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ISSN 1984-8218

Isomorfismos entre Grupos Fuchsianos Aritméticos Provenientes


da Tesselação {4g, 4g} via Emparelhamentos

Cintya Wink O. Benedito, Reginaldo Palazzo Jr,


Departamento de Telemática, FEEC, Unicamp,
13083-852, Campinas, SP
E-mail: cintyawink@gmail.com, palazzo@dt.fee.unicamp.br.

Resumo: Neste trabalho iremos obter o grupo fuchsiano aritmético Γ∗4g proveniente da tes-
selação {4g, 4g} via o emparelhamento diametralmente oposto e mostrar que ele é isomorfo a
Γ4g , obtido através do emparelhamento normal.

Palavras-chave: Geometria Hiperbólica, Grupos Fuchsianos, Álgebra dos Quatérnios, Ordem


dos Quatérnios, Tesselações do Plano Hiperbólico, Codificação, Modulação

1 Introdução
É de conhecimento geral que o plano euclidiano é tesselado por triângulos, quadrados e hexágonos.
Entretanto, existem infinitas tesselações regulares que recobrem o plano hiperbólico. Esta é uma
das diferenças entre as duas geometrias. Por outro lado, existe a necessidade crescente de que
a informação tenha um grau de confiabilidade cada vez maior e que o processo de transmissão
seja cada vez mais ágil. Para atender a essas necessidades novas propostas de sistemas de co-
municações, com a menor complexidade possı́vel, se fazem necessárias. É neste contexto que
as tesselações assumem sua importância pois tanto os processos de modulação/demodulação
como os de codificação/decodificação necessitam de novos paradigmas tanto algébricos como
geométricos. Nesta direção, consideramos a tesselação auto-dual {4g, 4g} como uma candidata
em potencial para suprir as necessidades algébrica, geométrica e de menor complexidade. Tal
tesselação consiste de polı́gonos regulares hiperbólicos com 4g lados, denotado por P4g , e que em
cada vértice, 4g polı́gonos se encontram, onde g denota o gênero da superfı́cie. Apesar de não ser
uma das tesselações mais densas, muitos resultados importantes podem ser obtidos a partir desta
tesselação, dentre eles, a de obtenção do grupo fuchsiano aritmético associado. Vandenberg, em
[4], obteve o grupo fuchsiano aritmético Γ4g para os casos em que o gênero da superfı́cie é dado
por g = 2n , 3 · 2n e 5 · 2n utilizando o emparelhamento normal (do inglês ”normal pairing”) das
arestas do polı́gono P4g associado a tesselação {4g, 4g}.
O objetivo deste trabalho é a obtenção do grupo fuchsiano aritmético Γ∗4g proveniente do
emparelhamento diametralmente oposto das arestas e mostrar que Γ∗4g é isomorfo a Γ4g , este
obtido através do emparelhamento normal. A importância deste resultado está no fato da di-
ficuldade de se obter grupos fuchsianos aritméticos para qualquer tesselação e para qualquer
emparelhamento de arestas do polı́gono regular hiperbólico associado. Por exemplo, em codi-
ficação quântica topológica o emparelhamento diametralmente oposto é o mais desejado, pois
este é o caminho homologicamente não trivial com a maior distância mı́nima possı́vel. Como
conseqüência, o código resultante apresenta uma capacidade de correção de erros maior dentre
todos os códigos oriundos dos demais emparelhamentos. Assim, o referido isomorfismo tem sua
importância pois, como o emparelhamento normal apresenta a menor complexidade computaci-
onal na obtenção dos grupos fuchsianos aritméticos (quando estes existem) poderemos através
do grupo Γ4g obter o grupo Γ∗4g (emparelhamento diametralmente oposto).

