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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO I

Professora: Cláudia Lima Marques – 2017


Bruna Saratt

AULA 1 – 29/08/17
INTERNACIONALIZAÇÃO DA VIDA PRIVADA

Caso: libanês vende tecidos no Brasil, em determinado ano se naturaliza brasileiro. O


art. 7º, parágrafo 5º da LINDB. O libanês católico não segue esse artigo. Ele tem 4 filhos, ao
falecer se descobre um testamento público. Este testamento é aberto após a CF de 88, que dá
40% dos bens para o filho homem mais velho, seguindo a tradição libanesa de beneficiar o
filho mais velho homem. Os demais filhos mais a esposa entram com ação pedindo a nulidade
desse testamento, dizendo que é inconstitucional esse benefício ao filho homem. O caso é de
direito internacional privado. São dois países, Brasil e Líbano. Quando eles casaram no
Líbano não tinha conexão com o Brasil, o regime de bens para libaneses católicos foi dado
pelo Líbano. Depois eles atravessam a fronteira, todos os filhos são brasileiros, não têm
conexão com o Líbano. O pai transfere sua nacionalidade brasileira, já que ele se naturalizou.
A sede é o Brasil, porque viveram ali. A esposa é libanesa. O caso comporta relações atípicas.
São situações atípicas.
Segundo visão nacional, esse caso aconteceu todo em um só país. A coação da lei é só
uma, porque só aquela se aplica ao caso. Todavia, o caso do libanês, no Brasil, tem muitas
situações atípicas. São atípicas porque elas têm um elemento diferente, chamado de
estraneidade. Esse elemento internacional é que faz do caso uma situação atípica, o qual cria
necessidade de que cada país tenha ramo de direito interno chamado de direito internacional
privado, cada país tem o seu, são diferentes.
Esses elementos de estraneidade estão no fato. No caso libanês é o lugar da realização
do casamento, o domicílio dos nubentes (Líbano), a nacionalidade deles é libanesa. Ainda, a
religião pode ser um elemento de diferença. Também os lugares onde ocorrem as coisas, no
caso, o testamento que foi feito no Brasil. No caso, tem um conflito entre as leis. A dúvida é
qual a lei que se aplica ao caso. Essa dúvida é chamada de conflito de leis no espaço.
Savigny escreve seu volume 8º no sistema de direito romano, ele fala no império das
leis no tempo e no espaço. Cada país aplica seu direito. Os privados vão caminhando pelo
mundo, ou hoje com a internet tem muitos contratos internacionais.
Os conflitos de lei no espaço: H. Valladão define DIP como ramo de direito interno que
soluciona os conflitos no espaço.
A solução vem através de técnica chamada elemento de conexão. Art. 4º da Lei
LINDB.
O Brasil utiliza o domicílio como elemento de conexão, que é elemento de estraneidade
que está na lei ele soluciona o teórico conflito de leis.
Art. 10 – lei de domicílio, do último e não o primeiro. Quanto ao regime dos bens, para
saber a universalidade, no sentido de saber o que é do libanês e da mulher – art. 4º, parágrafo
5º. A esposa não tem direito a nada, somente que ele colocou no testamento. O regime de bens
é o da separação universal. No regime de bens, todo o dinheiro era do libanês. Ele ter dado
40% ao filho está dentro da legítima.
Porém a sucessão é pelo art. 10º da lei brasileira. Portanto, o testamento não é
inconstitucional, porque quem tinha o dinheiro era o libanês. Ele considerou que o filho
homem deveria ficar com a maioria dos bens. O juiz usa no processo o direito brasileiro para
resolver esses casos, são normas de direito público para resolver a aplicação das leis.
O Direito Internacional Privado: o direito não é internacional, ele é brasileiro. O que é
internacional é a relação privada das pessoas. É direito privado brasileiro (civil, consumidor).
Tem a ver com a divisão dos campos de aplicação das leis dos territórios. O que é
internacional é a relação e não o direito. Esse direito também não é privado.
Tem exclusão dessas escolas. A escola ítalo germânica considera que o direito
internacional privado é direito público. É sobre aplicação sobre o direito brasileiro. Esse
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direito é público, porque o interesse maior é da ordem jurídica brasileira. É para o juiz decidir
o conflito. Não pode escolher a que quer que se aplique. Os conflitos de lei no espaço também
é sobre o império da lei é direito público, porém a relação é privada, por isso chamam direito
internacional privado.

AULA 2 – 05/09/17
Consumidor compra câmera nos EUA na Panasonic, volta ao Brasil e a câmera estraga,
então o consumidor vai na Panasonic do Brasil, a fábrica informa a ele que ela não fabrica
esse tipo de filmadora e que não tem tecnologia para consertar a filmadora. O art. 3º do CDC
diz que fornecedor é quele que produz (…), não tem nessa lista a pessoa que põe a marca, isso
não seria ser fornecedor. O consumidor entra com ação contra a Panasonic do Brasil.
O DIP que trata dessas relações ou situações atípicas, que conectam abstratamente duas
ou mais ordens jurídicas. Conecta os EUA e Brasil. No Caso específico, tem o direito da
Flórida. Aqui é o direito da Flórida. Essas duas ordens jurídicas estão em conflitos de leis no
espaço. Saber se é o direito do consumidor da Flórida ou Brasil. Tem tratrado internacional
que não é para consumidores, sobre compra e venda que é a Convenção de Viena, é um
tratado internacional que é para empresários, porém, não é para consumidores. Foi o
consumidor que atravessou a fronteira. Ao atravessar a fronteira, ele une as duas leis, ele torna
essa relação atípica. Havia a tecnologia dos elementos de estraneidade.
No caso Panasonic, o domicílio da pessoa no Brasil, a sede dessa pessoa jurídica na
Flórida. Ele era um consumidor turista, ele compra esse bem e pede para que a Panasonic do
Brasil conserte. Estava fazendo uma relação atípica, era um consumidor turista.
Nesse contrato feito em Miami foi dado a ele uma garantia dada pela Panasonic. A
marca Panasonic tem um documento em inglês que se chama Global Word, que é uma
garantia global, que faz com que a Panasonic se interesse por todos os produtos pelo mundo,
os quais ela produz. Então, a marca Panasonic tem um documento de garantia, tinha esse
direito real de garantia global, que despertava a confiança no consumidor. É uma garantia
contratual legal e contratual. Então, tem um direito real de garantia, que teria despertado a
confiança do consumidor. Tem a garantia legal, que é a lei da Flórida e o CDC no Brasil e tem
a garantia contratual. São elementos de estraneidade, portanto, de direito internacional
privado. Esse contrato entre consumidor, ele faz um contrato que conecta essas duas ordens
jurídicas.
Tem este fato, que será chamado de elemento, que é a conexão, isto é, esta vida da
pessoa jurídica, este contrato entre consumidor em Miami, ele faz contrato e conecta as duas
ordens jurídicas. Essa conexão, chamada de conflito, é alguns desses elementos do mundo dos
fatos, quando o direito internacional privado, que é direito interno, quando vai escolher a lei
que se aplica, ele vai escolher entre esses elementos nacionais ou internacionais para conectar
lei ao caso. Quando o direito internacional privado tiver que escolher a lei que se aplica, ele
escolhe um desses elementos nacionais ou interacionais, por exemplo, o domicílio, para
conectar a lei aplicável ao caso. Esse conflito de lei não existe, ele está na cabeça do juiz.
Aplicará ou a lei brasileira, ou a lei estrangeira. O consumidor tem privilégio de foro. O autor
consumidor consegue entrar com ação no Brasil contra a Panasonic do Brasil, a qual deveria
chamar a Panasonic do país estrangeiro. A brasileira representa toda a cadeia de fornecimento
com essa marca, naquele momento. Esses elementos de estraneidade, seja domicílio, seja
local de celebração do contrato, nos EUA, sob a égide do território da Flórida, mas poderia ser
o local da execução do contrato. NO Brasil a conexão mais utilizada é o local da celebração
do contrato.
Se fosse comércio eletrônico ficaria mais difícil.

CONFLITOS DE LEIS
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Bruna Saratt

Os conflitos de leis é uma figura de linguagem, não significa que as leis daqui e a do
estrangeiro estejam brigando. Esse conflito é privado, então, ele se distingue do direito
internacional público. Esse direito internacional privado tem como figura de linguagem
básica, a ideia que as duas leis conectadas no caso, estariam em conflito para se aplicar ao
caso concreto. Tem dúvida na cabeça do magistrado/do intérprete de qual a lei que se aplica.
Tem os conflitos de lei no tempo. As leis vão entrando em vigor, por exemplo, em 96
entra em vigor a lei dos planos de saúde. E, 2002 entre em vigor o CCB, ele unifica as
obrigações civis e empresariais. Esse é o conflito de lei no tempo.
A pergunta é qual é o campo de aplicação de cada uma dessas leis e como se fará a
solução do conflito de leis, ou o diálogo das fontes (várias lógicas se aplicando ao mesmo
tempo ao caso concreto).
Eric Jayme afirma que não há coincidência de campo de aplicação material e campo
de aplicação subjetivo.
O idoso tem uma lei como idoso, uma lei como consumidor e uma lei como igual
(CCB) e uma lei como contratante do plano de saúde. Então, há coincidência total no campo
de aplicação material, mas há descoincidência de campo de aplicação subjetivo impede a
revogação/derrogação do CDC. Não dá, porque não há essa coincidência do campo de
aplicação. Isso é no tempo.

