com vida.

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Então na acepção de direitos patrimoniais as teorias concepcionista e
natalista são iguais. Na concepcionista também se acredita que no caso da
doação para o nascituro há um negócio jurídico condicional.

A diferença diz respeito apenas na aquisição dos direitos da


personalidade, porque ele adquire desde a concepção, o nascituro pode sofrer
dano moral.

A teoria concepcionista é adotada pela doutrina contemporânea


majoritária, tais como Tartuce e Palblo Stolze. Além disso é a teoria adotada
pelo STJ e STF.

2.2.3 Teoria da personalidade condicionada

Teoria adotada por Fabio Ulhoa, diz que a aquisição de direitos


patrimoniais continua dependendo do nascimento com vida. A grande questão
diz respeito a aquisição de direitos de personalidade que são adquiridos desde
o momento da concepção, desde que venha a nascer com vida. Assim, no que
diz respeito a aquisição dos direitos da personalidade, o nascimento com vida
produz efeitos ex tunc, retroagindo a data da concepção.

Diferente da teoria concepcionista, aqui precisa nascer com vida para


adquirir os direitos da personalidade, é uma condição.

As três teorias já foram cobradas em prova.

2.2.4 Repercussões de se adotar uma ou outra teoria

Primeira observação está na ADPF 54-2 do DF, relatoria de Marco


Aurélio Melo e como requerente Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Saúde. Essa ADPF trata do aborto do feto anencéfalo. Essa ADPF provocou o
supremo para se posicionar na constitucionalidade ou não do abordo de feto. O

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tribunal declara que é inconstitucional a interpretação segunda a qual aborto de
feto anencéfalo é crime, autorizando-o. O STF adotou essa linha com base na
autonomia corporal da mulher e na sua integridade psico-física. Outras
doenças podem recair sobre o nascituro, que não a anencefalia, e o STF tem
decidido a favor do aborto para os casos em que a vida extrauterina é inviável.

O STF consagra a teoria concepcionista, mas não nega os direitos da


personalidade do nascituro, ao autorizar o aborto de má formações ou
anencefalia, mas privilegia o direito da personalidade da mãe. É um conflito
entre dois direitos.

A segunda observação diz respeito ao natimorto que tem uma disciplina


no enunciado n. 1 do CJF:

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 1

A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto


no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome,
imagem e sepultura.

Nesse enunciado n. 1 está consagrada a teoria concepcionista. Os


direitos da personalidade do natimorto foram adquiridos na concepção e
quando ele nasce morto eles são extintos. Mas durante toda a gestação esses
direitos foram concedidos e tutelados e o enunciado n. 1 consagra a teoria
concepcionista.

A terceira observação é a diferença entre nascituro e prole eventual. O


nascituro é um embrião no ventre materno. Enquanto prole eventual é aquele
embrião que ainda não foi concebido. A pergunta que pode surgir sobre isso
diz respeito a possibilidade de testar em favor de prole eventual. Sem
discussão alguma, o art. 1800, §4º do CC:

§ 4º Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não


for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo

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disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros
legítimos.

Assim, a concepção deve ocorrer até dois anos após a morte do


testador. Mas, do art. 1800, §4º, Tartuce faz outra pergunta: é possível
fazermos uma doação em favor de embrião humano criogenizado? Para todas
as teorias a aquisição de direito patrimoniais está condicionada ao nascimento
com vida. Para resolver esse problema, Tartuce utiliza a analogia e sustenta a
extensão do art. 1800, §4º nesse caso, assim, a inserção no útero materno
deve ocorrer em até 2 anos após a realização da doação, que só terá eficacia
com o nascimento com vida.

A quarta observação diz respeito aos alimentos gravídicos que estão


disciplinados na Lei 11.804/08 e resta saber quem titulariza direito aos
alimentos gravídicos? Mãe ou nascituro? Depende da teoria adotada. Se
natalista, o nascituro não titulariza direitos da personalidade e a mãe é a titular.
Se adota a concepcionista, o nascituro já titulariza direitos da personalidade e
assim ele é o titular dos direitos gravídicos. Na opinião dos principais
doutrinadores o titular é o nascituro, principalmente por conta do art. 6º da Lei
11804/08:

Art. 6o Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz


fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da
criança, sopesando as necessidades da parte autora e as
possibilidades da parte ré.

Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos


gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor
do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.

O parágrafo único prevê a conversão, se eles fossem da mãe não


haveria essa previsão, pois não poderia ser do menor, visto que ele nem
integra a relação processual.

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Adotando a teoria concepcionista o art. 6º, § ú ganha sentido, nascendo
com vida, o nascituro vira pessoa e os alimentos convertem em favor dele.

A quinta observação diz respeito ao dano moral de nascituro. O Resp


399028 / São Paulo:

II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte


do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem
influência na fixação do quantum.

O STJ está, nessa decisão consagra a teoria concepcionista. Se o


nascituro sofre dano moral é porque adquiriu direitos da personalidade desde a
concepção. O dano moral é menor pelo fato do nascituro não ter conhecido o
pai.

A última observação diz respeito a ADIN 3510 do DF que foi a proposta


pela Procuradoria Geral da República, de relatoria do Ayres Brito que trabalha
com a questão de pesquisa com células tronco de embriões humanos
criogenizados.

O Enunciado n. 2 do CJF prevê:

2 – Sem prejuízo dos direitos da personalidade nele


assegurados, o art. 2º do Código Civil não é sede adequada para
questões emergentes da reprogenética humana, que deve ser
objeto de um estatuto próprio.

Esse estatuto próprio é a Lei 11.105/05, sendo que o seu art. mais
controverso é o art. 5º:

Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização


de células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos
produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo
procedimento, atendidas as seguintes condições:

I – sejam embriões inviáveis; ou

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II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data
da publicação desta Lei, ou que, já congelados na data da
publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos,
contados a partir da data de congelamento.

A lei autoriza a pesquisa ocm células tronco de embriões humanos. O


STF adota a teoria concepcionista e assim o nascituro já titulariza direitos da
personalidade, assim um dos principais direitos da personalidade é a
integridade psico-física. Se ele titulariza tais direitos, as pesquisas serão
proibidas. Mas a pesquisa com células troco é autorizada pela lei em embriões
in vitro, fora do útero humano; mas esses embriões são nascituros? O STF
autorizou a pesquisa com células tronco criogenizados, assim considerou-os
como não sendo nascituros e, assim, não titularizando direitos da
personalidade. O conceito de nascituro pelo STF é o embrião humano, no útero
materno, em processo de formação de vida.

Caso Sofia Vergara, trazendo para o Brasil, o pai entraria representando


os embriões pleiteando o direito a vida, o direito de nascer. No Brasil, esses
embriões não são nascituros e assim não possuem o direito de “nascer”. Ele
poderia alegar o direito dele em ser pai, mas não um direito dos embriões.

2.3 Extinção da personalidade da pessoa natural

A personalidade é extinta com a morte. Há a morte natural, acidental e a


presumida, sendo que esta é a que interessa aqui.

Temos no CC duas hipóteses de morte presumida:

a) Sem declaração de ausência:

Está prevista no art. 7º do CC:

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de


ausência:

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I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de
vida;

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for


encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos,


somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

Nesses casos é imprescindível uma declaração judicial sobre a morte,


sendo imprescindível a sentença. Essa sentença deve ser registrada no
cartório civil de pessoas naturais. As hipóteses de registro estão elencadas no
art. 9º do CC, enquanto as de averbação estão elencadas no art. 10 do CC.

Art. 9o Serão registrados em registro público:

IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

b) Com declaração de ausência (próxima aula).

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