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Este trabalho está organizado da seguinte maneira. Na Seção 2, elementos básicos de ge-
ometria hiperbólica e grupos fuchsianos são apresentados. Na Seção 3, os grupos fuchsianos
aritméticos são derivados da álgebra dos quatérnios. Na Seção 4, os grupos fuchsianos arit-
méticos derivados dos emparelhamentos normal e diametralmente oposto são estabelecidos. Na
Seção 5, o principal resultado deste trabalho é estabelecido no Teorema 5.1. Como conseqüência,
dois exemplos são apresentados explicitando tal isomorfismo.

2 Geometria Hiperbólica e Grupos Fuchsianos


Existem várias formas distintas de construir o plano hiperbólico, neste trabalho vamos considerar
dois modelos euclidianos para a geometria hiperbólica plana, o semi-plano superior H2 = {z ∈
C : Im(z) > 0} conhecido como plano de Lobachevski e, o disco unitário D2 = {z ∈ C : |z| < 1}
chamado de disco de Poincaré.
A função f : H2 −→ D2 dada por
zi + 1
f (z) = (1)
z+i
é uma bijeção e pode-se verificar que é uma isometria. Isso nos permite trabalhar com o modelo
mais adequado de acordo com a necessidade. Seja PSL(2, R) o conjunto de todas as trans-
formações lineares fracionárias TA : H2 −→ H2 , definidas por
az + b
TA (z) = , (2)
cz + d
onde a, b, c, d ∈ R e ad − bc = 1. Cada transformação TA pode ser representada pelas matrizes
 
a b
A=± , (3)
c d

onde A ∈ SL(2, R), sendo SL(2, R) o grupo multiplicativo das matrizes reais A com det(A) = 1.

Definição 2.1 Um grupo Γ é chamado grupo fuchsiano se é um subgrupo discreto de PSL(2, R).

Observação 2.1 Analogamente, o grupo discreto Γp de isometrias que preservam orientação


Tp : D2 −→ D2 também é um grupo fuchsiano, dado por transformações Tp ∈ Γp < PSL(2, C)
tais que Tp (z) = az+b
b̄z+ā
, a, b ∈ C, |a|2 − |b|2 = 1. Além disso, podemos escrever Tp = f ◦ T ◦ f −1 ,
onde T ∈ PSL(2, R) e f é como em (1).

Definição 2.2 Uma tesselação regular no plano hiperbólico é uma partição deste plano por
polı́gonos regulares não sobrepostos, todos congruentes, sujeitos à restrição de se interceptarem
somente em suas arestas ou vérticés, de modo a termos o mesmo número de polı́gonos parti-
lhando um mesmo vértice, independente do vértice.

Se os polı́gonos de uma tesselação de H2 contém p lados, onde cada vértice é o encontro de


q desses polı́gonos, então a tesselação será denotada por {p, q}. Em particular, se p = q, então
a tesselação é chamada auto dual.
Agora, iremos considerar os espaços quocientes H2 /Γp e D2 /Γp , onde Γp é um grupo discreto
agindo de maneira propriamente descontı́nua sobre H2 ou D2 . A classe de equivalência de um
elemento z ∈ H2 , denotada por [z] é tal que [z] = Γp -órbita de z. Assim, os elementos do espaço
H2 /Γp são as Γp -órbitas, isto é, H2 /Γp = {[z] : z ∈ H2 }. Analogamente, construı́mos o espaço
D2 /Γp . Topologicamente, qualquer g-toro Tg localmente isométrico a H2 pode ser obtido pelo
quociente de H2 por um grupo fuchsiano Γp , isto é, Tg = H2 /Γp . De modo geral, para cada
gênero g, a ação do grupo Γp em H2 pode se processar pela identificação das arestas de um
polı́gono regular Pp de p arestas em H2 por isometrias que geram Γp .
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3 Grupos Fuchsianos Aritméticos


