Sei sulla pagina 1di 104

1

ALEXANDRE PAIVA DAMASCENO

FELICIDADE, POLÍTICAS PÚBLICAS E CHOQUES POSITIVOS DE RENDA:


UMA ABORDAGEM ECONÔMICA

Tese apresentada ao Programa de Pós-


Graduação Stricto Sensu em Economia de
Empresas da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para a
obtenção do Título de Doutor em
Economia.

Orientador: Prof. Dr. Adolfo Sachsida

Brasília

2009
2

D155a Damasceno, Alexandre Paiva


Felicidade, políticas públicas e choques positivos de renda: uma
abordagem econômica / Alexandre Paiva Damasceno, 2009.
104 f.: il.; 30 cm

Tese (doutorado) – Universidade Católica de Brasília, 2009.


Orientação: Adolfo Sachsida

1. Economia - Felicidade. 2. Qualidade de vida – políticas públicas –


Distrito Federal. 3. Renda – Felicidade. I. Sachsida, Adolfo, orient.
III.Título.

CDU 33:17.023.34

Ficha elaborada pela Biblioteca Central da Universidade Católica de Brasília - UCB.


3

Tese de autoria de Alexandre Paiva Damasceno, intitulada “FELICIDADE,


POLÍTICAS PÚBLICAS E CHOQUES POSITIVOS DE RENDA: UMA ABORDAGEM
ECONÔMICA”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em
Economia de Empresas da Universidade Católica de Brasília, em 15/12/2009, defendida e
aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. Dr. Adolfo Sachsida


Orientador
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia - UCB

Prof. Dr. Alexandre Xavier Ywata Carvalho


Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas - IPEA

Prof. Dr. Roberto Ellery


Departamento de Economia da Universidade de Brasília - UNB

Prof. Dr. Rogério Boueri Miranda


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia - UCB

Prof. Dr. Tito Belchior S. Moreira


Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia - UCB

Brasília
2009
4

Para minhas filhas - motivos de minhas mais


profundas alegrias e felicidade - e para minha
mulher - tão amada, admirada e respeitada por
nós -, por todo o amor, carinho e cuidado que
dedica à construção e manutenção do nosso
maior bem: uma família unida, sólida e feliz.
5

AGRADECIMENTOS

A conclusão desta Tese de Doutorado marca o fechamento de mais uma importante


etapa de meu crescimento profissional e acadêmico, que não poderia ter sido alcançada sem a
orientação, colaboração e compreensão de meus ilustres professores, colegas de curso e
familiares. Vencido um período de trabalho tão intenso, mais do que comemorar essa
conquista, faz-se necessário o reconhecimento de todo o apoio recebido, o que me leva a
externar sinceros agradecimentos a todos os que contribuíram, de modo direto ou indireto,
para que os objetivos deste trabalho fossem atingido.

Minha gratidão a Deus, por tantas bênçãos e graças recebidas ao longo da vida, e, de
modo especial, neste ano – em que sua presença se fez ainda mais evidente na superação de
problema de saúde de extrema gravidade enfrentado em minha família.

Meus agradecimentos a minhas filhas, minha mulher, meus pais, irmãos, sobrinho e
demais familiares, que, com seu carinho, atenção e compreensão, me deram a força necessária
à superação das dificuldades associadas ao cumprimento de um desafio pessoal deste porte.

Agradecimentos sinceros ao meu orientador, Prof. Dr. Adolfo Sachsida, mestre de


incontestáveis competência, seriedade, dedicação e compromisso, sem o quê jamais teria sido
possível - em tão curto espaço de tempo e com tão significativos resultados - desenvolver a
investigação que deu origem a esta Tese.

Aos demais ilustres Professores do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em


Economia de Empresas da Universidade Católica de Brasília e aos Professores do Programa
de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da mesma IES, por
todos os ensinamentos, trocas de experiências e incentivos que deles recebi.

A todos os colegas de turma, de modo especial à amiga Cynthia Alexandra, pela


convivência amiga, enriquecedora e produtiva que tivemos ao longo de tantos semestres.

Enfim, agradeço a todos junto a quem contraí dívidas de gratidão ao longo deste
processo – e que aqui não foram lembrados por omissão absolutamente involuntária.
6

“Para a nossa avareza, o muito é pouco; para


a nossa necessidade, o pouco é muito.”

Sêneca
7

RESUMO

Referência: DAMASCENO, Alexandre, P. Felicidade, Políticas Públicas e Choques


Positivos de Renda: uma abordagem econômica. 2009. 114 páginas. Tese de Doutorado
apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Economia de Empresas da
Universidade Católica de Brasília, Brasília – DF, 2009.

Por representar o próprio objetivo da vida para a maioria das pessoas, a felicidade representa
um dos objetos de maior interesse para a humanidade. Nos últimos anos, muitas ciências tem
se dedicado a seu estudo, procurando identificar os elementos subjetivos determinantes do
menor ou maior grau de felicidade das pessoas, medir sua real influência sobre a felicidade
humana, conhecer a forma como os mesmos se correlacionam e os impactos que podem
causar sobre a vida de cada um. No caso da economia, o grande número de pesquisas
associadas à felicidade, desenvolvidas na última década, gerou o crescimento da literatura e
dos bancos de dados disponíveis associados à satisfação e felicidade dos indivíduos,
ampliando as fronteiras do conhecimento na área. Muitos avanços já ocorreram e muitos
resultados importantes foram obtidos, entretanto, muito ainda precisa ser feito para preencher
as grandes lacunas ainda existentes nessa área, especialmente porque, na maioria dos países,
nenhum esforço significativo vem sendo feito nesse sentido. Nesse contexto, este trabalho foi
elaborado com fim específico de desenvolver um estudo no âmbito do Distrito Federal, tendo
como objeto central de pesquisa o nível de felicidade declarado pelas pessoas entrevistadas,
que foi avaliado sob a luz das diversas variáveis levantadas. Para tanto, foram aplicados
questionários junto a 1.521 pessoas, entre os dias 31/08/2009 e 28/10/2009, gerando uma base
de dados atual, ampla e consistente, capaz de viabilizar diversos estudos científicos sobre a
felicidade no âmbito do Distrito Federal. Ao longo do trabalho foi avaliada, de modo especial,
a hipótese de os relacionamentos pessoais de cada indivíduo, associados a seu número de
relações e parceiros sexuais, possuírem correlação importante com seu nível felicidade, tendo
sido analisada também, com a mesma profundidade, a possibilidade de poder haver
significativa influência de choques positivos de renda sobre os mesmos elementos. Por
acreditar-se que o desenvolvimento de pesquisas dessa natureza é lastro essencial para que
possam ser definidos e tomados caminhos mais eficientes e seguros para que se chegue à
melhoria do nível de felicidade das pessoas – função primordial das políticas públicas a serem
implementadas pelos governos, espera-se que os resultados gerados por esta pesquisa sejam
amplamente divulgados e utilizados, para que possam representar um dos primeiros passos em
direção ao aumento da qualidade de vida de cada uma das pessoas que buscam essa conquista.

Palavras-chave: Felicidade. Políticas Públicas. Choques Positivos de Renda.


8

ABSTRACT

Reference: DAMASCENO, Alexandre P. Happiness, Public Policies and Positive Income


Shocks: an economic approach. 2009. 114 pages. PhD thesis presented to the Post-graduate
programs in economics from the Catholic University of Brasilia, Brasilia - DF - Brazil, 2009.

Happiness is one of the greatest interest objects to humanity and represents the main purpose
of life for most people. In recent years, many sciences have studied this subject by identifying
the subjective elements that determine people’s happiness degree, as an attempt to know how
they interrelate, to identify their influence on happiness and to measure the possible impacts
over human being lives. A large number of researches exploring the link between happiness
and economy has been developed in the last decade, resulting in the growth of literature and
available databases associated with satisfaction and happiness of individuals, expanding the
frontiers of knowledge in the area. Important results were obtained and great progress has
been made, however, much remains to be done to fill the large gaps that still exist in this area,
since no significant effort has being made accordingly in most countries. Therefore, the
purpose of this work is to develop a study in the Federal District of Brazil, having the people
happiness level as the survey central object, assessed in light of the different studied variables.
To make this possible, 1521 questionnaires were applied between 08-31-2009 and 10-28-
2009, generating a current and wide database, capable of supporting several other scientific
studies on happiness in the Federal District. The study focused mainly on the personal
relationships, the number of sexual relations, the number of sexual partners and on the
influence of positive income shocks on happiness. We believe that the development of
researches like this is essential for the definition of more efficient and safe ways to reach the
improvement of people's happiness - primary role of public policies to be implemented by
governments. We expect that the results generated by this research can be widely
disseminated and used so that they can represent a first step towards improving the quality of
life of each person seeking happiness.

Keywords: happiness. public policies. positive income shocks.


9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estatísticas descritivas .............................................................................58


Tabela 2 - Nível de felicidade dos entrevistados .......................................................59
Tabela 2A – Significado de felicidade .......................................................................60
Tabela 2B – Prazer a partir do fracasso dos outros ..................................................60
Tabela 3 - Renda e felicidade....................................................................................61
Tabela 4 - Felicidade e duração da jornada semanal de trabalho.............................62
Tabela 5 - Felicidade e proteção pelas leis trabalhistas............................................63
Tabela 6 - Nível de felicidade e características do empregador................................64
Tabela 7 - Felicidade e idade com que se começa a trabalhar .................................64
Tabela 8 - Felicidade e gênero..................................................................................65
Tabela 9 - Felicidade e raça ......................................................................................65
Tabela 10 - Felicidade e estado civil .........................................................................66
Tabela 11 - Felicidade e filhos...................................................................................66
Tabela 12 - Felicidade e nível de escolaridade .........................................................67
Tabela 13 - Felicidade e religiosidade.......................................................................67
Tabela 14 - Felicidade e frequência sexual...............................................................68
Tabela 15 - Felicidade e número de parceiros sexuais nos últimos 12 meses .........68
Tabela 16 - Felicidade e idade ..................................................................................69
Tabela 17 - Pessoas que permaneceriam com o mesmo parceiro ...........................69
Tabela 18 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por gênero ............................70
Tabela 19 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por estado civil......................70
Tabela 20 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por renda ..............................71
Tabela 21 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por escolaridade ...................72
Tabela 22 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por nível de felicidade...........72
Tabela 23 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por religiosidade ...................73
Tabela 24 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por frequência sexual ...........73
Tabela 25 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por número de parceiros.......74
Tabela 26 - Frequência sexual semanal ...................................................................75
Tabela 27 - Frequência sexual dos homens .............................................................75
Tabela 28 - Frequência sexual das mulheres............................................................76
Tabela 29 - Frequência sexual por faixa etária .........................................................76
Tabela 30 - Frequência sexual por faixa de renda mensal........................................77
10

Tabela 31 - Frequência sexual dos casados e solteiros............................................77


Tabela 32 - Frequência sexual e escolaridade..........................................................78
Tabela 33 - Número de parceiros nos últimos 12 meses ..........................................78
Tabela 34 - Número de parceiros sexuais por gênero e estado civil.........................79
Tabela 35 - Número de parceiros por faixa etária e renda ........................................80
Tabela 36 - Número de parceiros sexuais e escolaridade ........................................80
Tabela 37 - Regressões por MQO para a Variável Dependente Felicidade* ............82
Tabela 38 - Regressões por Logit Ordenado p/a Variável Dependente Felicidade* .84
Tabela 39 - Regressões por Logit Ordenado p/a VD Felicidade* - por faixa etária ...86
Tabela 40 - Regressões por Logit Ordenado p/a VD Felicidade* - por escolaridade 88
11

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................13
2 REVISÃO DA TEORIA...........................................................................................19
2.1 O ESTUDO DA FELICIDADE..............................................................................19
2.1.1 Como entender o conceito de felicidade ..........................................................19
2.1.2 Dimensões e percepção da felicidade..............................................................21
2.2 A FELICIDADE NO CONTEXTO DA ECONOMIA ..............................................22
2.2.1 A evolução dos estudos da felicidade no âmbito da economia ........................22
2.2.2 O direcionamento das pesquisas na área ........................................................23
2.3 A ECONOMIA CONTEMPORÂNEA E O ESTUDO DA FELICIDADE ................25
2.3.1 A inversão da tendência dos estudos econômicos...........................................26
2.3.2 A economia e a ampliação das pesquisas associadas à felicidade .................28
2.3.3 O efeito da renda e a nova visão das pesquisas econômicas..........................30
2.3.4 Importância e contribuição dos estudos na área ..............................................33
2.4 O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS VOLTADAS À FELICIDADE............34
2.4.1 A abordagem subjetiva como mecanismo de levantamento de dados.............34
2.4.2 Dificuldades encontradas na realização das investigações..............................38
2.4.3 A percepção da felicidade sob a ótica econômica............................................41
2.4.4 As políticas públicas e o estudo da felicidade ..................................................43
2.4.5 Progressos verificados e resultados obtidos pelos estudos da área ................44
3 PARTICULARIDADES, MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................47
3.1 A COLETA DE DADOS REALIZADA ..................................................................47
3.2 DETALHAMENTO DO QUESTIONÁRIO APLICADO .........................................50
3.2.1 Dados profissionais – primeiro bloco................................................................50
3.2.2 Dados pessoais – segundo bloco.....................................................................52
3.2.3 Questões a responder de próprio punho – terceiro bloco.................................55
4 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE
RESULTADOS..........................................................................................................57
4.1 RESULTADOS REFERENTES À FELICIDADE..................................................57
4.2 RESULTADOS REFERENTES À MEGA-SENA .................................................69
4.3 RESULTADOS REFERENTES À FREQUÊNCIA SEXUAL ................................74
4.4 RESULTADOS REFERENTES AO NÚMERO DE PARCEIROS ........................78
5 RESULTADOS ECONOMÉTRICOS PARA FELICIDADE ....................................81
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................89
12

REFERÊNCIAS.......................................................................................................102
APÊNDICE – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS ........................................104
13

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história a felicidade vem sendo um dos objetos de maior


interesse para a humanidade. Sua busca representa, para a maioria das pessoas, o
próprio objetivo da vida, despertando, por força da enorme influência que o tema
causa ao longo da existência da maior parte dos indivíduos, o interesse de diversas
áreas da ciência – fazendo com que pesquisadores do mundo inteiro se debrucem
de modo continuado sobre o assunto.

Apesar de a psicologia reunir as principais iniciativas voltadas ao estudo da


felicidade, outras ciências, em maior ou menor grau, têm igualmente se preocupado
com o tema - na tentativa de melhor compreender os mecanismos envolvidos em
sua busca e manutenção.

No caso particular da economia, é importante notar que, ao longo do tempo, a


felicidade teve, alternadamente, momentos de maior e de menor importância - desde
a economia neoclássica até os dias de hoje.

Tendo apresentado, inicialmente, viés que apontava a importância do estudo


dos fatores mais subjetivos da vida das pessoas, no segundo quarto do século XX
verificou-se nessa área uma tendência de abandono a esse tipo de abordagem –
passando-se a trabalhar prioritariamente com base na observação de fatores mais
objetivos (como a preferência dos indivíduos e seus mecanismos de escolha)
durante o desenvolvimento de pesquisas econômicas de diversas naturezas.

Esse direcionamento, tomado ao longo da década de 1930, trouxe consigo


ganhos muito importantes, entre os quais um grande aumento no volume de
investigações científicas e significativa melhoria na metodologia utilizada nas
pesquisas da área, entretanto, por deixar de lado fatores subjetivos associados aos
sentimentos dos indivíduos, desconsiderando as influências que os aspectos
14

econômicos traziam para suas vidas interiores, o emprego de tanta objetividade


passou a ser questionado fortemente no meio acadêmico.

A despeito da significativa evolução observada no período em tela, estudos


científicos realizados no último quarto do século XX comprovaram que, apesar do
ambiente de significativo crescimento econômico iniciado na década de 1970,
verificado em quase todos os países do mundo (que teve como consequência direta
a melhoria das condições econômicas das pessoas), observava-se, com grande
frequência, o aumento de indicadores como tristeza e depressão. Ao mesmo tempo,
observou-se que também se reforçava a importância dos relacionamentos
interpessoais e de outras variáveis de natureza mais subjetiva, ficando evidenciada,
assim, a necessidade de nova inversão na tendência dos estudos econômicos
desenvolvidos.

Deve-se lembrar, por oportuno, que a constatação da importância de


novamente se “humanizar” a abordagem dada aos estudos econômicos derivou-se
principalmente do ambiente de grandes mudanças enfrentado a partir da segunda
metade da década de 1960, quando foram registradas não apenas mudanças
importantes nos indicadores econômicos da maioria dos países, mas principalmente
significativas alterações no comportamento individual e social das pessoas.

Dessa forma, ao longo da década de 1970, a maneira como os estudos


econômicos vinham sendo desenvolvidos sofreu ajustes, tendo passado a admitir a
necessidade de retomar a observação atenta de aspectos de natureza subjetiva -
capazes de identificar de que modo e com que profundidade as variáveis envolvidas
impactam a vida das pessoas em seus aspectos mais emocionais.

Trazendo essa análise para o presente, considerando que as mudanças


anteriormente referenciadas tendem a se tornar a cada dia mais frequentes, rápidas
e profundas, acredita-se que a vida das pessoas será continuamente exposta a um
crescente número de fatores – cada vez menos sujeitos a seu próprio controle. Por
esse motivo, levando em conta que o dia-a-dia dos indivíduos sempre será afetado
por esse ambiente, em constante mutação, impõe-se fortemente a necessidade de
melhor conhecer as variáveis e cenários aí envolvidos – o que só pode ser
alcançado a partir da realização de estudos específicos nessa área.
15

Justificam-se assim, sobejamente, novas investigações voltadas à felicidade


humana, uma vez que maior e mais profundo conhecimento acerca desse universo
pode vir a representar um dos primeiros passos na direção da melhoria da qualidade
de vida das populações. Deve-se levar em conta, na oportunidade, que trabalhos
desenvolvidos com esse objetivo podem vir a apontar caminhos mais eficientes e
seguros, até então pouco explorados ou não conhecidos, para que se chegue à
melhoria do nível de felicidade das pessoas.

Quando se trata de avaliar a viabilidade da realização de estudos dessa


natureza, não se pode deixar de alertar para o fato de que existem diversas
dificuldades associadas ao cumprimento dos mesmos, tanto no que se refere à
disponibilidade de dados quanto no que diz respeito a sua fidedignidade. Note-se
que as dificuldades de ambas as naturezas podem vir a gerar importantes vieses
nos estudos a serem desenvolvidos, entretanto, esse problema tende a ser minorado
ou eliminado com o aumento da quantidade e melhoria da qualidade das
observações realizadas, ou seja, aumentando o volume de dados disponíveis –
providência ao alcance dos pesquisadores.

Na esteira da necessidade de ampliar as pesquisas nessa área assenta-se


esta investigação. Tendo sido elaborado com fim específico de desenvolver um
estudo associado ao Distrito Federal, este trabalho tem como objeto central de
pesquisa o nível de felicidade declarado pelas pessoas entrevistadas, que foi
avaliado sob a luz das diversas variáveis levantadas com o objetivo de se identificar
os possíveis determinantes desse grau informado e a forma como as mesmas se
correlacionam.

A importância da realização desta pesquisa, voltada para o estudo dos


aspectos de natureza social e emocional associados à felicidade – no âmbito do
Distrito Federal - foi reforçada, entre outros motivos, pela total ausência de estudos
realizados nessa área na respectiva unidade da Federação.

É importante notar, entretanto, que a inexistência de dados anteriormente


coletados com esse propósito, tampouco a disponibilidade de dados de outras
naturezas que pudessem ser utilizados – mesmo que precariamente – para a
realização desse tipo de estudo, fez-se necessário estruturar uma base de dados
específica para a investigação.
16

No que se refere aos dados ora referenciados, deve-se lembrar que tratam-
se de dados de natureza subjetiva que, quando associados aos dados de natureza
mais subjetiva (também levantados durante este trabalho), podem, com maior
profundidade e precisão, apontar os efetivos pesos e impactos de cada uma das
variáveis estudadas na vida das pessoas, trazendo a importante abertura de uma
nova fronteira para essa área do conhecimento na região estudada.

Assim, um dos pressupostos assumidos durante planejamento deste trabalho,


por tratar-se de condição essencial à sua realização, foi a imperiosa necessidade de
criar uma base de dados atual, ampla e consistente, capaz de viabilizar estudos
científicos sobre a felicidade no âmbito do DF.

A pesquisa ocupou-se, então, necessariamente, da aplicação de


questionários junto a 1.521 (um mil, quinhentas e vinte e uma) pessoas, entre os
dias 31/08/2009 e 28/10/2009, coletando diversos dados acerca dos indivíduos
entrevistados, tais como jornada de trabalho, renda, sexo, raça, estado civil, idade,
número de filhos, região onde mora, escolaridade, hábitos pessoais, conceitos
associados à felicidade, nível declarado de felicidade, possíveis reações acerca de
práticas ilegais verificadas com grande frequência nos países em desenvolvimento,
possível reação sob um significativo choque positivo de renda e comportamento
sexual, entre outros.

A partir da disponibilização da base de dados referenciada, necessária à


investigação pretendida, tornou-se viável a etapa associada ao estudo dos dados
propriamente dito. A esse respeito deve-se observar que, dentre as diversas
análises efetuadas, a possibilidade de os relacionamentos pessoais, o número de
parceiros sexuais no último ano e a atividade sexual de cada indivíduo possuírem
correlação importante com seu nível felicidade foi avaliada de modo particularmente
profundo, tendo sido avaliada, com igual rigor, a possibilidade de haver significativa
influência de choques positivos de renda sobre esses mesmos relacionamentos –
notadamente no que se refere à lealdade entre os parceiros.

Dentre todas as análises realizadas ao longo do trabalho, deve-se notar que


os aspectos vinculados aos relacionamentos pessoais, ao número de parceiros
sexuais tidos nos últimos doze meses, à frequência sexual semanal dos indivíduos e
aos choques positivos de renda, de modo associado, trazem, em especial,
significativa contribuição à ciência, uma vez que não encontrou-se, em nenhuma
17

parte do mundo, qualquer registro de outros estudos que tenham tentado identificar
alguma correlação entre esses elementos – atualmente tão presentes na vida e na
mente das pessoas.

Abordando ainda a contribuição a ser dada por esta investigação, deve-se


notar que, apesar de ter como pano de fundo a identificação dos principais fatores
determinantes do grau de felicidade dos habitantes do Distrito Federal, dirigindo foco
especial para alguns dos dados levantados junto aos entrevistados, este trabalho
também tem, como objetivo complementar, disponibilizar uma base de
conhecimentos sobre os quais possam ser assentadas políticas públicas capazes de
ir ao encontro da necessidade de aumentar a felicidade das pessoas, ficando
apontados, também, às instituições privadas, sinalizadores de possíveis caminhos
para facilitar a conquista e manutenção de clientes.

Sobre os indicadores que poderão servir de base para a definição de políticas


públicas a serem adotadas, faz-se necessário destacar que conhecer os caminhos
certos não implica necessariamente a solução dos problemas que levam as
populações a um menor nível de felicidade, uma vez que a adoção de um deles
exigirá de todos, pessoas e instituições, quer sejam públicas ou privadas, um
conjunto de novas posturas e atitudes, tanto no que se refere à disposição para
investir de modo continuado em pesquisas na área quanto no que diz respeito aos
esforços necessários à implementação das medidas voltadas ao aumento das
possibilidades de se obter, de modo isolado ou coletivo, o desejado aumento do
nível de felicidade.

