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Fenômenos de transporte:

.fundamentos eaplicações nas


. Engenharias Metalúrgica ede Materiais
, ,'

Varadarajan Seshadri
Roberto Tavares Parreiras
Carlos Antonio da Silva
Itavahn Alves da Silva i

São Paulo
Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração
2010
Sumário
1 Introdução ........................................................................................................................................... 1
1.1 'rratarnento Unificado ................ ······························ ......................................................................... .r5
6
1.1.1 Convecção ...................................................................................................................................
1.1.2 Difusão ......................................................................................................................................... 7
1.2 Q que Encontrar neste Texto ....................................................................................................... 10
1.:3 A Quem este Texto é Dirigido ...................................... ········ ........................................................ 13
Referêl~ias ................................................................................................................................................... 13

2 Fenômenos de Transporte: Abordagem e Aplicações ............................................................. 15


l{eferências ..................................................................................................................................................... 19

3 Conceitos Fundanlentais ................................................................................................................ 21


3.1 Conceitos ............................................................................................................................................. 21
3.1.1 Fluidos ....................................................................................................................................... 21
3.1.2 Força e tensão .......................................................................................................................... 22
3.1.3 Energia ...................................................................................................................................... 24
:3.1.4< Mecanismos de transporte ................................... ··.······ ....................................................... 25
:3.2 Unidades .................................................................................................................................................. 27

4 Viscosidade ........................................................................................................................................ 41
4<.] Definição de Viscosidade e Lei de Nevvton da Viscosidade .................. ························· ........ 41
4.. 1.1 Interlxetação física de '"( ..................................................................................................... 44
p
Lk 1.2 Dimensão da viscosidade ............................. :........................................................................ 48
+.2 Viscosidade de Gases ....................................................................................................................... 50
11<..'3 Viscosidade de Líquidos ................................................................................................................. 58
4.. 3.1 Viscosidade de metais líquidos ................................ ··············· ............................................. 60
4.. 3.2 Viscosidade de escórias ......................................................................................................... 65
1J..3.2.1 Diagrama de isoviscosidade ............................ ············ ........................................... 68
11<..'3.2.2 Método da sílica equivalente ................................................................................. 70
11<.,'3.2':-; Fórmula de viscosidade ................................... ········ ................................................ 71
75
Re.ierências ..................................................................................................................................................

5 Escoamento Laminar e Balanço de Quantidade de Movimento ........................ ··················· 79


5.1 Escoamento Laminar e Turbulento ............................... ············· ................................................. 79
5.2 Balanços de Massa c de Quantidade de Movimento ..................... ························ .................. 81
5.2.1 13alanço de rnassa .................................................................................................................... 82
5.2.2 Balanço de quantidade de movimento .............................................................................. 82
85
5.3 Aplicações dos Balanços de Massa e Quantidade de Movimento ............................. ··············· .
5.3.1 Escoamento entre duas placas planas horizontais ........................................................ 85
5.:3.1.1 Balanço de lTlassa ...................................................................................................... 87
5.3.1.2 Balanço de q uémtidade de movimento ................................................................ 88
5.3.2 Escoamento de uma película de fluido .............................................................................. 9+
5.3.2.1 Balanço de nlassa .. ,................. ,................................................................................. 96
5.S.2.2 Balanço de quantidade de movimento ................................................................ 97
5.3.3 Escoamento axial em um duto cilíndrico ...................................................................... 108
5.3.3.1 Balanço de massa ................................................................................................... 1 10
5.3.3.2 Balanço de quantidade de movimento ............................................................. I 12
Escoamento em dutos concêntricos ............................................................................... 122
5.3.4'
5.3.5 Escoamento laminar bifásico ............................................................................................ 12G
Referências ................................................................................................................................................ 129

6 Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos ......................... ·· ...... ········· .. ········· ........... 135
6.1 Equação da Continuidade ............................................................................................................ 136
6.2 Equação do Movimento ............................................................................................................... 1:39
6.3 Equação da Continuidade e do Movimento em Coordenadas Cilíndricas e Estcl~icas 11{,
6.3.1 Coordenadas cilíndricas ..................................................................................................... 1+6
6.3.2 Coordenadas esféricas ........................................................................................................ 1+7
6.4 Soluções de Equações Diferenciais ........................................................................................... 14,8
6.4.1 Escoamento de uma película de fluido ........................................................................... 1+8
6.4.2 Escoamento em um tubo circular ................................................................................... 150
6.4'.3 Escoamento anelar tangencial ............................................. ·............ ·.. ·........ ·.. ·............. ~. 151
6.4.4 Formato da superficie de um líquido com movimento de rotação ......................... 155
6,4<.5 Escoamento laminar em torno de uma esfera ............................................................. 157
6.4'.6 Camada limite ....................................................................................................................... ] 62
6.4<.7 Escoamento transiente em um tubo circular ............................................................... 164<
Referências ................................................................................................................................................. 166
Apêndice .................................................................................................................................................... 167

7 Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais ........................................ ·............ ·.. · 177


7.1 Introdução .......................................................... ·............................................................................. 177
7.2 Modelos de Turbulência .............................................................................................................. 181
7.2.1 Equações da continuidade e do movimento suavizadas ...................... ·.. ·...... ·........ ·.. 18.'3
7.2.1.1 Equação da continuidade suavizada ................................................................. ] 83
7.2.1.2 Equação do movimento suavizada .................................................................... ] 83
7.3 Fatores de Fricção ......................................................................................................................... 189
7.3.1 Escoamento em dutos (interno) ...................................................................................... ]90
7.3. ].1 Análise dimensional ....................................................... ·.. ·.......... ·.. ·..................... 19.<3
7.:3.1.2 Escoamento em dutos não-cilíndricos ............................................................. 208
7.:3.2 Escoamento em torno de ol~íetos (externo) .............................. ·.... ·............ ·.......... ·.... · 207
7.3.2.1 Escoamento em torno de esferas ...................... ·.......... ·...... ·.. ·........ ·............ ·.. ·.. 208
7.4 Fatores de Fricção ]Xlra Leitos de Partículas ........................................................................... 212
7.4<.1 Equação de Ergun ........................... ·.. ·............ ·.... ·.............................................................. 213
7.4<.].1 Reginlc lanlinar ............................................... ·............ ·.... ·.......... ·.... ·.................... 219
7.1<.1.2 Hccrimc tllrh\llcnto ................................................. ·............................................... 220
. b
}={cterências ................................................................................................................................................ 222
8 Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicos ................................................. 225 i
8.1 Balanço Global ue Massa ........................................ ;..................................................................... 226
8.2 Balanço Global de Energia ........................................................................................................... 230
8.2.1 Avaliação uo termo ue energia cinética ......................................................................... 232
8.2.2 Avaliação do termo de energia potencial ~ ..................................................................... 234·
8.2.3 Teorema de Bernoulli ........................................... ·.· ........................................................... 235
8.2.4< Avaliação das peruas por fricção ............................. ·················· ....................................... 237
8.2.4<.1 Peruas por fricção em uutos retos .................... ····························· .................... 238
8.2.4<.2 Perdas por fricção em expansões e contrações .............. ································ 242
8.2/:1<.3 Perdas por fricção em válvulas e conexões ............ ·································· ....... 24·5
8.S Escoamento em Panelas e Distribuiuores ................... ··.·················· ......................................... 250
8.3.1 Vazamento de uma panela ................................................................................................. 250
8.:3.'2 Transferência de metal do clistribuidor para o molue ............................................... 258
8.4 Técnicas de Meu ida ue Vazão de Fluiuos ................................................................................. 265
8/k 1 Meuidores de diferença de pressão ................................................................................. 266
8.4<.1.1 Medidores de orifkio ............................................................................................ 266
8/1<.1.2 1'ubo ue l:)itot .......................................................................................................... 271
8./],,2 l{otânletros ............................................................................................................................ 274·
l{cferências ................................................................................................................................................ 276

9 Introdução à Transferência de Calor ....................................................................................... 285

10 Balanços de Energia e Mecanismos de Transporte de Calor ........................................... 287


10.1 Mecanismos ue Transferência de Calor ......................... ························ ................................. 287
10.1.1 Conuução ............................................................................................................................. 287
10.1.2 Convecção ............................................................................................................................ 289
10.1.3 a lação tern11ca ............................................................................................................... 291
R u' "
10.'2 Balanço de Energia ....................................................................................................................... 293
10.2.1 Balanço de energ'ia para um volume de controle ..................................................... 294
10.2.2 Balanço ue energia para superfícies ........................ ·.. ················· .................................. 301
l~eferências ................................................................................................................................................ 303

11 Condução elll Regime Estacionário ....................................................................................... 307


1 1.1Lei ue F'ollrier ........................................................... .'...................................................................... 307
11.1.1 Conuutividade térmica ........................................ ···.··· ...................................................... 307
11.2 Equações Gerais ua Condução ................................................................................................... 311
11.2.1 Coordenadas cartesianas ................................................................................................ 312
11.2.2 Coordenadas cilíndricas .................................... ········ ....................................................... 315
1 1.2.3 Coordenadas esfericas ...................................................................................................... 316
II.S Condições de Contorno e Iniciais ............................................................................................. S 17
11.4. Perfis Unidimensionais de Temperatura ................................................................................ 320
] 1./k 1 Parede plana ........................................................................................................................ 320
11.+.2 Geometria cilíndrica ......................................................................................................... S28 .
.1 1.,i-.S Geolnetria esférica ............................................................................................................ 335
Resistências térmicas de contato .................................. ······ .. ····· .................................... ~339
11.4'.4.
11.4.5 Perfil de temperatura com geração de calor .............................................................. 3 W
L

11.5 Perfis de Temperatura em Duas e Três Dimensões ............................................................ 341·


11.5.1 Discretização ............................................................................................................ :...~ ..... 34-.5
11.5.2 Obtenção das equações de conservação ...................................................................... ~H7
11.5.3 Solução do sistema de equações lineares .................................................................... ~351
Referências ................................................................................................................................................ 357

12 Condução em Regime Transiente ......................................... ··· ............................................... 363


12.1 Resfriamento ou Aquecimento Isotérmicos ........................................................................... .'365
12.2 Transferência de Calor Unidimensional Transiente em ,Geometria Plana ................... .'369
12.3 Transferência de Calor Unidimensional Transiente em Geometria Cilíndrica ............'376
12.4. Transferência de Calor Unidimensional Transiente em Geometria Esfcrica ...............'379
12.5 Transferência de Calor no Sólido Semi-Infinito ................................................................... 383
12.6 Transferência de Calor Bi e Tridimensional.. ................................................. ·...... ·...... ·.. ·.... · .'390
12.6.1 Situações bidimensionais ......................................................... ·.. ·.......... ·· ........................ 390
12.6.2 Situações tridimensionais ......................................... ·· .. ·.... ···· .......................................... 397
12.6 . .'3 Método n umérico .............................................................................................................. 4·00
12.6 ..'3.1 Discretização ........................................................................................................ 4·00
12.6.3.2 Equações de conservação .................................................................................. 4·01
12.6.~L.'3 Solução das equações de conservação .............................................. ·............ · 4·06
Referências ................................................................................................................................................ 4· 1.'3

13 Convecção ..................................................................................................................................... 419


13.1 Balanço de Energia ........................................................ ·............................................................... 1·20
1.'3.2 Coeficiente de Transferência de Calor ..................................................................................... 4·24·
1.'3 . .'3 Avaliação Experimental do Coeficiente de Transferência de Calor ................................ 427
1.'3.4, Convecção Forçada e Escoamento Externo ........................................................................... 4,.'32
13.4'.1 Placa plana ......................................................... ·... ·............................................................. 4·32
1.'3.4'.2 Cilindro ................................................................................................................................ 1·.'35
1.<3.1'.:3 l~stera .................................................................................................................................... 4·35
1.'3.5 Convecção Forçada e Escoamento Interno ............................................................................ 4<37
1.'3.5.1 Balanço de energia para o fluido ................................................................................... 1..'38
].'3.5.2 Coeficiente de transferência de calor para dutos cilíndricos ................................ .4<42
1.'3.5 ..'3 Coeficiente de transferência de calor para dutos não cilíndricos ......................... 404·6
1.'3.6 Convecção N atural. ............................................................ ·........................................................... 44·6
1.'3.6.1 Superficies planas ........ ~ ..................................................................................................... 4·1·7
1.'3.6.2 Cilindro .......................... :..................................................................................................... 4.51
1.'3.6.3 Esfera .................................................................................................................................... +5.'3
13.7 Convecção Combinada .............................................. ·..... ·· ............................................................ 1·5;3
Referências ................................................................................................................................................ +55

14 Fundamentos da Transferência de Calor por Radiação .................................................... 4·59


14'.1 Espectro de Hadiação e o Corpo Negro .................................................................................. 1.59
14.. 2 EnlissiviJade ................................................................................................................................... 4.61
J cl.. :) Absorção, Het1exão e Transmissão ........................................................................................... 4.62
11.. 4 Corpos Cinzas ...................................................... :: ......................................................................... 4.66
J !L5 rI~ roca (Ie Ca1or en tre ckJuper t"!eles . .............................................................................................. . 467
1'1-.5.1 I'ator de tC)l.111a .................................................................................................................... 4{->7
14<.5.2 Troca de calor entre corpos negros ............................................................................. 4.72
] 4.. 5.3 Troca de calor entre superfIcies cinzas ....................................................................... 4.73
14'.5.3.] Análogo elétrico de uma superfIcie cinza ..................................................... 473
14.5 ..'3.2 Troca de calor entre superfIcies cinzas em um invólucro .............. ·········· 4<74
Referências ............................................................................................................................................... 481

15 Introdução à Transferência de Espécies ............................................................................... 483

16 Fundamentos em Transporte de Espécies ....................... ·.····················· .............................. 487


16. ] Base Fenomenológica para Difusão .......................................................................................... 4.93
16.2 Equacionamento para a Difusão Ordinária ............................................................................ 4·94
16.3 Outras Forças Motrizes de Difusão .............................. ·.··············· ........................................... 501
Referências ................................................................................................................................................ 506

17 Parâlnetros de Transporte .......................................... ·............................................................. 509


17.1 Coeficientes de Difusão ................................................................................................................ 509
17.2 Difusividade Binária em Gases .................................................................................................. 511
17.3 Difusividade em Líquidos ............................................................................................................ 514
7
17.4. Difusividade em Sólidos ............................................................................................................... 51
] 7.5 Perlueabilidade .............................................................................................................................. 527
17.6 Difusão en1 }::>oros ........................................................................................................................... 534
17.7 Coeficientes de Transferência de Massa ................................................................................. 538
17.8 Analogia com Transterência de Calor ..................................................................................... 549
17.9 Expressões para o Cálculo do Codiciente de Transferência de Massa ..................... ····· 551
17.10 A Influência da Temperatura .................................... ·.. ···· ........................................................ 552
Referências ................................................................................................................................................ 555

18 Tràrtsporte em Regime Permanente e Transiente .................. ·························· .................. 559


18.1 O Balanço de Conservação de Espécies ................................................................................... 559
18.2 Equação Geral de Transporte ...................................... ··.··· ........................................................ 559
18.3 Analogias com o Transporte de Calor ............................... ·················· .................................... 568
18.4, Combinação de Soluções .............................................................................................................. 583
I~eferências ................................................................................................................................................ 587

19 Transporte de Massa Acoplado a Outros Fenômenos ....................................................... 591


19.1 Transporte de Massa Acoplado a Reações Químicas .......................................................... 591
19.2 Cinética de Reações Químicas ..................................................................................................... 593
19.3 Modelos de Processos Envolvendo Rcações Químicas ....................................................... 606
i. 19.3.1 Partícula impermeável e consumível reagindo com meio fluido .......................... 606
19.3.2 Partícula permeável e consumível reagindo com meio fluido ............................... 61.0
19 ..'3 ..'3 Modelo topoquÍmico ......................................................................................................... 6]9
19 ..'3.4. Teoria dos fihnes ............................................................................................................... 62,1<
19.3.5 Teoria dos filmes aplicada a reações múltiplas ............... :......................................... 633
19.3.6 Validade de um teste de hipótese ................................................................. ~ ................ 6.'38
19 ..'3.7 O papel das interfàces: um exemplo ............................................................................. 65]
19.3.8 Balanço de população ....................................................................................................... ()!JI).
19 ..'3.9 Fluxo de massa e de calor acoplados: um pequeno exemplo ...................... :....~ ..... G!J9
Referências ................................................................................................................................................ 6GB

20 Aquecimento em Leitos em Contracorrente Gás-Sólido .................................................. 67 5


20.1 Trocas Térmicas em um Leito Contracorrente Gás-Sólido .............................................. 675
I
20.1.1 Tratamento matemático .................................................................................................. 676
20.1.2 Coeficiente volumétrico de transferência de calor ................................................... 686
,

20.2 Aplicação ao AI to-Forno .............................................................................................................. 689


20.2.1 Leito em contracorrente com dois sólidos diferentes ............................................. 691
20.2.2 Influência de parâmetros operacionais sobre o perfi] térmico do alto-forno .... 699
20.3 Perfil Térmico e as Reações de Redução na Zona de Preparação .................................... 710
20.3.1 Efeito do perfil térmico .............................................................. ·.... ·.......... ·..................... 710
20.3.2 Efeito do comprimento da zona de preparação ......................................................... 71 1
Referências ................................................................................................................................................ 715

21 Algumas Outras Aplicações em Modelagem de Processos .............................................. 719


21.1 Modelagem Física e Matemática ............................................................................................... 7] 9
21.2 Critérios de Semelhança ......................................................... ·..................................................... 72+
21.3 Reatores Ideais ................................................................................................................................ 7+0
21.4 Modelo de Combinação de Reatares ........................................................................................ 71·9
21.5 Determinação da Taxa de Circulação em um Reator RH .................................................. 753
21.6 Determinação ela Taxa ele Desgaseificação .............................................................. ·.... ·........ · 7M;
2].7 Taxa de Transferência de um Soluto entre Duas Fases Líquidas .................................... 760
21.8 A Dissolução de Ligas em Aço Líquido ....................................................... ·................ ·.......... 762
~ " . -8r.
Relerenclas ............................................................................. :.................................................................. , .J

Índice Remissivo ............................................................................................................................... 791


Durante o processamento de metais e outros materais, bem como ao
longo da vida útil de bens que os contêm, as propriedades destes podem ser
alteradas em função da movimentação de espécies químicas, da imposição
de ciclos térmicos e de fluxos de calor. Estes fluxos se manifestam porque,
em algum aspecto, o sistema em estudo não se encontra em equilíbrio. A
Disciplina Fenômenos ue Transporte propõe-se a quantificar fluxos de
quantidade de movimento, de energia e de espécies, de modo a construir
modelos que permitam controlar processos e/ ou prever a velocidade com
a qual o equilíbrio seria atingiuo. A viabilidaue técnica/financeira de um
processo uepende não somente do quanto (Equilíbrio; Termodinâmica) este
é capaz ue atingir mas, taITlbém, da velocidade com a qual o Ü1Z (Cinética;
Fenómenos ue Transporte).
Esta observação é válida também após o ciclo de vida útil, isto é, após
o descarte. Conhecer a velocidade de liberação de elementos nocivos ao meio
ambiente, em condições típicas de um aterro sanitário, pode ser relevante
quanto à deiini<,:ão da viabilidade de uma 110\'(\ tecnologia. Por exemplo, se
houvéssemos sabido quantificar os efeitos da lixiviação do conteúdo das
baterias, que foram descartadas ao longo de décadas sem o cuidado preciso,
poderíamos prever ampla resistência a elas. Isto é claro, se a necessidade de
implantar um sistema de desenvolvimento auto-sustentável estivesse então
evidente corno hoje
" . o está.
A necessidade de conhecimentos específicos de Fenômenos de
Transporte fica ainda mais evidente se considerarmos, por exemplo, que o
processo de Ülbricação de um determinado bem pode ser abordado de acordo
com ênÜlses diversas:
• aspecto am,bienta l, compreendendo a interação do processo produtivo com
o meio ambiente e do produto com o meio ambiente, ao longo da sua vida
útil e após descarte;
• projeto, i10 qual se decide o que produzir, quais as características
(propriedades) a serem atendidas, qual o nível de qualidade;
• caracterizaçLio do produto, que consiste na medição dos valores das propriedades
e avaliação do comportamento (performance) do produto em serviço; e

1
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Introdução

• processamento, o qual permite definir as rotas possÍ"eis, as técnicas de controle


de processo, de modo "a fabricar o produto, com as propriedades requeridas,
a custo competitivo e impacto ambiental rnínimo (desenvolvimento
sustentável)".
Obviamente, a divisfio citada é de caráter arbitrário e pode ser, neste
aspecto, amplamente criticável. Seu principal mérito seria o de apresentar
a motivação para o estudo de Fenômenos de Transporte, como: "fabricar
o produto, com as propriedades requeridas, a custo competitivo e impacto
ambiental mínimo".
O grau de importância ou a fi-ação de tempo que um dado pr'ofissional
dedica a cada uma destas ênfases pode variar ao longo de sua trajetória mas,
muito raramente, se consegue ou se aconselha dedicação exclusiva a uma
delas. O ambiente de competição entre materiais di\'ersos, como metais e
suas ligas (os "velhos" materiais); e cerâmicos, vidros, plásticos, compósitos
(os "novos" mate~iais) assegura a existência de condiçôes em sistemática
mudança. A preponderância de uma ou outra classe não é absoluta nem
perene, sendo definida pela relação custo/benefício, a qual pode se alterar
à luz de novos conhecimentos e tecnologias.
Desse modo, o profissional deve ser preparado para "bbricar o produto,
com as propriedades requeridas, a custo competitivo e impacto ambiental
mínimo". Disciplinas fundamentais neste aspecto seriam Termodinâmica,
Cinética Química e Fenômenos de Transporte, entre outras. Como citado,
Fenômenos de Transporte lida com Transferência de Espécies Químicas,
Mecânica dos Fluidos e Transporte de Energia, nfio necessariamente
nesta ordem. De fato, na maior parte dos casos, estes fenômenos ocorrem
entrelaçadamente e não podem ser dissociados.
Daí, a utilidade de uma abordagem que ressalte:
• as semelhanças entre os processos físicos por detrás de cada ramo desta
disciplina, quando existerem; e
• as semelhanças do ponto de vista matemcHico, entre as equa\:ões que
descrevem os fenômenos, quando existerem.
O tratamento unificado permite um embasamento mais profundo
dos conceitos, a possibilidade de tratar ele situações das mais simples até as
mais cOlllplexils, ell\"ol\"(~lldo transportes acoplaclos. Neste texto, propõe-se
uma estrutura que dê ênÜ1s(' aos conceitos e S\\<1S aplic;H,'ôes aos processos
de f;lhri";l<"fío
, de ll]('t;lis, suas 1i!!.·as
,-' (' outros ll1atcri'lis.

2 Fenômenos de Transporte
Algulls exemplos, nos quais os aspectos científicos fUllLlalllentais dos
processos de bbrica<,:ão são ressai tados, s:\O COI11l'1l tadus a scgu i \'.

Exemplo

A homogeneização térmica ou composicional d~ um "banho" de


metal líquido através de insuflação de gás é uma ope:ração comum em .
metalurgia. As bolhas geradas pa região do plugue poroso ao ascenderem
_ por força do empuxo - no seio do líquido provocam ia movimentaçãO
deste (figura). A turbulência e as correntes de conv~cção
I geradas
' da
interação entre as bolhas e o ~l1etal são os responsáve~s principais pela
dispersão de gradientes de temperatura e de composição. Os fenômeno~
de transferência de quantidade:de movimento (movimentação do líquido),
transferência de massa, transferência de energia estão tfdos interligados
e a otll11lzação e/ou o contn~le elo processo envolve jquantlficar e/ o~
I l ! :

controlar estes fluxos. .

o (j) CD ®
o 0 8 ®0 o
t:'\
\.V
G o o oo o
o oo o
o o
o o
'---~IIIIIIIIIII'------'

Gás inerte

Insuflação de gás inerte em líquido metálico,

Exemplo

Váriós esquemas podel~


ser propostos para a rJciclagem de lixS
doméstico. Aquele apres'entadb na figura é devido ao UJited States Bureaú
of jV/ines. Apresenta como nrincipal característica ii1cluir operaçÕes
I " .

3
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
~-
Introdução

uni~árias,e equipamen~os típicos de pr~cessamento de mineraii ciclones, peneiras, separador


,'magnético etc. Claraniente os princípios científicos incluídos !no projeto e operação destes
equipamentos' não n:udam, quer se t~ate de minérios quer se trate de rejeitas domésticos;
, entretanto, os valores dos parâmetros operacionais podem diferir.:Muito dificilmente, a descrição
de cargos tradicionais de um engenheiro de Minas ou Metalurgia incluiria a reciclagem de
, rejeitos domésticos, mas as bases estão lançadas.

Refugo Ciclone
não incinerado Papel/plásticos leves

Separador magnético

A- Papel e
Classificador Não t ~
... plásticos
a ar magnético Magnético Compactador

Papel e
plásticos

Metais

(~~ Separ~dor Papel e "


plásticos
.. magnetlco
~ Vidros não
orgânicos
"'i"t ferrosos, alimentos
!
Ferrosos
Não ferrosos JIG
com papel e
plásticos
Triturador
Orgânicos
vidros
,.----L_-,
tAreiat densos
Circuito Aspirador
do vidro
Separador
alta tensão
Vidro Cerâmicos
areia Papel e
.. Ar para casa de filtros
plásticos
! Defletor
Alumínio Orgânicos

Esquema para reCiclagem de lixo doméstico, de acordo com oUSBM (VEASEY, WILSON eSQUIRES, 1993),1

4 Fenômenos de Transporte
Exemplo

. i
Peças constituídas do composto intermetálico TiA1 são do interesse
. I · I
da indústria aeronáutica, por apresentarem: baix~ densidade; b<?'as
propriedades mecânicas em temperaturas altas; resis~ência à oXidaçãq.
; I I

Um procedimento de, fabricação poderia envo!lver as operaçõ~s:


reunir Ti e AI, na proporção 1: 1; fundir a mistur~, obtendo líquido
I '

Ti-AI; vazar em molde apropriado; conformarmecaniçamente (extrus~o,


laminação, forjamento etc.). A última etapa de~te procedimento'
estaria provavelmente fadada ao fracasso, pois a lig~ Ti-AI se mostra
extremamente frágil em temperaturas baixas, o que contra-indica
qualquer trabalho mecânico.
Outro procedimento compreenderia: reunir pós ou grânulos de Ti e
AI obtidos separadamente, na proporção 1: 1; conformar à forma desE;jada
da peça a mistura mecânica dos metais AI e Ti, desde que, puros, são
extremamente dúteis; provocar a interdifusão dos metais, a qual pode ser
grandemente acelerada pelo emprego ele temperaturas altas, neste caso
ligeiramente superiores à temperatura de fusão do AI, de modo a formar
o in termetáI ico. Este procedimen to é típico na prod ução de cerâmicos a
partir de precursores de alta temperatura de fusão.
Estes exemplos procuram ressaltar que os princípios que embasam
disciplinas fundamentais como Termodinâmica, Cinética Química,
Fenômenos de rrransporte (e muitas outras) são de aplicação generalizada
e por tal merecem ser enfatizados. I .

1.1 Tratamento Unificado

oescopo de cada um dos três ramos da disciplina Fenômenos de


Transporte pode ser feito bastante abrangente e profundo. Como citado
anteriormente, a motivação para reuní-Ios em um só texto se deve a dois
btores principais. Primeiro, como exelnplificado, transporte de calor, massa
e quantidade de movimento podem se dar simultaneamente, um influindo
sobre o outro. Segundo, existem similaridades flsicas e matemáticas que
podem abreviar um estudo conjunto.
Por eXL'mplo, denotando por (I) ,I l'OIH"Cn tl·a,·;\o \"O!llllll'tric(1 de lima
dada grande/.a, st:ja ela massa, el1ergi(1 tl'rIllic<1 ou qllantidadl' dL' 1ll0\"illll'lltO,
pode-se apontar ao menos duas contri[)lli,'ües COllluns ao transporte.

Varadarajan Scshadri, I~obcrto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 5
Introdução

1.1.1 Convecção

Relacionada ao transporte da grandeza através de uma superfície de


controle (real ou imaginária) pelo movimento do meio. No càso da espécie
(elemento ou composto) A contida, em concentração CA(mol/m:!), em um
meio que se move com velocidade Vy (m/s), a quantidade desta que atravessa
uma superfície qe controle estática (imaginária ou real) de orientação
perpendicular ao fluxo e área dS (m2) seria dada (Figura].]), por
3
Vy(m/s). dS(m 2 ). C A (molsA/m ) (1.1)
expressão que corresponde ao produto entre a vazão volumétrica do meio
e a concentração da grandeza.
Concentração volumétrica de energia térmica e de quantidade de
movimento poderiam ser definidas, respectivamente, como <l> igual a
p Cp T ou P Vi onde representam: p (kg/m:J ), a massa específica do meio;
C/J/kg.K), o calor específico do meio; T (K) a temperatura do meio; Vi (m/s),
a velocidade do meio na direção i. Então as equações de transporte por
convecção seriam do tipo V/m/s).dS(m~).<1>:
2
Vy(m/s). dS(m 2 ). [p Vi (kg/m .s)] (1.2)

V/m/s). dS(m
2
). [p Cp T(J 1m
3
)]
(1.3)

Vy(m Is). dS(m 2 ). C A (mais A 1m


3
)
(1.1)

z
Superfície de controle
perpendicular ao eixo
vy Oy, estática, de área dS
L---->
Meio em
movimento
o~--------~---------------
y
Gradiente de
composição
,,
x O -------------------.--------------y.
Figura 1.1 - Transporte
convectivo e por difusão.

6 Fenômenos de Transporte
I
'j

1.1.2 Difusão

A força motriz de processos de transporte por difusão está relacionada


~I existência de gradientes de uma dada grandeza. Por exemplo, observa-se
transporte de uma dada espécie sob ação de gradientes de: Temperatura,
Pressão, Potencial Elétrico, Potencial Químico e outros. Campos elétricos
ou gradientes de potencial elétrico são particularmente atuantes no caso de
transporte de espécies carregadas, por exemplo, íons durante eletrólise ou
elctrorrefino. Gradientes de potencial químico podem ser, numa dada fàse,
relacionados a gradientes de composição, e dão origem à difusão ordinária
(por ser a mais comum). A Lei de Ficl\: pode ser utilizada para o cômputo
da velocidade de transporte por difusão. A Termodinâmica requer q uc o
transporte seja espontâneo desde o ponto de mais alto potencial químico
(maior concentração) até o ponto de menor potencial químico (menor
concentração), de modo que (Figura 1.2):
3
o dC A (moI A/m? ) ( )
JA(molsA/m-. s)=-DA(m- Is). dy(m) 1.5

onde DA representa o coeficiente de difusão da espécie A no meio, em geral


determinado experimentalmente, como uma função de propriedades do meio
e da espécie A (isto é, da temperatura, pressão, composição, estado físico).
dC A representa o gradiente de grandeza ou força motriz do processo,
dy
medida indireta do gradiente de Potencial Químico (verdadeira causa da
difusão química, ordinária).
Expressões correspondentes para o transportc difusivo de calor
e quantidade de movimento seriam obtidas através da manipulação das
equações correspondentes à Lei de Fourier de condlH,:ão de calor:
3
oK o d P C T(J I m ) (1.6)
q/J 1m". s) = ---(m- Is) . - - - , - p - - -
pCp dy(m)
e ;1 Lei de Newton de definição de viscosidade de um fluido:
2
NI 2 __ 11 2 •d P V/kgl m .s) ( 1.7)
1yz ( m )- (m Is). - - - ' - - - - -
p dz(m)
Nestas expressões representam: 11 (l\:g.m- l .s- I ), a viscosidade dinâmica;
I, (J/m.s.I{), a condutibilidade térmica do meio. A razão I{/ p Cp é denominada
difusividade térmica do meio, enquanto 11/ p é conhecida como viscosidade
cinemática ou difusividade de quantidade de movimento.

7
Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Introdução

A Figura 1.2 ilustra os processos de difusJo de espécies, de calor e de


(juantidade de movimento, em hlnç~o de sells gradientes característicos.

Em resumo, considerando os valores das contrihui<,:ües difusiva e


convectiva por unidadc de área, podcm ser identificadas as analogias expostas
na Tabela 1.1.

/,T~I(Y)
,,
,
tlr
dV
T q

Fourier

y y

dC
dy
c
N

y y

dVy
dz

Fluxo

Newton

Figura 1.2 - Fluxos


/T~'/
difusivos de calor, espécie e
quantidade de movimento.

I
8 Fenômenos de Transporte
Tabela 1.1 - Similaridades
entre expressões para cálculo
de contribuições difusiva e

Em Fen(lInenos de Transporte, rotineiramente, utilizam-se Balanços convectiva


de Conservação para a análise dos problemas. Em termos de uma grandeza
gC/ll:rica <p um Balanço ele Conservação poeleria ser escrito como:

"'[11.1;0 (ou velocidade) de llCltlnulllçt/O dll graJ/de:-;:a 1/0 iJ/ll'J"ior do ,()luJ}/{'


dI' Controle (VC.) "

"Taxa (011 velocidade) líquida de entrada (iaxa de entrada me!lOS tLua


dr safda) da grandeza no 'Volume de Controle (VC.), atra'vés das SujJelficies de
Conl role (S C.), j)()]" meio do mecanismo de Convecção"

I r I iiI S

"Taxa (ou velocidade) [[qaida de mirada (La.m de entrada menos ta.Ta


de saída) da grandeza no Vo!mne de Controle (VC.), através das SujJelj'fcies de
Controle (8 C.), por meio do mecanismo de Dijúsâo"

maIs
"OuLras ConLriú,úçrjes".
As contribuições convectivas e elifusivas foram iclentificauas
anteriormente. Outras contribui~:ões são touas aquelas que não se encaix.am
nas uefinições prévias, como, por exemplo, as dcvielas LI campos e1étricos,
magnéticos, ue pressão e gravitacional, além ela rauiação e mccar1isl1los
particulares ue geração ue encrgia térmica.

9
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, ltavahn Alves da Silva
Introdução

Desse modo, pode-sc ante\'er fIlle as CqUéH,-tlCS dos b,J!anços de $,


independente da natureza da grandeza em foco, serão estruturalmente e
formalmente idênticas, de modo que procedimentos analíticos e nllllléricos
de solução apresentarão características COllluns, Este seria UIll atrativo extra
do enfoque Fenômenos de Transporte, em comparação com Medlllica dos
Fluidos, Transferência de Calor, Transferência de Massa.

1.2 O que Encontrar neste Texto

A este Capítulo de Introdução se seguem outros 20. Os assuntos


estão ordenados na sequ(~ncié1 Transporte de Quantidade de Movimento,
Transporte de Calor e Transporte de Espécies. Esta escolha se baseia na
constataç:ào de que os cursos são em geral desen\'oh'iclos nesta ordem.
Entretanto, sempre fIue possível as similaridades f(xam ressaltadas. É
possível, de fato, notar que muito cio tratamento exposto nas seçôes sobre
Transporte ele Espécies se alicerça no clesem'ol\'imento proposto para
Tré1l1Sportc de Calor.
Procurou-se mallter semprc a mcsma cstutura illtcrll;l dos capítulos:
Fundamentos cntremeados com Aplicaçôes. Acreditamos quc esta formél
facilita o aprendizado e torna clara a aplicabilidade da disciplina Fenômenos
de Transporte, el~quélnto ferramenta para resolução de problemas em
Engenharia.
O Capítulo 2 é um capítulo breve, à guiza uc introdução, onue se
procura traçar um panoramél de fenômenos envolvendo Transporte de
Quantidade de Movimento na Siderurgia. O Capítulo 9 e () Capítulo 15
têm o mesmo propósito. No Capítulo ,<3 são apresentados alguns conceitos
fundamentais pervasivos em Mecânica dos Fluidos: o próprio conceito de
fluiuo, o tensor de esfón.:os, as f()rmas de cnergia normalmcntc cnvolviuas
e sistemas de uniu ade. A interpretação da Lei ue Newton de definição ue
viscosidade, tanto em relação ao conceito de tensão de cisalhamento como
de fluxo de quantidade de movimento é apresentada com especial atenção
no Capítulo 'J.. Este conceito de fluxo é importante e mais uifícil de ser
apreendido que o fluxo ele calor ou de espécies. Neste capítulo, também,
são revisados métodos mais comUllS de obtenção de valores ele viscosidade
de fluídos COllluns em mctalurgia, gases, metais c escórias. O Capítulo !í
é fundéllllcllt;ll pois apreSl'nt;l as hases para ;1 ('ollslTIIC;10 de h;t!élllÇOS
microscópicos de cOllscrYé1çào de 1l1,lsS;l e qUélntidade de lll()\'il1lcnto.

1
10 Fenômenos de Transporte
Considera-se regirne laminar e são utilizadas geometrias lllalS silllples,
que possibilitam lima mais pronta compreensão dos conceitos el1\'olvidos
e das condições de contorno aplicáveis. Este trabalho é complementado
!lO Capítulo 6 no qual são deduzidas as equações gerais de conservação de

quantidade de movimento, que se simplificam nas equaçôes de Navier-Stokes.


São apresentadas situações ressaltando a adaptação das equações gerais para
problemas específicos, o que vem a ser a rota mais comum de análise. Boa
parte dos escoamentos em metalurgia são em regime de turbulência. Pela
simples razão de esta ser desejada por implicar taxas de transferência (de
quantidade de movimento, de calor e espécies) mais pronunciadas que em
regime laminar. Este aspecto, inclusive a obtenção das equações relevantes
em termos de valores médios, o que resulta no conceito de viscosidade
turbulenta, é apresentado no Capítulo í. Ainda, neste, trata-se dos Ültores
de fricção para fluxoS internos (aos dutos), externos (a corpos submersos)
e para leitos de partículas. Balanços globais ou macroscópicos de massa,
quantidade de movimento e energia são discutidos, em conjunto com uma
série de aplicações no Capítulo 8.
Após uma breve introdução (Capítulo 9), o Capítulo 10 nos remete
aos princípios de transferência de calor por meio dos mecanismos de
difusão, convcc<.~ão c radia(:ão. A l~l1fasc (~ no aspecto conceituaI. Um
grande arsenal de informações pode ser extraído da análise de situacões
com fluxo de calor em reg-ime permanente. Por este motivo, o Capítulo 11
se dediul a estabelecer balanços de conservaçJo para geometria plana,
cilíndrica e esfei'ica em regime permanente. A maior parte do tratamento
resulta em soluções analíticas, pela combinação de geometria Úlvorável
e propriedades constantes. Entretanto, como é forçoso reconhecer a
importfll1cia de geometrias mais complexas e de valores \'al'iáveis de
propriedades, apresentam-se exemplos de resolução das equações via
discretização numérica. Os casos referentes a transporte de calor em
reg-irne transiente são apresentados no Capítulo 12, para as geometrias
mais simples. Como a maioria das soluções são na forma de séries,
ent~ltiza-se a utilização de planilhas eletrônicas para obtenção das raízes
que definem os valores numéricos dos coeficientes das séries. A título de
exemplo, aborda-se o emprego de discretização numérica das equações
de transfel~ência de calor, também em regime transiente. O Capitulo 13 é
dedicado a vários aspectos de transferência de calor por convecção. Inclui
métodos de determinação de coeficientes de transferência de calor e a
análise dimensional que justifica os grupos adimensionais pertinentes.

11
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Introdução

Além da apresentàção de uma coletânea de expressões, o capítulo é


fortalecido por um sem-número de aplicações envolvendo t1uxos internos
e externos; nesse aspecto, o estabelecimento de balanços ele energia
específicos é o desafio a ser transposto. Desse modo, como exemplificado,
a exposição de suposições e hipóteses precisa ser clara.
Um Capítulo 11" de fechamento, é voltado aos princípios de
radiação e, principalmente, a alguns problemas práticos envolvendo este
mecanismo, em Metalurgia. No Capítulo 16 são abordados alguns aspectos
fundamentais relativos a transporte de espécies: o estabelecimento da
velocidade ele referência; a identificação das forças motrizes de difusão;
uma breve introdução à Termodinâmica dos Processos Irreversíveis.
Neste texto, parte-se da ideia de que se faz necessário quantificar, após
a descrição conceituaI do problema. A primeira etapa da quantificação
em transporte de espécies faz-se no Capítulo 17. São revisados os
mais comuns dos vários tipos de coeficentcs de difusão que podem ser
encontrados na literatura. À medida que se consideram os detalhes da
estrutura microscópicas dos sólidos, o número de entidades que podem ser
transportadas cresce, o quc vem acompanhada da definição de parâmetros
de transporte específicos. Desse modo, foi exercida a opção, arbitrária, por
alguns deles, principalmente de natureza macroscópica. O Capítulo 18
trata principalmente da difusão de espécies, em regime permanente e
transiente, no caso de geometrias mais simples. As semelhanças entre
difusão de calor e difusão de espécies é ressaltada. Muito do trabalho
desenvolvido em Transferência de Calor pode ser aproveitado aqui;
adaptações podem ser feitas após a identificação das semelhanças e
diferenças físicas e matemáticas destes fenômenos. Espécies químicas
podem ser transportadas de um ponto a outro de um dado sistema, de
modo a atender à simples necessidade de homogeneização de composição.
Esta situação é comum. Entretanto, também é comum o caso em que
espécies precisam ser transportadas para atender às necessidade impostas
por reações químicas. O acoplamento entre reações químicas e transporte
de espécies é abordado no Capítulo 19, via construção de modelos. Fez-se
a opção por modelos clássicos, que permitem a solução analítica e evitam
a necessidade de resoluções numéricas mais dispendiosas. Finalmente,
os Capítulo 20 e 21 foram reservados a aplicações de Fenômenos de
Transporte enquanto ferramenta de análise de processos. Não há como
estes capítulos cobrirem todas as possibilidades. Assumiu-se, portanto,
o risco de um:l se1e<.'flo 1imitada.

I
12 Fenômenos rle Transporte
, I

1.3 A Quem este Texto é Dirigido

Bons livros resistem ao teste do tempo. Este é seguramente o caso de


Poirier e Geiger (1994}! e Bird, Stewaru e Lightfood (2002).:1 Como se nota
a partir de uma leitura destes clássicos, requer-se um bom embasamento
cll1 Matemática para o manuseio das equações típicas de fenômenos de

transporte. Como várias outras áreas na engenharia, Fenômenos de


Transporte não é uma disciplina estanque; entremeia-se fortemente com
Olltras, por exemplo, Termouinàmica e Cinética. Apesar da tendência atual
da lItlização de pacotes numéricos "amigáveis", não pode ser desprezada a
l1eccssiuade ue se conhecerem procedimentos numéricos de resolução de
equaçües. Desse modo, livros sobre Fenômenos de Transporte apresentam,
normalmente, as caracteríticas de serem longos e complexos, o que, em
~cral, afasta o leitor menos experimentado. Neste caso foi feita a opção
por IIIll t(~xto que atendesse à maior parte uas necessidades de um aluno de
C;raullação, sem sobrecarregar com as complexiuades matemáticas naturais
do problema. Por isso, em vários instantes as soluções são apresentadas e
l1;io desenvolvidas. A uisciplina encontra aplicações nos mais variados ramos
da Ciência e Engenharia. Seguramente, o funcionamento do corpo humano
pode ser descrito a partir de um conjunto de etapas de transporte ue fluidos,
calor c espécies. Portanto, lacunas quanto aos temas abordados pouerão ser
encontradas por todos o leitores. Mesmo quando a pretensão do texto é a de
se limitar a l\letalurgia e Materiais em ensino de Graduação. Necessidades
específicas e aprofundamento matemático deverão ser procurados na
literatura especializada.

Referências

VE:\SEY, TJ.; WILSON, RJ.; SQUIHES, üiV1. The phys/ca/ sejJiI/lltiU}[ ([I/(I rccuve/)' C!f
/l1I:/a/sfi"())1l wastcs. i\ msterdan: Gordon and Breach, 109:3.
,)
POI HIEH, D.H.; GEIGEH, G.H. Tml/.lportplzelLOlIIcJU1 ln materia/sjJrocessiJ/g \Varrendale,
Pellnsylvania: The Minerais, Metais anel Materiais Society, 1mH.
13IHD, RB.; STEWAln~ vVE.; LlGTl{FOO'l~ E.N, Tramporl phcJ/omcna. ~. cd. New
Yorl\: ,John vVilcy & Sons, '200'2.

13
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
No estudo da termodinâmica metalúrgica, fica bastante clara uma
das limitações dessa ciência: a impossibilidade de prever a velocidade com
que os fenôrnenos ocorrem. Através de alguns exemplos simples, pode-se
Capítulo 02
observar esta limitação.
Inicialmente será considerado o caso visto na Figura 2.1, onde estão
representadas duas barras de um metal, em contato perfeito. Uma das barras
estú a 1.000°C e a outra a 200°C. A termodinâmica prevê que calor vai ser
transportado da barra que está em temperatura mais alta para a barra que
estú cm temperatura mais baixa e que, no equilíbrio, as duas barras estarão
Ll lima mesma temperatura. Entretanto, a termodinâmica não prevê quanto

tempo levará para se atingir o equilíbrio nem permite determinar os perfis


de temperatura nas duas barras em um dado tempo.

Equilíbrio
Início
T8Q T8Q
1,OOO°C 200°C Tempo = ?

Calor
q '.1"

.'\. ' Perfis de Figura 2,1 - Transporte de


temperatura = ? calor entre duas barras
metálicas,

Um caso análogo a esse pode ser imaginado considerando duas barras


de aço a Lima mesma temperatura; entretanto, com diferentes teores de
carbono, conforme mostrado na Figura 2.2. Neste caso, a termodinfmúca
informa que vai haver um transporte de carbono da barra que possui maior
concentração para a barra de menor concentração. Contudo, não fornecerá
o tempo para alcançarem o equilííbrio, nem os perfis de concentração em
um certo instante de tempo.
Finalmente, considere-se a situação mostrada na Figura 2.3, onde
se tem uma panela com aço líquido no seu interior. Sabe-se que, ao se abrir

15
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Fenômenos de Transporte: Abordagem eAplicações

Início Equilíbrio

%C = 0,7 %C = 0,1 Tempo = ? %C EO %C[Q

Massa c=>
Perfis de
Figura 2.2 - Transporte de
concentração = ?
massa entre duas barras
de aço.

Panela Panela

Aço líquido Tempo de Aço líquido


esvaziamento = ?

Figura 2.3 - Esvaziamento de Válvula


Válvula
uma panela de aço.

a válvula, o aço deve ser vazado da panela. Mas não se sabe, por exemplo,
determinar o tempo de esvaziamento dessa panela, em ftll1ção da quantidade
de aço nela contido.
Esses três exemplos mostram as três áreas Jistintas que constituem
o que se chama de Fenômenos de Transporte:

• transporte de energia (ou calor): exemplo da Figllré'] 2.1;


• transporte de massa: exemplo da Figura '2.2; e
• transporte de quantidade de movimento: exemplo da Figura Q.~3.
O estudo de fenômenos de transporte permitirá, então, responder as
pergulltas [(lrlllliléldas trt's exemplos. AI{-m de responder CSSélS qucstõcs,
!lOS

a ciênci(] "FClltmlcnos c!e Transporte" ainda encontra inúmeras aplicações

I
16 Fenômenos de Transporte
dentro da metalurgia. Algumas delas podem ser identificadas com o auxílio
. da Figura 2.1" onde se tem um fluxograma geral para a produção de aço
laminado em usinas integradas e semi-integradas.

Figura 2.4 - Fluxograma


geral de fabricação dos aços
(CHO, 2005).1

A seguir, citam-se algumas dessas aplicações:

• Transporte de calor
I

• trocas térmicas entre gases e sólidos na sinterização e no alto-forno. Esse


estudo permite determinar· a taxa de aquecimento dos sólidos, que afeta
!

diretamente a eficiência do processo;

17 I
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
,.

Fenômenos de Transporte: Abordagem eAplicações


i
"."''-
1
i
,"'" I
• solidificação nqS etapas de lingotamento contínuo, indireto e direto.
~ ;

Especialmente :no lingotamento contínuo, o estudo do transporte de


calor durante a !solidificação é de fundamental importância, pois através
dele pode-se determinar o tamanho do molde e a produtividade do
equipamento; e;
• trocas térmicas entre gases e o aço nos fornos de reafJuecimento e
fornos-poço.

• Transporte de massa
Todas as etapas que envolvem reações qUlmlcas estão ligadas ao
transporte de massa e à cinética química. Pode-se citar:

• reações de redução dos óxidos de ferro no alto-forno;


• reações de dessulfuração na estação de dessulfuração;
• reações de fabricação do aço, especialmente descarburação; e
• reações de refino do aço, dentre as quais destaca-se a desgaseificação.

• Transporte de quantidade de movimento


Toda etapa que envolve movimentação de tluidos estú ligada ao
:.:,:
transporte de quantidade de movimento. Logo, tem-se:
• movimento doJ gases ao longo dos leitos de sinterização e alto-forno.
Nesse caso, o estudo do transporte de quantidade de movimento permite,
por exemplo, dimensionar o exaustor e o soprador a serem usados nessas
instalações;
• injeção de gases nos processos de fabricação e refino do aço, permitindo,
por exemplo, d~terminar os perfis de velocidade do aço e, com isso, indicar
os pontos mais adequados para injeção dos agentes de refino; e
• escoamento do :aço nos processos de refino sob vácuo, particularmente no
reator RH. Nes~e caso, o conhecimento do campo de velocidades do aço, e de
como ele é afetado pela configuração do sistema, pode ser útil na otimização
da operação do equipamento e até no seu projeto.
Além dessas, inúmeras outras aplicações podem ser citadas. Estas
aplicações se tornam cada vez mais comuns e importantes à medida que
se desenvolvem as técnicas numéricas para solução elas equações que são
obtidas.
Finalmente, é importante menClOnar flue a ciência "Fenôlllenos
de Transporte" não tem aplicações restritas à área de metalurgia. Seus

I
18 Fenômenos de Transporte
conceitos são largamente aplicados na indústria aeroespacial, química e
mecánica. lVIerece destaq ue ainda a sua aplicação na meteorologia e na área
da medicina.

Referências
i
CHO, lE. Some aspects r.if TRIZ applications in sleel making processo 30 p. Disponível em:
<http://,,,ww.rcalinl1ovation.com/archiveS/2005l1O/08. p df>. Acesso em: 25 set. 2008.

- i· ~

... ;
O"r:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
19
Para se uesenvolver () estuuo d(; transporte de quantidade de
'" Capítulo

03
'.

JllO\'illlento ele movimento, uma conceituaçao básica deve ser feita. Uma
:ill<Ílise das unidaues normalmente usadas na <juantificaçao das grandezas
("l1\()h'idas nesse estudo, também, se torna importante.

3.1 Conceitos

3.1.1 Fluidos

COIllO no estuelo de transporte de quantidade de movimento, cstá-sc


c!1\'C)l\'ido, na maioria dos casos, com o movimento dos fluidos, torna-se
iJllportante, inicialmcnte, definir o que é Ulll nuido. A definiçao dc um fluido
pode ser feita através dc uma propriedade comulll a todos eles: Ulll f1uido
ll;lO consegue preservar a sua forma a não ser que est~ja contido dentro ele
lIlll recipicnte. Nesse raso, o fluido <1SSlIl1ll' a tór111:l do recipiel1te.

Uma definição mais rigorosa estabelece que um fluido é lima substância


que se det()rma continuamente sob a ação dc uma tensao de cisalhamento,
independente de seu valor. É importante observar que existem substáncias
qlle não são fluidos e que se deformam sob uma tensão de cisalhamento;
l'n tretan to, essa det<xmação não se dá de modo con tín lIO. Esse é o caso dos
S('>I idos.

Pelas definições, observa-se que tluidos são os gases e líquidos.


,\inda dentre os fluidos pode-se {;w_'r U111a disrin(::lu: fluidos c()111pn'ssí\'cis
e incol11pressíveis.

F'luidos incol1lprcssÍ\'eis são aqueJes cUJa densidade se mantém


cOllstante com a variação de pressão. Nas condições normais que acontecem
110S problemas de engenharia, os líquidos são considerados fluidos
il1coll1pressíveis e gases s<1o considerados fluidos compressíveis, desde
que suas densidades tenham uma variaçDo sig-niticativa. Entretanto, em
,!lg-lIl11aS situé1<.:C)es particulares os gases aprcsell tam comportamento de
tlu idos incompressíveis.

Paulo Gaivão 21
Conceitos Fundamentais

3.1.2 Força e tensão

Uma outra definição importante é a da força. O conceito de força é


derivado da segunda lei do movimento de Newton, que pode ser colocada
na seguinte forma:
(:3.1)

onde:
IF x' é o resultante das f'Orças atuando no corpo na direção x;
m, a massa do corpo; e
a ' a aceleração do corpo na direção x.
x
Uma outr~ maneira de expressar essa lei é:
(3.2)

onde:
v x' é a velocidade do corpo na direção x; e
t, o tempo.
Deve-se observar que as equações (.<3.1) e (3.2) se confundem quando
a massa é constante, pois:

_àv.
x
a ---
x dt
Lembrando da definição de quantidade de movimento:

Quantidade de movimento = m.v.x

constata-se que t'Orça nada mais é do que a taxa de varia<;ão de quantidade


de movimento com o tempo.
As forças que atuam em um dado sistema podem ser classificadas em
duas categorias: forças de volume e forças de superfície. Forças de volume
são aquelas causadas pela gravidade ou campos eletromagnéticos e atuam
no fluido como um todo. Estas forças são normalmente expressas em termos
de força por unidade de volume.
Em contraste, forças de superfície representam a ação da vizinhança
no elemento tlllido sendo considerado. Estas torças são normalmente dadas
em termos de fón:a por unidade de :lrca.

22 Fenômenos de Transporte
Ulll cOllceito importante é o de tensâo. IJara definir essa grandeza será
cpnsidcrado o elemento de volume de fluido visto llaFigura S. 1.

,
,,
, ,,
,
,
,,
,
,

/M

Figura 3.1 - Forças atuando


na superfície de um elemento
de volume.
1_ _ ----------==------
Considerando a área hachurada, M e a força exercida pela vizinhança
nessa pequena área, ~F, pode-se decompor essa força em dois componentes:
L~F é a cOl11})onente normal à área ~A e, ~F t é a coml1onente tangencial à
/l L

iÍrea i1A.
As Cluantidades i1F e i1F são chamadas de torça normal e tOl\~a de
11 t
cisalhamento, respectivamente. Lembrando que tensão é definida como t()rça
por unidade de área, podem-se considerar dois tipos de tensão atllando no
elemento f111ido:
• Tensão normal:
(3.5)

• Tensão de cisalhamento:
(.''$.G)

lVlais especificamente, uma tensão é identifIcada pela direção da força e


pela orientação da área sob a qual ela atua. A Figura 3.2 mostra um elemento
de \'olume na forma de um cubo. Nessa mesma figura são mostradas as nove
possibilidades de tensões atuando nesse elemento.
Os dois subscritos obedecem à seguinte convenção:

Paulo Gaivão 23
Conceitos Fundamentais

z
l'
li

/ -_ _+_zy
l'

l'
yz

l'
XI
l'
'fY
l' l' y
/----4--+_ xy yx
. . . )., _______________________________ 7-----.-
l' ,/'/
:<1,/
"/",,,

,/
,/
/
/

Figura 3,2 - Tensões atuando x


em um elemento de volume,
• primciro suhscrito: direção ela normal ii superfície sobre a qual a força está
atuando; e
• segundo subscrito: direção da força flue produz a tensão.
Observa-se facilmente que T
xx
' \.y e T zz são tensões normais, ao passo
que T ' T ' T ' T ' T
zx
e T
zy
são tensões de cisalhamento.
xy xz yx yz

3.1.3 Energia

No estudo do escoamento de fluidos, duas formas de energia são


particularmente importantes: a energia potencial e a energia cinética.
Energia potencial é a energia possuída pelo fluido, em virtude de
sua massa, sua posição e o efeito da gravidade. Numericamente, a energia
potencial por unidade de \·olull1e do fluido é dada pela seguinte relação:
'1 - )
( .). /

E" = p gz
sendo:
Ep' a energia potencial por unidade de volume do fluido;
p, a densidade do fluido (razão entre a massa e o \·olume);
g, a ílcc!er;H:;\O d;1 g-ra\·idat!c; ('
z, é1 altura cio fluido, em 1'('];1(::10 ;1 um nhT] élrhitr{I1'io !10 qual a cnergl;1

potencial é tomada COJl]O zero.

