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Mesa da Câmara dos Deputados

55ª Legislatura – 2015-2019

Presidente
Rodrigo Maia

1º Vice-Presidente
Fábio Ramalho

2º Vice-Presidente
André Fufuca

1º Secretário
Giacobo

2ª Secretária
Mariana Carvalho

3º Secretário
JHC

4º Secretário
Rômulo Gouveia

Suplentes de Secretário
1º Suplente
Dagoberto Nogueira

2º Suplente
César Halum

3º Suplente
Pedro Uczai

4º Suplente
Carlos Manato

Diretor-Geral
Lúcio Henrique Xavier Lopes

Secretário-Geral da Mesa
Wagner Soares Padilha
Câmara dos
Deputados

ESTATUTO DA CRIANÇA
E DO ADOLESCENTE
16ª edição

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata.

Centro de Documentação e Informação


Edições Câmara
Brasília | 2017
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Diretoria Legislativa
Diretor: Afrísio de Souza Vieira Lima Filho
Centro de Documentação e Informação
Diretor: André Freire da Silva
Coordenação Edições Câmara dos Deputados
Diretora: Ana Lígia Mendes

Projeto gráfico de capa: Janaina Coe


Diagramação: Fabrizia Posada
Pesquisa e preparação de texto: Luisa Souto e Luzimar Paiva
Revisão de prova: Francisco Diniz, Pedro Luiz do Carmo e Tajla Bezerra

2000, 1ª edição; 2000, 2ª edição; 2001, 3ª edição; 2003, 4ª edição; 2006, 5ª edição; 2008, 6ª edição; 2010, 7ª edição;
2011, 8ª edição; 2012, 9ª edição; 2013, 10ª edição; 2014, 11ª e 12ª edições; 2015, 13ª edição; 2016, 14ª e 15ª edições.

Câmara dos Deputados


Centro de Documentação e Informação – Cedi
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SÉRIE
Legislação
n. 260 PDF
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
Coordenação de Biblioteca. Seção de Catalogação.

Brasil. [Estatuto da criança e do adolescente (1990)].


Estatuto da criança e do adolescente [recurso eletrônico] : Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata. – 16. ed. – Brasília :
Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2017. – (Série legislação ; n. 260 PDF)

Versão PDF.
Modo de acesso: livraria.camara.leg.br
Disponível, também, em formato impresso e digital (EPUB).
ISBN 978-85-402-0607-6

1. Direitos do menor, legislação, Brasil. 2. Direitos da criança, Brasil. 3. Legislação de menores, Brasil. I. Título. II. Série.

CDU 342.726-053.2(81)(094)

ISBN 978-85-402-0606-9 (papel) | ISBN 978-85-402-0607-6 (PDF) | ISBN 978-85-402-0608-3 (EPUB)


SUMÁRIO

SUMÁRIO DE ARTIGOS.....................................................................................................................................................................9

APRESENTAÇÃO...............................................................................................................................................................................10

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.................................................................................................................................... 11


Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.
LIVRO I – PARTE GERAL.................................................................................................................................................................11
Título I – Das Disposições Preliminares..................................................................................................................................11
Título II – Dos Direitos Fundamentais.....................................................................................................................................11
Capítulo I – Do Direito à Vida e à Saúde............................................................................................................................11
Capítulo II – Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade.............................................................................. 13
Capítulo III – Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária..................................................................................14
Seção I – Disposições Gerais............................................................................................................................................14
Seção II – Da Família Natural............................................................................................................................................14
Seção III – Da Família Substituta.....................................................................................................................................15
Subseção I – Disposições Gerais................................................................................................................................15
Subseção II – Da Guarda...............................................................................................................................................15
Subseção III – Da Tutela...............................................................................................................................................16
Subseção IV – Da Adoção.............................................................................................................................................16
Capítulo IV – Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer....................................................................21
Capítulo V – Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho..................................................................22
Título III – Da Prevenção..............................................................................................................................................................22
Capítulo I – Disposições Gerais............................................................................................................................................22
Capítulo II – Da Prevenção Especial....................................................................................................................................23
Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos....................................................23
Seção II – Dos Produtos e Serviços.................................................................................................................................24
Seção III – Da Autorização para Viajar...........................................................................................................................24
LIVRO II – PARTE ESPECIAL...........................................................................................................................................................24
Título I – Da Política de Atendimento......................................................................................................................................24
Capítulo I – Disposições Gerais............................................................................................................................................24
Capítulo II – Das Entidades de Atendimento....................................................................................................................25
Seção I – Disposições Gerais............................................................................................................................................25
Seção II – Da Fiscalização das Entidades......................................................................................................................27
Título II – Das Medidas de Proteção........................................................................................................................................27
Capítulo I – Disposições Gerais............................................................................................................................................27
Capítulo II – Das Medidas Específicas de Proteção.......................................................................................................28
Título III – Da Prática de Ato Infracional.................................................................................................................................30
Capítulo I – Disposições Gerais............................................................................................................................................30
Capítulo II – Dos Direitos Individuais..................................................................................................................................30
Capítulo III – Das Garantias Processuais...........................................................................................................................30
Capítulo IV – Das Medidas Socioeducativas.....................................................................................................................30
Seção I – Disposições Gerais............................................................................................................................................30
Seção II – Da Advertência..................................................................................................................................................31
Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano...............................................................................................................31
Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade.................................................................................................31
Seção V – Da Liberdade Assistida...................................................................................................................................31
Seção VI – Do Regime de Semiliberdade.......................................................................................................................31
Seção VII – Da Internação..................................................................................................................................................31
Capítulo V – Da Remissão.......................................................................................................................................................32
Título IV – Das Medidas Pertinentes Aos Pais ou Responsável.......................................................................................32
Título V – Do Conselho Tutelar..................................................................................................................................................33
Capítulo I – Disposições Gerais............................................................................................................................................33
Capítulo II – Das Atribuições do Conselho........................................................................................................................33
Capítulo III – Da Competência...............................................................................................................................................34
Capítulo IV – Da Escolha dos Conselheiros.......................................................................................................................34
Capítulo V – Dos Impedimentos...........................................................................................................................................34
Título VI – Do Acesso à Justiça...................................................................................................................................................34
Capítulo I – Disposições Gerais............................................................................................................................................34
Capítulo II – Da Justiça da Infância e da Juventude.......................................................................................................35
Seção I – Disposições Gerais............................................................................................................................................35
Seção II – Do Juiz..................................................................................................................................................................35
Seção III – Dos Serviços Auxiliares..................................................................................................................................36
Capítulo III – Dos Procedimentos.........................................................................................................................................36
Seção I – Disposições Gerais............................................................................................................................................36
Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar............................................................................................36
Seção III – Da Destituição da Tutela...............................................................................................................................37
Seção IV – Da Colocação em Família Substituta.........................................................................................................37
Seção V – Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente....................................................................38
Seção V-A – Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de Crimes contra a Dignidade
Sexual de Criança e de Adolescente...............................................................................................................................40
Seção VI – Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimento........................................................41
Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Proteção à Criança e ao
Adolescente...........................................................................................................................................................................41
Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção............................................................................................42
Capítulo IV – Dos Recursos....................................................................................................................................................42
Capítulo V – Do Ministério Público......................................................................................................................................43
Capítulo VI – Do Advogado.....................................................................................................................................................44
Capítulo VII – Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e Coletivos...........................................44
Título VII – Dos Crimes e das Infrações Administrativas...................................................................................................46
Capítulo I – Dos Crimes...........................................................................................................................................................46
Seção I – Disposições Gerais............................................................................................................................................46
Seção II – Dos Crimes em Espécie...................................................................................................................................46
Capítulo II – Das Infrações Administrativas.....................................................................................................................49
Disposições Finais e Transitórias..............................................................................................................................................50
LEGISLAÇÃO CORRELATA............................................................................................................................................................. 54

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988......................................................................................55


[Dispositivos constitucionais referentes à criança e ao adolescente]

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA................................................................................................................................56

CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA......................................................................................................................57

CONVENÇÃO RELATIVA À PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS E À COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE ADOÇÃO


INTERNACIONAL..............................................................................................................................................................................68

PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA REFERENTE À VENDA DE CRIANÇAS,


À PROSTITUIÇÃO INFANTIL E À PORNOGRAFIA INFANTIL.....................................................................................................75

DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940...........................................................................................................79


[Institui o] Código Penal.

LEI Nº 8.242, DE 12 DE OUTUBRO DE 1991..............................................................................................................................81


Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e dá outras providências.

LEI Nº 8.560, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1992............................................................................................................................82


(Lei de Investigação de Paternidade)
Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do casamento e dá outras providências.

LEI Nº 8.978, DE 9 DE JANEIRO DE 1995....................................................................................................................................83


Dispõe sobre a construção de creches e estabelecimentos de pré-escola.

LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002...............................................................................................................................83


Institui o Código Civil.

LEI Nº 11.577, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2007.........................................................................................................................86


Torna obrigatória a divulgação pelos meios que especifica de mensagem relativa à exploração sexual e tráfico de crianças e
adolescentes apontando formas para efetuar denúncias.

LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009.................................................................................................................................87


(Lei Nacional de Adoção)
Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e 8.560, de 29 de
dezembro de 1992; revoga dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras providências.

LEI Nº 12.127, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2009..........................................................................................................................88


Cria o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos.

LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010...............................................................................................................................88


(Lei da Alienação Parental)
Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.

LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012...............................................................................................................................89


Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeducativas
destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315,
de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de
10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

LEI Nº 12.845, DE 1º DE AGOSTO DE 2013............................................................................................................................ 101


Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual.
LEI COMPLEMENTAR Nº 146, DE 25 DE JUNHO DE 2014.................................................................................................... 102
Estende a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
à trabalhadora gestante, nos casos de morte desta, a quem detiver a guarda de seu filho.

LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014............................................................................................................................... 102


(Lei Menino Bernardo – Lei da Palmada)
Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

LEI Nº 13.257, DE 8 DE MARÇO DE 2016................................................................................................................................ 102


Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
e do Adolescente), o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, a Lei nº 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei
nº 12.662, de 5 de junho de 2012.

LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017................................................................................................................................... 105


Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera a Lei
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).

DECRETO Nº 5.089, DE 20 DE MAIO DE 2004........................................................................................................................ 110


Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (Conanda) e dá outras providências.

DECRETO DE 19 DE OUTUBRO DE 2004.................................................................................................................................. 112


Cria Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
Comunitária, e dá outras providências.

DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007.................................................................................................................................. 113


Institui a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, e dá outras providências.

DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007.................................................................................................................................. 114


Institui a Comissão Nacional Intersetorial para acompanhamento da implementação do Plano Nacional de Promoção, Proteção
e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária, e dá outras providências.

DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011............................................................................................................. 115


Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.

DECRETO Nº 7.958, DE 13 DE MARÇO DE 2013..................................................................................................................... 117


Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de
atendimento do Sistema Único de Saúde.

DECRETO Nº 8.869, DE 5 DE OUTUBRO DE 2016.................................................................................................................. 118


Institui o Programa Criança Feliz.

DECRETO DE 7 DE MARÇO DE 2017......................................................................................................................................... 120


Institui o Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para a Primeira Infância

LISTA DE OUTRAS NORMAS E INFORMAÇÕES DE INTERESSE...........................................................................................122


SUMÁRIO DE ARTIGOS

LEI Nº 8.069/1990

1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 18-A, 18-B, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25,

26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52,

52-A, 52-B, 52-C, 52-D, 53, 54, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 70, 70-A, 70-B,

71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 94-A, 95, 96,

97, 98, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116, 117,

118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135, 136, 137,

138, 139, 140, 141, 142, 143, 144, 145, 146, 147, 148, 149, 149-A, 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156,

157, 158, 159, 160, 161, 162, 163, 164, 165, 166, 167, 168, 169, 170, 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177,

178, 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 190-A, 190-B, 190-C, 190-D, 190-E,

191, 192, 193, 194, 195, 196, 197, 197-A, 197-B, 197-C, 197-D, 197-E, 198, 199, 199-A, 199-B, 199-C,

199-D, 199-E, 200, 201, 202, 203, 204, 205, 206, 207, 208, 209, 210, 211, 212, 213, 214, 215, 216, 217,

218, 219, 220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 227, 228, 229, 230, 231, 232, 233, 234, 235, 236, 237,

238, 239, 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C, 241-D, 241-E, 242, 243, 244, 244-A, 244-B, 245, 246, 247,

248, 249, 250, 251, 252, 253, 254, 255, 256, 257, 258, 258-A, 258-B, 258-C, 259, 260, 260-A, 260-B,

260-C, 260-D, 260-E, 260-F, 260-G, 260-H, 260-I, 260-J, 260-K, 260-L, 261, 262, 265, 265-A, 266, 267.

9
APRESENTAÇÃO

Este livro da Série Legislação, da Edições Câmara, traz o texto atualizado do Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e legislação correlata.

Com a publicação da legislação federal brasileira em vigor, a Câmara dos Deputados vai além da função
de criar normas: colabora também para seu efetivo cumprimento ao torná-las conhecidas e acessíveis
a toda a população.

Os textos legais compilados nesta edição são resultado do trabalho dos parlamentares, que representam
a diversidade do povo brasileiro. Da apresentação até a aprovação de um projeto de lei, há um extenso
caminho de consultas, estudos e debates com os variados segmentos sociais. Após criadas, as leis for-
necem um arcabouço jurídico que permite a boa convivência em sociedade.

A Câmara dos Deputados disponibiliza suas publicações na livraria da Câmara (livraria.camara.leg.br) e na


Biblioteca Digital (bd.camara.leg.br/bd). Alguns títulos também são produzidos em formato audiolivro e
EPUB. O objetivo é democratizar o acesso a informação e estimular o pleno exercício da cidadania.
Dessa forma, a Câmara dos Deputados contribui para levar informação sobre direitos e deveres aos
principais interessados no assunto: os cidadãos.
Deputado Rodrigo Maia
Presidente da Câmara dos Deputados

10
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 19901 d) destinação privilegiada de recursos públicos nas


áreas relacionadas com a proteção à infância e à
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá juventude.
outras providências.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
O presidente da República qualquer forma de negligência, discriminação, explo-
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san- ração, violência, crueldade e opressão, punido na forma
ciono a seguinte lei: da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais.
LIVRO I – PARTE GERAL
Art. 6º Na interpretação desta lei levar-se-ão em conta
TÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
Art. 1º Esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e
e ao adolescente. a condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta lei,
a pessoa até doze anos de idade incompletos, e ado- TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
lescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
CAPÍTULO I – DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre de-
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
zoito e vinte e um anos de idade.
sociais públicas que permitam o nascimento e o desen-
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os volvimento sadio e harmonioso, em condições dignas
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, de existência.
sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, 3
Art. 8º É assegurado a todas as mulheres o acesso aos
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas
programas e às políticas de saúde da mulher e de plane-
as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar
jamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada,
o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério
social, em condições de liberdade e de dignidade.
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral
2
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta lei no âmbito do Sistema Único de Saúde.
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem
§ 1º O atendimento pré-natal será realizado por profissio-
discriminação de nascimento, situação familiar, idade,
nais da atenção primária.
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência,
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, § 2º Os profissionais de saúde de referência da ges-
condição econômica, ambiente social, região e local de tante garantirão sua vinculação, no último trimestre da
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, gestação, ao estabelecimento em que será realizado o
as famílias ou a comunidade em que vivem. parto, garantido o direito de opção da mulher.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade § 3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado asse-
em geral e do poder público assegurar, com absoluta gurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à alta hospitalar responsável e contrarreferência na
saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, atenção primária, bem como o acesso a outros serviços
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, e a grupos de apoio à amamentação.
à liberdade e à convivência familiar e comunitária. § 4º Incumbe ao poder público proporcionar assistência
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-
-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
a) primazia de receber proteção e socorro em quais-
consequências do estado puerperal.
quer circunstâncias;
§ 5º A assistência referida no § 4º deste artigo deverá
b) precedência de atendimento nos serviços pú-
ser prestada também a gestantes e mães que mani-
blicos ou de relevância pública;
festem interesse em entregar seus filhos para adoção,
c) preferência na formulação e na execução das po- bem como a gestantes e mães que se encontrem em
líticas sociais públicas; situação de privação de liberdade.

1.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16-7-1990, e retificada no de


27-8-1990. 3.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009; caput do artigo, §§ 1º a 3º e 5º com nova redação dada
2.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016. pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016, que também acrescentou os §§ 6º a 10.

11
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 6º A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acom- IV – fornecer declaração de nascimento onde constem
panhante de sua preferência durante o período do pré- necessariamente as intercorrências do parto e do
-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato. desenvolvimento do neonato;
§ 7º A gestante deverá receber orientação sobre aleita- V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao
mento materno, alimentação complementar saudável neonato a permanência junto à mãe;
e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como 5
VI – acompanhar a prática do processo de amamentação,
sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos prestando orientações quanto à técnica adequada, en-
e de estimular o desenvolvimento integral da criança. quanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utili-
§ 8º A gestante tem direito a acompanhamento saudável zando o corpo técnico já existente.
durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, 6
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui-
estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras in- dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por
tervenções cirúrgicas por motivos médicos. intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o
§ 9º A atenção primária à saúde fará a busca ativa da princípio da equidade no acesso a ações e serviços para
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas promoção, proteção e recuperação da saúde.
de pré-natal, bem como da puérpera que não compa- § 1º A criança e o adolescente com deficiência serão
recer às consultas pós-parto. atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à necessidades gerais de saúde e específicas de habili-
mulher com filho na primeira infância que se encontrem tação e reabilitação.
sob custódia em unidade de privação de liberdade, am- § 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente,
biência que atenda às normas sanitárias e assistenciais àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses,
do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao
articulação com o sistema de ensino competente, visando tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e
ao desenvolvimento integral da criança. adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado vol-
4
Art. 9º O poder público, as instituições e os empre- tadas às suas necessidades específicas.
gadores propiciarão condições adequadas ao aleita- § 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
mento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas frequente de crianças na primeira infância receberão
a medida privativa de liberdade. formação específica e permanente para a detecção de
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem
desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou cole- como para o acompanhamento que se fizer necessário.
tivas, visando ao planejamento, à implementação e à 7
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e
aleitamento materno e à alimentação complementar de cuidados intermediários, deverão proporcionar con-
saudável, de forma contínua. dições para a permanência em tempo integral de um dos
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neo- pais ou responsável, nos casos de internação de criança
natal deverão dispor de banco de leite humano ou uni- ou adolescente.
dade de coleta de leite humano. 8
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, -tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoria-
são obrigados a: mente comunicados ao conselho tutelar da respectiva
I – manter registro das atividades desenvolvidas, através localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; § 1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em
II – identificar o recém-nascido mediante o registro de entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela
autoridade administrativa competente; 5.  Inciso acrescido pela Lei nº 13.436, de 12-4-2017, em vigor após 90 dias de sua
publicação.
III – proceder a exames visando ao diagnóstico e tera- 6.  Caput do artigo e §§ 1º e 2º com nova redação dada pela Lei nº 13.257, de
pêutica de anormalidades no metabolismo do recém- 8-3-2016, que também acrescentou o § 3º.
7.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.
-nascido, bem como prestar orientação aos pais; 8.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º e com nova redação dada pela
Lei nº 13.257, de 8-3-2016, que também acrescentou o § 2º; caput do artigo com
4.  Lei nº 13.257, de 8-3-2016. nova redação dada pela Lei nº 13.010, de 26-6-2014.

12
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da In- II – opinião e expressão;


fância e da Juventude. III – crença e culto religioso;
§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;
de entrada, os serviços de assistência social em seu
V – participar da vida familiar e comunitária, sem
componente especializado, o Centro de Referência
discriminação;
Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e VI – participar da vida política, na forma da lei;
do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.
atendimento das crianças na faixa etária da primeira
Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade
infância com suspeita ou confirmação de violência de
da integridade física, psíquica e moral da criança e do
qualquer natureza, formulando projeto terapêutico sin-
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da
gular que inclua intervenção em rede e, se necessário,
identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças,
acompanhamento domiciliar.
dos espaços e objetos pessoais.
9
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança
de assistência médica e odontológica para a prevenção
e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
das enfermidades que ordinariamente afetam a popu-
mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
lação infantil, e campanhas de educação sanitária para
constrangedor.
pais, educadores e alunos.
10
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de
§ 1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou
recomendados pelas autoridades sanitárias.
de tratamento cruel ou degradante, como formas de
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre-
à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma texto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada,
transversal, integral e intersetorial com as demais linhas pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores
de cuidado direcionadas à mulher e à criança. de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função edu- encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou
cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de protegê-los.
o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, Parágrafo único. Para os fins desta lei, considera-se:
e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos
I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
de vida, com orientações sobre saúde bucal.
aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
§ 4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos adolescente que resulte em:
especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
a) sofrimento físico; ou
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus
b) lesão;
primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro
instrumento construído com a finalidade de facilitar a II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma
detecção, em consulta pediátrica de acompanhamento cruel de tratamento em relação à criança ou ao adoles-
da criança, de risco para o seu desenvolvimento psíquico. cente que:
a) humilhe; ou
CAPÍTULO II – DO DIREITO À LIBERDADE,
AO RESPEITO E À DIGNIDADE b) ameace gravemente; ou
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, c) ridicularize.
ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em pro- 11
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada,
cesso de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, os responsáveis, os agentes públicos executores de
humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarre-
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes gada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los,
aspectos: educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico
ou tratamento cruel ou degradante como formas de
I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pre-
comunitários, ressalvadas as restrições legais;
texto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções

9.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º e com nova redação dada pela
Lei nº 13.257, de 8-3-2016, que também acrescentou os §§ 2º a 4º; § 5º acrescido 10.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26-6-2014.
pela Lei nº 13.438, de 26-4-2017, em vigor após 180 dias de sua publicação. 11.  Idem.

13
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela
acordo com a gravidade do caso: entidade responsável, independentemente de autori-
I – encaminhamento a programa oficial ou comunitário zação judicial.
de proteção à família; Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casa-
II – encaminhamento a tratamento psicológico ou mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qua-
psiquiátrico; lificações, proibidas quaisquer designações discrimina-
tórias relativas à filiação.
III – encaminhamento a cursos ou programas de
orientação; Art. 21. O poder familiar13 será exercido, em igualdade de
condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser
IV – obrigação de encaminhar a criança a tratamento
a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
especializado;
de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judi-
V – advertência. ciária competente para a solução da divergência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e
aplicadas pelo conselho tutelar, sem prejuízo de outras educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
providências legais. interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir
CAPÍTULO III – DO DIREITO À CONVIVÊNCIA as determinações judiciais.
FAMILIAR E COMUNITÁRIA 14
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
têm direitos iguais e deveres e responsabilidades com-
Seção I – Disposições Gerais
partilhados no cuidado e na educação da criança, de-
12
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado vendo ser resguardado o direito de transmissão familiar
e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
em família substituta, assegurada a convivência familiar criança estabelecidos nesta lei.
e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvol-
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não
15
vimento integral.
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
§ 1º Toda criança ou adolescente que estiver inserido em do poder familiar16.
programa de acolhimento familiar ou institucional terá
§ 1º Não existindo outro motivo que por si só autorize
sua situação reavaliada, no máximo, a cada seis meses,
a decretação da medida, a criança ou o adolescente
devendo a autoridade judiciária competente, com base
será mantido em sua família de origem, a qual deverá
em relatório elaborado por equipe interprofissional ou
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela
oficiais de proteção, apoio e promoção.
possibilidade de reintegração familiar ou colocação em
família substituta, em quaisquer das modalidades pre- § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não impli-
vistas no art. 28 desta lei. cará a destituição do poder familiar, exceto na hipótese
de condenação por crime doloso, sujeito à pena de re-
§ 2º A permanência da criança e do adolescente em pro-
clusão, contra o próprio filho ou filha.
grama de acolhimento institucional não se prolongará
por mais de dois anos, salvo comprovada necessidade Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar17 serão
que atenda ao seu superior interesse, devidamente fun- decretadas judicialmente, em procedimento contradi-
damentada pela autoridade judiciária. tório, nos casos previstos na legislação civil, bem como
na hipótese de descumprimento injustificado dos de-
§ 3º A manutenção ou a reintegração de criança ou
veres e obrigações a que alude o art. 22.
adolescente à sua família terá preferência em relação
a qualquer outra providência, caso em que será esta Seção II – Da Família Natural
incluída em serviços e programas de proteção, apoio Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade for-
e promoção, nos termos do § 1º do art. 23, dos incisos mada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput
do art. 129 desta lei.
§ 4º Será garantida a convivência da criança e do ado-
13.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
lescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por 14.  Parágrafo acrescido pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.
meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável 15.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.962, de 8-4-2014,
que também acrescentou o § 2º; § 1º com nova redação dada pela Lei nº 13.257, de
8-3-2016.
12.  §§ 1º a 3º acrescidos pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009; § 4º acrescido pela Lei
nº 12.962, de 8-4-2014; caput do artigo e § 3º com nova redação dada pela Lei nº 13.257, 16.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
de 8-3-2016. 17.  Idem.

14
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

18
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou § 6º Em se tratando de criança ou adolescente indígena
ampliada aquela que se estende para além da unidade ou proveniente de comunidade remanescente de qui-
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por pa- lombo, é ainda obrigatório:
rentes próximos com os quais a criança ou adolescente I – que sejam consideradas e respeitadas sua identi-
convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade. dade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser como suas instituições, desde que não sejam incompa-
reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no tíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por
próprio termo de nascimento, por testamento, mediante esta lei e pela Constituição Federal;
escritura ou outro documento público, qualquer que seja II – que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
a origem da filiação. seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o etnia;
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se III – a intervenção e oitiva de representantes do órgão
deixar descendentes. federal responsável pela política indigenista, no caso de
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar
ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem que irá acompanhar o caso.
qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta
Seção III – Da Família Substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibili-
dade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente
Subseção I – Disposições Gerais
familiar adequado.
19
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á me-
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá
diante guarda, tutela ou adoção, independentemente da
transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos
entidades governamentais ou não governamentais, sem
desta lei.
autorização judicial.
§ 1º Sempre que possível, a criança ou o adolescente
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
será previamente ouvido por equipe interprofissional,
constitui medida excepcional, somente admissível na
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
modalidade de adoção.
compreensão sobre as implicações da medida, e terá
sua opinião devidamente considerada. Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar
§ 2º Tratando-se de maior de doze anos de idade, será
o encargo, mediante termo nos autos.
necessário seu consentimento, colhido em audiência.
Subseção II – Da Guarda
§ 3º Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau
de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência ma-
a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes terial, moral e educacional à criança ou adolescente,
da medida. conferindo a seu detentor o direito de opor-se a ter-
ceiros, inclusive aos pais.
§ 4º Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
tutela ou guarda da mesma família substituta, ressal- § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
vada a comprovada existência de risco de abuso ou outra podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
situação que justifique plenamente a excepcionalidade procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção
de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, por estrangeiros.
evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos
§ 5º A colocação da criança ou adolescente em família casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu-
substituta será precedida de sua preparação gradativa liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável,
e acompanhamento posterior, realizados pela equipe podendo ser deferido o direito de representação para a
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da prática de atos determinados.
Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con-
responsáveis pela execução da política municipal de ga- dição de dependente, para todos os fins e efeitos de
rantia do direito à convivência familiar. direito, inclusive previdenciários.
18.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
19.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também acrescentou os §§ 3º a 6º.

15
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

20
§ 4º Salvo expressa e fundamentada determinação ao controle judicial do ato, observando o procedimento
em contrário, da autoridade judiciária competente, previsto nos arts. 165 a 170 desta lei.
ou quando a medida for aplicada em preparação para Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob-
adoção, o deferimento da guarda de criança ou adoles- servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
cente a terceiros não impede o exercício do direito de lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada
visitas pelos pais, assim como o dever de prestar ali- na disposição de última vontade, se restar comprovado
mentos, que serão objeto de regulamentação específica, que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe
a pedido do interessado ou do Ministério Público. outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
21
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assis- Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
tência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhi- art. 24.
mento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente
afastado do convívio familiar. Subseção IV – Da Adoção

§ 1º A inclusão da criança ou adolescente em programas Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á
25

de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento segundo o disposto nesta lei.
institucional, observado, em qualquer caso, o caráter tem- § 1º A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual
porário e excepcional da medida, nos termos desta lei. se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos
§ 2º Na hipótese do § 1º deste artigo a pessoa ou casal de manutenção da criança ou adolescente na família na-
cadastrado no programa de acolhimento familiar poderá tural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25
receber a criança ou adolescente mediante guarda, ob- desta lei.
servado o disposto nos arts. 28 a 33 desta lei. § 2º É vedada a adoção por procuração.
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito
acolhimento em família acolhedora como política pú- anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda
blica, os quais deverão dispor de equipe que organize o ou tutela dos adotantes.
acolhimento temporário de crianças e de adolescentes Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado,
em residências de famílias selecionadas, capacitadas e com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios,
acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção. desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, salvo os impedimentos matrimoniais.
distritais e municipais para a manutenção dos serviços § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o
repasse de recursos para a própria família acolhedora. adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, respectivos parentes.
mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
Público. seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, des-
Subseção III – Da Tutela cendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem
de vocação hereditária.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a
22

pessoa de até dezoito anos incompletos. Art. 42. Podem adotar os maiores de dezoito anos, in-
26

dependentemente do estado civil.


Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
prévia decretação da perda ou suspensão do poder fa- § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do
miliar23 e implica necessariamente o dever de guarda. adotando.
24
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer § 2º Para adoção conjunta, é indispensável que os ado-
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo tantes sejam casados civilmente ou mantenham união
único do art. 1.729 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de estável, comprovada a estabilidade da família.
2002 (Código Civil), deverá, no prazo de trinta dias após § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos
a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado mais velho do que o adotando.

20.  Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.


21.  Caput com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também
acrescentou os §§ 1º e 2º; §§ 3º e 4º acrescidos pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.
25.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 2º pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009,
22.  Caput com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. que também acrescentou o § 1º.
23.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 26.  Caput do artigo e §§ 2º, 4º e 5º com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de
24.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 3-8-2009, que também acrescentou o § 6º.

16
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 4º Os divorciados, os judicialmente separados e os minucioso acerca da conveniência do deferimento da


ex-companheiros podem adotar conjuntamente, con- medida.
tanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas 29
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
e desde que o estágio de convivência tenha sido ini- judicial, que será inscrita no registro civil mediante man-
ciado na constância do período de convivência e que dado do qual não se fornecerá certidão.
seja comprovada a existência de vínculos de afinidade
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como
e afetividade com aquele não detentor da guarda, que
pais, bem como o nome de seus ascendentes.
justifiquem a excepcionalidade da concessão.
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
§ 5º Nos casos do § 4º deste artigo, desde que demons-
o registro original do adotado.
trado efetivo benefício ao adotando, será assegurada a
guarda compartilhada, conforme previsto no art. 1.584 § 3º A pedido do adotante, o novo registro poderá ser
da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). lavrado no Cartório do Registro Civil do município de
sua residência.
§ 6º A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após
inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no § 4º Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. constar nas certidões do registro.

Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais § 5º A sentença conferirá ao adotado o nome do ado-
vantagens para o adotando e fundar-se em motivos tante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar
legítimos. a modificação do prenome.

Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração § 6º Caso a modificação de prenome seja requerida pelo
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o
adotar o pupilo ou o curatelado. disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta lei.

Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais § 7º A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
ou do representante legal do adotando. em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
prevista no § 6º do art. 42 desta lei, caso em que terá
§ 1º O consentimento será dispensado em relação à
força retroativa à data do óbito.
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos
ou tenham sido destituídos do poder familiar27. § 8º O processo relativo à adoção assim como outros
a ele relacionados serão mantidos em arquivo,
§ 2º Em se tratando de adotando maior de doze anos de
admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou
idade, será também necessário o seu consentimento.
por outros meios, garantida a sua conservação para
28
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de con- consulta a qualquer tempo.
vivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiari-
adoção em que o adotando for criança ou adolescente
dades do caso.
com deficiência ou com doença crônica.
§ 1º O estágio de convivência poderá ser dispensado se o
30
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do ado-
biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao pro-
tante durante tempo suficiente para que seja possível
cesso no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
incidentes, após completar dezoito anos.
§ 2º A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá
dispensa da realização do estágio de convivência.
ser também deferido ao adotado menor de dezoito anos,
§ 3º Em caso de adoção por pessoa ou casal residente a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurí-
ou domiciliado fora do país, o estágio de convivência, dica e psicológica.
cumprido no território nacional, será de, no mínimo,
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder
trinta dias.
familiar31 dos pais naturais.
§ 4º O estágio de convivência será acompanhado pela
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e
da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
responsáveis pela execução da política de garantia do
29.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também acrescentou os §§ 7º e 8º; § 9º acres-
direito à convivência familiar, que apresentarão relatório cido pela Lei nº 12.955, de 5-2-2014.
30.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que
27.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. também acrescentou o parágrafo único.
28.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também acrescentou os §§ 3º e 4º. 31.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

17
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

32
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co- § 10. A adoção internacional somente será deferida se,
marca ou foro regional, um registro de crianças e ado- após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habi-
lescentes em condições de serem adotados e outro de litados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da
pessoas interessadas na adoção. Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia e nacional referidos no § 5º deste artigo, não for encon-
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Mi- trado interessado com residência permanente no Brasil.
nistério Público. § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal inte-
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não ressado em sua adoção, a criança ou o adolescente,
satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer das sempre que possível e recomendável, será colocado sob
hipóteses previstas no art. 29. guarda de família cadastrada em programa de acolhi-
mento familiar.
§ 3º A inscrição de postulantes à adoção será precedida
de um período de preparação psicossocial e jurídica, § 12. A alimentação do cadastro e a convocação crite-
orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e riosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos Ministério Público.
responsáveis pela execução da política municipal de § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de
garantia do direito à convivência familiar. candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa-
§ 4º Sempre que possível e recomendável, a prepa- mente nos termos desta lei quando:
ração referida no § 3º deste artigo incluirá o contato I – se tratar de pedido de adoção unilateral;
com crianças e adolescentes em acolhimento familiar II – for formulada por parente com o qual a criança
ou institucional em condições de serem adotados, a ser ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e
realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da afetividade;
equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude,
III – oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
legal de criança maior de três anos ou adolescente,
acolhimento e pela execução da política municipal de
desde que o lapso de tempo de convivência comprove
garantia do direito à convivência familiar.
a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja
§ 5º Serão criados e implementados cadastros esta- constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situa-
duais e nacional de crianças e adolescentes em condi- ções previstas nos arts. 237 ou 238 desta lei.
ções de serem adotados e de pessoas ou casais habi-
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
litados à adoção.
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento,
§ 6º Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais que preenche os requisitos necessários à adoção, con-
residentes fora do país, que somente serão consultados forme previsto nesta lei.
na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na
33
cadastros mencionados no § 5º deste artigo.
qual a pessoa ou casal postulante é residente ou do-
§ 7º As autoridades estaduais e federais em matéria de miciliado fora do Brasil, conforme previsto no artigo 2
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo- da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa
-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de
melhoria do sistema. Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo
§ 8º A autoridade judiciária providenciará, no prazo de nº 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto
quarenta e oito horas, a inscrição das crianças e ado- nº 3.087, de 21 de junho de 1999.
lescentes em condições de serem adotados que não § 1º A adoção internacional de criança ou adolescente
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação quando restar comprovado:
à adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no
I – que a colocação em família substituta é a solução
§ 5º deste artigo, sob pena de responsabilidade.
adequada ao caso concreto;
§ 9º Compete à autoridade central estadual zelar pela ma-
II – que foram esgotadas todas as possibilidades de co-
nutenção e correta alimentação dos cadastros, com pos-
locação da criança ou adolescente em família substituta
terior comunicação à autoridade central federal brasileira.

33.  Caput do artigo, caput do § 1º e §§ 2º e 3º com nova redação dada pela


Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também acrescentou os incisos I a III ao § 1º e
32.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009. revogou o § 4º.

18
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já
art. 50 desta lei; realizado no país de acolhida;
III – que, em se tratando de adoção de adolescente, este VII – verificada, após estudo realizado pela autoridade
foi consultado, por meios adequados ao seu estágio de central estadual, a compatibilidade da legislação es-
desenvolvimento, e que se encontra preparado para a trangeira com a nacional, além do preenchimento por
medida, mediante parecer elaborado por equipe inter- parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos
profissional, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz
art. 28 desta lei. do que dispõe esta lei como da legislação do país de
§ 2º Os brasileiros residentes no exterior terão prefe- acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção
rência aos estrangeiros, nos casos de adoção interna- internacional, que terá validade por, no máximo, um ano;
cional de criança ou adolescente brasileiro. VIII – de posse do laudo de habilitação, o interessado
§ 3º A adoção internacional pressupõe a intervenção das será autorizado a formalizar pedido de adoção perante
autoridades centrais estaduais e federal em matéria de o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se
adoção internacional. encontra a criança ou adolescente, conforme indicação
efetuada pela autoridade central estadual.
§ 4º (Revogado.)
§ 1º Se a legislação do país de acolhida assim o auto-
Art. 52. A adoção internacional observará o procedi-
34
rizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção
mento previsto nos arts. 165 a 170 desta lei, com as
internacional sejam intermediados por organismos
seguintes adaptações:
credenciados.
I – a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar
§ 2º Incumbe à autoridade central federal brasileira o
criança ou adolescente brasileiro, deverá formular
credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
pedido de habilitação à adoção perante a autoridade
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à
central em matéria de adoção internacional no país de
adoção internacional, com posterior comunicação às
acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua
autoridades centrais estaduais e publicação nos órgãos
residência habitual;
oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
II – se a autoridade central do país de acolhida consi-
§ 3º Somente será admissível o credenciamento de or-
derar que os solicitantes estão habilitados e aptos para
ganismos que:
adotar, emitirá um relatório que contenha informações
sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação I – sejam oriundos de países que ratificaram a Con-
dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, fami- venção de Haia e estejam devidamente credenciados
liar e médica, seu meio social, os motivos que os animam pela autoridade central do país onde estiverem sediados
e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; e no país de acolhida do adotando para atuar em adoção
internacional no Brasil;
III – a autoridade central do país de acolhida enviará o
relatório à autoridade central estadual, com cópia para II – satisfizerem as condições de integridade moral, com-
a autoridade central federal brasileira; petência profissional, experiência e responsabilidade
exigidas pelos países respectivos e pela autoridade cen-
IV – o relatório será instruído com toda a documentação
tral federal brasileira;
necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por
equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada III – forem qualificados por seus padrões éticos e sua
da legislação pertinente, acompanhada da respectiva formação e experiência para atuar na área de adoção
prova de vigência; internacional;

V – os documentos em língua estrangeira serão devida- IV – cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento
mente autenticados pela autoridade consular, obser- jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
vados os tratados e convenções internacionais, e acom- autoridade central federal brasileira.
panhados da respectiva tradução, por tradutor público § 4º Os organismos credenciados deverão ainda:
juramentado; I – perseguir unicamente fins não lucrativos, nas con-
VI – a autoridade central estadual poderá fazer exi- dições e dentro dos limites fixados pelas autoridades
gências e solicitar complementação sobre o estudo competentes do país onde estiverem sediados, do país
de acolhida e pela autoridade central federal brasileira;
II – ser dirigidos e administrados por pessoas qua-
34.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que
também revogou o parágrafo único e acrescentou os incisos I a VIII e os §§ 1º a 15. lificadas e de reconhecida idoneidade moral, com

19
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

comprovada formação ou experiência para atuar na § 10. A autoridade central federal brasileira poderá, a
área de adoção internacional, cadastradas pelo Depar- qualquer momento, solicitar informações sobre a si-
tamento de Polícia Federal e aprovadas pela autoridade tuação das crianças e adolescentes adotados.
central federal brasileira, mediante publicação de por- § 11. A cobrança de valores por parte dos organismos cre-
taria do órgão federal competente; denciados, que sejam considerados abusivos pela autori-
III – estar submetidos à supervisão das autoridades com- dade central federal brasileira e que não estejam devida-
petentes do país onde estiverem sediados e no país de mente comprovados, é causa de seu descredenciamento.
acolhida, inclusive quanto à sua composição, funciona- § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser
mento e situação financeira; representados por mais de uma entidade credenciada
IV – apresentar à autoridade central federal brasileira, a para atuar na cooperação em adoção internacional.
cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domi-
bem como relatório de acompanhamento das adoções ciliado fora do Brasil terá validade máxima de um ano,
internacionais efetuadas no período, cuja cópia será podendo ser renovada.
encaminhada ao Departamento de Polícia Federal;
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de
V – enviar relatório pós-adotivo semestral para a auto- organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com diri-
ridade central estadual, com cópia para a autoridade gentes de programas de acolhimento institucional ou fami-
central federal brasileira, pelo período mínimo de dois liar, assim como com crianças e adolescentes em condições
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de serem adotados, sem a devida autorização judicial.
de cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a
§ 15. A autoridade central federal brasileira poderá li-
cidadania do país de acolhida para o adotado;
mitar ou suspender a concessão de novos credencia-
VI – tomar as medidas necessárias para garantir que mentos sempre que julgar necessário, mediante ato
os adotantes encaminhem à autoridade central federal administrativo fundamentado.
brasileira cópia da certidão de registro de nascimento
35
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes
lhes sejam concedidos.
de organismos estrangeiros encarregados de interme-
§ 5º A não apresentação dos relatórios referidos no diar pedidos de adoção internacional a organismos na-
§ 4º deste artigo pelo organismo credenciado poderá cionais ou a pessoas físicas.
acarretar a suspensão de seu credenciamento.
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
§ 6º O credenciamento de organismo nacional ou estran- ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
geiro encarregado de intermediar pedidos de adoção lescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo
internacional terá validade de dois anos. Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente.
§ 7º A renovação do credenciamento poderá ser conce- Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
36

dida mediante requerimento protocolado na autoridade em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo
central federal brasileira nos sessenta dias anteriores de adoção tenha sido processado em conformidade com
ao término do respectivo prazo de validade. a legislação vigente no país de residência e atendido o
§ 8º Antes de transitada em julgado a decisão que con- disposto na alínea c do artigo 17 da referida convenção,
cedeu a adoção internacional, não será permitida a saída será automaticamente recepcionada com o reingresso
do adotando do território nacional. no Brasil.
§ 9º Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju- § 1º Caso não tenha sido atendido o disposto na alínea c
diciária determinará a expedição de alvará com autori- do artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença
zação de viagem, bem como para obtenção de passa- ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça.
porte, constando, obrigatoriamente, as características § 2º O pretendente brasileiro residente no exterior em
da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez rein-
sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como gressado no Brasil, deverá requerer a homologação da
foto recente e a aposição da impressão digital do seu sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
polegar direito, instruindo o documento com cópia au-
tenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado.

35.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.


36.  Idem.

20
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

37
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
for o país de acolhida, a decisão da autoridade compe- adolescente:
tente do país de origem da criança ou do adolescente I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive
será conhecida pela autoridade central estadual que para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
tiver processado o pedido de habilitação dos pais ado-
II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratui-
tivos, que comunicará o fato à autoridade central federal
dade ao ensino médio;
e determinará as providências necessárias à expedição
do certificado de naturalização provisório. III – atendimento educacional especializado aos porta-
dores de deficiência, preferencialmente na rede regular
§ 1º A autoridade central estadual, ouvido o Ministério
de ensino;
Público, somente deixará de reconhecer os efeitos da-
quela decisão se restar demonstrado que a adoção é ma- IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças
39

nifestamente contrária à ordem pública ou não atende de zero a cinco anos de idade;
ao interesse superior da criança ou do adolescente. V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes-
§ 2º Na hipótese de não reconhecimento da adoção, pre- quisa e da criação artística, segundo a capacidade de
vista no § 1º deste artigo, o Ministério Público deverá cada um;
imediatamente requerer o que for de direito para res- VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às con-
guardar os interesses da criança ou do adolescente, dições do adolescente trabalhador;
comunicando-se as providências à autoridade central
VII – atendimento no ensino fundamental, através de
estadual, que fará a comunicação à autoridade central
programas suplementares de material didático-escolar,
federal brasileira e à autoridade central do país de origem.
transporte, alimentação e assistência à saúde.
38
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no
público subjetivo.
país de origem porque a sua legislação a delega ao país de
acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não poder público ou sua oferta irregular importa respon-
tenha aderido à convenção referida, o processo de adoção sabilidade da autoridade competente.
seguirá as regras da adoção nacional. § 3º Compete ao poder público recensear os educandos
no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar,
CAPÍTULO IV – DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À
junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola.
CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de ma-
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação,
tricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, pre-
paro para o exercício da cidadania e qualificação para o Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fun-
trabalho, assegurando-se-lhes: damental comunicarão ao conselho tutelar os casos de:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência I – maus-tratos envolvendo seus alunos;
na escola; II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão es-
II – direito de ser respeitado por seus educadores; colar, esgotados os recursos escolares;
III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo III – elevados níveis de repetência.
recorrer às instâncias escolares superiores; Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiên-
IV – direito de organização e participação em entidades cias e novas propostas relativas a calendário, seriação,
estudantis; currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à
inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
V – acesso à escola pública e gratuita próxima de sua
fundamental obrigatório.
residência.
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter
culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social
ciência do processo pedagógico, bem como participar
da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liber-
da definição das propostas educacionais.
dade da criação e o acesso às fontes de cultura.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União,
estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
37.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
38.  Idem. 39.  Inciso com nova redação dada pela Lei nº 13.306, de 4-7-2016.

21
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

espaços para programações culturais, esportivas e de § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade la-
lazer voltadas para a infância e a juventude. boral em que as exigências pedagógicas relativas ao de-
senvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
CAPÍTULO V – DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO
sobre o aspecto produtivo.
E À PROTEÇÃO NO TRABALHO
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo tra-
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
40
balho efetuado ou a participação na venda dos produtos
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regu-
Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização
lada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
e à proteção no trabalho, observados os seguintes as-
nesta lei.
pectos, entre outros:
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-
I – respeito à condição peculiar de pessoa em
-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases
desenvolvimento;
da legislação de educação em vigor.
II – capacitação profissional adequada ao mercado de
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
trabalho.
seguintes princípios:
I – garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino TÍTULO III – DA PREVENÇÃO
regular; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
II – atividade compatível com o desenvolvimento do Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça
adolescente; ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
III – horário especial para o exercício das atividades. 43
Art. 70-A. A União, os estados, o Distrito Federal e os
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
41 municípios deverão atuar de forma articulada na elabo-
assegurada bolsa de aprendizagem. ração de políticas públicas e na execução de ações des-
tinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento
42
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de qua-
cruel ou degradante e difundir formas não violentas de
torze anos, são assegurados os direitos trabalhistas e
educação de crianças e de adolescentes, tendo como
previdenciários.
principais ações:
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegu-
I – a promoção de campanhas educativas permanentes
rado trabalho protegido.
para a divulgação do direito da criança e do adolescente
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime de serem educados e cuidados sem o uso de castigo
familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos ins-
em entidade governamental ou não governamental, é trumentos de proteção aos direitos humanos;
vedado trabalho:
II – a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do
I – noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um Ministério Público e da Defensoria Pública, com o con-
dia e as cinco horas do dia seguinte; selho tutelar, com os conselhos de direitos da criança e
II – perigoso, insalubre ou penoso; do adolescente e com as entidades não governamentais
III – realizado em locais prejudiciais à sua formação e que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos
ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; da criança e do adolescente;

IV – realizado em horários e locais que não permitam a III – a formação continuada e a capacitação dos pro-
frequência à escola. fissionais de saúde, educação e assistência social e dos
demais agentes que atuam na promoção, proteção e
Art. 68. O programa social que tenha por base o tra-
defesa dos direitos da criança e do adolescente para o
balho educativo, sob responsabilidade de entidade go-
desenvolvimento das competências necessárias à pre-
vernamental ou não governamental sem fins lucrativos,
venção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e
deverá assegurar ao adolescente que dele participe
ao enfrentamento de todas as formas de violência contra
condições de capacitação para o exercício de atividade
a criança e o adolescente;
regular remunerada.
IV – o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací-
fica de conflitos que envolvam violência contra a criança
40.  Conforme art. 7º, XXXIII, da Constituição Federal de 5-10-1988, constante desta e o adolescente;
publicação.
41.  Idem.
42.  Idem. 43.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.010, de 26-6-2014.