Assim, este trabalho, voltado ao estudo da felicidade humana, que tem como
foco o levantamento e análise de dados, tanto individuais quanto coletivos,
vinculados a aspectos sociais e econômicos (natureza objetiva) e a aspectos
afetivos e emocionais (natureza subjetiva), chega, de modo natural, à reflexão sobre
a possibilidade e importância de se ajustar as políticas públicas desenvolvidas no
país – de modo que possam contribuir fortemente na busca da ampliação do bem-
estar dos indivíduos. Para tanto, sua apresentação, materializada por meio deste
documento, é feita por meio de outros cinco capítulos, que dão seguimento a este
primeiro – que se incumbe de sua introdução.

Apresentado imediatamente após a Introdução, o segundo capítulo


corresponde à revisão da teoria, enquanto o terceiro apresenta as particularidades
18

da pesquisa, bem como os materiais e métodos utilizados durante a investigação. O


quarto capítulo é responsável pela exposição das estatísticas descritivas –
apresentação e discussão de resultados obtidos. O quinto capítulo, por sua vez,
apresenta os resultados econométricos obtidos, sendo o sexto capítulo responsável
pela conclusão do trabalho.
19

2 REVISÃO DA TEORIA

2.1 O ESTUDO DA FELICIDADE

A felicidade sempre foi objeto de grande interesse para a humanidade, sendo


vista como o objetivo central da vida para a maioria das pessoas. Este pensamento
é corroborado por Frey e Stutzer (2000), quando afirmam que a felicidade é, de
modo generalizado, o objetivo central da vida, pois todas as pessoas, de uma
maneira ou de outra, gostariam de ser felizes.

Para Shikida e Rodrigues (2004), segundo a filosofia clássica, o conceito de


felicidade nasceu na Grécia antiga, onde Tales considerava felizes as pessoas que
fossem fisicamente fortes e sadias – e que também tivessem alma evoluída e de
sucesso.

Assim, da Grécia antiga até os dias de hoje, estudiosos do mundo inteiro, em


diversas áreas do conhecimento, vêm continuamente se debruçando sobre o tema,
na tentativa de melhor compreender os mecanismos envolvidos na busca e
manutenção desse “estado de espírito”.

2.1.1 Como entender o conceito de felicidade

Abordar a felicidade, especialmente em um estudo de natureza científica, por


força da complexidade que o próprio entendimento do termo pode trazer, não é
tarefa das mais simples. Para Corbi e Menezes-filho (2006), “o termo felicidade pode
ser associado a muitos conceitos e noções”. Esse fato torna o objetivo de especificá-
20

lo de forma consistente e abrangente uma tarefa muito difícil de ser cumprida com
êxito.

A despeito das dificuldades intrínsecas a essa tarefa, faz-se necessário


definir, de algum modo, os possíveis entendimentos para o vocábulo, de modo que
sua compreensão não fuja ao contexto definido no âmbito desta pesquisa. Com esse
objetivo, pode-se recorrer a Blanchflower e Oswald (2002), que abordam a felicidade
como o grau com o qual cada indivíduo classifica sua própria vida - no que se refere
a ela ser “mais” ou “menos” favorável àquilo que ele gostaria de estar vivendo.

Complementarmente, Blanchflower e Oswald (2004), assumem como


definição objetiva de felicidade o grau com que cada indivíduo julga a qualidade de
sua vida - de modo amplo. Vale destacar, na oportunidade, que o termo “amplo” se
refere a não se fixar, durante esse julgamento, em um ou outro aspecto particular da
vida do indivíduo, mas na sua avaliação global.

Caminhando na mesma direção, Corbi e Menezes-filho (2006), declaram que


uma das formas de compreender o termo felicidade, para efeitos de estudos
científicos desta natureza, é não associá-lo a eventos específicos da vida, atribuindo
ao mesmo um valor global relacionado à existência de cada pessoa.

Dessa forma, tomando-se como base os conceitos definidos acima, fica


evidenciado o modo pelo qual o termo felicidade deve ser entendido ao longo deste
trabalho, entretanto, faz-se necessário, ainda, esclarecer uma aproximação de idéias
importantíssima quando se trata do estudo da felicidade humana. Trata-se da
associação direta entre felicidade, satisfação e bem-estar.

Para tanto, pode-se recorrer a Haybron (2006), para quem a satisfação com a
vida é fortemente considerada um aspecto central do bem-estar da humanidade,
devendo-se notar que, para muitos, esses conceitos estão intimamente ligados ao
conceito de felicidade. Ainda nesse contexto, para o mesmo autor, a satisfação com
a vida é frequentemente identificada com a felicidade – e universalmente costuma-se
ver seus valores como comparáveis.
21

2.1.2 Dimensões e percepção da felicidade

Dado o entendimento necessário à compreensão do termo felicidade, torna-se


essencial o conhecimento das dimensões a partir das quais esse vocábulo precisa
ser observado e avaliado - sob a ótica da economia. Trata-se das dimensões
objetivas e subjetivas, que, olhadas conjuntamente, permitem entendimento mais
amplo do assunto abordado.

A dimensão objetiva da felicidade repousa nos fatores que, apesar de


poderem ser declarados pelos próprios indivíduos sob investigação, também podem
ser observados e aferidos por “alguém de fora”, ou seja, pelos observadores. São
fatores de mais fácil verificação, geralmente atrelados a escalas numéricas cujos
valores são de imediata atribuição, tais como renda individual, renda per capita,
condições de habitação e jornada de trabalho, entre outras.

Para Corbi e Menezes-filho (2006), a dimensão objetiva da felicidade pode ser


apurada de forma pública, a partir da observação e tomada de medidas externas,
podendo, assim, ser refletida por meio de indicadores numéricos.

Por outro lado, a dimensão subjetiva da felicidade reflete as percepções


internas de cada indivíduo sobre determinados itens, que somente podem ser
coletadas, de modo mais legítimo, a partir das declarações feitas pelos mesmos.
Entre esses itens se encontram o nível de satisfação com suas próprias vidas, sua
identificação com o tipo de atividade profissional que desenvolvem e sua avaliação
quanto ao nível de felicidade experimentado por eles próprios, entre outros.

Observe-se que, para Corbi e Menezes-filho (2006), a dimensão subjetiva da


felicidade é função da experiência de cada indivíduo, correspondendo aos juízos
feitos por ele próprio acerca da vida que tem levado.

Pelo exposto, observa-se claramente que o nível de felicidade dos indivíduos


depende de fatores distintos – que podem ser percebidos de maneiras diferentes.
Essa percepção, por sua vez, depende das circunstâncias às quais a pessoa está
submetida.
22

Para reforçar esse entendimento, pode-se recorrer a Michalos (2007), para


quem a qualidade de vida ou bem-estar de um indivíduo - ou comunidade - é uma
função das atuais condições de sua vida e o que a pessoa - ou comunidade -
consegue fazer a partir dessas mesmas condições. Isso mostra, na verdade, que a
forma como são percebidas as condições a que alguém está submetido é mais
importante do que a situação objetiva propriamente dita.

2.2 A FELICIDADE NO CONTEXTO DA ECONOMIA

Apesar de as principais iniciativas voltadas ao estudo da felicidade em sua


maioria estarem na área da psicologia, outras ciências, entre as quais a economia,
também têm se preocupado com esse tema, em maior ou menor grau, notadamente
ao longo dos últimos anos.

2.2.1 A evolução dos estudos da felicidade no âmbito da economia

No caso particular das Ciências Econômicas, é importante destacar que um


olhar sobre a economia neoclássica comprova, de modo incontestável, o fato de
que, logo em seus primeiros passos, a economia abordou a questão da felicidade
humana. A fase de vida desta ciência, ora referenciada, incluía diversos elementos
subjetivos em seu campo de estudo - merecendo destaque a felicidade dos
indivíduos e sua satisfação com a própria vida.

A despeito de, inicialmente, a economia ter apresentado viés que apontava a


importância do estudo dos fatores mais subjetivos envolvidos na vida das pessoas,
os pesquisadores da área, a partir da década de 30 do século XX, revelaram, no que
23

se refere às análises econômicas, de modo mais amplo, uma tendência de


abandono a esse tipo de abordagem, passando a trabalhar prioritariamente com
base na observação de fatores mais objetivos, como a preferência dos indivíduos e
seus mecanismos de escolha.

Foi exatamente esse direcionamento, dado às investigações realizadas no


âmbito das Ciências Economias na primeira metade do século XX, o elemento que
permitiu uma inquestionável evolução nas metodologias utilizadas nos estudos desta
área. Os ganhos científicos nessa etapa foram inquestionáveis – notadamente por
força do grande volume de pesquisas viabilizadas pela maior objetividade com que
os estudos eram realizados.

Para Frey e Stutzer (2000), a fase mais objetiva da economia baseou-se


principalmente nas escolhas feitas pelos indivíduos, apoiando-se no fato de a
utilidade para cada pessoa depender principalmente de bens e serviços tangíveis –
influenciados diretamente pela renda.

Deve-se destacar, entretanto, que por deixar de lado os porquês de cada um


dos fenômenos/eventos investigados, e dos sentimentos ou posições particulares
dos indivíduos, essa estratégia trazia, em contrapartida, o que para alguns
representava importantes perdas qualitativas.

2.2.2 O direcionamento das pesquisas na área

Ao longo da maior parte do século passado, acreditava-se que o aumento do


consumo, viabilizado pelo crescimento da renda, seria necessário e suficiente para
assegurar maior grau de satisfação dos indivíduos - em quaisquer circunstâncias. A
despeito disso, os questionamentos acerca da excessiva objetividade dos estudos
econômicos desenvolvidos à época geraram um clima propício à realização de
algumas pesquisas voltadas ao questionamento dessa visão - aproveitando o
24

ambiente de significativo crescimento econômico verificado a partir da década de


1970 em quase todos os países do mundo.

Durante esse esforço investigativo, mostrou-se que, apesar da melhoria das


condições econômicas das pessoas, observava-se, com grande frequência, o
aumento de indicadores como tristeza e depressão – ao mesmo tempo em que era
reforçada pelas mesmas a importância dos relacionamentos interpessoais e de
outras variáveis de natureza mais subjetiva. É importante observar, na oportunidade,
que essa realidade não se verificava em períodos anteriores.

Graham (2005) reforça essas afirmações, declarando que as pequenas (ou


nenhuma) variações verificadas no nível de felicidade ante um aumento do nível de
renda foram estudadas inicialmente por Richard Easterlin, que, na década de 1970,
constatou que, em diversos países, há uma grande coincidência entre as formas
com as quais as pessoas gastam a maior parte de seu tempo, qual seja, trabalhar
para garantir o sustento de suas famílias. Easterlin observou, também que o
aumento de felicidade declarado pelas pessoas não cresce necessariamente
quando há uma variação positiva de renda. Esse efeito ficou conhecido como
“Easterlin paradox”.

Buscando melhor entendimento para esse conceito, pode-se recorre a Di


Tella e MacCulloch (2005), para quem o Easterlin paradox se refere ao fato da
felicidade se manter inalterada a despeito de um aumento de renda, o que, para
esses autores, desmonta a teoria de que a renda dos indivíduos é a única variável
da função utilidade.

Reforçando esse entendimento, Clark, Frijters e Shields (2008), afirmam que


o fato de o nível de felicidade estar se mantendo constante apesar do crescimento
da renda per capita é explicado pelo fato da renda possuir influência limitada na vida
das pessoas.

Já para Drakopoulos (2005), o paradoxo que registra o não crescimento da


felicidade a despeito de um crescimento na renda tem como uma das possíveis
explicações o conceito da hierarquia das necessidades. Essa teoria defende que,
logo após a satisfação das necessidades primárias, as necessidades secundárias
ganham espaço na vida das pessoas. Isso explicaria a perda da capacidade de o
25

aumento de renda gerar maior nível de felicidade a partir de camadas sociais que
ultrapassam determinada faixa de renda.

Acerca dessa discussão, é importante observar que os debates não ficaram


restritos aos pesquisadores da área econômica. Como afirmam Di Tella e
MacCulloch (2005), um significativo número de observadores sociais apontou um
grande crescimento da renda nas democracias industriais ao longo do século
passado, sem que se verificasse o correspondente crescimento do nível de
felicidade das pessoas – como poderia ser esperado.

A realidade visualizada, bastante distinta do que se imaginava à época,


mostrou claramente que não mais se poderia esperar que o nível de satisfação dos
indivíduos, acerca de suas próprias vidas, variasse somente com a renda individual
ou familiar.

Dessa forma, concluiu-se ser de grande importância que o estudo dos fatores
de natureza econômica relacionados à vida das pessoas passasse a ocorrer de
modo distinto daquele por meio do qual vinha se desenvolvendo, ou seja, não mais
sob a ótica dos números – de modo exclusivo. Ficava reforçada, assim, a
necessidade de ajuste nessa forma de desenvolver pesquisas na área.

2.3 A ECONOMIA CONTEMPORÂNEA E O ESTUDO DA FELICIDADE

Do mesmo modo como qualquer outra ciência modifica seus métodos,


técnicas e processos, sempre em busca da evolução, por força da nova realidade
percebida a partir dos anos 1970, a maneira como os estudiosos das Ciências
Econômicas vinham desenvolvendo pesquisas também passou por um significativo
processo de ajustes.
26

2.3.1 A inversão da tendência dos estudos econômicos

Pelo fato de a perspectiva anteriormente adotada (até o início da década de


1970) pelos estudos econômicos parecer, para alguns pesquisadores, uma
simplificação excessiva da realidade, passou-se a admitir a necessidade de retomar,
em estudos de natureza econômica, a observação mais profunda de aspectos de
natureza mais subjetiva, capazes de identificar de que modo e com que
profundidade todas essas variáveis impactavam a vida o indivíduo – em seus
aspectos mais emocionais.

Essa tendência materializou-se, na prática, já na década de 1970 (embora de


modo inicialmente incipiente), marcando, de modo definitivo, o reinício das
pesquisas empíricas acerca da felicidade humana no âmbito das Ciências
Econômicas.

Nesse contexto, parece natural que se procure identificar, com maior


profundidade, o porquê de ter se voltado a enfatizar o estudo das posições e
reações particulares dos indivíduos – tendência abandonada desde a primeira
metade do século XX. Surge, assim, a natural reflexão acerca do que poderia ter
ocorrido (ou estar ocorrendo) de excepcional nas últimas três ou quatro décadas, a
ponto de fazer ressurgir nos pesquisadores, notadamente da área econômica, o
interesse por esse tipo de abordagem.

Para que se possa identificar, com maior precisão, os motivos a partir dos
quais se deu a renovação dessa motivação, faz-se necessária uma pausada
reflexão sobre as grandes mudanças, de diversas naturezas, ocorridas nas últimas
décadas - e suas conseqüências sobre a sociedade contemporânea. Isso se torna
importante especialmente porque parte dos paradigmas existentes no início dos
anos 1970, que poderiam justificar alguns comportamentos nessa área, foram
derrubados – fazendo-se necessário consolidar as novas bases teóricas voltadas ao
estudo da felicidade.
27

Fatores como o aumento da expectativa de vida da população humana, as


mudanças no comportamento individual, as inovações nos arranjos sociais, o
acelerado progresso da ciência, o rápido desenvolvimento da tecnologia disponível
e, de modo especial, a inquestionável evolução dos meios de comunicação,
trouxeram profundas transformações à vida das pessoas, gerando consequências
diretas em seu bem estar.

Considerando que essas mudanças tendiam (e ainda tendem) a se tornar a


cada dia mais frequentes, rápidas e profundas, acreditou-se (e ainda acredita-se)
que a vida das pessoas será continuamente exposta a um crescente número de
fatores – cada vez menos sujeitos a seu próprio controle. Dessa forma, levando em
conta que o dia-a-dia dos indivíduos sempre será afetado por esse ambiente, em
constante mutação, impôs-se (e ainda impõe-se), assim, a necessidade de melhor
conhecer as variáveis e cenários aí envolvidos – o que só pode ser materializado a
partir da realização de estudos específicos nessa área.

É importante notar que essa evolução se deu, em certa medida, de forma


atípica, uma vez que a economia tradicionalmente se comporta de modo muito
estável e conservador. Para Frey (2008), é muito rara a ocorrência de
desenvolvimentos revolucionários na economia, pois o conservadorismo na área e a
grande aceitação dos conhecimentos já consolidados tornam muito difícil a
introdução de novas linhas de pesquisa, entretanto, o estudo da felicidade vem
mostrando potencial para mudar substancialmente essa ciência, por poder ser
considerado revolucionário em diversos aspectos.

Para melhor dar a conhecer alguns dos aspectos anteriormente mencionados,


deve-se destacar que, ainda segundo Frey (2008), o primeiro deles está relacionado
à utilização do conceito de utilidade em conjunto com ferramentas utilizadas por
psicólogos para medir o bem-estar (fator subjetivo). O segundo está ligado às novas
idéias acerca do modo pelo qual as pessoas avaliam os bens, os serviços e outros
valores de natureza emocional. O terceiro, por sua vez, está associado aos impactos
que esses novos conhecimentos podem gerar sobre as políticas públicas dos
governos.
28

2.3.2 A economia e a ampliação das pesquisas associadas à felicidade

A partir do início dos anos 1970, pesquisadores de diversas áreas, entre as


quais a economia, vem ampliando seus esforços, de modo isolado ou conjunto, no
sentido de melhor estudar o bem-estar e a felicidade em suas diversas perspectivas.
Essa firmação é corroborada por Blanchflower e Oswald (2002), que afirmam que
uma das coisas que atualmente unem diferentes cientistas sociais é o interesse em
compreender as forças que afetam o bem-estar das pessoas.

Desde então foi retomado, de modo crescente, o desenvolvimento de estudos


com as novas características assumidas pela economia, entre os quais a ênfase nos
aspectos emocionais e sociais dos indivíduos. A partir dessa mudança, vem sendo
produzido um importante e novo conjunto de conhecimentos – cujas fronteiras se
expandem em grande velocidade até o presente. A felicidade, nesse contexto, passa
a ser entendida e estudada como um composto que envolve variáveis de natureza
tanto objetiva quanto subjetiva – conforme detalhamento anterior.

Nesse ambiente, muitos pesquisadores da área Econômica vem adotando, de


modo especial nos últimos dez anos, posição que leva seus estudos ao encontro da
necessidade de melhor conhecer o comportamento de algumas das variáveis
envolvidas na vida dos seres humanos, o modo como se correlacionam e quais as
principais consequências trazidas por esses fatores à vida de cada um.

Com o objetivo de ratificar essa afirmação, pode-se recorrer a Clark, Frijters e


Shields (2008), que destacam que o estudo das causas e assuntos correlacionados
à felicidade humana tem se tornado um dos “temas quentes” nos estudos da área
econômica na última década, tendo a correspondente literatura crescido a taxa
exponencial, tanto no que se refere ao volume quanto no que diz respeito à
profundidade com que aborda o tema.

Para Blanchflower e Oswald (2007), uma vasta literatura sobre os


determinantes da felicidade e sobre o bem-estar psicológico vem surgindo, devendo-
se destacar que esse tema tem atraído a atenção de médicos estatísticos,
29

psicólogos, economistas e pesquisadores de outras áreas. Outros autores reforçam


de modo significativo essa idéia, entre os quais Ballas e Dorling (2007), que afirmam
que, mais recentemente, muitas áreas (entre as quais a neurociência, psicologia,
psiquiatria, economia e políticas sociais) tem registrado numerosas tentativas de
quantificar a felicidade - em vários contextos.

Assim, considerando que parte dos esforços dos estudiosos, inclusive de


outras áreas, tem se voltado para os aspectos de natureza social e emocional
associados à felicidade, percebe-se que um maior volume de dados com esse
caráter vem sendo coletado e estudado, servindo de base para os diversos estudos
na área. Deve notar que, esses dados, quando associados aos dados de natureza
mais econômica, tradicionalmente trabalhados, podem, com maior profundidade e
precisão, apontar os efetivos pesos e impactos de cada uma das variáveis
estudadas na vida das pessoas, trazendo a importante ampliação das fronteiras do
conhecimento até recentemente assumidas na área.

Blanchflower e Oswald (2002), a esse respeito, destacam que existem


algumas bases de dados sobre bem-estar coletadas ao longo do tempo, que foram
intensivamente utilizadas pelos psicólogos, um pouco exploradas por sociólogos e
cientistas políticos e até recentemente amplamente ignoradas pelos economistas,
entretanto, esse quadro vem mudando. Para Frey e Stutzer (2000), os economistas
acordaram para o fato de que a felicidade é um conceito interessante e
empiricamente relevante para sua área de trabalho.

Tomando essa mesma direção, Shikida e Rodrigues (2004), por sua vez,
destacam que “o número de pesquisadores que estão tentando medir o quanto vale
a felicidade, no sentido de sua relação com a economia, vem aumentando nos
últimos anos”.

Mostra-se inquestionável, assim, a mudança de cenário em favor da


ampliação do volume e da qualidade dos estudos voltados à felicidade - realizados
no âmbito da economia, fato reforçado por Blanchflower e Oswald (2004), quando
declaram que um novo campo da economia vem examinando os determinantes
empíricos da felicidade.
30

2.3.3 O efeito da renda e a nova visão das pesquisas econômicas

Apesar da mudança verificada na perspectiva a partir da qual os estudos


econômicos passaram a ser desenvolvidos a partir dos anos 1970, já abordada, é
ainda nítido o forte atrelamento dos mesmos ao fator renda. Atualmente já é
fartamente conhecido o fato de que os indivíduos não estão concentrados
exclusivamente no seu nível absoluto de renda, entretanto, a mudança dos
paradigmas consolidados ao longo de tantas décadas ainda está em curso.

As pessoas quase sempre vêem a renda de modo comparativo, ou seja,


estão sempre, na maioria das vezes, fazendo algum tipo de comparação. A principal
dessas comparações é entre a realidade objetiva vivida pelo próprio indivíduo e a
situação que ele gostaria de estar vivendo - que sempre muda ao longo do tempo.
Não se pode deixar de levar em consideração, entretanto, a comparação que os
seres humanos geralmente fazem entre a situação de suas vidas – notadamente de
sua renda - e a situação da vida das demais pessoas de seu círculo de
relacionamentos.

Reforçando esse ponto de vista, verifica-se que, para Kõszegi e Rabin (2008),
a felicidade é uma ótima coisa – e é um excelente tópico para pesquisas sociais de
natureza científica, mas, sem dúvida alguma, durante os estudos realizados, o foco
geralmente empregado tem sido entender como o comportamento econômico e as
instituições afetam o bem-estar, observando, para isso, as preferências e as
escolhas das pessoas.

Nesse contexto é igualmente bastante ilustrativo citar Hudson (2006), para


quem o ponto de partida para este tipo de pesquisa é a renda, pois imagina-se, de
início, que a felicidade varia em função dela – embora espere-se também um
impacto marginal decrescente.

Essas afirmações mostram que, inquestionavelmente, a vinculação da renda


à felicidade, durante os estudos realizados na área, é muito forte. Mesmo os
pesquisadores que destacam a importância da nova roupagem dada aos estudos
empíricos e o inestimável valor da recente literatura associada ainda se prendem a
31

esse paradigma – embora demonstrem a tendência de também valorizar as variáveis


mais recentemente introduzidas nesse tipo de estudo.

