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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ___º VARA

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA – SEÇÃO JUDICÁRIA DO


PARANÁ

ACYR RENATO MAITTO,


brasileiro, solteiro, funcionário público, portador da Cédula de
Identidade RG sob nº 5.938.838.0/PR, inscrito no CPF/MF sob nº 875.077.739-49. residente e
domiciliado na Rua José Kormann, nº 204, casa 06, em Curitiba, Estado do Paraná, por intermédio
de seus procuradores abaixo assinados, com endereço profissional abaixo impresso, onde recebem
intimações e notificações, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nas
disposições dos artigos 186 e 927, ambos do Código Civil, bem como da Lei nº 6.404/1976 e
demais legislações acerca do tema, propor a presente

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de UNIÃO FEDERAL, tendo por seu representante judicial,


nos termos do art. 131 da Constituição Federal;
PETRÓLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS, inscrita no CNPJ
sob o nº 33.000.167/0001-01, com sede na Av. República do Chile, 65, Rio de Janeiro, RJ,

Rua Julia Wanderley, 165


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CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA PETROBRAS, a época
dos eventos danosos, cite-se 2006 e 2014, todos com endereço comercial cito: Av. República do
Chile, 65, Rio de Janeiro, RJ; pelos fatos e fundamentos de direito que passa a expor.

1. DOS FATOS

O Autor adquiriu em 2000 ações do Fundo Caixa FI Ações Petrobrás


pela Caixa Econômica Federal, satisfeito com o rendimento médio de sua aplicação, em 2004
adquiriu mais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) do mesmo fundo de ações da PETROBRAS e, em 2007
autor adquiriu outros R$ 27.000,00 (vinte e sete mil reais) dessas mesmas ações, totalizando a
quantidade de 3.065,479532 cotas ao todo.

Cada uma dessas ações ao preço de aproximado de R$ 43,07 (quarenta


e três reais e sete centavos) em 2000, (anexo I); R$ 15,92 (quinze reais e noventa e dois centavos)
em 2004; R$ 43,92 (quarenta e três reais e noventa e dois centavos) em 2007 1, sendo tal
investimento de personalidade conservadora, em razão do prestígio, tradição e solidez que até então
representava a ré Petrobras, vez que o autor buscava formar uma poupança para sua velhice.

Embora trate-se de bolsa de ações e mercado de valores, cabe aqui


enfatizar a problemática social a nível mundial a qual a ora ré Petrobras se envolveu, simplesmente
em face de má gestão dos recursos financeiros em posse da mesma, oriundos da compra de ações
pela sociedade particular.

Caso não houvesse administração de forma torpe, fraudulenta,


negligente e imperita por seu Conselho Administrativo e demais dirigentes, não caberia o ingresso
da presente demanda, entretanto com o elevado número de ações criminais com reiteradas
confissões, delações e condenações verifica-se que a gestão da ora ré Petrobras, bem como a
fiscalização da ré União ocorreu de forma deficitária, autorizando o socorro do Poder Judiciário
para fins do autor ver seus direitos atendidos.

1.1 DA PUBLICIDADE NEGATIVA

A mídia noticia diariamente sobre a Operação Lava-Jato e suas


ramificações as quais envolve atos ilícitos de improbidade administrativa, corrupção ativa e passiva,
super faturamento de contratos, entre outros crimes envolvendo partidos políticos que apoiavam o
Governo Federal, indicavam os dirigentes da ré Petrobrás para assim auferir propina nas

1
Conforme site < http://cotacoes.economia.uol.com.br/acao/cotacoes-historicas.html?codigo=PETR4.SA >
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contratações efetuadas; envolvendo dirigentes indicados pela corré União e que também recebiam
vantagens indevidas por contratações; envolvendo empreiteiros e fornecedores que pagavam as
propinas para serem contratados.

Além da ré se envolver em negócios que geraram prejuízos, tais como


a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, bem como a renegociação dos preços de
gás pagos ao Governo da Bolívia, todas essas atitudes irregulares culminaram com a recusa dos
Auditores Independentes em firmarem o Balanço Patrimonial do exercício de 2014.

Face as flagrantes irregularidades, os preços das ações despencaram


de R$44,69 (2000) para R$7,60 em (2015) causando prejuízos ao Autor devidos à gestão com dolo,
pelos dirigentes indicados pelo acionista controlador, União Federal, ora corré.

Sendo dessa forma inquestionável que o Autor sofreu diversos


danos em face da conduta danosa das Requeridas, o mesmo deve ser indenizado, em atenção
ao ordenamento jurídico pátrio, frise-se a Constituição Federal, bem como a Lei de
Sociedades Anônimas a qual a ré Petrobrás se vincula.

1.2 OBRAS DE CONSTRUÇÃO E AMPLIAÇÃO DE


REFINARIAS

Em análise as notícias bem como ao despacho nos autos nº 5012323-


27.2015.4.04.7000/PR o qual ensejou na prisão preventiva do Sr. Vaccari Neto, lê-se o depoimento
prestado por PAULO ROBERTO COSTA, ex-diretor da área de Abastecimentos da Petrobras,
prestado nos autos da Ação Penal supra citada, que tramita perante a 13ª Vara Federal de Curitiba-
PR, o qual relata que até o ano de 2005 havia poucas obras, sendo os recursos alocados para as
áreas da produção e exploração, que são as áreas mais importantes em qualquer companhia de
petróleo, e a partir de 2006 começaram as obras de ampliação e construção de novas refinarias:

Desde então, teve o início do conluio entre agentes públicos,


empreiteiras, partidos políticos e dirigentes da Petrobras, ao serem direcionadas as obras à um
construtor/empreiteiro pré-definido, com adicional de preço que seria dividido entre os dirigentes e
partidos políticos, dentre eles o PT, o PP e o PMB (íntegra do despacho anexo - II).

