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ARQUÉTIPOS

1. O CONCEITO DE ARQUÉTIPO

Etimologicamente, a palavra arquétipo é formada pelo termo arkhé, oriundo do grego,


cujo significado é arcaico, antigo, original; e typos, também oriundo do grego, que significa
marca, impressão, molde ou modelo. Deste modo, o termo arquétipo exprimiria a ideia de um
molde, marca ou modelo original.

O conceito de arquétipo de Jung está na tradição das idéias platônicas, com sua
definição “de que a idéia é preexistente e supra-ordenada aos fenômenos em geral”, presentes
também nas mentes dos deuses, e que servem como modelos para todas as entidades no reino
humano. As categorias iniciais da percepção de Kant, e os protótipos de Schopenhauer, são
também conceitos precursores utilizados por Jung na teoria dos arquétipos.

Jacobi (1957) foi quem melhor sistematizou o conceito de arquétipo a partir da obra de
Jung. Segundo a autora, é importante apresentar a questão do arquétipo, antes de mais nada,
muito mais como uma idéia, do que como um conceito fixo. Nas palavras de Jacobi:

Não é fácil estabelecer uma definição exata de arquétipo; talvez seja até bom
entender o termo "esboçar" em seu sentido mais amplo de "circunscrever" e não de
"descrever", porque o arquétipo representa um enigma profundo, que ultrapassa a
nossa capacidade racional de compreender (JACOBI, 1957, p. 37).

Dessa forma, entende-se seu caráter vivo e dinâmico e o quão profundo ele se encontra
na natureza humana. A origem do arquétipo é o inconsciente coletivo e seu acesso não se dá
de forma direta, apenas por meio das manifestações da psique. Jung (1948) diz o seguinte:

Os arquétipos são, de acordo com a sua definição, fatores e motivos que


coordenam elementos psíquicos no sentido de determinadas imagens (que devem
ser denominadas arquetípicas) e isso sempre de maneira que só é reconhecível pelo
efeito. Eles existem pré-conscientemente e formam provavelmente as dominantes
estruturais da psique em si (JUNG, 1948 apud JACOBI, 1957, p. 38).
Segundo Jacobi (1961), a teoria dos arquétipos sofreu transformações com o tempo,
desenvolveu-se, mas não o suficiente para ter sido totalmente recaracterizada; o fundamental
teria permanecido inalterado. A autora destaca que, em 1917, Jung mencionou pela primeira
vez os “dominantes do inconsciente coletivo”, ou “pontos nodais” carregados de energia que
juntos constituiriam o inconsciente coletivo. Até então, desde 1912, ele havia usado apenas o
termo “imagens primordiais”, se referindo a todos os mitologemas e motivos que concentram
modos universalmente humanos de comportamento em imagens ou padrões. No decorrer da
história esses motivos recorrentes teriam tomado inúmeras formas, aparecendo de uma
maneira em povos da antiguidade e de outra maneira em sonhos, visões e fantasias do homem
moderno. O termo arquétipo foi introduzido em 1919 e foi emprestado do Corpus
Hermeticum, em que Deus aparece como “luz arquetípica”. Dionísio Areopagita e Irineu (ou
Irenaeus) também utilizaram o termo e tiveram peso na escolha de Jung.

Vejamos o trecho no qual Jung utiliza o termo arquétipo pela primeira vez:

[...] no inconsciente encontramos também as qualidades que não foram adquiridas


individualmente, mas são herdadas, ou seja, os instintos enquanto impulsos
destinados a produzir ações que resultam de uma necessidade interior, sem
motivação consciente. Devemos incluir também as formas a priori, inatas de
intuição, quais sejam os arquétipos da percepção e da apreensão que são
determinantes necessárias e a priori de todos os processos psíquicos. Da mesma
maneira como os instintos impelem o homem a adotar uma forma de existência
especificamente humana, assim também os arquétipos forçam a percepção e a
intuição a assumirem determinados padrões especificamente humanos. Os instintos
e os arquétipos formam conjuntamente o inconsciente coletivo (JUNG, 1919,
VIII/2, §270).

É estabelecido que todos os processos psíquicos têm por base os arquétipos, formas à
priori. O instinto é um impulso para ação, que Jung difere dos processos de percepção,
apreensão e intuição que são atividades do arquétipo. Nota-se que percepção, intuição e
apreensão são atividades de mediação com o instinto.