22
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

V – a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
a garantir os direitos da criança e do adolescente, desde petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de
a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação
responsáveis com o objetivo de promover a informação, destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa
a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao etária especificada no certificado de classificação.
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degra- Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
dante no processo educativo; versões e espetáculos públicos classificados como ade-
VI – a promoção de espaços intersetoriais locais para a quados à sua faixa etária.
articulação de ações e a elaboração de planos de atuação Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
conjunta focados nas famílias em situação de violência, mente poderão ingressar e permanecer nos locais de
com participação de profissionais de saúde, de assis- apresentação ou exibição quando acompanhadas dos
tência social e de educação e de órgãos de promoção, pro- pais ou responsável.
teção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exi-
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes birão, no horário recomendado para o público infantoju-
com deficiência terão prioridade de atendimento nas venil, programas com finalidades educativas, artísticas,
ações e políticas públicas de prevenção e proteção. culturais e informativas.
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem
44
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou
nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco- transmissão, apresentação ou exibição.
nhecer e comunicar ao conselho tutelar suspeitas ou casos
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcioná-
de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes.
rios de empresas que explorem a venda ou aluguel de
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela co- fitas de programação em vídeo cuidarão para que não
municação de que trata este artigo, as pessoas encarre- haja venda ou locação em desacordo com a classificação
gadas, por razão de cargo, função, ofício, ministério, pro- atribuída pelo órgão competente.
fissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão
de crianças e adolescentes, punível, na forma deste
exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra
estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, cul-
e a faixa etária a que se destinam.
posos ou dolosos.
Art. 78. As revistas e publicações contendo material im-
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a infor-
próprio ou inadequado a crianças e adolescentes de-
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
verão ser comercializadas em embalagem lacrada, com
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
a advertência de seu conteúdo.
de pessoa em desenvolvimento.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas
Art. 72. As obrigações previstas nesta lei não excluem
que contenham mensagens pornográficas ou obscenas
da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
sejam protegidas com embalagem opaca.
por ela adotados.
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção impor-
infantojuvenil não poderão conter ilustrações, fotogra-
tará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
fias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoó-
nos termos desta lei.
licas, tabaco, armas e munições, e deverão respeitar os
CAPÍTULO II – DA PREVENÇÃO ESPECIAL valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Seção I – Da Informação, Cultura, Lazer, Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex-
Esportes, Diversões e Espetáculos plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, ou por casas de jogos, assim entendidas as que rea-
regulará as diversões e espetáculos públicos, infor- lizem apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para
mando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que que não seja permitida a entrada e a permanência de
não se recomendem, locais e horários em que sua apre- crianças e adolescentes no local, afixando aviso para
sentação se mostre inadequada. orientação do público.

44.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.046, de 1º-12-2014.

23
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Seção II – Dos Produtos e Serviços LIVRO II – PARTE ESPECIAL


Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: TÍTULO I – DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO
I – armas, munições e explosivos; CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
II – bebidas alcoólicas; Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança
III – produtos cujos componentes possam causar de- e do adolescente far-se-á através de um conjunto articu-
pendência física ou psíquica ainda que por utilização lado de ações governamentais e não governamentais, da
indevida; União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
IV – fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que 45
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar I – políticas sociais básicas;
qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
II – serviços, programas, projetos e benefícios de assis-
V – revistas e publicações a que alude o art. 78; tência social de garantia de proteção social e de pre-
VI – bilhetes lotéricos e equivalentes. venção e redução de violações de direitos, seus agrava-
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado- mentos ou reincidências;
lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento III – serviços especiais de prevenção e atendimento
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-
pais ou responsável. -tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
Seção III – Da Autorização para Viajar IV – serviço de identificação e localização de pais, res-
ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da co-
marca onde reside, desacompanhada dos pais ou respon- V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos
sável, sem expressa autorização judicial. direitos da criança e do adolescente;
§ 1º A autorização não será exigida quando: VI – políticas e programas destinados a prevenir ou abre-
viar o período de afastamento do convívio familiar e
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
a garantir o efetivo exercício do direito à convivência
criança, se na mesma unidade da Federação, ou
familiar de crianças e adolescentes;
incluída na mesma região metropolitana;
VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma
b) a criança estiver acompanhada:
de guarda de crianças e adolescentes afastados do con-
1 – de ascendente ou colateral maior, até o ter- vívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de
ceiro grau, comprovado documentalmente o crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades
parentesco; específicas de saúde ou com deficiências e de grupos
2 – de pessoa maior, expressamente autorizada de irmãos.
pelo pai, mãe ou responsável. 46
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou I – municipalização do atendimento;
responsável, conceder autorização válida por dois anos.
II – criação de conselhos municipais, estaduais e na-
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autori- cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos
zação é dispensável, se a criança ou adolescente: deliberativos e controladores das ações em todos os
I – estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável; níveis, assegurada a participação popular paritária por
II – viajar na companhia de um dos pais, autorizado meio de organizações representativas, segundo leis
expressamente pelo outro através de documento com federal, estaduais e municipais;
firma reconhecida. III – criação e manutenção de programas específicos,
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, ne- observada a descentralização político-administrativa;
nhuma criança ou adolescente nascido em território IV – manutenção de fundos nacional, estaduais e muni-
nacional poderá sair do país em companhia de estran- cipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos
geiro residente ou domiciliado no exterior. da criança e do adolescente;

45.  Incisos VI e VII acrescidos pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009; inciso II com nova
redação dada pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.
46.  Inciso VI com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também
acrescentou o inciso VII; incisos VIII a X acrescidos pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

V – integração operacional de órgãos do Judiciário, VII – semiliberdade; e


Ministério Público, defensoria, segurança pública e
VIII – internação.
assistência social, preferencialmente em um mesmo
local, para efeito de agilização do atendimento inicial a § 1º As entidades governamentais e não governamen-
adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; tais deverão proceder à inscrição de seus programas,
especificando os regimes de atendimento, na forma de-
VI – integração operacional de órgãos do Judiciário,
finida neste artigo, no conselho municipal dos direitos
Ministério Público, defensoria, conselho tutelar e en-
da criança e do adolescente, o qual manterá registro das
carregados da execução das políticas sociais básicas e
inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação
de assistência social, para efeito de agilização do aten-
ao conselho tutelar e à autoridade judiciária.
dimento de crianças e de adolescentes inseridos em
programas de acolhimento familiar ou institucional, com § 2º Os recursos destinados à implementação e manu-
vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, tenção dos programas relacionados neste artigo serão
se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos pú-
sua colocação em família substituta, em quaisquer das blicos encarregados das áreas de educação, saúde e
modalidades previstas no art. 28 desta lei; assistência social, dentre outros, observando-se o prin-
cípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente
VII – mobilização da opinião pública para a indispensável
preconizado pelo caput do art.  227 da Constituição
participação dos diversos segmentos da sociedade;
Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4º desta lei.
VIII – especialização e formação continuada dos pro-
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo
fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção
conselho municipal dos direitos da criança e do adoles-
à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre
cente, no máximo, a cada dois anos, constituindo-se cri-
direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
térios para renovação da autorização de funcionamento:
IX – formação profissional com abrangência dos diversos
I – o efetivo respeito às regras e princípios desta lei, bem
direitos da criança e do adolescente que favoreça a in-
como às resoluções relativas à modalidade de atendi-
tersetorialidade no atendimento da criança e do adoles-
mento prestado expedidas pelos conselhos de direitos
cente e seu desenvolvimento integral;
da criança e do adolescente, em todos os níveis;
X – realização e divulgação de pesquisas sobre desenvol-
II – a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
vimento infantil e sobre prevenção da violência.
atestadas pelo conselho tutelar, pelo Ministério Público
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos e pela Justiça da Infância e da Juventude;
conselhos estaduais e municipais dos direitos da criança
III – em se tratando de programas de acolhimento ins-
e do adolescente é considerada de interesse público
titucional ou familiar, serão considerados os índices de
relevante e não será remunerada.
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à fa-
CAPÍTULO II – DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO mília substituta, conforme o caso.

Seção I – Disposições Gerais


48
Art. 91. As entidades não governamentais somente
poderão funcionar depois de registradas no conselho
47
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis
municipal dos direitos da criança e do adolescente, o
pela manutenção das próprias unidades, assim como
qual comunicará o registro ao conselho tutelar e à au-
pelo planejamento e execução de programas de proteção
toridade judiciária da respectiva localidade.
e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes,
em regime de: § 1º Será negado o registro à entidade que:
I – orientação e apoio sociofamiliar; a) não ofereça instalações físicas em condições ade-
quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
II – apoio socioeducativo em meio aberto;
segurança;
III – colocação familiar;
b) não apresente plano de trabalho compatível com
IV – acolhimento institucional; os princípios desta lei;
V – prestação de serviços à comunidade; c) esteja irregularmente constituída;
VI – liberdade assistida; d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas;

47.  Inciso IV com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também
renumerou o parágrafo único primitivo para § 1º e acrescentou os §§ 2º e 3º;
incisos V a VII com nova redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012, que também 48.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009,
acrescentou o inciso VIII. que também acrescentou a alínea e ao novo § 1º e o § 2º.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

e) não se adequar ou deixar de cumprir as resolu- programas de acolhimento familiar ou institucional,


ções e deliberações relativas à modalidade de se necessário com o auxílio do conselho tutelar e dos
atendimento prestado expedidas pelos conselhos órgãos de assistência social, estimularão o contato da
de direitos da criança e do adolescente, em todos criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
os níveis. cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput
§ 2º O registro terá validade máxima de quatro anos, deste artigo.
cabendo ao conselho municipal dos direitos da criança e § 5º As entidades que desenvolvem programas de aco-
do adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de lhimento familiar ou institucional somente poderão re-
sua renovação, observado o disposto no § 1º deste artigo. ceber recursos públicos se comprovado o atendimento
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de
49 dos princípios, exigências e finalidades desta lei.
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os § 6º O descumprimento das disposições desta lei pelo
seguintes princípios: dirigente de entidade que desenvolva programas de
I – preservação dos vínculos familiares e promoção da acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
reintegração familiar; destituição, sem prejuízo da apuração de sua respon-
sabilidade administrativa, civil e criminal.
II – integração em família substituta, quando esgo-
tados os recursos de manutenção na família natural ou § 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
extensa; anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial
atenção à atuação de educadores de referência estáveis
III – atendimento personalizado e em pequenos grupos;
e qualitativamente significativos, às rotinas específicas
IV – desenvolvimento de atividades em regime de e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo
coeducação; as de afeto como prioritárias.
V – não desmembramento de grupos de irmãos; 50
Art. 93. As entidades que mantenham programa de aco-
VI – evitar, sempre que possível, a transferência para lhimento institucional poderão, em caráter excepcional e
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
determinação da autoridade competente, fazendo comu-
VII – participação na vida da comunidade local;
nicação do fato em até vinte e quatro horas ao juiz da
VIII – preparação gradativa para o desligamento; Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
IX – participação de pessoas da comunidade no processo Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade
educativo. judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário
§ 1º O dirigente de entidade que desenvolve programa com o apoio do conselho tutelar local, tomará as me-
de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, didas necessárias para promover a imediata reinte-
para todos os efeitos de direito. gração familiar da criança ou do adolescente ou, se por
qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
§ 2º Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro-
para seu encaminhamento a programa de acolhimento
gramas de acolhimento familiar ou institucional reme-
familiar, institucional ou a família substituta, observado
terão à autoridade judiciária, no máximo a cada seis
o disposto no § 2º do art. 101 desta lei.
meses, relatório circunstanciado acerca da situação de
cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
fins da reavaliação prevista no § 1º do art. 19 desta lei. internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
§ 3º Os entes federados, por intermédio dos poderes I – observar os direitos e garantias de que são titulares
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per- os adolescentes;
manente qualificação dos profissionais que atuam direta II – não restringir nenhum direito que não tenha sido
ou indiretamente em programas de acolhimento insti- objeto de restrição na decisão de internação;
tucional e destinados à colocação familiar de crianças
III – oferecer atendimento personalizado, em pequenas
e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
unidades e grupos reduzidos;
Ministério Público e conselho tutelar.
IV – preservar a identidade e oferecer ambiente de res-
§ 4º Salvo determinação em contrário da autoridade
peito e dignidade ao adolescente;
judiciária competente, as entidades que desenvolvem

49.  Caput do artigo e incisos I e II com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de
3-8-2009, que também renumerou o parágrafo único primitivo para § 1º com nova 50.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que
redação e acrescentou os §§ 2º a 6º; § 7º acrescido pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016. também acrescentou o parágrafo único.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

V – diligenciar no sentido do restabelecimento e da pre- ainda que em caráter temporário, devem ter, em seus
servação dos vínculos familiares; quadros, profissionais capacitados a reconhecer e re-
VI – comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, portar ao conselho tutelar suspeitas ou ocorrências de
os casos em que se mostre inviável ou impossível o rea- maus-tratos.
tamento dos vínculos familiares; Seção II – Da Fiscalização das Entidades
VII – oferecer instalações físicas em condições adequadas Art. 95. As entidades governamentais e não governamen-
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os tais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário,
objetos necessários à higiene pessoal; pelo Ministério Público e pelos conselhos tutelares.
VIII – oferecer vestuário e alimentação suficientes e ade- Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas
quados à faixa etária dos adolescentes atendidos; serão apresentados ao estado ou ao município, con-
IX – oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontoló- forme a origem das dotações orçamentárias.
gicos e farmacêuticos; Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de aten-
53

X – propiciar escolarização e profissionalização; dimento que descumprirem obrigação constante do


art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal
XI – propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
de seus dirigentes ou prepostos:
XII – propiciar assistência religiosa àqueles que dese-
I – às entidades governamentais:
jarem, de acordo com suas crenças;
a) advertência;
XIII – proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
XIV – reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo
máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
autoridade competente; d) fechamento de unidade ou interdição de programa;
XV – informar, periodicamente, o adolescente inter- II – às entidades não governamentais:
nado sobre sua situação processual;
a) advertência;
XVI – comunicar às autoridades competentes todos
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas
os casos de adolescentes portadores de moléstias
públicas;
infectocontagiosas;
c) interdição de unidades ou suspensão de programa;
XVII – fornecer comprovante de depósito dos pertences
dos adolescentes; d) cassação do registro.

XVIII – manter programas destinados ao apoio e acom- § 1º Em caso de reiteradas infrações cometidas por
panhamento de egressos; entidades de atendimento, que coloquem em risco os
direitos assegurados nesta lei, deverá ser o fato comu-
XIX – providenciar os documentos necessários ao exer-
nicado ao Ministério Público ou representado perante
cício da cidadania àqueles que não os tiverem;
autoridade judiciária competente para as providências
XX – manter arquivo de anotações onde constem data e cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou disso-
circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, lução da entidade.
seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo,
§ 2º As pessoas jurídicas de direito público e as orga-
idade, acompanhamento da sua formação, relação de
nizações não governamentais responderão pelos danos
seus pertences e demais dados que possibilitem sua
que seus agentes causarem às crianças e aos adoles-
identificação e a individualização do atendimento.
centes, caracterizado o descumprimento dos princípios
51
§ 1º Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons- norteadores das atividades de proteção específica.
tantes deste artigo às entidades que mantêm programas
TÍTULO II – DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
de acolhimento institucional e familiar.
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os re- Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-
cursos da comunidade. cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhe-
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que
52 cidos nesta lei forem ameaçados ou violados:
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

51.  Parágrafo com redação pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 53.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009,
52.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.046, de 1º-12-2014. que também acrescentou o § 2º.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; a criança ou o adolescente se encontram no momento
III – em razão de sua conduta. em que a decisão é tomada;
IX – responsabilidade parental: a intervenção deve ser
CAPÍTULO II – DAS MEDIDAS ESPECÍFICAS DE PROTEÇÃO
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres
Art. 99. As medidas previstas neste capítulo poderão para com a criança e o adolescente;
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
X – prevalência da família: na promoção de direitos e na
substituídas a qualquer tempo.
proteção da criança e do adolescente deve ser dada pre-
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em valência às medidas que os mantenham ou reintegrem na
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se sua família natural ou extensa ou, se isto não for possível,
aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos fa- que promovam a sua integração em família substituta;
miliares e comunitários.
XI – obrigatoriedade da informação: a criança e o ado-
Parágrafo único. São também princípios que regem a
54
lescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e
aplicação das medidas: capacidade de compreensão, seus pais ou responsável
I – condição da criança e do adolescente como sujeitos devem ser informados dos seus direitos, dos motivos
de direitos: crianças e adolescentes são os titulares dos que determinaram a intervenção e da forma como esta
direitos previstos nesta e em outras leis, bem como na se processa;
Constituição Federal; XII – oitiva obrigatória e participação: a criança e o ado-
II – proteção integral e prioritária: a interpretação e apli- lescente, em separado ou na companhia dos pais, de res-
cação de toda e qualquer norma contida nesta lei deve ponsável ou de pessoa por si indicada, bem como os seus
ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a parti-
de que crianças e adolescentes são titulares; cipar nos atos e na definição da medida de promoção dos
III – responsabilidade primária e solidária do poder direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente
público: a plena efetivação dos direitos assegurados considerada pela autoridade judiciária competente, ob-
a crianças e a adolescentes por esta lei e pela Consti- servado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 28 desta lei.
tuição Federal, salvo nos casos por esta expressamente Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
55

ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,


das três esferas de governo, sem prejuízo da municipa- dentre outras, as seguintes medidas:
lização do atendimento e da possibilidade da execução I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante
de programas por entidades não governamentais; termo de responsabilidade;
IV – interesse superior da criança e do adolescente: a in- II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
tervenção deve atender prioritariamente aos interesses
III – matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci-
e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
mento oficial de ensino fundamental;
consideração que for devida a outros interesses legí-
timos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes IV – inclusão em serviços e programas oficiais ou comu-
no caso concreto; nitários de proteção, apoio e promoção da família, da
criança e do adolescente;
V – privacidade: a promoção dos direitos e proteção
da criança e do adolescente deve ser efetuada no res- V – requisição de tratamento médico, psicológico ou
peito pela intimidade, direito à imagem e reserva da psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
sua vida privada; VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de au-
VI – intervenção precoce: a intervenção das autoridades xílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
competentes deve ser efetuada logo que a situação de VII – acolhimento institucional;
perigo seja conhecida;
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar;
VII – intervenção mínima: a intervenção deve ser exer-
IX – colocação em família substituta.
cida exclusivamente pelas autoridades e instituições
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos § 1º O acolhimento institucional e o acolhimento familiar
direitos e à proteção da criança e do adolescente; são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como
forma de transição para reintegração familiar ou, não
VIII – proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve
ser a necessária e adequada à situação de perigo em que
55.  Incisos VII e VIII com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que
também renumerou o parágrafo único primitivo para § 1º com nova redação e acres-
54.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. centou os §§ 2º a 12; inciso IV com nova redação dada pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

sendo esta possível, para colocação em família substi- tomadas para sua colocação em família substituta, sob
tuta, não implicando privação de liberdade. direta supervisão da autoridade judiciária.
§ 2º Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais § 7º O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá
para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual no local mais próximo à residência dos pais ou do res-
e das providências a que alude o art. 130 desta lei, o ponsável e, como parte do processo de reintegração
afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar, sempre que identificada a necessidade, a fa-
familiar é de competência exclusiva da autoridade ju- mília de origem será incluída em programas oficiais de
diciária e importará na deflagração, a pedido do Minis- orientação, de apoio e de promoção social, sendo faci-
tério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de litado e estimulado o contato com a criança ou com o
procedimento judicial contencioso, no qual se garanta adolescente acolhido.
aos pais ou ao responsável legal o exercício do contra- § 8º Verificada a possibilidade de reintegração familiar,
ditório e da ampla defesa. o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou
§ 3º Crianças e adolescentes somente poderão ser en- institucional fará imediata comunicação à autoridade ju-
caminhados às instituições que executam programas diciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo
de acolhimento institucional, governamentais ou não, de cinco dias, decidindo em igual prazo.
por meio de uma guia de acolhimento, expedida pela § 9º Em sendo constatada a impossibilidade de reinte-
autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente cons- gração da criança ou do adolescente à família de origem,
tará, dentre outros: após seu encaminhamento a programas oficiais ou co-
I – sua identificação e a qualificação completa de seus munitários de orientação, apoio e promoção social, será
pais ou de seu responsável, se conhecidos; enviado relatório fundamentado ao Ministério Público,
II – o endereço de residência dos pais ou do responsável, no qual conste a descrição pormenorizada das provi-
com pontos de referência; dências tomadas e a expressa recomendação, subscrita
pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela exe-
III – os nomes de parentes ou de terceiros interessados
cução da política municipal de garantia do direito à con-
em tê-los sob sua guarda;
vivência familiar, para a destituição do poder familiar,
IV – os motivos da retirada ou da não reintegração ao ou destituição de tutela ou guarda.
convívio familiar.
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
§ 4º Imediatamente após o acolhimento da criança ou prazo de trinta dias para o ingresso com a ação de des-
do adolescente, a entidade responsável pelo programa tituição do poder familiar, salvo se entender necessária
de acolhimento institucional ou familiar elaborará um a realização de estudos complementares ou outras pro-
plano individual de atendimento, visando à reintegração vidências que entender indispensáveis ao ajuizamento
familiar, ressalvada a existência de ordem escrita e fun- da demanda.
damentada em contrário de autoridade judiciária com-
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca
petente, caso em que também deverá contemplar sua
ou foro regional, um cadastro contendo informações
colocação em família substituta, observadas as regras
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime
e princípios desta lei.
de acolhimento familiar e institucional sob sua respon-
§ 5º O plano individual será elaborado sob a responsabi- sabilidade, com informações pormenorizadas sobre a
lidade da equipe técnica do respectivo programa de aten- situação jurídica de cada um, bem como as providências
dimento e levará em consideração a opinião da criança tomadas para sua reintegração familiar ou colocação
ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável. em família substituta, em qualquer das modalidades
§ 6º Constarão do plano individual, dentre outros: previstas no art. 28 desta lei.

I – os resultados da avaliação interdisciplinar; § 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o


conselho tutelar, o órgão gestor da assistência social
II – os compromissos assumidos pelos pais ou respon-
e os conselhos municipais dos direitos da criança e do
sável; e
adolescente e da assistência social, aos quais incumbe
III – a previsão das atividades a serem desenvolvidas deliberar sobre a implementação de políticas públicas
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus que permitam reduzir o número de crianças e adoles-
pais ou responsável, com vista na reintegração familiar centes afastados do convívio familiar e abreviar o pe-
ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamen- ríodo de permanência em programa de acolhimento.
tada determinação judicial, as providências a serem

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

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Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local
capítulo serão acompanhadas da regularização do re- onde se encontra recolhido serão incontinente comuni-
gistro civil. cados à autoridade judiciária competente e à família do
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o apreendido ou à pessoa por ele indicada.
assento de nascimento da criança ou adolescente será Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena
feito à vista dos elementos disponíveis, mediante requi- de responsabilidade, a possibilidade de liberação
sição da autoridade judiciária. imediata.
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser de-
de que trata este artigo são isentos de multas, custas e terminada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
emolumentos, gozando de absoluta prioridade. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e
§ 3º Caso ainda não definida a paternidade, será defla- basear-se em indícios suficientes de autoria e materiali-
grado procedimento específico destinado à sua averi- dade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
guação, conforme previsto pela Lei nº 8.560, de 29 de Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será
dezembro de 1992. submetido a identificação compulsória pelos órgãos
§ 4º Nas hipóteses previstas no § 3º deste artigo, é policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de confrontação, havendo dúvida fundada.
paternidade pelo Ministério Público se, após o não com-
CAPÍTULO III – DAS GARANTIAS PROCESSUAIS
parecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liber-
para adoção. dade sem o devido processo legal.

§ 5° Os registros e certidões necessários à inclusão, a Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras,
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nasci- as seguintes garantias:
mento são isentos de multas, custas e emolumentos, I – pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
gozando de absoluta prioridade. infracional, mediante citação ou meio equivalente;
§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação re- II – igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
querida do reconhecimento de paternidade no assento com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas ne-
de nascimento e a certidão correspondente. cessárias à sua defesa;

TÍTULO III – DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL III – defesa técnica por advogado;

CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS IV – assistência judiciária gratuita e integral aos necessi-


tados, na forma da lei;
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita
como crime ou contravenção penal. V – direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade
competente;
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei. VI – direito de solicitar a presença de seus pais ou res-
ponsável em qualquer fase do procedimento.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, deve ser con-
siderada a idade do adolescente à data do fato. CAPÍTULO IV – DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corres- Seção I – Disposições Gerais
ponderão as medidas previstas no art. 101. Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au-
CAPÍTULO II – DOS DIREITOS INDIVIDUAIS toridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas:
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
berdade senão em flagrante de ato infracional ou por I – advertência;
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária II – obrigação de reparar o dano;
competente.
III – prestação de serviços à comunidade;
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
IV – liberdade assistida;
cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo
ser informado acerca de seus direitos. V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
56.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009; §§ 5º e 6º acrescidos pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.

30
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
gravidade da infração. entidade ou programa de atendimento.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo
admitida a prestação de trabalho forçado. de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defi- gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido
ciência mental receberão tratamento individual e espe- o orientador, o Ministério Público e o defensor.
cializado, em local adequado às suas condições. Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
Art. 113. Aplica-se a este capítulo o disposto nos arts. 99 pervisão da autoridade competente, a realização dos
e 100. seguintes encargos, entre outros:

Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos I – promover socialmente o adolescente e sua família,
II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas sufi- fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se ne-
cientes da autoria e da materialidade da infração, ressal- cessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio
vada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. e assistência social;

Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada II – supervisionar a frequência e o aproveitamento


sempre que houver prova da materialidade e indícios escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
suficientes da autoria. matrícula;
III – diligenciar no sentido da profissionalização do ado-
Seção II – Da Advertência
lescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
IV – apresentar relatório do caso.
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Seção VI – Do Regime de Semiliberdade
Seção III – Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determi-
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos
nado desde o início, ou como forma de transição para
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for
o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
externas, independentemente de autorização judicial.
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense
o prejuízo da vítima. § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionali-
zação, devendo, sempre que possível, ser utilizados os
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade,
recursos existentes na comunidade.
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado apli-
Seção IV – Da Prestação de Serviços à Comunidade
cando-se, no que couber, as disposições relativas à
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste internação.
na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por
Seção VII – Da Internação
período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabeleci- Art. 121. A internação constitui medida privativa da li-
mentos congêneres, bem como em programas comuni- berdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcio-
tários ou governamentais. nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas du- § 1º Será permitida a realização de atividades externas,
rante jornada máxima de oito horas semanais, aos sá- a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa
bados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a determinação judicial em contrário.
não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal § 2º A medida não comporta prazo determinado, de-
de trabalho. vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
Seção V – Da Liberdade Assistida fundamentada, no máximo a cada seis meses.

Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
se afigurar a medida mais adequada para o fim de acom- excederá a três anos.
panhar, auxiliar e orientar o adolescente. § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior,
o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime
de semiliberdade ou de liberdade assistida.

31
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos XI – receber escolarização e profissionalização;


de idade. XII – realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será prece- XIII – ter acesso aos meios de comunicação social;
dida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
XIV – receber assistência religiosa, segundo a sua crença,
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1º poderá
57
e desde que assim o deseje;
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.
XV – manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
quando: daqueles porventura depositados em poder da entidade;
I – tratar-se de ato infracional cometido mediante grave XVI – receber, quando de sua desinternação, os docu-
ameaça ou violência a pessoa; mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
II – por reiteração no cometimento de outras infrações § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
graves;
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender tempo-
III – por descumprimento reiterado e injustificável da rariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
medida anteriormente imposta. existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicia-
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III
58
lidade aos interesses do adolescente.
deste artigo não poderá ser superior a três meses, de- Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física
vendo ser decretada judicialmente após o devido pro- e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
cesso legal. adequadas de contenção e segurança.
§ 2º Em nenhuma hipótese será aplicada a internação,
CAPÍTULO V – DA REMISSÃO
havendo outra medida adequada.
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade
apuração de ato infracional, o representante do Minis-
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
tério Público poderá conceder a remissão, como forma
destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por cri-
de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias
térios de idade, compleição física e gravidade da infração.
e consequências do fato, ao contexto social, bem como
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclu- à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
sive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. participação no ato infracional.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber- Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
dade, entre outros, os seguintes: da remissão pela autoridade judiciária importará na sus-
I – entrevistar-se pessoalmente com o representante do pensão ou extinção do processo.
Ministério Público; Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reco-
II – peticionar diretamente a qualquer autoridade; nhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem
prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
III – avistar-se reservadamente com seu defensor;
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas pre-
IV – ser informado de sua situação processual, sempre vistas em lei, exceto a colocação em regime de semiliber-
que solicitada; dade e a internação.
V – ser tratado com respeito e dignidade; Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá
VI – permanecer internado na mesma localidade ou ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou pedido expresso do adolescente ou de seu represen-
responsável; tante legal, ou do Ministério Público.
VII – receber visitas, ao menos, semanalmente; TÍTULO IV – DAS MEDIDAS PERTINENTES
VIII – corresponder-se com seus familiares e amigos; AOS PAIS OU RESPONSÁVEL

IX – ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
pessoal; I – encaminhamento a serviços e programas oficiais ou
59

X – habitar alojamento em condições adequadas de hi- comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
giene e salubridade;

57.  Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.


58.  Parágrafo com nova redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012. 59.  Inciso I com nova redação dada pela Lei nº 13.257, de 8-3-2016.

32
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

II – inclusão em programa oficial ou comunitário 63


Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o
de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e local, dia e horário de funcionamento do conselho tu-
toxicômanos; telar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos
III – encaminhamento a tratamento psicológico ou membros, aos quais é assegurado o direito a:
psiquiátrico; I – cobertura previdenciária;
IV – encaminhamento a cursos ou programas de II – gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
orientação; 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;
V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompa- III – licença-maternidade;
nhar sua frequência e aproveitamento escolar; IV – licença-paternidade;
VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente V – gratificação natalina.
a tratamento especializado;
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal
VII – advertência; e da do Distrito Federal previsão dos recursos necessá-
VIII – perda da guarda; rios ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remune-
IX – destituição da tutela; ração e formação continuada dos conselheiros tutelares.

X – suspensão ou destituição do poder familiar60. Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
64

constituirá serviço público relevante e estabelecerá pre-


Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
sunção de idoneidade moral.
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
nos arts. 23 e 24. CAPÍTULO II – DAS ATRIBUIÇÕES DO CONSELHO
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão
65
Art. 136. São atribuições do conselho tutelar:
ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
autoridade judiciária poderá determinar, como medida previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas pre-
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. vistas no art. 101, I a VII;
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda,
61
II – atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
a fixação provisória dos alimentos de que necessitem cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
a criança ou o adolescente dependentes do agressor.
III – promover a execução de suas decisões, podendo
TÍTULO V – DO CONSELHO TUTELAR para tanto:

CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde,


educação, serviço social, previdência, trabalho e
Art. 131. O conselho tutelar é órgão permanente e au-
segurança;
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do b) representar junto à autoridade judiciária nos
adolescente, definidos nesta lei. casos de descumprimento injustificado de suas
deliberações;
62
Art. 132. Em cada município e em cada região adminis-
trativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, um con- IV – encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
selho tutelar como órgão integrante da administração pú- que constitua infração administrativa ou penal contra
blica local, composto de cinco membros, escolhidos pela os direitos da criança ou adolescente;
população local para mandato de quatro anos, permitida V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
uma recondução, mediante novo processo de escolha. competência;
Art. 133. Para a candidatura a membro do conselho tu- VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade
telar, serão exigidos os seguintes requisitos: judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
I – reconhecida idoneidade moral; o adolescente autor de ato infracional;

II – idade superior a vinte e um anos; VII – expedir notificações;

III – residir no município.

63.  Caput do artigo e parágrafo único com redação dada pela Lei nº 12.696, de
25-7-2012, que também acrescentou os incisos I a V.
60.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 64.  Artigo com redação dada pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012.
61.  Parágrafo acrescido pela Lei nº 12.415, de 9-6-2011. 65.  Inciso XI com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também
62.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. acrescentou o parágrafo único; o inciso XII acrescido pela Lei nº 13.046, de 1º-12-2014.

33
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de CAPÍTULO V – DOS IMPEDIMENTOS


criança ou adolescente quando necessário;
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo conselho
IX – assessorar o Poder Executivo local na elaboração marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
da proposta orçamentária para planos e programas de genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio,
atendimento dos direitos da criança e do adolescente; tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
X – representar, em nome da pessoa e da família, Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conse-
contra a violação dos direitos previstos no art.  220, lheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade
§ 3º, inciso II, da Constituição Federal; judiciária e ao representante do Ministério Público com
XI – representar ao Ministério Público para efeito das atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exer-
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após cício na comarca, foro regional ou distrital.
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança TÍTULO VI – DO ACESSO À JUSTIÇA
ou do adolescente junto à família natural;
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
XII – promover e incentivar, na comunidade e nos grupos
profissionais, ações de divulgação e treinamento para Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado-
o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
crianças e adolescentes. Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.

Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, § 1º A assistência judiciária gratuita será prestada aos
o conselho tutelar entender necessário o afastamento que dela necessitarem, através de defensor público ou
do convívio familiar, comunicará incontinente o fato ao advogado nomeado.
Ministério Público, prestando-lhe informações sobre § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
os motivos de tal entendimento e as providências to- Infância e da Juventude são isentas de custas e emo-
madas para a orientação, o apoio e a promoção social lumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
da família. Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão represen-
Art. 137. As decisões do conselho tutelar somente po- tados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um
derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido anos67 assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na
de quem tenha legítimo interesse. forma da legislação civil ou processual.

CAPÍTULO III – DA COMPETÊNCIA Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador


especial à criança ou adolescente, sempre que os in-
Art. 138. Aplica-se ao conselho tutelar a regra de com-
teresses destes colidirem com os de seus pais ou res-
petência constante do art. 147.
ponsável, ou quando carecer de representação ou assis-
CAPÍTULO IV – DA ESCOLHA DOS CONSELHEIROS tência legal ainda que eventual.
66
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, poli-
conselho tutelar será estabelecido em lei municipal e ciais e administrativos que digam respeito a crianças e
realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
dos Direitos da Criança e do Adolescente e a fiscalização 68
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do
do Ministério Público.
fato não poderá identificar a criança ou adolescente,
§ 1º O processo de escolha dos membros do conselho tu- vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, fi-
telar ocorrerá em data unificada em todo o território na- liação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do
cional a cada quatro anos, no primeiro domingo do mês de nome e sobrenome.
outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que
§ 2º A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no se refere o artigo anterior somente será deferida pela
dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de autoridade judiciária competente, se demonstrado o
escolha. interesse e justificada a finalidade.
§ 3º No processo de escolha dos membros do conselho
tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer
ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qual-
quer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.

66.  Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 8.242, de 12-10-1991; §§ 1º a 3º 67.  Conforme o Código Civil (Lei nº 10.406, de 10-1-2002), constante desta publicação.
acrescidos pela Lei nº 12.696, de 25-7-2012. 68.  Parágrafo único com nova redação dada pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003.

34
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

CAPÍTULO II – DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE VII – conhecer de casos encaminhados pelo conselho
tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
Seção I – Disposições Gerais
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adoles-
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
cente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
varas especializadas e exclusivas da infância e da ju-
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:
ventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
de infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive b) conhecer de ações de destituição do poder fami-
em plantões. liar69, perda ou modificação da tutela ou guarda;
Seção II – Do Juiz c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
Art. 146. A autoridade a que se refere esta lei é o juiz da casamento;
Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, d) conhecer de pedidos baseados em discordância
na forma da lei de organização judiciária local. paterna ou materna, em relação ao exercício do
Art. 147. A competência será determinada: poder familiar70;

I – pelo domicílio dos pais ou responsável; e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
quando faltarem os pais;
II – pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente,
à falta dos pais ou responsável. f) designar curador especial em casos de apresen-
tação de queixa ou representação, ou de outros
§ 1º Nos casos de ato infracional, será competente a
procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as
haja interesses de criança ou adolescente;
regras de conexão, continência e prevenção.
g) conhecer de ações de alimentos;
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à
autoridade competente da residência dos pais ou res- h) determinar o cancelamento, a retificação e o su-
ponsável, ou do local onde sediar-se a entidade que primento dos registros de nascimento e óbito.
abrigar a criança ou adolescente. Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
§ 3º Em caso de infração cometida através de trans- através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
missão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais I – a entrada e permanência de criança ou adolescente,
de uma comarca, será competente, para aplicação da desacompanhado dos pais ou responsável, em:
penalidade, a autoridade judiciária do local da sede es- a) estádio, ginásio e campo desportivo;
tadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia
b) bailes ou promoções dançantes;
para todas as transmissoras ou retransmissoras do res-
pectivo estado. c) boate ou congêneres;
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é compe- d) casa que explore comercialmente diversões
tente para: eletrônicas;
I – conhecer de representações promovidas pelo Mi- e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
nistério Público, para apuração de ato infracional atri- televisão;
buído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; II – a participação de criança e adolescente em:
II – conceder a remissão, como forma de suspensão ou a) espetáculos públicos e seus ensaios;
extinção do processo;
b) certames de beleza.
III – conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
IV – conhecer de ações civis fundadas em interesses judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
a) os princípios desta lei;
adolescente, observado o disposto no art. 209;
b) as peculiaridades locais;
V – conhecer de ações decorrentes de irregularidades
em entidades de atendimento, aplicando as medidas c) a existência de instalações adequadas;
cabíveis; d) o tipo de frequência habitual ao local;
VI – aplicar penalidades administrativas nos casos
de infrações contra norma de proteção à criança ou
69.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
adolescente;
70.  Idem.

35
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

e) a adequação do ambiente a eventual participação I – a autoridade judiciária a que for dirigida;


ou frequência de crianças e adolescentes; II – o nome, o estado civil, a profissão e a residência do
f) a natureza do espetáculo. requerente e do requerido, dispensada a qualificação
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo em se tratando de pedido formulado por representante
deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as do Ministério Público;
determinações de caráter geral. III – a exposição sumária do fato e o pedido;
Seção III71 – Dos Serviços Auxiliares IV – as provas que serão produzidas, oferecendo, desde
logo, o rol de testemunhas e documentos.
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de
sua proposta orçamentária, prever recursos para ma- Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
nutenção de equipe interprofissional, destinada a judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a sus-
assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. pensão do poder familiar76, liminar ou incidentalmente,
até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre
ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante
outras atribuições que lhe forem reservadas pela le-
termo de responsabilidade.
gislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante
laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim de- 77
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de
senvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, en- dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas
caminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre testemunhas e documentos.
manifestação do ponto de vista técnico. § 1º A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os
CAPÍTULO III – DOS PROCEDIMENTOS meios para sua realização.

Seção I – Disposições Gerais § 2º O requerido privado de liberdade deverá ser citado


pessoalmente.
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta lei aplicam-se
subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de cons-
processual pertinente. tituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de
sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja
72
Parágrafo único. É assegurada, sob pena de responsabi-
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de
lidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos
resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do
e procedimentos previstos nesta lei, assim como na exe-
despacho de nomeação.
cução dos atos e diligências judiciais a eles referentes.
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado
78

Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corres-


de liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no
ponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei,
momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja
a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e or-
nomeado defensor.
denar de ofício as providências necessárias, ouvido o
Ministério Público. Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requi-
sitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
73
sentação de documento que interesse à causa, de ofício
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente
ou a requerimento das partes ou do Ministério Público.
de sua família de origem e em outros procedimentos
necessariamente contenciosos.
79
Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autoridade
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo
Seção II – Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar74 em igual prazo.
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
do poder familiar75 terá início por provocação do Mi- das partes ou do Ministério Público, determinará a rea-
nistério Público ou de quem tenha legítimo interesse. lização de estudo social ou perícia por equipe inter-
Art. 156. A petição inicial indicará: profissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de

76.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.


71.  Conforme retificação publicada no Diário Oficial da União de 27-9-1990.
77.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º com nova redação dada pela
72.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. Lei nº 12.962, de 8-4-2014, que também acrescentou o § 2º.
73.  Idem. 78.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.962, de 8-4-2014.
74.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 79.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também acrescentou os §§ 3º e 4º; § 5º acrescido
75.  Idem. pela Lei nº 12.962, de 8-4-2014.

36
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

testemunhas que comprovem a presença de uma das Seção IV – Da Colocação em Família Substituta
causas de suspensão ou destituição do poder familiar
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos
previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei nº 10.406, de 10
de colocação em família substituta:
de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no art. 24 desta lei.
I – qualificação completa do requerente e de seu even-
§ 2º Em sendo os pais oriundos de comunidades indí-
tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência
genas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
deste;
profissional ou multidisciplinar referida no § 1º deste
artigo, de representantes do órgão federal responsável II – indicação de eventual parentesco do requerente
pela política indigenista, observado o disposto no § 6º e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou
do art. 28 desta lei. adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;

§ 3º Se o pedido importar em modificação de guarda, III – qualificação completa da criança ou adolescente e


será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva de seus pais, se conhecidos;
da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de IV – indicação do cartório onde foi inscrito nascimento,
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as im- anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão;
plicações da medida. V – declaração sobre a existência de bens, direitos ou
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
forem identificados e estiverem em local conhecido. Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-
§ 5º Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, -se-ão também os requisitos específicos.
a autoridade judicial requisitará sua apresentação para 81
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido des-
a oitiva. tituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária aderido expressamente ao pedido de colocação em fa-
dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, mília substituta, este poderá ser formulado diretamente
salvo quando este for o requerente, designando, desde em cartório, em petição assinada pelos próprios reque-
logo, audiência de instrução e julgamento. rentes, dispensada a assistência de advogado.
§ 1º A requerimento de qualquer das partes, do Minis- § 1º Na hipótese de concordância dos pais, esses
tério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá serão ouvidos pela autoridade judiciária e pelo re-
determinar a realização de estudo social ou, se possível, presentante do Ministério Público, tomando-se por
de perícia por equipe interprofissional. termo as declarações.
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério § 2º O consentimento dos titulares do poder familiar
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se será precedido de orientações e esclarecimentos pres-
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado tados pela equipe interprofissional da Justiça da In-
por escrito, manifestando-se sucessivamente o reque- fância e da Juventude, em especial, no caso de adoção,
rente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo sobre a irrevogabilidade da medida.
de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A § 3º O consentimento dos titulares do poder familiar
decisão será proferida na audiência, podendo a autori- será colhido pela autoridade judiciária competente em
dade judiciária, excepcionalmente, designar data para audiência, presente o Ministério Público, garantida a
sua leitura no prazo máximo de cinco dias. livre manifestação de vontade e esgotados os esforços
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi-
80
para manutenção da criança ou do adolescente na fa-
mento será de cento e vinte dias. mília natural ou extensa.
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a § 4º O consentimento prestado por escrito não terá va-
suspensão do poder familiar será averbada à margem lidade se não for ratificado na audiência a que se refere
do registro de nascimento da criança ou do adolescente. o § 3º deste artigo.
Seção III – Da Destituição da Tutela § 5º O consentimento é retratável até a data da publi-
cação da sentença constitutiva da adoção.
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedi-
mento para a remoção de tutor previsto na lei processual § 6º O consentimento somente terá valor se for dado
civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. após o nascimento da criança.

81.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que
80.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, também renumerou o parágrafo único primitivo para § 1º com nova redação e acrescentou
acrescentou o parágrafo único. os §§ 2º a 7º.

37
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 7º A família substituta receberá a devida orientação de ato infracional praticado em coautoria com maior,
por intermédio de equipe técnica interprofissional a ser- prevalecerá a atribuição da repartição especializada,
viço do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio que, após as providências necessárias e conforme o
dos técnicos responsáveis pela execução da política caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.
municipal de garantia do direito à convivência familiar. Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional come-
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri- tido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a au-
mento das partes ou do Ministério Público, determinará toridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106,
a realização de estudo social ou, se possível, perícia por parágrafo único, e 107, deverá:
equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de I – lavrar auto de apreensão, ouvidas as testemunhas e
guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o adolescente;
o estágio de convivência.
II – apreender o produto e os instrumentos da infração;
82
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda pro-
III – requisitar os exames ou perícias necessários à com-
visória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado-
provação da materialidade e autoria da infração.
lescente será entregue ao interessado, mediante termo
de responsabilidade. Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a
lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de
Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo peri-
ocorrência circunstanciado.
cial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o ado-
lescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respon-
pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judi- sável, o adolescente será prontamente liberado pela
ciária em igual prazo. autoridade policial, sob termo de compromisso e res-
ponsabilidade de sua apresentação ao representante do
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela,
Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível,
a perda ou a suspensão do poder familiar83 constituir
no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravi-
pressuposto lógico da medida principal de colocação
dade do ato infracional e sua repercussão social, deva o
em família substituta, será observado o procedimento
adolescente permanecer sob internação para garantia de
contraditório previsto nas seções II e III deste capítulo.
sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedi-
encaminhará, desde logo, o adolescente ao represen-
mento, observado o disposto no art. 35.
tante do Ministério Público, juntamente com cópia do
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a auto-
art. 47.
ridade policial encaminhará o adolescente à entidade de
84
Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente atendimento, que fará a apresentação ao representante
sob a guarda de pessoa inscrita em programa de aco- do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
lhimento familiar será comunicada pela autoridade judi-
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de
ciária à entidade por este responsável no prazo máximo
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade
de cinco dias.
policial. À falta de repartição policial especializada,
Seção V – Da Apuração de Ato Infracional o adolescente aguardará a apresentação em depen-
Atribuído a Adolescente dência separada da destinada a maiores, não podendo,
Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pa-
judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade rágrafo anterior.
judiciária. Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato policial encaminhará imediatamente ao representante
infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade do Ministério Público cópia do auto de apreensão ou
policial competente. boletim de ocorrência.
Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali- Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver in-
zada para atendimento de adolescente e em se tratando dícios de participação de adolescente na prática de ato
infracional, a autoridade policial encaminhará ao repre-
82.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. sentante do Ministério Público relatório das investigações
83.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. e demais documentos.
84.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.

38
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato § 2º A representação independe de prova pré-constituída
infracional não poderá ser conduzido ou transportado da autoria e materialidade.
em compartimento fechado de veículo policial, em con- Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-
dições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem clusão do procedimento, estando o adolescente inter-
risco à sua integridade física ou mental, sob pena de nado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
responsabilidade.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade ju-
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante diciária designará audiência de apresentação do ado-
do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de lescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou
apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, manutenção da internação, observado o disposto no
devidamente autuados pelo cartório judicial e com infor- art. 108 e parágrafo.
mação sobre os antecedentes do adolescente, procederá
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível,
cientificados do teor da representação, e notificados a
de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o repre-
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados,
sentante do Ministério Público notificará os pais ou res-
a autoridade judiciária dará curador especial ao
ponsável para apresentação do adolescente, podendo
adolescente.
requisitar o concurso das polícias civil e militar.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo
judiciária expedirá mandado de busca e apreensão,
anterior, o representante do Ministério Público poderá:
determinando o sobrestamento do feito, até a efetiva
I – promover o arquivamento dos autos; apresentação.
II – conceder a remissão; § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a
III – representar à autoridade judiciária para aplicação sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais
de medida socio-educativa. ou responsável.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con- Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela auto-
cedida a remissão pelo representante do Ministério ridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabe-
Público, mediante termo fundamentado, que conterá o lecimento prisional.
resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade § 1º Inexistindo na comarca entidade com as caracterís-
judiciária para homologação. ticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser ime-
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a auto- diatamente transferido para a localidade mais próxima.
ridade judiciária determinará, conforme o caso, o cum- § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-
primento da medida. cente aguardará sua remoção em repartição policial,
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa desde que em seção isolada dos adultos e com insta-
dos autos ao procurador-geral de justiça, mediante lações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo
despacho fundamentado, e este oferecerá represen- máximo de cinco dias, sob pena de responsabilidade.
tação, designará outro membro do Ministério Público Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva
remissão, que só então estará a autoridade judiciária dos mesmos, podendo solicitar opinião de profissional
obrigada a homologar. qualificado.
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
Ministério Público não promover o arquivamento ou remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
conceder a remissão, oferecerá representação à auto- proferindo decisão.
ridade judiciária, propondo a instauração de procedi-
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida
mento para aplicação da medida socioeducativa que se
de internação ou colocação em regime de semiliberdade,
afigurar a mais adequada.
a autoridade judiciária, verificando que o adolescente
§ 1º A representação será oferecida por petição, que não possui advogado constituído, nomeará defensor,
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do designando, desde logo, audiência em continuação, po-
ato infracional e, quando necessário, o rol de testemu- dendo determinar a realização de diligências e estudo
nhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária do caso.
instalada pela autoridade judiciária.

39
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), obedecerá às


no prazo de três dias contado da audiência de apresen- seguintes regras:
tação, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. I – será precedida de autorização judicial devidamente
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemu- circunstanciada e fundamentada, que estabelecerá os
nhas arroladas na representação e na defesa prévia, limites da infiltração para obtenção de prova, ouvido o
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe Ministério Público;
interprofissional, será dada a palavra ao representante II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Pú-
do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo blico ou representação de delegado de polícia e conterá
tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por a demonstração de sua necessidade, o alcance das ta-
mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em se- refas dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas
guida proferirá decisão. investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas;
comparecer, injustificadamente à audiência de apresen- III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias,
tação, a autoridade judiciária designará nova data, de- sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o total
terminando sua condução coercitiva. não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja de-
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus- monstrada sua efetiva necessidade, a critério da auto-
pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer ridade judicial.
fase do procedimento, antes da sentença. § 1º A autoridade judicial e o Ministério Público po-
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer derão requisitar relatórios parciais da operação de
medida, desde que reconheça na sentença: infiltração antes do término do prazo de que trata o
I – estar provada a inexistência do fato; inciso II do § 1º deste artigo.

