Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1 - INTRODUÇÃO
Com a aprovação da nova Norma Brasileira para Projeto de Estruturas de Concreto (NBR
6118/2007), adquiriu excepcional importância o dimensionamento de seções à flexão normal
composta, tipo de solicitação com que freqüentemente se depara o calculista, em conseqüência das
prescrições da Norma citada. Dentro deste cenário, o objetivo deste trabalho é exatamente oferecer
uma sistemática que permita agilizar, tanto quanto possível, o tratamento de tais problemas, seja por
via manual, com o uso de formulários e uma única tabela, seja pelo emprego de calculadora
programável, planilhas do tipo Excel ou programas de computador.
Pela sua incidência, o caso das seções retangulares é o mais significativo. Por isso o assunto
será estudado com ênfase especial para este tipo de seção. Primeiramente serão abordados os
conceitos envolvidos e a análise das hipóteses possíveis de flexão composta; a seguir será
focalizada a aplicação prática, via manual.
Os conceitos básicos a serem aqui aplicados são única e exclusivamente aqueles contidos na
NBR 6118/2007; por isso, são a seguir transcritos os artigos da referida Norma que mais interessam
ao caso.
Figura 1
d) A distribuição das tensões do concreto na seção se faz de acordo com o diagrama parábola-
retângulo da figura 2. Permite-se a substituição desse diagrama pelo retângulo de altura
0,8x, com a seguinte tensão:
0,85. fck
I. , no caso da largura da seção, medida paralelamente à linha neutra, não
γc
diminuir a partir desta para a borda comprimida;
0,80. fck
II. , caso contrário.
γc
Figura 2
Figura 3
2 - SEÇÃO RETANGULAR
2.1 - Definições
Seja uma seção retangular qualquer de concreto armado, cujas características geométricas
estão representadas na figura 4.
CG
d”
Figura 4
b- largura;
h- altura total;
d- altura útil;
As armadura de tração (ou menos comprimida);
A’s armadura de compressão (ou mais comprimida);
Nd força normal última de cálculo; será considerada positiva, quando de
compressão; e
Md momento fletor último de cálculo.
Observe-se que d´ é a “distância entre o centro da armadura A’s e a borda mais próxima”.
Não deve ser confundido com o “COBRIMENTO”, e definido como a distância entre as superfícies
do concreto e as barras da armadura. A distância (h - d) entre o centro da armadura As e a borda que
lhe é próxima dar-se-á pela designação d’’, sendo freqüentemente diferente de d` .
2.2 - Simplificações
No caso da seção retangular, é altamente conveniente adotar-se o diagrama simplificado
retangular para as tensões do concreto. Essa simplificação, além de facilitar extremamente a análise
e a formulação do problema, ainda oferece a vantagem de introduzir um erro de pequeno
significado nos resultados.
Uso exclusivo da disciplina Concreto Armado II do curso de Engenharia Civil da UFMG
UFMG – DEEs Concreto Armado II – Flexão Normal Composta
As .σ sd
0,01
Figura 5
h y
N d . d − + M d = ( f c .b . y ). d − + ( A' s .σ ' sd ).( d − d' ) (2)
2 2
h
Nd . d − + Md
2 α A' s . f yd d'
k= 2
= α . 1 − + .ϕ . 1 − , (3)
f c .b.d 2 f c .b.d d
onde k é o parâmetro adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante (externo)
de cálculo e
y 0 ,8 . x
α= = (4)
d d
σ'
ϕ = sd (5)
f yd
α
Fazendo α . 1 − = k ' , onde k’ é o parâmetro adimensional que mede a intensidade do
2
momento fletor interno resistido pelo bloco comprimido de concreto, a área de armadura de
compressão A´s fica dada por :
f c .b.d k − k ' 1
A' s = . . (6)
f yd d' ϕ
1 −
d
Esta última expressão mostra que somente haverá necessidade de armadura de compressão A´s se
k > k´ , nunca podendo ser k < k´.
A NBR 6118 prescreve que para assegurar a dutilidade das estruturas nas regiões de apoios
das vigas e/ou pilares ou de ligações com outros elementos estruturais, a posição da linha neutra no
ELU deve obedecer aos seguintes limites:
a) x/d ≤ 0,50 para concretos com fck ≤ 35 MPa; e
b) x/d ≤ 0,40 para concretos com fck > 35 MPa.
Portanto existe um limite para a relação x/d e conseqüentemente um valor limite o parâmetro
adimensional k’, denominado kL, correspondente ao máximo momento interno resistente pelo bloco
comprimido de concreto que assegure dutilidade na ruptura. Senão vejamos:
y 0 ,8 . x x
α= = ∴ α L ≤ 0,8 (7)
d d d máximo
e
α
k ' ≤ α L . 1 − L = k L . (8)
2
A tabela 1 apresenta os valores finais de kL.