24 Fenômenos de Transporte
cllergia cinética é a energia que o tluiJo possui em virtude ele
J{I (\
~l'lI !l1o\'imento, O seu valor, por unidaJe de volulllc do tluido, pode ser
dt'terminado através da seguinte relação:
(3.8)

onde:
E , é a energia cinética por unidade de volume do fluido; e
(

li, a \'elocielade do fluido.

3.1.4 Mecanismos de transporte

Antes de se passar ao estudo das unielades envolvidas na avaliação


das grandezas que aparecem em fenômenos de transporte, uma última
conccituação deve ser feita. Ela está relacionada aos mecanismos de
transporte de quantidade de movimento, calor e massa.
Basicamente, existem dois mecanismos de transporte de quantidade
de movimento, calor e massa. Esses dois mecanismos são denominados:

• difusão; e
• convecção.
Para transporte de calor existe ainda um mecal1lsmo adicional
denominado radiação.
O mecanismo ele elifusão elepenele ela existência ele um meio físico e
ocorre elevido à presença ele um gradiente de uma dada grandeza:

• w:lociclacle no caso do transporte de quantidade de movimento;


• tf'l11peratura no caso elo transporte de calor; e
• concentração ou potencial químico no caso ele transporte de massa, sem
que ocorra necessariamente uma movimentação macroscópica do meio.
A convecção, também, depende da existência de um meio e se dá como
UllIél consequência de um movimento macroscópico do fluido.
Para caracterizar melhor a distinção entre esses dois mecanismos,
considerem-se os exemplos mostrados nas Figuras 3.3 e 3.4.
Na Figura 3.3, dentro da barra de metal ocorre o transporte de
ralar por difusão (também denominada condução) devido ao gradiente
de temperatura entre as duas faces. Observa-se que não existe nenhum

Paulo Gaivão .25


Conceitos Fundamentais

Metal

Ar ventilador
T= 20°C

Figura 3.3 - Transporte


de calor por difusão e
convecção.
movimento macroscópico dos átomos dentro da barra. Na superfIcie direita
da barra, existe um ventilador soprando ar frio sobre a barra. Nesse caso, o
transporte de calor envolve também o mecanismo de convecção: existe um
movimento macroscópico do t1uido (no caso ar).
N:l Fi~ura :;'I.a !clll-se IIIll caso de Ir:lIlSp()\'tT de 1ll:1ssa por difusfío.
Carbono é transportado de uma superfície para a outra devido ao gradiente
de concentração. Novamente, constata-se que não existe nenhum movimento
macroscópico do sistema. Na Figura 3.+b, o transporte de massa se dá,
também, por convecção. O açúcar se dissolve na água e é transportado às
diversas partes do sistema, devido à movimentação da água decorrente da
presença do agitador.

Aço CD
%c= 1

Água

%C = 0.1
'-----
l__.J Açúcar
Figura 3.4 - Transport8
L ______------·-------~
de massa por difusão e
convecção.

26 Fenômenos de Transporte
3.2 Unidades

A representação quantitativa dos f(:=:nômenos de escoamento de fluidos


n:qllcr () uso de diferentes tipos de equa<.i5es. Essas equações, descrevendo os
fl.'Il<lJl1CIlOS Hsicos, têm de ser dimensionalmente homogéneas. Em ou tras palavras,
t()dns os termos têm de ter a mesma dimensão expressa nas mesmas unidades.

Ao longo dos anos, vúrios sistemas de unidades têm sido adotados


pelas comunidades científica e de engenharia, como, por exemplo: sistema
il1giês, sistema cgs, sistema \11ks.
Em 1960, Ulll novo e racional sistema de unidades foi recomendado para
liSO internacional, sendo denominado sistema internacional de unidades. Nesse

.sistema, que será adotado ao longo do texto, a unidade de massa é o quilograma,


il ullidade de comprimento é o metro e a unidade de tempo é o segundo.
Tabela 3.1 -Unidades e
:-\ Tabela 3. I contém uma lista de unidades e dimensões das principais dimensões das principais
qllílll! id;\(h-s (,tlvo!vidíls cm F('tl<llllCtlOS de Tratlsporte, hem COIllO II lléltllreZiI quantidades envolvidas em
d('s.sílS quantidades (escalar, vetorial ou tensorial). Fellômenos de Transporte

~ .. ."
.. ,
.' M~lssa M, •
Comprimento L
: Tempo t
Temperatura T
Aceleração.
Velocidade angular
, Arca
Densidade
j
-Viscosidade dinâmica .1I
Viscosidade cinemática
I' r'
, Ene~'gia, trabalho
Força
'"
. Quàntidade de movimento I~.
_. ,_o • , . ,

Pressão
Tensão
Potência
" I
. Calor específico'
Velocidade
. ~, Volume

Paulo Gaivão 27
II

Conceitos Fundamentais

Como normalmente, ainda se encontra na literatura outros sistemas


de unidades que não o SI (Sistema Internacional), é importante que se saiba
fàzer as devidas conversões.

A Tabela 3.2 mostra alguns fatores de conversão úteis no estudo de


Fenômenos de Transporte.

Tabela 3.2 - Fatores de


conversão úteis no estu do de
Fenômenos de Transporte

Em relação à temperatura deve-se fazer um comentário maIS


detalhado. Nas escalas relativas, tem-se:

• temperatura em centígrados: °C; e


• temperatura em graus Fabrenheit: oE
N as escalas absolutas, o zero é fixado como sendo a temperatura mais
baixa que o homem acredita que possa existir. Tem-se:

• Centígrado: l\:elvin: O I\: = - '273°C; e


• Fahrenheit: Rankine: oOR = - 4·60°F.
É importante observar que um centígrado equivale exatamente a
1 Kelvin e que um grau Fahrenheit é igual a 1 Rankine.

A Figura 3.5 apresenta um diagrama relacionando as diferentes


escalas de temperatura.

São válidas ainda as seguintes relações:

(,'3.9)

(.<3.10)

!
28 Fenômenos de Transporte
Lembrando da equação da con tinuidade (relação (D.I')), constata-se
q ue os termos den tro do retnn guIo inserido lles ta eq uação se an ulam. Dessa
lórma, a equação (6.'J,-1') pode ser escrita da seg'uinte forma:
(d"[ xx
dv \
r ( -at + v,
dv, dV, dV')
dX + Vy dy + V z dZ =- dX + ay Tz - dPdX
d"[ y'
+
d"[:x )
+ p g, (6.4<5)

Lembrando da definição de derivada seguindo o movimento -


t'quélc;ão (6.S) -, nota-se que o termo entre colchetes do lado esquerdo da
equação (6,4,5) equivale à derivada seguindo o movimento da componente
de \'clocidade v x ' Assim, pode-se escrever que:

- = - (Ô1XX
pDv, - +Ô1-, +Ô1zxJ ôP
y
- --+pg,
Dt ôx ôy ôz ôx '
A equação (6.1.6) enfatiza o significado da equação de balanço de
qllantidade de movimento como um balanço de força. Considerando que
esta equação foi desenvolvida para um dado elemento de volume, pode-se
dizer que o termo do lado esquerdo representa o produto de massa pela
aceleração (para um referencial se movendo com o fluido). Do lado direito,
tcm-sc o somatório das forças associadas à fricção (devido à viscosidade),
pressào e gravidade (segunda lei de Newton).
As equações (6.45) ou (6.4<6) são aplicáveis a qualquer tipo de fluido,
;\l',,"toniano ou não.
Para se colocarem as equações do movimento (componente x derivada
acima, e as componentes y e z) em uma forma útil para determinação de
distribui<,:ão de velocidade, devem-se substituir as tensões de cisalhamcnto
oU f1uxos de quantidade de movimento, por difusão por expressões que os

relacionem com as velocidades. Estas expressões são dadas, a seguir, para


fluidos Nc",tonianos e representam a lei de Newton da "isl'osidade para
:-istl'mas tridimensionais:

ôv, 2 (ôvx ôV+y ôvzJ


1=- 2 ~-+-~ -+- --
" ÔX 3 ôx ôy ôz

ôv v (ôvx y
1 =-)II-~+-II
2 - +ôvzJ
- +ôV -
lY - I"' ôy 3 I"' ÔX ôy ôz

(6.+9)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
143
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

(6.50)

(6.51 )

Vx
a +aVI) ((-).!)2 )
't zx
='t
xz
=-
!l (-
é)z
-
ax
As rcla<;ões de ((;.'l't') a (cu):2) fóram apresentadas semprm'a, porque
os argumentos envolvidos são extremamente longos. A deduçüo destas
equações pode ser encontrada em Lamb (1945).1 Estas equações representam
expressões mais completas da lei de Newton da "iscosidade, que se aplicam
em situações nas quais o fluido se move em mais de uma direção.
Quando um fluido se mo\'c na direçüo x entre duas placas paralelas e
perpendiculares à direção y, Vx é função apenas de y e desse modo:

( avxJ
't . =_I[ -
(6.5:3)
yx r- dY

que é a equação simplificada da lei de Newton da viscosidade usada no


Capítulo 5.
Substituindo as expressões de (6.4,7) a (6.52) na equação (6.1,5),
obtém-se:
y
P _dVX -+- v, -dV, -+- v" _
dV,. -+- v, -dVx) d \2 !l -d v, -+- -~l
= -- -
2 [(d- -v,+ -d-V- +d-VI)])
- -+-
( dt d X · dy dZ dX dx 3 dx dy dz

d [ -p
--
d)'
(d-dyV' -+- _.
dV")] - -d [ -p (dV'
dx dz
-
dz
-+- -dV7)] -
dx
-dr
dX
-+- p g,

A equação (6.54,) é a expressão geral do balanço de quantidade


de movimento na direção x. Expressões análogas podem ser obtidas nas
direções y e z.
Considerando um fluido de densidade constante, a equação da
continuidade pode ser escrita da seguinte forma:

av +
- x aVy
- +avz
- - O J- (6.21 )
( ax dy êJz

I
144 Fenômenos de Transporte
I,,:,

Substituindo (6.21) na eq uação (6 ..rH,), pode-se escrever que:


It
i
ti OVX OV,
P - + v - + v , - ' +v -
OV, ov,) =
( ot ) oy
,\
'OX OZ L
(6.55)
v
~ - o ( 2 11
dX- ov,) + ()yd
~
VX
[ -11 (ddY +~ d [ -11 (d()z' + ~
d ) ] + dZ VY
d )]} - dP
V
dX + p g,
Vz

~ 1
,
J

f tém-se:
Rearranjando a expressão e assumindo viscosidade constante, ob-

~
OYX OYx OYx OYx)
."'',
\~
.. P ( aí + Yx ax + Yy êJy + Yz az =
(6.56)
+ (~ a"yx + ~ a"yx + ~ a"y, + ~ O"Yy + ~ êJ"yx + ~
"
ap

"~
'Jr
a 1
x
0/ az 1 êJx êJy ox 1
a"yz) +- -ax +p gx
ax az

1
~ Agrupando os termos com derivadas cruzadas:

IJ"i
p -a v, + v, -aVI + Vy -
avx' + V, avx) =
~
1 -
( at 'ax ay az
t~ o
a-v, o
a-v, o
a-v, a ( av, aVy av z
+ ~ --~ +1-1 --~ +~l --.; +~l - __ + - + -'
J] +- -ap +p g, (6.57)
ax ox ox '
l
o

a - oy- a z- ay az
[ x
~
~
~ Usando novamente a equação da continuidade [equação (6.~21 )],
~
~ obtém-se que:
i~

~
t1· \
a•
p(- v + v. -
\ at
avx
ax
avo
+ Vy -
ay
+ vz -
avx)
az
=
(6.58)
I
f
, a-v.
0
0
a-v. a-v.
o
1-1 a x 2 + 1-1 a l + 1-1 a z 2
J ~
uP
i, T
(
- ax + p g x
1 .~

,
~

'f Essa é a equação do movimento na direção x, para um fluido


'!
),lewtoniano de densidade e viscosidade constantes.

:t Para as direções y e z, as expressões são:

1 • Direção y:
J a Y
p -V+
aVy a Vy a VY)
•·•
1 v -+v -+v - =
( at • ax y ay z az
(6.59)
'~

'!
4
a2Vy
2
a vy
+ 1-1--0 +1-1--0 +1-1--0
2
a vy J--+pg
ap
'~
~ ( ax - ~ -
uy aZ - ay y

i
{
1 j 145
.'~
Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
.~,
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

• Direção Z:

((j.GO)
+
a v,2 2va a J2Vz
+Il --"z +Ll --"
aP
::'I
- - +p a-
( /'"'" ox2
II _ _"
I'" a/ 'a z oz
2
bz

Essas relações são mostradas nas Tabelas 6.1,6.2 c f>'.'3 (A pêndice no


final do capítulo), onde se tem um sumário das equações ela continuidade e
do movimento em coordenadas cartesianas. Nestas tabelas, são apresentadas
também as equações para as tensões de cisalhamento para um f1uido
Newtoniano.

6.3 Equação da Continuidade e do Movimento em


Coordenadas Cilíndricas e Esféricas

Em algumas ocasiões, os problemas são formulados de maneira


mais simples em coordenadas cilíndricas e esféricas. Desse modo, torna-se
interessante conhecer as equações da continuidade e do movimento em
termos de coordenadas cilíndricas e esféricas.

6.3.1 Coordenadas cilíndricas

o relacionamento entre as coordenadas cartesianas e cilíndricas é


apresentado nas equações a seguir (Figura ,5.8):
(6.61 )
x = r cos e
(G.62)
y= r sen e
(6.63)
z=z
As equações gerais da continuidade e do movimento, bem como as
expressões para tensões de cisalhamento para um fluido Newtoniano, em
coordenadas cilíndricas são apresentadas nas Tabelas 6.4·, 6.5 e 6.6, no
Apêndice ao final do presente capítulo.

146 FenômenDs 88 Transporte


6.3.2 Coordenadas esféricas

o relacionamento entre as coordenadas retangulares e esféricas é


1.
~'
I.
, visto na Figura 6.2. As relações matemáticas entre estas coordenadas são
~
fórnecidas nas expressões abaixo:
:} (6.64)
x = r sen 8 cos <1>

(6.65)
y = r sen 8 sen <1>

(6.66)
z = r cos 8
As equações gerais da continuidade c do movimento, bem como as
expressões para tensões de cisalhamento para um fluido Newtoniano, em
coordenadas cilíndricas são apresentadas nas Tabelas 6.7, 6.8 e 6.9, no
"
Apêndice ao final deste capítulo.

Posição
(x, y, z) ou (r, 8, ~)

.. _-------------------------------------_ .. _-_.::...:.:'.-

Figura 6.2 - Relação entre


coordenadas retangulares e
esféricas.

147
Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
I Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos
I

6.4 Soluções de Equações Diferenciais

Nesse item, as equações da continuidade e do movimento serão usadas


para resolver alguns problemas que foram abordados no Capítulo 5 e mais
alguns novos exemplos.
Nesta seção são tratados problemas de escoamento laminar, através
da simplificação das equações gerais da continuidade e do movimento
apresentadas anteriormente. Isto é feito descartando-se alguns termos
nessas equações gerais que são zero (ou aproximadamente zero). Para
determinar os termos a serem descartados, deve-se antes fàzer uma análise do
comportamento do sistema: padrões de escoamento, distribuição de pressão
etc. Uma das vantagens desse procedimento é que, uma vez terminado o
processo de descarte, tem-se, automaticamente, uma lista completa das
suposições que foram feitas no seu desenvolvimento.

6.4.1 Escoamento de uma película de fluido

Esse sistema é visto esquematicamente na Figura 6 ..S. De acordo


com a orientação dada aos eixos, só existe velocidade na direção z. É óbvio
também que este problema é resolvido mais fàcilmente usando coordenadas
retan guIares.

Figura 6.3 - Escoamento em Gravidade


um plano inclinado.

148 Fenômenos de Transporte


Para um tluido de dellsidade e viscosidade constantes, considerando
estado estacionúrio, velocidade apenas na direção z e escoamento só devido
à gravidade, as equações da continuidade e do movimento fornecem:

• Equação da continuidade:
(G.Gí)
dv z =O
dz
• Equação do movimento (apenas componente z - direção do movimento
macroscópico ).
(6.GB)

Nesse caso, tem-se que:


(G.G9)
u
bz
= (1
b
cos IJn.
A equação (G.GS) pode ser integrada duas vezes para fornecer o
seg-uinte perfil:

(G.70)

Para deterlllillação de C e
1
C~, usam-se as seguintes condi~:ões de
contorno:

i . Condição de contorno 1: x = O

Condição de contorno 2: x = 8 vz = O

Tem-se, en tão, que:

p g cos ~ 1
Co = 8-
- 2 l-l
" Finalmente, o perfil de velocidade é dado por:

v. = p g cos ~ ( 2 _ . 2) (Ci.í 1)
z ) 8 x
-11
Esta equação é similar il obtida atra\'é's dos balanços de massa c quantidade
de movimento no elemento de volume considerado no Capítulo [j.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, ltavahn Alves da Silva
149
I'

Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos t

6.4.2 Escoamento em um tubo circular

Este sistema é visto esquematicamente na Figura 5.0. Como se trata


de um sistema cilíndrico, o uso de coordenadas cilíndricas é o mais adeq~!ado
para abordagem do problema.
Considerando estado estacionário, a existência de velocidade do
r'
fluido na direção z e que o fluido possui densidade e viscosidade constantes,
obtém-se: I
I
• Equação da continuidade:

dVz = O (6.72) f
t-
az
Com a informação da equação da continuidade, tem-se: !
• Equação do ll1o\'imento (apenas componente z):

v z)]
la (ra- ap + P gz = O
(6.7.'3)
~
[ r dr dr - -az
- -

!
Tem-se ainda que: I
f,

Considerando a variação linear da pressão com z, tem-se:


dp Po - PL (6.75)
---
az L

Desse modo, tem-se:

a (dVz)
)1 - r - = - (Po-PL +pg )
-
(6.76)
r dr dr L

Transpondo termos e integrando-se essa equação, obtém-se:


2
. dvz
1 --_- (po - PL + p g ) - r + C) (6.")
ar L 2 )1
Assumindo que os gradientes de velocidade e de pressão sejam finitos,
para que a equação precedente seja válida em r = 0, o valor de C) deve ser
zero. Usando-se esta informação, pode-se integrar a equação (6.77) para
obter:
?
Po- PL r- (6.78)
v=- - -+pg -+C2
I
( L '- ) 4 i1

150 Fenômenos de Transporte


A condi~~ão de contorno para deterll1in<l~~ao de C~ l~:

Condição de contorno: r = R v /, =O

Desse modo:

Co
~
= (po -L PI. + pa)
b
R2
4~l
(G./9)

,
!,
I'
E assim o perfil ele velocielaele serú e1aelo por:

,= (PO-PL + ) ~ [1_(~)2] (6.80)


Vz L P 4~
g R

que é igual à reh\(;ão (.'J.ll'l'), obtida no Capítulo ;).


A seguir, serão trataelos mais alguns problemas diferentes daqueles
ílnalisados no Capítulo 5.

6.4.3 Escoamento anelar tangencial

Alguns tipos de equipamentos usam o sistema visto na Figura 6.'1,


para e1eterminação tia viscosidade de líquidos, especialmente escórias. Nesse
tipo de aparelho, é medido o torque necessúrio para girar o bastão (cilindro
interno) a Ulll<l dada \·elocidadc. O COlljUllto l' colocado dentro de Ulll tórno,
que permite manter a temperatura do sistema constante em um valor pré-
determinado.

Fluido

,'",

Fluido
~kR
kR
R

'"
Figura 6.4 - Escoamento '1
~i
anelar tangencial entre dois ,
:,
cilindros concêntricos, """

151
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
t
t'
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

Nesse sistema, tem-se dois cilindros concêntricos (um cadinho e


um bastão cilíndrico), sendo que o interno estú girando a lima velocidade
Di e o cilindro externo está parado. COllsiderarido escoamento laminar
de um t1uido de densidade e viscosidade constantes, pode-se determinar
a distribuição de velocidade e, a partir dela, a de tensão de cisalhamento.
Com estas informações, pode-se relacionar o torque necessário para girar
o bastão e a viscosidade do fluido.
No desenvolvimento a ser feito, serú considerado que a única
componente de velocidade é v 8' que varia apenas com a posição 1~.Não
existe também gradiente de pressão na direção 8. O movimento do fluido
é induzido apenas pela rotação do bastão.
A variação da velocidade com a componente z também será desprezada.
Esta aproximação é razoável quando se tem um sistema com lima relação
altura/ diâmetro e1e~Tada.
Desse modo, usando as equações da continuidade e do movimento
em coordenadas cilíndricas, obtém-se:

• Equação da continuidade:
a ve)
--cP
1
= o (6.S 1)
ae
r

• Equação do movimento (componente e):

[ ~(~ ~(r v )·)]


ar ar e r
= o (6.82)

Para obtenção da equação (6.82), foi também assumido estado


estacionário.
O perfil de velocidade pode ser determinado através da integração
da equação (6.82). Tem-se:
a
-I -;--(r vo) = c (6.8.'3)
r ur
Transpondo termos e integrando nO'"élmente, obtém-se:
2
r (6.84-)
r Ve = CI -
2 + Co-
Oll:
r Co (6.85)
VH=C 1 - +--
2 r

152 Fenômenos ele TranSDorte


As condições de contorno para avaliaçl0 de C] e C~ SÜO:

Condição de contorno 1: r = k R V8 = Qi k R
Condição de contorno 2: r = R vo = O

Assim, encontra-se que:


kR C, (6.86)
Q kR=C-+--
I I 2 kR

(6.87)
R C?
O=C -+--
I 2 R

Combinando (6.86) e (6.87), tem-se:


(6.88)
1 k) C?
Qi k R = C2 ( k R - R = k R (1 - k-")
Rearranjando, resulta que:
2
Qi k R
2 (6.89)
C2 = (1 _ k 2 )
,
i? Substituindo o valor de C;! em (6.87), obtém-se:
2 (6.90)
0= R + Qi k R
CI 2 (1 _ k 2
)

Portanto,
(6.91 )

Combinando esses resultados, o perfil de velocidade será dado por:


2 2
Qi k R (6.92)
(1 - k 2) r

Rearranjando, pode-se, finalmente, expressar o perfil de velocidade


da seguinte forma:
(6.93)

Essa é a distribuição de velocidade na direção 8.

153
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

A tensão de cisalhamento 'tr9 é dada pela seguinte relação extraída


,
da Tabela 6.5: , '

'Cril = -!-l [r .i(v e) + ~ avr] (6.94.)


ar r r ae
Mas:

aVr = O (6.95)
ae
e:
'O

:' ~ (~~ ~:) (~22 - J)


Logo:

(6.97)

i
I
(6.98) [

",
Em r = kR, a tensão de cisalhamento é dada por: ,:1

(6.99)

otorque, 0/, necessário para rodar o cilindro interno é dado pelo


produto da força (tensão x área) que atua nesse cilindro pejo braço de
alavanca (kR). A força está associada à fricção com o fluido, cuja viscosidade
está sendo determinada. Nesse caso,

(6.100)

onde H é a altura do bastão em contato com o fluido.


Pela relação (6.100), nota-se que é possível determinar a viscosidade
do fluido através da avaliação do torquc necessário para mover o hastão. Há
uma relação linear entre estas duas grandezas. Esse tipo de viscosímetro é
denominado CO\lette-Hatschelc

154 Fenômenos do Transporto


6.4.4 Formato da superfície de um líquido com movimento
de rotação
Um fluido de densidade e viscosidade constantes está contido em um
recipiente cilíndrico de raio R, conforme visto na Figura 6.5.

[
P = Pn na
Superfícl8
'\/.../

P =P(r,z)
no fluido
zo
Z
Figura 6.5 - Formato da
superfície de um líqUido em
R
..
\ rotação.

oreClplente está rodando em torno de seu próprio eIXO, com


velocidade angular n. A orientação do cilindro é tal que: gr go= O e gz = -g. =
Nesse caso, deseja-se usar as equações do movimento e da continuidade para
determinar o formato da superfície do líquido no estado estacionário.
Obviamente, o sistema visto na Figura 6 . .0 é melhor descrito em
coordenadas cilíndricas. Assumindo que v'l. = VI = O e que V o é função apenas
de r, as equações do movimento fornecerão:

• Componente r:

p-=-
vr/ ap (6.101 )
r ar
É importantc lcmbrar que a derivada de V o com e é nula (equação da
continuidade).

• Componente 8:

!l [~ (~ aCr vo ))] = O (6.102)


ar r ar

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
155
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos
-.-

• Componente z:
dP (6.1003)
---pg=O
dz

Foi considerado também que não há gradiente de pressão na direção e.


A integração da equação diferencial da componente e fornece:
(6.101,)

As condições de contorno para avaliação de C 1 e C" são:

Condição de contorno 1: r = O Va = finita

Condição de contorno 2: r = R Va =,Q R

Usando-se estas condições de contorno, obtém-se:


C 1 =2,Q

'j
Desse modo, a velocidade V o é dada por: ,
"
-j
(6.105) !
Va =,Q r .l

Essa expressão pode ser substituída na equação da componente r para


determinar o perfil de pressão. Fazendo isso, obtém-se:
2
dP Va 2 (6.106)
_=p-=p,Q r
dr r

dP (6.107)
- =-pg
dz
Assumindo que a pressão é uma função analítica da posição, pode-se
escrever que:
dP dP (6.108)
dP = - dr+ - dz
dr dz
Substituindo (6.106) e (6.107) em (6.108), obtém-se:
(6.109)
dP = P Q2 r dr -- p g dz