Os grupos fuchsianos que iremos considerar são os grupos fuchsianos derivados de uma álgebra
dos quatérnios, conhecidos como grupos fuchsianos aritméticos.
Uma álgebra dos quatérnios A = (α, β)K sobre um corpo de números K é uma álgebra
simples central de dimensão 4 sobre K, com uma base {1, i, j, k}, satisfazendo a condição de que
i2 = α, j 2 = β, k = ij = −ji e que k 2 = −αβ, onde α, β ∈ K/{0}.
Se x = x0 + x1 i + x2 j + x3 k ∈ A, onde x0 , x1 , x2 , x3 ∈ K, então x̄ = x0 − x1 i − x2 j − x3 k ∈ A
é chamado de conjugado de x. O traço reduzido e a norma reduzida de um elemento x ∈ A são
denotados por T rd(x) = x + x̄ e N rd(x) = x · x̄, respectivamente.

Sejam A = (α, β)K e M0 , M1 , M2 , M3 matrizes linearmentes independentes de M (2, K( α)),
dadas por
   √     √ 
1 0 α 0 0 1 0 α
M0 = , M1 = √ , M2 = , M3 = √ .
0 1 0 − α β 0 −β α 0

Consideremos a aplicação ϕ : A −→ M (2, K( α)), definida por ϕ(x0 + x1 i + x2 j + x3 k) =
x0 · M0 + x1 · M1 + x2 · M2 + x3 · M3 . Como ϕ(i2 ) = αI2 , ϕ(j 2 ) = βI2 e ϕ(ij) = ϕ(i)ϕ(j) =

−ϕ(j)ϕ(i), verifica-se que ϕ é um isomorfismo de A = (α, β)K em uma sub-álgebra de M (2, K( α)).
Dessa forma, cada elemento de A é identificado com
 √ √ 
x0 + x1 α x2 + x3 α
x 7−→ ϕ(x) = √ √ .
β(x2 − x3 α) x0 − x1 α

Se α = t2 com t ∈ K/{0}, então A ' M (2, K( α)). Neste caso, dizemos que A é não ramificada.
Agora, consideremos A uma álgebra dos quatérnios sobre K e R um anel de K. Então, uma
R-ordem O em A é um subanel com unidade de A que é um R-módulo finitamente gerado tal
que A = KO. Assim, sendo A = (α, β)K e IK o anel dos inteiros de K, onde α, β ∈ IK , então

O = {α0 + α1 i + α2 j + α3 k : α0 , α1 , α2 , α3 ∈ IK },

é uma ordem em A denotada por O = (α, β)IK . Também chamaremos uma R-ordem O de
reticulado hiperbólico, devido a sua identificação com grupos fuchsianos aritméticos.
Pode-se provar que o grupo derivado de uma álgebra dos quatérnios A = (α, β)K , cuja ordem
é O = (α, β)IK , denotado por Γ[A, O] é isomorfo a PSL(2, R) e portanto, é um grupo fuchsiano
chamado de grupo fuchsiano aritmético.

4 Grupo Fuchsiano Γ4g


Consideremos um tesselação regular auto-dual {4g, 4g}, g ≥ 2, no plano hiperbólico. O modelo
de espaço hiperbólico a ser usado será o disco de Poincaré, D2 . Seja P4g o polı́gono hiperbólico
regular de 4g arestas associado a tesselação {4g, 4g}, sem perda de generalidade, vamos supor
que P4g esteja centrado na origem de D2 . O polı́gono P4g tessela o plano hiperbólico D2 , de
modo que cada vértice é compartilhado por 4g polı́gonos de mesma forma.
A seguir, veremos duas formas de emparelhamento das arestas para o polı́gono P4g . E, a
partir destes emparelhamentos, encontrar o grupo fuchsiano associado a cada um deles, para
então na Seção 5 mostrar que eles são isomorfos.

