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ressalta que a proposta da sequência é para auxiliar o educador, ou seja, não é uma “receita de
bolo” infalível no ensino.
Alguns temas e/ou tópicos desses capítulos chamaram a atenção e serão expostos e
comentados a seguir. Um deles é a crítica que a autora faz ao ensino de língua portuguesa na
maioria das escolas, na atualidade. Segundo ela, “A língua em uso está fora dessas atividades
da escola; por isso mesmo, essa língua não provoca interesse e, muito menos, entusiasmo ou
admiração” (ANTUNES, 2014, p. 82). Sendo assim, faz o seguinte questionamento: “De que
servem aulas de língua portuguesa se não só não fazem refletir sobre a língua como também
não oferecem ganho social, porque não logram colocar o indivíduo na ‘aristocracia’ da
linguagem?” (ANTUNES, 2014, p. 73). Diante disso, percebe-se que a escola necessita
incentivar o aluno a refletir sobre o papel que a língua desempenha na sociedade como um
todo e na comunidade sua comunidade.
Para que isso seja possível, Antunes (2014) propõe um ensino que vá além da abordagem
gramatical normativa, alegando que, dessa maneira, é possível despertar o senso crítico do
aluno, possibilitando a ele conhecer os recursos linguísticos e sua variação decorrente do
contexto no qual são usados. A autora atribui à escola a responsabilidade de desenvolver as
habilidades de comunicação do educando, advogando que essas instituições precisam
estimulá-lo a refletir sobre a linguagem para que ele tenha uma visão crítica em relação ao
que lê e ao que ouve. Por isso, ela questiona o ensino de frases soltas e fora do contexto.
Além disso, Antunes (2014, p. 47) diz o seguinte: “A relevância dessa gramática
contextualizada está, exatamente, na decisão de não isolar os elementos gramaticais de outros
lexicais ou textuais, mas, ao contrário, ver a gramática tecendo, junto com outros
constituintes, os sentidos expressos” Como afirma a autora, o estudo da gramática requer a
contextualização de outros elementos que fazem parte da língua, como, por exemplo, o
semântico, o pragmático, o lexical etc.
Antunes (2014) ressalta ainda que sua pretensão não é desconsiderar o ensino gramatical. É,
sobretudo, apontar a abrangência que esse ensino pode ter ao se fazer uma análise reflexiva e
contextualizada. Como exemplo, ela cita os usos dos pronomes, que podem ser explorados de
maneira ampla, atribuindo vários sentidos dentro de um contexto. Além disso, explica que, na
produção escrita, muitas vezes, exige-se do aluno que este siga a ordem canônica com os
termos sujeito, verbo e complemento. Porém, dependendo do contexto em que o texto é
escrito, isso pode prejudicar o sentido do que está sendo dito ou escrito, pois, em alguns
casos, o termo mais relevante poderá fica subtendido quando é respeitada a ordem direta.
Além disso, a autora enfatiza a influência que determinados fatos sociais, sobretudo de ordem
econômica e cultural, tiveram no uso da língua ao longo dos anos e ainda imperam no ensino
atual, estabelecendo um padrão ideal para falar corretamente. Isso não passa de uma maneira
de separar as classes dominantes das demais.
Após a leitura do livro, percebemos que os conceitos e assuntos que são discutidos permitem
verificar o quanto são necessárias mudanças na educação, especificamente no ensino de
língua portuguesa. Isso porque o ensino de regras gramaticais descontextualizadas pode ser
um dos principais motivos da frustração do aluno quando se trata de aprender a língua
portuguesa. Além disso, o fracasso do aluno para aprender a ler e a escrever fluentemente
compromete o aprendizado das demais disciplinas e, também, o exercício de sua cidadania, já
INTERFACIS, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, 2016. 103
que o domínio dessas habilidades é imprescindível na sociedade atual, em que toda a relação
entre o sujeito e as instituições oficiais é mediada, sobretudo, pelo texto escrito.
Portanto, essa obra possibilita ao educador refletir a respeito do ensino da gramática em sala
de aula e a complexidade que envolve a língua e, consequentemente, seu ensino, que não deve
reduzir ou tentar deixar homogênea a diversidade que envolve qualquer língua natural. A
Gramática contextualizada é uma ferramenta indispensável no contexto escolar, pois
esclarece dúvidas relevantes na área educacional e aponta problemas que persistem na
educação. Além disso, desperta no profissional o interesse em formar alunos conscientes e
conhecedores dos papéis que a língua desempenha na sociedade.