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LETRAS DA UFPB
Considerações finais
No âmbito do ensino de literatura e formação de professores, reconhecemos
que, apesar da vontade política de propor orientações e definições para efetivar
mudanças na educação, a herança da tradição na formação de “bacharel em letras”
permanece presente nas Licenciaturas em Letras até hoje, bem como o ensino da
história literária. Essa assertiva fica evidente quando examinamos os planos de curso de
literatura do curso de Letras da UFPB, os quais revelam a continuidade de uma visão
historicista e teórica na constituição dos “professores” de literatura na Licenciatura em
Letras.
No curso de Letras da UFPB, as mudanças ficaram restritas ao Projeto político
pedagógico, pois a principal transformação não foi feita, isto é, os professores não se
apropriaram das leituras e dos documentos que avançam sob o novo paradigma do
ensino de literatura e não praticam o que teoricamente está elaborado no PPP. Esse
descompasso é comprovado pelo exame dos programas que nos foram apresentados e
que confrontamos com as “falas” dos alunos, configurando a inexistência de reflexão e
renovação nas posturas desses professores, já que os programas datam de mais de uma
década sem alterações.
A pesquisa de campo, também mostrou que os professores estão distantes da
preocupação de formar leitores com o ensino de literatura, apesar de reconhecerem que
esta é principal função. As aulas continuam a propagar a teoria e a história literária
como áreas de conhecimentos necessárias a formação de seus alunos e as leituras de
obras são “pseudo-leituras”, selecionadas a partir do cânone literário. Na maioria dos
casos, são leituras recortadas de seus contextos de produção e recepção, pois os ao
confrontarmos com as respostas dos alunos, vimos que a exigência de leitura é quase
inexistente, e quando solicitadas, são fragmentos de capítulos ou trechos de obras que
servem de exemplos ao conteúdo da unidade trabalhada.
Além disso, constatamos que, se em parte há falta de interação e diálogo entre
universidade e escola, por outro lado os professores do ensino médio reproduzem
acriticamente o que aprendem nos bancos do ensino superior, isto é, ao cotejarmos os
planos de ensino e as falas dos professores do curso de Letras e as respostas destes
professores encontramos uma ampla associação nas práticas e conteúdos curriculares
como consequência dessa formação. Desse modo, o currículo de Letras tem grande
influência no nível básico, prescrevendo praticamente o que deve ser ensinada nos três
anos do ensino médio e como deve ser ensinado, neste caso, são os professores do nível
superior que exercem uma ação exemplar para seus alunos e futuros profissionais do
magistério.
Então, continuamos a reafirmar que os eixos condutores das disciplinas são a
História da Literatura (períodos e estilos), o cânone literário (leitura de obras
consagradas) e a Teoria da Literatura (reduzida a leitura de Antonio Candido). As
bibliografias são recorrentes e não se faz qualquer incursão a respeito da didática da
literatura e/ou de sua relação com o Ensino Médio e Fundamental. Os professores por
sua vez pouco ou nada mudam em seus programas e, mesmo com alterações nos
currículos, sabem pouco sobre as Diretrizes Curriculares do Curso de Letras e das
licenciaturas. Isto evidencia, por parte de muitos professores universitários, o descaso e
a falta de responsabilidade com a formação docente e, consequentemente, com a
sociedade em que está inserido. Há uma grande inobservância por parte destes
professores quanto aos avanços nas pesquisas, nas novas legislações e até mesmo falta
de reflexão sobre suas práticas. Infelizmente isso aponta para uma longa caminhada na
efetivação da profissionalização docente, pois os principais agenciadores dessa
transformação ainda não fizeram à autocrítica e não operaram a mudança interna em
suas postura acadêmica, o que para nós é fundamental na formação do professor de
literatura.
Identificar essa situação no ensino médio e superior tornou as nossas hipóteses
mais concretas, efetivando nosso discurso a respeito do ensino de literatura e formação
de professores em algo eficaz, principalmente, no que se referem as nossas críticas
quanto à realidade precária e inoperante da escola e universidade no que compete a cada
uma delas. Por outro lado, embora tenhamos confirmado e respondido nossos
questionamentos iniciais nesta pesquisa, é com grande pesar que lastimamos a situação
que encontramos nas escolas e na universidade, principalmente, em nossos pares,
professores universitários que têm o compromisso maior de formar os quadros para o
magistério nacional.
Nesse momento gostaria de finalizar afirmando que, se algum desses pontos de
vista elencados parece difícil de serem alcançados ou que se minhas considerações
finais apontou uma visão pessimista para o futuro da formação do professor de
literatura, não é exatamente o que exprime meus sentimentos e emoções ao abordar essa
tese. Creio que apesar de tantas incongruências, contradições e sucessivas
comprovações que o ensino de literatura e a formação de professores estão
descaracterizados, é preciso motivar nossos colegas a conceber que o principal
agenciador da mudança é ele mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS