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São Paulo, 26 de junho de 2013 | Edição nº 7

Sustentabilidade de Pavimentos Asfálticos

Dra. Leni Figueiredo Mathias Leite

Sustentabilidade pode ser definida como a capacidade de o ser humano interagir com o
mundo preservando o meio ambiente, para não comprometer os recursos naturais das
gerações futuras. O conceito de Sustentabilidade é complexo, pois atende a um conjunto de
variáveis interdependentes, que deve ter a capacidade de integrar as questões sociais,
energéticas, econômicas e ambientais. A palavra Sustentabilidade foi citada pela primeira
vez na Alemanha, na publicação "German Forestry", em 1713. Em 1972, o Clube de Roma
publicou o relatório "Os limites do crescimento", preparado por uma equipe de
pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology. Esse relatório apresenta os
resultados da simulação, em computador, da evolução da população humana com base na
exploração dos recursos naturais, com projeções para 2100. Mostra que, devido à
persecução do crescimento econômico durante o século XXI, é de se prever uma redução
drástica à população devido à poluição, à perda de terras aráveis e à escassez de recursos
energéticos.

Nos últimos anos, esse tema vem sendo discutido em congressos na Europa e EUA e foi
repetidamente empregado pelos congressos Eurobitume, em 2008 e 2012. No
Transportation Research Board - TRB de 2008, foi apresentado um trabalho intitulado
"Green Roads", para quantificação de práticas sustentáveis associadas ao projeto e à
construção de estradas. Sobre esse tema, no ano de 2011, ASTM promoveu um workshop,
e, em 2012, TRB promoveu um workshop sobre ligantes alternativos aos asfaltos de
pavimentação. A NAPA organizou uma conferência, e a Sociedade Italiana de Infraestrutura
Viária realizou, em outubro de 2012, um congresso em Roma. Em pavimentação asfáltica, a
sustentabilidade é impactada nos seguintes fatores:

Saúde;
Análise de ciclo de vida e pegada de carbono;
Misturas mornas;
Segurança, conforto, ruído, asfaltos drenantes e controle de água de chuva;
Reciclagem, emprego de rejeitas, agregados alternativos e bioprodutos;
Durabilidade;
Mudanças climáticas;
Normalização e legislação, contratos ecológicos.

Saúde
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Os recém-divulgados resultados da Monografia 103 do International Agency for Research


on Cancer - IARC, sobre a nova classificação 28 do ligante asfáltico para uso rodoviário, o
colocaram como possivelmente carcinogênico aos seres humanos. O Conservation of Clean
Air and Water in Europe - CONCAWE e o Registration, Evaluation, Authorisation and
Restriction of Chemicals - REACH analisaram a monografia e concluíram que os riscos
advindos do asfalto à saúde humana são muito baixos, desde que a temperatura seja
limitada e reduzida, equipamentos de proteção individual sejam utilizados e equipamentos
para extração de fumos sejam adaptados nos equipamentos de usinagem e aplicação.
Existem vários estudos para determinar o potencial carcinogênico do asfalto através da
obtenção de vapores de asfalto em laboratório e a posterior identificação e quantificação de
policíclicos aromáticos - PCA (Shell e Petrobras). Os resultados mostraram que
temperaturas altas de usinagem emitem mais PCA que as baixas temperaturas, indicando a
vantagem do emprego de misturas mornas na pavimentação. Além disso, Exxon Mobil
realizou testes de carcinogenicidade em animais por inalação e por contato na pele, que
resultaram negativos, e ainda declarou que os estudos laboratoriais resultam em potencial
carcinogênico muito maior do que os resultados obtidos em trabalhos de campo. Já existe
uma proposta europeia de método de amostragem e determinação de vapores e
particulados nos fumos de asfalto em campo que podem auxiliar na composição de banco
de dados.

Análise do Ciclo de Vida e Pegada de Carbono

Duas ferramentas são usadas como indicadoras de sustentabilidade ambiental:

a) Pegada de carbono mede quanto dióxido de carbono (C02) é produzido em cada


processo que possa causar impacto ambiental (ex: ida ao trabalho de carro, movimento do
interruptor de luz e voo para fora da cidade), tudo que utiliza combustíveis fósseis, como
petróleo, carvão e gás. Quando combustíveis fósseis são queimados, eles emitem Gases
do Efeito Estufa (GEE), como o CO2, que contribuem para o aquecimento global. A pegada
de carbono é comumente usada para explorar a sustentabilidade do estilo de vida de
indivíduos, produtos e serviços, organizações, setores industriais, vizinhanças, cidades,
regiões e nações. Numa população tecnologicamente avançada, ela é, em geral, maior do
que em uma população subdesenvolvida.

b) Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta que permite a quantificação das
emissões ambientais de um produto, sistema ou processo. Essa análise é feita sobre toda
a "vida" do produto ou processo, desde o seu início (por exemplo, desde a extração das
matérias-primas, no caso de um produto) até o final da vida (quando o produto deixa de ter
uso e é descartado como resíduo), passando por todas as etapas intermediárias
(manufatura, transporte, uso). Eurobitume já fez um relatório sobre o ciclo de vida do ligante
asfáltico e mostra os componentes do seu cálculo: produção, transporte e refino de
petróleo, além da energia consumida na produção, transporte e refino.

