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23/03/2013 03h44
Mas não é possível entender o mais intratável conflito do nosso tempo sem regressar
sempre a Jerusalém.
Patricia Pingree/Bloomberg
James Carroll, autor de "Jerusalém, Jerusalém", concorda. Mas Carroll vai ainda mais
longe: não é apenas o conflito israelense-palestino que nos obriga a regressar a
Jerusalém. A história da civilização começa (e, para muitos, acaba) na cidade assim
chamada.
DESEJO MIMÉTICO
Carroll, antigo sacerdote cristão com sentido crítico apuradíssimo, socorre-se do grande
pensador René Girard para apresentar a "febre de Jerusalém" à luz do "desejo
mimético": sucessivas culturas foram atraídas por Jerusalém porque as culturas
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Crítica: Autor James Carroll faz uma interpretação notável sobre Jerus... http://tools.folha.com.br/print?site=emcimadahora&url=http://www1.f...
anteriores já haviam eleito o lugar como pedra fundacional (e sacrificial) dos seus
respectivos povos.
Assim foi com os originais israelitas do tempo de David, que fizeram de Jerusalém o
centro físico e espiritual da sua ligação a um único Deus.
E assim foi com todos os povos que vieram a seguir: dos romanos aos muçulmanos;
dos muçulmanos aos cruzados; dos cruzados aos turcos otomanos; dos otomanos às
potências
ocidentais que saíram vitoriosas da Primeira Guerra Mundial (1914- 1918).
E quando Jerusalém estava demasiado longe para quem decidia rumar em sentido
inverso, a cidade era (re)criada como uma "Nova Jerusalém": a "cidade no topo do
monte" que recebeu os imigrantes do Velho Mundo quando eles chegaram ao Novo
Continente.
PROPOSTA INCLUSIVA
O livro de James Carroll é uma interpretação notável sobre a história de Jerusalém: não
apenas a Jerusalém "real", mas também a Jerusalém imaginada, sublimada --e
desejada.
Mas é mais que isso: tratando-se de um antigo sacerdote, Carroll procura mostrar como
a "febre de Jerusalém", a disputa constante por um território onde sucessivas
civilizações projetaram as suas fantasias milenaristas, só pode ser temperada por uma
compreensão mais "ecumênica" do verdadeiro espírito religioso.
A unicidade de Deus, sistematizada pelo povo hebraico nos anos do exílio babilônico e
mimetizada pelas religiões abrâmicas posteriores, não é uma proposta que exclui (e
demoniza) o Outro.
Pelo contrário: deve ser uma proposta inclusiva, onde todas as criaturas são convidadas
para sentar à mesma mesa.
Eis um livro que merece leitura atenta: não apenas pelos fanáticos religiosos. Mas
também pelos fanáticos seculares que mimetizam os fanáticos religiosos.
JERUSALÉM, JERUSALÉM
AUTOR James Carroll
EDITORA Cultrix
TRADUÇÃO Euclides Luiz Calloni e Cleusa Margô Wosgrau
QUANTO R$ 52,20 (464 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo
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Endereço da página:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/03/1250987-critica-autor-james-carroll-faz-uma-interpretacao-
notavel-sobre-jerusalem.shtml
Links no texto:
"Jerusalém, Jerusalém"
http://livraria.folha.com.br/catalogo/1201772/jerusalem-jerusalem
JERUSALÉM, JERUSALÉM
http://livraria.folha.com.br/catalogo/1201772/jerusalem-jerusalem
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