Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
RESUMO
O presente artigo é uma revisão bibliográfica sobre critérios de ruptura e sua aplicação para o uso
no concreto, que é o material construtivo mais utilizado no Brasil, gerando a maior demanda de
trabalho entre os engenheiros projetistas. O aumento da capacidade resistente do concreto
possibilitou estruturas cada vez mais complexas, sendo imprescindível que o processo de
dimensionamento destes elementos considere o estado limite último de instabilidade e
deformabilidade. Um critério de ruptura ou de resistência permite identificar situações de ruptura
local, a compreensão clara destes mecanismos é necessária para se verificar os valores de tensão e
deformação que levarão o elemento estrutural a falha, e determinar seu coeficiente de segurança.
Com esse propósito, o artigo discorre sobre os seguintes critérios: (1) Teoria da tensão normal
máxima (Critério de Rankine); (2) Critério de falha de Mohr; (3) Máxima tensão cisalhante
(Critério de escoamento de Tresca); (4) Teoria da energia de distorção máxima (Critério de von
Mises).
1
Mestrando, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil -
PCV, celsopissinatti@hotmail.com.
1. INTRODUÇÃO
Os materiais mais utilizados na engenharia civil podem ser classificados em dois grupos
quanto sua capacidade de absorver deformações. Nos materiais frágeis, a falha é caracterizada pela
fratura ou ruptura frágil, que ocorre de forma brusca, com pouco ou nenhum escoamento. Nos
materiais dúcteis, a falha é caracterizada pelo início do escoamento, admitindo-se deformações
maiores em comparação aos materiais frágeis.
Determinados materias, como o concreto, são mais bem representados pela associação das
características dos dois grupos anteriormente citados, onde a ruptura é frágil quando o material é
solicitado à tração e dúctil quando solicitado à compressão.
Do mesmo modo, cada material apresenta uma capacidade própria de resistir a um
determinado estado tensional, identificar estados de solicitação que possam exceder a capacidade
resistente dos materiais é uma tarefa de grande importância para a realização de projetos estruturais
seguros.
Assim, surgiu à necessidade de desenvolver métodos para identificar, no estado multiaxial,
qual a combinação das componentes de tensão atuante no elemento estrutural o levará a ruptura,
seja por que a tensão normal máxima atingiu seu valor limite, ou a tensão de cisalhamento máxima,
ou a energia de deformação máxima, ou qualquer outra variável atingiu o seu valor crítico. Essa
análise é fundamental para determinar o coeficiente de segurança de um estado tensional.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1.1. Classes
Com a revisão da norma ABNT NBR 6118:2014, passou-se a admitir concretos do grupo II,
com classe de resistência característica fck na faixa de 55 MPa até 90 MPa.
Para concretos da classe I (20𝑀𝑃𝑎 ≤ 𝑓𝑐𝑘 ≤ 50𝑀𝑃𝑎) as deformações limites são:
𝜀𝑐2 = 2 ‰ (1)
𝜀𝑐𝑢 = 3,5 ‰ (2)
𝑛=2 (3)
2
90 − 𝑓𝑐𝑘 4
𝜀𝑐𝑢 = 2,6‰ + 35‰ ( ) (5)
100
90 − 𝑓𝑐𝑘 4
𝑛 = 1,4 + 23,4 ( ) (6)
100
Para o estado limite último, a lei constitutiva do concreto é dada pelo diagrama parábola-
retângulo, cf. item 8.2.10.1 da ABNT NBR 6118:2014, onde se obtém melhores resultados nas
análises de deformações e curvaturas. Nesta lei, a resistência do concreto apresentará o seguinte
valor para o estado limite último:
𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 = (7)
1,4
𝜀 𝑛
𝜎𝑐 = 𝑓𝑐𝑑 [1 − (𝜀 𝑐 ) ] se 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐2 (8)
𝑐2
(9)
𝜎𝑐 = 𝑓𝑐𝑑 se 𝜀𝑐2 ≤ 𝜀𝑐 ≤ 𝜀𝑐𝑢
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, para o concreto não fissurado, pode ser adotado o
diagrama tensão-deformação bilinear de tração, indicado na figura abaixo:
3
Figura 2 – Diagrama tensão-deformação bilinear de tração do concreto
Fonte: Figura 8.3 da ABNT NBR 6118:2014
2 (10)
𝑓𝑐𝑡𝑘 = 0,3𝑓𝑐𝑘 3
O critério de ruptura proposto por Rankine tem por objetivo a previsão da falha de corpos
formados por materiais frágeis.