Percebe-se pela leitura do despacho as irregularidades, bem como os


indícios de culpabilidade e atos ilícitos cometidos pelos dirigentes da ré Petrobras, bem como pelos
partidos políticos envolvidos, trazendo assim a relação com os atos de má gestão o suficiente para
caracterizar a responsabilidade civil de seus agentes, bem como da União por ser acionista
controladora.
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O despacho do Exmo. Juiz Federal exara:

“Considerando toda a exposição probatória, sem que se tenha feito


abordagem exaustiva, forçoso concluir, em cognição sumária, pela
presença de provas de materialidade e de autoria de crimes de
corrupção e de lavagem de dinheiro” (página 15, §11, íntegra do
despacho sobre a prisão de João Vaccari Neto - II)

Ressalta-se que tais atitudes, contratos superfaturados, propinas,


desvios, ocasionaram prejuízos de elevadíssima monta ao ponto inclusive da ré Petrobrás ser
suspensa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC (reportagem anexa - III).

A ré Petrobras apresentou em 27.01.2015, o resultado do terceiro


trimestre de 2014, não revisado pelos auditores independentes, donde deste documento, se extrai o
cálculo de baixa contábil de R$88,6 bilhões em 31 ativos (documento anexo - IV).

Isto significa que, dos ativos avaliados, quase a metade tiveram


acréscimos indevidos em seus valores, provocando distorções patrimoniais, que quando percebidas
pelo mercado provocaram forte queda no preço das ações, percebe-se de forma evidente e grave o
prejuízo que os réus provocaram não só ao Autor desta ação como a toda sociedade brasileira.

1.3 PREJUÍZOS NA COMPRA DA REFINARIA DE


PASADENA, NOS ESTADOS UNIDOS

A auditoria da Controladoria Geral da União – CGU, aponta o


prejuízo de US$659 milhões (seiscentos e cinquenta e nove milhões de dólares) no contrato de
compra da refinaria nos Estados Unidos (documento anexo - V).

A Administração da ré Petrobras, com a aprovação do Conselho de


Administração da Empresa, adquiriu uma antiga refinaria – Pasadena - pagando muito acima de seu
valor, com prejuízos à empresa e a sociedade brasileira como um todo, conforme se depreende do
Relatório da CGU, do qual se extraem as seguintes conclusões, in verbis (Relatório CGU, pág 214 –
anexo VI):

a. Os instrumentos que formalizaram a aquisição da refinaria de


Pasadena continham cláusulas contratuais, que, quando conjugadas
ao direito de venda conferido à Astra, tornavam a relação negocial
desvantajosa para a estatal brasileira (vide Itens 1.1.1.2 e 1.1.1.3);
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b. A aquisição dos 50% iniciais dos bens e direitos da Refinaria de
Pasadena foi amparada em Estudo de Viabilidade Técnica e
Econômica - EVTE (Evidência 07) que não considerava todas as
variáveis aplicáveis ao negócio, especialmente aquelas capazes de
reduzir o Valor Presente Líquido da operação (vide Itens 1.1.1.2,
1.1.1.3 e 1.1.1.6 do presente Relatório).

c. Os gestores da Petrobras, quando da aquisição dos 50% iniciais


dos bens e direitos da Refinaria de Pasadena, desconsideraram os
apontamentos feitos por consultoria contratada para avaliar o
negócio, pagando pelos ativos da refinaria americana preços
superiores às melhores estimativas feitas, sem levar em consideração,
em nenhum momento, a busca pelo menor preço. A superavaliação
dos 50% iniciais não causou prejuízos somente naquele momento,
mas gerou ônus adicional à Petrobras quando a parceria com a Astra
foi desfeita (vide Itens 1.1.1.2, 1.1.1.3 e 1.1.1.6).

d. O prejuízo no processo de aquisição da Refinaria de Pasadena


apurado pela CGU foi de US$ 561.542.856,80, sendo US$
266.000.000,00 relativos à negociação dos 50 iniciais dos bens e
direitos da Refinaria de Pasadena e US$ 295.542.856,80 referentes à
aquisição dos 50 restantes (vide Item 1.1.1.6).

e. Os gestores da Petrobras utilizaram o instituto "right to override"


(ou "golden share'') para forçar a aquisição dos 50 remanescentes de
ações da PRSI e da PRST, à revelia da decisão do Conselho de
Administração, além de terem adentrado em procedimento arbitral
ineficaz e dispendioso (vide Itens 1.1.1.4 e 1.1.1.5). Os prejuízos
decorrente das ações citadas foram calculados pela equipe de
auditoria em US$ 8,666,687.52. F. A Petrobras concordou em pagar à
Astra na transação extrajudicial (US$ 820,500,000.00) enquanto que
o valor da condenação arbitra (US$ 639,700,000.00), após a
incidência da correção estipulada na sentença arbitral, tendo como
data de referência 30/4/2012, passou a ser de US$ 731,326,225.00,
ou seja, concordou em pagar US$ 89,173,775.00 a mais do que o
Painel Arbitral havia determinado (vide Item 1.1.1.7)

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f. A Petrobrás concordou em pagar a Astra na transação extrajudicial
(US$ 820,500,000.00) enquanto que o valor da condenação arbitral
(US$ 639,700,000.00), após a incidência da correção estipulada na
sentença arbitral, tendo como data de referência 30/04/2012, passou
a ser de US$ 731,326,225.00, ou seja, concordou em pagar US$
89,173,775.00 a mais do que o Painel Arbitral havia determinado
(vide Item 1.1.1.7).

g. O prejuízo total oriundo da aquisição da Refinaria de Pasadena


apurado pelos auditores da CGU, em valores históricos, foi de US$
659,383,319.32 (vide Itens1.1.1.5, 1.1.1.6 e 1.1.1.7), conforme
resumido no Quadro 21."