-No espaço: cenários de campos de aplicação separados. Savigny chama de império


da lei, porque o conflito de lei tanto no tempo quanto no espaço, quer saber qual o campo de
aplicação dessa lei. Será que, nesse caso concreto, o direito brasileiro se aplicará em Miami?
Ou será que o direito de Miami será aplicado no Brasil. Qual o direito que se aplica, o
brasileiro? Qual o direito que se aplica?
No caso, tem garantia. Já que a empresa está se beneficiando. A lei que se aplica é a lei
do contrato. Essa ideia de que as leis estão em conflito, de que uma lei solucionará o
problema. Essa é a figura de linguagem do direito internacional privado. Fica quase uma
uma escolha da lei pelo legislador.
O legislador brasileiro escolherá quando o CDC se aplica, quando ele tem uma
aplicação extraterritorial. Temos uma espécie de CC para as compras internacionais da
empresa, que é a Convenção de Viena, que tem normas materiais, são para compra e venda.
Em consumidor, como é relação de consumo, não é entre empresários, não aplica a
Convenção de Viena.

***Conflitos de lei: as ordens jurídicas são exclusivas. Então, o direito


brasileiro não tem nada a ver com o direito de Miami. Eles são exclusivos e
independentes. Eles são originais, cada um tem seu direito do consumidor.
Esse cenário tem uma divisão, ele é originalmente exclusivo, isso é que dá
conflito de leis, porque a lei do Brasil não se baseia na lei dos EUA, nem no direito
material, nem no Direito Internacional Privado, ela é feita pelo Parlamento brasileiro.
Cada país tem uma lei. O cenário internacional está dividido em campos de aplicação
separados das leis, que dará esses conflitos no espaço e não no tempo. Dá o conflito
no cenário internacional.
O juiz brasileiro tem o direito internacional privado brasileiro a sua disposição.
Estaticamente, sob a ótica estática, não tem conflito de leis, porque o juiz brasileiro
sempre aplicará a lei brasileira, ele nunca aplicará a lei de Miami. Ele aplicará a lei
brasileira que se chama direito internacional privado (DIP), que é um ramo do direito
interno moldado para solucionar (indicar a lei aplicável) essas relações atípicas, os
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elementos estrangeiros. Esse direito brasileiro chamado de Direito Internacional
Privado está dentro da lei de introdução, que é lei brasileira federal.
Ele entrará no direito internacional privado e aplica a lei brasileira. Porém, a lei
brasileira, para solucionar os conflitos de leis no espaço, eventualmente, manda
aplicar a lei de Miami (lei estrangeira) ou o direito brasileiro. É direito internacional
brasileiro, mas ele tem técnica de solução dos conflitos de leis, que é escolher qual a
lei aplicável, ou a lei 1 ou a 2. A técnica, em teoria, é a mesma do direito
intertemporal, que é a escolha de uma lei para ser aplicada. Aqui nesse caso tem mais
de uma lei aplicável, tem o diálogo das fontes, aplica todas as leis juntas, em diálogo
das fontes. O direito brasileiro resolve o conflito e diz qual a lei aplicável.
Solução do caso: o conflito de leis, na verdade não existe, ele é uma dúvida na
cabeça do juiz de qual é a lei aplicável. Esse conflito não existe, porque sempre
usará/aplicará o direito internacional privado brasileiro. Ele não existe no cenário
internacional porque essas leis não estão em conflito. O juiz está vinculado a um país.
O juiz brasileiro usará o direito processual civil e direito internacional privado
brasileiro. Então, estaticamente, se só tem um juiz, não há conflito. É esse ramo do
direito interno que vai indicar qual a lei que se aplica, que conectará o caso a uma lei.
O caso é internacional (estraneidade), aí o direito internacional privado conecta com
uma lei.
*Art. 9º, caput, da lei de Introdução às normas de direito brasileiro – ( Art. 9º. Para
qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem ). Por esse artigo
é aplicado a lex loci celebratione, isto é, a lei do local da celebração. Aplicar-se-á a lei do
país em que se constituiu, o lugar onde nasce as obrigações. Essa seria a lei aplicável,
portanto, a lei aplicável seria a lei da Flórida.
Contudo, o art. 1º do CDC brasileiro, afirma que são normas de ordem pública
(que são os grandes pelares do direito de um país), ela pode ser de ordem pública
nacional, ou seja, impossibilidade, por vontade das partes, alguém abrir mão daquele
direito, pois o direito é escolhido, como se tivesse uma hierarquia. Ou pode ser de
ordem pública internacional. Tudo o que está na CF, normalmente é ordem pública
internacional. Alguns alemães chegam a dizer que ordem pública, hoje, são apenas os
direitos fundamentais – humanos. Na nossa CF brasileira, no art. 5º, XXXII, da CF,
está dito que o estado-juiz promoverá a defesa do consumidor na forma da lei. Com
essa presença nos direitos fundamentais, o STJ interpretou tratar-se de leis de
aplicação imediata. (Livro: Marcus dos Santos – leis de aplicação imediata)
Os franceses chamam de lei de polícia (Loi de police), que quer dizer leis
imperativas, lei mandatórias, chamam de mandatories ralw, que são normas
imperativas. Impeatividade para organizar esse sistema.
O STF, nesse caso panasonic, ele considerou aplicável o CDC a uma compra
realizada no exterior por um turista. O que tem o bônus tem que ter o ônus da
globalização. Então, o perigo era deixar a garantia mundial global como apenas um
marketing, como ficta.
Se os conflitos de lei não existem, então tem que refletir o direito internacional
privado como matéria.

*Noção do direito internacional privado – o conceito de DIP mais famoso é


de Haroldo Valadão, ele afirma que o DIP é o ramo do direito interno dedicado a
solucionar os conflitos de leis no espaço. Então, primeiramente, ele é um direito
interno, porque está definindo o campo de aplicação da lei brasileira, e,
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eventualmente, abrindo uma certa porta para o direito estrangeiro entrar. Então, ele
recebe o direito estrangeiro e aplica no caso concreto (entra pela porta e desce). Ele é
o ramo do direito interno brasileiro.
Dentro dessa noção tem o problema da denominação. Nos EUA essa cadeira se
chama de conflito de leis, eles dão os conflitos internos e internacionais. Na Inglaterra
se chama direito internacional privado.
A relação atípica é da vida, é privada e é também internacional, isso é o mundo
dos fatos. Todavia, o mundo do direito, o DIP é direito nacional e para alguns é
direito público e não direito privado.
Por que seria direito público – algumas linhas do direto internacional privado,
considero direito privado. Mas no Brasil tem lei antiga de 1942 e é bem direito
público, porque é para o juiz. A nossa lei brasileira de introdução é para o
magistrado, ou seja, para o intérprete da lei. Aqui tem ramo do direito interno que é
dedicado a essas situações atípicas, à escolha de uma lei, s solucionar os conflitos de
lei no espaço. E, na verdade, vai definir o campo de aplicação do direito brasileiro, ou
não. Quando o direito internacional privado manda aplicar uma lei estrangeira, ele
diz que o direito privado material brasileiro não vai regular esse caso. Quem vai
regular é o direito de Miami. É o que a lei de introdução diz, nesse caso. Caso fosse
contrário, ou seja, o turista americano no Brasil, aplicaria a lei brasileira.
No caso Panasonic o STJ foi muito criticado, porque foi a primeira vez que ele
disse que o CDC era lei de ordem pública internacional, que era lei de ordem pública
acional todos já sabiam. Foi definido hierarquia do CDC internacionalmente.

* A finalidade do direito internacional privado – qual a natureza da solução


dada pelo DIP. A solução do DIP é indicar uma lei, podia ser a lei da Flórida, pelo
caput do art. 9º, mas foi a lei do Brasil, que no caso é o CDC. A solução do caso
concreto está no CDC, no caso Panasonic, de se o consumidor consertou seu produto.
O DIP dá solução instrumental, indireta, diz qual a lei que se aplica, que
soluciona o conflito de leis, não é a lide, vale dizer, não é o problema da pessoa. É só
a lei que se aplica. É um passo em direção à solução, mas a natureza da solução, em
DIP, é indireta. Ela é indireta, é quase instrumental. Não é material, porque se fosse
diria se tem garantia etc. A finalidade é solucionar o conflito de leis. Esse ramo do
direito interno tem normas diferentes que são as chamadas nomas indiretas.
A natureza dessa norma é indireta, instrumental, um caminho em relação a
solução material do caso. Ela indica a lei material aplicável ao caso, a de Miami ou do
Brasil (serão uma dessas duas leis que solucionarão o caso). Não é o DIP que resolve
a lide. O DIP soluciona apenas o conflito de leis, ou seja, diz qual a lei aplicável. Essa
lei indicada pelo DIP é que solucionará a lide/o conflito entre as partes, mas não o
DIP, pois sua norma é indireta.