Assim, caso se tenha, no cálculo, k ≤ kL, faremos k’ = k na equação 6, ou seja não existe
necessidade de armadura de compressão. Caso contrário faremos k’ = kL nesta mesma equação
sendo, portanto, A´s diferente de zero.
Respeitando-se os limites acima para o valor de k’, assegura-se a dutilidade e a seção será
sempre sub-armada. Seção sub-armada é aquela seção para a qual o aço escoa antes da ruptura do
concreto à compressão. Nessas condições, σsd = fyd na equação 1, que após um rearranjo de
termos fica igual:
f bdα − N d
As = c + ϕ . A' s = As 1 + As 2 , (9)
f yd
onde
f c b dα − N d f c b d (1 − 1 − 2k ' ) − N d
As 1 = = ( 10 )
f yd f yd
f c bd k − k '
As 2 = ϕ . A' s = . ( 11 )
f 1 − d '
yd d
O valor de ϕ pode ser tabelado, para as diversas qualidades de aço, em função de ε´s e,
portanto, de x/d´ ou y/d´.
Figura 6
h y
N d . − d ' − M d = f c .b. y . − d ' ( 13 )
2 2
Transformando esta última equação tem-se:
h
N d . 2 − d ' − M d
y = d '+ (d ' ) 2 + 2. ≤ h ( 14 )
f c .b
Na equação acima, deve-se ter y ≤ h por razões óbvias. No limite, a seção de concreto já
estará totalmente comprimida. Caso se obtenha y > h em deve-se passar ao caso seguinte.
Uso exclusivo da disciplina Concreto Armado II do curso de Engenharia Civil da UFMG
UFMG – DEEs Concreto Armado II – Flexão Normal Composta
( N d − f c .b. y )
A' s = ( 15 )
ϕ . f yd
Eventualmente, pode-se obter A´s < 0. Isto significa que, em teoria, nenhuma armação será
necessária, bastando a seção de concreto, parcialmente comprimida, para equilibrar os esforços
solicitantes. Nestas condições deve ser adotada a armadura mínima para peças comprimidas fixada
em Norma.
As σ sd
Figura 7
As equações de equilíbrio são:
N d = ( f c .b .h ) + ( A' s .σ ' sd ) + ( As .σ sd ) ( 16 )
h h
M d = A' s .σ ' sd . − d ' − As .σ sd d − ( 17 )
2 2
Neste caso ocorre uma indefinição na posição da linha neutra, que pode ser qualquer, desde
que x > 1,25 h e que as armaduras sejam suficientes para atenderem às equações acima. O diagrama
de deformação (fig. 7), que corresponde ao domínio 5 (fig. 1), mostra que as tensões σsd e σ'sd a
que estão submetidas as armaduras, dependem dos respectivos alongamentos εsd e ε´sd , que por
sua vez são funções da posição da linha neutra. Haverá, pois, uma infinidade de soluções de
equilíbrio, das quais, naturalmente, a mais interessante seria aquela que minimizasse a soma As +
A´s .
A fim de simplificar a análise, adotar-se-á para y/h > 1 a linha neutra no infinito, ou seja,
seção uniformemente comprimida, com εc = εsd = ε´sd = 0,002. Tal simplificação, que levanta a
indeterminação e facilita substancialmente a análise, justifica-se pelos fatos de ser estreita a faixa de
variação possível, em termos de excentricidade da solicitação, significando pequena incidência de
casos desta natureza, e de ser pequeno e favorável à segurança o excesso obtido, que, em geral, não
ultrapassa em 2% o mínimo possível da soma das armaduras.
Resolvendo, agora, o sistema de equações acima para As e A´s com suposição de que σsd =
σ´sd = φ fyd teremos :
h
( N d − f c .b.h). − d ' − M d
As = 2 ( 18 )
ϕ . f yd .(d − d ')
h
( N d − f c .b.h). d − + M d
A' s = 2
( 19 )
ϕ . f yd .(d − d ')
Ainda dentro deste caso de solicitação, existe uma variante, aliás de bastante interesse
prático, no arranjo da armadura, consistindo em considerá-la não concentrada junto às bordas, mas,
conforme a figura 8, composta por uma parcela Aos, centrada, e uma outra ∆As que reforça apenas
a borda mais comprimida.