II – não haver prova da existência do fato; § 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º deste
artigo, consideram-se:
III – não constituir o fato ato infracional;
I – dados de conexão: informações referentes a hora,
IV – não existir prova de ter o adolescente concorrido
data, início, término, duração, endereço de Protocolo de
para o ato infracional.
Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
II – dados cadastrais: informações referentes a nome
adolescente internado, será imediatamente colocado
e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
em liberdade.
autenticado para a conexão a quem endereço de IP, iden-
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de tificação de usuário ou código de acesso tenha sido atri-
internação ou regime de semiliberdade será feita: buído no momento da conexão.
I – ao adolescente e ao seu defensor; § 3º A infiltração de agentes de polícia na internet não
II – quando não for encontrado o adolescente, a seus pais será admitida se a prova puder ser obtida por outros
ou responsável, sem prejuízo do defensor. meios.

§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á Art. 190-B. As informações da operação de infiltração
unicamente na pessoa do defensor. serão encaminhadas diretamente ao juiz responsável
pela autorização da medida, que zelará por seu sigilo.
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
sentença. acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Pú-
blico e ao delegado de polícia responsável pela operação,
Seção V-A – Da Infiltração de Agentes de
85
com o objetivo de garantir o sigilo das investigações.
Polícia para a Investigação de Crimes contra a
Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua
identidade para, por meio da internet, colher indícios
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos
o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240, 241,
arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta lei e
241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta lei e nos arts. 154-A,
nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei
217-A, 218, 218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).

85.  Seção acrescida pela Lei nº 13.441, de 8-5-2017

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
de observar a estrita finalidade da investigação respon- processo será extinto, sem julgamento de mérito.
derá pelos excessos praticados. § 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público da entidade ou programa de atendimento.
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante
Seção VII – Da Apuração de Infração Administrativa
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judi-
às Normas de Proteção à Criança e ao Adolescente
cial, as informações necessárias à efetividade da iden-
tidade fictícia criada. Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade
administrativa por infração às normas de proteção à
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata
criança e ao adolescente terá início por representação
esta seção será numerado e tombado em livro específico.
do Ministério Público, ou do conselho tutelar, ou auto
Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos ele- de infração elaborado por servidor efetivo ou volun-
trônicos praticados durante a operação deverão ser tário credenciado, e assi­nado por duas testemunhas,
registrados, gravados, armazenados e encaminhados se possível.
ao juiz e ao Ministério Público, juntamente com rela-
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
tório circunstanciado.
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados a natureza e as circunstâncias da infração.
no caput deste artigo serão reunidos em autos apar-
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração se-
tados e apensados ao processo criminal juntamente com
guir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
o inquérito policial, assegurando-se a preservação da
contrário, dos motivos do retardamento.
identidade do agente policial infiltrado e a intimidade
das crianças e dos adolescentes envolvidos. Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre-
sentação de defesa, contado da data da intimação, que
Seção VI – Da Apuração de Irregularidades será feita:
em Entidade de Atendimento
I – pelo autuante, no próprio auto, quando este for la-
Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades vrado na presença do requerido;
em entidade governamental e não governamental terá
II – por oficial de justiça ou funcionário legalmente
início mediante portaria da autoridade judiciária ou re-
habilitado, que entregará cópia do auto ou da repre-
presentação do Ministério Público ou do conselho tu-
sentação ao requerido, ou a seu representante legal,
telar, onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.
lavrando certidão;
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a auto-
III – por via postal, com aviso de recebimento, se não
ridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
for encontrado o requerido ou seu representante legal;
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da
entidade, mediante decisão fundamentada. IV – por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu repre-
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no
sentante legal.
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo
juntar documentos e indicar as provas a produzir. Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal,
a autoridade judiciária dará vista dos autos do Ministério
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne-
Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
cessário, a autoridade judiciária designará audiência de
instrução e julgamento, intimando as partes. Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Mi-
necessário, designará audiência de instrução e julgamento.
nistério Público terão cinco dias para oferecer alegações
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão
sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
finitivo de dirigente de entidade governamental, a au-
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judi-
toridade judiciária oficiará à autoridade administrativa
ciária, que em seguida proferirá sentença.
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo
para a substituição.
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori-
dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das

41
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

86
Seção VIII – Da Habilitação de Pretendentes à Adoção supervisão e avaliação da equipe técnica da Justiça da
Infância e da Juventude, com o apoio dos técnicos res-
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no
ponsáveis pelo programa de acolhimento familiar ou
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:
institucional e pela execução da política municipal de
I – qualificação completa; garantia do direito à convivência familiar.
II – dados familiares; Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da parti-
III – cópias autenticadas de certidão de nascimento cipação no programa referido no art. 197-C desta lei,
ou casamento, ou declaração relativa ao período de a autoridade judiciária, no prazo de quarenta e oito
união estável; horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo
IV – cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca- Ministério Público e determinará a juntada do estudo
dastro de Pessoas Físicas; psicossocial, designando, conforme o caso, audiência
de instrução e julgamento.
V – comprovante de renda e domicílio;
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências,
VI – atestados de sanidade física e mental;
ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária de-
VII – certidão de antecedentes criminais; terminará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a
VIII – certidão negativa de distribuição cível. seguir vista dos autos ao Ministério Público, por cinco
dias, decidindo em igual prazo.
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de quarenta
e oito horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será ins-
que no prazo de cinco dias poderá: crito nos cadastros referidos no art. 50 desta lei, sendo
a sua convocação para a adoção feita de acordo com
I – apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe
ordem cronológica de habilitação e conforme a disponi-
interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc-
bilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
nico a que se refere o art. 197-C desta lei;
§ 1º A ordem cronológica das habilitações somente
II – requerer a designação de audiência para oitiva dos
poderá deixar de ser observada pela autoridade judi-
postulantes em juízo e testemunhas;
ciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta
III – requerer a juntada de documentos complemen- lei, quando comprovado ser essa a melhor solução no
tares e a realização de outras diligências que entender interesse do adotando.
necessárias.
§ 2º A recusa sistemática na adoção das crianças ou
Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe adolescentes indicados importará na reavaliação da ha-
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da bilitação concedida.
Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que
conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o CAPÍTULO IV – DOS RECURSOS
preparo dos postulantes para o exercício de uma pater- Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância
87

nidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e da Juventude, inclusive os relativos à execução das me-
e princípios desta lei. didas socioeducativas, adotar-se-á o sistema recursal
§ 1º É obrigatória a participação dos postulantes em da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juven- Processo Civil)88, com as seguintes adaptações:
tude preferencialmente com apoio dos técnicos respon- I – os recursos serão interpostos independentemente
sáveis pela execução da política municipal de garantia de preparo;
do direito à convivência familiar, que inclua preparação II – em todos os recursos, salvo nos embargos de decla-
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, ração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessi- será sempre de dez dias;
dades específicas de saúde ou com deficiências e de
III – os recursos terão preferência de julgamento e dis-
grupos de irmãos.
pensarão revisor;
§ 2º Sempre que possível e recomendável, a etapa obri-
IV – (revogado);
gatória da preparação referida no § 1º deste artigo in-
cluirá o contato com crianças e adolescentes em regime V – (revogado);
de acolhimento familiar ou institucional em condições VI – (revogado);
de serem adotados, a ser realizado sob a orientação,
87.  Caput do artigo e inciso II com nova redação dada pela Lei nº 12.594, de
18-1-2012; incisos IV a VI revogados pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
86.  Seção acrescida pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 88.  Vide Lei nº 13.105, de 16-3-2015 (Novo Código de Processo Civil).

42
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

VII – antes de determinar a remessa dos autos à superior I – conceder a remissão como forma de exclusão do
instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no processo;
caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá des- II – promover e acompanhar os procedimentos relativos
pacho fundamentado, mantendo ou reformando a de- às infrações atribuídas a adolescentes;
cisão, no prazo de cinco dias;
III – promover e acompanhar as ações de alimentos e os pro-
VIII – mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão cedimentos de suspensão e destituição do poder familiar94,
remeterá os autos ou o instrumento à superior instância nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães,
dentro de vinte e quatro horas, independentemente de bem como oficiar em todos os demais procedimentos da
novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa competência da Justiça da Infância e da Juventude;
dos autos dependerá de pedido expresso da parte inte-
IV – promover, de ofício ou por solicitação dos inte-
ressada ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias,
ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca
contados da intimação.
legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no quaisquer administradores de bens de crianças e ado-
art. 149 caberá recurso de apelação. lescentes nas hipóteses95 do art. 98;
89
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz V – promover o inquérito civil e a ação civil pública para a
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será proteção dos interesses individuais, difusos ou coletivos
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se relativos à infância e à adolescência, inclusive os defi-
se tratar de adoção internacional ou se houver perigo nidos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
de dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
VI – instaurar procedimentos administrativos e, para
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer
90
instruí-los:
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação,
a) expedir notificações para colher depoimentos
que deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo.
ou esclarecimentos e, em caso de não compare-
91
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção cimento injustificado, requisitar condução coer-
e de destituição de poder familiar, em face da relevância citiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
das questões, serão processados com prioridade abso-
b) requisitar informações, exames, perícias e do-
luta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando
cumentos de autoridades municipais, estaduais
vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna
e federais, da administração direta ou indireta,
distribuição, e serão colocados em mesa para julga-
bem como promover inspeções e diligências
mento sem revisão e com parecer urgente do Ministério
investigatórias;
Público.
c) requisitar informações e documentos a particu-
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em
92
lares e instituições privadas;
mesa para julgamento no prazo máximo de sessenta
dias, contado da sua conclusão. VII – instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-
tigatórias e determinar a instauração de inquérito po-
Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da licial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas
data do julgamento e poderá na sessão, se entender ne- de proteção à infância e à juventude;
cessário, apresentar oralmente seu parecer.
VIII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
93
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins- legais assegurados às crianças e adolescentes, promo-
tauração de procedimento para apuração de responsabi- vendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
lidades se constatar o descumprimento das providências
IX – impetrar mandado de segurança, de injunção e
e do prazo previstos nos artigos anteriores.
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
CAPÍTULO V – DO MINISTÉRIO PÚBLICO na defesa dos interesses sociais e individuais indisponí-
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta veis afetos à criança e ao adolescente;
lei serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica. X – representar ao juízo visando à aplicação de pena-
Art. 201. Compete ao Ministério Público: lidade por infrações cometidas contra as normas de
proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da pro-
89.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. moção da responsabilidade civil e penal do infrator,
90.  Idem. quando cabível;
91.  Idem.
92.  Idem. 94.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
93.  Idem. 95.  Conforme retificação publicada no Diário Oficial da União de 27-9-1990.

43
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

XI – inspecionar as entidades públicas e particulares de Art. 205. As manifestações processuais do representante


atendimento e os programas de que trata esta lei, ado- do Ministério Público deverão ser fundamentadas.
tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
CAPÍTULO VI – DO ADVOGADO
necessárias à remoção de irregularidades porventura
verificadas; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou respon-
sável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse
XII – requisitar força policial, bem como a colaboração
na solução da lide poderão intervir nos procedimentos
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de
de que trata esta lei, através de advogado, o qual será
assistência social, públicos ou privados, para o desem-
intimado para todos os atos, pessoalmente ou por publi-
penho de suas atribuições.
cação oficial, respeitado o segredo de justiça.
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros,
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
nas mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Consti-
tuição e esta lei. Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prá-
tica de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem
será processado sem defensor.
outras, desde que compatíveis com a finalidade do Mi-
nistério Público. § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á no-
meado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício
constituir outro de sua preferência.
de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se
encontre criança ou adolescente. § 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz
§ 4º O representante do Ministério Público será respon-
nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para
sável pelo uso indevido das informações e documentos
o só efeito do ato.
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso
tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério
sido indicado por ocasião de ato formal com a presença
Público:
da autoridade judiciária.
a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
CAPÍTULO VII – DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS
instaurando o competente procedimento, sob sua
INTERESSES INDIVIDUAIS, DIFUSOS E COLETIVOS
presidência;
96
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta lei as ações
b) entender-se diretamente com a pessoa ou auto-
de responsabilidade por ofensa aos direitos assegu-
ridade reclamada, em dia, local e horário previa-
rados à criança e ao adolescente, referentes ao não ofe-
mente notificados ou acertados;
recimento ou oferta irregular:
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos
I – do ensino obrigatório;
serviços públicos e de relevância pública afetos à
criança e ao adolescente, fixando prazo razoável II – de atendimento educacional especializado aos por-
para sua perfeita adequação. tadores de deficiência;
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças
parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na de zero a cinco anos de idade;
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta lei, hi- IV – de ensino noturno regular, adequado às condições
pótese em que terá vista dos autos depois das partes, po- do educando;
dendo juntar documentos e requerer diligências, usando
V – de programas suplementares de oferta de material
os recursos cabíveis.
didático-escolar, transporte e assistência à saúde do
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer educando do ensino fundamental;
caso, será feita pessoalmente.
VI – de serviço de assistência social visando à proteção
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Pú- à família, à maternidade, à infância e à adolescência,
blico acarreta a nulidade do feito, que será declarada
de of ício pelo juiz ou a requerimento de qualquer
interessado. 96.  Parágrafo único primitivo renumerado para § 1º pela Lei nº 11.259, de
20-12-2005, que também acrescentou o § 2º; inciso IX acrescido pela Lei nº 12.010,
de 3-8-2009; inciso X acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012; inciso III com nova
redação dada pela Lei nº 13.306, de 4-7-2016; inciso XI acrescido pela Lei nº 13.431,
de 4-4-2017, em vigor após 1 ano de sua publicação.

44
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

bem como ao amparo às crianças e adolescentes que Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
dele necessitem; dos interessados compromisso de ajustamento de sua
VII – de acesso às ações e serviços de saúde; conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de
título executivo extrajudicial.
VIII – de escolarização e profissionalização dos ado-
lescentes privados de liberdade; Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos
por esta lei, são admissíveis todas as espécies de ações
IX – de ações, serviços e programas de orientação, apoio
pertinentes.
e promoção social de famílias e destinados ao pleno
exercício do direito à convivência familiar por crianças § 1º Aplicam-se às ações previstas neste capítulo as
e adolescentes; normas do Código de Processo Civil.

X – de programas de atendimento para a execução das § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú-
medidas socioeducativas e aplicação de medidas de blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
proteção; buições do poder público, que lesem direito líquido e
certo previsto nesta lei, caberá ação mandamental, que
XI – de políticas e programas integrados de atendimento
se regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de
violência. Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a
§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da
tutela específica da obrigação ou determinará provi-
proteção judicial outros interesses individuais, difusos
dências que assegurem o resultado prático equivalente
ou coletivos, próprios da infância e da adolescência,
ao do adimplemento.
protegidos pela Constituição e pela lei.
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha-
§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou
vendo justificado receio de ineficácia do provimento
adolescentes será realizada imediatamente após notifi-
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
cação aos órgãos competentes, que deverão comunicar
após justificação prévia, citando o réu.
o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e com-
panhias de transporte interestaduais e internacionais, § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
fornecendo-lhes todos os dados necessários à identifi- ou na sentença, impor multa diária ao réu, independen-
cação do desaparecido. temente de pedido do autor, se for suficiente ou com-
patível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
Art. 209. As ações previstas neste capítulo serão propostas
cumprimento do preceito.
no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou
omissão, cujo juízo terá competência absoluta para pro- § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito
cessar a causa, ressalvadas a competência da Justiça em julgado da sentença favorável ao autor, mas será
Federal e a competência originária dos tribunais superiores. devida desde o dia em que se houver configurado o
descumprimento.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
concorrentemente: gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Ado-
lescente do respectivo município.
I – o Ministério Público;
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trân-
II – a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal
sito em julgado da decisão serão exigidas através de exe-
e os territórios;
cução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
III – as associações legalmente constituídas há pelo autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
menos um ano e que incluam entre seus fins institucio-
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro
nais a defesa dos interesses e direitos protegidos por
ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito,
esta lei, dispensada a autorização da assembleia, se
em conta com correção monetária.
houver prévia autorização estatutária.
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi-
recursos, para evitar dano irreparável à parte.
nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
interesses e direitos de que cuida esta lei. Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser
condenação ao poder público, o juiz determinará a re-
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por
messa de peças à autoridade competente, para apuração
associação legitimada, o Ministério Público ou outro le-
da responsabilidade civil e administrativa do agente a
gitimado poderá assumir a titularidade ativa.
que se atribua a ação ou omissão.

45
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças
da sentença condenatória sem que a associação autora de informação.
lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Pú- § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame
blico, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público,
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao conforme dispuser o seu regimento.
réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi- § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a pro-
dade do § 4º do art. 20 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro moção de arquivamento, designará, desde logo, outro
de 1973 (Código de Processo Civil)97, quando reconhecer órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
que a pretensão é manifestamente infundada.
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a asso- as disposições da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
ciação autora e os diretores responsáveis pela proposi-
TÍTULO VII – DOS CRIMES E DAS
tura da ação serão solidariamente condenados ao dé-
INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
cuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
perdas e danos. CAPÍTULO I – DOS CRIMES
Art. 219. Nas ações de que trata este capítulo, não haverá Seção I – Disposições Gerais
adiantamento de custas, emolumentos, honorários pe- Art. 225. Este capítulo dispõe sobre crimes praticados
riciais e quaisquer outras despesas. contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão,
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público sem prejuízo do disposto na legislação penal.
deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, pres- Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta lei as
tando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao
de ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção. processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e Art. 227. Os crimes definidos nesta lei são de ação pú-
tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam blica incondicionada.
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao
Seção II – Dos Crimes em Espécie
Ministério Público para as providências cabíveis.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
poderá requerer às autoridades competentes as certi-
manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e
dões e informações que julgar necessárias, que serão
prazo referidos no art. 10 desta lei, bem como de fornecer
fornecidas no prazo de quinze dias.
à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua médica, declaração de nascimento, onde constem as in-
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer tercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:
pessoa, organismo público ou particular, certidões, in-
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
formações, exames ou perícias, no prazo que assinalar,
o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis. Parágrafo único. Se o crime é culposo:

§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
as diligências, se convencer da inexistência de funda- Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
mento para a propositura da ação cível, promoverá o estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
informativas, fazendo-o fundamentadamente. ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor- exames referidos no art. 10 desta lei:
mação arquivados serão remetidos, sob pena de se in- Pena – detenção de seis meses a dois anos.
correr em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Superior do Ministério Público.
Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua li-
de arquivamento, em sessão do Conselho Superior do
berdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
Ministério Público, poderão as associações legitimadas
flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita
apresentar razões escritas ou documentos, que serão
da autoridade judiciária competente:
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
97.  Vide Lei nº 13.105, de 16-3-2015 (Novo Código de Processo Civil).

46
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que pro- Pena – reclusão, de seis a oito anos, além da pena corres-
cede à apreensão sem observância das formalidades pondente à violência.
legais. Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
100

Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:
comunicação à autoridade judiciária competente e à Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
Pena – detenção de seis meses a dois anos. recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua participação de criança ou adolescente nas cenas refe-
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a ridas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses
constrangimento: contracena.
Pena – detenção de seis meses a dois anos. § 2º Aumenta-se a pena de um terço se o agente comete
98
Art. 233. (Revogado.) o crime:

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou de exercê-la;
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coa-
da apreensão: bitação ou de hospitalidade; ou
Pena – detenção de seis meses a dois anos. III – prevalecendo-se de relações de parentesco consan-
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado guíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de
nesta lei em benef ício de adolescente privado de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de
liberdade: quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre
ela, ou com seu consentimento.
Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou
101

Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade


outro registro que contenha cena de sexo explícito ou
judiciária, membro do conselho tutelar ou representante
pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
do Ministério Público no exercício de função prevista
nesta lei: Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.

Pena – detenção de seis meses a dois anos.


102
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclu-
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
sive por meio de sistema de informática ou telemático,
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena
judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança
Pena – reclusão de dois a seis anos, e multa. ou adolescente:
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa.
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
Pena – reclusão de um a quatro anos, e multa.
I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput
ou efetiva a paga ou recompensa. deste artigo;
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato desti- II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de
nado ao envio de criança ou adolescente para o exterior computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
com inobservância das formalidades legais ou com o fito trata o caput deste artigo.
de obter lucro:
§ 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º
Pena – reclusão de quatro a seis anos, e multa. deste artigo são puníveis quando o responsável legal
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
99 pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa
ameaça ou fraude:

100.  Caput do artigo, pena, §§ 1º e 2º e seus incisos I e II com nova redação dada


pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008, que também acrescentou o inciso III ao § 2º.
98.  Artigo revogado pela Lei nº 9.455, de 7-4-1997. 101.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008.
99.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003. 102.  Artigo acrescido pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008.

47
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
o caput deste artigo. com o fim de induzir criança a se exibir de forma porno-
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qual-
103 gráfica ou sexualmente explícita.
quer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta lei,
106

que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
envolvendo criança ou adolescente: compreende qualquer situação que envolva criança ou
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança
§ 1º A pena é diminuída de um a dois terços se de pe-
ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
quena quantidade o material a que se refere o caput
deste artigo. Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
107

entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente


§ 2º Não há crime se a posse ou o armazenamento tem
arma, munição ou explosivo:
a finalidade de comunicar às autoridades competentes a
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A Pena – reclusão, de três a seis anos.
e 241-C desta lei, quando a comunicação for feita por: Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
108

I – agente público no exercício de suas funções; ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança
ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa,
II – membro de entidade, legalmente constituída, que
outros produtos cujos componentes possam causar de-
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebi-
pendência física ou psíquica:
mento, o processamento e o encaminhamento de notícia
dos crimes referidos neste parágrafo; Pena – detenção de dois a quatro anos, e multa, se o fato
não constitui crime mais grave.
III – representante legal e funcionários responsáveis de
provedor de acesso ou serviço prestado por meio de Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
rede de computadores, até o recebimento do material entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Minis- fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que,
tério Público ou ao Poder Judiciário. pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar
qualquer dano físico em caso de utilização indevida:
§ 3º As pessoas referidas no § 2º deste artigo deverão
manter sob sigilo o material ilícito referido. Pena – detenção de seis meses a dois anos, e multa.

Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adoles-


104 Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como
109

cente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio tais definidos no caput do art. 2º desta lei, à prostituição
de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, ou à exploração sexual:
vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa. perda de bens e valores utilizados na prática criminosa
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende,
lescente da unidade da federação (estado ou Distrito
expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou di-
Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o di-
vulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena
reito de terceiro de boa-fé.
o material produzido na forma do caput deste artigo.
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o ge-
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
105
rente ou o responsável pelo local em que se verifique a
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim
submissão de criança ou adolescente às práticas refe-
de com ela praticar ato libidinoso:
ridas no caput deste artigo.
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: cassação da licença de localização e de funcionamento
I – facilita ou induz o acesso à criança de material con- do estabelecimento.
tendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim
de com ela praticar ato libidinoso;

106.  Artigo acrescido pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008.


107.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 10.764, de 12-11-2003.
103.  Artigo acrescido pela Lei nº 11.829, de 25-11-2008. 108.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 13.106, de 17-3-2015.
104.  Idem. 109.  Artigo acrescido pela Lei nº 9.975, de 23-6-2000; pena com nova redação dada
105.  Idem. pela Lei nº 13.440, de 8-5-2017.

48
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de


110
Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária
112

menor de dezoito anos, com ele praticando infração de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de
penal ou induzindo-o a praticá-la: regularizar a guarda, adolescente trazido de outra co-
Pena – reclusão, de um a quatro anos. marca para a prestação de serviço doméstico, mesmo
que autorizado pelos pais ou responsável:
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se Pena – multa de três a vinte salários de referência,
de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate- aplicando-se o dobro em caso de reincidência, indepen-
-papo da internet. dentemente das despesas de retorno do adolescente,
se for o caso.
§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são au-
mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de-
induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, veres inerentes ao poder familiar113 ou decorrente de
de 25 de julho de 1990. tutela ou guarda, bem assim determinação da autori-
dade judiciária ou conselho tutelar:
CAPÍTULO II – DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Pena – multa de três a vinte salários de referência,
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino funda-
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom-
114
mental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade
panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização
competente os casos de que tenha conhecimento, envol-
escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel,
vendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra
pensão, motel ou congênere:
criança ou adolescente:
Pena – multa.
Pena – multa de três a vinte salários de referência, apli-
cando-se o dobro em caso de reincidência. § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fe-
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de enti-
chamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
dade de atendimento o exercício dos direitos constantes
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta lei: § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a
30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente
Pena – multa de três a vinte salários de referência,
fechado e terá sua licença cassada.
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83,
devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato
84 e 85 desta lei:
ou documento de procedimento policial, administrativo
ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se Pena – multa de três a vinte salários de referência,
atribua ato infracional: aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Pena – multa de três a vinte salários de referência, Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à en-
trada do local de exibição, informação destacada sobre
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária
cialmente, fotografia de criança ou adolescente en-
especificada no certificado de classificação:
volvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que
lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atri- Pena – multa de três a vinte salários de referência,
buídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
indiretamente. Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou representações ou espetáculos, sem indicar os limites
emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista de idade a que não se recomendem:
neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a Pena – multa de três a vinte salários de referência,
apreensão da publicação ou a suspensão da programação duplicada em caso de reincidência, aplicável,
da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
periódico até por dois números111.
112.  Artigo revogado pela Lei nº 13.431, de 4-4-2017, em vigor após 1 ano de sua
110.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009. publicação.
111.  Expressão declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), 113.  Expressão anterior (pátrio poder) alterada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
no julgamento da Adin nº 869-2/DF, publicada no Diário da Justiça, Seção 1, de 114.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.038, de 1º-10-2009, que também
4-6-2004, p. 28. acrescentou os §§ 1º e 2º.

49
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
116

divulgação ou publicidade. estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efe-


Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espe- tuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
táculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
de sua classificação: interessada em entregar seu filho para adoção:

Pena – multa de vinte a cem salários de referência; du- Pena – multa de mil reais a três mil reais.
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário
poderá determinar a suspensão da programação da de programa oficial ou comunitário destinado à garantia
emissora por até dois dias. do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere comunicação referida no caput deste artigo.
classificado pelo órgão competente como inadequado Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
117

às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: inciso II do art. 81:


Pena – multa de vinte a cem salários de referência; na re- Pena – multa de três mil reais a dez mil reais.
incidência, a autoridade poderá determinar a suspensão Medida administrativa – interdição do estabelecimento
do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por comercial até o recolhimento da multa aplicada.
até quinze dias.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita
de programação em vídeo, em desacordo com a classi- Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da
ficação atribuída pelo órgão competente: publicação deste estatuto, elaborará projeto de lei dis-
pondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às
Pena – multa de três a vinte salários de referência; em
diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
e ao que estabelece o Título V do Livro II.
determinar o fechamento do estabelecimento por até
quinze dias. Parágrafo único. Compete aos estados e municípios pro-
moverem a adaptação de seus órgãos e programas às
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78
diretrizes e princípios estabelecidos nesta lei.
e 79 desta lei:
Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações
118
Pena – multa de três a vinte salários de referência, dupli-
aos fundos dos direitos da criança e do adolescente na-
cando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo
cional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente
de apreensão da revista ou publicação.
comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou imposto de renda, obedecidos os seguintes limites:
o empresário de observar o que dispõe esta lei sobre o
I – 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base
ou sobre sua participação no espetáculo:
no lucro real; e
Pena – multa de três a vinte salários de referência; em
II – 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual,
determinar o fechamento do estabelecimento por até
observado o disposto no art. 22 da Lei nº 9.532, de 10
quinze dias.
de dezembro de 1997.
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de provi-
115
§ 1º (Revogado.)
denciar a instalação e operacionalização dos cadastros
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta lei: § 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
com os recursos captados pelos fundos nacional, es-
Pena – multa de mil reais a três mil reais.
taduais e municipais dos direitos da criança e do ado-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade lescente, serão consideradas as disposições do Plano
que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito
de adolescentes em condições de serem adotadas, de de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar
pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e
adolescentes em regime de acolhimento institucional 116.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
117.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.106, de 17-3-2015.
ou familiar.
118.  Lei nº 8.242, de 12-10-1991; § 1º revogado pela Lei nº 9.532, de 10-12-1997;
§§ 1°-A e 5º acrescidos pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009; caput do artigo, incisos I
e II e § 5º com nova redação dada pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012, que também
acrescentou os incisos I e II ao § 5º; §§ 1º-A e 2º com nova redação dada pela Lei nº
115.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009. 13.257, 8-3-2016.

50
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira IV – não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
Infância. em vigor.
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos § 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a
direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de data de vencimento da primeira quota ou quota única
utilização, por meio de planos de aplicação, das dota- do imposto, observadas instruções específicas da Se-
ções subsidiadas e demais receitas, aplicando necessa- cretaria da Receita Federal do Brasil.
riamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob § 4º O não pagamento da doação no prazo estabele-
a forma de guarda, de crianças e adolescentes e para cido no § 3º implica a glosa definitiva desta parcela
programas de atenção integral à primeira infância em de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao reco-
áreas de maior carência socioeconômica e em situações lhimento da diferença de imposto devido apurado na
de calamidade. Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério previstos na legislação.
da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a § 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apu-
comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas,
deste artigo. no respectivo ano-calendário, aos fundos controlados
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a pelos conselhos dos direitos da criança e do adolescente
forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal municipais, distrital, estaduais e nacional concomitan-
dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos incentivos temente com a opção de que trata o caput, respeitado
fiscais referidos neste artigo. o limite previsto no inciso II do art. 260.
§ 5º Observado o disposto no § 4º do art.  3º da Lei Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
120

nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que poderá ser deduzida:


trata o inciso I do caput: I – do imposto devido no trimestre, para as pessoas
I – será considerada isoladamente, não se submetendo jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e II – do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para
II – não poderá ser computada como despesa opera- as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
cional na apuração do lucro real. Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário
119
período a que se refere a apuração do imposto.
de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta lei
121

que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
em sua Declaração de Ajuste Anual.
Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie
§ 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida devem ser depositadas em conta específica, em ins-
até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto tituição financeira pública, vinculadas aos respectivos
apurado na declaração: fundos de que trata o art. 260.
I – (vetado); 122
Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela adminis-
II – (vetado); tração das contas dos fundos dos direitos da criança e
III – 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. do adolescente nacional, estaduais, distrital e munici-
pais devem emitir recibo em favor do doador, assinado
§ 2º A dedução de que trata o caput:
por pessoa competente e pelo presidente do conselho
I – está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im- correspondente, especificando:
posto sobre a renda apurado na declaração de que trata
I – número de ordem;
o inciso II do caput do art. 260;
II – nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e
II – não se aplica à pessoa física que:
endereço do emitente;
a) utilizar o desconto simplificado;
III – nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
b) apresentar declaração em formulário; ou do doador;
c) entregar a declaração fora do prazo; IV – data da doação e valor efetivamente recebido; e
III – só se aplica às doações em espécie; e
120.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
119.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012; incisos I e II propostos e 121.  Idem.
vetados no projeto que foi transformado na Lei nº 12.594, de 18-1-2012. 122.  Idem.

51
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

V – ano-calendário a que se refere a doação. Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Minis-
§ 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo tério Público.
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os Art. 260-I. Os conselhos dos direitos da criança e do
127

valores doados mês a mês. adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais


§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve divulgarão amplamente à comunidade:
conter a identificação dos bens, mediante descrição em I – o calendário de suas reuniões;
campo próprio ou em relação anexa ao comprovante, II – as ações prioritárias para aplicação das políticas de
informando também se houve avaliação, o nome, CPF atendimento à criança e ao adolescente;
ou CNPJ e endereço dos avaliadores.
III – os requisitos para a apresentação de projetos a
Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador
123
serem beneficiados com recursos dos fundos dos di-
deverá: reitos da criança e do adolescente nacional, estaduais,
I – comprovar a propriedade dos bens, mediante docu- distrital ou municipais;
mentação hábil; IV – a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca-
II – baixar os bens doados na declaração de bens e di- lendário e o valor dos recursos previstos para implemen-
reitos, quando se tratar de pessoa física, e na escritu- tação das ações, por projeto;
ração, no caso de pessoa jurídica; e V – o total dos recursos recebidos e a respectiva des-
III – considerar como valor dos bens doados: tinação, por projeto atendido, inclusive com cadastra-
a) para as pessoas físicas, o valor constante da mento na base de dados do Sistema de Infor­mações
última declaração do imposto de renda, desde sobre a Infância e a Adolescência; e
que não exceda o valor de mercado; VI – a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos com recursos dos fundos dos direitos da criança e do
bens. adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais.

Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não


128
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
será considerado na determinação do valor dos bens comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incen-
doados, exceto se o leilão for determinado por autori- tivos fiscais referidos no art. 260 desta lei.
dade judiciária. Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os
124 arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder
arts. 260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contri- por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que
buinte por um prazo de cinco anos para fins de compro- poderá atuar de ofício, a requerimento ou representação
vação da dedução perante a Receita Federal do Brasil. de qualquer cidadão.

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração


125
129
Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi-
das contas dos fundos dos direitos da criança e do ado- dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem: da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada
ano, arquivo eletrônico contendo a relação atualizada
I – manter conta bancária específica destinada exclusi-
dos fundos dos direitos da criança e do adolescente na-
vamente a gerir os recursos do Fundo;
cional, distrital, estaduais e municipais, com a indicação
II – manter controle das doações recebidas; e dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das
III – informar anualmente à Secretaria da Receita Federal contas bancárias específicas mantidas em instituições
do Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando financeiras públicas, destinadas exclusivamente a gerir
os seguintes dados por doador: os recursos dos fundos.

a) nome, CNPJ ou CPF; Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil


130

expedirá as instruções necessárias à aplicação do dis-


b) valor doado, especificando se a doação foi em
posto nos arts. 260 a 260-K.
espécie ou em bens.
Art. 261. À falta dos conselhos municipais dos direitos
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obriga-
126
da criança e do adolescente, os registros, inscrições e
ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita

123.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012. 127.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.594, de 18-1-2012.
124.  Idem. 128.  Idem.
125.  Idem. 129.  Idem.
126.  Idem. 130.  Idem.

52
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

alterações a que se referem os arts. 90, parágrafo único,


e 91 desta lei serão efetuados perante a autoridade
judiciária da comarca a que pertencer a entidade.
Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos
estados e municípios, e os estados aos municípios, os
recursos referentes aos programas e atividades pre-
vistos nesta lei, tão logo estejam criados os conselhos
dos direitos da criança e do adolescente nos seus res-
pectivos níveis.
Art. 262. Enquanto não instalados os conselhos tute-
lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas
pela autoridade judiciária.
[...]
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União,
da administração direta ou indireta, inclusive funda-
ções instituídas e mantidas pelo poder público federal
promoverão edição popular do texto integral deste es-
tatuto, que será posto à disposição das escolas e das
entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
criança e do adolescente.
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla
131

divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos


meios de comunicação social.
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput
será veiculada em linguagem clara, compreensível e
adequada a crianças e adolescentes, especialmente às
crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.
Art. 266. Esta lei entra em vigor noventa dias após sua
publicação.
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão
ser promovidas atividades e campanhas de divulgação e
esclarecimentos acerca do disposto nesta lei.
Art. 267. Revogam-se as Leis nos 4.513, de 1964, e 6.697,
de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e as
demais disposições em contrário.

Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da


Independência e 102º da República.

FERNANDO COLLOR
Bernardo Cabral
Carlos Chiarelli
Antônio Magri
Margarida Procópio

131.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.257, 8-3-2016.

53
LEGISLAÇÃO CORRELATA
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;


FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988132 [...]

[Dispositivos constitucionais referentes à criança e ao adolescente] IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças
até cinco anos de idade;
[...]
[...]
TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO V – DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
[...]
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a
CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS expressão e a informação, sob qualquer forma, processo
[...] ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o
disposto nesta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição [...]
social: § 3º Compete à lei federal:
[...] [...]
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou
133
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e
insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho à família a possibilidade de se defenderem de programas
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de ou programações de rádio e televisão que contrariem
aprendiz, a partir de quatorze anos; o disposto no art. 221, bem como da propaganda de
[...] produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à
saúde e ao meio ambiente.
TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL
[...]
[...]
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de
CAPÍTULO II – DA SEGURIDADE SOCIAL rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
[...] [...]
Seção IV – Da Assistência Social IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela da família.
necessitar, independentemente de contribuição à segu- [...]
ridade social, e tem por objetivos:
CAPÍTULO VII – 135DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA,
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E DO IDOSO
adolescência e à velhice;
[...]
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
136

[...] assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com


CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimen-
CULTURA E DO DESPORTO tação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cul-
tura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convi-
Seção I – Da Educação
vência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
[...] de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
134
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efe- violência, crueldade e opressão.
tivado mediante a garantia de: § 1º O Estado promoverá programas de assistência in-
I – educação básica obrigatória e gratuita dos quatro tegral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
aos dezessete anos de idade, assegurada inclusive sua admitida a participação de entidades não governamen-
oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram tais, mediante políticas específicas e obedecendo aos
acesso na idade própria; seguintes preceitos:
[...]
132.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, Anexo, de 5-10-1988.
133.  Inciso com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15-12-1998. 135.  Denominação do capítulo com redação dada pela Emenda Constitucional
134.  Inciso II com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 13-9-1996; nº 65, de 13-7-2010.
inciso IV com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 19-12-2006; 136.  Caput do artigo, § 1º e seu inciso II e incisos III e VII do § 3º com nova redação
inciso I com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 11-11-2009. dada pela Emenda Constitucional nº 65, de 13-7-2010.

55
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

II – criação de programas de prevenção e atendimento política ou outra, origem nacional ou social, fortuna ou
especializado para as pessoas portadoras de defi- outra situação;
ciência física, sensorial ou mental, bem como de inte- Considerando que a criança, por motivo da sua falta de
gração social do adolescente e do jovem portador de maturidade física e intelectual, tem necessidade uma pro-
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a teção e cuidados especiais, nomeadamente de proteção ju-
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços rídica adequada, tanto antes como depois do nascimento;
coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetô- Considerando que a necessidade de tal proteção foi
nicos e de todas as formas de discriminação. proclamada na Declaração de Genebra dos Direitos da
[...] Criança de 1924 e reconhecida na Declaração Universal
dos Direitos do Homem e nos estatutos de organismos
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes
especializados e organizações internacionais preocu-
aspectos:
padas com o bem-estar das crianças;
[...] Considerando que a humanidade deve à criança o melhor
III – garantia de acesso do trabalhador adolescente e que tem para dar,
jovem à escola;
A ASSEMBLEIA GERAL
[...] Proclama esta Declaração dos Direitos da Criança com
VI – estímulo do Poder Público, através de assistência vista a uma infância feliz e ao gozo, para bem da criança
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, e da sociedade, dos direitos e liberdades aqui estabele-
ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou cidos e com vista a chamar a atenção dos pais, enquanto
adolescente órfão ou abandonado; homens e mulheres, das organizações voluntárias, au-
VII – programas de prevenção e atendimento especiali- toridades locais e governos nacionais, para o reconhe-
zado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente cimento dos direitos e para a necessidade de se em-
de entorpecentes e drogas afins. penharem na respectiva aplicação através de medidas
legislativas ou outras progressivamente tomadas de
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a
acordo com os seguintes princípios:
exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma PRINCÍPIO 1º
da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efeti- A criança gozará dos direitos enunciados nesta decla-
vação por parte de estrangeiros. ração. Estes direitos serão reconhecidos a todas as
crianças sem discriminação alguma, independentemente
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
de qualquer consideração de raça, cor, sexo, idioma,
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
religião, opinião política ou outra da criança, ou da sua
proibidas quaisquer designações discriminatórias rela-
família, da sua origem nacional ou social, fortuna, nas-
tivas à filiação.
cimento ou de qualquer outra situação.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adoles-
cente levar-se-á em consideração o disposto no art. 204. PRINCÍPIO 2º
A criança gozará de uma proteção especial e benefi-
[...]
ciará de oportunidades e serviços dispensados pela lei
e outros meios, para que possa desenvolver-se física,
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA137 intelectual, moral, espiritual e socialmente de forma
saudável e normal, assim como em condições de li-
PREÂMBULO
berdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim,
Considerando que os povos das Nações Unidas reafir-
a consideração fundamental a que se atenderá será o
maram, na Carta, a sua fé nos direitos fundamentais, na
interesse superior da criança.
dignidade do homem e no valor da pessoa humana e
que resolveram favorecer o progresso social e instaurar PRINCÍPIO 3º
melhores condições de vida numa liberdade mais ampla; A criança tem direito desde o nascimento a um nome e
Considerando que as Nações Unidas, na Declaração dos a uma nacionalidade.
Direitos do Homem, proclamaram que todos gozam dos
PRINCÍPIO 4º
direitos e liberdades nela estabelecidas, sem discrimi-
A criança deve beneficiar da segurança social. Tem direito
nação alguma, de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
a crescer e a desenvolver-se com boa saúde; para este
fim, deverão proporcionar-se quer à criança quer à sua
137.  Proclamada pela Resolução da Assembleia Geral nº XIV-1386, de 20-11-1959.

56
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

mãe cuidados especiais, designadamente, tratamento a sua saúde e impedir o seu desenvolvimento físico,
pré e pós-natal. A criança tem direito a uma adequada mental e moral.
alimentação, habitação, recreio e cuidados médicos.
PRINCÍPIO 10.
PRINCÍPIO 5º A criança deve ser protegida contra as práticas que
A criança mental e fisicamente deficiente ou que sofra possam fomentar a discriminação racial, religiosa ou de
de alguma diminuição social deve beneficiar de trata- qualquer outra natureza. Deve ser educada num espírito
mento, da educação e dos cuidados especiais requeridos de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz
pela sua particular condição. e fraternidade universal, e com plena consciência de que
deve devotar as suas energias e aptidões ao serviço dos
PRINCÍPIO 6º
seus semelhantes.
A criança precisa de amor e compreensão para o pleno
e harmonioso desenvolvimento da sua personalidade.
CONVENÇÃO SOBRE OS
Na medida do possível, deverá crescer com os cuidados
e sob a responsabilidade dos seus pais e, em qualquer
DIREITOS DA CRIANÇA138
caso, num ambiente de afeto e segurança moral e mate-
PREÂMBULO
rial; salvo em circunstâncias excepcionais, a criança de
Os Estados-Partes da presente convenção,
tenra idade não deve ser separada da sua mãe. A socie-
Considerando que, de acordo com os princípios procla-
dade e as autoridades públicas têm o dever de cuidar
mados na Carta das Nações Unidas, a liberdade, a justiça
especialmente das crianças sem família e das que ca-
e a paz no mundo se fundamentam no reconhecimento
reçam de meios de subsistência. Para a manutenção dos
da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis
filhos de famílias numerosas é conveniente a atribuição
de todos os membros da família humana;
de subsídios estatais ou outra assistência.
Tendo em conta que os povos das Nações Unidas rea-
PRINCÍPIO 7º firmaram na Carta sua fé nos direitos fundamentais do
A criança tem direito à educação, que deve ser gratuita homem e na dignidade e no valor da pessoa humana, e
e obrigatória, pelo menos nos graus elementares. Deve que decidiram promover o progresso social e a elevação
ser-lhe ministrada uma educação que promova a sua cul- do nível de vida com mais liberdade;
tura e lhe permita, em condições de igualdade de opor- Reconhecendo que as Nações Unidas proclamaram e
tunidades, desenvolver as suas aptidões mentais, o seu concordaram na Declaração Universal dos Direitos Hu-
sentido de responsabilidade moral e social e tornar-se manos e nos pactos internacionais de direitos humanos
um membro útil à sociedade. que toda pessoa possui todos os direitos e liberdades
O interesse superior da criança deve ser o princípio di- neles enunciados, sem distinção de qualquer natureza,
retivo de quem tem a responsabilidade da sua educação seja de raça, cor, sexo, idioma, crença, opinião política
e orientação, responsabilidade essa que cabe, em pri- ou de outra índole, origem nacional ou social, posição
meiro lugar, aos seus pais. econômica, nascimento ou qualquer outra condição;
A criança deve ter plena oportunidade para brincar e Recordando que na Declaração Universal dos Direitos
para se dedicar a atividades recreativas, que devem ser Humanos as Nações Unidas proclamaram que a infância
orientados para os mesmos objetivos da educação; a tem direito a cuidados e assistência especiais;
sociedade e as autoridades públicas deverão esforçar-se Convencidos de que a família, como grupo fundamental
por promover o gozo destes direitos. da sociedade e ambiente natural para o crescimento e
bem-estar de todos os seus membros, e em particular
PRINCÍPIO 8º
das crianças, deve receber a proteção e assistência ne-
A criança deve, em todas as circunstâncias, ser das pri-
cessárias a fim de poder assumir plenamente suas res-
meiras a beneficiar de proteção e socorro.
ponsabilidades dentro da comunidade;
PRINCÍPIO 9º Reconhecendo que a criança, para o pleno e harmo-
A criança deve ser protegida contra todas as formas de nioso desenvolvimento de sua personalidade, deve
abandono, crueldade e exploração, e não deverá ser crescer no seio da família, em um ambiente de felici-
objeto de qualquer tipo de tráfico. A criança não deverá dade, amor e compreensão;
ser admitida ao emprego antes de uma idade mínima Considerando que a criança deve estar plenamente
adequada, e em caso algum será permitido que se de- preparada para uma vida independente na sociedade
dique a uma ocupação ou emprego que possa prejudicar
138.  Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 28, de 14-9-1990, e promulgada pelo
Decreto nº 99.710, de 21-11-1990.