AULA 3 – 12/09/17

Objeto do Direito Privado

Será abordado o objeto de estudo da disciplina e o que não é DIP.


O primeiro objeto do DIP é o conflito de leis no espaço. Esse conflito de lei não existe
na realidade, é apenas uma figura de linguagem. Como se as leis do Líbano e Brasil
estivessem brigando no espaço. Essa figura de linguagem reproduz a ideia de dúvida na
cabeça do juiz e também uma técnica do direito internacional privado de ter normas que
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somente indicam qual é a lei aplicável, isto é, normas que solucionam esta dúvida, se vai
aplicar a lei 1 ou 2 e para que se aplicará essas leis. Caso de direito civil no espaço, que
atravessou a fronteira e se tornou DIP.
O conflito de leis no espaço, tanto as teorias amplas quanto as restritas, consideram.

Introdução
I – Teoria
A) Amplas: francesa e common law
Há duas teorias amplas, a maior é a francesa.

1: Francês
A maior e que considera os 5 elementos como tema do direito internacional privado é a
francesa.
O primeiro elemento de estraneidade (elemento estrangeiro/internacional), no caso do
libanês, é a nacionalidade de ambos os cônjuges. Essa nacionalidade é espécie de elemento
que nos lembra que é caso de direito internacional privado, porque a nacionalidade pode ser
tema que o legislador escolheu, e que o magistrado terá que aplicar.
O elemento de conexão é aquele elemento de estraneidade (elemento internacional)
escolhido pelo legislador para ser colocado dentro da norma.
A lei francesa diz que aos franceses se aplica a lei francesa. Então, um francês traz sua
nacionalidade e a ele se aplica sua lei, segundo o DIP francês.
Já em países como o Brasil, que são países de imigração, o elemento principal não é a
nacionalidade. No Brasil, a nacionalidade é tema constitucional, porque faz parte do povo
brasileiro. A nacionalidade é vista como política no Brasil. Nós consideramos o domicílio
como elemento de conexão, o elemento que está na norma.
Caso do libanês, era casado e vieram para o Brasil, ou seja, trocaram de domicílio. Para
esse caso aplicamos o direito brasileiro, em razão de eles estarem aqui, porque o domicílio do
“de cujos” (a sucessão) era aqui, daquele que é o declarante, vale dizer, que fez o testamento,
que é ato jurídico. Aplica o domicílio para o libanês. O elemento de conexão, nesse caso, é o
domicílio, é o elemento que conecta esse caso a uma lei.
As regras de nacionalidade estão a partir do art. 12 da CFB, que fala em formação do
povo. O povo, território e governo são o Estado.
O terceiro tema dos franceses está no caso do libanês católico. Primeiro tema é a
nacionalidade. O segundo tema é o que o estrangeiro pode fazer no Brasil. Há
certa igualdade entre estrangeiro e nacionais, exemplo, no art. 5º, da CF, fala que os direitos
fundamentais são assegurados também a estrangeiros residentes no Brasil, pois usamos o “ius
solis”. Estatuto do migrante. Mudaram o nome do estrangeiro para o migrante. Conjunto de
deveres do estrangeiro.
Na teoria ampla francesa acontece que eles acompanham a pessoa. A nacionalidade
(estrangeiro/nacional), o conflito de leis no espaço, e dúvida do juiz de qual lei ele aplica e
também a dúvida de qual é o juiz competente. A dúvida de qual o juiz competente, se fosse
contrato, poderia ter cláusula de arbitragem e a dúvida ser de qual é o árbitro/a jurisdição
competente. Até aqui, na dívida de qual o árbitro competente, vê-se conflito. Como se o CPC
brigasse para saber qual o juiz competente. No CPC tem capítulo que versa sobre os limites da
jurisdição brasileira no Estado, a competência/jurisdição do juiz. Sempre usamos o CPC.
O último tema que os franceses que consideram faz parte da disciplina de DIP, quando
atravessa a fronteira, quem tem direito adquirido em relação aos bens que o estrangeiro trouxe
consigo. Essa pergunta é do direito adquirido da coisa, mas ela pode ser mais ampla
Direito adquirido – teria o estrangeiro adquirido no Brasil? Será que a lei vai junto com
o estrangeiro quando ele atravessa a fronteira? Não, porque ninguém tem direito a uma lei.
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Um documento que ele traz consigo pode ser discutido. O direito adquirido quanto à
propriedade tem discussões.
Haroldo Valadão, Jacob – segue a teoria francesa. Essa teoria acompanha a pessoa se
movimentando no cenário nacional.

2. Teoria da common law


É a segunda teoria ampla, o direito da common law é um direito aberto. Eles
consideram que o juiz descobre o direito dentro da sociedade. Ou seja, as regras sociais têm
regras jurídicas.
A regra/rawl é dita na jurisprudência, faz precedente. Tem súmula da regra que ele
descobriu no mundo/sociedade e não na lei, por isso é um direito aberto. O Direito é o que o
juiz diz e o que está na sociedade também. Essa visão aberta permite outras visões como law
economics, que é a visão do common law.
Da Inglaterra vem essa ideia de que eles têm duas linhas de direito: a equity e o direito
comum. O direito comum/common law vinham da actio romana. Tem ideia de que a justiça
vem do processo, porque desde os romanos, se tinha actio, tinha o direito. Essas actios,
porém, eram limitadas. Algumas coisas ficavam lacunosas, ia pedir para o rei. Então, o rei
escolheu uma pessoa (lord) para dizer o direito – banco in equity (sentava na cadeira do rei e
dizia o direito) – fora de sistema no caso concreto. Fora do direito, do precedente. Aqui é um
caso especial, é internacional. Colocaram o direito internacional privado ali, ele vai olhar para
outra sociedade, as estrangeiras, ele vai aplicar direito do Brasil, Líbano etc. Ele decide em
equity quando olha a parte religiosa daquela sociedade, quando ele olha a sociedade do
Líbano para decidir questão de justiça para o libanês.
A teoria da common law mistura, desde o seu início, o processo civil e a justiça material.
O instrumento (processo civil e juiz) e a solução do caso concreto. Eles consideram que dois
temas são do DIP: 1) qual o juiz competente? Quais as regras processuais aplicáveis? 2) E
qual a lei material aplicável. Para eles está tudo junto.
Olham o Líbano e o Brasil, no caso do exemplo. Consideram esses dois temas como do
DIP

B) Restritas
As restritas tinham que ter critérios para delimitar esses temas. É diferente da francesa,
que acompanha as pessoas, questão da nacionalidade. Essas teorias amplas acompanham as
pessoas atravessando as fronteiras, conectando os países e fazem também a parte instrumental
nas amplas, qual é a lei e o juiz, seriam os conflitos de jurisdição.
Inicialmente, as teorias italianas e depois as teorias germânicas, com Savigny, eles
tinham que delimitar. As teorias atuais, assim como a teoria atual francesa, já não analisam
mais o direito adquirido. A teoria atual alemã também se flexibilizou.
Eles quiseram dizer que a norma de direito internacional privado, Roberto Ago é um
autor importante no início do século XX, ele reproduz, em um curso em Haia, essa teoria
principal dele. A norma de direito internacional privado é norma diferente. Art. 7º da Lei de
introdução – aplica-se a lei do lugar do domicílio dessa pessoa. Na francesa, a lei que diz que
aos franceses aplica-se a lei francesa.
A maneira de regulamentar esses conflitos de leis foi por meio de regras indiretas e
instrumentais. Essa regra indireta ela é chamada de indireta, porque ela não regula o caso
concreto. Então todo o DIP brasileiro não soluciona o caso concreto, ele apenas indica uma lei
e essa lei nacional indicada é que vai solucionar. Ele indica o caminho, é instrumento para
resolver o caso, mas ele não resolve o caso. Esse método conflitual não soluciona o caso
concreto.

II – Delimitação
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A) Temas.
1. Conflitos de leis no espaço
O conflito de leis no espaço é indireto
É uma figura de linguagem, não existe, em verdade, tal conflito.
A regra indireta não regula o caso concreto. Todo o DIP brasileiro não soluciona o caso
concreto, ele indica uma lei para solucionar o caso concreto. Ele é um instrumento para
solucionar o caso. O método conflitual não soluciona o caso concreto.
O conflito de lei no espaço é indireto.

2. Nacionalidade
A nacionalidade não podia ser indireta, porque o art. 12 da CF brasileira tinha que dizer
quem é nacional e quem é estrangeiro, se ão disser não serve para nada.então, ele resolve o
caso concreto, diz quem é o nacional.
A lei de imigração, dizem o que os estrangeiros podem fazer no Brasil. A condição
jurídica do estrangeiro também é direta.

3. Conflito de jurisdição
O conflito de jurisdição é indireto, porque ele não soluciona o caso, ele só indica como
vamos solucionar o caso. É instrumental, o processo é instrumento da solução do caso
concreto.

4. Direito Adquirido
Esse é direto, pois ou se adquire o direito ou não se adquire, tem lei dizendo se adquiriu
ou não o direito. Não é indireto.

B) Critérios de subdivisão
1. Norma lógica
2. Pragmática – sistemático
O italiano Roberto Ago resolveu ser sistemático/pragmático, inventou outro critério
chamado sistemático, se este tema já foi estudado por outras disciplinas, ele não precisa estar
no DIP, ele precisa apenas ser considerado um dos elementos do caso concreto. Então, na
enciclopédia das disciplinas jurídicas, se o tema já foi dado, não será dado novamente em DIP.
Esse critério é um critério pragmático. Só uma disciplina fica como nova, como tema
suficiente para o semestre, como semente, que são os conflitos de lei no espaço.

* A teoria ítalo-germânica (usada aqui na UFRGS) considera ser objeto do DIP só os


conflitos de leis no espaço. O resto não é importante, é estrangeiro. A única pergunta é qual a
lei aplicável, mas não qual o processo etc.
A autora Nadia diz que são duas perguntas: qual é o juiz e qual a lei, mas ela estudou
nos EUA – common law.

No Brasil, temos a lei de introdução LINDB, que seria direito internacional privado e
algumas regras de processo civil ali misturadas, e temos do CPC, que fala dos limites da
jurisdição brasileira etc.

No Brasil não há consenso de qual linha seguir. No RS seguimos a teoria ítalo-


germânica clássica, porque não estudamos processo.

AULA 4 – 19/09/17
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3. História e Fundamento do Direito Internacional Privado


Vamos ver a diferença, na história, entre direito internacional público e direito
internacional privado, passando pelas várias teorias que criam esse campo do direito interno,
no caso dos conflitos de lei no espaço, que é o direito internacional privado.

Introdução
Eles nascem juntos, em Roma, no ius gentium – o direito das gentes. Roma era um
império, o direito era um privilégio, ou seja, diferente do direito atual que vê as pessoas como
iguais. Em Roma havia escravos, tinha espécie de hierarquia interna.
O ius civili era aplicado apenas pelo cidadão romano, o qual era o pater família. Os
filhos, mulheres e escravos e estrangeiros tinham alguns direitos, mas não todos. Em Roma o
Direito era um privilégio. Mas como Roma era um império, eles tinham que comerciar com
estrangeiros. Então, eles inventaram um juiz especial para os estrangeiros, o chamado juiz
pretor pelegrini. Eles tinham 3 tipos de estrangeiros latini (italianos), pelegrini (comerciantes,
pessoas que andavam, que vinham de muitos lugares, inclusive, judeus), bárbaros (selvagens,
belicosos). Eles inventaram uma mistura de direito nacional e estrangeiro, quem fazia isso era
o juiz no caso concreto, então ele misturava o direito, ele não podia aplicar o ius civili, porque
essas pessoas não eram cidadãos romanos/patriarca.
Então, eles fizeram, no caso concreto, um direito misturado, que eles chamaram direito
das gentes – ius gentium. Esse método também é do direito internacional privado, era um
direito especial para os estrangeiros. Temos a Convenção de Viena sobre compra e venda de
mercadorias, que é especial para compra e venda internacional – CIH. Essa Convenção é só
para compra e venda internacional. Em Roma eles faziam uma lei para o caso concreto para
estrangeiros, a qual começa a se avolumar, com a expansão do Império, faz parte da chamada
ius gentium. Não tinham a ideia de codificação de sistema.
No ius gentium, além desse direito do pretor pelegrini, eles tinham também o que
chamamos hoje de tratados. Essa parte do ius gentium é que será o direito internacional
público.
Roma conheceu 5 leis que tinham o método conflito das leis, indicava a aplicável a uma
lei. Então, dentro do ius gentium romano, nós temos esses 3 métodos: um que é direito
internacional público, outro que é direito internacional privado puro (mas de um império, que
nunca mais será repetido), eles tinham um terceiro método que eram as regras
obrigatórias/imperativas/mandatory, as quais seriam chamadas, hoje, de ordem pública. Essas
regras eram sobre direito econômico, o direito de vizinhança. Eram regras obrigatórias para
nacionais e estrangeiros. As estradas omanas tinham regras de mercado, de direito adquirido
para carregar as mercadorias. Tinha um direito ambiental, em razão do momento civilizatório.
Estamos atrás de um fundamento do DIP. O DIP existe, porque:
1) Tinha em Roma a ideia que esse estrangeiro/bárbaro, tinha que ser civilizado pelo
direito. O método deles era misturar os direitos deles com o estrangeiro, civilizar pelo Direito.
Misturar os direitos de modo suficiente a fim de civilizar o estrangeiro. O Direito civiliza, ele
é cultura. Faziam tratado e aplicavam o direito adaptado ao estrangeiro, mistura de culturas,
pelo direito, para civilizar. Ele já não é mais puro, porque minha cultura entrou na cultura dele
e civilizou ele. Nunca mais houve essa possibilidade.
2) Após houve apenas uma divisão territorial. Cada soberano aplicava a sua lei em seu
território. Ao atravessar a fronteira, perde o seu direito, não leva junto. Além da fronteira valia
outra lei. Isso não fortalece o comércio. Essa aplicação puramente territorial, impediu a
circulação dos estrangeiros, até fomentou guerras. Não havia segurança nessa movimentação.
Havia tratados apenas entre soberanos. Na Idade Média impede circulação de estrangeiros,
porque não havia segurança.
3) A partir do século XII, esse renascimento é tanto do comércio (nas cidades italianas),
quanto da Universidade – redescoberta dos livos romanos. Ao reler esses livros começam a
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fazer glosas, a mais famosa é a glosa de Bártolo. Assim, dentro do mercado estabelecem um
árbitro. Resolviam seus problemas por um árbitro, iam ao Roland, que era o local onde o
ancião ficava para resolver os problemas. Todo o mercado tinha um centro, onde ficavam os
anciãos para serem árbitros.
Tem a questão de como resolver o problema. Se todo mundo é do mesmo país, eles
resolvem pelo direito do soberano. Mas se são pessoas de locais diferentes eles resolvem pelo
método romano, que é o conflito de leis, porque eles não podiam usar outro. Eles pegam o das
5 leis. O primeiro método é o chamado estatutário.

I – Teoria com base em valores internacionais


a) Teoria estatutária
Esse método é chamado estatutário, porque ele é baseado na leitura que os glosadores
fizeram, na universidade, dos livros romanos. Eles dividiram em 3 estatutos: estatuto pessoal
(lex origini, domicili), estatuto real (lei que se aplica a coisa) e estatuto misto (contratos,
forma, prescrição, decadência). Eles usam o latim, estavam se formando as universidades.
Fazem união de pessoas para estudar esses livros. Tem a teoria italiana, francesa, holandesa
(influencia o nascimento da common law americano e o direito internacional público).
São valores internacionais porque não são valores internos. Tem que fazer uma mistura
entre o mercador, a lex mercatori. Isso não tem a ver com o soberano da cidade. A cidade é o
local onde está o mercado, mas não é a lei daquela cidade que imperam no mercado. Tem a
ver com o fim da Idade Média, em que senhor feudal era a lei. Esses mercados fazem essa lei
dos mercadores, eles atá aplicam as leis dos soberanos, quando convém, quando é benéfica e
não pela força do soberano.
No Direito Internacional Privado continuam pensado que o valor protegido é o Direito
Internacional público, porque estava misturado naquela época, um professor dava tudo, não
tinha autonomia do DIP, ele era parte do ius gentium.
A Lex Mercatori é ordem própria dos mercadores.