1.4. PREJUÍZOS NA COMPRA DE NAVIOS DESTINADOS À


PERFURAÇÃO

Percebe-se que a má gestão dos réus desta presente ação não restou
pontuada em apenas um ato ilícito, mas sim uma cadeia de improbidades, incluso a compra de
navios sonda para fins de perfuração, entretanto reconhecido pela própria ré Petrobrás (anexo VI)
que estariam ociosas e gerando custos altíssimos diários, conforme se percebe da nota explicativa
da ré.

Ainda, conforme a reportagem veiculada em 08/11/2015 no jornal O


Globo, relata-se sobre contratos os quais implicariam custos ao Brasil de US$126 milhões,
aproximadamente, e em atenção a essa reportagem, a ré manifestou-se no sentido apenas que
reduziu seus custos de operação, mas não negou ou comprovou de forma diversa a má gestão do
patrimônio público.

1.5 DOS EFEITOS DA GESTÃO

As reportagens, esclarecimentos da ré, o relatório da CGU, alguns dos


fatos aqui apresentados, representam apenas o que foi verificado até o presente momento sobre as
ações ilícitas cometidas pelo Conselho de Administração da ré Petrobras, em consonância com a ré
União, por ausência de fiscalização adequada sobre a gestão dos corréus na presente ação.

A inobservância dos deveres éticos e morais, aliado as práticas ilícitas


cometidas, serviram para fazer com que o respeito e segurança econômica da ré Petrobrás modo

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qual a mesma foi suspensa de participar do quadro associativo do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC), bem como refletir na cotação das ações da empresa, pois a mesma
decorre da relação entre o patrimônio líquido da empresa e o número de ações, bem como na
confiabilidade da gestão.

Evidente assim, conforme relatório da CGU que a ré Petrobrás teve


seu ativo imobilizado distorcido ocasionando na perda do valor das ações, a recusa dos auditores em
aprovar as contas, bem como o recuo do valor de mercado, conforme previsão do mercado
financeiro.

Considerando o ano de 2000 e 2007 em que foram adquiridas as ações


da PETROBRAS pelo Autor, e comparando-se com o índice BOVESPA que mensura a variação do
valor das principais ações no mercado de capitais brasileiro, tem-se o seguinte quadro:

Empresa: PETROBRAS

DATA: 10/08/2000

VALOR: R$43,07

DATA: 01.12.2014

VALOR: R$10,30

DIFERENÇA: (-) 76,05%

IBOVESPA

Evidente a depreciação do valor das ações em quase 80%, enquanto


que o índice BOVESPA teve uma redução de 24% no mesmo período, tal queda se origina nas
descobertas dos danos provocados pela má gestão.

Frise-se que, em análise a variação do índice Bovespa, o valor das


ações da ré Petrobras teria queda, chegando no máximo ao valor de R$36,00 por ação, e não o valor
irrisório de 2014 de R$10,30, aproximadamente R$07,00 em 2015 e R$4,51 em 2016.

Igualmente ressalta-se que a perda de valor econômico se deu face a


conduta dos dirigentes da ré Petrobras, bem como pela omissão da ré União, tal depreciação se deu
unicamente pelos atos comissivos e/ou omissivos dos réus da presente ação. Caso contrário, o valor
das ações teria acompanhado o índice Bovespa.

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Ainda, os dirigentes da ré Petrobras, que causaram os danos materiais
e morais, foram indicados pela ré União, modo qual verifica-se a cumplicidade dos atos ilícitos
pelos ora réus, face a culpa em indicar tais diretores para compor o Conselho Administrativo os
quais causaram os supra descritos danos e ainda a ausência de fiscalização também é conivência da
ilicitude.

Percebe-se, por fim, a correlação da ré União, na condição de


acionista controlador, apresentando indícios da probabilidade dessa estar auferindo, igualmente aos
participantes do Conselho, vantagens indevidas.

2. DO DIREITO

2.1 DO FORO COMPETENTE

Art. 53. É competente o foro:

IV – do lugar do ato ou fato para a ação:

a) de reparação de dano;

Assim como o Autor tem seu domicilio nesta cidade bem como o
lugar do ato ou fato indubitavelmente é o Município de Curitiba, motivo pelo qual a presente ação
de reparação de danos, nos termos do que determina a alínea “a” do inciso IV do art. 53, do CPC/15
deve ser distribuída na comarca desta cidade.

Ademais o artigo 109 da CF/88, determina que nas ações interpostas


em face da União Federal devem ser distribuídas na Competência da Justiça Federal.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa


pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho

2.2 DA PERDA DO VALOR DAS AÇÕES


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Conforme supra demonstrado, a perda do valor das ações do Autor e
de toda a sociedade detentora de ações da ré Petrobrás ocorreu em decorrência dos fatos narrados,
assim, a perda patrimonial suportada pelo autor se converte em dever de indenizar por parte dos
réus, vez que a responsabilidade da União é objetiva conforme a Constituição Federal de 1988.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

E há responsabilidade aos acionistas que praticam atos de má gestão


conforme art. 158, §2º e art. 159, §2º da Lei das Sociedades Anônimas.

Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas


obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato
regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que
causar, quando proceder:

I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;

II - com violação da lei ou do estatuto. [...]

§ 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos


prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres
impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da
companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a
todos eles.

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Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da
assembleia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o
administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. [...]

§ 2º O administrador ou administradores contra os quais deva ser


proposta ação ficarão impedidos e deverão ser substituídos na
mesma assembleia.

Desta forma, mister colacionar o Instituto da Responsabilidade Civil


descrevendo seus pressupostos e como coadunam com a realidade fática aqui transcrita.

2.2.1 DO DANO

Conforme o Códex Civilista, aquele que causar dano é obrigado a


repará-lo:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

O dano material é manifesto face a perda do valor econômico das


ações da ré Petrobrás e assim, consequente a perda patrimonial de quem as comprou.

O autor adquiriu a quantidade de 3.065,479532 cotas ao todo, com


valor médio em:

2000 R$ 132.030,20202

2004 R$ 48.802,433
2
Valor cotado em R$43,07
3
Valor cotado em R$15,92
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2007 R$ 132.030,20344

2014 R$ 31.574,43915

2015 R$ 21.458,35676

2016 R$ 13.825,31267

Comprova-se assim a perda patrimonial experimentada pelo autor ao


longo da depreciação do valor das ações da ré Petrobras, preenchendo o requisito “dano” do
instituto da responsabilidade civil.

2.2.2 DA CONDUTA ANTIJURÍDICA

A conduta antijurídica se assevera ante a ilicitude das atitudes dos


diretores do Conselho Administrativo da ré Petrobrás, bem como da omissão do acionista
controlador a ré União.

A responsabilidade civil dos administradores se encontra preconizada


nos arts. 117 e 158 da Lei das S.A.´s:

Art. 117. O acionista controlador responde pelos danos causados


por atos praticados com abuso de poder.

§ 1º São modalidades de exercício abusivo de poder:

a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo


ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade,
brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas
minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da
economia nacional; [...]

d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou


tecnicamente;

e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato


ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no

4
Valor cotado em R$43,07
5
Valor cotado em R$10,30
6
Valor cotado em R$7,00
7
Valor cotado em R$4,51
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estatuto, promover, contra o interesse da companhia, sua ratificação
pela assembleia-geral;

f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou


de sociedade na qual tenha interesse, em condições de
favorecimento ou não equitativas;

g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores,


por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba
ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de
irregularidade.

Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável pelas


obrigações que contrair em nome da sociedade e em virtude de ato
regular de gestão; responde, porém, civilmente, pelos prejuízos que
causar, quando proceder:

I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;

II - com violação da lei ou do estatuto.

§ 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de outros


administradores, salvo se com eles for conivente, se negligenciar em
descobri-los ou se, deles tendo conhecimento, deixar de agir para
impedir a sua prática. Exime-se de responsabilidade o
administrador dissidente que faça consignar sua divergência em ata
de reunião do órgão de administração ou, não sendo possível, dela
dê ciência imediata e por escrito ao órgão da administração, no
conselho fiscal, se em funcionamento, ou à assembleia-geral.

§ 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pelos


prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos deveres
impostos por lei para assegurar o funcionamento normal da
companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não caibam a
todos eles.

§ 3º Nas companhias abertas, a responsabilidade de que trata o § 2º


ficará restrita, ressalvado o disposto no § 4º, aos administradores

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que, por disposição do estatuto, tenham atribuição específica de dar
cumprimento àqueles deveres.

§ 4º O administrador que, tendo conhecimento do não cumprimento


desses deveres por seu predecessor, ou pelo administrador
competente nos termos do § 3º, deixar de comunicar o fato a
assembleia-geral, tornar-se-á por ele solidariamente responsável.

§ 5º Responderá solidariamente com o administrador quem, com o


fim de obter vantagem para si ou para outrem, concorrer para a
prática de ato com violação da lei ou do estatuto.

A doutrina corrobora o entendimento da responsabilidade dos


administradores ante o cometimento de atos ilícitos.

2.2.3 DO NEXO DE CAUSALIDADE

Verifica-se o nexo de causalidade entre o dano e a conduta


antijurídica, pois caso não houvesse perpetrado tais condutas o preço das ações da ré Petrobrás
teriam no máximo acompanhado o índice da Bovespa e lembrando que a queda desse índice,
ocorreu em parte face a publicidade negativa e a repercussão mundial a qual chegou a corrupção da
Petrobras e dos Partidos Políticos no Brasil.

2.2.4 DO DOLO E CULPA

O dano patrimonial resta comprovado em decorrência da substancial


perda de valor das ações da ré Petrobras; a má administração, pautada na corrupção evidencia a
conduta antijurídica, que por sua vez reduziu o patrimônio da ré Petrobras, enquanto que o dolo
resta comprovado não só pelos atos dos diretores, dos membros do Conselho de Administração, mas
também pela conduta do acionista controlador que indicou os diretores e membros do Conselho,
permitindo que houvesse o locupletamento não só dos diretores, mas também dos partidos políticos
que os indicavam, em troca de apoio político perante o Congresso Nacional,

A Lei nº. 6.404/76 discrimina em seu texto as ações que podem ser
ajuizadas em função de irregularidades cometidas pelos Administradores ou pelas empresas
Controladoras de sociedades anônimas, como é o caso da União.