57
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

e deve ser educada de acordo com os ideais procla- a cada criança sujeita à sua jurisdição, sem distinção
mados na Carta das Nações Unidas, especialmente alguma, independentemente de raça, cor, sexo, idioma,
com espírito de paz, dignidade, tolerância, liberdade, crença, opinião política ou de outra índole, origem na-
igualdade e solidariedade; cional, étnica ou social, posição econômica, deficiên-
Tendo em conta que a necessidade de proporcionar à cias físicas, nascimento ou qualquer outra condição da
criança uma proteção especial foi enunciada na Decla- criança, de seus pais ou de seus representantes legais.
ração de Genebra de 1924 sobre os Direitos da Criança 2)  Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apro-
e na Declaração dos Direitos da Criança adotada pela priadas para assegurar a proteção da criança contra toda
Assembleia Geral em 20 de novembro de 1959, e reco- forma de discriminação ou castigo por causa da condição,
nhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos, das atividades, das opiniões manifestadas ou das crenças
no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (em de seus pais, representantes legais ou familiares.
particular nos artigos 23 e 24), no Pacto Internacional de
Artigo 3º
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (em particular
no artigo 10) e nos estatutos e instrumentos pertinentes 1) Todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito
das agências especializadas e das organizações interna- por instituições públicas ou privadas de bem-estar
cionais que se interessam pelo bem-estar da criança; social, tribunais, autoridades administrativas ou órgãos
Tendo em conta que, conforme assinalado na Declaração legislativos, devem considerar, primordialmente, o inte-
dos Direitos da Criança, “a criança, em virtude de sua resse maior da criança.
falta de maturidade física e mental, necessita proteção 2)  Os Estados-Partes se comprometem a assegurar à
e cuidados especiais, inclusive a devida proteção legal, criança a proteção e o cuidado que sejam necessários
tanto antes quanto após seu nascimento”; para seu bem-estar, levando em consideração os di-
Lembrando o estabelecido na Declaração sobre os reitos e deveres de seus pais, tutores ou outras pessoas
Princípios Sociais e Jurídicos Relativos à Proteção e responsáveis por ela perante a lei e, com essa finali-
ao Bem-Estar das Crianças, especialmente com Refe- dade, tomarão todas as medidas legislativas e admi-
rência à Adoção e à Colocação em Lares de Adoção, nos nistrativas adequadas.
Planos Nacional e Internacional; as Regras Mínimas das 3)  Os Estados-Partes se certificarão de que as institui-
Nações Unidas para a Administração da Justiça Juvenil ções, os serviços e os estabelecimentos encarregados do
(Regras de Pequim); e a Declaração sobre a Proteção cuidado ou da proteção das crianças cumpram com os
da Mulher e da Criança em Situações de Emergência ou padrões estabelecidos pelas autoridades competentes,
de Conflito Armado; especialmente no que diz respeito à segurança e à saúde
Reconhecendo que em todos os países do mundo existem das crianças, ao número e à competência de seu pessoal
crianças vivendo sob condições excepcionalmente difíceis e à existência de supervisão adequada.
e que essas crianças necessitam consideração especial;
Artigo 4º
Tomando em devida conta a importância das tradições
e os valores culturais de cada povo para a proteção e o Os Estados-Partes adotarão todas as medidas administra-
desenvolvimento harmonioso da criança; tivas, legislativas e de outra índole com vistas à implemen-
Reconhecendo a importância da cooperação inter- tação dos direitos reconhecidos na presente convenção.
nacional para a melhoria das condições de vida das Com relação aos direitos econômicos, sociais e culturais,
crianças em todos os países, especialmente nos países os Estados-Partes adotarão essas medidas utilizando ao
em desenvolvimento; máximo os recursos disponíveis e, quando necessário,
Acordam o seguinte: dentro de um quadro de cooperação internacional.
Artigo 5º
PARTE I
Os Estados-Partes respeitarão as responsabilidades,
Artigo 1º
os direitos e os deveres dos pais ou, onde for o caso,
Para efeitos da presente convenção considera-se como dos membros da família ampliada ou da comunidade,
criança todo ser humano com menos de dezoito anos de conforme determinem os costumes locais, dos tutores
idade, a não ser que, em conformidade com a lei apli- ou de outras pessoas legalmente responsáveis, de pro-
cável à criança, a maioridade seja alcançada antes. porcionar à criança instrução e orientação adequadas e
Artigo 2º acordes com a evolução de sua capacidade no exercício
dos direitos reconhecidos na presente convenção.
1)  Os Estados-Partes respeitarão os direitos enunciados
na presente convenção e assegurarão sua aplicação

58
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Artigo 6º detenção, prisão, exílio, deportação ou morte (inclusive


1)  Os Estados-Partes reconhecem que toda criança tem falecimento decorrente de qualquer causa enquanto
o direito inerente à vida. a pessoa estiver sob a custódia do Estado) de um dos
pais da criança, ou de ambos, ou da própria criança,
2)  Os Estados-Partes assegurarão ao máximo a sobre-
o Estado-Parte, quando solicitado, proporcionará aos
vivência e o desenvolvimento da criança.
pais, à criança ou, se for o caso, a outro familiar, infor-
Artigo 7º mações básicas a respeito do paradeiro do familiar ou
1)  A criança será registrada imediatamente após seu familiares ausentes, a não ser que tal procedimento seja
nascimento e terá direito, desde o momento em que prejudicial ao bem-estar da criança. Os Estados-Partes
nasce, a um nome, a uma nacionalidade e, na medida do se certificarão, além disso, de que a apresentação de tal
possível, a conhecer seus pais e a ser cuidada por eles. petição não acarrete, por si só, consequências adversas
para a pessoa ou pessoas interessadas.
2)  Os Estados-Partes zelarão pela aplicação desses di-
reitos de acordo com sua legislação nacional e com as Artigo 10.
obrigações que tenham assumido em virtude dos ins- 1)  De acordo com a obrigação dos Estados-Partes es-
trumentos internacionais pertinentes, sobretudo se, de tipulada no parágrafo 1 do artigo 9º, toda solicitação
outro modo, a criança se tornar apátrida. apresentada por uma criança, ou por seus pais, para in-
Artigo 8º gressar ou sair de um Estado-Parte com vistas à reunião
da família, deverá ser atendida pelos Estados-Partes de
1)  Os Estados-Partes se comprometem a respeitar o
forma positiva, humanitária e rápida. Os Estados-Partes
direito da criança de preservar sua identidade, inclusive
assegurarão, ainda, que a apresentação de tal solici-
a nacionalidade, o nome e as relações familiares, de
tação não acarretará consequências adversas para os
acordo com a lei, sem interferências ilícitas.
solicitantes ou para seus familiares.
2)  Quando uma criança se vir privada ilegalmente de
2)  A criança cujos pais residam em Estados diferentes
algum ou de todos os elementos que configuram sua
terá o direito de manter, periodicamente, relações
identidade, os Estados-Partes deverão prestar assis-
pessoais e contato direto com ambos, exceto em cir-
tência e proteção adequadas com vistas a restabelecer
cunstâncias especiais. Para tanto, e de acordo com a
rapidamente sua identidade.
obrigação assumida pelos Estados-Partes em virtude do
Artigo 9º parágrafo 2 do artigo 9º, os Estados-Partes respeitarão o
1)  Os Estados-Partes deverão zelar para que a criança direito da criança e de seus pais de sair de qualquer país,
não seja separada dos pais contra a vontade dos inclusive do próprio, e de ingressar no seu próprio país.
mesmos, exceto quando, sujeita à revisão judicial, as O direito de sair de qualquer país estará sujeito, apenas,
autoridades competentes determinarem, em confor- às restrições determinadas pela lei que sejam necessá-
midade com a lei e os procedimentos legais cabíveis, rias para proteger a segurança nacional, a ordem pública,
que tal separação é necessária ao interesse maior da a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades
criança. Tal determinação pode ser necessária em casos de outras pessoas e que estejam acordes com os demais
específicos, por exemplo, nos casos em que a criança direitos reconhecidos pela presente convenção.
sofre maus-tratos ou descuido por parte de seus pais Artigo 11.
ou quando estes vivem separados e uma decisão deve
1)  Os Estados-Partes adotarão medidas a fim de lutar
ser tomada a respeito do local da residência da criança.
contra a transferência ilegal de crianças para o exterior
2)  Caso seja adotado qualquer procedimento em con- e a retenção ilícita das mesmas fora do país.
formidade com o estipulado no parágrafo 1 do presente
2)  Para tanto, os Estados-Partes promoverão a con-
artigo, todas as partes interessadas terão a oportuni-
clusão de acordos bilaterais ou multilaterais ou a adesão
dade de participar e de manifestar suas opiniões.
a acordos já existentes.
3)  Os Estados-Partes respeitarão o direito da criança
Artigo 12.
que esteja separada de um ou de ambos os pais de
manter regularmente relações pessoais e contato direto 1)  Os Estados-Partes assegurarão à criança que estiver
com ambos, a menos que isso seja contrário ao interesse capacitada a formular seus próprios juízos o direito de
maior da criança. expressar suas opiniões livremente sobre todos os
assuntos relacionados com a criança, levando-se devi-
4)  Quando essa separação ocorrer em virtude de
damente em consideração essas opiniões, em função da
uma medida adotada por um Estado-Parte, tal como
idade e maturidade da criança.

59
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

2)  Com tal propósito, proporcionar-se-á à criança, em 2)  A criança tem direito à proteção da lei contra essas
particular, a oportunidade de ser ouvida em todo pro- interferências ou atentados.
cesso judicial ou administrativo que afete a mesma, quer
Artigo 17.
diretamente quer por intermédio de um representante
ou órgão apropriado, em conformidade com as regras Os Estados-Partes reconhecem a função importante de-
processuais da legislação nacional. sempenhada pelos meios de comunicação e zelarão para
que a criança tenha acesso a informações e materiais
Artigo 13. procedentes de diversas fontes nacionais e internacio-
1)  A criança terá direito à liberdade de expressão. Esse nais, especialmente informações e materiais que visem
direito incluirá a liberdade de procurar, receber e di- a promover seu bem-estar social, espiritual e moral e
vulgar informações e ideias de todo tipo, independente- sua saúde física e mental. Para tanto, os Estados-Partes:
mente de fronteiras, de forma oral, escrita ou impressa, a) incentivarão os meios de comunicação a difundir
por meio das artes ou por qualquer outro meio escolhido informações e materiais de interesse social e cul-
pela criança. tural para a criança, de acordo com o espírito do
2)  O exercício de tal direito poderá estar sujeito a deter- artigo 29;
minadas restrições, que serão unicamente as previstas b) promoverão a cooperação internacional na pro-
pela lei e consideradas necessárias: dução, no intercâmbio e na divulgação dessas in-
a) para o respeito dos direitos ou da reputação dos formações e desses materiais procedentes de di-
demais; ou versas fontes culturais, nacionais e internacionais;
b) para a proteção da segurança nacional ou da c) incentivarão a produção e difusão de livros para
ordem pública, ou para proteger a saúde e a moral crianças;
públicas. d) incentivarão os meios de comunicação no sentido
Artigo 14. de, particularmente, considerar as necessidades
linguísticas da criança que pertença a um grupo
1)  Os Estados-Partes respeitarão o direito da criança à
minoritário ou que seja indígena;
liberdade de pensamento, de consciência e de crença.
e) promoverão a elaboração de diretrizes apro-
2)  Os Estados-Partes respeitarão os direitos e deveres
priadas a fim de proteger a criança contra toda in-
dos pais e, se for o caso, dos representantes legais, de
formação e material prejudiciais ao seu bem-estar,
orientar a criança com relação ao exercício de seus direitos
tendo em conta as disposições dos artigos 13 e 18.
de maneira acorde com a evolução de sua capacidade.
3)  A liberdade de professar a própria religião ou as pró- Artigo 18.
prias crenças estará sujeita, unicamente, às limitações 1)  Os Estados-Partes envidarão os seus melhores es-
prescritas pela lei e necessárias para proteger a segu- forços a fim de assegurar o reconhecimento do prin-
rança, a ordem, a moral, a saúde pública ou os direitos cípio de que ambos os pais têm obrigações comuns com
e liberdades fundamentais dos demais. relação à educação e ao desenvolvimento da criança.
Caberá aos pais ou, quando for o caso, aos represen-
Artigo 15.
tantes legais, a responsabilidade primordial pela edu-
1)  Os Estados-Partes reconhecem os direitos da criança cação e pelo desenvolvimento da criança. Sua preocu-
à liberdade de associação e à liberdade de realizar re- pação fundamental visará ao interesse maior da criança.
uniões pacíficas.
2)  A fim de garantir e promover os direitos enunciados
2)  Não serão impostas restrições ao exercício desses di- na presente convenção, os Estados-Partes prestarão
reitos, a não ser as estabelecidas em conformidade com assistência adequada aos pais e aos representantes
a lei e que sejam necessárias numa sociedade democrá- legais para o desempenho de suas funções no que
tica, no interesse da segurança nacional ou pública, da tange à educação da criança e assegurarão a criação
ordem pública, da proteção à saúde e à moral públicas de instituições, instalações e serviços para o cuidado
ou da proteção aos direitos e liberdades dos demais. das crianças.
Artigo 16. 3)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
1)  Nenhuma criança será objeto de interferências arbi- priadas a fim de que as crianças cujos pais trabalhem
trárias ou ilegais em sua vida particular, sua família, seu tenham direito a beneficiar-se dos serviços de assis-
domicílio ou sua correspondência, nem de atentados tência social e creches a que fazem jus.
ilegais a sua honra e a sua reputação.

60
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Artigo 19. adoção, com base no assessoramento que possa


1)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas le- ser necessário;
gislativas, administrativas, sociais e educacionais b) a adoção efetuada em outro país possa ser con-
apropriadas para proteger a criança contra todas as siderada como outro meio de cuidar da criança,
formas de violência física ou mental, abuso ou trata- no caso em que a mesma não possa ser colocada
mento negligente, maus-tratos ou exploração, inclusive em um lar de adoção ou entregue a uma família
abuso sexual, enquanto a criança estiver sob a custódia adotiva ou não logre atendimento adequado em
dos pais, do representante legal ou de qualquer outra seu país de origem;
pessoa responsável por ela. c) a criança adotada em outro país goze de salva-
2)  Essas medidas de proteção deverão incluir, conforme guardas e normas equivalentes às existentes em
apropriado, procedimentos eficazes para a elaboração seu país de origem com relação à adoção;
de programas sociais capazes de proporcionar uma d) todas as medidas apropriadas sejam adotadas, a
assistência adequada à criança e às pessoas encarre- fim de garantir que, em caso de adoção em outro
gadas de seu cuidado, bem como para outras formas país, a colocação não permita benefícios finan-
de prevenção, para a identificação, notificação, trans- ceiros indevidos aos que dela participarem;
ferência a uma instituição, investigação, tratamento e
e) quando necessário, promover os objetivos do pre-
acompanhamento posterior dos casos acima mencio-
sente artigo mediante ajustes ou acordos bilaterais
nados de maus-tratos à criança e, conforme o caso, para
ou multilaterais, e envidarão esforços, nesse con-
a intervenção judiciária.
texto, com vistas a assegurar que a colocação da
Artigo 20. criança em outro país seja levada a cabo por inter-
1)  As crianças privadas temporária ou permanente- médio das autoridades ou organismos competentes.
mente do seu meio familiar, ou cujo interesse maior Artigo 22.
exija que não permaneçam nesse meio, terão direito à
1)  Os Estados-Partes adotarão medidas pertinentes para
proteção e assistência especiais do Estado.
assegurar que a criança que tente obter a condição de
2)  Os Estados-Partes garantirão, de acordo com suas refugiada, ou que seja considerada como refugiada de
leis nacionais, cuidados alternativos para essas crianças. acordo com o direito e os procedimentos internacionais
3)  Esses cuidados poderão incluir, inter alia, a colo- ou internos aplicáveis, receba, tanto no caso de estar so-
cação em lares de adoção, a kafalah do direito islâ- zinha como acompanhada por seus pais ou por qualquer
mico, a adoção ou, caso necessário, a colocação em outra pessoa, a proteção e a assistência humanitária
instituições adequadas de proteção para as crianças. adequadas a fim de que possa usufruir dos direitos enun-
Ao serem consideradas as soluções, deve-se dar especial ciados na presente convenção e em outros instrumentos
atenção à origem étnica, religiosa, cultural e linguística internacionais de direitos humanos ou de caráter huma-
da criança, bem como à conveniência da continuidade nitário dos quais os citados Estados sejam parte.
de sua educação. 2)  Para tanto, os Estados-Partes cooperarão, da maneira
Artigo 21. como julgarem apropriada, com todos os esforços das
Nações Unidas e demais organizações intergovernamen-
Os Estados-Partes que reconhecem ou permitem o sis-
tais competentes, ou organizações não governamentais
tema de adoção atentarão para o fato de que a conside-
que cooperem com as Nações Unidas, no sentido de
ração primordial seja o interesse maior da criança. Dessa
proteger e ajudar a criança refugiada, e de localizar seus
forma, atentarão para que:
pais ou outros membros de sua família a fim de obter
a) a adoção da criança seja autorizada apenas pelas informações necessárias que permitam sua reunião com
autoridades competentes, as quais determinarão, a família. Quando não for possível localizar nenhum dos
consoante as leis e os procedimentos cabíveis e pais ou membros da família, será concedida à criança a
com base em todas as informações pertinentes mesma proteção outorgada a qualquer outra criança pri-
e fidedignas, que a adoção é admissível em vista vada permanente ou temporariamente de seu ambiente
da situação jurídica da criança com relação a seus familiar, seja qual for o motivo, conforme o estabelecido
pais, parentes e representantes legais e que, caso na presente convenção.
solicitado, as pessoas interessadas tenham dado,
com conhecimento de causa, seu consentimento à

61
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Artigo 23. b) assegurar a prestação de assistência médica e cui-


1)  Os Estados-Partes reconhecem que a criança porta- dados sanitários necessários a todas as crianças,
dora de deficiências físicas ou mentais deverá desfrutar dando ênfase aos cuidados básicos de saúde;
de uma vida plena e decente em condições que garantam c) combater as doenças e a desnutrição dentro do
sua dignidade, favoreçam sua autonomia e facilitem sua contexto dos cuidados básicos de saúde mediante,
participação ativa na comunidade. inter alia, a aplicação de tecnologia disponível e
2)  Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança o fornecimento de alimentos nutritivos e de água
deficiente de receber cuidados especiais e, de acordo potável, tendo em vista os perigos e riscos da po-
com os recursos disponíveis e sempre que a criança ou luição ambiental;
seus responsáveis reúnam as condições requeridas, d) assegurar às mães adequada assistência pré-natal
estimularão e assegurarão a prestação da assistência e pós-natal;
solicitada, que seja adequada ao estado da criança e e) assegurar que todos os setores da sociedade, e em
às circunstâncias de seus pais ou das pessoas encarre- especial os pais e as crianças, conheçam os princí-
gadas de seus cuidados. pios básicos de saúde e nutrição das crianças, as
3)  Atendendo às necessidades especiais da criança de- vantagens da amamentação, da higiene e do sa-
ficiente, a assistência prestada, conforme disposto no neamento ambiental e das medidas de prevenção
parágrafo 2 do presente artigo, será gratuita sempre que de acidentes, e tenham acesso à educação perti-
possível, levando-se em consideração a situação econô- nente e recebam apoio para a aplicação desses
mica dos pais ou das pessoas que cuidem da criança, e conhecimentos;
visará a assegurar à criança deficiente o acesso efetivo f) desenvolver a assistência médica preventiva, a
à educação, à capacitação, aos serviços de saúde, aos orientação aos pais e a educação e serviços de
serviços de reabilitação, à preparação para o emprego planejamento familiar.
e às oportunidades de lazer, de maneira que a criança
3)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas efi-
atinja a mais completa integração social possível e o
cazes e adequadas para abolir práticas tradicionais que
maior desenvolvimento individual factível, inclusive seu
sejam prejudicais à saúde da criança.
desenvolvimento cultural e espiritual.
4)  Os Estados-Partes se comprometem a promover e in-
4)  Os Estados-Partes promoverão, com espírito de coo-
centivar a cooperação internacional com vistas a lograr,
peração internacional, um intercâmbio adequado de
progressivamente, a plena efetivação do direito reconhe-
informações nos campos da assistência médica pre-
cido no presente artigo. Nesse sentido, será dada atenção
ventiva e do tratamento médico, psicológico e funcional
especial às necessidades dos países em desenvolvimento.
das crianças deficientes, inclusive a divulgação de infor-
mações a respeito dos métodos de reabilitação e dos Artigo 25.
serviços de ensino e formação profissional, bem como Os Estados-Partes reconhecem o direito de uma criança
o acesso a essa informação, a fim de que os Estados- que tenha sido internada em um estabelecimento pelas
-Partes possam aprimorar sua capacidade e seus co- autoridades competentes para fins de atendimento, pro-
nhecimentos e ampliar sua experiência nesses campos. teção ou tratamento de saúde física ou mental a um
Nesse sentido, serão levadas especialmente em conta as exame periódico de avaliação do tratamento ao qual
necessidades dos países em desenvolvimento. está sendo submetida e de todos os demais aspectos
Artigo 24. relativos à sua internação.

1)  Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança de Artigo 26.


gozar do melhor padrão possível de saúde e dos serviços 1)  Os Estados-Partes reconhecerão a todas as crianças
destinados ao tratamento das doenças e à recuperação o direito de usufruir da previdência social, inclusive do
da saúde. Os Estados-Partes envidarão esforços no sen- seguro social, e adotarão as medidas necessárias para
tido de assegurar que nenhuma criança se veja privada lograr a plena consecução desse direito, em conformi-
de seu direito de usufruir desses serviços sanitários. dade com sua legislação nacional.
2)  Os Estados-Partes garantirão a plena aplicação desse 2)  Os benefícios deverão ser concedidos, quando per-
direito e, em especial, adotarão as medidas apropriadas tinentes, levando-se em consideração os recursos e a
com vistas a: situação da criança e das pessoas responsáveis pelo
a) reduzir a mortalidade infantil; seu sustento, bem como qualquer outra consideração

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

cabível no caso de uma solicitação de benefícios feita 2)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas ne-
pela criança ou em seu nome. cessárias para assegurar que a disciplina escolar seja mi-
nistrada de maneira compatível com a dignidade humana
Artigo 27.
da criança e em conformidade com a presente convenção.
1)  Os Estados-Partes reconhecem o direito de toda
3)  Os Estados-Partes promoverão e estimularão a coope-
criança a um nível de vida adequado ao seu desenvolvi-
ração internacional em questões relativas à educação, es-
mento físico, mental, espiritual, moral e social.
pecialmente visando a contribuir para a eliminação da ig-
2)  Cabe aos pais, ou a outras pessoas encarregadas, a norância e do analfabetismo no mundo e facilitar o acesso
responsabilidade primordial de propiciar, de acordo com aos conhecimentos científicos e técnicos e aos métodos
suas possibilidades e meios financeiros, as condições de modernos de ensino. A esse respeito, será dada atenção
vida necessárias ao desenvolvimento da criança. especial às necessidades dos países em desenvolvimento.
3)  Os Estados-Partes, de acordo com as condições nacio-
Artigo 29.
nais e dentro de suas possibilidades, adotarão medidas
apropriadas a fim de ajudar os pais e outras pessoas 1)  Os Estados-Partes reconhecem que a educação da
responsáveis pela criança a tornar efetivo esse direito e, criança deverá estar orientada no sentido de:
caso necessário, proporcionarão assistência material e a) desenvolver a personalidade, as aptidões e a ca-
programas de apoio, especialmente no que diz respeito pacidade mental e física da criança em todo o seu
à nutrição, ao vestuário e à habitação. potencial;
4)  Os Estados-Partes tomarão todas as medidas ade- b) imbuir na criança o respeito aos direitos humanos
quadas para assegurar o pagamento da pensão alimen- e às liberdades fundamentais, bem como aos prin-
tícia por parte dos pais ou de outras pessoas financei- cípios consagrados na Carta das Nações Unidas;
ramente responsáveis pela criança, quer residam no c) imbuir na criança o respeito aos seus pais, à sua
Estado-Parte quer no exterior. Nesse sentido, quando própria identidade cultural, ao seu idioma e seus
a pessoa que detém a responsabilidade financeira pela valores, aos valores nacionais do país em que
criança residir em Estado diferente daquele onde mora reside, aos do eventual país de origem, e aos das
a criança, os Estados-Partes promoverão a adesão a civilizações diferentes da sua;
acordos internacionais ou a conclusão de tais acordos,
d) preparar a criança para assumir uma vida respon-
bem como a adoção de outras medidas apropriadas.
sável numa sociedade livre, com espírito de com-
Artigo 28. preensão, paz, tolerância, igualdade de sexos e
1)  Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança amizade entre todos os povos, grupos étnicos, na-
à educação e, a fim de que ela possa exercer progressi- cionais e religiosos e pessoas de origem indígena;
vamente e em igualdade de condições esse direito, e) imbuir na criança o respeito ao meio ambiente.
deverão especialmente:
2)  Nada do disposto no presente artigo ou no artigo 28
a) tornar o ensino primário obrigatório e disponível será interpretado de modo a restringir a liberdade dos
gratuitamente para todos; indivíduos ou das entidades de criar e dirigir instituições
b) estimular o desenvolvimento do ensino secundário de ensino, desde que sejam respeitados os princípios
em suas diferentes formas, inclusive o ensino geral e enunciados no parágrafo 1 do presente artigo e que a
profissionalizante, tornando-o disponível e acessível educação ministrada em tais instituições esteja acorde
a todas as crianças, e adotar medidas apropriadas tais com os padrões mínimos estabelecidos pelo Estado.
como a implantação do ensino gratuito e a concessão Artigo 30.
de assistência financeira em caso de necessidade;
Nos Estados-Partes onde existam minorias étnicas, re-
c) tornar o ensino superior acessível a todos com base ligiosas ou linguísticas, ou pessoas de origem indígena,
na capacidade e por todos os meios adequados; não será negado a uma criança que pertença a tais mi-
d) tornar a informação e a orientação educacionais norias ou que seja indígena o direito de, em comunidade
e profissionais disponíveis e accessíveis a todas com os demais membros de seu grupo, ter sua própria
as crianças; cultura, professar e praticar sua própria religião ou uti-
e) adotar medidas para estimular a frequência re- lizar seu próprio idioma.
gular às escolas e a redução do índice de evasão
escolar.

63
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Artigo 31. c) a exploração da criança em espetáculos ou mate-


1)  Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança riais pornográficos.
ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades Artigo 35.
recreativas próprias da idade, bem como à livre partici- Os Estados-Partes tomarão todas as medidas de caráter
pação na vida cultural e artística. nacional, bilateral e multilateral que sejam necessá-
2)  Os Estados-Partes respeitarão e promoverão o direito rias para impedir o sequestro, a venda ou o tráfico de
da criança de participar plenamente da vida cultural e crianças para qualquer fim ou sob qualquer forma.
artística e encorajarão a criação de oportunidades ade-
Artigo 36.
quadas, em condições de igualdade, para que participem
da vida cultural, artística, recreativa e de lazer. Os Estados-Partes protegerão a criança contra todas
as demais formas de exploração que sejam prejudiciais
Artigo 32. para qualquer aspecto de seu bem-estar.
1)  Os Estados-Partes reconhecem o direito da criança
Artigo 37.
de estar protegida contra a exploração econômica e
contra o desempenho de qualquer trabalho que possa Os Estados-Partes zelarão para que:
ser perigoso ou interferir em sua educação, ou que seja a) nenhuma criança seja submetida a tortura nem a
nocivo para sua saúde ou para seu desenvolvimento outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos
físico, mental, espiritual, moral ou social. ou degradantes. Não será imposta a pena de
2)  Os Estados-Partes adotarão medidas legislativas, ad- morte nem a prisão perpétua sem possibilidade
ministrativas, sociais e educacionais com vistas a asse- de livramento por delitos cometidos por menores
gurar a aplicação do presente artigo. Com tal propósito, de dezoito anos de idade;
e levando em consideração as disposições pertinentes b) nenhuma criança seja privada de sua liberdade
de outros instrumentos internacionais, os Estados- de forma ilegal ou arbitrária. A detenção, a re-
-Partes, deverão, em particular: clusão ou a prisão de uma criança será efetuada
a) estabelecer uma idade ou idades mínimas para a em conformidade com a lei e apenas como último
admissão em empregos; recurso, e durante o mais breve período de tempo
que for apropriado;
b) estabelecer regulamentação apropriada relativa
a horários e condições de emprego; c) toda criança privada da liberdade seja tratada
com a humanidade e o respeito que merece a dig-
c) estabelecer penalidades ou outras sanções apro-
nidade inerente à pessoa humana, e levando-se
priadas a fim de assegurar o cumprimento efetivo
em consideração as necessidades de uma pessoa
do presente artigo.
de sua idade. Em especial, toda criança privada
Artigo 33. de sua liberdade ficará separada dos adultos, a
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro- não ser que tal fato seja considerado contrário
priadas, inclusive medidas legislativas, administrativas, aos melhores interesses da criança, e terá direito
sociais e educacionais, para proteger a criança contra o a manter contato com sua família por meio de
uso ilícito de drogas e substâncias psicotrópicas des- correspondência ou de visitas, salvo em circuns-
critas nos tratados internacionais pertinentes e para tâncias excepcionais;
impedir que crianças sejam utilizadas na produção e no d) toda criança privada de sua liberdade tenha direito
tráfico ilícito dessas substâncias. a rápido acesso a assistência jurídica e a qualquer
Artigo 34. outra assistência adequada, bem como direito a
impugnar a legalidade da privação de sua liber-
Os Estados-Partes se comprometem a proteger a criança
dade perante um tribunal ou outra autoridade
contra todas as formas de exploração e abuso sexual.
competente, independente e imparcial e a uma
Nesse sentido, os Estados-Partes tomarão, em especial,
rápida decisão a respeito de tal ação.
todas as medidas de caráter nacional, bilateral e multi-
lateral que sejam necessárias para impedir: Artigo 38.

a) o incentivo ou a coação para que uma criança se 1)  Os Estados-Partes se comprometem a respeitar e a
dedique a qualquer atividade sexual ilegal; fazer com que sejam respeitadas as normas do direito
humanitário internacional aplicáveis em casos de con-
b) a exploração da criança na prostituição ou outras
flito armado no que digam respeito às crianças.
práticas sexuais ilegais;

64
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

2)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas possí- i. ser considerada inocente enquanto não for
veis a fim de assegurar que todas as pessoas que ainda comprovada sua culpabilidade conforme a lei;
não tenham completado quinze anos de idade não par- ii. ser informada sem demora e diretamente ou,
ticipem diretamente de hostilidades. quando for o caso, por intermédio de seus pais
3)  Os Estados-Partes abster-se-ão de recrutar pessoas ou de seus representantes legais, das acusa-
que não tenham completado quinze anos de idade para ções que pesam contra ela, e dispor de assis-
servir em suas forças armadas. Caso recrutem pessoas tência jurídica ou outro tipo de assistência
que tenham completado quinze anos mas que tenham apropriada para a preparação e apresentação
menos de dezoito anos, deverão procurar dar prioridade de sua defesa;
aos de mais idade. iii. ter a causa decidida sem demora por autori-
4)  Em conformidade com suas obrigações de acordo dade ou órgão judicial competente, indepen-
com o direito humanitário internacional para proteção dente e imparcial, em audiência justa con-
da população civil durante os conflitos armados, os forme a lei, com assistência jurídica ou outra
Estados-Partes adotarão todas as medidas necessárias assistência e, a não ser que seja considerado
a fim de assegurar a proteção e o cuidado das crianças contrário aos melhores interesses da criança,
afetadas por um conflito armado. levando em consideração especialmente sua
idade ou situação e a de seus pais ou repre-
Artigo 39.
sentantes legais;
Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
iv. não ser obrigada a testemunhar ou a se de-
priadas para estimular a recuperação física e psicológica
clarar culpada, e poder interrogar ou fazer
e a reintegração social de toda criança vítima de qual-
com que sejam interrogadas as testemunhas
quer forma de abandono, exploração ou abuso; tortura
de acusação bem como poder obter a partici-
ou outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou
pação e o interrogatório de testemunhas em
degradantes; ou conflitos armados. Essa recuperação e
sua defesa, em igualdade de condições;
reintegração serão efetuadas em ambiente que estimule
a saúde, o respeito próprio e a dignidade da criança. v. se for decidido que infringiu as leis penais, ter
essa decisão e qualquer medida imposta em
Artigo 40.
decorrência da mesma submetidas a revisão
1)  Os Estados-Partes reconhecem o direito de toda por autoridade ou órgão judicial superior com-
criança a quem se alegue ter infringido as leis penais petente, independente e imparcial, de acordo
ou a quem se acuse ou declare culpada de ter infrin- com a lei;
gido as leis penais de ser tratada de modo a promover
vi. contar com a assistência gratuita de um intér-
e estimular seu sentido de dignidade e de valor e a for-
prete caso a criança não compreenda ou fale
talecer o respeito da criança pelos direitos humanos e
o idioma utilizado;
pelas liberdades fundamentais de terceiros, levando em
consideração a idade da criança e a importância de se vii. ter plenamente respeitada sua vida privada
estimular sua reintegração e seu desempenho constru- durante todas as fases do processo.
tivo na sociedade. 3)  Os Estados-Partes buscarão promover o estabele-
2)  Nesse sentido, e de acordo com as disposições per- cimento de leis, procedimentos, autoridades e institui-
tinentes dos instrumentos internacionais, os Estados- ções específicas para as crianças de quem se alegue ter
-Partes assegurarão, em particular: infringido as leis penais ou que sejam acusadas ou de-
claradas culpadas de tê-las infringido, e em particular:
a) que não se alegue que nenhuma criança tenha
infringido as leis penais, nem se acuse ou declare a) o estabelecimento de uma idade mínima antes da
culpada nenhuma criança de ter infringido essas qual se presumirá que a criança não tem capaci-
leis, por atos ou omissões que não eram proibidos dade para infringir as leis penais;
pela legislação nacional ou pelo direito interna- b) a adoção sempre que conveniente e desejável, de
cional no momento em que foram cometidos; medidas para tratar dessas crianças sem recorrer
b) que toda criança de quem se alegue ter infringido a procedimentos judiciais, contando que sejam
as leis penais ou a quem se acuse de ter infrin- respeitados plenamente os direitos humanos e
gido essas leis goze, pelo menos, das seguintes as garantias legais.
garantias:

65
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

4)  Diversas medidas, tais como ordens de guarda, orien- Estados-Partes que os designaram, e submeterá a mesma
tação e supervisão, aconselhamento, liberdade vigiada, aos Estados-Partes presentes à convenção.
colocação em lares de adoção, programas de educação 5)  As eleições serão realizadas em reuniões dos Estados-
e formação profissional, bem como outras alternativas -Partes convocadas pelo secretário-geral na sede das
à internação em instituições, deverão estar disponíveis Nações Unidas. Nessas reuniões, para as quais o quórum
para garantir que as crianças sejam tratadas de modo será de dois terços dos Estados-Partes, os candidatos
apropriado ao seu bem-estar e de forma proporcional eleitos para o comitê serão aqueles que obtiverem o
às circunstâncias e ao tipo do delito. maior número de votos e a maioria absoluta de votos dos
Artigo 41. representantes dos Estados-Partes presentes e votantes.
Nada do estipulado na presente Convenção afetará dis- 6)  Os membros do comitê serão eleitos para um man-
posições que sejam mais convenientes para a realização dato de quatro anos. Poderão ser reeleitos caso sejam
dos direitos da criança e que podem constar: apresentadas novamente suas candidaturas. O mandato
de cinco dos membros eleitos na primeira eleição expi-
a) das leis de um Estado-Parte;
rará ao término de dois anos; imediatamente após ter
b) das normas de direito internacional vigentes para sido realizada a primeira eleição, o presidente da reu-
esse Estado. nião na qual a mesma se efetuou escolherá por sorteio
PARTE II os nomes desses cinco membros.

Artigo 42. 7)  Caso um membro do comitê venha a falecer ou re-


nuncie ou declare que por qualquer outro motivo não
Os Estados-Partes se comprometem a dar aos adultos
poderá continuar desempenhando suas funções, o
e às crianças amplo conhecimento dos princípios e dis-
Estado-Parte que indicou esse membro designará outro
posições da convenção, mediante a utilização de meios
especialista, dentre seus cidadãos, para que exerça o
apropriados e eficazes.
mandato até seu término, sujeito à aprovação do comitê.
Artigo 43. 8)  O comitê estabelecerá suas próprias regras de
1)  A fim de examinar os progressos realizados no cum- procedimento.
primento das obrigações contraídas pelos Estados-
9)  O comitê elegerá a Mesa para um período de dois
-Partes na presente convenção, deverá ser estabelecido
anos.
um comitê para os Direitos da Criança que desempe-
nhará as funções a seguir determinadas. 10)  As reuniões do comitê serão celebradas normal-
mente na sede das Nações Unidas ou em qualquer outro
2)  O comitê estará integrado por dez especialistas
lugar que o comitê julgar conveniente. O comitê se reu-
de reconhecida integridade moral e competência nas
nirá normalmente todos os anos. A duração das reuniões
áreas cobertas pela presente convenção. Os membros
do comitê será determinada e revista, se for o caso, em
do comitê serão eleitos pelos Estados-Partes dentre
uma reunião dos Estados-Partes da presente convenção,
seus nacionais e exercerão suas funções a título pessoal,
sujeita à aprovação da Assembleia Geral.
tomando-se em devida conta a distribuição geográfica
equitativa bem como os principais sistemas jurídicos. 11)  O secretário-geral das Nações Unidas fornecerá o
pessoal e os serviços necessários para o desempenho
3)  Os membros do comitê serão escolhidos, em votação
eficaz das funções do comitê de acordo com a presente
secreta, de uma lista de pessoas indicadas pelos Es-
convenção.
tados-Partes. Cada Estado-Parte poderá indicar uma
pessoa dentre os cidadãos de seu país. 12)  Com prévia aprovação da Assembleia Geral, os mem-
bros do comitê estabelecido de acordo com a presente
4)  A eleição inicial para o comitê será realizada, no mais
convenção receberão emolumentos provenientes dos
tardar, seis meses após a entrada em vigor da presente
recursos das Nações Unidas, segundo os termos e con-
convenção e, posteriormente, a cada dois anos. No mínimo
dições determinados pela Assembleia.
quatro meses antes da data marcada para cada eleição,
o secretário-geral das Nações Unidas enviará uma carta Artigo 44.
aos Estados-Partes convidando-os a apresentar suas can- 1)  Os Estados-Partes se comprometem a apresentar ao
didaturas num prazo de dois meses. O secretário-geral comitê, por intermédio do secretário-geral das Nações
elaborará posteriormente uma lista da qual farão parte, Unidas, relatórios sobre as medidas que tenham adotado
em ordem alfabética, todos os candidatos indicados e os com vistas a tornar efetivos os direitos reconhecidos na

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

convenção e sobre os progressos alcançados no desem- b) conforme julgar conveniente, o comitê transmitirá
penho desses direitos: às agências especializadas, ao Fundo das Nações
a) num prazo de dois anos a partir da data em que Unidas para a Infância e a outros órgãos compe-
entrou em vigor para cada Estado-Parte a pre- tentes quaisquer relatórios dos Estados-Partes
sente convenção; que contenham um pedido de assessoramento
ou de assistência técnica, ou nos quais se indique
b) a partir de então, a cada cinco anos.
essa necessidade, juntamente com as observa-
2)  Os relatórios preparados em função do presente ções e sugestões do comitê, se as houver, sobre
artigo deverão indicar as circunstâncias e as dificul- esses pedidos ou indicações;
dades, caso existam, que afetam o grau de cumprimento
c) o comitê poderá recomendar à Assembleia Geral
das obrigações derivadas da presente convenção. De-
que solicite ao secretário-geral que efetue, em seu
verão, também, conter informações suficientes para que
nome, estudos sobre questões concretas relativas
o comitê compreenda, com exatidão, a implementação
aos direitos da criança;
da convenção no país em questão.
d) o comitê poderá formular sugestões e recomenda-
3)  Um Estado-Parte que tenha apresentado um relatório
ções gerais com base nas informações recebidas
inicial ao comitê não precisará repetir, nos relatórios
nos termos dos artigos 44 e 45 da presente con-
posteriores a serem apresentados conforme o estipu-
venção. Essas sugestões e recomendações gerais
lado no subitem b do parágrafo 1 do presente artigo, a
deverão ser transmitidas aos Estados-Partes e
informação básica fornecida anteriormente.
encaminhadas à Assembleia Geral, juntamente
4)  O comitê poderá solicitar aos Estados-Partes maiores com os comentários eventualmente apresentados
informações sobre a implementação da convenção. pelos Estados-Partes.
5)  A cada dois anos, o comitê submeterá relatórios sobre
PARTE III
suas atividades à Assembleia Geral das Nações Unidas,
por intermédio do Conselho Econômico e Social. Artigo 46.

6)  Os Estados-Partes tornarão seus relatórios am- A presente convenção está aberta à assinatura de todos
plamente disponíveis ao público em seus respectivos os Estados.
países. Artigo 47.
Artigo 45. A presente convenção está sujeita a ratificação. Os ins-
A fim de incentivar a efetiva implementação da con- trumentos de ratificação serão depositados junto ao
venção e estimular a cooperação internacional nas es- secretário-geral das Nações Unidas.
feras regulamentadas pela convenção: Artigo 48.
a) os organismos especializados, o Fundo das Nações A presente convenção permanecerá aberta à adesão de
Unidas para a Infância e outros órgãos das Nações qualquer Estado. Os instrumentos de adesão serão de-
Unidas terão o direito de estar representados positados junto ao secretário-geral das Nações Unidas.
quando for analisada a implementação das dis-
Artigo 49.
posições da presente convenção que estejam
compreendidas no âmbito de seus mandatos. O 1)  A presente convenção entrará em vigor no trigésimo
comitê poderá convidar as agências especiali- dia após a data em que tenha sido depositado o vigé-
zadas, o Fundo das Nações Unidas para a Infância simo instrumento de ratificação ou de adesão junto ao
e outros órgãos competentes que considere apro- secretário-geral das Nações Unidas.
priados a fornecer assessoramento especializado 2)  Para cada Estado que venha a ratificar a convenção
sobre a implementação da convenção em matérias ou a aderir a ela após ter sido depositado o vigésimo
correspondentes a seus respectivos mandatos. instrumento de ratificação ou de adesão, a convenção
O comitê poderá convidar as agências especiali- entrará em vigor no trigésimo dia após o depósito, por
zadas, o Fundo das Nações Unidas para Infância e parte do Estado, de seu instrumento de ratificação ou
outros órgãos das Nações Unidas a apresentarem de adesão.
relatórios sobre a implementação das disposições
Artigo 50.
da presente convenção compreendidas no âmbito
de suas atividades; 1)  Qualquer Estado-Parte poderá propor uma emenda
e registrá-la com o secretário-geral das Nações Unidas.
O secretário-geral comunicará a emenda proposta aos

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Estados-Partes, com a solicitação de que estes o noti- Em fé do que, os plenipotenciários abaixo assinados,
fiquem caso apoiem a convocação de uma conferência devidamente autorizados por seus respectivos governos,
de Estados-Partes com o propósito de analisar as pro- assinaram a presente convenção.
postas e submetê-las à votação. Se, num prazo de quatro
meses a partir da data dessa notificação, pelo menos CONVENÇÃO RELATIVA À PROTEÇÃO
um terço dos Estados-Partes se declarar favorável a tal DAS CRIANÇAS E À COOPERAÇÃO EM
conferência, o secretário-geral convocará conferência,
MATÉRIA DE ADOÇÃO INTERNACIONAL139
sob os auspícios das Nações Unidas. Qualquer emenda
adotada pela maioria de Estados-Partes presentes e Os Estados signatários da presente convenção,
votantes na conferência será submetida pelo secretá- Reconhecendo que, para o desenvolvimento harmo-
rio-geral à Assembleia Geral para sua aprovação. nioso de sua personalidade, a criança deve crescer
em meio familiar, em clima de felicidade, de amor e de
2)  Uma emenda adotada em conformidade com o pa-
compreensão;
rágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor quando
aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e Recordando que cada país deveria tomar, com caráter
aceita por uma maioria de dois terços de Estados-Partes. prioritário, medidas adequadas para permitir a manu-
tenção da criança em sua família de origem;
3)  Quando uma emenda entrar em vigor, ela será obri-
Reconhecendo que a adoção internacional pode apre-
gatória para os Estados-Partes que as tenham aceito,
sentar a vantagem de dar uma família permanente à
enquanto os demais Estados-Partes permanecerão obri-
criança para quem não se possa encontrar uma família
gados pelas disposições da presente convenção e pelas
adequada em seu país de origem;
emendas anteriormente aceitas por eles.
Convencidos da necessidade de prever medidas para
Artigo 51. garantir que as adoções internacionais sejam feitas no
1)  O secretário-geral das Nações Unidas receberá e co- interesse superior da criança e com respeito a seus di-
municará a todos os Estados-Partes o texto das reservas reitos fundamentais, assim como para prevenir o se-
feitas pelos Estados no momento da ratificação ou da questro, a venda ou o tráfico de crianças; e
adesão. Desejando estabelecer para esse fim disposições
comuns que levem em consideração os princípios reco-
2)  Não será permitida nenhuma reserva incompatível
nhecidos por instrumentos internacionais, em particular
com o objetivo e o propósito da presente convenção.
a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da
3)  Quaisquer reservas poderão ser retiradas a qualquer Criança, de 20 de novembro de 1989, e pela Declaração
momento mediante uma notificação nesse sentido diri- das Nações Unidas sobre os Princípios Sociais e Jurídicos
gida ao secretário-geral das Nações Unidas, que infor- Aplicáveis à Proteção e ao Bem-estar das Crianças, com
mará a todos os Estados. Essa notificação entrará em Especial Referência às Práticas em Matéria de Adoção
vigor a partir da data de recebimento da mesma pelo e de Colocação Familiar nos Planos Nacional e Interna-
secretário-geral. cional (Resolução da Assembleia Geral 41/85, de 3 de
Artigo 52. dezembro de 1986),
Um Estado-Parte poderá denunciar a presente con- Acordam nas seguintes disposições:
venção mediante notificação feita por escrito ao secre- CAPÍTULO I – ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO
tário-geral das Nações Unidas. A denúncia entrará em
Artigo 1º
vigor um ano após a data em que a notificação tenha
sido recebida pelo secretário-geral. A presente convenção tem por objetivo:

Artigo 53. a) estabelecer garantias para que as adoções inter-


nacionais sejam feitas segundo o interesse supe-
Designa-se para depositário da presente convenção o
rior da criança e com respeito aos direitos funda-
secretário-geral das Nações Unidas.
mentais que lhe reconhece o direito internacional;
Artigo 54.
b) instaurar um sistema de cooperação entre os Es-
O original da presente convenção, cujos textos em árabe, tados contratantes que assegure o respeito às
chinês, espanhol, francês, inglês e russo são igualmente mencionadas garantias e, em consequência, pre-
autênticos, será depositado em poder do secretário- vina o sequestro, a venda ou o tráfico de crianças;
-geral das Nações Unidas.
139.  Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 1, de 14-1-1999, e promulgada pelo De-
creto nº 3.087, de 21-6-1999.

68
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

c) assegurar o reconhecimento nos Estados con- iv) que o consentimento da mãe, quando exigido,
tratantes das adoções realizadas segundo a tenha sido manifestado após o nascimento da
convenção. criança; e
Artigo 2º d) tiverem-se assegurado, observada a idade e o grau
de maturidade da criança, de:
1)  A convenção será aplicada quando uma criança com
residência habitual em um Estado contratante (“o Estado i) que tenha sido a mesma convenientemente
de origem”) tiver sido, for, ou deva ser deslocada para orientada e devidamente informada sobre as
outro Estado contratante (“o Estado de acolhida”), quer consequências de seu consentimento à adoção,
após sua adoção no Estado de origem por cônjuges ou quando este for exigido;
por uma pessoa residente habitualmente no Estado de ii) que tenham sido levadas em consideração a
acolhida, quer para que essa adoção seja realizada, no vontade e as opiniões da criança;
Estado de acolhida ou no Estado de origem.
iii) que o consentimento da criança à adoção,
2)  A convenção somente abrange as adoções que esta- quando exigido, tenha sido dado livremente,
beleçam um vínculo de filiação. na forma legal prevista, e que este consenti-
Artigo 3º mento tenha sido manifestado ou constatado
por escrito;
A convenção deixará de ser aplicável se as aprovações
previstas no artigo 17, alínea c, não forem concedidas iv) que o consentimento não tenha sido induzido
antes que a criança atinja a idade de dezoito anos. mediante pagamento ou compensação de qual-
quer espécie.
CAPÍTULO II – REQUISITOS PARA AS
Artigo 5º
ADOÇÕES INTERNACIONAIS
As adoções abrangidas por esta convenção só poderão
Artigo 4º
ocorrer quando as autoridades competentes do Estado
As adoções abrangidas por esta convenção só poderão de acolhida:
ocorrer quando as autoridades competentes do Estado
a) tiverem verificado que os futuros pais adotivos
de origem:
encontram-se habilitados e aptos para adotar;
a) tiverem determinado que a criança é adotável;
b) tiverem-se assegurado de que os futuros pais ado-
b) tiverem verificado, depois de haver examinado tivos foram convenientemente orientados;
adequadamente as possibilidades de colocação
c) tiverem verificado que a criança foi ou será auto-
da criança em seu Estado de origem, que uma
rizada a entrar e a residir permanentemente no
adoção internacional atende ao interesse superior
Estado de acolhida.
da criança;
c) tiverem-se assegurado de: CAPÍTULO III – AUTORIDADES CENTRAIS
E ORGANISMOS CREDENCIADOS
i) que as pessoas, instituições e autoridades
cujo consentimento se requeira para a adoção Artigo 6º
hajam sido convenientemente orientadas e de- 1)  Cada Estado contratante designará uma autoridade
vidamente informadas das consequências de central encarregada de dar cumprimento às obrigações
seu consentimento, em particular em relação impostas pela presente convenção.
à manutenção ou à ruptura, em virtude da
2)  Um Estado federal, um Estado no qual vigoram di-
adoção, dos vínculos jurídicos entre a criança
versos sistemas jurídicos ou um Estado com unidades
e sua família de origem;
territoriais autônomas poderá designar mais de uma
ii) que estas pessoas, instituições e autoridades autoridade central e especificar o âmbito territorial ou
tenham manifestado seu consentimento li- pessoal de suas funções. O Estado que fizer uso dessa
vremente, na forma legal prevista, e que este faculdade designará a autoridade central à qual poderá
consentimento se tenha manifestado ou cons- ser dirigida toda a comunicação para sua transmissão
tatado por escrito; à autoridade central competente dentro desse Estado.
iii) que os consentimentos não tenham sido ob- Artigo 7º
tidos mediante pagamento ou compensação
1)  As autoridades centrais deverão cooperar entre
de qualquer espécie nem tenham sido revo-
si e promover a colaboração entre as autoridades
gados; e

69
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

competentes de seus respectivos Estados a fim de b) ser dirigido e administrado por pessoas quali-
assegurar a proteção das crianças e alcançar os demais ficadas por sua integridade moral e por sua
objetivos da convenção. formação ou experiência para atuar na área de
2)  As autoridades centrais tomarão, diretamente, todas adoção internacional;
as medidas adequadas para: c) estar submetido à supervisão das autoridades com-
a) fornecer informações sobre a legislação de seus petentes do referido Estado, no que tange à sua
Estados em matéria de adoção e outras informa- composição, funcionamento e situação financeira.
ções gerais, tais como estatísticas e formulários Artigo 12.
padronizados;
Um organismo credenciado em um Estado contratante
b) informar-se mutuamente sobre o funcionamento somente poderá atuar em outro Estado contratante se
da convenção e, na medida do possível, remover tiver sido autorizado pelas autoridades competentes de
os obstáculos para sua aplicação. ambos os Estados.
Artigo 8º Artigo 13.
As autoridades centrais tomarão, diretamente ou com A designação das autoridades centrais e, quando for o
a cooperação de autoridades públicas, todas as me- caso, o âmbito de suas funções, assim como os nomes
didas apropriadas para prevenir benefícios materiais e endereços dos organismos credenciados devem ser
induzidos por ocasião de uma adoção e para impedir comunicados por cada Estado contratante ao Bureau
qualquer prática contrária aos objetivos da convenção. Permanente da Conferência da Haia de Direito Interna-
Artigo 9º cional Privado.