b) Teorias modernas
As teorias modernas são frutos também de uma teoria estatutária, na França. A ideia é ir
se afastando dos estatutos para criar um direito internacional privado com valores próprios. O
momento auto das teorias modernas, tem o autor Stori, que é o criador do DIP.
O grande momento da passagem do estatutário para o DIP mais científico é a obra de
Savigny. O moderno é aproximado da ideia de Estado-nação da Revolução Francesa,
contrário ao sistema feudal da Idade Média. Essas Revoluções, essa formação forte dos
impérios, como o alemão. Essas nações aparecem e elas precisam de ramo do direito interno
dedicado a regular a sua posição no cenário internacional, que Savigny chamará de
comunidade jurídica das nações.
Essa comunidade jurídica das nações traz duas ideias importantes. Primeiro, que todas
as nações são iguais. A lei do Brasil, Uruguai, Paraguai, tudo igual, têm a mesma hierarquia. A
comunidade jurídica das nações ela vai ter um ramo, cada país vai ter ramo de seu direito
interno. Essa comunidade vê o império dessa lei. Diferente dos estatutos. Ideia de repeito
entre os soberanos.
Ainda dentro da ideia de valores internacionais, Savigny vai dizer que o fundamento do
direito internacional privado é essa igualdade entre leis, a diferença de conteúdo delas. Ele vai
procurar uma sede dessa relação da vida privada, que atravessou a fronteira, é a busca da sede,
é a procura da lei que realmente regula aquela relação privada. Dessa forma, ele privatiza o
direito internacional público. Ele separa o direito internacional privado do direito
internacional público. Ele cria essa ideia de igualdade entre as leis e essa ideia de procura da
verdadeira seda da relação privada.
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II – Teoria com base em valores internos
Uma vez que privatizaram, concentrar em uma pessoa, concentrar nas relações privadas
atípicas (que são elementos internacionais de estraneidade).

a) T. Personalistas
Depois, com os próprios alemães, vem a criação das teorias personalistas. Aplica o
direito estrangeiro, eventualmente, por respeito ao elemento estrangeiro. Não é mais porque as
leis têm a mesma hierarquia e nem por grau de civilização do soberano. Agora a justiça está
na diferença que tem no caso internacional e não tem no nacional. Aplica a lei estrangeira por
respeito ao elemento estrangeiro.
Goldsmith é um pensador interessante, porque ele diz que o direito internacional
privado é um direito de tolerância pelos elementos dos outros, pelo diferente.
Já Eric Jame diz que tem DIP pela necessidade integração econômica dos povos e
respeito à identidade cultural dos povos.

b) T. Equitativas
As teorias equitativas buscam a justiça (chamada de equidade) no caso concreto. Essa
aplicação do direito estrangeiro determinada pelo DIP busca a justiça do direito internacional
privado. O autor importante dessas teorias equitativas é Kegel, na Alemanha. Ele tem a
chamada teoria dos interesses. Mostra bem essa passagem do direito internacional privado,
com valores internacionais e valores internos.
A ideia do direito internacional privado ele existe em virtude do fundamento dos
interesses das partes que são diferentes, por fundamento dos interesses do Estado, pois ele tem
que comerciar com outros países e também tem que receber dos comerciantes. O fundamento
maior é a ideia de harmonia – harmonia de sentenças, de decisões etc. Se no mesmo mercado
decide diferente para argentino (estrangeiro) e brasileiro, isso pode dar um problema de
harmonia. Precisa tentar conseguir por meio do direito internacional privado, com valores
internos/nacionais, essa harmonia de decisões nacional, do mercado, e internacional.

AULA 5 – 26/09/17

Fontes de Direito Internacional Privado


Temos poucas fontes do DIP. Houve modificação nos fundamentos do Direito
internacional privado, que é muito ligado ao direito público, mas com o passar do tempo foi
procurando fundamentos próprios. As duas teorias mais interessantes uma é personalista (Eric
James) e outa é sobre os interesses (teoria de Keyl).

Introdução: Teoria de Eric James/Keyl

O Eric James considera que há uma dicotomia no direito atual, que é sobre interação
econômica (UE, Mercosul), tem muitas tendências em direito internacional público de
aproximação das economias, mas tem um reflexo do direito internacional privado, a lei de
circulação de pessoas, abertura das fonteiras por tratados etc, isso aumenta as relações
atípicas. Exemplo, a UE, que cria nova identidade cultural.
Ideia do indivíduo é pós-moderna. Na modernidade não havia discurso da
universalidade. A pessoa era uma só, exemplo, só alemão, ou seja, homem de uma nação.
Porém, quebrou-se os discursos da modernidade, seriam os discursos universais. A teoria da
pós modernidade, a multiplicidade de vontades de integração, de identidade cultural.
A teoria dele se chama Direito Internacional Privado Pós Modernidade. Tem que
entender que houve Idade Média, depois veio a Modernidade.
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Na modernidade tem essa quebra tem a ver com a circulação livre em sociedade de
iguais, livres e fraternos. É economia da abundância, a distribuição é indireta, tem cadeia de
fornecimento, sociedade de massas – essa é a época moderna. A criação da sociedade
moderna, esses mitos, são a fonte do Direito. O povo se dá a lei pelo Estado.
Nos anos 70 vem a expressão pós moderna, tem quebra de legitimação dessas grandes
instituições, por exemplo, poder judiciário, poder legislativo. A própria Revolução francesa do
contrato social, de que as pessoas abrem mão de sua liberdade para vontade geral. Essa
criação da sociedade moderna, do contrato social. Esses mitos são a rocha do nosso direito. O
poder vem do povo, porque ele abre mão de sua liberdade e se dá a própria lei por meio da
sociedade organizada, pelo Estado. Todas essas grades ideias modernas começam a sofrer um
ataque.
Todas essas ideias modernas são atacadas, essa crise pós moderna vem da rapidez das
comunicações, da sua abundância. Ele diz que essa abundância, essa possibilidade de
comunicação de todas as partes do mundo vai deslegitimar as certezas modernas.
Essa ideia de ciência unitária ela quebra/esfacela-se e forma uma
descodificação/desintegração, um certo caos.
Eric James diz que o que caracteriza a pós modernidade é o pluralismo de agente
(mulheres, deficientes, não só os homens, esses agentes viram sujeitos de direitos). Na pós
modernidade como tem essa descodificação a reorganização do sistema se dá pelas
Constituições, que é direito público e não privado. E esse direito público constitucionalizado
ele é forte. Esse sujeito de direito vai ter a sua fonte (ECA, CDC. Estatuto do Idoso etc). Esse
pluralismo de fontes é que caracteriza o direito pós moderno.
Em direito internacional privado tem o problema clássico das fontes internacionais, que
vêm do direito internacional público, mas o tema do direito internacional privado. É tratado
internacional, mas o tema é de direito internacional privado. Exemplo, Convenção de Viena
para contratos civil.
Então, este autor diz que há um hiper pluralismo de fontes. As fontes se aplicam todas
ao mesmo tempo, elas não se excluem, por isso é diálogo das fontes. Eric James diz que essa
lei tem um campo de aplicação subjetivo, especial e campo de aplicação material coincidente.
Então, as duas leis vão se aplicar ao mesmo tempo, em um diálogo das fontes e não um
monólogo. Aplicam-se muitas leis ao mesmo caos. Tem diálogos entre essas fontes.
Em DIP fica mais estranho essa teoria, porque diz que tem que aplicar só uma lei para o
caso concreto. Mas Eric James defende o diálogo das fontes, porque os direitos humanos
serão mais bem servidos com a aplicação conjunta dessas leis, fazer um diálogo das fontes
para conseguir os valores dos direitos humanos. O Direito internacional privado está
humanizado, vale dizer, contaminado pelos direitos humanos, pelo direito internacional
público. Apesar de ele buscar justiça ao caso concreto, ele também tem que procurar a
realização dos direitos humanos. Exemplo, criança turca que é adotada por alemão, não se
trata de direito, é questão de religião, diálogo intercultural. Aplica direito religioso
muçulmano na Alemanha, pelo direito da criança, da identidade cultural dela. Então, faz o
diálogo das fontes, aplica várias leis para preservar os direitos humanos da criança, da mãe. A
aplicação de várias leis, tratados, faz uma nova estrutura, a aplicação de várias leis ao mesmo
tempo. O direito internacional privado está cada vez mais publicizado, porque tem que
realizar os direitos humanos.
Busca-se a afirmação dos direitos humanos. Assim, seria cabível o diálogo das fontes,
ou seja, a aplicação de mais de uma lei, faz esse diálogo para preservar os direitos humanos.
Essa aplicação de várias leis ao mesmo tempo ou diálogo das fontes.
Além do pluralismo, tem como elemento, ainda, a comunicação (o direito é cada vez
mais cultura, comunicação), outro elemento é a rapidez e abundância das comunicações que
fez essa conexão do mundo, o mundo pós moderno está interdependente. Então, essa rapidez e
abundância de comunicação, ideia de conexão, isso deslegitima o direito, porque este era a
arte de dizer o certo e errado, é direito e não é direito. Mas hoje não tem mais essa certeza.
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Existe um pluralismo de teorias. Exemplo, o Direito pode ser visto pelo ponto da proteção dos
vulneráveis, ou pela law economic.
O último elemento é o retorno dos sentimentos. São 4 elementos. O fim da
racionalidade (Direito moderno é racional, por outro lado, o direito pós moderno é líquido,
fluido, sentimental). Então, o direito moderno é racional e o pós moderno é líquido. Esse
retorno de sentimentos é essa ideia de que os juízes nem citam mais a lei, quando o fazem
apenas citam os artigos, mas usam muito os princípios, isso são discursos, regras em branco,
princípios que têm que ser concretizados, porém isso não e feito, muitas vezes, com normas.
O juiz não concretiza com normas as decisões, mas com discursos, princípios, cláusulas
abertas. É difícil prever a decisão do juiz, então fica uma irracionalidade. Em DIP, se fizer
dialogo das fontes, é mais difícil prever ainda, se usar direitos humanos tem um resultado, se
não usa é outro resultado. Pondera vários elementos como cultura, além dos elementos
materiais. No DIP pode, ou não, fazer o diálogo das fontes, tornando o resultado imprevisível.
Quanto ao problema das fontes do DIP: elas passam de fontes internacionais, então,
uma lei nacional tem que cumprir com o direito internacional público (ius gentium). O direito
internacional privado é apêndice do direito internacional público. O DIP é uma espécie de
ordem do ordenamento. Dela se sai de uma conexão total (...).
Pontes de Miranda dizia que a lei nacional só pode regular aspectos de sua competência.
E essa competência vai ser dada pelo direito internacional público. É utopia achar que uma
regra da ONU dirá algo, regulará. Não temos nada dizendo se aplica o regramento interno ou
externo.