4.1 Grupo Fuchsiano Γ4g via emparelhamento normal


Para determinar o grupo fuchsiano Γ4g associado a tesselação {4g, 4g}, utilizando o empare-
lhamento normal das arestas, consideremos as arestas de P4g dispostas da seguinte ordem cı́clica
fixa no sentido anti-horário
0 0 0 0 0 0
u1 , u2 , u1 , u2 , . . . , ui , ui+1 , ui , ui+1 , . . . , u2g−1 , u2g , u2g−1 , u2g (4)
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e as isometrias T1 , T2 , . . . , T2g tais que


0
Ti (ui ) = ui , i = 1, . . . , 2g. (5)
Através desses emparelhamentos, obtemos uma superfı́cie compacta e orientável D2 /Γ4g de
gênero g. Consideremos agora TC como sendo uma transformação elı́ptica de ordem 4g cuja
matriz associada é iπ
!
e 4g 0
C= − iπ
, (6)
0 e 4g
e tal que
0
TC (u1 ) = u2 e TC ri (u1 ) ∈ {ui , ui , i = 1, . . . , 2g}, (7)
onde ri é a potência de TC . Por exemplo, em TC ri (u1 ) = ui , ri representa a quantidade de
arestas que u1 está de ui , com i = 1, . . . , 2g e considerando a ordem em (4).
Sejam Ai as matrizes correspondentes as transformações Ti , com i = 1, . . . , 2g. Assim, segue
de (5) e (7) que
Ai = C 4j+1 A1 C −(4j+1) , i par e j = 0, . . . , g − 1;

, i = 2, . . . , 2g (8)
Ai = C 4k A1 C −4k , i ı́mpar e k = 1, . . . , g − 1.
Logo, uma vez obtido T1 , as outras transformações são obtidos por conjugação. O teorema
abaixo nos mostra a forma da transformação T1 .
Teorema 4.1 [1] Seja P4g o polı́gono hiperbólico regular de 4g arestas, cujo grupo fuchsiano
associado é Γ4g . Consideremos u1 como a aresta entre os argumentos − π2 e − (g−1)π
2g e T1 a
0
transformação hiperbólica que emparelha as arestas u1 e u1 do polı́gono P4g . Então T1 (z) = az+b
b̄z+ā
,
onde a e b são dados por
!1
(2g − 1)π 2 2
 
(g − 1)π (2g − 1)π −(2g + 1)π
arg(a) = , |a| = tan e arg(b) = , |b| = tan −1 .
2g 4g 4g 4g
0
As demais transformações hiperbólicas Ti (ui ) = ui , i = 2, . . . , 2g geradoras do grupo fuchsiano
Γ4g que realizam os outros emparelhamentos de arestas são obtidas pelas conjugações Ti =
TC ri ◦ T1 ◦ TC −ri , onde ri é a potência de TC .
Através deste procedimento de determinação dos geradores do grupo fuchsiano Γ4g utilizando
o emparelhamento usual, podemos determinar sua estrutura algébrica através da seguinte repre-
sentação
Γ4g = hT1 , . . . , T2g : T1 ◦T2 ◦T1−1 ◦T2−1 ◦· · ·◦Ti ◦Ti+1 ◦Ti−1 ◦Ti+1
−1 −1
◦· · ·◦T2g−1 ◦T2g ◦T2g−1 −1
◦T2g = Idi.
Através dos resultados que veremos a seguir, iremos identificar os grupos fuchsianos Γ4g
derivados de uma álgebra dos quatérnios, em que g = 2n , 3 · 2n e 5 · 2n , n ∈ N.
Teorema 4.2 [4] Para cada g = 2n , 3 · 2n e 5 · 2n , onde n ∈ N, os elementos do grupo fu-
chsiano via isomorfismo com elementos da ordem O = (θ, −1)R , onde
 δ Γ4g são identificados
R = 2m : δ ∈ Z[θ] e m ∈ N e

 q p


 r
 2 + 2 + ... + 2 para g = 2n ;


 q p

θ= 2 + 2 + . . . + 2+ 3 para g = 3 · 2n ; (9)
s


 r

 q √
 2 + 2 + . . . + 2 + 10+2 5
para g = 5 · 2n .