Nesse contexto, torna-se essencial citar Becchetti, Bedoya e Trovato (2006),


para quem a literatura empírica acerca dos determinantes da felicidade, apesar de
ainda estar em seu início, traz consigo importantes contribuições. Os mesmo autores
destacam, entretanto, que o foco central dessas pesquisas está nos impactos que as
alterações na renda geram sobre a felicidade, mas não escondem o fato de que
outros elementos importantes vêm sendo introduzidos nesses estudos, como o
impacto dos relacionamentos pessoais, educação e saúde.

Outros pesquisadores também se deixam apanhar como vítimas do mesmo


fenômeno que associa a felicidade à renda. Para Hayo e Becker (2007), a
perspectiva da felicidade é o principal fator motivador da vida das pessoas, devendo-
se observar, entretanto, que na maioria das culturas os indivíduos atribuem grande
valor à renda durante a busca desse estado de espírito.

A despeito disso, alguns posicionamentos de outros pesquisadores da área


demonstram um progresso importante na tentativa de não mais estarem muito
presos aos paradigmas do passado. Para Mcbride (2007), a última década
testemunhou um grande crescimento no interesse pelos estudos científicos sobre a
felicidade, tanto por parte dos estudiosos quanto do público em geral. Ainda
segundo o autor, é importante fazer um destaque: estando inicialmente apoiados na
idéia de que se busca a conquista de recursos econômicos como prioridade de vida,
os pesquisadores vem concluindo que um crescimento de renda (que inicialmente
provoca um crescimento no nível de felicidade dos indivíduos) vem quase sempre
seguido de uma redução nas aspirações de consumo (que provocam redução no
aumento da felicidade inicialmente observada).

Buscando a validação desse ponto de vista, observa-se que, da mesma


forma, para Hayo e Becker (2007), o efeito positivo do aumento da renda tende a ser
rapidamente neutralizado, uma vez que as pessoas se acostumam com um novo
padrão de vida com grande facilidade – efeito conhecido como formação de hábito.

Pelo exposto, embora a visão da economia até certo ponto ainda esteja presa
ao fantasma da influência da renda sobre a felicidade, mostra-se inquestionável a
32

ampliação da visão adotada pelas pesquisas da área – notadamente no que se


refere à forma com que a felicidade é abordada. Observe-se que essa afirmação é
reforçada também por Gul e Pesendorfer (2007), quando destacam que o bem estar,
e por consequência a felicidade, pode ser avaliado sob diferentes prismas.

A evolução ora abordada reside principalmente na forma como é percebido o


comportamento econômico de cada indivíduo, pois, diferentemente do que ocorria
há algumas décadas, esse aspecto da vida de cada pessoa não é mais olhado
apenas em função de suas escolhas de consumo.

Buscando outras contribuições a esse respeito, observa-se que, para Praag


(2007), pode-se assumir que o comportamento econômico do indivíduo consiste em
fazer escolhas entre as alternativas disponíveis, motivado pela maximização da
utilidade, satisfação, bem-estar ou felicidade. Reforçando esse entendimento, deve-
se lembrar que, para Hudson (2006), atualmente espera-se também que a felicidade
varie com outras variáveis sócio-econômicas.

Outros importantes pesquisadores também vêm ao encontro dessa


perspectiva mais abrangente, demonstrando a nítida ampliação de visão verificada
na área, que podem inclusive envolver variáveis macro-econômicas. Para Frey e
Stutzer (2000), no nível macro, as políticas econômicas lidam com trade-offs,
especialmente aqueles que envolvem o desemprego e a inflação.

É importante notar, na oportunidade, que os aspectos abordados neste item,


associados ao aumento de renda, se referem exclusivamente às possibilidades de
crescimento de renda mais corriqueiramente verificadas, não estando associados a
choques positivos de renda – cuja abordagem em nível científico não foi identificada
ao longo de toda a revisão de literatura associada à felicidade - feita ao longo do
desenvolvimento desta investigação.
33

2.3.4 Importância e contribuição dos estudos na área

O desenvolvimento de pesquisas científicas não se justifica senão pelo


potencial de contribuição que as mesmas podem trazer à humanidade – quer de
modo direto ou indireto. Buscando identificar, preliminarmente, a importância desta
pesquisa, em particular, pode-se recorrer a Corbi e Menezes-filho (2006), que
textualmente afirmam que “um estudo desse tipo pode ser útil de diversas maneiras.
Políticas sociais, por exemplo, implicam custos para alguns indivíduos e, dessa
forma, faz-se necessária uma avaliação dos efeitos líquidos dessas ações em
termos de utilidades individuais (felicidade)”.

No que se refere à validade e potencial de emprego dos conhecimentos


gerados a partir de pesquisas associadas ao tema central deste trabalho, Praag
(2007) destaca que, depois de ser ignorada pelos economistas por muito tempo, a
felicidade está se tornando objeto de pesquisas econômicas sérias no século XXI,
chegando-se ao ponto de, nos últimos anos, as ciências econômicas estarem
passando por uma revolução por força da adoção desse tema – que tem se tornado
importante tanto para a economia quanto para as políticas públicas.

Do mesmo modo, a visão acerca da empregabilidade dos conhecimentos


oriundos desse tipo de estudo para a vida das pessoas e para a ciência,
notadamente na área de políticas sociais e economia, é reforçada por Blanchflower
e Oswald (2007), para quem, para que se assegure a efetividade das políticas
sociais e econômicas, é necessário que os formuladores das mesmas conheçam as
medidas do bem-estar dos seres humanos.

Ainda tratando da utilidade dessas pesquisas, sob horizonte mais amplo,


deve-se destacar que para Norrish e Vella-Brodrick (2007), os benefícios que podem
advir de pesquisas direcionadas à viabilização do aumento da felicidade incluem,
além da melhoria do bem-estar, aumento na saúde social, psicológica e física dos
indivíduos.
34

De modo complementar, para Corbi e Menezes-filho (2006), esse tipo de


pesquisa “pode também contribuir para a resolução de paradoxos empíricos que a
teoria econômica convencional tem dificuldades para explicar”, como por exemplo, a
aparente contradição entre o grande aumento de renda verificado em muitos países
após a Segunda guerra e a manutenção (e até queda em alguns casos) do nível de
bem-estar das pessoas durante o mesmo período – já abordada anteriormente.

2.4 O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS VOLTADAS À FELICIDADE

Por tratar-se de uma área de estudo profundamente influenciada por fatores


de natureza subjetiva, o estudo do bem-estar e da felicidade humana – esforço
indiscutivelmente complexo - precisa ser cercado de cuidados e significativa
atenção, especialmente por possuir grande potencial de gerar importantes impactos
sobre a vida dos indivíduos. Para Blanchflower e Oswald (2007), avaliar o bem-estar
psicológico é, de modo geral, uma tarefa complicada.

2.4.1 A abordagem subjetiva como mecanismo de levantamento de dados

O desenvolvimento de pesquisas implica a adoção de um conjunto de


métodos, técnicas e procedimentos adequados a cada tipo de investigação
científica. Nesse contexto, para Corbi e Menezes-filho (2006), Não se pode medir a
felicidade do mesmo modo como se apuram valores correspondentes a variáveis
objetivas como altura, peso, etc.

Quando as pesquisas em desenvolvimento estão associadas a áreas onde se


verifica uma grande subjetividade nos dados a serem coletados, como no caso dos
estudos sobre a felicidade, surgem importantes complicadores - que somente podem
35

ser minorados com a ampliação da amostra coletada. Para Frey e Stutzer (2000), a
felicidade e a satisfação dos indivíduos com suas vidas somente pode ser capturada
por meio de grandes pesquisas. Observe-se que esses complicadores, por sua
importância, serão abordados no item 2.4.2 deste trabalho.

Os mecanismos para que, com base em uma pesquisa como esta, se possa
chegar às conclusões desejadas acerca da felicidade humana são conceitualmente
muito simples. A partir da observação sistemática dos indivíduos que compõem
determinada população, identificam-se, entre os diversos fatores associados à vida
de cada pessoa, aqueles que, separada ou conjuntamente, podem ser considerados
os maiores determinantes da felicidade individual.

Deve-se observar, entretanto, que apesar dessa aparente simplicidade, os


métodos utilizados para a coleta desse tipo de dados, embora já sejam fartamente
aceitos pela comunidade científica, ainda enfrentam questionamentos. Faz-se
necessário respeitar opiniões contrárias a esses mecanismos, entretanto, não se
pode desconhecer que não é conhecida qualquer outra forma mais concreta de
aferir o nível de felicidade das pessoas.

Para Corbi e Menezes-filho (2006), a maneira pela qual os estudos


associados à felicidade vem sendo desenvolvidos (baseada em questionários e
entrevistas) gera muitas dúvidas acerca do emprego desse tipo de metodologia que
não são, entretanto, suficientes para desqualificar estudos dessa natureza.

É fato que as discussões acerca da utilização desse tipo de metodologia de


coleta de dados ainda existem, mas, apesar disso, é inegável a necessidade de seu
emprego. Afirmações de diversos pesquisadores reforçam essa idéia, fazendo-se
interessante destacar que, para Blanchflower e Oswald (2004), apesar do risco de
existirem vieses nos dados subjetivos coletados junto a respondentes, não seria
plausível a idéia de que se poderia compreender a felicidade sem ouvir o que as
pessoas dizem sobre suas próprias vidas e seus níveis de felicidade.

Outros estudiosos, apesar de fortalecerem a necessidade do emprego desse


tipo de mecanismos de coleta, alertam para os problemas que podem advir do seu
emprego. Para que a força desse pensamento fique suficientemente evidente, pode-
se recorrer a Corbi e Menezes-filho (2006), para quem o principal desafio para a
36

realização de estudos com essas características é exatamente a obtenção de dados


e informações empíricas confiáveis, uma vez que essa fidedignidade depende
diretamente da avaliação própria de cada indivíduo, entretanto, os mesmos autores
acreditam que as pessoas são os melhores avaliadores possíveis de sua própria
felicidade.

O ponto de vista a partir do qual se acredita que as pessoas são capazes de


fazer correto juízo das coisas subjetivas que as afetam, usando de toda a
subjetividade possível, é igualmente defendido por outros autores. Para Frey e
Stutzer (2000), a visão subjetiva da utilidade adotada nos dais de hoje reconhece
que cada pessoa possui suas próprias opiniões sobre a felicidade e sobre o que
considera uma boa vida – o que torna o comportamento observado um indicador
incompleto para o bem-estar.

O reforço à idéia de que os próprios respondentes são suficientemente


preparados para avaliar sua própria felicidade vem também de outros pesquisadores
da área. Verifica-se, nesse contexto, que, para Praag (2007), atualmente os
levantamentos de dados subjetivos já são aceitos de modo generalizado, tanto
porque a maioria dos respondentes está apta a responder adequadamente às
questões formuladas quanto porque a similaridade das respostas encontradas em
circunstâncias semelhantes, em tempo e/ou localidade distintos, aponta a coerência
das mesmas.

Observa-se, assim, que o número de estudiosos que atualmente não colocam


qualquer restrição à coleta de dados subjetivos junto à população estudada já é
bastante grande. Aos pontos de vista anteriores, soma-se também a visão de Di
Tella e MacCulloch (2005), para quem pode-se acreditar na habilidade dos
indivíduos de formular suas próprias opiniões sobre aquilo que lhe é perguntado,
inclusive sobre seu bem estar, pois eles possuem plenas condições de associar
todas as informações relevantes para essa atividade.

Outros estudos, embora também reconheçam certa fragilidade nesse


processo de coleta de dados, reforçam com grande veemência sua utilidade e
necessidade. Para Blanchflower (2008), considerando que os dados levantados
nessa área são baseados em julgamento pessoais, é possível que tragam consigo
37

alguns vieses. Apesar disso, segundo o mesmo autor, isso faz com que não se
possa considerar esses valores para comparações absolutas entre os indivíduos,
entretanto, nada impede que os mesmo possa ser utilizados para a identificação dos
fatores determinantes da felicidade.

Deve-se observar que, no caso de investigações como a que dá origem a


esta tese, amplamente dependentes de dados que carregam consigo grande
subjetividade, é natural o receio de que as declarações feitas pelos respondentes
pudessem trazer riscos à qualidade dos estudos feitos. É importante destacar,
entretanto, que a despeito dessa subjetividade, já existem motivos suficientes para
tranquilizar os pesquisadores envolvidos, pois, além das colocações feitas nesse
sentido por diversos autores, já apresentadas, ao longo do tempo vem sendo
registrada grande similaridade entre as respostas dadas por pessoas entrevistadas
em lugares e oportunidades distintas – submetidas a condições de vidas
semelhantes. Esse fato fortalece a validade da utilização desse tipo de dado em
estudos como este.

Assim, superadas as principais discussões acerca da validade dos


mecanismos de coleta de dados empregados nesse tipo de investigação, faz-se
necessário complementar a visão que estudiosos possuem especificamente sobre a
forma como a felicidade é abordada para efeito do levantamento de dados feito
durante as entrevistas. Para Frey e Stutzer (2000), a abordagem subjetiva
atualmente dada à utilidade gera um fértil campo de estudos por vários motivos. Em
primeiro lugar porque a subjetividade do bem-estar o torna um conceito muito mais
amplo do que a objetividade das decisões exclusivamente associadas à utilidade,
pois envolve variáveis presentes e passadas, e, em segundo lugar, porque o estudo
da felicidade vem levando os pesquisadores a auscultar diretamente o que as
pessoas pensam.
38

2.4.2 Dificuldades encontradas na realização das investigações

Conforme sinalizado anteriormente, desenvolver pesquisas em novas áreas


de estudo, nas quais os dados a serem coletados mostram grande subjetividade,
traz consigo complicadores adicionais ao longo do processo.

No caso particular deste trabalho, por ser associado diretamente ao estudo da


felicidade, o primeiro complicador identificado se refere à baixa disponibilidade de
dados associadas à satisfação e/ou felicidade dos indivíduos. Essa base de dados
ainda é relativamente pequena – mesmo quando considerado todo o “acervo”
disponível nos diversos países onde há algum tipo de registro com esse
direcionamento. Note-se, por oportuno, que quando se trata do acervo agora
referenciado nem sempre se está tratando de dados coletados com a finalidade
específica de viabilizar estudos associados à felicidade humana – o que pode lhes
conferir, em alguns casos, uma adequação a esse tipo de estudo não muito
significativa.

O problema retro mencionado é inquestionável, mas não é forte o suficiente


para que essas bases de dados sejam simplesmente desconsideradas. Para
Blanchflower e Oswald (1999), apesar de haver óbvias limitações nas estatísticas
correspondentes ao nível de felicidade das pessoas, há razões para se considerar
para fins científicos as bases de dados associadas ao nível de bem-estar, pois já é
evidente a convergência das informações contidas nas mesmas. Entre essas razões
se encontram a existência de correlação entre eventos observáveis e a felicidade
genuína, a existência de correlação entre níveis de felicidade reportados e alguns
valores obtidos em testes psiquiátricos e de estresse mental, assim como a
similaridade entre as estruturas das equações de bem-estar definidas em países
distintos em diferentes períodos.

Tratando ainda dessa pequena disponibilidade de dados passíveis de serem


trabalhados, deve-se destacar que, no que se refere ao Brasil, país onde as
condições para a realização de coleta de dados em série ainda são
significativamente precárias, até o desenvolvimento desta investigação, praticamente
39

não existiam dados que pudessem vir a ser aproveitados para fins de estudos desta
natureza.

Um segundo aspecto complicador deste tipo de pesquisa, a ser destacado, se


refere à obtenção de dados confiáveis acerca da dimensão subjetiva do bem-estar e
da felicidade dos indivíduos. Observe-se que, por depender diretamente da
qualidade das declarações feitas pelas pessoas ouvidas, essa fidedignidade fica
sujeita à influência de diversos fatores fora do controle do pesquisador, como humor
do entrevistado, sua disponibilidade de tempo e sua disposição em colaborar com a
pesquisa, entre outras. Esses problemas, por si só, já são suficientes para dar a
essa tarefa um elevado grau de dificuldade.

Observa-se que a dificuldade gerada pela possibilidade de alguns dos dados


a serem utilizados não possuírem toda a fidedignidade desejada é convalidada por
vários autores, entretanto, mesmo para os que declaram a existência desse
problema, a forma pelas quais os dados a serem trabalhados vem sendo levantados
não gera qualquer questionamento. Para Blanchflower e Oswald (2002), por
exemplo, há nítidas limitações nas estatísticas disponíveis acerca do bem-estar
humano, notadamente por força da falta de controle do pesquisador sobre a
fidedignidade dos dados levantados, mas é improvável compreender a felicidade
humana sem ouvir o que dizem as pessoas.

Na oportunidade deve-se destacar, de modo especial, que as dificuldades


associadas à disponibilidade e fidedignidade dos dados passíveis de serem
levantados, ora em análise, podem vir a gerar importantes vieses nos estudos a
serem desenvolvidos, entretanto, faz-se imperioso frisar que esses vieses tendem a
ser minorados ou totalmente eliminados com o aumento da quantidade e melhoria
da qualidade das observações realizadas, ou seja, a partir do aumento do volume de
dados coletados, da melhoria dos instrumentos de coleta e da melhor preparação
dos indivíduos responsáveis pela realização das entrevistas.

Faz-se interessante observar, nesse contexto, o posicionamento de Di Tella,


MacCulloch e Oswald (2003), pois esses autores, apesar de concordarem que as
respostas às questões sobre bem-estar podem ser influenciadas por fatores
externos (estrutura do questionário, número de questões e de alternativas de
40

respostas, entre outros), destacam de modo ímpar que esses problemas podem ser
minorados com a utilização de um grande número de observações.

Além da ampliação do volume de dados a serem coletados, a certeza quanto


à utilização segura desse tipo de dados vem sendo trazida também pela validação
empírica dos levantamentos feitos. Para Di Tella, MacCulloch e Oswald (2003), um
determinado conjunto de características pessoais vem mostrando aproximadamente
a mesma influência no nível de felicidade declarada, independente de onde as
pesquisas tenham sido feitas. Em outra oportunidade, Di Tella e MacCulloch (2005),
afirmaram que os dados subjetivos associados aos aspectos pessoais do bem-estar,
levantados junto às pessoas, vem sendo de alguma maneira reforçados pelos
depoimentos de membros de suas famílias. Tudo isso traz, facilmente, segurança
adicional a todos os que vem coletando dados dessa natureza por meio de
levantamentos de campo.

Concluindo a análise das dificuldades enfrentadas ao longo do processo sob


análise, é importante notar que, mesmo levando-se em conta que já existem muitas
experiências bem sucedidas voltadas à coleta de dados com essas características, e
que esse método já possui o necessário reconhecimento da comunidade científica,
alguns autores apontam dificuldades adicionais inerentes a esse processo – que
devem servir de reflexão para todos os que assumem o desafio de desenvolver
pesquisas associadas à felicidade. Para Blanchflower e Oswald (2004), por exemplo,
outra dificuldade associada ao levantamento de dados nessa área é que não é
possível fazer experimentos controlados - o que torna a identificação da correlação
entre felicidade e fatores internos dos indivíduos uma atividade bastante difícil.

Por força dessa realidade, os cuidados com o planejamento e execução do


estudo são absolutamente necessários, entretanto, as dificuldades abordadas não
podem ser usadas como motivo para que se abandonem as iniciativas voltadas às
pesquisas na área. Mesmo estando sujeitos a problemas das naturezas já
abordadas, os pesquisadores precisam enfrentar o necessário processo de
levantamento ou coleta de dados exigidos por suas investigações – sem o que
nenhum avanço na área teria sido possível até o presente.

A esse respeito, é importante notar que, embora alguns fatores a serem


observados se mostrem mais frequentes em estudos desse tipo, cada investigação
41

precisa incluir, no rol de dados a serem levantados para posterior análise, elementos
que possam representar uma evolução na área pesquisada. Observe-se que esses
elementos inovadores geralmente correspondem aos fatores de diferenciação e
contribuição científica adicional de cada trabalho - no que se refere a seu objeto de
pesquisa.

2.4.3 A percepção da felicidade sob a ótica econômica

O fato de a felicidade ser alvo de estudos desenvolvidos por distintas áreas


faz com que o entendimento desse vocábulo e a percepção dos entrevistados
acerca do mesmo possam variar de caso para caso. Essas variações estão sujeitas
a vários fatores, entre os quais o modo como as questões são elaboradas, as
alternativas de respostas oferecidas para cada questão, a maneira como os
respondentes são abordados, e, de modo especial, a percepção do entrevistado
acerca da possível exposição a que poderá ser submetido a partir das respostas
dadas, entre outros.

O receio de que uma possível exposição venha efetivamente a se materializar


deriva diretamente dos freios sociais verificados na comunidade onde o indivíduo se
encontra inserido, sendo que, em alguns casos, esses freios não existem de fato –
são impostos pelos respondentes a si mesmos de maneira inconsciente e
injustificada. Observe-se que, para Di Tella e MacCulloch (2005), a literatura da área
da psicologia tem considerado a possibilidade de as pessoas serem influenciadas
por aquilo que acreditam ser a resposta mais “socialmente aceita” quando são
entrevistadas.

Nesse contexto, torna-se essencial destacar que cada pesquisador deve


buscar meios de minimizar a influência de variáveis externas ao longo do processo
de coleta de dados - como forma de reduzir o potencial de geração de vieses nos
estudos desenvolvidos.
42

A esse respeito, deve-se notar que, apesar da aparente complexidade


intrínseca ao processo de coleta de informações acerca do nível de felicidade de
uma pessoa, alguns pesquisadores tratam de simplificar a tarefa – oferecendo maior
tranquilidade aos envolvidos na coleta de dados. Nesse contexto, para Praag (2007),
o princípio da economia da felicidade é conceitualmente simples, pois, para se saber
o quanto uma pessoa se sente feliz com alguma coisa, deve-se perguntar a esse
indivíduo qual seu nível de felicidade a esse respeito, ou seja, o quanto está
satisfeito com isso.

A despeito da simplicidade com a qual o processo de levantamento de dados


acerca da felicidade pode ser encarado, faz-se necessário trazer à tona a discussão
sobre o atual entendimento dado a esse termo pelo prisma econômico – e como é
na prática percebido quando do desenvolvimento de pesquisas nessa área.

Assim, é interessante destacar que, para Di Tella, MacCulloch e Oswald


(2003), pode-se assumir que as medidas de felicidade são percebidas de maneira
muito próxima das sensações de utilidade percebidas pelas pessoas em uma
decisão econômica qualquer.

Na mesma direção caminham Hayo e Becker (2007), para quem as decisões


tomadas pelas pessoas estão diretamente associadas à maximização de sua
felicidade, destacando, ainda, que a partir desse entendimento fica clara a
similaridade entre maximizar a felicidade e maximizar a utilidade.