Nós somos dualistas, tem fontes internas e internacionais (que tem que ser
recepcionada pelo direito interno).

I – Fontes internas
Eric James diz que as fontes internas, hoje, são cada vez mais importantes, mas
menos usadas.

a) Fontes de vigência
No Brasil temos fontes de vigência interna, nós temos as Leis de Introdução às
Normas de Direito brasileiro, trata dos conflitos de lei no tempo e no espaço. LINDB.
São 10 normas de direito internacional privado.
Fontes de vigência hierarquicamente superiores nós temos a CF de 88, a qual
tem algumas normas de direito internacional privado – art. 5º, XXXI (sucessão de
estrangeiros). Isso é norma constitucional sobre um (favor) brasileiro, que é que ele
pode aplicar a lei brasileira, ou essa do domicílio. Então, essa é uma norma
constitucional, uma norma de DIP, colocada na CF.
Tem alguma fonte de DIP na CF, mas são poucas. Não temos muitas regras de
direito internacional. São muito usadas as leis de polícia, como o CDC, que é regra
para brasileiros e estrangeiros. Mas essas leis não são um direito internacional
privado clássico.

b) Fontes de Inpiração (normativas)


Eric Jmes diz que, quando tem pouca lei, as normas narrativas ficam mais
importantes. Então, nossas fontes de inspiração são os direitos humanos, os
princípios, cláusulas gerais, são as normas não escritas etc. Acabam sendo
importantes na interpretação, no DIP. São normas narrativas, fontes de inspiração.

II – Fontes internacionais
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Nossa CF brasileira não regulou bem isso. Nos tratados nem tudo pode ser direitos
humanos. Podem eles serem inconstitucionais. Esses tratados passam por um caminhar
diferente.

a) Tratados e sua incorporação


Primeiro, o executivo assina os tratados, aí eles mandam para o legislativo, da onde sai
um decreto legislativo dizendo que o executivo pode ratificá-lo. Novamente fica nas mão do
executivo o chamado decreto presidencial. Ele ratifica e entra em vigor o tratado internacional
no Brasil. O executivo tem a primeira e a última palavra, isso foi estabelecido
jurisprudencialmente, isso não está escrito na CF brasileira. É assim que foi consolidado na
jurisprudência do STF.

b) Fontes de inspiração – Cód. de Bustamant


Esse Código de Bustamant vira uma fonte de inspiração, não se sabe se ele está em
vigor, porque é muito antigo. Os juízes citam porque é uma fonte de inspiração, mesmo que
não esteja em vigor, tem que ter essas normas narrativas. São normas narrativas, que
iluminam a aplicação, não é questão de vigência, é fonte de inspiração.
Eric James disse que essas normas narrativas não vigoram, elas iluminam a
interpretação que tem que ser dada, não é uma questão de vigência, o juiz não é obrigado a
usar esse DIP. Ele nem teria que usar, mas como temos pouca coisa, ele vai usar um princípio,
vai concretizar uma cláusula geral. Assim é o DIP, ele usa o que não está em vigor.
A teoria de Eric James diz que as fontes do Direito Internacional Privado são múltiplas,
e só uma aplicação múltipla dessas fontes vai ser sofisticado o suficiente para solucionar o
conflito de culturas que está por baixo do conflito de leis. A lide pode ser solucionada não
dando uma solução. Exemplo, STJ dá uma solução processual, mas ele não resolve o conflito
que está embaixo daquilo, só se resolve formalmente, mas a disputa não. O DIP normal, de
aplicação da lei, vai resolver formalmente o conflito de leis no espaço, mas esse conflito de
culturas que está embaixo não. Mas o verdadeiro conflito tem que ter diálogo das fontes. Pode
acabar aplicando lei que nem reconhece como lei para solucionar o conflito. Eric James diz
que as fontes do DIPrivado são múltiplas, devendo elas serem aplicadas em conjunto para
melhor resolver o conflito.

AULA 6 – 03/10/17

CONEXÃO

Bilateraliza norma dizendo que tem um elemento de conexão escondido na norma, que
seria o local da celebração, por exemplo. Criticam essa norma dizendo que se o legislador
quisesse, ele faria norma bilateral e não unilateral. Mas os juízes costumam bilateralizar.

Tipos de normas: são normas indiretas, elas indicam uma lei que vai ser a lex
causae. São normas que o juiz precisa que interprete a hipótese legal. O juiz vai interpretar a
hipótese legal pela lei do foro/lei do juiz (lex fori). Exemplo, o que é personalidade para o
Brasil, o que é capacidade. É a lei brasileira quem diz, por exemplo, se união homossexual é
direito de família. A lei brasileira é que vai entender a lei brasileira.
A segunda parte é o elemento de conexão. Dentro da norma tem um elemento fático,
que foi alçado para dentro da norma para fazer essa união/conexão entre a hipótese legal e a
lei. Além disso, tem as seguintes normas:

Normas unilaterais – não tem elemento de conexão.


Normas alternativas – têm mais de um elemento de conexão dentro delas.
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Normas de ajuda – são normas de interpretação sobre outras normas.
Normas de polícia ou mandatórias – essas normas que têm natureza obrigatória se
aplicam tanto para nacionais quanto para estrangeiros. Elas geralmente têm a ver com o
mercado ou com a convivência na sociedade. São elas: normas do direito do consumidor, de
direito da concorrência. Não as normas públicas, mas sim as normas privadas. E de meio
ambiente. Segundo Savigny. Tinha em Roma isso.

AULA 7 – 10/10/17

Normas: elementos de conexão


Introdução
I – Normas II
a) Elementos

A lex fori é a lei do juiz.