2
.
Teorema 4.3 [4] Para cada g = 2n , 3 · 2n e 5 · 2n , onde n ∈ N, o grupo fuchsiano Γ4g associado
ao polı́gono regular P4g , é derivado de uma álgebra de divisão dos quatérnios A = (θ, −1)K ,
sobre K = Q(θ), onde [K : Q] = 2n , 2n+1 e 2n+2 , respectivamente, e θ é como em (9).
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4.2 Grupo Fuchsiano Γ∗4g via emparelhamento diagonalmente oposto


Agora, iremos determinar o grupo fuchsiano, que neste trabalho será denotado por Γ∗4g , associado
a tesselação {4g, 4g}, utilizando o emparelhamento diametralmente oposto das arestas. Assim,
consideremos agora u1 , u2 , . . . , u4g−1 , u4g as arestas de P4g dispostas em ordem cı́clica fixa no
sentido anti-horário e as isometrias para este emparelhamento T1∗ , T2∗ , . . . , T2g
∗ tais que

Ti∗ (ui ) = ui+2g , i = 1, . . . , 2g. (10)

Por meio desses emparelhamentos, obtemos uma superfı́cie compacta e orientável D2 /Γ∗4g de
gênero g. Da mesma forma como na seção anterior, consideremos TC uma transformação elı́ptica
de ordem 4g com a matriz associada dada em (6) tal que

TC (u1 ) = u2 e TC ri (u1 ) ∈ {ui , i = 2, . . . , 4g}, (11)

onde ri é a potência de TC . Podemos escrever as demais transformações como conjugações de


T1∗ por meio de potências de C. Sejam A∗i as matrizes correspondentes as transformações Ti∗ ,
com i = 1, . . . , 2g. Assim, segue de (10) e (11) que

A∗i = C i−1 A∗1 C −(i−1) , i = 2, . . . , 2g. (12)

O teorema a seguir nós dá a matriz A1 para qualquer grupo fuchsiano Γp em que a trans-
formação T1 emparelha a aresta u1 com sua diametralmente oposta.

Teorema 4.4 [4] Sejam Pp o polı́gono regular de p arestas e Γp o grupo fuchsiano, associados
a tesselação {p, q}. Seja T1 ∈ Γp tal que T1 (u1 ) = u1+ p . Então, a matriz A1 associada a
2
transformação T1 é dada por
p+1
 
+2 cos πq ·e ( p )
i π
q
2 cos πq 2 cos π
p
2 sin π 2 sin π
 
p p
A1 =  q (13)
 
p+1
−i( p )π
π π

 2 cos p +2 cos q ·e 2 cos π 
q
π π
2 sin p
2 sin p

Fazendo uso de um conjunto de emparelhamentos das arestas de Pp podemos, a partir de T1 ,


determinar as outras isometrias de emparelhamentos que geram Γp , por conjugações da forma
Ti = TC ri ◦ T1 ◦ TC −ri , onde ri é a potência de TC .

Portanto, por (12) e pelo Teorema 4.4 obtemos os geradores do grupo fuchsiano Γ∗4g utilizando
o emparelhamento diametralmente oposto e então, podemos determinar a estrutura algébrica
deste grupo através da seguinte representação

Γ∗4g = hT1∗ , . . . , T2g



: T1∗ ◦ (T2∗ )−1 ◦ · · · ◦ T2g−1
∗ ∗ −1
◦ (T2g ) ◦ (T1∗ )−1 ◦ T2∗ ◦ · · · ◦ (T2g−1

)−1 ◦ T2g

= Idi.

Observação 4.1 Apesar de omitirmos as demonstrações, observamos que os Teoremas 4.2 e


4.3, obtidos em [4] para o grupo Γ4g também são válidos se considerarmos o grupo Γ∗4g .