Segundo Jung, os arquétipos resultariam do depósito de impressões deixadas por


experiências formadoras e fundamentais comuns à humanidade e que foram repetidas infinitas
vezes por milênios, tais como: vivências e fantasias relacionadas à natureza, experiências com
a mãe, desafios como a travessia dos mares e montanhas, entre tantas outras (SILVEIRA,
1968, p.77).
Jung chamou de arquétipos os traços funcionais do inconsciente coletivo. Salienta:
“Existem tantos arquétipos quanto as situações típicas da vida. Uma repetição infinita gravou
estas experiências em nossa constituição psíquica, não sob a forma de imagens saturadas de
conteúdo, mas a princípio, somente como formas sem conteúdo, que representavam apenas a
possibilidade de certo tipo de percepção e de ação.” (citado por Hall & Nordby, 1980).

O contato com os arquétipos está subordinado às suas manifestações por meio de


imagens – as imagens arquetípicas – e esse contato abre um caminho para o inconsciente
coletivo. Nós os vemos mediante imagens que os próprios arquétipos proporcionam. Essas
imagens são semelhantes a motivos repetidos em toda parte, por toda a história. Como, por
exemplo, a imagem da Mãe, do Pai, do Herói, e assim por diante. Na concepção de Jung, o
inconsciente coletivo promove essas imagens.

Os arquétipos ligam-se ao consciente por meio dos símbolos. Segundo Jung (apud
Jacobi, 1957, p. 72): "A alma é para si mesma a experiência única e imediata e a conditio sine
qua non da realidade subjetiva do mundo em geral. Ela cria símbolos, cuja base é o arquétipo
inconsciente e cuja figura visível resulta das imagens adquiridas pelo consciente". Os
símbolos apresentam-se como uma forma manifesta, como uma espécie de arquétipo
"encarnado". Jacobi (1957, p. 73) refere-se ao símbolo como um arquétipo que por meio
daquele recebe um "corpo", uma "forma plástica". O símbolo apresenta-se como uma
possibilidade de tradução, de trazer para o consciente um conteúdo que é originalmente
encontrado no inconsciente coletivo.

Os arquétipos são percebidos em comportamentos externos, especialmente aqueles que


se aglomeram em torno de experiências básicas e universais da vida, tais como nascimento,
casamento, maternidade, morte, separação, entre outras. Também se aderem à estrutura da
própria psique humana e são observáveis na relação com a vida interior ou psíquica,
revelando-se por meio de figuras tais como anima/animus, sombra, persona e self.

2. A FORMAÇÃO DOS ARQUÉTIPOS

Inicialmente, na teoria de Jung, o arquétipo era algo que se desenvolveu a partir do


instinto, o que poderia indicar que o arquétipo é decorrente de processos biológicos, ele via o
arquétipo como um equivalente psicológico do instinto, um “autorretrato” do instinto (...) a
percepção que o instinto tem de si (SAMUELS, 1985, p. apud. JUNG, 1919, §277, VIII/2).
Acredita-se que Jung estivesse afirmando que a extensão do instinto, na psique, é o arquétipo.
Mas, “Posteriormente, Jung reviu este ponto e propôs que longe de serem “correlações” do
instinto, os arquétipos são tão fundamentais quanto ele” (SAMUELS, 1985, p.46). Ou seja, o
arquétipo não apenas evoca a ativação do instinto como determina o seu objetivo: “o
arquétipo determina a natureza e o curso do processo de configuração, com uma precognição
aparente ou mediante a posse apriorística da meta [...]” (JUNG, 1946, §411, VIII/2). Esse é o
aspecto teleológico do arquétipo, que constitui um processo dirigido a um fim.

No período de 1918 e 1919, Jung afirma que o cérebro carrega o inconsciente coletivo
(que inclui arquétipos e instintos). Ele considerava que as fantasias dos nossos antepassados e
figuras referentes à história psíquica da humanidade ficavam gravadas na estrutura cerebral.
Ou seja, que o arquétipo se construiu com “a sedimentação da função psíquica dos ancestrais”
(JUNG, 1919, §589, VIII/2). Nas palavras de Jung:

De onde procedem então essas fantasias mitológicas, se não têm qualquer origem
no inconsciente pessoal e por conseguinte nas experiências da vida pessoal? Sem
dúvida provêm do cérebro – precisamente do cérebro e não de vestígios de
recordações pessoais, mas da estrutura hereditária do cérebro. [...] Sabe-se que
juntamente com o nosso corpo recebemos um cérebro altamente desenvolvido que
traz consigo toda a sua história [...] esta estrutura conta sua história que é a história
da humanidade: o mito indeterminável da morte e do renascimento e da
multiplicidade de figuras que estão envolvidas neste mistério. (JUNG, 1918, X/3,
§12).