Lex Causae.
Essa norma de DIP é indireta, ou seja, não funciona no caso concreto, ela só indica a lei
material que solucionará o caso concreto – lei brasileira ou estrangeira. Essas normas de
conflito, como o art. 7º, elas geralmente são bilaterais. Além do país em que for domiciliada a
pessoa (domicílio/pessoa) determina as regras do começo e fim da
personalidade/capacidade/nome/direito de família. São 4 hipóteses legais.
Essa é a norma típica de DIP, que na sua hipótese legal tem conceitos/termos jurídicos e
na consequência jurídica tem um elemento que conecta aquele grupo de pessoas jurídicas a
uma lei. Esse elemento que conecta é chamado elemento de conexão.
Esse elemento de conexão se distingue do elemento de estraneidade, este último está no
mundo dos fatos e não no do direito. Exemplo, de um relacionamento entre argentino e
brasileira nasce uma criança, o domicílio da pessoa que determinará a personalidade e
também a capacidade dessa criança, o nome, direitos de família que ela tem, tudo isso
depende do domicílio dessa criança. Então, o domicílio da pessoa/criança determina as regras
referentes a nome, família etc.
O domicílio está no mundo dos fatos, enquanto está aí ele é elemento de estraneidade.
Só que eles pegaram um elemento e colocaram dentro da norma. Eles optaram pelo domicílio
da criança (pessoa), então esse elemento de estraneidade (do mundo dos fatos), que foi
escolhido para ser colocado dento da norma leva o nome de elemento de conexão.
Características/diferenças entre eles: um é elemento fático, o outro é elemento jurídico
ou normativo. Eles são iguais, mas tem uma diferença jurídica. A segunda diferença é o estilo
que aquele elemento tem que provar, tem que provar onde é o domicílio da criança. Esse
elemento de conexão tenho que interpretar, não tem que provar ele – o que é domicílio. Faz
essa interpretação pela lex fori (lei do juiz). O legislador brasileiro criou essa norma
escolhendo um elemento de estraneidade para ser elemento de conexão, para colocar dentro
da norma. A interpretação desse elemento é feita pela lei de direito brasileiro, pela lei local,
pelo juiz local. A terceira diferença vem dessa natureza, um é fático e o outro é jurídico, um
prova e o outro interpreta. Em matéria de recursos, o que é fático, não tenho mais recursos,
tem que provar no primeiro grau e no máximo no segundo grau vai verificar se essa prova foi,
ou não, feita. Já nos tribunais superiores eu não tenho mais discussão sobre os elementos de
estraneidade ou rediscussão sobre elementos fáticos. Já a interpretação de o que é domicílio,
que e o elemento de conexão, essa vai até o STF ou STJ, porque é discussão de
direito/jurídica (DH) e não de provas e fatos (estraneidade). O elemento de conexão é
discussão jurídica.
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Existem normas clássicas do DIP – o art. 7º caput é clássica porque ela é bilateral, ela
pode indicar a lei brasileira ou lei estrangeira. O elemento de conexão tem a finalidade de
indicar a lei aplicável. O elemento de estraneidade é um elemento fático, ele não indica nada,
ele existe no mundo dos fatos. O elemento de conexão faz essa conexão.
O elemento de conexão, quando está na norma, ele a faz bilateral, porque são normas
clássicas de conflitos de leis bilateral, porque ela pode tanto indicar o direito brasileiro,
quanto o direito estrangeiro. Bilateral é aquela norma que aplica qualquer uma das leis.
O parágrafo 1º, do art. 7º, é outro tipo de norma, que é a norma unilateral (realizando-se
o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira…). Essa norma é diferente, porque ela
não tem elemento de conexão. Ela já indica a lei brasileira, então, é sempre lei brasileira.
Então, ela não tem um domicílio, não fala nada.
Bilateral – tem duas opções;
Unilateral – tem apenas uma opção, só indica a lei brasileira, mas pode ler ela
bilateralizando essa norma. Essa leitura de bilateralização, não foi assim que o legislador quis,
pois ele queria uma unilateral, que indicasse uma lei que é a lex fori (lei do juiz – lei
brasileira), mas é possível ler bilateralizando. Parte da doutrina é contra a bilateralização,
porque se as normas de DIP (ordinárias – comuns) são unilaterais, já são uma exceção, então
não pode pegar a exceção e bilateralizar. Todavia, na verdade, em matéria de forma: por
exemplo, se casa na China, tem seguir a norma da China. Não é possível seguir a forma
brasileira na China. Cada país tem sua forma, não pode exportar a forma brasileira para a
China. Realizando-se o casamento no Brasil, a lei é brasileira. Seria um absurdo bilateralizar.
A norma unilateral indica apenas a lei brasileira, ela não tem o elemento de conexão. A
bilateral tem o elemento de conexão.

b) NOVAS NORMAS DE DIP


As novas normas de DIP se caracterizam/elas trabalham com o elemento de conexão,
inclusive começou crítica a elas nos EUA, porque elas são muito amplas, muito rígidas.
-Art. 9º da Lei de Introdução – quanto as obrigações aplicar-se-á a lei do local onde se
constituíram. Esse artigo vai qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que
se constituíram. Ele é muito amplo, porque se aplica – são obrigações.
Figura de linguagem de karl Larenz – Obrigação: os deveres são como tijolos que
constroem edifício. Esse edifício é a primeira obrigação. Ele projeta uma sombra que é a
segunda obrigação. A primeira obrigação é de cumprimento voluntário, vem de um dever
geral, de ninguém lesar. Se leso alguém, aparece a primeira obrigação, constrói-se o edifício.
Se foi imposto dever geral de não causar dano e eu causei, já tem a primeira obrigação. E tem
a sombra, que é a responsabilidade de dever extracontratual. A sombra é extracontratual. Se
fosse dever contratual, se contratei e causei dano ao consumidor, então, é o mesmo dever, só
que o dever é contratual e a sombra é contratual. Essa responsabilidade contratual é garantia
contratual – cuidado, deveres de boa-fé, deveres anexos ao contrato. Essa é a teoria unitária
das obrigações.
Em matéria de obrigações, tem uma regra para todas as obrigações, também unitária.
Tem obrigações contratuais.
Exemplo: contratos de consumo internacional. Contratos de turismo. Contratos civil,
empresariais, de consumo. Todos esses contratos estão nesse artigo. O parágrafo 2º são sobre
contratos à distância (Comércio eletrônico).
Quanto à responsabilidade extracontratual, a sombra – deveres não contratuais:
acidentes de consumo, nucleares, turísticos, acidentes aéreos etc (exemplos). Estão aí
também.
Os norte americanos e ingleses tinham razão ao criticar as normas rígidas, porque
obrigação é muita coisa. E tem apenas um elemento de conexão para tudo. Então, eles criaram
uma Revolução norte americana referentes aos conflitos de leis. Essa revolução dos conflitos
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de lei fez com que eles criassem novos tipos de normas. Depois foi transferida para o direito
continental, principalmente, através de Kegel.
O professor Kegel criou as “normas em cascata”. Exemplo, Tratado de São Luiz do
Mercosul. No caso de acidente de trânsito, se as duas vítimas tiverem o mesmo domicílio, é
essa lei que se aplica – lei do domicílio (lex domicilium). Se no acidente de trânsito, um tem
domicílio e seu carro for registrado nesse país, é a lei desse país de registro (lei do estábulo).
Se ninguém tem domicílio comum, não tem residência nenhuma, aplica-se a lei do lugar do
acidente (lex loci cit delict).
Se um dos carros é brasileiro e um envolvido é brasileiro e o acidente ocorreu no Brasil,
essas coincidências levam que se aplica a lei brasileira, porque é o local do registro do carro,
facilita o ressarcimento das pessoas – é a lei da seguradora.
O carro e argentino, são dois brasileiros e se acidentaram no Uruguai. Nesse caso não
tem nenhuma coincidência, então aplica a lei do Uruguai, porque aplica a lei do local do
acidente/ da constituição (lex loci cit delict). O art. 9º diz que as obrigações delituais desse
acidente se aplicam a lei do local da constituição, então essa é a lex loci cit delict.
Esse tipo de noma tem característica ter muitos elementos de conexão, ou seja, ele tem
um pluralismo de elementos de conexão. Essa atividade do intérprete da lei é como se fosse
uma cascata. Vai verificando se tem coincidência. Forma uma espécie de cascata de elementos
de conexão de leis aplicáveis, por isso chamam de normas em cascata, como se tivessem
vários rios vindo. O aplicador verifica se tem domicílio comum, registro em local comum ao
domicílio de alguém etc, então vai verificando os elementos de conexão. São 4 elementos de
conexão diferentes, 4 degraus. A norma de São Luiz tem 4 elementos de conexão.
Esse tipo de norma são novas normas, porque procuram uma certa justiça no caso
concreto, no caso dessas normas em cascata. A crítica era que o DIP era sem sentimento,
distanciado do caso concreto. Não escolhe, primeiramente, o local onde nasceram as
obrigações, pois é mais justo priorizar a questão do domicílio ou registro.
-Lugar de situação do bem – aplicação da lei do local em que estiverem situados. Se é
bem imóvel, aplica a lei de situação da coisa. Todavia, hoje o sistema financeiro trabalha com
as garantias móveis, como as ações, elas circulam no mundo inteiro. Ao sistema financeiro se
aplica a lei do lugar da situação das coisas, mas não serve bem para os móveis.
As normas rígidas estão nas leis de introdução. E as novas estão em tratados.