As autoridades centrais tomarão todas as medidas apro- CAPÍTULO IV – REQUISITOS PROCESSUAIS


priadas, seja diretamente ou com a cooperação de au- PARA A ADOÇÃO INTERNACIONAL
toridades públicas ou outros organismos devidamente Artigo 14.
credenciados em seu Estado, em especial para:
As pessoas com residência habitual em um Estado
a) reunir, conservar e permutar informações relativas contratante, que desejem adotar uma criança cuja re-
à situação da criança e dos futuros pais adotivos, sidência habitual seja em outro Estado contratante, de-
na medida necessária à realização da adoção; verão dirigir-se à autoridade central do Estado de sua
b) facilitar, acompanhar e acelerar o procedimento residência habitual.
de adoção;
Artigo 15.
c) promover o desenvolvimento de serviços de orien-
1)  Se a autoridade central do Estado de acolhida consi-
tação em matéria de adoção e de acompanhamento
derar que os solicitantes estão habilitados e aptos para
das adoções em seus respectivos Estados;
adotar, a mesma preparará um relatório que contenha
d) permutar relatórios gerais de avaliação sobre as informações sobre a identidade, a capacidade jurídica
experiências em matéria de adoção internacional; e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação
e) responder, nos limites da lei do seu Estado, às pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos
solicitações justificadas de informações a res- que os animam, sua aptidão para assumir uma adoção
peito de uma situação particular de adoção for- internacional, assim como sobre as crianças de que eles
muladas por outras autoridades centrais ou por estariam em condições de tomar a seu cargo.
autoridades públicas. 2)  A autoridade central do Estado de acolhida transmi-
Artigo 10. tirá o relatório à autoridade central do Estado de origem.

Somente poderão obter e conservar o credenciamento os Artigo 16.


organismos que demonstrarem sua aptidão para cumprir 1)  Se a autoridade central do Estado de origem consi-
corretamente as tarefas que lhe possam ser confiadas. derar que a criança é adotável, deverá:
Artigo 11. a) preparar um relatório que contenha informações
Um organismo credenciado deverá: sobre a identidade da criança, sua adotabilidade,
seu meio social, sua evolução pessoal e familiar,
a) perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condi-
seu histórico médico pessoal e familiar, assim como
ções e dentro dos limites fixados pelas autoridades
quaisquer necessidades particulares da criança;
competentes do Estado que o tiver credenciado;

70
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

b) levar em conta as condições de educação da possível, em companhia dos pais adotivos ou futuros
criança, assim como sua origem étnica, religiosa pais adotivos.
e cultural; 3)  Se o deslocamento da criança não se efetivar, os re-
c) assegurar-se de que os consentimentos tenham latórios a que se referem os artigos 15 e 16 serão resti-
sido obtidos de acordo com o artigo 4; e tuídos às autoridades que os tiverem expedido.
d) verificar, baseando-se especialmente nos relató- Artigo 20.
rios relativos à criança e aos futuros pais adotivos,
As autoridades centrais manter-se-ão informadas sobre
se a colocação prevista atende ao interesse supe-
o procedimento de adoção, sobre as medidas adotadas
rior da criança.
para levá-la a efeito, assim como sobre o desenvolvi-
2)  A autoridade central do Estado de origem transmitirá mento do período probatório, se este for requerido.
à autoridade central do Estado de acolhida seu relatório
Artigo 21.
sobre a criança, a prova dos consentimentos requeridos
e as razões que justificam a colocação, cuidando para 1)  Quando a adoção deva ocorrer, após o deslocamento
não revelar a identidade da mãe e do pai, caso a divul- da criança, para o Estado de acolhida e a autoridade
gação dessas informações não seja permitida no Estado central desse Estado considerar que a manutenção da
de origem. criança na família de acolhida já não responde ao seu
interesse superior, essa autoridade central tomará as
Artigo 17.
medidas necessárias à proteção da criança, especial-
Toda decisão de confiar uma criança aos futuros pais mente de modo a:
adotivos somente poderá ser tomada no Estado de
a) retirá-la das pessoas que pretendem adotá-la e
origem se:
assegurar provisoriamente seu cuidado;
a) a autoridade central do Estado de origem tiver-se
b) em consulta com a autoridade central do Estado
assegurado de que os futuros pais adotivos ma-
de origem, assegurar, sem demora, uma nova
nifestaram sua concordância;
colocação da criança com vistas à sua adoção
b) a autoridade central do Estado de acolhida tiver ou, em sua falta, uma colocação alternativa de
aprovado tal decisão, quando esta aprovação for caráter duradouro. Somente poderá ocorrer uma
requerida pela lei do Estado de acolhida ou pela adoção se a autoridade central do Estado de
autoridade central do Estado de origem; origem tiver sido devidamente informada sobre
c) as autoridades centrais de ambos os Estados os novos pais adotivos;
estiverem de acordo em que se prossiga com a c) como último recurso, assegurar o retorno da
adoção; e criança ao Estado de origem, se assim o exigir o
d) tiver sido verificado, de conformidade com o artigo interesse da mesma.
5, que os futuros pais adotivos estão habilitados 2)  Tendo em vista especialmente a idade e o grau de
e aptos a adotar e que a criança está ou será au- maturidade da criança, esta deverá ser consultada e,
torizada a entrar e residir permanentemente no neste caso, deve-se obter seu consentimento em relação
Estado de acolhida. às medidas a serem tomadas, em conformidade com o
Artigo 18. presente artigo.

As autoridades centrais de ambos os Estados tomarão Artigo 22.


todas as medidas necessárias para que a criança receba 1)  As funções conferidas à autoridade central pelo pre-
a autorização de saída do Estado de origem, assim como sente capítulo poderão ser exercidas por autoridades
aquela de entrada e de residência permanente no Estado públicas ou por organismos credenciados de conformi-
de acolhida. dade com o capítulo III, e sempre na forma prevista pela
Artigo 19. lei de seu Estado.

1)  O deslocamento da criança para o Estado de acolhida 2)  Um Estado contratante poderá declarar ante o depo-
só poderá ocorrer quando tiverem sido satisfeitos os sitário da convenção que as funções conferidas à autori-
requisitos do artigo 17. dade central pelos artigos 15 a 21 poderão também ser
exercidas nesse Estado, dentro dos limites permitidos
2)  As autoridades centrais dos dois Estados deverão
pela lei e sob o controle das autoridades competentes
providenciar para que o deslocamento se realize com
desse Estado, por organismos e pessoas que:
toda a segurança, em condições adequadas e, quando

71
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

a) satisfizerem as condições de integridade moral, conformidade com um acordo concluído com base no
de competência profissional, experiência e res- artigo 39, parágrafo 2.
ponsabilidade exigidas pelo mencionado Estado;
Artigo 26.
b) forem qualificados por seus padrões éticos e sua
1)  O reconhecimento da adoção implicará o reco­nheci­mento:
formação e experiência para atuar na área de
adoção internacional. a) do vínculo de filiação entre a criança e seus pais
adotivos;
3)  O Estado contratante que efetuar a declaração pre-
vista no parágrafo 2 informará com regularidade ao b) da responsabilidade paterna dos pais adotivos a
Bureau Permanente da Conferência da Haia de Direito respeito da criança;
Internacional Privado os nomes e endereços desses or- c) da ruptura do vínculo de filiação preexistente
ganismos e pessoas. entre a criança e sua mãe e seu pai, se a adoção
4)  Um Estado contratante poderá declarar ante o de- produzir este efeito no Estado contratante em que
positário da convenção que as adoções de crianças cuja ocorreu.
residência habitual estiver situada em seu território 2)  Se a adoção tiver por efeito a ruptura do vínculo pree-
somente poderão ocorrer se as funções conferidas às xistente de filiação, a criança gozará, no Estado de aco-
autoridades centrais forem exercidas de acordo com o lhida e em qualquer outro Estado contratante no qual
parágrafo 1. se reconheça a adoção, de direitos equivalentes aos que
5)  Não obstante qualquer declaração efetuada de con- resultem de uma adoção que produza tal efeito em cada
formidade com o parágrafo 2, os relatórios previstos um desses Estados.
nos artigos 15 e 16 serão, em todos os casos, elabo- 3)  Os parágrafos precedentes não impedirão a aplicação
rados sob a responsabilidade da autoridade central ou de quaisquer disposições mais favoráveis à criança, em
de outras autoridades ou organismos, de conformidade vigor no Estado contratante que reconheça a adoção.
com o parágrafo 1. Artigo 27.
CAPÍTULO V – RECONHECIMENTO E EFEITOS DA ADOÇÃO 1)  Se uma adoção realizada no Estado de origem não
Artigo 23. tiver como efeito a ruptura do vínculo preexistente de
filiação, o Estado de acolhida que reconhecer a adoção
1)  Uma adoção certificada em conformidade com a con-
de conformidade com a convenção poderá convertê-la
venção, pela autoridade competente do Estado onde
em uma adoção que produza tal efeito, se:
ocorreu, será reconhecida de pleno direito pelos demais
Estados contratantes. O certificado deverá especificar a) a lei do Estado de acolhida o permitir; e
quando e quem outorgou os assentimentos previstos no b) os consentimentos previstos no artigo 4, alíneas
artigo 17, alínea c. c e d, tiverem sido ou forem outorgados para tal
2)  Cada Estado contratante, no momento da assinatura, adoção.
ratificação, aceitação, aprovação ou adesão, notificará 2)  O artigo 23 aplica-se à decisão sobre a conversão.
ao depositário da Convenção a identidade e as funções
CAPÍTULO VI – DISPOSIÇÕES GERAIS
da autoridade ou das autoridades que, nesse Estado,
são competentes para expedir esse certificado, bem Artigo 28.
como lhe notificará, igualmente, qualquer modificação A convenção não afetará nenhuma lei do Estado de
na designação dessas autoridades. origem que requeira que a adoção de uma criança resi-
Artigo 24. dente habitualmente nesse Estado ocorra nesse Estado,
ou que proíba a colocação da criança no Estado de aco-
O reconhecimento de uma adoção só poderá ser recu-
lhida ou seu deslocamento ao Estado de acolhida antes
sado em um Estado contratante se a adoção for mani-
da adoção.
festamente contrária à sua ordem pública, levando em
consideração o interesse superior da criança. Artigo 29.
Artigo 25. Não deverá haver nenhum contato entre os futuros
pais adotivos e os pais da criança ou qualquer outra
Qualquer Estado contratante poderá declarar ao de-
pessoa que detenha a sua guarda até que se tenham
positário da convenção que não se considera obrigado,
cumprido as disposições do artigo 4, alíneas a a c e do
em virtude desta, a reconhecer as adoções feitas de
artigo 5, alínea a, salvo os casos em que a adoção for
efetuada entre membros de uma mesma família ou em

72
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

que as condições fixadas pela autoridade competente Artigo 36.


do Estado de origem forem cumpridas. Em relação a um Estado que possua, em matéria de
Artigo 30. adoção, dois ou mais sistemas jurídicos aplicáveis em
1)  As autoridades competentes de um Estado contra- diferentes unidades territoriais:
tante tomarão providências para a conservação das in- a) qualquer referência à residência habitual nesse
formações de que dispuserem relativamente à origem Estado será entendida como relativa à residência
da criança e, em particular, a respeito da identidade habitual em uma unidade territorial do dito Estado;
de seus pais, assim como sobre o histórico médico da b) qualquer referência à lei desse Estado será enten-
criança e de sua família. dida como relativa à lei vigente na correspondente
2)  Essas autoridades assegurarão o acesso, com a unidade territorial;
devida orientação da criança ou de seu representante c) qualquer referência às autoridades competentes
legal, a estas informações, na medida em que o permita ou às autoridades públicas desse Estado será en-
a lei do referido Estado. tendida como relativa às autoridades autorizadas
Artigo 31. para atuar na correspondente unidade territorial;

Sem prejuízo do estabelecido no artigo 30, os dados d) qualquer referência aos organismos credenciados
pessoais que forem obtidos ou transmitidos de confor- do dito Estado será entendida como relativa aos
midade com a convenção, em particular aqueles a que organismos credenciados na correspondente uni-
se referem os artigos 15 e 16, não poderão ser utilizados dade territorial.
para fins distintos daqueles para os quais foram co- Artigo 37.
lhidos ou transmitidos.
No tocante a um Estado que possua, em matéria de
Artigo 32. adoção, dois ou mais sistemas jurídicos aplicáveis a ca-
1)  Ninguém poderá obter vantagens materiais indevidas tegorias diferentes de pessoas, qualquer referência à lei
em razão de intervenção em uma adoção internacional. desse Estado será entendida como ao sistema jurídico
indicado pela lei do dito Estado.
2)  Só poderão ser cobrados e pagos os custos e as des-
pesas, inclusive os honorários profissionais razoáveis de Artigo 38.
pessoas que tenham intervindo na adoção. Um Estado em que distintas unidades territoriais
3)  Os dirigentes, administradores e empregados dos possuam suas próprias regras de direito em matéria de
organismos intervenientes em uma adoção não poderão adoção não estará obrigado a aplicar a convenção nos
receber remuneração desproporcional em relação aos casos em que um Estado de sistema jurídico único não
serviços prestados. estiver obrigado a fazê-lo.

Artigo 33. Artigo 39.


Qualquer autoridade competente, ao verificar que uma 1)  A convenção não afeta os instrumentos internacionais
disposição da convenção foi desrespeitada ou que existe em que os Estados contratantes sejam partes e que con-
risco manifesto de que venha a sê-lo, informará imedia- tenham disposições sobre as matérias reguladas pela pre-
tamente a autoridade central de seu Estado, a qual terá sente convenção, salvo declaração em contrário dos Estados
a responsabilidade de assegurar que sejam tomadas as vinculados pelos referidos instrumentos internacionais.
medidas adequadas. 2)  Qualquer Estado contratante poderá concluir com um
Artigo 34. ou mais Estados contratantes acordos para favorecer a
aplicação da convenção em suas relações recíprocas.
Se a autoridade competente do Estado destinatário de
Esses acordos somente poderão derrogar as disposi-
um documento requerer que se faça deste uma tradução
ções contidas nos artigos 14 a 16 e 18 a 21. Os Estados
certificada, esta deverá ser fornecida. Salvo dispensa,
que concluírem tais acordos transmitirão uma cópia dos
os custos de tal tradução estarão a cargo dos futuros
mesmos ao depositário da presente convenção.
pais adotivos.
Artigo 35.
As autoridades competentes dos Estados contratantes
atuarão com celeridade nos procedimentos de adoção.

73
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Artigo 40. 2)  Tais declarações serão notificadas ao depositário,


Nenhuma reserva à convenção será admitida. indicando-se expressamente as unidades territoriais às
quais a convenção será aplicável.
Artigo 41.
3)  Caso um Estado não formule nenhuma declaração na
A convenção será aplicada às solicitações formuladas forma do presente artigo, a convenção será aplicada à
em conformidade com o artigo 14 e recebidas depois da totalidade do território do referido Estado.
entrada em vigor da Convenção no Estado de acolhida e
no Estado de origem. Artigo 46.
1)  A convenção entrará em vigor no primeiro dia do mês
Artigo 42.
seguinte à expiração de um período de três meses con-
O secretário-geral da Conferência da Haia de Direito tados da data do depósito do terceiro instrumento de
Internacional Privado convocará periodicamente uma ratificação, de aceitação ou de aprovação previsto no
comissão especial para examinar o funcionamento prá- artigo 43.
tico da convenção.
2)  Posteriormente, a convenção entrará em vigor:
CAPÍTULO VII – CLÁUSULAS FINAIS a) para cada Estado que a ratificar, aceitar ou aprovar
Artigo 43. posteriormente, ou apresentar adesão à mesma,
1)  A convenção estará aberta à assinatura dos Estados no primeiro dia do mês seguinte à expiração de um
que eram membros da Conferência da Haia de Direito período de três meses depois do depósito de seu
Internacional Privado quando da décima sétima sessão, instrumento de ratificação, aceitação, aprovação
e aos demais Estados participantes da referida Sessão. ou adesão;

2)  Ela será ratificada, aceita ou aprovada e os instru- b) para as unidades territoriais às quais se tenha
mentos de ratificação, aceitação ou aprovação serão estendido a aplicação da convenção conforme o
depositados no Ministério dos Negócios Estrangeiros disposto no artigo 45, no primeiro dia do mês se-
do Reino dos Países Baixos, depositário da convenção. guinte à expiração de um período de três meses
depois da notificação prevista no referido artigo.
Artigo 44.
Artigo 47.
1)  Qualquer outro Estado poderá aderir à convenção
depois de sua entrada em vigor, conforme o disposto no 1)  Qualquer Estado-Parte na presente convenção
artigo 46, parágrafo 1. poderá denunciá-la mediante notificação por escrito,
dirigida ao depositário.
2)  O instrumento de adesão deverá ser depositado junto
ao depositário da convenção. 2)  A denúncia surtirá efeito no primeiro dia do mês subse-
quente à expiração de um período de doze meses da data
3)  A adesão somente surtirá efeitos nas relações entre
de recebimento da notificação pelo depositário. Caso a
o Estado aderente e os Estados contratantes que não
notificação fixe um período maior para que a denúncia
tiverem formulado objeção à sua adesão nos seis meses
surta efeito, esta surtirá efeito ao término do referido
seguintes ao recebimento da notificação a que se refere
período a contar da data do recebimento da notificação.
o artigo 48, alínea b. Tal objeção poderá igualmente ser
formulada por qualquer Estado no momento da ratifi- Artigo 48.
cação, aceitação ou aprovação da convenção, posterior O depositário notificará aos Estados-Membros da Con-
à adesão. As referidas objeções deverão ser notificadas ferência da Haia de Direito Internacional Privado, assim
ao depositário. como aos demais Estados participantes da décima
Artigo 45. sétima sessão e aos Estados que tiverem aderido à con-
venção de conformidade com o disposto no artigo 44:
1)  Quando um Estado compreender duas ou mais uni-
dades territoriais nas quais se apliquem sistemas jurí- a) as assinaturas, ratificações, aceitações e aprova-
dicos diferentes em relação às questões reguladas pela ções a que se refere o artigo 43;
presente convenção, poderá declarar, no momento da b) as adesões e as objeções às adesões a que se
assinatura, da ratificação, da aceitação, da aprovação refere o artigo 44;
ou da adesão, que a presente convenção será aplicada c) a data em que a convenção entrará em vigor de
a todas as suas unidades territoriais ou somente a uma conformidade com as disposições do artigo 46;
ou várias delas. Essa declaração poderá ser modificada
d) as declarações e designações a que se referem os
por meio de nova declaração a qualquer tempo.
artigos 22, 23, 25 e 45;

74
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

e) os acordos a que se refere o artigo 39; modernas, e relembrando a Conferência Internacional


f) as denúncias a que se refere o artigo 47. sobre o Combate à Pornografia Infantil na Internet
(Viena, 1999) e, em particular, sua conclusão, que de-
Em testemunho do que, os abaixo assinados, devida-
manda a criminalização em todo o mundo da produção,
mente autorizados, firmaram a presente convenção.
distribuição, exportação, transmissão, importação,
Feita na Haia, em 29 de maio de 1993, nos idiomas posse intencional e propaganda de pornografia infantil,
francês e inglês, sendo ambos os textos igualmente au- e enfatizando a importância de cooperação e parceria
tênticos, em um único exemplar, o qual será depositado mais estreita entre governos e a indústria da Internet,
nos arquivos do governo do Reino dos Países Baixos e do
Acreditando que a eliminação da venda de crianças, da
qual uma cópia certificada será enviada, por via diplo-
prostituição infantil e da pornografia será facilitada pela
mática, a cada um dos Estados-Membros da Conferência
adoção de uma abordagem holística que leve em conta os
da Haia de Direito Internacional Privado por ocasião
fatores que contribuem para a sua ocorrência, inclusive o
da décima sétima sessão, assim como a cada um dos
subdesenvolvimento, a pobreza, as disparidades econô-
demais estados que participaram desta sessão.
micas, a estrutura socioeconômica desigual, as famílias
com disfunções, a ausência de educação, a migração do
PROTOCOLO FACULTATIVO À CONVENÇÃO campo para a cidade, a discriminação sexual, o comporta-
SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA REFERENTE mento sexual adulto irresponsável, as práticas tradicionais
À VENDA DE CRIANÇAS, À PROSTITUIÇÃO prejudiciais, os conflitos armados e o tráfico de crianças,
INFANTIL E À PORNOGRAFIA INFANTIL140 Acreditando na necessidade de esforços de conscien-
tização pública para reduzir a demanda de consumo
Os Estados-Partes do presente protocolo,
relativa à venda de crianças, prostituição infantil e
Considerando que, a fim de alcançar os propósitos da
pornografia infantil, e acreditando, também, na impor-
Convenção sobre os Direitos da Criança e a implemen-
tância do fortalecimento da parceria global entre todos
tação de suas disposições, especialmente dos artigos
os atores, bem como da melhoria do cumprimento da
1º, 11, 21, 32, 33, 34, 35 e 36, seria apropriado ampliar
lei no nível nacional,
as medidas a serem adotadas pelos Estados-Partes, a
Tomando nota das disposições de instrumentos jurídicos
fim de garantir a proteção da criança contra a venda de
internacionais relevantes para a proteção de crianças, in-
crianças, a prostituição infantil e a pornografia infantil,
clusive a Convenção da Haia sobre a Proteção de Crianças
Considerando também que a Convenção sobre os Di-
e Cooperação no que se Refere à Adoção Internacional; a
reitos da Criança reconhece o direito da criança de estar
Convenção da Haia sobre os Aspectos Civis do Sequestro
protegida contra a exploração econômica e contra o de-
Internacional de Crianças; a Convenção da Haia sobre
sempenho de qualquer trabalho que possa ser perigoso
Jurisdição, Direito Aplicável, Reconhecimento, Execução
para a criança ou interferir em sua educação, ou ser pre-
e Cooperação Referente à Responsabilidade dos Pais;
judicial à saúde da criança ou ao seu desenvolvimento
e a Convenção nº 182 da Organização Internacional do
físico, mental, espiritual, moral ou social,
Trabalho sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho
Seriamente preocupados com o significativo e crescente
Infantil e a Ação Imediata para sua Eliminação,
tráfico internacional de crianças para fins de venda de
Encorajados pelo imenso apoio à Convenção sobre os
crianças, prostituição infantil e pornografia infantil,
Direitos da Criança, que demonstra o amplo compro-
Profundamente preocupados com a prática disseminada
misso existente com a promoção e proteção dos direitos
e continuada do turismo sexual, ao qual as crianças são
da criança,
particularmente vulneráveis, uma vez que promove di-
Reconhecendo a importância da implementação das
retamente a venda de crianças, a prostituição infantil e
disposições do Programa de Ação para a Prevenção da
a pornografia infantil,
Venda de Crianças, da Prostituição Infantil e da Porno-
Reconhecendo que uma série de grupos particularmente
grafia Infantil e a Declaração e Agenda de Ação adotada
vulneráveis, inclusive meninas, estão mais expostos ao
no Congresso Mundial contra a Exploração Comercial
risco de exploração sexual, e que as meninas estão re-
Sexual de Crianças, realizada em Estocolmo, de 27 a 31
presentadas de forma desproporcional entre os sexual-
de agosto de 1996, bem como outras decisões e reco-
mente explorados,
mendações relevantes emanadas de órgãos internacio-
Preocupados com a crescente disponibilidade de por- nais pertinentes,
nografia infantil na Internet e em outras tecnologias
Tendo na devida conta a importância das tradições e
dos valores culturais de cada povo para a proteção e o
140.  Aprovada pelo Decreto Legislativo nº 230, de 29-5-2003, e promulgada pelo
Decreto nº 5.007, de 8-3-2004.
desenvolvimento harmonioso da criança,

75
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Acordaram o que segue: 2)  Em conformidade com as disposições da legislação


nacional de um Estado-Parte, o mesmo aplicar-se-á a
Artigo 1º
qualquer tentativa de perpetrar qualquer desses atos e à
Os Estados-Partes proibirão a venda de crianças, a pros- cumplicidade ou participação em qualquer desses atos.
tituição infantil e a pornografia infantil, conforme dis-
3)  Os Estados-Partes punirão esses delitos com penas
posto no presente protocolo.
apropriadas que levem em consideração a sua gravidade.
Artigo 2º
4)  Em conformidade com as disposições de sua legis-
Para os propósitos do presente protocolo: lação nacional, os Estados-Partes adotarão medidas,
a) venda de crianças significa qualquer ato ou tran- quando apropriado, para determinar a responsabilidade
sação pela qual uma criança é transferida por legal de pessoas jurídicas pelos delitos definidos no
qualquer pessoa ou grupo de pessoas a outra parágrafo 1 do presente artigo. Em conformidade com
pessoa ou grupo de pessoas, em troca de remune- os princípios jurídicos do Estado-Parte, essa responsa-
ração ou qualquer outra forma de compensação; bilidade de pessoas jurídicas poderá ser de natureza
b) prostituição infantil significa o uso de uma criança criminal, civil ou administrativa.
em atividades sexuais em troca de remuneração 5)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas legais
ou qualquer outra forma de compensação; e administrativas apropriadas para assegurar que todas
c) pornografia infantil significa qualquer represen- as pessoas envolvidas na adoção de uma criança ajam
tação, por qualquer meio, de uma criança envolvida em conformidade com os instrumentos jurídicos inter-
em atividades sexuais explícitas reais ou simuladas, nacionais aplicáveis.
ou qualquer representação dos órgãos sexuais de Artigo 4º
uma criança para fins primordialmente sexuais. 1)  Cada Estado-Parte adotará as medidas necessárias
Artigo 3º para estabelecer sua jurisdição sobre os delitos a que se
1)  Os Estados-Partes assegurarão que, no mínimo, os refere o artigo 3º, parágrafo 1, quando os delitos forem
seguintes atos e atividades sejam integralmente co- cometidos em seu território ou a bordo de embarcação
bertos por suas legislações criminal ou penal, quer os ou aeronave registrada naquele Estado.
delitos sejam cometidos dentro ou fora de suas fron- 2)  Cada Estado-Parte poderá adotar as medidas necessá-
teiras, de forma individual ou organizada: rias para estabelecer sua jurisdição sobre os delitos a que
a) No contexto da venda de crianças, conforme defi- se refere o artigo 3º, parágrafo 1, nos seguintes casos:
nido no artigo 2º; a) quando o criminoso presumido for um cidadão
i. a oferta, entrega ou aceitação, por qualquer daquele Estado ou uma pessoa que mantém resi-
meio, de uma criança para fins de: dência habitual em seu território;

a. exploração sexual de crianças; b) quando a vítima for um cidadão daquele Estado.

b. transplante de órgãos da criança com fins 3)  Cada Estado-Parte adotará, também, as medidas ne-
lucrativos; cessárias para estabelecer sua jurisdição sobre os de-
litos acima mencionados quando o criminoso presumido
c. envolvimento da criança em trabalho
estiver presente em seu território e não for extraditado
forçado.
para outro Estado-Parte pelo fato de o delito haver sido
ii. a indução indevida ao consentimento, na qua- cometido por um de seus cidadãos.
lidade de intermediário, para adoção de uma
4)  O presente protocolo não exclui qualquer jurisdição
criança em violação dos instrumentos jurídicos
criminal exercida em conformidade com a legislação
internacionais aplicáveis sobre adoção;
interna.
b) A oferta, obtenção, aquisição, aliciamento ou o
Artigo 5º
fornecimento de uma criança para fins de prosti-
tuição infantil, conforme definido no artigo 2º; 1)  Os delitos a que se refere o artigo 3º, parágrafo 1,
serão considerados delitos passíveis de extradição em
c) A produção, distribuição, disseminação, impor-
qualquer tratado de extradição existentes entre Esta-
tação, exportação, oferta, venda ou posse, para os
dos-Partes, e incluídos como delitos passíveis de extra-
fins acima mencionados, de pornografia infantil,
dição em todo tratado de extradição subsequentemente
conforme definido no artigo 2º.
celebrado entre os mesmos, em conformidade com as
condições estabelecidas nos referidos tratados.

76
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

2)  Se um Estado-Parte que condiciona a extradição à b) atenderão às solicitações de outro Estado-Parte


existência de um tratado receber solicitação de extra- referentes ao sequestro ou confisco de bens ou
dição de outro Estado-Parte com o qual não mantém tra- rendas a que se referem os incisos i e ii do pará-
tado de extradição, poderá adotar o presente protocolo grafo a;
como base jurídica para a extradição no que se refere c) adotarão medidas para fechar, temporária ou de-
a tais delitos. A extradição estará sujeita às condições finitivamente, os locais utilizados para cometer
previstas na legislação do Estado demandado. esses delitos.
3)  Os Estados-Partes que não condicionam a extradição
Artigo 8º
à existência de um tratado reconhecerão os referidos
delitos como delitos passíveis de extradição entre si, 1)  Os Estados-Partes adotarão as medidas apropriadas
em conformidade com as condições estabelecidas na para proteger os direitos e interesses de crianças vítimas
legislação do Estado demandado. das práticas proibidas pelo presente protocolo em todos
os estágios do processo judicial criminal, em particular:
4)  Para fins de extradição entre Estados-Partes, os re-
feridos delitos serão considerados como se cometidos a) reconhecendo a vulnerabilidade de crianças vi-
não apenas no local onde ocorreram, mas também nos timadas e adaptando procedimentos para reco-
territórios dos Estados obrigados a estabelecer sua ju- nhecer suas necessidades especiais, inclusive suas
risdição em conformidade com o artigo 4º. necessidades especiais como testemunhas;

5)  Se um pedido de extradição for feito com referência b) informando as crianças vitimadas sobre seus di-
a um dos delitos descritos no artigo 3º, parágrafo 1, e reitos, seu papel, bem como o alcance, as datas
se o Estado-Parte demandado não conceder a extra- e o andamento dos processos e a condução de
dição ou recusar-se a conceder a extradição com base seus casos;
na nacionalidade do autor do delito, este Estado adotará c) permitindo que as opiniões, necessidades e preocu-
as medidas apropriadas para submeter o caso às suas pações das crianças vitimadas sejam apresentadas e
autoridades competentes, com vistas à instauração de consideradas nos processos em que seus interesses
processo penal. pessoais forem afetados, de forma coerente com as
normas processuais da legislação nacional;
Artigo 6º
d) prestando serviços adequados de apoio às crianças
1)  Os Estados-Partes prestar-se-ão mutuamente toda a
vitimadas no transcorrer do processo judicial;
assistência possível no que se refere a investigações ou
processos criminais ou de extradição instaurados com e) protegendo, conforme apropriado, a privacidade
relação aos delitos descritos no artigo 3º, parágrafo 1. e a identidade das crianças vitimadas e adotando
Inclusive assistência na obtenção de provas à sua dis- medidas, em conformidade com a legislação na-
posição e necessárias para a condução dos processos. cional, para evitar a disseminação inadequada de
informações que possam levar à identificação das
2)  Os Estados-Partes cumprirão as obrigações assu-
crianças vitimadas;
midas em função do parágrafo 1 do presente artigo,
em conformidade com quaisquer tratados ou outros f) assegurando, nos casos apropriados, a segurança
acordos sobre assistência jurídica mútua que porventura das crianças vitimadas, bem como de suas famílias
existam entre os mesmos. Na ausência de tais tratados e testemunhas, contra intimidação e retaliação;
ou acordos, os Estados-Partes prestar-se-ão assistência g) evitando demora desnecessária na condução de
mútua em conformidade com sua legislação nacional. causas e no cumprimento de ordens ou decretos
Artigo 7º concedendo reparação a crianças vitimadas.

Os Estados-Partes, em conformidade com as disposições 2)  Os Estados-Partes assegurarão que quaisquer dú-
de sua legislação nacional: vidas sobre a idade real da vítima não impedirão que se
dê início a investigações criminais, inclusive investiga-
a) adotarão medidas para permitir o sequestro e
ções para determinar a idade da vítima.
confisco, conforme o caso, de:
3)  Os Estados-Partes assegurarão que, no tratamento
i. bens tais como materiais, ativos e outros meios
dispensado pelo sistema judicial penal às crianças
utilizados para cometer ou facilitar o cometimento
vítimas dos delitos descritos no presente protocolo,
dos delitos definidos no presente protocolo;
a consideração primordial seja o interesse superior
ii. rendas decorrentes do cometimento desses da criança.
delitos;

77
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

4)  Os Estados-Partes adotarão medidas para assegurar prostituição infantil, a pornografia infantil e o turismo
treinamento apropriado, em particular treinamento ju- sexual infantil. Os Estados-Partes promoverão, também,
rídico e psicológico, às pessoas que trabalham com ví- a cooperação e coordenação internacionais entre suas
timas dos delitos proibidos pelo presente protocolo. autoridades, organizações não governamentais nacio-
5)  Nos casos apropriados, os Estados-Partes adotarão nais e internacionais e organizações internacionais.
medidas para proteger a segurança e integridade daquelas 2)  Os Estados-Partes promoverão a cooperação inter-
pessoas e/ou organizações envolvidas na prevenção e/ou nacional com vistas a prestar assistência às crianças
proteção e reabilitação de vítimas desses delitos. vitimadas em sua recuperação física e psicológica, sua
6)  Nenhuma disposição do presente artigo será inter- reintegração social e repatriação.
pretada como prejudicial aos direitos do acusado a um 3)  Os Estados-Partes promoverão o fortalecimento da
julgamento justo e imparcial, ou como incompatível com cooperação internacional, a fim de lutar contra as causas
esses direitos. básicas, tais como pobreza e subdesenvolvimento, que
contribuem para a vulnerabilidade das crianças à venda
Artigo 9º
de crianças, à prostituição infantil, à pornografia infantil
1)  Os Estados-Partes adotarão ou reforçarão, imple- e ao turismo sexual infantil.
mentarão e disseminarão leis, medidas administrativas,
4)  Os Estados-Partes que estejam em condições de
políticas e programas sociais para evitar os delitos a que
fazê-lo, prestarão assistência financeira, técnica ou de
se refere o presente protocolo. Especial atenção será
outra natureza por meio de programas multilaterais,
dada à proteção de crianças especialmente vulneráveis
regionais, bilaterais ou outros programas existentes.
a essas práticas.
2)  Os Estados-Partes promoverão a conscientização do Artigo 11.
público em geral, inclusive das crianças, por meio de Nenhuma disposição do presente protocolo afetará
informações disseminadas por todos os meios apro- quaisquer outras disposições mais propícias à fruição
priados, educação e treinamento, sobre as medidas dos direitos da criança e que possam estar contidas:
preventivas e os efeitos prejudiciais dos delitos a que a) na legislação de um Estado-Parte;
se refere o presente protocolo. No cumprimento das
b) na legislação internacional em vigor para aquele
obrigações assumidas em conformidade com o presente
Estado.
artigo, os Estados-Partes incentivarão a participação da
comunidade e, em particular, de crianças vitimadas, nas Artigo 12.
referidas informações e em programas educativos e de 1)  Cada Estado-Parte submeterá ao Comitê sobre os Di-
treinamento, inclusive no nível internacional. reitos da Criança, no prazo de dois anos a contar da data
3)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas possí- da entrada em vigor do protocolo para aquele Estado-
veis com o objetivo de assegurar assistência apropriada -Parte, um relatório contendo informações abrangentes
às vítimas desses delitos, inclusive sua completa reinte- sobre as medidas adotadas para implementar as dispo-
gração social e sua total recuperação física e psicológica. sições do protocolo.
4)  Os Estados-Partes assegurarão que todas as crianças 2)  Após a apresentação do relatório abrangente, cada
vítimas dos delitos descritos no presente protocolo Estado-Parte incluirá nos relatórios que submeter ao
tenham acesso a procedimentos adequados que lhe Comitê sobre os Direitos da Criança quaisquer informa-
permitam obter, sem discriminação, das pessoas legal- ções adicionais sobre a implementação do protocolo, em
mente responsáveis, reparação pelos danos sofridos. conformidade com o artigo 44 da convenção. Os demais
5)  Os Estados-Partes adotarão as medidas apropriadas Estados-Partes do protocolo submeterão um relatório
para proibir efetivamente a produção e disseminação de a cada cinco anos.
material em que se faça propaganda dos delitos des- 3)  O Comitê sobre os Direitos da Criança poderá solicitar
critos no presente protocolo. aos Estados-Partes informações adicionais relevantes
para a implementação do presente protocolo.
Artigo 10.
1)  Os Estados-Partes adotarão todas as medidas ne- Artigo 13.
cessárias para intensificar a cooperação internacional 1)  O presente protocolo está aberto para assinatura
por meio de acordos multilaterais, regionais e bilaterais de qualquer Estado que seja parte ou signatário da
para prevenir, detectar, investigar, julgar e punir os res- convenção.
ponsáveis por atos envolvendo a venda de crianças, a

78
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

2)  O presente protocolo está sujeito a ratificação e aceitaram; os demais Estados-Partes continuarão obri-
aberto a adesão de qualquer Estado que seja parte ou gados pelas disposições do presente protocolo e por
signatário da convenção. Os instrumentos de ratificação quaisquer emendas anteriores que tenham aceitado.
ou adesão serão depositados com o secretário-geral das
Artigo 17.
Nações Unidas.
1)  O presente protocolo, com textos em árabe, chinês,
Artigo 14. espanhol, francês, inglês e russo igualmente autênticos,
1)  O presente protocolo entrará em vigor três meses será depositado nos arquivos das Nações Unidas.
após o depósito do décimo instrumento de ratificação 2)  O secretário-geral das Nações Unidas enviará cópias
ou adesão. autenticadas do presente protocolo a todos os Estados-
2)  Para cada Estado que ratificar o presente protocolo ou -Partes da convenção e a todos os Estados signatários
a ele aderir após sua entrada em vigor, o presente proto- da convenção.
colo passará a viger um mês após a data do depósito de
seu próprio instrumento de ratificação ou adesão. DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7
Artigo 15. DE DEZEMBRO DE 1940141
1)  Qualquer Estado-Parte poderá denunciar o presente pro- [Institui o] Código Penal.
tocolo a qualquer tempo por meio de notificação escrita ao
[...]
secretário-geral das Nações Unidas, o qual subsequente-
mente informará os demais Estados-Partes da Convenção
PARTE GERAL
e todos os Estados signatários da convenção. A denúncia [...]
produzirá efeitos um ano após a data de recebimento da TÍTULO V – DAS PENAS
notificação pelo secretário-geral das Nações Unidas. [...]
2)  A referida denúncia não isentará o Estado-Parte das CAPÍTULO III – DA APLICAÇÃO DA PENA
obrigações assumidas por força do presente protocolo [...]
no que se refere a qualquer delito ocorrido anterior-
mente à data na qual a denúncia passar a produzir Circunstâncias agravantes
efeitos. A denúncia tampouco impedirá, de qualquer Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a
142

forma, que se dê continuidade ao exame de qualquer pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
matéria que já esteja sendo examinada pelo Comitê [...]
antes da data na qual a denúncia se tornar efetiva.
II – ter o agente cometido o crime:
Artigo 16.
[...]
1)  Qualquer Estado-Parte poderá propor uma emenda e
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, en-
depositá-la junto ao secretário-geral das Nações Unidas.
fermo ou mulher grávida;
O secretário-geral comunicará a emenda proposta aos Es-
tados-Partes, solicitando-lhes que indiquem se são favo- [...]
ráveis à realização de uma conferência de Estados-Partes TÍTULO VIII – DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
para análise e votação das propostas. Caso, no prazo de [...]
quatro meses a contar da data da referida comunicação,
Termo inicial da prescrição antes de
pelo menos um terço dos Estados-Partes se houver mani-
transitar em julgado a sentença final
festado a favor da referida conferência, o secretário-geral
convocará a conferência sob os auspícios das Nações Art. 111. A prescrição, antes de transitar em julgado a
143

Unidas. Qualquer emenda adotada por uma maioria de sentença final, começa a correr:
Estados-Partes presentes e votantes na conferência será [...]
submetida à Assembleia Geral para aprovação.
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e
2)  Uma emenda adotada em conformidade com o pa- adolescentes, previstos neste código ou em legislação
rágrafo 1 do presente artigo entrará em vigor quando especial, da data em que a vítima completar dezoito
aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas e
aceita por maioria de dois terços dos Estados-Partes. 141.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 31-12-1940.
142.  Caput do artigo e inciso II com nova redação dada pela Lei nº 7.209, de
3)  Quando uma emenda entrar em vigor, tornar- 11-7-1984; alínea h com nova redação dada pela Lei nº 10.741, de 1º-10-2003.
-se-á obrigatória para aqueles Estados-Partes que a 143.  Caput do artigo com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11-7-1984; inciso V
acrescido pela Lei nº 12.650, de 17-5-2012.

79
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a II – submetê-la a trabalho em condições análogas à de
ação penal. escravo;
[...] III – submetê-la a qualquer tipo de servidão;
PARTE ESPECIAL IV – adoção ilegal; ou
TÍTULO I – DOS CRIMES CONTRA A PESSOA V – exploração sexual.
[...] Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
CAPÍTULO III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE § 1º A pena é aumentada de um terço até a metade se:
[...] [...]
Omissão de socorro II – o crime for cometido contra criança, adolescente ou
pessoa idosa ou com deficiência;
Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou ex- [...]
traviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
TÍTULO VI – 146DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pública: [...]
CAPÍTULO II – 147DOS CRIMES SEXUAIS
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
CONTRA VULNERÁVEL
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
[...]
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.
148
Estupro de vulnerável

[...]
149
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
CAPÍTULO VI – DOS CRIMES CONTRA libidinoso com menor de catorze anos:
A LIBERDADE INDIVIDUAL Pena – reclusão, de oito a quinze anos.
Seção I – Dos Crimes contra a Liberdade Pessoal § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações des-
[...] critas no caput com alguém que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento
Redução a condição análoga à de escravo para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de es-
144
não pode oferecer resistência.
cravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a § 2º (Vetado.)
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições de-
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
gradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer
grave:
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com
o empregador ou preposto: Pena – reclusão, de dez a vinte anos.
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da § 4º Se da conduta resulta morte:
pena correspondente à violência. Pena – reclusão, de doze a trinta anos.
[...] Corrupção de menores
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é 150
Art. 218. Induzir alguém menor de catorze anos a sa-
cometido: tisfazer a lascívia de outrem:
I – contra criança ou adolescente; Pena – reclusão, de dois a cinco anos.
[...] Parágrafo único. (Vetado.)
145
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar,
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com
a finalidade de:
146.  Denominação do título com redação dada pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
I – remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
147.  Denominação do capítulo com redação dada pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
148.  Denominação acrescida pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
149.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
144.  Caput do artigo, pena e § 2º com nova redação dada pela Lei nº 10.803, de 150.  Caput do artigo e pena com nova redação dada pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009;
11-12-2003. parágrafo único proposto e vetado no projeto que foi transformado na Lei nº 12.015,
145.  Artigo acrescido pela Lei nº 13.344, de 6 de outubro de 2016. de 7-8-2009.

80
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Satisfação de lascívia mediante


151
LEI Nº 8.242, DE 12 DE OUTUBRO DE 1991155
presença de criança ou adolescente
Cria o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de
152
(Conanda) e dá outras providências.
catorze anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal
ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia pró- O presidente da República
pria ou de outrem: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Pena – reclusão, de dois a quatro anos. ciono a seguinte lei:

Favorecimento da prostituição ou de
153 Art. 1º Fica criado o Conselho Nacional dos Direitos da
outra forma de exploração sexual de criança Criança e do Adolescente (Conanda).
ou adolescente ou de vulnerável § 1º Este conselho integra o conjunto de atribuições da
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou
154 Presidência da República.
outra forma de exploração sexual alguém menor de de- § 2º O presidente da República pode delegar a órgão exe-
zoito anos ou que, por enfermidade ou deficiência mental, cutivo de sua escolha o suporte técnico-administrativo-
não tem o necessário discernimento para a prática do ato, -financeiro necessário ao funcionamento do Conanda.
facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone:
Art. 2º Compete ao Conanda:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos.
I – elaborar as normas gerais da política nacional de
§ 1º Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem atendimento dos direitos da criança e do adolescente,
econômica, aplica-se também multa. fiscalizando as ações de execução, observadas as linhas
§ 2º Incorre nas mesmas penas: de ação e as diretrizes estabelecidas nos arts. 87 e 88 da
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidi-
e do Adolescente);
noso com alguém menor de dezoito e maior de catorze
anos na situação descrita no caput deste artigo; II – zelar pela aplicação da política nacional de atendi-
mento dos direitos da criança e do adolescente;
II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local
em que se verifiquem as práticas referidas no caput III – dar apoio aos conselhos estaduais e municipais dos
deste artigo. direitos da criança e do adolescente, aos órgãos esta-
duais, municipais, e entidades não governamentais para
§ 3º Na hipótese do inciso II do § 2º constitui efeito
tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos
obrigatório da condenação a cassação da licença de
estabelecidos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
localização e de funcionamento do estabelecimento.
IV – avaliar a política estadual e municipal e a atuação
[...]
dos conselhos estaduais e municipais da criança e do
Art. 361. Este código entrará em vigor no dia 1º de ja- adolescente;
neiro de 1942.
V – (vetado);
Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119º
VI – (vetado);
da Independência e 52º da República.
VII – acompanhar o reordenamento institucional pro-
GETÚLIO VARGAS pondo, sempre que necessário, modificações nas estru-
Francisco Campos turas públicas e privadas destinadas ao atendimento da
criança e do adolescente;
VIII – apoiar a promoção de campanhas educativas sobre
os direitos da criança e do adolescente, com a indicação
das medidas a serem adotadas nos casos de atentados
ou violação dos mesmos;
IX – acompanhar a elaboração e a execução da pro-
posta orçamentária da União, indicando modificações
necessárias à consecução da política formulada para
a promoção dos direitos da criança e do adolescente;
151.  Denominação acrescida pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
152.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009.
153.  Denominação acrescida pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009, e com nova redação
dada pela Lei nº 12.978, de 21-5-2014.
154.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.015, de 7-8-2009. 155.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 16-10-1991.

81
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

X – gerir o fundo de que trata o art. 6º desta lei e fixar Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
os critérios para sua utilização, nos termos do art. 260 Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990;
Brasília, 12 de outubro de 1991; 170º da
XI – elaborar o seu regimento interno, aprovando-o pelo
Independência e 103º da República.
voto de, no mínimo, dois terços de seus membros, nele
definindo a forma de indicação do seu presidente. FERNANDO COLLOR
Art. 3º O Conanda é integrado por representantes do Margarida Procópio
Poder Executivo, assegurada a participação dos órgãos
executores das políticas sociais básicas na área de ação LEI Nº 8.560, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1992157
social, justiça, educação, saúde, economia, trabalho e (Lei de Investigação de Paternidade)
previdência social e, em igual número, por representantes
Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora
de entidades não governamentais de âmbito nacional de
do casamento e dá outras providências.
atendimento dos direitos da criança e do adolescente.
§ 1º (Vetado.) O presidente da República
§ 2º Na ausência de qualquer titular, a representação Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
será feita por suplente. ciono a seguinte lei:
Art. 4º (Vetado.) Art. 1º O reconhecimento dos filhos havidos fora do
Parágrafo único. As funções dos membros do Conanda casamento é irrevogável e será feito:
não são remuneradas e seu exercício é considerado ser- I – no registro de nascimento;
viço público relevante. II – por escritura pública ou escrito particular, a ser ar-
Art. 5º O presidente da República nomeará e destituirá quivado em cartório;
o presidente do Conanda dentre os seus respectivos III – por testamento, ainda que incidentalmente
membros. manifestado;
Art. 6º Fica instituído o fundo nacional para a criança e IV – por manifestação expressa e direta perante o juiz,
o adolescente. ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto único
Parágrafo único. O fundo de que trata este artigo tem e principal do ato que o contém.
como receita: 158
Art. 2º Em registro de nascimento de menor apenas
a) contribuições ao fundo nacional referidas no com a maternidade estabelecida, o oficial remeterá ao
art. 260 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; juiz certidão integral do registro e o nome e prenome,
b) recursos destinados ao fundo nacional, consig- profissão, identidade e residência do suposto pai, a fim de
nados no orçamento da União; ser averiguada oficiosamente a procedência da alegação.

c) contribuições dos governos e organismos estran- § 1º O juiz, sempre que possível, ouvirá a mãe sobre a pa-
geiros e internacionais; ternidade alegada e mandará, em qualquer caso, notificar
o suposto pai, independente de seu estado civil, para que
d) o resultado de aplicações do governo e orga-
se manifeste sobre a paternidade que lhe é atribuída.
nismos estrangeiros e internacionais;
§ 2º O juiz, quando entender necessário, determinará
e) o resultado de aplicações no mercado financeiro,
que a diligência seja realizada em segredo de justiça.
observada a legislação pertinente;
§ 3º No caso do suposto pai confirmar expressamente a
f) outros recursos que lhe forem destinados.
paternidade, será lavrado termo de reconhecimento e reme-
Art. 7º (Vetado.) tida certidão ao oficial do registro, para a devida averbação.
Art. 8º A instalação do Conanda dar-se-á no prazo de § 4º Se o suposto pai não atender no prazo de trinta
quarenta e cinco dias da publicação desta lei. dias, a notificação judicial, ou negar a alegada pater-
Art. 9º O Conanda aprovará o seu regimento interno no nidade, o juiz remeterá os autos ao representante do
prazo de trinta dias, a contar da sua instalação. Ministério Público para que intente, havendo elementos
suficientes, a ação de investigação de paternidade.
156
Art. 10. [...]