Tendo sido abordado, nesse contexto, o conceito de utilidade, é importante


frisar que as funções de utilidade, que tradicionalmente eram percebidas como se
dependessem exclusivamente do nível absoluto de consumo das pessoas, por força
dos conhecimentos disponíveis, já são, nos dias de hoje, vistas como elementos
fortemente influenciados pela situação particular de cada pessoa e pelo ambiente
onde se insere.
43

2.4.4 As políticas públicas e o estudo da felicidade

O desenvolvimento de maior volume de estudos associados à felicidade


humana, voltados ao levantamento e análise de dados, tanto individuais quanto
coletivos, vinculados a aspectos sociais e econômicos (de natureza objetiva), e a
aspectos afetivos e emocionais (de natureza subjetiva), de modo associado, traz
consigo a valiosíssima oportunidade de melhor conhecer os sentimentos e os
desejos dos indivíduos.

Nesse contexto, é inegável que o maior e mais profundo conhecimento acerca


desse universo oferece à humanidade – e de modo especial a seus líderes – a
oportunidade de refletir, sobre bases mais sólidas, acerca da possibilidade e
importância de se caminhar em busca da ampliação do bem-estar dos indivíduos,
buscando não apenas a melhoria de suas condições econômicas e/ou financeiras,
mas principalmente sua felicidade.

Para reforçar essa visão, é muito oportuno recorrer a Clark, Frijters e Shields
(2008), para quem o desenvolvimento econômico não deve ser necessariamente o
objetivo principal das macro-políticas de um país, pois a busca da felicidade de seus
cidadãos deve ser o principal foco da ação governamental.

Abordando-se, sob essa ótica, os potenciais ganhos objetivos advindos de


pesquisas como esta, observa-se que, a partir da identificação dos principais fatores
determinantes do grau de felicidade dos indivíduos da sociedade sob análise, bem
como das mudanças que podem vir a influenciar a percepção dos mesmos acerca
desse estado, torna-se possível identificar um rol de políticas públicas que podem vir
ao encontro do desejo e necessidade de aumentar a felicidade das pessoas, ficando
sinalizados, também, às instituições privadas, os possíveis caminhos para facilitar a
conquista de seus clientes.

Para Becchetti, Bedoya e Trovato (2006), pesquisadores que também


caminham ao encontro desse entendimento, os estudos econômicos sempre
implicam um ranking implícito ou explícito de prioridades que compõem uma função
de bem-estar, sendo que, nos últimos anos, a definição dessas prioridades está
cada vez mais associada à felicidade humana e à definição de políticas públicas.
44

Deve-se lembrar, na oportunidade, que o fato de os caminhos passíveis de


serem trilhados na busca do aumento da felicidade humana passarem a ser
conhecidos não assegura necessariamente a existência de uma base mais sólida
sobre a qual as pessoas possam construir sua felicidade. Transformar um dos
caminhos definidos a partir dos resultados apontados por estudos dessa natureza
exigirá, de todas as pessoas e instituições envolvidas, um novo conjunto de atitudes
e posturas direcionadas a isso. Entre essas posturas merecem destaque a
disposição de continuar a investir em pesquisas nesta área e o interesse de
materializar as medidas necessárias ao aumento das chances de se obter o
desejado aumento do nível de felicidade – tanto no nível individual quanto no nível
coletivo.

Levar a cabo esse desafio pode vir a representar um dos primeiros passos
em direção à melhoria da qualidade de vida de cada uma das pessoas que buscam
essa conquista, pois o desenvolvimento de pesquisas dessa natureza é o lastro
principal para que caminhos mais eficientes e seguros para que se chegue à
melhoria do nível de felicidade das pessoas possam ser visualizados.

2.4.5 Progressos verificados e resultados obtidos pelos estudos da área

Por força do surgimento relativamente recente desse campo de pesquisas,


ainda existem algumas dúvidas a respeito de como se deve classificar as iniciativas
associadas a essa área, mas, para Shikida e Rodrigues (2004), considerando o
aspecto acadêmico das investigações no campo da economia e felicidade, as
pesquisas dessa natureza se enquadram na área denominada comportamento de
mercado.

Apesar de ainda não poder ser considerada uma área de estudos


suficientemente explorada, a economia da felicidade já tem oferecido importantes
contribuições à humanidade. Inserida no novo ambiente criado, por volta da década
de 1970, para o desenvolvimento de pesquisas associadas às ciências econômicas,
45

essa vertente da economia já responde por um significativo número de investigações


- baseadas no novo direcionamento tomado à época.

Os resultados já obtidos mostram, de modo evidente, que vem se tornando


crescente a influência dos elementos externos, de natureza subjetiva, sobre a vida
de cada indivíduo – o que tem gerado reflexos cada vez mais diretos e decisivos
sobre seu estado físico e psicológico.

Nesse contexto, como forma de destacar alguns dos novos conhecimentos


derivados dos esforços de investigação envidados pela economia da felicidade,
torna-se importante relacionar uma pequena parte dos resultados obtidos ao longo
dessas quase quatro décadas em que se desenvolveram pesquisas na área,
formatando uma pequena linha do tempo.

Destaca-se, preliminarmente, que Frey e Stutzer (2000) identificaram que os


desempregados são significativamente menos felizes do que os que se encontram
empregados, tendo ficado evidente, também, que um aumento na renda atinge a
felicidade de uma forma limitada.

No que se refere ao potencial de geração de satisfação que as atividades em


geral podem levar às pessoas, faz-se essencial frisar que, para Blanchflower e
Oswald (2004), os seres humanos naturalmente se interessam por sexo, fato que se
justifica a partir de pesquisas realizadas, a partir das quais fica comprovado que a
atividade sexual é a que produz o maior nível de felicidade nas pessoas. No lado
oposto da lista das dezenove atividades pesquisadas pelos autores, o trabalho é
aquela que produz o menor nível de bem-estar psicológico.

Avaliando um rol maior de variáveis, na mesma esteira, faz-se essencial


lembrar que, para Di Tella e MacCulloch (2005), a felicidade é positivamente afetada
com a renda absoluta, com o bem estar e com a expectativa de vida, devendo-se
notar que está negativamente correlacionada com o aumento do número de horas
trabalhadas, com a degradação do meio ambiente, com crimes, inflação e
desemprego.

Com o objetivo de evidenciar a similaridade entre a evolução da felicidade das


pessoas que vivem na Europa e nas Américas – notadamente nos Estados Unidos,
com o passar dos anos, pode-se recorrer a Blanchflower e Oswald (2007), que,
46

categoricamente, declaram que, em condições normais, homens e mulheres, em


ambos os lados do Atlântico, atingem seu mais baixo nível de bem-estar ao longo da
quinta década de vida.

Quando se olha a questão sob a perspectiva da evolução dos movimentos


sociais associados ao gênero, deve-se lembrar que, para Stevenson e Wolfers
(2007), paradoxalmente o bem-estar relativo das mulheres vem declinando em
muitos países pesquisados, revertendo a situação verificada na década de 1970
(quando reportavam níveis de bem-estar acima dos declarados pelos homens), o
que leva a questionamentos acerca da contribuição dos movimentos feministas para
com o bem-estar das mulheres.

Associar a escolaridade à melhoria do padrão de vida das pessoas não


representa novidade, entretanto, também ligada a essa inquestionável vantagem
trazida pela educação e por outras condições de vida que afetam os indivíduos,
segundo Blanchflower (2008), já foram encontradas vários sinalizadores de que o
sentimento de felicidade é maior entre os mais escolarizados, entre as pessoas
casadas, entre os de maior renda e entre os brancos, enquanto é mais baixo entre
os desempregados.

No que se refere aos relacionamentos afetivos dos indivíduos, para Waite,


Alisa e Lewin (2008), pessoas que se divorciam ou que passam por uma experiência
de separação sofrem uma redução no seu nível de bem-estar comparativamente
àquelas que permanecem casadas.

Os resultados ora relacionados não representam, obviamente, um volume


significativo de tudo que já se produziu nessa área nos principais centros de
pesquisas do mundo, entretanto, ilustram, de forma importante, as conclusões a que
os estudos na área chegaram, dando uma precisa noção de todas as indicações que
essas informações podem levar aos que estudam o comportamento humano – de
modo particular àqueles que se ocupam da definição e implementação de políticas
públicas por todos os continentes.
47

3 PARTICULARIDADES, MATERIAIS E MÉTODOS

A realização de um trabalho de natureza científica geralmente implica


significativas inovações, que podem ser viabilizadas a partir de um eventual novo
contexto em que se dá a pesquisa associada, de inovadores objetivos - geral e
específicos – buscados, ou até mesmo a partir de novos materiais e métodos
utilizados. Dessa forma, no que se refere a este estudo, torna-se importante
conhecer de modo mais detalhado esses itens, para que os resultados obtidos
possam ser observados pela ótica correta.

3.1 A COLETA DE DADOS REALIZADA

Para que o desenvolvimento desta investigação fosse viabilizado, o trabalho


foi planejado tendo como um de seus objetivos específicos a geração de uma base
de dados atual, ampla e consistente, capaz de viabilizar estudos científicos sobre a
felicidade no âmbito do Distrito Federal. Nesse contexto, uma das etapas cumpridas
ocupou-se da aplicação de questionários junto a 1.521 (um mil, quinhentas e vinte e
uma) pessoas.

Os questionários foram aplicados no período compreendido entre os dias


31/08/2009 e 28/10/2009, ao longo de todo o dia, por entrevistadores treinados com
o objetivo de coletar dados do modo mais discreto possível – de modo que as
pessoas não sentissem constrangimento ao responder as perguntas formuladas.
Esse detalhe pode parecer de menor importância, mas, pela natureza pessoal e
subjetiva dos dados levantados, a discrição do pesquisador é elemento essencial
para que os respondentes se sintam à vontade para “tornar públicos” alguns de seus
dados pessoais e expressar, de modo sincero, o que pensam a respeito de algumas
questões que implicam, de certo modo, a exposição do juízo de valor que fazem
acerca de alguns temas.
48

O público alvo da pesquisa foi definido como indivíduos adultos de ambos os


sexos, abordados em locais de grande circulação de pessoas no Distrito Federal.
Como forma de assegurar uma amostra representativa da população do DF, foram
escolhidos, para a aplicação dos questionários, locais como rodoviárias, paradas de
ônibus, hospitais de referência, shopping centers, hipermercados, faculdades e
universidades, tanto do Plano Piloto quanto de grandes cidades satélites.

O instrumento de coleta utilizado (ver maiores detalhes no item 3.2 deste


documento) foi composto de 27 (vinte e sete) questões, de diversas naturezas,
subdivididas em três blocos: a) dados profissionais – 6 (seis) itens; b) dados
pessoais – 19 (dezenove) itens; e c) dados a serem preenchidos pelo próprio
entrevistado – 2 (dois) itens.

Merece destaque, nessa oportunidade, o terceiro bloco de dados – a ser


reenchido pelo próprio entrevistado. De início, causa estranheza o fato de apenas
duas das questões não serem respondidas oralmente pelo respondente, mas se faz
necessário destacar que essa decisão foi derivada das observações realizadas
durante a etapa de pré-teste do questionário.

Ocorre que, pelo fato de essas duas perguntas (a primeira associada à


frequência sexual semanal do indivíduo e a segunda ao número de parceiros que ele
teve nos últimos doze meses) estarem diretamente associadas ao comportamento
sexual do entrevistado, percebeu-se uma natural inibição imediatamente após a
apresentação de cada uma das duas perguntas.

A esse respeito, é importante destacar que a maioria das pessoas, abordadas


na etapa de testes, disseram, de imediato, que não responderiam esse tipo de
pergunta, enquanto outras baixavam o tom de voz ao responder às indagações,
chegando a posicionar-se bem próximo ao entrevistador para declarar sua resposta.
Assim, como forma de evitar constranger os respondentes, aumentando, ao mesmo
tempo, a probabilidade de obter respostas mais confiáveis, optou-se por criar um
bloco específico para as duas questões, que passaram a ser assinalada ou
apontada pelos próprios entrevistados na prancheta do entrevistador.

Tem-se, dessa forma, como objeto central de estudo desta investigação, o


nível de felicidade declarado pelas pessoas pesquisadas, que foi avaliado sob a luz
das diversas variáveis levantadas – possíveis determinantes desse grau informado.
49

É importante notar, nesse contexto, que a possibilidade de os relacionamentos


pessoais de cada indivíduo e de seu número de relações e parceiros sexuais
possuírem correlação importante com seu nível felicidade foi aqui avaliada com
maior profundidade, assim como a possibilidade de poder haver significativa
influência de choques positivos de renda sobre os mesmos elementos.

Com os resultados obtidos, espera-se não apenas conhecer mais


profundamente os aspectos associados à felicidade dos indivíduos que moram na
unidade da federação sob análise, mas principalmente disponibilizar uma base de
conhecimentos sobre os quais possam ser assentadas políticas públicas capazes de
ir ao encontro da necessidade de aumentar a felicidade das pessoas. Cumprido
esse objetivo, ficarão apontados de modo indireto, também às instituições privadas,
alguns caminhos passíveis de serem seguidos no esforço de conquistar e manter
clientes.

Complementarmente, faz-se essencial destacar que o desenvolvimento desta


pesquisa busca trazer à sociedade outro ganho de validade inquestionável, que, em
um primeiro olhar, pode parecer, para os mais desatentos, um simples ganho
marginal.

Trata-se de um produto potencialmente importante para toda a sociedade,


pois, a partir da identificação dos principais fatores determinantes do grau de
felicidade dos indivíduos que compõem a população sob análise, bem como das
possíveis mudanças que podem vir a influenciar essa percepção, disponibiliza-se
uma base de conhecimentos acerca dos fatores que realmente interferem no nível
de felicidade das pessoas. A partir disso, as instituições públicas podem identificar
um rol de políticas públicas que podem vir ao encontro da necessidade de tornar as
pessoas mais felizes.

No que se refere à validade desse novo conjunto de conhecimentos para as


instituições públicas, observa-se que os crescentes níveis de informação e
conscientização apresentados pela sociedade, como um todo, já vem levando cada
indivíduo a esperar e exigir – mesmo que ainda timidamente - políticas públicas que
caminhem ao encontro da melhoria de seu bem-estar. No que se refere às
expectativas da sociedade quanto à postura das instituições privadas, observa-se
que já se espera desse tipo de entidade o oferecimento de produtos e serviços
50

capazes de ajudá-los na consecução do mesmo objetivo – o que assegura às


conclusões do estudo uma potencial valorização por parte dessas.

Assim, conhecer a fundo a realidade observada por esta investigação torna-


se a cada dia mais importante para que se possa contribuir, de modo efetivamente
positivo, no equacionamento das variáveis envolvidas na busca de cenários onde a
felicidade das pessoas seja o pano de fundo para a ação dos pesquisadores e da
sociedade como um todo – em benefício do maior bem-estar da população humana.
Acredita-se que isso possa ser assumido como um dos maiores desafios que este
século pode impor a todos.

3.2 DETALHAMENTO DO QUESTIONÁRIO APLICADO

O formulário utilizado para a coleta de dados (ver apêndice) foi composto de


27 (vinte e sete) itens, subdivididos em três blocos: a) dados profissionais; b) dados
pessoais; e c) dados a serem preenchidos pelo próprio entrevistado. Nesta seção os
itens levantados serão apresentados de acordo com o bloco de dados em que foram
inseridos, sendo acompanhados das principais considerações necessárias à
compreensão da utilização de cada um deles na etapa de análise e dados –
abordada no Capítulo 4.

3.2.1 Dados profissionais – primeiro bloco

Esse bloco de dados foi concebido com o objetivo de levantar informações


associadas à vida profissional dos entrevistados. Entre os dados coletados
encontram-se a extensão da jornada semanal de trabalho, faixa salarial, natureza da
51

atividade desenvolvida, tipo de empregador, vinculação sindical e início da atividade


profissional do entrevistado.

Apesar da similaridade verificada quanto à natureza de cada um desses


dados, deve-se destacar que os mesmo foram introduzidos no mesmo bloco de
dados do formulário de coleta prevendo utilização não necessariamente conjunta -
no que se refere aos cruzamentos de dados realizados.

Observe-se que, dados como jornada de trabalho, natureza da atividade


desenvolvida, tipo de empregador, vinculação sindical e idade de início da atividade
profissional do entrevistado, por sua própria natureza, estão entre os dados que,
logo de início, servem para caracterizar a amostra assumida pela pesquisa. É
importante notar, entretanto, que além desse emprego imediato, não se pode deixar
de considerar a importância de se estudar a correlação de cada um desses dados
com o nível de felicidade declarado pelos respondentes – esforço cumprido com
sucesso ao longo do trabalho.

No que se refere aos dados correspondentes à faixa de renda dos indivíduos,


também inserido nesse bloco de dados, deve-se notar que sua utilização, para efeito
de cruzamento e análise de dados, se deu de modo mais intensivo, por força da
forte correlação ainda percebida pelas pessoas entre renda e felicidade –
anteriormente abordada.

São relacionadas, a seguir, as questões formuladas com o objetivo de compor


o primeiro bloco de dados do questionário elaborado com fins de coleta de dados.
Observe-se que o bloco em tela é composto por 6 (seis) questões, sendo duas
abertas e as demais fechadas - com alternativas previamente definidas que não
serão apontadas nesta parte do trabalho. As alternativas apresentadas, no caso das
questões fechadas, podem ser vistas no formulário de coleta de dados da pesquisa
(ver apêndice).

a) Quantas horas você trabalha por semana?

b) Qual sua faixa salarial?

c) Você trabalha no setor formal?


52

d) É servidor público?

e) É sindicalizado?

f) Começo a trabalhar com que idade?

3.2.2 Dados pessoais – segundo bloco

Esse bloco de dados foi concebido com o objetivo de coletar informações


pessoais associadas à vida dos entrevistados. Por tratar-se de um bloco de dados
significativamente maior, os dados coletados foram definidos de modo a atender ao
cumprimento de diversos objetivos.

Os dados que compõem esse bloco, para fins didáticos, podem ser
subdivididos em dois subgrupos. O primeiro subgrupo corresponde a informações
mais objetivas, enquanto o segundo contém questões mais impregnadas de
subjetividade.

Entre os dados de natureza mais objetiva levantados, ou seja, os que


compõem o primeiro subgrupo do bloco em tela, encontram-se o sexo do
respondente, raça, estado civil, número de filhos, idade, região do DF em que mora,
escolaridade e número de anos de estudo formal.

Complementarmente, entre os dados de natureza mais subjetiva incluídos


nesse bloco de dados, ou seja, que compõem seu segundo subgrupo de dados,
estão incluídos a frequência do respondente a templos religiosos, o hábito de fumar,
o hábito de consumir bebidas alcoólicas, o juízo acerca da felicidade comparativa
ente sua mãe e avó, o juízo acerca da evolução de sua própria felicidade, o juízo
acerca do fator preponderante para alcançar a felicidade, a reação do indivíduo
quando do “tropeço” de uma pessoa famosa, a reação quanto à aceitação de um
eventual suborno, a reação quanto à aceitação de um eventual favor ilegal, a reação
quanto a um eventual ganho de grande quantia de dinheiro na Megasena – no que
53

se refere a manter ou substituir o parceiro, e o juízo do respondente no que se refere


a seu próprio grau de felicidade.

Ë importante observar que, do mesmo modo que ocorre no bloco de dados


anterior, os dados contidos nos dois subgrupos deste bloco, apesar de estarem
fisicamente associados, não foram utilizados de modo necessariamente conjunto -
no que se refere à etapa de análise de dados da pesquisa.

Observe-se que, dados como sexo do respondente, raça, estado civil, número
de filhos e idade, por sua própria natureza, também estão entre os dados que, logo
de início, servem para caracterizar a amostra assumida pela pesquisa. É importante
notar, na oportunidade, que além desse emprego imediato, assumiu-se a
importância de se estudar a correlação de cada um desses dados e do nível de
escolaridade com o nível de felicidade declarado pelos respondentes – esforço
igualmente cumprido com sucesso ao longo do trabalho por meio de análises
específicas.

Ainda em relação aos dados incluídos no primeiro subgrupo do bloco de


dados em tela, deve-se notar que a região do DF em que mora o respondente não
apresentou grande potencial de contribuição para com a pesquisa, não tendo sido
abordada, portanto, de modo destacado.

Dentre os demais dados do bloco em análise, ou seja, aqueles que compõem


o segundo subgrupo de dados, alguns foram incluídos com intenção deliberada de
testar a evolução do nível de felicidade das pessoas ao longo do tempo. À análise
desses dados foi dedicada atenção especial, uma vez que havia grande expectativa
acerca da evolução ou involução do nível de felicidade, ao longo do tempo,
percebida pelos respondentes para si próprios e para terceiros. São eles: o juízo
acerca da felicidade comparativa entre sua mãe e avó e o juízo acerca da evolução
de sua própria felicidade nos últimos 5 (cinco) anos.

Deve-se observar, na oportunidade, que os demais dados que compõem o


segundo subgrupo do segundo bloco de dados também foram introduzidos na
pesquisa trazendo consigo uma grande expectativa – no sentido de potencialmente
poderem trazer à luz importantes descobertas na área.
54

Entre os dados agora referenciados, se encontram a frequência do


respondente a templos religiosos, o hábito de fumar, o hábito de consumir bebidas
alcoólicas, o juízo acerca do fator preponderante para alcançar a felicidade, a reação
do indivíduo quando do “tropeço” de uma pessoa famosa, a reação quanto à
aceitação de um eventual suborno, a reação quanto à aceitação de um eventual
favor ilegal, a reação quanto a um eventual ganho inesperado de grande quantia de
dinheiro na Mega-Sena – particularmente no que se refere a manter ou substituir o
parceiro, e o juízo do respondente no que se refere a seu próprio grau de felicidade.

São relacionadas, a seguir, as questões formuladas com o objetivo de compor


o segundo bloco de dados do questionário elaborado com fins de coleta de dados.
Observe-se que o bloco em tela é composto por 19 (dezenove) questões, sendo três
abertas e as demais fechadas - com alternativas previamente definidas que não
serão apontadas nesta parte do trabalho. Também em relação a esse bloco, as
alternativas apresentadas, no caso das questões fechadas, podem ser vistas no
formulário de coleta de dados da pesquisa (ver apêndice).

a) Sexo;

b) Qual sua raça?

c) Qual seu estado civil?

d) Quantos anos você tem?

e) Qual sua idade?

f) Mora no Plano Piloto?

g) Qual sua escolaridade?

h) Quantos anos de estudo formal você tem?

i) Você visita ou frequenta igreja ou culto religioso?

j) Você fuma regularmente?

k) Você ingere bebidas alcoólicas regularmente?


55

l) Quem você acha que foi mais feliz ao longo da vida, sua mãe ou sua avó?

m) Você se considera mais feliz do que era há cinco anos atrás?

n) Para você felicidade está mais associada a quê?

o) Quando uma pessoa famosa tem prejuízos sua felicidade aumenta?

p) Se você fosse um político, aceitaria suborno de R$ 100.000,00?

q) Se voe fosse um político aceitaria a troca de favores ilegais?

r) Se você ganhasse na Megasena, continuaria com o mesmo parceiro?

s) Como você classifica seu grau de felicidade?

3.2.3 Questões a responder de próprio punho – terceiro bloco

Esse bloco de dados foi concebido tendo como objetivo principal a


apresentação contígua das duas questões que, durante a fase de pré-teste do
questionário a ser utilizado como instrumento de coleta de dados, geraram
constrangimento junto aos entrevistados.