Em 1919, quando Jung falou sobre “a sedimentação da função psíquica”, ele estava
tentando explicar como os arquétipos surgiram, progressivamente. Posteriormente ele propõe
a ideia da imutabilidade do arquétipo, a que se refere ao arquétipo em si (a imagem
arquetípica foi construída, o arquétipo em si, não). Jacobi (1961) argumenta que os arquétipos
não são imagens herdadas (assim como Jung o fez). Seria impossível que fossem, já que
características adquiridas não são transmitidas hereditariamente. Ela afirma que os padrões
recorrentes do funcionamento psíquico não se dão por causa da existência de imagens comuns
a todos os seres humanos, mas porque haveria um princípio formal que, desde sempre, é
inerente à psique; e que as experiências fundamentais de vida que os arquétipos promovem
abrangem a experiência humana em toda sua amplitude, do emocional ao cognitivo.
Em 1946, Jung insiste na necessidade de se compreender separadamente o arquétipo em si (an
sich) e a imagem arquetípica. O arquétipo em si não é perceptível, enquanto a imagem é uma
representação possível do arquétipo em si, portanto perceptível (JACOBI, 1961). Os
arquétipos são elementos autônomos da psique e considerados em si, constituem uma
estrutura inalterável (JUNG, 1945, §451, IX/1).

Continua Jung: “‘Imagens’ expressam não só a forma da atividade a ser exercida, mas
também, simultaneamente, a situação típica na qual se desencadeia a atividade. Tais imagens
são ‘imagens primordiais’, uma vez que são peculiares à espécie, e, se alguma vez foram
‘criadas’, a criação coincide no mínimo com o início da espécie. O típico específico já está
contido no germe. A idéia de que ele não é herdado, mas, criado de novo em cada ser
humano, seria tão absurda quanto a concepção primitiva de que o Sol que nasce pela manhã é
diferente daquele que se pôs na véspera” (JUNG, 1945, §152, IX/1).

A contribuição de Jung ocorre no momento em que ele obtém provas de que os


arquétipos existem, e aparecem sem influência do meio externo. De acordo com Jung, esta
constatação “significa nada menos do que a presença, em cada psique, de disposições vivas
inconscientes, e, nem por isso menos ativas, de formas ou idéias em sentido platônico que
instintivamente pré-formam e influenciam seu pensar, sentir e agir”.

3. PRINCIPAIS ARQUÉTIPOS

Alguns arquétipos foram amplamente enfatizados por Jung, pois permeiam o


desenvolvimento da personalidade e configuram o psiquismo. São os arquétipos da Persona,
da Sombra, Eu (ego), Anima/Animus e Self (ou Si-mesmo). Além desses, foram destacados:
Grande Mãe, Velho Sábio, Criança, Herói, dentre outros.

Persona – é o arquétipo da adaptação social. “Como seu nome revela, é uma simples
máscara da psique coletiva, máscara que aparenta uma individualidade, procurando convencer
aos outros e a si mesma que é uma individualidade, quando, na realidade, não passa de um
papel, no qual fala a psique coletiva” (JUNG, 1985, p. 32). É a forma pela qual nos
apresentamos ao mundo. Jung chamou também a persona de "arquétipo da conformidade".
Ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que alguém
parece ser, como: nome, título, ocupação, etc. (JUNG, 1994a). Ou seja, a persona é um
instrumento precioso para a comunicação com o mundo externo, de acordo os papéis
exigidos. No sentido negativo da persona, há o perigo de o indivíduo se identificar com o
papel por ele desempenhado, fazendo com que a pessoa se distancie de sua própria natureza.

A Sombra apresenta-se como um poderoso arquétipo, já que é a fonte de tudo o que


existe de melhor e de pior no ser humano. De acordo com Murray Stein (1998), a sombra é
caracterizada pelos traços e qualidades que são incompatíveis com o ego consciente e a
persona. Incluem tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas pelo
indivíduo como incompatíveis com a persona e contrárias aos padrões e ideais sociais. Como
todo e qualquer elemento psíquico, a sombra possui aspectos positivos e negativos para o
desenvolvimento da personalidade. Geralmente são defeitos e impulsos que não aceitamos
como sendo nossos e projetamos em outras pessoas (JUNG, 1986).