156.  As alterações determinadas no art. 10 foram compiladas na Lei nº 8.069, de 157.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 30-12-1992.
13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante desta publicação. 158.  Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que também acrescentou o novo § 5º.

82
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 5º Nas hipóteses previstas no § 4º deste artigo, é dispen- Art. 10. São revogados os arts. 332, 337 e 347 do Código
sável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade Civil e demais disposições em contrário.
pelo Ministério Público se, após o não comparecimento ou
Brasília, 29 de dezembro de 1992; 171º da
a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele
Independência e 104º da República.
atribuída, a criança for encaminhada para adoção.
§ 6º A iniciativa conferida ao Ministério Público não ITAMAR FRANCO
impede a quem tenha legítimo interesse de intentar in- Maurício Corrêa
vestigação, visando a obter o pretendido reconhecimento
da paternidade. LEI Nº 8.978, DE 9 DE JANEIRO DE 1995160
Art. 2º-A. Na ação de investigação de paternidade,
159 Dispõe sobre a construção de creches e estabelecimentos de
todos os meios legais, bem como os moralmente legí- pré-escola.
timos, serão hábeis para provar a verdade dos fatos.
O presidente da República
Parágrafo único. A recusa do réu em se submeter ao
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
exame de código genético (DNA) gerará a presunção da
ciono a seguinte lei:
paternidade, a ser apreciada em conjunto com o con-
texto probatório. Art. 1º Os conjuntos residenciais financiados pelo Sis-
tema Financeiro de Habitação deverão, prioritariamente,
Art. 3º E vedado legitimar e reconhecer filho na ata do
contemplar a construção de creches e pré-escolas.
casamento.
Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Parágrafo único. É ressalvado o direito de averbar alte-
ração do patronímico materno, em decorrência do ca- Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
samento, no termo de nascimento do filho. Brasília, 9 de janeiro de 1995; 174º da
Art. 4º O filho maior não pode ser reconhecido sem o Independência e 107º da República
seu consentimento.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 5º No registro de nascimento não se fará qual- Paulo Renato Souza
quer referência à natureza da filiação, à sua ordem em José Serra
relação a outros irmãos do mesmo prenome, exceto
gêmeos, ao lugar e cartório do casamento dos pais e LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002161
ao estado civil destes.
Institui o Código Civil.
Art. 6º Das certidões de nascimento não constarão in-
dícios de a concepção haver sido decorrente de relação [...]
extraconjugal.
PARTE GERAL
§ 1º Não deverá constar, em qualquer caso, o estado civil
dos pais e a natureza da filiação, bem como o lugar e
LIVRO I – DAS PESSOAS
cartório do casamento, proibida referência à presente lei. TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS
§ 2º São ressalvadas autorizações ou requisições ju- CAPÍTULO I – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
diciais de certidões de inteiro teor, mediante decisão
[...]
fundamentada, assegurados os direitos, as garantias e
interesses relevantes do registrado. Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos,
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os
Art. 7º Sempre que na sentença de primeiro grau se
atos da vida civil.
reconhecer a paternidade, nela se fixarão os alimentos
provisionais ou definitivos do reconhecido que deles Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
necessite. I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do
Art. 8º Os registros de nascimento, anteriores à data da outro, mediante instrumento público, independente-
presente lei, poderão ser retificados por decisão judicial, mente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o Ministério Público. ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;

Art. 9º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. II – pelo casamento;

160.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 10-1-1995.


159.  Artigo acrescido pela Lei nº 12.004, de 29-7-2009. 161.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 11-1-2002.

83
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

III – pelo exercício de emprego público efetivo; I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior; qualquer deles, em ação autônoma de separação, de
divórcio, de dissolução de união estável ou em medida
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela exis-
cautelar;
tência de relação de emprego, desde que, em função
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades
economia própria. específicas do filho, ou em razão da distribuição de
tempo necessário ao convívio deste com o pai e com
[...]
a mãe.
LIVRO IV – DO DIREITO DE FAMÍLIA § 1º Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai
TÍTULO I – DO DIREITO PESSOAL e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua
importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos
SUBTÍTULO I – DO CASAMENTO aos genitores e as sanções pelo descumprimento de
[...] suas cláusulas.
CAPÍTULO XI – DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS § 2º Quando não houver acordo entre a mãe e o pai
quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos
162
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada.
os genitores aptos a exercer o poder familiar, será
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos
a um só dos genitores ou a alguém que o substitua genitores declarar ao magistrado que não deseja a
(art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a respon- guarda do menor.
sabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres
§ 3º Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e
do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, con-
os períodos de convivência sob guarda compartilhada,
cernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público,
§ 2º Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com poderá basear-se em orientação técnico-profissional
os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão
mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições equilibrada do tempo com o pai e com a mãe.
fáticas e os interesses dos filhos.
§ 4º A alteração não autorizada ou o descumprimento
I – (revogado); imotivado de cláusula de guarda unilateral ou compar-
II – (revogado); tilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atri-
III – (revogado). buídas ao seu detentor.

§ 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada § 5º Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer
base de moradia dos filhos será aquela que melhor sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a
atender aos interesses dos filhos. pessoa que revele compatibilidade com a natureza da
medida, considerados, de preferência, o grau de paren-
§ 4º (Vetado.)
tesco e as relações de afinidade e afetividade.
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a
§ 6º Qualquer estabelecimento público ou privado é
detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para
obrigado a prestar informações a qualquer dos ge-
possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre
nitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de
será parte legítima para solicitar informações e/ou pres-
R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais)
tação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou
por dia pelo não atendimento da solicitação.
situações que direta ou indiretamente afetem a saúde
física e psicológica e a educação de seus filhos. Art. 1.585. Em sede de medida cautelar de separação
164

de corpos, em sede de medida cautelar de guarda ou em


Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada,
163
outra sede de fixação liminar de guarda, a decisão sobre
poderá ser:
guarda de filhos, mesmo que provisória, será proferida
preferencialmente após a oitiva de ambas as partes pe-
rante o juiz, salvo se a proteção aos interesses dos filhos
162.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008, exigir a concessão de liminar sem a oitiva da outra parte,
que também acrescentou os §§ 1º a 3º; §§ 2º e 3º com nova redação dada pela Lei
nº 13.058, de 22-12-2014, que também revogou os incisos I a III e acrescentou o aplicando-se as disposições do art. 1.584.
§ 5º; § 4º foi proposto e vetado no projeto que foi transformado na Lei nº 11.698,
de 13-6-2008.
163.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 11.698, de 13-6-2008, que
também acrescentou os incisos I e II e os §§ 1º a 5º; §§ 2º a 5º com nova redação
dada pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014, que também acrescentou o § 6º. 164.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 13.058, de 22-12-2014.

84
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob
qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for co-
diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a nhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.
situação deles para com os pais.
Seção II – Do Exercício do Poder Familiar
Art. 1.587. No caso de invalidade do casamento, havendo
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que
167

filhos comuns, observar-se-á o disposto nos arts. 1.584


seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder
e 1.586.
familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
Art. 1.588. O pai ou a mãe que contrair novas núpcias
I – dirigir-lhes a criação e a educação;
não perde o direito de ter consigo os filhos, que só lhe
poderão ser retirados por mandado judicial, provado II – exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos
que não são tratados convenientemente. termos do art. 1.584;

Art. 1.589. O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam III – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, casarem;
segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for IV – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para via-
fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção jarem ao exterior;
e educação. V – conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mu-
Parágrafo único. O direito de visita estende-se a qual-
165 darem sua residência permanente para outro Município;
quer dos avós, a critério do juiz, observados os inte- VI – nomear-lhes tutor por testamento ou documento
resses da criança ou do adolescente. autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
Art. 1.590. As disposições relativas à guarda e pres- sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
tação de alimentos aos filhos menores estendem-se VII – representá-los judicial e extrajudicialmente até
aos maiores incapazes. os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assis-
SUBTÍTULO II – DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO ti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes,
suprindo-lhes o consentimento;
[...]
VIII – reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
CAPÍTULO IV – DA ADOÇÃO
IX – exigir que lhes prestem obediência, respeito e os
166
Art. 1.618. A adoção de crianças e adolescentes será
serviços próprios de sua idade e condição.
deferida na forma prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). Seção III – Da Suspensão e Extinção do Poder Familiar

Parágrafo único. (Revogado.) Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

[...] I – pela morte dos pais ou do filho;


II – pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo
CAPÍTULO V – DO PODER FAMILIAR
único;
Seção I – Disposições Gerais
III – pela maioridade;
Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar,
IV – pela adoção;
enquanto menores.
V – por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.
Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, com-
pete o poder familiar aos pais; na falta ou impedimento Art 1.636. O pai ou a mãe que contrai novas núpcias, ou
de um deles, o outro o exercerá com exclusividade. estabelece união estável, não perde, quanto aos filhos
do relacionamento anterior, os direitos ao poder fami-
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício
liar, exercendo-os sem qualquer interferência do novo
do poder familiar, é assegurado a qualquer deles re-
cônjuge ou companheiro.
correr ao juiz para solução do desacordo.
Parágrafo único. Igual preceito ao estabelecido neste
Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução
artigo aplica-se ao pai ou à mãe solteiros que casarem
da união estável não alteram as relações entre pais e
ou estabelecerem união estável.
filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe,
de terem em sua companhia os segundos. Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade,
faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os
165.  Parágrafo único acrescido pela Lei nº 12.398, de 23-3-2011.
166.  Caput do artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009, que 167.  Caput do artigo, incisos I, II e IV a VII com nova redação dada pela Lei nº 13.058,
também revogou o parágrafo único. de 22-12-2014, que também acrescentou os incisos VIII e IX.

85
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, III – quando removidos por não idôneos o tutor legítimo
ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça e o testamentário.
reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.
suspendendo o poder familiar, quando convenha.
§ 1º No caso de ser nomeado mais de um tutor por dispo-
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do sição testamentária sem indicação de precedência, enten-
poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença de-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros
irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois lhe sucederão pela ordem de nomeação, se ocorrer morte,
anos de prisão. incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento.
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai § 2º Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu,
ou a mãe que: poderá nomear-lhe curador especial para os bens dei-
I – castigar imoderadamente o filho; xados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder
II – deixar o filho em abandono; familiar, ou tutela.

III – praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; Art. 1.734. As crianças e os adolescentes cujos pais forem
168

desconhecidos, falecidos ou que tiverem sido suspensos


IV – incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
ou destituídos do poder familiar terão tutores nomeados
antecedente.
pelo Juiz ou serão incluídos em programa de colocação
[...] familiar, na forma prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de julho
TÍTULO IV – DA TUTELA E DA CURATELA de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
[...]
CAPÍTULO I – DA TUTELA
LIVRO COMPLEMENTAR – DAS DISPOSIÇÕES
Seção I – Dos Tutores
FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
[...]
I – com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados
Art. 2.044. Este código entrará em vigor um ano após a
ausentes;
sua publicação.
II – em caso de os pais decaírem do poder familiar.
Art. 2.045. Revogam-se a Lei nº 3.071, de 1º de janeiro
Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, de 1916 (Código Civil) e a Parte Primeira do Código
em conjunto. Comercial, Lei nº 556, de 25 de junho de 1850.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento Art. 2.046. Todas as remissões, em diplomas legisla-
ou de qualquer outro documento autêntico. tivos, aos códigos referidos no artigo antecedente,
Art. 1.730. É nula a nomeação de tutor pelo pai ou pela consideram-se feitas às disposições correspondentes
mãe que, ao tempo de sua morte, não tinha o poder deste código.
familiar.
Brasília, 10 de janeiro de 2002; 181º da
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe Independência e 114º da República.
a tutela aos parentes consanguíneos do menor, por esta
ordem: FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Aloysio Nunes Ferreira Filho
I – aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo
ao mais remoto;
LEI Nº 11.577, DE 22 DE
II – aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais NOVEMBRO DE 2007169
próximos aos mais remotos, e, no mesmo grau, os mais
velhos aos mais moços; em qualquer dos casos, o juiz Torna obrigatória a divulgação pelos meios que especifica de
escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em mensagem relativa à exploração sexual e tráfico de crianças e
benefício do menor. adolescentes apontando formas para efetuar denúncias.

Art. 1.732. O juiz nomeará tutor idôneo e residente no O presidente da República


domicílio do menor:
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
I – na falta de tutor testamentário ou legítimo; ciono a seguinte lei:
II – quando estes forem excluídos ou escusados da tutela;
168.  Artigo com nova redação dada pela Lei nº 12.010, de 3-8-2009.
169.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 23-11-2007.

86
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 1º Esta lei dispõe sobre a obrigatoriedade de di- Art. 5º Esta lei entra em vigor no prazo de trinta dias
vulgação de mensagem relativa à exploração sexual e contados de sua publicação.
tráfico de crianças e adolescentes indicando como pro-
Brasília, 22 de novembro de 2007; 186º da
ceder à denúncia.
Independência e 119º da República.
Art. 2º É obrigatória a afixação de letreiro, nos termos
dispostos nesta lei, nos seguintes estabelecimentos: LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
I – hotéis, motéis, pousadas e outros que prestem ser-
José Antonio Dias Toffoli
viços de hospedagem;
II – bares, restaurantes, lanchonetes e similares; LEI Nº 12.010, DE 3 DE AGOSTO DE 2009170
III – casas noturnas de qualquer natureza; (Lei Nacional de Adoção)
IV – clubes sociais e associações recreativas ou despor-
Dispõe sobre adoção; altera as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990
tivas cujo quadro de associados seja de livre acesso ou
(Estatuto da Criança e do Adolescente), e 8.560, de 29 de dezembro de
que promovam eventos com entrada paga;
1992; revoga dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
V – salões de beleza, agências de modelos, casas de (Código Civil), e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo
massagem, saunas, academias de fisiculturismo, dança, Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras providências.
ginástica e atividades físicas correlatas;
O presidente da República
VI – outros estabelecimentos comerciais que, mesmo sem
fins lucrativos, ofereçam serviços, mediante pagamento, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
voltados ao mercado ou ao culto da estética pessoal; ciono a seguinte lei:

VII – postos de gasolina e demais locais de acesso pú- Art. 1º Esta lei dispõe sobre o aperfeiçoamento da sis-
blico que se localizem junto às rodovias. temática prevista para garantia do direito à convivência
familiar a todas as crianças e adolescentes, na forma
§ 1º O letreiro de que trata o caput deste artigo deverá:
prevista pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Esta-
I – ser afixado em local que permita sua observação de- tuto da Criança e do Adolescente.
simpedida pelos usuários do respectivo estabelecimento;
§ 1º A intervenção estatal, em observância ao disposto
II – conter versões idênticas aos dizeres nas línguas por- no caput do art. 226 da Constituição Federal, será prio-
tuguesa, inglesa e espanhola; ritariamente voltada à orientação, apoio e promoção
III – informar os números telefônicos por meio dos quais social da família natural, junto à qual a criança e o
qualquer pessoa, sem necessidade de identificação, adolescente devem permanecer, ressalvada absoluta
poderá fazer denúncias acerca das práticas conside- impossibilidade, demonstrada por decisão judicial
radas crimes pela legislação brasileira; fundamentada.

IV – estar apresentado com caracteres de tamanho que § 2º Na impossibilidade de permanência na família na-
permita a leitura à distância. tural, a criança e o adolescente serão colocados sob
adoção, tutela ou guarda, observadas as regras e prin-
§ 2º O texto contido no letreiro será EXPLORAÇÃO SEXUAL
cípios contidos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,
E TRÁFICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SÃO CRIMES:
e na Constituição Federal.
DENUNCIE JÁ!.
171
[...]
§ 3º O poder público, por meio do serviço público com-
petente, poderá fornecer aos estabelecimentos o mate- Art. 6º As pessoas e casais já inscritos nos cadastros de
rial de que trata este artigo. adoção ficam obrigados a frequentar, no prazo máximo
de um ano, contado da entrada em vigor desta lei, a
Art. 3º Os materiais de propaganda e informação turística
preparação psicossocial e jurídica a que se referem os §§
publicados ou exibidos por qualquer via eletrônica, in-
3º e 4º do art. 50 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,
clusive internet, deverão conter menção, nos termos que
acrescidos pelo art. 2º desta lei, sob pena de cassação
explicitará o Ministério da Justiça, aos crimes tipificados
de sua inscrição no cadastro.
no Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei nº 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), sobretudo
àqueles cometidos contra crianças e adolescentes.
170.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 4-8-2009.
Art. 4º (Vetado.)
171.  As alterações expressas nos arts. 2º, 3º, 4º e 5º foram compiladas respectiva-
mente nas Leis nos 8.069, de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 10.406,
de 10-1-2002 (Código Civil); e 8.560, de 29-12-1992, constantes desta publicação.

87
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 7º Esta lei entra em vigor noventa dias após a sua LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010174
publicação.
(Lei da Alienação Parental)
172
[...]
Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei
Brasília, 3 de agosto de 2009; 188º da nº 8.069, de 13 de julho de 1990.
Independência e 121º da República.
O presidente da República
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Tarso Genro
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Celso Luiz Nunes Amorim
ciono a seguinte lei:
Art. 1º Esta lei dispõe sobre a alienação parental.
LEI Nº 12.127, DE 17 DE Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interfe-
DEZEMBRO DE 2009173 rência na formação psicológica da criança ou do adoles-
cente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
Cria o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos.
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob
O vice-presidente da República, no exercício do cargo a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie
de presidente da República genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san- manutenção de vínculos com este.
ciono a seguinte Lei: Parágrafo único. São formas exemplificativas de alie-
Art. 1º Fica criado o Cadastro Nacional de Crianças e nação parental, além dos atos assim declarados pelo
Adolescentes Desaparecidos. juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente
ou com auxílio de terceiros:
Art. 2º A União manterá, no âmbito do órgão compe-
tente do Poder Executivo, a base de dados do Cadastro I – realizar campanha de desqualificação da conduta
Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, a do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;
qual conterá as características físicas e dados pessoais II – dificultar o exercício da autoridade parental;
de crianças e adolescentes cujo desaparecimento tenha III – dificultar contato de criança ou adolescente com
sido registrado em órgão de segurança pública federal genitor;
ou estadual.
IV – dificultar o exercício do direito regulamentado de
Art. 3º Nos termos de convênio a ser firmado entre a convivência familiar;
União e os estados e o Distrito Federal, serão definidos:
V – omitir deliberadamente a genitor informações
I – a forma de acesso às informações constantes da base pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, in-
de dados; clusive escolares, médicas e alterações de endereço;
II – o processo de atualização e de validação dos dados VI – apresentar falsa denúncia contra genitor, contra fa-
inseridos na base de dados. miliares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a
Art. 4º Os custos relativos ao desenvolvimento, insta- convivência deles com a criança ou adolescente;
lação e manutenção da base de dados serão suportados VII – mudar o domicílio para local distante, sem justifi-
por recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública. cativa, visando a dificultar a convivência da criança ou
Art. 5º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. adolescente com o outro genitor, com familiares deste
ou com avós.
Brasília, 17 de dezembro de 2009; 188º da
Independência e 121º da República. Art. 3º A prática de ato de alienação parental fere direito
fundamental da criança ou do adolescente de convi-
JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA vência familiar saudável, prejudica a realização de afeto
Tarso Genro nas relações com genitor e com o grupo familiar, cons-
titui abuso moral contra a criança ou o adolescente e
descumprimento dos deveres inerentes à autoridade
parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
Art. 4º Declarado indício de ato de alienação parental,
a requerimento ou de ofício, em qualquer momento
172.  As alterações expressas no art. 8º foram compiladas na Lei nº 8.069, de
13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante desta publicação. 174.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27-8-2010, e retificada no de
173.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 18-12-2009, p. 1. 31-8-2010.

88
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o VI – determinar a fixação cautelar do domicílio da criança


processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, ou adolescente;
com urgência, ouvido o Ministério Público, as medidas VII – declarar a suspensão da autoridade parental.
provisórias necessárias para preservação da integridade
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de en-
psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para
dereço, inviabilização ou obstrução à convivência fami-
assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a
liar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar
efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso.
para ou retirar a criança ou adolescente da residência
Parágrafo único. Assegurar-se-á à criança ou adoles- do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos
cente e ao genitor garantia mínima de visitação assis- de convivência familiar.
tida, ressalvados os casos em que há iminente risco de
Art. 7º A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por
prejuízo à integridade física ou psicológica da criança ou
preferência ao genitor que viabiliza a efetiva convivência
do adolescente, atestado por profissional eventualmente
da criança ou adolescente com o outro genitor nas hi-
designado pelo juiz para acompanhamento das visitas.
póteses em que seja inviável a guarda compartilhada.
Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação pa-
Art. 8º A alteração de domicílio da criança ou adoles-
rental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário,
cente é irrelevante para a determinação da competência
determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.
relacionada às ações fundadas em direito de convi-
§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação vência familiar, salvo se decorrente de consenso entre
psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, com- os genitores ou de decisão judicial.
preendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes,
Art. 9º (Vetado.)
exame de documentos dos autos, histórico do relaciona-
mento do casal e da separação, cronologia de incidentes, Art. 10. (Vetado.)
avaliação da personalidade dos envolvidos e exame Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
da forma como a criança ou adolescente se manifesta
acerca de eventual acusação contra genitor. Brasília, 26 de agosto de 2010; 189º da
Independência e 122º da República.
§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe
multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
aptidão comprovada por histórico profissional ou aca- Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
dêmico para diagnosticar atos de alienação parental. Paulo de Tarso Vannuchi
José Gomes Temporão
§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para
verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo
de noventa dias para apresentação do laudo, prorro- LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012175
gável exclusivamente por autorização judicial baseada Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
em justificativa circunstanciada. (Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeducativas
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera
qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou as Leis nos 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, e do Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de
o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da 11 de janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315,
decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla de 23 de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993,
utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou os Decretos-Leis nos 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de
atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 10 de janeiro de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.
I – declarar a ocorrência de alienação parental e advertir
o alienador; A presidenta da República
II – ampliar o regime de convivência familiar em favor Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
do genitor alienado; ciono a seguinte lei:
III – estipular multa ao alienador;
IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial;
V – determinar a alteração da guarda para guarda com-
partilhada ou sua inversão; 175.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 19-1-2012, e retificada no de
20-1-2012.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

TÍTULO I – DO SISTEMA NACIONAL DE CAPÍTULO II – DAS COMPETÊNCIAS


ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO (SINASE) Art. 3º Compete à União:
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS I – formular e coordenar a execução da política nacional
Art. 1º Esta lei institui o Sistema Nacional de Atendi- de atendimento socioeducativo;
mento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a exe- II – elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioedu-
cução das medidas destinadas a adolescente que pra- cativo, em parceria com os estados, o Distrito Federal e
tique ato infracional. os municípios;
§ 1º Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de III – prestar assistência técnica e suplementação finan-
princípios, regras e critérios que envolvem a execução ceira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios
de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por para o desenvolvimento de seus sistemas;
adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais,
IV – instituir e manter o Sistema Nacional de Informa-
bem como todos os planos, políticas e programas es-
ções sobre o Atendimento Socioeducativo, seu funciona-
pecíficos de atendimento a adolescente em conflito
mento, entidades, programas, incluindo dados relativos
com a lei.
a financiamento e população atendida;
§ 2º Entendem-se por medidas socioeducativas as pre-
V – contribuir para a qualificação e ação em rede dos
vistas no art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
sistemas de atendimento socioeducativo;
(Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais têm por
objetivos: VI – estabelecer diretrizes sobre a organização e funcio-
namento das unidades e programas de atendimento e as
I – a responsabilização do adolescente quanto às conse-
normas de referência destinadas ao cumprimento das
quências lesivas do ato infracional, sempre que possível
medidas socioeducativas de internação e semiliberdade;
incentivando a sua reparação;
V – contribuir para a qualificação e ação em rede dos
II – a integração social do adolescente e a garantia de
sistemas de atendimento socioeducativo;
seus direitos individuais e sociais, por meio do cumpri-
mento de seu plano individual de atendimento; e VI – estabelecer diretrizes sobre a organização e funcio-
namento das unidades e programas de atendimento e as
III – a desaprovação da conduta infracional, efetivando
normas de referência destinadas ao cumprimento das
as disposições da sentença como parâmetro máximo de
medidas socioeducativas de internação e semiliberdade;
privação de liberdade ou restrição de direitos, obser-
vados os limites previstos em lei. VII – instituir e manter processo de avaliação dos sis-
temas de atendimento socioeducativo, seus planos, en-
§ 3º Entendem-se por programa de atendimento a or-
tidades e programas;
ganização e o funcionamento, por unidade, das con-
dições necessárias para o cumprimento das medidas VIII – financiar, com os demais entes federados, a exe-
socioeducativas. cução de programas e serviços do Sinase; e

§ 4º Entende-se por unidade a base física necessária IX – garantir a publicidade de informações sobre re-
para a organização e o funcionamento de programa de passes de recursos aos gestores estaduais, distrital e
atendimento. municipais, para financiamento de programas de aten-
dimento socioeducativo.
§ 5º Entendem-se por entidade de atendimento a
pessoa jurídica de direito público ou privado que ins- § 1º São vedados à União o desenvolvimento e a oferta
tala e mantém a unidade e os recursos humanos e ma- de programas próprios de atendimento.
teriais necessários ao desenvolvimento de programas § 2º Ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
de atendimento. do Adolescente (Conanda) competem as funções nor-
Art. 2º O Sinase será coordenado pela União e inte- mativa, deliberativa, de avaliação e de fiscalização do
grado pelos sistemas estaduais, distrital e municipais Sinase, nos termos previstos na Lei nº 8.242, de 12 de
responsáveis pela implementação dos seus respec- outubro de 1991, que cria o referido conselho.
tivos programas de atendimento a adolescente ao qual § 3º O plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
seja aplicada medida socioeducativa, com liberdade de será submetido à deliberação do Conanda.
organização e funcionamento, respeitados os termos § 4º À Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
desta lei. República (SDH/PR) competem as funções executiva e de
gestão do Sinase.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 4º Compete aos estados: Art. 5º Compete aos municípios:


I – formular, instituir, coordenar e manter Sistema Es- I – formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Mu-
tadual de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as nicipal de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as
diretrizes fixadas pela União; diretrizes fixadas pela União e pelo respectivo estado;
II – elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioedu- II – elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioe-
cativo em conformidade com o Plano Nacional; ducativo, em conformidade com o Plano Nacional e o
III – criar, desenvolver e manter programas para a exe- respectivo Plano Estadual;
cução das medidas socioeducativas de semiliberdade III – criar e manter programas de atendimento para a
e internação; execução das medidas socioeducativas em meio aberto;
IV – editar normas complementares para a organização IV – editar normas complementares para a organização e
e funcionamento do seu sistema de atendimento e dos funcionamento dos programas do seu Sistema de Aten-
sistemas municipais; dimento Socioeducativo;
V – estabelecer com os municípios formas de colabo- V – cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações
ração para o atendimento socioeducativo em meio sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regular-
aberto; mente os dados necessários ao povoamento e à atuali-
VI – prestar assessoria técnica e suplementação finan- zação do sistema; e
ceira aos municípios para a oferta regular de programas VI – cofinanciar, conjuntamente com os demais entes
de meio aberto; federados, a execução de programas e ações destinados
VII – garantir o pleno funcionamento do plantão interins- ao atendimento inicial de adolescente apreendido para
titucional, nos termos previstos no inciso V do art. 88 da apuração de ato infracional, bem como aqueles desti-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança nados a adolescente a quem foi aplicada medida socioe-
e do Adolescente); ducativa em meio aberto.

VIII – garantir defesa técnica do adolescente a quem se § 1º Para garantir a oferta de programa de atendimento
atribua prática de ato infracional; socioeducativo de meio aberto, os municípios podem
instituir os consórcios dos quais trata a Lei nº 11.107, de 6
IX – cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações
de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de con-
sobre o Atendimento Socioeducativo e fornecer regular-
tratação de consórcios públicos e dá outras providências,
mente os dados necessários ao povoamento e à atuali-
ou qualquer outro instrumento jurídico adequado, como
zação do sistema; e
forma de compartilhar responsabilidades.
X – cofinanciar, com os demais entes federados, a exe-
§ 2º Ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
cução de programas e ações destinados ao atendi-
Adolescente competem as funções deliberativas e de
mento inicial de adolescente apreendido para apuração
controle do Sistema Municipal de Atendimento Socioe-
de ato infracional, bem como aqueles destinados a
ducativo, nos termos previstos no inciso II do art. 88 da
adolescente a quem foi aplicada medida socioeduca-
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
tiva privativa de liberdade.
e do Adolescente), bem como outras definidas na legis-
§ 1º Ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do lação municipal.
Adolescente competem as funções deliberativas e de
§ 3º O plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
controle do Sistema Estadual de Atendimento Socioedu-
será submetido à deliberação do Conselho Municipal dos
cativo, nos termos previstos no inciso II do art. 88 da Lei
Direitos da Criança e do Adolescente.
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), bem como outras definidas na legislação § 4º Competem ao órgão a ser designado no plano de
estadual ou distrital. que trata o inciso II do caput deste artigo as funções
executiva e de gestão do Sistema Municipal de Atendi-
§ 2º O plano de que trata o inciso II do caput deste artigo
mento Socioeducativo.
será submetido à deliberação do Conselho Estadual dos
Direitos da Criança e do Adolescente. Art. 6º Ao Distrito Federal cabem, cumulativamente, as
competências dos estados e dos municípios.
§ 3º Competem ao órgão a ser designado no plano de
que trata o inciso II do caput deste artigo as funções
executiva e de gestão do Sistema Estadual de Atendi-
mento Socioeducativo.

91
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

CAPÍTULO III – DOS PLANOS DE III – regimento interno que regule o funcionamento da
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO entidade, no qual deverá constar, no mínimo:
Art. 7º O plano de que trata o inciso II do art. 3º desta a) o detalhamento das atribuições e responsabili-
lei deverá incluir um diagnóstico da situação do Sinase, dades do dirigente, de seus prepostos, dos mem-
as diretrizes, os objetivos, as metas, as prioridades e as bros da equipe técnica e dos demais educadores;
formas de financiamento e gestão das ações de atendi- b) a previsão das condições do exercício da disci-
mento para os dez anos seguintes, em sintonia com os plina e concessão de benefícios e o respectivo
princípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de procedimento de aplicação; e
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
c) a previsão da concessão de benefícios extraor-
§ 1º As normas nacionais de referência para o atendi- dinários e enaltecimento, tendo em vista tornar
mento socioeducativo devem constituir anexo ao plano público o reconhecimento ao adolescente pelo
de que trata o inciso II do art. 3º desta lei. esforço realizado na consecução dos objetivos do
§ 2º Os estados, o Distrito Federal e os municípios de- plano individual;
verão, com base no Plano Nacional de Atendimento IV – a política de formação dos recursos humanos;
Socioeducativo, elaborar seus planos decenais corres-
V – a previsão das ações de acompanhamento do ado-
pondentes, em até trezentos e sessenta dias a partir da
lescente após o cumprimento de medida socioeducativa;
aprovação do Plano Nacional.
VI – a indicação da equipe técnica, cuja quantidade e
Art. 8º Os planos de atendimento socioeducativo de-
formação devem estar em conformidade com as normas
verão, obrigatoriamente, prever ações articuladas nas
de referência do sistema e dos conselhos profissionais
áreas de educação, saúde, assistência social, cultura,
e com o atendimento socioeducativo a ser realizado; e
capacitação para o trabalho e esporte, para os adoles-
centes atendidos, em conformidade com os princípios VII – a adesão ao Sistema de Informações sobre o Atendi-
elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta- mento Socioeducativo, bem como sua operação efetiva.
tuto da Criança e do Adolescente). Parágrafo único. O não cumprimento do previsto neste
Parágrafo único. Os poderes legislativos federal, es- artigo sujeita as entidades de atendimento, os órgãos
taduais, distrital e municipais, por meio de suas co- gestores, seus dirigentes ou prepostos à aplicação das
missões temáticas pertinentes, acompanharão a exe- medidas previstas no art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de
cução dos planos de atendimento socioeducativo dos julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
respectivos entes federados. Art. 12. A composição da equipe técnica do programa
de atendimento deverá ser interdisciplinar, compreen-
CAPÍTULO IV – DOS PROGRAMAS DE ATENDIMENTO
dendo, no mínimo, profissionais das áreas de saúde,
Seção I – Disposições Gerais educação e assistência social, de acordo com as normas
Art. 9º Os estados e o Distrito Federal inscreverão seus de referência.
programas de atendimento e alterações no Conselho § 1º Outros profissionais podem ser acrescentados
Estadual ou Distrital dos Direitos da Criança e do Ado- às equipes para atender necessidades específicas do
lescente, conforme o caso. programa.
Art. 10. Os municípios inscreverão seus programas e § 2º Regimento interno deve discriminar as atribuições de
alterações, bem como as entidades de atendimento exe- cada profissional, sendo proibida a sobreposição dessas
cutoras, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança atribuições na entidade de atendimento.
e do Adolescente.
§ 3º O não cumprimento do previsto neste artigo sujeita as
Art. 11. Além da especificação do regime, são requi- entidades de atendimento, seus dirigentes ou prepostos
sitos obrigatórios para a inscrição de programa de à aplicação das medidas previstas no art. 97 da Lei nº
atendimento: 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
I – a exposição das linhas gerais dos métodos e técnicas Adolescente).
pedagógicas, com a especificação das atividades de na- Seção II – Dos Programas de Meio Aberto
tureza coletiva;
Art. 13. Compete à direção do programa de prestação de
II – a indicação da estrutura material, dos recursos hu- serviços à comunidade ou de liberdade assistida:
manos e das estratégias de segurança compatíveis com
as necessidades da respectiva unidade;

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

I – selecionar e credenciar orientadores, designando-os, § 1º É vedada a edificação de unidades socioeduca-


caso a caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento cionais em espaços contíguos, anexos, ou de qualquer
da medida; outra forma integrados a estabelecimentos penais.
II – receber o adolescente e seus pais ou responsável e § 2º A direção da unidade adotará, em caráter excep-
orientá-los sobre a finalidade da medida e a organização cional, medidas para proteção do interno em casos
e funcionamento do programa; de risco à sua integridade física, à sua vida, ou à de
III – encaminhar o adolescente para o orientador outrem, comunicando, de imediato, seu defensor e o
credenciado; Ministério Público.

IV – supervisionar o desenvolvimento da medida; e Art. 17. Para o exercício da função de dirigente de pro-
grama de atendimento em regime de semiliberdade ou
V – avaliar, com o orientador, a evolução do cumpri-
de internação, além dos requisitos específicos previstos
mento da medida e, se necessário, propor à autoridade
no respectivo programa de atendimento, é necessário:
judiciária sua substituição, suspensão ou extinção.
I – formação de nível superior compatível com a natureza
Parágrafo único. O rol de orientadores credenciados
da função;
deverá ser comunicado, semestralmente, à autoridade
judiciária e ao Ministério Público. II – comprovada experiência no trabalho com adoles-
centes de, no mínimo, dois anos; e
Art. 14. Incumbe ainda à direção do programa de medida
de prestação de serviços à comunidade selecionar e III – reputação ilibada.
credenciar entidades assistenciais, hospitais, escolas CAPÍTULO V – DA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
ou outros estabelecimentos congêneres, bem como os DA GESTÃO DO ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
programas comunitários ou governamentais, de acordo
Art. 18. A União, em articulação com os estados, o Dis-
com o perfil do socioeducando e o ambiente no qual a
trito Federal e os municípios, realizará avaliações pe-
medida será cumprida.
riódicas da implementação dos planos de atendimento
Parágrafo único. Se o Ministério Público impugnar o cre- socioeducativo em intervalos não superiores a três anos.
denciamento, ou a autoridade judiciária considerá-lo
§ 1º O objetivo da avaliação é verificar o cumprimento
inadequado, instaurará incidente de impugnação, com
das metas estabelecidas e elaborar recomendações aos
a aplicação subsidiária do procedimento de apuração de
gestores e operadores dos sistemas.
irregularidade em entidade de atendimento regulamen-
tado na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da § 2º O processo de avaliação deverá contar com a par-
Criança e do Adolescente), devendo citar o dirigente do ticipação de representantes do Poder Judiciário, do Mi-
programa e a direção da entidade ou órgão credenciado. nistério Público, da Defensoria Pública e dos conselhos
tutelares, na forma a ser definida em regulamento.
Seção III – Dos Programas de Privação da Liberdade
§ 3º A primeira avaliação do Plano Nacional de Atendi-
Art. 15. São requisitos específicos para a inscrição de
mento Socioeducativo realizar-se-á no terceiro ano de
programas de regime de semiliberdade ou internação:
vigência desta lei, cabendo ao Poder Legislativo federal
I – a comprovação da existência de estabelecimento acompanhar o trabalho por meio de suas comissões
educacional com instalações adequadas e em confor- temáticas pertinentes.
midade com as normas de referência;
Art. 19. É instituído o Sistema Nacional de Avaliação e
II – a previsão do processo e dos requisitos para a es- Acompanhamento do Atendimento Socioeducativo, com
colha do dirigente; os seguintes objetivos:
III – a apresentação das atividades de natureza coletiva; I – contribuir para a organização da rede de atendimento
IV – a definição das estratégias para a gestão de conflitos, socioeducativo;
vedada a previsão de isolamento cautelar, exceto nos II – assegurar conhecimento rigoroso sobre as ações do
casos previstos no § 2º do art. 49 desta lei; e atendimento socioeducativo e seus resultados;
V – a previsão de regime disciplinar nos termos do art. 72 III – promover a melhora da qualidade da gestão e do
desta lei. atendimento socioeducativo; e
Art. 16. A estrutura física da unidade deverá ser compa- IV – disponibilizar informações sobre o atendimento
tível com as normas de referência do Sinase. socioeducativo.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 1º A avaliação abrangerá, no mínimo, a gestão, as en- I – verificar se o planejamento orçamentário e sua


tidades de atendimento, os programas e os resultados execução se processam de forma compatível com as
da execução das medidas socioeducativas. necessidades do respectivo Sistema de Atendimento
§ 2º Ao final da avaliação, será elaborado relatório con- Socioeducativo;
tendo histórico e diagnóstico da situação, as recomenda- II – verificar a manutenção do fluxo financeiro, consi-
ções e os prazos para que essas sejam cumpridas, além derando as necessidades operacionais do atendimento
de outros elementos a serem definidos em regulamento. socioeducativo, as normas de referência e as condições
§ 3º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado previstas nos instrumentos jurídicos celebrados entre os
aos respectivos conselhos de direitos, conselhos tute- órgãos gestores e as entidades de atendimento;
lares e ao Ministério Público. III – verificar a implementação de todos os demais com-
§ 4º Os gestores e entidades têm o dever de colaborar promissos assumidos por ocasião da celebração dos
com o processo de avaliação, facilitando o acesso às instrumentos jurídicos relativos ao atendimento socioe-
suas instalações, à documentação e a todos os ele- ducativo; e
mentos necessários ao seu efetivo cumprimento. IV – a articulação interinstitucional e intersetorial das
§ 5º O acompanhamento tem por objetivo verificar o políticas.
cumprimento das metas dos planos de atendimento Art. 23. A avaliação das entidades terá por objetivo iden-
socioeducativo. tificar o perfil e o impacto de sua atuação, por meio de
Art. 20. O Sistema Nacional de Avaliação e Acompanha- suas atividades, programas e projetos, considerando as
mento da Gestão do Atendimento Socioeducativo asse- diferentes dimensões institucionais e, entre elas, obri-
gurará, na metodologia a ser empregada: gatoriamente, as seguintes:

I – a realização da autoavaliação dos gestores e das I – o plano de desenvolvimento institucional;


instituições de atendimento; II – a responsabilidade social, considerada especial-
II – a avaliação institucional externa, contemplando a aná- mente sua contribuição para a inclusão social e o de-
lise global e integrada das instalações físicas, relações senvolvimento socioeconômico do adolescente e de sua
institucionais, compromisso social, atividades e finali- família;
dades das instituições de atendimento e seus programas; III – a comunicação e o intercâmbio com a sociedade;
III – o respeito à identidade e à diversidade de entidades IV – as políticas de pessoal quanto à qualificação, aper-
e programas; feiçoamento, desenvolvimento profissional e condições
IV – a participação do corpo de funcionários das enti- de trabalho;
dades de atendimento e dos conselhos tutelares da área V – a adequação da infraestrutura física às normas de
de atuação da entidade avaliada; e referência;
V – o caráter público de todos os procedimentos, dados VI – o planejamento e a autoavaliação quanto aos pro-
e resultados dos processos avaliativos. cessos, resultados, eficiência e eficácia do projeto pe-
Art. 21. A avaliação será coordenada por uma comissão dagógico e da proposta socioeducativa;
permanente e realizada por comissões temporárias, VII – as políticas de atendimento para os adolescentes
essas compostas, no mínimo, por três especialistas com e suas famílias;
reconhecida atuação na área temática e definidas na VIII – a atenção integral à saúde dos adolescentes em
forma do regulamento. conformidade com as diretrizes do art. 60 desta lei; e
Parágrafo único. É vedado à comissão permanente de- IX – a sustentabilidade financeira.
signar avaliadores:
Art. 24. A avaliação dos programas terá por objetivo
I – que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores verificar, no mínimo, o atendimento ao que deter-
avaliados ou funcionários das entidades avaliadas; minam os arts. 94, 100, 117, 119, 120, 123 e 124 da Lei
II – que tenham relação de parentesco até o 3º grau com nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
titulares ou servidores dos órgãos gestores avaliados e/ e do Adolescente).
ou funcionários das entidades avaliadas; e Art. 25. A avaliação dos resultados da execução de
III – que estejam respondendo a processos criminais. medida socioeducativa terá por objetivo, no mínimo:
Art. 22. A avaliação da gestão terá por objetivo: I – verificar a situação do adolescente após cumpri-
mento da medida socioeducativa, tomando por base

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

suas perspectivas educacionais, sociais, profissionais Parágrafo único. A aplicação das medidas previstas
e familiares; e neste artigo dar-se-á a partir da análise de relatório
II – verificar reincidência de prática de ato infracional. circunstanciado elaborado após as avaliações, sem pre-
juízo do que determinam os arts. 191 a 197, 225 a 227,
Art. 26. Os resultados da avaliação serão utilizados para:
230 a 236, 243 e 245 a 247 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
I – planejamento de metas e eleição de prioridades de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
do Sistema de Atendimento Socioeducativo e seu
Art. 29. Àqueles que, mesmo não sendo agentes públicos,
financiamento;
induzam ou concorram, sob qualquer forma, direta ou
II – reestruturação e/ou ampliação da rede de atendi- indireta, para o não cumprimento desta lei, aplicam-se,
mento socioeducativo, de acordo com as necessidades no que couber, as penalidades dispostas na Lei nº 8.429,
diagnosticadas; de 2 de junho de 1992, que dispõe sobre as sanções
III – adequação dos objetivos e da natureza do aten- aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriqueci-
dimento socioeducativo prestado pelas entidades mento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego
avaliadas; ou função na administração pública direta, indireta ou
fundacional e dá outras providências (Lei de Improbi-
IV – celebração de instrumentos de cooperação com
dade Administrativa).
vistas à correção de problemas diagnosticados na
avaliação; CAPÍTULO VII – DO FINANCIAMENTO E DAS PRIORIDADES
V – reforço de financiamento para fortalecer a rede de Art. 30. O Sinase será cofinanciado com recursos dos
atendimento socioeducativo; orçamentos fiscal e da seguridade social, além de outras
VI – melhorar e ampliar a capacitação dos operadores do fontes.
Sistema de Atendimento Socioeducativo; e § 1º (Vetado.)
VII – os efeitos do art. 95 da Lei nº 8.069, de 13 de julho § 2º Os entes federados que tenham instituído seus
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). sistemas de atendimento socioeducativo terão acesso
Parágrafo único. As recomendações originadas da ava- aos recursos na forma de transferência adotada pelos
liação deverão indicar prazo para seu cumprimento por órgãos integrantes do Sinase.
parte das entidades de atendimento e dos gestores § 3º Os entes federados beneficiados com recursos dos
avaliados, ao fim do qual estarão sujeitos às medidas orçamentos dos órgãos responsáveis pelas políticas inte-
previstas no art. 28 desta lei. grantes do Sinase, ou de outras fontes, estão sujeitos às
Art. 27. As informações produzidas a partir do Sistema normas e procedimentos de monitoramento estabelecidos
Nacional de Informações sobre Atendimento Socioe- pelas instâncias dos órgãos das políticas setoriais envol-
ducativo serão utilizadas para subsidiar a avaliação, vidas, sem prejuízo do disposto nos incisos IX e X do art. 4º,
o acompanhamento, a gestão e o financiamento dos nos incisos V e VI do art. 5º e no art. 6º desta lei.
sistemas nacional, distrital, estaduais e municipais de Art. 31. Os conselhos de direitos, nas três esferas de go-
atendimento socioeducativo. verno, definirão, anualmente, o percentual de recursos
dos fundos dos direitos da criança e do adolescente a
CAPÍTULO VI – DA RESPONSABILIZAÇÃO DOS GESTORES,
serem aplicados no financiamento das ações previstas
OPERADORES E ENTIDADES DE ATENDIMENTO
nesta lei, em especial para capacitação, sistemas de
Art. 28. No caso do desrespeito, mesmo que parcial, ou informação e de avaliação.
do não cumprimento integral às diretrizes e determina-
Parágrafo único. Os entes federados beneficiados com
ções desta lei, em todas as esferas, são sujeitos:
recursos do Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
I – gestores, operadores e seus prepostos e entidades lescente para ações de atendimento socioeducativo
governamentais às medidas previstas no inciso I e no prestarão informações sobre o desempenho dessas
§ 1º do art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 ações por meio do Sistema de Informações sobre Aten-
(Estatuto da Criança e do Adolescente); e dimento Socioeducativo.
II – entidades não governamentais, seus gestores, ope- [...]
radores e prepostos às medidas previstas no inciso II e
no § 1º do art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente).

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

TÍTULO II – DA EXECUÇÃO DAS Art. 39. Para aplicação das medidas socioeducativas de
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS prestação de serviços à comunidade, liberdade assis-
tida, semiliberdade ou internação, será constituído pro-
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS
cesso de execução para cada adolescente, respeitado o
Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger- disposto nos arts. 143 e 144 da Lei nº 8.069, de 13 de
-se-á pelos seguintes princípios: julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e
I – legalidade, não podendo o adolescente receber tra- com autuação das seguintes peças:
tamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; I – documentos de caráter pessoal do adolescente exis-
II – excepcionalidade da intervenção judicial e da impo- tentes no processo de conhecimento, especialmente os
sição de medidas, favorecendo-se meios de autocom- que comprovem sua idade; e
posição de conflitos; II – as indicadas pela autoridade judiciária, sempre que
III – prioridade a práticas ou medidas que sejam restau- houver necessidade e, obrigatoriamente:
rativas e, sempre que possível, atendam às necessidades a) cópia da representação;
das vítimas;
b) cópia da certidão de antecedentes;
IV – proporcionalidade em relação à ofensa cometida;
c) cópia da sentença ou acórdão; e
V – brevidade da medida em resposta ao ato cometido,
d) cópia de estudos técnicos realizados durante a fase
em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei
de conhecimento.
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente); Parágrafo único. Procedimento idêntico será observado
na hipótese de medida aplicada em sede de remissão,
VI – individualização, considerando-se a idade, capaci-
como forma de suspensão do processo.
dades e circunstâncias pessoais do adolescente;
Art. 40. Autuadas as peças, a autoridade judiciária enca-
VII – mínima intervenção, restrita ao necessário para a
minhará, imediatamente, cópia integral do expediente
realização dos objetivos da medida;
ao órgão gestor do atendimento socioeducativo, so-
VIII – não discriminação do adolescente, notadamente licitando designação do programa ou da unidade de
em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, cumprimento da medida.
orientação religiosa, política ou sexual, ou associação
Art. 41. A autoridade judiciária dará vistas da proposta
ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e
de plano individual de que trata o art. 53 desta lei ao
IX – fortalecimento dos vínculos familiares e comunitá- defensor e ao Ministério Público pelo prazo sucessivo
rios no processo socioeducativo. de três dias, contados do recebimento da proposta en-
CAPÍTULO II – DOS PROCEDIMENTOS caminhada pela direção do programa de atendimento.

Art. 36. A competência para jurisdicionar a execução § 1º O defensor e o Ministério Público poderão requerer,
das medidas socioeducativas segue o determinado pelo e o juiz da execução poderá determinar, de ofício, a rea-
art. 146 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto lização de qualquer avaliação ou perícia que entenderem
da Criança e do Adolescente). necessárias para complementação do plano individual.