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Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da
assembleia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o
administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio.

§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao


acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de
administrador.

2.3 DA RESPONSABILIDADE DA UNIÃO

O acionista controlador, nos termos do art. 116 da Lei das S.A.´s é a


pessoa física ou jurídica ou ainda um grupo de pessoas, vinculado por acordo de voto, que de modo
permanente detém a maioria de votos nas assembleias gerais e elege a maioria dos administradores
da companhia.

Considera-se acionista controlador, de acordo com Fabio Ulhoa8, e


com fundamento no disposto nos arts. 116, 243 § segundo e 265, § primeiro, da Lei das S.A.´s., a
pessoa natural ou jurídica, ou grupo de pessoas, vinculadas por acordo de voto, ou sob controle
comum, titulares de direitos de sócio que lhes assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos
nas deliberações da Assembleia Geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da
companhia, usando, efetivamente, seu poder para dirigir as atividades sociais ou orientar o
funcionamento dos órgãos da companhia. Em resumo, o acionista controlador é aquele que detém a
maioria de votos decisivos na Assembleia Geral.

O art. 116 da Lei das S.A.´s. determina que o acionista controlador


deve usar o seu poder para que a companhia realize seu objeto social e cumpra sua função social.
Ele tem deveres de respeito e lealdade, além de responsabilidades para com os acionistas
minoritários, a empresa, os respectivos empregados e a comunidade em que atua.

Os acionistas controladores de companhia praticam ato de abuso de


poder e são responsabilizados por isso, inclusive quando agem em conluio com qualquer
administrador. Nesse caso, são submetidos, solidariamente, em conjunto com os administradores, ao
disposto no art. 158 da lei das S.A.´s, como determina o art. 117, parágrafo primeiro, alínea “e”, e o
§ segundo da referida lei.

8
COELHO, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Vol. 2. Editora Saraiva, p. 275 e 276.
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O poder do controlador não é absoluto. Ele responde pelos danos que
causar à companhia ou a outro acionista por atos praticados com abuso de poder. O artigo 117, § 1
da Lei 6.404/76, elenca situações que caracteriza abuso de poder conforme supra transcrito.

Em termos gerais, existe conflito de interesses quando existem


interesses divergentes, ou seja, ao proteger um interesse, os demais necessariamente são
negligenciados ou até mesmo violados, sendo que a doutrina classifica o conflito de interesses de
três formas distintas: (i) conflitos entre acionista controlador e acionista minoritário; (ii) conflitos
entre os acionistas, controlador e minoritário, e a companhia; e (iii) conflitos entre administradores
e a companhia.

O conflito de interesses, no caso vertente, estampa-se quando o


acionista controlador efetua um loteamento dos cargos da diretoria entre os partidos políticos que
compõem a base governista, e consequências daí advindas, como a corrupção de membros da
transferência de recursos financeiros aos próprios partidos políticos.

Estes atos, configuram o exercício da administração sem levar em


consideração os interesses dos acionistas não controladores.

Contratar mediante superfaturamento, visando repasse de "comissões"


a grupos políticos para manutenção ou conquista de governabilidade, por exemplo, não se resume
apenas em ato de corrupção que se limite aos ambientes de responsabilidade político-administrativa,
pela natureza público-privada da entidade empresarial.

Permitir que custos sejam elevados visando canalizar recursos para


financiamento de atividades alheias ao objeto empresarial das sociedades de economia mista, além
de reduzir o lucro (ou expectativa de retorno do capital investido) é tipo apontado como ato de má
gerência, ou deslealdade pela Lei das Sociedades Anônimas.

Evidencia-se uma dupla responsabilização: a objetiva do Estado


enquanto acionista majoritário que indicou o corpo administrativo e o dos administradores que por
ato comissivo ou omissivo tenham praticado (ou permitido; tolerado) a conduta que levou ao
prejuízo ou redução do lucro ofertado aos acionistas.

2.4 DA RESPONSABILIDADE DA RÉ PETROBRAS

A responsabilidade da ré Petrobras, por ato de seus prepostos, deriva


do princípio inserido no § 6º do art. 37 da Constituição Federal já supra mencionado, que
estabelece: "As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadora de serviços

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públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regressa contra o responsável nos casos de dolo ou culpa".

A administração das S.A.´s. É composta pelo o Conselho de


Administração e a Diretoria. O primeiro é órgão de deliberação colegiada, una e interna, com a
função de orientar, em termos gerais, os negócios da companhia, bem como para acompanhar e
fiscalizar a atuação dos diretores, constando, obrigatoriamente, das sociedades de economia mista,
das companhias abertas e das sociedades de capital autorizado.

A Diretoria, por outro lado, consiste em um órgão executivo


indispensável para as S.A.´s, representando a companhia perante terceiros, por meio da
manifestação de vontade singular e individual dos respectivos membros, conforme cada área de
atuação, e no limite de suas funções e dos poderes que lhe foram conferidos.

A administração de uma Sociedade tem origem em dois poderes


distintos e complementares: o poder de decisão, mencionado no art. 1.010 do Código Civil, que
cabe aos sócios, e o poder de representação que consiste na execução, pelos administradores, das
deliberações dos sócios, envolvendo decisão acerca dos negócios e das operações autorizadas pelos
mesmos, conforme o disposto nos arts. 1.022 e 1.064 também do Código Civil.