Ambas as perguntas versam sobre aspectos vinculados à sexualidade dos


indivíduos, e foram colocados em um mesmo bloco, ao final do questionário, como
forma de agilizar a entrega da prancheta do entrevistador ao próprio entrevistado, ou
simplesmente vira-la de frente para o mesmo, de modo que esse pudesse apontar a
resposta associada a cada uma delas ou mesmo responder diretamente às
questões, marcando as respostas de próprio punho – se assim desejasse. Observe-
se que, em qualquer das duas hipóteses, o entrevistado não teria que declarar sua
resposta em voz alta.

No que se refere aos dados correspondentes ao terceiro bloco de dados do


questionário, deve-se notar que sua utilização, para efeito de cruzamento e análise
56

de dados, se deu de modo muito amplo, por força da forte correlação esperada entre
sexo e felicidade.

São relacionadas, a seguir, as duas questões formuladas com o objetivo de


compor o terceiro bloco de dados do questionário, em tela. Observe-se que o
mesmo é composto por apenas 2 (duas) questões, sendo ambas fechadas. Do
mesmo modo que nos demais blocos, as alternativas correspondentes às questões
fechadas não serão apresentadas nessa etapa da Tese – podendo ser vistas no
formulário de coleta de dados da pesquisa (ver apêndice).

a) Qual é sua frequência sexual por semana?

b) Quantos parceiros sexuais você teve nos últimos doze meses?


57

4 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS – APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE

RESULTADOS

4.1 RESULTADOS REFERENTES À FELICIDADE

Conforme anteriormente citado, a análise do nível de felicidade declarado


pelas pessoas entrevistadas é o objeto central de estudos desta investigação. Dessa
forma, a apresentação e análise dos resultados obtidos, em tela, inicia-se sob a luz
das diversas variáveis levantadas, buscando-se ilustrar os possíveis determinantes
do grau de felicidade informado e a forma como possivelmente as mesmas se
correlacionam.

A Tabela 1 mostra as estatísticas descritivas de parte das variáveis utilizadas


nesse estudo. Na média, as pessoas presentes na amostra assumida trabalham 37
horas por semana, sendo que 77,6% delas estão no setor formal, 18,5% são
funcionários públicos e 42,8% são sindicalizadas.

Observe-se que, na média, os indivíduos entrevistados começaram a


trabalhar com 17 anos de idade. Ainda de acordo com a Tabela 1, a amostra
utilizada é composta por 46,6% de homens, 40,6% de brancos, e 40% de casados.
Além disso, é importante notar que 47,1% tem filhos e que, na média, estão com 30
anos e meio.

Alguns dados presentes na Tabela 1 merecem atenção especial. O principal


deles refere-se a uma pergunta aparentemente simples: quem você considera que
foi mais feliz, sua mãe ou sua avó? Uma parte expressiva dos entrevistados (27,7%)
considerou sua avó mais feliz do que sua mãe. Isso quer dizer que, na opinião dos
respondentes, mais de 1 em cada quatro avós foi mais feliz do que sua filha.

A esse respeito, deve-se destacar que, dados os grandes avanços dos


movimentos feministas e na conquista dos direitos das mulheres - obtidos ao longo
dos últimos 30 anos, adicionados ao progresso tecnológico e ao aumento expressivo
58

de seu padrão de vida, seria de se esperar que praticamente todas as mães


tivessem sido consideradas mais felizes do que as avós. Contudo, os dados
parecem revelar uma grande insatisfação de parcela expressiva das mulheres,
sugerindo que muitas delas prefeririam viver na época de suas avós, com menos
direitos, mas com um papel bem definido para a mulher na sociedade – embora
sujeitas às convenções da época, do que viver na época de suas mães (com mais
direitos conquistados, mas submetidas a condições menos estáveis e a grandes
lacunas nas definições associadas ao papel a ser cumprido pela mulher na
sociedade como um todo).

De maneira igualmente interessante, 73,8% dos entrevistados se dizem mais


felizes hoje do que há cinco anos. Isso implica que 26,2% dos indivíduos preferem
sua vida e rotina de 5 anos atrás à sua vida de hoje.

Sobre o grau de permissividade das pessoas entrevistadas, observa-se que


apenas 13,6% delas aceitariam 100 mil Reais de suborno. Contudo, esse número
salta para incríveis 27,1% no que tange às pessoas que aceitariam favores ilegais
(como por exemplo a nomeação de parentes que caracteriza o nepotismo cruzado -
quando tal prática é proibida).

Também deve-se notar que 81,4% dos entrevistados permaneceriam com


seus parceiros atuais caso ganhassem 10 milhões de Reais na Mega-Sena. Isto é,
18,6% dos entrevistados trocariam de parceiros em decorrência de um choque
positivo e inesperado de renda.

Tabela 1 - Estatísticas descritivas

Variável Média
Jornada média de trabalho 37,16 (13,29)*
Formal 77,62%
Público 18,53%
Sindicalizado 42,89%
Idade de quando começou a trabalhar 16,96 (3,23)*
Homem 46,66%
Branco 40,68%
Casado 40,03%
Tem filhos 47,14%
Idade atual 30,57 (10,43)*
Mora no Plano Piloto 26,28%
Anos de estudo 13,74 (4,61)*
Pratica religião 65,32%
59

Fuma 11,04%
Bebe 32,99%
A mãe foi mais feliz do que a avó 72,32%
É mais feliz hoje do que há 5 anos atrás 73,80%
Aceitaria Suborno 13,64%
Aceitaria Favores Ilegais 27,17%
Continuaria com o parceiro atual se ganhasse na Mega-Sena 81,42%
*: os valores entre parênteses representam os desvios-padrões.

A Tabela 2 revela o nível de felicidade dos entrevistados. De acordo com os


dados, percebe-se que 3,8% dos entrevistados se consideram muito infelizes. Além
disso, outros 2% se consideram infelizes. No outro extremo, verifica-se que 27,1%
dos indivíduos da amostra se consideram muito felizes.

Tabela 2 - Nível de felicidade dos entrevistados


Nível de Felicidade Frequência
relativa (%)
Muito infeliz 3,86%
Infeliz 2,06%
Pouco feliz 8,40%
Feliz 58,53%
Muito feliz 27,16%

Mas o que é felicidade? A Tabela 2A traz a opinião das pessoas no que se


refere ao conceito que elas consideram mais próximo do efetivo significado do termo
felicidade. Para a grande maioria, felicidade está associada à realização pessoal
(38,4%) e à realização familiar (33,5%). Interessante notar que apenas 9% dos
entrevistados associam felicidade à possibilidade de se acabar com dois dos mais
graves problemas sociais que assolam a sociedade brasileira: a fome e a violência.
Observe-se, ainda, que, para 2% dos entrevistados, a possibilidade de ver seu time
campeão representaria uma felicidade maior do que a possibilidade de os problemas
da fome e da violência serem resolvidos no Brasil.
60

Tabela 2A – Significado de felicidade

Para você, felicidade está associada a: Frequência (%)


Realização profissional 17%
Realização pessoal 38,45%
Realização familiar 33,48%
Ver seu time ser campeão 2,06%
Acabar com a fome e a violência no Brasil 9,01%

A Tabela 2B mostra que, para uma parte dos entrevistados, o fracasso ou o


“tropeço” dos outros é “colírio para os olhos”. Foi efetuada a seguinte pergunta:
“Quando uma pessoa famosa, que você não conhece e que não pode lhe fazer mal,
como Romário ou Vera Fisher, tem um prejuízo financeiro, seu nível de felicidade
aumenta?”. As respostas indicam que 3,8% dos entrevistados sempre experimentam
um aumento em seu bem estar em decorrência do fracasso de outros - dado que até
certo ponto pode ser traduzido como inveja. Além disso, outros 6,9% responderam
que às vezes ficam felizes com a “desgraça” alheia. Resumindo, quase 11% dos
entrevistados sentem algum prazer com o fracasso de pessoas famosas.

Tabela 2B – Prazer a partir do fracasso dos outros


Quando uma pessoa famosa, que você não conhece e que não Frequência (%)
pode lhe fazer mal, como Romário ou Vera Fisher, tem um
prejuízo financeiro, seu nível de felicidade aumenta?
Sim, sempre 3,79%
As vezes sim 6,88%
Nunca 89,33%

Em seguida, passa-se à análise acerca do poder que o dinheiro parece


exercer sobre o nível de felicidade das pessoas. Será que dinheiro traz felicidade? A
Tabela 3 relaciona o nível de renda com o nível de felicidade dos entrevistados.
Observa-se que os mais pobres da amostra assumida também apresentam o menor
nível de felicidade. Por exemplo, entre os indivíduos que recebem menos de 500
Reais por mês, 5,4% deles se declararam muito infelizes. Este número cai para 4%
entre os que ganham mais de 5.000 Reais por mês.
61

Entre os indivíduos que ganham menos de 500 Reais/mês 7,4% deles se


declararam infelizes ou muito infelizes, este número se reduz para 5,3% quando
analisados os indivíduos da faixa de renda mais alta. Olhando o extremo oposto, isto
é, os indivíduos que se declararam felizes ou muito felizes, observa-se que nessa
faixa de felicidade estão 84,2% das pessoas que recebem menos de 500 Reais/mês.
Contudo, este número sobe para 88,5% quando é feita a mesma análise para
indivíduos que recebem mais de 5.000 Reais/mês. Dessa maneira, observam-se
alguns indícios de que rendas mais elevadas podem estar associadas a níveis mais
altos de felicidade.

Tabela 3 - Renda e felicidade


Renda Mensal Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Inferior a 500 Reais 5,4% 2% 8,3% 56% 28,2%
Entre 501 e 1.000 Reais 2,8% 2,8% 9,5% 59,7% 25,1%
Entre 1.001 e 2.000 Reais 3,6% 1% 10,8% 60,6% 23,8%
Entre 2.001 e 3.000 Reais 4,6% 2,3% 10,3% 49,4% 33,3%
Entre 3.001 e 5.000 Reais 3,6% 2,1% 3,6% 62,8% 27,8%
Superior a 5.000 Reais 4% 1,3% 6,1% 58,1% 30,4%

Existe um antigo ditado popular que diz que mentes desocupadas se


preocupam com coisas sem importância ou de menor valor. A Tabela 4 verifica se o
nível de felicidade das pessoas está associado a uma jornada de trabalho mais ou
menos extensa.

De acordo com a Tabela 4, a maior concentração de indivíduos muito infelizes


se dá justamente entre as pessoas com as menores jornadas de trabalho. Isto é,
7,1% dos indivíduos com jornada semanal de trabalho inferior a 10 horas/semana se
declararam muito infelizes. Somando este número ao dos indivíduos que se
declararam infelizes, observa-se que 8,3% das pessoas com uma jornada de
trabalho inferior a 10 horas/semana se declararam muito infelizes ou infelizes. É
importante observar que esse mesmo número atinge 9,5% para trabalhadores com
uma carga semanal de trabalho entre 10 e 20 horas.

No extremo oposto observa-se que apenas 4,4% dos indivíduos com uma
carga semanal de trabalho superior a 50 horas se declararam muito infelizes ou
62

infelizes. De maneira interessante, o nível de felicidade parece aumentar com a


quantidade de horas trabalhadas, a única exceção ocorre para indivíduos com uma
jornada de trabalho entre 40 e 50 horas semanais - o que pode indicar um
descontentamento com a jornada semanal de 44 horas à qual é submetida a maioria
da população.

Ainda de acordo com os dados presentes na Tabela 4, 88,2% dos indivíduos


que trabalham mais de 50 horas por semana se declararam felizes ou muito felizes.
Esse número se reduz para 80,9% para trabalhadores com uma jornada semanal
entre 10 e 20 horas. De maneira curiosa, 82,1% dos indivíduos que têm jornada
semanal inferior a 10 horas se disseram felizes ou muito felizes. Dessa maneira,
esse grupo parece ter um nível de satisfação com sua vida acima daquele declarado
por indivíduos que trabalham entre 40 e 50 horas por semana. Em termos técnicos,
isso pode indicar algum grau de não-linearidade entre felicidade e duração da
jornada de trabalho.

Tabela 4 - Felicidade e duração da jornada semanal de trabalho


Jornada Semanal Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Jornada <= 10 horas 7,1% 1,2% 9,5% 57,1% 25%
10 < jornada<= 20 horas 6,3% 3,2% 9,5% 33,3% 47,6%
20 < jornada <=30 horas 4% 1,1% 8,5% 62,5% 23,9%
30 < jornada <=40 horas 2,5% 1,9% 7,3% 59,4% 28,7%
40 < jornada <=50 horas 5,4% 2,7% 10% 60,1% 21,8%
jornada > 50 horas 1,5% 2,9% 7,3% 60,3% 27,9%

Qual é o efeito da garantia das leis trabalhistas sobre o nível de felicidade de


uma pessoa? Será que estar amparado pela Convenção das Leis Trabalhistas (CLT)
propicia um grau mais elevado de felicidade? A Tabela 5 mostra a relação entre
felicidade e relações de trabalho formais, isto é, será que indivíduos que tenham a
carteira de trabalho assinada são mais felizes?

De acordo com as informações presentes na Tabela 5, verifica-se que 6,9%


dos trabalhadores do setor informal se disseram infelizes ou muito infelizes contra
63

5,6% dos trabalhadores do setor formal. Na outra ponta da Tabela 5 observa-se que
81,9% dos trabalhadores do setor informal responderam que são felizes ou muito
felizes, mas esse número sobe para 86,7% quando são olhados os trabalhadores do
setor formal. Dessa maneira, parece que a garantia de estar amparado pelas leis
trabalhistas está associada a uma melhor qualidade de vida, aumentando o nível de
felicidade do trabalhador. Mas é importante ressaltar que a diferença nas respostas
é pequena, ou seja, a magnitude do efeito da carteira assinada sobre a felicidade do
trabalhador não é tão alta quanto seria de se esperar.

Tabela 5 - Felicidade e proteção pelas leis trabalhistas


Carteira de Trabalho Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
Assinada infeliz Feliz Feliz
Não (setor informal) 5,8% 1,1% 11,1% 56,5% 25,4%
Sim (setor formal) 3,3% 2,3% 7,5% 58,9% 27,8%

Devido às característicos do Distrito Federal, onde o setor público tem um


peso muito significativo na economia e no mercado de trabalho, é interessante
verificar se há alguma associação entre o grau de felicidade de uma pessoa e o fato
de a mesma desfrutar da estabilidade típica do funcionalismo público. Isto é, será
que funcionários públicos tem um nível de felicidade superior aos trabalhadores do
setor privado? A Tabela 6 tenta responder essa questão. De maneira surpreendente,
9% dos funcionários públicos se dizem muito infelizes e infelizes, contra apenas
3,6% dos trabalhadores do setor privado. Talvez a rotina, falta de dinamismo e
escassez de oportunidades para inovar imponha um alto grau de insatisfação a
determinada parte dos funcionários públicos. Contudo, na parte oposta da Tabela 6
os números são parecidos: 87% dos trabalhadores do setor privado se dizem felizes
ou muito felizes, enquanto para os funcionários públicos esse número é de 86%.
Interessante notar os extremos do setor público: enquanto 32% dos funcionários
públicos se consideram muito felizes, 7% se consideram muito infelizes.
64

Tabela 6 - Nível de felicidade e características do empregador


Funcionário público Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Não 1,6% 2% 10,4% 63,5% 22,5%
Sim 7% 2% 5% 54% 32%

Será que a idade em que o trabalhador começou a trabalhar afeta seu nível
de felicidade? A Tabela 7 relaciona o nível de felicidade com a idade em que o
trabalhador começou a desenvolver atividades profissionais. Observa-se que 9,2%
dos trabalhadores que começaram a trabalhar antes dos 12 anos de idade se
declararam infelizes ou muito infelizes. Contudo, esse número sobe para 11,1% no
caso dos trabalhadores que começaram a trabalhar após os 25 anos de idade.

É importante notar também, nesse contexto, que os trabalhadores que


apresentam os níveis de felicidade mais alta são aqueles que começaram a
trabalhar entre os 17 e 25 anos de idade, desses, 87,8% se declararam felizes ou
muito felizes. Tal número se reduz para 84,9% para os trabalhadores que
começaram com idade entre 12 e 17 anos, e se torna menor ainda para indivíduos
que começaram a trabalhar antes dos 12 anos (79%). Contudo, o pior desempenho
se dá novamente para pessoas que começaram a trabalhar após os 25 anos de
idade. Dessas, apenas 77,7% se dizem felizes ou muito felizes. Ou seja, ao contrário
do senso comum, existe alguma correlação negativa entre o fato de começar a
trabalhar mais tarde e a felicidade do indivíduo.

Tabela 7 - Felicidade e idade com que se começa a trabalhar


Trabalhador começou a Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
trabalhar com infeliz Feliz Feliz
Idade <= 12 anos 5,3% 3,9% 11,8% 65,8% 13,2%
12 < Idade <= 17 anos 3,9% 1,9% 9,3% 59,9% 25,0%
17 < Idade <= 25 anos 3,6% 1,8% 6,8% 56,3% 31,5%
Idade > 25 anos 0,0% 11,1% 11,1% 33,3% 44,4%
65

Outra questão interessante refere-se ao gênero. Será que homens e mulheres


diferem em seu nível de felicidade? A Tabela 8 explora essa relação. De maneira
surpreendente os homens parecem estar mais infelizes que as mulheres. Enquanto
2,6% das mulheres se dizem muito infelizes, esse número sobe para 5,3% dos
homens. Em relação ao sexo feminino, 4,4% se diz infeliz ou muito infeliz. Para os
homens, entretanto, esse número chega a 7,7%, o que sinaliza que os indivíduos do
sexo masculino encontram-se mais deprimidos do que as mulheres na sociedade
sob análise. Além disso, enquanto 28,2% das mulheres se consideram muito feliz,
esse número se reduz para 25,9% no caso dos homens.

Tabela 8 - Felicidade e gênero


Gênero Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Feminino 2,6% 1,8% 9,3% 58,1% 28,2%
Masculino 5,3% 2,4% 7,3% 59% 25,9%

A Tabela 9 expõe a relação entre felicidade e raça. De maneira geral os


resultados são muito similares. A única diferença digna de nota encontra-se no
extremo da Tabela 9, onde 29,4% das pessoas brancas se declararam muito felizes,
contra 25,7% dos não-brancos.

Tabela 9 - Felicidade e raça


Raça Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Não-Branca 3,9% 1,9% 8,6% 59,8% 25,7%
Branca 3,6% 2,3% 8% 56,6% 29,4%

E o que se pode dizer a respeito do estado civil? Será que os casados são
mais felizes do que os solteiros? A Tabela 10 tenta responder essa pergunta. Entre
os solteiros, 5,6% se declararam muito infelizes ou infelizes, número esse que sobe
para 6,5% no caso dos casados. Na outra ponta da Tabela 10, 85,9% dos solteiros
se declararam muito felizes ou felizes, contra 84,5% dos casados. Os resultados
estão muito próximos, mas mostram que os solteiros não estão em pior situação de
66

felicidade do que os casados. Contudo, deve-se ressaltar que os casados dominam


as pontas da Tabela 10, ou seja, estão entre os mais muito infelizes e também entre
os mais muito felizes. Isso pode indicar que, quando ocorre sucesso no casamento,
o nível de felicidade dos casados sobe muito, o inverso ocorrendo quando o
casamento não passa é bem sucedido.

Tabela 10 - Felicidade e estado civil


Estado Civil Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Solteiro 3,7% 1,9% 8% 60,4% 25,9%
Casado (ou como se fosse) 4,1% 2,4% 9% 55,5% 29%

Filhos trazem felicidade? A Tabela 11 explora a relação entre pessoas que


tem filhos e seu respectivo nível de felicidade. De maneira geral os resultados são
muito próximos, mas deve-se ressaltar que, enquanto 5,4% das pessoas que não
tem filhos se declararam muito infelizes ou infelizes, esse número sobe para 6,4% no
caso das pessoas com filhos.

Tabela 11 - Felicidade e filhos


Tem filhos Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Não 3,6% 1,8% 8% 59,5% 27%
Sim 4,2% 2,2% 9% 57,4% 27%

Outro ponto muito importante a ser observado é a hipótese de a Educação


trazer felicidade. A Tabela 12 busca essa correlação. Os dados mostram a
existência de uma relação não-linear entre educação e felicidade. Verifica-se que
tanto níveis muito baixos como muito altos de educação estão associados a taxas
altas de infelicidade. Por exemplo, das pessoas com o ensino fundamental
incompleto, 14,3% se disseram muito infelizes ou infelizes. Esse número alcança
incríveis 15,1% para indivíduos com apenas o nível fundamental de ensino
concluído. Mas, mais espantoso ainda é o fato de que 15,4% dos doutores se
declararam muito infelizes. Esse mesmo número é de apenas 5,4% (4,4%) para
67

mestres (especialistas). Dos indivíduos com curso superior completo 5,8% se


declararam muito infelizes ou infelizes. Dessa maneira, pode-se notar que níveis
muito altos ou muito baixos de educação estão associados a baixo nível de
felicidade.

Tabela 12 - Felicidade e nível de escolaridade


Nível Educacional Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Fundamental incompleto 11,1% 3,2% 15,9% 52,4% 17,5%
Fundamental completo 12,1% 3% 3% 51,5% 30,3%
Médio incompleto 2,1% 2,1% 6,3% 63,1% 26,3%
Médio completo 2,1% 0,05% 8,9% 57,9% 30,5%
Superior incompleto 3% 2,8% 8,2% 60,6% 25,3%
Superior completo 3,4% 2% 6,8% 53,4% 34,2%
Especialista 4,3% 0,1% 8,7% 58,7% 27,1%
Mestre 5,4% 0% 8,1% 56,7% 29,7%
Doutor 15,4% 0% 7,7% 69,2% 7,7%

A Tabela 13 mostra a relação entre religiosidade e felicidade. Aparentemente


pessoas que frequentam igrejas ou cultos religiosos são mais felizes que aqueles
que não incluem esse hábito em sua rotina. Enquanto 6,6% dos que não frequentam
cultos religiosos ou igrejas se disseram muito infelizes ou infelizes, esse número se
reduz para 5,5% entre os que frequentam. Além disso, dos que frequentam igrejas
ou cultos, 29,2% se disseram muito felizes - contra 23,3% dos que não frequentam.

Tabela 13 - Felicidade e religiosidade


Frequenta igrejas ou Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
cultos religiosos infeliz Feliz Feliz
Não 4,4% 2,2% 9,9% 60,1% 23,3%
Sim 3,5% 2% 7,6% 57,7% 29,2%

Será que a frequência sexual aumenta a felicidade? A Tabela 14 mostra a


relação entre frequência sexual e felicidade. Das pessoas que responderam ter
menos de 1 relação sexual por semana 8,9% se disseram muito infelizes ou
infelizes, esse número se reduz para 4,3% para pessoas com uma frequência sexual
semanal entre 1 e 2 vezes. Além disso, dos que disseram ter menos de uma relação
68

sexual por semana apenas 79,9% se disseram muito felizes ou felizes contra 88%
dos que têm entre 1 e 2 relações semanais.