156 Fenôlllellos do Transr orto


~~~'~
&,

Integrando-se ambos os lados da equa<;Jo (li.1U9), telll-se:

, r-
o
.+C (6.110)
P = P n- 2 - P g Z . 1

A condição de contorno para avaliação de çj é:


Condição de contorno: r = O , z = z" : P = Pn

Logo:
(6.111)

A distribuição de pressão será, então, dada por:


(6.112)

'A superfície é o lugar geométrico dos pontos onde P = Po' Assim, a


equação que descreve o formato da superfície é:
(6.113)

Nota-se que essa é a equação de uma parábola, onde o ponto de nível


mais baixo ocorre exatamente 110 centro do cilindro.

6.4.5 Escoamento laminar em torno de uma esfera

Nesse item será analisado o escoamento de um fluido incompressível


cm torno de uma esfera sólida, contorme mostrado na Figura 6.6. O fluido
se aproxima da esfera de baixo para cima, ao longo do eixo z, com velocidade
uniforme e igual a v (velocidade em um ponto bem afastado da esfera).
(f)

Em cada ponto, (x, y, z)


há pressão e forças (r, e, ~)
de fricção atuando
na supertície

Fluido se aproxima de i
baixo COIll velocidJde v'f'
Figura 6,6 - Movimento
laminar do fluido em torno
00
da esfera,

157
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

o perfil
de velocidades está sendo determinado para o caso de um
fluido Ne,vtoniano, com densidade e viscosidade constantes. Além disso,
está sendo assumido estado estaciomírio. O uso de coordenadas esféricas
torna o problema mais simples.
Pela geometria do sistema, observa-se claramente que o problema
não envolve a compbnente <p. Desse modo, com as considerações feitas,
as equações da continuidade e do movimento fornecem os seguintes
resultados:

• Equação da continuidade:
1
p -:;-:;- a
(r 2 v r ) + 1 (vo sen 8) = O a ] (6.114)
[ r- ur r sen 8 a8

• Equações do movimento:

• Componente r:
p[ ~r~ ~
dr
(r~ dve) +
dr
_l_~(sclle
r~ e de'
SCIl
~)
de
_3..r: ve_ 2 dvo _ 3..
r: de r~
\"
n
coI e] - dr + r "
dr:=-'
(6.] ).S)

• Componente 8:

!1 -la- (,
r- -aVR) + 1 -a (senS -avo) + -22 -aVe - v" ] - -1 -ar +p g (6.116)
[ r2 ar ar r2 sen Sas as r as r2 sen 2 S r aS o

É importante observar que, na equação do movimento, todós' os


termos associados ao transporte convectivo de quantidade de movimento
foram desprezados. Isto foi feito porque se está considerando fluxo laminar
com velocidades extremamente baixas do fluido.
As equações (6.11 S), (6.114) e (6.115) foram resolvidas analiticamente
por Streeter (citado por Bird, Ste"wart e Lightfoot (1960)2), para obtenção
da distribuição do fluxo de quantidade de movimento e dos perfis de pressão
e velocidade. Os resultados obtidos são:
4
3 IJ v= R (6.1 ] 7)
't = - -- - sen 8
rO 2 R ( r )

P = Pn - Pgz-
f.1v~ (R)2
2'3 R 7 cos 8 (6.118)

I
158 Fenômenos de Transporte
v,. ~ v_ [I - ~ (~) + ~ (~)'] cos 8 (6.119)

v" ~ - v. [I -!(~ )-: (~ )J] sen e (6.120)

onde:
• Fi ,ê a l)ressão no plano z = 0, bem longe da esfera;
()

Vw' a velocidade de aproximação do fluido.

As condições de contorno que foram adotadas para obtenção dessa


sol ução são:
r =R v=v=O
r O

r = CfJ v=v
z CJ)

As equações de (6.117) a (6.120) são válidas para números de


ncynolds (D.v w.p/~) menores que um.
Com esses resultados pode-se avaliar a fem,:a exercida pelo fluido
sobre a esfera. Essa força é determinada integrando as forças normal
e tangencial, que atuam sobre a superfície da esfera. Essa avaliação é
apresentada a seguir.
A força normal atuando no sólido é devido à pressão dada pela equação
(G. I 18), com r = R e z = R cos 8. Tem-se que: 1'11 = força normal < O para
O< 8 < rei 2; e F 11 > O l)ara 8 > rei 2.
Desse modo, a componente vertical dessa torça é dada por:
'p= 21t 8=1t

Fn = f f (-Plr=
<p=o 8=0
R cos e) R 2 sen e de d<p
(6.121 )
Componente Elemento de área
z da força

o elemento de área é visto na Figura 0.7.


Substituindo a l'xprcssüo para a pressão, obtém-se:

F," I I. [-(p,-pgz-% ~~- cose) cose] R)seneded~ (6.122)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
159
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

,-

~-+--_ Rsen G RdO

bl2+-->'-- Rsen G d~ I '


fi
;'. I

ri
t·1
~--~------+----y

,tIt:
1

"'· ·

I··
"

Figura 6,7 - Elemento de área x ,'


.,
)
na supertície de uma esfera, I
Lembrando que z = H cos e, e integrando a equação acima, obtém-se: 1
J
I
4
Fn=-nR}pg+2npRV= (6,12.'3) {
3
Nessa equação, o primeiro termo do lado direito corresponde ao empuxo
e o segundo termo é uma força de arraste, denominada arraste deforma.
Em cada ponto da superfície existe, também, a tensão de cisalhamento
atuando tangencialmente , A componente z dessa força é dada por:
q>=21l e=ll
Ft = f f (Trelr=RsenS)R2senSdSd<p
'1'=0 8=0 (6,121,)
Componente Elemento de área
z da força
Substituindo a relação 'trG - equação (6, ln) -, obtém-se:

F'~.L
'I'
,L
=21l e=1l [ ( 3
2" ~;- )]
sene sene R'senededq>
(6,125)

Integrando obtém-se:
(6,126)
Ft=4nllRvoo
Essa força é denominada arraste porfricção,
Assim, a força total exercida pelo fluido sobre a esfera é dada por:

(( J.' I ,rI
Fil + r = -4
I TI: R"- r g + 2 TI: P R V ... + 4 TI: P R V,., _ I;

I
160 Fenômenos de Transporte
"
t,!
I.:

ou, tinalrncnte:
(6.128)

É comum designar os dois termos do lado direito da equação, da


seguinte maneira:
4 (6.129)
F=-1tR 3 pg
3
s

Essa é a força que seria exercida mesmo se o f1uido não estivesse em


movimento (força de empuxo).
(6.130)

Essa força surge devido ao movimento do tluido. A equação (6.130) é


conhecida como lei de Stokes e é válida para número de Reynolds inferior a 1.

exemplo, '

.. Desenvolver uma rel~~ão qJ~ permita avaliai' á,tis~osidade aé~iJfn\j


;,~uido:med~n?o ayeloci.dade;~e'qu~~adeuma esfera ,p.~~s.e n,~ido,qllà~s'~t:
. se~,~~inge o' estado estacionálio.~s.~~mir regime lami~a~." ,;',.' ",' .:; ':,~
',." ",.' ',,', . , .', " :' ~:,:__ . ,I, \ '
'r j
,.li, "
:~, .SO~UfãO,,~ , " ',1' ',.,;;~~~< ' ' ,I',:, ';~:l.,. ~,.\ "::',:., "lF~;
I , . ' ..",

;'
,,:' ,,: .~eix~ndo-s,e'u~a ~sfer~ica!r ~~~tro de um líquid~ia~~~~!i~d? r~,P?~~b;
ela'vaI acelerar
,,' I
ateatmglr "
uma
'
veloqdade constante, (velocldade'tetmmal);
: , " , '_'t', " I "',' ' " -', li','
Quando ,
est~estágio
• ,,' ",'
é 'atingido;
. ,1
asoina'das
.'t~.. . forças,atuando,ná~esferaé::zero!
, . ,,"".-. ~. ., ~r .; ~

p~p~só atua,nosólido no sentido:,d~~ueda enquanto,o+,mpu:x?e ?J~\ra~~,f,


atúam no'sentidobposto,
I ,-c,.. ' .',
conforrriê.
I ' 'o,'
é.visto
,
nafigural,a'·seguir.
, ' -- i -- •
C0II10'O
,", -.!
~o'matório de forças é nulo, tem-se: 'r, '
Elllpuxo
pnR'pg

Esfera

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
161
.
"
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

Peso = 34 11: R 3 Ps g = '34 11: R3 P g' + 6 11: Jl R V t

Onde:
• p s é a densidade do sólido e V t é a ".velocidade terminal da esfera.

Desse modo~ a viscosidade do fluido é dada por:

_ 2 R 2 (p~!- p) g
Jl- .. :
9V~t
,, ..
,. Conforme já:mencionado é:mter.i()rmeI1te, a relação acima é válida
para Re < J. I ' :
;. '1
,l
I
'
j .;

6.4.6 Camada limite

A Figura 6.8 .mostra o perfil de velocidade de um fluido escoando


paralelamente a umél placa plana.

Superfície da
camada limite
Fluido escoando
com velocidade v~
v~

Placa

Figura 6.8 - Perfil de


velocidade para fluxo paralelo
a uma placa plana.
. I
Antes de atingir a placa, o fluido possui velocidade uniforme voo' Depois -.,:'

do início da placa, observa-se que a velocidade cresce de zero junto à parede


para valores próximos de VCI) a uma distância 8 da parede. A região na qual
\' x / v v:., é:::; 0.99
,
é denominad8 camada limite.

l
162 Fenômenos do Transporte
!. .
I~
I':

o luo'ar O'c()IlH~trico dos l)ontos onde \' , /


~ ~
v ~. = 0,99 é 8, e é defInido
como espessura da camada limite. No início da placa (x = O), 8 é igual a
zero, crescendo progressivamente à medida que se caminha para valores
mais elevados de x.
Semprc que problemas envolvendo escoamcnto de um t1uido em "
:'
cOlltato com um sólido estacionário, os efeitos viscosos (de fricção) são
sl'J1tiJos apenas no t1uido perto do sólido, isto é: y < 8. É claro que é nessa
rqJ;ião que o comportamento do fluido deve ser analisado, uma vez que para
y
.'
> 8' vx é essencialmente uniforme ,
constante
b
e io'ual a v . 00

A observação da Figura 6.8 permite constatar que v" é função de


y c a Jeterminação dessa função é a parte principal do problema, pois ela
descreverá como o sólido e o fluido interagem. Entretanto v" depende
tamhém de x. Isso resulta do fato de que à medida que o fluido caminha
sobre a placa, ele sofi'e um retardamento devido à fricção. Desse modo,
D\' /ox não é zero. Assim, as equações da continuiJade e do movimento
,
para o sistema, mostrado na Fi~ura 6.S, considerando estado estacion<Írio
l' f1uido de densidade e viscosidade constantes são:

• Eq ua<;;\o da eOIl ti!lu idade:

()y, + ()yy = O (6.1~31)

ax ay
• Equaçües do Illovimento:
• Componente x:

. ()v, +
p ( .v, uX-:\
v ,) =
V y -:\
uy
a
j.1
(aux-v
2

-:\?
x + ()2
~"
uy-
V
'] _ ()r
~
uX
(6.1.'32)

• Componente y:
2

p y, ~,
()Vy +
vy
a V Y) =
-:\ j.1
(a~ v 2
y + ()2 VY ] _
-:\ 2
ar
-:\
+
P gy
(6.1.'3.'3)
(. uX uy uX u y uy

Estas equações foram resolvidas considerando que v\, é pequena


(,()ll1parada com v" e que o gradiente de v" na direção y é bem rnaior que na
dire\~ão x. Na direção x, f()i assumido também que a componente convectiva
do transporte de quantidade de movimento é be!1l111aior que a componente
il~suciada à difusão.

163
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

As condi<;ües de contorno consideradas tórall1:


a)x=O: Vx=V= v,,=O
b)y=O: v,=O vy=O
c) y ~ 00: v x = v~, V y = O
As equações de (6.131) a (6.] ,<3,(3) foram resolvidas analiticamente por
Eird, Stewart e Lightfoot (1960),2 fornecendo as posições onde v/ vCJ) = 0,99.
Os resultados são expressos em termos da velocidade v'IO' da posição ao longo
da placa e da viscosidade cinemática do fluido. A relaç~o obtida foi:
1/2
(6.1 ~:H)
8= 5.0 ~ I 2
X /
(
P v= )
Dividindo ambos os lados por x, a equação U-;· J ."H') se torna
adimensional:
~ = 5. O( ~l J
1 '.'

X P v= x
Lembrando da definição do número de Reynolds, tem-se:

-8 = S.O ( Rc, )--1/"


x
onde o número de Reynolds L' (\\'aliado para cada p()si\~ão x (a posição x é lIsmla
como o comprimento característico na definiç~o do número de Reynolds).
A espessura da camada limite fornece uma medida da região do fluido
que é afetada pela presença da placa. Nessa região, os efeitos da viscosidade
(e da fricção) são mais significativos. Fora dessa região, a velocidade do
fluido é praticamente uniforme e os efeitos da viscosidade desprezíveis. Pela
relação (6.136) observa-se que a espessura da camada limite tende a ficar
menor, quando se aumenta o número de Reynolds.

6.4.7 Escoamento transiente em um tubo circular

Nesse item será vista a solução de um problema de escoamento não-


estacionário, no qual as velocidades variam com o tempo. Assim será estudado
o seguinte problema: um fluido de densidade e viscosidade constantes está
contido dentro de um longo tubo horizontal de comprimento L e raio R.
Inicialmente, o fluido está em repouso. Em um tempo t = 0, o sistema é
submetido a um gradiente de pressão (Po - PL)/L. Interessa determinar como
os perfis de velocidade do f1uido v~o variar cm ftll1(,'ão do tempo.
Obviamente, para soluç,ão desse sistema, é mais prático o liSO de
coordenadas cilíndricas. Ser;'l cOl1sidcl'éldn tamhém que \', = Y = O.
p

164 Fenômenos de Transporte


Lou:o: \. = \ (r, t)' ..\ssinl, pela eqll;IlJ10 da l'olltillllidildc c do
I.. J I. /

IllO" iJlIell to tem-se:

• Equaç;lo da continuidade:
(6.13í)
dv I =O
az
• Equação do ll1o\'il1lento, componente Z:

at
aVI
p _ = P,,-PI
L
+~l
[1-
r ar
a (r -aVI)]
-
ar
(Ci.];)S)

As condiç'ões inicial e de contorno para SOlllÇ;lO desse problema

Condição inicial: t = O v, = O para O < r :::; R

a)t>O v/=Oparar=R

Condição de contorno:
()VI - ' para r = O
= finito
b) t > O _ _o

dr

A equa<,:ão (Ci.] ;;8), submetida ús condiçües iniciais e de contorno acima,


f()i resoh'ida usalldu sl'-rics de potências. Os rl~sllltad()s silo aprescnt;ldos na
Fi~llra Ci.9, onde se tem UIll grútico dos perfis de "elocidade adimensiollal
ao 1(1I1~() do raio do tubo para diversos tempos.

Contro do tubo - vI Parede do tubo


== UJ
R' '\
1.0

0,8
0,2
0.6 0,1
'. v!
V',;,:.', 0.1
:1
'I DA
0,05 Figura 6.9 - Perfis de
0.2 velocidade para o escoamento
O não-estacionário dentro de
O um tllbo circular (BIRD,
DA 0.2 0.2 DA 0,6 0.8 1,0
1.0 0.8 0.6 STEWART e L1GHTFOOl
r/R --
1960).2

165
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

Os problemas bi e tridimensionais no estado estacionéÍrio ou


transiente sJo normalmente resol\-iclos por métodos numéricos, uma vez
que a maioria deles 1180 apresenta soluç8o analítica. Existe uma série de
programas de computador desenvolvidos com essa finalidade, onde se
elevem definir apenas a geometria c as condiç()cs de contorno do problema
e obtêm-se os perfis de velocidade e pressi10 no sistema.

Referências
:- i
LA1\lB, II. J)\'dro((\'l/alllirs. Nl'\\- York Dowr PlIhlicatioll!', l~H:í_
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John \,Vile} 0: Sons, I !)(iO.

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166 Fenômenos de Transporte


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Movimento: Em termos das tensões de cisalhamento ,~

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n
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.:1
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av
+v -+y.-
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-- - - + - - + - - --+pg
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( at x ax ay z az Y ax ay az ay y :11
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Tabela 6.1 - Equações da ]
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I. componente.z' ':'i; ,. ' '"' .".,') .• ".!-i,': continuidade e do movimento
~,.:h' " . ", '"J:' ." " .~~ "; ~f' : .·'::,>lt.·:~,~~J~~~~':""·· ,."~,,,·;,.,t' t,

.. ,(a'a
~
em coordenadas retangulares.
~ '''-''p
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vz --+v --+v' __ -- --+--+--'
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168 Fenôm8nos d8 Transporte


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170 Fenômenos de Transporte


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Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos
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Tabela 6.8 - Tensões normais


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172 Fenflmsnos és Tr~f1su~rt.8
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Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 173 T
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Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos

Exercícios

1 - Calcular o torque e a potência necessária para girar o cilindro conforme


mostrado na figura abaixo. O comprimento do ~ilindro é 0,0508 m e ele
está girando a 200 Tpm. O lubrificante que separa o cilindro da parte fixa
pOssui uma viscosidade de 2 P e sua densid~de é 800,92 kg/moi.
I '
!

Lubrificante

2 - O viscosímetro Stromer consiste essencialmente de dois cilindros


concêntricos, sendo que o interno gira e o externo permanece estacionário.
A viscosidade é determinada medindo-se a velocidade de rotação do
cilindro interno sob a aplicação de um torque conhecido. Desenvolver
I
uma expressão pata a distribuição de velocidade como função do torque
aplicado, para escoamento de um líquido Newtoniano.

3 ~ Determinar V
e
(h
entre dois cilindros coaxiais de raios R e kR girando
com velocidades ~ngulares 00 e 01' respectivamente. Considerar que
o espaço entre doi1s cilindros é preenchido com um fluido isotérmico e
in~ompressível eml escoamento laminar. Ass'umir estado estacionário.

I
4:' Aço líquido a i 1.600°C é desoxidado pela adição de alumínio que
forma alumina (AIO).
2
Pode-se obter melhor qualidade do aço, se as
.~

partículas de alumina que foram formanas flutuarem até a superfície

174 Fenômenos oe Transporte


do banho. Determinar o menor tamanho de partíc';lla que atinge a
superfície, dois minutos após a desoxidação, considerando que a altura
do banho é de 1,5 m.

Dados:
Paço ~7.100 kg/m: ; e
l

p = 3.000 kg/m:l.
AI"O"

Verificar a validade do cálculo e comentar.

5 - Um arame é resfhado depois de um tratamento térmico passando


.ft- '
através de um tubo que está imerso em um tanque de óleo. Obter a
distribuição de velocidade do óleo na região do tubo, usando as equações
da continuidade e do movimento. Considerar estado estacionário. O
sistema é visto na figura abaixo. A pressão do óleo no interior do tanque
é uniforme.

Arame

~
C
~ 1°
O \.J \.J
C Reservatório
i de óleo
I- L
~I

, I
6 - a) Um óleo pesado com viscosidade cinemática igual a 3,45 x 10-'~ .
m!? / s está em repouso em Ul~ longo tu bo vertical cOliI raio de 0,7 cm.
Repentinamente deixa-se o fluido escoar pela parte de baixo devido à
gravidade. Depois de quanto tempo a velocidade no centro do tubo é
equivalente a 90% de seu valor final?
b) Qual seria o resultado se o óleo fosse substituído por água a ~WoC
(v = 0,01 cm 2 /s). Usar a Figura 6.9 para obter as respostas.

7 - Um fluido está sendo injetado em um reservatório onde sofrerá um


processo de purificação. A geometria do sistema é mostrada na figura
a seguir. Usando as equações gerais da continuidade e do movimento,
obtenha as equações diferenciais que regem o escoamento do fluido

Varadarajan S8shadri, Rob8rto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alv8s da Silva 175
,I
Equações Diferenciais de Escoamento de Fluidos ,
~
,,
1

neste sistema. Justifique as simplificações feitas. Enuncie as condições de


contorno necessárias para a solução das equações. Restrinja a sua análise
à região definida por: O < x < L e O < z <H. Explique as condições
de contorno. Considerar estado estacionário e fluido de densidade e
viscosidade constantes. As velocidades de entrada e saída do reservatório
são uniformes.

Pressão Ps ~ ____________________________~Pressão PB

llllL--.------"U
I Parede I V
z=H
'x = a x= b

Fluido

z=o x
Parede

x=o x=L

176 Fenômenos de Transporte


Nos capítulos anteriores, apenas problemas de escoamento laminar Capítulo
foram abonlados. Naqueles casos, a equação diferencial que descrevia o
escoamento era conhecida e os perfis de velocidade e outros parâmetros
de importância podiam ser determinados para sistemas simples. A única
limitação que aparecia estava relacionada com a complexidade matemática
07
quando havia situações onde várias componentes de velocidade estavam
presentes.
Entretanto, um grande número de problemas de engenharia
envolve escoamento turbulento. Apesar de as equações da continuidade
e do movimento continuarem sendo válidas, a existência de flutuações de
velocidade com frequências extremamente elevadas (Figura 5.2) dificulta a
abordagem do problema de maneira similar à que foi feita no Capítulo G. A
quantificação destas flutuações exigiria recursos comput~cionais bem acima
da capacidade que se tem disponível hoje, mesmo comI todos os avanços
que têm ocorrido nesta área. Desse modo, para problemas que envolvem
turbulência, é mais COlllum tentar outros tipos de abordagem: uma delas é
a abordagem empírica.
Neste capítulo, será feito um estudo do escoamento turbulento, através
de uma abordagem que permitirá contornar a sua grande complexidade
matemática. Antes de se desenvolver esta abordagem, serão apresentados
alguns fundamentos dos modelos de turbulência que têm sido propostos,
visando determinar perfis de velocidade no regime turbulento, de modo
semelhante ao que foi feito para o escoamento laminar.

7.1 Introdução

No Capítulo 5 foi visto que a transição do regime de escoamento


laminar para o turbulento é determinada experimentalmente e varia de
acordo com configuração do sistema em análise. Normalmente, o critério
para se saber o tipo de escoamento que prevalece no fluido é estipulado
através de uma grandeza ad imensional denominada núnrero de Reynolds. Para
o caso de escoamento em tubos, o número de Heynolds é avaliado através
da seguin te eq uação:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 177
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Re= D V P (7.1 )
).1

onde:

• D, é o diâmetro do tubo;
• V, a velocidade média do fluido 110 tllbo;

• p, a densidade do fluido; e
• ).1, a viscosidade dinâmica do fluido.
O valor do número de Reynolds, para o qual ocorre a transição de
escoamento laminar para turbulento em tubos, é de aproximadamente
2.100. Esse número foi determinado empiricamente. Sistemas com outras
configurações apresentam transição de regime laminar para turbulento em
outros valores de números de Reynolds.
Para se poder ter uma idéia de como na prática industrial predomina o
escoamento turbulento, considere-se o exemplo do processo de lingotamento
contínuo, onde aço líquido é alimentado em uJ11ll1olde de cobre refl'igerado
com água. Essa alimentação é feita através de um tubo refratário, denominado
válvula submersa. :
Considerando que esta máquina produza placas com dimensões de
1,2 m x 0,25 m, com uma velocidade de lingotamento de 1 m/min, pode-
se avaliar a vazão volumétrica de aço na válvula submersa. Essa vazão será
tal que permitirá manter constante o nível de aço no molde. Desse modo,
a vazão através da válvula corresponderá à vazão de aço sendo produzido
na forma de placas.

Essa vazão é dada por:


3 3

Vazão de aço = 1 111 . 0,25 111 • 1 ~ = 0,25 ~


111111
= 0,0042 111s
111111

Considerando que a válvula submersa tenha um diâmetro de 70 mm,


pode-se avaliar a velocidade média do aço no seu interior e, a partir desta
velocidade, estimar o número de Reynolds. Tem-se:
Q
Velocidade do aço =
A,âl\"llia

178
Sabe-se que para UJllLl vúlvula, o Ilúmero de Heynolds serú dado
por:
d vú l""la V P
Re = ---''----'-

Usando as propriedades do aço líquido:


P = 6.700 kg/m:\ e
~ = 0,0065 Pa.s;
obtém-se o seguinte valor para o número de Reynolds:

Re = dválvula V P _ 0,070. 1,083 .6.700 =:78.142


~ 0,0065 i
. i

Pelo valor obtido, constata-se que o escoamento no interior da


válvula se dá com um número de Reynolds bem acima do que caracteriza a
transição de regime laminar para turbulento. Logo, o escoamento na válvula
é turbulento. Se este mesmo exemplo fosse repetido para outros sistemas de
interesse do metal urgis ta, constatar-se-ia que na grande maioria dos casos
predominam regimes turbulentos.
No Capítulo 5 foi visto que, para o escoamento laminar em tubo, a
distribuição de velocidades e a relação entre as velocidades média e máxima
são dadas por:

~vz [1 _ (~)2]=
(7.2)
Vz,máxima

(7.S)
V z,múxima 2
,. onde v ,. corresponde à velocidade no centro do tubo e R é o seu raio.
Z,maXl1lla
.'\

~( Foi visto, também, que a queda de pressão é diretamente proporcional


à vazão volumétrica - equação (5.124}
Para escoamento turbulento, tem sido mostrado experimentalmente
que o perfil de velocidades e a relação das velocidades média e máxima são
.* dados por:

• 1
rI (Rr )q
i
--",--VZ

V z,mú,ima
=
l J

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
179
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Vz 4 (7.5)
V 7_ máxima 5
A velocidade média referida é obtida considerando-se as flutuações
de velocidade com o tempo. Essas expressões são válidas para números
de Reynolds na faixa de 101. a 105 . Nessa faixa do número de Reynolds,
a queda de pressão é proporcional à vazão volumétrica elevada a 7/4.
Uma comparação entre os perfis de velocidade para escoamento laminar e
turbulento é apresentada na Figura 7.1.
Nota-se claramente na Figura 7.1, a transformação de um perfil
parabólico, característico do escoamento laminar, para um perfil mais
achatado, no caso do escoamento turbulento. Nesse último, as variações
de velocidade concentram-se na região próxima à parede do tubo. Na sua
parte central, as velocidades são praticamente uniformes. Para o escoamento
turbulento, como visto na equação (7.5), os valores de velocidade média e

Parede
1,0 -.-_ _ _ _...-__ -.__ -__ .-
Centro do tubo ---
__ .-.;;..-:-:.""c:::-:::=r."....-t---...-=:::::-::-:-
...:.,:,-
•.:..:..------.---.---.---.-
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__ -__ .----'1'
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0,4 iIiI \
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:1 li
~ I:
li
I:
0,2 ~

Figura 7.1 - Comparação


Qualitativa entre as
O+--T--~-~-~-+--~-~-~~~~
distribuições de velocidade 0.4 0,6 0,8 1,0
1.0 0,8 0.6 0.4 0,2 0,2
nos escoamentos laminar e r/R ---
turbulento (BIRD, STEWART e Posição radial

LlGHFOOT, 1960).1

180 Fenômenos de Transporte


máxima são bastante próximos e tendem a ticar cada vez mais próximos,
quanto mais elevado é o número de Reynolds. Isso também pode ser
observado na Figura 7.1.
De um modo geral, os problemas que envolvem esco~mento turbulento
têm sido tratados através de duas abordagens. Uma delas, bastante mais
elaborada do ponto de vista matemático, consiste em utilizar modelos de
turbulência para determinar os perfis de velocidade do fluido no sistema em
análise. A partir deste perfil, são deduzidas outras grandezas de importância.
Esse tipo de tratamento é de uso bastante difundido em problemas de projeto
de novas instalações, protótipos e até na área de previsão do tempo. Uma
outra abordagem consiste no uso de resultados experimentais, onde as
quantidades de interesse são obtidas empiricamente. Neste caso, buscam-
se, a partir das experiências, obter relações matemáticas que sejam úteis na
determinação das grandezas que caracterizem o escoamento. Esta segunda
abordagem é bem mais simples que a anterior e é normalmente denominada
abordagem de engenharia. A maior parte dos problemas que aparecem no
dia-a-dia do engenheiro, que lida com escoamento de fluidos, pode ser tratada
através desta segunda abordagem.
No próximo item será feita uma apresentação sucinta da primeira
abordagem, enfatizando os fundamentos dos modelos de turbulência e os
resultados que são normalmente obtidos com seu uso.

7.2 Modelos de Turbulência

Vários modelos de turbulência têm sido propostos ao longo do tempo.


Uma característica básica e comum a todos estes modelos é a de trabalhar com
lima velocidade suavizada com o tempo (time-smoothed velocity). Esta velocidade
é determinada através de uma média das velocidades instantâneas, avaliada
ao longo de um dado período de tempo. Este intervalo de tempo é grande,
quando comparado com o tempo associado às flutuações de velocidade, mas
pequeno em relação às variações com o tempo, que ocorrem em virtude de
lima alteração na queda de pressão no sistema, por exemp~o.
A definição desta velocidade suavizada é vista graficamente na
Figura 7.2 e expressa matematicamente através da equação:
_ 1 1+1 0

Vz =-
to
fv
1
z dt
(7.6)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 181
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Oscilação da velocidade

400 Valor médio


~i!H+-+-tMfIo\+lI-:-ffi+-di+fHJ;ff---ItPJ.4I.\f-..!..lI+-I--I-tHlId-4--I-~-:tVI!)f--+-- 370
~ 350
Figura 7.2 - Oscilação de uma
componente de velocidade 300
em torno de um valor médio 1S ~I

(GUTHRIE. 1992),2

onde to é o intervalo de tempo usado para se fazer a integração e V z é o valor


instantâneo da velocidade.
Os valores instantâneos da velocidade podem, então, ser escritos como
uma soma da velocidade suavizada e de uma flutuação de velocidade:

v z -- v z + v z/
(7.7)

onde v~ é a flutuação de velocidade.


Expressões similares às equações (7.6) e (7.7) podem ser escritas para
as outras componentes de velocidade e para a pressão, que também sofre
flutuações no escoamento turbulento.
Pela definição de t1utuação da velocidade, pode-se constatar que:

1 t+t o (7.8)
viz = - J viz dt = o
lo t

ou seja, a média das flutuações de velocidade ao longo de um dado intervalo


de tempo é nula. Entretanto, a média dos quadrados das flutuações não
será nula:
(7.9)

N a realidade, é comum se utilizar a relação:

~ v z/2 (7.10)

como uma forma de quantitlcar a intensidade de turbulência. Para escoamento


em tubos, o valor do parâmetro citado varia usualmente entre 0,01 e 0,10
(B1Ho, STEWAlfr c LI(;III'OOT, 10(0).'

182 Fenômenos de Transporte


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~;.,.
;,..Ii
""f Z2.1 Equações da continuidade e do movimento suavizadas

Usando a equação (7.7), é possível reescrever as equações da


continuidade e do movimento, em termos das velocidades suavizadas.
Estas novas equações são, então, resolvidas para determinar os perfis de
velocidade.

7.2.1.1 Equação da continuidade suavizada

, "~.l~
Considerando um f1uido com densidade constante, pode-se escrever
:':~;, ; a equação da continuidade da seguinte forma:

(7.11)

Introduzindo a definição dada pela equação (7.7) (e as suas formas


similares para as outras componentes de velocidade), obtém-se:
d- d- d-
dx (vx+v()+ dy (Vy+v~)+ dZ (vz+v~)=o (7.12)

Pode-se, então, ülzer a média da equação (7.12) ao longo de um


intervalo to' de modo análogo ao que se fez com a velocidade. Esse
procedimento corresponde a uma suavização (tz'rne-s17wot/úng) da equação
da continuidade. Através deste procedimento e usando a equação (7.8),
obtém-se que:

(7.1S)
-/,

,~ Essa eq uação é absolutamente idêntica à equação da continuidade


!"i~

deduzida no Capítulo 6, mas escrita em função das velocidades súavizadas.


"
, 'j

7.2.1.2 Equação do movimento suavizada

Um procedimento análogo ao adotado no item anterior pode ser


aplicado para serem obtidas as equações do movimento suavizadas.

o desenvolvimento, a seguir, será feito para a componente x da


velocidade, mas procedimentos similares podem ser aplicados para as outras
componentes.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 183
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

Considerando um fluido com viscosidade constante, tem-se a seguinte


equação do movimento para a componente x da velocidade:
a (p v x) _ a a a 2
ap
at - - ax(PVxVx)- ay(PVyVx)- az(Pvzvx)+IlVvx- ox+ Pgx (7.14)

Novamente usando a definição da velocidade instantânea - equação


(7.7), pode-se escrever esta equação na seguinte forma:

(7.15)

A equação (7.15) pode ser suavizada tirando-se uma média ao longo


de um intervalo to. Usando-se as equações (7.8) e (7.9), obtém-se:
a (p ~)
at = - ax-(p
a - -
Vx v x) -
a - -
ay-(P Vy v x) -
a - - 2
a;(p v z v x )+ Il v
-
VX -
ar
ox +
(7.16)
-
a (-/-/
ax- P V v
a -'-I
ay-(P V vJ y -
a -/-/
a;(p v vJ z
x x) -

A equação (7.16) é similar à equação (7.14<); entretanto, aparecem


os três novos termos adicionais destacados no retângulo. Estes termos
estão associados às flutuações de velocidade, características do escoamento
turbulento.
Por conveniência, é comum se introduzir a seguinte notação:
-(I) _ ( -/-/) (7.17)
'txx - P vx vx
-(I) _ ( -/-/) (7.18)
'tyx - P vy vx
-(I) _ ( -/-/) (7.19)
't zx - P vz v x
Estes termos correspondem aos fluxos de quantidade de movimento
turbulento, que são normalmente denominados tensões de Reynolds (lembrar
que todos os termos na equação (7.16) têm dimensão de fluxo de quantidade
de movimento ou tensão).
Os temos ad~cionais da equação (7.16) é que criam toda a dificuldade
para resolver as equações do movimento no escoamento turbulento. Para
avaliar estes termos, têm sido propostos diferentes modelos de turbulência.
Até hoje, não surgiu um modelo que seja de aplicação universal; entretanto,

184 Fenômenos oe Transporte


com os modelos já desenvolvidos tem-se conseguido respostas adequadas
a uma série de problemas de interesse prático.
Uma das primeiras propostas para avaliação dos fluxos de quantidade
de movimento turbulento foi feita por Boussinesq (BIRD, STEvVART e
LIGHTFoorI~ 1960).1 Adotando uma analogia com a equação de Newton
da viscosi d ad e, foi sugen.d o que -(I) !' l' d ' d a segumte
'tyx losse ava la a atraves
.

equação:

-(I) _ (I) dv x (7.20)


'tyx - - ~ dy

onde:
~t(t) é a viscosidade turbulenta. Expressões similares para as outras tensões
podem ser definidas.
A viscosidade turbulenta não é uma propriedade do fluido e deve ser
avaliada ou estimada para cada sistema em particular.
Nota-se que a proposta de Boussinesq não resolve o problema de
avaliação do fluxo turbulento de quantidade de movimento, apenas o transforma
em um outro problema: o de determinar a viscosidade turbulenta ~l(t).
oaspecto interessante dessa proposta é que ela faz que a equação
do movimento para escoamento turbulento fique idênt~ca à equação para
o regime laminar, apenas substituindo a viscosidade molecular,
:
~, por uma
viscosidade efetiva, ~efi' expressa pela soma das viscosidades molecular (ou
laminar) e turbulenta: .

~eff = ~ + ~(t)
(7.21)

Uma série de outras propostas para avaliação do fluxo turbulento de


quantidade de movimento foram feitas. Dentre elas, pode-se citar (BIRD,
STEWART e LIGHFOOT, 1960):1

• Proposta de Prandtl (comprimento de mistura):

-(I) = _ P 12 dv x dv x (7.22)
't yx
dy dy

onde:
I é o comprimento de mistura, avaliado em função da distância do ponto à
parede.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
185
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

• Proposta de von I'\:c1rmán:


-(t)
't y , = -
,
p K2 (7.23)
dy

onde:
K é uma constante igual a 0,.36 (determinada a partir de medidas de perfis
2
de velocidade em tubos).
!
• Proposta de Deissler (empírica):

-(t) _
't y, -
2 -
P n v, y
[1 (n v~ YJ] ddyv
- exp -
2 x

onde:
Y é a distância da iparede e n é lima constante avaliada empiricamente
(0,124).
Dentre estas propostas, a que tem sido maIS utilizada é a de
Boussinesq. Nesse caso, uma série de abordagens tem ~ido desenvolvida para
permitir a avaliação da viscosidade turbulenta. Estas abordagens podem
ser classificadas em três categorias, de acordo com o nÍlmero de equações
diferenciais adicionais, que são usadas para avaliação da viscosidade:

• lvlodelo de zero equação - Nesse caso, é estipulado um valor constante para


a viscosidade turbulenta no interior do sistema em estudo. A escolha do
valor a ser adotado é, geralmente, arbitrária e visa obter concordância entre
valores previstos pelo modelo matemático e valores experimentais. Este
tipo de abordagem foi usado, inicialmente, no modelamento de turbulência
e funciona razoavelmente bem em sistemas onde predomina o transporte
de quantidade de movimento por convecção (GUTHRIE, 1992);'2
• Modelo de uma equação - Nesse tipo de modelo, resolve-se Lima equação
diferencial adicional (além das de conservação de massa e quantidade
de movimento). É ainda necessário especificar o valor de um parâmetro,
denominado comprimento de mistllra, para se poder calcular a viscosidade
turbulenta; e
• Modelo de duas equações - Nesses modelos, empregam-se duas equações
diferenciais adicionais para se estimar a viscosidade turbulenta. Não é
necesséÍria a especificação arhitrária de nenhllm parâmetro. Nesta categoria,
encontram-se os populares modelos K-E (nas SlIas diversas formas), de
emprego hastante diftlndido. Estes modelos tê>lll j-ido um sucesso hastante

\
186 Fenômenos de Transporte
grande na previsão de características de escoamentos turbulelltos, cm
várias áreas de aplicação, inclusive na metalurgia, Entretanto, nenhum
deles fornece resultados quantitativamente corretos em uma tàixa ampla
de aplicações. Geralmente, há um tipo de modelo que funciona melhor para
um dado tipo de aplicação.
O modelo K-E proposto por Jones e Launder (1972r é um dos que
têm fornecido os melhores resultados em aplicações metalúrgicas. As
figuras de 1.3 a 7.5 mostram exemplos de perfis de velocidades obtidos com
o LISO destes modelos aplicados ao processo RH de refino, aos distribuidores
c aos moldes de lingotamento contínuo.

., I

Velocidade
(m/s) Perna de
1,00

0,75

0,50
"
i'·'

0,25

0,00

Figura 7.3 - Perfil de


velocidades no plano
de simetria de um
desgaseificador RH.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 187
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Sem modificadores de fluxo Com um dique

Figura 7. 4 - Pertil de
velocidades em um
distribuidor de lingotamento
contínuo (TAVARES e CASTRO, Com uma barragem Com um dique euma barragem
1999).4

Válvula de alimentação Válvula de alimentação


Válvula de alimentação
0.2 m/s

",

",
'.
".
'.

"

"

'.

Figura 7.5 - Pertil de


velocidades em um molde de
lingotamento continuo (HUANG t = 7 sec t = 17 sec
t = Osec
e THOMAS, 1996).5

\
188 Fenômenos de Transporto
A abordagem descrita é bastante trabalhosa e invariavelmente envolve
o uso de técnicas numéricas complexas e recursos computacionais, para
solução das equações diferenciais de conservação de massa e quantidade de
movimento. Conforme mencionado anteriormente, o uso desta abordagem
é geralmente restrito a aplicações mais elaboradas, nas quais a obtenção
dos perfis de velocidade é absolutamente essencial para a solução do
problema.
Em muitos problemas de aplicação prática na engenharia, podem ser
empregadas técnicas mais simples (do pon to de vista matemático), mas que
conseguem fornecer respostas adequadas. Este tipo de abordagem vai ser
apresentado no próximo item.

7.3 Fatores de Fricção

Muitos problemas de escoamento em engenharia caem em uma das


categorias seguintes:
• escoamento em dutos ou canais (escoamento interno); e
• escoamento em torno de objetos (escoamento externo).
Para escoamento de fluidos em dutos Oll canais, podem ser citados os
seguintes exemplos: bombeamento de petróleo em oleodutos, escoamento
de água em canais abertos e a extrusão de polímeros em matrizes. Exemplos
de escoamento em torno de objetos são: o movimento do ar em torno de
um automóvel ou de uma asa de avião, o movimento da água em torno de
partículas sofrendo sedimentação (operações de tratamento de minérios) ou
·~x . o movimento de inclusões no aço líquido.
, :~

Em problemas de escoamento em canais ou dutos, geralmente se está


interessado em obter uma relação entre a queda de pressão e a gravidade e
a vazão volumétrica do fluido. Em problemas de escoamento em torno de
objetos submersos, normalmente se quer saber a relação entre a velocidade
de aproximação do fluido e a força de arraste do fluido sobre a partícula.
Foi visto nos capítulos anteriores que, quando se conhecem as distribuições
de velocidade e pressão em um dado sistema, as informações mencionadas
anteriormente podem ser obtidas com relativa facilidade. Para regimes
turbulentos, a determinação dos perfis de velocidade implica um esforço
muito grande. O tratamento que vai ser dado a seguir risa simplificar o
tratamento matemático do escoamento turbulento, mas ainda possibilitando
responder às questões mencionadas. I

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 189
..
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

A resposta às questões listadas no parágrafo anterior envolve a


avaliação da força que atua na interface entre o fluido e o sólido, seja este
a parede de um duto, ou canal, ou a superfície de um corpo submerso no
fluido.
Para ambos os sistemas de interesse (escoamento interno e externo),
foi proposto arbitrariamente que a força de arraste ou de atrito, atuando
entre o fluido e o sólido em cantata com ele, fosse avaliada através da
seguinte equação:
Fk = A K f
(7.25)

onde:
• Fk' é a força de atrito ou de arraste entre o sólido e o fluido;
• A, a área característica;
• K, a energia cinética do fluido por unidade de volume; e
• f, o fator de fricção ou coeficiente de arraste.
Deve-se observar que a equação (7.25) não é uma lei de mecânica dos
:. ~
fluidos, mas sim uma definição para o fatal' de fricção. Obviamente, para
um dado sistema, f não está definido até que a área característica, A,' seja
especificada. A definição dessa área varia de acordo com a configuração do
sistema, escoamento interno ou externo.
I

7.3.1 Escoamento em dutos (interno)


,

Para escoam~nto em dutos, a área característica na equação (7.25)


é a superfície molha1da (área do sólido em cantata com o fluido). A energia
cinética do fluido, por sua vez, é avaliada em função da velocidade média do
fluido. Dessa forma; para um tubo cilíndrico de diâmetro D e comprimento
L, a força de fricção pode ser estimada pela seguinte equação:

Fk ~ (tt D L) C v')
P f (7.26)

onde:
• TC D L, é a área de cantata fluido-sólido; e
• 12 P V~, a energia cinética do fluido por unidade de volume:
Esta equação ainda não é útil para se calcular a força de fricção, pois
não se conhece o valor de f
o fIto r de fricçi10 é um parâmetro (lvaliadn experimentalmente.

,I
190 Fenômenos de Transporte
É bastante simples imaginar um aparato que permita a determinação
experimental do t~ltor de ü-icção, f A Figura 7.6 mostra um exemplo de
montagem que pode ser empregada com esta finalidade.

Pressão Po Pressão PL

V////Z///(VZZZZ////Z///T~
.. ..
Figura 7.6 - Montagem
z=L experimental para a avaliação
z=o
do fator de fricção.

Considerando que no sistema visto na Figura 7.6 o escoamento


do fluido esteja sendo causado apenas pela diferença de pressão, e que o
fluido esteja se deslocando com velocidade constante, pode-se afirmar
que o somatório de forças atuando no fluido é nulo (segunda lei de
Newton). Dessa forma, a seguinte expressão representando o balanço
de forças é valida:
Força associada à diferença de pressão Força de fricção entre
sólido e fluido

(7.27)

Avaliando experimentalmente a diferença de pressão, Po - P L' para


uma dada vazão de fluido (ou uma velocidade média), e lIlydindo o diâmetro
e o comprimento do tubo, pode-se aplicar a equação (7.27) para se estimar
o fator de fricção. Logicamente, a densidade do fluido sendo utilizado na
experiência eleve ser conhecida.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 191
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

A equação (7.27) pode ser colocada na seguinte forma, para Ülcilitar


o cálculo de f:

(7.28)

D (7.29)

Com a equação (7.29), pode-se, então, calcular o valor de f a partir


de medidas experimentais da queda de pressão.
É interessante observar que, quanto mais alto for o valor de f, mais
intensa será a força de fricção na interface sólido-fluido.

Certamente, uma série de fatores deve afetar o valor de f. Para se


determinar, de modo quantitativo, os efeitos destes diversos fatores, um
número muito elevado de experimentos seria necessário. Para reduzir o
número de experimentos, antes de se ir para o laboratório, normalmente
se desenvolve um tratamento denominado análise dimensional. Existem
1
,.
"
várias maneiras de se realizar esta análise. A técnica que vai ser apresentada
'
.
.t
aqui é baseada num teorema denominado Teorema 1[ de Buclúngham. Este
teorema (apresentado aqui sem demonstração) estabelece que é possível
agrupar as variáv~is que afetam o valor de f em grupos adimensionàis, que
representam o problema tão bem quanto as variáveis originais; entretanto,
o número de gru~os adimensionais necessários é inferior ao de variáveis
originais. Obviamente, a aplicação da técnica de análise dimensional não
é restrita ao caso de avaliação experimental de fatores de fricção. Ela
pode ser empregada em diversos campos da engenharia, inclusive, para
,
estabelecimento de critérios de similaridade entre plantas industriais e
modelos físicos em escala de laboratório. Outros exemplos de aplicação
da análise dimen~ional são encontrados em Szekely e Themelis (1970).6
A seguir, será apresentado o desenvolvimento de uma análise
dimensional (baseada no teorema 1[ de Buckingham), aplicada à determinação
~! '.' de fatores de fricçi10 cm tubos.

192 Fenômenos de Transporte


i h·

~f.>
....
,
7.3.1.1 Análise dimensional

o primeiro passo no desenvolvimento de uma análise dimensional


consiste em se listar todas as variáveis que possivelmente afetam o valor
do fator de fricção. Não existe problema em listar mais variáveis do que as
que realmente têm efeito. As experiências vão determinar se isso de fato
ocorre.
• Lútagem das variáveis
Na hora de listar as variáveis, o conhecimento sobre o sistema em
análise ajuda bastante, mas intuição e sentimento sobre o fenômeno em
estudo são bastante úteis.
Suponha-se que foram, inicialmente, selecionadas as seguintes
variáveis como aquelas que afetam o valor do fator de fricção em tubos:
• variáveis: D, L, p, J.l, V e ê.
A variável ê corresponde à rugosidade do tubo. Este parâmetro
depende basicamente do material empregado na fabricação do tubo, e dá uma
idéia da sua aspereza. Ela represen ta a altura média dos picos e profundidade
média dos vales, que podem ser vistos na superfkie interna do tubo,quando
esta é observada com algum dispositivo que permite ampliá-la. O valor da
rugosidade é normalmente determinado através de um aparelho denominado
perfilômetro. Na literatura especializada, é bastante comum encontrar
valores de rugosidade para tubos de diferentes materiais. :
A Figura 7.7 mostra esquematicamente a definição ida rugosidade.
,

A Tabela 7.1 apresenta alguns valores de rugosidade para materiais


. comumente utilizados na fabricação de tubos.
Listadas as variáveis, a próxima etapa consiste em determinar as
suas dimensões.

Tabela 7.1 - Valores de


rugOSidade para materiais
usados na confecção de
tubos (GEIGER e POIRIER,
1980)7

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 193.
T'

ii" '.
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais ~....•.
t,-
. , ~l::
'
~
. .' f
Figura 7. 7 - Representação
esquemática da rugosidade Tubo .: I:
de um tubo. ..
>,. ,.
. ~:

I
~'{.

Vista ampliada
da parede

l1,-

I

Rugosidade - altura média de vales e picos

• Dimensão das variáveis


A partir do que foi apresentado no Capítulo 4<, podem ser determinadas
as dimensões das variáveis listadas anteriormente:
• D [=] L;
• L [=] L;
• P [=] ML- s ;
I
• ~l [=] M L-I t- ;

• V [=] L e l
; e
•E [=] L.
Nestas dimensões, M designa massa, L designa comprimento (não
confundir com o comprimento do tubo) e t refere-se ao tempo.
Através da equação (7.29), determina-se a dimensão do fator de
fricção. Tem-se:
f= ~ (Po - PL) ~ (7.29)
2 L
(ML- 1f 2) L
f[=] ~--'- 2 2 [=] adimensional
L (ML-') (L f)

Como se vê, f {, uma 'grandeza


..
;)clilllCnsional.

194 Fenômenos de Tí3ílsporte


• Classijicaçúo das '[!(lriúvús
Depois de determinadas as suas dimensões, as variáveis devem ser
classificadas. Essa classiíica<;ão é íeita de acordo com os grupos seguintes:

• variáveis geométricas;
• vari{l\!eis cillemúticas; e
• \'ariá,'eis dinftmicas.
A Tabela 1.'2 íornece lima lista de variá\'eis, normalmente envolvidas
C'II1 problemas de Fenômenos de Transporte, e a sua classiflca<;ão, de acordo
W!11 as categorias acima,

,
;~

Tabela 7,2 - Classificação das


Potência p w diferentes variáveis
t
:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
195
i. Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Nota-se que as variáveis que apresentam dimensões envolvidas


apenas com comprimento, são denominadas variáveis geométricas. As que
apresentam dimensões que envolvam a variável t'empo, sem envolver massa,
são as cinemáticas. Finalmente, as variáveis que apresent<:im dimensões
envolvendo massa, são definidas como dinâmicas.

De acordo com esses critérios de classificação, tem-se:

• variáveis geométricas: D, L, E;
• variáveis cinemáticas: V; e
• variáveis dinâmicas: p e ~L
É interessante notar, que, de acordo com a lista de variélveis formulada,
existem seis variáveis independentes, D, L, p, ~, V e E (cujos valores
podem ser selecionados na hora de se fazer o experimento) e uma variável
dependente, f (cuj'o valor foge ao controle de quem faz a experiência e que
depende dos valor:es adotados para as variáveis independentes).

• Seleção de variáveis
i
Para se desenvolver a análise dimensional propriamente dita,
i
selecionam-se i,1icialmente três variáveis independentes, que' são
I

denominadas vadáveis básicas. O número de variáveis básicas deve ser


I
igual ao número de dimensões necessárias para expressar as grandezas
das variáveis envolvidas no problema. No caso em estudo, este número de
dimensões é três (dimensões: M, L e t). Nessa seleção de variáveis, deve-
se ter uma variável de cada um dos grupos da Tabela 6.1: geométricas,
cinemáticas e dinâmicas.
Um exemplo de seleção é:

• variável geométrica: D;
• variável cinemática: V; e
• variável dinâmica: p.
É importante enfatizar que qualquer outra seleção, que obedecesse
ao critério de uma variável de cada grupo, atenderia às especificações para
desenvolvimento da análise dimensional.

• ]'V[ontagem dos grupos adimensionais


O número de grupos adimensionais, que são necessários para se
especificar o problema, é avaliado através da SCp;l,iJ1tc rc1ar;;Jo:

Fenômenos de Transporte
Número de grupos adimensionais = Número de variáveis envolvidas -
(7.30)
Número de variáveis básicas
Existem sete variáveis envolvidas (seis independentes e uma
dependente) e são três as variáveis básicas. Desse modo, o número de grupos
adimensionais é:
Número de grupos adimensionais = 7 - 3 = 4

Desse total, três grupos serão independentes e um grupo será


dependente.
Nesse ponto é interessante fazer um comentário sobre a grande
redução de número de experimentos necessários, que se: obtém q llando se
f~lz a análise dimensional. Inicialmente, havia seis variáv~is independentes.
Caso se decidisse realizar as experiências adotando seis valores diferentes
para cada uma destas variáveis, o número de experimentos necessários para
cobrir todas as possíveis combinações de valores seria de 6(1 (4<6.656). Quando
se emprega a análise dimensional, o número de grupos adimensionais
independentes, no caso em estudo, é três. Considerando novamente seis
valores diferentes para cada um destes grupos, serialll necessários :y; (720)
experimentos para cobrir todas as possíveis combina<,:ües. Hú uma redllç'ão
de 64. vezes no número de experiências necessárias!! Esse é um dos grandes
benefIcios da análise dimensional.
Os grupos adill1ensionais são montados lIsando-se as três variáveis
básicas selccionadas, anteriormente, combinadas com cada uma das variúveis
restantes. Nestes grupos, as variáveis b{lsicas são elevadas a expoentes, a
determinar, e as variáveis que restaram são elevadas a um expoente unitário.
Denominando genericamente os grupos adimensionais como 1t, tem-se:
. -h c (7.31 )
Grupo 1t1 = O" V P P

(7.32)

(7.33)

Grupo 1t4 = D" y(l p'l f (7.:.>4<)

Nas cquaçôes a, b, c, d, e,C 11, i, j, 11, o e q são os expoentes a serem


determinados. Estes expoentes são calculados de modo a ülzer com que os
grupos s~jal11 adimcnsionais.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Si Iv?, Itavahn Alves da Silva 197
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Considerando-se inicialmente o primeiro grupo adimensional, podem-


se substituir as dimensões das variáveis nele envolvidas. Tem-se:
(7 ..'35)

o grupo deve ser adimensional. Desse modo, a, b e c devem ser tais


que 7r] não tenha dimensão de L, Me t, ou seja:
(7 ..'36)

Igualando-se as equações (7.35) e (7 ..'36), ohtém-se um sistema de três


equações onde as incógnitas são os expoentes a, b e c. Tem-se:

7r1 = L" (L rl)h (ML-J)C (ML-Ir l ) = LO M o tO


L:a+b-3c-l=O
M:c+I=O
t:-b-l=O

A solução do sistema fornece:


a =-}

b =-}

c =-1

Com estes valores, obtém-se:


--I -I 11 (7.37)
Grupo 7r1 = D- J V P 11 = -----=,,~
! DVp
I

Comparando 'as equaçÕes (7.37) e (7.1), observa-se que o grupo 7r]

corresponde ao inv~rso do número de Reynolds.


Por procedimento semelhante ao adotado para determinar os
expoentes a, b e c, podem-se determinar os outros expoentes que aparecem
nos demais grupos adimensionais. Os resultados são:
d=-l e=f=O
h=-li=j=O
n=o=q=O

(Demonstre esses resul tados como um exercício).


Com estes valores, ohtém-se os seguintes grupos adimensionais:
Grupo rr, = _L (7 ..'38)
~ D

I
198 Fenômenos de Transporte
E
Grupo TI> = - (7.39)
J O

Grupo 1t4 = f (7 AD)


o grupo TC, ,j
é normalmente conhecido como rugosidade relativa. ,

Os grupos independentes são TC 1, TC~ e TC:!, O grupo TC I. é o grupo


dependente. Desse modo, pode-se dizer que TC'I é uma função de TC 1, TC 2 e TC.1 ,
ou seja:
L E (7.41 )
f= função (Re - -)
'D'O
A função deve ser determinada experimentalmente.
Os primeiros resultados correlacionando as grandezas foram obtidos
por Moody (BIRD, STEWART e LlGHTFoorl~ 1960),1 que os colocou na
forma do diagrama visto na Figura 7.8. Figura 7 8 - Fator de fricção
para tubos: Diagrama de
Moody (GASKELL, 1992),8

Laminar Transição Turbulento


0,025

0,02
0,05
0,015 .-- -. . . .- -' -. . - . 0,04
0,03
0,02
...-'"

\\ 0,015
0,01 001 =w
0,009 0:008
ó
"'"
c..J<> 0,008 0,006 '"
:>
=ca
E 0,007 0,004 ~
CD
Q.)

-= ......... -=
ca
Ci
C<:í
0,006 0,002 -:'2
cr.>
LL- =
=>
0,005 0,001
::J
o:::

0,004 ~B~~~
"
0,0002
0,003 ' .. " 0,0001
.... 0,00005
0,00001
0,002 -'----,-----,------,------,r-----..::::,.,----==-.j

106 107 108


Número de Reynolds

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 199
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Pelo diagrama, contata-se flue o ültor de fricção é lima função do


número de Reynolds e da rugosidade relativa. O grupo L/D não apresentou
efeito significativo n? seu valor. Isso é verdade para tubos com comprimentos
cerca de 50 vezes maiores que o diâmetro (Gasl,el1, 1092).x Os tubos
hidraulicamente lisos são élflueles flue apresentam rugosidade nula (E = O).
Mais recentemente, J-:Iaaland ( 1083t (citado por Gasl\el1, ] ~)92),H
conseguiu uma representação matemática dos resultados apresentados na
Figura 7.8. A função obticla é:

-. =
1 -3,6 log
[(ElO]!.!!
--
6,9]
+- (7.4·2)
Jf 3,7 Re

A seguir serão resolvi cios alguns exemplos de aplicação da efluação


apresentada, na avaliação de queda de pressão necessária para se obter uma
dada vazão de um fluido em um tubo. Será visto também um procedimento
que pode ser adotado para se estimar a vazão do fluido para lima dada flueda
de pressão.

~emplo

.' l}': ,:: . .' ' : . ' . '


,::':' Estimar a qúeda de pressão ne~~ssária para se obter uma vazão de '
:0,251/s emtubo h~rizontal de ferro galyaÍüzJdo com 1,27 cm de diâmetro. '
"O,;c~~prin:ento d6 ttibo é 6 m. O flu~4,o,sendo transportado é a água.
F~::' '~::'" . . I' . '':' . : :"
, !f;V ':5~ Propriedades da água: p 1.009 kghn~ ; ~ 1 cP 10-3 Pa.s.. = = =
.'~;;f"(?":;;,, :"J, " : .<:,.;': '. I .
i;e+,~'~t<);{''SoluÇãO ...1.,. ~~;{, j
t;i~t~~~'.;'G~>l~::< ' ,;.< . ":~ I; '. . .'.' ff',J' .' i . ;
~;l(~i\~~}\Es~eexe'mplopode ser resolvid.9 desenvolvendo-se um balanço de .
·'·:·~"'I·,1il . :-"" . . ,; . '1" ....! , "
r~f<it,ç~~;:para osiste~~ em estudo, consi~#rando que o fluido estará escoando
. U\~~ó4ily~I(iCidâde."cohs"úmte. " . ;;t I :.
r]~.tlr~~,:.r.p~;a>~~'. ;~-.~o.·horizontal, pode~se coLcar o balanço d~ forças na :
,\:.i~:~g~iri1:éfor6a:
'-..J'~~~~'~~!' ~"~,,.•
.:1.';
~', •. -;;: -:': '( . ?
I
I
i
J;':;!': Fo~ça' associada à diferença de pressão =: força de fricção entre sólido e
:'I,::;.iL'"
:;:;":1
'.'- II . fi 'd
UI o
. i .
::;~., t

. (I"2 -2)
I :

: ~l {t; ,~}
1t D2 '
I ,~;
PL) == (1t D L) pV f
- - (Po
4

I
200 Fenômenos de Transporte
,1

i'
" .
, ,i :.' " • i /:;- '",.. :;.e,13'~·;·~1
;t'". ', Para determinar
: .
o fatoi-'de-
, '
fr:icção deve-se calçuJaron'úJjíero;;:pê':::
. : : ' " ': .. ' . .,'I'~'" Í": '': !,I" '.' "i'.

! Reynolds e arugosidade relativa. Pela Tabela 7.1, tein-separa\tubôs,r.dej


. . . , ; . _ ' .' .,~, • ;" '.~. • :_' "",,~~; ,'"o

,ferro galvanizados que: " "' t:~: :':,:H:Y~


E = 0,15 mm = 1,5 . 1O~I- m. : {r~-':;'~l
'. 'A • ~

Logo:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
201
:.Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Em algumas situações, o valor de queda de pressão medida ao longo


de uma tubulação é utilizado para se estimar a vazão de fluido que escoa
em seu interior. O exel;nplo, a seguir, ilustra esta situação e mostra uma das
possíveis abordagens que pode ser adotada nestas circunstàncias.

':;,;W;11 ,~,\. ' i, ',;,


,.:>?Ir ;~~~timar a' vaz.l~o
do fluido em uma tU9ulação vertical, onde foi
med~d~:uma difer~nçade pressão de 70.000 Pa~ O fluido está subindo e o
,}\.~1r"';.' . '1 '
compnmentodo tubo é 5 m.
'l.":;f;" . \
!it,Dados' i
i.: I'
", pr'~priedades da água: p = 1.000 kg/m 3
; !l = Hr~ Pa.s;

i; "
diâmetro do tubo = 0,0254. m; e
r.':
material do tubo = ferro fundido.

,. ,!:"
- "'::~;
"SoluçãO'
'- ,,'

,LF\.'Inicialm'ente desenvolve-se um balanço de forças. Para um tubo


"-~~~'t,~càtcÜ'm o' fluido subindo, pode-se colocar o balanço de forças na
s~g~'irit'e'forma: . ' ,i i '
" ' ':,'

,1tD2,; . (1 _)
1tD
, ,_'_ (po ,- pd = (1t D L) - P y2 >f+ - - P g L
2

'4 i 2: 4

,i "Nota~se que
, '
adiferença de pres~ão atu~ em sentido contrário às
1 '

, fo~ç,~s, de, fricção e dá gravidade.


: '}~<'~:~' :".~'::r:".
.' ~"~:lF;~tJ'çes,t~ bala~lç~ldeforças, os valOl:~,s de e de f são descon)hecidos.
"". '1
'í I

Terií'.::~e;'portimto, du:as incógnitas e apenas uma equação. A outra equação


;:·:.-;:~~{f\;~;(l"- ,<~ - '~'-'
r~9~Si§?ria:parasoluçãO do problema é',a exPtessão (7.42). Esta última
-L!' (..
",-,- ! .

\,'e~~~~,~2;relacio~af. ~':Re (que está relaciçnado bom a veloCidade média do '


; ,p~!à<:;)~Deve~'~e nodrque, avaliando a vdocidJde média, pode-se:calcular
:' 1,,2)j .. , ~",.
à\\í~zãô':aefluidono túbo.'
',' ',' I:' ,'!'
' I ; ,

::" ""tfk4ti~~~li?e calcular maisrodeJ~as permitem a!soluÇãO .


, s,~rnHlf~~~a'das:dua'slequações citadas, f6rnec~ndo os valores de!f e V O
úl~slmo' poderia ser feito utilizando uma plan:ilha eletrônica. O método
que 'vai ser apresent~](jo l1;'íO lançará mão destes recursos. A metodologia

202 Fenômenos de Transporte


: a ser seguida poderá ser implelpentada utilizando-se apeó as uma máquina:
r '! i ! I

: de calcular científica comum. : I


Para fàcilitar a solução do problema, o primeiro passo consiste elTi
, I '

: ,transformar a equação do balanço deforças em uma equação relacionando


t o número de Reynolds e o fàtor de fricção. Para tal, basta expressar a
, ~elocidade média em termos do número de Reynolds. Tem-se que:

- ReJ.1
v=--
Dp

Substituindo esta expressão no balanço de forças, obtém-se:

TCD 2 1·
~
Re 2] f + -TCD 2

- - (Pu - PL) = (TC D L) -,' P


4 [ ( J
2 DP
- , p gL
4:,

Fazendo-se as devidas simplificações e transposições de termos,


obtém-se:

Substituindo dados na expressão acima, tem-se: :'


,

'Re2 f=.!.. (0,0254)3 (1.000) [(70.000)-(1.000) (9 8) (6)] L 15.29~.593 07 l!,


2 (6) (0,001)2: 'i 'I
i
i
I ' '' '',iI
, '. A outra equação é a d9 fatore de fricção. Para uF,,~u,bode f:s~~l
; fundIdo, tem-se na Tabela 7.1ique E,= 0,259 mm = 2,59 X 10-4 m. Logo,tl"
. . d o va Iores em ( ) o b' 1 - 1."
su bstltUlll , 7.4·2, tem-se:
~
i, " ' :. ,lIIi

I _ 3 61
r;: - - , og
[((~,59
,
. 1~-4)/(0,0254)JI.11 J,9]
+ -,-
>,\,.Ir.
"Iii
vf : 3,7 Re '. I,·
: ' I' "'ii
: "i!,
Para se resolver simultaneamente
,
estas duas equa~ões
I '
não-lineares,i!
, 'I,
o método mais simples é o iterativo.. Nesse método, part~-sedeum.vaI<m:):
inicial de f, por exemplo, e atràvés de'sucessi~as iteraçõe+ 'vão-se obterido:::'
i
, valores de Re e f, que vão se aproximando da solução do problema. Esse
processo é ilustrado a seguir. ' t
I
Considere-se um valor inicial de f igual a 0,006. Esse valor inicial
não altera o resultado final, mas afeta o número de iterações necessárias
para se chegar a uma solução adequada.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 203
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

; " , Usando-se o valor de f considerado, calcula-se Re pela equação do


, lhalanço de forças.1 Tem-se:
,, " ' I
i
~!"i ",.,1 Re 2 f==15.2?4.593,07
,\:.11 "i
: ' d f i : : : ~'",';J, ', .' i:'
" '. -'"

:, ~;,: lf,'~ ': l;


f .' :R~ '~'{115.294.593,07, - r-15-.2-9-4.-'-59~3-,0-7 == 50.488 6
:' " ," ,f , -," O006 '
~(!:': '1[ ,". I,' ; . : ' 1 ' '" ,;

t:'l" .;.com'o l1úrri~rode Reynolds, volta-sei à equação do fator de fricção


~~~ilà~~ii~-·s~':~rh<q~ro·v:alo.r 'de~ f. co~~ss~'p~ocedimento uma iteração foi
r~ç,~rpJ>letada.O'Y~19róbtld,o e : " i
i~,i'~Ji -.~I. ~ ".' .;. ,:t. . .",," . I '

~'",;";l!',i', ,';:': ;', -'J'~'


: :<)
3":6"1 [(,(2,59,. 104)7(0,02~4))1'11
- -.-, og
. 6,9 ]
+ ---
i::d: " Jf. ' . 1, ' 3,7,,;!
i
50.488,6

f?llj'~-: .... f=0,0098 :