Art. 1.010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos
sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão
tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas
de cada um.

Art. 1.022. A sociedade adquire direitos, assume obrigações e


procede judicialmente, por meio de administradores com poderes
especiais, ou, não os havendo, por intermédio de qualquer
administrador.

Art. 1.064. O uso da firma ou denominação social é privativo dos


administradores que tenham os necessários poderes.

Os administradores, por sua vez, no exercício da gestão da sociedade,


devem respeitar os deveres legais, mencionados nos arts 153 a 157 da Lei das S.A.´s, considerando-
se os limites impostos aos representantes legais da empresa pelo próprio Estatuto Social, que
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representa a vontade majoritária dos acionistas, de modo a evitar a prática de atos ilícitos pelos
administradores, dentre eles, os atos proibidos, contrários à lei ou ao Estatuto Social, ou aqueles
praticados com excesso ou abuso de poderes.

No respeito aos deveres legais, por parte dos administradores, estes


devem manter no exercício de suas funções, os cuidados que todas pessoas honestas devem
empregar na administração de seus negócios, conforme regra inserida no artigo 1.011 do Código
Civil, corroborado pelos artigos 153 e 157 da Lei das Sociedades Anônimas e ainda os Princípios
Constitucionais bem como o Princípio geral da boa-fé.

Na gestão, ressalte-se o objetivo é a busca de maior lucratividade para


os acionistas. Entretanto sem fazer uso de ilicitudes, onde percebe-se que o ato ilícito, decorre: (i)
da prática de um comportamento, ou seja, uma ação ou uma omissão; (ii) da violação de um direito,
considerado, inclusive, o mau uso de um direito de que o agente é titular (abuso de direito), com o
exercício irregular do direito, de forma que exceda manifestamente os limites Impostos pelo fim
econômico ou social, ou de modo contrário à boa-fé e aos bons costumes; e (iii) de uma ação
culposa, baseada na culpa ou dolo.

O Código Civil consagra a regra geral da responsabilidade subjetiva


garantindo a indenização do dano causado por ato ilícito praticado com culpa, conforme o disposto
no seu art. 927, sendo que são os pressupostos para a responsabilização subjetiva: (i) conduta
antijurídica, consubstanciada em ação ou omissão do agente; (ii) culpa do agente; (iii) nexo de
causalidade entre a conduta antijurídica do agente, intencional ou não, e o dano causado a terceiro;
(iv) existência de um dano moral ou material, de natureza patrimonial ou não, resultante da conduta
antijurídica

Ainda, o Código Civil determina, em seu artigo 933, a


responsabilidade indireta como objetiva, independentemente de culpa do empregador ou comitente,
por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele;, pelo ato ilícito praticado do empregador pelo ato do empregado, baseada na culpa deste in
elegendo, que se caracteriza pela má escolha do preposto e/ou na culpa in vigilando, decorrente da
falta de atenção com o procedimento ilícito de outrem, atualmente ampliado para o de
responsabilidade objetiva do responsável substituto, conforme o previsto nos arts. 932 e 933 do
Código Civil.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

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III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele;

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo


antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

A obrigação da ré Petrobras em indenizar o acionista por ato de seus


administradores, somente seria afastada se os mesmos comprovassem que a culpa pelo dano
causado deve ser atribuída mediante culpa exclusiva do acionista ou fosse caracterizada a
ocorrência de força maior, sendo que ambas as hipóteses não ocorrem no caso vertente.

Conforme previsão constante no artigo 1.016 do Código Civil, os


administradores se obrigam a responder perante a sociedade e aqueles prejudicados pelos seus atos
ilícitos praticados no exercício da sua função:

Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a


sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de
suas funções.

Há de ser considerado ainda, que o acionista controlador, possui o


controle de indicação dos membros do Conselho de Administração, e seus membros são
responsáveis, também, solidariamente, pelos atos ilícitos cometidos pelos diretores, quando presente
a conivência, negligência ou omissão na fiscalização da gestão, conforme previsão constante no art.
142, inciso III, da Lei das S/A, sendo que não existe notícia de discordância dos membros do
Conselho de Administração, com as propostas apresentadas pela Diretoria da ré Petrobras.

Ressalte-se, que eventual membro do Conselho de Administração,


dissidente da deliberação tomada pelo órgão, tem como manifestar sua discordância com a mesma e
sua opinião contrária à dos demais membros que tenha prevalecido como deliberação do órgão,
através da ata de reunião do órgão, e, se isso não for possível, como determina a própria Lei das
S/As., no seu art. 158, através de ciência ao órgão de administração, ao Conselho Fiscal, se em
funcionamento, ou a Assembleia Geral.

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Consta ainda a responsabilidade do Conselho de Administração,
fixada pelo seu estatuto social, em seu art. 28:

ESTATUTO PETROBRAS

Art. 28- O Conselho de Administração é o órgão de orientação e


direção superior da Petrobras, competindo-lhe:

I- fixar a orientação geral dos negócios da Companhia, definindo


sua missão, seus objetivos estratégicos e diretrizes;

II- aprovar o plano estratégico, bem como os respectivos planos


plurianuais e programas anuais de dispêndios e de investimentos;

III- fiscalizar a gestão dos Diretores e fixar-lhes as atribuições,


examinando, a qualquer tempo, os livros e papéis da Companhia;

IV- avaliar resultados de desempenho;

V- aprovar, anualmente, o valor acima do qual os atos, contratos ou


operações, embora de competência da Diretoria Executiva,
especialmente as previstas nos incisos 111, IV, V, VI e VIII do art. 33
deste Estatuto Social, deverão ser submetidas à aprovação do
Conselho de Administração;

VII- fixar as políticas globais da Companhia, incluindo a de gestão


estratégica comercial/, financeira, de investimentos, de meio
ambiente e de recursos humanos;

Art. 30- O Conselho de Administração poderá determinar a


realização de inspeções, auditagens ou tomadas de contas na
Companhia, bem como a contratação de especialistas, peritos ou
auditores externos, para melhor instruírem as matérias sujeitas a
sua deliberação.