O critério de Rankine se enuncia como: “Nos materiais frágeis, a ruptura ocorre quando a
petciviluem.com Avenida Colombo, 5790 (UEM)
4
tensão principal máxima alcança a resistência última que o material pode suportar. Assim, a falha
ocorrerá quando a tração aplicada σ1 ultrapassar a tensão última do material, σu . No caso de uma
barra solicitada por torção pura, a falha ocorrerá em um plano inclinado de 45° com o eixo da barra.
E ocorrerá nessa posição pois é a inclinação em que atuam as tensões principais σ1 ”.
Para Beer e Johnston (2008), esse critério tem uma séria deficiência, pois se baseia na teoria
que a falha em compressão ocorre na mesma tensão máxima que a falha em tração, fato que
raramente ocorre, principalmente devido a fissuras e imperfeições microscópicas, que debilitam o
material tracionado, fato não apreciável no material sujeito a compressão.
Figura 4 - Diagrama de falha para a teoria da tensão normal máxima (tensão plana)
Fonte: CURY, 2015
Como no concreto ciclópico (sem aço) a resistência máxima à compressão não é igual à
resistência máxima a tração, a teoria da tensão normal máxima de Rankine não é adequada. O
critério de falha de Mohr separa as duas situações, realizando ensaios de tração uniaxial,
compressão uniaxial e de torção.
Com os respectivos resultados, o círculo de Mohr é construído para cada uma dessas
condições de tensão, uma envoltória é obtida tangenciando-se cada um dos círculos, delimitando
um conjunto de estados de tensão admissível.
5
Uma vez traçada a envoltória de Mohr, caso o estado plano de tensões em determinado
ponto seja representado por um círculo contido dentro da envoltória, diz-se que o material não
falhará. Se o círculo estiver um ponto de tangencia com a envoltória ou se estender além deste,
então ocorrerá falha.
Figura 6 - Representação gráfica do critério de falha de Mohr para o caso plano de tensão
Fonte: LIMA, SD
Segundo Hibbeler (2004), para o concreto, a utilidade deste critério na verificação da tração
é bastante limitada, já que a fratura ocorre repentinamente, e seu início depende das concentrações
de tensão desenvolvidas em imperfeições microscópicas do material, tais como inclusões ou vazios,
entalhes na superfície e pequenas trincas. Essas irregularidades variam para cada corpo de prova,
assim, torna-se difícil definir a falha com base em um único teste. Nota-se também que trincas e
irregularidades tendem a se fechar quando o corpo de prova é comprimido, e não constituem pontos
de falha como ocorreria se o corpo de prova fosse submetido à tração.
O critério de ruptura proposto por Tresca tem por objetivo prever a tensão de falha de um
material dúctil submetido a um tipo de carregamento qualquer. Nesses materiais, a falha ocorre
quando a estrutura entra em regime de escoamento, com o deslizamento dos cristais que formam o
material.
O critério de Tresca se enuncia como: “o escoamento começa quando a tensão de
cisalhamento máxima absoluta atinge o valor da tensão de cisalhamento que provoca escoamento
do material quando submetido apenas à tensão axial”.
Segundo Hibbeler (2004), o fenômeno do deslizamento é facilmente observado em ensaios
experimentais de tração uniaxial em tiras de aço altamente polidas, onde a falha ocorre em um
plano inclinado de 45° do eixo da tira.
Esse critério de ruptura relaciona a condição de falha à tensão de cisalhamento resistente do
material, uma vez que a falha ocorre nos planos onde essas tensões são máximas. Desta maneira,
tem-se:
𝜏𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 ≤ 𝜏𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒
(11)
6
|𝜎1 − 𝜎3 | 𝜎𝑒
≤ (12)
2 2
𝜎1 − 𝜎3 ≤ 𝜎𝑒 (13)
Para Hibbeler (2004), embora a teoria da tensão cisalhante máxima de Tresca forneça uma
hipótese razoável para a ruptura em materiais dúcteis, a teoria da energia de distorção máxima de
von Mises foi concebida com base em evidências experimentais, sendo preferida na previsão da
falha de materiais dúcteis.