~ ('.;.:":'Com esse novo valor def, vai-se na equação do balanço de forças


~~~~de~erniin~~seu#, valor atualizadop~ra'o B-eynolds. Esse procedimel.:!t9'
:\~~:::I'~pe~ido' até~serêln obtidos valores de feRe que não apresentem
: ;~ais yàriações ,significativas. A tabel~ a seguir mostra um sumário dos
~." ~#"t-lr ,.. ~,.. .,'~" \.'\)' : '. _ ,:'J;- I ' ! - • •

: .para,sucesslvaslteraço~s., ", ; : ' , , ,, .


I ' , ',ii:;~i":': "~:~t,>~'~;{(' t" '. "

ti,
i', . ,•
<

~
i ','
. ~. 1

:; . ! ' •. (Faça :'os c~lculos para verifi~ar os iresultados mostrados n~sta


" i~ ~ ~ " . . ' ,
, ,", ~l,~ " " " ."~~ t · ; ,
,!taoela):
II
t . "

;i " '.~:' ',~", 'I " , " i " ".


:'l: jr: ··'>~A partir dà:q~arta iteração os va).ores de Reynolds e de f começa~aI11 '
n~l:sê,t~petir"'D~s~e:modo, a solução doi~~bleba corresppnde a 0m número
l,dk'Reynold~\g~ar~ 39.299,4. Com e;se valbr, determiria-se a:velocidade .
. ! >. ,I _ ','.: ' .
medIa UO t1 Uldo ea sua Vélzao volumctnca. ' '

204 Fenômenos de Transporte


.,
1

Tem-se:
< '

.: 'I.
v= Re ~ = (39.299,4) (0,001) = 1 547 m/s
Dp (0,0254) (1.000) ,
;'
,, .
~

Com essa velocidade, determina-se a vazão volumétrica de


fluido:
2
= 1t D V = 1t (0,0254)2 (1 547) = 784. 1O-4 m 3/s
Q
4 4"

ou s~ja, Q = 0,784, 1/ s.

1 7.3.1.2 Escoamento em dutos não-cilíndricos


'." !
1 !
\ I
Todo o desenvolvimento anterior foi feito para dutos cilíndricos.
Constatou-se empiricamente que os valores de f obtidos para tubos
cilíndricos [Figura 7.8 e equação (7,4'2)J são válidos para tubulações não-
cilíndricas, desde que se defina o número de Reynolds usando-se o diâmetro
l~'
hidráulico equivalente, avaliado pela expressão abaixo:
4 A
Oh = -p-
M

onde:
• A, é a área da seção transversal do duto cfetivamente usada para o escoamento; e
• P~'I' o perímetro molhado (comprimento da linha de contato fluido-parede
do duto).
Aplicando-se a definição citada a um duto de seção retangular, como
\'isto na Figura 7.~), tcm-sc:
4WH
Oh = (2 W + 21-1)

'\
Duto não circular
..""
I
'

I H Figura 7,9 - Vista da seção


transversal de um duto
W
.,
/- ~I não-circular para a definição
~ de Dh'

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 205
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Para um tubo cilíndrico, o diâmetro hidráulico equivalente se iguala


ao diâmetro do tubo. (Provar isso como um exercício).
A aproximação funciona bastante bem no regime turbulento. No
escoamento laminar é necessário que se introduza uma correção adicional
no fator de fricção, além da de usar o diâmetro hidráulico equivalente na
definição do Reynolds. O valor de f para dutos não-cilíndricos com um
fluido escoando em regime laminar é, então, avaliado por:

f=~
<p Re

onde:
<p é um parâmetro que depende da geometria do sistema. Para dutos
com seção transversal retangular, <p é avaliado através do gráfico da
Figura 7.10.
Na Figura 7.10, z I corresponde à dimensão da face menor e z~ da face
maior do retângulo~
É interessante observar que o balanço de forças para dutos não-
Figura 7. 10 - Parâmetro <I> - cilíndricos pode ser todo ele feito usando o diâmetro hidráulico equivalente;
correção do fator de fricção entretanto, o cálculo da velocidade é feito usando as dimensões reais da
para o escoamento laminar tubulação.
em dutos retangulares
(GASKELl, 1992),8

1,2

1,0
16
<1>= f.Re
0,8

0,6
O 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5

I.,

206
7.3.2 Escoamento em torno de objetos (externo)

Conforme mencionado anteriormente, para o caso de escoamento


externo, a força de arraste que o fluido exerce sobre o objeto pode, talnbém,
ser avaliada pela equação (7.25), reproduzida a seguir:
(7.25)
entretanto, as definições de A e 1{ são diferentes.
Para esse sistema, a área caracteristica, A, é tomada como sendo a
área obtida pela projeção do sólido em um plano perpendicular à direção da
velocidade de aproximação do fluido.
Essa definição é ilustrada esquematicamente na Figura 7.11, para o
caso em que o objeto é uma esfera.
A energia cinética por unidade de volume do fluido é avaliada usando-
se a velocidade relativa entre o sólido e o fluido. Para tal, considera-se
11111 ponto do fluido suficientemente afastado do sólido, para não ter a sua

velocidade afetada por ele.


De modo similar ao que acontece no caso de escoamento interno,
o coeficiente de arraste é também avaliado experimentalmente. Estas
experiências demonstraram que para o escoamento externo, o valor do
coeficiente de arraste depende do formato do objeto em torno do qual o fluido
escoa. Além disso, o valor de f é também atetado pelo valor do número de
Heynolds associado ao escoamento. Isso será demonstrado a seguir.

Esfera

Plano
J perpendicular
Projeção
7)
Figura 7.11 - Definição da
área característica para o
escoamento em torno de
objetos.

-li" •

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 207
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

7.3.2.1 Escoamento em torno de esferas

Um dos ol~jetos de interesse para estudo do escoamento externo é a


esfera. O valor do coeficiente de arraste para esferas pode ser determinado
através de experiências bem simples. Nestas experiências, avalia-se a
velocidade terminal de esferas se deslocando em um fluido estagnado. A
velocidade terminal corresponde à velocidade que a esfera atinge, quando
o somatório de forças atuando sobre ela se anula.
Quando uma esfera é colocada no interior de um fluido, duas forças de
volume atuam sobre ela: o peso e o empuxo. Estas duas forças vão sempre
existir, independentemente da esfera estar parada ou se movimentando.
Ambas atuam na direção vertical, mas em sentidos opostos: o peso para
baixo e o empuxo para cima. O empuxo corresponde ao peso do fluido que
foi deslocado pelo corpo sólido.
Se a esfera se movimentar no interior do fluido, surge uma f()rça
de arraste, FI,,' que atua na sua superfície. Essa força pode ser avaliada
através da equação (7.25). É importante observar que a força de arraste
tem sempre o sentido oposto ao da velocidade da esfera. Caso a esfera se.i a
mais densa que o fluido, ela irá descer. Dessa forma, a força de arraste
atua no mesmo sentido do empuxo: para cima. Quando a esfera é mais
leve que o fluido, ela sobe. A força de arraste, nesse caso, tem o mesmo
sentido do peso: para baixo. Estas duas situações são explicitadas na
Figura 7.12.

Empuxo Empuxo

Esfera desce Esfera sobe

rForça de arraste 1Força de arraste

Peso Peso

Densidade da esfera> densidade do fluido Densidade da esfera < densidade do fluido


Figura 7.12 - Forças atuando
em uma esfera no interior de
- - - - - - ' - - - -_.,.---_.- ~- ----------_._-----'
um fluido.

I
208 Fenômenos de Transporte
Dessa lónna, o lJalanço de tor~~as para urna estera se movendo com
velocidade constante na direção vertical, em Ulll fluido estagnado, pode ser
expresso por (considerando-se lima esfera mais densa q ue o fluido):
Peso = Empuxo + Força de arraste (7.4.5)

(7.4.6)

Na equação (7,4,6), nD:! / 6 corresponde ao volume da esfera,


ps é a sua densidade e v t a sua velocidade terminal. Conhecendo-se a I

densidade do fluido, a densidade da esfera e o seu diâmetro, a determinação


experimental da velocidade terminal pode ser usada para calcular o
coeficiente de arraste, f.
A Figura 7.1.'3 mostra resultados experimentais de coeficiente de
arraste para esferas. Através dessa figura, constata-se que a dependência de
f com ó ilúmero de Reynolds pode ser expressa matematicamente através
de três expressões, válidas em faixas específicas do número de Reynolds:

Laminar Intermediária Lei de Newton o,


0'- o, ..
101 I
I
I
I
I
I
I

103 I
I
I
I

f= l±-
Re
I
I
I
I
I
ci
,ro
Ü"
102 I
I
c..:> I
E I
Q.l I
-= , I
I
êS
ro 10 .. \:
,,.. I ..
I
u.. ,, . 18,5 I
, I
,, f ~ Re 3!5 I
I
f ~ 0,44 I
I

I
. I
1,0 I
I
,I
\II
:1_----
I
0,1
10-1 102 103 104 105 106 Figura 7.13 - Fatores de
10-3 10-2 10
fricção para escoamento
Dvtp
Re = em torno de esferas (BIRD,
~l
STEWART eLlGHTFOOT. 1960).1

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 209.
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

24 i
f =- paraRe :::;
Re
18 5 ; (7A.H)
f = -'- para 1 < Re :::; 500
Re 3/ 5 '

f ::= 0,44 pará Re > 500 (7.+9)

A região de: números de Reynolds inferiores aI, corresponde ao


escoamento laminar, para a qual vale a lei de Sto){es, vista no Capítulo (J.
Exercício: usando a lei de Stol{es deduzida no Capítulo 6, demonstre
a equação (7.1<7).

,1Exemplo
I, ,~,' , '

,5 Calcular a velocidade terminal de uma inclusão de alumina no aço


iÜqúido. ' i

··,ii-,a
, .".
Dados: !
, I
e diâmetro, (ia inclusão = 200 Ilm ; -'"
: '..1 ' ' -,

, ,e densidad~:da inclusão: Ps
• I '
=~L300 kg/m ;
s

i
, e
'..
densidad~ do aço: p
" ·1
=6.700 kg/mil; e
", "I '
, e viscosida<i:le do aço: Il = 6,5 cp.
Rep'etir o 't~lculo p~ra inclusões de 1:00 Ilm e 50 Ilm .
, I !
. ,::':SoluÇãO I
1 '
I, :
.,' Como a in~~:us~o é menos densa que Taço, O balanço de forças pode
colocado nasegumte forma: 1
, " "! ~
Empuxo = Peso + Forç~ de arraste

Na equação acima, os valores de v t e f são desconhecidos. Por uma


, abordagem similar ~l qlle foi adotada no caso de escoamento em tubos,

210 Fenômenos de Transporte


pode-se, através do balan<.:o acil~Ja, obter lima relação entre o número de
Reynolds e o coeficiente de arraste. ~ara tal, basta expr~ssar o valor de
v( na equação em função do nÚli1ero de Reynolds:" I '
i Re!l !
Vt=--
. Dp

Assim, obtém-se:

Fazendo-se simplificações e transpondo termos, obtém-se:


3
"4
Re~ f= 3" (p-p) p 7
g0

Substituindo dados, obtém-se:


6
Re2 f= 4 (6.700 _ 2.300) (6.700) (9,8) (200 . 100 - )3 = 729383
3 (0,006Sf'

Como não se sabe o valoi' de Re, não se pode determinar qual


",I
(7t
I ' I

das equações de f em função qe Reynolds [equações 47 ) a (7A9)J é •


. j "
adequada à situação. Adota-se, • então, um procedimento Iide tentativa-e- :
erro. Inicialmente, postula-se ~ue a equação (7.47), por ~xemplo, seja.a '
. " I
correta. Com essa hipótese, vel~ifica-se se o valor de Re ~btido vai estar
I" dentro da faix'. a de validade dessk relação. Se não estiver, sJleciona-se uma
I I I 'I
das outras correlações, até se determinar uma que forneça um número
.
de Reynolds dentro da sua fàix~I de validade. I
! 1

Usand6-se a primeira eq~ação, expressão (7.47), o~tém-se:


i I
Re"" Re-
:: "(24)
f= - = 72,9383
Re

Re = 3,039
,
Como a expressão llsadainicialmente só é correta para Re até I, o
resultado acima estú incorrcto.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
211
i
! Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

Adota-se, então, a segunda correlaçã~ - equação (7.48). Tem-se:

Re 2 f= Re 2 (18'Re.3;5) = 7~,93~n
;

: Re= 2,664 :
~~:t ~ . . : . r I ' 1 "

j.: J' Este valor de Reynolds está dentro da: faixa da validade clarelação
" 'il" • I. .' I . i '
, 9s.~da,. sendo, portanto, a solução do problema. . :
,', " . ",!: ' "i ' I
" i 'a' . :" A' part~r, d~ske~ valor de Reynol4 s, ~valia-se a velocidadJ terminal·
4~n~clusãO::' .', ,'\' \' ; ! '
'-:ii .".,., , : "t, . I·
" >11 ~. v ~"Re /l ~ (2,664)(0,0065) '= O0129 mls
..H':! ," ,t iDp (200.10-6)(6.700)~ ,
.~ 'I' "ii ~, . ','. I; "-, i
j?,O~ p~ocedimentos ~nálogos, determiná~se as ~elocidades para a~ inclusões',
de'! 100 Jlm e 50 /lm. Obtém-se: '; i
" . : ..~: ~~ ... ; ..
"

,'inclusão de .ioo Jlm: v t =0,00369 m/J; e


. .

inclusão
, de 50 r11m: v t = 0,00092 m/s. ,

7.4 Fatores de Fricção para Leitos de Partículas

Nas seções anteriores, foram vistas algumas correlações para avaliação


do fator de fricção em alguns sistemas de importância na engenharia. O
escoamento através de leitos de partículas representa, também, um sistema
de interesse para o metalurgista.
Leitos fixos, compostos de sólidos granulados ou aglomerados de finas
partículas, aparecem em vários processos metalúrgicos, desde o processo
de sinterização até o alto-forno. Nesses sistemas, é de interesse preVer a
queda de pressão que o fluido sofre ao atravessar o leito com uma dada
vazão. Essa informação pode ser usada, por exemplo, no dimensionamento
de equipamentos para injeção (ou sucção) de gases através destes leitos.
Ao longo da discussão que será apresentada a seguir, será considerado
que o leito de partículas é uniforme e que não são formadas chaminés, isto é,
nãohá escoamento preferencial por certos caminhos. Será assumido, também,
que o diâmetro das partículas, que compõem o leito, é pequeno comparado
com o diâmetro da coluna que contém o leito. Será analisado apenas o caso
do escoamento de um gás atrayb; desse \c>ito.

I
212 Fenômenos de Transporte
7.4.1 Equação de Ergun

Antes de se desenvolver uma metodologia para estimativa da queda de


pressão de gases ao atravessar leitos de partículas, serão definidas algumas
grandezas que são usualmente utilizadas para caracterizar um leito.
A Figura 7.1·1, mostra um vista esquemática de um leito de partículas.

Leito de partículas

····~~·O·.·Itif···::.,..~:··~:- - Partículas
Qt• • • . ;

..• ••
···oe• • . . ]
~
;,.~~ ~~!
~,~

r··············· <•.•....... :......_...-F\.+--- Vazios Figura 7.14 - Vista


., esquemática de um
leito de partículas.

Observa-se que o leito é composto pelas partículase pelos vazios que I

existem entre elas. Dessa forma, pode-se escrever que:

Volume do leito = Volume das partículas + volume de vazios (7.50)

Um parfunetro importante na caracterização de UIll leito é a sua


fl'ação de vazios.
Dividindo os dois lados da equação pelo volume do leito, obtém-se:

1 = volume das partículas + volume de vazios (7.51 )


volume do leito . volume do leito
A fração de vazios é definida através da sep;uintc equação:
volume de vazios (7.52)
Fração de vazios = co = -------
volume do leito
Desse modo, tem-se:
volume das partículas (7.5S)
1= +co
volume do leito

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
213
Escoamento Turbulento eResultados Experimentais

volume das partículas


-------.:....--- = I - W
volume do leito
Uma série de fatores interfere no valor da fração de vazios de um
leito. Dentre eles, os mais importantes são certamente a distribuição
granulométrica e o tamanho médio das partículas que o compõem.

Uma outra variável de importância em leitos é a sua área superficial.


Essa área é definida através da equação:
area superficial das partículas (7.55)
a= --.----:----~---
volume do leito
Pode-se reescrever esta equação da seguinte forma:

a = (área superficial das partíCUlas) (volume das PaJiículas) (7.56)


volume das partículas volume do leito

Considerando inicialmente partículas esféricas de tamanho uniforme,


i
tem-se que: •
área superfici,ia1 das patiíCulas) = 1t d2 =~ (7.57)
3
( volume das partículas 1t d d
6
Combinando as equações (7.5+), (7.56) e (7.57), obtém-se:

6 (7.58)
a="d(l-w)

A relação vale somente para partículas esféricas. Não é comum ter


partículas esféricas em leitos de interesse na metalurgia. Para se tratar com
partículas não esféricas, é comum se utilizar o conceito de esfericidade.

A esfericidade procura medir o quanto a forma de uma partícula se


aproxima do formato de uma esfera. A sua definição pode ser entendida
através da Figura 7.15.
A esfericidade é definida como a relação entre as áreas superficiais da ,
esfera e da partícula, ambas com o mesmo volume:
área da esfera
esfericidade = cp = ------ (7.5H)
área da partícula
Como a esfera é o sólido com menor área superficial por unidade de
volume, os valores de esfericidade são sempre menores que 1. Logicamente,
a esfericidade de lima esfera é 1.

!
214 Fenômenos de Transporte
Figura 7.15 - Definição de
Esfera Partícula esfericidade de uma partícula.

Volume = V

Área superficial = Aesera


I Área superficial = Ap
Aeslera
Esfericidade =

!
A equação (7.59) pode ser colocada na seguinte forma:
, d '1 área da esfera (7.60)
area a partlcu a = -----
<p

Combinando (7.60) e (7.58), obtém-se uma expressão para avaliação da


área superficial de um leito composto por partículas não esfcricas. Tem-se:

6 (7.61)
a=-(1 -(0)
d<p

:,Exemplo
:,)..;.,.;;.;,.:~,,~---------------------_.:....-;.....;..'...;.";~' ,:
r~;}'::'" ,." ",', ,:1',:; , ' , ' ' " , ,.,," , ',',,', ,i';" ;:,,·,t

,t;i;i,,~/,Estimea esfericidade ,?as p~~~ículas de 'umrr1Íb;~~!?i:e:~~f~f~~~{~'~~~!::


·:'êhapinha.As
t -,.. ~.~_. ,:,'~
sUas~'.dimensões :aproxiinadas
t~',·'. '
são vistas·:'i1a:~.figufa~ã;seg-<'<üiE~f
,~ .)";'~,,{':ti:'.: .},',:-,,,~. ('.;;-":-.~' ~:,::~ .r:i>'::. :" :~''; :~..~:
. :"

'Ofo'rmato da partícula foi simplificado para facilitar'o~"ca1Elll6s/,';J;,f~W::


,.'j, :'_'. _ .': _. , ( ", , : : . '" 1

! . ~~
,.~ ."

15 mm
14
-I

-
1~:...' .../ ......... ..........................................
14 mm

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 215
[:' Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais
~... .
r;
I:"
I',

i
I Solução,
, ! :
Inicialmente, calcula-se o volume da p:artícula de minério de ferro:
3
vp = 15 . 10 . 4 = 600 mm
: '

l<" A área superficial da partícula é:


'Ap;,'~ (15. JO +10.4 +'j5. 4) ~ 2 = 500 mm
2

~',' . ,T' .. • , \ .:' ' i-


" Es'ta'áre'a:~orresponde à área das seis superfícies laterais da
p~rtícula. ': '
·r;.~~~~ ~ '~~~~"." ,;. ," .":." i
; ',< Determi a-:-se, agora, a área superficial da esfera de mesmo vo} ume
.'
l1
, da partícula': O raio da esfera de mesnlO vohime é calculado igualando-se
ovolurrie da partícula à equação para cálcuJ'o de volume da ;sfera:
; : f' ~. . ". . ':- _ : 1, i
4 ' ' 3
V= - 1t R 3 = 600 mm
3

Na equação (7.61), o diâmetro d, corresponde ao diâmetro da esfera


de mesmo volume da partícula. Como a determinação desse diâmetro é
trabalhosa, costuma-se trabalhar com o tamanho da partícula definido em
termos de aberturas das peneiras onde as partículas são tratadas. Dessa
forma, podem também ser consideradas situações onde o tamanho das
partículas não seja uniforme. Nesse caso, define-se um tamanho médio a
partir da análise granulométrica. Essa abordagem é a mesma usada em
Tratamento de Minérios.

216 Fenômenos de Transnorte


Quando se tem partículas não estericas, com uma certa distribuição
granulométrica, o valor do tamanho médio das partículas é determinado
através da seguinte relação:

d=-----
I
(%i) /100
(7.62)
i=1 di

onde:
• 11,é o número de peneiras usadas no peneiramento e onde ficou material
retido;
• d, o diâmetro das partículas;
• di' o diâmetro médio do material retido na peneira i; e
• (%i), a porcentagem de material retido na peneira i.
O diâmetro médio do material retido na peneira i é determinado
através da média geométrica da abertura da peneira, onde o material ficou
retido, e da peneira imediatamente superior, por onde o material passou. A
média geométrica é calculada pela raiz quadrada do produto das aberturas
dessas peneiras.
O exemplo seguinte ilustra o cálculo do tamanho médio de partículas
a partir de sua análise granulométrica .

. Exemplo

A tabela apresenta a análise granulométrica de um minério de ferro.


A partir destes dados, determi;e o tamanho médio do níinério. .
•••• '. : . ' y ~- t"".". \ . .' , . ' -" ~. . ,I ~ ,

1
r
l!!"::'

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 217
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

Soluçilo I ;,
I I
C?l~_()~,~~??s?a tabela acima, pode-~e construir a tabela a seguir:

4-,31 0,0197

L = 0,12] 7

Diâmetro médio = d= 8,215 mm


-- -
Com os desem'olvimentos e definições vistos, pode-se, finalmente,
determinar relações para estimativa da queda de pressão em leitos
atravessados por gases,
o tratamento para escoamento em leitos é feito a partir do conceito
de cliàmetro hidráulico equivalente. Para tal, basta imaginar um leito de
partículas como sendo um dllto de formato bastante irregular, através do
qual o gás vai escoar.
Lembrando-se da definição do diàmetro hidráulico equivalente, tem-se:
4 A (7.4<3)
Dh = -p-
M

onde A representa área da seção transversal por onde o fluido escoa e P M


o perímetro molhado.
Hesta, agora, traduzir as variáveis em função das características cio
leito. Para tal, multiplicam-se o denominador e o numerador da equação
pela altllra do leito, L. Tem-se:
4 AL (7.63)
Pôl L

218 Fenômenos do Transporte


;~,.'
AlIaJisallllo essaa equa<;ão, COJlstata-se que o produtoI A L correspolH.le
ao volume disponível para o gús passar. Em ulllleito, esse volume é o volume
de vazios. No denominador, o produto P iVl L corresponde à úrea molhada,
que é a úrea de contato do gás com as partículas (a úrea de contato com as
paredes do recipiente que contém o leito é muito pequena, comparada com
a {lrea superficial das partículas). A área de contato gás-l~artículas é a área
superficial destas partículas (desprezam-se as áreas de contato entre as
partículas). Pode-se, então, colocar a equação (7.63) na seguinte forma:

_4 volume de vazios
. 1das partlcu
Oh - ,arca super t-lCIa ' Ias

Dividindo, agora, a equação (7.6 /1.) pelo volume do leito, tem-se:

4 (volume de vazios)
volume do leito (7.G5)
Oh = (área superficial das pmiículas)
volume do leito

Combinando essa equação com as expressües (7.52) e (7.Gl), pode-se


escrever a equação na seguinte forma:

4 (O 2wd<p
Oh = 6 (7.G6)
3 (I - w)
- (I -w)
dep
A equação (7.G6) expressa o diâmetro hidráulico equivalente de um
leito em função de suas características. De posse da equação, podem ser
utilizadas as expressões de queda de pressão cm tubos, para os regimes
laminar e turbulento, e expressá-las em função do diâmetro hidráulico
equivalente do leito.

7.4.1.1 Regime laminar

A equação (5.12G) permite estimar a queda de pressão de um gás com


escoamento laminar em um tubo, em função da velocidade média do gás.
Desprezando a força da gravidade (para gases, isso é razoável devido à sua
haixa densidade), pode-se escrever a equação (.0.126) da seguinte forma, já
em termos do diflllletro hidráulico equivalente:

Po - PL 8!l V _ 32 ~l V (7.C)!)
L

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
219
! Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais
i, .

Substituindo a definição do diâmetro hidráulico equivalente - equação


(7.66),obtém-se: .,

Po - PL 32 11 V 3211 V (7.68)
--'--- = - - - ' - - -
L 2 O) d <I' )2
( 3 (1 - 0))

Po - PL 7211 V (1-00)2 (7.69)


= --'---'----'--
2
L (02 d <1'2

Os valores de queda de pressão previstos pela equação (7.69) foram


comparados com dados experimentais. Foi constatado que os efeitos das
variáveis estavam corretos; entretanto, a constante que melhor se ajustava
aos resultados era 150 ao invés de 72. Isso certamente se deve ao fato de
o caminho percorrido pelo gás ser mais longo que a altura do leito, L,
considerada na avaliação da queda de pressão. Dessa forma, a equação que
é utilizada para estimativa de quedas de pressão em leito de partículas, com
escoamento laminar, é:
Po - Pt. _ 150 ~t V (1 -
-

oor
?
(7.70)
2 2
L 00 d <1'2

Esta expressão é conhecida como equação de Blal\e-Kozeny.


É ainda comum substituir a velocidade do gás através do leito, V, pela
chamada velocidade a vazio, V,o eX!)fessa através da selfuinte
b equação:
V = Vo (7.71)
O)

A velocidade a vazio seria a velocidade do gás, se toda a seção


transversal do leito estivesse disponível para o seu escoamento. Substituindo
(7.71) em (7.70), obtém-se finalmente:
Po - PL _ 15011 Vo(l - (0)2 (7.72)
2
L 0)3 d <1'2

7.4.1.2 Regime turbulento

A equação (7.27) possibilita estimar a queda de pressão de um gás


com escoamento turbulento em um tubo. Esta equação pode ser escrita da
seguinte forma, já em função do diâmetro hidráulico equivalente:
epo - PL) = 2 P y2 f _1 (7.73)
L Dh

,
I
220 Fenômenos de Transporte
,
r'1"I-:-"
fli

Substituindo a defllliC;ão do diámetro hidráulico c:qui\"alel1te - equac;ãu


, (7.66), obtém-se:
2 P y2 f 3 py 2(l -cu) f

2OOd<P) ood<p
( 3 (1 -(0)

o fator ele fi'icção para leitos foi avaliado experimentalmente e o


valor obtido foi:
f= 1,75 (7.75)
3
Substituindo esse valor em (7.71,) e já usando a definição de velocidade
a vazio, obtém-se:
ep a - PL) _ 1,75 p y~ (1 -(0)
3
(7.76)
L oo d<p
Esta expressão é conhecida como equação de Burke-Plummer, e
permite estimar aqueda de pressão de um gás ao atravessar um leito, em
condições onde o escoamento seja turbulento.
No final da década de 19'1<0, Ergun unificou as expressões de Blake-
l\ozeny e Burke-Plummer, mostrando que a queda de pressão em leitos era
composta de duas contribuições: uma, associada aos atritos viscosos, que
predominava na região laminar, e outra, associada aos efeitos ele inércia, que
predominava no regime turbulento. Na realidade, a queda de pressão do gás
" ao longo de toda a faixa de regimes de escoamento pode ser expressa pela
soma das equações de Blal~e-I'\ozeny e Burke-Plummer. Logo:
Pu - PL = 150).1 Yo(l _CU)2 + 1,75pY~el -(0) (7.77)
3 J
L 00 de <p2 cu d <p
Essa equação é conhecida como equação de Ergun e pode ser usada
para determinar a queda de pressão em leitos, sendo véHida para os regimes
laminar e turbulento.
Por essa equação, observa-se que os parâmetros que favorecem uma
dilJlinuiçãoua queda de pressão do gás ao atravessar o leito (tornam o leito
mais permeável) são:

• maior fl'ação de vazio, CU;


• maior ditllnetro médio das partículas, d;
• maior esfericidade, <p;
• menor viscosidade, /.l ;
• Illenor densidade, p; e
• menor velocidade do bO'ÚS, V. ()

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 221
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

Referências

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John \\filey & Sons, 19Gü.
'2 GUTHHIE, RI.L. Engineeringinprocessmetallurgy. Oxford: Oxford Science Publications,
1992.
:3 JONES, VV:P.; LAUNDEH, B.E .. The prediction of larninarization with a two-equation
model of turhulence. lnternational Journal qf Heal and Mass Trall.yfer, v. I ri, n. 2, p..'1.0 I-I +,
Feb. I ~)72.
4. TAVAHES, R.P.; CASTRO, L.FA. Modelagem matemática do escoamento de fluido e
transferência de calor em um distrihuidor de lingotamento contínuo. ln: CONGRESSO
ANUAL DA ABM, 54.. , São Palllo. J9fJfJ. Anais ... São Paulo: ABM, I 99fJ. p. 51·1--51·.
5 HUANG, X.; THOMAS, R.G. Modeling of transient flow phenomena in continuous
casting of steel. Ccpllputational fluiel elynamics anel heat/mass transfer J1loeleling in the
metallurgical inelus'try. ln: ANNUAL CONFEHENCE OF METALUHGISTS OF CIM,
35., 1996, Montreal, Canadú. Anna!s ... [S.n.t.]. p. 1'29-1·5.
6 SZEI{ELY, .J.; THEMELIS, N..J. Rate plIenomena in process meta/lil/g)'. Ne", Yor];;:: \Viley
lnterscience, 1970.
7 GEIGEH, G.H.; POfHIER, D.H. Transport phenomena in metall/llgy. Massachusetts:
Aeldison-Wesley.1980.
8 GASEELL, D. H. Ali illtroduct;oll to trallsport plIfllOJl1f.1/a iII JIlatfria!s clIgilleerillg. N ew York
Maclllillan, I 99'..!.
9 HAALAND, S.E. Silllple anel cxplicit formulas tor the ti'iction t;.Jctor in turbulcnt pipe
no\\'. Journal qf Fluids Engineering, \".105, n.l, p. 89-90, 1983.

222 Fenômenos de Transporte


Exercícios

1 - Calcular a velocidade terminal de ascensão de uma inclusão com 20 Jlm


de diâmetro, sólida, em aço líquido estagnante.

Dados:
• PINCLUSAO = 2,7 . 10'~ kg/m''!;
• PAÇO = -' ,1. 10:3 kg/m:J,• e
• Jl AÇO = 5,5 . 1O-,,! kg/m.s.
A inclusão pode ser considerada esférica. Verificar a validade dos
cálculos.

2 - Uma técnica empregada para determinar a viscosi?ade de fluidos:


consiste em medir a velocidade terminal de uma esfera; que cai dentro:
do fluido. Determinar, então, a viscosidade do fluido onde foram obtidos •.
; I '

os seguintes d a d o s : ' i ' !

• D ESFERA = 1 cn1;
• P = 1,261 g/cm:l ; e I
I
I

• PESFf:RA = 7,1 g/cnr •


i
i
Sabe-se, também, que no período de velocidade cOllstante, a esfera:
I

percorre 2 metros em 7 s. '

3 - Uàüi esfera de aço oca, com 5 mm de diâmetro e massa de 0,05 g é


solta na superfície de uma coluna de líquido e atinge Lima velocidade
terminal de 0,5 cml s. A densidade do líquido é 0,9 gl cm S a aceleração da e
gravidade no local é 980,7 cml S2. A esfera está bem afastada das paredes
do duto. Determinar:
• força de arraste;
• coeficiente de arraste; e
• viscosidade do fluido.

4 - Calcular a esfericidade de um cubo com 2 cm de lado.

5 - Calcular o diâmetro méd.io do material que apresenta a seguinte análise


granulométrica:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva: Itavahn Alves da Silva 223
Escoamento Turbulento e Resultados Experimentais

=
.6 - Uma esfera de aço (raio 8,87 cm) é jogada em escória líquida para
determinar a viscosidade desse fluido. A densidade do aço é duas Vezes
' , ! .
maior que a da escória e a velocidade terminal ela esfera é 1,5'24< m/ s
i; I
(determinada experimentalmente). Calcular a viscosidade cinemática da
" ,. !
escona. I

:7 - Gás é~traveJsa
um leito de seção quadrada de ."3,04<8 m de lado
~ 14<,11 m e c?mprnnento. A s pressões d e entra d a e SaI'd a d'o-gas
,I .d i . ,
'$ãO 104.109,97 N/m 2 e 103.4'20,5 N/m!:\ respectivamente. A vazão mássica

II I
°
. ae gás é 90,72 kg/h. Avaliar a fração de vazio do leito (entre e 0,6) para
as condições abaixo: :
I
• diâmetro de l~artícllla = 3,01<8 cm;
• viscosidade do gás = 2,067 . 10-5 kg/m.s; e
.•• densidade do gás = 0,12 kg/ m~! (densidade média).
, '
8 - Calcular a diferença de pressão necessária para fazer água subir em um
°
tubo vertical de 1 m de comprimento a uma vazão de 0,511 s. O diâmetro
do tubo é de 1,5 cm e sua rugosidade de 0,1 mm.

9 - Avaliar a vazão de água em um tubo horizontal de 1 polegada de diâmetro,


ao longo do qual foi medida LIma diferença de pressão de 50.000 Pa. A
rugosidade do tubo é de 0,5 mm. O comprimento do tubo é 5 m.

224 Fenômenos de Transporte


Na maioria dos problemas de engenharia que envolvem o escoamento
Capítulo
de fluidos, um dos objetivos (talvez o mais importante) é obter uma relação
entre a vazão volumétrica do fluído e os fatores que causam o seu escoamento,
tais como diferença de pressão, gravidade e forças eletromagnéticas.
Para obtenção da relação mencionada, dois métodos podem ser
08
utilizados: o microscópico e o macroscópico. No método microscópico,
ilustrado esquematicamente na Figura S.la, o volume de controle é
infinitesimal e é localizado longe das fronteiras do sistema. A aplicação
desse método resulta em equações diferenciais e os parâm~tros fisicamente
observáveis, tais como a entrada e saída de fluido e condições nas superfícies
de contorno, entram como condições de contorno do problema. Esse foi o
método de estudo aplicado nos Capítulos 5 e 6.

Entrada Saída
..
'.~ Elemento infinitesimal

Figura 8,1 - Elementos de


volume para as abordagens:
!
Entrada Ele'mentodS',yólume Saída a) microscópica e
i b) macroscópica para um
,I
I'
I problema de escoamento de
I
fluidos,

No caso da abordagem macroscópica, ilustrada ;na Figura S.l b,


o volume de controle é tomado como sendo o volume total de sistema
e, portanto, as condições de entrada e saída são incluídas nas equações
básicas.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 225
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicos

Em geral, o' estabelecimento do balanço global (tratamento


macroscópico) resulta em equações algébricas para sistemas no estado
estacionário e equações diferenciais de primeira ordem no estado não-
estacionário. Este método simplifica consideravelmente as manipulações
matemáticas necessárias, mas as soluções resultantes fornecem menos
informações a respeito do sistema.
O método macroscópico foi empregado no Capítulo 7,quando f()ram
desenvolvidos balanços globais de forças aplicados ao escoamento de fluidos
em dutos (escoamento interno) e em torno de objetos (escoamento externo).
Neste capítulo, continuar-se-á a empregar a abordagem macroscópica,
mas agora utilizada no estabelecimento de balanços globais de massa e
energia aplicados ao escoamento de fluidos em dutos. As ferramentas que
serão desenvolvidas neste capítulo têm aplicação prática muito grande nas
engenharias de modo geral e, em particular, na engenharia metalúrgica.

8.1 Balanço Global de Massa

Para desenvolvimento do balanço global de massa será considerado


o sistema visto na Figura 8.2.

1 ...d. UJJ Al' Vl· Pl

Figura 8.2 - Sistema para o


Massa total, mr
desenvolvimento do balanço
global de massa.
No desenvolvimento cio balanço global de lllassa serão feitas, ainda,
as seguintes suposições:
• as velocidades médias nos planos] e Q sao paralelas às paredes cio chita; e
• a densidade e outras propriedades tisicas nao \'ariam ao longo da seção
transversal nos pianos I e 2.

226 Fenômenos de Transporte


,'tli'
l I
j
-I

"II
A equação de conservação de massa estabelece que: ,H
[Taxa total de entrada de massa] - [Taxa total de saída de massa] = (8.1 ) ]1
[Taxa total de acumulação de massa]

Em símbolos essa equação se torna: · 11


, '1
· 'I
I
- -- dlTI T (8.2)
AI PI VI - A2 P2 V 2 = ctt
sendo:
• A I' A~, são as áreas das seções transversais nos planos 1 e 2; · .'

• PI' P~, as densidades do fluido nos planos 1 e 2;


· V I'
V, a velocidades médias do fluido nos l)l,:1I1oS 1 e 2;
L'
· ,
I

• n~T' a massa total ue fluido no sistema; e


• t, o tempo.
Pode-se, também, definir a seguinte variável: ~'i.
m =Ap V
que representa a vazão de massa de fluído em um dado plano. Com o uso
(8.s)
If "

dessa variúvel, a equação (8.'.2) se transforma em: r


.1
I
d 1111 (8.4-)
1111 - 111~ =--
dt
No estauo estacionário:
d I11T =0 (8.5)
dt
logo:
ITII -ITI2 = O (8.6)

~xemplo'l .1. ·Ii:i.i:


. ' . Aço 'líquido é vazado d~uma ~~nela atra~és deu;;j;bi;;:;u.;'~lo2;dS~Jj;
. ,seu fundo: b diâmetro desse;?oéalé7~62 cm: C~lcul~~d:t,;~pÓnéces~~~jê1!!
.' para esvaziar a panela. Consi8e~ar/c6mo uma primeir~:ápr'ôxlmação;:~{têi,
avelocida4e do aço no bocal~ode'~errelacionada conil altura ae,aç?1~i: a
panela através da seguinte equação: I. . ~:' i
1- ~
2gh I
I Vbocal=C D "V i
I

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
227
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

r- 1, r-

Dp

Aço líquido

d
I-I
I
2 ~ Bocal

! r'é colocadô'na~uperficie do aço líquido na


\JVAV\J(~UV.~a s~ídá:d~ibockl
o",: I de vazamento. '
)\;~;\::";I é

'm·:i:.-.O·' I':
.,' :', ,l~~k ;;, I;'
ànço de massá:pode, ,então, ser colocada' ná
,~: -,' I
'~d' !
"',mT!
-m2 = ....------- ,

",' I
---'
m2 = A2 P2 V 2

1
228 Fenômenos de Transporte
Usando a expressão para velocidade média no bocal, tem-se: J:
.• . I ;1.·
' t!".:
qJ2 = A 2 P2 c o J2ih ,I ,· ..•. 11.·(
Considerando que a d~nsidade
do aço seja cons~anté'é unif~rfu&'~l
.
em todo o sistema, pode-se ~screver a seguinte equaJãopara â m~:s;k';:l
' q. I' , . i

'. total de aço na panela: :. ,,'!I- .,', .'. .l!;'!


Vi
lTIT = Ar P h I ' ·it~i
i "d: ~
i' .t1;!~.J
. o'n'd~ : . . .! . " . ..·.:·.l!.~~j
• Ap' é a área da seção transversal da panela (considerada constanteao'j
longo da altura da panela). !! "" :.j,
Diferenciando a eq uação para a massa de aço na panela, obtém-se:'~; .. 1 ~

d mT = Ar P d h
Combinando-se as equações desenvolvidas, pode~se escrever que:
d lTIl' d h;.
= - lTI2 = - A2 P2 Co~2 g ht
I

-- = Ar P -
dt dt
Separando variáveis na equação acima, tem-se:
dh A, r:;-:: iI
----v; .,= - -- CD" 2 g d t
h- Ar . i
iI

A equação pode ser !integrada, considerando os seguinte~


limites: i, I
h l hi para t = O
I
h~O para t = te
I :
I
onde: I
, ! '.
• .h., é a altura inicial de aço ha panela; e
I i . !.
• te' O tt:;mpo de esvaziamento da panela.
" ·1
" A integração fornece: I .
I
(2 11 1/2)°
: ho
= - A2 C 'f2;;
A O" L ~
(t) Ote . ;.
: 'p I

Substituindo os limites de integração, tem-se:

'2
- ho 1/2
=--
A2 r:r=
C D"Lg te
, AI'

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 229
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Finalmente, o tempo de esvaziamento da panela será dado pela

.seguinte expressão:
.:'
1 te=
Ar
--o 2 i ho
-'-
( . )In
; . i A 2Co . g .
I • :; . As áreas da~ seções transversais do bqcal e da panela (considerados
!i,j;ç~rculares)
.
'são da~as por:
'.
';:
.'
2:
di
:

: [,,":! " A2~:Jt 4;


,: 1) " . i i~ , D~
'jlj'_' > ,[ Ar =1t 2
;., I
,1 I' ' ,','.1' " 4'
1

, , ' ; ' ':,1, ' .:.: 'Dessa fornt~: ;' (: )1/2


_ Dp '. -2: ho
I I; _ te - dZC -I-g-
~1: Id "O
~_ I
" Substituindo dados, tem-se:

~ ~!2 egh'f ~ (O,9)(~~;L)2


I

1/2
2 . 3,3 = 1.413 s
. lo ( 9,8 )

Esse temp~ equivale a, aproxi~adàmente, 2t~ minutos.

8.2 Balanço Global de Energia

Para desenvolvimento de um balanço global de energia será


considerado o sistema visto na Figura 8,3. A aplicação do princípio de
conservação de energia fornece a seguinte equação:

[Taxa total de entrada de energia] - [Taxa total de saída de energia] = (8.7)


[Taxa total de acumulação de energia] ", -'"

A2' V2, P2
~------------~~~

Bomba
Figura 8.3 - Sistema para
aplicação do balanço global
de energia (GEIGER e
POIRIER, 1980).1
,--------------- ---.------

230 Fenômenos do Tmnsporte


"

Consideralluo O sistcma visto na Figura o.:>, pouc-se colocar a equw;ão


precedente na seguinte forma:

~
dt
(E total ) = -~ [ (H + E I' + E c) m] + Q + SR - M (8.8)

onde:
• E é a enero'ia total do fluido, dada !)ela soma das energias interna,
total' b

potencial e cinética;
• l-l, a entalpia do fluido por unidade de Illassa;
• EI" a energia potencial do fluido por unidade de massa;
• E" a energia cinética do tluido por unidade de massa;
• 1;1' a vazão de massa de fluido !lO sistema;
• Q, a taxa líquida de entrada de calor no sistema;
• M, o trabalho mecânico realizado pelo f1uido sobre a bomba (ou qualquer
outro dispositivo de manuseio de fluidos); e
• SI{' a geração líquida de energia no sistema, devido às reações químicas ou
outras fontes.
Na equação anterior, o operador ~ significa (saída - entrada). Dessa
femna, - ~ vai significar (entrada - saída).

Neste capítulo, serão consideradas apenas situações onde se tem


estado estacionário. Nesse caso, pode-se escrever que:

(8.9)

Consiueranuo sistemas onue não ocorrem reações químicas e onde


não há outras fontes de energia, tem-se:
(8.10)

Desse mouo, com a transposição ue termos, a equação (8.8) se


torna:

(8.1 1)

A seguir, será visto como cada uma uos termos poue ser avaliauo ón
termos de parâmetros mensuráveis.

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 231
',.
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

8.2.1 Avaliação do termo de energia cinética

A taxa de entrada de energia cinética no si'stema através da éÍrea. A I


(normal ao escoamento) pode ser avaliada através da seguinte equação:

1~11 ECI = f' [ ~2 (PI VI dAI) v? ]


o
(8.12)

Considerando um duto cilíndrico, o elemento diferencial de área, dA I ,


será determinado através da seguinte expressão:
(8.13)
dA I =21trdr
Combinando...,se as equaçôes (8.12) e (8.13), obtém-se:

mi ECI = I [! "2
R, 1
(PI VI 2 1t r dr)
(8.14)

onde R I é o raio do duto


.
na seção 1.
Para integrar a equação, é importante lembrar que as velocidades
do fluido variam ao longo da seção transversal do duto. Para tal, dois casos
limites serão considerados: escoamento laminar e escoamento altamente
turbulento.

• Escoamento laminar
Conforme obtido no Capítulo 5, para o escoamento laminar são
válidas as seguintes eqllaçôes para o perfil de velocidades ao longo da seção
transversal do duto e para a sua velocidade média:
(5.1 16)

V = -
R2 (
P gcos R+
I-'
Pu - PL) (5.126)
811 L
Combinando as duas equações acima, pode-se obter uma expressão
relacionando o perfil de velocidades com a velocidade média:
- (R 2 - r 2) (8.15)
Vz = 2 V .,
R~

Substituindo a equação (R.1.5) na expressão para a energia cinética,


tem-se:

(8.16)

I
232 Fenôm8nos d8 Transport8
A in tegração da eq lIéH;ão fornece:
(S.17)
1111 ECJ=1tPIVI3R~
;~
i!~ (prove este resultado como um exercício).
~~

Conforme visto, tem-se que:


(8.1S)
m,=1tR~p,V,
Logo, pode-se escrever que:
(S.19)

Esta equação permite a determinação da energia cinética do fluido


por unidade de massa, em função da sua velocidade média. Esta expressão
é válida para escoamento laminar.
• Escoamento turbulento
No regime turbulento, o perfil de velocidades do fluído, em uma dada
seção transversal da tubulação, é bastante diferente daquele perfil parabólico,
que prevalece do regime laminar. Isso pode ser constatado na Figura S.4.

Parede ""
1,0 ~__._
...-... .... .. _=._="""".-t-~=-.-
_ -...-...-...-...-.. ;-....,. .. -
...-....-...-...-...----1
~ / ..... -- .................... ,;" .....\
/'y// . "
0,8 :! /
i" \.\.
: / ~\
!1 - $ \
i /~ \\
.i I \ :
I :
06, : I I:',
:I
:I I:
:I ~
A:i I i.
.
:I E:: I:
U z.max ii
:1
..:s Ii
I:
0,4 i I I i
:1 I:
iI li
:1 I:
i liI:
E
0,2
Figura 8.4 - Comparação
qualitativa entre as
distribuições de velocidade
0+---~--~--~--~--4---~--~--~--~--~
nos escoamentos laminar e
1,0 0,8 0,6 0,4 0.2 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
turbulento (BIRO, STEWART e
r/R -
Posição radial LlGHTFOOT. 1960).2

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
233
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Para regime a1tamente turbulento, observa-se que as "elocidades


ficam aproximadamente constantes na região central do duto. Os gradientes
de velocidade ficam confinados a uma região bastante estreita, próxima às
paredes do duto. Desse modo, pode-se fazer a seguinte aproximação:
V =V (fJ.20)
z
Isso significa que o valor de velocidade m{~dia representa bastante
bem o perfil de velocidades do fluido.
Combinando as equações (8.14<) e (8.20), obtém-se:

(8.21 )

A integração da equação fornece:


1 -, o (8.22)
1111 ECI = "2 1t PI V I R;-
(prove este resultado como um exercício).
Aplicando novamente a equação (8.18), determina-se que:

ECI = ~ V 12 (8.23)
equaçã~
"-
Esta permite a determinação da energia cinética do fll,i'do
por unidade de massa, em função da sua velocidade média, para o caso de
escoamento turbulento.
As equações para regime laminar e turbulento podem ser escritas em
uma mesma forma geral, como apresentado a seguir:

Sendo:
• ~ 1= 1/2 para o regime laminar; e
• ~1 = 1 para o regime turbulento.

8.2.2 Avaliação do termo de energia potencial

A energia potencial é definida em relação a um dado plano de


referência arbitrário.
A taxa de entrada de energia potencial no plano 1 pode ser estimada
através da seguinte equação:
(8.25)

234 Fenômenos de Transporte


onde z] é a altura do ponto médio da seção trans\'l:rsal do duro /10 plano 1,
em rela<.:ão ao plano de referência.
Eliminando a \·azão de massa nos dois lados da equação (8.25), tem-
se a seguinte expressão para estimativa da energia potencial por unidade
ue massa do fluido:
(8.26)

8.2.3 Teorema de Bernoulli

Retomando a equação geral do balanço de energia para o estado


estacionário, e dividindo-a pela vazão de massa do fluido (que é constante
ao longo do sistema - conservação de massa), pode-se escrever que:
(8.27)

onde:
(8.28)
m]

(8.29)
m]
representam a taxa líquida de entrada de calor e o trabalho mecânico
realizado pelo fluido, ambos por unidade de massa de fluído que escoa no
sistema.
Lernbrando agora das ddiniçües da Termodinâmica, tem-se:
p
H=E+ _ (8.30)
P
onde:
• E, é a energia interna por unidade de massa do fluido; e
• P, a pressão do fluido.
Combinando as equações (8.27) e (8.30), obtém-se:

L1E+L1
(PP) +L1Ep+L1Ec-Q +M =0 * * (8.S I)

Considerando um comprimento infinitesimal do sistema, esta equação


pode ser colocada na seguinte forma diferencial:

dE + d (:) + dE, +dEc - oQ' ~O (8.32)

Varadarajan Sestladri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
235.
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Deve-se observar que o termo M* desaparece nessa equação, pois ele


está normalmente associado a bombas ou a algum outro equipamento para
transporte do fluido. Estes equipamentos não vão existir em um elemento
de volume infinitesimal.
A forma mais comum do balanço de energia aplicado ao escoamento
de fluidos é conhecida como balanço de energia mecânica (que é uma forma
do teorema de Bernoulli). Esta forma será desenvolvida a seguir.

A variação de energia interna por unidade de massa do fluido, à medida


que ele passa por um pequeno segmento do duto, é dada por:

(8.3.'3)

onde 8E é a energia mecânica por unidade de massa do fluído, que é


f
convertida em calor devido à fricção. A equação (iL'3.'3) vem da primeira lei
da Termodinâmica.
Lembrando das regras de derivação, tem-se:

d (:) ~ Pd (~) + ~ dI' (S.:~H)

Combinando (8.32), (8.,13) e (8.34<), obtém-se:

oQ' - Pd G) + OEf + Pd (~) + ~ dp + dE, + dE, - oQ' ~ O (8.35)

. '
Cancelando termos, tem-se:
1 (8.36)
- dp + dEr + dEc + OEr = O
P
A integração dessa equação ao longo de todo o sistema (com o termo
M* aparecendo novamente) fornece a chamada Equação de Bernoulli, numa
forma que pode ser aplicada à maioria dos problemas de escoamento de
fluídos:

f2-P1 d p + g
I
V-;.
+ -- - -
(Z2 - ZI)
2 ~2
(-2 -2J
VI
2 ~I
• -
+ M + Er - O
(8.37)

Deve-se observar que essa equação está escrita em termos da unidade


de massa do fluído que está escoando.
O termo Ef está associado às perdas por fricção ao longo da
tu bul ação.

236 Fenômenos de Transporte


A equação (8 ..'37) pode ser reescrita em duas tormas básicas, dependendo
do fluído que está escoando. Uma delas aplicada a fluidos incompressíveis.
Nesse caso, p é constante ao longo do sistema e pode passar para fora da
integral, resultando em:
2
P2-PI
~---'- + a (z - Z )
(V;
+ - - -VI ]+.
M + Ef = O (8.38)
P b 2 I 2 ~2 2 ~I

A outra forma é aplicada a fluidos compressíveis. Considerando o casoI

de um gás ideal isotérmico, pode-se obter a seguinte equação para avaliação


da densidade em função da pressão:

_ P M~I (8.30)
p- R T
onde Mi\" é o peso molecular do gás. (Demonstre esta equação a partir da
lei dos gases ideais).
Substituindo (8.39) em (8.37) e integrando, obtém-se:

(8.4D)

As expressões (8.38) e (8.:1-0) são as formas mais comuns da equação


de Bernoulli.

8.2.4 Avaliação das perdas por fricção

Para aplicação prática das equações (8.38) e (8.4.0), torna-se necessário


desenvolver métodos de estimativa das perdas por fricção, Et' nas várias
partes de um sistema por onde o fluido escoa.
Logicamente, as perdas por fricção poderiam ser determinadas,
experimentalmente, medindo-se todas as outras grandezas que aparecem
nas equações (8.38) ou (8.40), e deixando apenas o seu valor como incógnita
nas equações. En tretan to, o que normalmen te se procUl;a fazer é estimar
Ef a partir das características do sistema e usar as expre~sões precedentes
para determinar uma outra quantidade, tal como o trabalho necessário para ,

bombear o fluido a uma dada velocidade ao longo da tubulação. Esse item é,


então, dedicado à avaliação das perdas por fricção que ocorrem nas diversas
partes de um sistema, onde ocorre escoamento de um fluído.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
237
, Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

8.2.4.1 Perdas por fricção em dutos retos

Será considerado inicialmente o caso de um fluído de densidade


constante escoando a uma dada velocidade em um duto horizontal, conforme
mostrado na Figura 8.5.

Pressão PI Pressâo P2

: . D
• ------r-----------------------------------------r---------- ---

Figura 8.5 - Fluido escoando


em um duto horizontal com L
seção transversal constante.

Assumindo que o fluído escoa devido a lima diferença de pressão,


pode-se estabelecer através do balanço de forças que:

onde:
• FI" é a f()rça de atrito entre o fluído e a parede do cluto;
• a diferença de pressão entre os pontos 1 e 2 (o fluido escoa do ponto
PI - P 2 , 1
para o ponto 2); e
• A, a área da seção transversal cio cluto.
A equação é estabelecida considerando que quando o fluído escoa com
velocidade constante, o somatório de forças atuando sobre ele é nulo.
Aplicando-se agora um balanço de energia para o fluído escoando no
sistema visto na Figura 8.5, ohtém-se:
P2 - PI + Er = O (8.'1.2)
P
Para se chegar à essa equação, considerou-se que o duto tem seção
transversal constante (assim VI = V2 ), está na posição horizontal (ZI == Z.)
e que não há equipamentos para bombeamento do fluido entre os pontos 1
e ';2 (M'* == o).

238 Fenômenos de Transporte


Combinando as equações (8.4.1) e (8/k2), tem-se:
F" (8.4.3)
Er = pA
Do Capítulo 7, tem-se que a força de atrito entre o fluido e as paredes
do duto pode ser expressa através da seguinte equação:
I.

1 - ' ) t'
(7.26)
Fk=(rrOL)(-py-
2
Para um duto de seção transversal circular, tem-se:
D1 (8.44)
A=rr -
4
Combinando-se as equações (8.4.3), (7.26) e (8.44), pode-se obter uma
expressão para estimativa das perdas de energia por fricção em seções retas
de tubula~;ües:
1 -
Er = (rr D L)( 2 P y2) f = 2 f (~) Y2
2
0 D
prr -
4
(Demonstre que uma equação idêntica à expressão anterior seria obtida se
fosse considerado um duto vertical).
A equação (8.45) pode também ser usada para dutos não circulares,
bastando substituir o diâmetro D pelo diftmetro hidráulico equivalente,
definido pela equação (7.43) .

•. Exemplo
~.; i " .. ' . I
. " ' .: :
li. Um v~ntilador sopra a~ ao longo de um duto >tétangular c6~ ii:
ti ~s':s~guin te~ ,dimensões: ,seç~: o,~o ,m x 0,30. Ill\5,~Kl1lP!!~e~ t~t~",~!
~i50.',O TIL O a~.ei1tr~ a ~woC e 7Fo.~T Hg de preSSã?::'ll~y~~~~,de ~rr~:?:I::
fpongo da tubulação, é: 0,5 mSls, ;~~~siderard~t,o ~idr~~li~a~ent~~~1~f:1l~
I. (rugosidade = o) e na posição: horizontal. Qual devesera:potênciado l!i
• I ! ,". '}'!':~: '. .
: . , . ' -,! i.:_ :,'" -.: ",:~,~ >'q'. '?',''/., ':'),:

; ventilador para obter a vazão dtada;~:considerando que na:saídao ares"fá ir;


" '.' i ',. '1" .. " I .,.. ,!,
i na mesma temperatura e press,ão,da;entrada? !. :(
.' ,":" t'. . ':. !.!:'
;:. SoJuçqo" ,.e . 'r: ' . ';, ~i,
. O sistema sendo analis~do é visto esquematicamfnte na' figura a::
segUIr: .

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
239
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

50 m ·1
I~
1

---
---
2

ar
-----
J

-
~

\
:~;jl ;:,
Nesse casojapesar de se estar s(?pran4~ um gás, como a temperatura
:' ~ 'a pressão nãôl variam, pode-se considerar a forma da equação de
,hernoulli aplica1,a a um fluido incompressfvel. Tem-se:

i,
<, . . j '. j

.!! i P'~ Pr + g (Z, -Zr)+ (2v i ~~J + M' + Er ~ O


';
Como as pressões são as mesmas nos pontos 1 e 2, tem-se que:
P2 =P1 :
Por se trat'ar de um conduto horizOl~tal, tem-se:
Z2= Zl '

O ventilad9r capta o ar que está em repouso, logo:


V 1 =0,

Com e~sas, considerações, a equação de Bernoulli fica reduzida a: '

"
i .•
!
v
(2 iJ +M'
'
Para determinar M* resta, então, avaliar a velocidade no ponto
+Ef~O
'

t~ e:E( ,:
I' "
f'", , Para calcular a velocidade no ponto, 2 e Ef,é necessário conhecer j

l ", • " .' • .• . - , ' '


r a densidade doar, a área da seção transversal do duto e o número de .
f'~~yriolds'para e~se escoamento.! I , ' ,
i:;' .í:
,A den~idaliedo arpode ser calcuJa~á através da seguir te relação:
. " ' . ' . l " PMI : '
(>;i" .;
'~i\."(:.
,iP~ R
"" ,'.' I '
t :
iI :*e,ndo:
," t ' :

'F Hg ~ 0,9868 alm "' 0,9818 , J01.330 Pa = 9~,992,44 Pa


it
P ~ 750,
" , ' , • i '

{':!,,~,': ; T:= 20 +r273 = 293 K ':!, t: ;


t.11
t r: ' ~I '• i 1
MM == O,q2884 kg/moI (considerando!21 % de 02 e 79% de N 2 )
, Ir ' R == 8,31'~/mo1.K I

, I~'

240 Fenômenos de Transporto

.
L
Substituindo valores, obtém-se:
= P MM = 99.992,44. 0,02884 ~1 1844 ~ / 3
P R T : 8,3 L 293 ' gm
~ .. ,

'A área da seção transversal do~~uto é:


: ' ',' ,', 2
A = 0,2 . 0,3 = 0,06 m

. Assim, a velocidade no ponto 2: é:


=Q ='_::'0,_5 = 8 33 mls
V2 A ,006, '
d "'\O '. ' ' ;; ....

Para determinar o número de Reynolds, ainda é necessário conhecer" :


a viscosidade do ar e o diâmetro hidráulico equivalenteda tubulação." '
,:' "' , . ~~ . 1'"

A viscosidade do ar nessa temperatura é:


'"

~ F 1,8 . 10-5 kg/m.s


. [Relembre o cálculo de viscosidade de gases no Capítulo 4 ;..
Equação (4<.1 o)]. ;
~. ' f. .~ ' " .
O diâmetro hidráulico equivalénte é calculado atrayés da seguinte,
i '

Dh
= 2 . 0,2'. 0,3 = 24 m
;(0,2 + 0,3) ,
° I, I

!
. ,,,~;' , ' , ," II,.; .' " ,
Com esses valores, pode-~e calcular o número de Reynolds: '
, - I ;', I ..,' ,
Re= Dh' V2 • P ~! 0,24 :8,33. 1,1844 =131.~4736
~ i I , 18 . 10-5
, 'I:' '
" I
J~"~ ,;" " " :. ,.."
: ' Como a tubulação é hidl~auliqlÍnente lisa, pode-s~:deteríninar O':
'fatorde fricção a partir da seg~inte' equação, usando E'= .€>:,::;" ":\

',q , _1_' = -3 610g [' (' E;Ó:~l,il, + 6,9J. f='OO~;;'


" Jf" 3,7$)' Re, ~ , t'''"
:\ ,
" 1 -,

~4, ! 1 y
' -~,I f~
-', Assim, as perdas por fricção são dadas por! '

Ef = 2 f(~)
'Oh
V 2 =2 .~,004~~.(~)'
,"~; 0,24,
2
.(8,33)2= 121,77'rn /s
'.. " ,
2

:l-' .

Voltando à equação de Bernoulli e transpondo termos, obtém-se:


I V.,
- 2 )
!fi o,"

M =-2
( ~2 - Ef

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 241
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Como o fluxo é altamente turbulento (Re» 2.100), ~.) = I, logo:


IV!' ~ _[ (;~; 2] -112,757 ~ -156,46 \TI'/s'
,
. i":;O valor de M~é negativo, pois ele representa o trabalho feito pelo
qFÍ<~Qsobre o siste~na.:Nesse caso é o ~~stem~ (ventilador) que realiza o
. trabalho sobre o fluído. . li
::.~;\~L';"ij;, · : , : h · . "~"
I.

. i, .
•;:~t~i::,'ff:::E,,~mpp~t~~tt)~~brar queM*::~epre~enta o trabalho feito p~lo
~fll1{~~PS~P?f~?l$?~$ de,~assa dofl~do ser do transportado, Logo:
':'lh(i';':" .' ,1M [= I M I Q p = 147,45.0,5:.1,1844 = 92,66 W
:. !Xl"t~n: ~~'té) : i i ;;'~l .. ;' .';~: :
,: J~~r"~X:\Usandoo fator de conversão (vejaCapítulo 3 - Tabela 3.2), obtém-se:

i;[~tff " I I . IM I ~ ~~~~ ~ O,!24 hp


'II I

8.2.4.2 Perdas por fricção em expansões e contrações

As perdas por fricção associadas à presença de expansões ou


contrações ao longo das tllbllla~~ôes são, normalmente, calculadas através
de correlaçôes empíricas, usando um parâmetro denominado ü1tor de perCla
por fricção, ef .
Essas perdas são estimadas através da seguinte relação:

1 - 2 (8.4<6)
Er = '2 er V
o parâmetro e
é determinado através de correlações experimentais,
f
que expressam o seu valor em função do tipo de expansão ou contração
(repentina ou gradual), da relação das áreas antes e após a contração/
expansão e do valor do número de Reynolds.

• Contrações
A Figura 8.6 mostra eSf)uematicamcnte uma contração repentina em
uma tubulação.
1

--- ~I 2
~

Figura 8.6 - Vista


------ AI
-----

esquemática de um COlltração
contração.

I
242 Fenômenos de Transporte
Para o caso de contrações repentinas (como a que é vista na Figura 0.6)
e regime altamente turbulento, o valor do fator de perda por fricção pode
ser avaliado através da seguinte equação:
er = 0,45 (l - a)

onde a é definido pela seguinte expressão:


a = área da menor seção transversal da tubulação (8.4.8)
área da maior seção transversal da tubulação
Quando se usa a equação (8.4<7) para previsão do ültor de perda por
fi"icção, a velocidade que aparece na equação (8.1.6) deve ser estimada usando
a área da seção após a contração (menor área).
Para o caso de contrações, além da relaçüo de úreas expressa através
do parâmetro a, o acabamento dado à região de transição da maior para a
menor seção, também, vai atetar o valor do tàtor de perda por fricção. Este
efeito é visto na Figura 8.7 .

••

Figura 8.7 - Correção dos


valores de e, em função do
acabamento da contração
(GEIGER e POIRIER, 1973).1

Como se vê na Figura 8.7, o arredondamento da região de entrada


da contração faz que o fator de perda por fricção seja 1/3 daquele previsto
ÀS
c,1 para quinas vivas - equação (8.'1.7).
Em outros textos (GASl'í.ELL, 1992; WHITE, 1979)':1,1 existem mais
correlações para previsão dos valores de e f em diversas configurações de
contração e para diversos números de Reynolds.

243
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
i,'

Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

• ExjJansões
Para uma expansão repentina e em escoamento altamente turbulento,
o fator de perda por fricção pode ser estimado a partir da seguinte
correlação:
(8.4,9)
er = (1 - ai
Quando se usa essa equação para avaliação do fator de perda por
fricção, a velocidade que aparece na equação (R.'H1) deve ser estimada usando
a área da seção antes da expansão (menor área).
Os valores de e , no caso de expansões, se aplicam igualmente bem a
1'
todos os tipos de acabamentos dados na região de transição da menor para
a maior seção (exceto para expansões graduais, como será visto a seguir),
uma vez que a formação de vórtices depois das expansões não se altera se
as quinas são ou não arredondadas.
Para escoamento através de expansües graduais, as perdas por fl'icção
são significativamente reduzidas, devido à eliminação de vórtices. Resultados
experimentais mostram que, para esse caso, e1' é função do ângulo de abertura
e da relação das áreas A/ A~, como se vê na Figura 8.S.

1,0 -----.Qb_____::J[_0___A_l_~6
AI
0,9
0.8
0.7

ai-
0.6
0.5
DA
0,3
0,2
0,1

Figura 8.8 - Valores de O


0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
fator de perda por fricção O

para expansões graduais A


= relação: área menor/área maior
_I
e escoamento turbulento A.
L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ . ___ ._______
(GEIGER 8 POIRIER. 1973).1

244 Fenômenos de Transporte


8.2.4.3 Perdas por fricção em válvulas e conexões

Para avaliar as perdas por tl'icção para cscoamento através de válvulas


c conexõcs, utiliza-sc a técnica do comprimento equivalente. As perdas por
ji'ic~:ão são dadas pela seguin te rclação:

Er = 2. (L)
j' O -V 2
(8.50)

onde:
I

• f é o btor de tl'icção avaliado para UIll número dc Reynolds


, de um tubo
com o mesmo difllllctro da vál"ula ou da conexão; e
• Le' o comprimento equivalente da válvula ou conexão. t o comprimento
do tubo (de mesmo diümctro da conexão ou ,'ál\'ula) que causaria a mesma
perda por ldcção provocada pela válvula ou conexão.
Éinteress<lnte observar que a equação (B.jO) é similar à expressão
(1".,1 ..0), usada para prever perdas por fricção em seçües retas de tubulações.

Os valores da relação L/D para alguns tipos de conexão e ,'álvulas


~ão f()rnccidos na Tabela 8. J.

Os dados Jllostrados n<l Tabela ~. I são ,,{!lidos para escoamento


turbulcn to.
Desse modo, quando sc tem no mesmo sistema várias válntlas e
concxões, os comprimentos equivalentes (L/D) de todas elas são somados
e a equação (8.jO) é utilizada para obter as perdas por fl'jcção.
.. ..., H." , ~. ~f,..., ~ ,~ - " ..... ~. .. .... :1>";;.] "'"':~ ... ".. 7 ~. , ~<
.' ' , Corneoneryté r :' .. , - • " :. _ "L /D .", '
, "" _ ". \ '. ' ~ e
, ' '

Tabela 8,1 - Relação La/0


para alguns tipos de válvulas
econexões (GEIGER e
POIRIER. 1973),1

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
245
I Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicos

~xemplo
;.. ,1;" •

':"\i.. Qual é'~ pot~ncia necessária par~'bomJear ~ água atravé~ do sistema


'rri~sfrado na figU~l a seguir? Água (p= l.odo kg/m 3 e ~ = 1 cP) deve ser
d~scarreiada i1od~que superior cOln'tma v~zão de 6 x 10-: m:l/s. Toda a 1

" J •.. I· .• "( I


;r~pu.~ação. tem diâ~etro interno de 1Ü,} 6 cm; (4, polegadas). A rugosidade
da tubulação é 0,1 !mm. i .
!: I '
Joelho de 90° Joelho de 90°
raio padrão raio padrão

24,384 m 112,192 m
2
36,576 m

Bomba 91.44 m \-

Q Joelho de 90°
raio padrão .. -
1,524 m
, . 1
l' .
~

. '
0,1 m ., .'
I ....
Caixa d'água " ".

Z2 - ZI = (1,524 + 36,576 - 12,192) = 25,908 m

246 Fenômenos de Transporte


Para se calcular a variação de energia cinética e as perdas por '
fricção, deve-se determinar as velocidades nos pontos 1 e l 2 e aolongo da
tubulação. Para tal, usa-se a Vâ~ão fo~necida. O balanço ilobal de mas~a
estabelece que: i i
- :. - - I
AI PI VI =:A2 P2 'V2 = Aduto Pduto Vdutoi

Como a densidade da ág\laé constante, tem-se: I


- !
Q = A 1 VI = A 2 V 2 = Aduto V duto
: I ' '

As seções transversais no pon{o 2 e ao longo da t~bulação são ás! ." ' ·10

mesmas;'logo as velocidades da. água nestas .


duas regiões:
. I
serão iguais. í I

Considerando também que a área .


do .reservatório (pontoiI·l)é. bem maior; . ,
que a do ponto 2 (saída da tubtilação),
"
pode-se, para efeito
I
de estimativa'
da variação de energia cinética, assumir que: '

sendo, portanto, desprezível.


Usando o diâmetro da tubulação, pode-se calcular a,área no ponto 2
e ao longo do duto:

D~uto (0.1016)2 = 00081 '2


A'2 = Adulo = 1t ~ = 1t 4 ' i m
!

Logo, as velocidades ao longo


,
da tubulação e no ponto
I
2 são:
I , i
!
- --L Q
V2 = Vduto = . - - = 0,74 ruis '1

I !
I"'
,. ~AdUIO ,I' .
Deve-se agora determin~r o valor de
• I . ,•
P2'
Isto é feito avaliando-se
~
o número de Reynolds no pont<»'2,.para
.
saber se o escoamento
I ,
é laminar
ou turbulento. Tem-se: i' .! I' .
1 . ' 'I '
.' Re = Dduto V2 R = 0,1?16. 0,74 .1.000 = 175.184
,
II
/'"'",
"., O 00 I :
' 1
I, , i
Como Re > 2.100, o esco~ment~ é turbulento e P é, !então, igual â 'I.
• I 21
. ',' . .
' l' I . - d . , I, •
Po de-se agora ava Iar a vanaçao a energIa cll~etlca entre 6s .
I

pontos 1 e 2:, . ,. !
l·:'·

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
247
f
I
II, Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas
i
1
, Para se detenninar a potência da bomba, é, ainda, necessário estimar

I as perdas de energia por fricção entre os poútos, 1 e 2. Ao longo do trajeto

I,
!
Ientre estes dois pontos, têm-se perdás associadas à:
i ,
, • contração na entrada do duto que ~stá nb interior do reservatório;
I '

1 ,I ' '
i ,. fricção ao longo das seções retas de tubulação; e
I I , I

I: ii. fricção nos tr~s joelhos de 90°.


li I
, . :;a) Perda associada à contração i
~i f I

'I) Conformei visto, esta perda ~é estimada a partir doa seguinte


II
~quação: I
'II
'ii 1 ":-2
, ," E r == "2 ef y duto
:, I i
sendo que, para contrações repentinas, e f é dado por:
t , !
er == 0,45 (1 ~ a)

Para a configuração sendo estudada:


azO

, Con'siderando a configuração da região onde o tluido entr<!..D~


; duto, deve-se introduzir a correção no valor de e t, conforme indicado na
; Figura 8.6. Tem-se, então, que:
er == 0,45 . (1 - O) . 2 == 0,90

Logo, as perdas pela contração são: .


, 1 -2 l' 2 2 2
~f == "2 er V duto == "2 (0,9) (0,74) == 0,246 m Is
I I
I , i "
I:) b) Perda associ'ada às seções retas' ;
t ";)" .' i >1 < (
: :: As perdas [em seções retas são avali~das pela equação:

I. i Er = 2 f(k) V d~to
I " Ddut?

: I 'I.
,i Inicialmente, avalia-se o fator de fricção para o escoamento dentro
da tu bulação.: I i '

~ 'il
li I
O fator delfl-icção écalculado pela seguinte equação:
, 1: 'I I

,i I _1_ = -3 610g [(E D)I.11 + 6,9]


I;,

! ..ff' 3;7 , Re

248 Fenómenos de Transporte


'1
Substituindo valores: ;1

]r ~ -3,6 log [( (0,000l~:;0,iOI6))''' + 756;84] i,', f~ 0,0056' i!


:; !... í;
D comprimento total das seções retas é : ! ;t
L =0,1 + 1,524 + 91,44 + 36,576 + 24,384 + 12,192 =1 166,216 m .

As perdas nas seções retas são, então:

Ef
= 2f (~J -2
Y <lulO
= 2 (O 0056) (166,216J (O
' 1 16 ' °° 74)~ = 10034
, 01
2/ 2
S
Ddmo ' .

c) Perdas nos joelhos de 90"


As perdas por fricção em conexões são determinadas através da
seguinte relação:
.
E,,=2 f ( -Le- Y dulO
2 J-
. D dulo
Considerando três joelhos de raio padrão, tem-se::

(~) =31
Yd~1l0 ~ (0,0~56) (3) (31) (0,74)2 ~ 0,570m /s
e
Ef = 2f (Lo)
D
=
!., I
2 2
'
.
:;
:1
• i:? ' 1· ' . :l!
De posse dos valores det~rminados, pode-se retorparà equação de li'
Bernoulli, para avaliação da p~tência: da bomba. Tem-sef . ';'

P2-P, + (z JZ)+('·Y22 _ YI2J+M.1E


g 2:1 2 A 2 A i f
~ i
P I 1-'2 1-'1 1
i i
0+ 9,8 (25,908) + 0,274 + M* + (0,246 + 10,03:4 + 0,570)
. : I
l -
!
M " = -265,0201-?/ S 2
O valor negativo de M* deve-se ao fato de o fluído estar recebendo
trabalho da bomba e não real ii ando trabalho sobre ela.
A potência da bomba pode ser determinada multiplicando o valor
precedente pela vazão de massa de água na tubulação. Tem-se:
Potência da bomba = IM"I Q p = 265,02 . 6 . 10-3 • 1.000 =
1.590,12 W = 2,13 hp

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
249
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicos

. Este valor depende basicamente do tipo e do projeto do equipamento


sendo usado e de suas condições de operação:A potência da bomba deve
ser maior que o valor acima, devido às perdas que ocorrem no seu
~ .
interior.
. .

Estas perdas são normalmente incorporadas no cálculo assumindo uma


eficiência da bomba. Este valor depende basicÇl.mente do tipo e do projeto
do' equipamento se:pdo usado. Para um'a eficiência de 50%, ter-se-ia:

I • i Potência da bomba = 2,13 = 4,16 hp


: ." : . (50/100)

8.3 Escoamento em Panelas e Distribuidores

Em várias situações de interesse prático, o metal contido em panelas


e distribuidores é v~zado destes recipientes para lingoteiras ou moldes,
onde são solidificados. Nesses casos, torna-se relevante obter relações que
permitam determinar a taxa de vazamento do metal, em função do seu nível
dentro do recipiente que o contém. A equação de Bernoulli permite fazer o
estudo destes sistemas, de maneira a estabelecer as relações citadas.
I nicialmente será estudado o caso de uma panela cilíndrica, sendo
vazada através de um orifício no seu fundo.

8.3.1 Vazamento de uma panela

A configuração do sistema em estudo é vista na Figura 8.9 .


.....
.~.}

>~~ Atmosfera
.~2·:\:1----r------------t

Panela
Diâmetro: DpaneaI

Atmosfera
Figura 8.9 - Vista
Orifício
esquemático de uma panela Diâmetro: O .
contendo metal. - - _ . _..._--~~~------------'
,
!
250 Fenômenos de Transporte
Para se estabelecer uma equação relacionando a velocidade do metal
no orifício de vazamento com a altura de metal na panela, pode-se aplicar
a equação de Bernoulli aos pontos 1 e '2, contórme mostrado na figura.
Como se trata de um tluido incompressível, a equação de Bernoulli fica na
seguinte fórma:

P2 - PI
~_--.:.
p
+ g (Z,-Zl) + ( ---
-
2
Vo - -
2 ~2
Vil J'
- + M + Er
2 ~I
= O
(8.38)

Para os pontos escolhidos para o balanço, tem-se:

P 2 == PI == Pntllloslcrica (8.51 )

Z2 - Z I =-h (8.52)

Para se calcular a variação de enero·ia


b
cinética " deve-se relacionar as
velocidades nos pontos 1 e 2. Para tal, pode-se estabelecer um balanço de
massa entre os pontos 1 e '2. Tem-se:
(8.53)

Como a densidade do metal é constante, tem-se:

As seções transversais nos pontos 1 e 2 são él\'aliadas através das


seguin tes eq uações:
(8.55)

,
A? = 1t D~rilicio (8.56)
- 4
Substituindo as relações acima na equação (8.54.), obtém-se:
1

D~rilkio (8.57)
VI = 2 V2
O panela

Como o diâmetro do orifício é bem menor que o da panela, pode-se


afirmar que:
VI « « V 2 (8.58)

Dessa forma, a variação de energia cinética entre os pontos 1 e 2 pode


ser estimada através da seguinte expressão:
(8.59)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
251.
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Para o sistema em análise, não há equipamentos para bombeamento


do fluído, logo:
M*=O (R60)
Resta agora avaliar as perdas por fl'icção entre os pontos J e 2. Estas
perdas estão associadas a:
• fricção em seção reta no interior da panela; e
• fricção devido à contraçiio na entrada do orifício.
A perda por tJ'jcção na seção reta no interior da panela pode ser
avaliada através da seguinte equação:

Ef = 2 [panela
( -h-
Opancla
J-2 VI
(8.61)

Jú a perda por ti·ic\,él0 na ('ontrél\~ão é avaliada atra\Ol'S da seguinte


expressão:
1 -? (8.62)
Er = "2 ef V;
Para contração, o fato r de perda por fric(,'ão é dado por:
(R.6~~)
Cr = 0,45 (1 -ex)
onde:
área da seção transversal do orifício (8.6+)
ex= .
área da seção transversal da panela

Para a situação em estudo:

ex "" °
Considerando que a contração não possui nenhum acahamento
(8.65)

especial na região de entrada, tem-se:


er = 0,45 . (1 - O) = 0,45 (8.66)
Assim, as perdas por fricção são dadas por:

Er = 2 [panela
( --
h J -2
VI + -I (0,45) -V 22
(8.67)
D panc1a 2
Como visto, a velocidade no ponto 1 é bem menor que a velocidade
no ponto 2. Dessa forma, o termo associado às perdas no interior da panela
pode ser desprezado, quando comparado com a perda devido à contração.
Voltando à equação de Bernoulli, incorporando as moaliações, tem-se:

g (-h)
-)
Y7- J
(- +-
+ -
I _.
(0.45) V; = O
(S.oS)
~ :2 ~:' 2 -

1
252 Fenômenos de Transporte
Rearralljando termos, pode-se obter uma eq uaçüo para a velocidade
do metal na saída da panela:

V =
- b
')al
1
1 )1 -o
(8.69)
2 ( ' ~2 + 0,45

I'
. ! A equaçüo (8.09) é COl11umente escrita na seguinte forma:
I
.... (8.70)
.~ V 2 = CD (2 g h)2
onde CD é denominando coeficiente de descarga e é avaliado por:
i

I).!. 2
(8.71)
C =
D ( 1
~2 + 0,45

É interessante observar que, considerando escoamento turbulento na


saída da panela (~:! = 1) e desprezando as perdas por fl-icção, o valor de CD
se torna unitário e tem-se, então, a máxima velocidade do metal no orifício,
que é dada por:
I
(8.72)
V 2 = (2 g h)2

"
O",
: Exemplo

Adapte a equação (8.70) para a situação mostrada na figura a seguir,.


.onde se tem um duto refi-atárjo acoplaélo ao orifício da panela. Nesse duto,
; foi colocada uma válvula gaveta, cuja'abertura pode ser ~odificada.
Atmosfera
Panela Metal
Diâmetro: D
~ane
I
a h

'----_ _-.-lI h------'

Válvula gaveta ~l
Ldllto

Diâmetro: ~ -
D 2
dulO

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 253.
, Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas,

,S~lução
, 'i. I
,
;, !:
;;
Para se estabelecer uma relação para: avaliação da velocidade do
I

metal na saída da panela, aplica-se novamente a equação de Bernoulli, mas


a~?ra
i, ..r "'._
com os pont?s i '
1 e 2 selecionados, conforme indicação na figura. A
mudança
t",," c,
na localização
"
do ponto 2 é feita por conveniência, pois se fosse
rP~~t:ída a s~a localização na saída da panela, não seria possível assumir
().su~,pressão
,; :,', i ' '",'
como I
igual 'à pressãoa:tmosférica.
"
Usando a localização
Ln~strada ,na figura; pode-se novamen'te assumir que:
:1~ r'

P2 = PI = P atmosférica
• ~ t

, ô'nde:
:L~ut:,é
;. -
O comprimento do duto refratário acoplado à panela.
" ,.'
, Para se calcular a variação de energia cinética, deve-se relacionar
}.,

a's', velocid~des nos pontos 1 e 2. Para,'tal, desenvolve-se um balanço de


'~ass~-'entreos pontos 1 e 2.Já considerando uma densidade constante
i)ai-aü metàl, tem~se:<
',.' ., !

'\
i A1V 1 = A2 '~h
1 ' : '
, ~: As seções thnsversais nos pontos 1 e 2 são avaliadas através das
"ii

;:,,!;'. ' , i
."s~g\1mtes equaçoes:
N : •

!
2 i.
Dpan'cla
AI =;1t' ---;-:-
,.,:' ,
~; 41
~"
'l,'!J
'D 2duto
!
A2 = 1t
'~!,.l.'
--;--

·'êft ,Substitúindf as relações na eqll~i;ão d~ balanço de massa; obtém-se:'


,:ji .,;! ::b~uto i
",i' I" VI=:'-D2 :V 2
i ',i panela
" " .! ' ,..
Como o diâ~netro do duto é bem menor que o da panela; a vanação,
I .

de energia cinética entre os pontos l' e2 pode ser estimada através da


se~_~ir1t:e expressão: '
V J ""
2
_v; __ 2
1 _V2
( 2 ~2 2 ~I 2 ~2

254 Fenômenos de Transporte


.
I
'.

l' , ,·'·Para o sistema em anúlise, não há equipamentos para bombeamento,


I'.. I

/,do fluído, logo: " .;~* = O '!.: .,:: .

_ ii;
!', ' 'Para o caso em análise, fS pe~as por fricção est~r associadas a:, i i
t
••.•••• ..•••..•
' fricção el;n seçãoreta no intFrior df panela; 'II. i:
;,
1i fricção devido à contração qa entr:,tda do orificio;l· . ; ' Ii;
f:;.· refr~tário; e
,friCÇão na seção :eta do dutp r
l '.', !r:
~ , ., ."fricção devido à válvula ga~eta. ..;'. I· ", '!i,;
A perda por fricção na ~eção i:eta no interior da ~anela é avaliada:l'
atràvés da seguinte equação: ... I .
i

it
Er
.
~ 2 fp~e'a (-h-J'
Dpm.
.
YI2
~ ..
'1 . Já a perda por fricção na contr'ação é avaliada através da seguinte
'. expressão: .. 1 -2
Er="2 efV2

Para contração, o fator de perda por fricção é dado por:


e.r=0,45(1-a)

onde:
área da seção transversal do duto .
a=
área da seção transversal da panela
Para a situação em estudo:
a "'" O
Considerando, ainda, que a contração não poSSUI nenhum:
.: acabamento especial na região. de entrada, tem-se: ."
" i .~.:"
I"
t-
;]

er ~ 0,45'.(1- O) = 0,45
, i j.i:
: . • . ti.

A perda por fricção na seção reta no interior do duto é dada por: !I!
i· ,;;: .' I· . , :?:\f
.
! 2'
(Lduto
Er:= fduto -.- V 22
Y J- .'
,[.
I
'11:'I
.,••

. 'i' Dduto' I.·


..; . i· , , :1q
A perda na válvula gaveb é es'timada através de: '1, ;i
, = :
I (:..)
. Le -2
·'1' ir
i
Er 2 fduto , ,V 2 I I!'
, D válvula gaveta I ii

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 255
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

I' '
onqé, o valor do par~metro L/D depende da abertura da válvula .
,1]

• 'ii'.' i ,I .
: i Assim, as perdas totais por fricção são dadas por:

':i'11
, I'
E) i
= 2f "",. (_h_J V+ :í
Dpancla
2
1
2
(0,45) V: +
'>ii, I : i
;:. i: 2 fi ( LdutO) - 2 + 2 'f ( Lc ) - 22
':' duto V2 duto V
,,~;, ,:: : D duto .' D válvula gaveta
r:~,' ~~ -.~'"
,:.'W:!i~:;~~?mO visto,~cima, a velocidad~tno p~nto 1 é bem menor que a
I 'oe:. j

"v~IS>~;~i?~de no ponto: 2., Dessa forma, o t~rmo a~sociado à perda no interior


d~::péll}ela pode ser desprezado em relação às'demais perdas. Voltando à
ti ~r,:~ ..,' ~

égl!aç;íode
: I· \,
Bernoulli, incorporando as'. 'avaliações feitas, tem-se:

l;j"~~';'"
;., '
-g C'h +
' .
L,"" )+ (V2 ~2.)'.~+ ~2 (0,45)
22
'
V: +
; ,
. . ,:. "(Ldut (Le)
O )
2 fduto. - - V 2 + 2 fduto ---'
-2::; V2 = O
-2
. .:' Dduto . ,. D \' ál"ula gaveta
. ::,,:.
'<

Rearranjando termos, pode-se obter uma equação para a velocidade "


do metal na ~aídaéla panela: ".'
-2
l','

V 2 =i+045+4f
A.,' dllto
(L~u'.to)',
D'····
+4!. f (Lc)
dllto - i
..
:. '";\
P2 I ,
. " .:
duto, D válvula gaveta
;:;; ,e.; ..•. ,." :1 ' , ".,: i .
i .j;:i't.~ ~ificlildi<jtllue surge para o U,S? ~es~a equação para avfiiação da;
,iy,'il~if!;~~f~~;~;(d~!g~ P3l1~la, está~ss~~ia?atao fato de o fator de fricção i
:.[g~t,~~~rd~E,~Q;:IW~II1erode Reyng~~~":Hu,e, por sua vez, d~pende d~i~
n\vel()qg.,ª(;l~, de.sa.I~,aJdo ,metal. Dessa forma, para se avalIar a velocldaden
it~,)~!dá.;i~i;Qgri~~~r (,V mas para~vai}at, este parâmetroprecisa~ss!
~~~~~f.:~ ;\rel9,~,\~~.eE~t~ dificuJa~~J ê.~~ntornada }'tiliza~do-se u~:~
i!!m~F<?il\í.ii~rativo.. tl',esse ní~todo, part'f,sede !um valor inicial de f,;,o' (que).
~::tãb~'~ôá~to}pói~l~ãose conhecea v~loéÍda~e do metal) e determina.:.se:::
~'?tJi~6idade~rEstalvelocidade
l
" é tamblm;aIJrloximada, pois foi ca1culada%\
,~;':'.!t \;:>'.~"J ;',;;:~
u,~al,\aq:,t~m>aloriiI1correto
',. '
parao;[a~,or de
',,1'(' i
fricção. Com essa nova,~
~ ! .