Tem-se pelos fatos narrados, que o Conselho de Administração da ré


Petrobras foi conivente, por omissão, com os atos de corrupção apontados, dentre outros, já que
aprovou os planos anuais de dispêndios e investimentos, que contemplavam obras superfaturadas;
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deixou de fiscalizar a gestão dos Diretores, e muito menos avaliou os resultados de desempenho,
deixando de exercer o direito de exigir a realização de inspeções e auditagens, por meio de
especialistas, peritos ou auditores externos, para maior conhecimento das matérias que lhes era
submetida.

O Autor da presente ação, que investiu suas economias em ações da ré


Petrobras, para obter lucros, não pode ser penalizado pela malversação de seus recursos apropriados
para custeio de atividades estranhas aos interesses da companhia.

O desvio de recursos da ré Petrobras, mediante sobre preço ou


superfaturamento para finalidades escusas e inapropriadas estranhas aos interesses da companhia,
em detrimento de seu lucro, ainda que de serventia aos agentes políticos envolvidos, não podem ser
levados à conta de prejuízos dos investidores acionistas, como o Autor, tal como acontece com a
perda estrondosa do valor das ações.

Resta ao acionista minoritário a presente ação direta, autônoma, em


defesa do patrimônio individual acaso atingido pelos atos de gestão da administração da companhia.
Nesse caso a ação é de cunho patrimonial individual, pois visa a proteção não dos interesses
coletivos dos sócios que a companhia representa, mas da riqueza particular, atingida pelos atos
ímprobos, conforme previsão constante no § 7º do artigo 159, da Lei das Sociedades Anônimas.

Art. 159[...] § 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber
ao acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de
administrador.

Tem-se então caracterizada a dupla responsabilização: objetiva da


União, pela escolha dos administradores indicados aos cargos de direção da ré Petrobras e subjetiva
desses agentes, pelos atos que praticaram com dolo ou culpa em prejuízo dos acionistas
minoritários.

2.5 DOS DANOS MORAIS


O Autor buscava uma aplicação segura, porém devido a corrupção e a
má gestão, obteve prejuízos de ordem moral e material incalculáveis.

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Salienta-se que o simples fato do desvio de dinheiro e os contratos
superfaturados já seria fato gerador do dano (nexo causal). Dessa forma, o artigo 186 e 927, ambos
do Código Civil, dispõem que:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligencia


ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente e culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”

O dever de reparar o dano é flagrante neste caso, de acordo com as


disposições do Código Civil.
A Requerida violou direitos fundamentais e causou danos
imensuráveis ao Autor. A Constituição Federal de 1988 tornou expresso o direito à honra e sua
proteção, ao dispor, em seu artigo 5°, incisos V e X:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, moral ou à imagem; [...]
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação.

Neste mesmo sentido, o renomado Wilson Melo da Silva, na histórica


obra “O Dano Moral e sua Reparação”, também ensinava: “Danos morais, pois, seriam,
exemplificadamente, os decorrente das ofensas à honra, ao decoro, à paz interior de cada qual, “as

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crenças íntimas, aos sentimentos afetivos de qualquer espécie, à liberdade, à vida, à integridade
corporal.”9.

Atente-se para o entendimento do Egrégio Supremo Tribunal Federal e


Superior Tribunal de Justiça:

"Dano moral puro.....Cabimento de indenização, a título de dano


moral, não sendo exigível a comprovação de reflexo patrimonial do
prejuízo "(STF - RT 614/236)

"A concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que a


responsabilização do agente causador do dano moral opera-se por
força do simples fato da violação (damnum in re ipsa), não havendo
que se cogitar da prova do prejuízo" (REsp nº 23.575-DF, Relator
Ministro César Asfor Rocha, DJU 01/09/97).

"Dano moral - Prova. Não há que se falar em prova do dano moral,


mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento,
sentimentos íntimos que os ensejam (...)" (REsp nº 86.271-SP,
Relator Ministro Carlos A. Menezes, DJU 09/12/97).

Ainda podemos citar:

"Dispensa-se a prova de prejuízo para demonstrar a ofensa ao


moral humano, já que o dano moral, tido como lesão a
personalidade, ao âmago e a honra da pessoa, por vezes é de difícil
constatação, haja vista os reflexos atingirem parte muito própria do
indivíduo o seu interior". (STJ, REsp 85.019/RJ, 4ª Turma, rel.
Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU 18.12.98, p. 358).