Art. 37. A defesa e o Ministério Público intervirão, sob pena § 2º A impugnação ou complementação do plano indivi-
de nulidade, no procedimento judicial de execução de dual, requerida pelo defensor ou pelo Ministério Público,
medida socioeducativa, asseguradas aos seus membros deverá ser fundamentada, podendo a autoridade judi-
as prerrogativas previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho ciária indeferi-la, se entender insuficiente a motivação.
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), podendo § 3º Admitida a impugnação, ou se entender que o plano
requerer as providências necessárias para adequar a exe- é inadequado, a autoridade judiciária designará, se ne-
cução aos ditames legais e regulamentares. cessário, audiência da qual cientificará o defensor, o Mi-
Art. 38. As medidas de proteção, de advertência e de nistério Público, a direção do programa de atendimento,
reparação do dano, quando aplicadas de forma isolada, o adolescente e seus pais ou responsável.
serão executadas nos próprios autos do processo de § 4º A impugnação não suspenderá a execução do plano
conhecimento, respeitado o disposto nos arts. 143 e individual, salvo determinação judicial em contrário.
144 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da § 5º Findo o prazo sem impugnação, considerar-se-á o
Criança e do Adolescente). plano individual homologado.

96
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade assis- II – precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º
tida, de semiliberdade e de internação deverão ser do art. 42 desta lei.
reavaliadas no máximo a cada seis meses, podendo a Art. 44. Na hipótese de substituição da medida ou mo-
autoridade judiciária, se necessário, designar audiência, dificação das atividades do plano individual, a auto-
no prazo máximo de dez dias, cientificando o defensor, ridade judiciária remeterá o inteiro teor da decisão à
o Ministério Público, a direção do programa de atendi- direção do programa de atendimento, assim como as
mento, o adolescente e seus pais ou responsável. peças que entender relevantes à nova situação jurídica
§ 1º A audiência será instruída com o relatório da equipe do adolescente.
técnica do programa de atendimento sobre a evolução Parágrafo único. No caso de a substituição da medida
do plano de que trata o art. 52 desta lei e com qualquer importar em vinculação do adolescente a outro pro-
outro parecer técnico requerido pelas partes e deferido grama de atendimento, o plano individual e o histó-
pela autoridade judiciária. rico do cumprimento da medida deverão acompanhar
§ 2º A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o a transferência.
tempo de duração da medida não são fatores que, por Art. 45. Se, no transcurso da execução, sobrevier sen-
si, justifiquem a não substituição da medida por outra tença de aplicação de nova medida, a autoridade judi-
menos grave. ciária procederá à unificação, ouvidos, previamente, o
§ 3º Considera-se mais grave a internação, em relação a Ministério Público e o defensor, no prazo de três dias
todas as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, sucessivos, decidindo-se em igual prazo.
em relação às medidas de meio aberto. § 1º É vedado à autoridade judiciária determinar reinício
Art. 43. A reavaliação da manutenção, da substituição de cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de
ou da suspensão das medidas de meio aberto ou de pri- considerar os prazos máximos, e de liberação compul-
vação da liberdade e do respectivo plano individual pode sória previstos na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
ser solicitada a qualquer tempo, a pedido da direção do (Estatuto da Criança e do Adolescente), excetuada a hi-
programa de atendimento, do defensor, do Ministério pótese de medida aplicada por ato infracional praticado
Público, do adolescente, de seus pais ou responsável. durante a execução.
§ 1º Justifica o pedido de reavaliação, entre outros § 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar nova
motivos: medida de internação, por atos infracionais praticados
I – o desempenho adequado do adolescente com base anteriormente, a adolescente que já tenha concluído
no seu plano de atendimento individual, antes do prazo cumprimento de medida socioeducativa dessa natu-
da reavaliação obrigatória; reza, ou que tenha sido transferido para cumprimento
de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos
II – a inadaptação do adolescente ao programa e o rei-
por aqueles aos quais se impôs a medida socioeduca-
terado descumprimento das atividades do plano indi-
tiva extrema.
vidual; e
Art. 46. A medida socioeducativa será declarada extinta:
III – a necessidade de modificação das atividades do
plano individual que importem em maior restrição da I – pela morte do adolescente;
liberdade do adolescente. II – pela realização de sua finalidade;
§ 2º A autoridade judiciária poderá indeferir o pedido, III – pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser
de pronto, se entender insuficiente a motivação. cumprida em regime fechado ou semiaberto, em exe-
§ 3º Admitido o processamento do pedido, a autoridade cução provisória ou definitiva;
judiciária, se necessário, designará audiência, observando IV – pela condição de doença grave, que torne o ado-
o princípio do § 1º do art. 42 desta lei. lescente incapaz de submeter-se ao cumprimento da
§ 4º A substituição por medida mais gravosa somente medida; e
ocorrerá em situações excepcionais, após o devido V – nas demais hipóteses previstas em lei.
processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do § 1º No caso de o maior de dezoito anos, em cumprimento
art. 122 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto de medida socioeducativa, responder a processo-crime,
da Criança e do Adolescente), e deve ser: caberá à autoridade judiciária decidir sobre eventual
I – fundamentada em parecer técnico; extinção da execução, cientificando da decisão o juízo
criminal competente.

97
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 2º Em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar não con- VII – receber assistência integral à sua saúde, conforme
vertida em pena privativa de liberdade deve ser descon- o disposto no art. 60 desta lei; e
tado do prazo de cumprimento da medida socioeducativa. VIII – ter atendimento garantido em creche e pré-escola
Art. 47. O mandado de busca e apreensão do adoles- aos filhos de zero a cinco anos.
cente terá vigência máxima de seis meses, a contar da § 1º As garantias processuais destinadas a adolescente
data da expedição, podendo, se necessário, ser reno- autor de ato infracional previstas na Lei nº 8.069, de 13
vado, fundamentadamente. de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
Art. 48. O defensor, o Ministério Público, o adolescente aplicam-se integralmente na execução das medidas so-
e seus pais ou responsável poderão postular revisão ju- cioeducativas, inclusive no âmbito administrativo.
dicial de qualquer sanção disciplinar aplicada, podendo § 2º A oferta irregular de programas de atendimento
a autoridade judiciária suspender a execução da sanção socioeducativo em meio aberto não poderá ser invocada
até decisão final do incidente. como motivo para aplicação ou manutenção de medida
§ 1º Postulada a revisão após ouvida a autoridade cole- de privação da liberdade.
giada que aplicou a sanção e havendo provas a produzir Art. 50. Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 121 da
em audiência, procederá o magistrado na forma do § 1º Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
do art. 42 desta lei. e do Adolescente), a direção do programa de execução de
§ 2º É vedada a aplicação de sanção disciplinar de iso- medida de privação da liberdade poderá autorizar a saída,
lamento a adolescente interno, exceto seja essa impres- monitorada, do adolescente nos casos de tratamento
cindível para garantia da segurança de outros internos médico, doença grave ou falecimento, devidamente com-
ou do próprio adolescente a quem seja imposta a sanção, provados, de pai, mãe, filho, cônjuge, companheiro ou
sendo necessária ainda comunicação ao defensor, ao irmão, com imediata comunicação ao juízo competente.
Ministério Público e à autoridade judiciária em até vinte Art. 51. A decisão judicial relativa à execução de medida
e quatro horas. socioeducativa será proferida após manifestação do
CAPÍTULO III – DOS DIREITOS INDIVIDUAIS defensor e do Ministério Público.

Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cum- CAPÍTULO IV – DO PLANO INDIVIDUAL
primento de medida socioeducativa, sem prejuízo de DE ATENDIMENTO (PIA)
outros previstos em lei: Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas,
I – ser acompanhado por seus pais ou responsável e em regime de prestação de serviços à comunidade, liber-
por seu defensor, em qualquer fase do procedimento dade assistida, semiliberdade ou internação, dependerá
administrativo ou judicial; de Plano Individual de Atendimento (PIA), instrumento
II – ser incluído em programa de meio aberto quando de previsão, registro e gestão das atividades a serem
inexistir vaga para o cumprimento de medida de pri- desenvolvidas com o adolescente.
vação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional Parágrafo único. O PIA deverá contemplar a participação
cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, dos pais ou responsáveis, os quais têm o dever de con-
quando o adolescente deverá ser internado em Unidade tribuir com o processo ressocializador do adolescente,
mais próxima de seu local de residência; sendo esses passíveis de responsabilização adminis-
III – ser respeitado em sua personalidade, intimidade, li- trativa, nos termos do art. 249 da Lei nº 8.069, de 13 de
berdade de pensamento e religião e em todos os direitos julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
não expressamente limitados na sentença; civil e criminal.

IV – peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabilidade da
a qualquer autoridade ou órgão público, devendo, obri- equipe técnica do respectivo programa de atendimento,
gatoriamente, ser respondido em até quinze dias; com a participação efetiva do adolescente e de sua fa-
mília, representada por seus pais ou responsável.
V – ser informado, inclusive por escrito, das normas de
organização e funcionamento do programa de atendi- Art. 54. Constarão do plano individual, no mínimo:
mento e também das previsões de natureza disciplinar; I – os resultados da avaliação interdisciplinar;
VI – receber, sempre que solicitar, informações sobre a II – os objetivos declarados pelo adolescente;
evolução de seu plano individual, participando, obrigato- III – a previsão de suas atividades de integração social
riamente, de sua elaboração e, se for o caso, reavaliação; e/ou capacitação profissional;

98
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

IV – atividades de integração e apoio à família; ao adolescente e a seus pais ou responsável, ao Minis-


V – formas de participação da família para efetivo cum- tério Público e ao defensor, exceto expressa autorização
primento do plano individual; e judicial.

VI – as medidas específicas de atenção à sua saúde. CAPÍTULO V – DA ATENÇÃO INTEGRAL À


SAÚDE DE ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO
Art. 55. Para o cumprimento das medidas de semiliber-
DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA
dade ou de internação, o plano individual conterá, ainda:
Seção I – Disposições Gerais
I – a designação do programa de atendimento mais ade-
quado para o cumprimento da medida; Art. 60. A atenção integral à saúde do adolescente no
Sistema de Atendimento Socioeducativo seguirá as se-
II – a definição das atividades internas e externas, in-
guintes diretrizes:
dividuais ou coletivas, das quais o adolescente poderá
participar; e I – previsão, nos planos de atendimento socioeducativo,
em todas as esferas, da implantação de ações de pro-
III – a fixação das metas para o alcance de desenvol-
moção da saúde, com o objetivo de integrar as ações
vimento de atividades externas.
socioeducativas, estimulando a autonomia, a melhoria
Parágrafo único. O PIA será elaborado no prazo de até das relações interpessoais e o fortalecimento de redes
quarenta e cinco dias da data do ingresso do adoles- de apoio aos adolescentes e suas famílias;
cente no programa de atendimento.
II – inclusão de ações e serviços para a promoção, pro-
Art. 56. Para o cumprimento das medidas de prestação teção, prevenção de agravos e doenças e recuperação
de serviços à comunidade e de liberdade assistida, o PIA da saúde;
será elaborado no prazo de até quinze dias do ingresso
III – cuidados especiais em saúde mental, incluindo os
do adolescente no programa de atendimento.
relacionados ao uso de álcool e outras substâncias psi-
Art. 57. Para a elaboração do PIA, a direção do respectivo coativas, e atenção aos adolescentes com deficiências;
programa de atendimento, pessoalmente ou por meio
IV – disponibilização de ações de atenção à saúde sexual
de membro da equipe técnica, terá acesso aos autos do
e reprodutiva e à prevenção de doenças sexualmente
procedimento de apuração do ato infracional e aos dos
transmissíveis;
procedimentos de apuração de outros atos infracionais
atribuídos ao mesmo adolescente. V – garantia de acesso a todos os níveis de atenção à
saúde, por meio de referência e contrarreferência, de
§ 1º O acesso aos documentos de que trata o caput
acordo com as normas do Sistema Único de Saúde (SUS);
deverá ser realizado por funcionário da entidade de aten-
dimento, devidamente credenciado para tal atividade, VI – capacitação das equipes de saúde e dos profissionais
ou por membro da direção, em conformidade com as das entidades de atendimento, bem como daqueles que
normas a serem definidas pelo Poder Judiciário, de forma atuam nas unidades de saúde de referência voltadas às es-
a preservar o que determinam os arts. 143 e 144 da Lei pecificidades de saúde dessa população e de suas famílias;
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e VII – inclusão, nos sistemas de informação de saúde
do Adolescente). do SUS, bem como no Sistema de Informações sobre
§ 2º A direção poderá requisitar, ainda: Atendimento Socioeducativo, de dados e indicadores de
saúde da população de adolescentes em atendimento
I – ao estabelecimento de ensino, o histórico escolar do
socioeducativo; e
adolescente e as anotações sobre o seu aproveitamento;
VIII – estruturação das unidades de internação conforme
II – os dados sobre o resultado de medida anteriormente
as normas de referência do SUS e do Sinase, visando ao
aplicada e cumprida em outro programa de atendimento;
atendimento das necessidades de Atenção Básica.
e
Art. 61. As entidades que ofereçam programas de aten-
III – os resultados de acompanhamento especializado
dimento socioeducativo em meio aberto e de semiliber-
anterior.
dade deverão prestar orientações aos socioeducandos
Art. 58. Por ocasião da reavaliação da medida, é obriga- sobre o acesso aos serviços e às unidades do SUS.
tória a apresentação pela direção do programa de aten-
Art. 62. As entidades que ofereçam programas de pri-
dimento de relatório da equipe técnica sobre a evolução
vação de liberdade deverão contar com uma equipe
do adolescente no cumprimento do plano individual.
mínima de profissionais de saúde cuja composição
Art. 59. O acesso ao plano individual será restrito aos
servidores do respectivo programa de atendimento,

99
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

esteja em conformidade com as normas de referência Ministério Público para eventual propositura de inter-
do SUS. dição e outras providências pertinentes.
Art. 63. (Vetado.) Art. 66. (Vetado.)
§ 1º O filho de adolescente nascido nos estabeleci- CAPÍTULO VI – DAS VISITAS A ADOLESCENTE EM
mentos referidos no caput deste artigo não terá tal in- CUMPRIMENTO DE MEDIDA DE INTERNAÇÃO
formação lançada em seu registro de nascimento.
Art. 67. A visita do cônjuge, companheiro, pais ou res-
§ 2º Serão asseguradas as condições necessárias para ponsáveis, parentes e amigos a adolescente a quem foi
que a adolescente submetida à execução de medida so- aplicada medida socioeducativa de internação obser-
cioeducativa de privação de liberdade permaneça com o vará dias e horários próprios definidos pela direção do
seu filho durante o período de amamentação. programa de atendimento.
Seção II – Do Atendimento a Adolescente Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou que
com Transtorno Mental e com Dependência viva, comprovada­mente, em união estável o direito à
de Álcool e de Substância Psicoativa visita íntima.
Art 64. O adolescente em cumprimento de medida socioe- Parágrafo único. O visitante será identificado e regis-
ducativa que apresente indícios de transtorno mental, de trado pela direção do programa de atendimento, que
deficiência mental, ou associadas, deverá ser avaliado emitirá documento de identificação, pessoal e intrans-
por equipe técnica multidisciplinar e multissetorial. ferível, específico para a realização da visita íntima.
§ 1º As competências, a composição e a atuação da Art. 69. É garantido aos adolescentes em cumprimento de
equipe técnica de que trata o caput deverão seguir, con- medida socioeducativa de internação o direito de receber
juntamente, as normas de referência do SUS e do Sinase, visita dos filhos, independentemente da idade desses.
na forma do regulamento.
Art. 70. O regulamento interno estabelecerá as hipó-
§ 2º A avaliação de que trata o caput subsidiará a elabo- teses de proibição da entrada de objetos na unidade
ração e execução da terapêutica a ser adotada, a qual de internação, vedando o acesso aos seus portadores.
será incluída no PIA do adolescente, prevendo, se ne-
CAPÍTULO VII – DOS REGIMES DISCIPLINARES
cessário, ações voltadas para a família.
Art. 71. Todas as entidades de atendimento socioeduca-
§ 3º As informações produzidas na avaliação de que
tivo deverão, em seus respectivos regimentos, realizar
trata o caput são consideradas sigilosas.
a previsão de regime disciplinar que obedeça aos se-
§ 4º Excepcionalmente, o juiz poderá suspender a exe- guintes princípios:
cução da medida socioeducativa, ouvidos o defensor e
I – tipificação explícita das infrações como leves, médias
o Ministério Público, com vistas a incluir o adolescente
e graves e determinação das correspondentes sanções;
em programa de atenção integral à saúde mental que
melhor atenda aos objetivos terapêuticos estabelecidos II – exigência da instauração formal de processo disci-
para o seu caso específico. plinar para a aplicação de qualquer sanção, garantidos
a ampla defesa e o contraditório;
§ 5º Suspensa a execução da medida socioeducativa, o
juiz designará o responsável por acompanhar e informar III – obrigatoriedade de audiência do socioeducando nos
sobre a evolução do atendimento ao adolescente. casos em que seja necessária a instauração de processo
disciplinar;
§ 6º A suspensão da execução da medida socioeducativa
será avaliada, no mínimo, a cada seis meses. IV – sanção de duração determinada;

§ 7º O tratamento a que se submeterá o adolescente V – enumeração das causas ou circunstâncias que


deverá observar o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril eximam, atenuem ou agravem a sanção a ser imposta
de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos das ao socioeducando, bem como os requisitos para a ex-
pessoas portadoras de transtornos mentais e redire- tinção dessa;
ciona o modelo assistencial em saúde mental. VI – enumeração explícita das garantias de defesa;
§ 8º (Vetado.) VII – garantia de solicitação e rito de apreciação dos
Art. 65. Enquanto não cessada a jurisdição da Infância recursos cabíveis; e
e Juventude, a autoridade judiciária, nas hipóteses tra- VIII – apuração da falta disciplinar por comissão com-
tadas no art. 64, poderá remeter cópia dos autos ao posta por, no mínimo, três integrantes, sendo um, obri-
gatoriamente, oriundo da equipe técnica.

100
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 72. O regime disciplinar é independente da respon- 176


[...]
sabilidade civil ou penal que advenha do ato cometido. Art. 89. (Vetado.)
Art. 73. Nenhum socioeducando poderá desempenhar Art. 90. Esta lei entra em vigor após decorridos noventa
função ou tarefa de apuração disciplinar ou aplicação de dias de sua publicação oficial.
sanção nas entidades de atendimento socioeducativo.
Brasília, 18 de janeiro de 2012; 191º da
Art. 74. Não será aplicada sanção disciplinar sem ex-
Independência e 124º da República.
pressa e anterior previsão legal ou regulamentar e o
devido processo administrativo. DILMA ROUSSEFF
Art. 75. Não será aplicada sanção disciplinar ao socioe- José Eduardo Cardozo
ducando que tenha praticado a falta: Guido Mantega
Alexandre Rocha Santos Padilha
I – por coação irresistível ou por motivo de força maior;
Miriam Belchior
II – em legítima defesa, própria ou de outrem. Maria do Rosário Nunes
[...]
LEI Nº 12.845, DE 1º DE AGOSTO DE 2013177
TÍTULO III – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas
Art. 81. As entidades que mantenham programas de
em situação de violência sexual.
atendimento têm o prazo de até seis meses após a pu-
blicação desta lei para encaminhar ao respectivo Con- A presidenta da República
selho Estadual ou Municipal dos Direitos da Criança e do
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Adolescente proposta de adequação da sua inscrição,
ciono a seguinte lei:
sob pena de interdição.
Art. 1º Os hospitais devem oferecer às vítimas de vio-
Art. 82. Os conselhos dos direitos da criança e do ado-
lência sexual atendimento emergencial, integral e mul-
lescente, em todos os níveis federados, com os órgãos
tidisciplinar, visando ao controle e ao tratamento dos
responsáveis pelo sistema de educação pública e as en-
agravos físicos e psíquicos decorrentes de violência
tidades de atendimento, deverão, no prazo de um ano
sexual, e encaminhamento, se for o caso, aos serviços
a partir da publicação desta lei, garantir a inserção de
de assistência social.
adolescentes em cumprimento de medida socioeduca-
tiva na rede pública de educação, em qualquer fase do Art. 2º Considera-se violência sexual, para os efeitos
período letivo, contemplando as diversas faixas etárias desta Lei, qualquer forma de atividade sexual não
e níveis de instrução. consentida.

Art. 83. Os programas de atendimento socioeducativo sob Art. 3º O atendimento imediato, obrigatório em todos
a responsabilidade do Poder Judiciário serão, obrigatoria- os hospitais integrantes da rede do SUS, compreende
mente, transferidos ao Poder Executivo no prazo máximo os seguintes serviços:
de um ano a partir da publicação desta lei e de acordo I – diagnóstico e tratamento das lesões físicas no apa-
com a política de oferta dos programas aqui definidos. relho genital e nas demais áreas afetadas;
Art. 84. Os programas de internação e semiliberdade sob II – amparo médico, psicológico e social imediatos;
a responsabilidade dos municípios serão, obrigatoria-
III – facilitação do registro da ocorrência e encaminha-
mente, transferidos para o Poder Executivo do respectivo
mento ao órgão de medicina legal e às delegacias espe-
estado no prazo máximo de um ano a partir da publicação
cializadas com informações que possam ser úteis à identi-
desta lei e de acordo com a política de oferta dos pro-
ficação do agressor e à comprovação da violência sexual;
gramas aqui definidos.
IV – profilaxia da gravidez;
Art. 85. A não transferência de programas de atendi-
mento para os devidos entes responsáveis, no prazo V – profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis
determinado nesta lei, importará na interdição do pro- (DST);
grama e caracterizará ato de improbidade administra- VI – coleta de material para realização do exame de HIV
tiva do agente responsável, vedada, ademais, ao Poder para posterior acompanhamento e terapia;
Judiciário e ao Poder Executivo municipal, ao final do
referido prazo, a realização de despesas para a sua
176.  As alterações expressas nos arts. 86 e 87 foram compiladas na Lei nº 8.069,
manutenção. de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante desta publicação.
177.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 2-8-2013.

101
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

VII – fornecimento de informações às vítimas sobre LEI Nº 13.010, DE 26 DE JUNHO DE 2014179


os direitos legais e sobre todos os serviços sanitários
(Lei Menino Bernardo – Lei da Palmada)
disponíveis.
§ 1º Os serviços de que trata esta lei são prestados de Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
forma gratuita aos que deles necessitarem. e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos
§ 2º No tratamento das lesões, caberá ao médico pre-
físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei
servar materiais que possam ser coletados no exame
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
médico legal.
§ 3º Cabe ao órgão de medicina legal o exame de DNA A presidenta da República
para identificação do agressor. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
Art. 4º Esta lei entra em vigor após decorridos noventa ciono a seguinte lei:
dias de sua publicação oficial. 180
[...]

Brasília, 1º de agosto de 2013; 192º da Art. 3º O art. 26 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de


Independência e 125º da República. 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
passa a vigorar acrescido do seguinte § 9º:
DILMA ROUSSEFF
Art. 26. [...]
José Eduardo Cardozo
Alexandre Rocha Santos Padilha § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à pre-
Eleonora Menicucci de Oliveira venção de todas as formas de violência contra a criança e
Maria do Rosário Nunes o adolescente serão incluídos, como temas transversais,
nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo,
LEI COMPLEMENTAR Nº 146, DE tendo como diretriz a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
25 DE JUNHO DE 2014178 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a
produção e distribuição de material didático adequado.
Estende a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II
Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias à
trabalhadora gestante, nos casos de morte desta, a quem detiver Brasília, 26 de junho de 2014; 193º da
a guarda de seu filho. Independência e 126º da República.

A presidenta da República DILMA ROUSSEFF


Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san- José Eduardo Cardozo
ciono a seguinte lei complementar: Ideli Salvatti
Luís Inácio Lucena Adams
Art. 1º O direito prescrito na alínea b do inciso II do
art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitó-
LEI Nº 13.257, DE 8 DE MARÇO DE 2016181
rias, nos casos em que ocorrer o falecimento da genitora,
será assegurado a quem detiver a guarda do seu filho. Dispõe sobre as políticas públicas para a primeira infância e
altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
Art. 2º Esta lei complementar entra em vigor na data de
e do Adolescente), o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
sua publicação.
(Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis do Trabalho
Brasília, 25 de junho de 2014; 193º da (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
Independência e 126º da República. a Lei nº 11.770, de 9 de setembro de 2008, e a Lei nº 12.662, de
5 de junho de 2012.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo A presidenta da República
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
ciono a seguinte lei:

179.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 27-6-2014, e retificada no


de 1-7-2014.
180.  As alterações expressas nos arts. 1o e 2o foram compiladas na Lei nº 8.069,
de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante desta publicação.
178.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, Ed. extra, de 26-6-2014. 181.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 9-3-2016.

102
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 1º Esta lei estabelece princípios e diretrizes para os profissionais, os pais e as crianças, no aprimora-
a formulação e a implementação de políticas públicas mento da qualidade das ações e na garantia da oferta
para a primeira infância em atenção à especificidade e dos serviços;
à relevância dos primeiros anos de vida no desenvol- VII – articular as ações setoriais com vistas ao atendi-
vimento infantil e no desenvolvimento do ser humano, mento integral e integrado;
em consonância com os princípios e diretrizes da Lei
VIII – descentralizar as ações entre os entes da federação;
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
do Adolescente); altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de IX – promover a formação da cultura de proteção e pro-
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); altera os moção da criança, com apoio dos meios de comunicação
arts. 6º, 185, 304 e 318 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de social.
outubro de 1941 (Código de Processo Penal); acrescenta Parágrafo único. A participação da criança na formulação
incisos ao art. 473 da Consolidação das Leis do Trabalho das políticas e das ações que lhe dizem respeito tem o
(CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio objetivo de promover sua inclusão social como cidadã e
de 1943; altera os arts. 1º, 3º, 4º e 5º da Lei nº 11.770, dar-se-á de acordo com a especificidade de sua idade,
de 9 de setembro de 2008; e acrescenta parágrafos ao devendo ser realizada por profissionais qualificados em
art. 5º da Lei nº 12.662, de 5 de junho de 2012. processos de escuta adequados às diferentes formas de
Art. 2º Para os efeitos desta lei, considera-se primeira expressão infantil.
infância o período que abrange os primeiros 6 (seis) Art. 5º Constituem áreas prioritárias para as políticas
anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida públicas para a primeira infância a saúde, a alimentação
da criança. e a nutrição, a educação infantil, a convivência familiar e
Art. 3º A prioridade absoluta em assegurar os direitos comunitária, a assistência social à família da criança, a
da criança, do adolescente e do jovem, nos termos cultura, o brincar e o lazer, o espaço e o meio ambiente,
do art. 227 da Constituição Federal e do art. 4º da Lei bem como a proteção contra toda forma de violência e
nº 8.069, de 13 de julho de 1990, implica o dever do de pressão consumista, a prevenção de acidentes e a
Estado de estabelecer políticas, planos, programas e adoção de medidas que evitem a exposição precoce à
serviços para a primeira infância que atendam às es- comunicação mercadológica.
pecificidades dessa faixa etária, visando a garantir seu Art. 6º A Política Nacional Integrada para a Primeira
desenvolvimento integral. Infância será formulada e implementada mediante
Art. 4º As políticas públicas voltadas ao atendimento dos abordagem e coordenação intersetorial que articule as
direitos da criança na primeira infância serão elaboradas diversas políticas setoriais a partir de uma visão abran-
e executadas de forma a: gente de todos os direitos da criança na primeira infância.

I – atender ao interesse superior da criança e à sua con- Art. 7º A União, os estados, o Distrito Federal e os muni-
dição de sujeito de direitos e de cidadã; cípios poderão instituir, nos respectivos âmbitos, comitê
intersetorial de políticas públicas para a primeira in-
II – incluir a participação da criança na definição das
fância com a finalidade de assegurar a articulação das
ações que lhe digam respeito, em conformidade com
ações voltadas à proteção e à promoção dos direitos da
suas características etárias e de desenvolvimento;
criança, garantida a participação social por meio dos
III – respeitar a individualidade e os ritmos de desen- conselhos de direitos.
volvimento das crianças e valorizar a diversidade da
§ 1º Caberá ao Poder Executivo no âmbito da União, dos
infância brasileira, assim como as diferenças entre as
estados, do Distrito Federal e dos municípios indicar o
crianças em seus contextos sociais e culturais;
órgão responsável pela coordenação do comitê interse-
IV – reduzir as desigualdades no acesso aos bens e ser- torial previsto no caput deste artigo.
viços que atendam aos direitos da criança na primeira
§ 2º O órgão indicado pela União nos termos do § 1º deste
infância, priorizando o investimento público na pro-
artigo manterá permanente articulação com as instâncias
moção da justiça social, da equidade e da inclusão sem
de coordenação das ações estaduais, distrital e munici-
discriminação da criança;
pais de atenção à criança na primeira infância, visando
V – articular as dimensões ética, humanista e política da à complementaridade das ações e ao cumprimento do
criança cidadã com as evidências científicas e a prática dever do Estado na garantia dos direitos da criança.
profissional no atendimento da primeira infância;
Art. 8º O pleno atendimento dos direitos da criança na
VI – adotar abordagem participativa, envolvendo a so- primeira infância constitui objetivo comum de todos os
ciedade, por meio de suas organizações representativas,

103
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

entes da federação, segundo as respectivas competên- planejamento, acompanhamento, controle social e


cias constitucionais e legais, a ser alcançado em regime avaliação;
de colaboração entre a União, os estados, o Distrito III – executando ações diretamente ou em parceria com
Federal e os municípios. o poder público;
Parágrafo único. A União buscará a adesão dos estados, IV – desenvolvendo programas, projetos e ações com-
do Distrito Federal e dos municípios à abordagem multi e preendidos no conceito de responsabilidade social e de
intersetorial no atendimento dos direitos da criança na investimento social privado;
primeira infância e oferecerá assistência técnica na ela-
V – criando, apoiando e participando de redes de pro-
boração de planos estaduais, distrital e municipais para
teção e cuidado à criança nas comunidades;
a primeira infância que articulem os diferentes setores.
VI – promovendo ou participando de campanhas e ações
Art. 9º As políticas para a primeira infância serão arti-
que visem a aprofundar a consciência social sobre o
culadas com as instituições de formação profissional,
significado da primeira infância no desenvolvimento
visando à adequação dos cursos às características e
do ser humano.
necessidades das crianças e à formação de profissionais
qualificados, para possibilitar a expansão com quali- Art. 13. A União, os estados, o Distrito Federal e os mu-
dade dos diversos serviços. nicípios apoiarão a participação das famílias em redes
de proteção e cuidado da criança em seus contextos
Art. 10. Os profissionais que atuam nos diferentes am-
sociofamiliar e comunitário visando, entre outros ob-
bientes de execução das políticas e programas destinados
jetivos, à formação e ao fortalecimento dos vínculos
à criança na primeira infância terão acesso garantido e
familiares e comunitários, com prioridade aos contextos
prioritário à qualificação, sob a forma de especialização e
que apresentem riscos ao desenvolvimento da criança.
atualização, em programas que contemplem, entre outros
temas, a especificidade da primeira infância, a estratégia Art. 14. As políticas e programas governamentais de
da intersetorialidade na promoção do desenvolvimento apoio às famílias, incluindo as visitas domiciliares e os
integral e a prevenção e a proteção contra toda forma de programas de promoção da paternidade e maternidade
violência contra a criança. responsáveis, buscarão a articulação das áreas de saúde,
nutrição, educação, assistência social, cultura, trabalho,
Art. 11. As políticas públicas terão, necessariamente,
habitação, meio ambiente e direitos humanos, entre
componentes de monitoramento e coleta sistemática
outras, com vistas ao desenvolvimento integral da criança.
de dados, avaliação periódica dos elementos que cons-
tituem a oferta dos serviços à criança e divulgação dos § 1º Os programas que se destinam ao fortalecimento
seus resultados. da família no exercício de sua função de cuidado e edu-
cação de seus filhos na primeira infância promoverão
§ 1º A União manterá instrumento individual de registro
atividades centradas na criança, focadas na família e
unificado de dados do crescimento e desenvolvimento
baseadas na comunidade.
da criança, assim como sistema informatizado, que
inclua as redes pública e privada de saúde, para aten- § 2º As famílias identificadas nas redes de saúde, edu-
dimento ao disposto neste artigo. cação e assistência social e nos órgãos do Sistema de
Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente que se
§ 2º A União informará à sociedade a soma dos recursos
encontrem em situação de vulnerabilidade e de risco ou
aplicados anualmente no conjunto dos programas e ser-
com direitos violados para exercer seu papel protetivo
viços para a primeira infância e o percentual que os
de cuidado e educação da criança na primeira infância,
valores representam em relação ao respectivo orça-
bem como as que têm crianças com indicadores de risco
mento realizado, bem como colherá informações sobre
ou deficiência, terão prioridade nas políticas sociais
os valores aplicados pelos demais entes da federação.
públicas.
Art. 12. A sociedade participa solidariamente com a fa-
§ 3º As gestantes e as famílias com crianças na primeira
mília e o Estado da proteção e da promoção da criança
infância deverão receber orientação e formação sobre
na primeira infância, nos termos do caput e do § 7º do
maternidade e paternidade responsáveis, aleitamento
art. 227, combinado com o inciso II do art. 204 da Cons-
materno, alimentação complementar saudável, cresci-
tituição Federal, entre outras formas:
mento e desenvolvimento infantil integral, prevenção de
I – formulando políticas e controlando ações, por meio acidentes e educação sem uso de castigos físicos, nos
de organizações representativas; termos da Lei nº 13.010, de 26 de junho de 2014, com
II – integrando conselhos, de forma paritária com o intuito de favorecer a formação e a consolidação de
representantes governamentais, com funções de

104
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

vínculos afetivos e estimular o desenvolvimento integral Art. 40. Os arts. 38 e 39 desta lei produzem efeitos a
na primeira infância. partir do primeiro dia do exercício subsequente àquele
§ 4º A oferta de programas e de ações de visita domiciliar em que for implementado o disposto no art. 39.
e de outras modalidades que estimulem o desenvolvi- [...]
mento integral na primeira infância será considerada Art. 43. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
estratégia de atuação sempre que respaldada pelas polí-
ticas públicas sociais e avaliada pela equipe profissional Brasília, 8 de março de 2016; 195º da
responsável. Independência e 128º da República.

§ 5º Os programas de visita domiciliar voltados ao cui- DILMA ROUSSEFF


dado e educação na primeira infância deverão contar Nelson Barbosa
com profissionais qualificados, apoiados por medidas Aloizio Mercadante
que assegurem sua permanência e formação continuada. Marcelo Costa e Castro
Art. 15. As políticas públicas criarão condições e meios Tereza Campello
para que, desde a primeira infância, a criança tenha Nilma Lino Gomes
acesso à produção cultural e seja reconhecida como
produtora de cultura. LEI Nº 13.431, DE 4 DE ABRIL DE 2017183
Art. 16. A expansão da educação infantil deverá ser feita Estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e
de maneira a assegurar a qualidade da oferta, com insta- do adolescente vítima ou testemunha de violência e altera
lações e equipamentos que obedeçam a padrões de in- a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e
fraestrutura estabelecidos pelo Ministério da Educação, do Adolescente).
com profissionais qualificados conforme dispõe a Lei
O presidente da República
nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional), e com currículo e materiais Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
pedagógicos adequados à proposta pedagógica. ciono a seguinte lei:

Parágrafo único. A expansão da educação infantil das TÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS


crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos de idade, no cumpri- Art. 1º Esta lei normatiza e organiza o sistema de ga-
mento da meta do Plano Nacional de Educação, aten- rantia de direitos da criança e do adolescente vítima
derá aos critérios definidos no território nacional pelo ou testemunha de violência, cria mecanismos para
competente sistema de ensino, em articulação com as prevenir e coibir a violência, nos termos do art. 227 da
demais políticas sociais. Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos
Art. 17. A União, os estados, o Distrito Federal e os mu- da Criança e seus protocolos adicionais, da Resolução
nicípios deverão organizar e estimular a criação de es- nº 20/2005 do Conselho Econômico e Social das Nações
paços lúdicos que propiciem o bem-estar, o brincar e o Unidas e de outros diplomas internacionais, e estabe-
exercício da criatividade em locais públicos e privados lece medidas de assistência e proteção à criança e ao
onde haja circulação de crianças, bem como a fruição adolescente em situação de violência.
de ambientes livres e seguros em suas comunidades. Art. 2º A criança e o adolescente gozam dos direitos
182
[...] fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhes
Art. 39. O Poder Executivo, com vistas ao cumprimento asseguradas a proteção integral e as oportunidades e fa-
do disposto no inciso II do caput do art. 5º e nos arts. 12 cilidades para viver sem violência e preservar sua saúde
e 14 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, física e mental e seu desenvolvimento moral, intelectual
estimará o montante da renúncia fiscal decorrente do e social, e gozam de direitos específicos à sua condição
disposto no art. 38 desta lei e o incluirá no demonstra- de vítima ou testemunha.
tivo a que se refere o § 6º do art. 165 da Constituição Parágrafo único. A União, os estados, o Distrito Federal
Federal, que acompanhará o projeto de lei orçamentária e os municípios desenvolverão políticas integradas e
cuja apresentação se der após decorridos 60 (sessenta) coordenadas que visem a garantir os direitos humanos
dias da publicação desta lei. da criança e do adolescente no âmbito das relações do-
mésticas, familiares e sociais, para resguardá-los de
toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, abuso, crueldade e opressão.
182.  As alterações determinadas nos arts. 18 a 36 foram compiladas na Lei nº 8.069,
de 13-7-1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), constante desta publicação. 183.  Publicada no Diário Oficial da União, Seção 1, de 5-4-2017.

105
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 3º Na aplicação e interpretação desta lei, serão con- compensação, de forma independente ou sob patrocínio,
siderados os fins sociais a que ela se destina e, espe- apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial
cialmente, as condições peculiares da criança e do ado- ou por meio eletrônico;
lescente como pessoas em desenvolvimento, às quais o c) tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento,
Estado, a família e a sociedade devem assegurar a fruição o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhi-
dos direitos fundamentais com absoluta prioridade. mento da criança ou do adolescente, dentro do território
Parágrafo único. A aplicação desta lei é facultativa para nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração
as vítimas e testemunhas de violência entre 18 (dezoito) sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma
e 21 (vinte e um) anos, conforme disposto no parágrafo de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade,
único do art. 2º da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 aproveitamento de situação de vulnerabilidade ou en-
(Estatuto da Criança e do Adolescente). trega ou aceitação de pagamento, entre os casos pre-
Art. 4º Para os efeitos desta lei, sem prejuízo da tipifi- vistos na legislação;
cação das condutas criminosas, são formas de violência: IV – violência institucional, entendida como a praticada
I – violência física, entendida como a ação infligida à por instituição pública ou conveniada, inclusive quando
criança ou ao adolescente que ofenda sua integridade gerar revitimização.
ou saúde corporal ou que lhe cause sofrimento físico; § 1º Para os efeitos desta lei, a criança e o adolescente
II – violência psicológica: serão ouvidos sobre a situação de violência por meio de
escuta especializada e depoimento especial.
a) qualquer conduta de discriminação, depreciação ou
desrespeito em relação à criança ou ao adolescente § 2º Os órgãos de saúde, assistência social, educação, se-
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, ma- gurança pública e justiça adotarão os procedimentos ne-
nipulação, isolamento, agressão verbal e xingamento, cessários por ocasião da revelação espontânea da violência.
ridicularização, indiferença, exploração ou intimidação § 3º Na hipótese de revelação espontânea da violência,
sistemática (bullying) que possa comprometer seu de- a criança e o adolescente serão chamados a confirmar os
senvolvimento psíquico ou emocional; fatos na forma especificada no § 1º deste artigo, salvo
b) o ato de alienação parental, assim entendido como em caso de intervenções de saúde.
a interferência na formação psicológica da criança ou § 4º O não cumprimento do disposto nesta lei implicará
do adolescente, promovida ou induzida por um dos ge- a aplicação das sanções previstas na Lei nº 8.069, de
nitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua au- 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
toridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de
TÍTULO II – DOS DIREITOS E GARANTIAS
genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à
manutenção de vínculo com este; Art. 5º A aplicação desta lei, sem prejuízo dos princí-
pios estabelecidos nas demais normas nacionais e in-
c) qualquer conduta que exponha a criança ou o adoles-
ternacionais de proteção dos direitos da criança e do
cente, direta ou indiretamente, a crime violento contra
adolescente, terá como base, entre outros, os direitos e
membro de sua família ou de sua rede de apoio, inde-
garantias fundamentais da criança e do adolescente a:
pendentemente do ambiente em que cometido, particu-
larmente quando isto a torna testemunha; I – receber prioridade absoluta e ter considerada a con-
dição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
III – violência sexual, entendida como qualquer conduta
que constranja a criança ou o adolescente a praticar ou II – receber tratamento digno e abrangente;
presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libi- III – ter a intimidade e as condições pessoais protegidas
dinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo quando vítima ou testemunha de violência;
por meio eletrônico ou não, que compreenda: IV – ser protegido contra qualquer tipo de discriminação,
a) abuso sexual, entendido como toda ação que se uti- independentemente de classe, sexo, raça, etnia, renda,
liza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja cultura, nível educacional, idade, religião, nacionali-
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de dade, procedência regional, regularidade migratória,
modo presencial ou por meio eletrônico, para estimu- deficiência ou qualquer outra condição sua, de seus pais
lação sexual do agente ou de terceiro; ou de seus representantes legais;
b) exploração sexual comercial, entendida como o uso V – receber informação adequada à sua etapa de de-
da criança ou do adolescente em atividade sexual em senvolvimento sobre direitos, inclusive sociais, ser-
troca de remuneração ou qualquer outra forma de viços disponíveis, representação jurídica, medidas de

106
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

proteção, reparação de danos e qualquer procedimento relato estritamente ao necessário para o cumprimento
a que seja submetido; de sua finalidade.
VI – ser ouvido e expressar seus desejos e opiniões, Art. 8º Depoimento especial é o procedimento de oitiva
assim como permanecer em silêncio; de criança ou adolescente vítima ou testemunha de vio-
VII – receber assistência qualificada jurídica e psicosso- lência perante autoridade policial ou judiciária.
cial especializada, que facilite a sua participação e o Art. 9º A criança ou o adolescente será resguardado
resguarde contra comportamento inadequado adotado de qualquer contato, ainda que visual, com o suposto
pelos demais órgãos atuantes no processo; autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente
VIII – ser resguardado e protegido de sofrimento, com ameaça, coação ou constrangimento.
direito a apoio, planejamento de sua participação, prio- Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial
ridade na tramitação do processo, celeridade processual, serão realizados em local apropriado e acolhedor, com
idoneidade do atendimento e limitação das intervenções; infraestrutura e espaço físico que garantam a privaci-
IX – ser ouvido em horário que lhe for mais adequado e dade da criança ou do adolescente vítima ou testemunha
conveniente, sempre que possível; de violência.