5 Isomorfismo entre os Grupos Γ4g e Γ∗4g


Nas Seções 4.1 e 4.2 apresentamos os grupos fuchsianos Γ4g e Γ∗4g da tesselação {4g, 4g} obtidos
através do emparelhamento normal e do emparelhamento diagonalmente oposto das arestas,
respectivamente. Nesta seção veremos que existe um isomorfismo entre estes dois grupos. Antes
veremos o seguinte resultado que será utilizado para provar o resultado principal.

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Proposição 5.1 [4] Seja Γ ⊂ PSL(2, R) um grupo fuchsiano finitamente gerado por G1 , . . . Gl .
Então  √ √ 
1 xi + yi √θ zi + wi√ θ
Gi = s , (14)
2 −zi + wi θ xi − yi θ

onde Gi ∈ M (2, K( θ)), s ∈ N, θ, xi , yi , zi , wi ∈ K, com i = 1, . . . , l e sendo K um corpo. Além
disso, qualquer elemento T ∈ Γ assume a mesma forma dos geragores de Γ.

Teorema 5.1 Sejam Γ4g , Γ∗4g ⊂ PSL(2, C) grupos fuchsianos associados a tesselação {4g, 4g}
provenientes dos emparelhamentos normal e diametralmente oposto, respectivamente. Então
Γ4g ' Γ∗4g .
Demonstração: Fixado um gênero g, consideremos Γ1 e Γ2 grupos fuchsianos em H2 , ou
seja, subgrupos de PSL(2, R), tais que Γ1 = f −1 Γ4g f e Γ2 = f −1 Γ∗4g f , onde f é como em (1).
A existência destes grupos é garantida pela Observação 2.1. Além disso, se considerarmos os
isomorfismos de grupos φ1 : Γ1 −→ Γ4g e φ2 : Γ2 −→ Γ∗4g dados por φ1 (T ) = φ2 (T ) = f −1 T f ,
temos que Γ1 ' Γ4g e Γ2 ' Γ∗4g . Para i = 1, . . . , 2g, sejam Ai e A∗i as matrizes correspondentes
as transformações Ti e Ti∗ , respectivamente. Então,
Gi = f −1 Ai f e G∗i = f −1 A∗i f, (15)

onde i = 1, . . . , 2g, são os geradores dos grupos Γ1 e Γ2 , respectivamente. Como Γ1 , Γ2 ⊂


PSL(2, R) segue pela Proposição 5.1 que ambos seus geradores Gi e G∗i são da forma dada em
(14). E, pela forma como foram construı́dos os grupos Γ1 e Γ2 , definidos a partir de Γ4g e Γ∗4g ,

temos que Gi , G∗i ⊂ M (2, Q( θ)), ambos para o mesmo valor de θ, onde θ depende do gênero
g e é como em (9). Logo, existe um isomorfismo ψ : Γ1 −→ Γ2 em que ψ(Gi ) = G∗i . Portanto,
pela cadeia de isomorfismos Γ4g ' Γ1 ' Γ2 ' Γ∗4g , segue em Γ4g ' Γ∗4g .
Abaixo, veremos exemplos que explicitam este fato.

Exemplo 5.1 Sejam g = 4 e a tesselação {16, 16} considerando o emparelhamento normal


das arestas do polı́gono P16 . Pelo Teorema 4.1 segue que a = |a|eiarg(a) = tan 7π ei 3π
8 , b =
 √ √ √4 √ 
16
−( 2+iy1 ) 2+ 2
x1 (1+i(1+ 2))
1 −9π
|b|eiarg(b) = ((tan 7π 2 i 2 √ √
2 √
16 ) − 1) e e A1 = 
2 16 √ 4
.
−( 2−iy1 ) 2+ 2
x1 (1−i(1+ 2))
2 2
Por (8) e (15), obtemos os seguintes geradores para o grupo fuchsiano Γ1 ' Γ16 :
 √
4 √ √
4 √   √4 √ √
4 √ 
x1 −y1 2+ 2 z1 −w1 2+ 2 x1 −w1 2+ 2 z1 +y1 2+ 2
G1 = 2√ √ √
2 √  G =  2√ √ √
2 √
, 2
 4 4 4 4