Tabela 14 - Felicidade e frequência sexual


Frequência Sexual Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
Semanal infeliz Feliz Feliz
Não tenho relações 4% 2,4% 12% 50,4% 31,2%
Menos de 1 vez 5,5% 3,4% 11% 57,9% 22%
Entre 1 e 2 vezes 2,3% 2% 7,6% 64,1% 23,9%
Três vezes 5% 2,3% 7,8% 53,9% 30,8%
4 ou mais vezes 4,3% 0,7% 7,9% 58,2% 28,7%
Não responderam 3,4% 1,7% 6,8% 59,7% 28,4%

A Tabela 15 mostra a relação entre felicidade e o número de parceiros


sexuais nos últimos 12 meses. Fica claro que a estabilidade sexual, isto é, a
manutenção de um pequeno número de parceiros sexuais, possui correlação
positiva com felicidade. Entre as pessoas que tiveram 6 ou mais parceiros nos
últimos 12 meses, 11,2% se declararam muito infelizes ou infelizes, número esse
que é de apenas 5,1% para indivíduos que tiveram 1 único parceiro nos últimos 12
meses.

Tabela 15 - Felicidade e número de parceiros sexuais nos últimos 12 meses


Número de parceiros nos Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
últimos 12 meses infeliz Feliz Feliz
Nenhum 5,3% 2,3% 9% 52,2% 31,1%
Apenas 1 3,2% 1,9% 8,4% 58,5% 27,9%
Apenas 2 0,7% 3,1% 8,6% 63% 24,4%
Apenas 3 5,2% 0% 3,9% 65,8% 25%
Entre 4 e 5 5,9% 2,9% 13,2% 55,9% 22%
6 ou mais 9,8% 1,4% 7% 56,3% 25,3%

Será que com o envelhecimento a pessoa se torna mais depressiva - e


consequentemente menos feliz? A Tabela 16 verifica o impacto da idade sobre o
nível de felicidade. De maneira curiosa, o problema da idade se mostra de maneira
inversa do que se poderia esperar. Em outras palavras, verifica-se que são
exatamente os jovens (e não os adultos ou idosos) os mais infelizes da amostra
69

coletada. Entre os indivíduos com menos de 21 anos de idade, 6,4% se declararam


muito infelizes ou infelizes. Tal número é de 4,5% para pessoas com mais de 45
anos de idade.

Tabela 16 - Felicidade e idade


Idade da pessoa Muito Infeliz Pouco Feliz Muito
infeliz Feliz Feliz
Idade <= 21 anos 4,6% 1,8% 6,4% 49,8% 37,3%
21 < idade <= 28 anos 5% 2,4% 7,7% 61,8% 23%
28 < idade <= 35 anos 2,6% 1,9% 12,8% 58,6% 24,1%
35 < idade <= 45 anos 2,8% 2,2% 7,3% 58,7% 28,8%
Idade > 45 anos 3% 1,5% 6,1% 63% 26,1%

4.2 RESULTADOS REFERENTES À MEGA-SENA

Nesta seção são descritos os resultados encontrados para a seguinte


pergunta: “Se você ganhasse 10 milhões de Reais na Mega-Sena, continuaria com o
mesmo parceiro?”. A Tabela 17 descreve as respostas gerais. Nela pode-se verificar
que 18,6% dos indivíduos da amostra trabalhada trocariam de parceiro caso
acertassem as seis dezenas da Mega-Sena. É importante lembrar que muito
provavelmente existe certo viés nessa resposta, isto é, por força dos freios morais ou
sociais, as pessoas se sentem impelidas a responder que manteriam o mesmo
parceiro. Ou seja, deve-se entender 18,6% como sendo o limite inferior das pessoas
que trocariam de parceiros. Dessa forma, no mínimo 18,6% dos indivíduos
entrevistados trocariam de parceiros pelo simples fato de ganharem um grande
prêmio em dinheiro na Mega-Sena.

Tabela 17 - Pessoas que permaneceriam com o mesmo parceiro


Sim, permaneceria com o mesmo parceiro 81,4%
Não, trocaria o parceiro atual por outro 18,6%
70

Será que homens estão mais propensos a trocar de parceiras, em


decorrência de um alto prêmio monetário, do que as mulheres? A Tabela 18 mostra
que 20,2% dos homens estariam dispostos a trocar de parceiras, enquanto apenas
17,2% das mulheres estão dispostas a mudar de parceiro caso acertem as dezenas
da Mega-Sena. Os dados mostram que, apesar de os homens estarem mais
propensos a trocar de parceiras em decorrência do prêmio da Mega-Sena, esta
diferença não é tão significante. Isso mostra que, no que se refere a esse quesito, as
mulheres são bem parecidas com os homens.

Tabela 18 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por gênero


Homens dispostos a trocar de parceiras 20,2%
Mulheres dispostas a trocar de parceiros 17,2%

E quanto a pessoas casadas, será que essas também estão sujeitas à


“tentação” da Mega-Sena? A Tabela 19 expõe os resultados para pessoas casadas.
Novamente, os resultados para homens e mulheres casadas são muito similares,
com o comportamento dos homens sendo apenas ligeiramente mais “desleal” que o
das mulheres. Contudo, é digno de nota que 16,1% das mulheres casadas estariam
dispostas a terminar seu casamento caso ganhem um alto prêmio monetário. Em
outras palavras, aproximadamente 1 em cada 6 mulheres casadas está inclinada a
acabar seu casamento caso acerte as dezenas da Mega-Sena.

Tabela 19 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por estado civil


Homens casados 17,3%
Mulheres casadas 16,1%
Homens solteiros 22,6%
Mulheres solteiras 17,6%

Outra pergunta interessante refere-se à faixa de renda. Pode-se afirmar que


pessoas de baixa renda são menos leais a seus parceiros? De acordo com os dados
71

presentes na Tabela 20, observa-se que indivíduos que ganham menos de 500
Reais por mês são os mais propensos a trocar de parceiros em decorrência de um
prêmio monetário não esperado. Aproximadamente 1 em cada 4 indivíduos que
recebem menos de 500 Reais por mês estão dispostos a trocar de parceiros caso
acertem na Mega-Sena. Esta disposição a trocar de parceiros se reduz com o
aumento na renda, sendo que atinge o patamar de 14,7% para pessoas que
recebem mais de 5.000 Reais por mês.

Tabela 20 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por renda


Indivíduos com renda mensal inferior a 500 Reais 24,9%
Indivíduos com renda mensal entre 501 e 1.000 Reais 19%
Indivíduos com renda mensal entre 1.001 e 2.000 Reais 18,6%
Indivíduos com renda mensal entre 2.001 e 3.000 Reais 16,1%
Indivíduos com renda mensal entre 3.001 e 5.000 Reais 12,1%
Indivíduos com renda mensal superior a 5.000 Reais 14,7%

De acordo com o senso comum, pessoas de melhor escolaridade conseguem


via de regra, escolher melhor seus parceiros – o que pode implicar maior lealdade
conjugal. Isso pode se verificar não apenas por possuírem maior grau de informação
ou discernimento, mas também por estarem imersas em um meio onde existe um
maior número de alternativas mais compatíveis com seu perfil – entre as quais seu
parceiro pode ser escolhido.

A despeito do senso comum, faz-se necessário verificar, de modo efetivo, o


impacto da escolaridade sobre a lealdade conjugal, observa-se que, de acordo com
a Tabela 21, pessoas com escolaridade mais baixa são também as mais propensas
a trocar de parceiros em decorrência de grandes prêmios monetários não
esperados.

Observe-se que impressionantes 42,4% dos indivíduos com ensino


fundamental completo estão dispostos a trocar de parceiros caso acertem na Mega-
Sena. Este número se reduz com o aumento da escolaridade, mas níveis mais
elevados de estudo também apresentam uma alta propensão a troca de parceiros.
Por exemplo, entre os indivíduos com pós-graduação, 16,8% estão dispostos a
trocar de parceiros.
72

Tabela 21 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por escolaridade


Nível Educacional Frequência Relativa (%)
Fundamental incompleto 38,1%
Fundamental completo 42,4%
Médio incompleto 12,6%
Médio completo 22,6%
Superior incompleto 15,3%
Superior completo 16,4%
Pós-Graduação 16,8%

Outro detalhe interessante, presente na Tabela 22, refere-se à ligação entre


felicidade e lealdade ao parceiro. É verdade que pessoas que se declararam menos
felizes se mostram menos leais a seus parceiros, mas também verifica-se que,
mesmo entre os indivíduos que se declararam “muito felizes”, aproximadamente 1
em cada 6 estão dispostos a trocar de parceiros caso ganhem na Mega-Sena.

Tabela 22 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por nível de felicidade


Nível de Felicidade Frequência Relativa (%)
Muito infeliz 31,1%
Infeliz 16,6%
Pouco feliz 32,6%
Feliz 16,7%
Muito feliz 16,7%

A Tabela 23 ressalta a importância da religião no que se refere à lealdade ao


parceiro. Pessoas que frequentam a igreja (ou cultos religiosos) sinalizam maior
lealdade a seus parceiros do que indivíduos que não participam desses momentos
de fé. Contudo, mesmo entre pessoas religiosas observa-se que 1 em cada 6 está
disposta a trocar de parceiro caso ganhe na Mega-Sena.
73

Tabela 23 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por religiosidade


Pessoas que frequentam igrejas ou cultos religiosos 17%
Pessoas que não frequentam igrejas/cultos religiosos 21,5%

A Tabela 24 mostra a relação entre frequência sexual semanal e lealdade ao


parceiro. Os dados indicam que pessoas com baixa frequência sexual são mais
propensas a trocar seus parceiros em virtude de um prêmio monetário não
esperado. É importante notar que 1 em cada 4 pessoas que tem sexo menos de
uma vez por semana estão dispostas a trocar de parceiro caso acertem na Mega-
Sena. Esse número se reduz para 17,3% no caso de pessoas com alta frequência
sexual (4 ou mais vezes por semana).

Tabela 24 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por frequência sexual


Frequência Sexual Semanal Frequência Relativa (%)
Não tenho relações 17,6%
Menos de 1 vez 25,3%
Entre 1 e 2 vezes 19,9%
Três vezes 14,3%
4 ou mais vezes 17,3%
Não responderam essa questão 17,8%

Outra questão importante é verificar a possibilidade de haver correlação entre


promiscuidade e deslealdade. Será que pessoas que tenham tido mais parceiros
sexuais (no período de 12 meses anteriores à pesquisa) são também os mais
desleais? A Tabela 25 ilustra essa relação. Pela análise da Tabela 25 fica evidente
que pessoas mais promíscuas (com muitos parceiros sexuais no período de 12
meses) também são as com maior probabilidade de trocar de parceiros caso
recebam um prêmio monetário não esperado. Aproximadamente 1 em cada 3
pessoas que tiveram 6 ou mais parceiros sexuais nos últimos doze meses está
disposta a trocar de parceiro caso ganhe na Mega-Sena.
74

Tabela 25 - Pessoas dispostas a trocar de parceiro – por número de parceiros


Número de Parceiros Sexuais nos últimos 12 meses Frequência Relativa (%)
Nenhum 15,1%
Apenas 1 16,2%
Apenas 2 16,5%
Apenas 3 30,2%
Entre 4 e 5 26,5%
6 ou mais 31%

4.3 RESULTADOS REFERENTES À FREQUÊNCIA SEXUAL

A Tabela 26 mostra os resultados referentes à frequência sexual das pessoas


da amostra coletada. Pelos dados levantados, pode-se observar que 10,7% dos
entrevistados não tinham acesso a atividades sexuais, enquanto 12,5% deles tinham
sexo menos de 1 vez por semana. Uma frequência sexual entre 1 e 2 vezes por
semana é a realidade para 25,8% dos entrevistados. Verifica-se, ainda, que 20,2%
dos entrevistados preferiram não responder a essa questão.

Se for assumido que a distribuição da frequência sexual das pessoas que não
responderam essa questão é similar à distribuição das pessoas que responderam à
questão, pode-se ter uma idéia mais precisa da frequência sexual dos indivíduos
que compõe a amostra. Assim, verifica-se que 32,4% dos moradores do Distrito
Federal tem frequência sexual equivalente a 1 ou 2 vezes por semana. Sendo que
13,5% não tem sexo, e 15,7% tem sexo menos de 1 vez por semana. Além disso,
observa-se que surpreendentes 15% dos entrevistados afirmam ter uma frequência
sexual semanal de 4 ou mais vezes.
75

Tabela 26 - Frequência sexual semanal


Frequência Sexual Semanal % das pessoas % das pessoas,
excluindo os que não
quiseram responder
Nenhuma 10,74% 13,47%
Menos de 1 vez 12,54% 15,73%
Entre 1 e 2 vezes 25,86% 32,44%
3 vezes 18,64% 23,38%
4 ou mais vezes 11,94% 14,98%
Prefere não responder 20,27% -

E o que se pode dizer a respeito da frequência sexual dos homens? A Tabela


27 mostra esses números. A análise da Tabela 27 é similar à anterior, sendo que a
terceira coluna mostra a frequência relativa da amostra assumindo que a distribuição
da frequência sexual das pessoas que não responderam é similar à das que
responderam. Dessa maneira, observa-se que 35% dos homens do Distrito Federal
tem em torno de 1 a 2 relações sexuais por semana, sendo que 17,8% deles
afirmam ter 4 ou mais relações por semana.

Tabela 27 - Frequência sexual dos homens


Frequência Sexual Semanal % dos homens % dos homens,
excluindo os que não
quiseram responder
Nenhuma 6,81% 8,04%
Menos de 1 vez 10,68% 12,61%
Entre 1 e 2 vezes 29,65% 35,00%
3 vezes 22,47% 26,52%
4 ou mais vezes 15,10% 17,83%
Prefere não responder 15,29% -

A Tabela 28 traz análise semelhante, mas levando em conta o público


feminino. Qual é a frequência média de sexo das mulheres residentes no Distrito
Federal? De acordo com a Tabela 28, quase 30% das mulheres do DF tem uma
frequência sexual semanal entre 1 e 2 vezes. Contudo, 37,6% das mulheres afirmam
não ter relações sexuais ou ter relações sexuais numa frequência inferior a uma vez
por semana. Apenas para fins de comparação, esse mesmo número é de apenas
20,6% para os homens. Observa-se também que 12,2% das mulheres afirmam ter
76

uma frequência sexual igual ou superior a quatro vezes por semana. Lembrando
apenas que esse número é de 17,8% para os homens.

Tabela 28 - Frequência sexual das mulheres


Frequência Sexual Semanal % das mulheres % das mulheres,
excluindo as que não
quiseram responder
Nenhuma 14,17% 18,80%
Menos de 1 vez 14,17% 18,80%
Entre 1 e 2 vezes 22,54% 29,91%
3 vezes 15,30% 20,30%
4 ou mais vezes 9,18% 12,18%
Prefere não responder 24,64% -

A partir da Tabela 29 são incluídas apenas as estatísticas referentes às


pessoas que aceitaram responder a pergunta sobre sua frequência sexual. Do ponto
de vista estatístico isto é equivalente a assumir que a distribuição de frequência
sexual é similar entre os dois grupos (o grupo que respondeu a pergunta e o grupo
que não a respondeu). A Tabela 29 mostra a frequência sexual dos moradores do
DF de acordo com sua faixa etária. Observa-se que, enquanto 29,8% dos mais
jovens não tem sexo ou o têm menos de 1 vez por semana, os mais velhos nessa
faixa de frequência sexual são em percentual de 26,4%. Contudo, quando se analisa
o outro extremo da Tabela 29, observa-se que 16,6% dos mais jovens tem sexo 4 ou
mais vezes por semana - contra 8% dos mais velhos.

Tabela 29 - Frequência sexual por faixa etária


Frequência Sexual Semanal Abaixo de 40 anos Maior ou igual a 40
anos
Nenhuma 14,19% 10,34%
Menos de 1 vez 15,65% 16,09%
Entre 1 e 2 vezes 31,56% 36,21%
3 vezes 22,02% 29,31%
4 ou mais vezes 16,58% 8,05%
77

A Tabela 30 verifica a relação entre renda e frequência sexual. Pela Tabela


30 parece bem evidente que pessoas que recebem salários maiores também
desfrutam de uma frequência sexual semanal mais elevada. Enquanto 18,8% dos
indivíduos que ganham menos de 1.000 Reais mensais não tem relação sexual
alguma, esse número se reduz para 8,3% dos que ganham acima de 1.000
Reais/mês. Na outra ponta da tabela, observa-se que, entre os que ganham acima
de 1.000 Reais/mês, 45,4% tem sexo 3 ou mais vezes por semana, sendo que esse
número é de apenas 31,1% para os que recebem menos de 1.000 Reais/mês.

Tabela 30 - Frequência sexual por faixa de renda mensal


Frequência Sexual Semanal Renda Mensal abaixo Renda Mensal acima
de R$1.000,00 de R$1.000,00
Nenhuma 18,82% 8,28%
Menos de 1 vez 19,26% 12,31%
Entre 1 e 2 vezes 30,85% 33,97%
3 vezes 17,29% 29,30%
4 ou mais vezes 13,79% 16,14%

Complementarmente, cabe analisar, de modo isolado, como está a vida


sexual dos casados. A Tabela 31 compara a frequência sexual dos casados e dos
solteiros. Interessante notar que quase 16% dos casais tem uma frequência sexual
muito baixa (menos de 1 vez por semana). Isto quer dizer que aproximadamente 1
em cada 6 casais do DF tem sexo menos de 1 vez por semana. Em compensação,
os solteiros também não se saem melhor, pois 38,1% desses também tem sexo
menos de 1 vez por semana. De maneira geral, os casados tem uma frequência
sexual muito superior a dos solteiros.

Tabela 31 - Frequência sexual dos casados e solteiros


Frequência Sexual Semanal Casados Solteiros
Nenhuma 2,61% 20,85%
Menos de 1 vez 13,32% 17,34%
Entre 1 e 2 vezes 35,51% 30,44%
3 vezes 28,98% 19,56%
4 ou mais vezes 19,58% 11,81%
78

Parece interessante, também, olhar os números associados à avaliação do


número de relações sexuais por semana quando levada em conta a escolaridade. A
Tabela 32 mostra a relação entre escolaridade e frequência sexual. Uma parcela alta
das pessoas com maior escolaridade simplesmente não tem acesso a sexo (14,4%).
A Tabela 32 não corrobora a idéia de que pessoas com maior escolaridade possuem
maior frequência sexual.

Tabela 32 - Frequência sexual e escolaridade


Frequência Sexual Semanal No máximo segundo No mínimo superior
grau completo incompleto
Nenhuma 11,07% 14,41%
Menos de 1 vez 24,05% 12,46%
Entre 1 e 2 vezes 28,63% 33,93%
3 vezes 19,85% 24,77%
4 ou mais vezes 16,41% 14,41%

4.4 RESULTADOS REFERENTES AO NÚMERO DE PARCEIROS

A Tabela 33 mostra o número de parceiros sexuais, nos últimos 12 meses,


das pessoas pesquisadas. De maneira geral, os moradores do Distrito Federal
declaram ter poucos parceiros sexuais ao longo de 12 meses, sendo que 70,3% dos
entrevistados tiveram no máximo 1 parceiro no período.

Tabela 33 - Número de parceiros nos últimos 12 meses


Número de Parceiros Frequência Relativa (%)
Nenhum 11,46%
1 58,85%
2 11,02%
3 6,60%
4 ou 5 5,90%
6 ou mais 6,16%
79

A Tabela 34 descreve os resultados referentes ao número de parceiros


sexuais nos últimos 12 meses, dividindo a amostra por gênero e estado civil.
Observe-se que, no caso dos casados, mais de 1 parceiro nos últimos 12 meses
pode ser considerado uma evidência de infidelidade conjugal. Observa-se, assim,
que 81,7% dos homens casados podem ser considerados fiéis, ao passo que
existem indícios de infidelidade conjugal para 18,3% dos homens casados. Mesmo
para mulheres casadas esse número não é pequeno, pois existem indícios de que
11,2% das mulheres casadas foram infiéis aos seus parceiros.

Entre os homens solteiros pode-se verificar que 44,6% tiveram no máximo 1


parceiro sexual no período de 12 meses que antecedeu a pesquisa. Esse número
sobe para 72% no caso de mulheres solteiras. Pela Tabela 34 pode-se concluir que
solteiros têm mais parceiros sexuais do que casados. Contudo, não deixa de chamar
a atenção o fato de que 3,6% das mulheres casadas declararam ter tido 6 ou mais
parceiros sexuais nos últimos 12 meses.

Tabela 34 - Número de parceiros sexuais por gênero e estado civil


Número de parceiros Homens Mulheres Homens Mulheres
Casados Casadas Solteiros Solteiras
Nenhum 2,07% 1,35% 11,07% 23,32%
1 79,67% 87,44% 33,56% 48,70%
2 7,88% 3,14% 15,10% 14,51%
3 4,98% 2,24% 10,40% 7,25%
4 ou 5 2,07% 2,24 14,77% 3,63%
6 ou mais 3,32% 3,59% 15,10% 2,59%

A análise da Tabela 35 mostra que 16,5% dos indivíduos que ganham menos
de 1.000 Reais/mês não tiveram um único parceiro sexual nos últimos 12 meses,
sendo que esse número se reduz para 6,2% no caso dos que ganham mais de 1.000
Reais/mês. De maneira geral, verifica-se também que pessoas mais velhas têm
menos parceiros sexuais do que os mais jovens. Enquanto 86,6% dos indivíduos
acima de 40 anos afirmaram ter tido no máximo 1 parceiro sexual nos últimos 12
meses, esse número se reduz para 66,4% no caso dos menores de 40 anos. Além
disso, 13,9% das pessoas com menos de 40 anos responderam que tiveram 4 ou
80

mais parceiros sexuais nos últimos 12 meses. Observe-se que esse número se
reduz para 4,5% para os maiores de 40 anos.

Tabela 35 - Número de parceiros por faixa etária e renda


Número de parceiros Menores de Idade maior Renda até Renda >
40 anos de ou igual a R$ 1.000,00 R$1.000,00
idade 40 anos /mês /mês
Nenhum 11,53% 11,16% 16,50% 6,21%
1 54,85% 75,45% 50,17% 67,91%
2 12,07% 6,70% 11,56% 10,46%
3 7,65% 2,23% 7,14% 6,03%
4 ou 5 6,57% 3,13% 5,95% 5,85%
6 ou mais 7,33% 1,34% 8,97% 3,55%

A Tabela 36 mostra a relação entre número de parceiros sexuais e


escolaridade. Pela análise dos dados, existem indícios de que pessoas com menos
escolaridade tem mais parceiros sexuais. Enquanto 18,6% das pessoas com
escolaridade mais baixa tiveram 4 ou mais parceiros sexuais nos últimos 12 meses,
esse número se reduz para 9,3% no caso dos com maior escolaridade.

Tabela 36 - Número de parceiros sexuais e escolaridade


Número de Parceiros No máximo No mínimo superior
segundo grau incompleto
completo
Nenhum 10,95% 11,67%
1 51,18% 62,04%
2 10,95% 11,06%
3 8,28% 5,90%
4 ou 5 7,69% 5,16%
6 ou mais 10,95% 4,18%
81

5 RESULTADOS ECONOMÉTRICOS PARA FELICIDADE

Essa parte da tese realiza procedimentos econométricos mais sofisticados,


definidos com o objetivo de encontrar os determinantes da felicidade, da frequência
sexual e do número de parceiros de um indivíduo. Observe-se que os procedimentos
assumidos nesta parte econométrica seguem de perto o procedimento estatístico
sugerido por Blanchflower e Oswald (2004).