".;,,:,~,~
'yelo~idade, calcula1se o número de Re~nolds;e um valor atualiz~do para °i
.., ',', . , ", ' .,." " I . : ' ,. :"

fatorde fi-icção. Com este valor, reinicia:...se o processo, executando-se mais ':,' ,

lima iteração. Usualmente. c~tc processo iterativo COll\'Crge c os valores

256 Fenômenos de Transporte


r"
.,J
!

I
, de'velocidade e de tàtor de fficção começam a se repetir após sucessivas ;;1
iterações. Um exemplo de ap~i~açã~ deste método é aplresentado a segll~r.l
"

"

Para tal, sei rão usados os se ull1tes dados:


9 I 'ii,;'
I ' ,

• altura de aço na panela, h iI = :3 m; I :,'


! . : .
I

• comprimento do duto, Lduito = 1 n~;


, i ;
• rugosidade do duto, Ed \lto == 0,0002 m;
1
I
,j
• diâmetro do duto, DI(uto = 0,075 m; e i

,I
• válvula gaveta metade ab~rta, (L/D) = 190.
Considerando que o fllJido é o aço l.íquido, tem-se:
I
• densidade, p = 7.000 kg/m~; e
I
• viscosidade, ~l = 0,007 Pa.s.
Substituindo dados na equação para a velocidade, tem-se:

-2
2 . 9,8 . (3 + I)
V=
2
~+ 0,45
!-lo
-
+ (_1_)+4 fd
uto 0075
,
4 fd
uto
(190)
(A)

o t~ltor
de fricção é estimado através da seguinte expressão
(assumindo escoamento turbulento):

-- =
I .
-3,6.1og êduto /DdutO)1.11 + _~ô--:,9=--_
.Jf duto
(
3,7 D du;o V 2 P I '

1J..l

i I
Substituindo dados: ':!' I
I
i I
, I

_1_ = -3 6log
I
0,0002/0,075
)1.11 + ~,9
I

.JfdU,O' ( · 3,7 (y
(0,075) 2)( 7.000)
0,007
lnicia-:se o processo iterativo com um valor drbitrário de fJ um'. .
, !

Assumindo esse valor como 0,005, e substituindo na equação para a :


velotidade - equação (A); tem-se: I

V 2 = 3,7698 m/s

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 257
" Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicos

,'~ubstituindo: ste valor na equação B, tem-se: " ',,-

\ . ,'"!"'- i'
i' f dulO ::: 0;006459 :'l' :

<~'., cálculos, executd~'-se' ' iteração. Repetindo-se


.. ~ ..

'''::fl':' ."' ~
<;/~t::~.~ela tab,ela, cpnstata-se que, ap6s:a qUflrta iteração, os valores de
t 'j' ." ",

,:.v~16cidade
',' ,', ,""
e fator de' fricção começam a repetir.
" ,I
Desse modo, a velocidade
"c~tr~t~:é3,41~6 m(;s. Uma outr~ form~de"r~~olver,o problema pode ser
;a~?,tad~;atraves do ;usode plamlhas eletromcas. Nesse caso, a equação
p~ll~a:'fdllt~ seria substituída na equação para a: velocidade e se buscaria o
z~fo da seguinte fU1~ÇãO:/ '
I
2
O", •

,\
2.9,8.(3+'1) =0
. :unção = V 2 ;~
~-,

_1 + O45 + 4
P2'
-(1')'-
ff{V2,),' 4 ~;-
dUl~;~ " 0,0,75
+ ff(V2)
dulo
(190)
,
• , i

. ". "i'; Logicamente, oresultado é idêntico ao obtido através dó 'mét~do


• ' . í I

IteratIVO.
,

.. ~. -,!"." ...,

E~emplo
(f" \
~ .,;~~~;;. , . ,~., .,~,,;. '

:.'t;(\i}J(sari,do;'UIpaipJanilha" a~alise o.~.fe.ito ?a abertura da vál~ul~ e 'do.;


, - , . '

; 'cg~pqIIlento do d~to refra~arlO sobre a, vel09Idade do ~etal n~ Salda ;~a'


, p~ryela;.Construa g~áficos mostrando o~,resu~tados obtl~os.,· .'
_" ,:1 ~ !. " ., 1

,
I

8.3.2 Transferênda de metal do distribuidor para o molde


I
Nesse Ítem será estudado o processo de transferêncÍa de metal do
distribuidor para o molde de 1ingotamento contínuo. O sistema é visto na
Figura 8.10,

258 Fenômenos de Transporte

.
' '
y"f.:":; '; ".:'" ::~~- ::""~--."
0'0

Para a configuração mostrada na Figura 1).] 0, serú desenvolvida uma


expressão para determinação da vazão de aço entre os dois reatores, em
função da altura de aço no distribuidor e da posição de abertura da válvula
gaveta. Novamente, a equação de Bernoulli pode ser utilizada para obter
esta expressão.

, h
Atmosfera

Aço líquido F
Distribuidor
Figura 8.10 - Vista
esquemática do sistema de
transferência de metal do

\{ ~ distribuidor para omolde de


~ ~ \"',

fm if
lingotamento contínuo.
Válvula gaveta

Ddulo LlIulo
Atmosfera o

2
lp !: _L-

Molde
Aço líquido

Para a situação em anúlise, a equação de Bernoulli fica na seguinte


forma:

(8.73)

A escolha da localização dos pontos] e 2 deve ser feita considerando


que, ne'stes pontos, devem ser conhecidos os paràmetros que aparecem na
equação de Bernoulli, tais como, pressão, velocidade e altura em relação a
um dado plano de referência. Destes paràmetros, o que apresenta maior
dificuldade é a pressão. Nesse caso, a escolha mais conveniente é aquela
mostrada na Figura 8.] 0, com os pontos ] e 2 localizados nas superfícies
do metal no distribuidor e no molde, respectivamente.
Para estes pontos, tem-se que:
(8.74.)
P 2 == PI == Patlllosfc-rica

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 259
'. Balançás Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Para as posições relativas destes pontos, pode-se escrever a seguinte


equação:
(8.75)

Para calcular a variação de energia cinética e as perdas por fricção,


devem ser conhecidas as velocidades nas diversas regiões do sistema. A
relação entre estas velocidades é expressa pela equação abaixo (obtida através
de um balanço de massa):
I . A I PI V I = A 2 P2 V 2 = A <lu(O Pduto V du(o (8.76)

Como a densidade do metal é constante, tem-se:

AI VI = A2 V2 = Adu(o Vdu(o (8.77)


i.

I As seções transversais nos pontos 1,2 e no duto são avaliadas através


das seguintes equaçõe's:
(8.78)
A I = W dis( • T dis( :

(8.79)
A2 = W l110lde • Tl110ldc

- D:íu(tl
1
(8.80)
A du(o -1t -4-

onde:
• W,list' é a largura do distribuidor;
• T dist ' a espessura do distribuidor;
• W moII' a largura do molde; e
ll' LI

• TI'
mo1ce
a eSI)essura do molde.
Substituindo as relações (8.78) a (8.80) na equação (8.77), obtém-se:

2
1t D<lu(o (8.81 )
VI = 4 Vdu(o
W dis( T di,(

2
1t Dduto
V2= 4 Vdu(o
W molde T molde (8.82)

Para as dimensões usuais de distribuidores e moldes, pode-se escrever


que:
(8.83)
V 1 «« V dul0
(8.fH)
V2< < Vd\lt"

2nO
"

e- [\ onnm( PGO'
,.,.., iV, v ' v
rb
"".'
1;;;;;c;!Jn~:;.
...
,l .... - --

~.
ii;-.
Dessa forma, pode-se afirmar que os termos associados ú energia
cinética são pouco rele\"all tes, sendo v<Í 1ida a scgu in te aproxilll:I\'ão: fI

( -')
v v;
-'
2 ~2 2 ~I
1- - O (8.88)
t

Deve-se agora avaliar as perdas por fricção entre os pontos 1 e 2.


Estas perdas estão associadas à:
I
,f
• fricção na seção reta no interior do distribuidor;
• fricção devido à contração na entrada do orifício na saída do distribuidor; 'i
!
• fricção na seção reta do duto;
• fi'icção devido à dlvula ga\"eta;
.I!
• fl'icção devido à expansão na saída do duto e entrada do molde; e ~ :
• fi'icção na seção reta do molde.
As perdas por fricção nas seções retas são proporcionais ao quadrado ;
, I
, ,
da velocidade na seção eJII consideração (veja equação U"LG 1), por exemplo). :i
Como as velocidades 110 interior do distribuidor e do molde são pequenas I
I, 'i
: II
'I
I fi
(especialmente quando comparadas com a velocidade no duto), podem-se
desprezar as perdas relativas aos itens "a" e "f" listados. A seguir serão, I!
I f
então, avaliadas as perdas associadas aos itens de "b" a "e". ii
b - Fricção devido à contração na entrada do orifício na saída do
distribuidor
, J
A perda por ti'icção na contração é avaliada através da seguinte ,,
,I
expressão: i
1 -, (8.86) : '
Er = "2 er V J~Jto

Para contração, o ültor de perda por ti'icção é dado por:


er = 0,45 (I - 0:) (8.87)

onde:
área da seção transversal do duto (8.88)
0:= ----------~-------------------
área da seção transversal do distribuidor
Como jé1 comentado anteriormente, para o caso em análise tem-se
que:

o: :=:; O (8.89)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 261
">
~::
i1~'

IBalanço's Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas


'('Ir· >
;;'1 . . .
, ,;-~:
~J, ;

Considerando que a contração não possui nenhum acabamento


especial na sua região de entrada, tem-se:
er = 0,45 . (1 - O) = 0,45 (8.90)

Assim:

1 -2 (8.91 )
E" contrariO,= -2 .0,45. V (j uto

c - Fricção na seção reta do duto


Estas perdas são avaliadas através da seguinte equaçfto:

(8.92)
E rdulO
_ 2 f dulO ( -
-
LdutO) - 2
- V duto
Dduto

d - Fricção devido à válvula gaveta


As perdas devido à presença da válvula gaveta são estimadas através
da expressão:

E r," h'ul,
=;'
- f <luto
(L)
'O
o v I"ula
-2
V <lUII)
(8.9~3)

i
onde (L/D),:'thllla depende da abertura da válvula gaveta.
,
e _ Fricção devido à expansão na saída do duto e entrada do molde

A perda por fhcção na expansão é dada por:


1 - 2 (8.~H)
Er = 2" er Vduto

Para expansão, o fator de perda por fricção é dado por:


er = (l - ex) 2 (8.95)

onde:
área da seção transversal do duto (8.96)
ex= área da seção transversal do molde
Novamente, pode-se escrever que:
(8.91)
ex : : ;: O

Assim:
1 - o
(8.98)
E f cxpan..,i\\l =-1
2 . . y"duto

262 Fenômenos de 1ransport8


Somando todas as perdas por tl'ic<;ão, tem-se:

~
E r = ' ) .O
,
~
45 . -V OUlll
2 + '),
- t oulO
( Lauto) - 2
V L1UI" +
_ Douto
(8.99)
2[. dUI" (L,,)
-
O
.
v l"ul3
-7
-+-]-
V duto
]
2 . . V dUIO
-7

. i;
Colocando o quadrado da velocidade no duto em evidência, tem-se:

Er = ~ V d~JlO [ 0,45 + 4 [dulo (Lduto J+ 4 [L1ulo (~) +1] (8.100)


D duto v Ivula !
. Ir
Substituindo estes termos na equação de Bernoulli: , I
:i
] -, I

-g ( h + Llulo - P)+ "2 V d~Jlo


(8.101 )
:I
[
0,45 + 4 [duto (LdUIO
D dulO
J+ 4 f (Le)
O
dulo
válvula
+I] = O 'I,

Rearranjando, obtém-se uma expressão para a velocidade do metal


no duto:
I
2

(8.102)
V duto ==

[ 045
, + 4 f' dulO ( L
DdulO
dUlo
J+ 4 [ dulo (Lé)
O válvula
+ 1] I
I
Exemplo
Ifi
Usar a equação (8.102) parà determinar a velocidade do aço no duto
I'
, que liga o distribuidor e o molde de lingotamento contínuo. Consider~~
I,

i"
. os seguintes dados: !.
1:
• comprimento do duto, Ld'uW = i· m; íI,
,
. ,
• altura:de aço no distribuidor, h = 0,80 m;
I I
• diâmetro do duto, Dd uto ~I 0,075. m;
• penetração do duto no üiterior do molde, p = 0,20 rb;
I,I:
• rugosidade
,
do duto, ê = 6,0002
I
m; e 'I "
• posição da válvula gavet~: me~o aberta. I I:
I ~
ti

!
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva ,263 . ~;
i·i
~;~:
~,,:

11 Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

i';:' ,
I J '
: i:
Solúção i
" I
Substituindo ?ados na equação (8.102),iterri-se:
i
I,
1
2
i' "
. '

2 . 9,8 . (0,8,+ 1 - 0,20 )


(A)
V du(o
(0,~75)+ 4 f
=
['0,45 + 4 f ,",o ,",o (190) + 1 ]

Para determinar a velocidade no duto, resta avaliar o fator de


fricção. Este fator é calculado através da seguinte expressão:

1 ' Cdu!" I Ddllto JI'11 + 6,9


--' = -3,6 log (
-Jf dU10:
3,7 Ddu!o V dulO P

i
I' i
I" i; I

J;:: ' Substituindo dados:


,l ..

,~ .~ !:

Ui!, ,_1_'~ -3[610g (0,00032~,075r" 4 6,9 (B)

.~;!J )f ,",o I ' ,', I 0,075 O~~~ 7000


. ~>:! '\As
equações (A) e (B) devem sá resolvidas, simultaneamente,
pii~ que se determibe a velocidade no d'uto. Usando métodos iterativos,
," ,,~,,:, .. , " I I,

" óbtém':'se: i' I,

'A~r~"'
":?;l;~; , 'I'- I V duto ~ 2,152 m/s :
e, f dU10; = 0,006542 ,
'~"'~:lil,:'-
dHI1",,'," i1 :,'

,',lm~1':~A-'partir da ve~ocidade, determinam-se hs vazões volumétrica e de


"'~<)$;_{ '~:'i5'~.' ::.~. 1.. r .l'! \0 •

massa~de'aço. Tem-se:
.':\IL/" ' j
'''I:,', Q == 1t lD!ulo V duto = 1t (0,075)2". 2,152 = 0,0095 m 3 Is
4 '
".:,-

'T= Q . p=:= (0,0095) .(7.000) = 66,55 kg/s = 239,6 ton/h

Analise o cf(~ito ela abertura da vá1vula gaveta ~()hre a Vélzfío ele élÇO.

I
264 Fenômenos de Transporte
r''-
~:f~'
~-z,
.• ',{

~,l~

~;
f .: 8.4 Técnicas de Medida de Vazão de Fluidos

Em muitas situações, a operação eficiente e o controle de processos


metalúrgicos e de montagens experimentais req uerem informaçôes relativas
às quantidades dos fluidos que estão escoanuo. Para medidas de escoamento
em uutos fechados, existe uma granue variedaue de eq uipamen tos, tais como:
meuidores de diferença de pressão, medidores de úrea variável etc. Neste
item serão estudados alguns dispositivos de medida de vazão de fluídos,
cujos princípios de funcionamento se encontram associados à equação de
Bernoulli.

8.4.1 Medidores de diferença de pressão

Um grupo de dispositivos de meuida de vazão de fluídos permite


avaliar essa vazão, a partir da determinação de diferenças de pressão nos
sistemas por onde o fluído escoa. Neste gTupo, encontram-se os medidores
ue orifício (placa de orifício e Venturi) e o tubo de Pitot.

8.4.1.1 Medidores de orifício

As Figuras 8.11 c 8.1 ~ apresentam dois exemplos de medidores de


oriflcio. Ambos possuem o mesmo princípio de funcionamento, que consiste
em introduzir uma redução (brusca como no caso da placa de orifício, ou
gradual como no Venturi) na seção transversal do duto por onde o fluído
escoa. Essa redução provoca um aumento local na velocidade do fluido,
com o correspondente decréscimo na pressão. Esse decréscimo de pressão
é medido e usado para deduzir a \"azão de fluido.
Placa de orifício
1 2
-. - . ". ... .. - -.

:t~
,.) '," ~_ .. ~ _e " '

(ve~te da região do fluido


°1 ~elocidades positivas

~
__ ,r,
~ '" -- .~~. ".,. - _.

......... _--_ ...


V -P, Figura 8.11 - Vista
esquemática de uma placa
de orifício.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 265
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas
.',.,.
,.

Figura 8.12 - Vista


. . . E, -
P,

esquemática de um Venturi.
Para a análise a ser desenvolvida, será considerada a placa de orifício
vista na Figura 8.11. Nesse dispositivo, um disco fino com um orifício circular
no centro é inserido no duto, conforme indicado na figura.
Como se vê na Figura 8.11, o fluxo se contrai antes do orifício e
continua a contrair por uma pequena distância, a partir da posição da placa
do orifício, formando lima região onde a área para escoamento é mínima. A
posição em que isso acontece é denominada vena cOIztracta.
Para se entender o princípio de funcionamento deste equipamento,
será aplicada a equação de Bernoulli aos pontos 1 e 52 na Figura 8.11.Nesse
estudo, serão desprezadas as perdas por fricção e será considerada a forma
da equação de Bernoulli válida para fluidos incompressíveis. Isso visa
simplesmente facilitar o tratamento matemático do problema. Tratamentos
similares podem ser feitos introduzindo as perdas por fricção e usando a
equação de Bernoulli para fluidos compressíveis.
Para os pontos 1 e 52 da Figura 8.11, a equação de Bernoulli toma a
seguinte forma:
(8. lOS)

Considerando escoamento turbulento em ambos os pontos, tem-se:


R
I-'J
= RI-'I! = 1
'b
100-0:

-2 -2 (8.101,)
P2 - PI + V 2 _ VI = O
P 2 2
Considerando que o fluido possui densidade constante e aplicando-se
um ha1<mço ele massfl entre os pontos 1 e 2, obtém-se:

266
\!.-
Mas, tem-se que:
A = 1t _D~ (8.106)
1 4

A = 1t -D~ (8,107)
2 4
Combinando as equações (8.105), (8.106) e (8.107), obtém-se:

(8.108)

ou ainda:
(8.109)

Substituindo a equação (8.109) na equação de Bernoulli, obtém-se:

(8.110)

Explicitando a velocidade no ponto 2, tem-se:

(8.111)

Essa é a velocidade teórica no ponto de vena contl'acta. Essa expressão


não considera as perdas por fricção e a velocidade calculada através dela
não é alcançada na prática. Além disso, a equação antE;rior não é útil para
se determinar a vazão do f1uido, uma vez que não se conhece o diâmetro
DQ' Seria mais interessante ter uma equação que avaliasse a velocidade em
função do diâmetro da abertura da placa de orifício e que, também, levasse
em consideração os efeitos da fricção.
\;:j' !
Para introduzir estes efeitos e para permitir a avaliação da velocidade
na região do orifício é introduzido na equação (8.111) um coeficiente
de descarga, CD' determinado empiricamente. Com a introdução deste
coeficiente, a equação (8.111) passa a ser escrita da seguinte forma:

(RI12)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 267
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

Uma olltra fórllla de csc("('\'er a equ(1<;ão (?:


(tU 13)

onde K é denominado coeficiente de escoamento e é avaliado pela seguinte


expressão:
CD CD (8.111)
K = --;:====== =

onde B é a relação entre os diámetros do orifkio e do duto:


I

(8.115)
B= Do
DI
A Figura 8.] .(3, determinada experimentalmente, mostra os valores
de K em função do parâmetro B, definido pela equação (8.] ] 5), e da posição
do medidor de pressão, após a placa de orifício.
o exemplo a seguir ilustra a determinação do \'alor de 1\ para uma
dada pIara de orifício.
0,95 - , - - - - - r - - r - - . - - - , - - . . , - - - - - - - - - ,