O critério de von Mises se enuncia como: “o escoamento ocorre quando a energia de
distorção no ponto crítico de um elemento submetido a um carregamento multiaxial atingir o
mesmo valor da energia de distorção do corpo de prova no momento no seu escoamento, submetido
a um carregamento uniaxial.” Vale ressaltar que a energia está relacionada à mudança de forma do
elemento, e não do volume.
No caso de tensão plana, correlacionando a densidade de energia de deformação, a lei de
Hooke e a hipótese de que a energia armazenada no elemento como resultado da sua mudança de
volume é provocada pela tensão principal média, a expressão correspondente para o critério de falha
da energia de distorção máxima em termos das tensões principais é:
𝜎1 2 + 𝜎3 2 − 𝜎1 𝜎3 ≤ 𝜎𝑒 2 (14)
7
Figura 8 - Representação gráfica do critério de Von Mises para o estado plano de tensões
Fonte: LIMA, SD
Se um material estiver tracionado de tal forma que a coordenada da tensão (𝜎1 ; 𝜎3 ) esteja
posicionada no limite ou fora da área sombreada, diz-se que o material falhou.
Figura 9 - Representação gráfica dos critérios de Rankine e Mohr para o estado plano de
tensões
Fonte: Hibbeler (2004)
8
Figura 10 - Representação gráfica dos critérios de Tresca e Von Mises para o estado plano de
tensões
Fonte: Hibbeler (2004)
Quando 𝜎1 = 𝜎2 = 𝜎𝑒 ou quando uma das tensões principais for 𝜎𝑒 e a outra for zero, as
duas teorias levam aos mesmos resultados.
Se o material estiver submetido a cisalhamento puro, as teorias apresentam discrepância na
previsão da falha. Segundo Hibbeler (2004), testes de torção em um corpo de prova dúctil mostram
que a teoria da distorção máxima oferece resultados mais precisos para a falha de cisalhamento
puro.
3. CONCLUSÃO
Após a apresentação das teorias frequentemente usadas pra prever a falha de materiais
submetidos a um estado de tensão multiaxial, conclui-se que nenhuma delas apresenta resultados
mais precisos para todos os casos ou se aplica preferencialmente ao concreto. Para melhorar os
resultados obtidos, novos estudos devem levar em consideração à complexidade do comportamento
mecânico do concreto, seu comportamento sob variação de temperatura, taxa de carga aplicada e
seu processo de fabricação.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pelo dom da vida, e a tudo que me proporcionou.
Sou grato a meus pais Celso Cardoso e Vera Lucia Pissinatti, principalmente pela paciência
e pela parte de suas vidas que foi dedicada ao meu desenvolvimento.
Agradeço toda minha família, que fazem minha vida melhor do que eu seria capaz de fazer
por mim mesmo.
E, por fim, agradeço todos meus professores e amigos que contribuíram ou me
influenciaram neste trabalho.
9
REFERÊNCIAS
______. ABNT NBR 6118: Projeto de estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, 2014.
BEER, Ferdinand, JOHNSTON, E. Russell. Mecânica dos Materiais. 5a edição. Mc Graw Hill.
2008.
BUFFONI, Salete Souza de Oliveira. Critérios de falha. SD. Disponível em:
<www.ufjf.br/mac003/files/2015/01/criterios.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2017.
CURY, Alexandre. Notas de aula. Capítulo 5. Critérios de falha. 2015. Disponível em:
<www.ufjf.br/mac003/files/2015/01/criterios_falha.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2017.
HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais. 7a edição. Pearson. 2004.
LIMA, Luciano Rodrigues Ornelas. Notas de aula. Capítulo 2. Critérios de resistência. SD.
Disponível em: <www.labciv.eng.uerj.br/rm4/Cap_2_criterios.pdf>. Acesso em: 25 mai. 2017.
PISSINATTI, A. Celso. Obtenção do máximo momento disponível de primeira ordem em
pilares esbeltos de seção circular e anelar com 𝐟𝐜𝐤 até 90 MPa, comparando métodos
aproximados com métodos exatos. 2017. 74 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2017.
10