Na Tabela 37 são apresentados os resultados para a variável dependente


felicidade por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). Além disso, tal como no caso
de Blanchflower e Oswald (2004), foram utilizados dois conjuntos de variáveis
explicativas para verificar a robustez econométrica dos resultados. As regressões
também foram estimadas para toda a amostra, e depois, separadamente, para
homens e mulheres, devendo-se notar que o objetivo desse procedimento é verificar
se o conjunto de variáveis explicativas se comporta de maneira equivalente para
ambos os sexos.

De acordo com os resultados presentes na Tabela 37, observa-se que


existem importantes diferenças nos determinantes da felicidade do homem e da
mulher. Por exemplo, na regressão para todos, observa-se que os homens são mais
infelizes do que as mulheres. Além disso, enquanto a renda tem efeito positivo e
estatisticamente significante sobre a felicidade dos homens, tal efeito não é
significante para o caso das mulheres. Por outro lado, a religiosidade mostra-se uma
importante variável para determinar o nível de felicidade das mulheres, contudo,
religiosidade não parece importante na equação de felicidade para homens.
Interessante notar, também, que pessoas “invejosas” são mais infelizes.
82

Tabela 37 - Regressões por MQO para a Variável Dependente Felicidade*


Variável Todos Todos Homens Homens Mulheres Mulheres

Idade -.027 -.019 -.044 -.032 -.012 -.005


(.125) (.320) (.100) (.266) (.633) (.840)
Idade2 .0003 .0002 .0005 .0004 .0001 .0001
(.133) (.289) (.133) (.250) (.565) (.752)
Homem -.154 -.136 - - - -
(.015) (.036)
Branco -.033 -.022 -.020 -.015 -.042 -.035
(.590) (.719) (.835) (.879) (.605) (.662)
Anos de Educação -.008 -.007 -.015 -.022 -.0008 .007
(.281) (.351) (.182) (.065) (.931) (.502)
Freq. Sexual Semanal .035 .037 .048 .046 .020 .023
(.171) (.162) (.239) (.271) (.551) (.517)
Um único parceiro .079 .044 .085 .047 .048 .036
(.240) (.523) (.407) (.652) (.599) (.697)
Trabalha meio-período -.007 -.086 -.118 -.095 .083 -.144
(.931) (.425) (.383) (.594) (.410) (.289)
Desempregado -.116 -.335 -.146 -.061 -.093 -.753
(.325) (.108) (.519) (.860) (.482) (.004)
Casado -.132 -.119 -.105 -.082 -.143 -.161
(.074) (.130) (.363) (.502) (.135) (.113)
Renda .069 .047 .105 .091 .029 .00008
(.008) (.087) (.008) (.033) (.395) (.998)
Duração da Jornada de -.006 -.001 -.014
Trabalho Semanal (.150) (.814) (.010)
Setor Formal .045 .192 -.122
(.563) (.125) (.224)
Tem Filhos .002 -.080 .077
(.979) (.560) (.449)
Religião .095 .020 .175
(.146) (.834) (.052)
Fuma -.030 -.030 .028
(.749) (.816) (.848)
Bebe .045 .070 .012
(.498) (.469) (.894)
Aceita Suborno .103 .197 .029
(.293) (.177) (.827)
Aceita Favores Ilegais -.128 -.055 -.208
(.093) (.656) (.029)
Troca de parceiro se .169 .201 .163
ganhar na Mega-Sena (.034) (.098) (.123)
Inveja (fica feliz com a -.281 -.346 -.219
desgraça alheia) (.005) (.017) (.134)
Observações 913 893 457 446 459 447
R2 ajustado 0,8% 2,48% 0,8% 2,28% -0,95% 2,03%
F F(11, F(21, F(10, F(20, F(10, F(20,
901) = 871) = 443) = 425) = 448) = 426) =
1.67 2.08 1.37 1.52 0.57 1.46
*: os valores entre parênteses são os valores-p.
83

A estimativa por MQO, contudo, não é a mais adequada a esse contexto.


Dada a estrutura ordenada da variável dependente felicidade, um procedimento
econométrico que leve em conta tal ordenamento é estatisticamente superior. Dessa
maneira, e novamente seguindo Blanchflower e Oswald (2004), foi novamente
estimada a equação de felicidade, mas desta vez usando um procedimento
econométrico conhecido por Logit Ordenado.

O Logit Ordenado leva em consideração a estrutura de ordenamento da


variável dependente felicidade, produzindo resultados econométricos mais
confiáveis. A estimativa da equação de felicidade pelo método de Logit Ordenado
esta descrita na Tabela 38.

Observe-se que, de acordo com os dados presentes na Tabela 38, confirma-


se que os determinantes da felicidade são distintos para homens e mulheres.

No que se refere à idade, deve-se notar que o aumento da idade parece


afetar negativamente a felicidade de todos, contudo tal efeito só é estatisticamente
significante para os homens. Além disso, a regressão para todos confirma
novamente que homens se declaram mais infelizes do que mulheres.

De maneira intrigante, o aumento da escolaridade parece afetar


negativamente os homens, mas tem não tem efeito estatístico sobre as mulheres.
Novamente, a renda parece ser muito mais importante para a felicidade do homem
do que para a felicidade da mulher. Por outro lado, no caso das mulheres, jornadas
de trabalho longas estão associadas a um menor nível de felicidade, entretanto,
grandes jornadas não parecem afetar o nível de satisfação dos homens.

Outra observação necessária é o fato de que a religiosidade parece ser um


importante determinante da felicidade feminina - mas que não tem efeito sobre a
felicidade masculina. Outro detalhe que não pode deixar de ser notado é a
sinalização de que pessoas “invejosas” são mais infelizes que as demais.
84

Tabela 38 - Regressões por Logit Ordenado p/a Variável Dependente Felicidade*

Variável Todos Todos Homens Homens Mulheres Mulheres


Idade -.095 -.082 -.108 -.101 -.095 -.075
(.014) (.055) (.047) (.097) (.110) (.244)
Idade2 .001 .0009 .001 .001 .001 .0009
(.030) (.081) (.089) (.132) (.131) (.244)
Homem -.268 -.242 - - - -
(.056) (.096)
Branco .013 .038 .012 .035 .041 .072
(.923) (.782) (.952) (.862) (.830) (.719)
Anos de Educação -.032 -.029 -.043 -.056 -.018 .002
(.064) (.112) (.070) (.026) (.460) (.917)
Freq. Sexual Semanal .091 .119 .105 .128 .081 .103
(.112) (.046) (.214) (.148) (.337) (.249)
Um único parceiro .171 .100 .169 .085 .140 .114
(.253) (.511) (.424) (.692) (.526) (.622)
Trabalha meio-período .052 -.172 -.192 -.180 .247 -.328
(.770) (.472) (.489) (.620) (.306) (.321)
Desempregado -.099 -.705 .023 .149 -.125 -1.835
(.706) (.132) (.962) (.839) (.696) (.005)
Casado -.203 -.231 -.136 -.179 -.246 -.307
(.211) (.181) (.563) (.475) (.287) (.217)
Renda .206 .162 .236 .231 .173 .087
(.000) (.009) (.004) (.010) (.038) (.333)
Duração da Jornada de -.017 -.006 -.037
Trabalho Semanal (.063) (.639) (.006)
Setor Formal .134 .358 -.194
(.437) (.164) (.425)
Tem Filhos .050 .007 .157
(.786) (.980) (.528)
Religião .303 .140 .535
(.036) (.476) (.015)
Fuma -.094 -.107 .010
(.650) (.681) (.977)
Bebe .088 .031 .138
(.553) (.874) (.554)
Aceita Suborno .267 .373 .193
(.224) (.219) (.565)
Aceita Favores Ilegais -.382 -.070 -.688
(.026) (.789) (.004)
Troca de parceiro se .293 .344 .341
ganhar na Mega-Sena (.102) (.179) (.191)
Inveja (fica feliz com a -.615 -.696 -.634
desgraça alheia) (.006) (.023) (.069)
Cut 1 -4.771 -4.941 -4.593 -4.328 -5.001 -5.925
Cut 2 -4.323 -4.506 -4.198 -3.925 -4.437 -5.410
Cut 3 -3.306 -3.459 -3.416 -3.116 -3.085 -3.984
Cut 4 -.527 -.612 -.621 -.255 -.302 -1.061
Observações 913 893 454 446 459 447
Pseudo R2 1,08% 2,55% 1,42% 2,87% 0,97% 3,91%
LR chi2(11) chi2(21) chi2(10) chi2(20) chi2(10) chi2(20)
= = = = = 9.48 =
21.60 49.86 14.34 28.65 37.19
*: os valores entre parênteses são os valores-p.
85

A Tabela 39 usa novamente o procedimento de Logit Ordenado, mas, nessa


nova oportunidade, dividindo a amostra por faixa etária. A idéia desse procedimento
é verificar se os determinantes da felicidade de pessoas mais idosas são similares
aos determinantes da felicidade de pessoas jovens.

De acordo com os resultados presentes na Tabela 39 verifica-se que


enquanto o aumento da idade possui correlação negativa com a felicidade dos mais
jovens, esse mesmo aumento não tem correlação estatisticamente significante sobre
a felicidade das pessoas com 40 ou mais anos de idade.

De maneira curiosa, verifica-se que o nível de felicidade dos homens abaixo


de 40 anos é similar ao nível de felicidade das mulheres, contudo, após os 40 anos,
os homens se declaram mais infelizes do que as mulheres. Também é digno de nota
que a frequência semanal de sexo não parece estar associada à felicidade dos mais
jovens, porém, possui correlação positiva com a felicidade dos mais velhos.

Observa-se ainda que, apesar da duração da jornada de trabalho estar


associada a um menor nível de felicidade dos mais novos, ela não parece ter
influencia sobre o nível de felicidade dos mais velhos. Verifica-se, também, que, para
os mais velhos, o fato de estar trabalhando no setor formal está associado a um
maior nível de felicidade.

No que se refere ao efeito da religião na vida das pessoas, verifica-se que a


religiosidade parece ser mais importante para os mais novos - sendo que jovens que
frequentam a igreja ou cultos religiosos se declaram mais felizes.
86

Tabela 39 - Regressões por Logit Ordenado p/a VD Felicidade* - por faixa etária

Variável Menores de 40 Menores de 40 40 ou mais anos 40 ou mais anos


anos anos
Idade -.330 -.272 .162 .014
(.004) (.020) (.521) (.957)
Idade2 .005 .004 -.001 .0001
(.008) (.031) (.558) (.952)
Homem -.223 -.194 -.662 -.653
(.149) (.221) (.070) (.119)
Branco .067 .091 -.115 -.222
(.659) (.559) (.740) (.544)
Anos de -.024 -.023 -.080 -.063
Educação (.196) (.245) (.071) (.182)
Freq. Sexual .072 .103 .420 .409
Semanal (.247) (.115) (.013) (.022)
Um único .287 .224 -.770 -.661
parceiro (.073) (.174) (.109) (.190)
Trabalha meio- .071 -.234 -1.172 -.694
período (.707) (.366) (.060) (.379)
Desempregado -.177 -1.059 .411 1.364
(.531) (.043) (.566) (.283)
Casado -.269 -.239 .042 -.130
(.136) (.213) (.922) (.778)
Renda .195 .166 .316 .239
(.003) (.019) (.014) (.100)
Duração da -.023 .009
Jornada de (.039) (.689)
Trabalho
Semanal
Setor Formal -.041 1.272
(.823) (.026)
Tem Filhos -.059 .697
(.763) (.254)
Religião .332 .367
(.040) (.310)
Fuma -.118 -.099
(.606) (.859)
Bebe .146 -.108
(.375) (.786)
Aceita Suborno .241 1.748
(.292) (.047)
Aceita Favores -.367 -.538
Ilegais (.046) (.328)
Troca de parceiro .133 1.056
se ganhar na (.496) (.031)
Mega-Sena
Inveja (fica feliz -.671 .074
com a desgraça (.005) (.920)
alheia)
Cut 1 -7.677 -7.688 .811 .159
Cut 2 -7.236 -7.263 1.300 .656
Cut 3 -6.226 -6.225 2.406 1.833
Cut 4 -3.502 -3.437 5.758 5.442
Observações 746 728 167 165
Pseudo R2 1,40% 2,80% 4,90% 9,58%
LR chi2(11) = chi2(21) = chi2(11) = chi2(21) =
23.25 45.41 16.56 32.23
*: os valores entre parênteses são os valores-p.
87

A Tabela 40 estima outra vez a equação de felicidade pelo método Logit


Ordenado, contudo, nessa nova oportunidade é feita uma divisão da amostra de
acordo com a escolaridade dos indivíduos. Este procedimento ilustra que os
determinantes da felicidade dependem do grau de escolaridade das pessoas.
Pessoas com mais anos de estudo parecem valorizar um conjunto de atributos
diferente daquele que usualmente é mais valorizado por pessoas com baixa
escolaridade.

De acordo com os resultados presentes na Tabela 40, observa-se que


homens com alta escolaridade se declaram menos felizes do que mulheres com alta
escolaridade, mas esse efeito é estatisticamente nulo para o caso dos indivíduos
com baixa escolaridade. Deve-se destacar que, pela primeira vez, para o caso de
indivíduos com baixa escolaridade, observa-se que as pessoas que se consideram
brancas se declaram mais felizes do que as não brancas. Esse efeito não se repete
no caso dos indivíduos mais letrados, assim, esse resultado pode estar indicando
algum tipo de discriminação contra não-brancos.

Para as pessoas com baixa escolaridade, estudar mais aumenta a felicidade,


sendo que o inverso ocorre para pessoas com alta escolaridade. A atividade sexual
parece ser mais importante para indivíduos com baixa escolaridade do que para
indivíduos com alta escolaridade. De maneira surpreendente, os menos educados
não parecem se preocupar muito com a renda, enquanto, para os mais educados, a
renda se mostra um importante determinante da felicidade.

A religião também parece ser um importante determinante da felicidade dos


indivíduos com mais anos de educação. Entre as pessoas com baixa escolaridade,
verifica-se que a bebida está negativamente correlacionada com seu nível de
felicidade.
88

Tabela 40 - Regressões por Logit Ordenado p/a VD Felicidade* - por escolaridade


Variável No máximo segundo grau completo No mínimo superior incompleto
Idade -.075 -.033 -.074 -.069
(.173) (602) (.197) (.260)
Idade2 .0009 .0003 .0008 .0007
(.195) (.666) (.270) (.348)
Homem -.199 .055 -.275 -.299
(.436) (.840) (.104) (.087)
Branco .557 .596 -.105 -.089
(.040) (.038) (.525) (.595)
Anos de .102 .104 -.093 -.075
Educação (.019) (.025) (.000) (.006)
Freq. Sexual .314 .357 -.019 .004
Semanal (.004) (.001) (.780) (.957)
Um único .007 -.253 .279 .287
parceiro (.977) (.368) (.128) (.127)
Trabalha meio- .300 .013 -.015 -.210
período (.438) (.979) (.941) (.462)
Desempregado -.056 -.519 -.104 -.723
(.896) (.524) (.756) (.221)
Casado -.316 -.184 -.110 -.208
(.277) (.561) (.580) (.329)
Renda .108 .060 .233 .206
(.380) (.665) (.002) (.008)
Duração da -.015 -.015
Jornada de (.352) (.191)
Trabalho
Semanal
Setor Formal .103 .049
(.711) (.834)
Tem Filhos -.113 .115
(.751) (.605)
Religião .173 .417
(.558) (.014)
Fuma -.315 .032
(.357) (.903)
Bebe -.481 .263
(.092) (.147)
Aceita Suborno -.082 .246
(.814) (.411)
Aceita Favores -.225 -.468
Ilegais (.476) (.027)
Troca de parceiro .603 .078
se ganhar na (.043) (.740)
Mega-Sena
Inveja (fica feliz -.804 -.373
com a desgraça (.030) (.203)
alheia)
Cut 1 -2.752 -2.786 -5.602 -5.659
Cut 2 -2.396 -2.480 -5.100 -5.155
Cut 3 -1.303 -1.254 -4.089 -4.139
Cut 4 1.490 1.756 -1.213 -1.217
Observações 261 255 652 638
Pseudo R2 4,51% 8,56% 1,70% 2,87%
LR chi2(11) = chi2(21) = chi2(11) = chi2(21) =
26.81 49.38 23.78 39.51
*: os valores entre parênteses são os valores-p.
89

6 CONCLUSÕES

A felicidade vem sendo, ao longo do tempo, um dos objetos de maior


interesse para a humanidade, representado, para a maioria das pessoas, o próprio
objetivo da vida. O estudo desse tema, apesar de ter a maior parte de suas
iniciativas apoiadas nas investigações feitas no âmbito da psicologia, vem se
tornando um dos temas mais importantes nos últimos anos, tendo passado a ser
estudado por muitas outras ciências - de modo isolado ou conjunto - entre as quais a
economia.

Tendo voltado os olhos para o estudo de fatores subjetivos da vida dos


indivíduos durante seus primeiros passos, a economia abandonou esse viés nos
anos 1930, quando passou a estudar essencialmente os fatores mais objetivos –
como a preferência dos indivíduos e seus mecanismos de escolha. Essa visão
somente foi retomada algumas décadas depois, por força da constatação da forte
influência dos fatores subjetivos sobre a vida das pessoas, tendo sido abandonada,
com isso, a idéia de que a satisfação dos indivíduos variava somente com a renda.

O retorno à atenta observação dos fatores, de natureza objetiva, associados à


felicidade humana, assumida como nova diretriz para a realização de estudos
econômicos a partir da década de 1970, criou o cenário necessário à retomada e ao
aprofundamento dos estudos da felicidade no âmbito da economia.

A partir dessa retomada, muitas pesquisas nessa área vem sendo


desenvolvidas, trazendo importantes contribuições às ciências econômicas e à
humanidade como um todo, notadamente no que se refere ao maior conhecimento
acerca dos elementos determinantes do menor ou maior grau de felicidade das
pessoas.

Esses elementos, em sua maior parte de natureza subjetiva, vem sendo


estudados com o objetivo principal de se aferir seu efetivo peso sobre a felicidade
humana, sem deixar de analisar, ao mesmo tempo, a forma como os mesmos se
correlacionam e os impactos que podem causar sobre o lado mais emocional e
afetivo da vida de cada um.
90

A realização de trabalhos científicos empíricos, como os associados ao


estudo da felicidade, até recentemente enfrentavam dificuldades por força dos
questionamentos acerca do fato de dados de natureza tão subjetiva estarem sendo
coletados diretamente junto a respondentes, entretanto, as discussões
metodológicas acerca do emprego e validade desse tipo de mecanismo de coleta já
estão superadas – havendo atualmente aceitação generalizada dos procedimentos
adotados na área.

A despeito das dificuldades verificadas, o grande número de pesquisas


desenvolvidas nessa área, notadamente na última década, trouxe consigo o
aumento da literatura e dos bancos de dados disponíveis - associados à satisfação e
felicidade dos indivíduos, viabilizando significativa ampliação das fronteiras do
conhecimento na área.

Importantes avanços já ocorreram e muitos resultados valiosos foram obtidos,


entretanto, muito ainda precisa ser feito, pois além das grandes lacunas ainda
existentes nas regiões onde estudos nessa área vem sendo desenvolvidos com
alguma ênfase – notadamente nos Estados Unidos e na Europa, na maioria dos
países nenhum esforço significativo vem sendo feito nesse sentido.

No caso específico do Brasil, poucas iniciativas na direção desses estudos


foram tomadas, devendo-se observar que, até o início desta investigação, nenhum
trabalho científico voltado para a coleta e análise de dados associada à felicidade foi
identificado no país. Por consequência, não apenas no país, mas também no âmbito
do Distrito Federal, a realização desta pesquisa, voltada ao estudo dos aspectos de
naturezas subjetiva e objetiva associados à felicidade, é indiscutivelmente pioneira.

Tendo sido elaborado com fim específico de desenvolver um estudo


associado ao Distrito Federal, este trabalho teve como objeto central de pesquisa o
nível de felicidade declarado pelas pessoas entrevistadas, que foi avaliado sob a luz
das diversas variáveis levantadas com o objetivo de se identificar os possíveis
determinantes desse grau informado e a forma como as mesmas se correlacionam,
de modo que a obtenção de maior e mais profundo conhecimento acerca desse
tema no país represente importante passo na direção da melhoria da qualidade de
vida das populações – a partir da sinalização de caminhos mais eficientes e seguros
para que se chegue à melhoria do nível de felicidade das pessoas.
91

Para que esta investigação, desenvolvida no âmbito da economia do trabalho,


tendo como área de concentração a microeconomia aplicada, fosse viabilizada, um
de seus objetivos específicos foi a geração de uma base de dados atual, ampla e
consistente, capaz de viabilizar estudos científicos sobre a felicidade no âmbito do
Distrito Federal. Assim, uma das etapas cumpridas ocupou-se da aplicação de
questionários - composto de 27 (vinte e sete) questões de diversas naturezas, junto
a 1.521 (um mil, quinhentas e vinte e uma) pessoas adultas - de ambos os sexos -
aleatoriamente abordadas em locais de grande circulação de pessoas no Distrito
Federal entre os dias 31/08/2009 e 28/10/2009.

Ao longo do trabalho foi avaliada, de modo especial, a hipótese de os


relacionamentos pessoais de cada indivíduo, associados a seu número de relações
e parceiros sexuais, possuírem correlação importante com seu nível felicidade, tendo
sido analisada também, com a mesma profundidade, a possibilidade de poder haver
significativa influência de choques positivos de renda sobre os mesmos elementos.

Os dados coletados foram tabulados e inicialmente analisados de forma


descritiva, tendo sido feita, em seguida, a estimativa por Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO). Ato contínuo, por representar, neste caso, um procedimento
econométrico estatisticamente superior, foi novamente estimada a equação de
felicidade usando o procedimento econométrico conhecido por Logit Ordenado - que
leva em consideração a estrutura de ordenamento da variável dependente
felicidade, produzindo resultados econométricos significativamente mais confiáveis,
apresentados ao longo do texto que segue.

A amostra trabalhada atestou representar muito bem a população do DF, uma


vez que os dados coletados (entre os quais sexo, natureza do empregador, e estado
civil), quando consolidados e observados sob o aspecto estatístico, mostram clara
convergência com os dados gerais da população. Somando-se a isso o expressivo
tamanho da própria amostra coletada, acredita-se ter sido a mesma extremamente
representativa para fins da realização deste estudo.

Iniciando a apresentação das conclusões mais associadas aos resultados


obtidos para a felicidade, destaca-se que, para a população estudada, o conceito de
felicidade está mais diretamente ligado à realização pessoal e à realização familiar,
nessa ordem, mostrando um relativo equilíbrio entre a valorização atualmente dada
92

aos aspectos objetivos e subjetivos associados a esse estado de espírito. Nesse


contexto, a grande maioria dos respondentes se declarou feliz ou muito feliz,
demonstrando, de modo indireto, que o Distrito Federal oferece boas condições para
o desenvolvimento profissional de seus habitantes e condições adequadas ao
desenvolvimento das relações familiares.

De maneira geral, a maioria dos entrevistados se diz mais feliz hoje do que há
cinco anos, sendo que a percentagem das pessoas que sinalizaram essa melhoria é
bem próxima do percentual de pessoas que acreditam ter havido aumento no nível
de felicidade das mulheres entre as gerações de sua avó e de sua mãe.