0,90

0,85

0,80

0,75

0,70

0,65 '0~\S
~~~
Figura 8,13 - Valores do
coeficiente de escoamento 0,60 ~?-~~~~~=====-~~
0,5 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
para a placa de orifício Posição dll mr.dirlflr de pressão 30ÓS :1 plélC(] de orifício (nm diâm8trns do Qu\n)
L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _. _ _ _ _ _ _ ------------'
(GEIGER e POIRIER, 1973),1

t-

268 Fenômenos de Transporte


, Exemplo I;,,! :' i; ,.;
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~_ _ _ _ _ _ _ _ _ _~_ _ _ ____:'~" i,!

: ",,~;., I: ' ," ,/:F"..1t"(J

. Determine o valor do toeficiente de escoamento para umáfplãc~l~


de orifício com abertura de 20 cm:~instalada em duto ~om diârií~irÓf'\à~;~l
40 cm.
.
O segundo medidor dk' pres~ão
.
está instalado6b
,,:,
c~'~pós
" '"
a:ia'~c~;\l
,; ,i ~.

de orifício. ,
I (,!
;

Solução '.
t
'I
f
Pelos dados acima, teul-se que: ,.
'1
I

í
Do = 20 cm DI =40cm; t
,

:
B = Do =05
, ""
!
DI , ,

A posição do segundo medidor de pressão, expressa em tern1o~


. da razão el~tre sua distância ~m ~elação à placa de orifício e o diâ~etr~II
~ ~

do duto é,' i", •i ">;1.


, , .• I' , .': [ ' ':lt,í
. '. -. Posi~ãO do segundo med~dor d~~~:ressão = , I' .,:' ·:;'1!::J
\, distância do medidor de IJtessãôiaté a placa' 60 cm· " ,'. ; ;', ii,:)
diâmetro dÓ duto;~'> = 40 cri = 1 5 '~,;;;t'![;~1
'. : ' I '"t; .. \' :.,fc:~i:d'~·,l
. ' . ,' ;I'~
".. Usando esses dados, Pfde-s~usar a Figura 8.13i;p~r~deterÍt;i~á~~1 .1
.t
~'o valor de K conforme indicado na'!figura a seguir. ' ,'I,· . , '; ... :;:g;~,;:!I~{i;
~ " ., .: I:~;;: ',' l\;, ;'>:, i': ,~~,dj;t;i
i .•" ,: , _ Para! a configuração d~p!ac~J~e o~ifício e .pos~ç~~, ?9':~e~i~65i~$~f
~ pressao propostos, o valor de 1\ edeàproxlmadamente 0,65~ Dessa forma;:. i
i a:v~locidademédla do fluido i10 orificio
, t·
será dada por:i;:~F:~::!
! I . ", ;':1 I,"~
1
1 •
j
,!

.,'
'I

e a vazão volumétrica por:

Q = 1t' D~ V o~O
4
,,
65 TC D;
4
t (p, -.,P2)
,p , .

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
269
"~,
.~' " Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas

0,95

0,90

0,85

0,80

0,75

0,70

K= 0,65

0,60
0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0 5,0
Posição do medidor de pressão após a placa de orifício (em diâmetros do duto)

A equação (8.112) se aplica ao medidor do tipo Venturi; entretanto,


o valor do coeficiente de descarga, CD' é próximo de um. Para este tipo de
medidor, a máximacontração corresponde exatamente à posição onde P2
é medida.
Como visto na Figura 8.1.'3, para uma placa de orifício é de gr~nde
importância a escolha da posição dos medidores de pressão em relação à
placa. Usualmente, um medidor de pressão é colocado de um a dois diâmetros
do tubo à frente da placa de orifício, enquanto o outro medidor de pressão é
colocado a meio diâll1etro do tubo depois da placa Oll, então, no vena contracta,
cuja posição pode ser determinada experimentalmente.

l"

270 Fenômenos de Transporte


.;~f
, \

i~
H
ii.:

I,
'I ,
8.4:f2 Tubo de Pitot

o tubo de Pitot é um instrumento para avaliação de velocidades


puntuais de fluidos. Esta velocidade é determinada através da medida II
I,'I
da diferença entre a pressão estática e a pressão de impacto (chamada de
pressão estagnante), em um dado ponto de escoamento. A abertura de
impacto está posicionada perpendicular ao escoamento, enquanto os orificios
estáticos estão paralelos à direção do escoamento. A Figura 8.14 mostra
esquematicamente um tubo de Pitot.

~ Furos na parede externa

:~~~3 I

Figura 8.14 - Vista


esquemática de um tubo
de Pito!.
Para se obter uma relação entre a diferença de pressão medida e a
velocidade do fluido em um dado ponto ao longo da seção transversal de
um duto, deve-se estabelecer um balanço de energia (equação de Bernoulli)
entre os pontos 1, no início da abertura de impacto, e 2, conforme indicados
na Figura 8.11·.
Aplicando-se a equação de Bernoulli, assumindo um fluído
incompressível e desprezando as perdas por fricção, tem-se:

p, ~ p, + (2V l, -:i.) ~O (8.116)

~~ Considerando ~2 = 1 (escoamento turbulento) e que no ponto 1 a


'l': velocidade do fluido cai para zero, pode-se rescrever a equação (8.116) na
,~, seguinte forma:
"I'

(8.117)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 271
ti
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas
iii :,
I'

,. ,,

!:
ou ainda: crI,

(8.118)
It
Para corrigir os efeitos das aproximações feitas no desenvolvimento i·
.~I
desta relação (incompressibilidade do fluido e inexistência de perdas por
atrito), normalmente é incorporado na equação (8.118) um coeficiente Cp
denominando coeficiente de tubo de Pitot, e a expressão fica na seguint~
...

forma:
(8.119)
v~ = CP

Geralmente, esse coeficiente possui valores na ülÍxa de 0,98 a 1,00.


Um cuidado que se deve ter com o uso de tubos de Pitot está associado
à localização e ,) t()]'ma das aberturas estáticas, de tal modo que elas possam
oferecer uma medida real da pressão estática, ao longo da mesma linha de
escoamento em que é medida a pressão de impacto. Rebarbas ou localizações
não paralelas destas aberturas introduzem erros nas medidas.
Como o tub<? de Pitot mede apenas velocidades locais, para--se
determinar a velocidade média deve-se obter os valores de velocidade em
diversos pontos ao longo da seção transversal do duto. Para obter a densidade
p, usualmente se determina a temperatura antes do tubo de Pitot.
Em algumas· situações, a velocidade máxima, V ;Íxim" (medida no Il1

centro do duto) pode ser relacionada com a velocidade média. Isto evita
que se tenha que determinar a velocidade em vários pontos. Como se viu
no Capítulo 5 - equações (5.117) e (5.126), para fluxo laminar em dutos
circulares, tem-se:
(8.120)
v
-----
V múxima 2
Para escoamento turbulento em dutos circulares e para números de
Reynolds entre lO'~ e 10" tem-se:

v = 0,62 + 0,04 . log (O V 111;\ i 111" p) (8.121)


Vm:í:xim:\ ~
1
Para números ele Hevnolcls entre 2. 100 c 10 não existe nenhuma
.'
eXl)ressão relacionando Ve V .' . 111,1\ 11l1;1

272 Fenômenos de Transporte


,Exemplo
_____________________ ~ _____ ~i,.

'. i
.- o", '," I
, í

Um tubo de Pitot está instalado em um tubo com sua abertura l


de impact~ ao longo da linha central. O diâmetro in~erno ,do tub:o~,'d~.J
! -1'>'1,11
1 ".' , .:., • • ,'.J t

0;S04.8 m. Ar a 65,5°C e 82.7 S6,4 Pa de pressão relativa


" I .
escoa'at[~avés.dô.!í
1.1.",-~,-!
_'.' ,.~· ~.,~.;~':·/\~I·:·",;,I~
. .. ..

tubo. A pressão barométrica é 99.sis,4. Pa. A diferença 'de pressãO)nedid~f[':


, pel~ tubo de :itot é de l04.,~:5 Pa.~~ viscosidade d~ atll~·,~~é.'10~~i~l~lyr
EstIme a vazao de massa de ar.I ' ' , " ,' , '"';"', , ,I:l

Solução i:;,
I '
"',I':,
( ' t ; "
,,'
. ',,- "
'jHJl
~.~.~ :i~~'_~~'f
••:-.

Inic(alment~, determitla-se'éÍ densidade do ar; n~s' condiçõe;\~ct~\


medida. I'
I I
I"
'·,~,>,i!·ji
li 'I!: '<i

A pr~ssão absoluta na :regiã~ de interes~e é:


. !
I '
_"~o
,
, rl
I
""l:: lI..,
C\' 'L
i

P2 = 82 706,4 +;,99 323,4 = 182 059,~Pa. J'"ji


! ',' I li i'

A densidade do ar é ca~culada pela seguinteexpressão::', !


,, ! ,',' PM I1 " ,

P RT = M 'I • ~ j
'

sendo:
"
'"
• M1\!: massa 11101eculardo ar ~ 0,02884< kg/moI; "

• R: constante dos gases = 8,31 J/mo1.1\; e


• T: temperatura (K).
Substituindo valores, tem-se:.
. . '.1:

.-, .
P MM = (182059,81) .(0,02884) = 1,867 kg/m3
P= R T ' (8,31). (65,5 + 273)
"

Assumindo Cp = 0,99, pode-se calcular a velocidade máximadó'ar, ';


(no centro do tubo): " : .;,"
- p!1p.
V2 = CP --,' = 0.99
2 . 104,55
1,867
= 10 477
':
m1s
.: ;
p. i
, i '
Determina-se agora o número de Reynolds baseado na velocidade,
máxima. Tem-se: ! ' .j'!
, I

• " = DVllláxilllaP = 0,3048.10,477. 1,88? ~30142'4


Re lllnxlIna II 2 . 10-'5 i .
[

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 273
~:i
'i~'!;>'

~'i1 Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas ,


f'
]~;l' ;

, I ,

= 0,62 + 0,04'~~log (3P 1.424) = 0,839

",'·>;-f;:~ , ,~~ :'


Y>f .', V~0,839 :1.0it7~'=f,79 m1s
"e ,(.i,yaz;ão 'de mas~a 'se.rádadapor:
• :.;!:;\,~::Ó~:;,:,-,; . (03Ó4~)2 ' 1 ' " '
" " c= "1t,,-,.:.V
4
. p"= 1t ' ,'.8,79. 1,866 = 1,197 kg/s
4<
, -,,' .• ,':',j ~
~ "

8.4.2 Rotâmetros

o rotámetro é um aparelho indicado para medida de vazões


relativamente pequenas de líquidos e gases.
Esse tipo de medidor é, também, baseado no princípio de colocar
uma restrição ao escoamento do fluido, criando uma queda de pressão e a
correspondente variação de velocidade, através da região onde a área foi
reduzida. Entretanto, nesse caso, a queda de pressão permanece constante e
a área para escoamento muda à medida que a velocidade do fluido se altera.
Esse tipo de medidor está ilustrado na Figura 8.15.

Saída de
fluído

tt
Duto cônico

---+-- Escala graduada

Flutuador

Figura 8,15 - Vista


Entrada de fluído
esquemática de um
rotàmetro, ----------------------~----------------

274 Fenômenos de Transporte


A vazão do tluido é obtida pela medida da aI tura de um J]utuador ao
longo de uma seção ligeiramente afunilada, com a região de maior diâmetro
na parte superior.
Um balanço de forças aplicado ao flutuador determina a sua posição de
equilíbrio. Quando um fluido de densidade P se move em to~no de um flutuador
de densidade Pr e o mantém em suspensão, as forças atuand~ no flutuador devem
ser balanceadas de tal modo que nenhuma força líquida atue para movê-lo.
!

As forças que atuam sobre o flutuador são:


• F G: peso, atuando para baixo;
• FF: empuxo, atuando com o objetivo de suspender o flutuador; e
• F:\: fórça de arraste.
No estado de eq uilíbrio de forças obtém-se:
(8.122)

Transpondo os termos e expressando o peso e o empuxo em termos


do volume do flutuador, V t1 e das densidades do fluido, P, e do flutuador,
Pt tem-se:
1

V r (Pr - p) g = FA (8.123)

Mas o volume do flutuador é dado por:

mI' (8.124)
Vr= -
Pr
onde 11\ é a lllassa do flutuador.
Combinando as equações (8.12.'3) e (8.12'1')' tem-se:

(8.125)

Para um dado medidor de vazão, através da qual um fluido escoa, o lado


esquerdo da equação (8.125) é uma constante. Desse modo, ~\ é constante
quando o flutuador está em equilíbrio e, se a vazão do fluido se altera, o flutuador
contrapõe esse efeito assumindo uma nova posição de equilíbrio. Por exemplo,
se o flutuador est{t numa posição de equilíbrio correspondente a uma dada vazão
de massa e, então, essa vazão de massa se torna maior, ~\ 'cresce e o flutuador
sobe. Entretanto, à medida que o flutuador sobe, a área da seção transversal
do tubo aumenta e a velocidade do fluido entre o flutuadoi- e a parede do tubo
diminui, de modo a se atingir um valor de ~\ que satisfaça à equação (8.125).

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 275
. Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas
.'

Referências

GEIGER, G.I-I.; POIRIER, D.H. Tmnsport plzenomenain lnetallurp,)'. Massachusetts:


Addison- Wesle)~ I D80.
2 BIRD, RB.; STEWART, \iVE.; LTGI-ITFOOrC E.N. Tran.\pori phellomel1a. New Yorl\:
John Vviley & Sons, J 960.
GASI\ELL, D.R. An "introductiol1 to tmnsportphenomena in materials engineering Nc", Yorl\:
Macmillan, 1992.
WHITE, F.M. Fluid meclzallics. New York McGril\v-Hill, 1970.

_______ . . ____ • _____


-- -...
~
6
_
~
215 t",_'~~---
- " ~
-~~-'-
-
Exercícios
!
i : .
1 - Tem-se uma instalação de lingotamento contínuo, conforme a figura,
i
a segUlr:

Panela
Diâmetro = 3 m

Área da seção transversal horizontal = 0,8 m2


0,1 m 0,5 m Ar

Distribuidor
Válvula gaveta -..r:1><fl
Ar 0,8 ln

0,2 ln

Molde
Seção transversal = 1,2 m x 0,25 ln

Os diâmetros dos dutos de, alimentação do distrib~idor e do molde


são, respectivamente, 70 mm e 60 mm. A rugosidade do refratário é
0,1 mm.

A panela de aço esvaziou e vai ser trocada por ullla cheia.


I
Esta operaçãb'
consome 1 minuto. Neste período não haverá alimentação de aço do
distribuidor, mas a alimentação de aço no molde vai ser I
I
lbantida constant~
! i
e igual a 108 ton/h. Estimar a queda no nível de aço no distribuidor
i li

durante este período. :

2 - Uma panela está alimentando aço líquido nas ling:oteiras, conforme.


visto na figura a seguir. Determine o tempo gasto I)ara encher lm';~'
lingoteira com capacidade de '2 toneladas de aço., Aço: densidade:
6,7 g/ cm:l ; viscosidade: 0,07 P O orifício no fundo da pahela tem diâmetro
de 70 mm. Desconsiderar a espessura do refratário.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 277
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicos

Ar
- -

------- Panela: diâmetro = 3.5 m


h=3m

45°
1{;-
j Aço
k3 Pressão: 0,01 atm

.---
Câ mara de vácuo

Lingoteira

3 - Em uma instalação de lingotamento contínuo, uma panela é utilizada-


para alimentar aço líquido em um distribuidor, que abastece dois veios
. de lingotamento de placas, conforme mostrado a seguir:
o = 3,5 m
p
• •
--

- Panela
h=3m

45°
(
Ao

- Distribuidor

Veio 1 Veio 2

Placa 1 Placa 2

. n78
Li
Deseja-se manter o nível de aço no distribuidor o mais constante possível.
Para tal, é necessário variar o difunetro do oriflcio da panela à medida
que esta vai esvaziando. Obter uma relação matemática entre a área de
abertura do orifício da panela e altura de aço no seu interior, de modo a
garantir uma altura constante de aço no distribuidor, até que se tenha
apenas 100 mm de aço na panela. Usando a relação desenvolvida, calcular
quais deverão ser as áreas do orifício para as alturas inicial (.'3 m) e final
( 100 mm) de aço na panela.

Assumir escoamento turbulento.


Dimensões das placas = 2 m de largura; 0,25 m de espessura
Velocidade do veio = 1,5 m/mino

4 - Determinar a pressão interna, P, que se deve ter na câmara de pressão


para que se obtenha uma vazão de aço líquido compatível com a situação
mostrada na figura a seguir:
! !

Câmara de pressão: P i I
I
! I
O
• ~

O O
O O
0=1 cm Joelho: raio padrão
O h= 0,5 m O , !
j
Aço líquido + I

l~ r =
~

...... t h 05 m
I 1m
~T~~'
I
...

Cinto móvel Tira de aço


(velocidade = 1m/s) (seção transversal 2 mm x 1 cm)

Assumir escoamento turbulento. Considerar dutos hidraulicamente


lisos.
• densidade do aço = 7.000 l\g/m s ; e
• viscosidade do aço = 7 cP.

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva ·279
Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas
, ,

5 - Dimensionar a bomba para o sistema re})resentado na ficrura


b a secruir
b'
onde se tem um spray de água para resfriamento acelerado de lima tira
de aço após laminação.
• Diâmetro do duto = 2,54< cm;
• Rugosidade relativa do duto, E/D = 0,004<;
• Joelhos = 90° de raio padrão;
• Vazão de água = 1 11 s; e
., Fluido: água: den~idade = 1.000 kg/m~l; viscosidade = 1 cP; 1 hp = 74<5,7W
Considerar q ue aqueda de pressão no bico do spray é de 1,7 atm.
1 atm = 101.330 Pa.
2m
~~BiCO do spray
! ,/ : . . ", Spray

Bomba
Bm - Tira de aço

.-
2m Bfll:~1
/1
1m 3m
ItI--
0,5 m
Reservatório

6 - Tem-se o sistem~ visto na figura a seguir. Estimar o tempo necessário


para esvaziar o reservatório 1 até o nível de entrada do tubo. A entrada
do tubo no reservatório '2 está fechada.

1-,.-

··········.·1

1,_~
~
0= 10 cm
Áqua
Reservatório! Reservatório 2
ri = 8,8 mm

280 Fenômenos de Transporte


Se a rolha elo tubo no reservatório 2 for retirada, os tempos de esvaziamento ,<

dos reservatórios serão os mesmos? Justificar a resposta.

hI = lO cm''
h2 = 15 cm''

h = 15 cm'
j ,

h'f = 20 cm;

L = 8 cm; e
H = 10 cm.
i
Considerar que o tubo de vidro é hidraulicamente liso e que o fator de
fricção é dado por:
f= ~ + 0,0385
Re (0,839 - log Re)2
,
7 - Uma panela com diâmetro interno de 1 m contém ~lumínio líquido. I ,:

A altura inicial de metal líquido é de 1,5 m e o orifTc~o de vazamentq, '


loc;:tlizado na base da panela, possui diâmetro de 0,1 mi Determinar:' <

! .
, I
'. tempo requerido para esvaziar a panela pelo orificio do fundo;
• taxa inicial de vazamento de metal em kg/ S; e
• taxa de vazamento de meta.! (kg/s) quando a panela está 50% cheia.
i

Deduzir todas as relações usadas nos cálculos. Assumir escoamento


turbulento e considerar perdas por fricção.
Propriedades do aI umínio: densidade: 24< 1 O kg/m:J; viscosidade:
2,75 x 10-:J Pa.s.

8 - Água está sendo sifonada do reservatório, visto esquematicamente


na figura a seguir.
Determinar a velocidade média da água na saída do sifão para a situação
vista na figura a seguir.
Propriedades do fl uido: densidade: I g/ cm\ viscosidade: 1 cP
(1 P = 1 g/cm.s).

Tubulação: diâmetro: 0,0254 m; rugosidade relativa: ê~D = 0,001.

<

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 281
"
~.~;! '
;'Id
t~.~~.
:~ Balanços Globais no Escoamento de Fluídos Isotérmicas
','
1.,1

0
Retorno de 180

1m
Um

1m

Reservatório: diâmetro = 2 m

~ _ Considerando! o modelo fisico mostrado na figura a seguir, determine


"

Ódiâmetro mínirrto do duto, que garanta ser possível obter uma vazã;de
'alimentação de água de 50 lImin no distrib~idor, apenas por gravidade. A
rugosidade da tubulação é de 0,1 mm. Propriedades da água: densidade:
, I
~ g/ cm:l ; viscosidade: 1 cP.

Caixa d'água
\ J
I

\ 120 cm 200 cm 1 Joelho: raio padrão


I~
IY
'/ -,-
10 cm
7~
Válvula gaveta 30 cm
Distribuidor

7
8 cm -.1.

\
--L-

282 Fenômenos de Transporte


1;
\
:J
"
i
II

10 - Determine se há risco de transbordamento da água no reservatório


abaixo, se a vazão de alimentação é de 4,00 lImin. Rugosidade do
duto = 0,3 mm.
Água, O= 400 l/minuto
"
'"'"
Ar "

""'i j7

Altura do reservatório = 1 m
Diâmetro = 2 m
• •

Diâmetro = 50 mm 0,8 m

Ar

I
I
I
I

!,
•l

~ :I
II
1
,
t

,I
"

.
,:1
.!

, ;\
"

l"

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 283
,
.'
o·,l~o·~o:O
.1:

'~
f'~
~

,. ~ .~:",
Através da Segunda Lei da Termodinâmica é pdssível demonstrar
que calor é transterido das regiões de alta para as de baixa temperatura.
Capítulo Og
.•',
, '.
Entretanto, os conceitos de Termodinâmica não permit~m a estimativa da
taxa com que a transferência de calor ocorre. Em algumas situações práticas
de Engenharia, particularmente dentro da metalurgia, a taxa de transferência
de calor tem grande relevfmcia, pois pode definir a produtividade dos
processos e afetar a qualidade dos produtos .
.,A Figura 2.4, apresenta um fluxograma geral ilustrando a produção de
bobinas de aço em usinas siderúrgicas. Ao longo desta sequência de etapas,
é possível identificar uma série de aplicações do estudo da Transferência
de Calor.
Na coqueria, gases quentes, resultantes da combustão de gús de alto-
forno, gás de coqueria e ar, transferem calor para as paredes refratárias das
células de coqucificação que, por sua vez, transferem calor para a mistura de
carvões, promovendo a sua transformação em coq ue. A eficiência térm ica e a
produtividade deste processo dependem da taxa de transferência de calor.
Na sin terização, as trocas térmicas ocorrem entre os gases sendo
succionados e as partículas de sínter e da mistura a sinterizar. A taxa de
transferência de calor entre estas fases afeta a velocidade de descida da
frente de combustão, gerada quando a mistura a sinterizar sofre a ignição.
A velocidade de avanço desta frente de combustão determina o tempo
necessário para que o processo ocorra e afeta a sua produtividade.
A Transterência de Calor tem um papel muito relevante na fabricação
do ferro gusa em altos-fornos. Neste processo,as troca& térmicas entre as
partículas sólidas de carga metálica e de combustível e 'o gás determinam
a extensão da zona de reserva térmica, a geometria e a posição da zona de
amolecimento e fusão. Variações nestas características afetam o consumo
de combustível e a produtividade do reator. As perdas de calor através das
paredes do torno também atetam o seu consumo energético.
'I

Na aciaria, o estado térmico das panelas usadas para o transporte do


aço líquido, e onde são promovidos os processos de refino secundário, afeta
o controle ue temperatura do aço enviado para o processo de lingotamellto

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 285
Introdução à Transferência de Calor

contínuo. O controle desta temperatura é fundamental para obtenção de


produtos de boa qualidade. A caracterização do estado térmico das panelas
envolve a aplicação;de conhecimentos de Transferência de Calor.
!
Ao longo dd processo de lingotamento, calor é extraído do aço
líquido para promoyer a sua solidificação. Esta extração é feita em diferentes
estágios. A taxa de extração de calor nestes diferentes estágios afeta
a velocidade de soFdificação do aço, que determina a produtividade da
máquina de lingota~ento. Além disso, uma série de defeitos que aparecem
em produtos lingotados tem as suas origens relacionadas com as taxas de
extração e calor e com a sua uniformidade o longo da superfície da peça.
Após o lingotamento e antes da laminação, as placas, blocos e
tarugos são colocados em fornos de re-aquecimento para elevação e/ou
homogeneização de temperatura. O tempo de permanência do material
nestes fornos e a produtividade obtida dependem das taxas de aquecimento
ao longo das diversas regiões dos fornos.
Finalmente, os tratamentos térmicos realizados nos produtos
semi-acabados envolvem aquecimento e resfriamento controlados, visando
à obtenção de diferentes estruturas. Nestas operações, as taxas de variação
da temperatura vão ser determinantes na definição das estruturas e das
propriedades dos produtos obtidos.
Todos os exemplos apresentados ilustram a grande relevância da
transferência de calor dentro da sequência de etapas envolvidas na produção
de metais. Exemplos desta relevância podem ser igualmente apresentados
para outros ramos da Engenharia e até no dia-a-dia da vida das pessoas.
No próximo capítulo, será feita uma apresentação dos diferentes
mecanismos de transporte de calor e das equações que regem cada um deles.
Posteriormente, será introduzido o conceito de balanço de energia, segundo
, '
a abordagem de Fenômenos de Transporte.

Exercício
I '
i, I
1 ,~ Além dos já cit'ados no presente capítulo, identifique e analise outros
sistemas e situações na metalurgia onde a transferência de calor é
relevai1te.

286 Fenômenos de Transporte


Neste capítulo, será feita uma breve apresentação sobre os mecanismos Capítulo "i'

10
., .1

ue transferência de calor e as equações que são utilizadas na avaliação das "I


,i
taxas de transferência de calor, através de cada um deles. Em seguida, será , I

introduzido o conceito de balanço de energia térmica e de suas diversas :i


, ,i
formas, aplicáveis a problemas de Fenômenos de Transporte. , I

10.1 Mecanismos de Transferência de Calor

Calor pode ser transferido por três mecanismos:


• condução (ou difusão de calor);
• convecção; e
• radiação térmica.
A presença e a releváncia de cada um destes mecanismos vão depender
das condições existentes em Ulll dado sistema.

10.1.1 Condução
;

A transferência de calor por condução ocorre quando há um meio, I

ao longo do qual existe um gradiente de temperatura. O gradiente de I


I'
temperatura pode ser definido como uma variação da temperatura com a
, \i
posição. Neste mecanismo, calor é transferido das regiões de alta para as i!
í
de baixa temperatura. A Figura 10.1 ilustra a transferência de calor por
!I
condução em um meio sólido. A condução pode também ser denominada ,I
i
difusão de calor.

Figura 10,1 - Transferência


de calor por condução e
gradiente de temperatura ao
longo da direção x em uma
x=O x=L x
placa sólida,
. ~~

, "
~
~

287
"
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva

----------------------____________',;[1
,':~,
Bala·nços de Energia e Mecanismos de Transporte de Calor

Para situação ilustrada na Figura 10.1, o fluxo de calor na direção x


(direção do gradiente de temperatura) pode ser calculado pela equação de
Fourier:

q =-k aT (10.1 )
x ax
onde:

• qx' é o fluxo de calor na direção x (W 1m2);


• k, a condutividade térmica do material (W Im.1'\:); e
• aT
ax' o grad'lente de temperatura na direção x (1'\./m ou °C/m);
• T, a temperatura (l\: ou °C); e
• x, a posição (111).
Como o perfil de temperatura ilustrado na Figura 10.1 é linear, o
gradiente de temperatura pode ser estimado pela seguinte equação:

aT (10.2)
ax
onde:
• Tu é a temperatura em x = L (1'\ ou °C); e
• To' a temperatura em x = O (1'\ ou °C).
Sendo T menor que To, o gradiente de temperatura é negativo (a
L
temperatura diminui quando a posição x aumenta).
Como a condutividade térmica é sempre positiva, o fluxo de calor
ilustrado na Figura 10.1 também é positivo. A convenção para o sinal do
fluxo de calor é:
• positivo, se for no mesmo sentido de crescimento da posição x; e
• negativo, se for no sentido contrário ao do crescimento da posição x.
No caso visto na Figura 10.1, o calor é transferido de To para T L
(alta para baixa temperatura). Desse modo, o flllXO de calor está no mesmo
sentido do crescimento do eixo x e é, portanto, positivo.
A condutividade térmica é lima propriedade física do meio ao longo do
qual o calor está sendo conduzido. Seu valor tende a ser mais elevado para
os sólidos, particularmente para os metais, c mais hú\.o parél os gases.

2BB Fenômenos do Transporte


;i
A~
Ir
,i.
"
~

ii
~j
'I·

IIIf
I;
A taxa de transterêllcia de calor pode ser obtida 1I1111tiplicando o fluxo I
pela área perpendicular à direção de transferência de calor. Desse modo:
.. dT
Q = A.C) = -A.k.- (10.3)
'x dx
onde:
• Q" é a taxa de transtCrl'l1cia de calor na direção x (\IV); e
• A, a área perpendicular à direção de transferência de calor (m~).

10.1.2 Convecção

No caso do mecanismo de cond ução, não há necessidade de


deslocamento macroscópico do meio ao longo do qual está ocorrendo o
transporte de calor. Esse tipo de situação é comum no caso de transporte
de calor através de corpos sólidos.
Quando, além ela condução, há um movimento global ou macroscópico
elo meio, o modo de transferência de calor é denominado convecção. Alguns
autores utilizam o termo aelvecção para indicar o transporte devido apenas
ao movimento macroscópico do meio. Dessa forma, pode-se dizer que a
convecção é a superposição da condução e advecção.
Uma questão relevante associada à advecção; e convecção é a
identificação do que causa o movimento macroscópico do meio. Quando ,

o escoamento é causado por um agente externo, como: um ventilador, um


exaustor ou um compressor, a convecção é designada como forçada. No
caso da origem do movimento ser a força ele empuxo, associada à variação
da densielade do fluido em decorrência da variação na sua temperatura,
a convecção é denominada natural. Pode-se ter ainda a convecção mista,
quando estas duas causas estão presentes simultalleamente.
Em alguns casos de interesse na engenharia, particularmente na
metalurgia, a convecção está associada a mudanças de fases, como ebulição
e condensação. Estas muelanças de fase podem ter, e normalmente têm, um
efeito significativo sobre a transferência de calor.
Uma situação muito comum que envolve o mecanismo de convec<;ão
é a troca de calor entre uma superfície sólida e um fluido em contato com
ela. Foi proposto que o fluxo de calor, nesse caso, fosse estimado a partir
da seguinte eq uação:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 289
Balaáços de Energia eMecanismos de Transporte de Calor

onde:
• qx' é o fluxo de calor entre a superfície do sólido e o fluido, na direção x
(W /m~);
• h, o coefIciente de transferência de calor (W /m~.I\ ou W !Jl1~.~C);
• T ' a temperatura da superfície do sólido (I\ ou 0C); e
s
• Too' a temperatura do fluido em um ponto aÜlstado da superfície do sólido
(1'\ ou oC)o
A equação (10.4,) se refere a uma situação como a ilustrada na
Figura 10.2.

Parede

Fluido. Too

.Ts
i'
I

x
Figura 10.2 - Transferência de x=o
calor por convecção.
Alguns pontos relevantes associados à equação (10."1') devem ser
destacados. Inicialmente é importante mencionar que a equação (10.4) não
é uma lei de Fenômenos de Transporte. É mais adequado entendê-la como
uma definição do coeficiente de transferência de calor. Este coeficiente
depende de uma série de parâmetros, incluindo propriedades físicas do fluido
e geometria do sólido. O valor do coeficiente de transferência de calor é,
normalmente, determinado através de experimentos e expresso na forma de
correlações empíricas. Expressões para estimativas deste coeficiente serão
vistas no Capítulo 13.
Outro aspecto importante relativo à equação (10.4) é a ordem em que
aparecem as temperaturas T s e Too' A escolha desta ordem está vinculàda à
orientação que é dada para o eixo x. Na situação vista na Figura 10.2, se T,
for maior que Too' o calor irá da superfície do sólido para o fluído. Esse é o
mesmo sentido do crescimento do eixo x e, portanto, o fluxo ele calor será

290 Fenômenos de Transporte


,
·H: i
..
i 1
, I
, i
I.'

positivo, coerente com o que é mostrado na equaÇlo (10.-1.). Deve-se destacar


que o coeficiente de transferência de calor é sempre um número positivo.

Se o sentido de crescimento do eixo x na Figura 10.2 fosse invertido,


a ordem das temperaturas T s e Too na equação (lOA.) também deveria ser
invertida, para manter a coerência com a convenção para o sinal do fluxo
de calor (positivo quando ocorre no mesmo sentido do crescimento das
posições ao longo do eixo x).

A Tabela 10.1 apresenta filixas usuais de valores do coeficiente de


transferência de calor.

Tabela 10.1 - Faixas usuais


de valores para o coeficiente
de transferência de calor
(INCROPERA e DEWITT. 2003)1

10.1.3 Radiação térmica

o terceiro mecal1lsmo para o transporte de calor é a radiação


térmica.

A radiação térmica apresenta características bem distintas dos


mecanismos anteriores. A primeira diferença está associada à forma de
transporte de energia. N a radiação térmica, o calor é transportado através
de ondas eletromagnéticas. Dessa forma, ao contrário dos mecanismos
anteriores, a radiação não precisa de um meio material para ser transportada.
A transferência de calor por radiação ocorre de maneira mais eficiente no
vácuo.

A outra diferença relevante está associada à dependência com a


temperatura. Na condução e na convecção, o fluxo de calor é Ullla função
linear da diferença de temperatura entre as regiões ou os meios envolvidos.
Na radiação térmica, este fluxo depende da diferença da quarta potência
das temperaturas.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 291
·ii~
(i\
.~., :
P: Balanços de Energia eMecanismos de Transporte de Calor

l'

.I
De acordo com a lei de Stefan-Boltzmann, o máximo poder de emissão
de energia por radiação, por um corpo ou superfície, pode ser determinado
pela equação (10.5):
( 10.5)

onde:

• En' é O máximo poder emissor de energia por radiação (W/m~);


• 0", a constante de Stef<ln-Boltzmann = 5,07 . 1O-H W /mc!.KI'; e
• T s , a temperatura absoluta da superfície do corpo (K).
A superfície que tem um poder emissor igual ao máximo indicado pela
equação (10.5) é denominada radiador ideal ou corpo negro.
As superfícies reais têm um poder emissor menor que o do corpo
negro. O poder emissor destas superfícies é dado por:
(10.6)

onde:
• t, é a emissividade da superfície.
A emissividade é uma propriedade da superfície. Seu valor varia na
faixa de O a 1 e depende do tipo de material e de seu acabamento superficial.
A emissividade pode, também, variar com a temperatura da superfície.
Além de emitir energia por radiação, uma superfície pode, também, receber
energia por radiação. A quantidade total de energia que incide sobre uma
superfície por radiação é denominada irradiação e é geralmente designada
pela letra G.
Do total da energia que incide sobre uma superfície por radiação, uma
parte pode ser absorvida, uma parcela pode ser ref]etida e uma terceira parte
pode ser transmitida. Dessa forma, pode-se escrever a seguinte relação:

G = a.G + p.G + 1:.G ( 10.7)

onde:
• G, é a irradiação C'vV / m~);
• a, a absorssividade ou absortfll1cia da superfície: fl'ação d<l ener,2;ia incidente
que é absorvida;
• p, a rctlctividade Oll rcf1etfmcia da superfTcie: t1';-](ão da energia incidente
CJUC l' rcf1cti(L!; e

I
292 Fenômenos 08 Transpol te
• t, a trallslllissividade ou transmitáncia da superfície: fraçé\O da energia
incidente que é transmitida.
Dividindo a equação (10.7) por G, obtém-se:

a+p+t=1 ( 10.8)

Uma boa parte dos corpos sólidos são opacos, ou seja, não transmitem
energia por radiação. Logo, para estes corpos pode-se escrever:

a+p = 1 (10.9)

t=O ( 10.10)

Das três parcelas citadas, apenas aquela que é absorvida pelo corpo
afeta o seu balan<,x) de energia.
Um caso de troca de energia por radiação de grande relevância e que
é bastante comum é a de um corpo que é envolvido completamente por uma
vizinhança, que está a uma temperatura diferente. Nesse caso, a troca líquida
de calor por radiação entre o corpo e a vizinhança pode ser expressa por:
(10.11 )

onde:
n'lrad' é·\( troca Jí<]uida de calor 1)01' radial~ão
'\
cntre o corl1o e a vizinhanca
)

(\V /m C ); e
T'iz' a telllperatllra da vizillhall<,:él (I{).
N ovamen te, a ordem das temperaturas na eq uação (10.1 1) pode ser
invertida dependendo da convenção de eixos coordenados que fór adotada
no problema.
A equação (10.1 1) pode ser escrita cm uma forma similar à de troca
de calor por convecção:
(10.12)

onde h é definido pela equação (10.1:3) e depende significativamente das


raJ
temperaturas envolvidas:
(10.1:3)

10.2 Balanço de Energia

A primeira lei da Terlllodinélmica estabelece o princípio de conservação


de energia. A partir deste princípio, podem-se desenvolver os balanços de

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 293
~t
:1rBalanços de Energia eMecanismos de Transporte de Calor

energia, que constituem uma ferramenta importantíssima na solução de


problemas de Termodinâmicil e de Fenômenos ele Transporte. A diferença
fundamental entre as duas abordagens é que a Termodinâmica lida com
estados de equilíbrio e não considera as taxas com que a energia é transferida.
Na abordagem de Fenômenos de Transporte, o f<x:o é a avaliação das taxas "
com que as transferências ocorrem.
No estabelecimento dos balanços de energia, as diversas formas de
energia devem ser consideradas. Neste texto de transferência de calor, serão
tratadas situações em que apenas a energia térmica é relevante.
Dois tipos de balan<.'os de energia, igualmente relevantes, serão
considerados:
• balanço de energia para um volume ele controle; e
• balanço de energia para uma superfície.

10.2.1 Balanço de energia para um volume de controle

o balan<.~o de energia tt'rmica para um volume de controle pode ser


colocado na seguinte forma geral:

Taxa de ~l1trada] _ [Taxa de ~aída] +


[ de energIa de energIa (10. H)
Taxa de ~eraçãoJ = [Taxa de ~cumUlação]
[ de energIa . de energIa

o primeiro passo para a aplicação desta equação consiste em selecionar


o volume de controle para o qual o balanço será desenvolvido. A partir desta
seleção, pode-se avaliaÍ" cada uma das parcelas listadas.
As entradas e siaídas de energia ocorrem no contorno do volume
de controle e são fUl~ções das áreas superficiais. Estas parcelas estão
normalmente associadas ao transporte de calor por um dos mecanismos
apresentados anteriormente: condução, convecção e radiação. Quando há
entrada e saída de massa ao longo do contorno do volume de controle,
as parcelas de energia associadas a este transporte macroscópico devem,
também, ser contabilizadas.
A parcela de geração de energia está associada ~ conversão de lima
dada forma ele energia em energia térmica. Em metalurg-ia, as formas mais
{. l. -

u~uais de geracão
, '
estão 3s~n(i~l\.la~ à:

'.t~..... • .,
• conversão de energia elétrica em energia térmica por efeito Joule. Esta
parcela pode ser estimada lllultiplicando-se a resistência elétrica do material,
R, pela corrente elétrica, I, elevada ao quadrado. Esta t~xa é sempre positiva
e contribui para o aumento da energia do elemento de volume; e
I

• conversão de energia química em energia térmica. Este! termo está associado


I
à ocorrência de reações químicas no volume de controle, podendo ser
positivo Oll negativo, dependendo da reação ser exotérmica ou endotérmica,
respectivamente. Esta parcela é avaliada multiplicando-se a entalpia da
reação pela sua taxa, que é obtida a partir de estudos de cinética de reações.
Neste item podem, também, ser incluídas as Illudanças de úlse, através da
liberação ou absorção dos calores latentes.
É importante salientar que a geração de calor é UIll fenômeno
vol umétrico.
A aculllulação de energia é também um fenômeno volumétrico,
que está associado a uma variação de alguma característica do volume de
controle ao longo do tempo. No caso da energia térmica, esta característica
é a temperatura. Em problemas envolvendo transporte de calor no estado
estacionário, esta parcela é nula.
A seguir, será resolvido um exemplo de aplicação de balanço de
energIa.

Exemplo

Uma corrente elétrica I passa através de um al'a~le cilíndrico de


" 1 • 1

diâmetro D e resistência elétrica R* por unidade de comprimento. O arame'


está em contato com um fluido a ~ma temperatura TL' e circundado 'p6r
uma vizinhança a uma temp~ratur~ T viz ' Considerando:que a tempe~at~ra;
no interior do arame seja un~torme::desenvolva uma eq~ação que permi;~~;
~)rever a variaçã~ ~~ temp~raturá com o tempo" c~rtado a p~rtir ~:~I:~
lI1stanteem que ll1lCla a pa~sagem de cOlTen~e eletnca. AssumIr queji~.·.
seja o coeficiente de transf~rência de calor do aramJ para o fluido .e~n.
contato com ele e que ê seja1a emi~sividade do arame.
i ~
'.
.
·l'c:
~ l, .'

Solução , I
ir,"
'I
I

,' ! I · ' i:·:


A variação de temperatura do arame em função tempo pode s~r; .ao
determinada a partir de um ~alançó de energia. Tomanào como referêndi,a, .
I .' I' , ,', ~
a equação (10. 14), tem-se: . j " .

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 295
I'Balanços de Energia e Mecanismos de Transporte de Calor
~r .
!{'
~i;
(~:
,'. : ,Taxa de entrada de energia O .
!~./il, .. ; i , ' "'-'cnt , I
,II N- I' di d ' :
'.;~,dl- ao la entra' p e energIa no arame. D~ssa,forma:
". ,.ll.'
.il" .1
, [Taxa de entrada]
" =Q! =0
, . " ii, I. de energia . , ; cnt
.i'.taxa de saída de '~nergia, Q.,.. '. :'
,:~'-"Il' "-'. "I i ~ S.I! J'

\:.iL ',.Considerandb as trocas de calor por: convecção e por radiação


.... : . . , I ' i

, (s,upondo que a vizinhança envolva completalTIente o arame), tem-se:


I':il I
\~r:.ii [Taxa de saída] ;' 4 4
'1.0-;: d . I = Qsai = n.D.L.h.(Ta - T=) + n.D.L.E.0".(T - T )
",! '' e energIa; " a VIl.
. (~
,:
;
1 '

::.i ,Nessa equação, o produto rr.D.L corresponde à área superficial do


j

aI~ain'e,'onde L é o seh comprimento e D o seu diâmetro, T. é a temperatura


I. 'd~' " ' ,l

dO'ar;llTIe.
"
• !:Ta~ade geração de energia, Qer
',' .'. g
':' . tE'ssa geração é devida à conversão de energia elétrica em calor por
'efeito'iJoule. O seu valor é calculado pela seguinte equação:
Taxa de geraçãO] _ ' _ . 2
. - QgC'- R .L.1
. .... [ de energia ..
~ .' 'O produto R".L fornece a resistência elétrica do arame de
. c()ITIprimento L .
. " \ ..

• :rT~~ade acumulação de energia, Qac" . :, ..


~!)~f,"iV~Á t~xa',de ~~umulação
de energi~ está associada à variaçã'o' da .
. >.t"p.."f.·.~.~'::: ~j ,-:",
·téqIp~raturad~ararne com o tempo. Esta~parcela pode ser avaliada através:
"j I

.-. :1.~~}..,-Hl~'\/~:'.:' ... ,.' . ,\ :"',; I

'd~j§.egtiinté ·equélç~~:.. ,:
• ", , ," 'I: .• -!;'~ ',' . ! '!' ': \.~ , " ' l '" . , ~'I

..',.+;r.à,\.~·,f\.~,l{.'t':· . "'l,T~xa de acumUlaçãO]


2

""",[." " . , " , .. 1., .


,fII1j~I"""" ., . 'd"" ..i~' Q ae i
.' .,:
.L. p. C P . dT
dt
a
=,: = nD
,4
':1' ,'~J' ,~:' '. eenergla'~:' , I :

,,;.r~i;';jL'1J::;; " .. ' :;. .,' i .:., .' ) , I i .


'~,' ... '}~~Nessa equação,IO produto nD / 4 . L,:~9rresponde ao volume do ,arame. :,
2
,I

{o" .;::'\1-';,'; ':'" ',. '. ';1 i . . i~}; :', i' i, I 1

:;Ú~ ,.;;,ÇbriIbil~a:ndát~das as parcelas dqJialanço de'energia, temi-se:


:j2lf~~I,::;~~;~t. ':;:,~\\': i)~, i. 2

·3J~~,~~,~~;~.Lh'(;'i:T-H[.q.L.f."(T. -
"1 " 4

!;r) + ! .L.I
2 nD
~ ~ .L.p. Cp' TI
1 dTa .

::;;'jt~ill;.>~::tax~ deyaria9ão de temperatur~, é, então, dada por: I ,


:)I~+"':"~:'" .. ' . 1 , / I
:,i~~!:",j· .
4 4 • 2'
dTa 1- -n.D.h.(Ta - T ) -n.D.E.O".(Ta - Tvi,) + R .1 :
',f?if: 'dt T ' . = nD 2 i '
, ~-.p.Cp

296 Fenômenos d8 Transporte


. A equação, com os termos de radiação e de geração de calor;~ão
, poss~i solução analítica. Ul~a técnica numérica basta~te simples pode~er;:
usada para se avaliar a variação d~ temperatura com 01 tempo. Oprincíp i9'
desta técnica está baseado no conceito de derivada pri1meira, apresentad.o .
na equação a seguir:! \ , ';

d~~, -_ 1"1m [Ta (t + ót) - Ta


- (t)]:'
dt, ÔHO Ót
Para ~t suficientemente pequeno, pode-se fazer a seguinte
aproximação:
dT, "" [Ta (t + Ót) - Ta (t)]
dt ót

Com esta aproximação, a equação para a taxa de variação de'


temperatura do arame pode ser escrita da seguinte forma:
,
Ta (t + ôt) - Ta (t) -1t.D.h. [Ta (t)- Tc)] -1t.D.cr.E.[(Ta4(t) - T\~z)] + R e .l 2 "

Ôt 1t.D 2
-4-·L.P.C p '

ou ainda:

j;
'J

. -Ta (t + ~t) = T, + ~t.I-1t·D.h.


(t) [(Ta (t) - Tf )]
~D
- ~.D.cr.E.[(Ta4 (t) - T~z)] + Re:I2 I
--.L.p,C p ' : ,
4 ;
Através desta técnica numérica, o que se Ifaz é calcula:!;as '~
temperaturas em instantes qe tempo separados por um intervalo Ôt, 'e'~ãq' :
mais continuamente como se faz quando soluções analíticas são obtida~'i '
1 ',- ~!" ~ ·~·.·~~·-.~·tl:;~"~
No primeiro passo, a t:mperatura inicial (t =O) ~iusada:l?ara cal~u~~t<,
a temperatura no instante t = O + ~t. Essa novatexpperatura é,eI?tãõ,:
II ~',
utilizada para calcular a temperatura em t =O + 2.Ôt. Esse procedimehtb:é:'
J " " • ""

repetido sucessivamente até se al~ançar o tempo de s!imulaç~odes~iaªo:':


i , . i ' . ' H~.~~ >
Para se ter precisão nos cálculos é fundamental que os valores,:de!At
• , " o " " '; '{ ,

sejam bem pequenos. Entretanto, valores de ~t extretylamente pequerlOs .


. 1 - '. '..... !\ ~ j •

vão fazer que o tempo gasto ~os cálculos fique extrema~ente elevadotP*~~ o: ,
, ,'o
se d~terminar um valor de ~t adequado, que forneça !resultados preCi~Bs :
. I ' .
sem um tempo de cálculo excessivo, devem-se executar os cálculos com
. ~ '1 ' ',l
, .l
; ,
ilt sucessivamente men~res. A partir de um certo popto, verifica-se qu~ "
reduções nos valores de ilt não causam alterações significativas nos valofes,
de temperatura, apenas aumentam o tempo consumid6 nos cálculos.' i

,
t'

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva ,297
" Balanços de Energia e Mecanismos de Transporte de Calor

, . ~ • I

:' I'::; , :A p~ani}ha ~lFtrônic~, arame.xls (~o CD: que acompanha este livro)
" ~~~ie~:;~~,~ ..~S..f,a]?y:~!~ ~~,~anaçãode t~~pe~atlra dp a~ame, especificando-
.s~J~,s;o,vGll?r.esde;R",p,h, e,I, p e Cp.A;lpgura: a segl1lr, apresenta curvas
?~~q,!o~cln;ento dq~rame para diferen,!~s ,valores de ~t, onde se observa
~tq'ue;foicomentad~ sobre o efeito do\falor de ~t.
-,\~~~i:;l"C"1"--'-' . ";'! ..~
200 " 1 ' - - ; - - - - - - - - - - - - - - - - -

160

G 120
'L..
'"
::;

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~ 80

40

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o 5 10 15 20 25 30 35 40
. ,i:'

,.:,21;t, . ,. ' ", " ' Temp~ (s) ,


~:~~85~~~é~~ty~;s,)~:}~IÍ1bél?~ quepara,.t~i?pOS suficientemente elevados, a .
~ ;~teiriRe~ãiupiª9~ararri~t~nde a estabilizar: E:~ta ea temperatura correspondeÍ1te
.. ,..~~~, .• ,~,~,:~ ... ,.~<:t.~:ti:,it.:.t'~Y,d.·"t;~"r~'·,~~"'- ,"1,,:0.', • ,~~,r<~..t::~ ',\
;'i~~i~~~~~~êt~ft~i~1~~r}?;91ãÓ há. mais~.~u!nylação de energia). ? valo~ ~est~.
• ', . . . " . I : '

;'t~mpet,~tpr,apQ§~t?J.!1bem ser determmaqo resolvendo a equaçao do balanço:


; a~r~ri~rgi,a;~l~~~;~>s'stmindo qu~ o termo;:~e'ácmnuIação é nulo: ',
'.'J1r+,1.: o";'S:,":i~~~/:':,','.: 2 ' " ,,:,t'·, 4 ~
t:1 J';~r,:!;'/,~'.l ~ lt.p.h(T. cc T_,?l,!·D;.E.a.(T. -T,.l "" , , "
,",0

.::2> l;t;;i ostél'eq~élção p~de ser resolvida usa.!}do o cçmando SOLVER da planilha,':
, ,', .,w.: ""1" '"
,',p,", , . .;::t" ','
"',":".c I'" ' .' • ~ <

';eIêfrôniCâ.'Esterec"úrso está também' ilustrado na planilha arame.xls.


c:;t:~~"!I,;I;~<::~:;'-" '~.; > :':'~;;. I· '

,:.~k~m~'~
~(,'.("lr#.J!f'~
,~" I
;:-~. "~'.'! ';~. ~ ~ .,~,>. \~
ib~1~Jçõ~i~~~e~v61vido ~o':"~~e"ffiplõ anterior pod~rjaser,l
*...... "':,'::', " '.' '.< 'l., .' .
L'
:\~:tl lza ,,~~~~r~1~Úri~I~~oTésf~iamento:-d~:a;adtl~, quando:inter~dmpido,~'"l
""lr'i'í~-:~~,'"JI' ,'ot~"":i':' 'I"
i-',i:,I'j , • ",.!"
:-"a.~~~~I~:e.nto?,E oa~~ecimel1to do aram~;,se estf fosse colocado no int~rior::
o í

, deuril forno? ExplIcar as respostas. '

298 Fenômenos de Transporte


~----------------------------~~~~---=~~~'~ -

, Exemplo

: 8 W /m 2 .K e a emissividade é.0,7. Á~dimensões do forno são:


• comprimento = 30 m;
• largura = 5 m; e
• altura = .'3 m.
Considerar que a densidade do aço é 7 ..500 kg/m~e que o se~ c'~lor:
específico médio na tàixa de temperaturas especificada! é de 750 J /kg.K.' ,
Assumir que as perdas térmiças pel() fundo do forno sdjamdesprezí~~i~: "
f'

As temperaturas do ar e da vizinhança do forno são 298 K., ';',:

Solução II
I,
o consumo de energia: elétri~a pode ser estimado a partir d~ um,'
balanço de 'energia para o for;no de 'reaquecimento.
: " "
I! ' . :i .'
~i :1
~ I

Considerando que o fOlino esteja operando em regime estacionáriq,,;'


, l~' ! ' il.'1

tem-se[, Taxa de entrada]_[Ta,La de


de energIa de energIa
S~ída]+[Taxa de geral'"ãO] ='0
,de energIa, J
E;H <:"
···11\,'
,1 1 I', '" . j,< , ,
'\
A seguir serão avaliad~s cadâ uma das parcelas,ilembrando:,que~:'f
incógnita é a taxa de geração de endrgia associada à cohkersão'de ene;gi~~i,
'1. ' ~'.' .: :1.,', " . -~ ~.~ ~ "!;..?:-t
l.'
i; ,

; 'e étrIca em calor. ".:;: " ;I',,;,,' ; , : ,'i~i ikl


;; , .:"!~:{' " '"',,,1::' :rrl,;,I,"">Íi);}W;~f~!t' IJ
,', ' 'A taxa de entrada de en~rgia, Q , está associada a9 aço',q'úe\'!nttll;nôj~s
'forno à temperatura T ent (300;K). 'A~~se~~indo que Trefs~j~à,ternpé~ài~~~'ff
, de referência para avaliação da energia contida nas pla~as,
, '
tem-se que: !':!f,
Taxa de entrada] _ '_ ' ': ' . "i
. - Qent - r.Cp.(Tent - Trcf )
[ de energIa ,

onde:
. r, é a massa de aço que entra no fi)rno por unidade de tempo (kg/s); e

VaradarajanSeshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 299
Balanços de Energia e Mecanismos de Transporte de Calor
t:" , .
,': .
~.:

: ~ .Cp' o calor espe;cífico médio do aço (J/kg.l'\:).


A massa de aço que entra no forno por unidade de tempo pode ser
avaliada pela seguinte equação:

r = v p ' 1. e.p

: onde; . ' . I

;:.~JL c . . ' !
:,.; v', é a velocidade de deslocamento das placas no interior do forno (mi s);
: :; , ,l~:
" .:1

,'dI' '"
.p . 1
a la~gu~.~ das['placas (m);
. '. .., ',I
", :

"ij%;e~ a espessura ~as placas (m); e


~ . ,<1, ~
. »:~1· p, a:densidade ~o aço (kg/m3).
" I

:~Ljl . I !
. . CombinandbI ,as duas equaçôes, obtém-se:
i.·

:~;:;ll'
1:;":1 " . ,I
".;}~j, '. .,"'! 'I
;::H~.ll·:,,! Qcnl= VJl'1. e. p .Cp·(lent - Trcf )
,.:")l,·t I I
.:::}:!i:'<'
, ; ~i ~':. ':, .•. . •

A taxa de saída de calor será co.mposta por duas parcelas:


'ii " " I .' I
:',~; energia çontich~ no aço que sai de dentro do forno; e •
- ! .

!:,'~: perdas térmica~ pelas paredes do forno, incluindo convecção para o are
. 1'.;'1.1

~:)i: "" .' ·.1 ..

",\11 radiação pará ai vizinhança.


1'1; Essa taxa d~ saída pode ser estimada ipe1a seguinte equação:
k";: ..... : .' .'
.", [Taxa
':.
de saída]
. = Qsai'• =. vp.l.e.p.Cp.(Tsai
. - Trcf ) +
; j. de energIa .'
i:/I ' ,
'[:: At .[h.(Tsup - Too) + E,(),(~,~,P - T~z)J
:b'11de:'
AI' é a área total da superfície externa do forno; e
'~~rS~i',:a temperatura de saída do aço do fOflio.
, A área total da superfície externa do forno pode ser determinada
àtravés da seguinte eq uação:
AI = 2,[Cf·H(,~Lf·Hf]+Cf.Lf

~nde:

" ", > ,I

J~, 'S:l'é:o comprinjento do forno (m); <

i' 'ji '. .:... • I o".\"


r ~'Hr' a altura do forno (m); e
I',. "1:

: • 'LI' a largllra do f()rno (rn).

",
I.' ~
300 Fenômenos de Transporte
".
.~

t~;:,." tf
':'

..,.

:!
.~
"

Substituindo estas parcelas na equação do balanço de energia, tem- ,


se:
:~
vp.1.e.p.Cp.(TcIlI -Tref)-vp.l.e.p.Cp.(T~ai -Tref ) -
. 'l..
T~z)] + Qclet
4
AI' [h. (Ta - T=) + E.cr.(Ta - = O .r
onde:
• Qdet' é o consumo de energia elétrica do forno.
Transpondo os termos na equação, tem-se:
T~z)]
4
Qckt = vp.l.e.p.Cp.(Tsai - Tent ) + A,.[h.(Ta - T=) + E.cr.(Ta -

Pela equação, constata-se que a escolha da temperatura de referência,


não afeta o resultado final. .
,.
A área total da superfície externa do forno é:
2
AI = 2.[(30).(3) +(5).(3)] + (30).(5) = 360 rn
i
I
Voltando à equação do . balanço de energia, obtém-se:
I
I I
Qelcl = (1/60).( 1,5).(9,2).(7500) .(750).(1400-300) +
: I·
8
(360).[(8).(400 - 2(8) + (0,7).(5,67 . 10- ).[(400)4 - (298)4)]
i i
, , I!' i,'
ii .:
Qckt = 30.937.500 + 546.862,6 W = 31.484.362,6 :i W = 31,5
. MW .. '
I
.-
,',

"

10.2.2 Balanço de energia para superfícies

'~ - Em vúrias situações envolvenuo transferência ue calor, torna-se


necessúrio o estabelecimento de balanço ue energia para superfícies.
Como foi Illcncionauo no item ele balanço ue
energia para volumes de
controle, a geração e a acumulação de energia são fenômenos volumétricos.
Como superfIcies não têm volume, o balanço de energia para elas poue ser
colocauo na seguinte forma:

Taxa de ~ntradal_ [Taxa de ~aídal =O (10.15)


[ de energIa de energia

Esta equação é similar ú do balanço de energia para volumes, mas


com a cxclusão dos termos ele geração e acumula<,:ão ele energia .
.. ,,
É importante observar que a equação apresentada é válida para os
':. I
",. i regimes estacionúrio e transiente.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 301
Balanços de Energia e Mecanismos de Transporte de Calor

~xemplo

Uma empresa fabricante de refratários des~ja avaliar as condições de


~rabalho de tijolos, 'que estão sendo utilizados em forno de reaquecimento
de tarugos, em uma usina siderúrgica. A terriperatura da face externa do
tijolo, que está emcontato com ar, foi medida em condições de regime
estacionário e foi obtido o valor de 150°C. A espessura do tijolo é 0,23 m
ç
suacondutividad~ térmica é de I W /.rn.!'\. O coeficiente de transferência
" ~e calor do tijolo p'ara o ar é h = 15 W/m 2 .Ke a emissividade do tijolo é
: 0;75. Sabendo que o ar e a vizinhança estão a 25°C, estime a temperatura
, d~ face interna do tijolo refratário., .
~ I ' ) : : '
" .1, I
: Solução '
\ ;:i i '
. !. I,. A figura a s~guir ilustra as con?ições, de trabalho do tijolo. '

I
:T=?
I i .
Ar. vizinhança
,

T T
00
1
Vil
= 25°C
(

Tc = 150°C

x=o
I~ , Para se calcular a temperatura T, pode-se fazer um balanço de
. . I , .

energia.para a superfície externa do tijolo. Para esta superfície, pode-se


escrever:
Fluxo de calor que] _ [FlUXO de calor que] =O
[ chega à superfície sai da superfície
O calor chega até a superfície por condução através do tijolo .
. Assumipdo um perfil de temperatura linear, tem-se que o fluxo de calor
. q~echega à superfície é dado por: '
, [FlUXO de calor que] = q. = -k dT = k (Ti - TJ
chega à superticie c dx L

\
302 Fenômenos de Transporte
, o fluxo de calor que sai da superfície é a soma dos f1uxos por
convecção para o ar e por radiação para a vizinhança:
Fluxo de calor que] • 4 .4 "

, . = qs = h.(Te - T.",) + a.ê.(Te - Tviz ) ,~ I


[ chega a superficle "i ", "

:
.
Substituindo dados nas expressões e colocando todas';as
t:
temperaturas em K, tem-se:, I.! ;
.. i .

8 -I" L '
qs = (15).(423 - 298) + (5,67 x 10- ).(0,75). .';,' i~

i
[(423)4 -r (298)4] = 2.901,1 W/m 2
i
;r ,; . '
" I

f i,
Igualando entradas ~ saídas de calor:
!
:(1). (Ti - 423) = 2.901,1 I
:
: (0,23) II :L,":,
i i .
obtém-se: I ':I!':)
Ti = 1.090,3 K = 817,3°C !·i1'
': [..··li!:, .
As temperaturas no Vjolo refratário vão varia~ de ~1 7 ,3.o~ ni~ ftce .
. quente a 150°C na face fria.; I ' '. :f

Referências

INCHOPEHA, F.P.; DEvVI'CI: D.P, Fundamentos da traniferência de calor e massa. iJ.ed.


Hio de Janeiro: lTC, 200:3.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
.303
~_. Balanços de Energia eMecanismos de Transporte de Calor
ii

Exercícios
I
i
1 - Uma das superfícies de uma parede de aço inoxidável com 10 mm de
=
espessura (k 15 ~ /m.I'\:) é mantida a 900e por condensação de vapor
d'água, enquanto a: face oposta está exposta a uma corrente de ar a 20°C
=
e h 25 W /m 2 .1''\:. Qual a temperatura da superfície em contato com ar?
Qual o fluxo de calor nesta superfície?

2 - O coeficiente de transferência de calor por convecção natural sobre uma


placa vertical suspensa no ar pode ser avaliado através da determinação da
variação da temperatura da placa em função do tempo, à medida que ela
esfria. Assumindo que a temperatura no interior da placa seja uniforme
e que a radiação seja desprezível, avalie o coeficiente de transferência de
calor no instante em que a temperatura da placa é 225°C e que a sua taxa
de variação de temperatura (dT I dt) é de -0,022 I'\:I s. A temperatura do ar
é 25°C. A placa tel~ altura e largura de 0,3 m e sua espessura é de 1 mm.
A 'massa da placa é 3,76 kg e o seu calor e~pecífico é 2.770J/kg.K
, L' I •

i
3 - Uma panela cqntendo aço líquido é transportada da instalação de
refino secundário 'até a unidade de lingotamento contínuo. O tempo
de: transporte é de: .5 minutos. Estimar a queda de temperatura do aço
neste percurso. A panela tem formato aproximadamente cilíndrico com
diâmetro de 3 m. A altura de aço na panela é de 3,3 m. Tem-se ainda os
I, I '
see:uintes
..,.,
dados: !I :'

_.ii temperatura doI aço na saída da instalação de refino secundário


:1 I
:, 1.580"C;
I'

_I' emissividade dq aço líquido = 0,2R;


i
_ coeficiente de transferência de calor na superfície superior do aço =
10 W/m 2 .K;
_ condutividade térmica do aço líquido = 35 Vv 1m.!'\:;
_ calor específico do aço líquido = G80 J/I{g.l'\:;
_ densidade do aço liquido ~ 7.020 kg/m:J; e
_ revestimento refratário: espessura de 30 cm e condutividade térmica
extremamente baixa. O revestimento está em equilíbrio térmico com o
aço.
Listar ;lS hipóteses feitas nos cálculos.

304 Fenômenos de Transporte


4 - As cinco paredes (teto e as quatro taces laterais) oe Ulll forno dere-
aquecimento de lingotes foram construídas empregalldo a configuração
mostrada na figura a seguir:
,, ,
L= 0,02 m

L= 0.30 m L= 0.20 m { i .
1

Gás
I '
j
Interior I,
do forno Ar: T= 20°C
Vizinhança: T= 20°C
Tdo gás = 1.300°C

Rorratário 1 R8fratário 2 I:
., ;.

r
Chapa de aço
A temperatura da superfície externa da chapa de aço é uniforme
e igual a :wo"c. Estimar a taxa oe perda de calor do forno (incluir
r~diação). Assumir que o fundo do forno é adiabático. A temperatura no
interior do forno é ] .~300°C. A emissividade da chapa de aço é 0,8 e o forno
tem comprilllento de 10 m, lúrgura de 5 m e altura de 3 m. Calcular a
temperatura da ülce interna do forno nas paredes verticais.
O coeficiente de transferência de calor em todas as superfícies
externas verticais é de 5 'vV /mé!.I'\: e no teto é de 12 W /m~.K
Daoos dos refratários e da chapa Oe aço:
• Refratário 1: densidade = 2.500 kg/m\ calor específico = 700 l/kg.!'\',
condutividade térmica = 5 W /mJ\:;
• Refratário 2: densidade = 2.800 kg/m'l, calor específico = 800 l/kg.K,
!
condutividade térmica = 2 W /m.1'\:; e
i 1
• Aço: densidade = 7.80:0 kg/m\ calor específi90 670 l/kg.K,
.t,
condutividade térmica = 35 W /m.K
~
!
I

5 - Na laminação a quente, placas de aço têm a sua espe~sura reduzida pela ;


passagem através de rolos. O aço na forma de tiras sa~ da última série de
I
.,
1

rolos e é resfriado à medida que se desloca até o ponto ~nde é bobinado. O


resfriamento da tira é feito em diversas etapas, incluindo resfriamento com
1
i-
"
.,(1

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 305
Balanços de Energia eMecanismos de Transporte de Calor

I '
=
jat?s de água. Para f produção de tiras de açol(densidade 7.800 kg/m ,
S

cal()r específico = 950 l/kg.K), as condiçõe~ de, operação do processo


cb~respondem a u~a temperatura de saída dos rolos de laminação de
1.0:000 C, temperatura da água nos jatos de 25°C, e uma velocidade de
deslocamento da tira de 12 mi s. A largura e a espessura das tiras são,
respectivamente, 1,~ m e 2 mm. Qual a taxa lpédia com que o calor deve
'j I '

sei extraído da tiraipara que a sua temperatu1ra, ao ser bobinada, seja de


500°C. A extensão da linha de resfriamento é de 100 m.
Identifique t6dos os mecanismos de transferência de calor que
contribuem para o resfriamento da tira.

6 - Um cadinho é usado no transporte de alumínio líquido do forno


de fusão até a unidade de lingotamento contínuo de tiras. O tempo de
transporte é de 2 minutos. Estimar a queda de temperatura do alumínio
neste percurso. O cadinho tem formato retangular com largura de 20 cm
e comprimento de 18 cm. A altura de alumínio é de 10 cm. Tem-se ainda
os seguintes dados:
• temperatura do alumínio na saída do forno = 720°C;
•. temperatura do ~r e da vizinhança = 25°C;
• •emissividade do ialumínio líquido = 0,12;
• 1

• coeficiente de transferência de calor na superfície superior do aI umínin =


.20W/m 2 .K;
i

• 'condutividade térmica do alumínio líquido = 200 W Im.K;


. I
• calor específico do alumínio líquido = 1.200 J/kg.K;
1 :

• densidade do ahlmínio líquido = 2.388 kgjm:l; e


• revestimento doi cadinho: espessura de 1,5 'cm e condutividade térmica
extremamente 8aixa. O revestimento está em equilíbrio térmico com o
alumínio. I '
Listar as hip9teses feitas nos cálculos.:

306
Capítulo

11
11.1 Lei de Fourier

Como mencionado no capítulo anterior, a transferência de calor por


condução ocorre quando há um gradiente de temperatura em um dado
meio. O fluxo de calor por condução é calculado através da Lei de Fourier.
Como este fluxo é uma grandeza vetorial, ele pode ser calculado para as três
direções ortogonais. Em coordenadas cartesianas, pode-se escrever:

q =-k -
aT (11.1)
x x ax
q =-k -
aT ( 11.2)
Y Y ay
q =-k-
aT ( 11.3)
z z az
onde:
• q" qy' qz' são os fluxos de calor !las dircções ortogonais x, y e z,
respectivamente (W /m~);
• k" k)} k" as condutividades térmicas nas direções x, y e z (vV /m.K); e
• T, a temperatura (I{ ou 0c).
Materiais anisotrópicos podem apresentar valores de condutividades
térmicas diferentes ao longo das três direções ortogonais. Para materiais
isotrópicos, as condutividades nas três direções são iguais. Nesse texto, serão
consideradas apenas situações envolvendo materiais isotrópicos.
A condutividade térmica é Lima importante propriedade dos materiais I.

que, juntamente com o gradiente de temperatura, determina a taxa de


transferência de calor por condução.

:" 11.1.1 Condutividade térmica

A condutividade térmica de um material depende de uma série de


fatores. Um deles é o estado físico da substfmcia. Os sólidos têm uma
tendência a apresentar condutividades térmicas mais elevadas que os líquidos
que, por sua vez, apresentam condutividades mais elevadas que os gases.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 307
Nos sólidos, os metais puros possuem condutividades térmicas mais
elevadas que as ligas ~etálicas. De um modo geral, estes materiais metálicos
têm condutividade mais elevada que os materiais não metálicos.
j

Para um mesmo material, a temperatura pode também ter um efeito


significativo sobre o valor da condutividade. Este efeito varia em função da
natureza do material. Para metais, há uma tendência geral da condlltividade
diminuir com o aumento da temperatura. Entretanto, mudanças de estrutura
cristalina podem alterar esta tendência. Para gases, a condutividade térmica
tende a aumentar com a elevação da temperatura.
Dentre os sólidos, os materiais que apresentam estrutura cristalina
conduzem calor mais rapidamente do que os amorfos. Um outro efeito está
associado à presença de poros no material. Os poros tendem a diminuir o
valor da condutividade térmica do material. O preenchimento dos poros com
r

gases afeta também o valor da condutividade. Este efeito depende do gás


que está preenchendo os poros. Gases que são melhores condutores tendem
a atenuar o efeito da presença dos poros. Os sólidos porosos são, em geral,
maus condutores de calor, tornando-se excelentes isolantes térmicos.
As Figuras de 11.1 a 1 I.S mostram valores de condutividade térmica
em função da temperatura para diferentes materiais.
Algumas teorias têm sido propostas para permitir a estimativa da
condutividade térmica dos materiais (GEIGER e POIRIER, ] 97.'3).1 As teorias
para sólidos e líquidos ainda são limitadas e permitem estimativas apenas
da ordem de grandeza dos valores.
Para gases, há uma equação que permite relacionar a viscosidade com
a condutividade térmica (GEIGER e POIRIER, 197.'3):1

k=ll.
I"'"
(c P
+
1,25.R)
M!,•
(11.4)

onde: I
I
• k, é a condutividade térmica do gás (W /m.I\);
• a viscosidade do gás (Pa.s);
j.l,
• C, o calor específico do gás à pressão constante (J/I\g.l\);
p