Anima e Animus – Jung denominou anima a contraparte inconsciente feminina do


homem e animus a contraparte inconsciente masculina da mulher. Segundo Stein (1998), Jung
referiu-se a anima e animus como figuras arquetípicas da psique, e diante desta posição Jung
(1998) diz que não se trata de uma invenção da consciência, mas sim, de uma produção
espontânea do inconsciente. O inconsciente representado pela anima no homem é o fator
determinante das projeções, mostrando, segundo Jung, que o fator subjacente a ela possui
todas as qualidades características de um ser feminino. Correlativamente, Jung designa o
animus como o fator determinante de projeções presente na mulher, ou seja, seu inconsciente
masculino. De acordo com Jung, como a anima corresponde ao Eros materno, o animus
corresponde ao Logos paterno. Na mulher o Eros é a expressão de sua natureza real e o Logos
estaria mais inconsciente, enquanto no homem é o Logos que constitui a expressão de sua
natureza, ficando o Eros mais inconsciente. Esses arquétipos, segundo Jung, além de se
expressarem de maneira personificada (em homens e mulheres), agem como psicopompos, ou
seja, se comportam como ponte entre consciência e inconsciente (JUNG, 1998, p. 14).

Self ou Si-mesmo – Jung designou Self como sendo a totalidade da psique, o arquétipo
central. Contempla a organização e a unificação assim como o caos, o informe e o virtual. "O
Self não é apenas o centro, mas também toda a circunferência que abarca tanto o consciente
quanto o inconsciente” (Jung, 1936, p. 41). Constitui com o ego o eixo ego-self, por onde
participa da função transcendente. O Self é com frequência figurado em sonhos ou imagens de
forma impessoal – como um círculo, mandala, cristal ou pedra; ou pessoal – como um casal
real, uma criança divina, ou na forma de outro símbolo de divindade. Segundo Murray Stein
(1998), o Si-mesmo (Self) está o tempo todo agindo na integração psíquica, já que é o
arquétipo central, mas a partir da metade da vida há um surgimento mais explícito do Si-
mesmo na consciência.

O Ego – é centro da consciência e um dos maiores arquétipos da personalidade. Ele


fornece um sentido de consistência e direção em nossas vidas conscientes. Ele tende a
contrapor-se a qualquer coisa que possa ameaçar esta frágil consistência da consciência e
tenta convencer-nos de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa
experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a psique e chegamos
a ignorar o inconsciente.

4. ESCOLHA UM ARQUÉTIPO PARA DISCORRER SOBRE SUA ORIGEM,


ESTRUTURA, DINÂMICA NO PSIQUISMO E EXEMPLO DE IMAGENS
ARQUETÍPICAS.

O Arquétipo da Grande Mãe

Na Mitologia, Grande Mãe é aquela que nos dá a vida através da gestação, mantém-
nos vivos através da nutrição e protege-nos com seu carinho, amparo e amor. É aquela que
nos guia, que nos ensina e que nos aconselha. É também a sempre presente e atenta, a que
intercede por nós, a que nos transforma, aquela que nos pune e nos castiga quando erramos.
O arquétipo da Grande Mãe e da maternidade é uma constante no universo pesquisado
e reflete uma visão que tem como fundamento a imagem feminina universal, que "representa
a mulher como eterno ventre e eterna provedora". Tais particularidades são absorvidas como
símbolos de um poder divino feminino maternal que habita o inconsciente humano e
proporciona tanto conforto e proteção quanto medo e redenção.

Jung considera que o arquétipo materno, como todo arquétipo, possui uma variedade
incalculável de aspectos, e sobre os traços essenciais, menciona:

Seus atributos são o “maternal”: simplesmente a mágica da autoridade do


feminino; a sabedoria e a elevação espiritual além da razão; o bondoso, o que
cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de crescimento, fertilidade e
alimento; o lugar da transformação mágica, do renascimento; o instinto e o impulso
favoráveis; o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos mortos, o
devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e fatal (JUNG, 1976, p.93).

Como todo o arquétipo, o arquétipo da Grande Mãe tem duas polaridades: o caráter
elementar positivo e o caráter elementar negativo, que podem apresentar-se de inúmeras
formas, revestidos por uma infinidade de imagens. Para Neumann, esses dois aspectos podem
ser a chave para desvendarmos as deusas e seus mitos, e através deles, podemos constatar que
a “Mãe boa-má” é a maneira mais completa de interpretarmos o arquétipo da Grande Mãe.