Figura 8
Esta forma de calcular e distribuir a armação é, via de regra, mais conveniente e econômica,
para um tipo de solicitação muito freqüente em edifícios (pilares sujeitos à compressão Nd com
pequena excentricidade). As equações de equilíbrio ficam:
N d = ( f c .b.h) + ( Aº s + ∆As ).σ ' sd ( 20 )
h
M d = ∆As .σ ' sd . − d ' ( 21 )
2
Uso exclusivo da disciplina Concreto Armado II do curso de Engenharia Civil da UFMG
UFMG – DEEs Concreto Armado II – Flexão Normal Composta
Figura 9
N d = ( As + A' s ). f yd ( 24 )
h h
Md = As . f yd . d − − A' s . f yd . − d ' ( 25 )
2 2
Resolvidas, dão:
h
N d . − d ' + M d
As = 2 ( 26 )
f yd .(d − d ' )
h
N d . d − − M d
A' s = 2
( 27 )
f yd .(d − d ' )
A variante, análoga àquela apresentada para o terceiro caso, é aqui também cabível e
igualmente conveniente: uma armadura composta de uma parcela Aos centrada e outra ∆As, agora
reforçando a borda mais tracionada (fig.10).
Figura 10
h
M d = ∆As . f yd . d − ( 29 )
2
Resolvidas, dão:
M
Nd − d
h
d − 2
Aº s =
( 30 )
f yd
M
d
h
d − 2
∆As = ( 31 )
f yd
Uso exclusivo da disciplina Concreto Armado II do curso de Engenharia Civil da UFMG
UFMG – DEEs Concreto Armado II – Flexão Normal Composta
Quadro Resumo
Dimensionar e detalhar a seção da base (dimensões 40/60 cm) do suporte, mostrado na figura,
da tubulação de uma adutora da COPASA. Desprezar o peso próprio da estrutura.
Vista Lateral
(medidas em centímetro)
Dados: T1 = T2 = 260 kN
Concreto fck = 20 MPa e Aço CA 50
SOLUÇÃO:
Largura b = 40 cm
Altura útil d = 60 – 5 = 55 cm
Dimensionamento da seção
f 2 ,0
f c = 0 ,85 ck = 0 ,85 x = 1,21 kN / cm 2
1,4 1,4
Começando pelo primeiro caso teremos:
k=
(
Nd d − h
2
)
+ Md
=
1 ,4 x 260 x (55 − 30 ) + 1 ,4 x 20800
= 0 ,261
2
fc x b x d 1 ,21 x 40 x 55 2
k < k L = 0 ,32 ⇒ k' = k = 0 ,261 e A's = As 2 = 0
As 1 =
f c x b x d 1 − 1 − 2 k '
− N
d
=
( )
1 ,21 x 40 x 55 1 − 1 − 2 x 0 ,261 − 1 ,4 x 260
= 10 ,51 cm 2
f yd 43 ,5
As = As 1 = 10 ,51 cm 2 ⇒ 6 φ 16 mm
Dimensionamento da seção
Como a seção da base do suporte está submetida apenas a uma força centrada de compressão
pode-se deduzir que esta seção está totalmente comprimida, correspondendo, portanto, ao
terceiro caso. Começando pelo terceiro caso e escolhendo a distribuição uniforme de
armadura teremos:
40 cm
6 φ 16 6 φ 16
Um suporte de uma correia transportadora foi executado com locação diferente da projetada,
3 centímetros conforme mostra a figura abaixo. Verificar se o detalhamento apresentado para
a seção da base do suporte é adequado para resistir ao carregamento aplicado. Desprezar o
peso próprio da estrutura.
Vista A - A
(medidas em centímetro)
Dados: N1 = 150 kN
Concreto fck = 20 MPa e Aço CA 50
SOLUÇÃO:
N = 300 kN
M base = 300 x 3 = 900 kNcm
Largura b = 50 cm
Altura útil d = 30 – 5 = 25 cm
Dimensionamento da seção
f 2 ,0
f c = 0 ,85 ck = 0 ,85 x = 1,21 kN / cm 2
1,4 1,4
Começando pelo primeiro caso teremos:
k=
(
Nd d − h
2
)
+ Md
=
1 ,4 x 300 x (25 − 15 ) + 1 ,4 x 900
= 0 ,143
2
fc x b x d 1 ,21 x 50 x 25 2
k < k L = 0 ,32 ⇒ k' = k = 0 ,143 e A's = As 2 = 0
As 1 =
=
( )
f c x b x d 1 − 1 − 2 k ' − N d 1 ,21 x 50 x 25 1 − 1 − 2 x 0 ,143 − 1 ,4 x 300
= − 4 ,24 cm 2
f yd 43 ,5
Como A s = As 1 ≤ 0 ⇒ passar para o 2o caso
2o caso :
h
N d . 2 − d' − M d
y = d' + ( d' ) 2 + 2 =
f c .b
⇓
Detalhamento está OK!!!