-Lei de polícia – são leis imperativas, ou leis de aplicação imediata. Desde Savigny,
ele destacava que existem normas de DIP, elas são diferentes das normas indiretas, elas são
normas que se aplicam para estrangeiros e brasileiros e são normas fortes, de ordem pública e
são, às vezes, normas de conduta. Exemplo, CDC, ele define fornecedor, como estrangeiro ou
brasileiro, público ou privado. Se ele está no mercado brasileiro, aplica-se o CDC brasileiro.
Se o fornecedor for estrangeiro, teria que dizer que o lugar das obrigações se aplica ao
acidente de consumo. Se o produto foi importado e houve acidente de consumo, quem
responde é o Zaffari, apenas se não for identificado o fabricante, pois é o fabricante que
responde, não é o importador, pois este só responde subsidiariamente. Ele responde também
na ausência do comerciante. A pessoa pode escolher entre importador e o fabricante, o
comerciante é subsidiário. O importador é um responsável absoluto, assim como fabricante,
porque ele é fornecedor aparente, ele está no Brasil, é mais fácil contatá-lo.
Essa relação internacional se aplica a mesma lei que se aplica aos brasileiros, porque o
CDC é de ordem pública internacional, etão se aplica à relação internacional.
No caso do ECA o Estatuto do Idoso, também devem ser obedecidas. Tem regras de
ordem pública, mas também tem regras de vizinhança, como as de meio ambiente, que estão
no CCB.
Meio ambiente – tem regras de ordem pública, outras de convivência. Essas regras se
aplicam a nacionais e estrangeiros. Existem outros tipos de regras de conflitos de leis que não
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são regras de conflito, porque elas são totalmente materiais, elas não são indiretas. Elas são
muito importantes.
Exemplo, as diretivas europeias, que são leis de polícia/leis de aplicação imediata,
aplicam-se/são obrigatórias para todos. São leis de aplicação imediata, porque não usa o DIP
clássico, já aplica essa norma de conduta. Nas normas de aplicação imediata, nem se chega
nas normas de DIP, porque diz que no caso do consumidor plica-se o CDC. No caso de
criança e adolescente aplica o ECA. Se a norma não for de ordem pública internacional e
houver espaço entra o DIP.
São chamadas de normas imperativas ou de ordem pública internacional.
Tem uma nova norma de DIP que são tratados de sobre temas internacionais:
-Tratados lei com normas de conduta. O maior exemplo é a Convenção de Viena
sobre compra e venda de mercadorias (CISG). Além do CC tem esse código internacional de
compra e venda, que é essa convenção. Essa convenção se aplica em todos os países. Quando
for contrato de compra e venda, se o país tiver aderido a esse tratado, olha direto essa
convenção. Ela é para compra e venda internacional de mercadorias apenas. Se é caso de
direito internacional privado e se referir à compra e venda tem que usar esse tratado. Caso
contrário, se for nacional, usa o CC. Elas são normas de conduta. São normas totalmente
materiais. São normas de conduta, não são normas indiretas, típicas de DIP.
-Parágrafo 4º da Lei de introdução – REGIME DE BENS – tem técnica clássica.
Nubentes, domicílio comum. Se for diverso do domicílio do nubente, a lei do primeiro
domicílio conjugal. É uma regra de DIP, sobre regime de bens, que tem 2 elementos de
conexão. São elementos alternativos, ou têm domicílio comum, ou outro. Os elementos de
conexão são diferentes. Escolha do elemento de conexão dessa forma alternativa, porque são
2.
Na de cascata também são como alternativas, mas é outro estilo, os fatos é que
determinarão os diferentes elementos de conexão.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO I
Professora: Cláudia Lima Marques – 2017
Bruna Saratt
**CONTEÚDO DA PROVA**

1º) Conceito e finalidade do Direito Internacional Privado – o que é? (definição);


para que serve o DIP? (finalidade);

O Direito Internacional Privado é o ramo do direito interno que se dedica à solução dos
conflitos de lei no espaço. Os conflitos de lei no espaço (não) existem, porque sempre há
dúvidas na cabeça do juiz.

2º) Objeto do DIP, o que ele estuda.

3º) Taxinomia – dentro da enciclopédia das disciplinas jurídicas, onde está? No do


DIPrivado ou DIPublico

O Direito Internacional Privado é direito público, porque ele interessa ao juiz (ao
aplicador da lei). Ele estabelece o campo de aplicação da norma brasileira (ele é sobre direito,
como diz Pontes de Miranda).

4º) História e evolução do fundamento do Direito Internacional Privado – por que


tem direito internacional privado, que são valores e decisões nacionais. Pode perguntar isso
através da distinção entre DIPúb e DIPriv.

Aqui pode perguntar a diferença entre Direito Internacional Privado e Direito


Internacional Público. Porque na história pode nascer uma ius gentium, os dois juntos e depois
foi procurando identidades diferentes até chegar nessas teorias mais atuais (Eric James,
Kegel). O Direito Internacional Privado tem a sua própria justiça, é uma justiça dos diferentes,
dos estrangeiros, dos casos atípicos. Há uma evolução. O Direito Internacional Público de
valores internacionais. O legislador brasileiro escolheu (para) as obrigações a lei do lugar em
que se constituir, ele escolheu porque quis. A ONU ou Mercosul não tem nada a ver com o
Direito internacional privado. Que nessas obrigações, tanto nacionais e estrangeiros se
regessem pelo lugar da constituição. Escolheu o domicílio, porque acha que domicílio é
melhor que nacionalidade

5º) Fontes do Direito Internacional Privado brasileiras (quais são). São fontes
internas, quais sejam, a Lei de Introdução às normas brasileiras, a Constituição, o CDC etc. E
tem as fontes internacionais, que são recebidas dentro do ordenamento jurídico brasileiro,
exemplo, como a Convenção de Viena que é tratado internacional recebido no Brasil, ainda, o
Tratado de São Luís, que é tratado do Mercosul. Essas fontes podem ser fontes de vigência e
também podem ser fontes de inspiração

6º) Normas de Direito Internacional Privado

7º) Elemento de conexão – pode perguntar a diferença entre elemento de conexão e


elemento de estraneidade. Ou pode perguntar uma regra, exemplo: regra do art. 7º. A lei do
país em que domiciliada a pessoa determina as regras do começo e fim da personalidade. Qual
é o elemento de conexão desse artigo 7º? É o domicílio da pessoa e não a lei. Porque a lei não
é o elemento de conexão. A lei do domicílio é a lex causae.
Qual a lei que se aplica? A lei do domicílio da pessoa.
Perguntará qual o elemento de conexão de alguma das regras da LINDB.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO I
Professora: Cláudia Lima Marques – 2017
Bruna Saratt
Resumo dos livros:
1) Mazzuoli
a) Conceito de DIPr
O DIPr é a disciplina jurídica – baseada num método e numa técnica de aplicação do
direito – que visa solucionar os conflitos de leis estrangeiras no espaço, ou seja, os fatos em
conexão espacial com leis estrangeiras divergentes, autônomas e independentes, buscando
seja aplicado o melhor direito ao caso concreto. Trata-se do conjunto de princípios e regras de
direito público destinados a reger os fatos que orbitam ao redor de leis estrangeiras contrárias,
bem assim os efeitos jurídicos que uma norma interna pode ter para além do domínio do
Estado em que foi editada, quer as relações jurídicas subjacentes sejam de direito privado ou
público.1 Como se vê, o DIPr é a expressão exterior do direito interno estatal (civil,
comercial, administrativo, tributário, trabalhista etc.).
Por meio do DIPr, contudo, não se resolve propriamente a questão jurídica sub judice,
eis que suas normas são apenas indicativas ou indiretas, ou seja, apenas indicam qual ordem
jurídica substancial (nacional ou estrangeira) deverá ser aplicada no caso concreto para o fim
de resolver a questão principal; as normas do DIPr não irão dizer, v.g., se o contrato é válido
ou inválido, se a pessoa é capaz ou incapaz, se o indivíduo tem ou não direito à herança, senão
apenas indicarão a ordem jurídica responsável por resolver tais questões. Em outros termos,
por não ser possível submeter a relação jurídica a dois ordenamentos estatais distintos, o DIPr
“escolhe” qual deles resolverá a questão principal sub judice. Daí se entender ser o DIPr um
direito sobre direitos (jus supra jura), pois acima das normas jurídicas materiais destinadas à
resolução dos conflitos de interesses encontram-se as regras sobre o campo de aplicação
dessas normas, ou seja, o próprio DIPr.

b) Missão do DIPr: apenas a indicação da norma competente (nacional ou


estrangeira) para resolver a questão principal sub judice.

c) Objeto do DIPr: O DIPr tem por objeto a resolução de todos os conflitos de leis
no espaço (sejam leis privadas ou públicas) quando presente uma conexão internacional, isto
é, uma relação que coloca em confronto duas ou mais normas jurídicas estrangeiras (civis,
penais, fiscais, tributárias, administrativas, trabalhistas, empresariais, processuais etc.)
autônomas e divergentes. Seu objeto cinge-se, assim, a tais conflitos espaciais de leis. Sua
razão de ser está em encontrar soluções justas entre a diversidade de leis existentes quando
presente um elemento de estraneidade. Assim, o DIPr é a disciplina que auxiliará o juiz da
causa a saber qual norma jurídica (a indigenum ou a extraneum) deve ser efetivamente
aplicada no caso sub judice tendente à solução justa e útil, independentemente da natureza
(privada ou pública) da norma em questão. Destaque-se que quando se fala em “conflitos” de
leis no espaço, na realidade o que se pretende dizer é que duas normas distintas (uma nacional
e outra estrangeira) estão a disciplinar diferentemente uma mesma questão jurídica.

d) Finalidade do DIPr: O DIPr tem por finalidade, em princípio, indicar ao juiz


nacional a norma substancial (nacional ou estrangeira) a ser aplicada ao caso concreto, porém,
sem resolver a questão jurídica posta perante a Justiça do foro. A norma do DIPr apenas
indicará a norma substancial (nacional ou estrangeira) competente para resolver todos esses
problemas.

e) Assim, o conjunto de regras em vigor no Brasil voltadas à resolução dos


conflitos de leis no espaço com conexão internacional forma o que se nomina
Direito Internacional Privado Brasileiro.

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