• R, a constante dos gases (J / mol.!'\); e
ti M, a massa molecular du ~ás (li:g/mol).

I
3GB
'·i
I
;

.~

,,

500 = - - - - - - - - - - - - - - - - - ,
400 PCratoure
@
300 Ouro
200 Alumínio.
Liga de alumínio 2024

~ 100
~

Ferro ..
o.>
-=
ro .. ' Aço inoxidável, AISI304
5 20 ------
==
-=
=
= 10
c..:l
Óxido de alumínio'

2
Quartzo fundido
Figura 11.1 - Condutividade
1 térmica de alguns materiais
100 300 500 1.000 2.000 4.000
sólidos (lNCROPERA eDEWITI.
Telllperatura (K)
2003).2

0,8

Água
i .
I
,.
52
E 0,6
---~
ro
.~
Amônia
E
:s
o.>
-=
ro 0,4
-=
';>
=
=
-=
= Glicerina
=
c..:l

0,2

Óleo de motor Figura 11.2 - Condutividade


térmica de alguns líquidos
O (lNCROPERA e DEWITT, 2003).2
200 300 400 500
Temperatura (K)

. }
Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, ltavahn Alves da Silva 309
.Condução em Regime Estacionário '
,;
t
.•...•..'

0,3
I
l
,...---------------~
. Hidrogênio

Hélio fi'
:1.
, ,

--º
~
E

cd
C>
0,2


~
CJ.)

-=
cd
-=
.:;;:
==
-=
c:
C>
c...:>

0.1 Água
(vapor, 1 atm)

carbono

~Freon12
O~--~~==~---~--~--~
Figura 11.3 - Condutividade O 200 400 600 800 1.000
térmica de alguns gases Temperatura (K)
(lNCROPERA e DEWITT, 200W
Para mistura de gases, a condutividade térmica pode ser estimada a
partir da composição química da mistura e da condutividade dos gases que
compõem a mistura. A equaç80 proposta é:

k =..c.-i=-.:.I_ _ __
( 11.5)
111 n

"x
.t..J M
i= I
I-
lí3
I

onde:
• n, é o número de componentes na mistura gasosa;
• Xi' a fração molar do gás i;
• Mi' a massa molecular do gás i; e
• a condutividade térmica do gás i.
l{i'
Estas equações permitem a estimativa da condutividade térmica de
gases com discrepâncias inferiores a 5% em relação aos valores determinados
experimenta Imcntc.

310
A Figura lIA· apresenta um sumário das ÚlÍxas de valores de
condutividade para diferentes materiais.

Zinco Prata
Metais puros

Níquel Alumínio
I Ligas

Plásticos Gelo Óxidos


Sólidos não-metálicos

Espumas Fibras
Sistemas de
isolamento

Óleos Água Mercúrio


líquidos
Dióxido de I
carbono Hidrogênio
Gases
I Figura 11.4 - Faixas de
valores de condutividade
0,01 0,1 10 100 1.000
térmica para vários materiais
Condutividade térmica (W /mK) (INCRO PERA e DEWITT, 2003).2

Uma outra característica importante dos matenaIS relativa à


transferência de calor é a difusividade térmica, definida por:
k ( 11.6)
a=--
p.C"
onde:

• a, é a difusividade térmica (m~ / s).

A difusividade térmica é uma propriedade do material que está


rel~clonada com as suas capacidades de transferir e armazenar energia.

11.2 Equações Gerais da Condução

Em algumas situações de grande relevância prática se deseja


determinar a distribuição de temperatura no interior de um corpo sólido.
Para se determinar esta distribuição, o ponto de partida é a obtenção de

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva ·311
'" Condução em Regime Estacionário

~I
uma equação matemática que descreve està variação em função da posição
e do tempo. Esta equação pode ser obtidél desenvolvendo um balanço de
energia para um elemento de volume infiniiesimal em uma posição crenérica
no interior de um meio sem movimento l~lacroscópico. A obtenç~o desta
equaç~o para diferentes sistemas de coordenadas é apresentada nos itens
a segUlf. !

11.2.1 Coordenadas cartesianas

o balanço de energia é desenvolvido para o elemento de volume


. fi'
111 . IVIsto
Imteslma ' na F'19ura 11.5. I

Elemento
/.~~
de volume
________ 1---~-----7
/).z
/
/
/
/
/

/
/ /).x
/
/
/
/

Figura 11.5 - Elemento de y~/----------------~

volume em coordenadas
cartesianas. x
I
Para o desenvolvimento do balanço Ide energia será considerado o
caso de um material isotrópico, que aprese~ta gradientes de temperatura
nas três direções ortogonais e cuja tempera:tura possa também variar com
o tempo. I .

O balanço de energia para o elemento de volume visto na FIgura 11.5


pode ser expresso através da seguinte equação:
Taxa de ~ntrada]_[Taxa de ~aída]+ 'I

[ de energIa de energia ( 11.7)


, I

Taxa de ~eraçãO] = [Taxa de ~cumUlaç~o]


[ de energIa de energIa I
, I

Para avaliação das taxas de entrada e siaída de eneq;ia, o fluxo de c,alor


é decomposto nas suas três c()Jllponentes ortoç:nnais, <l" <lI e <li.' As taces
I .

312
que serão consideradas para avaliação das entradas e saídas de energia são
escolhidas de acordo com a orientação dos eixos coordenados. As entradas
são avaliadas nas faces localizadas nas posições x, y e z e as saídas nas faces
localizadas em x + L1X, Y + L1y e z + L1z. Tem-se, então:

• Taxa de entrada de energia:


Taxa de entrada] ( 11.8)
· = (i1y.i1z.qJIx + (i1x.i1z.qy)l y+ (i1x.i1y.qJl z
[ de energIa
• Taxa de saída de energia:
Taxa de saída] (11.9)
. = (L1y.L1z.q,)I,+L'.'+ (L1X.. L1z.qy)l y+L'.y + (L1x.i1y·qJl z +dz
[ de energIa

• Taxa de geração de ellergia:


Taxa de geraçãO] _ ~ . (11.10)
· - i1x.i1 y.i1z. q I
[ de energIa :I
• Taxa de acumulação de energia:
Taxa de acumUlaçãO] _ T(t + i1t) - T(t) (11.11)
· - i1x.i1y.i1z.p.C ).---:..----.:...-.....:...:...
[ de energIa I i1t
onde:

• q, é a tax.a de geração de energia por ullidade de volume ('vV /llri); e


• i1t, o intervalo de tempo (s).
Combinando as diferentes parcelas do balanço, obtém-se:
[(i1y.i1z·qx )Ix + (i1x.i1z.qy)l y+ (i1x·L1y·qz)lJ-
[(i1y.i1z.qJlx+L'.X + (i1x.L1z.qy)l y+L'.Y + (L1x·i1Y·Qz)l z +L'.J + (11.12)
. T(t + i1t) - T(t)
L1x.i1y.i1z.Q
L1x.L1y.i1z.p.C p • .--..:...----.:...-....:....:..
=
L1t
A seguir, será desenvolvido um tratamento matemático visando
à obtenção de uma equação diferencial que represente o princípio de
conservação de energia. Este tratamento é similar àqueles que foram feitos
na obtenção da equação de conservação de quantidade de movimento, no
estudo do escoamento de fluidos.
Inicialmente, a equação (11.12) será dividida pelo volume do elemento
de volume:
qJ, - qxlx + UX + q)y - q)y lU) + qzlz - qzlz +\7 +q = p.C . T(t + ~t) - T(t) (I loIS)
~x ~y ~z r ~t

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 313
Condução em Regime Estacionário

Fazendo o limite da equação (11.1 SI) para ,1x, ,1y, ,1z e ,1t tendendo
a zero; obtém-se:
aq, aqy aqz·
______ +q = pC -aT (11.14<)
ax ay az . at p'

Para se chegar à equação (11.] 1,), ~leve-se lembrar da definição de


derivada primeira, apresentada na equação (11.] 5):

lim [cfl+óx -(f~J = df I (11.15)


6x--->0 L1x dx
Expressando os fluxos de calor atra~és da equação da Lei de Fourier,
tem-se:
(1l.l)

aT
q =-k - ( 11.2)
y ay y

aT
q =-k-
(11..'3)
z az z

obtém-se:

~(kx
ax . aT)+~(k
ax ay aTJ+~(kz
ay az . aT)l~
az I = p.C .aT
y at p
(11.16)

Essa equação diferencial representa o balanço de energia na sua forma


mais geral. Algumas versões simplificadas ~erão obtidas a seguir.
I
Para um material isotrópico:

k -k-k-k
x y z
(11.17)

logo:

_a (k-
aT) +-
a (k-
aT J+-a (k-
aT) +q. =p.C.-
aT i (11.18)
ax ax ay ay az az at p
I

Quando o material apresenta condu'tividade térmica constante, a


equação de conservação de energia pode ser! escrita na seguinte forma:
,

(11.19)

onde:
• a. {. a dil'usiyidade t{'nnÍcrl do l1l;\terial, detinida pela l'quéI(,'cIO (1 1.(i).
I

1
314 Fenômenos de Transporte
Para condições de regime estacionário, a temperatura não é função do
tempo e a equação de conservação de energia é simplificada para:

-o (kOT) o (koT-J+-o (kOT)


- +- - + q. = Ot
( 11.20)
OX OX oy oy oz oz

'" .
Ouando a transferência de calor ocorre apenas em uma direção (y,
por exemplo), não há geração de calor (q = o) e as condições são de regime
estacionário, obtém-se:

~(kOTJ
oy oy =0
(11.21 )

A integração da equação, fornece:

( 11.22)

onde:
• C, é uma constante.
Nesse caso, observa-se que o fluxo de calor na direção y é uma
constante .
. Versões similares à equação de conservação de energia em coordenadas
retangulares podem ser obtidas para coordenadas cilíndricas e esfericas.

11.2.2 Coordenadas cilíndricas

A Figura 11.6 apresenta o elemento de volume em coordenadas


cilíndricas.
As equações de Fourier para fluxos de calor em coordenadas cilíndricas
são expressas por:

(11.2.'3)

( 11.25)

Varadarajan S8shadri, Rob8rto Parr8iras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alv8s da Silva 315
Condução em Regime Estacionário

r + Sz

e + L\e

r + L\r
Figura 11.6 - Elemento de
volume em coordenadas
cilíndricas (INCROPERA B
DEWITT. 2003).2
Seguindo procedimento similar do adotado para coordenadas
cartesianas, pode-se obter a equação dr conservação de energia em
coordenadas cilíndricas:
1 a (k.r. aT)
~ ar ar +"11 aea (k. aT
ae ) + aza (k at
az ). aT
+q = p.C at p
( 11.26)
I
Esta equação poderia, também, ser obtida através de algebrismos com
a equação em coordenadas retangulares, dsando as relações matemáticas
entre os dois sistemas de coordenadas:
(1 1.27)
x = r.cose
(11.28)
y = r.sene
(11.29)
z=z
11.2.3 Coordenadas esféricas
1
A Figura 11.7 mostra um e1ement o de volume em coordenadas
esféricas.
e + L\e

Figura 11.7- Elemento de k(L$61 ,';,. >,

volume em coordenadas
esféricas (INCRO PERA B
ffY
x
el
DEWITT. 2003).2 L_--. - - - - ----------1---------
1 I
316 Fenômenos de Transporte
As eq uaçües ue Fourier para coordenadas esíericas são:
êlT ( 11.30)
qr=-ka;
I.
, !
, ,
ij
k aT (11.31)
q(J= --; êle d
I'
i, l i

k aT ( 11.32)
q =----
'P rsene a<p

A equação diferencial de conservação de energia para o elemento


de volume em geometria esférica pode ser obtida a partir do balanço de
energia (como teito para geometria retangular) ou a partir de algebrismos
desenvolvidos com a equação ( 11.16) e as relações abaixo:

x = r.sene.cos<p (11.33)

y = r.sene.sen<p (11.34)

z = r.cose ( 11.35) : . i

o resultado obtido é:

,
í

I
( 11.36)

?
1 a ( k.sene.-
êlT).
+q = p.C -aT
csene ae ae p at
!I
I
I
Para se determinar a distribuição de temperatura em corpos sólidos,
é necessário resolver a equação diferencial de conservação de energia. Para 1II
se obter esta solução, é necessária a aplicação de condições de contorno e ,j
,I

~'I
iniciais (em casos de problemas transientes). Estas condições são discutidas
no próximo item. ;i

..
'
,i
'1
'
11.3 Condições de Contorno e Iniciais ;1
'i
,I.
'I
Em transferência de calor, as condições de coi1torno usualmente ,.,
encontradas se encaixam em Ulll dos tipos ilustrados na Figura 1 1.8. j!
·l
.1
,.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 317
Condução em Regime Estacionário

EQuaçao: dT = qs
- - k dy
®
Equação: T (y = O,t) = Ts

T T

Ts

Y
Y
y=O y=O
Temperatura constante na superfície Fluxo de calor constante

I é1T
Equação: - k - = h.[T - T (O,t)] +
I dX =

+ () .E.[T~ - T 4 (O,t)]
Equação: - k ~~ = ° I

T T
T(O, t)
@
1111
Figura 11.8 - Condições y ,Y
de contorno normalmente
y=O y=O
encontradas em problemas de Convecção e radiação na superfície
Superfície adiabática ou plano de simetria
transferência de calor.
A condição de contorno do tipo A pode ocorrer quando a superfície
está em contato perfeito com algum materiil puro que sofre mudança de ÜISC.
Nesse caso, a temperatura permanece constante no valor ela temperatura ele
mudança de fase e o fluxo de calor estará as~ociado
I
à liheração ou à absorção
do calor latente de mudança ele fase.
I
A situação vista na condição de contorno do tipo B está relacionada
com a colocação de um afjuecedor elétrico .i~lJlto à superfície. Este aquecedor,
~, .
dissipando uma dad<l potência, vai fornccer11llTI fluxo de Cillor constantc para

I
318 Fenômenos de Transporte
11
l
:r
1

·'lt
1
l'
a superfície. Um caso particular dessa condição de contorno ocorre quando
o fluxo de calor é !lulo (tipo C). Essa situação ocorre em superfícies bem
isoladas. Uma outra possibilidade de fluxo de calor nulo é a de planos de
simetria no interior de materiais sofrendo aquecimento ou resfriamento.

A condição do tipo D é a mais comum de sà encontrada em


casos práticos. Nessa situação, a superfície troca calor com um fluido em
contato com ela e com uma vizinhança que a envolve completamente. Se
a contribuição da radiação for desprezível, basta desconsiderar a segunda
,
, .,

I'
parcela do lado direito da equação para o caso D, na Figura 11.8. 1:
I,
, !
.É importante mencionar que as equações relativas às condições de ,'1'
contorno de B a D foram estabelecidas através de balanços de energia para L
a superfície.
\.
Para problemas transientes, além das condições de contorno, é
necessário especificar a condição do sistema no instante em que se começou
a contabilizar o tempo. Essa condição é usualmente denominada condição
inicial. A condição inicial mais comum é a de uma temperatura uniforme ao
longo de todo o sistema em estudo. Esta condição é vista esquematicamente
na Figura 1 1.9.

Equação: T (y,t = O) = T1 T(y, t= O)


T •.......................................
1

Figura 11,9 - Vista


y esquemática de uma
condição inicial de
y=O temperatura uniforme,

A seguir serão apresentados vários exemplos de determinação de


distribuição de temperaturas, e outras grandezas de relevância, para diversos
sistemas com diferentes geometrias. Neste capítulo, serão tratados apenas
casos cm regime estacionário. Situações transicntes serão abordadas no
próximo capítulo.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 319
Condução em Regime Estacionário

11.4 Perfis Unidimensionais de Temperatura I

Inicialmente serão tratados caso~ envolvendo geometrias planas.

11.4.1 Parede plana


I
O sistema a ~er analisado é visto ~squematicamente na Figura 11.10.
I
Tt
Parede

T
I

; .

'.
• Te .. .,

Figura 11.10 - Sistema


unidimensional de x
transferência de calor em
geometria plana.
x=O I x=L
A transferência de calor nesse cas~ está ocorrendo apenas na direção
x (direção do gradiente de temperatura).[
A equação diferencial que determina a distribuição de temperatura
pode ser obtida através de simplificação! da equação geral obtida no item
11.2.1 (equação 11.18). Os termos assoc~ados à transferência de calor nas
direções y e z, à geração e à acumulação de energia podem ser desconsiderados
e a equação obtida é: I
.:

~(k dT)= O (11.37)


dx dx
, )
Integrando a equação (1 1.S7), obtem-se:
k dT = C' (11.38)
dx I

onde:
• C/, é uma constante de integração.
Lembrand_o da equação de Fourierj c~ns:a~a-se que para geol11etr~a
plana, sem geraçao de calor e em estado es~aclOnano, o fluxo de calor atraves
da Pélrede l' CO/lstante'. I ~"'
~,
~~"

J
.~~
~
320 Fenômenos de Transporte .

..w..";,i'''.•.
Assumindo que a condutividade térmica seja constante, pode-se
escrever que:
dT _ C'I - C ( 11.39)
dx -T- 1

Integrando a equação (11.40), tem-se:


T= CI.x + C2 (11.4,Q)

onde:
• C2 , é LIma constante de integração.
Observa-se que com as considerações feitas (transferência
unidimensional, sem geração de calor, estado estacionário e k constante), o
perfil de temperatura é linear.
A determinação das constantes de integração C) e C2 é feita a partir
das condições de contorno, As condições de contorno que serão adotadas
são as do tipo A, da Figura 11.8:
Condição de contorno 1: x = O T=T'I ' e
Condição de contorno 2: x = L T = Te'
Aplicando estas condições na equação do perfil de temperatura,
obtém-se:
(11.4<1)
Ti = CI·(O) + C 2
Te = CI·(L) + C2 (11.4<2)

Resolvendo as equações, tem-se:


C? =T (11.4.3)
- I

C =
T-T
e I
(11.4<4)
I L
Substituindo os valores de C) e C 2 na equação (11/1,0), obtém-se:
x
T = (T~ -T) -L + T I· I

A partir da equação (11.4<5), pode-se calcular o fluxo de calor através


do material. Usando a Lei de Fourier, tem-se:
= -k dT = -k. (T~ - TJ = k (Ti - TJ
q
x . dx L L
A taxa de transferência de calor é dada por:
(T -T) (1 1:J.7)
Qx = A.q = A.k I c
x L

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 321
Condução em Regime Estacionário

onde:
• A, é a área do material perpendicular ~ dircção de transferência de calor.
A equação (1 1/1<7) pode ser reescrha na seguinte forma:

Q ~ (T; - TJ
x (L)
k.A
I
(11.48)

A equação pode ser interpretada a~ravés de uma analogia com a Lei


de Ohm da eletricidade:
. V ( 11.49)
1=-
R
onde:
• i, é a corrente;
• V, a força eletromotriz; e
• R, a resistência.
A taxa de tral1sferêncía de calor é 9análogo da corrente. A diferença
de temperatura é o análogo da força ele'tromotriz, representando a força
motriz para a transferência de calor. O termo LI A.k pode ser interpretado
como uma resistência térmica à transfer~ncia de calor por condução.
Se, ao invés de se conhecer a temperatura na posição x =
L, fosse
especificada uma condição de contorno de convecção para um fluido a uma
temperatura T OO.e e o coeficiente de transfJrência de calor fosse he' o perfil de
temperatura seria definido em função destas grandezas. Para tal, bastaria
1
alterar a segunda condição de contorno 0 caso anterior para:
! dT
Condição de contorno 2: x = L:i - kdx- = h c.[T(x = L) - T=,C ]

Essa condição é do tipo B na Figura 11.8. É importante observar a


ordem dos termos na parcela de ~ux~ de ca~or p~r convecção..Ela foi escolhida
desta forma para manter a coerenCla comi a onentação do eiXO x.
i

O perfil de temperatura vai continuar sendo expresso por uma relação


linear, dada por: I . ,

T = C1.x + C 2 (ll.1D)
Como a primeira condição de contol~no não foi alterada, obtém-se que:
I
( 11.43)

322 Fenômenos de Transporte


Aplicando a segunda condição de cOlltorno, tem-se:

C = -h C (TI - T=,C ) ( 11.50)


I he.L + k
Voltando à expressão para o perfil de temperatura e substituindo as
equações para as constantes de integração, tem-se:

T= T -
h."(T
I
- T='.x
e) ( 1 1.51 )
I hc. L + k
Esse perfil pode ser colocado na seguinte forma adimensional:

T -T I X ( 11.52)
T -TCO,e
I 1+ >(.L
o parâmetro k/ll".L é um número adimensional. O seu inverso é um
grupo adimensional denominado número de Biot, Bi:
. hc· L . (11.5.'3)
BlOt=Bl = - -
k
Esse número tem grande relevúncia na transferência de calor,
especialmente em problemas transientes, como será visto no Capítulo 12.
Reescrevendo o perfil de temperatura em função desse número, tem-se:
T -T I X ( 11.54)
T -TDO,e
I

A temperatura na posição x = L vai ser dada por:


Ti-Tlx=L =- - - ( 11.55)
Ti-T=.e 1+ Ysi
Se número de Biot tender a zero, a temperatura em x = L tende a Ti'
Se Bi tender a infinito, a temperatura em x = L se aproxima de T ooe' Estas
duas situações estão ilustradas esquematicamente na Figura 11.11:

1I
T
.T([,0
~ .
.
hT
el 00, e

Si
111 1 Figura 11.11 - Perfis de
temperatura esquemáticos
x para dois valores limites do
x=o x=L número de Siot.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 323
,.
i:
~.
Condução em Regime Estacionário
í ::
I"
f'"

Observa-se na Figura 11.11 que ~ aumento no número de Biot faz


com que os gradientes de temperatura n6 interior do material fiquem mais
I

pronunciados.
O fluxo de calor através do material pode ser expresso pela seguinte
equação: I
dT k.hc·(Tj-Tooc ) (] 1.56)
q x = -k dx = h .L + k .
c

e a taxa por:
k.h .. (T - T .) (] 1.57)
Q = A. . = A. c 1 OO.C

X qx h c' L + k
I

Dividindo o denominador e o numfrador do lado direito da equação


(11.57) por A.h".F\:, obtém-se: ,
Q = (Tj -Too.J
(11.58)
x (L
k.A + he.A
1)
Novamente, pode-se interpretar e~ta equação em analogia à Lei de
Ohm. Nesse caso, surge a resistência à transferência de calor por convecção
(l/I\.A). Como a analogia é com um circu[ito elétrico em série, a resistência
total é a soma das resistências individuais. A situação pode ser ilustrada
esquematicamente como vista na Figura I] 1.12.

~
I'

!
~.,'
~

x=O x=L
Figura 11.12 - Analogia da
transferência de calor em L 1
uma placa plana com um k.A TI
c
L -_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
circuito elétrico em série.

I
I

324 Fenômenos de Transporte


Por analogia com a expressão (11.58), pode-se ueuuzir que, sc cm
x = O a condição de contorno fosse de transferência por convecção para um
fluido a uma temperatura T "',I. e o coeficiente de transferência de calor tosse
h., a taxa de transferência de calor seria dada por:
1

Q == (Tc.o,i -T ,c )
(I L I)
CoO

( 11.59)
x
--+-+--
hj.A k.A hc.A

Essa equação, também, poderia ser obtida considerando que a taxa


de transferência de calor é constante ao longo da placa,logo:
(11.60)

A.k (11.61)
Qx = L·(Tj - Te)

Q, = A.hc·(Tc - T=.J ( 11.62)

ou, ainda:

(T=,'.-T)=~
( 11.63)
AI 1
. lj

( T - Tc ) = Q, ( II}).!.)
1 A.k
L

(Tc -T=J
,
=
A.
Q~ c
(11.65)

Somando as três equações, tem-se:


I
,.
(11.66)

ou finalmente:

( 11.59)

que é a mesma equação obtida anteriormente.


A partir das relações deduzidas anteriormente, pode-se obter Ullla
equação geral de taxa de transferência de calor para uma situação como a
que é apresentada esquematicamente na Figura 11.13.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Siiva, Itavahn Alves da Silva a25
! ' •

, ~'

:':' Condução em Regime Estacionário


.. ".

T ,i
Cf)
T
["f).r.

h,I he

Figura 11.13 - Parede plana


com várias camadas de
x=o
material.

( 11.67)

Se houvesse mais camadas de material, bastaria adicionar mais termos


de resistência térmica por condução, na fJrma
I
L/kA, no denominador da
equação (11.67).

, ,ii
I
, Exemplo I'I
'. I'
I

é!ma~tida
,: ,:,: ,Uma superfi4ie cuja temperatura a 400°C está,separada
" ~f (Ima corrente de~~ l~or uma,ca~ada de ~sol~nte térmico com espessura
de .sOmm e condutlvIdade ter mIca de <1:>,2 W /m.K. Se a temperatura
'.,_, _ ' I
, dó ;lI' é de So°C e o coeficiente de transferência de calor entre o ar e a
s~perfIcie externa do isolante é igual a 4do W/m~.I{, qual a temperatura
1
da superfIcie externa do isolamento? Qlfal o fluxo de calor através da
camada de isolante? '
+,'.

I
326 Fenômenos oe Transporte
Solução .'1

o sistema em análise lé visto na figura: .

Isolante

Ar. T= 25°C
h= 400 W/m 2.K

x=O x=L

Um balanço de energia para a superfície em x =,L estabelece que: .

Taxa de ~ntrada]_[Taxa de ~aída] = O \ .


[ de energIa de energIa

Aplicando este balanço, pode-se escrever que:

-k dT = k. T(x = O) - T(x = L) = h.[T(x ~ L) - T ] i


dx : L : ~ . 1

Substituindo dados, obtém-se:

(0,2). 400 ~ T(x


.0,03
= L) = (400).[T(x = d..-25] .
Resolvendo para T(x := L), tem-se:

: T(x=L)=31,loC I
,
I
I . ·
O fluxo de calor pode ser calculado através da r;elação abaixo:
.
, I
I ·

2
qx = h.[T(x = L) - T=] = (400).(31,1 - 25) = 2.440 W/m
i

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 327
~.. Condução em Regime Estacionário
~';;!'.

~; .
.

~'! '
~ .,:
Il'f.

r: 11.4.2 Geometria cilíndrica

o sistema a ser analisado é visto esquematicamente na Figura 11.14.

Figura 11.14 - Duto cilíndrico


ao longo do Qual ocorre
transferência de calor na
direção radial. .................
...
.............
.'

·····0 .' ......


." .,,-.
'

...... .
'
....

o···························

Considerando estado estacionário, sem geração de calor e gradiente de


temperatura apenas na direção radial, pode-se simplificar a equação geral de
conservação de energia em coordenadas cilíndricas (equação 11.26) para:

~~(k.r. dT) = O (11.68)


r dr dr
I

O fluxo de calor na direção radial! é dado pela Lei de Fourier:

q = -k _dT (11.69)
r • dr

Por sua vez, a taxa de transferência de calor é dada por:


dT dT (11.70)
Qr = -k.A.- = -k.21t.r.L.-
dr dr
considerando um cilindro de comprimento L.
I

Integrando ai equação (11.68), obtém-se que: I

dT . (11.71)
k.r.- = C}
dr
Multiplicando ambos os lados da equação (11.71) por (-2.1t.L), tem-se:

dT ' ( 11.72)
-2.1t.r.L.k- = Q,. = -2.1t.L.C ,
dr

~2B
Como (~.7t.L.C) é uma constante, pode-se afirmar que a taxa de
transferência de calor na direção radial, também, será constante neste caso.
Da equação (11.69) pode-se concluir que o fluxo de calor, 'qr' não é constante
ao longo da direção radial. Seu valor é inversamente proporcional a r.

ln tegrando a eq uação (11. 71), tem-se:


(11.73)

onde:

• C:I C' I /k.


Assumindo que as temperaturas em r = Ri e r = Re sejam conhecidas,
tem-se as seguintes condições de contorno:
Condição de contomo 1: r = Ri T=T· e
"
Condição de contomo 2: r = Re
Aplicando estas condições de contorno na equação (11.73), tem-se:
(11.74)

(11.75)
Tc = C1·lnR c + C 2
Resolvendo o sistema de equações, obtém-se:
T -T
C ='
I Re (11.76)
ln-...!...
Re
T -T
C 2 = Ti - ' R" .1nR i (11.77) :I
In-'
Re
O perfil de temperaturas é, então, expresso através da seguinte

(11.78)

(11.79)

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 329
Condução em Regime Estacionário
o, '
0_ -{

A taxa de transferência de calor é:


_ (Ti - TJ 1 _ Ti - Tc)
Qr - 201tor.L.k. ln (Rc J o~ - 2 1toL.k. (Re J
0 (1'1.80)
1n
R
I I R-I
Essa taxa também pode ser expressa da seguinte forma:

Q = (Ti-Tc) II

, ln(~ J (] 1.81)

2.1t.L.k
i '-,
Usando a analogia com a Lei de Ohm da eletricidadc, determina-
. j
se uma equação para a resistência térmica por condução em coordenadas
. 'A;
t'
cilíndricas:

R ~ ln(~J
Tocond 2 .1t. L . k
(1 1.82)

Considerando agora um sistema como o visto na Figura 11015, pode-se


obter uma equação geral para a taxa de transferência de calor quando há
várias camadas de material e convecção nas duas superfícies, intern-a e
-~:
externa, da tubulação.
'L
, vt:··

To'J,e
,:? ,!

"':. '

he f~

Figura 11015 - Duto cilíndrico


com várias camadas
concêntricas de material
(parede composta) e
convecção nas supertícies
externa e internao
Como a taxa de transferência de I or através das diferen tes camadas
é constante, pode-se escrever que: I

(lloR~l)

330 Fenômenos de Transporte


2.n.L.k]

( 11.85)

2.n.L.k 2

( 11.86)

2.n.L.k 3
(11.87)

Considerando que apenas as temperaturas T oo,j e Too,c sejam conhecidas,


pode-se desenvolver um algebrismo semelhante ao que foi feito para
geometria plana para obter a seguinte expressão:

Q. = ___+ ln( ~:) ~::'(f~)'~ ln(~:) +-,----_ _


( 11.88)

2.n.R j .L.h j 2.n.L.k] 2.n.L.k 2 2.n.L.k 3 2.n.R c ·L.h e

Na equação (11.88), os termos que aparecem no denominador no lado


direito representam as resistências térmicas por convecção e condução.
Uma análise interessante pode ser desenvolvida verificando o que
ocorre com a resistência total à transferência de calor, quando se aumenta
a espessura da camada mais externa. Em geometria plana, sempre que se
aumenta a espessura de uma das camadas, há um aumento na resistência
térmica total.
Para o caso visto na Figura 11.15, a resistência total é dada por:

(11.89)

Alterações na espessura da última camada irão afetar apenas as duas


últimas parcelas da equação (11.89). Para determinar como RI' varia em

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 331
I.
Condução em Regime Estacionário

função de modificações na espessura da cama(la mais externa, deve-se derivar


Rr em relação a Rc' Tem-se, então:
dR T = 1 (11.90)
dRe 2.1t.L.k}.R e 2.1t.L.he·R~
Igualando a derivada da equação (11.90) a zero, pode-se verificar se
Rr apresenta um máximo ou mínimo quan o Re varia. Tem-se:
1 1 (11.91 )
-----=0
2.1t.L.k} .R e 2.1t.L.he·R~
Logo:

R erit =
e
~
h
( 11.92)
e

será um ponto de máximo ou mínimo, denominado raio crítico.


Para determinar se é máximo ou mínimo, avalia-se a derivada segunda
de ~ em relação a Re' no ponto onde a derivada primeira se anula:
d 2R
__ T = ------7+
i 2
, (11.93)
d2Rc 2.1t.L.k3.R~ 2.1t.L.hc·R~

d2RT
-2- =
1 2 (-1- + -2-) :i (11.9+)
d Rc 2.1t.L.R c k3 hc·Rc I

O termo entre parênteses determink o sinal da derivada segunda.


Para Re = Recrit (equação] 1.92), tem-se:

d2RT
_ _ = 1 1
(--+- 2 ) >0 ( 11.95)
d2Rc 2.1t.L.R~ k} k}
Como a derivada segunda é maior que zero, trata-se de um ponto de
mínimo.
Uma análise mais aprofundada deste resultado pode ser feita avaliando
o comportamento de variação das resistências por condução na camada mais
externa e por convecção entre esta camad~ e o fluido em contato com ela,
em função da espessura desta camada. Ass~~mindo que:

Rc = R 2 + e l (11.96)
onde e representa a espessura da camada mai externa, estas duas resistências
podem ser expressas da seguinte maneira:

ln(l+~J
R
(11.97)
2
R condução = 2 .TL L . JC
.,

I
332 Fenômenos de Transporte
( 11.98)
RconwcçàO = 2 .TC..(R 2 + e.
) L.11<

A resistência por condução aumenta quando a espessura e é elevada.


Por sua vez, a resistência por convecção diminui com o aumento de e, pois
a área para transferência de calor é aumentada. A Figura 11.16 apresenta
de forma esquemática a variação destas duas resistências em função da
espessura e. Nesta figura, foi acrescentada uma linha representando a soma
tias duas resistências, que permite observar a existência de um ponto de
mínimo na resistência total e, consequentemente, de máximo em termos de
taxa de transferência de calor.
Quando se está projetando um isolamento térmico para uma tubulação
cilíndrica e o objetivo é reduzir as perdas térmicas, espessuras próximas do
valor crítico devem ser evitadas. Por outro lado, para sistemas onde se deseja
dissipar calor mais rapidamente, deve-se ter uma espessura equivalente ao
valor crítico visto na Figura 11.16.

~ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _~ 19.500
0,07

... ,i
0,06 19.000

8,05 18.500
§2
-- 0,04
~

~
Taxa
§2
.~
Rconvecçao' 18. 000 -;;:;
E
,=
><
~
i

0,03
=
'S
<Z>
17500
& 0,02
17.000
0,01
Figura 11.16 - Variação das
+-_ _-.------,.-----r------.------,----+- 16.500 resistências térmicas em
O
0.2 0,25 0,3 função da espessura da
O 0,05 0,1 0,15
camada mais externa, para
Espessura do isolamento (m)
um duto cilíndrico,

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
333
Condução em Regime Estacionário

r
Exemplo !
i"

, ': Tem-se um c~bo condutor de eletdcid~de, ~lIja seção tr~nsversal


é vista na figura a seguir:

Plástico

l ~;.

,i ,A resistência :elétrica do fio de cobre é 0,5 n/mo Determinar a


;i'

i máiinl:a corrente qu'e pode passar no fio de cobre, sem risco de fundir o
, is~l~nte plástico. A iemperatura de fusão do plástico é 200"C.
",:'11 ' I "
" li ,I
=
: Dâd,p~:'Rc 1,25 mm Ri 1,75 mm =
,
'
i
!
, COlldutividades térmicas: cobre: 1-00 W / m.K;' plástico: 0,16 W /m.K.
,Ii' , ,I
r I :
. S~,~~tãO ,'1 : i, ·
'?ff
',I
.:;'Um balanço d~ energia para o condutor ~e cobre pode ser colocado
;. I '
na:s,egumte forma: i : i
<'I" ' , I
i.:1. . [:::::r:~trada]-[:::::r:~:ífa]+ [:::::r:~eraçãO]~ O
; ' A taxa de ge~ação de calor ocorr1b po',r efeito Joule e pode ser
,expr;es,sa por:
,," [Taxa de geração] _ 2
- Rc·L.I
.:' de energia
I. i 'A taxa de saída de calor é dada pon :
, 'Qr = [T(r = Rb -T.J
! In({(LL~
21tLK 21t Ri L h

1
334 Fenômenos de Transporte
Substituindo dados, obtém-se:
L.(200 - 25) ,
=----~--~----==l I,30.L W " j

ln (1,75J
1,25 + ___1___
-, r: •
'; i
;I ~ ~,
21t(O,16) 21t(O,OO 175)(6)
I
,
i
!
,i .
,,',
, I ' II, í.

Nesta equação, foi ass4mido que a temperatura rráxima no plásti~?,


corresponde à temperatura em r R c. = I
I " '
I: ,,'
, i i ' 1:-
Aplicando a eq uação do balanço de energia, poqe-se determinarilo :
valor máximo da corrente: !,
I
I 'i '
') I'I ' !
2
R e''LI--(05)LI
,
.' - , .,. -:11"lOL"
-, ,j., I
I
,I1"
ii
, I '
1=;4,75 A I ,;

11.4.3 Geometria esférica

AFigura 11.1, apresenta de forma esquemática uma vista do sistema


a ser analisado neste item.

RI

Figura 11.17 - Sistema


esférico ao longo do qual está
Tc
ocorrendo transferência de
calor na direção radial. :r

Assumindo estado estacionário, sem geração de calor e gradiente de


temperatura ,apenas na direção radial, pode-se simplificar a equação geral : ~'
de conservação de energia em coordenadas esféricas (equação 11.36) para: ',; "

~~(k.I'~'
,,'I,

,
r- dr
dT) = O
dr
(11.99) I
I
I
. :,4'

Varadarajan S8shadri, Rob8rto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alv8s da Silva 335
Condução em Regime Estacionário

.Para ge:~etria esférica, o fluxo de Cllor na direção radial é dado por:


qr =-k.- : . (11.100)
dr i

A taxa de tran~ferência de calor é o p oduto do fluxo pela área normal


à direção r: i

dT 2 dT (11.101)
Qr = -k.A.- = -kA1t.r . -
dr dr
Integrando a equação (1 U)9), tem-o e:

k .r 2 . dT
dr
= C'1 1 (11.102)

Multiplicando a equação (11.102) p r - 4·1t, obtém-se:


( 11.103)
-kA.1t.r 2 • dT = -4.1t'C'1
dr .
Comparando as equações (1 1. 10 1) e (1 1.103) constata-se que, para as
I

condições consideradas, a taxa de transferência de calor na direção radial é


constante. Já o fluxo de calor é inversamel1te proporcional à posição radial
elevada ao quadrado. j .
Integrando a equação (11.102), obtm-se:

T = C'I ! + C 2 = + C2 S
k r r
onde C1=C'1 / k.
As condições de contorno são:
Condição de contorno 1: r = Ri T = Ti; e
• . I
Condi.çã~ de cOitorno 2: r.= T= Rc [e.
SubstItumdo essas condIções de contorno na equação (1 1.1 04}

T
I
= SR. +C
2
(11.105)
I

C (11.106)
T = _I+C
c R 2
c

Resolvendo o sistema de equações, determinam-se as constantes C 1


e C:
'2

(11.107)

\
336 Fenômellos de Transporte
R. ( l1.lOS)
I

Voltando à equação do perfil de temperatura, tem-se:


,~ ,
,
( 11.109)
"
'1·1
;L
A taxa de transferência de calor é dada por:

"Q = 4.1t:.k.(Tc - Ti)


r 1 1 (11.110)

ou rearranjando:

Q = (Tc - TJ
r (_1 __1J (11.111)
Ri Rc
4.1t:.k

o termo no denominador do lado direito da equação (11.111) pode


ser entendido como uma resistência térmica à transferência de calor por
condução em coordenadas esfericas:

_1 _ _
( Ri
1 J (11.112)
Rc
RT,cond = ...2..-~_~
4.1t:.k
i
Uma outra situação relevante de transferência de calor em
coordenadas esféricas é apresen tada na Figura 11. IS, onde se tem uma esfera,
cuja temperatura superficial é mantida constante, em contato com um fluido !

estagnado. A temperatura do fluido em um ponto bem afastado da esfera é


igual a Too' A região de interesse nesse caso é a camada de fluido que envolve
completamente a esfera, definida através da seguinte relação:
R::;r<oo

onde:
• R, é o raio da esfera.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 337
" '

Condução em Regime Estacionário

,.
FI ui10 "tag nado. k, . '.

R T00

Figura 11.18 - Esfera com


um fluido estagnado Que a
envolve completamente. Ts

Como o fluido está estagnado (serh movimento macroscópico), a


transferência de calor se dará apenas por dondução.
Considerando novamente estado estabionário, sem geração de calor e a
transferência de calor ocorrendo apenas na direção radial, tem-se a seguinte
equação diferencial que governa a distribuição de temperatura:

J,~(k.r2. dT) ~ O
r- dr dr
I
!
(11.113)

i
Considerando k constante, esta equação pode ser integrada para
fornecer a seguinte distribuição de tempe1atura:
(11.114<)
T= S +C 2 II
r I

As condições de contorno são,


Condição de contorno 1: r = R T f Ts; eI
I " '"
Condição de contorno 2: r ~ 00 T 1= T~.

Aplicando estas condições de conto~no:


(11.115)
C
T.=_I+C
S R 2

(11.116)
T~ =C 2
A constante C] é dada por:
(11.117)
C1 = R.(Ts - T~) i
O perfil de temperatura é, então, d~do por:
R (11.118)
T = Too + (T" - T~).­
r

\
338 Fenômenos de Transporte
o ±luxo de calor na superflcie da esfera é:
k (11.119)
qr Ir=R = R (T~ - T~)
Como visto anteriormente, o fluxo de calor entre um sólido e um fluido
em contato com ele pode ser estimado através da seguinte relação:
( 11.120)

Igualando as equações (11.119) e (11.120), obtém-se uma equação


para avaliação do coeficiente de transferência de calor, h:
h= ~ (11.121)
R
Esse valor de h representa o seu limite inferior, pois foi assumido que
o fluido se encontra estagnado. Qualquer movimento do fluido, devido a
variações de sua densidade com a temperatura, por exemplo, levaria a uma
elevação no valor de h.
A equação (11.121) pode também ser escrita na s~guinte forma:

h.D =2 (11.122)
k
O número adimensional expresso por h.D/k é denominado número de
N usselt. Como será visto mais adiante, este número é usado para expressar
correlações experimentais para avaliação do coeficiente de transferência de
calor.
O número de N usselt tem uma forma semelhante ao número de Biot;
entretanto, no número de Nusselt, li se refere à condutividade térmica do
fluido, enquanto no número de Biot, k é a condutividade térmica do sólido
com o qual o t1uido está em contato.

11.4.4 Resistências térmicas de contato

Até aqui, em todas as situações envolvendo mais de uma camada de


material sólido foi considerado que o contato entre estas camadas era perfeito,
ou seja, a resistência térmica de contato foi desprezada.
A resistência térmica de contato surge em decorrência de as superficies
sólidas não serem perfeitamente lisas e apresentarem rugosidade. Assim,
quando dois materiais são colocados de maneira a formar camadas adjacentes,
o que vai haver na realidade são alguns pontos de contato efetivo, intercalados
por espaços vazios preenchidos ou não por gases.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 339
Condução em Regime Estacionário

A resistência de cantata tem dimensão do inverso do coeficiente de


transferência de calor (m2J{/W no sistem1a internacional de unidades). A
magnitude dessa resistência depende de uma série de fatores. Dentre eles,
podem ser citados: I

• pressão de cantata entre os materiais;


• durezas dos materiais envolvidos;
• rugosidades das superficies; c
I
• presença ou não de um fluido (pasta, líquido ou gás) na região da interface.
O valor da resistência de cantata é n9rmalmente determinado através
de experimentos. Incropera e DeWitt (20q>S)2 fornecem alguns valores de
resistências para cantata entre materiais ern diferentes condições. Cho et aI.
(199SY"" obtiveram valores de resistência ~e cantata entre o pó t1uxante e
a parede do molde no lingotamento contínuo de placas. Neste sistema, a
resistência ~e c.ontato pode constituir .a pJi~cipal resistência ao proce~so
de transferenCla de calor. Nestes dOIS qltlmos trabalhos são tambem
apresentadas as técnicas envolvidas na determinação desta resistência.
I

11.4.5 Perfil de t~mperatura com giração de calor

Neste item serão considerados sistel~as


ainda no estado estacionário,
mas com geração de calor, que pode ser decorrente de efeito Joule devido
I

à passagem de corrente elétrica ou de reações químicas endotérmicas ou


exotérmicas. I

Para tal, será considerada a situação: vista na Figura 11.19.

T

Q

T
e e
i
T
I

..

y=-L :,-.
Figura 11.19. - Parede plana
com geração de calor.

I
340 Fenômenos d8 Transporte
i
i .
Consiuerando que haja transterência ue
calor apenas na uireção y, a
cqLla\~ão g-cral dc conscl'\',\(,'ão de encrgia em coordenadas cartesianas pode
ser simplificada para:

- d(dT) + q. =0
k-
(11.123)
dy dy
.
onde q é a taxa de geração de calor por unidade de volume.

Integrando a equação, obtém-se:


dT
k - =-q.y+C,
. , ( 11.124)
dy
Assumindo k constante, a equação pode ser integrada para fornecer:
,
q.y- C (11.125)
T=--- + .y+C
2.k ' 2

onde:

As constantes C 1 e C 2 podem ser determinadas com o LISO das


condições de contorno:
condição de contorno 1: y = -L T=T' e
"

condição de contorno 2: y = L T=T ~.

Aplicando estas condições de contorno na equação (11.125), obtém-se:

-T-T
' , (11.126)
C,- 2.L

C = q
2
.e
+ Te + Ti (] 1.127)
2.k 2
Substituindo os valores destas constantes na equação (11.125),
determina-se o perfil ue temperaturas:

q .(L" _y2) T -T Y T +T (11.128)


T=- +" , .-+-"-'
2.k 2 L 2
o perfil obtido apresenta uma dependência quadrática com a posição y.
Se o valor de q
tor zerado, obtém-se um perfil de temperaturas linear,
corno os já obtidos anteriormente. Se as temperaturas Ti e T" t()I'em iguais,
o segundo termo do lado direito da equação (11.]28) se anula e tem-se um
perfil simétrico em relação à posição y = o.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da' Silva, Itavahn Alves da Silva ·341
·ii: ,~
~.

~~ i, •

,~ Condução em Regime Estacionário


'('

,> ,

~i

Derivando a equação (11.128) em relação a y e igualando o resultado


.
a zero, po d e-se d etermmar se Ilavera' ponto
1.ue
1 ,.
maXlmo ou d '·
e mIlllmo de

temperatura ao longo da parede. Tem-se:


dT =_q.y+ Tc-Ti =0 (11.129)
dy 2.L
No ponto
k.(Tc -Ti)
y= . (11.130)
2.q.L
a derivada primeira é nula.
Para determinar se este é um pon de máximo ou mínimo, avalia-se
a derivada segunda da temperatura em reI ão a y, no ponto onde a derivada
primeira é nula. Tem-se:

d 2T __ 5l (11.131)
dy2 k
o sinal da derivada segunda d e do sinal do termo de geração.
de energia. Se ele for positivo (geração calor por efeito Joule ou reação
exotérmica), a derivada segunda será n gativa e haverá um máximo de
temperatura. Caso ele seja negativo (cons I mo de calor devido a uma reação
endotérmica, por exemplo), a derivada I nda será positiva e o ponto de
mínimo.
É ainda intereksante observar que, se as temperaturas Ti e Te forem
iguais, o ponto de máximo ou mínimo v ocorrer no ponto y = 0, ou seja,
I
no centro da peça.
Considerando o caso em que as peraturas nas superfícies sejam
iguais e que as superfícies estejam em tato com um fluido a T e com
um coeficiente de transferência de calor i! aI a h, pode-se umaestabele~er
relação entre a temperatura superficial e a temperatura do fluido. Para
tal, desenvolve-se um balanço de energi para uma das superfícies. Para a
superfície em y = L, tem-se:
dT (11.132)
-k .-d =h .(Tsup -T) ~

Y y=L

onde:
• T :-.up ,é;\ tl'lTIjx'ratllra da sllperfície em = L (T
\ . . . ul'
= T = T ).
I {'

,
" I
"I" I

342 Fenômenos de Transporte


Tem-se, então:
(l1.1SS)
q.L = h.(T",p - T~)
OU:

( 11.13+)
T =q.L+T
h
SlIp ~
, ,i
Como era de se esperar, um aumento no valor de h f~lZ a temperatura \I
,I
T .~ se a!)roximar ele T . 00
,i
Para sistemas cilíndricos, pode-se adotar um procedimento semelhante
para determinar o perfil de temperatura, quando se tem um termo de geração
de calor. A equação diferencial que governa a transferência de calor neste
caso é dada por (considerando transferência de calor na direção radial):

~~(k.r. dT) + ~= (11.135)


r dr dr
Integrando a equação, obtém-se:
(11.136)
dT q.r 2 -.,'
k.r.- = --- + C1
dr 2
Considerando k constante, pode-se ÜlZer nova integração para obter:
1
q.c (11.137)
T = - - - + C .Inr + C
4.k 1 2

onde:

Para um cilindro maciço, as equações (11.136) e (11.137) são válidas


para valores de posição radial na faixa de O ::;; r ::;; R, onde R é o raio do
cilindro.
Substituindo a posição radial r = O na equação (11.136), constata-se
que a con~qtante C'I (e, consequentemente C) deve ser nula, desde que k,
dT/ dr e q sc;jam grandezas finitas.

Desta forma:
: ;
1 ; f
q.c (11.138)
T = - - +C I
1
'
'

.4.k 2

A constante C~ pode ser determinada considerando que a temperatura


na superfície do cilindro seja conhecida:
r= R T=T SlIp

• 1
, '
i';
Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva ·343 '. '
i I
Condução em Regime Estacionário

Para esta condição, obtém-se:


2 (11.139)
q.R
C2 =T,up +--
4.k
e o perfil de temperaturas é, então, expre1so por:

T = T + ~ .(R 2 - r
2
)
sUl' 4.k
Se a superfície do cilindro estiver emlcontato com um fluido a T ,pode
I 00

relacionar T e T através de um balanç0 de energia })ara su])erfície:


sUl' 00 I

-k.- dTI
dr r= R
= h.(TsUl' - T= )
(11.14<1)

e finalmente obter:

-T q.R (11. H2)


Tsup - = +--
2.h

11.5 Perfis de Temperatura em Duas e[ Três Dimensões


Em algumas situaçôes de interessq prático para os metalurgista's,
a abordagem unidimensional, apresentada anteriormente, fornece
representações adequadas para o estu80 da transferência de calor.
Entretanto, nem todos os casos podem fer convenientemente tratados
assumindo transferência de calor unidimensional. Nestes casos, abordagens
bidimensionais e tridimensionais devem s~lr adotadas.
A grande dificuldade envolvida no ~studo da transferência de calor
em duas dimensões e três dimensões está associada à obtenção do perfil de
temperaturas, a partir da solução analític1 das equações diferenciais que
regem o processo. Essa é a metodologia q~e tem sido aplicada até agora.
As soluções analíticas para obtenção de perfis de temperatura em duas
e três dimensões só lexistem para situações!muito particulares, envolvendo
condições de contorno simples e materrais com propriedades físicas
constantes. Mesmo nestes casos, a obtenção destas soluções é trabalhosa e
requer conhecimentos mais aprofundados ~e matemática.
Dessa forma, torna-se interessan~e desenvolver uma maneira
alternativa para obtenção dos perfis de temperatura, sem as dificuldades
e limitações das soluções analític<ls. Esta ~aneira envolve a utilização de
técnicas numéricas panl obtenção d;lS solu~ões.
I

I
344 Fenômenos de Transporte
j'
I
·i

Existem várias técnicas numéricas para soluções das equações


diferenciais de conservação de energia. A técnica q'ue será apresentada
aqui é denominada Volumes Finitos. A utilização desta técnica envolve o
desenvolvimento das seguintes etapas:

• discretização do domínio através de sua divisão em elementos de volume;


i
• obtenção das equações de conservação de energia para cada um dos
elementos de volume em função das temperaturas nestes elementos (em
termos de suas temperaturas e dos elementos de volume vizinhos). Nesta
etapa, será obtido um sistema de equações lineares, com um número de
equações equivalente ao número de elementos de volume e no qual as
incógnitas serão as temperaturas nestes elementos; e
• solução do sistema de equações lineares obtido para determinação das
temperaturas.
A seguir, cada uma destas etapas será discutida.

11.5.1 Discretização

Diversas metodologias podem ser adotadas na etapa de discretização.


A escolha da técnica a ser utilizada depende da complexidade da geometria do
domínio a ser discretizado. Neste item, será apresentada uma destas técnicas,
que é normalmente usada na discretização de domínios com geometrias
simples. Será considerado um caso de discretização em duas dimensões
apenas para facilitar a visualização; entretanto, o conceito empregado é
ülcilmente generalizado para transferência de calor em três dimensões.
A Figura 11.20 apresenta a parede ao longo da qual está ocorrendo
a transferência de calor. Para discretizar este domínio, são traçadas linhas
paralelas ao seu contorno nas duas direções ortogonais, como indicado na
Figura 11.20b. O espaçamento entre as linhas não precisa ser uniforme.
Podem-se utilizar espaçamentos menores em regiões onde se espera que os
gradientes de temperatura sejam mais elevados. Os pontos de interseção
entre as linhas traçadas são denominados nós.
Finalmente, são feitas as linhas tracejadas indicadas na Figura 11.21.
Estas linhas são traçadas exatamente no meio das linhas iniciais usadas
na discretização do domínio e vão estabelecer os limites dos elementos de
volume. Deve-se notar que cada elemento de volume vai conter um nó no
seu interior.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva ·345
Condução em Regime Estacionário

Nas Figuras 11.20 e ] 1.21 é apresentada uma discretização em


I '
, duas' dimensões (direções x e y). O procedimento seria análogo para uma
discretização em três dimensões (incluindo a direção z).

®
y= L
T

i
Domínio

I
1y !
Nós

~
"
y=o
Figura 11.20 - Domínio x= L
x= O
bidimensional antes e após a Domínio após discretização
Domínio
discretização.

Elementos de volume

Aie--+-_,n.. ~<-,rn_o p
1--"_'."_,--...-'_'''j-T_u.. rticial

......

Figura 11.21 - Domínio


x
bidimensional discretizado I~X
com a delimitação dos
elementos de volume.

346 Fenômenos de Transporte


Nota-se na Figura ll.~ 1 que há três tipos de elementos de volumé
no domínio discretizado: um no interior do domínio, um na ülce lateral e
um na quina. Estes elementos estão destacados.
O processo de discretização é completamente controlado por quem
está determinando os perfis de temperatura. Como se verá mais adiante,
a utilização de um menor espaçamento entre as linhas (elementos de
volume menores) permite a obtenção de maior acurácia nos resultados
obtidos. Entretanto, o esforço computacional na determinação dos perfis de
temperatura é aumentado. Desta forma, deve-se buscar um compromisso
entre estes dois aspectos.
É importante observar que, no caso de obtenção de soluções
numéricas, o que se vai determinar são as temperaturas nos nós. Por sua
vez, as temperaturas nos nós representam as temperaturas no interior de
todo elemento de volume. Desta forma, independente de como foi feita a
discretização, na solução numérica serão obtidas as temperaturas em um
Illímero finito de pontos. Quando se obtêm soluções analíticas para as
equações de conservação, o resultado é uma função matemática descrevendo
a distribuição de temperatura. Nesse caso, pode-se avaliar a temperatura em
qualquer posição no interior do domínio.

11.5.2 Obtenção das equações de conservação i!


As equações diferenciais que permitiram a obtenção dos perfis de
temperatura nos itens anteriores foram obtidas a partir do desenvolvimento
de balanços de energia para elementos de volume infinitesimais.
No método dos Volumes Finitos, as equações que vão possibilitar a
obtenção da distribuição de temperatura são, também, determinadas a partir
de balanços de energia para cada um dos elementos de volume.
A seguir, serão apresentados exemplos de obtenção das equações de
balanço de energia para elementos de volume em diferentes posições no
interior do domínio. Será considerada uma situação em que os contornos
do domínio trocam calor com um fluido a uma temperatura Too e que o
coeficiente de transferência de calor seja h.
lnicialinente será considerado o caso de um elemento de volume
interno. Será assumido que o domínio tem uma dimensão unitária na direção
perpendicular à folha de papel. A Figura 11.22 apresenta um detalhe deste
elemento de volume, incluindo os seus vizinhos mais próximos.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 347
,

Condução em Regime Estacionário


"I,
.

i, j + 1

Figura 11.22 - Detalhe do


elemento de volume interno
ede seus vizinhos mais
próximos. i, j i + 1, j
Y i - 1, j

x i, j - 1

Como não se sabe a princípio o sentido da transferência de calor,


desenvolve-se o balanço considerando as entradas e saídas de calor de acordo
com a orientação dos eixos coordenados. Será assumido estado estacionário
e que não há geração de calor. Desta forma, tem-se:

Taxa de ~ntrada] _ [Taxa de ~aída] = O (11.14,3)


[ de energIa de energia

Assumindo que entre dois elementos de volume vizinhos, a variação


de temperatura seja linear, pode-se expressar o fluxo de calor entre dois
elemen tos de vol ume da seguin te forma (considerando os elemen tos i-I ,j e
i,j, como exemplo):

oT ::::: -k T. - TI'
-k - 1,1 I' ,I = k TI'
,- J - T',I' (11.144)
oX ~x ~x

Usando expressões análogas para todas as faces do elemento de


volume i,j, tem-se as seguintes parcelas pf1ra o balanço de energia:

• taxa de entrada de energia:


• direção x:
(T I' -T)
~y. J.k 1-,) 1•.1

~x

• direção y:
-T)
1 k (T,'J:-
I
A 1,1
L.\X.. I ó'y

348
• taxa de saída de energia:
• direção x:
(T - TI')
~y.l.k I,) I+- .J

~x

• direção y:
(T - T I)
~x.l.k I,J IJ +
~y

Os valores de L1x.1 e L1)'-1 representam as áreas perpendiculares às


direções de transferência de calor. Apesar de ter sido designada da mesma
forma em todas as parcelas, a condutivielade térmica k pode possuir valores
diferentes em cada uma das faces, no caso ele materiais cuja condutividade
térmica é função da temperatura. Nesta situação, a condutividade térmica em
cada face pode ser estimada usando médias aritméticas ou harmônicas dos
valores obtidos para cada elemento de volume, usando as suas respectivas
tem peraturas.
Substituindo as parcelas na equação do balanço de energia, tem-se:
T ,. -T. T ,-T
~y.l.k 1- J IJ +~x.l.k 1,1- IJ

~x ~y (11.14<5)
T-T ,. T.-T,
~y.l.k 1,1 I + ,I _ ~x~ l.k IJ 1,1 +- =O
~x ~y
Considerando Ulll caso cm que L1X c L1y sejam iguais e que a
condutividade térmica seja constante e uniforme ao longo de todo o domínio,
obtém-se a seguinte equação:
(11.146)
Qualq uer elemento de volume no interior do domínio tem uma
equação de conservação de energia similar às apresentadas nas equações t
,
(11:145) ou (11. 14<6). \ i

Para um elemento de volume localizado em lima face lateral, como


o indicado na Figura 11.21 e visto em detalhe na Figura 11.23, as parcelas
de entrada e saída de calor são expressas por: ! i,
i
i,i+1
!1x/2

!1y .
i-l,i i,i Figura 11.23 - Detalhe de
um elemento de volume
localizado em uma face
i,i-1
lateral.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva .349 . \
Condução em Regime Estacionário

• taxa de entrada de energia:


·direção x:
(T I' ~ T.)
~y.l.k 1-.) I.)

~x

• direção y:
AX (T 1 - T.)
_o_.I.k IJ- I.)

2 ~y

• taxa de saída de energia:


• direção x:
~y.l.h.(TIJ - T ) 00

• direção y:
~x .1.k (Tij - Ti,j + 1 )
2 ~y

Substituindo estas parcelas na equação do balanço de energia, obtém-se:

(T1-.)
I' - T1,1 ) AX (TI.) - 1 - T) (11.H7)
° y. 1.k.
A _0_, 1 k
+ . . .-"------'-- IJ_

~x 2 ~y

h.~y.(T. _T )_ ~x .1.k. (T ii
. - Ti .i + I) =c O
IJ = 2 ~y

Para um caso onde l{ seja constante e1uniforme no domínio e.0.x = .0.y,


obtém-se a seguinte versão simplificada da equação (11.14,7):

~x.h ( ~x.h (11.H8)


2--T
k =
+2.TI - 1·+T.
J 1,1 -
,+T+,
1,1
- 2--+4).T.
k I.)
= O

fator ~x.h/k pode ser definido como um número de Biot, onde o


o
comprimento característico é o valor de .0.x, determinado pela discretização.
Expressões para os outros elementos de volume posicionados nas
faces podem ser obtidas por analogia coma equação (] ] .11·7).
Para um elemento de volume localizado em uma quina, como o visto
em detalhe na Figura] 1.21', o balanço de energia fornece a seguinte equação,
assumindo que k s~ja constante e uniforme ~10 domínio e que.0.x =.0.y (provar
esta relação como um exercício):

~x.h (11. 14<9)


2--T
k +T ';'Q 1-
I ~I +T1.1

\
350 Fenômenos de Transporte
-v
i - 1, j

() i, j-l

Figura 11.24 - Detalhe de


um elemento de volume
localizado em uma quina.
,
Expressões para outros elementos de volume localizados nas quinas,
ji
11

também, podem ser obtidas por analogia com a equação (11.149). II


,I
iI
As equações de conservação obtidas para os diversos elementos de
volume são todas equações lineares, onde as incógnitas são as temperaturas. JII
Se um dado domínio for discretizado em 100 x 100 elementos de volume, li,l
serão obtidas 10.000 equações de balanço de energia. Entretanto, na equação lillI
de conservação para um dado elemento de volume, apenas as temperaturas I
dos elementos de volume vizinhos vão aparecer. Todas as temperaturas dos .-: IIijII
. I I'·I
elementos de volume mais afastados terão coeficientes nulos. ., !
;II!
, Para determinar os valores das temperaturas, o sistema de equações
'i
I _,
1.1

lineares deve ser resol vido. :\'

11.5.3 Solução do sistema de equações lineares

Em notação matricial, o sistema de equações lineares pode ser escrito


da seguinte forma:
[A ].[T] = [8] (11.150)

onde:
• [A] é a matriz dos coeficien tes;
• [T] é o vetor das temperaturas (incógnitas); e
• [B] é o vetor dos termos independentes.
Várias técnicas convencionais, incluindo a inversão de matrizes,
podem ser empregadas para solução do sistema de equações lineares obtido.
Entretanto, para o caso específico dos sistemas sendo tratados aqui, estas
técnicas não são muito eficientes do ponto de vista numérico e costumam

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 351
Condução em Regime Estacionário

requerer um espaço de memória dos cOl~putadores muito superior ao do


método de Gauss-Seidel, que será apreset;Jtado a seguir.
O método de Gauss-Seidel é um IJétodo i'terativo. A primeira etapa
deste método consiste em reescrever todas1as equações do balaJWo de energia
da seguinte forma: I .
I

"a ..T
T. = _ L..J
I,)
VIZ
b
VIZ + _ 1 . ) (11.151)
a·I,) a·1,1

onde:
• a,.iz' são os coeficientes das tempeqlturas dos elementos de volume
vizinhos;
• a.,
I,)
o coeficiente da temperatura T;
I,]
el,
• b., o termo independente da equação d6 balanço de energia para o elemento
I,] I
de volume i,j. .
1
Este procedimento corresponde explicitar a temperatura, T. na
equação do balanço de energia para o elJmento de volume i,j, Isto dev~J ser
feito para todas as equações do balanço cle energia.
I

A segunda etapa do método consiste em propor uma solução itikial


para as temperaturas a serem calculadas, ~sta proposição inicial é necessária
apenas para desencadear o processo itera~ivo, não afetando o resultado finaL
Entretanto, a proposição inicial afeta o nÓmero de iterações necessárias para
se alcançar este resultado. I
!
'

A partir da solução inicial propost?, inicia-se o processo iterativo que


consiste em aplicar as equações da forma indicada na expressão (11.151),
para corrigir a solução inicial e ir alterhndo os valores de temperatura e
aproximando gradativamente da soluÇãp. A cada vez que se percorre todo
o domínio, corrigindo OS valores de temperatura, diz-se que foi realizada
uma iteração. Este proce~so deve ser r"e1:etido até que ~s variações das
temperaturas entre duas Iterações sucessIvas fiquem abmxo de um valor
I

pré-estabelecido, denominado critério d1e convergência,


Para que o método de Gauss-Seidel convilja (ou seja, as correções
aplicadas sejam cada vez menores à mqdida que se realizam as iterações),
é necessário que as seguintes condiçdes sejam atendidas, para todas as
equações que compõem o sistema:
(] 1. 1(52)

352 Fenômenos de Transporte


Para pelo mellUS lima Jas cq lIaçücs, devc-se ter:

la I>"" la ··1
Itl ~ VII.
(11.153)

Para problemas de transferência de calor, estas condições são sempre


atendidas e o método de Gauss-Seidel vai convergir, propiciando a obtenção
da solução do sistema de equações.

A seguir, será apresentado um exemplo de solução numérica para


determinação de um perfil de temperaturas, para uma situação em que há
solução analítica. Além de ilustrar a aplicação do método, a existência da
solução analítica permite avaliar a precisão da solução numérica e o efeito
do espaçamento da malha sobre esta precisão.

o sistema a ser analisado é visto esquematicamente na Figura 11.25.

y=H

, I

',' T(x, y)
Tl . Kuniforme e constante ,Tl
""
.,.

y
.....
,'!'

'x Figura 11,25 - Sistema


y=O
x=O Tl
! x=L
bidimensional ao longo
do qual está ocorrendo
transferência de calor.
Para este sistema, a solução analítica para a distri buição de
!
temperaturas é (INCHOPERA e DEWITT, ~W03V
T(x,y) - TL _ 2 ~ (-1)" + 1+1 (mtx) senh(n1ty/L) !
( 11.154.)
. -~ sen-- I

Ts -TL 1t n =1 n L senh(n1tH/L)I
Serão considerados os seguintes dados:

T L = 100 0
e L = H = 0,10 m.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 3.53
Condução em Regime Estacionário

Inicialmente, a discretização do domínio é a que está representada


na Figura 11.25. .

I~x = 0,025 ~I
T25 : T3.5 T45 :
T55
... - ~ _. - - - .. --

T2.4 T3.~ T4.4 T5.4

Figura 11.26 - Discretização


inicial do sistema.
No caso de métodos numéricos é interessante verificar a existência
de planos de simetria. A existência destes planos reduz significativamente
o esforço de cálculo. Na Figura 11.26, observa-se a existência de um
plano de simetria. Desta forma, tem-se as seguintes igualdades ~ntre
temperaturas:
T2,2 :::: T4•2
T2,3 =T
i 4,3

T2,4 = T4.4
Assim, as incógnitas a serem determinadas são as temperaturas
T ,2' T:l,2' T Z ,3' Ts,:J' T 2 ,+ e T~,'f Como são todas temperaturas relativas a
2
elementos de volume internos, os balanços de energia para estes elementos
são expressos pelas seguintes expressões:
T1,2 + T2•1 + T3•2 + Tv - 4.Tz.2 = O (elemento de volume 2,2)

T2.2 + T3•1 + T4•2 + T}.} - 4.T3.2 = O (elemento de volume 3,2)

Tu + T2•2 + T3,3 + T2,4 - 4.Tz,3 10 (elemento de volume 2,3)

Tv + T},2 + T4 ,3 + T3,4 - 4.T3.3 iO (elemento de volume 3,3)

T1,4 + Tv + T3,4 + T2.5 - 4.Tz,4 =: O (elemento de volume 2,4)

TZ,4 -1- T}.3 + T4 .4 -+ T3 .5 - 4.T, ..; 4 O (elemento de volume 3,4)

354 Fenômenos de Transporte


Para solução Jeste sistema Je equações, será usaJo o métoJo de Gauss-
Seidel. A primeira etapa na aplicação deste método consiste em escrever as
equações explicitando as temperaturas para os elemeJ~tos de volume onde
os balanços de energia f(.)ram desenvolvidos. Assim, obtém-se: !

T = T2,2 + T3,I + T4,2 + T3,3


3.2 4

T = TI ,3 + T2.2 + T3•3 + T2,4


2,3 4

T = TI ,4 + T~J + T 3.4 + T 2•5


2.4 4
T = T2,4 + T3,3 + T4,4 + T3•5
3,4 4

As temperaturas T, 1,.1
T 1,1 , T "-I_. e T I,"_são obtidas através das condições
de contorno. Para o método de Gauss-Seidel, deve-se também propor uma
solução inicial. Para tal, serão considerados os seguintes valores:

T 22, = T3,-? = 200°C


T?-, 3 = T3,3 = 400°C

AplicanJo sucessivamente as equações para cálculo das temperaturas,


pode-se chegar à solução do sistema. A Tabela 11.1 rpostra os resultados
das iterações sucessivas, feitas com auxílio de uma planilha
I
eletrônica. Como
se observa, o método convergiu e a solução obtida para a discretização
proposta é: '
T 2,2 = 164,29°e
T32 = 188,39°e
T2 ,3 = 268,75°e
T"J,J
= 325,OOoe
T24 = 485,71 oe
T1A = 574,11oe

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva .355
Condúção em Regime Estacionário

Tabela 11.1 - Resultados


obtidos com ouso do
método de Gauss-Seidel
para uma discretização com
!J.x =!J.y = 0,025 m

1:000,00 1.000,00 1.000,00' ", "


:~'''''''11'''''''1, ~'~r-;'l'~,
.}J~~0,<?Q21.:.999E2· !..tQ20,,2,C]
. 575,38:' 1.000,00 1.000,00 1.000,00, \ ;/
~~::."..,. ':~"'-:-r ~'1\1': ~~ p'_'I>:-"1'-c ': ~ ~ ~~-~ .....,...""1