X – ter segurança, com avaliação contínua sobre possi- Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por proto-
bilidades de intimidação, ameaça e outras formas de colos e, sempre que possível, será realizado uma única
violência; vez, em sede de produção antecipada de prova judicial,
garantida a ampla defesa do investigado.
XI – ser assistido por profissional capacitado e conhecer
os profissionais que participam dos procedimentos de § 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de
escuta especializada e depoimento especial; antecipação de prova:

XII – ser reparado quando seus direitos forem violados; I – quando a criança ou o adolescente tiver menos de
7 (sete) anos;
XIII – conviver em família e em comunidade;
II – em caso de violência sexual.
XIV – ter as informações prestadas tratadas confiden-
cialmente, sendo vedada a utilização ou o repasse a § 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento
terceiro das declarações feitas pela criança e pelo ado- especial, salvo quando justificada a sua imprescindibi-
lescente vítima, salvo para os fins de assistência à saúde lidade pela autoridade competente e houver a concor-
e de persecução penal; dância da vítima ou da testemunha, ou de seu repre-
sentante legal.
XV – prestar declarações em formato adaptado à criança
e ao adolescente com deficiência ou em idioma diverso Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o
do português. seguinte procedimento:

Parágrafo único. O planejamento referido no inciso VIII, I – os profissionais especializados esclarecerão a


no caso de depoimento especial, será realizado entre os criança ou o adolescente sobre a tomada do depoi-
profissionais especializados e o juízo. mento especial, informando-lhe os seus direitos e os
procedimentos a serem adotados e planejando sua par-
Art. 6º A criança e o adolescente vítima ou testemunha
ticipação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de
de violência têm direito a pleitear, por meio de seu re-
outras peças processuais;
presentante legal, medidas protetivas contra o autor
da violência. II – é assegurada à criança ou ao adolescente a livre
narrativa sobre a situação de violência, podendo o pro-
Parágrafo único. Os casos omissos nesta lei serão inter-
fissional especializado intervir quando necessário, uti-
pretados à luz do disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho
lizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos;
de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), na Lei
nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), III – no curso do processo judicial, o depoimento especial
e em normas conexas. será transmitido em tempo real para a sala de audiência,
preservado o sigilo;
TÍTULO III – DA ESCUTA ESPECIALIZADA
IV – findo o procedimento previsto no inciso II deste
E DO DEPOIMENTO ESPECIAL
artigo, o juiz, após consultar o Ministério Público, o de-
Art. 7º Escuta especializada é o procedimento de entre- fensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência
vista sobre situação de violência com criança ou ado- de perguntas complementares, organizadas em bloco;
lescente perante órgão da rede de proteção, limitado o

107
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

V – o profissional especializado poderá adaptar as per- saúde deverão adotar ações articuladas, coordenadas
guntas à linguagem de melhor compreensão da criança e efetivas voltadas ao acolhimento e ao atendimento
ou do adolescente; integral às vítimas de violência.
VI – o depoimento especial será gravado em áudio e § 1º As ações de que trata o caput observarão as se-
vídeo. guintes diretrizes:
§ 1º À vítima ou testemunha de violência é garantido o I – abrangência e integralidade, devendo comportar ava-
direito de prestar depoimento diretamente ao juiz, se liação e atenção de todas as necessidades da vítima
assim o entender. decorrentes da ofensa sofrida;
§ 2º O juiz tomará todas as medidas apropriadas para II – capacitação interdisciplinar continuada, preferen-
a preservação da intimidade e da privacidade da vítima cialmente conjunta, dos profissionais;
ou testemunha. III – estabelecimento de mecanismos de informação,
§ 3º O profissional especializado comunicará ao juiz se referência, contrarreferência e monitoramento;
verificar que a presença, na sala de audiência, do autor IV – planejamento coordenado do atendimento e do
da violência pode prejudicar o depoimento especial ou acompanhamento, respeitadas as especificidades da
colocar o depoente em situação de risco, caso em que, vítima ou testemunha e de suas famílias;
fazendo constar em termo, será autorizado o afasta-
V – celeridade do atendimento, que deve ser realizado
mento do imputado.
imediatamente – ou tão logo quanto possível – após a
§ 4º Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à in- revelação da violência;
tegridade física da vítima ou testemunha, o juiz tomará
VI – priorização do atendimento em razão da idade ou
as medidas de proteção cabíveis, inclusive a restrição
de eventual prejuízo ao desenvolvimento psicossocial,
do disposto nos incisos III e VI deste artigo.
garantida a intervenção preventiva;
§ 5º As condições de preservação e de segurança da
VII – mínima intervenção dos profissionais envolvidos; e
mídia relativa ao depoimento da criança ou do adoles-
cente serão objeto de regulamentação, de forma a ga- VIII – monitoramento e avaliação periódica das políticas
rantir o direito à intimidade e à privacidade da vítima de atendimento.
ou testemunha. § 2º Nos casos de violência sexual, cabe ao responsável
§ 6º O depoimento especial tramitará em segredo de da rede de proteção garantir a urgência e a celeridade
justiça. necessárias ao atendimento de saúde e à produção pro-
batória, preservada a confidencialidade.
TÍTULO IV – DA INTEGRAÇÃO DAS
POLÍTICAS DE ATENDIMENTO Art. 15. A União, os estados, o Distrito Federal e os municí-
pios poderão criar serviços de atendimento, de ouvidoria
CAPÍTULO I – DISPOSIÇÕES GERAIS ou de resposta, pelos meios de comunicação disponíveis,
Art. 13. Qualquer pessoa que tenha conhecimento ou integrados às redes de proteção, para receber denúncias
presencie ação ou omissão, praticada em local público de violações de direitos de crianças e adolescentes.
ou privado, que constitua violência contra criança ou Parágrafo único. As denúncias recebidas serão encami-
adolescente tem o dever de comunicar o fato imediata- nhadas:
mente ao serviço de recebimento e monitoramento de
I – à autoridade policial do local dos fatos, para apuração;
denúncias, ao conselho tutelar ou à autoridade policial,
os quais, por sua vez, cientificarão imediatamente o II – ao conselho tutelar, para aplicação de medidas de
Ministério Público. proteção; e

Parágrafo único. A União, os estados, o Distrito Federal e III – ao Ministério Público, nos casos que forem de sua
os municípios poderão promover, periodicamente, cam- atribuição específica.
panhas de conscientização da sociedade, promovendo Art. 16. O poder público poderá criar programas, serviços
a identificação das violações de direitos e garantias de ou equipamentos que proporcionem atenção e atendi-
crianças e adolescentes e a divulgação dos serviços de mento integral e interinstitucional às crianças e adoles-
proteção e dos fluxos de atendimento, como forma de centes vítimas ou testemunhas de violência, compostos
evitar a violência institucional. por equipes multidisciplinares especializadas.
Art. 14. As políticas implementadas nos sistemas de jus- Parágrafo único. Os programas, serviços ou equi-
tiça, segurança pública, assistência social, educação e pamentos públicos poderão contar com delegacias

108
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

especializadas, serviços de saúde, perícia médico-legal, manutenção de equipes multidisciplinares destinadas a


serviços socioassistenciais, varas especializadas, Minis- assessorar as delegacias especializadas.
tério Público e Defensoria Pública, entre outros possíveis § 2º Até a criação do órgão previsto no caput deste
de integração, e deverão estabelecer parcerias em caso artigo, a vítima será encaminhada prioritariamente a
de indisponibilidade de serviços de atendimento. delegacia especializada em temas de direitos humanos.
CAPÍTULO II – DA SAÚDE § 3º A tomada de depoimento especial da criança ou do
Art. 17. A União, os estados, o Distrito Federal e os mu- adolescente vítima ou testemunha de violência obser-
nicípios poderão criar, no âmbito do Sistema Único de vará o disposto no art. 14 desta lei.
Saúde (SUS), serviços para atenção integral à criança Art. 21. Constatado que a criança ou o adolescente está
e ao adolescente em situação de violência, de forma a em risco, a autoridade policial requisitará à autoridade
garantir o atendimento acolhedor. judicial responsável, em qualquer momento dos pro-
Art. 18. A coleta, guarda provisória e preservação de cedimentos de investigação e responsabilização dos
material com vestígios de violência serão realizadas pelo suspeitos, as medidas de proteção pertinentes, entre
Instituto Médico Legal (IML) ou por serviço credenciado as quais:
do sistema de saúde mais próximo, que entregará o ma- I – evitar o contato direto da criança ou do adolescente
terial para perícia imediata, observado o disposto no vítima ou testemunha de violência com o suposto autor
art. 5º desta lei. da violência;
CAPÍTULO III – DA ASSISTÊNCIA SOCIAL II – solicitar o afastamento cautelar do investigado da
Art. 19. A União, os estados, o Distrito Federal e os muni- residência ou local de convivência, em se tratando de
cípios poderão estabelecer, no âmbito do Sistema Único pessoa que tenha contato com a criança ou o adolescente;
de Assistência Social (Suas), os seguintes procedimentos: III – requerer a prisão preventiva do investigado, quando
I – elaboração de plano individual e familiar de aten- houver suficientes indícios de ameaça à criança ou ado-
dimento, valorizando a participação da criança e do lescente vítima ou testemunha de violência;
adolescente e, sempre que possível, a preservação dos IV – solicitar aos órgãos socioassistenciais a inclusão
vínculos familiares; da vítima e de sua família nos atendimentos a que têm
II – atenção à vulnerabilidade indireta dos demais mem- direito;
bros da família decorrente da situação de violência, e so- V – requerer a inclusão da criança ou do adolescente
licitação, quando necessário, aos órgãos competentes, em programa de proteção a vítimas ou testemunhas
de inclusão da vítima ou testemunha e de suas famílias ameaçadas; e
nas políticas, programas e serviços existentes; VI – representar ao Ministério Público para que proponha
III – avaliação e atenção às situações de intimidação, ação cautelar de antecipação de prova, resguardados os
ameaça, constrangimento ou discriminação decorrentes pressupostos legais e as garantias previstas no art. 5º
da vitimização, inclusive durante o trâmite do processo desta lei, sempre que a demora possa causar prejuízo ao
judicial, as quais deverão ser comunicadas imediatamente desenvolvimento da criança ou do adolescente.
à autoridade judicial para tomada de providências; e Art. 22. Os órgãos policiais envolvidos envidarão es-
IV – representação ao Ministério Público, nos casos de forços investigativos para que o depoimento especial
falta de responsável legal com capacidade protetiva em não seja o único meio de prova para o julgamento do réu.
razão da situação de violência, para colocação da criança
CAPÍTULO V – DA JUSTIÇA
ou do adolescente sob os cuidados da família extensa,
de família substituta ou de serviço de acolhimento fa- Art. 23. Os órgãos responsáveis pela organização judi-
miliar ou, em sua falta, institucional. ciária poderão criar juizados ou varas especializadas em
crimes contra a criança e o adolescente.
CAPÍTULO IV – DA SEGURANÇA PÚBLICA
Parágrafo único. Até a implementação do disposto no
Art. 20. O poder público poderá criar delegacias espe- caput deste artigo, o julgamento e a execução das causas
cializadas no atendimento de crianças e adolescentes decorrentes das práticas de violência ficarão, preferen-
vítimas de violência. cialmente, a cargo dos juizados ou varas especializadas
§ 1º Na elaboração de suas propostas orçamentá- em violência doméstica e temas afins.
rias, as unidades da federação alocarão recursos para

109
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

TÍTULO V – DOS CRIMES Art. 1º O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e


do Adolescente (Conanda), órgão colegiado de caráter
Art. 24. Violar sigilo processual, permitindo que de-
deliberativo, integrante da estrutura básica da Secre-
poimento de criança ou adolescente seja assistido por
taria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
pessoa estranha ao processo, sem autorização judicial
República, tem por finalidade elaborar normas gerais
e sem o consentimento do depoente ou de seu repre-
para a formulação e implementação da política nacional
sentante legal.
de atendimento dos direitos da criança e do adolescente,
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. observadas as linhas de ação e as diretrizes conforme
TÍTULO VI – DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS dispõe a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente), bem como acompanhar e
Art. 25. O art. 208 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
avaliar a sua execução.
(Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar
acrescido do seguinte inciso XI: Art. 2º Ao Conanda compete:

Art. 208. [...] I – elaborar normas gerais da política nacional de aten-


dimento dos direitos da criança e do adolescente, bem
XI – de políticas e programas integrados de atendimento
como controlar e fiscalizar as ações de execução em
à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de
todos os níveis;
violência.
II – zelar pela aplicação da política nacional de atendi-
[...]
mento dos direitos da criança e do adolescente;
Art. 26. Cabe ao poder público, no prazo máximo de
III – dar apoio aos conselhos estaduais e municipais dos
60 (sessenta) dias contado da entrada em vigor desta lei,
direitos da criança e do adolescente, aos órgãos esta-
emanar atos normativos necessários à sua efetividade.
duais, municipais e entidades não governamentais, para
Art. 27. Cabe aos estados, ao Distrito Federal e aos tornar efetivos os princípios, as diretrizes e os direitos
municípios, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente;
dias contado da entrada em vigor desta lei, estabe-
IV – avaliar a política estadual e municipal e a atuação
lecer normas sobre o sistema de garantia de direitos
dos conselhos estaduais e municipais da criança e do
da criança e do adolescente vítima ou testemunha de
adolescente;
violência, no âmbito das respectivas competências.
V – acompanhar o reordenamento institucional pro-
Art. 28. Revoga-se o art. 248 da Lei nº 8.069, de 13 de
pondo, sempre que necessário, as modificações nas es-
julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
truturas públicas e privadas destinadas ao atendimento
Art. 29. Esta lei entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da criança e do adolescente;
de sua publicação oficial.
VI – apoiar a promoção de campanhas educativas sobre
Brasília, 4 de abril de 2017; 196º da os direitos da criança e do adolescente, com a indicação
Independência e 129º da República. das medidas a serem adotadas nos casos de atentados
ou violação desses direitos;
MICHEL TEMER
Osmar Serraglio VII – acompanhar a elaboração e a execução da pro-
posta orçamentária da União, indicando modificações
necessárias à consecução da política formulada para
DECRETO Nº 5.089, DE 20 a promoção dos direitos da criança e do adolescente;
DE MAIO DE 2004184 VIII – gerir o fundo de que trata o art. 6º da Lei nº 8.242,
de 12 de outubro de 1991, e fixar os critérios para sua uti-
Dispõe sobre a composição, estruturação, competências e
lização, nos termos do art. 260 da Lei nº 8.069, de 1991; e
funcionamento do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
do Adolescente (Conanda) e dá outras providências. IX – elaborar o regimento interno, que será aprovado
pelo voto de, no mínimo, dois terços de seus membros,
O presidente da República, no uso das atribuições que nele definindo a forma de indicação do seu presidente.
lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Consti-
Parágrafo único. Ao Conanda compete, ainda:
tuição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 8.242, de
12 de outubro de 1991, e no art. 50 da Lei nº 10.683, de I – acompanhar e avaliar a expedição de orientações e
28 de maio de 2003, decreta: recomendações sobre a aplicação da Lei nº 8.069, de
1991, e dos demais atos normativos relacionados ao
184.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 21-5-2004. atendimento da criança e do adolescente;

110
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

II – promover a cooperação entre os governos da União, § 1º Os representantes de que trata o inciso I, e seus
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios e a respectivos suplentes, em número de até dois por órgão,
sociedade civil organizada, na formulação e execução da serão indicados pelos titulares dos órgãos representados.
política nacional de atendimento dos direitos da criança § 2º Os representantes de que trata o inciso II, e seus
e do adolescente; respectivos suplentes, serão indicados pelas entidades
III – promover, em parceria com organismos governamen- representadas.
tais e não governamentais, nacionais e internacionais, § 3º Os representantes de tratam os incisos I e II, e seus
a identificação de sistemas de indicadores, no sentido respectivos suplentes, serão designados pelo secre-
de estabelecer metas e procedimentos com base nesses tário especial dos Direitos Humanos da Presidência da
índices para monitorar a aplicação das atividades rela- República.
cionadas com o atendimento à criança e ao adolescente;
§ 4º Poderão ser convidados a participar das reuniões
IV – promover a realização de estudos, debates e pes- do Conanda personalidades e representantes de órgãos
quisas sobre a aplicação e os resultados estratégicos públicos, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
alcançados pelos programas e projetos de atendimento e de entidades privadas, sempre que da pauta constar
à criança e ao adolescente, desenvolvidos pela Secre- tema de suas áreas de atuação.
taria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
Art 4º As entidades da sociedade civil organizada de que
República; e
trata o inciso II do art. 3º deste decreto serão eleitas em
V – estimular a ampliação e o aperfeiçoamento dos me- assembleia específica, convocada especialmente para
canismos de participação e controle social, por inter- esta finalidade.
médio de rede nacional de órgãos colegiados estaduais,
§ 1º A eleição será convocada pelo Conanda, por meio de
regionais e municipais, visando fortalecer o atendimento
edital, publicado no Diário Oficial da União, sessenta dias
dos direitos da criança e do adolescente.
antes do término do mandato dos seus representantes.
Art. 3º O Conanda, observada a paridade entre os re-
§ 2º O regimento interno do Conanda disciplinará as
presentantes do Poder Executivo e da sociedade civil
normas e os procedimentos relativos à eleição das en-
organizada, tem a seguinte composição:
tidades da sociedade civil organizada que comporão
I – um representante de cada órgão a seguir indicado: sua estrutura.
a) Casa Civil da Presidência da República; § 3º Dentre as vinte e oito entidades mais votadas, as
b) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate quatorze primeiras serão eleitas como titulares, das
à Fome; quais as quatorze restantes serão as suplentes, indi-
c) Ministério da Cultura; cando, cada uma, o seu representante, que terá mandato
de dois anos, podendo ser reconduzido mediante novo
d) Ministério da Educação;
processo eleitoral.
e) Ministério do Esporte;
§ 4º O Ministério Público Federal poderá acompanhar o
f) Ministério da Fazenda; processo de escolha dos representantes das entidades
g) Ministério da Previdência Social; da sociedade civil organizada.

h) Ministério da Saúde; Art. 5º A estrutura de funcionamento do Conanda com-


põe-se de:
i) Ministério das Relações Exteriores;
I – Plenário;
j) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
II – Presidência;
l) Ministério do Trabalho e Emprego;
III – Secretaria Executiva; e
m) Ministério da Justiça;
IV – Comissões Permanentes e Grupos Temáticos.
n) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Art. 6º A eleição do presidente do Conanda dar-se-á con-
forme o disposto no regimento interno e sua designação
o) Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
será feita pelo presidente da República.
Igualdade Racial da Presidência da República; e
Art. 7º São atribuições do presidente do Conanda:
II – quatorze representantes de entidades da sociedade
civil organizada. I – convocar e presidir as reuniões do colegiado;

111
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

II – solicitar a elaboração de estudos, informações e DECRETO DE 19 DE OUTUBRO DE 2004185


posicionamento sobre temas de relevante interesse pú-
blico; e Cria Comissão Intersetorial para Promoção, Defesa e Garantia
do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
III – firmar as atas das reuniões e homologar as resoluções.
Comunitária, e dá outras providências.
Art. 8º Caberá à Secretaria Especial dos Direitos Hu-
manos da Presidência da República prover o apoio ad- O presidente da República, no uso da atribuição que
ministrativo e os meios necessários à execução dos lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
trabalhos do Conanda, das comissões permanentes e decreta:
dos grupos temáticos, exercendo as atribuições de Se- Art. 1º Fica criada Comissão Intersetorial para Promoção,
cretaria Executiva. Defesa e Garantia do Direito de Crianças e Adolescentes
Art. 9º As comissões permanentes e grupos temáticos à Convivência Familiar e Comunitária, com a finalidade
serão instituídos pelo Conanda, com o fim de promover de elaborar o plano nacional e as diretrizes da política
estudos e elaborar propostas sobre temas específicos, de promoção, defesa e garantia do direito de crianças
a serem submetidos à composição plenária do con- e adolescentes à convivência familiar e comunitária, a
selho, que definirá no ato da sua criação os objetivos serem apresentados ao Conselho Nacional de Assis-
específicos, a composição e o prazo para conclusão dos tência Social (CNAS) e ao Conselho Nacional da Criança
trabalhos, podendo ser convidados a integrá-los repre- e do Adolescente (Conanda).
sentantes de órgãos públicos dos Poderes Executivo, Art. 2º A comissão será composta por um representante,
Legislativo e Judiciário e de entidades privadas. titular e suplente, de cada órgão e entidade a seguir
Art. 10. As deliberações do Conanda, inclusive seu regi- indicados:
mento interno, serão aprovadas mediante resoluções. I – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Art. 11. As despesas com os deslocamentos dos mem- Fome;
bros integrantes do Conanda, das comissões perma- II – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
nentes e dos grupos temáticos poderão ocorrer à conta dência da República;
de dotações orçamentárias da Secretaria Especial dos III – Ministério da Educação;
Direitos Humanos da Presidência da República.
IV – Ministério da Saúde;
Art. 12. Para cumprimento de suas funções, o Conanda
V – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
contará com recursos orçamentários e financeiros con-
signados no orçamento da Secretaria Especial dos Di- VI – Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora
reitos Humanos da Presidência da República. de Deficiência (Conade);

Art. 13. A participação no Conanda, nas comissões per- VII – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
manentes e nos grupos temáticos será considerada Adolescente (Conanda);
função relevante, não remunerada. VIII – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); e
Art. 14. As dúvidas e os casos omissos neste decreto serão IX – Associação Nacional dos Defensores Públicos da
resolvidos pelo presidente do Conanda, ad referendum do União.
Colegiado.
§ 1º Caberá aos titulares do Ministério do Desenvolvi-
Art. 15. Este decreto entra em vigor na data de sua mento Social e Combate à Fome e da Secretaria Especial
publicação. dos Direitos Humanos a coordenação da Comissão e o pro-
Art. 16. Ficam revogados os Decretos nos 408, de 27 de vimento dos meios para a realização de suas atividades.
dezembro de 1991, e 4.837, de 10 de setembro de 2003. § 2º Os membros da comissão serão indicados pelos titu-
Brasília, 20 de maio de 2004; 183º da
lares dos órgãos e entidades representados, no prazo de
Independência e 116º da República.
vinte dias da publicação deste decreto, e designados em
portaria conjunta dos ministros de Estado do Desenvolvi-
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA mento Social e Combate à Fome e da Secretaria Especial
José Dirceu de Oliveira e Silva dos Direitos Humanos.
Art. 3º São competências e atribuições dos membros
integrantes da comissão:

185.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 20-10-2004.

112
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

I – sugerir e propor ações que venham a compor o plano Nacional de Assistência Social (CNAS) e ao Conselho Na-
nacional e as diretrizes da política de promoção, defesa cional da Criança e do Adolescente (Conanda).
e garantia do direito de crianças e adolescentes à con- Art. 9º Os órgãos setoriais envolvidos consignarão em
vivência familiar e comunitária; e seus orçamentos anuais recursos específicos para a exe-
II – primar pela integração dos órgãos e das ações no cução das ações previstas nos programas e projetos
processo de elaboração do plano nacional de promoção, aprovados pela comissão.
defesa e garantia do direito de crianças e adolescentes Art. 10. O Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
à convivência familiar e comunitária. bate à Fome e a Secretaria Especial dos Direitos Hu-
Art. 4º Poderão ser convidados a compor a comissão, manos da Presidência da República prestarão apoio ad-
em caráter permanente, representantes de órgãos e en- ministrativo para a consecução dos trabalhos a serem
tidades da administração pública, bem assim de entes desenvolvidos pela comissão.
privados, inclusive organizações não-governamentais, Art. 11. A participação na comissão é considerada ser-
organismo internacionais, conselhos e fóruns locais para viço público relevante, não remunerada.
participação dos trabalhos, a seguir indicados:
Art. 12. Este decreto entra em vigor na data de sua
I – Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Criança publicação.
e do Adolescente;
Brasília, 19 de outubro de 2004; 183º da
II – Frente Parlamentar da Adoção;
Independência e 116º da República.
III – Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef);
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
IV – Associação Brasileira de Magistrados e Promotores
Patrus Ananias
da Infância e da Juventude (ABMP);
V – Fórum Colegiado Nacional dos Conselheiros Tutelares; DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007187
VI – Fórum Nacional dos Secretários de Assistência Social Institui a Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência
(Fonseas); Sexual contra Crianças e Adolescentes, e dá outras providências.
VII – Conselho dos Gestores Municipais e Assistência
O presidente da República, no uso da atribuição que
Social (Congemas);
lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
VIII – Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Ado- decreta:
lescente (Fórum DCA);
Art. 1º Fica instituída, no âmbito da Secretaria Especial
IX – Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção dos Direitos Humanos da Presidência da República, a
(Angaad); e Comissão Intersetorial de Enfrentamento à Violência
X – Rede Nacional de Instituições e Programas de Ser- Sexual contra Crianças e Adolescentes, com a finalidade
viços de Ação Continuada (Renipac). de articular ações e políticas públicas em consonância
Art. 5º Caberá à comissão deliberar sobre a forma de com o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência
condução de seus trabalhos. Sexual contra Crianças e Adolescentes.

Art. 6º É facultado à comissão convidar, em caráter even- Art. 2º A Comissão Intersetorial será composta por re-
tual, técnicos, especialistas e representantes de outros presentantes, titular e suplente, dos seguintes órgãos:
órgãos governamentais ou de entidades da sociedade I – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
civil para o acompanhamento dos seus trabalhos. dência da República, que a coordenará;
186
Art. 7º A comissão de que trata este decreto terá II – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
prazo até o dia 18 de abril de 2005 para conclusão dos Igualdade Racial da Presidência da República;
trabalhos. III – Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
Art. 8º Os trabalhos da comissão serão sistematizados da Presidência da República;
em dois documentos versando sobre “plano nacional” e IV – Ministério da Justiça;
“diretrizes da política” de promoção, defesa e garantia do
V – Ministério da Cultura;
direito de crianças e adolescentes à convivência familiar
e comunitária, os quais serão encaminhados ao Conselho VI – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome;

186.  Artigo com nova redação dada pelo Decreto de 24 de fevereiro de 2005. 187.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15-10-2007.

113
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

VII – Ministério da Educação; Art. 7º Este decreto entra em vigor na data de sua
VIII – Ministério do Esporte; publicação.

IX – Ministério das Relações Exteriores; Brasília, 11 de outubro de 2007; 186º da


Independência e 119º da República.
X – Ministério da Saúde;
XI – Ministério do Trabalho e Emprego; LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Dilma Rousseff
XII – Ministério dos Transportes;
XIII – Ministério do Turismo; e DECRETO DE 11 DE OUTUBRO DE 2007188
XIV – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Institui a Comissão Nacional Intersetorial para acompanhamento
Adolescente (Conanda).
da implementação do Plano Nacional de Promoção, Proteção
§ 1º O Ministério da Justiça indicará representantes e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
da Secretaria Nacional de Justiça, Secretaria de Segu- Familiar e Comunitária, e dá outras providências.
rança Pública, Departamento da Polícia Federal, De-
partamento da Polícia Rodoviária Federal e Defensoria O presidente da República, no uso da atribuição que
Pública da União. lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea a, da Constituição,
decreta:
§ 2º A Comissão Intersetorial poderá convidar represen-
tantes de outros órgãos, instituições, organizações da Art. 1º Fica instituída, no âmbito da Secretaria Especial dos
sociedade civil, organizações e organismos internacio- Direitos Humanos da Presidência da República, a Comissão
nais, para compor a Comissão Intersetorial, na forma do Nacional Intersetorial para acompanhamento da imple-
respectivo regimento interno. mentação do Plano Nacional de Promoção, Proteção e
Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência
§ 3º Os membros da Comissão Intersetorial serão indi-
Familiar e Comunitária, aprovado pelo Conselho Nacional
cados pelos titulares dos órgãos ou entidades represen-
de Assistência Social (CNAS) e pelo Conselho Nacional da
tados e designados em ato do Secretário Especial dos
Criança e do Adolescente (Conanda), com a finalidade de
Direitos Humanos.
acompanhar, monitorar e avaliar o referido plano.
Art. 3º São atribuições da Comissão Intersetorial:
Art. 2º A comissão será composta por representantes,
I – promover a intersetorialidade como estratégia para titular e suplente, de cada um dos órgãos a seguir
o enfrentamento à violência sexual contra crianças e indicados:
adolescentes;
I – Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
II – integrar políticas públicas, tendo como referência dência da República;
o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual
II – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Infanto-Juvenil aprovado pelo CONANDA; e
Fome;
III – estimular a criação, expansão e manutenção de rede
III – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
de enfrentamento à violência sexual contra crianças e
Igualdade Racial da Presidência da República;
adolescentes.
IV – Ministério da Educação;
Parágrafo único. A Comissão Intersetorial poderá cons-
tituir grupos de trabalho e subcomissões sobre temas V – Ministério da Saúde;
específicos, bem como convidar profissionais ou espe- VI – Ministério do Trabalho e Emprego;
cialistas para auxiliar as atividades desenvolvidas. VII – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Art. 4º A Comissão Intersetorial elaborará o seu re- Adolescente (Conanda); e
gimento interno no prazo máximo de noventa dias, a VIII – Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
contar da data da respectiva instalação, a ser aprovado
§ 1º Poderão ser convidados a compor a comissão re-
em ato do Secretário Especial dos Direitos Humanos.
presentantes de órgãos e entidades da administração
Art. 5º Caberá à Secretaria Especial dos Direitos Humanos pública, bem como de entes privados, inclusive orga-
prover o apoio administrativo e infraestrutura necessária nizações não governamentais, agências e organismos
à execução das atividades da Comissão Intersetorial. internacionais, conselhos e fóruns relacionados ao plano
Art 6º A participação na Comissão Intersetorial, consi- de que trata o art. 1º.
derada prestação de serviço público relevante, não será
remunerada.
188.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 15-10-2007.

114
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 2º Caberá aos titulares da Secretaria Especial dos Di- II – convidar profissionais ou especialistas para auxiliar
reitos Humanos e do Ministério do Desenvolvimento nos trabalhos desenvolvidos.
Social e Combate à Fome a coordenação compartilhada Art. 5º A comissão intersetorial elaborará o seu regi-
da comissão pelo colegiado. mento interno no prazo máximo de sessenta dias, a
§ 3º Os órgãos coordenadores da comissão promoverão contar da data da respectiva instalação, a ser aprovado
o apoio administrativo, financeiro e de infraestrutura ne- em ato conjunto do Secretário Especial dos Direitos
cessária à execução das ações aprovadas pelo colegiado. Humanos e do Ministro de Estado do Desenvolvimento
§ 4º Os membros da comissão serão indicados pelos titu- Social e Combate à Fome.
lares dos órgãos e entidades representados, no prazo de Art. 6º A comissão intersetorial deverá elaborar relató-
quinze dias da publicação deste decreto, e designados rios anuais com descrição das ações e resultados ob-
em portaria conjunta da Secretaria Especial dos Direitos tidos na implementação do plano de que trata o art. 1º.
Humanos e do Ministério do Desenvolvimento Social e Art. 7º A participação na comissão intersetorial, consi-
Combate à Fome. derada prestação de serviço público relevante, não será
Art. 3º São atribuições da comissão: remunerada.
I – articular os atores envolvidos na implementação do Art. 8º Este decreto entra em vigor na data de sua
plano de que trata o art. 1º, para a consecução dos ob- publicação.
jetivos propostos nos eixos:
Brasília, 11 de outubro de 2007; 186º da
a) análise da situação e sistemas de informação; Independência e 119º da República.
b) atendimento;
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
c) marcos normativos e regulatórios; e Patrus Ananias
d) mobilização, articulação e participação no plano; Dilma Rousseff

II – identificar e mensurar os resultados, efeitos e im-


pactos dos objetivos e ações propostas;
DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE
NOVEMBRO DE 2011189
III – proporcionar informações necessárias e contribuir
para a tomada de decisões por parte dos responsáveis Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional
pela execução dos objetivos e ações do plano; especializado e dá outras providências.

IV – acompanhar o desenvolvimento das ações e tarefas A presidenta da República, no uso das atribuições que
referentes à execução do plano; lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea a, da Consti-
V – controlar as ações, as atividades e os resultados tuição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso III,
propostos no plano, para cumprimento do cronograma da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei nº 9.394, de 20 de
previsto; dezembro de 1996, art. 9º, § 2º, da Lei nº 11.494, de 20
de junho de 2007, art. 24 da Convenção sobre os Direitos
VI – socializar informações periodicamente com os dife-
das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
rentes atores do sistema de garantia de direitos e com
aprovados por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9
os conselhos de direitos da criança e do adolescente e
de julho de 2008, com status de emenda constitucional,
da assistência social dos entes da federação;
e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto
VII – avaliar continuamente a implementação do plano de 2009, decreta:
nas diferentes esferas, ajustando as condições ope-
Art. 1º O dever do Estado com a educação das pessoas
racionais e correção de rumos durante o processo de
público-alvo da educação especial será efetivado de
execução; e
acordo com as seguintes diretrizes:
VIII – realizar bianualmente a revisão do plano, de forma
I – garantia de um sistema educacional inclusivo em
a adequá-lo às deliberações das conferências nacionais
todos os níveis, sem discriminação e com base na igual-
dos direitos da criança e do adolescente e da assistência
dade de oportunidades;
social.
II – aprendizado ao longo de toda a vida;
Art. 4º A comissão intersetorial poderá:
III – não exclusão do sistema educacional geral sob ale-
I – constituir grupos de trabalho e subcomissões sobre
gação de deficiência;
temas específicos; e
189.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção I, de 18-11-2011, e republicado no
de 18-11-2011 (Ed. extra).

115
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

IV – garantia de ensino fundamental gratuito e compul- I – prover condições de acesso, participação e apren-
sório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com dizagem no ensino regular e garantir serviços de apoio
as necessidades individuais; especializados de acordo com as necessidades indivi-
V – oferta de apoio necessário, no âmbito do sistema duais dos estudantes;
educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva II – garantir a transversalidade das ações da educação
educação; especial no ensino regular;
VI – adoção de medidas de apoio individualizadas e III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos
efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvi- e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo
mento acadêmico e social, de acordo com a meta de de ensino e aprendizagem; e
inclusão plena; IV – assegurar condições para a continuidade de estudos
VII – oferta de educação especial preferencialmente na nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino.
rede regular de ensino; e Art. 4º O poder público estimulará o acesso ao aten-
VIII – apoio técnico e financeiro pelo poder público às dimento educacional especializado de forma comple-
instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas mentar ou suplementar ao ensino regular, assegurando
e com atuação exclusiva em educação especial. a dupla matrícula nos termos do art. 9º-A do Decreto
§ 1º Para fins deste decreto, considera-se público-alvo nº 6.253, de 13 de novembro de 2007.
da educação especial as pessoas com deficiência, com Art. 5º A União prestará apoio técnico e financeiro aos
transtornos globais do desenvolvimento e com altas sistemas públicos de ensino dos estados, municípios
habilidades ou superdotação. e Distrito Federal, e a instituições comunitárias, con-
§ 2º No caso dos estudantes surdos e com deficiência fessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, com a
auditiva serão observadas as diretrizes e princípios dis- finalidade de ampliar a oferta do atendimento educa-
postos no Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. cional especializado aos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habi-
Art. 2º A educação especial deve garantir os serviços
lidades ou superdotação, matriculados na rede pública
de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras
de ensino regular.
que possam obstruir o processo de escolarização de
estudantes com deficiência, transtornos globais do de- § 1º As instituições comunitárias, confessionais ou filan-
senvolvimento e altas habilidades ou superdotação. trópicas sem fins lucrativos de que trata o caput devem
ter atuação na educação especial e serem conveniadas
§ 1º Para fins deste decreto, os serviços de que trata
com o Poder Executivo do ente federativo competente.
o caput serão denominados atendimento educacional
especializado, compreendido como o conjunto de ati- § 2º O apoio técnico e financeiro de que trata o caput
vidades, recursos de acessibilidade e pedagógicos or- contemplará as seguintes ações:
ganizados institucional e continuamente, prestado das I – aprimoramento do atendimento educacional espe-
seguintes formas: cializado já ofertado;
I – complementar à formação dos estudantes com defi- II – implantação de salas de recursos multifuncionais;
ciência, transtornos globais do desenvolvimento, como III – formação continuada de professores, inclusive para
apoio permanente e limitado no tempo e na frequência o desenvolvimento da educação bilíngue para estu-
dos estudantes às salas de recursos multifuncionais; ou dantes surdos ou com deficiência auditiva e do ensino
II – suplementar à formação de estudantes com altas do braile para estudantes cegos ou com baixa visão;
habilidades ou superdotação. IV – formação de gestores, educadores e demais pro-
§ 2º O atendimento educacional especializado deve fissionais da escola para a educação na perspectiva da
integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a educação inclusiva, particularmente na aprendizagem,
participação da família para garantir pleno acesso e na participação e na criação de vínculos interpessoais;
participação dos estudantes, atender às necessidades V – adequação arquitetônica de prédios escolares para
específicas das pessoas público-alvo da educação es- acessibilidade;
pecial, e ser realizado em articulação com as demais
VI – elaboração, produção e distribuição de recursos
políticas públicas.
educacionais para a acessibilidade; e
Art. 3º São objetivos do atendimento educacional
VII – estruturação de núcleos de acessibilidade nas ins-
especializado:
tituições federais de educação superior.

116
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

§ 3º As salas de recursos multifuncionais são ambientes DECRETO Nº 7.958, DE 13 DE


dotados de equipamentos, mobiliários e materiais di-
MARÇO DE 2013190
dáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento
educacional especializado. Estabelece diretrizes para o atendimento às vítimas de violência
sexual pelos profissionais de segurança pública e da rede de
§ 4º A produção e a distribuição de recursos educacio-
atendimento do Sistema Único de Saúde.
nais para a acessibilidade e aprendizagem incluem mate-
riais didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua A presidenta da República, no uso das atribuições que
Brasileira de Sinais (Libras), laptops com sintetizador de lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea a, da
voz, softwares para comunicação alternativa e outras Constituição, e tendo em vista o disposto nos incisos IV e
ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo. V do caput do art. 15 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro
§ 5º Os núcleos de acessibilidade nas instituições de 1990, decreta:
federais de educação superior visam eliminar barreiras Art. 1º Este decreto estabelece diretrizes para o atendi-
físicas, de comunicação e de informação que restringem mento humanizado às vítimas de violência sexual pelos
a participação e o desenvolvimento acadêmico e social profissionais da área de segurança pública e da rede
de estudantes com deficiência. de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), e as
Art. 6º O Ministério da Educação disciplinará os requi- competências do Ministério da Justiça e do Ministério da
sitos, as condições de participação e os procedimentos Saúde para sua implementação.
para apresentação de demandas para apoio técnico Art. 2º O atendimento às vítimas de violência sexual
e financeiro direcionado ao atendimento educacional pelos profissionais de segurança pública e da rede de
especializado. atendimento do SUS observará as seguintes diretrizes:
Art. 7º O Ministério da Educação realizará o acompanha- I – acolhimento em serviços de referência;
mento e o monitoramento do acesso à escola por parte
II – atendimento humanizado, observados os princípios
dos beneficiários do benefício de prestação continuada,
do respeito da dignidade da pessoa, da não discrimi-
em colaboração com o Ministério da Saúde, o Ministério
nação, do sigilo e da privacidade;
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e a Secre-
taria de Direitos Humanos da Presidência da República. III – disponibilização de espaço de escuta qualificado
e privacidade durante o atendimento, para propiciar
[...]
ambiente de confiança e respeito à vítima;
Art. 9º As despesas decorrentes da execução das dis-
IV – informação prévia à vítima, assegurada sua com-
posições constantes deste decreto correrão por conta
preensão sobre o que será realizado em cada etapa do
das dotações próprias consignadas ao Ministério da
atendimento e a importância das condutas médicas,
Educação.
multiprofissionais e policiais, respeitada sua decisão
Art. 10. Este decreto entra em vigor na data de sua sobre a realização de qualquer procedimento;
publicação.
V – identificação e orientação às vítimas sobre a exis-
Art. 11. Fica revogado o Decreto nº 6.571, de 17 de se- tência de serviços de referência para atendimento às
tembro de 2008. vítimas de violência e de unidades do sistema de ga-
rantia de direitos;
Brasília, 17 de novembro de 2011; 190º da
Independência e 123º da República. VI – divulgação de informações sobre a existência de
serviços de referência para atendimento de vítimas de
DILMA ROUSSEFF
violência sexual;
Fernando Haddad
VII – disponibilização de transporte à vítima de violência
sexual até os serviços de referência; e
VIII – promoção de capacitação de profissionais de se-
gurança pública e da rede de atendimento do SUS para
atender vítimas de violência sexual de forma humani-
zada, garantindo a idoneidade e o rastreamento dos
vestígios coletados.

190.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 14-3-2013.

117
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 3º Para os fins deste decreto, considera-se serviço I – apoiar a criação de ambiente humanizado para aten-
de referência o serviço qualificado para oferecer aten- dimento de vítimas de violência sexual nos órgãos de
dimento às vítimas de violência sexual, observados os perícia médico-legal; e
níveis de assistência e os diferentes profissionais que II – promover capacitação de:
atuarão em cada unidade de atendimento, segundo
a) peritos médicos-legistas para atendimento hu-
normas técnicas e protocolos adotados pelo Ministério
manizado na coleta de vestígios em vítimas de
da Saúde e pelo Ministério da Justiça.
violência sexual;
Art. 4º O atendimento às vítimas de violência sexual
b) profissionais e gestores de saúde do SUS para
pelos profissionais da rede do SUS compreenderá os
atendimento humanizado de vítimas de violência
seguintes procedimentos:
sexual, no tocante à coleta, guarda e transporte
I – acolhimento, anamnese e realização de exames clí- dos vestígios coletados no exame clínico e o pos-
nicos e laboratoriais; terior encaminhamento do material coletado para
II – preenchimento de prontuário com as seguintes a perícia oficial; e
informações: c) profissionais de segurança pública, em especial
a) data e hora do atendimento; os que atuam nas delegacias especializadas no
b) história clínica detalhada, com dados sobre a vio- atendimento a mulher, crianças e adolescentes,
lência sofrida; para atendimento humanizado e encaminha-
mento das vítimas aos serviços de referência e a
c) exame físico completo, inclusive o exame gineco-
unidades do sistema de garantia de direitos.
lógico, se for necessário;
Art. 6º Ao Ministério da Saúde compete:
d) descrição minuciosa das lesões, com indicação da
temporalidade e localização específica; I – apoiar a estruturação e as ações para o atendimento
humanizado às vítimas de violência sexual no âmbito
e) descrição minuciosa de vestígios e de outros
da rede do SUS;
achados no exame; e
II – capacitar os profissionais e gestores de saúde do
f) identificação dos profissionais que atenderam a
SUS para atendimento humanizado; e
vítima;
III – realizar ações de educação permanente em saúde
III – preenchimento do Termo de Relato Circunstanciado
dirigidas a profissionais, gestores de saúde e população
e Termo de Consentimento Informado, assinado pela
em geral sobre prevenção da violência sexual, organi-
vítima ou responsável legal;
zação e humanização do atendimento às vítimas de vio-
IV – coleta de vestígios para, assegurada a cadeia de lência sexual.
custódia, encaminhamento à perícia oficial, com a cópia
Art. 7º Este decreto entra em vigor na data de sua
do Termo de Consentimento Informado;
publicação.
V – assistência farmacêutica e de outros insumos e
Brasília, 13 de março de 2013; 192º da
acompanhamento multiprofissional, de acordo com a
Independência e 125º da República.
necessidade;
VI – preenchimento da Ficha de Notificação Compulsória DILMA ROUSSEFF
de violência doméstica, sexual e outras violências; e José Eduardo Cardozo
Alexandre Rocha Santos Padilha
VII – orientação à vítima ou ao seu responsável a respeito
Eleonora Menicucci de Oliveira
de seus direitos e sobre a existência de serviços de refe-
rência para atendimento às vítimas de violência sexual.
DECRETO Nº 8.869, DE 5 DE
§ 1º A coleta, identificação, descrição e guarda dos vestí-
OUTUBRO DE 2016191
gios de que tratam as alíneas e e f do inciso II e o inciso IV
do caput observarão regras e diretrizes técnicas estabele- Institui o Programa Criança Feliz.
cidas pelo Ministério da Justiça e pelo Ministério da Saúde.
O presidente da República, no uso da atribuição que
§ 2º A rede de atendimento ao SUS deve garantir a ido- lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea a, da Cons-
neidade e o rastreamento dos vestígios coletados. tituição, decreta:
Art. 5º Ao Ministério da Justiça compete:

191.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 6-10-2016.

118
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 1º Fica instituído o Programa Criança Feliz, de caráter IV – o apoio aos estados, ao Distrito Federal e aos muni-
intersetorial, com a finalidade de promover o desenvolvi- cípios, visando à mobilização, à articulação intersetorial
mento integral das crianças na primeira infância, conside- e à implementação do programa; e
rando sua família e seu contexto de vida, em consonância V – a promoção de estudos e pesquisas acerca do de-
com a Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. senvolvimento infantil integral.
Parágrafo único. Considera-se primeira infância o pe- Art. 5º O Programa Criança Feliz será implementado a
ríodo que abrange os primeiros seis anos completos ou partir da articulação entre as políticas de assistência
os setenta e dois meses de vida da criança. social, saúde, educação, cultura, direitos humanos, di-
Art. 2º O Programa Criança Feliz atenderá gestantes, reitos das crianças e dos adolescentes, entre outras.
crianças de até seis anos e suas famílias, e priorizará: Parágrafo único. O Programa Criança Feliz será coor-
I – gestantes, crianças de até três anos e suas famílias denado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
beneficiárias do Programa Bolsa Família; Agrário.
II – crianças de até seis anos e suas famílias beneficiárias Art. 6º Fica instituído o Comitê Gestor do Programa
do Benefício de Prestação Continuada; e Criança Feliz, no âmbito do Ministério do Desenvolvi-
III – crianças de até seis anos afastadas do convívio fa- mento Social e Agrário, com a atribuição de planejar e
miliar em razão da aplicação de medida de proteção pre- articular os componentes do Programa Criança Feliz.
vista no art. 101, caput, incisos VII e VIII, da Lei nº 8.069, § 1º O comitê gestor será composto por representantes,
de 13 de julho de 1990, e suas famílias. titular e suplente, dos seguintes órgãos:
Art. 3º O Programa Criança Feliz tem como objetivos: I – Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, que
I – promover o desenvolvimento humano a partir do o coordenará;
apoio e do acompanhamento do desenvolvimento in- II – Ministério da Justiça e Cidadania;
fantil integral na primeira infância; III – Ministério da Educação;
II – apoiar a gestante e a família na preparação para o IV – Ministério da Cultura; e
nascimento e nos cuidados perinatais;
V – Ministério da Saúde.
III – colaborar no exercício da parentalidade, fortale-
§ 2º Os membros do comitê gestor serão indicados pelo
cendo os vínculos e o papel das famílias para o desem-
titular do respectivo órgão e designados em ato do mi-
penho da função de cuidado, proteção e educação de
nistro de Estado do Desenvolvimento Social e Agrário.
crianças na faixa etária de até seis anos de idade;
§ 3º Poderão ser convidados a participar das atividades
IV – mediar o acesso da gestante, das crianças na pri-
do comitê gestor representantes de outras instâncias,
meira infância e das suas famílias a políticas e serviços
órgãos e entidades envolvidas com o tema.
públicos de que necessitem; e
§ 4º A secretaria-executiva do comitê gestor será exer-
V – integrar, ampliar e fortalecer ações de políticas pú-
cida pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário,
blicas voltadas para as gestantes, crianças na primeira
que prestará o apoio administrativo e providenciará os
infância e suas famílias.
meios necessários à execução de suas atividades.
Art. 4º Para alcançar os objetivos elencados no art. 3º, o
§ 5º A participação dos representantes do comitê gestor
Programa Criança Feliz tem como principais componentes:
será considerada prestação de serviço público relevante,
I – a realização de visitas domiciliares periódicas, por não remunerada.
profissional capacitado, e de ações complementares que
Art. 7º As ações do Programa Criança Feliz serão execu-
apoiem gestantes e famílias e favoreçam o desenvolvi-
tadas de forma descentralizada e integrada, por meio
mento da criança na primeira infância;
da conjugação de esforços entre União, estados, Distrito
II – a capacitação e a formação continuada de profissio- Federal e municípios, observada a intersetorialidade, as
nais que atuem junto às gestantes e às crianças na pri- especificidades das políticas públicas setoriais, a parti-
meira infância, com vistas à qualificação do atendimento cipação da sociedade civil e o controle social.
e ao fortalecimento da intersetorialidade;
Art. 8º A participação dos estados, do Distrito Federal e
III – o desenvolvimento de conteúdo e material de dos municípios no Programa Criança Feliz ocorrerá por
apoio para o atendimento intersetorial às gestantes, às meio de procedimento de adesão ao programa.
crianças na primeira infância e às suas famílias;

119
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Parágrafo único. O apoio técnico e financeiro a estados, I – da administração pública federal:


ao Distrito Federal e a municípios fica condicionado ao a) Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário,
atendimento de critérios definidos pelo Ministério do que o coordenará;
Desenvolvimento Social e Agrário, ouvido o comitê gestor.
b) Casa Civil da Presidência da República;
Art. 9º Para a execução do Programa Criança Feliz po-
c) Ministério da Educação;
derão ser firmadas parcerias com órgãos e entidades
públicas ou privadas. d) Ministério da Cultura;

Art. 10. O Programa Criança Feliz contará com sistemá- e) Ministério da Saúde;
tica de monitoramento e avaliação, em observância ao f) Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
disposto no art. 11 da Lei nº 13.257, de 2016. Gestão; e
Art. 11. Os recursos para a implementação das ações do g) Ministério dos Direitos Humanos;
Programa Criança Feliz correrão à conta das dotações
II – da sociedade civil, indicados pelos seguintes órgãos:
orçamentárias consignadas anualmente nos órgãos e
nas entidades envolvidos, observados os limites de mo- a) Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
vimentação, empenho e pagamento da programação Adolescente (Conanda);
orçamentária e financeira anual. b) Conselho Nacional de Saúde (CNS);
Art. 12. A implementação do disposto neste decreto ob- c) Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS);
servará, no que couber, a Lei nº 9.504, de 30 de setembro
d) Conselho Nacional de Educação (CNE); e
de 1997.
e) Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC).
Art. 13. Este decreto entra em vigor na data de sua
publicação. § 2º Os membros do Comitê Intersetorial de Políticas
Públicas para a Primeira Infância serão indicados pelo
Brasília, 5 de outubro de 2016; 195º da titular do órgão ou da entidade e designados em ato do
Independência e 128º da República. ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Agrário.
MICHEL TEMER § 3º Representantes de órgãos e entidades públicas e
Alexandre de Moraes privadas poderão ser convidados a colaborar com as
José Mendonça Bezerra Filho atividades do Comitê Intersetorial de Políticas Públicas
Ricardo José Magalhães Barros para a Primeira Infância.
Osmar Terra § 4º A Secretaria-Executiva do Comitê Intersetorial de
Marcelo Calero Faria Garcia Políticas Públicas para a Primeira Infância será exercida
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário,
DECRETO DE 7 DE MARÇO DE 2017192 que prestará o apoio administrativo e disponibilizará
Institui o Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para a os meios necessários à execução de suas atividades.
Primeira Infância. § 5º A participação dos representantes do Comitê Inter-
setorial de Políticas Públicas para a Primeira Infância
O presidente da República, no uso das atribuições que
será considerada prestação de serviço público relevante,
lhe confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea a, da
não remunerada.
Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 7º da
Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016, decreta: Art. 2º São atribuições do Comitê Intersetorial de Polí-
ticas Públicas para a Primeira Infância:
Art. 1º Fica instituído o Comitê Intersetorial de Polí-
ticas Públicas para a Primeira Infância, no âmbito do I – articular as ações setoriais com vistas ao atendimento
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, com a integral e integrado da criança na primeira infância;
finalidade de assegurar a articulação de ações desti- II – acompanhar a execução de políticas públicas vol-
nadas à proteção e à promoção dos direitos da criança tadas à primeira infância;
na primeira infância. III – atuar em regime de colaboração com os estados,
§1º O Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para a o Distrito Federal e os municípios para o pleno aten-
Primeira Infância será composto por um representante, dimento dos direitos da criança na primeira infância; e
titular e suplente, dos seguintes órgãos e entidades: IV – promover o desenvolvimento integral, a prevenção
e a proteção contra toda forma de violência contra a
192.  Publicado no Diário Oficial da União, Seção 1, de 8-3-2017.
criança na primeira infância.

120
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

Art. 3º O funcionamento do Comitê Intersetorial de Polí-


ticas Públicas para a Primeira Infância será disciplinado
em seu regimento interno, que deverá ser aprovado em
ato do ministro de Estado do Desenvolvimento Social e
Agrário no prazo de sessenta dias, contado da data de
sua constituição.
Art. 4º Este decreto entra em vigor na data de sua
publicação.

Brasília, 7 de março de 2017; 196º da


Independência e 129º da República.

MICHEL TEMER
Osmar Terra

121
LISTA DE OUTRAS NORMAS E
INFORMAÇÕES DE INTERESSE
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – 16ª EDIÇÃO

DECRETOS-LEIS E LEIS Rede Nacional Primeira Infância


http://primeirainfancia.org.br
DECRETO-LEI Nº 5.452. DE 1º DE MAIO DE 1943
Secretaria de Direitos Humanos – Crianças e adolescentes
Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes
Publicação: DOU-1 de 9-8-1943.

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 DATAS COMEMORATIVAS


(LDB) 18 de maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e Explo-
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. ração Sexual de Crianças e Adolescentes
Publicação: DOU-1 de 23-12-1996. 4 de junho – Dia Internacional das Crianças Vítimas de
LEI Nº 12.662, 5 DE JUNHO DE 2012 Agressão
Assegura validade nacional à Declaração de Nascido Vivo 12 de junho – Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil
(DNV), regula sua expedição, altera a Lei nº 6.015, de 31 13 de julho – Estatuto da Criança e do Adolescente
de dezembro de 1973, e dá outras providências. (Lei nº 8.069/1990)
Publicação: DOU-1 de 6-6-2012.
23 de setembro – Dia Internacional Contra a Exploração
LEI Nº 12.685, DE 18 DE JULHO DE 2012 Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças
Institui o Dia Nacional do Compromisso com a Criança, 4 de outubro – Dia Internacional das Crianças
o Adolescente e a Educação. 12 de outubro – Dia da Criança
Publicação: DOU-1 de 19-7-2012.
19 de novembro – Dia Internacional de Prevenção à Vio-
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014 lência Sexual Contra Crianças e Adolescentes
Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras 20 de novembro – Declaração Universal dos Direitos da
providências. Criança
Publicação: DOU-1 (Ed. extra) de 26-6-2014.
21 de novembro – Dia Nacional do Compromisso com a
Criança, o Adolescente e a Educação
RESOLUÇÕES

RESOLUÇÃO-CONANDA Nº 161, DE
4 DE DEZEMBRO DE 2013
Estabelece os parâmetros para discussão, formulação e
deliberação dos planos decenais dos direitos humanos
da criança e do adolescente em âmbito estadual, dis-
trital e municipal, em conformidade com os princípios e
diretrizes da Política Nacional de Direitos Humanos de
Crianças e Adolescentes e com os eixos e objetivos estra-
tégicos do Plano Nacional Decenal dos Direitos Humanos
de Crianças e Adolescentes.
Publicação: DOU-1 de 10-1-2014.

RESOLUÇÃO-CONANDA Nº 162, DE 28 DE JANEIRO DE 2014


Aprova o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência
Sexual contra Crianças de Adolescentes.
Publicação: DOU-1 de 29-1-2014.

PORTAIS
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adoles-
cente (Conanda)
http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/con-
selho-nacional-dos-direitos-da-crianca-e-do-adoles-
cente-conanda

123

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