É inconteste a ocorrência de danos morais passíveis de indenização,


pois a maior estatal do Brasil, que se presumia ser a melhor opção de investimento, é desmascarada
na mídia nacional e internacional com diversos casos de corrupção, lavagem de dinheiro, propinas,
contratos fraudulentos e tantas más notícias que ninguém tem ideia de onde vão acabar, ofenderam

9
SILVA, Wilson Melo. O Dano Moral e sua Reparação, 3ª edição: Forense, RJ, 1999
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inúmeros direitos da personalidade dos acionistas, incluso do Autor, como a dignidade, honra,
imagem, saúde, enfrentaram desgaste físico e psíquico anormal.
Sem dúvida, os fatos acima relatados não configuram mero
aborrecimento, situação comum do quotidiano, mas de um transtorno enfrentado pelo acionista que
alterou todos os seus planos, causando-lhe grande desconforto.
Assim, para a caracterização do dano moral é desnecessária a prova do
efetivo prejuízo, justamente porque o que é ressarcido é a dor moral sofrida pelos ofendidos. Em
decorrência disso, o dano moral sofrido pela vítima é evidente e a atitude reprovável da ré deve ser
expurgada. Todavia, para o caso não existe outra forma de compensação que não seja a pecuniária,
na tentativa de reparar o dano e servir de represália para inibir novas ofensas.
A prática de um ato ilícito cria para o agente a obrigação de reparar o
dano causado à terceiro, independentemente da existência de culpa.
Oportuno lembrar o que nos ensina o Professor Wilson de Melo Da
Silva:

“Na reparação do dano moral, o que se busca não é colocar o


dinheiro ao lado da angústia e da dor, mas tão somente propiciar ao
lesado uma situação positiva de euforia e de prazer, capaz de
amenizar, de atenuar, ou até mesmo, se possível, de extinguir nele a
negativa sensação de dor”.

Não se pode permitir que outras pessoas sejam prejudicas pela


conduta das rés, a exemplo do que ocorreu com o Autor. Daí a necessidade da intervenção do
Judiciário, com o intuito de restaurar os prejuízos causados, garantindo ampla segurança jurídica à
sociedade.
Segundo o magistério de Clayton Reis, in Avaliação do Dano Moral,
Editora Forense, 1988, deve ser levado em conta, na aferição do quantun indenizatório, o grau de
compensação das pessoas sobre os seus direitos e obrigações, na medida em que “quanto maior,
maior será a sua responsabilidade no cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será
o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio necessário na condução de sua vida
social.”
Tangentemente à quantificação da reparação, que o Autor deixa ao
julgador, inexistem critérios objetivos, sendo necessário o exame de cada caso concreto para apurar
a extensão da suscetibilidade do lesionado. No entanto, há premissas consolidadas que direcionam o

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arbitramento de indenização ao caráter inibitório-punitivo e reparatório-compensatório deste
instituto jurídico.
Deste modo, cabe ao Judiciário o direito-dever de condenar ao
pagamento pelos danos sofridos pelo Autor, com sabedoria e de forma coerente com os
acontecimentos, valor não menor que 30 (trinta) salários mínimos para servir de indenização,
e como punição para as rés pelo acontecidos.

Portanto, verifica-se que o Autor sofreu prejuízos de ordem moral,


decorrente da conduta exclusiva das rés, razão pela qual estas devem ser compelidas a indenizá-lo.
A responsabilidade das rés pelos seus atos, e sua má prestação de serviços há que ser reconhecida,
devendo ser obrigada a reparar os danos causados ao Autor.

3. DAS PROVAS A SEREM PRODUZIDAS

Requer o Autor, a produção de todos os meios de prova em direito


admitidas, especialmente:

a) A juntada aos autos, pela ré Petrobras, das conclusões dos relatórios


de avaliação do ativo pelo preço justo, por consultores externos, dos 31 empreendimentos que
tiveram valor justo inferior ao valor de mercado, conforme apontado no Relatório do 32 Trimestre
de 2014

b) A expedição de ofícios ao Tribunal de Contas da União, bem como


à Controladoria Geral da União, para que apresentem todos relatórios que envolvam prejuízos à ré
Petrobras, a partir de 2004;

c) A juntada aos autos de novos documentos;

d) Oitiva de testemunhas a serem arroladas.

4. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer-se:

1. Requer o Autor a citação dos demandados para contestarem a


presente ação, no prazo legal, e ao final, seja julgada a mesma procedente, para condenar os
demandados, solidariamente, a indenizarem o Autor pelos danos narrados, a serem apurados
em liquidação de sentença, tomando-se por base o valor pelos quais o Autor adquiriu as ações
da ré Petrobras, confrontando com o valor em bolsa das mesmas quando da liquidação da

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sentença, e acrescido ainda da variação, positiva ou negativa, do mercado acionário,
mensurada pelo índice IBOVESPA no período, condenando os demandados ainda no
pagamento de custas e despesas processuais, bem como em honorários advocatícios a favor
dos procuradores do Autor.
2. Que seja a presente ação julgada procedente em todos os seus
termos;
3. Condenar a Requerida ao pagamento de indenização,
correspondente ao dano moral e material sofrido pelo Requerente, nos termos da
fundamentação supra e em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência, e ainda que ditos
valores sejam atualizados monetariamente até o efetivo pagamento;
4. Requer por derradeiro, a produção de todos os meios de provas
em direito admitidas, notadamente depoimento pessoal do representante legal das rés, sob
pena de confissão, e demais que se fizerem necessárias.

Dá-se à causa o valor de R$ 56.220,00 (cinquenta e seis mil, duzentos


e vinte reais).

Nestes termos em que,


Pede e espera deferimento.

Curitiba, 07 de fevereiro de 2017.

Edgar Lenzi – OAB/PR 28.579 Karin Bettinghausen – OAB/PR 42.948

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