~~~~'!~~~~;'.\~",i 57~:;~~1}.J.?Q9m'~1 :çgo,.~•.l.~.1C?<?~


5710,74 l.OOO,OO 1.000,00 1.000,00
...... "~.r.""~., '~.~ '~'r- - .... ,< " -...,.f.,.,~"",.....~
. ~7..4>5.(LIJ>'20;E~2.~1•. 00Pi!2.tÇQW9~
574,4·2 1.000,00 1.000,00 1.000,00
'O!'.!',~'~'S'''''I:'~"~'''~~~ÍÍI'''!!~~ ...''t'1':. ·"'1,,-,,,. 'r..'l'4
._~ ... -,,,,.' ,"'~: "·... ..,., ...

:.1;":;;'~ "".I~"'-;..;-:.:tIlMj'lt~~~;:;(":.;.,:.iJi:;« .• ~'... ',"-._,:.•..•... J;:2?Q;9.Q2;q<tq;q~~l\m·~ÇlJ


1.000,00 1.000,00 1.000,00

,,
5, 2'5;00. ,71 574,11 1:000,OO1.000;ÓO ).000,00
.~;\~:,O():;·róo,&;!,::4.85;7;i·: 574,1ti:6BQ,Ôo;{ôõõ~ô'Oi1)0Õ:Õ~
',;~!.7.ri :'I~!).OO '] ~~:;~1 '~8J,7;] :(~;;~,(l(; I.(;OO,~)O ; .(;O(~,(~~·
.~.
'['7'1,,1 I ]
~~~~~.~--~~~~--~~-_.--~--_._.~--_._-

1
356 Fenômenos de Tré1ilSoorte
...~... ".

Usanuo a ~qllaçflo (1 1.15'1.), pode-se obter os valores correspondentes


à solução analítica:
(posição x = 0,025 m, y = 0,025 m)
TJ ,2 = 185,87°e (posição x = 0,050 m, y = 0,025 m)
To, = 263,83°e
_,~l
(posição x = 0,025 111, Y= 0,050 m)
T"~',J
= 325,00oe (posição x = 0,050 m, y = 0,050 111)
T24 = 488,83°e (posição x = 0,025 111, Y= 0,075 111)
T3 .4 = 586,48°e (posição x = 0,050 111, Y = 0,075 111)

As diferenças observadas entre a solução numérica e a analítica são


decorrentes da discretização grosseira. Com refinamento na malha de
discretização, pode-se obter soluções numéricas mais próximas da analítica.
Os valores a seguir foram obtidos com valores de 6x 6y 0,005 m (para = =
efeito de comparação, os valores de temperatura foram considerados nas
posições indicadas nos resultados da solução analítica anterior):

T = 161,31 oe (posição x = 0,025 111, Y= 0,025 111)


T = 186,00°C (posição x = 0,050 m, y = 0,025 m)
T = 264,1 ooe (posição x = 0,025 111, y:= 0,050 m)
T = 325,00°C (posição x = 0,050 111, Y =- 0,050 111) .. 1

T = 488,68°C (posição x = 0,025 111, Y = 0,075 111)


T = 585,77°e (posição x = 0,050 111, Y=:= 0,075 m)

Como se pode verificar, estes valores estão mais próximos da solução


analítica do que aqueles obtidos com a discretização niais grosseira.

Referências

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Addison-\Veslc)', 1~)SO.
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.'
-1- CIIO,.1.; SI 1113A'11\, H.; EMI, T; SUZUl\l, M. Ileat transfer across multi flux fillll in
_moltl during initial soliclification in continuolls casting of stecl. ISIJ lntenzational, v. :38,
I~. 8, p. 8:34<-1,2, Ago, 1998b.

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva .357
I,'
!'
i,
I:: 1 Condução em Regime Estacionário
I
I,

Exercícios

1 - Determine qual das figuras a seguir rep1esenta o perfil de temperaturas


no estado estacionário, em uma chapa de um material cuja condutividacLe__
térmica diminui com o aumento da tempe~atura. Explicar a resposta.
I
Figura 1 Figura 2 Figura 3

i
x=o x=, L x=o ix =L x=o x=L
I: I I . I '
!I I ' :

2 !,petermine qual J,as figuras a seguir rep~e~e:~ta


o perfil de temperatura:"
de uma chapa que pOSSUJ condutIVldade termJca constante e que esta
. sof~endo resfriamerlto. Justificar a respoJta. '
" : I
Figura 1 Figura 2 Figura 3

x=o x=L x=o x=o x=L


i
'r. i

3'I~i'Çrem-se O sistem!a visto na figura a . . .: Através de uli balanço de


;.. ;~<q ;'; '; I
energia; obtenha uma equação para o de temperatura no interior do
r~v~stimento refratário. Considere es estacionário e que o material
: ":: . I
teu} propriedades físicas con,<;talltcs.

!
358 Fenômenos de Transporte
T=T
I

Ar Refratário

T=Tar
h

Convecção

! z
z=o z=L

I
Determinar o valor da temperatura do r~fratário em z o,
considerando os seguintes dados:

• T., = 1.200"F;
• T ar = 25"C-'
• condutividade térmica do refratário: k = 0,60 BTU/h.ft.oF;

• calor es!)ecítlco do refl'atário: CI=l027


'
BTU /lb m ."F·'

• densidade do refratário: p = 171 lb /fP;


"'
• coeficiente de transferência de calo: h = 15 W /mz.K, e

• espessura: L = 30 cm.
Analisar o efeito do coeficiente de transferência de calor, h, sobre
a temperatura superficial do refratário em z = o.
1lb m = O).4<5359 kg 1 ft = 0304·8
, m 1 lb.t='
1< ').4.82 N 1 in = 00254<
, m

1 BTU = 1055 J

T("C) = 5/9 [T(OF) - 32 ]

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 359
: Condução em Regime Estacionário

4 - Tem-se o sistema visto na figura a seguir,l As temperaturas nos pontos


1 e'2 foram medidas,sendo obtidos os valorl~s de ISO°C e 300°C, quando
o estado estacionário foi alcançado. A partir dos dados fornecidos e da
figura a seguir, avalie a condutividade térnlüca do refratário. Determine
o fluxo de calor em z = 0,1 m. i ---

z=o z=L
,I
I T=T I

II
Ar Refratário
:, '/
T=T ai

h
1 2
Convecção • i I •

.,
.4,.\
:~- ;'

'I
z= ,1 m
t
z= 0,04 m
Determinar ds valores da tempedtura do refratário em z
, ' I
=Oe
Z = :L.Considerar: i I '
.: .T ar = 250C; i
i
I
.: 'calor específico do refratário: C = 0,2~ BTU/lb ."F;
, P J ln

.' densidade do refratário: r = 171 lb m Ift ;


• coeficiente de transferência de calor: h l= 15 W Im .I'\:; e
2

I
• espessura: L = 30 cm. I
intern:c~~:a~cer todas as resposta1 em unidades do sistema

..
5:-' T em-se o SIstema I ' E• m x = O,a temperatura
Vlsto na f"19ura a segUlr.
é~'3000C. Em x = L, a superfície da pl~ca está em cantata com água,
cuj~ temperatura é 25°C. O coeficiente Ide transferência de calor entre
a placa e a água é 200 vV I mq'\. Há ainda geração de calor devido à

,
~:::

~j1~
fll_,
.
\

360 F8nôm8nos de Transport8


,passagem de corrente através da placa. Essa geração é de 27.000 W I
m~. Sabendo que a placa é de alumínio (densidade = 2.700 kg/m3,
calor específico = 900 J/kg.K e condutividade térmica = 220 vV Im.K),
determine a localização e o valor da máxima temperatura no interior da
placa. L = 10 cm.
Aluminio
I
!I

Água, T = 25°C
h = 200 W/m 2 K

x=O x=L

~-_Para o sistema visto na figura a seguir, determine o valor


I
da temperatura
.

,TI" Considere que o material seja cobre (densidade = 8.900 kg/m'\ calor
específico = 385 llkg.!'\: e condutividade térmica = 4·00 Vv Im.!\} Todas
as temperaturas fornecidas estão em oe. A distância entre os nós é de
5 mm, na horizontal e na vertical.

Isolado

., • • o o • Isolado
200 ., 70
180

Fluxo 150 50
1,2 x 106 W/m 2

• Água, T 25°C
h 1B.000 W/m K=
=
2
e
e
G o fi
• • • Isolado

Isolado

r
• f
,
.~ ,
Varadarajan S8shadri, Rob8rto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alv8s da Silva 361
.. I
Condução em Regime Estacionário

7 - Uma superfície :cuja temperatura é mantida a 4·00°C está separada de


uma corrente de ar por uma camada de isolànte. térmico com espessura
de So mm e condutividade térmica de 0,2 W Im.K. Se a temperatura
o
do ar é de So°C e coeficiente de transferência de calor entre o ar e a
superfície externa do isolante é igual a 4'QO W Im 2 .K, qual a temperatlTI"a- -
da superfície externa do isolamento? Qüal o fluxo de calor através da
camada de isolante?

8 - O perfil de temperatura através da parede de um forno composta por


duas camadas de isolamento é mostrado na figura a seguir. Qual dos
dois materiais de isolamento apresenta ai menor condutividade térmica?
Explique a sua resposta.

12 cm 8 cm
I-
1.200 K

Ar, T= 300 K

Gás, T= 1.500 K h= 10 W/mrK


h= 100 W/m 2.K

400 K

Material A Material B

i
. I
9 ~ Um arame conbutor de eletricidad~ possui 1,5 mm de diâmetro e é
isolado na superfíde externa por um revestirnento de plástico que possui
1 mm de espessufa e condutividade térmica igual a 0,25 W Im.K. A
interface entre o arame e o plástico possui uma resistência de contato igual
a 1 x 10-S m 2 .K/W O coeficiente de tralnsferência de calor na superfície
externa do revestimento é de 15 W Im 2 .K. Se a temperatura do isolamento
não deve ser superior a 320 K, qual ~ máxima potência que pode ser
dissipada pelo condutor? Considerar que o seu comprimento é de 5 m
,. .
e que a temperatura ambiente é de 293! 1\. Determine a temperatura do '\1-""

,
p"
.

condutor na interface com a camada d~ isolamento. ~r


oj,.", ..
....,

362 Fenômenos de Transporte

f~ ..
" '.~. '''''', '''~~,:.I~'; ~.,..,••,,;m.-,'''''' """';"",t';""~~;I\-:-<;~ .,.: f' ..".•..)~\ :~fn...~'{"?,,~~~<~r.~~t'~~~~"'''.~~ 'A '"'*: . " !1>~':f,~A' ..

Condução em" Regime Transiénte . .


• ~. • , ·"tl ~ - ~ ~I f~t .

No capítulo anterior foram deduzidas as equações geraIs para Capítulo


condução de calor; entretanto, apenas situações em regime estacionário
foram tratadas até agora.
Neste capítulo serão tratados casos em regime transiente. Em problemas
transientes, além de caracterizar a variação de temper~ltura com a posição,
I
1
deve-se também determinar a variação de temperatura com o tempo. Em 1

várias situações de interesse do metalurgista e do engeJ~heiro de materiais, o


comportamento da temperatura em função do tempo é bastante relevante. Em
tratamentos térmicos dos metais, por exemplo, a variação da temperatura com o
tempo (taxa de resfi-iamen to) tem papel determinante na definição da estrutura
do metal e, consequentemente, das suas propriedades. No reaquecimento
ele peças metálicas antes dos processos de conformação mecânica, o tempo
de permanência das peças no interior dos fornos e a produtividade destes
equipamentos dependem da forma como a temperatura varia com o tempo.
Figura 12.1 - Efeito do
Em problemas transientes, o número de Biot, definido no Capítulo 11, número de Biot sobre os
tem grande relevância, pois define o regime de transferência de calor. A regimes de transferência
Figura 12.1 mostra de maneira esquemática () efeito do número de Biot de calor em condições
sobre a transferência de calor em regime transientc. transientes.

Biot = h.L
e
«< 1 Biot = h.L
e
»> 1
k k
_ _ _-+-,_ _ _ T
1

Fluido Fluido
i I·
t crescente ••.. . . ;;:t;;;j~~í~
he, Too he,t ----+--:-.. '.: ." r 1'f";"':":J
: . i .
j I

... , ..rf!:]"

í}!~:i~$jl
x=-L x=O x=L x =-L x=O x=L x =-L x=O x=L

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva .363
i··
I
Condução em Regime Transiente

Observa-se mi Figura 12.1 que, paJ~a valores do número de Biot


bem inferiores a 1, há uma tendência do r~sfriamento ou aquecimento da
peça ocorrer de modo isotérmico, ou seja, com gradientes de temperatura
desprezíveis. À medida que o número de Bíot aumenta, há uma tendência
dos gradientes de temperatura se tornarem mais significativos.

Normalmente, no tratamento de problemas transientes, considera-se


que para números de Biot inferiores a 0,1, é razoável assumir que a peça é
aquecida ou resfriada de modo isotérmico, 9u seja, apenas uma temperatura
é suficiente para descrever a variação de temperatura do material. Esta
aproximação se torna cada vez mais corre~a, quanto menor f(1r o valor do
número de Biot.

Como se vê na Figura 12.1, para um sistema plano como o mostrado,


o comprimento característico que aparece lia definição do número de Biot é
a semi-espessura da peça. Para peças cilíndricas e esféricas, o comprimento
característico é o raio da peça. Alguns autores (INCROPERA e DEWTfT,
2003)1 têm sugerido que o comprimento caliacterÍstico seja avaliado a partir

da relação:

V (12.1 )
L=-
Asup

onde:

• V, é o volume; e
• A Sllp
,a área superficial da peça.
I

Para a geometl<ia plana, o comprim~nto característico definido pela


equação (12.1) se igu:ala à semi-espessura 'da peça. Para peças cilíndricas e
esféricas, a equação (12.1) fornece comprim€ntos característicos equivalentes
a R/2 e Ris (R: raio da peça), respecti,;amente. (Provar isso como um
exercício). Por ser mais restritivo, o critério anterior (comprimento
característico igual ao raio) deve ser usadp preferencialmente ao proposto
na equação (12.1).
i
No próximo item, será tratado o casq de aquecimento ou resfriamento
isotérmicos, também conhecidos comt Ncwtonianos. Situaçües não
isotérmicas serão tratadas nos itens seguilntes.

364 Fenômenos de Transporte


12.1 Resfriamento ou Aquecimento Isotérmicos

Quando o aquecimento ou o resfriamento ocorre de forma isotérmica,


a variação de temperatura da peça, em função do tempo, pode ser descrita
a partir de um balanço de energia simples.

Considerando uma peça com volume V e área superficial A sup,trocando


calor com um f1uido a uma temperatura T= e com coeficiente de transferência
de calor h, pode-se escrever a seguinte equação para o balanço de energia:

Taxa de ~ntrada] _ [Taxa de ~aída] = [Taxa de ~C1ll11Ulação] (I ~.2)


[ de energia de energia de energia

ou:

, dT ( 12..'3)
O-h.A sup .(T - T= ) = V.p.C P .dt
-

onde:
• p, Cp e T, são a densidade, o calor específico à pressão constante e a
temperatura da ]w\,lI, rcspccti\'alllente.

A equa<,~ào (1~.J) pode ser <Iplicada tanto para aquecimento quanto


resfriamento. No caso de aquecimento, T= é maior que T e a saída de calor
fica negativa, transformando-se numa entrada de calor. No resfriamento, T
é maior que T= e tem-se realmente ullla saída de calor.
Rearranjando a equação (12.3), obtém-se uma equação para a taxa de
aq uccimcn tol resfriamcn to da peça:

dt V.p.C p

Através desta equação, é possível identificar os pI:incipais fatores que


afetam () valor de dT/ d t:

• relação f\,,/V: quanto maior for a área superficial por unidade de volume,
mais clevada será a taxa de aquecimento/resfi'iamento do corpo;
• p.C : este produto é comumcnte denominado capacidade calorífica. Quanto
p
li1éiÍS elevado for este produto, menor será a taxa de variação de tel11pen~tllra
da peça;

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva
'I

Condução em Regime Transiente

• h: maiores valores do coeficiente de transferência de calor levam a !l1<liOres


taxas de aquecimento/resfriamento. Os parfllnetros que afetam o valor de
h serão discutidos no próximo capítulo; ej
• (T - TJ: quanto maior a dift'rC'nç.a de temperatura entre o corpo c o fluido
com o qual ele troca calor, mais elevada será a taxa de aquecimento/
I
resfriamento. Isto'indica que no início do processo de transferência de calor,
quando se tem a 111aior diferença entre as temperaturas elo corpo e do fluido,
a taxa de variação de temperatura será a lllais elevada.
Considerando as propriedades físicas da peça e o coeficiente de
transferência de calor constantes, pode-se integrar analiticamcnte a cquação
(12.4<), obtendo-se:

( 12.5)

Nesse caso, a constante de integração C) é determinada utilizando


uma condição inicial, que estabelece o valor da temperatura no instante
I

t = o. Considerando que:

• condiç.ão inicial: t = 0, T=T i


obtém-se:
(12.6)

e finalmente:
h.A sup ( 12.7)
ln (T - T=) = , .t
(Ti - T~.) V.p.C p

ou:
(1 ~.8)

o lado esquerdo da equação (12.8) pode ser entendido como uma


temperatura adimensional, que varia entre O e 1, assumindo valor unitário
°
no tempo t = e tendendo a zero quandol o tempo cresce. Isto vai ocorrer
independente de ser um processo de aquecimento ou de resfriamento.
I
A Figura 12.:2 ilustra de forma I esquemática a variação desta
temperatura adimensional com o tempo. D\Jas curvas foram construídas para
valores diferentes de h.A /Vp.CI). Ouanto maior o valor deste l)arâmetro,
sup ", I

mais rápido é o aqllecinll'ntu/resfrialllento.


I

1
366 Fenômenos de Transporte
·4.,.!~~1 "
','. ,til' .
.~: ·~r~~-

·~~.i ;
o

, . , ,-I,
.......

~ ','
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i
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I
T<':;-"~ ,

,,Ar 't '


";t' ,
, ;' I ' ,

h.A sup
T- T r:/)
vc
.p.
crescente
p

TI - T
cJ)

Figura 12,2 ' Variação da


temperatura adimensional
i
II
" (!'
o com otempo, para o caso
o de aquecimento/resfriamento
Tempo (t) isotérmico,

Exemplo
; \.

Peças cilíndricas de ,aço carbono com 5 cml de diâmetro s~o.


aquecidas em um forno. Os ,~gases no interior do forno , são mantidos a I ii
I

lA·OO°C e o coeficiente glob~l de transferência de calor é de 80 W Im 2 .K.


Considerando qu~ as peças ~ntram no forno a 25°C, cletermineo tempo.
'I :1 . ;; ,
que elas devem permanecer no forno para que alcancem uma temperatura
mínima de 1.OOO°C. I '
Solução I
I ,: I !
Inicialmente deve-se identificar o regime de aqu~cimento avaliando;
! ;

, i o número de Biot. Considerando as propriedades do aço ~ uma temperatufa;


média de 500"C, tem-se: ::~ :,
", ,
,,/o.

:-
i
, r
. ,I.
I

p = 7.832 kg/m = 541 J/kg.K k = 51,3 W / m . K '


'I., '. 3
Cp
~'.,," ,--_._---
/' O número de Biot é dado por:

Bi = h:.,R = (80).(0,025) = O 039 < O 1


k 51,3 ' ,

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 367
I Condução em Regime Transiente

i
I
T = 25°d :T
, = 1.400°C

/.J
~

V=I 1t.O
~SUP = 1t.D.L
4 i

. ~:- ::
,;" ,{t~:J:< . , ! '
}"T. '.:,: '. . . .f . I :
1M. ",_:substituindo :valores na equação pra ~ tempo, obtém-se,
. .: . ._ -1' (:1.000-1.400)(0,05).(7:832).(541) - 817
t- n.. I - 5s
. 'o, 25 -1.400 (80).(4) ,
, .

Quando as propriedades físicas e o co~ficiente


de transferência de calor
variarem com a temperatura e/ ou a contribuição da radiação não puder ser
desprezada, a equação (12.+) não pode m~is ser integrada analiticamente.
Nesse caso, a integração deve ser num~rica, seguindo o procedimento
apresentado no Capítulo 10, no exemplo ido arame com aquecimento por
efeito Joule. .
Quando o número de Biot for superi r a 0,1, o tratamento apresentado
neste item deixa de ser válido. Nesse I os gradientes de temperatura
passam a ser mais significativos e d ser considerada a variação da
temperatura com a posição no interior da Inicialmente, serão tratados
os casos transientesunidimensionais. teriormente, o tratamento será
generalizado para situaçelcs hidimcllsion s c tridimensionais.

1
368 Fenômenos de Transporte
l

12.2 Transferência de Calor Unidimensional Transiente em


Geometria Plana

A situação considerada neste item é vista esquematicamente na


Figura 12.3.

Fluido Fluido
he, TC/, h, T
e '"

Figura 12.3 - Placa plana


com transferência de calor
x == -L x == O x == L transiente.

Assulllindo propriedades físicas constantes (k, p c Cp)' ausência


de geração de calor e desprezando a transferência de calor por radiação
nas superfícies em x = -L e x = L, pode-se simplificar a equação geral de
balanço de energia em coordenadas cartesianas (Capítulo 10) e enunciar as
condiçôes de contorno:
e equação do balanço de energia:
(12.9)

ou:
éfT én (12.10)
( X2- = -
ax at
e_ condj~:ões de contorno:

x = -L: - k -aTI ,--L


(12.1 1)
ax
_ = h[T~ - T(x = - L, t)]

aT
k-I ( 12.12)
x= L : - ax ,=L
= h[T(x = L ,~
t) - T ]

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 369
Condução em Regime Transiente

• condição inicial:
T(x, t == O) == Ti (unifonne) (12.13)

sendo:

a == _k_ (difusividade tém1ica)


p.C p

Como as condições de contorno em! x = -L e x = L são similares, o


perfil de temperaturas será simétrico em relação à origem (posição x'= o).
Desta forma, uma das condições de contotno pode ser substituída por:

CJT (12.H)
x == O : -k·-;-I x=() == O
, ux

Analisando aequação de conservaÇão e as condições de contorno e


inicial, nota-se que a distribuição de temperatura no interior do corpo é uma
função de várias variáveis, como I istado na expressão (12.15):

(12.15)

Estas variáveis podem ser agrupadas em números adimensionais


(como feito no Capítulo 7) e o perfil de temperaturas pode ser expresso em
termos destes números. Tem-se:

• temperatura adimensional, 8:

8== T(x,t)-T~ ( 12.16)


T -T
I ~

• posição adimensional, x*:


• x (12.17)
x ==-
L

• tempo adimensional, número de Fourier, Fo:


(12.18)
t • == F0==-
a.t
e
• núnwro de Biot:
(12.19)
Bi == h.L
k

370 Fenômenos de Transporte


Com estas mudanças de variúveis, poJe-se reescrever a equação
(12.15) na forma:
e = f(x', Fo, Bi) (12.20)

Com as considerações feitas, a equação (12.10) tem a solução analítica,


que pode ser colocada na seguinte forma (INCHOPERA e DEWITT, 2003):'

e = L C .exp( -ç:, .Fo).cos(çl1' X ')


I1
(12.21 )
11=1

sendo que C" é dado por:

c = 4.sen(ç,J (12.22)
11 2.çn + sen(2.çl1)

o parâmetro S" representa as raízes positivas da seguinte equação: ,/


:!
çl1.tan(çJ-Bi =O (12.23)
,I
, !
Na planilha raizes-jJlana.xls, contida no CD que acompanha este livro,
foi implementada uma rotina que permite determinar as quatro primeiras
raízes da eq uação (12.2:3), dado o número de Biot. As demais raízes podem
ser determinadas usando a função SOLVER do Excel, especificando a fàixa
de valores onde a raiz deve ser encontrada. ,
I:
, A Tabela 12.1 apresenta valores de
.
S" para as quatro primeiras raízes
' ,
I'

i:,
para valores selecionados de Biot.

A série representada pela equação (12.21) é uma série infinita. À


I I
medida que o número de Fo aumenta, o número de termos necessários para se
alcançar a convergência fica cada vez menor. Isto pode ser constatado através
da planilha transientelD-plana.xls. Quando o número de Fo é maior que 0,2,
I
um termo da série apenas já é suficiente para o cálculo das temperaturas. [
Nesse caso, a temperatura e é dada por: t
I
I

I
No centro da placa, x* = 0, a temperatura é dada por: ,i
i
I
(12.25) i
t,
,! 'Ii

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 371 1
I
Condução em Regime Transiente

Tabela 12.1 - Primeiras quatro


raízes da equação (12.23)
para diferentes valores do
número de Biot (INCROPERA 8
DEWITI. 2003)1

. 10, 15 92
·~_~i".,r"1'Í~",:~:\':'{n· ..;.",~ ',7L::":~\~~~ '~!.~+{)y~~\!~' ~:~'li~):'?'.j~~~~.,
'. 000 7;2281' '; '·']O.20()3
..
~~~-_.~~~~~._-------- ~,-------~~~-----~~

372 Fenômenos de Transporte


Exemplo i;" "
I, ~. : ' '

" \ . ',.' :,.: ,. ~. il·~'\i'


Uma placa de aço com 5 m de comprimento,!20cm de espessúra,---
e,l m de largura, iniciallnente
___ . . :
a 400 I{, foi coldeada
l, . .
em, uriJ'::-fü:iiA'ô'
., .. , ~ ,::' !; .i:,~.. ~
de reaquecimento, cuja temperatura interior é mimtida",ein1.500;I{;
, Considerando um tempo de permanência no fO~~1o.-de 50 min u:tds, , ,
determine a máxima dife~ença de temperatura na iplaca, quando' e~~!, é
retirada do forno. Qual seria o tempo mínimo de permanência noJor~o
para garantir que a placa saísse a.temperaturas de pelo menos 1.28o'K?
, Coeficiente de transferência de calor: 200 W /rh 2 :K. Considénil>a
transferência de calor apenas ao longo da espessura: da placa. ' ,: !
. ; 1

Soluçi'io
Inicialmente, deve-se calcular o número de Biot para. verificar: o
regime de aquecimento. Serão considerados os seguintes valores para as
I ' ."

propriedades do aço: i -

p = 7.830 kg/m:;
} ' I
Cp = 550 J/kg.K; e k = 48:W/m.K.
'
I , I

, i ,,0::- I \
Considerando a tra?sferência de calor ao lOt1go da espessura,>:da
placa, tem-se o seguinte valor para o número de Biqt: ' jl;'i~_

Bi ~ h.Lk ~ (200~.(0,10) ~ 0,42 > 0,1 (não isLénniCO).


~8 I
..1[>: ..'
1,'1";':::
I
,Ii !i'q

-i

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 373
Condução em Regime Transiente

'~L,!l :' O número d~Fourier é dado pOl~,: ,


ltrW ,:,' ",' " I ' : ,:;i:~ [ , ! .

,1';'.,1: ,>, ',a.tk.t (48).( Ox60)


!I: FO:::::"f"2= 2 = ',,:: , 2 =3,34
,; " " I L p.Cp.L (7.83QH550).(0,1)
',l:::;i! ,', ." " ,I: , ,),/I!' ,
tJ'''''Usando
1 -: l~ , ,
~;llnilhaque acompa;~aeste texto, determin~-se:
1~ . • -. .. ;; !
t'''' -':'-"~~' i

. C;; .' · . 1
o'r I '

Bi = 0,42: ç I = 0,604 C: = 1,06


'/ti?;:,'l>~Como'Fo: > p,2,apenas o primei~otermo da série é suficiente para
,~cFfs Jast~mpefaturas no centro: Huperficie da ~laca (a diferença
,:,e~JF~r:1~~tas duas,temperaturas val;.sletermmar a maXllna dIferença
<d~:it~Iiiperaturas na' peça). Pelos resl~ltldo's fornecidos pela planilha,
r~~t~fi{~~e, .... . . ., I
: iE1:;; '" , , 80 (centro) = 0,313,' e
·.lt~; I
,:1.::1; '. ' " ,', ' " 'r ' ';" ' I
,:}t~ " , '"I 8 (superficie)=(j) 258.
~~J{~~::ji,j,( <c,' ..i,\",~:i·;./I,':' " . s,:~jt I' i '
,J }~~1!s,~~,(;Iq.a·pe,.&t;üçãO da temperat~!:a adirhensional, determinam-:-~~ as ,
'~'f"""i"'1".,I";'\'P'1'·' "'" ',·',:·~7 'I " '
~«:tem-ét~tf~1:~&~,o,~1~;?i;I?~~~ superfic~;~Vl("a, Os valores obtidos sã2',
P",' ","c' ,

" '?1'\;' T(centro) = Ll:55,7 K; e


: ,.',' -. ;J: . T(superficie) ~}:l16'F K

.J~cri~'t\r::t:.
. Adif~renç~:~áxima de temperatJa ;erá de
!.:.';::::»' II ,,,' , ' 1 1 , : ; ) !
60,5 K. '.
' ..'
'o, teújpon~Fes·sário. de aqueci~ento,1 para que o centro da peça
';.":'t~iJ~~~~,t~~p~rat~l~rade 1.280 K (temp~~atupl mínima na placa), é obtido
':~:1~k·,,~··. ·..', ,'," ',I,' "
r~,:~~fi?,~t,il~.da relaçã?':i' ' . :': , . I
!,

.A~;,.;i;~;;;r:,:: ,I: ' (:; k. t J


!:,)~l~'i/,;;' " ': I 80 = C1·exp -çl I :"
',;;!~l" l~t:Ç,r:, I, ," IP·C p ;1;
;:.'l~r·~~;I'{:' :,','j ,"I '
'n~f);11;I~Substi1:uindó dados, obtém-se: ,ii

'.!~~:':;f{i~> ,: ',' "r " :


,.,á;:;;;,>:::-: 1.280. -1.500 _ 1 06 ex [ (0604)2: (48).t ]
.:~~.:Ü!:,400-:- L50? - (, ). p - ' / I (7.830).(550).(0,10)'
~:A;:,'~;;iY:', " ; t = 4 101 s Fo = 4 57
\:~!~~ ';f~t;", ,. . . '
',,'Como Fo> O,~, apenas o primein terlll0 da série é suficiente para
H\;:'
~>~ái~ul0 da temperatura.

374 Fenômenos de Transporte


------------------~--"""_.,c=:--.~-.--~-~--~~~,-, ~-- - --

Quando o número de 1<0 é superIor a 0,2, é possível obter uma I

expressão para a taxa de \'ariação da temperatura, dT/ dto


Deri\"lIH.lo illicialmente 8 em relação ao número de Fo e aplicando a
regra da cadeia, obtém-se:

( 12.26)

(Demonstrar esta relação como um exercício).

Outro parflmetro relevante é a quantidade de energia removida ou


fornecida para a peça, durante um dado intervalo de tempo. O seu valor
pode ser estimado através da seguinte relação:
v
E= fp.Cp.[T(x, t) - Ti ].dV ( 12.27)
IJ

onde:
• dV, representa UIll volume diferencial da peça.
No caso de geometria plana, esse volume diferencial é dado por:

dV = A.dx ( 12.28)

onde:
• A, é a área da seção transversal da peça na direção perpendicular à direção
da transferência de calor.
Na avaliação de E, foi assumida a convenção de que energIa
armazenada na peça é positiva (aquecimento) e energia removida é negativa
(resf,'iamen to).
A máxima quantidade de energia que pode ser removida ou fornecida
para a peça é:
(12.29)

Esse resultado é obtido considerando constantes as propriedades


físicas do material.
Quando Fo é maior que 0,2, a integral expressapela equação (12.27)
pode ser resolvida, obtendo-se (INCROPEHA e DEWITT, 200.'3):1

~= 1- sen(<;').8 ( 12.30)
u
E máx <;,

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 375
Condução em Regime Transiente

Fluido
h.e T
cf)

Figura 12.4 - Cilindro longo


com transferência de calor
transiente na direção radial.
Corte ao longo da seção
transversal do cilindro.
I
Para este sistema, a definição das variáveis adimcnsionais passa a ser:
I
• posição adimensional, r*:
(12 ..'31)
* r
r=-
R
• tempo adimensional, número de Fourier, Fo:
I

( 12.S2)
t • = .F0 =
a.t
R-2

• número de Biot:
. h.R (1 G) <)0)
_ •• ).J

81=-
k
Para condições de contorno e inicial gas às do caso de transferência
de calor em geometria plana, o perfil de peratura adimensional é dado
por (INCHOPEHA e DE'WITT, 200:3):1
( 1~ ..')/1')

376 Fenômenos dr: TrélnSporte


sendo que C Il é determinado a partir da seguinte eq uação: I

,
i
!

(12.35)

o parâmetro SIl representa as raízes positivas da seguinte equação:


(12.36)

.J e.J são as funções de Bessel de l)rirneira espécie de ordens O e 1


o I "

respectivamente. Seus valores podem ser obtidos no Excel, digitando o


argumento da função, x, e a ordem da função.

Usando a planilha raizes-cilindro.xls é possível determinar as quatro


primeiras raízes da equação (12.36), em função do número de Biot. As outras
raízes podem ser determinadas usando procedimento semelhante ao que foi
implementado nesta planilha.

A série expressa pela equação (12.34.) é uma série infinita. Novamente,


o número de termos necessários para se obter convergência diminui com
o aumento do número de Fourier. Para valores de Fourier superiores a
0,2, apenas um termo da série é suficiente para o cálculo da temperatura.
A planilha transiente-l D-cilindrica permite o cálculo das temperaturas ao
longo das posições radiais em um cilindro, incluindo os primeiros quatro
termos da série.
Quando o número de Fourier é maior que 0,2, a temperatura pode
ser calculada pela eq uação:

(12.37)

No centro do cilindro, r* = 0, a temperatura é dada por:

(12.38)

Quando Fo é maior que 0,2, a quantidade de energia removida ou'


fornecida durante um certo intervalo de tempo é dada por:

Varadarajan Seshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 377
Condução em Regime Transiente

Exemplo

· Longas barr~s cilíndricas de aço>ca~bono ~omum, com, diâmetro


dej90 mm, sofrem6m aquecimento pa~sa~d? ~través de um forno cuja
. I, , " I
,'te;~p~raturaé manHda em.1.60?oC. O(~rne ~ossui 5 m de comp:imento
f,li ," I '

e'f~;barras entram [tiO seumtenor a5o~G.Qtial deve ser; a velocIdade de


'.P~;s~~g,~~ i,das.?ar,ra~pelo fo~no, para~~~.~la$:saiam a uma temperatura ,
ú~~~p~lo'}~enós~Lfd90C? O coeficient~ld~ tJélnsferência de calor é de
,";J~~:lX:~i~~;I\ '~'~~ll;s~rá a ináxima ~ifv.~rç~' de temperatura pa barra •
;:'~@rggela sair do rfrno ne~tas condlçõ,:S?l"! : '
, ('1 ,Solução
1 l ': i '
1:1 ';',,' , I • :
.;: ... f1 . '1, velocidad~
de deslocamen!?{d s hlacas pode ser ~valiada
"a~r~~éi.,da·aete:minação do tempo de,aqúJ~i~entopara se alcançar uma
t~rrtp'êratura:de l.l'Qo°C no centro dapgÇ;J ! '
.'F> .. Serão considJados os seguintes vJo1e~ fara as propriedades do aço:
, p,= 7.830 kg/m 3 ; Cp = 550 J/kg.K; e k = 48 W/m.K .

. :. . Considerando a transferência de calL ao longo do raio do cilindro~·


"t~m-se o seguinte 'valor para o número dei Biot:
;

°
".
,
· h.R· (150).(0,095) 030 l' (_. , . )
B1 = - ~ , =, >[ " nao lsotenmco
t .,
k .' 48 '
,J{;~~;!
. :1:]( .. Usando a Pli,ilha que acompanha
j ... ~
r .

te texto, determina-se:

!:~~;1ii , \ ' ','." i Bi = 0,30: ç, = 0,743 C, =: 1,056


',~~~t;?~V;;.:r.:;;'; , 'i . , "I ! '"

:.,~gqi,,~ͧ~p()l1d:9'qu~jonúmero de Four~~li se~â maior que 0,2, apenas o


!:;:pt,im~~IRt~rm:oda:~~érieé suficiente p~ra cálculos das temperaturas no
~' 1-~~.~1~ ~
',:~f~.g1tI7~;~~na:sup~~fi:>~~~apla~a (a difere??a entre estas duas temperaturas,
': 1" . ,
\o • • • • • ' : ' :' c',' ... , ; . , . ?','

'~~Jr.~~r;Inmar aD?4x,ma dIferença deteTpeturas na pe;a).


»;dí)l[ >;A temperatu~a adlmensIOnal no centrq do Cllmdro e:
':,: L:JI":~ ',' J' :I I
",\;lf,,)1 ,.,1'8 ( ,) 1.100-1.600,: 032
",,~',',~'Ik, 'I o centro = 50 1'610 ~ ,
',~::n
,:tr:t,'j'
" ", ' '.
"1 i
"'j -

, ;;;![O' tempo nedessário para se obter esta temperatura é obtido a


u '

" I
partir da relação: '

!
378 Fenômenos de Transporte
Substituindo dados~ obtém-se:
, ~ -,

...••. p-.
i
"
O 32 = (I
, ':
057).e~p [-(0'743)2
'
(48).i' , ]
(7.830).(550)[(0,095)2
t=d.752,6s Fo=2,16'
. \

Como Fo > 0,2, apenas o primeiro termo da série é suficiente para


o cálculo da t e m p e r a t u r a . ' ,'.!
A velocidade de deslocamento das peças deve, então, ser de:

v= ~= . 5 0,0029 m/s 0,17 m/miu


t 1.752 6

Para o tempo obtidó acima, a temperatura na $uperficie do cilindro


será de: r .".'

e(superficie) = 0,236; e '1- '

T~superficie) = 1.234, 2°C. I " ,:'

. I I \' ,I 1
A diferença de ,temperatura entre o centro e a superfkie ser'á,de
o ' ;, i ii I
134,2 C. I
I
i
Ji.• ,
i"

12.4 Transferência de Calor Unidimensional Transiente em


Geometria Esférica

Neste item será considerada a transferência de calor na direção radial


no interior de uma esfera. Este sistema também pode ser representado
pela Figura 12.4. As definições das variáveis adimensionais são as mesmas
apresentadas para geometria cilíndrica.

Para condições de contorno e inicial análogas às do caso de


transferência de calor em geometria cilíndrica, o perfil de temperatura
adimensional é dado por (INCHOPEHA e DEWITT, 200:3):1

~ 1 • ( 12/IÜ)
e = L..i C n

?
exp( -ç~ .Fo ) . - -•.sen( çll.r )
n=1 çn'1'

VaradarajanSeshadri, Roberto Parreiras Tavares, Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 379
Condução em Regime Transiente

sendo que C n é dado por:

c = 4.[sen(çn) - çn·cos(çJ] (12.L~1 )


n 2.(çn) - sen(2.çn)
I

Nessa equação, os valores de Sn são as raízes positivas da equação:


1- çn' cot( çn) - Bi = O
A planilha raizes-e,~fera ..rls permite a avaliação das quatro primeiras
raízes da equação (12.4<2), fornecido o número de Biot. As demais raízes
podem ser calculadas usando-se uma mJtodologia similar à que foi
implementada nesta planilha.
,
A planilha transiente-l D-eiferica permite o cálculo das temperaturas
ao longo das posições radiais em uma esfera, incluindo os primeiros quatro
termos da série. Tambem para geometria esf~rica, a contribuição dos termos
de maior índice da série torna-se menos significativa. Para valores de Fourier
superiores a 0,2, apenas um termo da série é suficiente para o cálculo da
temperatura. Nesse caso, pode-se escrever Cljue:
2 1 •
8 = C1.exp(-çl.Fo).--•.sen(çl·r )
çl·r
No centro da esfera, r* = 0, a temperatura é dada por:

8 0 = CI·exp(-ç~.Fo)
Quando Fo é maior que 0,2, a quantidade de energia removida ou
fornecida durante um certo intervalo de tempo pode ser calculada por:
I

E 0 3.8
- - = 1 -3- .[sen(çl)-(çl)·cos(çl)]
En"íX Çl

':Exemplo
. ~! I

~ y • I
,,:;,1'.11 'Pelotas'de mihério de ferro são;c~rregadas em um forno e são
t ~ • J" l
aq\.i~c!das, Í)or'um gas 'que está a 1.100:11. Determine as temperaturas
f'" ',. r' I " :

• , " A \ 'I' " , ',·1· .' .


. ,nojçentroe nà:superfície da pelota após um tempo de aquecimento de .
, ~Q~ieg~~dos.A temperatura inicial da pelota lê 300 K e o coeficiente de
, tr:~~sferênciade ca16r é 300 W /m 2 .K. As taracterísticas das pe10tas são:
",,' I I
dÜiJ~etro: 18 mm; ca~or específico: 800 JJI\g.l'\; densidade 3.500 kg/m ; =
3 I

e con "d utl\'lC


. . 1ac1c tenTl1ca
," ~ \,. I
-.= 6,1 ~I '\'! 111. \'1
}L

-.:----.-:-~.-.: -:
-, -. . --
I

, j
I

.. I
Solução " ~:.
. I .

Considerando a transferência de calor ao longo da direção radi,f1,,;


tem-se o seguinte valor para o número de Biot: Ci
:·."i
!
· h.R = (300).(0,009) O 40 >,
O 1 (-
B1 = - . =, .! , . )
oao lsotenmco
k 6,75

Usando a planilha que acompanha este texto,. determina-se:


. ,'1
Bi = 0,40: Ç1 = 1,053 C = 1,116
1

Com o tempo fornecido, pode-se determinar o número de Fouriei':

Fo = a.t = k.t = (6,75).(20) i = O 595


e p.Cp;R 2
:
(3.500).(800).(0,009)1
. '1
'
.,.
. . I ' i '. ,.
Com auxílio da pla:nilha que acompanha este texto, é p6ssiJel
.' I . ',:
determinar as temperaturas no centro e na superficie ~apelota.Os valor~s
obtidos são: ! ':
1 . , ;I "
.1 .
~t :.".': ,'~- '-
•. !li; ...
8 0 (centro) = 0,~77 l' T (centro) = I638,4°C 11/;: i

~7'19,2~C if:~tILli
. !
.
8(superficie) = d,476: T(superficie) /.'
: . I ,!
r:'IA:
i

As planilhas fornecidas podem ser, também, utilizadas para verificar


considerações que foram mencionadas anteriormente. A primeira delas é de
que para valores de Bi inferiores aO, 1, as temperaturas no interior do corpo
tendem a ficar uniformes. A Figura 12.5 apresenta perfis da temperatura
adimensional 8 ao longo de uma placa plana, para três valores distintos do
nÚlllero de Biot.
Através desta tlgura, pode-se confirmar a aproximação de consideração
de resfriamento/aquecimento isotérmico, qualldo o número de Biot é
inferior a 0,1. Para Bi = 0,1, nota-se que os gradientes de temperatura
são efetivalllente bem recluziclos, o que justifica o trat<.Illlcnto matemático
proposto para cstes casos.
Outra aproximação que pode ser veriticacla é a de quc para valores de
Fo superioi'es a 0,2, basta o primeiro termo da série (equações 12.24·, 12.~37
e 12.4<3) para o cálculo das temperaturas no interior das peças sofi'endo
aqueciI1lento ou resfriamento. A Tabela 12.2 mostra os resultados fornecidos
pela planilha, indicando a contribuição dos quatro primeiros termos da

Varadarajan Seshadri. Roberto Parreiras Tavares. Carlos Antonio da Silva, Itavahn Alves da Silva 381
I.

Condução em Regime Transiente ,


série, para \'alor de Fo igual a 0,2. Observa-se, claramente, que a alteração


nas temperaturas, provocada pela inclusão do segundo ao quarto termos, é
desprezível, o que confirma a aproximação f>roposta.

Figura 12.5 - Perfis de 1,0


temperatura em uma
0,9
parede plana para diferentes
números de Biot. 0,8
Biot = 0,1
~ 0.7
o'"
=
'e:;) 0,6
=
a:>
.~
Biot = 1.0
-= 0,5
'"
~
.3 0.4
'"
w
=-
E
~
0,3
Tabela 12.2 - Resultados
fornecidos pela planilha 0.2 Biot = 10
indicando a contribuição 0.1
dos quatro primeiros termos
O
da série no cálculo das 0,1 0,2 0.3 0.4 0,5 0,6 0.7 0,8 0.9 1,0
O i

temperaturas em regime Posição adimencional (X*) I


transiente.

"~. _~.;~~i~~.?~~:=~. ::~._ ,,'{i ;p~.·S~. ;._~-:o .:--.


~"'.~.'.'~~.'\;~:~.~'-.; .;;~j.,-:~""';":.:"rr:r;.~:~~ ·"i\~":~., "' ' ~'~.-.~'~ '~' ' ~-.!' '!'".'7'. :-- '''''''\ f.'.~- 40..";:;:- '~T.:,:~:.,
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;;,,~~ [.:;'~:-'J;;. >~:,.. :"'~~~:,~6r~;~~::'7"~~;~~~~~T~'~~~~à~É=éW;::"~J~ "04Ê~-ri .T:,~' ,O' ·'6'10.7<'?:~1
~.~_'''_;~< ~.: ':"'::;~:"::'~~;''"1!..:,;••_~::' >.i:-':+>;~? :.? ,.;..;y:'"'_,':....,~\i" .. ,;..;;1- ..J:>.j. ,~, ;...w •• il'·'Lj.~;.;..;"*.i:i.,
..;, "~: '..-~, -~ ~ .- I
. . }". O;~· '"l~"'; ·,~:"}~:'·:0~6.$3, ,,'r'S,;30,E-03 . -5,40E-:ç>9 i-:-4,52E-ll 0,639
" . ~:. "~; , \ - ..... ;o~,~" '.' ~, o' "·--;'.!\-:;-7:~. ~;. ,.t i·:,;::-;-~'\7.; ";:: ;:,~r~=:)rA\-;~~-f;X:'-;:::--:·. 7-~;·i;.;' '-T'~":~:-""1
'.' '" 0,6, ",', , '",; ·,-0 5ffi9./ t.,..~18.1'·7E-03 ,.:;,·~>-2 22E-::O(S.'r </'.;;.-'}' 18E.,..10~' '\~'.' ·055;,.~-i. ~j
..:....<l!-~"'-~;- ,.,.. ! ._..... _~ ..::..z...... ~'f4:..T..!.:...i:.- .~~~ .....,,~)i.·- .:..i••.. ,,'~, ' ' '" ..:>' q;.;..I. ;~..:;>:-",: .'';; i'>"'~" o·'.~ ,;','. L,,',.... '/,.;.. '. '.'.: _,11

.1 ';.: '~.' if:7r,:~ ,":;:~ \.~~,J;~:.<)'45s ,;.;,·~,1'5E~03. 207E-Ó$ '.,..7 80E~11·


A

04<62'
~~~;~.; l.~~ri.;;;i.{.l,. . ~;~--r..'~~"~ ~'~~~i~~~.'''~~7·'':i;.,.;.r;;,~'!::~.l~~ 7'; "J~~~ri~<~;~~~ 'r..7",7.~~~~~,. .~~ ,~ ~.!l':~»-.T, J";....
',,~' 'O.~ . '. ';".' . . .fO·~S*ff .," ;'\<9'19E"ôs:"';' ,,!fj<sSE..:of? ;"~"S'6tE(101'~1,,;V . ·"0:i.f57~~· "1
;_~;'" ',' <~~';"r- .'. ",h-··~.~",~;.;~~~~~"l.":"';~~t--;;.:;::,,:'i"....c~.h:\~ii;.';.:.i;~.~tl~f,z-~,".'.:à~·:"'::,:·1:!:!:,._~i>.:;.~.:....;.';.;~:·h.
!''';''~' <!': . t~'; ;:·.:~:~,:.jt ,0';2'36,", '; 'i;14E:"'03' . 5,92E-Ôç' ;1,16E-IO
.
. .... , .. :......,.~_.~~. ~...i~ .~. ~
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382 Fenômenos de Transporte

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