O caráter elementar positivo mostra a Grande Mãe como a geradora, a nutridora, a


protetora, a benevolente que ampara e dá amor aos seus filhos. É com esse caráter que mais
nos identificamos em nossas vidas diárias e também é o projetado nas religiões ocidentais. O
caráter elementar negativo, por sua vez, mostra a Grande Mãe como a devoradora, a
destruidora, aquela que abandona, que dá castigos, que pune e que nos manda para o mundo
da morte, onde também é Senhora. Os aspectos positivos e negativos não são excludentes,
mas complementares e estão presentes em todos os arquétipos da Grande Mãe, porém é mais
comum encontrarmos um que predomina mais sobre o outro.

Neumann (2006), diz o seguinte:

Da mesma forma como o mundo, a vida, a natureza e a alma são vivenciadas


como femininas geradoras e nutridoras, acolhedoras e protetoras, seus opostos
também são percebidos na imagem do feminino e, para a humanidade, a morte, a
destruição, o perigo e a penúria, a fome e o desamparo aparecem como impotência
diante da Mãe sinistra e terrível (NEUMANN, 2006, p. 134).

Na figura da mãe, a imagem varia conforme a experiência individual, onde a


predominância, aparentemente, parece ser a da mãe pessoal. Não obstante, é do arquétipo
projetado na mãe pessoal que surgem os efeitos positivos ou negativos que se refletem nesta.
Assim, os eventos traumáticos, marcados no indivíduo, dão-se muito mais pelas projeções
arquetípicas do que pela relação estabelecida com a mãe real, uma vez que as fantasias,
frequentemente superam a ação desta (Jung, O. C. vol. IX/1, 2000).

As representações mais características do arquétipo materno, relacionadas por Jung


são: “a própria mãe e a avó; a madrasta e a sogra; uma mulher qualquer com a qual nos
relacionamos, bem como ama-de-leite ou ama-seca, a antepassada e a mulher branca; no
sentido da transferência mais elevada, a deusa, especialmente a mãe de Deus, a Virgem
(enquanto mãe rejuvenescida, por exemplo, Deméter e Core), Sofia (enquanto mãe que é
também a amada, eventualmente também o tipo Cibele-Atis, ou enquanto filha-amada (mãe
rejuvenescida); a meta da nostalgia da Salvação (Paraíso, Reino de Deus, Jerusalém Celeste);
em sentido mais amplo, a Igreja, a Universidade, a cidade ou país, o Céu, a Terra, a floresta, o
mar e as águas quietas; a matéria, o mundo subterrâneo e a Lua; em sentido mais restrito,
como o lugar de nascimento ou da concepção, a terra arada, o jardim, o rochedo, a gruta, a
árvore, a fonte, o poço profundo, a pia batismal, a flor como recipiente (rosa e lótus); como
círculo mágico (a mandala como padma) ou como cornucópia; em sentido mais restrito ainda,
o útero, qualquer forma oca (por exemplo, a porca do parafuso); a yoni; o forno, o caldeirão;
enquanto animal, a vaca, o coelho e qualquer animal útil em geral” (JUNG, 1934/2000ª).

Neumann (1955) quando analisa o arquétipo feminino refere-se à imagem primordial


ou arquétipo da Grande Mãe como a uma "imagem interna, trabalhada no interior da psique
humana". A relação existente entre a construção e elaboração dessa psique, sofre influência de
uma historicidade e, como tal, opera transformações, marca e define. Crê o mesmo autor, que
a expressão simbólica deste fenômeno psíquico fundamenta-se nas figuras das Grandes
Deusas, representadas nos mitos e criações artísticas do gênero.

5. REFERÊNCIAS

HALL, S. Calvin & NORDBY. Introdução à Psicologia Junguiana. São Paulo: Cultrix, 1986.

JACOBI, J. Complexo, arquétipo e símbolo na psicologia de C. G. Jung. SP: Cultrix, 1995.

JUNG, C. G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Vol. IX/1. Rio Janeiro: Vozes, 2000.

NEUMANN, E. A Grande Mãe: um estudo fenomenológico da constituição feminina do


inconsciente. São Paulo: Ed. Cultrix, 2006.

SAMUELS, A. Jung e os Pós-junguianos. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1989.

SILVEIRA, N. Jung: Vida & Obra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

STEIN, M. Jung: O Mapa da Alma. 12. ed., São Paulo: Cultrix, 1998.

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