Misturas mornas

As misturas asfálticas do pavimento se classificam por faixa de temperatura de aplicação:

Misturas frias (O-30°C);


Misturas meio mornas (65-100°C);
Misturas mornas (100-140°C);
Misturas quentes (> 140°C).
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Misturas mornas - WMA e meio mornas foram iniciadas na Europa na última década, de
modo a cumprir metas do acordo de Quieto. Nos EUA, a mistura morna começou em 2005,
inicialmente empregando a tecnologia europeia e posteriormente aperfeiçoando a tecnologia
com novos aditivos, pesquisa fundamental e normalização, e pode ser feita através de três
tipos de tecnologia: formação de espuma (Terex, Nynas, Eurovia, Shell, Advera,
Aspha-Mim, Astec, LEACO), uso de aditivos orgânicos ou ceras no ligante (Sasobit,
Asphaltan Licomont, Ecoftex) e aditivos químicos no ligante ou na mistura (Evotherm,
CECABASE, Revix e Rediset). São tecnologias cujo resultado final é o de reduzir emissões,
diminuir envelhecimento do ligante, reduzir pegada de carbono, aumentar saúde e
segurança de trabalhadores, diminuir o consumo de energia e permitir maior colocação de
fresado na mistura. A refinadora francesa Total apresentou estudo no Eurobitume 2012,
mostrando os ganhos da mistura morna em relação à quente e verificou que ocorre uma
queda na emissão de poeira (77% menos) no topo do caminhão que recebe a mistura do
silo quente, um decréscimo de 38% de CO2 na saída da chaminé da usina e uma redução
de 31% do gasto de energia para aquecimento dos agregados. No Brasil, foram feitas
algumas experiências em trechos experimentais, e existem questões ainda não resolvidas:
com relação às misturas mornas:

Falta de normalização brasileira de dosagem e execução;


Risco de problemas de deformação permanente e dano por umidade induzida;
Estimativa da redução de temperatura;
Estimativa da energia de compactação;
Identificação da propriedade afetada pelo aditivo no ligante (viscosidade ou
lubricidade);
Quantidade de fresado a ser adicionado à mistura morna.

Em 2008, a mistura morna


representava 1 a 2% do mercado
francês segundo a Total. Para redução
de emissões em 33% no ano 2020, a
França, em 2012, quer alcançar a
meta de produzir 1,5 milhão de
toneladas de WMA, que representa
4% do mercado francês. Segundo a
NAPA, no período 2009-2010, o
emprego de misturas mornas nos EUA
cresceu em 148%.

Segurança, conforto; ruído, asfaltos


drenantes e controle de água de
chuva

A macro e a microtextura do
revestimento e ainda, o alto teor de
vazios são fatores importantes para
garantia da redução de ruído, da redução de spray d'água da chuva e do maior atrito
pneu/pavimento, que levam à segurança, conforto dos pavimentos e redução de acidentes.
Várias misturas funcionais estão sendo aplicadas em países desenvolvidos com essa
finalidade, tais como SMA, misturas ultradelgadas (BBUM) e camadas abertas de fricção.
No caso específico de misturas superdrenantes, os vazios funcionam como drenos em
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locais de enchentes. O emprego de revestimentos permeáveis sobre bases drenantes com


40% de vazios com largas espessuras serve para estocagem e posterior drenagem de
água de tempestade em locais de enchentes. Nessas misturas, grande importância é dada
à granulometria e qualidade dos agregados e, ainda, ao uso de ligantes modificados.

Reciclagem, emprego de rejeitos, agregados alternativos e bioprodutos

A reciclagem pode ser realizada a frio ou a quente, melhor ainda se for morna, pois admite
maior quantidade de fresado. Existem tecnologias em usinas de asfalto que incorporam
100% de material fresado. Além do fresado, a sustentabilidade é conseguida pelo emprego
de resíduo de construção civil, agregada de aciaria, cinza volante, resíduos de mármore e
granitos, resíduos da indústria de petróleo - cascalho, borras de petróleo e ainda borracha
de pneu, que pode ser introduzida na mistura asfáltica ou no ligante (processo úmido
contínuo em usina ou em batelada em refinaria).

O emprego de resíduos requer estudo prévio para o uso, de forma a não prejudicar o
desempenho e a durabilidade do pavimento, e deve atender aos limites de materiais
lixiviados e solubilizados. Segundo a EAPA, a quantidade de fresado empregada na Europa
em 2010 totalizou 53 milhões de toneladas, sendo que os países que mais se destacam na
reciclagem são a Alemanha, Áustria e Holanda. Nos EUA o emprego de fresado cresce
continuamente com aumento de 10% ao ano, de acordo com a NAPA.

Como agregado alternativo, o Norte do Brasil está estudando o emprego de argila calcinada
em locais onde há falta de brita. Esse tipo de material tem alta resistência mecânica e alta
porosidade e já foi aplicado em vários trechos experimentais. Bioprodutos brasileiros, tais
como o emprego de óleos vegetais, biodiesel e resíduos de biolubrificantes como aditivos
ao ligante asfáltico, levam à melhoria da susceptibilidade térmica e à maior resistência à
deformação permanente. A introdução da cera de carnaúba, por sua vez, possibilita a
redução da temperatura de usinagem e compactação, tornando-se um aditivo alternativo,
usado em misturas mornas. Na Europa, existe a oferta de biorejuvenescedores e de
asfaltos diluídos com óleos vegetais para tratamentos superficiais por parte dos refinadores
de petróleo (Nynas). A normalização europeia está propondo o método EN 13043
Aggregates for bituminous mixtures, que não requer declaração no registro de substâncias
perigosas, pois, se o emprego de rejeitos for em camadas betuminosas, o ligante asfáltico
encapsula os agregados evitando a lixiviação. Essa proposta é interessante, pois facilita o
emprego de agregados oriundos de rejeitos. O emprego de asfalto borracha (produzido
com pneu inservível) como ligante em revestimentos densos e descontínuos vem ocorrendo
no Brasil, desde 2001, de modo crescente.

Durabilidade

A sustentabilidade só é possível com pavimentos duráveis. Durabilidade e melhor


desempenho nos pavimentos são a chave da sustentabilidade. O emprego de pavimentos
perpétuos, por exemplo, deve ser incentivado. O dimensionamento correto de espessuras
de camadas de pavimento (utilização de projetos de dimensionamento mecanístico), a
seleção de materiais de acordo com o clima e tráfego, a dosagem adequada (emprego de
compactadores giratórios), a mistura e compactação corretas conduzem à sustentabilidade.
O emprego de modificadores no ligante e da cal hidratada se faz necessário para melhoria
do desempenho, principalmente, no tocante à coesão e à adesão.
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Mudanças climáticas

Os efeitos da mudança de clima levam ao aumento de temperatura, que conduz ao aumento


de deformações permanentes, exsudação, envelhecimento. Outro efeito da mudança
climática é o aumento da intensidade dos temporais que podem levar a mais desagregação,
requerendo mais drenagem. A indústria de asfalto deve prover produtos que suportem o
aumento de temperatura e a maior ocorrência de tempestades, com foco na adesão e
maior durabilidade. Mais uma vez o emprego de modificadores em ligantes asfálticos se faz
presente.

Normalização e legislação, contratos ecológicos

Para alcançar a sustentabilidade, há necessidade de normalização e legislação para


implantação de técnicas, produtos e procedimentos. Nos EUA, NCHRP 40-01 criou um guia
de especificações de materiais reciclados e rejeitos, e a ASTM já gerou um Subcomitê (D
04.99) para ensaios e especificações de sustentabilidade de pavimentos. No mundo
desenvolvido, empreiteiras, usinas e pedreiras estão sendo certificadas para atender aos
desafios da sustentabilidade. Contratos ecológicos e declarações ambientais já estão
sendo discutidos e valorizados.

Conclusão

Atingir a sustentabilidade requer regulamentação e normalização para incentivo do uso de


técnicas sustentáveis citadas acima. Indicadores de sustentabilidade na pavimentação
podem ajudar a priorizar os projetos. O emprego de rejeitos em camadas betuminosas
pode ajudar na redução de passivos ambientais. Misturas mornas e reciclagem parecem
ser as tecnologias mais importantes para garantir a sustentabilidade. A mudança de clima
trará novos desafios à pavimentação asfáltica, e a durabilidade se tornou sinônimo de
sustentabilidade. Emprego de técnicas antirruído e que viabilizem texturas abertas para dar
mais segurança e conforto será exigido. O emprego de aditivos modificadores no ligante
asfáltico se faz necessário para melhoria de desempenho e atendimento das técnicas
requeridas.

Dra. Leni Figueiredo M. Leite.


D.Sc, Engenheira Química - Petróleo Brasileiro S.A.

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