Apesar de a maioria das pessoas no DF ter percebido uma melhoria no nível


de felicidade ao longo dos anos, observou-se, ao mesmo tempo, que mais de um
quarto dos entrevistados percebe uma redução nesse mesmo nível – tanto no que
se refere às gerações anteriores quanto do que diz respeito a si próprios. Isso
reforça não apenas a possibilidade de os movimentos em favor do aumento dos
direitos das mulheres não terem sido tão bem sucedidos - como se imagina a priori,
mas também indica certa deterioração na qualidade de vida atualmente percebida
por parcela importante da população.

Quando se leva em consideração o sexo dos respondentes, variável binária


com grande potencial de contribuição para as análises feitas a partir deste estudo,
verifica-se que os indivíduos do sexo masculino parecem estar mais infelizes do que
as representantes do sexo feminino, sendo o percentual de homens que se
declaram muito infelizes correspondente ao dobro do percentual de mulheres que
avaliam estar nessa mesma condição. Complementarmente, observa-se também
que o número de mulheres que se consideram muito feliz é superior ao número de
homens que assim se declaram.

Quando a análise leva em consideração o estado civil, apesar de os


resultados vinculados a casados e não casados serem muito próximos, observa-se
que o número de casados que se declaram muito infelizes é maior do que o número
de não casados que se julgam na mesma situação. Na outra extremidade dos
resultados dessa análise, entretanto, verifica-se o inverso, ou seja, o número de não
casados que se declaram muito felizes ou felizes é ligeiramente superior ao número
93

de casados que se declaram do mesmo modo. Deve-se notar, entretanto, que


quando analisados apenas os dados correspondentes aos que se declaram muito
felizes, o percentual de casados é superior ao de não casados. Esse quadro leva a
crer que os casamentos bem sucedidos elevam significativamente o nível de
felicidade dos casados – ocorrendo o inverso no caso de insucesso nesse tipo de
relacionamento conjugal.

Os dados associados à raça dos respondentes, assim como aqueles


vinculados ao número de filhos dos entrevistados, por sua vez, não se mostraram
muito importantes na tentativa de identificar os fatores que mais contribuem para o
aumento do nível de felicidade das pessoas. Quanto à raça, verifica-se apenas uma
pequena superioridade no percentual de pessoas brancas, em relação às não
brancas, que se declararam muito felizes. No que se refere ao número de filhos,
verifica-se que, entre as pessoas que se declararam muito infelizes ou infelizes, é
ligeiramente maior o percentual daqueles que tem filhos.

A observação da potencial influência da educação sobre a felicidade mostrou


a existência de uma relação não-linear entre educação e felicidade. Tanto níveis
muito baixos como muito altos de educação estão associados a taxas altas de
infelicidade. Isso pôde ser observado, de modo claro, a partir dos dados associados
às pessoas com o ensino fundamental completo e incompleto, com importante
percentual de pessoas muito infelizes, bem como a partir dos dados associados aos
doutores – que sinalizaram a maior parcela de pessoas muito infelizes entre todos os
níveis de escolaridade declarados.

A análise dos dados associados à felicidade, quando cruzados com as idades


dos respondentes, trouxe resultados inesperados. Curiosamente, a despeito do que
se poderia esperar, os jovens com até 28 anos de idade foram os que apresentaram
maior percentual de pessoas muito infelizes e infelizes. De modo diferente, a análise
voltada à relação entre religiosidade e felicidade não apresentou surpresas,
mostrando que as pessoas que frequentam igrejas ou cultos religiosos se declaram
mais felizes do que aquelas que não os frequentam. Nenhuma surpresa também se
verificou quanto à análise dos dados correspondentes ao sentimento de inveja em
relação a pessoas mais bem sucedidas – tendo sido apurado que pessoas
“invejosas” e declaram, em média, mais infelizes que as demais.
94

Em busca da verificação da possibilidade de o nível de felicidade das pessoas


estar associado a uma jornada de trabalho mais ou menos extensa, verificou-se, de
modo surpreendente, que a maior concentração de indivíduos infelizes e muito
infelizes se dá entre as pessoas com as menores jornadas de trabalho. O nível de
felicidade parece aumentar com a quantidade de horas trabalhadas, exceção feita
para indivíduos com jornada de trabalho entre 40 e 50 - o que pode indicar um
descontentamento com a jornada semanal padrão do país. Observou-se, também
curiosamente, que grande parcela dos indivíduos com jornada semanal inferior a 10
horas se disseram felizes ou muito felizes. Em termos técnicos, isso pode indicar
algum grau de não-linearidade entre felicidade e duração da jornada de trabalho,
mas essa particularidade também pode ser explicada, de modo prático, pelo
posicionamento dos jovens que tem a educação como atividade principal.

Tratando-se da natureza do empregador, espera-se usualmente que os


funcionários públicos demonstrem nível de felicidade superior aos trabalhadores do
setor privado por poderem desfrutar da estabilidade que essa condição lhes oferece,
entretanto, o percentual de funcionários públicos que se dizem muito infelizes e
infelizes é maior do que os anotados junto a trabalhadores do setor privado. Na
parte superior da tabela, entretanto, o percentual de funcionários públicos que se
declara muito feliz é bem superior aos números vistos no setor privado – o que pode
estar associado aos altos salários pagos a parte dos servidores públicos que
trabalham em Brasília.

O trato dos assuntos relacionados a trabalho exigiu também uma reflexão


acerca do potencial efeito das garantias trazidas pelas leis trabalhistas sobre o nível
de felicidade de uma pessoa. De acordo com o observado, há vantagem, não tão
significativa, em favor dos trabalhadores formais, entretanto, foi percebido que, para
os mais idosos, o fato de estar trabalhando no mercado formal está positivamente
relacionado ao aumento do nível de felicidade dos indivíduos. No que se refere à
idade com que os indivíduos começaram a trabalhar, observa-se que, ao contrário
do quê se espera a partir do senso comum, há nítidos indicativos de que começar a
trabalhar mais tarde é pior para a felicidade do indivíduo do que começar a trabalhar
mais cedo.
95

Outra análise também muito aguardada era associada ao potencial que a


frequência sexual e o número de parceiros sexuais do indivíduo nos últimos meses
possuem de aumentar e o nível de felicidade. No que se refere à frequência, o maior
volume de pessoas que se disseram muito infelizes ou infelizes declarou ter apenas
uma relação sexual por semana, devendo-se notar que essa mesma frequência está
associada ao menor percentual de pessoas que se declararam felizes ou muito
felizes. No que se refere ao número de parceiros, contrariando o que se costuma
declarar em público, os dados mostram que a manutenção de um pequeno número
de parceiros sexuais está positivamente associada à felicidade.

A afirmação a partir da qual o dinheiro traz felicidade também foi testada.


Nesse contexto, observou-se que os indivíduos de menor renda demonstraram
menor nível de felicidade, apresentando maior percentual de pessoas que se
consideram muito infelizes - ao mesmo tempo em que mostram um menor
percentual de pessoas que se declararam muito felizes. Esse quadro oferece alguns
indícios de que renda mais elevada pode estar realmente associada a níveis mais
altos de felicidade.

Passando agora à apresentação das conclusões mais vinculadas aos


resultados obtidos para a lealdade entre os parceiros, ou seja, maior ou menor
probabilidade de não continuar com o parceiro por força de um choque positivo de
renda, verifica-se que, quando se olha a amostra como um todo, quase 1 entre 5
pessoas trocariam de parceiro caso ganhassem uma grande soma de dinheiro de
modo inesperado. Esse dado é ainda mais significativo se levado em conta que as
respostas à pergunta correspondente podem ter sido em parte maquiadas pela
pressão social existente, devendo esse número ser tomado como limite inferior das
pessoas que trocariam de parceiros dada essa ocorrência.

De modo surpreendente, verifica-se que, mesmo tomadas separadamente as


pessoas que se declaram muito felizes, 1 em cada 6 delas estão dispostas a não
permanecer com o mesmo parceiro nesse caso. Deve-se notar, também, que
pessoas que geralmente frequentam igrejas ou cultos religiosos possuem maior
lealdade a seus parceiros, entretanto, mesmo nesses casos, verifica-se também que
1 em cada 6 está disposta a deixar o parceiro caso ganhe na Mega-Sena.
96

Os dados também mostram que, apesar dos homens estarem mais


propensos a trocarem de parceiras em decorrência do prêmio da Mega-Sena, essa
diferença não é tão significante. Observando-se as pessoas casadas, verifica-se que
os resultados para homens e mulheres casadas são mais uma vez muito similares -
havendo novamente o indicativo de que homens são ligeiramente mais desleais que
as mulheres.

Dadas as faixas de renda, verifica-se que indivíduos com menores salários


são mais propensos a trocar de parceiros em decorrência de um prêmio monetário
não esperado – reduzindo-se essa disposição com o aumento na remuneração dos
indivíduos. Verificou-se, ainda, que pessoas com escolaridade mais baixa são
também as mais propensas a trocar de parceiros - havendo tendência de queda
nessa propensão a partir do crescimento da escolaridade.

Quando verificada a relação entre frequência sexual semanal e lealdade ao


parceiro, aparentemente as pessoas com baixa frequência sexual são mais
propensas a trocar de parceiro em virtude de um prêmio monetário não esperado –
reduzindo-se essa propensão no caso de pessoas com alta frequência sexual. Já no
que se refere à ligação entre promiscuidade e deslealdade, evidenciou-se que
pessoas com mais parceiros sexuais nos últimos 12 meses também apresentam
maior probabilidade de trocar de parceiro nessa circunstância

Seguindo a apresentação das conclusões mais associadas à frequência


sexual dos respondentes, verificou-se que 1 em cada 5 entrevistados não quis
responder à pergunta correspondente. Assumindo, nesse caso, uma mesma
distribuição de frequência sexual - tanto para o grupo dos que responderam à
questão quanto para o grupo dos que não se manifestaram a esse respeito -
observa-se que a maior parte dos respondentes tem frequência sexual equivalente a
1 ou 2 vezes por semana, tendo sido apurados resultados mais elevados para os
homens nos subgrupos definidos a partir dessa faixa de frequência - onde o maior
percentual de pessoas se insere.

Analisando a frequência sexual dos respondentes à luz de sua faixa etária,


verifica-se que os dados são razoavelmente equilibrados no que se refere a jovens e
pessoas acima de 40 anos, exceto no que se refere à faixa de altas frequências
97

sexuais – nitidamente mais ocupada pelos mais jovens. No que se refere à renda,
pessoas com salários maiores também desfrutam de frequência sexual semanal
mais elevada. Verifica-se, ainda, que os casados tem frequência sexual
significativamente superior à dos não casados, devendo-se notar, entretanto, que há
uma fatia importante dos entrevistados que, mesmo sendo casados, tem menos de
uma relação sexual por semana.

A análise de relação entre escolaridade e frequência sexual não corrobora a


idéia de que pessoas com maior escolaridade tenham maior frequência. Quando
analisado o grupo de pessoas com até ensino médio completo e o grupo de pessoas
com no mínimo o nível superior completo, há um razoável equilíbrio entre os
mesmos – na faixa associada a pessoas com 3 ou mais relações sexuais semanais.

No que diz respeito ao número de parceiros, os dados mostram que os


moradores do Distrito Federal parecem ter poucos parceiros sexuais. Um grande
número de parceiros é mais frequentemente encontrado apenas junto às pessoas
com menor escolaridade, entre as de mais baixa renda e entre os mais jovens. Entre
os casados não se encontra uma grande parcela dos respondentes com grande
numero de parceiros, entretanto, os que declararam isso, deixam claros indícios de
que há importante infidelidade conjugal no DF.

As conclusões tiradas após o maior aprofundamento da análise, ou seja, após


a obtenção dos resultados econométricos, mostram, adicionalmente, que, mesmo
havendo maior tendência de infelicidade do homem, existem importantes diferenças
nos determinantes da felicidade entre os gêneros.

De acordo com as análises, o aumento da idade afeta negativamente a


felicidade dos mais jovens, mas o mesmo aumento não tem efeito estatisticamente
significante sobre a felicidade das pessoas com 40 ou mais anos de idade. Observa-
se, ainda, que o nível de felicidade dos homens abaixo de 40 anos é similar ao nível
de felicidade das mulheres na mesma faixa de idade, contudo, após os 40 anos os
homens se tornam mais infelizes do que as mulheres. Também se concluiu que a
frequência sexual semanal não parece influenciar a felicidade dos mais jovens,
porém possui importante correlação com a felicidade dos mais velhos. Acerca dessa
98

atividade, nota-se que a mesma parece ser mais importante para indivíduos com
baixa escolaridade do que para indivíduos com alta escolaridade.

De maneira curiosa, o aumento da escolaridade afeta negativamente os


homens, mas tem não tem efeito estatístico sobre as mulheres. Homens com alta
escolaridade são menos felizes do que mulheres com alta escolaridade, mas esse
efeito é estatisticamente nulo para o caso dos indivíduos com baixa escolaridade.
Observe-se, ainda, que, entre as pessoas com baixa escolaridade, a bebida parece
estar negativamente associada a seu nível de felicidade.

Observa-se, também, que pessoas com mais anos de estudo parecem


valorizar um conjunto de atributos diferente daquele mais valorizado por pessoas
com baixa escolaridade. Para as pessoas com baixa escolaridade, estudar mais
aumenta a felicidade, sendo que o inverso ocorre para pessoas com alta
escolaridade. Também associado ao tempo de estudo formal de cada pessoa,
observa-se o fato de que os menos educados não parecem se preocupar muito com
a renda, diferentemente dos que possuem maior tempo de educação formal - para
quem a renda é um importante determinante da felicidade. Ainda no que se refere à
renda, percebe-se que essa parece ser muito mais importante para a felicidade do
homem do que para a felicidade da mulher.

As análises mostraram que longas jornadas de trabalho diminuem o nível de


felicidade das mulheres e dos mais jovens, mas não tem efeito sobre o nível de
satisfação dos homens nem dos mais velhos – que por sua vez se sentem mais
felizes por estarem trabalhando no setor formal.

A religiosidade, a seu turno, é uma importante variável para determinar o nível


de felicidade das mulheres, mas não para os homens, devendo-se notar que os
jovens que frequentam cultos ou igrejas se declaram mais felizes. Observa-se,
também, que a religião é igualmente um importante determinante da felicidade dos
indivíduos com mais anos de educação.

A única nota significativa acerca da influência da raça sobre a felicidade das


pessoas é válida para o caso de indivíduos com baixa escolaridade. Observou-se
que brancos são mais felizes do que não brancos, mas deve-se notar que esse
99

efeito não se repete no caso dos indivíduos mais letrados. Isso pode indicar algum
tipo de discriminação contra não-brancos nas faixas de renda menos privilegiadas.

A partir dos resultados obtidos, acredita-se que, além de disponibilizar mais


profundo conhecimento acerca dos aspectos associados à felicidade dos indivíduos
que moram no DF, este trabalho disponibiliza, a partir de agora, novas bases de
dados e de conhecimentos, sobre os quais poderão ser desenvolvidas outras
investigações associadas à área, permitindo, ainda, que sobre as mesmas bases
sejam assentadas políticas públicas capazes de contribuir positivamente para a
melhoria da vida de todos os cidadãos.

A nova fronteira de conhecimentos aberta por este estudo, a partir da qual


pode se dar o desenvolvimento de novas pesquisas, poderá ser melhor explorada
caso as novas investigações na área se voltem ao aprofundamento do estudo dos
elementos que se mostraram mais significativos na busca da identificação dos
principais determinantes da felicidade humana, bem como da forma pela qual os
mesmos se relacionam.

No que se refere às políticas públicas, destaca-se que, a partir dos resultados


obtidos por esta investigação, novos sinalizadores passam a estar disponíveis aos
governantes e demais lideranças, para que possam refletir, sobre bases mais
sólidas, acerca da possibilidade e importância de modificar as políticas públicas hoje
implementadas, de modo que o bem-estar dos indivíduos possa ser buscado como
prioridade – gerando reflexos positivos diretos sobre o nível de felicidade das
pessoas.

Os sinalizadores referenciados surgem a partir da própria visão que se tem


acerca do conceito de felicidade. De acordo com os levantamentos, para a maioria
dos respondentes o termo está mais diretamente ligado à realização pessoal e à
realização familiar – o que sinaliza a necessidade de humanizar as ações da
administração pública, privilegiando o cuidado com o ser humano e a atenção à
família – nas diversas áreas. Essa necessidade é corroborada pelo fato de o
percentual de casados que se declaram muito felizes ser superior ao de não
casados que assim se consideram – reforçando a importância dos casamentos bem
sucedidos para a felicidade humana.
100

Considerando que verificou-se uma superioridade, embora pequena, no


percentual de pessoas brancas, em relação às não brancas, que se declararam
muito felizes, notadamente nas faixas de renda mais baixas, fica reforçada também
a import6ancia do desenvolvimento de políticas públicas que combatam a
discriminação. Do mesmo modo, considerando que a religiosidade impacta
positivamente a felicidade das pessoas, fica indicada também a importância do
incentivo ao fortalecimento da fé dos indivíduos – independente de sua religião -
podendo ser utilizado para tanto o ensino religioso no sistema de educação formal
pública.

As políticas voltadas à juventude também se mostram de grande importância


no para que sejam evitados os altos índices de infelicidade verificados entre jovens
com até 28 anos de idade. Também torna-se importante, nesse contexto, esforços
para a introdução menos tardia do jovem no mercado de trabalho, posto que isso
favorece sua renda individual, reduz sua ociosidade e atribui ao mesmo um nível de
responsabilidade mais condizente com a fase adulta que vivem.

As discussões acerca da importância de se reduzir a jornada de trabalho


padrão no país – de 44 horas semanais, atualmente implantada, também ganham
força, uma vez que provavelmente existe grande descontentamento dos
trabalhadores em relação à mesma. O serviço público, por sua vez, precisa ser visto
com maior cuidado, pois os importantes percentuais de servidores que se dizem
muito infelizes e infelizes podem indicar falhas nos mecanismos de motivação
associada ao cumprimento de sua função. Não se pode destacar, ainda quanto ao
trabalho, a importância de melhorar as condições para que os mais idosos possam
estar formalmente inseridos no mercado de trabalho – posto que aumenta o nível de
felicidade desse grupo social.

Assim, por acreditar-se que o desenvolvimento de pesquisas dessa natureza


é lastro essencial para que possam ser definidos e tomados caminhos mais
eficientes e seguros para que se chegue à melhoria do nível de felicidade das
pessoas – função primordial das políticas públicas a serem implementadas pelos
governos, espera-se que o fato de o desenvolvimento desta investigação ter sido
levado a cabo com sucesso possa representar um dos primeiros passos em direção
101

ao aumento da qualidade de vida de cada uma das pessoas que buscam essa
conquista.
102

REFERÊNCIAS

BALLAS, D.; DORLING. D. Measuring the impact of major life events upon
happiness. International Journal of Epidemiology - Oxford University Press.
September, 2007.

BECCHETTI, L.; BEDOYA, D. A. L.; TROVATO, G. Income, Relational Goods and


Happiness. Tor Vergata University, CEIS, Departamental Working Papers, 2006.

BLANCHFLOWER, D. G. International Evidence on Well-being. Discussion Paper


No. 3354. The Institute for the Study of Labor (IZA). February, 2008.

BLANCHFLOWER, D. G.; OSWALD, A. J. Hypertension and Happiness across


Nations. Journal of Health Economics. February, 2007.

BLANCHFLOWER, D. G.; OSWALD, A. J. Is Well-Being U-Shaped over the Life


Cycle?. Discussion Paper No. 3075. The Institute for the Study of Labor (IZA).
September, 2007.

BLANCHFLOWER, D. G.; OSWALD, A. J. Money, sex and happiness: An empirical


Study. Scandinavian Journal of Economics, 2004.

BLANCHFLOWER, D. G.; OSWALD, A. J. The Rising Well-Being of the Young.


Conference on Disadvantaged Youth. December, 1999.

BLANCHFLOWER, D. G.; OSWALD, A. J. Well-Being Over Time in Britain and the


USA. Journal of Public Economics, June, 2002.

CLARK, A. E.; FRIJTERS, P.; SHIELDS M. A. Relative Income, Happiness, and


Utility: An Explanation for the Easterlin Paradox and Other Puzzels. Journal of
Economic Literature, 2008.

CORBI, R. B.; MENEZES-FILHO, N. A.. Os determinantes empíricos da felicidade no


Brasil. REVISTA DE Economia Política, vol. 26, no. 4. Out-Dez, 2006.

DI TELLA, R.; MACCULLOCH R. J. Gross National Happiness as an Answer to the


Easterlin Paradox?. Journal of Development Economics. April, 2005.

DI TELLA, R.; MACCULLOCH, R. J.; OSWALD, A. J. The Macroeconomis of


Happiness. The Review Of Economics and Statistics. ,November, 2003.

DRAKOPOULOS, S. A.; The paradox of Happiness: towards an alternative


explanation. University of Athens. November, 2008. Disponível em http://mpra.ub.uni-
muenchen.de/6870/ Acessado em 19 out. 2009.
103

FREY, S. B. Happiness: A Revolution in Economics. MIT Press Books, 2008.

FREY, S. B.; STUTZER, A. Happiness, Economy and Institutions. Working Paper No.
15. The Economic Journal. October, 2000.

FREY, S. B.; STUTZER, A. What can Economists Learn from Happiness Research?.
Journal of Economic Literature. June, 2002.

GRAHAM, C. Some Insights on Development from the Economics of Happiness.


World Bank Research Observer. April, 2005.

GUL, F.; PESENDORFER, W. Wellfare without Happiness. AEA Papers and


Proceedings. May, 2007.

HAYBRON, D. Life Satisfaction, Ethical Reflection, and the Science of Happiness.


Journal of Happiness Studies. 2007.

HUDSON, J.. Institutional Trust and Subjective Wellbeing across the EU. KYKLOS -
International Review for Social Sciences. Vol. 59, 2006.

KÕSZEGI, B.; RABIN, M. Choices, situations and happiness. Journal of Public


Economics. April, 2008.

MCBRIDE, M. Money, Happiness, and Aspirations: an Experimental Study. Draft.


University Of California-Irvine - Working Paper. March, 2007.

MICHALOS, A. C. Education, Happiness and Wellbeing. International Conference on


‘Is happiness measurable and what do those measures mean for public policy?’.
April, 2007.

NORRISH, J. M.; VELLA-BRODRICK, D. A. Is the sudy of happiness a Worthy


Scientific Pursuit?. Social Indicators Research. June, 2007.

POWDTHAVEE, N. Economics of happiness: a review of Literature and Applications.


Chulalongkorn Journal Of. Economics. March, 2007.

PRAAG, B. M. S. Perspectives from the Happiness Literature and the Role of New
Instruments for Policy Analysis. CESifo Economic Studies, Vol 53. February, 2007.

RAYO, L.; BECKER, G. S. Habits, Peers, and Happiness: Na Evolutionary


Perspective. AEA Papers and Proceedings. May, 2007.

SHIKIDA, P. F. A.; RODRIGUES, O. A. R. Economia e felicidade: uma análise


regional sob a perspective rural e urbana. Diálogo Econômico, No. 2. Outubro, 2004.

STEVENSON, B.; WOLFERS. J. The Paradox of Declining Female Happiness. Draft.


A Economic Journal: Economic Policy. September, 2007.

WAIT, L. J.; LUO, Y; LEWIN, C. Marital happiness and marital stability:


Consequences for psychological well-being. Social Science Research. August, 2008.
104

APÊNDICE – FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

Potrebbero piacerti anche