−z1 −w1 2+ 2 x1 +y1 2+ 2 −z1 +y1 2+ 2 x1 +w1 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 − y21 i + z21 j − w21 k) = ϕ( x21 − w21 i + z21 j + y21 k)
 √
4 √ √
4 √   √
4 √ √
4 √ 
x1 +y1 2+ 2 z1 +w1 2+ 2 x1 +w1 2+ 2 z1 −y1 2+ 2
G3 =  2√ √ √
2 √  G4 =  2√ √ √
2 √ 
4 4 4 4
−z1 +w1 2+ 2 x1 −y1 2+ 2 , −z1 −y1 2+ 2 x1 −w1 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 + y21 i + z21 j + w1
2 k) = ϕ( x21 + w21 i + z21 j − y1
2 k)
 √
4 √ √
4 √   √4 √ √
4 √ 
x1 −y1 2+ 2 z1 +w1 2+ 2 x1 +w1 2+ 2 z1 +y1 2+ 2
G5 =  2√4 √ √
2
4 √  G6 =  2√4 √ √
2
4 √ 
−z1 +w1 2+ 2 x1 +y1 2+ 2 , −z1 +y1 2+ 2 x1 −w1 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 − y21 i + z21 j + w1
2 k) = ϕ( x21 + w21 i + z21 j + y1
2 k)
 √
4 √ √
4 √   √4 √ √
4 √ 
x1 +y1 2+ 2 z1 −w1 2+ 2 x1 −w1 2+ 2 z1 −y1 2+ 2
G7 =  2√ √ √
2 √  G8 =  2√ √ √
2 √ 
4 4 4 4
−z1 −w1 2+ 2 x1 −y1 2+ 2 , −z1 −y1 2+ 2 x1 +w1 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 + y21 i + z21 j − w1
2 k) − y21 k)
= ϕ( x21 − w21 i + z21 j
p √ √ p √ √ p √ √
onde x1 = 2 + 2 + 2, y1 = 2 + 2 + 2 2 + 2, z1 = (1 + 2)(2 + 2 + 2), w1 = 2.
Assim, segue pelo Teorema 4.2 que a ordem associada ao grupo fuchsiano Γ1 ' Γ16 é O =
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p √ p √ p
4
√ p4

( 2 + 2, −1))R , sendo R = { 2δm : δ ∈ Z[ 2 + 2] e m ∈ N} e {1, 2 + 2, i, 2 + 2i} é
uma R-base de O. E, pelo Teorema 4.3, segue que Γ1 ' Γp
16 é um grupo fuchsiano derivado da
p √ √
álgebra dos quatérnios A = ( 2 + 2, −1)K , com K = Q( 2 + 2) e [K : Q] = 4.

Exemplo 5.2 Sejam g = 4 e a tesselação {16, 16} considerando agora o emparelhamento dia-
metralmente oposto das arestas dopolı́gono P16 .
π
√ π i 17π

2 cos 16 4 cos 8 ·e 16
π π
2 sin 16 2 sin 16
Pelo Teorema 4.4 segue que A∗1 = √ .
 
17π
4 cos π8 ·e−i 16 π
2 cos 16
π π
2 sin 16 2 sin 16
∗ :
Γ2 ' Γ√
 obtemos
Por (12) e (15), √
4
os seguintes
√ √4
geradores
√  para o grupo
 fuchsiano

4 √
16
4 √ 
x1 +y1 2+ 2 −w1 2+ 2 x1 +y2 2+ 2 −w2 2+ 2
G∗1 =  √
4
2 √ √
2
4 √  G∗2 =  √
4
2 √ √
2
4 √ 
−w1 2+ 2 x1 −y1 2+ 2 , −w2 2+ 2 x1 −y2 2+ 2 ,
2 2 2 2
y1 y2
= ϕ( x21 + − w21 k)
2 i = ϕ( x21 + − w22 k)
2 i
 √
4 √ √√
4
  √
4 √ √

4

x1 +w2 2+ 2 −y22+ 2 x1 +w1 2+ 2 −y1 2+ 2
G∗3 =  √
4
2 √ √
2
4 √  G∗4 =  √
4
2√ √
2
4 √ 
−y2 2+ 2 x1 −w2 2+ 2 , −y1 2+ 2 x1 −w1 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 + w22 i − y22 k) = ϕ( x21 + w21 i − y21 k)
 √
4 √ √
4 √   √4 √ √4 √ 
x1 +w1 2+ 2 y1 2+ 2 x1 +w2 2+ 2 y2 2+ 2
G∗5 =  √
4
2 √ √
2
4 √  G∗6 =  √
4
2 √ √
2
4 √ 
y1 2+ 2 x1 −w1 2+ 2 , y2 2+ 2 x1 −w2 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 + w21 i + y21 k) = ϕ( x21 + w22 i + y22 k)
 √4 √ √
4 √   √
4 √ √
4 √ 
x1 +y2 2+ 2 w2 2+ 2 x1 +y1 2+ 2 w1 2+ 2
G∗7 =  √4
2 √ √
2
4 √  G∗8 =  √
4
2 √ √
2
4 √ 
w2 2+ 2 x1 −y2 2+ 2 , w1 2+ 2 x1 −y1 2+ 2 ,
2 2 2 2
= ϕ( x21 + y22 i + w22 k) = ϕ( x21 + y21 i + w21 k)
√ p √ √ √ p √ √
onde x 1 = 2 + 2 2(1 + 2 + 2), y 1 = 2, w 1 = 2 + 2 + 2 2 + 2, y 2 = 2(1 +
p √ √ √ p √
2 + 2), w2 = 2+ 2+ 2 2 +p 2. Assim, segue pelo Teorema 4.2 que ap ordem associada ao
√ √
grupo fuchsiano Γ2 ' Γ∗16 é O = ( 2 + 2, −1))R , sendo R = { 2δm : δ ∈ Z[ 2 + 2] e m ∈ N}
p
4
√ p4

e {1, 2 + 2, i, 2 + 2i} é uma R-base de O. E, pelo Teorema p 4.3,√segue que Γ1 ' Γ16
é um
p grupo fuchsiano derivado da álgebra dos quatérnios A = ( 2 + 2, −1)K , com K =

Q( 2 + 2) e [K : Q] = 4.

Observação 5.1 Observe através dos exemplos, que a forma dos geradores são as mesmas e
como dada em (14), mais os geradores não são os mesmos, então geram grupos diferentes porém
isomorfos. Além disso, através de ambos os grupos de geradores encontrados
p obtemos os grupos

fuchsianos aritméticos derivados da mesma álgebra dos quatérnios A = ( 2 + 2, −1)K .

Referências
[1] E.D. Carvalho, “Construção e Rotulamento de Constelações de Sinais Geometricamente
Uniformes em Espaços Euclidianos e Hiperbólicos”, Tese de Doutorado, FEEC-UNICAMP,
2001.
[2] S. Katok, “Fuchsian Groups”, The University of Chicago Press, Chicago, 1992.
[3] J. Stillwell, “Geometry of Surfaces”, Springer-Verlag, 2000.
[4] V.L. Vieira, “Grupos Fuchsianos Aritméticos Identificados em Ordens dos q Quatérnios para
a Construção de Constelações de Sinais”, Tese de Doutorado, FEEC-UNICAMP, 2007.
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